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Processamento e Mecânica de Compósitos

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Materiais Compósitos: introdução
Os compósitos de matriz polimérica são atualmente utilizados numa grande
variedade de componentes e estruturas.

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Materiais Compósitos: introdução

◼ Breve introdução histórica

Durante a idade da pedra o material cerâmico era o melhor


material de corte que o homem conhecia. Os metais tinham
pouca importância, enquanto que os polímeros naturais,
compósitos e cerâmicos dominavam as aplicações de
engenharia (casas, armas, barcos, etc.).

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Materiais Compósitos: introdução

Silk Fibers (Protein): Fibers; Animal Hides (Proteins): Fiber & Films; Ligaments
(Collagen): Hinges; Plant Fibers (Cellulose).

Structural Materials: High Modulus & Strong


Wood (Cellulose & Lignin) Bison-Hide teepee Ivory lunar cycle charts
Materiais Compósitos: introdução

Desde então, o desenvolvimento da capacidade de trabalhar o metal


dominou fortemente a maioria das conquistas ao nível da engenharia até
ao século XX. Em particular a posição do aço tem sido notável desde
meados do século XIX.

A partir dos anos 60 o desenvolvimento da engenharia de materiais deixa


de ser dominada pelo aço e outros metais.

Polímeros, compósitos e cerâmicos ganham novamente importância


relativa para o homem, principalmente os materiais sintéticos.

Com os materiais sintéticos criam-se novas oportunidades, novos métodos


e novas capacidades de produção.

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Materiais Compósitos: introdução

Source: Ashby, M.F., Materials


Selection in Mechanical Design,
3rd edition 2005
Materiais Compósitos: introdução

Compósitos: materiais formados por uma mistura ou combinação de dois


ou mais micro ou macroconstituintes, que diferem na forma e na
composição química e que, na sua essência, são insolúveis entre si
◼ Reforço
◼ Matriz
◼ Interface

Vantagens:
◼ Baixo peso
◼ Resistência mecânica e dureza elevadas
◼ Fibras e matriz cerâmicas resistem a altas temperaturas

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Materiais Compósitos: composição
Compósito: Matriz + Reforço
A matriz é contínua e envolve a outra fase, designada de reforço
MATRIZES FIBRAS

- Orgânicas - Vidro
- Carbono/Grafite
- Metálicas
- Aramida
- Cerâmicas - Boro
- Metálicas
- Cerâmicas

MATERIAL COMPÓSITO

CARGAS ADITIVOS

- Giz - Desmoldantes
- Silício - Retardadores Chama
- Óxido de titânio - Estabilizantes
- Microesferas - Corantes
- Pó Metálico -…
- Quartzo
- Mica,
- Caulino

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Materiais Compósitos: composição

O compósito combina, geralmente, a elevada resistência mecânica e rigidez do


reforço, com a tenacidade, resistência ao meio ambiente, propriedades de
atrito e acabamento superficial da matriz.

O reforço suporta as cargas aplicadas no compósito.

A matriz transmite a carga às fibras/partículas, liga-as entre si e protege-as


do contacto com outras fibras/partículas e do meio ambiente.

◼ Transmitir a força às fibras/partículas


Função da matriz: ◼ Manter as fibras ligadas na orientação apropriada
◼ Proteger as fibras/partículas do meio

A interface é uma zona crítica, deve transferir a tensão da matriz para as


fibras/partículas (adesão).

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Materiais Compósitos: composição/classificação

Reforçados Partículas grandes


com
Partículas Reforçado por dispersão

COMPÓSITOS
Reforçados Fibras contínuas

com
Fibras Fibras descontínuas Alinhadas
(fibras de carbono, Kevlar, vidro, etc.;
matriz de epoxy, poliester, etc.)

Orientadas
aleatoriamente

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Materiais Compósitos: composição/classificação
Alguns arranjos típicos de fibras em cada camada de compósito:

(d)

(e)

(f)

(a) Fibras contínuas unidireccionais; (b) Fibras descontínuas orientadas


de modo aleatório; (c) Fibras unidirecionais tecidas ortogonalmente;
(d) Fibras orientadas; (e) Fibras bidireccionais; (f) Fibras multidireccionais

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Materiais Compósitos: composição/classificação
Arranjos típicos de camadas em compósitos laminados:

(a) Compósitos unidireccionais;


(b) Compósitos tipo 0/90;
(c) Compósitos tipo +q/-q

Arranjos típicos de compósitos laminados em estruturas sanduíche:


Estrutura em sanduíche de ninho de abelha (ou favo de mel)

Material central ensanduichado


entre duas camadas exteriores
muito finas

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Materiais Compósitos: compósitos
de matriz polimérica

COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA

MATRIZ REFORÇO

Termoendurecíveis Termoplásticos Fibras Fibras Fibras Cerâmicas Metais


plásticas carbono vidro
Resina de epóxido PP, PC, Aramido HM E SiC Arame
Resina de poliéster PA (poliamida), PP HS S Al2O3
Resina fenólica PEEK (poli-éter- PE B
Resina de viniléster éter-cetona)

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Materiais Compósitos: compósitos
de matriz cerâmica

COMPÓSITOS DE MATRIZ CERÂMICA

MATRIZ REFORÇO

Cerâmica Partículas Fibras contínuas Fibras descontínuas


Alumina SiC SiC SiC
Nitreto de silício TiC Al2O3
Carboneto de silício Grafite
Grafite Boro
Vidros

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Materiais Compósitos: compósitos
de matriz metálica
COMPÓSITOS DE MATRIZ METÁLICA

MATRIZ REFORÇO

Metálica Partículas Fibras curtas Fibras contínuas Monofilamentos


Ligas de alumínio Al2O3 Grafite Grafite SiC
Ligas de magnésio SiC Al2O3 Boro Boro
Ligas de titânio TiB2 SiC, Al2O3

Materiais compósitos de matriz metálica microestruturados:


(a) metais reforçados com partículas; (b) metais reforçados
com fibras curtas; (c) metais reforçados com fibras contínuas;
(d) metais reforçados com monofilamentos

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Materiais Compósitos: propriedades
Propriedades da matriz
As matrizes poliméricas têm em geral baixa resistência e baixo ponto de fusão

As matrizes metálicas têm maior resistência e maior ponto de fusão, mas são mais pesadas

As matrizes cerâmicas têm boa resistência a temperaturas extremamente elevadas, mas


pouca tenacidade
Ligação fibra-matriz
Se não houver boa aderência da matriz à fibra, não há distribuição de esforços eficiente

Existem fibras de boro com revestimento de SiC, para aumentar a aderência

O coeficiente de expansão térmica deve ser muito semelhante entre fibras e matriz

Fracção volúmica de fibras


Quanto maior for a fracção volúmica de fibras, maior será a resistência do compósito, até
valores limite entre 70 e 80%, a partir do qual deixa de haver “molhagem” total das fibras
pela matriz.

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Materiais Compósitos: propriedades

(a) Fraca aderência entre as fibras e a matriz; (b) Excelente aderência entre fibras e matriz

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Materiais Compósitos: propriedades
A resistência mecânica é fortemente
Propriedades previsíveis: dependente da ligação entre fibras e matriz,
sendo por isso difícil de prever teóricamente
◼ Massa volúmica e densidade

◼ Módulos de elasticidade

COMP . = V f  f + Vm  m

E L = V f E f + Vm E m

1 V f Vm
= +
ET E f E m

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Materiais Compósitos: propriedades
Controlo de Propriedades

Razão L/d das fibras:

Quanto maior for este valor,


maior será a resistência
da fibra e consequentemente,
do compósito onde se insere

Área de secção transversal relativa


e forma de uma grande variedade
de fibras de reforço

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Materiais Compósitos: propriedades
Controlo de Propriedades

Orientação das fibras:

a resistência será máxima


Quando as fibras estiverem
orientadas com o esforço (sendo
mínima na direção perpendicular)

Variação de propriedades com


a orientação das fibras para
uma liga de titânio reforçada
com fibras de boro

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Materiais Compósitos: propriedades
Controlo de Propriedades

Devem usar-se
fibras com
elevadas
resistência e
rigidez
específicas

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Materiais Compósitos: propriedades

Resistência específica de não


compósitos e de compósitos

Fibras de vidro com polímero (polipropileno)

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Compósitos avançados
Resistência específica de compósitos de
Maior tenacidade à fratura em relação aos
matriz cerâmica
cerâmicos não reforçados
Usados em aplicações de elevada
temperatura

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Compósitos avançados
Resistência específica de compósitos de
Compósitos de matriz metálica matriz metálica

. Podem ser usados a temperaturas


superiors em relação aos de matriz
polimérica

. Possuem maior resistência mecânica


do que o metal da matriz não
reforçado

. Para T maior atenua-se a vantagem


da resistência específica

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Materiais Compósitos: compósito natural

Compósito natural: A árvore é um bom exemplo de compósito natural, uma vez que consiste de celulose (material fibroso
da árvore) e lignina (polímero natural), formando a parede das células da madeira e reforçando o material entre elas.

