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Claudino Lazaro Joaquim

Compósitos e Outros Materiais Avançados

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala
ISPUNA
2023
Claudino Lazaro Joaquim

Compósitos e Outros Materiais Avançados

Trabalho de Carácter Avaliativo a ser apresentado na


disciplina de Material de Construção, do Curso de
Licenciatura em Engenharia Mecânica, 2o ano.

Lecionado pelo docente:

Docente: Aristides Armando Miteca.

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala
ISPUNA
2023
Índice

Introdução ........................................................................................................................................ 4

1. Compósitos e Outros Materiais Avançados ................................................................................ 5

1.1. Compósitos: Definição e Fases de Formação ........................................................................... 5

1.2. Classificação dos Materiais Compósitos .................................................................................. 8

1.2.1. Compósitos Reforçados com Partículas ................................................................................ 8

1.2.2. Compósitos Reforçados com Fibras ...................................................................................... 9

1.2.3. Compósitos Estruturais .......................................................................................................... 9

1.3. As Principais Aplicações dos Materiais Compósitos ............................................................. 11

Conclusão ...................................................................................................................................... 12

Referências Bibliográficas............................................................................................................. 13

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Introdução

Após décadas de uso restrito em alguns setores da indústria, como na área de mísseis,
foguetes e aeronaves de geometrias complexas, os compósitos têm ampliado a sua utilização
em diferentes sectores da indústria moderna, com um crescimento de uso de 5 % ao ano.
Actualmente, a utilização de estruturas de alto desempenho e com baixo peso tem sido feita
nas indústrias automotiva, esportiva, de construção civil, entre outras (Rezende, 2000).

A cada dia o avanço tecnológico nos leva a desafios como, por exemplo, a construção de
veículos mais leves, com menor consumo de combustível e mais seguros. Neste sentido, os
materiais compósitos têm sido empregados actualmente em distintas aplicações nas quais a
leveza aliada a um alto módulo de elasticidade são características importantes.

O presente trabalho visa desenvolver a temática: Compósitos e Outros Materiais Avançados.


Com este tema, o trabalho tem por objectivos:

Objectivos Geral:

 Conhecer os Compósitos e Outros Materiais Avançados.

Objectivos Específicos:

 Definir o conceito de compósito;


 Descrever as fases de formação de materiais de compósitos; e
 Apresentar os diferentes tipos de materiais compósitos.

A pesquisa é de carácter qualitativo, com base em uma pesquisa bibliográfica, elaborada a


partir de material já publicado em revistas, livros, artigos e teses, assim como também
materiais disponíveis na internet, de vários autores da área, os quais abordam o tema em
questão, e os mesmos forneceram subsídios teóricos bastante significativos para a
fundamentação da temática em questão.

No que concerne à estrutura do trabalho, este apresenta: uma introdução, desenvolvimento


onde estão detalhados os principais conteúdos do trabalho propostos pelo docente da
disciplina, conclusão onde se fez a síntese do que se percebeu relativamente ao longo do
desenvolvimento do trabalho e finalmente termina com a sua respectiva bibliografia onde
estão listadas as obras consultadas e citadas no acto da elaboração do trabalho de pesquisa.

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1. Compósitos e Outros Materiais Avançados

1.1. Compósitos: Definição e Fases de Formação

Para Callister (2008), os compósitos, também chamados de materiais compósitos, são


materiais formados pela união de outros materiais com o objectivo de se obter um produto
de maior qualidade. Os compósitos são materiais multifásicos que apresentam propriedades
diferentes em relação as propriedades de seus constituintes.

De acordo com Callister (2008), os materiais compósitos normalmente são formados por
duas fases, a matriz e o reforço. A denominada matriz, a qual é contínua e envolve outra
fase, com frequência chamada de fase dispersa. A matriz possui várias funções, a saber: (a)
interligar as fibras; (b) actuar como meio transmissor e distribuidor das tensões externas
aplicadas para as fibras; (c) proteger as fibras individuais contra danos superficiais. A matriz
pode ser polimérica, metálica ou cerâmica.

O mesmo vale para o reforço, que pode estar na forma de dispersão de partículas, fibras,
bastonetes, lâminas ou plaquetas (Padilha, 2000). O reforço é o componente descontínuo do
material compósito, é, em regra, mais resistente do que a matriz e no caso de assumir a
forma de fibras permite que o material tenha bem maior capacidade de resistência na
direcção do carregamento.

As propriedades dos compósitos são função das propriedades das fases constituintes, de suas
quantidades relativas e da geometria da fase dispersa. Entende-se por “geometria da fase
dispersa” como a forma, o tamanho, a distribuição e a orientação dessas partículas.

