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EBOOK

ESTRATÉGIAS
E PLANEJAMENTOS
TRIBUTÁRIOS
PROFESSOR EDGAR MADRUGA

CENTRO EDUCACIONAL
Prof. EDGAR MADRUGA
Auditor Tributário, pós-graduado em Informática Pericial.
Especialista em SPED, Risco Fiscal, Compliance Tributário e
Inovação Fiscal com mais de 20 anos de experiência prática na
temática. Coautor dos livros "Compliance Tributário", "SPED e
Sistemas de Informação" e "Contabilidade e Gestão de Tributos".
Coordenador de MBA’s com mais de 200 turmas na temática
contábil e tributária em mais de 60 cidades brasileiras.

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A BSSP
Boa Sorte, Sabedoria e Prosperidade

A BSSP nasceu do sonho de transformar a vida das pessoas através do


conhecimento.

Desde 2017 estamos plantando a nossa Boa Sorte e hoje já estamos de


forma presencial em dezenas de cidades por todo o Brasil, sem contar
nossos alunos da modalidade à distância, que podem nos acessar de
qualquer lugar do mundo. A Faculdade BSSP é credenciada pelo MEC e
possuímos convênios com instituições de ensino superior credenciadas
para o ensino à distância. Nossos cursos contam com elevados níveis de
qualidade e a satisfação dos nossos milhares de alunos.

Investimos em um modelo de educação atualizado e inovador, com


currículos alinhados às necessidades do mercado. Acreditamos em um
ensino totalmente voltado à prática, onde nossos alunos são incentivados a
aplicar tudo o que aprendem, de forma eficaz, no dia a dia corporativo.

Proporcionamos conhecimento respeitando o lado humano e crescimento


de cada um.

Além disso, fomos premiados consecutivamente com o selo GPTW (Great


Place to Work), por termos uma cultura organizacional positiva e
humanizada.

O nosso compromisso é oferecer educação de qualidade para proporcionar


prosperidade de conhecimento e sucesso.

Seja a boa sorte que você quer para sua vida.

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SUMÁRIO

Introdução
Capítulo 1: Considerações Iniciais Sobre a Reforma Tributária
Capítulo 2: A Tecnologia e a Reforma Tributária
Capítulo 3: O Papel Do Estado Nacional e Local
Capítulo 4: O Imposto Sobre Grandes Fortunas
Capítulo 5: O Planejamento Tributário Para 2021
Capítulo 6: O Compliance ou Análise De Riscos Tributários
Capítulo 7: Os Modelos De Negócio
Capítulo 8: Dicas Infalíveis Para O Cenário Tributário De 2021

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Introdução

O ano de 2020 foi marcado pelo início e a intensificação da pandemia


do Coronavírus (COVID-19), em que milhares de vidas foram
vitimadas à revelia e um cenário de incerteza se espalhou por todo o
mundo. Com isso, os desafios para a manutenção do cenário
econômico se tornaram ainda maiores e mais meticulosos. Nesse
cenário, um profissional que não está ciente das adaptações exigidas
pelo mercado, é alguém que não está preparado para a sobrevivência
na área da Contabilidade. Por esse motivo – e por muitos outros,
evidentemente – nomeamos este livro de “Estratégias e
Planejamentos Tributários para 2021”.

Em primeiro lugar, será necessário começar por uma provocação que


facilite a compreensão do assunto e, por conseguinte seja como um
rito inicial de contextualização do tema. Poderíamos começar
seguindo o que fora anteriormente estabelecido, no planejamento
prévio do livro, todavia, perderíamos um importante ritual reflexivo
acerca do que abordaremos daqui em diante.

Reflita sobre as seguintes perguntas:

Qual será o rumo dessa Reforma Tributária? O que você pensa sobre
ela? E sobre o cenário tributário de forma geral? Ele será impactado
pela Reforma? Em suma, a Reforma Tributária conseguirá ser
finalizada? Se sim, com quais artigos e como ela irá funcionar de
fato?

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Você, como profissional da área de Contabilidade, já deve ter
entendido a importância dessas perguntas. Como muitos
especialistas da área insistem em dizer, a Reforma Tributária é um
grande fator definidor do cenário tributário dos próximos anos.
Levando isso com consideração, é consequente inferir que a Reforma
pode influenciar em muito as estratégias e planejamentos que
apresentaremos neste livro.

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CAPÍTULO 1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A REFORMA


TRIBUTÁRIA
Algumas perguntas sobre este assunto teimam em matutar na
cabeça dos especialistas mais experientes; mas não só deles, o
mercado permanece ensandecido de expectativa com relação ao
futuro da aprovação da Reforma Tributária. Além disso, a primeira
questão que surge é: será possível afirmar que a Reforma será tão
simples como o Simples Nacional é? Nós sabemos que a questão da
simplificação é um fator determinante para o exercício da profissão
contábil. Ademais, a Reforma Tributária trouxe algumas alterações
importantes, principalmente em um imposto municipal, que é o ISS
(ou ISQN).

Este trouxe algumas mudanças claríssimas no local em que este


imposto tem sua devida aplicação, elaborando sua regra de transição
até 2023. Recentemente, com essa aprovação, mostra-se a força do
ISS. Será que com a força deste imposto, cuja regra de transição foi
estendida até 2023, essa Reforma Tributária realmente sairá? É uma
primeira grande dúvida que têm nos assolado com relação à Reforma.
Essa pergunta é necessária e muitas outras também o são; podemos
exemplificá-las. O texto-base da Reforma apresenta a questão do
ajuntamento de alguns gêneros de tributos, mas temos também a
parte tributária que compete ao município. Ora, no cenário atual,
podemos acreditar que algo da Reforma será aprovado, mas não a
Reforma completa - como todos estamos idealizando -, justamente
porque este é um cenário que é bem mais provável e está mais de

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acordo com a razoabilidade e o consenso dos especialistas mais
importantes que vêm tratando do assunto em seus mais diversos
canais.

Para aqueles profissionais que trabalham com o ISS e o ICMS, nós


tivemos recentemente – há alguns anos - aquela partilha do ICMS
referente ao consumidor final, isto é, quando há consumidor final
localizado em outro estado, além da definição de sua devida regra de
transição. Com o ISS, volta-se essa mesma jurisprudência já vista
anteriormente com o ICMS, apesar de suas particularidades
individuais.

É possível afirmar com sobriedade que o cenário tributário é


também semelhante a um cenário pandêmico, afinal, existem
milhares de interrogações que precisam ser preenchidas e outras
novas surgem a todo instante sobre o assunto. Será que realmente a
Reforma Tributária sairá? Possivelmente sim, mas não com todos os
ditames e impostos pretendidos inicialmente. Acredito também que
seja algo muito semelhante ao que já vem como sistemática do
próprio Simples Nacional.

Algumas perguntas sobre esse assunto insistem em matutar na


cabeça dos especialistas mais experientes. Falamos de Reforma
Tributária desde 2019, mas em 2020 que o projeto começou a
ganhar a força e a exposição midiática necessárias. Eu sempre bati
em uma tecla um tanto quanto polêmica, de que a maioria das
pessoas, de alguma maneira, não concordavam; e tenho uma

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opinião bem emblemática em relação a isso, que é a seguinte:
Reforma Tributária não será nunca vista do ponto de vista do
contribuinte. A gente tem que lembrar que a Reforma Tributária,
para o Estado, são regras de arrecadação de tributos, e o Estado a
faz para reequilibrar as contas do Estado e não necessariamente as
contas do contribuinte.

Neste sentido, eu não vejo muito sucesso, em qualquer reforma


que seja, senão vier acompanhado da Reforma Administrativa e se
não respeitar a maturação legislativa existente no Brasil. Por quê?
O que eu vejo é o seguinte. Toda vez que um tributo é consolidado
do ponto de vista judicial, parece que aquele tributo cai em uma
zona de não-aceitação e que nós temos que voltar para a estaca
zero, achando que o novo vai nascer já julgado, e não é assim que
acontece. O novo vai nascer novo e vai ter que amadurecer ao
longo do tempo. Com isso, a gente abandona toda uma trajetória
de conceitos, de modelagem, de julgados, simplesmente porque
alguém deu uma ideia nova e está reinventando uma roda.

