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@DESMISTIFICAFII
INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA
COM FIIS, É POSSÍVEL?
1. Uma prévia
1.1 O motivo deste Ebook 3
1.2 Um novo conceito sobre reinvestimento 5
1.3 Uma prévia sobre este Ebook 6
1.4 O ciclo econômico 7
2.1 Introdução 8
2.2 Fundos de investimento imobiliário - Conceito 10
2.3 Fundos de investimento imobiliário e o 11
planejamento financeiro
2.4 Fundos de investimento imobiliário e a inflação 13
2.5 Ciclos do mercado imobiliário 14
2.6 Critérios para formação da carteira de fundos de 15
investimento imobiliário
2.7 Metodologia da pesquisa 17
ÍNDICE
4. Conclusão 28
5. Bibliográfia 32
DESMISTIFICANDOFII PÁGINA | 03
Em abril de 2020
EBOOK
E se não geram proteção integral, é possível
adotar alguma estratégia para se proteger?
Foram justamente essas perguntas e
inquietudes que me levaram a escrever o TCC
de conclusão de meu MBA com o seguinte
tema "O uso dos fundos imobiliários para a
independência financeira".
PÁGINA | 04 DESMISTIFICANDOFII
Minha experiência como investidor de FIIs há 10 anos e
como Analista há 5 anos levava a uma conclusão de que
os rendimentos de uma carteira de fundos de
investimentos imobiliários não seria capaz de crescer de
forma constante frente à inflação; no entanto, essa
conclusão carecia de um estudo em retrospectiva que
demonstrasse a situação e permitisse chegar a uma
conclusão técnica.
Assim que surgiu o tema do TCC que você lerá neste
momento. Foi feita uma pesquisa em retrospectiva do
período de dezembro de 2010 a dezembro de 2019,
formando uma carteira de FIIs escolhidas de forma
objetiva, para impedir que o conhecimento existente hoje
(no futuro) fosse utilizado.
A conclusão é da possibilidade do uso dos FIIs para uma
independência financeira; no entanto, foi necessário um
reinvestimento mínimo de 15% para manter o poder de
compra frente à inflação.
Para o reinvestimento, necessidade tão conhecida dos
investidores, criei um conceito totalmente novo, em que
não se reinveste um percentual da renda recebida
mensalmente, mas se cria um patamar de despesas, a qual
é corrigida anualmente pela inflação, reinvestindo o
excedente, seja ele maior ou menor que o percentual
inicialmente definido.
Observe nos três gráficos ao lado essa dinâmica. De cima
para baixo, o primeiro não tem nenhum reinvestimento, o
segundo tem uma despesa de 85% da receita inicial e o
terceiro uma despesa de 70% da receita inicial.
Observe a dinâmica das três linhas: i) azul dos
rendimentos; ii) laranja das despesas; e iii) cinza da sobras
ou reinvestimento. Mais adiante vamos trabalhar esses
gráficos detalhados.
CONCEITO
pela inflação, reinvestindo o excedente,
seja ele maior ou menor que o percentual
inicialmente definido.
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Uma boa estratégia é fundamental para que você dê o passo para a independência
financeira, por isso conhecer bem o instrumento é fundamental; e
Nessa estratégia é fundamental que parte da renda seja reinvestida, usando uma
estratégia de fixação do seu custo de vida, como explicado.
O Ciclo Econômico
O ciclo econômico do setor imobiliário é fundamental para o investimento em FIIs, ele
define a dinâmica que o valor dos aluguéis irão se comportar, por isso, não deixe de dar
uma importante atenção a esta parte do ebook.
E, antes de você chegar lá, saiba que a visão é que estamos em um momento do ciclo muito
propício para o investimento, depois de um período de depressão e
O atual ciclo do
com a recente baixa dos juros, o setor está muito
próximo de um novo ciclo de expansão,
favorecendo muito aos investidores.
setor imobiliário é
favorável para
Evidentemente que esta visão do ciclo poderá
passar por adaptações na medida que os
problemas econômicos oriundos da pandemia se
novos
investimentos
consolidem, no entanto, nem de perto temos o
excesso de oferta visto nos últimos anos.
