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III. MERCADOS DOS FATORES PRODUTIVOS _________ Bibliografia: Neves, Pág. 323-336
O Capital é um fator de produção que tem a particularidade de ser produzido. Mas, para um dado processo
produtivo ele constitui um fator “primário”. O capital revela a vantagem dos métodos de produção indireta:
compensa “perder” um dia a construir uma cana em vez de apanhar peixe à mão porque essa cana, no
futuro, vai permitir mais do que compensar o dia gasto na produção da cana.
É daqui que resulta a designação “sistema capitalista” uma vez que, relativamente aos sistemas de produção
anteriores, o que distingue o capitalismo é a hegemonia do capital.
2.1. CAPITAL FÍSICO é o fator produtivo propriamente dito e inclui todos os instrumentos usados na
produção:
• estruturas (edifícios, sistemas de abastecimento de: água, energia, telecomunicações, internet, etc.);
• equipamento (máquinas e outros instrumentos de produção) e
• stocks (matérias primas ou produtos acabados armazenados, para uso futuro).
2.2. CAPITAL FINANCEIRO – não é fator produtivo, em si mesmo, mas representa a posse de capital físico e
facilita a sua transação. O aparecimento do sistema financeiro tornou possível que quem poupa empreste a
quem deseja investir em capital físico. Os ‘documentos’ (títulos) que constituem capital financeiro (ações,
obrigações, depósitos) não produzem nada mas representam fábricas, máquinas, stocks, etc.
De entre os diferentes tipos de capital financeiro, podemos distinguir:
• ações – representam posse direta de capital (físico). O rendimento resultante são os dividendos, ou
seja, lucros distribuídos aos acionistas.
• obrigações e letras – representam dívidas (de capital). O rendimento resultante são juros.
• depósitos – representam entregas a intermediários financeiros (bancos) que as transformam em
capital. O rendimento resultante são juros.
III. MERCADOS DOS FATORES PRODUTIVOS
____________________________________________ Bibliografia: Neves, Pág. 323-336
O capital (físico ou financeiro) requer sacrifício do consumo presente para que se possa investir e, assim,
ter mais ‘amanhã’. O aforrador (ou seja, a pessoa que poupa) investe HOJE para ter ganhos no FUTURO:
lucros, dividendos ou juros.
A oferta de Capital resulta da poupança, ou seja, do sacrifício do consumo atual para assegurar (maior)
consumo futuro.
Todo o capital gera um rendimento. O rendimento anual de uma unidade de capital a dividir pelo custo
desse capital chama-se TAXA DE RENTABILIDADE DO CAPITAL (r).
Então, a oferta de capital depende essencialmente do valor dessa taxa.
Mas o capital, mais do que outros fatores, tem a ver com o tempo.
As inovações envolvem riscos acrescidos e a maioria das alterações tecnológicas manifestam-se no capital
(máquinas, equipamentos, estruturas, …)
Há também riscos de alteração do valor da moeda (inflação, deflação), que importa ter em conta porque a
moeda é o meio em que se fazem as transações.
III. MERCADOS DOS FATORES PRODUTIVOS
______________________________________________ Bibliografia: Neves, Pág. 323-336
3. OFERTA DE TRABALHO
Diversamente da terra e do capital, que são ‘coisas’, o fator Trabalho é constituído por pessoas => cuidados
particulares na análise deste ‘fator’: desigualdades no ‘preço’ do trabalho (salários) têm implicações sociais e
humanas mais amplas e profundas do que desigualdades no preço dos outros fatores; o mesmo se aplica à não utilização
integral deste fator (desemprego).
Dito isto, não deixa de ser verdade que a lei da oferta e da procura também é relevante no que respeita ao
fator trabalho (se a procura é inferior à oferta há desemprego e o preço – salário – baixa; e vice-versa). Este
aspeto não pode ser ignorado quando estudamos economia.
Note: no gráfico, w significa ‘salário’ (o preço do trabalho); L significa ‘número de horas de trabalho’)
III. MERCADOS DOS FATORES PRODUTIVOS
_____________________________________________ Bibliografia: Neves, Pág. 323-336
• Dificuldades, riscos e incomodidades relativas das várias tarefas – a oferta de trabalho não
depende só do esforço concreto das tarefas mas também da preparação necessária, do risco
pessoal envolvido e da desejabilidade/repulsa pessoal e social de diferentes profissões
(comparemos, por exemplo, profissões como: cirurgiã/o, piloto de aviões; trapezista,
bombeira/o; agente funerária/o, coletor/a de lixo).
• Dotes e competências especiais das pessoas – que podem resultar de aprendizagem (Capital
Humano), ou nascer com as pessoas (Ex. “génios” e “estrelas”).
• Discriminação (devido a sexo, raça, orientação sexual, etc.). A discriminação implica uma
avaliação do trabalho não estritamente em termos produtivos, mas incluindo julgamentos de
valor e preconceitos. Tal pode introduzir enviesamentos significativos no mercado de trabalho
(Ex. salário diferente para o mesmo trabalho, maior desemprego, acesso bloqueado a certas
profissões, etc.)
• Concertação social – nas sociedades democráticas, o Estado assume um papel de árbitro no
diálogo social entre sindicatos e associações patronais que negoceiam entre si condições de
trabalho, horários e salários (ex. salário mínimo). A criação destes mecanismos veio reduzir a
‘livre concorrência’ neste mercado, permitindo promover as condições de vida dos/as
trabalhadores/as e a sua capacidade negocial face aos empregadores.
III. Desemprego
________________________________________________ Bibliografia: Neves, Pág.421-431
Definição geral de desemprego:
situação de quem quer trabalhar e não o faz porque não encontra emprego.
1. Desemprego VOLUNTÁRIO:
Composto pelas pessoas que, ao nível de salário em vigor,
não querem trabalhar (exs: licenciado em Economia que não tem
lugar como economista mas que poderia trabalhar como taxista;
Alguém que aufere subsídio de desemprego e pretende esperar mais
tempo pelo emprego que realmente lhe agrada).
Fator crítico: ex. subsídio de desemprego
2. Desemprego FRICCIONAL
Composto pelas pessoas que se encontram desempregadas devido
a dificuldades de equilíbrio de mercado: querem trabalhar, existe
emprego para elas mas ainda não o encontraram (ex. procura do
primeiro emprego e mudança de emprego).
Fatores relevantes: imperfeições nos mecanismos de ajustamento do
mercado de trabalho (Ex. maus sistemas de informação acerca das
vagas de emprego e das pessoas à procura de emprego ou dificuldades
nos transportes e comunicações).
III. Desemprego
Bibliografia: Neves, Pág.421-431
3. Desemprego INVOLUNTÁRIO :
Situação em que há falta absoluta de postos de trabalho para
as pessoas que querem trabalhar ao salário vigente.
Fatores explicativos: recessão, estagnação económica,
políticas económicas inadequadas.
A teoria económica tradicional não admite tal situação porque
considera que o mercado se ajusta espontaneamente até
atingir o equilíbrio! Ou seja, numa situação de desemprego o
mercado de trabalho apresenta um desequilíbrio por excesso
de oferta. Então, isso fará com que o preço do trabalho
(salário) desça até que a oferta e a procura se igualem de
novo. Nesta conceção, os ‘culpados’ pela manutenção do
desemprego são fatores como: o salário mínimo, as leis que
dificultam o despedimento, contratos coletivos de trabalho
inadequados…
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