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EM 853 – Engenharia Econômica

Análise da Viabilidade de Investimentos, considerando


Financiamento (Análise econômico-financeira)

Arnaldo Walter
DE/FEM
awalter@fem.unicamp.br

EM 360
Financiamento (convencional) e
Alavancagem de Empreendimentos
Bibliografia
• Woodruff, EA, Turner, WC. 1998. Financial Arrangements
for Energy Management Projects. Energy Engineering, 95(3):
23-71).
• Carey, OL, Essayyad, MMH. 1996. The Essentials of
Financial Management. Piscataway: Research & Education
Association.
• Thumann, A, Woodroof, E. 2005. Handbook of Financing
Energy Projects. The Fairmont Press & CRC.
• Brasil, HG. 2004. Avaliação Moderna de Investimentos.
Qualitymark Editora Ltda.: Rio de Janeiro.
• Instituto de Estudos Financeiros. Finanças Corporativas.
Disponível em (http://www.ief.com.br/index.htm)
Objetivos

• Apresentação das alternativas tradicionais de


financiamento e análise dos impactos sobre a
viabilidade de investimentos (viabilidade econômico-
financeira).
• Em um segundo momento será apresentado o conceito
de Project Finance, que também é uma alternativa de
financiamento, mas que não é aplicável para
investimentos de pequena monta.

4
Financiamento (alavancagem) – 1
• Alavancagem é o termo empregado para o procedimento de financiamento
dos custos fixos visando a melhor remuneração do capital próprio (Carey e
Essayyad, 1996).
• Empreendimentos energéticos, mesmo que economicamente viáveis (“cost
effective”), muitas vezes não são viabilizados por falta de capacidade de
investimento com capital próprio. Alternativas de financiamento podem
não apenas viabilizar o empreendimento, mas também torná-lo mais
atrativo do ponto de vista financeiro (i.e., melhorar a viabilidade).
• Para as instituições financeiras, empreendimentos em energia têm
particularidades que muitas vezes impedem a viabilização do
financiamento, por dificuldades de entendimento da natureza do
empreendimento e dos riscos envolvidos.
• Por outro lado, para o investidor muitas vezes a terminologia financeira, os
detalhes contratuais, a burocracia e as garantias exigidas, são assustadoras.
Financiamento – 2
• As opções clássicas de financiamento são:
• 1) a compra com recursos próprios, ou o auto-financiamento.
• 2) a obtenção de um empréstimo para viabilizar o investimento;
• 3) a obtenção de recursos para viabilizar o investimento via emissão
de títulos;
• 4) a venda de ações para a capitalização da empresa empreendedora;
• 5) o aluguel dos equipamentos necessários;
• 6) o “leasing” dos equipamentos necessários;
• 7) a terceirização (i.e., sub contratação) do serviço;

• Os financiamentos normalmente são classificados em duas categorias:


Financiamento – 3
• Financiamento via débito (“debt financing”), que é a opção
de tomar o dinheiro necessário emprestado (e.g., empréstimos,
títulos, leasing de capital).

• Financiamento com recursos próprios (“equity financing”),


que é a opção de financiar com recursos da própria empresa ou
dos acionistas.

• Em qualquer um dos casos, quem toma emprestado paga juros.


A taxa de juros é o custo do capital, que essencialmente
depende de três fatores: o risco do projeto, riscos externos
(e.g., volatilidade de preços e tarifas, condições econômicas e
de mercado) e do perfil de quem toma emprestado.
Aquisição com recursos próprios
(“retained earnings”) – 1
• Embora não haja a necessidade de se pagar o custo do capital
(juros do empréstimo), a utilização do capital próprio tem um
custo de oportunidade. A taxa de desconto a ser usada nesse
caso pode ser a taxa mínima de atratividade do empreendedor.
Nesse caso, a viabilidade pode ser analisada pela avaliação do
VPL a uma taxa de desconto que é igual à taxa mínima de
atratividade do empreendedor.
Aquisição com recursos próprios
(“retained earnings”) – 2
• Exemplo
• Como referência de comparação, considere o caso da compra com recursos
próprios de um sistema de refrigeração que custa $ 2,5 milhões e após 5 anos
deve ser desativado e pode ser vendido por $ 1,2 milhão. A economia em
energia devido ao novo equipamento é estimada em $ 1 milhão, sendo os
custos anuais de O&M avaliados em $ 50.000. A taxa mínima de
atratividade considerada pela empresa é 18% a.a. A depreciação que deve
ser aplicada, em 8 anos, é apresentada na tabela a seguir. A taxa incremental
de imposto de renda é 34%.
• Resolução
• O caso de referência é o de aquisição com recursos próprios do equipamento
de refrigeração. A legislação permite a aplicação de um critério de
depreciação cujos percentuais anuais são apresentados na tabela a seguir. É
um procedimento que permite alguma aceleração da depreciação e, portanto,
traz vantagens para o empreendedor.
Aquisição com recursos próprios
(“retained earnings”) – 3
• Percentuais anuais de depreciação do equipamento de
refrigeração:
Aquisição com recursos próprios
(“retained earnings”) – 4
• A tabela a seguir corresponde à solução do fluxo de caixa do
investimento em questão.
• Análise econômica – uso de recursos próprios [$]