De tudo que eu vi da Reforma Tributária e dos comentários que


colhi, há quem diga que ela é extremamente inovadora; tanto as
duas que são as mais famosas, quanto as outras modelagens. Para
mim não mudou praticamente nada no sentido de manter a
tributação sobre consumo, que é uma necessidade básica do
Estado brasileiro. Não avançou também em outras bases
alternativas e, portanto, nós faremos o cálculo sobre a mesma
base, de maneira diferente, tendo que reaprender o tributo de
qualquer forma, seja o IVA Nacional, o IVA Estadual, seja qualquer

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outra situação, nós vamos ter, de fato, que reaprender todo o
conceito novamente, uma vez que o que valia, por exemplo, para o
PIS e COFIS e outras tributações vão deixar de valer, porque um
novo tributo virá com novos conceitos, com nova forma.

E isso, para mim, vejo com um certo ceticismo. Por que, na prática,
vai ter reforma? Acredito eu que vai; há tempos eu falava que não
iria ter, mas hoje eu acredito que vai. Reforma talvez, não, mas uma
mudança na forma de alguns tributos sim. Não uma reforma
ampla, como a esperada pela sociedade, isso não! Mas, uma
reforma que vai fazer com que o governo consiga executar a
contento o seu orçamento, porque o que define se vai ter Reforma
ou não, é se vai fechar o orçamento do governo ao final do ano. O
governo não está preocupado com outras coisas.

Até porque, se a gente olhar com cautela, o manicômio tributário


não está necessariamente no conceito de tributo, mas está nas
codificações. O problema é se eu vou ao ICMS e como classifico
fiscalmente o produto; é separar a laranja que é para uma
finalidade da laranja que é para outra finalidade, isso que é uma
verdadeira loucura. Não é o conceito do tributo, mas a
regulamentação dele. Por normas infralegais nós já teríamos uma
simplificação tributária, caso tivéssemos vontade política para
isso, portanto, não é necessário mudar o Código Tributário Nacional
como eles estão falando.

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CAPÍTULO 2

A TECNOLOGIA E A REFORMA TRIBUTÁRIA


Uma coisa que eu escuto com bastante frequência quando converso
sobre o tema, é o posicionamento. A Reforma Tributária não é uma
questão técnica. Talvez um dia seja necessário que marquemos uma
live para tratar especificamente sobre o tema. O mais importante
agora é outra coisa, e por isso que eu achei muito interessante a
posição exposta pelo Filemon Oliveira, quando fala assim: “A questão
não é técnica, a questão é política”. Nós temos várias propostas que
têm razoabilidade, portanto, não é uma questão puramente técnica.
Um outro ponto muito legal que foi colocado, é que devemos tomar
cuidado com as expectativas sobre a Reforma Tributária. Esqueça a
diminuição de impostos! O conceito de Reforma Tributária vai gerar –
e aí sim será uma grande reforma – uma simplificação do processo de
apuração, gerando previsibilidade e, principalmente, mais certeza do
cálculo e segurança jurídica. Se estes objetivos forem atingidos já é
muita coisa. Mas, aí me vem algumas incredulidades.

Nós tivemos uma situação que criou toda essa nova discussão e,
talvez, uma oportunidade de bate-papo, que foi a eleição dos novos
presidentes da Câmara e do Senado. Quem era o líder do projeto que
estava mais avançado? Era o deputado-federal Baleia Rossi, que foi o
candidato que perdeu a eleição. Então, dentro desse contexto, um dos
projetos que estava sendo mais discutidos, que era o IBS, tende a uma
negatividade da força do seu desenvolvimento. Uma das propostas, é
mais uma crença e um entendimento pessoal, porque ao se
candidatar e perder uma eleição é preciso ter a consciência de que

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não existe almoço grátis, alguns acordos e dívidas elencados na
eleição permanecem. O candidato derrotado perde, de certa forma, a
capacidade de diálogo, e seria uma surpresa que esse projeto do IBS,
que vinha da Câmara liderado pelo deputado-federal Baleia Rossi,
tenha agora uma prospecção.

Quem são os maiores resistentes de uma Reforma Tributária,


especialmente nos estados? Os seus tributos indiretos, por exemplo,
o ISSQN. Nós precisamos lutar pela desmaterialização da economia,
aquilo que era mercadoria, hoje está virando serviço. E isso faz uma
perda de arrecadação do tributo ICMS, o principal tributo dos
estados.

Você conhece o famoso gráfico de pizza, em que se faz a


proporcionalidade com o tipo de tributo? Por exemplo, quantos por
cento é imposto de renda, PIS, COFIS, o famoso gráfico de pizza
anual. Historicamente, de acordo com as informações da Receita
Federal, o último dado publicado foi o de 2017/2018, mas ainda
assim, uma série histórica mostra que o ICMS proporcionalmente
cresce menos a arrecadação do que os demais tributos. Exatamente
por essa força da desmaterialização da economia, isso pode provocar
um incentivo ou uma força por parte dos que são mais resistentes a
aderir algum tipo de reforma tributária.

Tem-se uma discussão a respeito das brigas sucessórias; se eu estou


falando de um novo tributo, eu estou falando de todo o processo. Eu
posso lhe falar de um projeto. Dentro de uma liberdade que foi muito

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legal, nós tivemos no passado o congresso “Pensar Contabilidade
2020”, onde tivemos a honra de fazer o encerramento dele. Ouvimos
uma palestra de um especialista no ramo da Receita Federal, que
inclusive ainda trabalha na instituição. Ele falou sobre o CBS, o
tributo, a proposta do governo que estava parada e, agora, acredito
que ela avance de alguma forma, que é o fatiamento da Reforma
Tributária. Nesse caso, primeiro faz-se o IVA Federal, aglutinando dois
tributos, PIS e COFINS e no processo seguinte, vindo especialmente o
IPI e alguma outra contribuição e, por adesão, incentivando os
estados a largarem o seu ICMS e virem também compor esse IVA
Federal.

O fato de ser por adesão me agrada demais, em oposição à proposta


do deputado-federal Baleia Rossi, que é uma imposição. Na verdade,
a Receita Federal tem que exercer o papel dela. Eu acho fundamental
dar passos à frente, e a Receita Federal – como ente maior – liderará
esse processo. Em um processo de liderança, é muito fácil definir o
que eu faria: “Você está ganhando dinheiro? Pois tome um dinheiro
novo”. Com condições, você poderia ter moedas, e o poder do Governo
Federal permite criar estímulos para esta adesão e construção deste
arcabouço.

Eu vejo essa Reforma Tributária como um campo de oportunidades,


mas só não tenho a certeza. O universo tributário, o universo contábil
está sendo constantemente modificado, e nós temos de estar sempre
preparados para isso.

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A famosa digitalização econômica ou economia digital traz um
problema para nós, principalmente na medida em que ela
descaracteriza codificações da economia tradicional. Então, quando
nós começamos a ter a influência digital nas atividades econômicas
das empresas, por exemplo, quando entra uma plataforma de
integração, isto não está proposto nas legislações anteriores, porque
ela foi criada de uma maneira que era socialmente organizada à
época. O próprio exemplo do ICMS, a necessidade da Emenda
Constitucional da partilha do ICMS é um caso destes. O ICMS foi
criado em um ambiente onde a pessoa entrava na padaria, comprava
o seu pão e deixava o seu imposto; ia na loja de calçados, comprava o
calçado e deixa o imposto.

De repente, eu estou comprando um tênis em outro estado e


recebendo na minha casa, por influência digital, por influência de um
intermediador digital e tecnológico. Quando se pensou o ICMS, não
se pensou em um modelo de venda por telefone, por internet, era
alguém vendendo no estado para alguém que está comprando no
estado. De repente, começam essas variações de comportamento
social influenciadas pela tecnologia; quando nós iríamos pensar que
faríamos importações diretas dos Estados Unidos da América da
Europa ou da Ásia, simplesmente por um toque no celular? Era
inimaginável até pouco tempo.