Macroestrutura anisotrópica
da madeira

(b)

(a)
(a) Esquema da microestrutura de madeiras macias: TT- cross-sectional face, RR - radial face, TG -
tangencial face, AR - annual ring, S - early (spring wood), SM - late (summer) wood,WR - wood ray,
FWR - fusiform wood ray, VRD - vertical resin duct, HRD - horizontal resin duct, BP - bordered pit, SP -
simple pit, TR - tracheids; (b) Micrografia (SEM) mostrando a microestrutura do pinho.

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Compósitos de Matriz Polimérica

Um compósito reforçado com fibras é, pois, um material em que as fibras de


comprimentos, orientação e teor volumétrico variáveis são aglutinadas por
um segundo elemento, designado por matriz, que, embora com uma
contribuição modesta na resistência do conjunto, assegura a distribuição
das cargas pela generalidade das fibras permitindo que elas
trabalhem solidariamente.

Estes materiais podem ainda ser de diversos tipos consoante a natureza das
fibras e das matrizes e o conjunto de parâmetros geométricos atrás
referidos. No que respeita à natureza dos constituintes, é habitual
distinguir duas famílias principais: Compósitos Avançados e os PRFV

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Compósitos de Matriz Polimérica: avançados

Compósitos avançados (ou de elevado desempenho) que usam fibras de


elevado módulo de elasticidade e grande resistência mecânica -
carbono, aramídicas (Kevlar) e, menos correntemente, boro, carboneto de
silício e alumina – reforçando matrizes poliméricas com características
especiais, sobretudo resinas epóxido, matrizes metálicas leves ou matrizes
cerâmicas.

Estes materiais possuem propriedades mecânicas excecionais com baixo


peso (baixa densidade), mas o elevado custo tende a limitar o seu uso
às industrias aeronáutica, aeroespacial e nalgumas áreas particulares
incluindo aplicações militares, desportivas e de lazer.

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Compósitos de Matriz Polimérica: PRFV

Plásticos Reforçados com Fibra de Vidro (PRFV), constituídos por


combinação deste tipo de fibra com alguns plásticos de uso corrente,
nomeadamente termoendurecíveis e termoplásticos; 95% dos PRFV com
matrizes termoendurecíveis são resinas poliéster insaturado; estes
materiais são já de uso corrente na generalidade dos campos industriais
devido ao seu baixo custo: construção civil, mecânica e naval, indústrias
química, automóvel, de material elétrico, de utilidade diversas, etc.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

Os compósitos poliméricos são actualmente utilizados numa grande variedade


de componentes de estruturas automóveis, aeroespaciais, náuticas e de
arquitectura e também em produtos de consumo como skis, tacos de golf,
raquetes de ténis, etc.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações
Visto que muitas das tecnologias dos compósitos comuns evoluíram a
partir das aplicações aeroespaciais, é apropriado começar esta breve
descrição por esse sector. Projetistas de aviação militar foram dos
primeiros a aperceberem-se do potencial dos materiais compósitos com
uma alta resistência e rigidez específica já que o desempenho e
manuseamento daqueles veículos dependia fortemente do seu peso. A
construção com compósitos também conduzia a superfícies lisas (sem
rebites ou rebarbas), o que reduzia o atrito.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações
As aplicações estruturais de compósitos em aviões comerciais têm vindo a aumentar em
função da queda dos custos dos materiais, do desenvolvimento do projeto e da
tecnologia de produção. No Boeing 767, isso corresponde a cerca de 3% em peso, o
que equivale a um ganho de 635kg. Cerca de 30% da superfície exterior deste avião
consiste em compósitos, trazendo benefícios em termos de corrosão e resistência à
fadiga. Os compósitos têm sido usados de uma forma conservadora em estruturas
secundárias de aviões, no entanto, em alguns dos aviões de negócios mais pequenos já
existem compósitos em estruturas primárias.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

Aplicações estruturais de compósitos num Boeing 737-300

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

Secção transversal das pás usadas


Hélices em compósito
numa aeronave e num hovercraft

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

Devido ao elevado custo por unidade de peso para colocar objectos no


espaço, o valor do peso que se economiza é ainda maior ao nível do
espaço do que na aviação.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

O casco do navio é feito em estrutura sanduíche com faces


em Kevlar/epóxido e núcleo em espuma de PVC, obtendo-se Uma prancha de windsurf é normalmente feita em
com esta construção uma maior resistência ao impacto com kevlar/epóxido ou vidro/epóxido (componentes a azul).
menor peso. As velas são também reforçadas com fibras. O mastro é particularmente importante, pois a sua
deformação elástica determina a forma da vela e, por
conseguinte, a eficiência e a velocidade da prancha.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

Aplicações diversas de compósitos em


em artigos de desporto e lazer. A sua
utilização destina-se, em geral, a poupar
peso, ganhando rigidez e resistência e,
por vezes, permitindo configurações
mais atractivas que as ligas metálicas,
devido à facilidade de moldagem.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

As Fibras de Vidro reforçadas com Polímeros continuam a dominar as


aplicações dos compósitos para automóvel. Neste sector, os compósitos
avançados ainda não fizeram uma incursão significativa.

Perfis e outros elementos estruturais podem ser feitos através de fibras


reforçadas com polímeros usando o processo de pultrusão. A resistência à
corrosão e o isolamento elétrico e térmico são vantagens acrescidas dos
compósitos comparados com os aços nestas aplicações.
Provavelmente a razão mais comum porque os compósitos poliméricos são
usados nas aplicações estruturais é que eles oferecem uma dada
propriedade, geralmente a rigidez, a um peso mais baixo que a
concorrência, sendo esta, na maior parte das vezes, efetuada pelo metal e
em algumas aplicações também pelo plástico, madeira ou betão.

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Compósitos de Matriz Polimérica: aplicações

Apesar das excepcionais propriedades mecânicas e físicas desta classe de


materiais – evidenciadas por várias aplicações impressionantes na indústria
de aviação e aeroespacial – a parte de materiais compósitos não progrediu
significativamente nos sectores mais tradicionais da indústria.
A forte ligação que é tradicionalmente mantida entre materiais compósitos e
estruturas de alto desempenho e que estes se realizam à custa de
tecnologias avançadas e dispendiosas, pode limitar actualmente o
desenvolvimento industrial dos compósitos, dado que isto contribui para a
difusão da ideia errada que as aplicações de compósitos devem ser
restringidas a aplicações avançadas.

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Compósitos de Matriz Polimérica: mercado
Os compósitos têm se tornado materiais de uso comum em muitos sectores de
actividade como pode ser observado pelas estatísticas dos consumos destes
materiais em termos de peso (ver fig. seguintes).

Distribuição do consumo de materiais compósitos na Europa no ano de 1996 (por Distribuição do consumo de materiais compósitos nos Estados Unidos no ano de
peso). Exemplos de aplicações nos respectivos sectores: 1996 (por peso). Exemplos de aplicações nos respectivos sectores:
Transportes: rodoviários, ferroviários, aquáticos e em aplicações aéreas, Transportes: aplicações nos transportes rodoviários e ferroviários.
exceptuando equipamento industrial e agrícola. Produtos de consumo: equipamento desportivo e de jardinagem.
Construção: construção em geral, engenharia civil, interiores de cozinhas e casas Aparelho/Equipamento comercial: electrodomésticos.
de banho.
Outra: aplicações médicas.
Equipamento Industrial/Agrícola: tanques, depósitos, silos, tubos.
As outras categorias coincidem com a figura anterior.
Eléctrico/Electrónico: placas para circuitos, equipamentos domésticos e
materiais de isolamento.
Produtos de consumo: mobiliário e electrodomésticos.
Desporto/Lazer: skis, barcos, piscinas.

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Compósitos de matriz termoplástica

Algumas das vantagens das matrizes termoplásticas em relação às


termoendurecíveis resultam de elas apresentarem:
- maior tenacidade e durabilidade,
- melhor comportamento em condições de carregamento cíclico,

- maior facilidade de armazenamento,


- possibilidades de reciclagem

- e um processamento sem reacções químicas.


No entanto, a elevada viscosidade característica dos termoplásticos
constituiu-se como principal entrave à sua utilização como matriz nos
materiais compósitos, o que limitou muito a sua aplicação até à década de
70.

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Compósitos de matriz termoplástica
De facto, não se tinham desenvolvido técnicas que permitissem impregnar
os reforços fibrosos utilizados nos compósitos (vidro, carbono e
aramida), em termos economicamente comparáveis aos das resinas
termoendurecíveis.

Assim, o crescimento acentuado do mercado dos materiais compósitos


verificado nos anos 70, resulta essencialmente do sucesso verificado na
aplicação de peças processadas por compressão a quente ou por
injeção de resina termoendurecível (normalmente poliéster) reforçada
com fibras de vidro.
Estes materiais permitiam aliar boas propriedades mecânicas, qualidade final e
reprodutibilidade de peças a um aumento significativo das cadências de
produção relativamente a métodos mais artesanais como a moldação
manual e a moldação por projeção.
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Compósitos de matriz termoplástica

O sucesso da sua aplicação deve-se sobretudo à boa aceitação conseguida


por estes materiais nas industrias automóvel e eléctrica/electrónica.

