Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS NEOLATINAS


DOUTORADO
DISCIPLINA: TEMAS E PROBLEMAS DA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL
PROFESSORA: LETÍCIA REBOLLO COUTO
DISCENTE: LEANDRA MACHADO

Dubbing

A presente resenha visa abordar através da síntese, análise e problematização o artigo do


professor e tradutor espanhol, Frederic Chaume (2020), intitulado Dubbing. Inicialmente será
realizada uma breve síntese do conteúdo apresentado no artigo. Em seguida será abordada a forma
utilizada pelo autor para tratar dos temas presentes em seu texto a partir de três pontos centrais: o
conceito de dublagem, a sincronia e as restrições. Para finalizar, serão levantados alguns
questionamentos a respeito do artigo.

Síntese

Inicialmente, Frederic Chaume (2020) começa a tratar das definições e tipologias, partindo
do conceito mais básico, o de dublagem, que de acordo com ele é “a linguistic, cultural, technical
and creative team effort that consists of translating, adapting and lip-syncing the script of an
audiovisual text.” O autor também traz o conceito de revoicing como um sinônimo de dublagem,
contudo, um sinônimo mais abrangente, visto que abarca a pós-produção de determinado produto
audiovisual.
Após o processo de tradução é realizada a divisão em loops ou takes, para que dessa forma
cada dublador receba o seu texto para a gravação e também é a partir da divisão em loops que é
realizado o calculo de pagamento desse ator de voz.
Outro ponto relevante é o sincronismo. O autor explica que a tecnologia revolucionou a
forma como as vozes são gravadas. Elas são sincronizadas na mesma faixa de voz original de forma
que a sincronização seja perfeita.
De acordo com o autor, somente em 1928, dois engenheiros da Paramount conseguiram
desenvolver uma forma de gravar o diálogo sincronizando com os personagens do filme. Em
seguida, também trata a respeito das diversas restrições existentes dentro da tradução para
dublagem, como por exemplo a restrição sincrônica, sociocultural e inclusive profissional. Com
relação ao sincronismo, Chaume explica que ele
It consists of matching the target language translation with the articulatory
and body movements of the on-screen actors, as well as fitting the utterances
and pauses in the translation to those of the source dialogues.( p.111)

A sincronia faz parte do processo de tradução e pode afetar negativamente uma produção se
não for tratada com cuidado. Ele também apresenta os conceitos de sincronismo cinético, isocronia
e lip-sync ou sincronia labial.
O terceiro ponto são as restrições. Para o autor, elas representam obstáculos em uma
tradução, contudo, a ausência de restrição, que é o item cinco da lista de restrições explicitadas, não
parece ser algo que afetaria o processo tradutório, mas sim, seria um bônus, um crédito ao trabalho
do profissional de tradução, logo, uma restrição nula, não deveria ser considerada uma restrição e
sim uma liberdade.
O controle exercido pelas instituições que contratam o serviço desse profissional, que
segundo Lefevre é chamado de Patronagem, pode afetar a qualidade da tradução, visto que o
tradutor tem seu texto censurado e para não perder futuros trabalhos acabar por acatar ordens, que
muitas vezes são absurdas.

Análise

O autor iniciou seu texto realizando um apanhado histórico que é fundamental para
compreensão da dublagem não como algo atual, mas algo que já existe há muitos anos e vem se
desenvolvendo tecnologicamente tornando-se essa modalidade, que é tão comum em alguns países,
mais barata e rápida.
Segundo Chaume (2020), a tradução audiovisual surgiu com a inserção da linguagem escrita
na tela do cinema, que era chamada de legenda e que após um tempo, em alguns países, evoluiu
para a tradução oral da cena realizada por homens, o que acabou por motivar a criação da
dublagem, que inicialmente, consistia em produzir duplas versões dos filmes. A partir dessas
traduções para as versões multilingues começaram as surgir também as restrições, que é o segundo
ponto abordado pelo autor. Contudo, seu texto não traz apenas teoria, ele também apresenta as
implicações da dublagem e da tradução, ou seja, deixa claro que esses dois elementos são estudados
por outras áreas como a educação, a aquisição de linguagem, o ativismo, ou seja, a presença dos fãs
tradutores e legendadores, que ocorre principalmente devido ao auxílio da tecnologia com o
objetivo de levar as produções para lugares onde elas não teriam acesso de forma convencional,
como através de streamings ou da televisão aberta.
É importante ressaltar que Chaume finaliza seu texto de forma nada convencional, fugindo
de uma conclusão revisionista, apresentando suas ideias sobre o futuro tanto da tradução como da
dublagem como dependente do avanço tecnológico e não se atem apenas a realidade de seu país,
mas fala de forma global, inclusive, ao final ressalta um pouco da realidade da tradução audiovisual
na América Latina. Para ele, a tradução para dublagem e legendagem é um campo de estudo que
está se estabelecendo tornando culturas mais acessíveis para todo o mundo.

Problematização

Ao finalizar a leitura do capítulo, o primeiro questionamento que surge é: como as restrições


de que Chaume fala se enquadram nas restrições presentes na realidade da tradução para dublagem
brasileira? E quanto a tecnologia que já é utilizada em países da Europa para adequar a
sincronização de fala, como essa tecnologia seria capaz de substituir o trabalho do tradutor para
dublagem?
Com relação as restrições citadas pelo autor, como a patronagem afeta o fazer tradutório?
Para Chaume a área de estudos em tradução se encontra consolidada, contudo autores como
Pagano e Vasconcellos (2003) discordam de tal ideia. Então de que forma a área de estudos da
tradução pode efetivamente ser consolidada?

Referência:

CHAUME, Frederic. Dubbing. In: BOGUCKI, Lukasz ; DECKERT, Mikolaj (eds.). The Palgrave
Handbook of Audiovisual Translation and Media Accessibility. Poland: Palgrave Macmillan, 2020,
p. 103-132

Disponível em: Os Estudos da Tradução no Brasil nos séculos XX e XXI (ufsc.br) .

Você também pode gostar