669.375

• Portanto, para as condições de análise, o investimento por


recursos próprios é viável. A seguir, analisar-se-á a viabilidade
de várias alternativas de financiamento.
Aquisição após captação de recursos via
empréstimos (valor total ou parcial) – 1
• Dois aspectos precisam ser definidos à priori: a taxa de juros,
que é fixada pelo emprestador em função de sua percepção de
risco, e o esquema de pagamento (pagamentos iguais,
pagamento regular de juros deixando o reembolso do principal
para o fim do período, existência de carência ou não, etc.).
• Nesse caso, a análise de viabilidade requer a consideração do
pagamento dos juros como uma despesa, que pode ser
anualmente deduzida para efeito do cálculo da receita líquida.
Ainda do ponto de vista fiscal, como a empresa adquire o
equipamento e o inclui em seu patrimônio, sua depreciação
pode ser considerada para efeito do cálculo da receita
tributável. O VPL pode ser utilizado como critério de
avaliação.
Aquisição após captação de recursos
via empréstimos – 2
• Resolução
• Inicialmente, considera-se a possibilidade de que o investimento seja feito
mediante um empréstimo do valor total do equipamento (“no down-
payment”). A taxa de juros do empréstimo é de 15% a.a., que será pago em
cinco parcelas iguais, sem carência. A tabela abaixo ilustra a análise de
viabilidade da opção.
• Análise econômico-financeira do investimento – empréstimo de 100% [$]
Aquisição após captação de recursos
via empréstimos – 3
• A segunda alternativa analisada é de que o empréstimo seja de 80%
do valor do equipamento (“20% down-payment”). Como o
empréstimo é menor, o risco para o emprestador é menor, e a taxa
de juros cai para 14% a.a.
• Análise econômico-financeira do investimento – empréstimo de
80% [$]
Aquisição após captação de recursos
via empréstimos – 4
• Como o equipamento é da empresa, a depreciação do valor
total do equipamento pode ser considerada no cálculo da renda
tributável. Apenas a parcela de juros, que é um custo, pode ser
considerada no cálculo da receita tributável; a parcela referente
ao principal não pode ser descontada, pois o equipamento é da
empresa e a depreciação já está sendo considerada.
• O desconto da parcela de juros no cálculo da receita tributável,
e a consequente redução do imposto recolhido, implica
significativa melhora do VPL do fluxo de caixa do
empreendimento, melhorando a viabilidade econômico-
financeira.
Aquisição após captação de recursos
via bônus (títulos) – 1
• Tecnicamente é uma forma de empréstimo. Uma empresa de certo porte, ou
os Governos, podem emitir títulos para captar recursos no mercado
financeiro. A cada período paga-se uma remuneração pré fixada sobre o
valor de face, sendo que o valor de face (valor do empréstimo) deve ser
pago de volta ao investidor ao fim do período de validade (resgate). O valor
do ativo pode ser depreciado, sendo que o valor pago em função da
remuneração pré fixada também é dedutível do ponto de vista fiscal.
• Resolução
• Considera-se que a empresa vende títulos para obter exatamente os $ 2,5
milhões necessários à compra do equipamento sob consideração. O
pagamento de juros equivale a 15% a.a. e ao final de cinco anos a empresa
resgata os títulos, comprando-os pelo valor de face ($ 2,5 milhões). O
equipamento é da empresa e a depreciação do valor total é considerada no
cálculo da receita tributável.
Aquisição após captação de recursos
via bônus (títulos) – 2
• Análise econômico-financeira do investimento – emissão de títulos [$]