Feita essa breve introdução sobre o que é este
ebook e o que você encontrará nele, desejo uma
ótima leitura.
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Introdução
O mesmo autor, mais adiante, ainda em uma reflexão sobre os efeitos inflacionários nos
investimentos, cita o seguinte:
O economista Benjamin Graham faleceu em 1976 e seus escritos ainda não contavam
com a evolução do investimento em imóveis por meio dos Real Estate Investment Trust
(REIT), criado em 1960 nos EUA, sendo a referência para a criação dos fundos de
investimentos imobiliários no Brasil, segundo nos ensina o Mestre Arthur Vieira de Moraes
(2016, p. 8), em sua dissertação de mestrado.
Sobre o assunto, Jason Sweig, em comentários ao livro do economista Benjamin Graham,
explica o seguinte:
Os FIIs geram segurança para o investidor frente ao administrador, uma vez que os bens e
direitos não se comunicam com o patrimônio da administradora, conforme previsto na Lei
8.668/93.
A legislação brasileira, no art. 12 da Lei 8.668/93, também veda que os administradores
abram créditos sob qualquer modalidade, prestem fiança, aval, aceitem ou coobriguem-se
sob qualquer forma, ou seja, impede que os administradores alavanquem o fundo e gerem
riscos de crédito.
Importante característica do instrumento financeiro é a obrigatoriedade de distribuir 95%
dos lucros auferidos no semestre, apurados segundo o regime de caixa, conforme dispõe
o parágrafo único do art. 10 da lei 8.668/93.
Outra importante característica surgiu com a Lei 11.196, de 21 de novembro 2005, a qual
alterou o art. 3º da Lei 11.033, de 21 de dezembro de 2004, e passou a prever que os
rendimentos dos fundos imobiliários são isentos de imposto de renda para a pessoa
física, tanto na fonte, como na declaração de ajuste, desde que o fundo tenha pelo menos
50 cotistas, seja negociado em bolsa e o beneficiado da isenção não tenha 10% ou mais
do fundo.
A regra de isenção faz com que muitos fundos busquem serem listados em bolsa de
valores, gerando mais liquidez para o investidor.
Assim, temos um veículo capaz de proporcionar o investimento em imóveis de forma mais
eficiente, visto que possibilita uma maior diversificação entre os vários existentes, com
um valor reduzido, além de mais líquido, em razão do formato de negociação em bolsa de
valores.
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Como os FIIs possuem a obrigatoriedade de distribuir 95% de seu lucro aos cotistas, a
possibilidade de crescimento dessa renda ao longo dos anos fica reduzida, especialmente
porque as reservas costumam ser usadas para a própria manutenção dos ativos e não
para novos investimentos. Assim, o crescimento da renda surge, em geral, da valorização
dos aluguéis ao longo do tempo, especialmente com base no reajuste inflacionário.
Ocorre que Orru (2015) concluiu em sua dissertação de mestrado que “os FIIs apresentam
características de hedge contra a volatilidade dos mercados e contra o risco de tempo,
mas não contra variáveis econômicas, como a inflação e o câmbio [...]”.
Depois, o respeitado Professor João da Rocha Lima Jr, em entrevista ao Marcos Baroni, no
canal da Suno Research no YouTube é categórico ao afirmar que é “infantil” acreditarmos
que o preço de um imóvel é consequência do seu custo, não podendo afirmar que um
imóvel lhe protege da inflação de forma absoluta (tempo 54:45).
Assim, não há uma unanimidade de que a renda dos FIIs, ou dos imóveis, cresce com base
na inflação de forma perene e eterna; no entanto, as despesas do investidor, o seu custo
de vida, este aumenta, no mínimo com base na inflação.