Quando as empresas brasileiras imaginariam realizar exportações


através de plataformas digitais? Sendo assim, entram em contextos
em que a legislação não estava preparada, condensada, organizada,

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para essa realidade. Essa situação digital começa a trazer para o
mundo tributário uma lacuna de aplicações práticas. Imagine, por
exemplo, uma indústria que tinha 50 pessoas trabalhando,
tributadas no seu imposto de renda, a empresa pagando o INSS, de
repente, essa indústria automatizou, colocou um software, três
robôs e faz o mesmo trabalho que essa equipe fazia. Aqui, nós
temos uma erosão de base, por quê? Porque o recurso que era
humano nas indústrias passou a ser tecnológico, só que a
tributação incidente sobre a tecnologia não se equipara à
tributação existente sobre os recursos humanos, e assim
sucessivamente.

Aonde a tecnologia chega, ajuda, gera produtividade, progresso,


traz consigo um ganho econômico, mas em compensação, do
ponto de vista tributário, descaracteriza toda a organização social
feita outrora, quando a legislação foi pensada. Nesse contexto, a
digitalização vai em um caminho sem volta, arrastando
praticamente todos os conceitos tributários existentes
atualmente.

Lembro-me, nesse contexto, de alguns casos práticos irreverentes


que chegam no dia a dia com relação à tecnologia. Como colocado
pelo Filemon, a questão do ICMS foi uma briga muito grande na
intenção de mudar a pasta, com o Protocolo 21 do ICMS, que é o
protocolo considerado inconstitucional, justamente porque muda
essa forma de tributação. A tecnologia nos ajuda em várias
situações, como também, em algumas situações, atrapalha, se mal
utilizada.

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Porém, nós ainda não estamos – nesse momento – com a legislação
tributária acompanhando essa evolução. Um exemplo que eu posso
citar de forma bem simples e cujo teste foi feito por mim na
realidade, será citado a seguir. Pense nas empresas em que você se
cadastra (por conta da pandemia), você vende o produto, indica o
produto e ganha uma comissão. Como proposta, cadastrei uma
pessoa jurídica nova para que pudesse fazer o teste e, do nada,
chega o dinheiro na conta bancária, mas cadê a nota fiscal, que
serviço foi esse?

Outra questão que a gente pode falar, e temos que ter cuidado ao
falarmos de estratégias para 2021, é muito comum, as pessoas
também estarem sem condições financeiras, e começam a fazer
vídeos e colocam em plataformas digitais. Aqui nasce uma
situação; eu, como professor, se estou vendendo alguma coisa,
posso vender para uma empresa ou direto para alguém, cadê o ISS
nisto? Onde é devido o ISS nisto? Como podemos notar, isso é algo
recorrente nas relações com a tecnologia, mas é comum que não
nos atentemos à situação em nosso dia a dia.

Há uma outra situação em que eu fui procurado e que fala


justamente dessa necessidade. “Ah, eu sou uma empresa e vou
colocar o meu produto no market place, mas vou mandar a nota
fiscal para o cliente que está em outro estado pelo valor que eu
vendi ou só do valor que eu recebo na comissão?”. Nesse caso, você
tem a Lei de Relações do ICMS, só que a operação compra-ordem é
de outro cenário, imagine você com o volume grande de
movimentação que temos, trabalhar com a operação

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compra-ordem? E o pior, se a gente traz muito para o ICMS, ainda vai
ter a guerra entre esses estados.

Aqui no meu estado, em Sergipe, nós temos uma previsão legal de um


termo de acordo atacadista, onde é previsto que você abra uma
empresa atacadista em um escritório virtual. Você pensa, mas como
comércio atacadista sem estoque? São situações em que as relações
vêm acompanhando as mudanças, mas a evolução do ponto de vista
tecnológico vem em um volume tão grande que, às vezes, a própria
legislação não acompanha.

Um exemplo muito comum, que a gente sempre acaba falando, é de


uma das alterações que houve na Lei do ISS, através da Lei
Complementar 157, que versava sobre o destino do ISS das pessoas
vigiadas em um local, mas não versava sobre os animais nessa
situação. Quantos e quantos animais são vigiados e valem muito? Foi
quando veio uma alteração na Lei de Relação, colocando as palavras
“ser moventes”, mas demorou quanto tempo para colocar isso? E aí,
vem essa questão tecnológica: será que o nosso legislador está
preparado para essa evolução e para ter essa mudança de legislação
tão grande? Se for assim, a própria Reforma, como conversamos no
início, já está desatualizada.

Nós temos uma atividade que está muito em moda no mercado hoje,
que são as editoras. Olha como é complicado esse processo da
legislação acompanhar a evolução social e tecnológica dos negócios.
Nas editoras, nós tínhamos apenas os livros físicos, mas agora, nós
temos os eBooks, só que a editora está amparada no livro pela

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imunidade tributária, o papel está imune, e o livro eBook foi
reconhecido judicialmente equiparado.

Nós temos também um outro lado, que é o lado do seguinte. Quando


eu tenho uma editora e eu produzo os livros, eu tenho uma tiragem
de 1.000 livros; só que nós temos um detalhe: a informação fiscal
solicitada pelo Estado é de que eu tenha o SPED Fiscal, e neste eu
coloco a quantidade que existe no meu estoque e a quantidade que
foi vendida, de forma sucessiva. Mas e o eBook? Eu produzi quantos?
E toda venda é uma venda.

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CAPÍTULO 3

O PAPEL DO ESTADO NACIONAL E LOCAL

Sempre digo que tenho muito carinho pelos meus amigos e como é
grandiosa a quantidade de amigos que eu tenho na Contabilidade. As
pessoas talvez não saibam, mas eu já fui concursado, auditor fiscal,
durante 22 anos da minha vida, e posso falar que tive a oportunidade
de conviver com profissionais do País inteiro. Eu sempre volto a dizer
que esse atraso não é por falta de competência dos legisladores, mas
porque a economia é extremamente dinâmica.

Talvez, uma coisa muito importante para colocarmos aqui é que o


papel do Estado não é atrapalhar a economia, é se moldar à evolução
econômica. Então, às vezes, ele não é tão ágil. Para mim, é sim, como
no exemplo citado do eBook, mas as regras não funcionam assim,
alguns ainda veem uma provocação específica na parte das
legislações tributárias, na interpretação literal das determinações.
Há uma série de restrições legais que, em algum momento, eu até
provoco vocês sobre esse tema, quando digo assim: “Para mim, na
verdade, o papel do Estado e, talvez, a grande Reforma Tributária
começou no ‘SPED 10.0’”.

Caminha-se para o que a gente chama de pré-apuração ou apuração


assistida. O que acontece nesse caso? Esse é o grande papel: saber
simplificar a forma de arrecadação. Por quê? A questão tributária
não está em discussão, não é possível a gente discutir. Eu adoraria
que a gente pudesse falar de diminuição de carga tributária, mas ela
envolve despesa e, por exemplo, agora em um momento tenso,

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marcado pela pandemia do Coronavírus (COVID-19), nasce
novamente a discussão do incremento de despesa.

Não estou discutindo política, mas falando tecnicamente, que se o


governo não oferecesse, por exemplo, aqueles R$600,00 do Auxílio
Emergencial, a economia estaria em outro patamar (negativo).
Então, esse modelo de criar uma inércia quando a economia para, até
que ela retome, ou quando o governo (com um papel de construção,
de ser anticíclico), isto é, quando está dando errado, andar no lado
contrário, é grandioso. Apesar disso, há a geração de um déficit fiscal
monstruoso e, não se engane: virá incremento de fiscalização e
aumento de arrecadação por meio dos estados.
_____
Pare com essa ilusão de PT, PTO, PTU, PMDB, ou qualquer partido
político; eu, como estudioso do assunto, consigo trazer exemplos de
todas as matizes políticas que já tiveram dentro de uma escala de
poder no Executivo e que adotaram péssimas medidas. A Reforma
Tributária ou Fiscal sempre foi: “Eu gasto o que eu quero e depois farei
um ajuste fiscal mediante o incremento de arrecadação”. Se isso é
uma questão política, que depende de um botão que a gente aperta a
cada dois anos, é preciso maior maturidade política do nosso lado.
Apesar de tudo, o mundo é esse, e é preciso ter uma visão otimista do
mundo e do Brasil em si. A questão principal é que nós, na esfera
tributária, podemos fazer o uso extensivo dessa tecnologia para gerar
previsibilidade e simplicidade no cálculo, isso é o foco. A tecnologia
rompeu barreiras o suficiente para permitir isso, em algum momento.
Hoje, acredito que é muito mais uma vontade política de execução
para que em breve tenhamos esse resultado.

