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Processos de Conformação e

Usinagem

MÓDULO II – Movimentos de usinagem

II – Movimentos de usinagem – 2020


Processos de Conformação e Usinagem

I – Movimentos de usinagem
A usinagem é o processo de fabricação onde há a remoção de
sobremetal de um material para se obter uma peça. Este sobremetal
removido é transformado fragmentos de material que recebem o nome de
cavaco.
A remoção do sobremetal ocorre em duas fases:
desbaste e acabamento da peça. Desbaste é a
fase inicial da usinagem. É utilizada para dar
forma ao material que ainda não passou pelo
acabamento definitivo. No desbaste, os cavacos
obtidos são grossos e a superfície da peça
desbastada apresenta sulcos profundos.
No acabamento, é obtido o produto com
dimensões finais e rugosidade adequada.
Cavaco

(FERRARESI, 1977; GERLING, 1992; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

I.1 – Movimentos entre peça e a aresta cortante


Na usinagem existem movimentos relativos entre a peça e a aresta de
corte da ferramenta. Estes movimentos são referenciados a peça que é
considerada como parada.
Existem dois tipos de movimentos:
• os que causam diretamente a saída de cavaco e,
• aqueles que não tomam parte direta na formação do cavaco.

O movimento que dá origem a saída de cavaco são chamados de


movimento efetivo de corte e são normalmente resultantes do
movimento de corte e movimento de avanço.

(FERRARESI, 1977)
Processos de Conformação e Usinagem

I.1.1 - Movimentos de corte (mc): é o movimento entre a peça e a


ferramenta. Sem o movimento de avanço o movimento de corte irá gerar
uma única remoção de cavaco.

(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

I.1.2 - Movimentos de avanço (ma): é o movimento entre a peça e a


ferramenta que juntamente com o movimento de corte dá origem a
formação contínua de cavaco, durante as várias voltas ou cursos.

(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

I.1.2 - Movimentos de avanço (ma): (contin.)


O movimento de avanço pode ser resultante de vários movimentos como
por exemplo, avanço principal e avanço secundário (lateral ou
transversal).

(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

I.1.3 - Movimento efetivo de corte


É a resultante dos movimentos de corte e de avanço, realizados ao
mesmo tempo.

(http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasprofcamargo/processos2010/5%20grandezas%20de%20corte.pdf) (FERRARESI, 1977)


Processos de Conformação e Usinagem

I.1.4 – Movimento de profundidade


É o movimento entre peça e a ferramenta no qual a espessura da
camada de material a ser retirada é determinada.

I.1.5 – Movimento de ajuste


É o movimento de correção entre a peça e a ferramenta no qual o
desgaste da ferramenta deve ser compensado.
(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)
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I.2 – Percurso da ferramenta em relação a peça


I.2.1 – Percurso de corte (lc): é o espaço percorrido sobre a peça pelo
ponto de referência da aresta cortante segundo a direção de corte.
I.2.2 – Percurso do avanço (la): é o espaço percorrido pela ferramenta
segundo a direção de avanço.
I.2.3 – Percurso efetivo de
corte (le): é o espaço
percorrido pelo ponto de
referência da aresta
cortante segundo a direção
efetiva de corte.

(http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasprofcamargo/processos2010/5%20grandezas%20de%20corte.pdf) (FERRARESI, 1977)


Processos de Conformação e Usinagem

I.3 – Ângulo da direção de avanço ()


É o ângulo entre a direção de avanço e a direção de corte.
I.4 – Ângulo da direção efetiva de corte ()
É o ângulo entre a direção efetiva de corte e a direção de corte.

(FERRARESI, 1977)
Processos de Conformação e Usinagem

I.5 – Plano de trabalho


É o plano que contém as direções de corte e de avanço passando pelo
ponto de referência da aresta cortante. Neste plano se realizam todos os
movimentos que tomam parte na formação do cavaco.

(http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasprofcamargo/processos2010/5%20grandezas%20de%20corte.pdf) (FERRARESI, 1977)


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II – Grandezas de corte
II.1 – Avanço (a): é o percurso de avanço em cada volta ou em cada
curso.
II.1.1 – Usinagem concordante: o movimento de corte da ferramenta e
o movimento de avanço do material encontram-se no mesmo sentido.
II.1.2 – Usinagem concordante: o movimento de corte da ferramenta e
o movimento de avanço do material são opostamente sincronizados.