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O mercado imobiliário, como diversos outros setores da economia, é cíclico, passando por
quatro fases, um período de crescimento (boom), outro de desaceleração, outro de
recessão e a recuperação, começando na sequência outro crescimento.
A teoria do ciclo imobiliário está ligada à interpretação da variação nos preços dos
imóveis de forma cíclica e em determinados períodos, marcada, em geral, pela demanda
por ativos e pelo tempo de construção. Na medida que a demanda por imóveis aquece,
ocorre um boom especulativo do valor pela falta de ativos, visto que estamos saindo de
um ciclo e que a última fase foi apenas a recuperação, sem novas construções. Durante
esta fase, há uma melhora dos valores dos aluguéis, conforme anota Gabriel Côrtes
Magalhães Gondim (2013) “Os preços do aluguel e das terras começam a subir de forma
acentuada.”
Com a melhora do preço dos imóveis e dos aluguéis, há um aumento das construções,
gerando um aumento da oferta. Na medida que a oferta aumenta os preços começa a
desacelerar, e, na medida que os preços desaceleram, a demanda também reduz, na
expectativa de uma maior redução, no entanto, a oferta em construção não pode mais ser
freada de uma hora para a outra e o mercado segue ofertando. O mercado com muitas
ofertas gera uma recessão nos preços e, consequentemente, dos aluguéis também. Na
medida em que as construções encerram, inicia-se um novo período de equilíbrio, uma
recuperação do setor, preparando-se para um novo crescimento, um novo boom.
A compreensão dos ciclos do mercado imobiliário para o nosso estudo é de fundamental
importância para uma interpretação crítica dos resultados, seja para entendermos o
momento inicial da pesquisa, seja para compreendermos a diferença de resultados
quando se realiza reinvestimentos dos rendimentos.
Segundo Gabriel Côrtes Magalhães Gondim (2013), diversos estudos apontam que a
duração dos ciclos imobiliários dura de sete a oito anos. O autor ainda propõe, na
conclusão de sua dissertação de mestrado, apresentada em agosto de 2013, o seguinte:
Uma carteira de fundos de investimento imobiliário pode ser formada com diversos critérios e
estratégias, seja pela quantidade de fundos, quantidade de imóveis, de inquilinos etc.
Metodologia da pesquisa
Amostra
Ferramenta utilizada
Assim, o IPCA demonstra que consegue abranger o aumento do custo de vida de um número
maior de investidores, por isso foi o escolhido.
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Para o estudo que não prevê reinvestimento de rendimento, os valores que os fundos
eventualmente venham a amortizar serão usados para comprar cotas do mesmo fundo
na sequência da amortização.
Nesse critério não será considerado que o investidor gaste todos os meses a integralidade
dos rendimentos, caso esses valorizem acima da inflação. É necessário considerar que se
o investidor usasse uma aposentadoria tradicional, seja do Governo, seja de previdência
privada, a sua receita teria a tendência de apenas ser corrigida pelos índices inflacionários
oficiais, não havendo motivo para este aumentar voluntariamente o seu custo de vida, só
porque a sua renda aumentou e não sabe se não é temporária.
Assim, apenas no “ano 1”, ou seja, em 2011, será considerado que o custo de vida equivale
a integralidade dos rendimentos, após, caso em algum momento os rendimentos sejam
superiores ao custo de vida corrigido, esses serão reservados e simulados como
aplicados em um investimento de 100% do CDI, acumulando-se ou usando-se, conforme a
necessidade.
Para os dois estudos que preveem a reaplicação de parte dos rendimentos será usado um
critério que viabilize o estudo e o torne o mais próximo possível da realidade de um
investidor na prática, sem prejudicar o resultado. Será realizado um reinvestimento por
ano, sempre no dia 02/01, ao invés de reinvestimentos mensais.