Figura 1: Exemplo de materiais que compõem os compósitos.

Fonte: adaptado de Gobbi (2013)


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No projecto de materiais compósitos, cientistas e engenheiros combinam de maneira
engenhosa vários metais, polímeros e cerâmicas para obtenção de uma nova geração
materiais com propriedades interessantes.

Matriz Reforço
Mineral Fibra de Vidro
Polímeros termoplásticos Fibra de Carbono
Orgânica Orgânico Aramida
Polímeros termoendurecíveis Poliamida
Metálico Boro
Alumínio
Mineral Carbono
Metálica Ligas leves de alumínio, Carboneto de silício
magnésio, titânio
Metálico Boro
Misto Boro revestido com
Carboneto de silício
Mineral Carboneto
Cerâmica Metálica Boro ou tungsténio
Tabela 1. Exemplos de materiais compósitos com matriz metálica, cerâmica e polimérica.
Fonte: adaptado de Moreira (2009).

 As matrizes cerâmicas, devido às altas temperaturas envolvidas nos processos de


fabricação, apresentam-se em um patamar diferente de utilização das demais. Os
materiais compósitos que possuem uma matriz cerâmica são dotados de resistência à
oxidação e à deterioração sob temperaturas elevadas (Callister, 2008; Ventura,
2009).
 Os compósitos de matriz metálica são materiais que possuem excelentes
propriedades, incluindo alta resistência mecânica e elevado módulo de elasticidade.
Além de apresentar capacidade de amortecimento e boa resistência ao desgaste em
comparação com os metais puros (Padmavathi, 2014).
 Os polímeros são usados como matrizes por apresentar propriedades mecânicas
vantajosas relativas à temperatura ambiente, baixo peso, facilidade no processo de
fabricação e custo reduzido. Os polímeros podem ser processados a baixas

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temperaturas, evitando problemas associados com a degradação do reforço. (Ventura,
2009).

A maioria dos materiais compósitos foi criada para que se combine determinadas
características mecânicas, tais como a rigidez e a tenacidade (Callister, 2008).

Para Natália et al (2016), a síntese de materiais compósitos envolve a mistura de compostos


de diferentes naturezas para conferir novas propriedades aos materiais. Como os compósitos
são multifásicos, eles possuem propriedades intermediárias resultantes da formação de uma
região interfacial, além das propriedades inerentes de cada um de seus constituintes.

O principal objectivo de se produzirem compósitos é o de combinar diversos materiais para


produzir um único com propriedades superiores às dos componentes isolados, pelo que a
combinação dos materiais constituintes é decidida a partir da aplicação específica que se
pretende dar ao material compósito. (Dias, et al, 2016).

Para Diacenco (2010), a combinação dos materiais depende da aplicação específica que se
pretende do material compósito e a relativa importância de vários factores tais como:

 Resistência a corrosão
 Rigidez
 Peso
 Resistência à fadiga
 Expansão térmica
 Propriedades electromagnéticas
 Condutibilidade térmica
 Comportamento acústico
 Aspecto.

As elevadas resistência e rigidez específicas continuam a ser a combinação que lança os


materiais compósitos para novas áreas, sendo que a grande capacidade de amortecimento e o
baixo coeficiente de expansão térmica, características que podem ser adaptadas para
aplicações específicas. Os designados compósitos avançados permitem reduzir os problemas
de fadiga, possibilitando maior flexibilidade no projecto e nos processos de fabrico. Outras
vantagens dos materiais compósitos são a resistência a temperaturas extremas, à corrosão e
ao desgaste que podem conduzir a custos mais baixos do ciclo de vida do produto.

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1.2. Classificação dos Materiais Compósitos

Comforme Callister (2008), a classificação dos materiais compósitos tem (3) três divisões
principais:

1. Os compósitos reforçados com partículas,


2. Reforçados com fibras e
3. Estruturais.

Compósitos

Reforçados com Reforçados com


Estruturais
partículas fibras

Partículas Reforçados por Contínua Descomtínua Paineis em


Laminados
Grandes Dispersão (alinhado) (curto) Sanduiche

Orientado
Alimhado
aleatoriamente

Figura 2. Esquema para a classificação de vários tipos de compósitos.


Fonte: adaptado de Callister (2008).

1.2.1. Compósitos Reforçados com Partículas

Os compósitos reforçados com partículas possuem duas subdivisões, os compósitos


reforçados com partículas grandes e os compósitos reforçados por dispersão. A distinção
entre elas é baseada no mecanismo de reforço ou de aumento de resistência (Callister, 2008).