• O melhor resultado deve-se ao pagamento do principal ($ 2,5


milhões) apenas no fim do ano 5. Se fosse obtido um
empréstimo do valor total do investimento, com condições
equivalentes de pagamento, o resultado seria igual.
Aquisição após captação de recursos
via emissão de ações – 1
• Neste caso, a hipótese é que a empresa lance novas ações no mercado de
capitais, obtendo os recursos necessários para o investimento pretendido.
Até que a empresa recompre as ações, ela pagará dividendos aos acionistas,
mas de forma não compulsória. O pagamento de dividendos não pode ser
considerado para efeito de cálculo da receita tributável. A recompra da
ações, considerada no exemplo, normalmente não ocorre, pois representa
redução do capital da empresa.
• Como o equipamento é da empresa, a depreciação é considerada no cálculo
da receita tributável. Na tabela a seguir, o pagamento de dividendos (iguais
a 16% a.a. do custo de capital) foi considerado em todos os anos. O
resultado é influenciado pelo fato de que o pagamento dos dividendos não
pode ser deduzido no cálculo da receita tributável.
Aquisição após captação de recursos
via emissão de ações – 2
• Análise econômico-financeira do investimento – venda de
ações [$]

• O resultado, apresentado acima, é evidentemente influenciado pela


recompra das ações. Se não fosse assim, o VPL (18%) seria $ 1.569.806.
Aluguel ou Leasing dos equipamentos
necessários – 1
• A alternativa pressupõe que existe maior interesse no uso do que na posse
dos equipamentos. Os arranjos contratuais variam desde o simples
pagamento dos encargos do aluguel até o pagamento de parcelas regulares
com a opção de compra ao fim do período de contrato. A opção permite
rápida atualização dos equipamentos, reduz os riscos e as
responsabilidades, e pode permitir vantagens financeiras se as parcelas
pagas forem dedutíveis.
• No caso do aluguel (true ou operating lease) a posse do equipamento não é
transferida nem há a opção contratual de compra. Quem aluga o
equipamento só pode deduzir para efeito contábil o valor das parcelas
pagas. No caso do que é entendido formalmente como leasing (capital
lease), o interessado tem a posse e pode depreciar o equipamento, além de
poder deduzir a fração relativa aos juros das parcelas pagas.
Aluguel ou Leasing dos equipamentos
necessários – 2
• Nos EUA, a legislação obriga que um contrato de aluguel atenda às
seguintes condições: (i) o período de aluguel não pode exceder 80% da
vida útil do equipamento, (ii) o valor residual precisa ser maior do que 20%
do valor inicial, (iii) não há opção de compra ou plano de transferência da
propriedade, (iv) o equipamento não pode ser de uso específico ou de uso
de unidades industriais específicas.
• Por outro lado, um contrato de leasing de capital deve atender aos seguintes
pontos: (i) a extensão do contrato deve ser de pelo menos 75% da vida útil,
(ii) os pagamentos regulares devem cobrir pelo menos 90% do valor do
equipamento, (iii) há a transferência de propriedade, (iv) há a opção de
compra ao fim do contrato.
• O pagamento dos custos de manutenção e de seguros é geralmente um item
de negociação entre as partes. Quando o equipamento dificilmente é
realocado após o contrato, o interessado geralmente paga por todo o ativo,
mais juros.
Aluguel ou Leasing dos equipamentos
necessários – 3
• O que se chama de “third party financing” é quando um agente financeiro
compra o equipamento e faz leasing para o interessado em seu uso.
• No caso do aluguel, apresentado abaixo, a hipótese é que os custos de
O&M fiquem por conta da empresa locadora. O aluguel é de cinco parcelas
anuais de $ 400 mil.
• Análise econômico-financeira do investimento – aluguel [$]
Aluguel ou Leasing dos equipamentos
necessários – 4
• Análise econômico-financeira do investimento – leasing de capital [$]

• No caso apresentado na tabela acima, a taxa anual de financiamento do leasing é de