A abertura do mercado automóvel, a partir de 1975, à aplicação dos GMT´s


(Glass Mat Thermoplastics), que são pré-impregnados de matriz
termoplástica reforçados com mantas de vidro processáveis por
compressão a quente, proporcionou um crescimento do mercados dos
termoplásticos reforçados ao longo dos anos seguintes.

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Compósitos de matriz termoplástica

Na indústria automóvel, continuam a ser razões fundamentais para este


aumento a diminuição de peso, a resistência à corrosão, o bom
comportamento ao choque e a diminuição significativa de componentes
que resulta da aplicação de compósitos e que se traduz numa redução
efetiva dos custos de armazenagem, transporte e montagem. As
principais aplicações de compósitos de fibras longas são: estruturas para
assentos, pára-choques, suportes para o painel de instrumentos,
invólucros de “air-bags”, suportes da bateria, outros suportes na zona
do motor, grelhas frontais e painéis exteriores em geral.

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Compósitos de matriz termoplástica

Na indústria elétrica/eletrónica os compósitos são utilizados numa vasta


gama de produtos, que vão desde os circuitos impressos até aos mais
variados tipos de conexões, tomadas e outros tipos de ligação. Os
compósitos com fibras longas têm um mercado promissor na construção de
antenas parabólicas, caixas para equipamento elétrico/eletrónico e
telefónico, tambores de máquinas de lavar e como invólucro para um a
grande quantidade de eletrodomésticos que vão desde os berbequins a
máquinas de lavar a roupa e loiça.

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Matrizes termoplásticas

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Propriedades compósitos poliméricos

Os materiais compósitos consistem basicamente em dois constituintes


sólidos macroscopicamente distintos com diferentes propriedades físicas e
mecânicas (as fibras têm diâmetro à volta de 7-15 m), sendo dessa forma
intrinsecamente heterogéneos. Nestes materiais, o objetivo é retirar o
máximo de proveito da combinação das diferentes propriedades dos seus
constituintes. As características efetivas dos materiais dependem
principalmente das propriedades, fração volúmica e disposição das fibras
assim como da matriz. A orientação das fibras pode ser fixada de modo a
serem atingidos valores de resistência e rigidez especificados; o
comportamento mecânico a uma escala macroscópica já não é isotrópico
mas sim anisotrópico.

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Propriedades compósitos poliméricos

Existem numerosas vantagens potenciais dos compósitos, nomeadamente as


suas excelentes capacidades estruturais, incluindo a sua baixa densidade,
resistência à corrosão, isolamento eléctrico, redução de custos de
ferramentas e montagem, etc.

Mas as desvantagens também não podem ser ignoradas. É provavelmente


verdade se ignorarmos o custo, o compósito polimérico pode ter uma
performance superior sobre qualquer outro material de engenharia em
muitos aspetos exceto na tolerância à temperatura.

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Propriedades compósitos poliméricos

Com efeito, os materiais compósitos mais vulgares são construídos com


matrizes poliméricas, cuja temperatura máxima de utilização pouco pode
exceder a centena de graus, sendo, além disso, inerentemente inflamáveis,
em maior ou menor grau. Só raramente é que o custo não é importante,
assim temos que levar em linha de conta as características indesejáveis
dos compósitos, tal como o alto custo das matérias primas, falta de
conhecimento e experiência e ainda dificuldade de processamento.
O papel da resina, embora menos saliente, não é contudo, desprezável, dado
que ela assegura a distribuição pelas fibras das cargas aplicadas. A sua
fissuração representa a falência localizada desta função e o seu
comportamento reológico determina, em larga medida, o comportamento
do material a longo prazo.

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Propriedades compósitos poliméricos

A capacidade do material para suportar a agressividade do meio em que


vai estar inserido (acções químicas, radiação, temperatura, etc.), depende,
fundamentalmente, das propriedades da resina. Além do mais, as
propriedades das resinas, usadas como matriz podem ser ajustadas
cuidadosamente usando cargas e aditivos.

A matriz polimérica permite uma considerável extensão das propriedades dos


compósitos: fácil moldação, baixos custos de produção, resistência à
corrosão, poucas limitações quanto à forma e tamanho (elevada precisão
dos componentes moldados, baixas temperaturas e pressões de
moldação), melhor integração das funções e reduções das montagens.

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Propriedades compósitos poliméricos

A heterogeneidade do material, ou seja, a diferença entre as características


das fibras e das matrizes, origina directamente um estado de tensão interno
heterogéneo à escala dos constituintes devido a:

✓ às forças mecânicas que actuam no componente (puramente tensões


mecânicas);
✓ À diferença entre a temperatura de cura e de serviço (tensões residuais de
fabrico);
✓ À mudança de temperatura e humidade ao longo da espessura do material
(tensões residuais devida às mudanças da condições ambientais).

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Propriedades compósitos poliméricos
As tensões devidas às diferenças de temperatura e humidade no material são
particularmente activas na interface fibra-matriz. Podem induzir a delaminação
localizada e gradualmente conduzir a uma queda acentuada das propriedades
estruturais. Além de ser o meio preferencial para a difusão da humidade através
do compósito (o efeito de capilaridade pode ocorrer ao longo da interface por
exemplo), a absorção da água geralmente aumenta a taxa de deterioração do
material (microfissuras e fissuras).
A ligação entre a fibra e a matriz tem um papel vital nas propriedades dos
compósitos; governa as características termomecânicas do material e o seu
tempo de vida.
As propriedades da interface são funções de um elevado número de parâmetros
de diferentes origens, em particular dependem acentuadamente da qualidade
do processo de fabrico. A resistência à delaminagem em laminados com
empilhamento das camadas é função da adesão interlaminar.
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Propriedades compósitos poliméricos

As propriedades físicas e mecânicas dos laminados em compósitos reforçados


dependem da orientação e da sequência do empilhamento das camadas. A
tabela seguinte apresenta algumas características elásticas no plano típicas de
placas laminadas macroscopicamente homogéneas. O eixo x coincide com a
direcção das fibras unidireccionais, com a direcção do tecido para os
compósitos reforçados com tecidos ou qualquer direcção no caso de materiais
compósitos, reforçados com fibras aleatórias (neste caso, as direcções x e y
são necessariamente equivalentes).

Os módulos da tabela são expressos num sistema de coordenadas particular, o


sistema de coordenadas do material, definido pelas direcções da fibra. Os seus
valores podem ser medidos experimentalmente através de ensaios
normalizados de tracção e de corte feitos segundo as direcções materiais do
compósito.

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Propriedades compósitos poliméricos

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Propriedades compósitos poliméricos

As fibras assumem-se elásticas, isotrópicas ou anisotrópicas e frágeis; pelo


contrário, o comportamento da matriz é geralmente não linear e fortemente
dependente das condições ambientais (humidade e temperatura).

A generalidade das fibras apresenta um comportamento elástico até á rotura e


é muito pouco sensível à permanência da situação de carga durante
períodos longos, se estiverem convenientemente protegidas dos
fenómenos de corrosão sob tensão. Esta função é desempenhada pela
matriz. As matrizes plásticas têm um comportamento viscoelástico, mas,
nas variedades termoendurecíveis, a intensidade dos fenómenos de
fluência e relaxação é atenuada pela estrutura molecular reticulada
existente.

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Propriedades compósitos poliméricos
As propriedades mecânicas, físicas e químicas de um compósito dependem
em primeiro lugar dos seus constituintes: fibras e matriz. A tabela seguinte
apresenta algumas das propriedades termomecânicas dos materiais
usados industrialmente:
Fibras TS TP
Propriedades E C(HR) Aram. UP EP PC PP

 (103 Kg m-3) 2.6 1.75 1.45 1.2 1.4 1.2 0.9


Ex (GPa) 75 250 125 2.5 3.5 2.3 1.3
Ey (GPa) 75 20 - 2.5 3.5 2.3 1.3
xy 0.2 0.3 0.35 0.4 0.4 0.3 0.3
R long. (MPa) 1800 2800 3000 50 80 60 30

 para R (%) 3 1 2.5 3 3 80 200


x (10-6 C-1) 5 -0.3 -2 150 30 70 110
 y (10-6 C-1) 5 10 60 150 30 70 110

Características mecânicas típicas de fibras e matrizes mais utilizadas (UP: poliester, EP: epóxida, PC: policarbonato, PP:
polipropileno, C (HR): carbono de elevada resistência mecânica, TS: termoendurecíveis, TP : termoplásticos).