Esses compósitos têm partículas dispersas na matriz para melhorar as propriedades


mecânicas ou térmicas. Exemplos incluem compósitos cerâmicos reforçados com partículas
de óxido.

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Segundo Natalia, et al (2016), os compósitos reforçados com partículas grandes não podem
ser tratados do ponto de vista atômico ou molecular, sendo que, para tais materiais, é
empregada a teoria da mecânica do contínuo.

De acordo com Callister (2008), os compósitos reforçados por dispersão, os metais e as


ligas metálicas podem ser endurecidos pela dispersão uniforme de diversas porcentagens
volumétricas de partículas finas de um material duro e inerte. A fase dispersa pode ser
metálica ou não metálica. Neste caso, o mecanismo de aumento de resistência envolve a
interação entre as partículas e as discordâncias da matriz.

1.2.2. Compósitos Reforçados com Fibras

As características mecânicas de um compósito reforçado com fibras não dependem somente


das propriedades da fibra, mas também do arranjo ou orientação das mesmas umas em
relação às outras, a concentração delas, e sua distribuição pela matriz (Diacenco, 2010).
Neste sentido, têm-se dois tipos de fibras: as fibras contínuas e as fibras descontínuas ou
curtas.

Figura 3. (a) compósitos com fibras curtas; (b) compósitos com fibras longas.
Fonte: Diacenco (2010)

Esses compósitos possuem fibras contínuas incorporadas na matriz, proporcionando alta


resistência e rigidez. Exemplos incluem compósitos de fibra de carbono e compósitos de
fibra de vidro.

Uma das grandes áreas de aplicação de compósitos fibrosos é a construção civil onde são
usados diversos tipos de fibras, desde os naturais como celulose, amianto, sisal e juta, como
as artificiais: plástico (polipropileno, nylon, poliéster), vidro e aço (Faria, 2006).

1.2.3. Compósitos Estruturais

Um compósito estrutural é composto tanto por materiais homogêneos, como por materiais
compósitos cujas propriedades dependem não somente das propriedades dos materiais

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constituintes, mas também do projeto geométrico dos vários elementos estruturais
(Callister, 2008).

Conforme afirma Diacenco (2010), existem dois tipos básicos de compósito estrutural:
compósito estrutural laminar (também chamado de laminado) e compósito estrutural do tipo
sanduíche. Como reforços, a maior parte dos compósitos estruturais produzidos faz uso de
fibras de vidro, ou fibra de carbono.

Os compósitos estruturais laminados são constituídos por um empilhamento de camadas


(lâminas) ligadas entre si, com as fibras orientadas em diferentes direções. Um laminado
típico é constituído por várias lâminas, frequentemente idênticas, variando suas orientações
para melhor atender os requisitos de projeto ou fabricação. (Diacenco, 2010).

Figura 4. Compósito estrutural do tipo laminado (onde θ é a orientação das fibras)


Fonte: Diacenco (2010)

A estrutura sanduíche é uma classe especial de material compósito, sendo constituído por
duas faces, um núcleo de baixa densidade responsável por manter um alto momento de
inércia através do afastamento das faces e transmitir as solicitações de esforços de uma
lâmina para outra e um adesivo responsável pela conexão da face com o núcleo e transmitir
as solicitações de esforços cisalhantes. Esse tipo de estrutura pode ser comparado com vigas,
onde a alma equivale ao núcleo e os flanges equivalentes às faces (Dias, 2016).

Figura 5. Estrutura sanduíche simplificada. .Fonte: Dias (2016)


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Os sanduíches são empregados preferencialmente nos sectores náuticos e aeronáuticos
devido suas tão requisitadas características que são leveza, resistência mecânica e química.

Esses compósitos são projectados para aplicações que exigem alta resistência e rigidez,
como na indústria aeroespacial, construção civil e automotiva. (Rezende & Botelho, 2000).