12% a.a., mas com a necessidade de pagamento no início de cada período. Assim,
uma parcela já é abatida da dívida no início do fluxo de caixa. No caso apresentado,
todo o valor do equipamento foi diluído ao longo de cinco anos. Como a empresa
terá a posse do equipamento, pode descontar as parcelas de depreciação no cálculo
da receita tributável. Apenas a parcela de juros pode ser descontada no cálculo da
receita tributável.
Terceirização (sub contratação) do serviço
– “performance contracting” – 1
• A alternativa permite que o interessado no serviço tenha acesso ao mesmo
com o mínimo desembolso inicial. O contratado normalmente assume
responsabilidades com a compra, instalação e manutenção do equipamento,
e é pago em função do desempenho alcançado. O caso típico é dos
contratos de ESCOs em uso racional de energia. A distribuição dos riscos
entre as partes é, em geral, proporcional à distribuição dos benefícios.
Mesmo os benefícios da depreciação podem ser repartidos.
• A alternativa geralmente interessa (i) no caso de tecnologias muito
específicas, (ii) quando há falta de capacitação técnica, (iii) no caso de
investimentos altos, (iv) para redução do quadro de empregados, (v)
quando há muitos riscos, etc.
• No caso de investimentos em uso racional de energia, as ESCOs podem
oferecer as seguintes opções de pagamento: (i) economia monetária
garantida, (ii) economia de energia garantida, (iii) uma porcentagem das
economias de energia, (iv) ou uma combinação dessas alternativas.
Terceirização (sub contratação) do serviço
– “performance contracting” – 2
• No caso apresentado na tabela abaixo, a ESCO prestadora de
serviço assume os custos anuais de O&M, tem a posse do
equipamento, e cobra por seus serviços 80% das economias
anuais em energia obtidas pela empresa usuária do
equipamento mais eficiente.
• Análise econômico-financeira da terceirização [$]
Comparação das alternativas do ponto
de vista dos benefícios fiscais
• As vantagens relativas das alternativas de financiamento são,
em parte, devido aos benefícios fiscais associados.
• O quadro a seguir sumariza a distribuição dos benefícios
fiscais em cada opção de financiamento, inclusive a compra
com capital próprio.
Prós e contras de cada opção de
financiamento – síntese – 1
• Empréstimos - O empreendedor tem todos os riscos,
incluindo os da instalação e da administração. Em
contrapartida, tem a propriedade e pode tirar vantagens das
deduções fiscais.
• Títulos - Essencialmente os mesmos pontos favoráveis e
contrários do caso anterior, com uma outra vantagem quando
de obras governamentais, pois pode oferecer remuneração
(sempre menor) isenta de impostos ao investidor.
• Venda de ações - As mesmas vantagens e desvantagens dos
empréstimos e mais: facilidade de melhorar a estrutura de
capital (vantagem) e não poder debitar o pagamento dos
dividendos (desvantagem).
Prós e contras de cada opção de
financiamento – síntese – 2
• Uso de recursos próprios - As mesmas vantagens e
desvantagens dos empréstimos e mais: não há pagamento de
juros (vantagem), mas não pode deduzir essa despesa para
efeitos fiscais.
• Leasing - As mesmas vantagens e desvantagens dos
empréstimos e mais: maior flexibilidade no financiamento,
possivelmente reduzindo os custos de capital com o
financiamento por terceiros.
• Aluguel - Prós: não há os riscos da propriedade, são reduzidos
os riscos de mal desempenho e obsolescência, opção mais
adequada para curtos períodos de uso, e todo o pagamento é
dedutível. Por outro lado, não há a opção de compra e não há
os benefícios fiscais da depreciação.
Prós e contras de cada opção de
financiamento – síntese – 3
• Terceirização - pequenos riscos de instalação e operação, baixos riscos de
desempenho e obsolescência e permite a concentração do empreendedor em
outras atividades. Por outro lado, há despesas na contratação, no controle e na
administração, além de ter de compartilhar os ganhos.
• Quando o empreendedor tem experiência, tempo e condições financeiras de
enfrentar os riscos, as opções de financiamento via empréstimos e venda de
títulos são preferidas. Quando o projeto é muito específico e os riscos são
grandes, a opção de terceirização é mais adequada. Leasing e aluguel são
alternativas intermediárias, sendo o leasing preferido quando os custos de
instalação e remoção são altos, o equipamento é necessário por um prazo
longo e/ou busca-se uma opção de compra a baixo custo no futuro.
• Outra recomendação para a escolha entre as alternativas de financiamento
está associada às taxas de desconto (i.e., risco do empreendimento). Para
taxas altas, é preferível a terceirização, e quando as taxas são baixas, os
empréstimos ou a venda de títulos. Para taxas intermediárias, o leasing e o
aluguel são boas alternativas.
Estrutura de capital (Carey e
Essayyad, 1996)
• A estrutura de capital de uma empresa corresponde aos débitos
de longo prazo, às ações preferenciais e ao capital próprio.
• A estrutura ótima de capital é a combinação de débito e de
capital próprio (“equity”) que maximiza o valor das ações.
• Ações preferenciais pagam dividendos aos acionistas, mas o
pagamento desses não é obrigatório. Ações preferenciais têm
preferência em relação às ações ordinárias.
• Os recursos obtidos da venda das ações preferenciais
aumentam o capital próprio e, consequentemente, isso resulta
maior capacidade de obter empréstimos.
Custo médio ponderado do capital (WACC –
Weighted Average Cost of Capital) (Brasil, 2004) – 1
• O custo médio ponderado do capital (WACC, nos textos em
Inglês), é também chamado taxa de desconto apropriada do
fluxo de caixa, custo do projeto, custo de oportunidade do
investimento ou taxa mínima de atratividade.
• A WACC pode ser calculada seguindo o exemplo apresentado
a seguir. Seja um investimento em que a estrutura de capital é
a seguinte: 30% corresponde a débito (wd), 60% a capital
próprio (equity – wc) e 10% a ações preferenciais (wp). O custo
de capital é 10% a.a. para o custo do débito (antes dos
impostos – kd), 15% é o custo de oportunidade do capital
próprio (kc), e 12% o custo de capital dos acionistas
preferenciais (kp). Seja a taxa incremental de imposto de renda
(t) igual a 34%.
Custo médio ponderado do capital (WACC –
Weighted Average Cost of Capital) (Brasil, 2004) – 2
• Assim,
WACC = (wd).(kd).(1-t) + (wc).(kc) + (wp).(kp)
• e para o caso em questão
WACC = (0,3).(0,1).(1 – 0,34) + (0,6).(0,15) + (0,1).(0,12)
WACC = 0,1218, ou seja, 12,18% a.a.
• A taxa (kd) é o custo de capital do credor e é definida pela taxa básica de
juros da economia mais um adicional (“spread”), determinado pelo credor
em função de sua percepção de risco de inadimplência (“default risk”) do
cliente. A taxa básica é normalmente chamada taxa livre de risco e seu valor
equivale à remuneração de um título de renda fixa emitido pelo governo. É
usual utilizar-se a SELIC, descontada da taxa de inflação esperada, como a
taxa livre de risco. O “spread” depende do perfil do emprestador e da
proporção do investimento que será financiada por débito.
Custo médio ponderado do capital (WACC –
Weighted Average Cost of Capital) (Brasil, 2004) – 3
• Seja o “spread” de risco, para um dado agente econômico,
determinado pelos valores da tabela a seguir.

