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PLANO DE ENSINO

2023.1

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO


DISCIPLINA: OPT - Direito e Desigualdades
SEMESTRE: OPTATIVA
PROFESSOR: Ms. Rafael Aguiar
TURNO: Noturno
E-MAIL: rafael.aguiar@idp.edu.br
CARGA HORÁRIA: 40h/a

EMENTA: A igualdade jurídica entre indivíduos é a pedra angular da epistemologia


jurídica contemporânea. Sua tradução para a linguagem dos direitos se dá por
demandas de distribuição de recursos (voltada à promoção de igualdade material) e de
reconhecimento de status, perseguido por amplos programas de não-discriminação.
Todas as constituições modernas e tratados globais e regionais de direitos humanos
trazem em seu texto arquiteturas de não discriminação. A Constituição Federal
Brasileira de 1988 foi enfática e abundante na adoção da mesma linguagem (art. 3o, IV,
art. 5o, caput, XLI, art. 227, § 1o, I). Se, por um lado, a linguagem da não-discriminação
é difundida nas normas constitucionais que moldam o ordenamento jurídico brasileiro,
a prática da discriminação permanece estruturante no cotidiano da sociedade brasileira,
que ainda a pratica em todas as suas modalidades, em variados espaços e com diferentes
graus de visibilidade e naturalização. É no fronteira que existe entre a prática
disseminada da discriminação e a arquitetura jurídica da não discriminação que se pode
medir a complexa efetividade das pretensões de progresso moral e político do
ordenamento jurídico democrático a partir da Constituição de 1988.

OBJETIVOS:

A) Objetivo Geral: Este curso almeja explorar um território particular da violação de


direitos na sociedade brasileira, uma agenda que possui tanto denominadores comuns,
quanto desafios próprios que a diferenciam da agenda genérica da proteção de direitos
fundamentais. O curso intenta avaliar amplos conglomerados normativos (nos planos
internacional e doméstico, constitucional e infraconstitucional) que implementam
políticas de combate à discriminação. O curso busca explorar debates relevantes e atuais
sobre a aplicação dessas normas na sociedade brasileira.

B) Objetivos Específicos: (i) despertar o olhar crítico das educandas para o papel do
direito na reprodução de discriminações; (ii) sensibilizá-las para as demandas das lutas
antidiscriminatórias e (iii) desenvolver habilidades relevantes para uma prática
antidiscriminatória, tais como a colaboração, a empatia e a escuta ativa.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Apresentado na seção “Cronograma”.

METODOLOGIA DO ENSINO:
A disciplina será desenvolvida tendo por premissa a conjugação entre saberes teóricos e
práticos, com ênfase na estimulação ao pensar a partir de problemas, de forma que o
aluno aprenda a pensar, a agir, a compreender o homem e a compreender o Direito.
Desta feita, as opções metodológicas devem contribuir para o desenvolvimento da
percepção crítica, com a valorização do diálogo e da reflexão. Para tanto serão aplicadas
as seguintes técnicas:

· Aula expositiva;
· Aula dialogada no modelo “Seminário”;
· Estudo de caso;
· Discussões em grupo;

A leitura prévia da bibliografia obrigatória será observada pelo docente que poderá
atribuir pontuação extra por participação caso queira.

AVALIAÇÃO DE RENDIMENTO:

Avaliação interdisciplinar mediante a observação do aluno nas diversas situações ao


longo do curso, envolvendo pontualidade, assiduidade, comprometimento, leitura e
domínio dos textos e participação nas aulas.

A1) Elaboração de relatório de caso-problema para apresentação em aula: envio até


24/04. Utilização obrigatória de no mínimo 3 textos debatidos em sala. 10 pontos.

A2) Avaliação dissertativa argumentativa. 10 pontos. Realização 26/06.

Obs.: obterá aprovação o (a) aluno(a) que alcançar a média final 6,0 (seis).
Obs.2: Detectado plágio a nota será zero. Irrecorrível, nos termos do Regimento Interno
do IDP.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

MOREIRA, Adilson José. Tratado de Direito Antidiscriminatório. São Paulo:


Editora Contracorrente, 2020.
DIMOULIS, Dimitri. Direito de Igualdade: Antidiscriminação, Minorias
Sociais, Remédios Constitucionais. Almedina; 1ª edição. 2021. 396 páginas.
CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. Editora ‫ ‏‬: ‎Selo
Negro Edições; 1ª edição. 192 p.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como


fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
2005. . Acesso em: 09 fev. 2023. Disponível em:
https://repositorio.usp.br/item/001465832.
FARIA, José Eduardo. A Sociologia Jurídica: direito e conjuntura. Série Gvlaw.
São Paulo: Saraiva, 2010.
MACIEL, José Fabio Rodrigues (coord.). Formação humanística em direito. São
Paulo: Saraiva, 2012.
SCURO NETO, Pedro. Sociologia geral e jurídica: a era do direito cativo. 8. ed.
São Paulo: Saraiva, 2019.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
AMORIM, Maria Stella de (org.); LIMA, Roberto Kant (coord.). Ensaios sobre a
igualdade jurídica: acesso à justiça criminal e direitos de cidadania no
Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.

BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR: Distribuída na seção “Cronograma”.

CRONOGRAMA:

Parte I: Pressupostos metodológicos.

TEORIAS E FONTES DO DIREITO ANTIDISCRIMINATÓRIO:

Leitura obrigatória: MOREIRA, Adilson José. Tratado de Direito


Antidiscriminatório. São Paulo: Editora Contracorrente, 2020. Capítulo 1, Tópico 1.1
- Direito Antidiscriminatório: definições, p. 50-69.
Leitura complementar: RIOS, Roger Raupp. Direito da Antidiscriminação:
discriminação direta, indireta e ações afirmativas. 2008: Livraria do Advogado
Editora, 2008. Capítulo 1, Tópico 1 - O conceito jurídico de discriminação, p. 19-21.
SCOTT, Joan W. O enigma da igualdade. Estudos feministas, p. 11-30, 2005

DESIGUALDADES NO BRASIL (QUESTÃO RACIAL, QUESTÃO DE GÊNERO E A


POBREZA)

Leitura obrigatória: MOREIRA, Adilson J. O que é discriminação?. Belo


Horizonte: Letramento, 2017. Capítulo 4, Tópico 5 - O sentido jurídico da discriminação,
p. 72-81.
Debate entre Angela Davis e Judith Butler - “Angela Davis e Judith Butler em conversa
sobre a desigualdade”, disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=5IYpk1Zj-SU> [20 minutos iniciais].

Leitura complementar: HAIDER, Asad. Armadilha da Identidade: raça e classe


nos dias de hoje. São Paulo: Veneta, 2019, p. 31-51 (capítulo 1).

Parte II: Compreendendo marcadores sociais.

A QUESTÃO DE GÊNERO: PROBLEMÁTICAS CONTEMPORÂNEAS;

Leitura obrigatória:

(I) GOMES, C. de M. Gênero como categoria de análise decolonial. Civitas: revista de


Ciências Sociais, [S. l.], v. 18, n. 1, p. 65–82, 2018. DOI:
10.15448/1984-7289.2018.1.28209. Disponível em:
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/28209. Acesso
em: 9 fev. 2023.
(II) GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. In: RIOS, Flávia; Lima
Márcia (org.). Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios,
intervenções e diálogos. 1a ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2020. p. 139-150. Disponível
em:
https://mulherespaz.org.br/site/wp-content/uploads/2021/06/feminismo-afro-latino-
americano.pdf

(II) GOMES, Mário Soares Caymmi; YORK, Sara Wagner; COLLING, Leandro. Sistema
ou CIS-tema de justiça: Quando a ideia de unicidade dos corpos trans dita as regras para
o acesso aos direitos fundamentais Revista Direito e Práxis, [S.l.], v. 13, n. 2, p.
1097-1135, jun. 2022. ISSN 2179-8966. Disponível em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/66662/42404
>. Acesso em: 09 fev. 2023.

A QUESTÃO RACIAL: COMPREENSÕES CRÍTICAS:

Leituras obrigatórias:
(I) FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal
e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006. 145 f. Dissertação (Mestrado em
Direito)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/handle/10482/5117?locale=fr . Capítulo III: 94 A 124p.
(II) PIRES, Thula. Racializando o debate sobre os Direitos Humanos.
Disponível em:
https://sur.conectas.org/wp-content/uploads/2019/05/sur-28-portugues-thula-pires.p
df.
(III) AMPARO, Thiago. A Carne Mais Barata do Direito: Descolonizando Respostas
Jurídicas à Necropolítica. Publicado: 2021-11-30. v. 8 n. 20 (2021): Revista Cultura
Jurídica. Disponível em:
https://periodicos.uff.br/culturasjuridicas/article/view/52373/30476.

Leitura complementar: SCHUCMAN, Lia. Branquitude e poder: revisitando o


“medo branco” no século XXI”. Disponível em:
https://abpnrevista.org.br/index.php/site/article/view/155.