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Caminha-se para uma certeza. Nós já temos comitês gestores de
simplificação, de poder, de pré-apuração e apuração assistida.
Inclusive, à nível de ENCAT (Encontro Nacional de Coordenadores e
Administradores Tributários) já temos um grupo de trabalho que
reúne representantes de estados que estão fazendo o projeto
piloto. Eu quero trazer não somente as nossas opiniões, mas quero
emitir opiniões que sejam minimamente conclusivas.

Apenas para falar do dinamismo do livro, nós estamos fazendo essa


introdução, vamos trazer sempre os insights do público e, depois,
traremos algo mais individualizado, que favoreça as perspectivas
de cada escritor, relacionando tais opiniões, divergentes ou não. O
Filemon falará um pouco sobre sua visão de planejamento
tributário, por exemplo.

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CAPÍTULO 4

O IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS


Mas, antes de chegar nisso, é importante falarmos sobre uma
polêmica que existiu no grande público, acerca dos impostos de
grandes fortunas, em uma discussão sobre a Reforma Tributária.
Vamos responder e trazer essa questão aqui para o debate,
expressando o nosso ponto de vista.

Eu vou tomar a ousadia de colocar, inicialmente, o meu ponto de


vista. E, depois, gostaria de ouvi-los. Eu não estou falando sobre o
aspecto político, está claro isso? É bonito se falar de tributar
impostos sobre grandes fortunas, mas existe um desafio
monstruoso de ordem técnica de se tributar, porque é ofensivo. É
muito mais quando se diz assim: “Isso é para jogar para o pessoal!
Isso é para inglês ver”. Você conhece estes ditados populares?

O imposto sobre grandes fortunas, de fato, não arrecada nada. Quem


tem grande fortuna, de fato, traz ela, por exemplo, para um país que
não tenha o impacto desse fator. Então, infelizmente, não é isso que
vai mudar a arrecadação; existem instrumentos, e eu vou dizer um,
por exemplo, que é do modelo americano e que eu acho muito mais
efetivo.

O que é uma grande fortuna? Há alguns dias, em um debate,


colocando um pouco da minha história de vida, tive uma grande
experiência sobre isso. Eu nasci em uma família de classe média, dei
aulas em colégios públicos de Matemática em 1997. E hoje, sobre as

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bençãos de Deus, estou em uma situação diferente. Eu sempre digo
que na minha vida, tenho de dobrar os joelhos todos os dias, porque
no fundo é preciso ser grato por tudo que eu tenho materialmente e
espiritualmente.

Dessa forma, é preciso compreender que há algo de colheita de frutos


também nesse testemunho biográfico. Afinal, cheguei a trabalhar 16
horas por dia, por exemplo, o que chegou a acontecer ainda nas
últimas 24 horas. Coincidentemente, os três participantes dessa
conversa ralaram muito para chegar aonde chegaram. Essa mais-valia
que eu acumulei e eu venho acumulando, eu tenho, de certa forma,
alguns interesses de usar. Se alguém vier me perguntar o que eu faria,
eu criaria um processo de blindagem (se eu tiver sido atingido por
essa tributação de grande fortuna).

Como os americanos fazem para resolver essa situação? Eles não


tributam durante o usufruto da grande fortuna, mas no dia que a
pessoa que acumulou, isto é, os filhos e herdeiros dele, que não têm
nenhum mérito por isso. Coloca-se um imposto sobre herança
(falando-se simplificadamente), que no Brasil a alíquota máxima é de
8% (no estado que limita mais, e 4% na maioria) sobre o valor da tal
herança. E nos Estados Unidos? 50%.

Suponhamos que você usufruiu do seu patrimônio, mas na hora de


transferir para os seus herdeiros, que não têm por essência
meritocrática esse direito, na prática, 50% ficam para o Estado. De
certa forma, o Estado absorve esse pedaço da mais-valia no momento
de transferência, é isso que acontece na legislação americana.

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Há também algo que eu adoro, que é o planejamento tributário
sucessório, onde começa o processo de inteligência que faz toda a
diferença. Estou aqui expressando o meu ponto de vista sobre
imposto de herança, mas eu não acho bonito, é inofensivo, ele não
tem, naquilo que é a acepção das pessoas que o defendem como
uma questão de justiça, de mais-valia, de respeito, na prática; todos
os países que o frequentaram não tiveram o seu efeito prático. A
arrecadação é inofensiva, esdrúxula, cresce apenas no início e logo
depois some, junto com qualquer valor significativo.

Não é porque existe a previsão constitucional que vai existir essa


afetividade. Eu estava me lembrando de alguns casos práticos
novamente. Nós temos o imposto sobre doação, o ITCMD, por
exemplo. No nosso dia a dia, vamos construindo a nossa qualidade
em si, o nosso patrimônio; então, são muitos que pensam em
tributar a renda que vem nesse tempo e não necessariamente o
patrimônio, nesse caso das grandes fortunas.

Em outra situação, há uma frase que eu gosto muito e que se encaixa


perfeitamente no contexto: “Quem sabe mais, paga menos”. Nesse
caso, você vai muito pela educação financeira, porque vem os
planejamentos sucessórios, planejamentos tributários, e isso
mostra que, geralmente, quem tem grandes fortunas tem recursos
de pagar um bom consultor, tanto tributário como jurídico, para ter
a segurança de se fazer isso. Automaticamente, o que vai acontecer?
A arrecadação não necessariamente vai cumprir o seu pensamento
inicial.

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Uma ideia interessante que me veio enquanto estávamos
comentando sobre isso é que até na própria legislação, em um
determinado Estado fora do Brasil, houve uma redução de alíquota
do ITCMD de 8% para um valor bem menor, salve engano 2%, só
durante um determinado tempo, isto é, 6, 7, 8 ou 9 meses. Nesse
caso, você tem também as doações só durante esse período, como
também o causa mortis só durante esse período.

Será que com a aplicação do imposto sobre grandes fortunas, não


teriam alguns lapsos temporais em que a gente não sabe o porquê?
E essa arrecadação como é que pode vir? Então, é algo que não
necessariamente vai resolver a carga tributária que se tem.

Eu, recentemente fiz uma palestra com um rapaz do Tribunal de


Contas do Sergipe e estávamos falando das possibilidades de
arrecadação municipal, e foi um evento basicamente para os
prefeitos. Eu já fui secretário do município na área de gestão pública
tributária. Não necessariamente você precisa mudar a legislação
para você aumentar em si a sua arrecadação, porque isso já está
previsto.

Houve um incremento monstruoso de arrecadação, e isso foi


perfeitamente demonstrado na aula chamada “Malhas Fiscais e
Análises Preditivas”. Há também algo interessante, que é muito
comentado, com relação à tabela do imposto de renda, em uma
perspectiva para o futuro. O fato é que os governadores não têm
mais coragem de fazer esse incremento.

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Um dos exemplos mais famosos atualmente aconteceu em São Paulo,
em que o governador João Dória diminuiu os benefícios fiscais,
portanto, não aumentou o imposto. Quando você não corrige a tabela
do imposto de renda, na prática, você está fazendo um incremento de
arrecadação por meios indiretos, esse é o mundo real.

A minha opinião é muito simples com relação ao imposto de grandes


fortunas, e isso me parece aquela história de que a justiça buscada ou
tentada por pessoas que a defendem, acredita que a sua dificuldade
está na solução de outro, quando na verdade esquece de uma coisa
simples: a grande fortuna tem o poder da decisão. Sendo assim, a
minha fortuna fica onde eu quiser, e ficando onde eu quiser,
utilizando-se dos instrumentos legais no amparo das políticas
internacionais, sairemos da guerra de disputa do ICMS entre estados
e iremos para uma guerra entre grandes fortunas entre os países.