• Se a taxa livre de risco for 12% a.a. e o tomador do


empréstimo desejar financiar 50% do investimento (portanto,
“spread” de 3%), o custo do capital do credor será 12% + 3%
= 15% a.a.
Custo médio ponderado do capital (WACC –
Weighted Average Cost of Capital) (Brasil, 2004) – 4
• O custo de capital dos acionistas também depende da taxa livre
de risco e, mais, de um adicional que depende da percepção de
risco dos acionistas quanto ao investimento.

kp = jlr +  . (re – jlr)

• Na equação acima, jlr é a taxa de juros livre de risco, re é o


retorno esperado e  representa a medida de risco do
investimento em relação ao mercado. Evidentemente, quanto
maior , maior a percepção de risco do investimento.
Custo médio ponderado do capital (WACC –
Weighted Average Cost of Capital) (Brasil, 2004) – 5
• Seja um investimento para o qual identifica-se um grande risco
( = 1,6). O retorno esperado dos investimentos é 18% a.a. e a
taxa de juros livre de risco é 12% a.a. Nessas condições, o
retorno mínimo que os acionistas esperam receber do projeto
é:
kp = jlr +  . (re – jlr)

kp = 0,12+ 1,6 . (0,18 – 0,12) = 0,216, ou seja, 21,6% a.a.