Concordante Discordante
(http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasprofcamargo/processos2010/5%20grandezas%20de%20corte.pdf) (FERRARESI, 1977)
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II.1.3 – Avanço por dente (ad): é o percurso de avanço de cada dente


medido na direção do avanço da ferramenta e corresponde à geração de
duas superfícies de corte consecutivos.
II.1.4 – Avanço de corte (ac): é a distância entre duas superfícies de
corte consecutivas formadas medida no plano de trabalho e
perpendicular à direção de corte.

a = ad x Z

ad – avanço por dente


ac – avanço de corte
ae – avanço efetivo
Z – nº de dentes ou
arestas cortantes
(http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasprofcamargo/processos2010/5%20grandezas%20de%20corte.pdf) (FERRARESI, 1977)
Processos de Conformação e Usinagem

II.1.5 – Avanço efetivo de corte (ae): é a distância entre duas


superfícies de corte consecutivas formadas medida no plano de trabalho
e perpendicular à direção efetiva de corte.
II.1.6 – Profundidade de corte (p): é a profundidade de penetração da
aresta principal de corte medida em uma direção perpendicular ao plano
de trabalho.

Espessura de
penetração
(http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasprofcamargo/processos2010/5%20grandezas%20de%20corte.pdf) (FERRARESI, 1977)
Processos de Conformação e Usinagem

II.1.6 – Profundidade de corte (p): é a (FERRARESI, 1977)

grandeza que multiplicada pelo avanço de corte


origina a seção da área de corte.

Espessura de Espessura de
penetração penetração
Processos de Conformação e Usinagem

II.1.7 – Comprimento do corte – b (largura de corte): é o comprimento


do cavaco a ser retirado medido na superfície de corte segunda a direção
normal de corte.
II.1.8 – Espessura de corte (h): é a espessura do cavaco a ser retirado
medida normalmente à superfície de corte e segundo a direção
perpendicular à direção de corte.

(https://www.docsity.com/pt/processos-de-usinagem-11/4780477/) (FERRARESI, 1977)


Processos de Conformação e Usinagem

III – Velocidade
III.1 – Velocidade de corte (v): é a velocidade instantânea do ponto de
referência da aresta cortante, segundo a direção e sentido de corte.
III.1.1 – Movimento de corte rotativo

Vc =   d  n
Vc = velocidade de corte (m/min)
d = diâmetro da peça ou da ferramenta (m)
n = número de rotações por minuto da peça ou
(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998) ferramenta (rpm)
Processos de Conformação e Usinagem

III.1.1 – Movimento de corte rotativo (continuação)


i – calcular a velocidade de corte de uma fresa de 250 mm de diâmetro
que trabalha a uma rotação de 500 rpm.
ii – calcular a velocidade de corte de uma peça de 100 mm de diâmetro e
que gira a uma velocidade de 160 rpm e que está sendo usinada em um
torno horizontal.
iii – calcular a rotação de uma broca que será utilizada para executar um
furo de 14 mm de diâmetro com uma velocidade de corte recomendada
pelo fabricante de 22 m/min.
iv – calcular a rotação de um rebolo de retifica que por recomendação do
fabricante deve trabalhar com uma velocidade de corte de 20 m/s. O
diâmetro do rebolo é de 150 mm.

(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

III.1.2 – Movimento de corte linear – golpes por minuto

𝑉𝑐 ∙ 1000
𝑛=
2∙𝐿

n= número de golpes por minuto (gpm)


Vc = velocidade de corte (m/min)
L = percurso do movimento de corte (mm) = comprimento da peça l +
30mm de folga (FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)
Processos de Conformação e Usinagem

III.2 – Velocidade de avanço (Va): é a velocidade instantânea da


ferramenta segundo a direção e sentido de avanço, normalmente
expresso em mm/min.

III.2.1 – Ferramentas monocortantes: a peça ou


a ferramenta monocortante se desloca segundo a
direção do movimento de avanço. O avanço é
indicado em mm/volta ou mm/golpe.

(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

III.2.2 – Ferramentas multicortante: o avanço distribuído pelo número


de facas ou dentes que compõem a ferramenta multicortante. O avanço
por dente, é indicado pelas letras ad e é expresso em mm/(volta x dente)
ou mm/(volta x faca).

𝑎
𝑎𝑑 =
𝑧 (FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)
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III.2.2 – Ferramentas multicortante: continuação


i - Qual é o valor do avanço por dente para executar um canal de chaveta
utilizando uma brocha de 30 dentes?

ii - Qual é o valor do avanço por dente de uma broca que apresenta 3


facas, utilizando um avanço de 0,5mm/volta?