Os países, nesse cenário, começarão a dar benefícios fiscais, como é o


caso do Panamá e muitos outros, como acontece marcadamente no
estado de Delaware, nos Estados Unidos da América. Quando
estamos falando sobre questão da herança, sempre aparece no
noticiário que o Bill Gates doou grandes quantias de dinheiro e de sua
riqueza para fundações; o fato que não é noticiado é que, caso sejam
fundações sob o seu domínio, ele continuará tendo gestão indireta
sobre a sua fortuna.

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CAPÍTULO 5

O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARA 2021


Onde existe esses problemas, deve necessariamente existir o
planejamento tributário. Uma das propostas que eu acho que vai
passar na Reforma Tributária é a tributação sobre o lucro, que hoje é
isenta, mas de fato está muito forte a discussão da tributação na
distribuição de lucros.

Eu particularmente sou a favor da tributação de lucros e dividendos,


desde que ela também seja o fato de retirada da tributação sobre a
empresa.

Eu tive a oportunidade de fazer alguns estudos em Portugal, onde se


tributa a distribuição de lucros. Obviamente, eu fiz um estudo
comparado entre o Brasil e o cenário europeu, e vou lhe dizer: lá tem
planejamento tributário. No ano fiscal imediato, provavelmente não
se conseguirá exercer todas as medidas de controle necessárias, mas
no ano fiscal seguinte, é com “o braço nas costas”.

Estabelecer lucro para dentro de um negócio é contabilmente uma


escolha. Como assim? Dando atenção para aquilo que é significativo,
e vai “bater” em cima de quem? Daqueles que não têm planejamento
tributário, condições, ou aqueles que ignoram isso, casos práticos de
aplicação e lucro real.

Agora, vamos falar do planejamento tributário para 2021? Quais são


as estratégias? Vamos ficar no Simples? Será que houve alguma
mudança? Conte-me um pouco daquilo que está se passando.

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Vamos pensar o seguinte. Sempre que eu começo com o
planejamento tributário, levo em consideração três aspectos, que são
importantes dentro do meu pensamento, quando eu vou atender um
cliente, consultorias, assessorias, eu sempre penso em três coisas.
Planejamento tributário muita gente pensa que é diminuição
tributária efetiva, e na verdade eu não trabalho só com isto, com
todos os meus clientes, sempre conversamos sobre três aspectos:
diminuição tributária, variável de risco e variável de prazo, isto é,
postergação de fato gerador.

Pensando nessas três variáveis, chegamos sempre no ponto de vista


de: a ação que eu estou tomando vale à pena pelo risco? É possível
que, ao em vez de eu recolher o imposto agora, eu possa postergar o
fato gerador, através de algum tipo de mecanismo? Estes
mecanismos podem envolver tributos diretos, indiretos, isto é, de
alguma maneira manter o caixa da empresa para que ela tenha mais
folha salarial para pagar o imposto na hora devida, na hora certa.

A primeira coisa que eu sempre gosto de falar e sempre trabalho o


conceito, é que há uma diferença entre a escolha espontânea e
provocada, por quê? Eu ir a uma empresa e verificar apenas pelo
comparativo se Simples Presumido ou Real é o mais adequado, é parte
de um planejamento, mas eu não vejo isso como o planejamento
completo, por quê? A escolha é uma obrigação legal, a legislação dá o
prazo da primeira competência para que eu escolha o tipo de regime,
se vai ser o Simples Nacional, o lucro presumido ou o lucro real.

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Nesse caso, o Simples Nacional é a opção até o último dia do mês de
janeiro, e o lucro presumido e o real de acordo com o recolhimento da
primeira competência. Nesse contexto, eu vou além, acho que
planejamento tributário está em modelar um negócio, e não em
escolher um negócio existente; é criar um negócio que tenha a
mesma finalidade, mas que tenha soluções tributárias diferentes.

A legislação sempre traz possibilidades diversas para um


determinado produto. Eu posso, por exemplo, vou dar uma ideia para
aqueles que trabalham na área de educação. Eu posso migrar parte da
minha receita como material, com tributações diferentes. “Ah, mas
eu não vou economizar 100% em determinado tributo”; mas vai
economizar 50%, 30%, 20%, 10%, qualquer ganho é ganho.

O planejamento, no meu modo de ver, passa por modelar o negócio,


isto é, manipular, criar bases e fatos geradores controláveis, dentro do
ponto de vista legal, mas controláveis, que eu consiga monitorar e
visualizar. Eu não vejo planejamento sem mensuração. Eu já vejo um
monte de pessoas que dizem:

-“Eu já planejei o seu tributo”.


-“Quanto vai me custar no final do mês?”.
-Eu não sei, mas que eu planejei, sim, planejei”.

Quanto eu vou economizar? Além disso, temos que avaliar no valor


economizado e valor ganho, o risco, porque têm alguns clientes que
assumem o máximo de risco no negócio dele, por exemplo, e ele faz o
que ele quiser, temos que orientá-lo dentro do risco que ele vai ter,

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mas se ele quiser assumir o risco, perfeito. O ônus e o bônus vai ser
dele, ou seja, ele vai ganhar dinheiro se der certo e perder dinheiro
se der errado.

Tem até um exercício que eu faço em sala de aula, e eu já quero


convidar as pessoas que estão lendo este livro para que esteja
conosco dentro de sala de aula em uma oportunidade posterior.
Mas, enfim, há algo que eu falo em sala de aula e que talvez
assuste, é a pergunta: qual é o planejamento tributário de menor
custo que se tem? Não emitir notas, não emitir nada, deixar tudo
de fora. É um planejamento? É. Mas, e o risco? Altíssimo; então
vale à pena? Não.

Então, se eu trabalho a variável de custo e risco o tempo todo, eu


vou chegar em um denominador para a empresa. O planejamento
começa, de fato, pela escolha dos regimes, mas eu posso, por
exemplo, trabalhar o conceito societário dentro de um
planejamento. A gente tem figuras societárias importantes e
relevantes na legislação brasileira, que influenciam do ponto de
vista tributário. Nós temos SPS, nós temos a SA, outras formas de
se realizar o planejamento tributário, para que a finalidade, que é a
retirada, a remuneração do sócio, a manutenção da riqueza, a
geração de valor para a empresa, seja alcançável.

Quando a gente começa a pensar um tributo como parte e não


como todo, a gente vai começar a observar que a modelagem do
negócio, como eu modelo o negócio, como eu desenho um negócio
e como eu controlo as variáveis tributárias do negócio, controlando

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principalmente atos geradores de base de cálculo, eu consigo saber e
mensurar até o risco que eu estou correndo no futuro.

É muito comum a gente pensar no empreendimento tributário


apenas como um regime tributário, mas não é só isso. Algo que a
gente pode muitas vezes trabalhar é verificar como estratégia
justamente o quê? Será que a empresa está preparada para esse
regime?

Um exemplo muito comum, que até aconteceu comigo. Um


empresário do ramo alimentício me procurou, queria sair do
Simples, porque disseram que era melhor sair e ir para o lucro real ou
presumido, só que nos procurou 27 de dezembro. Imagine isso! Eu
cheguei para o empresário e disse: “Olha, sua empresa está
preparada para mudar o processo de emissão de nota fiscal? Está
preparada para mudar os códigos do CSOSN para ir para o código
CST? Como está o seu cadastro de produtos?”.

Em certos casos, o que você for economizar, se for a melhor opção


você sair do Simples Nacional, você pode perder todo esse dinheiro
com a nota fiscal. Se sua empresa está pronta para mandar o SPED
Fiscal, o ICMS, será que a sua estrutura tecnológica suportará?
Alguns estados não têm declarações para serem enviadas, mas em
outros estados têm, e em grande maioria, não se tem esse controle
tão grande com a empresa do Simples, vai-se pelo seu faturamento
em si.