A QUESTÃO DA SEXUALIDADE: DEBATES NECESSÁRIOS SOBRE


CISHETERONORMATIVIDADE;

Leitura obrigatória:

(I) Wittig, Monique. O pensamento hétero e outros ensaios. Editora, Autêntica;


Quantidade de páginas, 144 p.

(II) BAHIA, Alexandre. Sobre a (in)capacidade do direito de lidar com a gramática da


diversidade de gênero. Revista Jurídica da Presidência, v. 18, p. 481-506, 2017.
Disponível em:
<https://revistajuridica.presidencia.gov.br/index.php/saj/article/view/1465 >.
(II) MACIEL RAMOS, Marcelo. Teorias Feministas e Teorias Queer do Direito: Gênero e
Sexualidade como Categorias Úteis para a Crítica Jurídica. Revista Direito e Práxis,
[S.l.], v. 12, n. 3, p. 1679-1710, set. 2021. ISSN 2179-8966. Disponível em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/50776/34916
>. Acesso em: 09 fev. 2023 .
Material de trabalho: FGV. A violência LGBTQIA+ no Brasil 2020. Disponível em
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/29886.

Pessoas LGBT+s em contexto de pandemia: Isolamento social é novo pra quem?


(pessoas LGBT na história) | Louie Ponto. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=y9Dd6usXNIs.

A QUESTÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: QUEM É CAPAZ DE SER SUJEITO DE


DIREITOS?

Leitura obrigatória:

(I) DINIZ, Debora. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007 (Coleção
Primeiros Passos; 324).
(II) DINIZ, Debora; BARBOSA, Lívia; SANTOS, Wederson Rufino dos. “Deficiência,
direitos humanos e justiça”. Revista internacional de direitos humanos.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/sur/a/fPMZfn9hbJYM7SzN9bwzysb/?lang=pt.

Material suplementar: O futuro anti-capacista: curar preconceitos e celebrar


diversidades (TEDxSão Paulo de Lau Patron). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=0XEZmh86EhE>.

A QUESTÃO DO REFÚGIO E DA IMIGRAÇÃO: QUEM PODE CANTAR O HINO


NACIONAL?

Leitura obrigatória: BUTLER, Judith; SPIVAK, Gayatri C. Quem canta o


Estado-nação? Trad. Vanderlei J. Zacchi e Sandra Goulart Almeida. Brasília: EDUNB,
2018. Capítulo I.

A QUESTÃO INDÍGENA E DAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS: REPENSANDO AS


POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO.

Leitura obrigatória: (I) CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência


epistêmica e o problema da “invenção do outro”, In: LANDER, Edgardo (org.). A
colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires:
CLACSO, 2005. Disponível em:
http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624102434/9_CastroGomez.pdf.

(II) KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia
das Letras, 2019.

(III) KOPENAWA, Davi. ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã


yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 375-393 (“falar aos brancos”).

Material de trabalho: #1 Borba Gato: qual é a relação da estátua com o “racismo


urbano”?. Podcast CAUSE. Episódio 1, 3 de ago. 2021. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/6qbYVTTYwMecw0XHelSgfj?si=AVi4tGvASfiDegKV
iMDjO g&utm_source=whatsapp&dl_branch=1&nd=1
ENCERRAMENTO: A CONTRIBUIÇÃO DA PRÁXIS INTERSECCIONAL PARA O
DEBATE SOCIOJURÍDICO.

Leituras obrigatórias:
(I) HARRIS, Angela. Raça e essencialismo na Teoria Feminista do Direito. [Tradução]
GOMES, Camilla de Magalhães; CONCEIÇÃO, Ísis Aparecida. Revista Brasileira de
Políticas Públicas, Brasília, v. 10, n. 2 p.42-73, 2020. Disponível:
https://www.publicacoes.uniceub.br/RBPP/article/download/6932/pdf.

(II) COLLINS, Patricia Hill. Se perdeu na tradução? Feminismo negro,


interseccionalidade e política emancipatória. Portal Geledés Disponível em:
<https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2017/07/01.pdf.

Parte III : O que o Direito tem a ver com isso?

INSTRUMENTOS JURÍDICOS PARA O ENFRENTAMENTO À DISCRIMINAÇÃO


I) Poder Judiciário: onde se encontra o papel contramajoritário da jurisdição
constitucional?
II) Poder Legislativo: infiltrando o complexo representacional da democracia
consensual;
III) Poder Executivo: as ações afirmativas e o compromisso democrático das políticas
públicas.

Parte IV: Conclusão

● ONDE estamos e para onde vamos com o Direito Antidiscriminatório?

Ciente em __/__/_____.
Representante de Turma: _______________________.
Mat.:____________.

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