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Propriedades PRFV

Os Plásticos Reforçados com Fibras de Vidro constituem uma família de


materiais cuja aplicação estrutural na generalidade dos campos industriais
tem conhecido ritmos de crescimento assinaláveis, desde o seu
aparecimento no decurso da 2ª Grande Guerra. As principais razões
responsáveis por este sucesso encontram-se na elevada resistência que o
vidro apresenta na forma de fibra (cerca de 3,5 GPa, no estado virgem), na
tenacidade proporcionada pela matriz plástica e na grande versatilidade
das tecnologias de fabrico, capazes de se adaptarem a formas e
dimensões muito diversas e de incorporarem diferentes tipos de matrizes
plásticas e de configurações de esforço. No entanto, possui um módulo de
elasticidade relativamente baixo (cerca de 70 GPa), o que constitui, por
vezes, um óbice em muitas aplicações.

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Propriedades PRFV

O PRFV é utilizado numa vasta gama de aplicações nas industrias automóvel,


náutica, de construção, eléctrica e electrónica, mas usualmente poucas
vantagens são retiradas das propriedades anisotrópicas dos materiais. Os
reforços são na sua maioria mantas de fibras cortadas e tecidos de acordo
com a aplicação.
A variedade dos plásticos reforçados é, hoje, muito numerosa. Uma primeira
grande ramificação do grupo pode ser encontrada em torno da natureza
termoplástica e termoendurecível da matriz, que conduz a uma diferença
acentuada nos processos de fabrico envolvidos e, consequentemente, nas
dimensões características e tipos de aplicações das peças.
Os termoendurecíveis e os termoplásticos reforçados com fibras de vidro são
os materiais compósitos mais utilizados em aplicações industriais,
fundamentalmente pelo seu baixo custo.

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Propriedades PRFV

Apesar de tudo, as suas características mecânicas atingem habitualmente


níveis muito razoáveis, apesar de se manterem abaixo das características
dos compósitos de fibras de carbono e aramidas, com as quais são
sistematicamente comparadas.

As suas boas propriedades mecânicas, térmicas, dieléctricas, resistência à


corrosão, bem como a possibilidade de se atingirem características que
não seriam atingíveis de outro modo – são materiais potencialmente
fabricados à medida -, tornam estes plásticos reforçados altamente
atractivos para o estímulo do progresso tecnológico.

Paulo Novo e Pedro Martinho 65


Propriedades PRFV
O sucesso das resinas termoendurecíveis, como matriz para a constituição
de plásticos reforçados, deriva da possibilidade de as obter num nível
intermédio de polimerização a que corresponde o estado líquido. A
impregnação de reforços, de configuração complexa e compacta, torna-se
uma operação relativamente fácil à temperatura ambiente, a que se segue a
solidificação ou cura da resina por diferentes meios, designadamente pela
prévia adição a frio de reagentes químicos.
No que se refere a reforços as fibras de vidro continuam a ser de longe (99%) o
reforço mais utilizado no fabrico de materiais compósitos. De facto, o elevado
custo das fibras de carbono continua a ser o principal entrave à sua
aplicação. Apesar das suas excelentes propriedades mecânicas e da intensa
procura de processos mais económicos para a produção de fibras de
carbono (Pitch, VGCF), não é previsível que a actual situação sofra
modificações significativas.

Paulo Novo e Pedro Martinho 66


Propriedades PRFV

A presença de um elemento de alta resistência e módulo dá a um meio


heterogéneo um excelente comportamento mecânico. As tensões são
transmitidas à fibra por uma interface com boa resistência ao corte. A
coesão do compósito é obtida pela resina. As deformações médias são
idênticas na resina e na fibra; como o módulo da fibra é muito maior que o
da resina (pelo menos 20 vezes), a tensão é quase totalmente suportada
pela fibra e a resina tem de ser optimizada com uma boa resistência ao
corte.

Não há dúvida que as fibras nos permitem obter a máxima resistência à


tracção e rigidez de um material, mas há várias desvantagens na utilização
de um material na forma de fibra.

Paulo Novo e Pedro Martinho 67


Propriedades PRFV

Assim, as fibras são geralmente menos usadas como fibras isoladas porque
não podem suportar cargas compressivas longitudinais e as suas
propriedades mecânicas transversais não são geralmente tão boas como
as correspondestes propriedades longitudinais. Assim, as fibras são menos
utilizadas como materiais estruturais a menos que possam permanecer
juntas numa unidade estrutural com materiais ligantes ou matrizes (material
compósito) e a menos que seja fornecido algum reforço transversal. Por
sorte, a configuração geométrica das fibras também permite ser muito
eficaz do ponto de vista da interacção com o ligante ou matriz.
O reforço transversal é geralmente fornecido pela orientação das fibras em
vários ângulos de acordo com o campo de tensões no componente.

Paulo Novo e Pedro Martinho 68


Propriedades PRFV

É comum o uso de partículas de carga nos compósitos devido a uma grande


variedade de razões, como a redução de peso, redução de custos,
supressão de chama e fumo e prevenção da degradação por ultravioletas
devido à exposição ao sol.
Nos compósitos moldados por injecção, o reforço é geralmente incorporado na
forma de fibras muito curtas para proporcionar uma máxima resistência ao
produto. Pela mesma razão, os compósitos reforçados com fibras longas
ou contínuas são preferíveis em aplicações estruturais.

Quando a espessura dos reforços aumenta, torna-se progressivamente mais


difícil proceder à sua impregnação eficiente com a matriz de modo a
colmatar todos os vazios e a remover o ar intersticial.

Paulo Novo e Pedro Martinho 69


Reforço

O reforço é o constituinte que primariamente suporta as cargas estruturais a


que o compósito é sujeito. O reforço por essa razão determina, num grau
significativo, a rigidez e a resistência do compósito. O reforço pode-se
apresentar em forma de fibras, partículas e whiskers.
As fibras tem um rácio comprimento-diâmetro que se aproxima do infinito e
um diâmetro na ordem dos 10 m. As fibras mais comuns são as de vidro,
carbono e aramida.
A densidade linear dos feixes de fibras pode ser quantificada de diversas
formas. O número TEX identifica o peso em gramas por 1000m de material.

Paulo Novo e Pedro Martinho 70


Reforço

Para ser possível reforçar a matriz, as fibras devem apresentar as


seguintes características:
✓ Um módulo de elasticidade consideravelmente mais elevado que o
material plástico a ser reforçado
✓ Uma tensão limite de elasticidade mais elevada
✓ Estar numa forma conveniente para ser combinado com o plástico

✓ Produzir a melhor adesão possível com a matriz (resina) base.

Nota: Quando se utilizam fibras, particularmente fibras longas, cria-se uma


nova classe de materiais anisotrópicos.

Paulo Novo e Pedro Martinho 71


Reforço
As partículas tem rácios comprimento-diâmetro na ordem da unidade e
dimensões que variam entre o diâmetro das fibras e vários milímetros. As
partículas não têm direções preferenciais. Constituem um meio de
melhorar as propriedades ou diminuir os custos de um material
isotrópico ou são usados num compósito para a supressão de chama e
fumo e da prevenção da degradação por ultravioletas devido à
exposição ao sol.

Os whiskers tem um rácio comprimento-diâmetro na ordem de 10-1 e


diâmetros de 0.1 a 1 m. São mono-cristais puros produzidos através de
deposição por vapor químico e têm assim direções preferenciais. São
extremamente caros e são usados para o reforço de materiais de
construção isotrópicos e o material formado é assim também considerado
devido à dispersão aleatória na matriz.

Paulo Novo e Pedro Martinho 72


Reforço: fibras de vidro
O vidro E, cuja designação provém do seu antigo uso em componentes da
indústria de material eléctrico, é quimicamente uma mistura de óxidos de
dois tipos:

✓ Óxidos de silício (SiO2) e de boro (B2O3), formando uma rede


tridimensional (regular, enquanto isolados);
✓ Óxidos de alumínio (Al2O3 ), de cálcio (CaO) e de metais alcalinos
(Na2O e K2O), estes últimos em percentagens diminutas, que modificam a
rede, distorcendo-a e quebrando-lhe a regularidade, obtendo-se um
conjunto não cristalino.

Existem ainda outros tipos de vidro (R e S), com elevado teor de sílica e
composição global muito semelhante entre si e que possuem melhores
propriedades que o vidro E, nomeadamente, melhor rigidez, resistência e
tolerância à temperatura. Os seus custos são maiores e utilizam-se em
aplicações de alto desempenho.
Paulo Novo e Pedro Martinho 73
Reforço: fibras de vidro

Em aplicações que envolvam o contacto com fluidos agressivos, é, ainda,


habitual a construção de uma camada superficial muito fina (cerca de 0,5
mm) e com grande teor em resina, que pode ser reforçada com uma
pequena quantidade de vidro C. Este tipo de vidro, cuja designação deriva
da sua resistência química, não é, porém, usado nas camadas que
fornecem resistência mecânica.

O processo habitual de fabrico da fibra de vidro inicia-se pela prévia fusão


dos componentes do vidro em fornos de ligas de platina, que contêm
orifícios muito pequenos. Estes funcionam como pequenas fieiras para a
produção de filamentos contínuos, que sofrem, à saída, um tratamento de
superfície polivalente. A figura seguinte mostra como as fibras de vidro são
produzidas.