Naquele momento, eu preferi não fechar com o cliente, para poder

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não ser um responsável depois. Poderíamos, muitas vezes, chegar e
falar: “Vamos fazer o seu planejamento tributário”; chegar e entregar
o produto, mas será que isso vai agregar valor realmente ou vai gerar
mais a frente um problema tributário?

Durante o ano, vamos arrumar a casa para se fazer o estudo se tem ou


não essa possibilidade, se é melhor ou não sair desse regime, com
segurança, com risco menor. Quantas e quantas situações nós
temos? E o planejamento tributário nós temos no nosso dia a dia.

Quando vamos para o ICMS, por exemplo, um empresário vendeu alto


o que comprou, com 10 meses, 5 meses ou então com 11 meses, e
que você pode ter a possibilidade de redução de base de cálculo do
ICMS depois de 12 meses. Será que houve essa conversa? Será que o
empresário antes de vender conversou, teve esse relacionamento
com o esclarecimento de que poderia haver uma redução da base de
cálculo? É uma forma também do seu planejamento tributário.

Podemos falar também do planejamento tributário para postergar o


pagamento de um tributo, não no sentido de atrasar, mas justamente
de ter essa base de cálculo. Quando estamos em sala de aula,
acontece muito de passarmos um planejamento, eles falam: “Ah, mas
vai aumentar o PIS e COFIS”. Sim, mas você olhou, você teve uma
imagem holística e viu que você tem lá no todo realmente o
resultado? Pode aumentar e reduzir outro e, assim, compensar.

Muitas vezes, o que acontece no nosso dia a dia. Em algumas


empresas, pensa-se em segregação somente, pensa segredado para

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cada tributo e não como um todo, uma empresa toda. O problema do
tributário parte justamente disso. Eu gosto muito de dizer o
seguinte: será que você já está pronto para isso? E é aquela questão
clássica que já estamos acostumados, cadastro de produtos,
clientes, fornecedores, como está sendo enviado ICMSST, como está
sendo feito esse cálculo, será que há alguma divergência com
relação à base de cálculo, se existe algum benefício fiscal, como
muitas vezes os estados têm como termo de acordo, e que mesmo
naquele regimento tributário você consegue reduzir.

Será que a gente já verificou todos esses trabalhos? Mas para isso
também precisa-se ter uma relação de confiança entre todos os
envolvidos na relação, que é principalmente os empresários e os
contadores, nesse dia a dia.

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CAPÍTULO 6

O COMPLIANCE OU ANÁLISE DE RISCOS TRIBUTÁRIOS


Conhecimento é poder de transformação, conhecimento transforma
vidas. O universo contábil é tão impactado por novas tecnologias, e
ele prescinde muitas coisas. Vocês já pararam para pensar em quais
são os novos produtos da Contabilidade, seja tributário ou qualquer
outro? São exatamente os serviços, e para isso você, na verdade,
vende conhecimento e pragmatismo.

Há muitas polêmicas com relação às visões sobre o risco. Sendo


assim, é importante a gente trazer um direcionamento, dentro da
proposta do que temos discutido hoje. Em primeiro lugar, gostaria
de recomendar o livro “Compliance Tributário”, o primeiro livro de
compliance tributário do Brasil, que nós tivemos a honra de sermos
autores.

No livro anteriormente citado, o que é colocado de forma muito


pragmática? Correr riscos não é um problema, na verdade, decidir
cumprir ou não cumprir uma norma é uma decisão “de apetite”, isto
é, algumas pessoas possuem maior resistência do que outras. Às
vezes nós ficamos brigando com empresários, quantos profissionais
acabam confundindo as relações e dizendo: “Mas ele faz tudo
errado!”.

Nesse caso, o empresário tomou uma decisão gerencial e ele que vai
sofrer as consequências ou não de um processo de cumprir ou não
cumprir as normas tributárias. Você tem que medir a besteira que
você precisa fazer, esse é o ponto principal.

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Deixe-me dar um exemplo prático das minhas falas com relação a
isso. Eu vou dar o exemplo do banco. Essa novidade do ISS que veio na
legislação regulamentada, de que aos serviços bancários é devido
hoje no local onde é o domicílio do tomador do serviço, já havia
decisões anteriores que definiam isso, decisões judiciais, ou seja, os
bancos já sabiam que era devido o ISS no local em que era feita a
operação, o banco já sabia disso.

Só que o banco faz a seguinte conta: vamos imaginar um banco que


opera nos 853 municípios do Estado de Minas Gerais; o banco olha e
fala: “Tem prefeitura que não tem internet, telefone ou computador.
Tem prefeitura que não tem estrutura e conhecimento necessário
para poder operar qualquer cobrança nesse sentido”.

Enquanto os bancos têm um grupo de advogados dos mais


qualificados dentro do âmbito da seara tributária. O que o banco faz?
Eu não vou pagar para ninguém, quem reclamar eu pago. Vamos
supor que 10 municípios reclamam, portanto, o banco paga e deixa
843 municípios sem receber. Qual custou mais a ele? Provavelmente,
se fosse pagar para todo mundo teria um custo administrativo
enorme de cuidado disso, um custo tributário enorme, mas ele faz
uma análise de risco.

Isso que você falou, eu tenho um exemplo real acerca da questão do


conceito de compliance tributário. A partir do momento que você
mede o tamanho da besteira de cumprir ou não cumprir determinada
norma, em que, por exemplo, algumas pessoas começam a querer

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fazer recuperação de créditos. É algo muito importante, portanto, e
em que é necessário muito conhecimento para fazê-lo da melhor
forma possível.

Você vai correr uma série de riscos e de processos, e terá muita gente
fazendo besteiras nesse ramo. A partir do momento em que você
mede o tamanho de forma objetiva, e para isso existe técnica,
ciência, para se chegar a um objetivo, passa-se ao empresário a
decisão gerencial de se cumprir ou não cumprir determinada norma.
Há aquela frase clássica de que isso é “responsabilidade do
contador”, mas tenha cuidado! A responsabilidade do contador é
dura, mas o ato de não pagar determinada norma vindo de lá, você
tem a blindagem mais garantida. Não existe uma responsabilidade
fática do contador na prática, a não ser em atos dolosos, em que há
dolo (decisão). Sendo assim, é preciso diferenciar o que é culposo
daquilo que é doloso, e uma assessoria jurídica te blinda sobre esses
processos de responsabilidade objetiva de forma muito tranquilo.

Há um exemplo que também nasce do mundo bancário, e que pode


ser muito interessante ao nosso assunto. Pense em uma grande
empresa que não paga hora extra; ela tem uma assessoria jurídica e
a grande maioria dos funcionários que saem entram na Justiça para
receberem as suas horas extras, o que faz com que ela estava
constantemente buscando acordos jurídicos.

No fim das contas, com o custo da assessoria jurídica e dos acordos,


ela paga aproximadamente 20% das horas extras. Eu não estou
entrando no conselho ético ou motivacional desta atitude, mas isso

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não deixa de ser um planejamento tributário em que ele reduziu 80%
do custo dele de horas extras, por quê? Pois ele está administrando o
risco, e isso é compliance.

Voltando a essa realidade que estamos vivendo hoje, o que teremos


em 2021? Lembra-se do déficit fiscal “violento” que a gente falou?
Incremento de fiscalização. O maior hack que eu posso lhe dizer hoje
é que é fundamental as empresas estarem mais precavidas com ações
do Fisco; há uma fortíssima tendência em todo o País, de uma
fiscalização mais deliberante, buscando mais o exercício fiscal de
arrecadação.

Acredite e prepare-se para cargas tributárias de incremento, por


exemplo, na diminuição de exercícios fiscais. O exemplo de São Paulo,
novamente, é muito frutífero para entendermos o assunto, afinal, eles
não aumentaram os impostos, mas simplesmente cortaram
benefícios fiscais.

Esse ponto que está sendo levado em consideração é fundamental,


olhar para dentro das empresas, não prometer mágica, não prometer
hack faz parte desse processo.

Aproveitando a exemplificação desenvolvida com o sistema bancário,


eu lembrei de um caso prático que eu tive, porém, eu estava do outro
lado, na esfera de consultoria para um município. Conversando com o
prefeito, este falava que estava sem dinheiro para pagar as contas,
sem recursos para o pagamento de servidores etc.