(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

III.2.3 – Velocidade de avanço (Va)


𝑉𝑎 = 𝑎 ∙ 𝑛 a = avanço
n = rotação da peça ou ferramenta (rpm)

i - Qual a velocidade de avanço de uma broca com 12mm de diâmetro,


trabalhando a uma velocidade de corte de 18m/min e avanço de
0,3mm/volta? (Va = 143,1 mm/min)

ii - Qual a velocidade de avanço de uma fresa de 125mm de diâmetro


que trabalha a uma velocidade de corte de 60m/min e com avanço de
0,4mm/volta? (Va = 61 mm/min)

(FERRARESI, 1977; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

IV – Tempo de corte (Tc): é o intervalo de tempo necessário para


usinagem da peça. O tempo de corte é expresso normalmente em
minutos.
IV.1 – Tempo de corte em movimentos rotativos
L = percurso de avanço + folga (mm)
a = avanço (mm/volta)
n = rotação (rpm)
Np = número de passes

i - Qual o tempo de corte para tornear um eixo de 250mm de


comprimento, 150mm de diâmetro, em 3 passes, utilizando uma
velocidade de corte de 40m/min e um avanço de 0,2mm/volta? (Tc = 49,4
min).
ii - Qual o tempo de corte para tornear um eixo de 490 de comprimento e
90 mm de diâmetro, em 1 passe, utilizando uma velocidade de corte de
80 m/min e um avanço de 0,5 mm/volta? (GERLING, 1992; SENAI, 1998)
Processos de Conformação e Usinagem

IV.1 – Tempo de corte em movimentos rotativos


Furação: para furação utilizando-se brocas, o percurso de avanço é a
profundidade do furo acrescido de uma folga de 0,3 vezes o diâmetro da
broca,
i – Calcular o tempo de furação de uma peça utilizando-se uma broca de
18 mm, com avanço de 0,2 mm/volta e rotação de 300 rpm. A
profundidade do furo é de 30 mm (Tc = 5,9 min.)
ii - Calcular o tempo de corte para furar uma placa de 70mm de
espessura, utilizando uma broca de 12mm de diâmetro, uma velocidade
de corte de 18m/min e um avanço de 0,15mm/volta?

(GERLING, 1992; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

IV.1 – Tempo de corte em movimentos rotativos


Fresamento: para calcular o tempo de fresamento deve se considerar o
comprimento da peça a ser usinada acrescida do raio da ferramenta
utilizada e de uma folga.

L = l + la + lu

i – Calcular o tempo de fresamento de uma placa de comprimento 250


mm, utilizando uma fresa de 60 mm de diâmetro e uma velocidade
avanço de 100 mm/min. Considerar lu = 5 mm (Tc = 2,85 min)
ii - Calcular o tempo de corte para rebaixar a espessura de uma placa
com 120mm de comprimento em 6 passes, utilizando uma fresa de
90mm de diâmetro, 6 facas, 0,05mm/volta x faca e 30m/min de
velocidade de corte. Desconsiderar lu. (GERLING, 1992; SENAI, 1998)
Processos de Conformação e Usinagem

IV.2 – Tempo de corte em movimentos lineares

Tc = tempo de corte (min)


L = percurso de corte + folga (30 mm)
Np = número de passes
Ns = número de passadas
Vc = velocidade de corte (m/min)

(GERLING, 1992; SENAI, 1998)


Processos de Conformação e Usinagem

IV.2 – Tempo de corte em movimentos lineares


i - Qual o tempo de corte necessário para aplainar uma placa retangular
com 400mm x 200mm, utilizando uma velocidade de corte de 20m /min e
um avanço de 0,5mm/golpe em 4 passes? (Tc = 39,56 min)
ii - Calcular o tempo de corte necessário para realizar o brochamento de
um peça em um passe, utilizando uma velocidade de corte de 2m/min e
uma brocha com 850mm de comprimento. (Tc = 0,43 min)

(GERLING, 1992; SENAI, 1998)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• FERRARESI, D. Fundamentos da Usinagem dos Metais. Ed. Edgard


Blucher, 1977.
• GERLING, H. Alrededor de las máquinas-herramienta. Ed. Reverté,
3ª edição, Espanha, 1992.
• SENAI. Processos mecânicos de usinagem. Volume 1, Senai, São
Paulo, 1998.

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