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Esquema de produção de fibras de vidro

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Reforço: fibras de vidro

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Paulo Novo e Pedro Martinho 79
Reforço: fibras de vidro
A importância do acabamento superficial (ensimagem ou “sizing”)

A ensimagem é optimizada para satisfazer numerosos critérios: forma,


processamento do fio, qualidade do reforço no compósito e
propriedades de envelhecimento. A ensimagem deve tornar fácil a
obtenção de formas independentemente do processo e da geometria. A
estabilidade da emulsão do acabamento superficial facilita a produção da
fibra. O processamento do fio para fabrico de compósitos é frequentemente
muito severo para o vidro; o acabamento superficial deve limitar esse
efeito.
O efeito mais conhecido da ensimagem é a sua consequência na qualidade
do reforço. Esse efeito é obtido por uma boa compatibilidade da resina e
do vidro promovida pelo acabamento superficial.

Paulo Novo e Pedro Martinho 80


Reforço: fibras de vidro
Um agente de ligação, geralmente um silano (composto orgânico de silício),
reage por um lado com o vidro através das funções hidroxílicas, e, por
outro lado, com a resina pela sua função orgânica específica. Por exemplo,
um aminosilano é frequentemente escolhido para o reforço duma resina
epóxida. A ensimagem também contém um ligante cuja função é unir os
filamentos durante o processamento e possivelmente criar compatibilidade.

Finalmente, a importância do tratamento superficial nas características de


envelhecimento tem de ser evidenciada. Sem proteções especiais, a
interface é um caminho de penetração privilegiado de agentes externos
agressivos e especialmente a água.
O vidro e a resina estão, então, diretamente expostos e o compósito pode
rapidamente perder parte das suas propriedades. A forte adesão induzida
pelo tratamento superficial minimiza este efeito.

Paulo Novo e Pedro Martinho 81


Reforço: fibras de vidro

Assim, o produto usado na ensimagem é, normalmente, uma mistura de


quatro compostos:
✓ Um agente de adesão (geralmente compostos orgânicos de silício), que
protege o vidro da humidade e favorece a ligação química à resina;

✓ Um ligante («binder») – normalmente suspensões ou emulsões de poli-


acetato de vinilo (PVA), resinas de poliéster ou epóxido - que procuram
promover um filme superficial contínuo, para evitar movimento e melhorar a
resistência à abrasão, favorecendo a aglutinação de fibras paralelas;
✓ um agente antiestático;

✓ um lubrificante.

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Reforço: fibras de vidro
Os filamentos são, em geral, associados em feixes (“strand”) de cerca de 200,
que são por sua vez enrolados, sob tensão e sem torção apreciável, em
torno de mandris. Estes feixes tem um número de TEX variável, mas o
número habitual é de 40.

O feixe é a estrutura de base para posteriores operações de transformação.


As configurações finais, mais comuns, de Reforço são as seguintes:

✓ fio contínuo (“roving”), obtido pela ligação paralela de feixes paralelos


sem torção intencional; Os Tex mais comuns variam entre os 300 e os
4800. É especialmente usado em enrolamento filamentar e pultrusão
onde se exigem fios contínuos longos. Neste caso, os fios contêm,
normalmente, 3,6 ou 12 feixes. A camada produzida com os fios é
unidirecional e a resistência e o módulo de elasticidade mais elevados
ocorrem na direção da fibra.

Paulo Novo e Pedro Martinho 83


Reforço: fibras de vidro
Os “Rovings” podem também ser aplicados para produção de SMC, mantas e
em pistolas de projeção.

✓ Tecido de fios ou cordões (“woven roving” ou “fabric” respetivamente),


construído pelos cordões segundo duas direções, em geral
perpendiculares;

Existem bastantes variedades de tecido, que diferem consoante a proporção


relativa da fibra segundo as duas direções, a textura da malha e as
características do fio usado (carbono, aramida, vidro).
Paulo Novo e Pedro Martinho 84
Reforço: fibras de vidro
Proporção relativa da fibra: os tecidos podem ser equilibrados ou
balanceados sobre uma das direções. A textura da malha é, em geral,
caracterizada pelo entrecruzamento máximo, isto é, cada fio contorna por
lados diferentes os fios perpendiculares contíguos. Os tecidos são
especialmente usados em enrolamento (camada final para compensar falta
de resistência), moldação manual e em préformas.

A grandeza normalmente escolhida é a sua massa por superfície (expressa


em g/m2 e designada na linguagem corrente por gramagem). São
vulgares valores entre 300 e 800 g/m2.

“woven roving” vidro


“woven fabric” carbono Tecido híbrido carbono/aramida

Paulo Novo e Pedro Martinho 85


Reforço: fibras de vidro

Tecidos em fibra de vidro multidireccionais

Paulo Novo e Pedro Martinho 86


Reforço: fibras de vidro
A Manta (“mat”), formada por troços de fios ou feixes, dispostos sobre um
plano segundo direções aleatórias e mantidos em conjunto por um
aglutinante fraco.

As configurações de reforço com dispersão aleatória das fibras podem ser


conseguidas, quer por corte direto de feixes ou fios durante o fabrico ou
durante a preparação de pré-impregnados, quer por construção prévia de
mantas por corte de feixes e aglutinação dos respetivos troços (“chopped
strand mat”). Existem mantas construídas por feixes contínuos, cuja
utilização se circunscreve aos processos de fabrico que envolvem a injeção
de resina. A gramagem das mantas está compreendida entre 200 e
600g/m2.

As aplicações de vidro C, anteriormente apontadas, são constituídas por uma


configuração aleatória de fibras muito pouco encorpada (cerca de 25 a 40
g/m2), que se designa por manta de superfície.
Paulo Novo e Pedro Martinho 87
Reforço: fibras de vidro

Mantas de filamentos contínuos Mantas de filamentos cortados

Mantas de superfície “véu”

Paulo Novo e Pedro Martinho 88


Reforço: fibras de vidro
Pré-forma 3D em fibra de vidro

Entrançado em forma tubular

Pré-forma em fibra de carbono

Paulo Novo e Pedro Martinho 89


Reforço: fibras de vidro
✓ Fibras cortadas – são fibras de comprimentos entre 0.5mm a 50 mm a
misturar com resinas e outros aditivos para preparar compostos para
moldação por injecção ou compressão.

✓ Fibras moídas – São constituídas por vidro fibroso em comprimentos entre


0.05 a 0.5 mm. São usadas para reforçar componentes termoplásticos
onde as exigências de resistência mecânica são baixas ou moderadas e
para reforçar cargas e colas.
✓ Produtos compostos – com os processos de prensagem a quente e
injeção, o método mais conveniente é usar um “composto” de moldação
pré-preparado ao qual se adicionam todos os ingredientes necessários.
Esta técnica elimina erros de mistura e possibilita cadências de produção
mais elevadas. Os compostos de moldação podem ser divididos nas
seguintes categorias:

Paulo Novo e Pedro Martinho 90


Reforço: fibras de vidro
➢ <<Dough ou Bulk Moulding Compounds>> (pré-misturas) – estes
“compostos “ consistem num sistema de resina contendo fibras cortadas e
cargas. Pode-se acrescentar, se necessário, pigmento.

O tamanho das fibras varia entre 3 a 50mm.


O “dough moulding compound” (DMC) é uma mistura de fibras e resina tipo
massa de farinha. O “bulk moulding compound “ refere-se a um composto
baseado em resina poliéster.
➢ <<Sheet Moulding Compound>> (SMC) – (composto de moldação em
placa) – são invariavelmente baseados em resinas poliéster, e são
formados por “rovings” cortados impregnados por resina com carga, à qual
outros aditivos são acrescentados. Tal como o nome indica, estes
compostos são fornecidos em forma de “chapa maleável”.

Paulo Novo e Pedro Martinho 91


Reforço: fibras de vidro
➢ <<Pré-impregnados>> - é o termo usado para descrever um reforço que é
pré-impregnado com resina antes de usar. Em geral este sistema não
contém cargas e o termo refere-se a sistemas de resina epóxido embora
outras resinas possam ser usadas.

A diferença entre pré-impregnados e SMC reside no facto de, raramente, os


pré-impregnados possuírem aditivos, cargas ou pigmentos.

Os produtos compostos poderão ter uma classificação diferente, segundo


outros autores. O reforço pré-impregnado que não contem fibras
orientadas e essencialmente fibras contínuas, não é usualmente referido
como pré-impregnado mas sim como composto de moldação.

Paulo Novo e Pedro Martinho 92


Reforço: fibras de vidro
Com compostos de moldação é mais adequado falar em resina reforçada do
que em pré-impregnados, visto que a fração de fibra tende a ser inferior
aos pré-impregnados e pode ainda alguma matriz ser substituída por cargas
de preço inferior.

➢ <<Pré-formados>> - para produtos de forma complexa, antes de


moldação, faz-se uma pré-forma. Uma pré-forma é uma manta de fios
cortados com a forma do produto pretendido, ligados com ligantes
adequados.