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Nesse dia, estavam presentes eu e outro responsável pela parte de
tributos. Eu me virei para o prefeito e disse: “Como o senhor está sem
recursos, se recentemente houve a conclusão do projeto de expansão
da rodovia? Cadê o ISS disso?”; o prefeito virou para o secretário e
disse: “E tem ISS?”. Imediatamente, o secretário disse: “Sim”, muito
recuado.

Isso acontece muito! Quantos e quantos municípios pequenos, em


sua equipe diretiva, está sendo aquela pessoa que dá mais votos para
o prefeito e, portanto, você tem a questão da educação. Só que isso
está mudando; por quê? Porque muitos prefeitos estão vendo com a
diminuição de receita dos municípios, que algumas receitas podem
aumentar a fiscalização.

Quer ver outro exemplo? Eu tive um cliente que ficou sem certidão
negativa por divergência de R$2,00 de ISS. Em 2016, o Simples
Nacional deu aquele valor menor do que R$10,00, que não gera guia,
portanto, ficou R$4,00 de contribuição patronal e R$2,00 de ISS. A
Receita Federal não cobrou, mas o sistema da prefeitura cruzou a
informação das notas fiscais emitidas, que são eletrônicas, com os
dados informados e deu divergência de R$2,00.

Sendo assim, eles esqueceram o ponto de corte. Quando falo desse


valor de R$2,00, é nítido que falo de um município com cerca de
300.000 ou 400.000 habitantes. Quantas e quantas empresas,
muitas vezes, que você tem um arcabouço em que a nota fiscal de
serviço é emitida no município, então ele tem sua base.

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Um simples cruzamento dessa informação pode gerar um passivo
tributário muito grande. Muitas vezes, parte das estratégias que
nós temos na parte tributária é acompanhar isso. Algumas
empresas sabem que aqueles municípios são pequenos e que não
vão ter fiscalização.

Eu já vi casos em que o servidor fez uma nota fiscal no computador


e imprimiu, portanto, ainda existem alguns municípios que ainda
estão nessa situação. Porém, a tendência é que isso aumente cada
vez mais. Com essa questão do ISS, e essa mudança com a Lei
Complementar 175, já é uma tendência das outras atividades irem
para esse mesmo molde nos municípios.

Os municípios sabendo dessa arrecadação, que é devido lá naquele


local, com um sistema que pode ter essa arrecadação. É claro que
têm muitas polêmicas, porque ele que fazer o sistema, porém, fica
mais barato para o próprio banco contribuinte fazer o sistema do
que extrair dos 5.000 municípios brasileiros e ir de um por um para
fazer o pagamento.

Sendo assim, retorna-se aquilo que estávamos conversando no


início do livro, ou seja, a tecnologia ajudando tanto o empresário,
reduzindo o seu custo para fazer o pagamento do tributo, quanto
os municípios na arrecadação, bastando ter um controle
administrativo.

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Principalmente em obras de estrutura, como rodovias, por exemplo,
obras em que o ISS é devido em diversas localidades, como
construção de fibra ótica, por exemplo, muitas vezes, o município
nem fica sabendo. Em alguns casos, a sede da empresa contratante
é no Rio de Janeiro, a empresa contratada é em São Paulo, mas a
obra é em um lugar remoto, e aí, os municípios nem ficam sabendo
que houve essa relação, muitas vezes. Então, o município de origem
declara que houve retenção, mas a retenção não foi nunca recolhida.
Isso aí, muitas vezes a empresa toma decisões em cima de risco.

Quanto vai custar? Na obra de milhões, se eu economizo 5% ou 3%


de milhões, é um valor significativo, e ela coloca isso, muitas vezes,
em risco. Isso é natural para quem está em um ambiente de negócio,
participar de decisões ou discussões nesse cenário.

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CAPÍTULO 7

OS MODELOS DE NEGÓCIO
Que legal você falar sobre os modelos de negócio, porque até foi uma
provocação que eu pretendia trazer e estava guardando para esse
momento, mas vou emendar a sua fala. Quando você fala de
modelagem de negócios, eu sempre percebo, pelo que as pessoas
comentam, que elas não entendem que é a experiência que gera a
segurança para se fazer.

“Ah, professor, mas isso gera risco, isso gera auto de infração, isso
pode me dar problema como profissional”. Gente, tudo na vida, se
medido – e isto é compliance – você consegue. Eu dei um exemplo.
Você precisa incluir o custo da discussão dentro da compra.

Eu vou contar aqui o contrário também. Eu estou localizado em Belo


Horizonte, para quem ainda não me conheço. Aqui em Belo Horizonte
nós temos uma situação em que temos dois municípios (Contagem e
Betim) e, em Betim tem um grande contratante de serviços que é a
fabricante FIAT. Esta fabricante, retém de praticamente 100% dos
seus prestadores de serviço, estando dentro dos municípios ou não,
independente do serviço, muitas vezes, ela simplesmente retém.
Então, quantos fornecedores de serviço da FIAT já não incluem dupla
tributação em seus custos? Eles sabem que terão a retenção pela FIAT
na cidade de Betim e sabe também que vai ter que recolher na cidade
de Contagem, se ele é sediado lá, porque contagem vai perdoar
aquele serviço que não é sujeito à retenção e que sofreu retenção por
uma decisão do tomador.

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Nesse contexto, a empresa fica com duas discussões: ou ela entra na
justiça para não ter a retenção e gera uma animosidade com o seu
cliente ou ela paga duas vezes, resolve a vida dela e segue a vida
pagando o imposto maior. Sendo assim, a maioria das empresas
opta pela segunda opção e vai embora, isto é, custa mais caro, mas
ela não vai ter problemas, nenhum tipo de situação comercial que
envolve essa relação.

Nesse caso, a empresa já reconhece isso como custo e fica por isso
mesmo, é uma informação que a maioria das pessoas sabe que
acontece na prática. Entram aspectos comerciais, econômicos,
fiscais, mas enfim, nesse caso o contratante dominante acaba
estabelecendo o seu critério.

Aproveitando o ensejo, é necessário dizer que eu já vi casos em que


o caso Poder Público, o órgão que existe para tributar serviços como
ICMS, mas o próprio órgão, do próprio estado, exige nota fiscal do
serviço, tributando ISS. Como resolve-se essa situação? Você terá de
chegar e dizer: “Eu não vou trabalhar?”. E aí, você tem, justamente,
algumas situações em que você vai perder o contrato, são coisas que
acabam tendo trabalho insuficiente. São situações que existem no
nosso dia a dia.

Há uma coisa que eu sempre vou falar, e é muito importante. A quem


cabe a decisão? É do ônus e do bônus. O meu cliente vai ser
orientado sobre isso, agora, se ele vai decidir pelo maior ou menor
risco, o caminho que ele vai tomar, é responsabilidade dele, porque é

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ele que vai ter o ônus e o bônus de qualquer decisão que ele tomar e
é ele que tem responsabilidade sobre a gestão de riscos do negócio
dele, é ele que sabe o tamanho da dor de cabeça que ele quer sentir
futuramente.

Eu me coloco sempre de um ponto de vista simples: eu vou orientar.


Agora, a decisão, eu respeito de quem é o responsável por ela. O
cliente fala: “Não, eu quero seguir esse caminho”, ele vai seguir
consciente ou “Eu quero seguir o outro caminho”, e ele vai seguir
também consciente.

Isso é bem interessante, porque quando eu estou com um cliente eu


nunca digo: “Faça isso” ou “Faça aquilo”, eu sempre digo: “Se for
assim, o risco é esse. Se for da outra forma é aquele, mas é você
quem decide”. No nosso dia a dia, a gente sabe quais são os clientes
que são mais conservadores e quais são aqueles clientes que já são
mais arrojados.

Há alguns dias, eu conversava com um empresário em uma


determinada situação; só que na empresa entraram outros sócios
que são ainda mais conservadores do que ele era. Eu dizia a ele: “Se
fosse só você na empresa, eu iria sugerir isso e isso, porém, agora
que você tem outros três sócios, então, você tem uma terceira
opção”.