Ao final do primeiro ano, o ano de 2011, será verificado o rendimento total pago pela
carteira e sobre esse valor será aplicado o percentual do estudo específico, 15% ou 30%
para reinvestimento e o restante, ou seja, 85% ou 70%, será usado como o custo de vida
para a independência financeira. Os novos reinvestimentos não serão um percentual do
total dos rendimentos pagos no ano, mas a diferença entre esses e o valor considerado
como custo de vida no ano 1 corrigido pelo IPCA.
Exemplificando. Digamos que no ano de 2011 a carteira tenha proporcionado um
rendimento total de R$ 100.000,00. Neste caso, 70% será o custo de vida do investidor e o
remanescente, R$ 30.000,00 serão reinvestidos. Digamos que no ano de 2012 a inflação
foi de 5% e o rendimento da carteira tenha sido de R$ 90.000,00. Neste caso, o valor a ser
reinvestido é a difereça entre esse valor e o custo de vida (R$ 70.000,00), acrescido da
inflação, ou seja, R$ 73.500,00. Assim, o reinvestimento ao final de 2012 será de 90.000,00
– 73.500,00 = 16.500,00, e não 30% dos R$ 90.000,00.
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Por fim, foi desconsiderado custos de transação, como corretagem, pois, apesar de no
passado esses custos existirem, atualmente não existem. Não considerar os custos
facilita o estudo que possui uma certa complexidade e não gera perda de dados.
Com esse modelo busca-se encontrar uma condição mais real que o investidor passaria,
sem correr o risco de este aumentar o seu custo de vida no ano que os rendimentos forem
melhor e reduzir o custo de vida nos anos que o rendimento for pior.
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Apresentação dos
resultados
Frequência dos rendimentos
O primeiro ponto a ser analisado nos estudos é a existência ou não da recorrência mensal
dos rendimentos. No gráfico abaixo podemos observar a recorrência mensal dos
rendimentos.
O gráfico foi feito com o modelo de estudo sem reinvestimento, pois ele representaria
melhor o movimento mensal dos rendimentos.
Pelo gráfico acima podemos observar dois dados importantes. O primeiro é que os
rendimentos foram mantidos durante todos os meses, sem nenhuma interrupção ou queda
muito abrupta em um determinado mês. O segundo dado é que no período de maior
redução dos rendimentos, de janeiro de 2017 até dezembro de 2018, a queda desses foi
fortemente ocasionada por um único fundo de investimento imobiliários – BRCR11.
No primeiro mês do estudo o fundo representava 13% do rendimento, apesar de ser 20% da
carteira, mas em julho de 2011 já alcançou o patamar de 19% do total de rendimentos,
mantendo-se nesses níveis até maio de 2017, quando reduziu o patamar para 13%, voltando
a ficar acima de 15% de forma recorrente apenas em agosto de 2019.
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Nesse estudo já foi possível verificar que os fundos de investimento imobiliário são
possíveis de serem usados para uma independência financeira, protegendo não só a renda
mensal, mas também o patrimônio do investidor. O gráfico a seguir mostra a evolução dos
rendimentos da carteira de FIIs, a evolução das despesas pessoais corrigidas pela inflação
e a evolução do reinvestimento anual.
A linha de reinvestimento não considera os valores recebidos a título de amortização, que
foi de R$ 4.546,33 no ano de 2015 e de R$ 24.519,04 no ano de 2016. Os valores também
não foram considerados na linha de rendimentos.
Conforme é possível verificar na imagem, mesmo com uma baixa taxa de reinvestimento
inicial, 15%, em nenhum ano o custo de vida extrapolou os rendimentos recebidos dos
fundos imobiliários, permitindo que em todos os anos, com exceção de 2017, fossem
feitos reinvestimentos. O ano de 2017 foi o único em que a forte redução dos rendimentos
dos fundos imobiliários e o aumento das despesas levaram aos dos indicadores
praticamente igualarem, sobrando um valor de apenas R$ 62,71 para ser reinvestido.
