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Palestrantes:
Amaury José Rezende – Professor Associado da FEARP/USP;
Roberto Quiroga Mosquera – Professor Doutor da FD/USP;
Alexandre Evaristo Pinto – Mestre e Doutorando (FD/USP) e Conselheiro do CARF.
Moderadores:
Alexandre Naoki Nishioka – Professor Doutor de Direito Tributário da Faculdade de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP), Sócio do Nishioka & Gaban
Advogados;
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes – Professor Doutor de Direito Tributário da
Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP).
Roberto Quiroga Mosquera – o professor iniciou a fala fazendo uma relação do direito
tributário com a contabilidade, tendo em vista que ambas as disciplinas estão
totalmente interligadas, isto porque a contabilidade é um dos elementos a se analisar
para verificar possível tributação.
Com a publicação a Lei 11.638/07, surgiu no país um conjunto de normas
visando convergir todas as normas para uma melhor visão contábil e sob a mesma
perspectiva. No entanto, o professor aduziu que as ciências são muito diferentes, por
isso a dificuldade de se ajustar e convergir com eficiência essas duas ciências.
Nesse sentido, o direito passou a ter a função de positivar as normas contábeis,
transformando-as em normas jurídicas, ou seja, normas de direito. Por isso o
surgimento de um novo ramo do direito, que é o ramo do direito contábil, que nada
mais é que o conjunto de normas contábeis positivadas pelo direito.
De todo o modo é preciso ter em mente que o direito e a contabilidade vêm
determinados fenômenos de forma diferente, porque assim exige cada uma das
respetivas ciências. Como exemplo, o que pode ser visto como patrimônio/ativo para o
direito pode ser entendido como despesa para a contabilidade.
Portanto, essa miscigenação das duas ciências precisa ser levada em
consideração para os operadores das ciências, para que seja realizado um ajuste entre
as normas.
Tanto o contador quanto o jurista precisam olhar um fato ou uma coisa,
reconhecer o quê é, mensurar o fato ou a coisa e depois evidenciar como esse fato ou
essa coisa será externado. Embora cada um enxergue de uma forma, é preciso que
ambos façam uma convergência. Isto porque, normalmente a ciência contábil privilegia
a essência sobre a forma, ao passo que o jurista, em tese, faz prevalecer a forma sobre
a essência, em razão da positivação das normas.
Uma forma de convergir as normas é fazer com que o jurista se valha da prática
contábil para efetivar as normas jurídicas e que os contadores observem as normas
tributárias para a prática dos atos contábeis.
Ao final da primeira fala, o professor concluiu que direito e contabilidade são
ciências afins, porém são normas separadas e devem ser analisadas separadamente.
Porém o direito se nutre das normas contábeis para positivá-las e torná-las jurídicas.
Por obviedade, as normas contábeis se tornam o ponto de partida da aplicabilidade das
normas jurídicas tributárias.
Pergunta: a contabilidade busca uma harmonização internacional na busca de
um padrão. Qual a expectativa para uma harmonização tributária internacional? No
contexto de um mundo globalizado e economia digital, em um futuro próximo podemos
pensar em legislações tributárias globais?
O professor disse ser utópica a existência de uma harmonização contábil
internacional. Portanto, na prática é muito difícil a existência de uma norma nesse
sentido, embora fosse o cenário ideal. De todo o modo alerta que é possível essa
aplicação em blocos econômicos.
Pergunta: seria interessante, na visão interdisciplinar, expandir os raciocínios e
as metodologias do direito contábil? Se sim, de que maneira?
O professor afirmou que hoje em dia fica muito difícil ter o conhecimento pleno
de uma ciência se a preocupação está enraizada apenas nesta ciência. Logo o direito
tributário, por exemplo, precisa ser analisado de maneira ampla, fazendo-se um estudo
de todo o contexto, buscando em outras ciências conhecimentos diferentes daquele em
que se está adaptado no exercício das funções, como por exemplo, conhecimentos
contábeis. Portanto, é importante que haja uma visão interdisciplinar das diversas
ciências existentes, notadamente com relação às normas contábeis e tributárias.