A gente precisa conhecer e dar a opção, a informação, mas se ele


decidir errado, basta nós nos resguardarmos da situação.

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Resguardarmo-nos do quê? De proteção para nós mesmos. Eu tive
um caso, de um determinado contador, em que o próprio cliente fez
algo indevido, ele pediu as informações do cliente, este foi excluído
do Simples Nacional, e o próprio cliente entrou com ação judicial
contra o contador, e entrou com representação no Conselho de
Contabilidade.

Eu estava ajudando o contador a fazer uma defesa administrativa


perante o Conselho, e sabe o que resguardou e o liberou de uma
punição diante do Conselho? Foi, justamente, documentos
comprobatórios de que não foi ele quem fez isso; o próprio cliente
entrou com ação dizendo que foi imprudência dele, e na verdade
não foi isso. Será, portanto, que eu me resguardo ou fico somente
reclamando e pensando que a empresa é de outra pessoa, é do
empresário e não sua? Basta ter esse resguardo.

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CAPÍTULO 8

DICAS INFALÍVEIS PARA O CENÁRIO TRIBUTÁRIO DE


2021
Qual é o sentido de fazer o planejamento tributário, se eu não
estruturar o processo do planejamento tributário? O empresário
tem uma dor, por mais difícil que seja o mercado: ele não quer pagar
impostos e quer fugir do “leão”, isto é, ele quer pagar o menos de
imposto possível e deixar o leão manso e, para isso, o conhecimento
é muito necessário. Nessa jornada, vai-se chegando aos 10 mil
alunos ensinados, alunos de pós-graduação, com conhecimento
diferenciado, voltado à prática.

Por fim, qual é a sua dica infalível para esse cenário de 2021, de
hoje? Qual seria a mensagem que você diria, essa aqui é certeira?
Pessoal, eu quero dar uma dica, e provavelmente eu falei
pouquíssimas vezes e com poucas pessoas sobre esse aspecto que
eu vou falar agora, mas eu senti de falar aqui, porque eu acho que é
importante. A maioria de nós, busca o conhecimento do passado,
mas o que vai te levar para frente é o conhecimento do futuro. A
necessidade de habilidades e conhecimentos que você vai ter que
usar daqui há cinco anos não é a de hoje, mas a que você vai ter
capacidade de gerar daqui há cinco anos.

Se você aprender exclusivamente o que acontece hoje ou o que


aconteceu no passado, você vai parar e o mundo vai à frente de você.
Eu fiz isso há uns doze anos atrás, quando ninguém estudava algo
chamado SPED; quando algumas pessoas precisaram aprender

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sobre SPED, eu tinha um pouco de informação colhida ao longo do
tempo para passar a elas.

Qual é o conhecimento que fará diferença para você? O que terá


necessidade no mundo futuro e não no passado, portanto, não perca
oportunidades de mais do que conhecer o que passou, aprender o que
virá, seja no campo tributário ou no campo da vida, as profissões
mudam e o futuro é que vai definir o modelo que vai ficar no mercado
e não o passado.

Sendo assim, a minha dica para você é: conheça e gere conhecimento,


aprenda e gere aprendizado e isso, com certeza, vai fazer muita
diferença na sua vida.

Durante a escrita deste livro, lembrei-me de um exemplo de fevereiro


de 2020, em um evento cuja discussão centrava-se na educação do
futuro; estávamos discutindo sobre as expectativas direcionadas à
2030, ainda antes da intensificação do cenário pandêmico nacional. E
quantas e quantas situações você no seu dia a dia, contador,
administrador, advogado, estava preso no comodismo do passado? E
agora, com a pandemia, a tecnologia agilizou milhares e milhares de
processos de gestão contábil, conseguiram se desenvolver
fortemente.

Em quantas situações, algumas pessoas ainda se encontravam


mandando a documentação para a empresa contábil, que lançava
tudo e só aí você teria acesso às informações? Eu tenho colegas que

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nunca usaram o sistema de protocolo digital e, agora com a
pandemia, começaram a utilizar e viram que é a melhor coisa. O que
eu quero trazer para cada um? É a evolução. Se eu quero me adaptar
às mudanças, quem diria que nós estaríamos hoje em locais
diferentes e conversando?

Há alguns dias, eu tive um treinamento pela manhã, outro à tarde e


outro à noite, em lugares que antes eu demoraria ao menos dois dias
para chegar, devido ao tráfego aéreo. Quantas e quantas reuniões nós
tínhamos com clientes e demoravam horas e agora a gente consegue
fazer em uma hora porque não tem o deslocamento?

A era tributária acompanha a mudança da sociedade. A sociedade vai


mudando e vai evoluindo também, e nós temos que acompanhar.
Quando se iniciou o SPED, quantos começaram a dizer: “Eu vou deixar
de ser contador de lucro real”, e aí, veio a obrigação também para
lucro presumido: “Eu vou deixar de ser contador do lucro presumido”.
Isso foi seguido pelo Simples, a obrigação tributária do Simples e esse
tipo de pessoa ficaria só com o MEI? Daqui a pouco, tal pessoa teria
que deixar de ser contador.

Então, são quantas e quantas situações? Aquele que se adapta às


mudanças anda mais, e o que eu quero deixar bem claro aqui, que é
uma mensagem que eu gosto muito: não tenha medo do seu cliente,
tenha autoridade. Muitas vezes, a gente baixa a cabeça para o cliente
e aceitamos algumas situações. São coisas que existem no nosso dia
a dia, e que muitas vezes com a autoridade, a gente passa a ter mais
valorização.

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Eu vou encerrar com algo que aconteceu com dois empresários que
nos procuraram para poder fazer a formação de preços dos
produtos dele, afinal, eles gostariam de mudar o mix de produtos
dele, e sabe o que eles falaram? “Olhe, Rodrigo, como essa
pandemia, a gente quer uma consultoria mais específica, porque
antes a gente podia errar (com dinheiro para isso), e agora a gente
tem que errar menos, porque o dinheiro está mais apertado”.

Cuidado com as planilhas prontas, afinal, cada caso é um caso


específico, você tem que analisar o caso, se não depois ele volta
para te assombrar; principalmente problemas tributários. Na área
tributária, é necessário analisar caso a caso. A gente precisa tomar
uma colher de chá todos os dias, e isso é o conhecimento, as
habilidades e as atitudes.

A minha vai ser um pouco diferente, eu vou citar um grande amigo


nosso (que também é professor da BSSP), que elaborou a Teoria
dos 4 F’s: Foco, Força e Fé e Foda-se. É preciso “demitir”
empresários quando você entender que o apetite a risco dele está
fora do que você entende como correto; quem disse que o
compliance é algo aleatório? Você precisa medir dentro das suas
concepções isso muito bem, porque o compliance é científico, são
técnicas. Por muitas vezes, os contadores esquecem que são
empreendedores de suas próprias carreiras, de suas próprias vidas.
Qual é o apetite a risco que você tem? Risco medido, risco
mensurado, em regra, não é um problema absurdo, desde que
esteja dentro de suas possibilidades. Mas quando você sentir que
isso foi ultrapassado, ligue o “4° F” e siga sua vida.

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A gente precisa acordar todos os dias buscando a atualização do
nosso conhecimento, esse é o principal produto que precisa ser
vendido. Apesar disso, não é simples, não é fácil, a gente não acorda
todos os dias em nossos melhores dias; existem aqueles dias em que
sair da cama é difícil.

Dentro de um princípio em que você, muitas vezes, está cansado


mental e fisicamente, isso é humano, e isso faz parte da gente. Mas
você precisa descobrir qual é a sua missão, o seu legado, a história de
vida que lhe move, quais são os seus princípios e, em cima disso
plantar a sua boa sorte. BSSP significa justamente Boa Sorte
Sabedoria e Prosperidade, isto é, plante sua boa sorte para que com
sabedoria você colha a sua prosperidade.

Eu, dentro da minha vida coloquei isso na prática, o conhecimento


transformou a minha vida, e eu acredito que pode transformar a vida
de todos vocês.

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