• A tendência é que o custo do capital dos proprietários seja


superior ao custo do capital do credor, uma vez que os
proprietários assumem maior risco.
Comentários Adicionais sobre
Financiamento Empresarial – IEF – 1
• Na contratação de um financiamento empresarial, alguns fatores são de
fundamental importância para que a decisão seja bem sucedida. Esses
fatores são os seguintes:

1. Custo
• Cada novo financiamento afeta o custo médio ponderado de capital da
empresa. Este parâmetro deve ser menor do que o retorno obtido pela
empresa em suas atividades para que o financiamento proporcione
alavancagem financeira e, assim, seja compensador.
• O conceito de custo médio ponderado de capital permite que alguns
financiamentos sejam contratados por uma taxa de juros mais alta do que o
retorno da empresa, desde que esse excesso de custo seja compensado por
custos mais reduzidos em outras fontes de financiamento, inclusive o
capital próprio.
Comentários Adicionais sobre
Financiamento Empresarial – IEF – 2
• É possível, por exemplo, que uma empresa com uma
rentabilidade de 15% ao ano contrate um financiamento a uma
taxa real de juros de 18% ao ano e, ainda assim, consiga
alavancagem financeira. Nesse caso, é preciso que o custo
médio de capital dessa empresa – que, inclui, entre outros, o
novo financiamento com o custo de 18% ao ano e o custo do
capital próprio – fique abaixo de 15% ao ano.
• Na apuração do custo de financiamento não deve ser
considerada apenas a taxa cobrada pela instituição financeira.
Caso a empresa seja tributada pelo lucro real, o custo final do
financiamento será menor do que a taxa de juros cobrada pela
instituição financeira porque os juros do financiamento são
dedutíveis para fins de cálculo do lucro tributável.
Comentários Adicionais sobre
Financiamento Empresarial – IEF – 3
2. Risco de taxas de juros
• Os financiamentos podem ser contratados a taxas de juros prefixadas ou
pós-fixadas. As taxas prefixadas permanecem inalteradas ao longo de todo
o prazo de financiamento. Esta característica sugere que as taxas prefixadas
não têm risco. Entretanto, se um financiamento for contratado a uma taxa
prefixada num momento em que as taxas de juros estiverem elevadas,
reduções posteriores nessa taxa de juros não beneficiarão o tomador. As
taxas de juros pós-fixadas são do tipo flutuante e, assim, possuem um maior
potencial de risco.
• A proteção contra o risco de taxas de juros pode ser realizada diretamente
nos mercados futuros ou através de uma instituição financeira. Quando a
volatilidade das taxas de juros é elevada, a eficácia das operações de
proteção (“hedge”) fica bastante comprometida. Seus custos se elevam e o
potencial de cobertura de risco se reduz.
Comentários Adicionais sobre
Financiamento Empresarial – IEF – 4
3. Risco da taxa cambial
• Quando a dívida é contratada em moeda estrangeira, o
tomador precisa assumir risco cambial. O risco cambial
associado a um financiamento pode ser administrado através
de operações de hedge nos mercados futuros ou junto a uma
instituição financeira. O custo do hedge pode se tornar muito
alto e ineficaz caso haja excessiva flutuação da taxa de
câmbio.
• Existe um outro risco relacionado com a taxa cambial. Ele
decorre da flutuação, em relação ao dólar norte-americano, da
moeda em que o financiamento foi contratado. Por exemplo,
um financiamento contratado em Euros, pode se tornar caro
ainda que a taxa cambial R$/U$ permaneça estável.
Comentários Adicionais sobre
Financiamento Empresarial – IEF – 5
4. Cronograma de pagamento
• O cronograma de pagamento de um financiamento,
principalmente quando este é de longo prazo, deve estar
atrelado ao fluxo de caixa do projeto suportado por esse
financiamento. Quando isto acontece, dizemos que o
financiamento observa o conceito de “project finance”.
• Nos mercados de capitais dos países desenvolvidos, devido à
abundante oferta de crédito, é bem mais fácil contratar
financiamentos dentro da filosofia de “project finance”.
Comentários Adicionais sobre
Financiamento Empresarial – IEF – 6
5. Efeito sobre os índices de endividamento
• A contratação de um financiamento aumenta o grau de
endividamento da empresa e este fato pode afetar
negativamente a avaliação desta. Desse modo, índices
elevados de endividamento podem dificultar a obtenção de
crédito comercial (financiamento concedido pelos
fornecedores) e restringir a obtenção de novos financiamentos
de curto e de longo prazo.
• Uma alternativa para evitar o aumento do grau de
endividamento é a utilização do “leasing” em substituição aos
financiamentos tradicionais. Esta solução é naturalmente
limitada porque só atende a parte das necessidades de
financiamento.
Comentários Adicionais sobre
Financiamento Empresarial – IEF – 7
6. Efeito sobre os índices de liquidez
• A contratação de financiamentos afeta os índices de liquidez
da empresa. Esses parâmetros indicam a capacidade da
empresa para honrar seus compromissos financeiros no curto
prazo. Os índices de liquidez não são afetados quando o
financiamento é contratado para substituir outro existente.
Práticas Financeiras Consagradas – IEF – 1
• Algumas práticas financeiras têm aceitação universal pelas empresas
de diversos portes e com atuação em diferentes setores. Algumas
dessas práticas são apresentadas a seguir:
1) Manter os custos fixos reduzidos de modo a reduzir o risco
econômico
• Considerando que os preços de venda dos produtos e os custos
variáveis de uma empresa como dados, quanto menor for o seu custo
fixo, mas baixo será o ponto de equilíbrio (“break-even”) – que
representa o volume de vendas necessário para igualar a receita ao
custo total da empresa – e menor será o volume de vendas exigido
para obtenção de lucro.
• Na empresa “ideal” só haveria custos variáveis, e o seu pior
resultado seria “lucro zero”, o que aconteceria quando ela nada
vendesse.
Práticas Financeiras Consagradas – IEF – 2
2) Manter um apropriado grau de endividamento de modo a limitar
o risco financeiro
• Quando a empresa usa recursos financeiros de terceiros, presume-se que
paga por eles uma taxa de juros menor do que sua taxa de retorno
empresarial. Desse modo, quando seu lucro operacional (resultado antes do
pagamento dos juros - ~ Ebitda é a sigla em inglês para Earnings before
interest, taxes, depreciation and amortization) for normal, a empresa estará
fazendo alavancagem financeira e, assim, obterá sobre o capital próprio
uma taxa de retorno maior do que aquela obtida pelo capital total.
• Entretanto, quando o lucro operacional for reduzido, a alavancagem
financeira funcionará em sentido contrário, fazendo com que a
rentabilidade do capital próprio seja menor do que a rentabilidade do
capital total. Portanto, como o lucro operacional está sujeito a oscilações, o
endividamento precisa ser controlado para limitar o risco financeiro da
empresa.
Práticas Financeiras Consagradas – IEF – 3
3) Minimizar os estoques para reduzir os custos financeiros
• Estoques reduzidos provocam menor necessidade de financiamento e,
consequentemente, menores despesas com juros. Se os estoques estiverem
sendo financiados com capital próprio, sua redução significa liberação de
recursos financeiros para outras finalidades.