Isso foi possível em razão do custo de vida fixado inicialmente, corrigindo-se pela inflação
e reinvestir a diferença dos rendimentos para este custo, ao invés de adotar um
mecanismo de se aplicar um percentual fixo sobre os rendimentos recebidos todos os
anos. Esse modelo fez com que no período de maior expansão do ciclo imobiliário, logo,
dos aluguéis, os reinvestimentos fossem maiores que 15%, permitindo uma maior
acumulação de patrimônio, conforme podemos ver no gráfico a seguir.
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Assim, o uso de 85% dos rendimentos de fundos imobiliários no primeiro ano para o
pagamento das despesas pessoais só se mostrou viável em razão do momento do ciclo
imobiliário que o país estava quando do início da carteira, caso contrário, possivelmente
não seria possível.
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Além disso, o estudo também demonstrou que a variação patrimonial do investidor ficou
mais próxima da inflação do que quando reinvestido apenas 15%. O período que o
patrimônio ficou menor foi em apenas três anos quando reinvestido 30%, enquanto que no
estudo anterior foi de cinco anos.
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Conclusão
A busca pela independência financeira, aquela em que o retorno dos investimentos é
capaz de pagar o custo de vida do indivíduo, é um dos fatores que leva milhares de
pessoas a se tornarem investidores e analisarem diversas alternativas financeiras, entre
elas, os fundos de investimento imobiliário, o qual observamos um vertiginoso
crescimento no número de pessoas físicas investindo.
O presente trabalho teve como objetivo verificar se os FIIs seriam uma opção para a
independência financeira, protegendo tanto o rendimento, quanto o patrimônio, dos efeitos
nefastos da inflação.
A pesquisa literária demonstrou que o investimento em imóveis é uma opção para quem
precisa gerar renda de forma regular; no entanto, para investir nessa classe de ativos de
forma direta há a necessidade de um montante considerável de dinheiro, dado o valor dos
imóveis, sendo acessível para poucos investidores. Quando pensamos na formação de
uma carteira diversifica, com vários imóveis, a necessidade de montantes financeiros se
tornam ainda maior. O reinvestimento de parte das receitas no mesmo tipo de ativos
também reduz, pois novamente são necessários montantes elevados de dinheiro para
este reinvestimento.
Assim, as pesquisas literárias demonstraram que os fundos de investimento imobiliário
são excelentes opções para a substituição do tradicional investimento em imóveis,
oportunizando a geração de uma renda constante, por meio de um investimento mais
simples, eficiente e que permite o reinvestimento de forma mais fácil, uma vez que não
depende de grandes valores para fazer. Esse tipo de investimento também possibilita a
formação de uma carteira diversificada, sem a necessidade de montantes financeiros tão
elevados.
Quando passamos para um estudo de caso que simula um investimento real desde
dezembro de 2010, observamos que realmente os investimentos dos fundos de
investimento imobiliário conseguiriam manter sua recorrência mensal nos últimos dez
anos, sem ter nenhuma grande redução de um mês para o outro, conforme destacado na
figura 1.
A variação paga nos fundos de investimento imobiliário investido, por sua vez, demonstra
que a diversificação da carteira em vários ativos é importante para evitar diminuir essas
reduções bruscas. Isso porquê um dos fundos imobiliários, responsável por 20% do
patrimônio inicialmente investido, observou uma forte redução dos rendimentos, na ordem
de quase 50%. Quanto maior fosse a participação do fundo na carteira, maior seria a
redução do rendimento total do investidor e quanto menor a participação, menor a
redução.
Assim, podemos chegar na conclusão de que quanto mais diversificada estiver a carteira,
menor a possibilidade de redução da rentabilidade global usada para a independência
financeira.