De acordo com Natália et al (2016), as propriedades dos materiais compósitos variam


devido a diversos fatores, como por exemplo a presença de bolhas na resina ou má adesão da
resina em relação às fibras. Tendo isso em vista, as principais propriedades avaliadas para os
materiais compósitos são, a resistência à tração das fibras, assim como o limite de resistência
à fadiga, essas propriedades podem ser obtidas através dos ensaios de tração e fadiga
respectivamente

1.3. As Principais Aplicações dos Materiais Compósitos

Para Rezende & Botelho (2000), as principais aplicações dos materiais compósitos
resumem-se aos seguintes sectores e segmentos do mercado:

o Indústria aeronáutica: Nesse ramo, podemos citar a substituição das ligas de


alumínio convencionais por materiais compósitos em partes como a fuselagem do
avião. (Rezende & Botelho, 2000).
o Construção civil: Já na construção civil, temos a utilização de compósitos como
concreto, reforço estrutural, isolamento térmico e acústico, uso como fachadas, entre
outros.
o Indústria automobilística: Na indústria automotiva, temos a utilização de
compósitos com o objectivo de reduzir o peso total dos automóveis e, com isso,
aumentar sua eficiência, exigindo menos combustível para se locomover.
o Área biomédica: Nesse sector, o material compósito proporciona maior leveza
acompanhado de um desempenho mecânico otimizado, resistindo a ciclos de fadiga e
sendo, portanto, ideal para substituição de membros ou partes do corpo. Sua
utilização para a fabricação de próteses é amplamente difundida.
o Indústria aeroespacial e militar: As características determinantes para a aplicação
dos materiais compósitos nesse setor são a baixa densidade desses materiais e a alta
resistência à deformação, contribuindo para um aumento da vida útil e alta
resistência mecânica. A sua utilização envolve desde o colete à prova de balas até
hélices e fuselagem de aeronaves. (Rezende & Botelho, 2000).

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Conclusão

Diante do estudo e desenvolvimento deste trabalho é possível perceber que, o compósito é


uma classificação dada a materiais multifásicos que são formados pela fusão de uma fase
matricial (matriz) e uma de reforço em nível macroscópico. Eles apresentam propriedades
parciais significativas das duas fases, as quais devem possuir características químicas
diferentes e apresentar interface distinta - separação observável entre os materiais. A matriz
engloba a fase de reforço, servindo como uma base, e essa relação entre as fases é o que
propicia as qualidades de cada parte.

Portanto, os compósitos apresentam características bem particulares, tais como uma alta
resistência mecânica específica, tendo muita importância em nosso país em praticamente
todas as indústrias, desenvolvendo materiais que suportam diversas condições de aplicação.
Os materiais compósitos são uma nova tendência importantíssima para o mercado e para as
indústrias na fabricação de vários produtos.

Para que sejam utilizados cada vez mais em aplicações que requerem um alto desempenho
mecânico, a metodologia de caracterização destes materiais deve ser amplamente estudada.
Esta caracterização ganha ainda mais importância uma vez destacadas as particularidades
destes materiais. As proporções de constituintes utilizadas interferem directamente nas
propriedades dos compósitos, bem como a gama de arranjos possíveis e o método de
processamento escolhido.

Conclui-se que, os materiais compósitos trouxeram avanços para diversas áreas, estão cada
vez mais substituindo os materiais convencionais em função das suas inúmeras vantagens
como: elevada rigidez e módulo específico, elevada resistência à corrosão e condutividade
térmica, boa fluidez, estabilidade estrutural e fácil moldagem.

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Referências Bibliográficas

Callister, W. D. (2008). Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução/Willian D.


Callister: tradução Sergio Murilo Stamile Soares, - Rio de Janeiro: LTC.

Diacenco, A. A. (2010). Modelagem por elementos finitos de materiais compósitos


estruturais. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais) – Universidade
Federal de Itajubá, Itajubá.

Dias, C. G. B. T. et al. (2016). Análise mecânica de estruturas sanduíche com diferentes


núcleos. 22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a
10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil.

Faria, A. W. (2006). Modelagem por elementos finitos de placas compostas dotadas de


sensores e actuadores piezelétricos: implementação computacional e avaliação numérica.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Mecânica. Uberlândia- MG.

Gobbi, M. C. (2013). Materiais de Construção Mecânica – Seleção, Uso e Solução, São


Paulo.

Natália, P. et al. (2016). Análise Dinâmico-Mecânica de Materiais Compósitos Poliméricos.


22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais.

Padilha, A. F. (2007). Materiais de engenharia microestrutura e propriedades. São Paulo:


MCT produções gráficas.

Padmavathi, K.R. (2014). Tribological behaviour of Aluminium Hybrid Metal Matrix


Composite. Procedia Engineering, v.97, p.660-667.

Rezende, M. C.; Botelho, E. C. (2000). O uso de compósitos estruturais na indústria


aeroespacial. Polímeros, São Carlos, v. 10, n. 2, p. 4-10.

Ventura, A. M. (2009). Os Compósitos e a sua aplicação na Reabilitação de Estruturas


metálicas. C.Tecn. Mat., Lisboa , v. 21, n. 3-4, p. 10-19.

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