4) Minimizar a necessidade de capital de giro com a redução do ciclo de


caixa
• A necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa da empresa
(reduzir o ciclo de caixa, em resumo, significa receber mais cedo e pagar
mais tarde). Quando o ciclo de caixa é longo, a necessidade de capital de
giro é maior, e vice-versa. Assim, a redução do ciclo de caixa deve ser uma
meta da administração financeira. Entretanto, a redução do ciclo de caixa
requer a adoção de medidas de natureza operacional, envolvendo o
encurtamento dos prazos de estocagem, produção, operação e vendas.
Práticas Financeiras Consagradas – IEF
–4
5. Maximizar o giro dos ativos operacionais
• Todos os ativos operacionais (instalações, máquinas,
equipamentos, etc.) precisam de um volume mínimo de
operações para que o investimento efetuado neles se justifique
economicamente.
• O giro de um ativo é representado pelo volume de receitas, ou
de redução de custos, que ele pode gerar direta ou
indiretamente, dividido pelo valor do respectivo investimento.
Ao maximizar o giro de seus ativos operacionais, a empresa
estará extraindo o maior proveito possível deles e, em
consequência, obtendo a rentabilidade máxima sobre o
investimento em cada ativo.
Práticas Financeiras Consagradas – IEF – 5
6) Investir em projetos que tenham uma relação equilibrada
entre risco e retorno
• As decisões extremas de investimento são projetos com alta
taxa de retorno e grande grau de risco ou, então, baixa taxa de
retorno e pequeno grau de risco. Nestas duas situações, se a
empresa fizer o investimento no projeto, a taxa de retorno
esperada será pequena. Quando o risco e o retorno dos
investimento não estão em patamares extremos, a taxa de
retorno esperada para o investimento é maior.

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