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No estudo feito tínhamos apenas nove fundos que atendiam o critério estabelecido, caso
o mesmo critério fosse adotado hoje, seria possível selecionar 35 fundos diferentes. Caso
fosse usado um critério de fundos com mais de R$ 1 bilhão de patrimônio, valor que
nenhum fundo tinha na época, seria possível selecionar 25 fundos. Isso demonstra que
hoje é mais viável o investidor montar uma carteira mais diversificada e não correr o risco
de que a redução de um dos fundos gere uma forte redução de toda a carteira.
Na sequência do estudo, é possível observar que o uso integral dos rendimentos gerados
pelos fundos de investimento imobiliário, sem reinvestir parte deles, não consegue manter
o poder de compra do investidor frente à inflação. Nesse mesmo modelo de investimento
foi possível verificar que o patrimônio do investidor também não conseguiu se manter
corrigido pela inflação na maior parte do período estudado, conforme observamos na
figura 3. Assim, podemos concluir que não é possível usar a integralidade dos
rendimentos gerados pelos fundos de investimento imobiliário para a independência
financeira, confirmando a ideia verificada na pesquisa bibliográfica de que os fundos
imobiliários, ou os imóveis, não são capazes de assegurar uma correção integral pela
inflação, tanto da receita, quanto do próprio patrimônio.
Essa, no entanto, não é a conclusão quando observarmos os dois estudos subsequentes,
com reinvestimentos.
Quando simulamos reinvestimentos na ordem de 15% e de 30%, em ambos os casos os
rendimentos produzidos pelas carteiras de fundos de investimento imobiliário mantêm o
poder de compra ao longo dos anos. O patrimônio também se mantém mais próximo
daquele que seria aquele corrigido pela inflação neste modelo, sendo que quando fazemos
o menor reinvestimento o patrimônio fica acima da inflação na metade do período e
abaixo na outra metade, mas quando o reinvestimento é maior, o valor do patrimônio fica
acima daquele que seria corrigido pela inflação em 70% do período, ficando abaixo apenas
em 30% do período. É justamente neste período em que o valor do patrimônio fica abaixo
daquele que seria o valor apenas corrigido pela inflação que o investidor possui as
melhores oportunidades de investimentos, com cotas por valores mais baixos.
O estudo realizado com base no modelo de reinvestimento e com a revisão bibliográfica
acerca dos ciclos econômicos do setor imobiliário demonstram que o momento em que o
primeiro investimento for feito pode ser determinante para o equilíbrio da renda.
O primeiro investimento foi feito em dezembro de 2010 e, segundo GONDIM (2013), este
foi praticamente o início de uma forte expansão no setor imobiliário brasileiro, a qual
durou até 2013. É esta expansão a responsável por, conforme observarmos nos gráficos
do estudo, fazer com que os rendimentos pagos pelos fundos de investimento imobiliário
cresçam acima do custo de vida nos primeiros anos, permitindo um maior fluxo de
reinvestimento.
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Caso o primeiro investimento tivesse sido feito no início do período de depressão do setor,
a redução dos rendimentos prejudicaria o reinvestimento, o que prejudicaria o crescimento
da renda nos anos seguintes e, eventualmente, o aumento desta frente à inflação.
Nesse caso, o período em que os rendimentos reduzem é o período em que o valor do
patrimônio, logo, o das cotas de mercado, reduzem, como podemos observar nas figuras 6
e 9. É justamente nesse período que o investidor consegue fazer melhores aportes e, caso
iniciasse o seu projeto de independência financeira no início dessa desvalorização,
deixaria de realizar os reinvestimentos justamente neste período.
O pouco tempo de evolução dos nossos fundos de investimento imobiliário impedem, no
momento, um estudo que considere o investimento sendo feito no período de depressão e
com a redução do aluguel até uma nova expansão do setor, mas é importante que no
futuro seja feito.
Como é difícil identificarmos exatamente em qual momento do ciclo imobiliário estamos,
o investidor precisaria utilizar alguma estratégia para mitigar esse risco imponderável
quando de sua decisão de independência financeira.
