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Juízes vão ao STF para garantir penduricalho

de R$ 1 bilhão após privilégio ser barrado


pelo TCU
amodireito.com.br|junho 23, 2023
NOTÍCIAS

Via @estadao | Juízes federais acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a
decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que barrou o pagamento de quase R$ 1
bilhão em penduricalhos aos magistrados.

O mandado de segurança (MS) foi protocolado nessa quarta-feira, 21, pela Associação
dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). O processo foi distribuído para a relatoria do
ministro do STF Dias Toffoli, que determinou a manifestação da Procuradoria-Geral da
República (PGR) sobre o caso.

O pagamento retroativo do chamado Adicional por Tempo de Serviço (ATS) foi


suspenso em abril deste ano por decisão do ministro do TCU Jorge Oliveira, conforme
revelou o Estadão. O penduricalho permitiria que magistrados que ingressaram na
carreira na década de 90 embolsassem até R$ 2 milhões.

O retroativo havia sido autorizado pelo Conselho da Justiça Federal (CJF). A regalia foi
extinta em 2006. O pagamento foi, inicialmente, referendado pelo corregedor nacional
de Justiça (CNJ), Luis Felipe Salomão. O magistrado, no entanto, voltou atrás e cancelou,
por caráter temporário, o penduricalho.

“Fábrica de penduricalhos”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se queixou a diversos ministros sobre a
primeira decisão de Salomão que manteve o pagamento do penduricalho.
Lula chegou a pedir pessoalmente ao ministro do STF Alexandre de Moraes e ao
presidente do TCU, Bruno Dantas, para tratar o caso com urgência, segundo apurou o
Estadão. Moraes é próximo a Salomão e, inclusive, defende o seu nome para a próxima
vaga de ministro da Suprema Corte.

Por sua vez, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse a interlocutores que
“não há esforço fiscal que aguente essa fábrica de penduricalhos do Judiciário”.

"Não há esforço fiscal que aguente essa fábrica de penduricalhos do Judiciário" -


Ministro Fernando Haddad, segundo interlocutores

Crise institucional
A Ajufe não poupou adjetivos no mandado de segurança. A associação afirmou que a
decisão do TCU foi “completamente descabida” e “invasiva”, e acusou o tribunal de
“violar a independência do Poder Judiciário”.

Os juízes apontam também que a decisão gerou uma “grave crise institucional”
instalada entre o TCU e a cúpula de controle administrativo e financeiro do Judiciário.
“Admitir que o TCU suspenda as decisões da cúpula de controle administrativo e
financeiro do Poder Judiciário representa a abertura de um flanco a pressões sobre os
membros da magistratura”, assinalou.

A argumentação foi tratada como piada na Corte de contas. “O TCU fiscaliza o


Presidente da República, a Câmara, o Senado, a PGR e o STF. Mas na cabeça dos gênios,
não fiscaliza o CNJ”, ironizou um ministro.

Trecho do mandado de segurança da Ajufe aponta para "crise institucional" entre o TCU
e o CNJ devido a suspensão do pagamento de penduricalho aos juízes federais Foto:
Reprodução

A Ajufe argumenta que o tribunal de contas não tem competência para exercer controle
sobre os atos do Conselho da Justiça Federal.

“Observa-se que o que se busca com a presente impetração é ver anulado o acórdão
proferido pelo TCU, em que a Corte de Contas, incorrendo em ilegalidade e abuso de
poder, suspendeu os efeitos de decisão proferida pelo CJF, que havia reconhecido o
restabelecimento do ATS aos magistrados federais que já haviam incorporado referida
parcela ao seu patrimônio jurídico. Ao assim proceder, o TCU extrapolou seus limites de
atuação, invadindo competência constitucional exclusiva do CNJ e violando o direito
líquido e certo dos magistrados federais de integrar uma Justiça Federal independente”,
explicou a Ajufe.
O TCU determinou a suspensão do benefício após auditores da Corte apontarem riscos
“irreversíveis” aos cofres públicos no pagamento do penduricalho e recomendarem a
suspensão imediata.

Fonte: estadao.com.br

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