Paulo Novo e Pedro Martinho 93


Reforço

Paulo Novo e Pedro Martinho 94


Reforço: fibras de vidro
Principais vantagens das fibras de vidro:

 resistência à tração;
 boa compatibilidade com várias resinas;

 boa tolerância a altas temperaturas e ambientes corrosivos;

 preço;
 boa estabilidade dimensional;

 bom isolante elétrico e fraca condutividade térmica;


 incombustível

Paulo Novo e Pedro Martinho 95


Reforço: fibras de vidro
Principais desvantagens das fibras de vidro:

 baixa rigidez;
 baixa resistência à abrasão;

 Sensibilidade à humidade.

Paulo Novo e Pedro Martinho 96


Reforço: fibras de carbono
As fibras de carbono são produzidas por oxidação controlada, carbonização
e grafitização de percursores orgânicos ricos em carbono já na forma de
fibra resultando uma estrutura molecular com uma orientação ao longo do
eixo da fibra. O percursor mais comum é o PAN (poliacrilonitrilo) porque
este dá melhores propriedades à fibra de carbono.
A variação do processo de grafitização produz essencialmente fibras de alta
resistência ou de alto módulo podendo dar origem a fibras em estados
intermédios.

O diâmetro das fibras de carbono varia entre 4-11m sendo o mais comum o
de 7 m.
Uma vez formadas as fibras de carbono sofrem um tratamento superficial para
melhorarem a adesão com a matriz e um “sizing” para a sua protecção.

Paulo Novo e Pedro Martinho 97


Reforço: fibras de carbono
Estão disponíveis em diversas formas:

✓ Fios (3000 (3k), 6000 (6k), 12000 (12k), etc filamentos)


✓ Tecidos (bidirecionais e multidirecionais)

✓ Tecidos híbridos (vidro-carbono, Kevlar-carbono)

✓ Pré-impregnados com epóxido.

O elevado módulo das fibras de carbono é desejável em materiais compósitos


para aplicações estruturais de grandes exigências, especialmente para
produção de componentes do sector militar, aeronáutico e aeroespacial.

Paulo Novo e Pedro Martinho 98


Esquema de produção de fibras de carbono

How Carbon Fiber is made - YouTube

Paulo Novo e Pedro Martinho 99


Paulo Novo e Pedro Martinho 100
Reforço: fibras de carbono
VANTAGENS DESVANTAGENS
Rigidez elevada: E 100 a 600 Preço elevado
GPa
Dilatação térmica nula em Baixa resistência ao choque
termos de certas fibras
Boa condutividade térmica Resistência à abrasão limitada
Boa condutividade eléctrica Sensíveis à oxidação acima
dos 400ºC
Baixa densidade: 1,5 a 1,9 Risco de corrosão galvânica,
se em contacto com metais
Excelente resistência à
temperatura
Excelente resistência à
humidade
Grande inércia química,
resistência à maior parte dos
ácidos, bases e solventes.

Paulo Novo e Pedro Martinho 101


Reforço: fibras aramídicas
Fibras aramídicas («yarn», «roving», tecido de «roving»)

Kevlar 29, 49 e 149 são as designações comerciais para fibras orgânicas


«aramida» (poliamida aromática) com boa resistência mecânica e módulo
de elasticidade.
Kevlar 29 é referido como tendo alta tenacidade e é utilizado em armas
balísticas e em compósitos onde é requerido uma alta tolerância ao
impacto. O Kevlar 49 é considerado como tendo um alto módulo e o 49 é
o mais utilizado na maioria das aplicações em compósitos.

Devido ao seu grau de cristalinidade e a uma estrutura molecular rígida a


tolerância à temperatura é muito boa para um material orgânico (temp.
utilização até 250ºC).

O diâmetro das fibras de aramida é tipicamente de 12m, sem torção, com um


nº de filamentos que varia entre a dezena e os milhares por fio.
Paulo Novo e Pedro Martinho 102
Reforço: fibras aramídicas
Estas fibras apresentam boas propriedades mecânicas, especialmente boa
tenacidade, tolerância moderada a altas temperaturas e à resistência à
corrosão e boas propriedades eléctricas.

A compatibilidade entre a fibra e a matriz geralmente é pobre. Devido à


sua elevada tenacidade é difícil de cortar e maquinar os compósitos que
contenham esta fibras e requerem ferramentas e técnicas especiais. O seu
preço e a sensibilidade à humidade são outras desvantagens a considerar.

Paulo Novo e Pedro Martinho 103


Processo de fabrico das fibras de kevlar

1- Polimerização, formação de macromoléculas pela repetição de unidades


estruturais.

2- Extrusão do polímero no estado líquido viscoso para fieiras com orifícios


de diâmetros específicos que determinam o tamanho do filamento.

3 - Os filamentos são depois sujeitos a um processo de torção que os


transforma em fio de fibra.

4 - O fio torcido pode ser moído, dependendo do formato de fibras a


produzir.

Paulo Novo e Pedro Martinho 104


Paulo Novo e Pedro Martinho 105
Reforço: fibras aramídicas
VANTAGENS DESVANTAGENS
Rigidez elevada: E 130 GPa Baixa resistência à compressão
Boa resistência à tração Retenção importante de
humidade
Boa resistência ao impacto Sensibilidade aos ultravioletas
Fraco alongamento à rotura
Baixa densidade:1,44
Boa estabilidade térmica: -
70ºC a 180ºC
Boa estabilidade dimensional:
0,2% a 160ºC
Incombustível, não funde,
carboniza a 425ºC
Boa resistência à fadiga
Material não condutor eléctrico
Boa resistência química a
carburantes, água do mar
(excepto a ácidos e bases
fortes)
Preço intermédio

Paulo Novo e Pedro Martinho 106


Resinas Termoendurecíveis

Os termoendurecíveis mais utilizados como matrizes em compósitos são os


poliésteres insaturados, os epóxidos e os vinilesteres.
Poder-se-á dizer que, geralmente, as resinas termoendurecíveis na forma em
que são utilizadas para processamento, aparecem como uma mistura de
dois ou três componentes (resina, acelerador e catalisador). Quando os
referidos componentes são misturados na quantidade adequada provocam
a polimerização ou reação de cura.
Algumas resinas requerem a aplicação adicional de calor e pressão para se
efectuar a polimerização mas a mais usada – a resina de poliéster – tem,
normalmente, uma cura a frio, existindo também resinas epóxido com
sistemas de cura a frio.

Paulo Novo e Pedro Martinho 107


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados

Os poliésteres insaturados oferecem uma combinação atrativa de baixo preço,


propriedades razoáveis e um processamento pouco complicado. As
propriedades genéricas dos poliésteres insaturados incluem boas
propriedades mecânicas, baixa viscosidade e requisitos de cura pouco
complicados. Estas resinas resistem em geral bem aos ácidos, à água e mal
às bases, às cetonas e aos ésteres. Os inconvenientes associados a este tipo
de resina são por exemplo a baixa tolerância à temperatura, contração
significativa resultante do processo de cura e problemas de saúde
significativos. O reforço preferencial das resinas de poliéster insaturado é a
fibra de vidro, visto que é uma boa combinação em termos de desempenho e
preço.

As resinas de poliéster insaturado são, basicamente, constituídas por um polímero


linear, resultante da reação de um diácido com um diálcool, ambos orgânicos e
um deles insaturado, diluído num agente de reticulação.
Paulo Novo e Pedro Martinho 108
Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
Uma grande restrição resulta de os álcoois insaturados serem normalmente,
instáveis, pelo que, na prática se usam diálcoois saturados (glicóois), sendo
a dupla ligação fornecida pelo ácido. O custo relativo dos diácidos
orgânicos insaturados torna muito raro o uso de soluções diferentes das
que se baseiam no ácido maleico e no seu isómero “trans” – ácido
fumárico.

Na polimerização de condensação é criada uma molécula de éster e


forma-se água como subproduto. A mobilidade da molécula torna-se
limitada à medida que esta se vai tornando maior. O número de unidades
de repetição está compreendida entre 10 e100.
Paulo Novo e Pedro Martinho 109
Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados

Outro esquema:

Paulo Novo e Pedro Martinho 110


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
O produto de condensação pode ser um liquido altamente viscoso à
temperatura ambiente ou um sólido com um baixo ponto de fusão. Para um
posterior processamento do polímero, este é dissolvido num monómero de
baixo peso molecular ou diluente reactivo e o resultado é um liquido de
baixa viscosidade usualmente referido como resina. As resinas de
poliésteres insaturados contêm 35-50% de monómero em peso. O
monómero mais comum é o estireno.
A sua carência origina reticulação insuficiente e o seu excesso conduz a
produtos frágeis por formação paralela do poliestireno.

A reação entre a resina e o agente de reticulação, embora fortemente


exotérmica, não é espontânea, havendo que vencer uma barreira de
ativação. Na indústria dos plásticos reforçados, o processo de cura mais
utilizado é o da reação química a frio, mediante a junção de dois produtos,
conhecidos na linguagem corrente, por catalisador (iniciador) e acelerador.
Paulo Novo e Pedro Martinho 111
Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
Com a adição de uma pequena quantidade de iniciador à resina a reacção de
reticulação, também chamada cura ou reacção de cura, é iniciada. O
iniciador, o qual é um peróxido orgânico é adicionado numa pequena
quantidade, tipicamente 1-2% em peso.