Pelos dados pesquisados, apenas em dois anos os rendimentos dos fundos de
investimento imobiliários tiveram redução e fez com que o investidor perdesse o seu
poder de reinvestimento, fortemente contribuído pela baixa diversificação. Assim, uma
estratégia possível seria o investidor manter em uma conta separada o montante
equivalente ao reinvestimento de dois anos e utilizasse sempre que o reinvestimento
possível ficasse abaixo de 13% do total de rendimentos, pois conforme verificarmos na
figura 8, este foi o nível mais baixo de reinvestimento frente ao rendimento total. Essa
conclusão, no entanto, demandaria mais estudos, com novas simulações e,
possivelmente, apenas no futuro, após passarmos por um novo momento de expansão do
setor imobiliário.
Pelos estudos é possível concluir que sim, os fundos de investimento imobiliário se
mostram uma opção financeira capaz de gerar renda constante para uma independência
financeira, mas para uma proteção inflacionária dessa renda o investidor precisará realizar
reinvestimentos constantes, fixando o seu custo de vida para ficar entre 70% e 85% da
renda total gerada pela sua carteira no primeiro ano, reinvestindo o excedente e mantendo,
no ano 1, um investimento paralelo que lhe permita fazer reinvestimentos durante o
período de dois anos, para o caso de ter iniciado o seu projeto de em um momento de
depressão do ciclo econômico do setor imobiliários. Ainda, pelo estudo, para reduzir o
risco imponderável do momento do ciclo econômico, o ideal é que o custo de vida seja
fixado de forma mais conservadora, ou seja, com base em 70% do rendimento total.
Exemplificando, se o investidor possui um custo de vida de R$ 120.000,00 anuais, o ideal é
que a sua carteira de FIIs gere um rendimento no primeiro ano de R$ 171.428,57. Nos anos
seguintes, o investidor terá que manter o seu custo de vida dentro dos R$ 120.000,00,
acrescido pela inflação e o excesso de rendimentos deverá ser reinvestido.
PÁGINA | 31 DESMISTIFICANDOFII
Bibliográfia
BACCI, André L. F. S. Introdução aos Fundos de Investimento Imobiliário. Brasília: Editora
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CERBASI, Gustavo. Dinheiro: os segredos de quem tem: como conquistar e manter sua
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ROCHA LIMA JR., João da. Fundos Imobiliários têm futuro no Brasil? Escola Politécnica,
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Departamento de Engenharia de Construção Civil. São Paulo, 2018. Recuperado de:
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________. Lei nº 11196/05, de 21 de novembro de 2005. Altera decretos lei revoga leis e
dispositivos das Leis nºs. 8.668, de 25 de junho de 1993 e dá outras providências.
Disponível em: http://planalto.gov.br. Acesso em: 29/03/2020
BARONI, Marcos & ROCHA LIMA JR., João da. Vamos entender melhor a precificação dos
fundos imobiliários e a dinâmica do mercado. 2018. (54min). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=_hXrYIjG1DY Acesso em 04/04/2020.
PÁGINA | 35 DESMISTIFICANDOFII
Disclaimer
Nenhum dos ativos aqui citados são recomendações de compra, apenas foram usados
para o estudo no caso.
Este Analista declara, nos termos da alínea “b” do inc. II do art. 21 da ICVM 598, que
possui cotas de HGRE11, o qual foi citado no estudo.
Os investimentos realizados pelo investidor para sua carteira estão sujeitos a diversos
riscos inerentes aos mercados e aos ativos integrantes da carteira, incluindo, sem
limitação, risco de mercado, risco de crédito, risco de liquidez, risco cambial, risco de
concentração, risco de perda do capital investido e de disponibilização de recursos
adicionais, entre outros.
Importante, ganhos passados não significam garantia de ganhos futuros e todo investidor
precisa estar ciente de que o mercado de renda variável ocasiona oscilações e pode gerar
prejuízos em seu patrimônio.