O iniciador é a molécula cuja decomposição origina radicais livres, ou seja,


espécies químicas reactivas com um electrão não compartilhado. Os
peróxidos metil-etil-cetona (MEKP), de benzoílo e de ciclohexanona
constituem exemplos vulgares. Tratam-se de produtos inflamáveis, ou
mesmo explosivos em grandes concentrações, cuja manipulação requer
cuidados especiais.
O radical livre ataca a ligação dupla da molécula de poliéster insaturado e liga-
se a um dos átomos de carbono, produzindo assim um novo radical livre no
outro átomo de carbono. Este novo radical criado está então livre para
reagir com outra ligação dupla.
Paulo Novo e Pedro Martinho 112
Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados

Paulo Novo e Pedro Martinho 113


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados

A molécula de monómero, neste caso o estireno, move-se mais livremente na


resina que as moléculas de polímero de alto peso molecular, a ligação dupla
pertence à molécula de estireno.

A ligação entre o poliéster e o estireno cria um novo radical livre no estireno, a


qual fica então livre para reagir com outra ligação dupla e assim
sucessivamente. Obviamente o estireno não é usado apenas como
diluente, mas faz parte activamente da reacção química produzindo
“pontes” entre as moléculas de poliéster insaturado.

Paulo Novo e Pedro Martinho 114


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados

Paulo Novo e Pedro Martinho 115


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
Os monómeros são frequentemente chamados agentes de reticulação ou
cura, ou, até talvez mais apropriadamente, diluentes reativos. Os
iniciadores são chamados frequentemente catalisadores, mas uma vez
que eles são consumidos na reação de reticulação esta terminologia é
obviamente incorreta (um catalisador é uma substância que aumenta a
velocidade de uma reação química sem ser consumido ou
permanentemente alterado).
O peso molecular do polímero curado aumenta, implicando uma
diminuição gradual na mobilidade por difusão das moléculas em
crescimento e consequentemente a taxa da reação diminui.
Quando o movimento dos radicais livres é também prejudicado, eles são
impedidos de encontrar novas ligações duplas para continuar a reação e
esta acaba por terminar.

Paulo Novo e Pedro Martinho 116


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
O resultado da reação de cura é uma gigantesca molécula tridimensional que
do ponto de vista macroscópico conduz a uma transformação de uma
resina líquida num sólido rígido.

A reação está intimamente ligada à temperatura. Visto que a morfologia da


molécula curada representa um menor estado energético que o arranjo
molecular aleatório da resina, a reação é exotérmica.

A produção de radicais livres é estimulada pelo aumento da temperatura


e uma maior temperatura promove também a mobilidade molecular.
Até que as limitações difusionais reduzam a taxa de reação, a taxa de cura
aumenta.
O calor é libertado na formação de novas ligações, o qual promove um
incremento na produção de radicais livres e na mobilidade, promovendo um
aumento na taxa de formação de ligações.

Paulo Novo e Pedro Martinho 117


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
A reatividade de um poliéster insaturado pode ser modificada pelo uso de
inibidores (como a hidroquinona ou o di-t-butil-cresol) que consomem os
radicais livres para adiar a cura e pelos aceleradores que promovem a
produção de radicais livres, regulando a velocidade de decomposição
dos peróxidos, controlando a cinética da reação. O acelerador, é
habitualmente, constituído por um complexo metálico, em particular de
cobalto, manganês ou vanádio, ou por amina terciária.
Iremos de seguida analisar a relação temperatura-tempo de uma reação de
cura à temperatura ambiente de um poliéster insaturado logo após a adição
do iniciador. A temperatura não é logo incrementada depois da adição do
iniciador apesar dos radicais livres estarem a ser produzidos. A reação de
cura não começa (e a temperatura não aumenta) até todas as moléculas de
inibidor terem reagido com os radicais livres, a que corresponde ao tempo
de inibição.

Paulo Novo e Pedro Martinho 118


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
Com o começo da reação de cura, a viscosidade da resina começa a
aumentar devido ao aumento do peso molecular e a impregnação do
reforço rapidamente se torna impossível. O “pot life” termina. Rapidamente
a resina torna-se num “rubbery solid”, ou gel, e o tempo de gel é alcançado.
A atividade de reticulação é agora acelerada muito rapidamente até o
incremento do peso molecular do polímero curado começar a restringir o
movimento molecular, o qual ocorre por volta da temperatura máxima.
O uso de aceleradores pode ser uma alternativa ao aumento da temperatura
de processamento. No entanto, muitos poliésteres insaturados podem não
curar satisfatoriamente se não forem sujeitos a elevadas temperaturas ou
radiação para estimular a cura.

A máxima temperatura alcançada pelo processo de cura à temperatura


ambiente torna-se Tg.

Paulo Novo e Pedro Martinho 119


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados

Paulo Novo e Pedro Martinho 120


Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados
As propriedades das resinas de poliéster dependem da eventual existência de
pontos fracos na cadeia e, sobretudo, da dimensão da malha de
reticulação, que é determinada pela distância entre reticulações.

No fabrico de plásticos reforçados, as soluções a adoptar, embora dependam


das particularidades de cada utilização, exigem sempre uma separação
entre duplas ligações correspondente a uma cadeia de átomos de carbono.
À medida que a distância entre reticulações diminui, a resina torna-se mais
reactiva e o produto final mais rígido e frágil.

As diversas formulações comerciais respondem, em geral, a este problema


pelo uso simultâneo de um diácido saturado, que por poliesterificação
conjunta, se incorpora nas cadeias numa frequência que é função da
proporção relativa dos dois tipos de ácido. Os diversos isómeros do ácido
ftálico são os diácidos mais usados para este fim, dando, normalmente, o
nome a algumas variedades das resinas poliéster.
Paulo Novo e Pedro Martinho 123
Resinas Termoendurecíveis: poliésteres insaturados

Devido a características de configuração da molécula, que se prendem com a


acessibilidade dos pontos fracos constituídos pelos grupos éster, as
resinas isoftálicas proporcionam menor obsorção de água, melhor
resistência à hidrólise e aos reagentes químicos em geral, mas têm
custos ligeiramente superiores.
As resinas ortoftálicas são de uso mais comum, mas é limitado pelas
propriedades mecânicas modestas, baixa resistência à temperatura e
exposição ambiental.

Os poliésteres ortoftálicos têm tipicamente uma Tg à volta de 70 ºC enquanto


as isoftálicas têm uma Tg à volta dos 100 ºC.

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Resinas Termoendurecíveis: epóxidos

O nome das resinas deriva de todas elas conterem grupos epóxido, que
desempenham um papel essencial nas reações de polimerização.
Tal como as resinas de poliéster insaturado, as resinas epóxido consistem em
polímeros lineares, mantidos em estado liquido, cujas cadeias são
reticuladas, numa segunda fase, após impregnação do reforço.
A diversidade das resinas epóxido é inferior à das resinas de poliéster
insaturado. São, porém, produtos mais caros o que reduz a sua utilização
nas aplicações correntes, não obstante as sua excelentes propriedades
mecânicas e térmicas, a sua resistência química e a assinalável
capacidade de isolamento elétrico. Estas resinas são aplicadas em áreas
onde a tolerância ao custo é elevada: aeroespacial, defesa e desporto. O
controlo da sua processabilidade e os mecanismos de cura exigem, ainda,
cuidados especiais, na transformação.

Paulo Novo e Pedro Martinho 125


Resinas Termoendurecíveis: epóxidos
Por estas razões, muitas das variedades de epóxido só interessam a produtos
fabricados por técnicas sofisticadas, que envolvem, em geral, reforços pré-
impregnados de fibras de elevado módulo de elasticidade, como as de
carbono.

Os processos de fabrico com a resina no estado liquido envolve a reação de


polimerização de condensação da epicloridrina com o bisfenol A. O número
de unidades de repetição na molécula de epóxido é muito menor que no
poliéster na ordem dos 10.

Paulo Novo e Pedro Martinho 126


Resinas Termoendurecíveis: epóxidos
Outro esquema:

Paulo Novo e Pedro Martinho 127


Resinas Termoendurecíveis: epóxidos
Os grupos terminais, que contêm o anel epóxido, são conhecidos por grupos
glicídicos.

Em certos casos, a manutenção da viscosidade, a níveis suficientemente


baixos, obriga ao uso de um diluente numa concentração que nunca
excede 10 a 15%.

Para evitar a necessidade de proceder à sua evaporação, muitas vezes os


diluentes são reactivos, alterando as características de cura e as
propriedades do produto final.

Paulo Novo e Pedro Martinho 128


Resinas Termoendurecíveis: epóxidos
Como têm de ser capazes de se tornarem uma parte integral do polímero
curado, os diluentes têm de conter grupos epóxidos, embora o seu peso
molecular, bem como a sua funcionalidade tenha que ser menor que a da
resina.

A reticulação das cadeias raramente é feita por pontos diferentes dos grupos
glicídicos terminais. Como o anel epóxido é instável, largas dezenas de
grupos químicos podem reagir com ele, dando origem a outras tantas
famílias de agentes de reticulação potenciais - endurecedores. Os mais
utilizados são as aminas primarias ou secundárias (alifáticas, cíclicas ou
aromáticas) e os anidridos de diácidos orgânicos, sendo a ligação entre as
cadeias assegurada por uma ponte formada a partir destes reagentes.

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Resinas Termoendurecíveis: epóxidos
Endurecedores para resinas Epoxy

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Resinas Termoendurecíveis: epóxidos

Existem ainda catalisadores, na verdadeira aceção da palavra, que


propiciam uma auto-reticulação dos grupos epóxido.
As aminas terciárias e os complexos do triflureto de boro são exemplos
de agentes de cura deste tipo.
Embora as reações de polimerização também sejam exotérmicas, o processo
de cura química a frio das resinas epóxido tende a apresentar mais
dificuldades do que o poliéster insaturado, sendo, por, isso, mais
frequente a necessidade de uma pós-cura a quente.

O tempo de cura requerido normalmente excede significativamente o dos


poliésteres.

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Resinas Termoendurecíveis: epóxidos

(+) As propriedades mecânicas e térmicas, a baixa contração e o facto desta


resina aderir muito bem aos reforços fibrosos explicam o seu uso extensivo
numa gama alargada de aplicações.

(-) Como inconvenientes são o seu elevado preço, a toxicidade e requisitos


complexos de processamento, os quais frequentemente incluem altas
temperaturas e pressões de consolidação.

Sistemas epóxidos formulados para curar à temperatura ambiente têm uma Tg


na ordem 60-80ºC enquanto os epóxidos de alta-performance requerem
ciclos de temperatura mais elevada e podem ter uma Tg à volta dos 120ºC.

Há resinas epóxido com Tg de 200ºC.

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Resinas Termoendurecíveis: epóxidos

Principais características e diferenças entre as resinas de poliéster insaturado e epóxido:

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Resinas Termoendurecíveis: vinilésteres

(+) As resinas de viniléster foram desenvolvidas tendo em vista a construção


de laminados usados em meios fortemente corrosivos. A cura destas
resinas segue um processo análogo ao das resinas de poliéster. A
reticulação dá-se por ação do estireno. As resistências química e à
hidrólise são superiores às da resinas poliéster bisfenólicas, e aos
restantes tipos em geral.

(-) O grau de reticulação é inferior, dando origem a produtos mais flexíveis e


com menor resistência térmica, mas simultaneamente, mais resilientes.

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Resinas Termoendurecíveis: fenólicas

As resinas fenólicas, conhecidas por baquelite, são o produto da


policondensação do fenol com um aldeído, chamado de formaldeído, de
que resulta um polímero tridimensional com grande resistência térmica e
ao fogo, mas com resistências mecânicas e química inferiores das
resinas poliéster e de epóxido. A baixa utilização destas resinas deve-se,
fundamentalmente a estes pontos negativos.

Paulo Novo e Pedro Martinho 135


Aditivos diversos
Todos os materiais plásticos podem ser aditivados com diversos tipos de
substâncias, em pequenas quantidades, que lhes conferem propriedades
específicas, com o objetivo de: melhorar condições de transformação e os
adequar a características específicas de cada aplicação.

Aditivos auxiliares do processo de fabrico


Na generalidade dos processos de fabrico, torna-se importante garantir que as
faces das peças, em contacto com o molde, tenham um acabamento isento
de irregularidades. Este propósito é conseguido pela construção de uma
camada superficial muito fina e não reforçada – “gel coat”.

Paulo Novo e Pedro Martinho 136


Aditivos diversos
Também é possível a aplicação directa da resina sobre o molde, desde que se
adicionem agentes tixotrópicos que assegurem a homogeneidade da
espessura da camada. O produto mais usado para este fim é a sílica
fumada de granulometria muito fina.

O oxigénio do ar tem uma ação inibidora sobre a cura de algumas resinas,


em particular as de poliéster insaturado. Nos processos que usam molde
aberto, a última camada permanece pegajosa, por cura insuficiente, se não
for usado um produto que a isole do contacto com o ar, como é o caso da
parafina. Tem uma densidade inferior à resina e não é miscível nesta. Se
for necessário proceder a uma posterior adição de nova camada,
designadamente para colagem de peças entre si, há que remover a
parafina, por meios físicos ou usando um solvente apropriado, como, por
exemplo, o éter de petróleo.

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Aditivos diversos
Algumas resinas exibem elevadas contracções de cura , como é o caso dos
poliésteres de uso geral, em que o valor atinge 7 a 8 % em volume. Este
nível de contracção pode ser excessivo em peças que careçam de grande
qualidade de acabamento, pois as camadas superficiais, ricas em resina,
tendem a enrugar. O facto é particularmente sensível nas peças fabricadas,
em grande série, por prensagem a quente. A adição de pequenas
quantidades de um termoplástico, de natureza muito diversa, é uma
solução habitual para este problema. Note-se que a contração é
proporcional ao grau de reticulação, sendo difícil baixar o seu nível por
variação das componentes lineares da resina, sem se afetarem,
simultaneamente, algumas propriedades importantes. É contudo, possível
alguma melhoria por substituição do estireno por vinil-tolueno, metacrilatos
diversos, etc..

Paulo Novo e Pedro Martinho 138


Aditivos diversos

Utilização de ceras, óleos e o álcool polivinílico (PVA) para promover a


desmoldação.

Para maiores séries de produção é habitualmente adicionado à resina


produtos com propriedades lubrificantes e com tendência para migrar para
as superfícies do molde.

Por vezes a escolha do lubrificante adequado é difícil, quer no respeita à


compatibilidade com a resina, quer quanto à garantia da sua eficácia.

Os produtos mais usados são estereatos de zinco e de cálcio e alguns


ácidos gordos.

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Aditivos diversos

Paulo Novo e Pedro Martinho 140


Aditivos diversos
Aditivos para conferir à resina propriedades específicas

A promoção de uma melhor resistência ao fogo é um objetivo importante para


muitas aplicações. Existem resinas especialmente estudadas para o efeito,
que se baseiam na substituição das matérias primas usuais por produtos
alternativos halogenados ou fosfatados.
Nota: Nas resinas de poliéster, por exemplo, o ácido ftálico pode ser
substituído pelo cloroftálico e o estireno pelo dicloroestireno ou o fosfato de
dialilo e, nas resinas de epóxido, o bisfenol A pode ser substituído por um
derivado (ex. tetrabromídrico).

Estas soluções são eficazes na redução de flamabilidade da própria cadeia


molecular, mas tendem a ser economicamente menos favoráveis que a
junção, às resinas normais, de aditivos de uso geral como o óxido de
amónio, os fosfastos, halogenetos e boratos orgânicos, etc...
Paulo Novo e Pedro Martinho 141
Aditivos diversos
Uma melhor resistência à radiação ultravioleta pode conseguir-se, nas
resinas de poliéster, com o uso de metracrilato de metilo em vez de
estireno, ou com aditivos de aplicação generalizada: benzofenonas,
benzotriazóis, etc...
Para a coloração e outras propriedades, como por exemplo, a resistência
aos microorganismos, a via da modificação da resina não é possível
sendo o recurso os aditivos com estas funções.

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Aditivos diversos
Cargas de enchimento

Designam-se por cargas de enchimento o conjunto de produtos, quimicamente


inertes, cujo principal objectivo é o da redução dos custos globais a que a
construção de uma dada peça conduz. Contudo, a adição de cargas
influencia, inevitavelmente, as propriedades de processamento da resina e
as características do produto final, na forma positiva ou negativa consoante
o aspecto a considerar.
Em geral, as cargas aumentam a viscosidade da resina, reduzem os efeitos
exotérmicos e a contração na cura e, em casos particulares, podem
influenciar a cinética das reações de reticulação baseadas em peróxidos.
Por outro lado, diminuem a resistência mecânica e química, aumentam a
rigidez e melhoram o comportamento térmico e a resistência ao desgaste e
tornam mais opaco o produto final.

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Aditivos diversos
Para este efeito usam-se produtos minerais: carbonatos de cálcio e
magnésio, sílica e variados silicatos e suas misturas naturais, óxidos
metálicos, etc.. Nestas circunstâncias, a densidade do produto final tende
sempre a aumentar. O uso de microesferas de vidro, compactas ou ocas,
com diâmetro compreendido entre 20 m e cerca de 1mm, representa a
solução em que se encontram minimizados certos efeitos negativos da
presença da carga, designadamente, a diminuição da resistência e o
aumento da viscosidade.

No fabrico de vários tipos de compostos de moldação, o uso de cargas, em


particular carbonato de cálcio, faz parte da formulação básica. Em
estruturas de grande porte, fabricados por processos que envolvem a
resina no estado líquido, usam-se, por vezes, laminados sandwish resina
reforçada/resina carregada com areia.

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Aditivos diversos

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