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ANÁLISE ENERGÉTICA DA EFICIÊNCIA E DO PROCESSO DE

SECAGEM DE UM SECADOR SOLAR

Antonio Gomes Nunes (UFERSA) - nunesag@ufersa.edu.br


João Victor Medeiros Rocha (Instituição - a informar) - - jonny.medeiros@hotmail.com
Maria Valéria Limeira da Costa Almeida (UFERSA) - leralimeira@gmail.com
Édson Fernandes Chaves Filho (UFERSA) - edson.fernandes.chaves.381@gmail.com
Leonardo Marques de Freitas (UFERSA) - leonardo.xoop@gmail.com
Adna Queiroz Sales (UFERSA) - queirozadna@gmail.com
João Victor Medeiros Rocha (UFERSA) - jonny.medeiros@hotmail.com

Resumo:

Apresenta-se um secador solar de exposição indireta para determinar a eficiência térmica real
e o desempenho do processo de secagem, testado na secagem de banana prata (Musa spp.). O
desafio da construção do protótipo esteve em trazer inovações como uma placa absorvedora
de energia no interior do coletor solar e um sistema de movimentação do ar de secagem
(cooler), acionado por energia solar fotovoltaica. Estas peculiaridades permitiram projetar
uma câmara de secagem com características de manter a temperatura do ar de secagem no
interior da câmara sem grandes variações e controlar a umidade relativa do ar de secagem na
maior parte dos testes entre 20 e 30%, uma vez que, quanto menor a umidade do ar na
entrada da câmara de secagem, mais água será retirada do produto, com isto reduz o tempo
de secagem. Com essas inovações, o processo de secagem se comportou como nos secadores
tradicionais com média da eficiência mássica do processo de secagem em torno de 85%.
Também foi desenvolvido um sistema de medição de temperatura e umidade relativa do ar
usando Arduino, o que possibilitou a realização do balanço de energia do secador solar,
resultando no cálculo do rendimento termodinâmico do secador solar e na obtenção de outras
propriedades termodinâmicas do ar de secagem. Os resultados obtidos para o rendimento
térmico do secador solar foram em torno de 20%, compatíveis com os descritos na literatura
para sistemas de secagem equivalentes que usam apenas energia solar como fonte de energia.

Palavras-chave: Secador solar, Propriedades termodinâmicas, Eficiência térmica

Área temática: Conversão Térmica com coletores planos

Subárea temática: Sistemas de conversão térmica para aplicações industriais, agrícolas e


outras

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VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar – Fortaleza, 01 a 05 de junho de 2020

ANÁLISE ENERGÉTICA DA EFICIÊNCIA E DO PROCESSO DE


SECAGEM DE UM SECADOR SOLAR

Antonio Gomes Nunes – nunesag@ufersa.edu.br


Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Departamento de Ciências Naturais, Matemática e Estatística
João Victor Medeiros Rocha - jonny.medeiros@hotmail.com
Maria Valéria Limeira da Costa Almeida - leralimeira@gmail.com
Leonardo Marques de Freitas - leonardo.xoop@gmail.com
Édson Fernandes Chaves Filho – edson.fernandes.chaves.381@gmail.com
Adna Queiroz Sales - queirozadna@gmail.com
Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Centro de Engenharias

Resumo. Apresenta-se um secador solar de exposição indireta para determinar a eficiência térmica real e o desempenho
do processo de secagem, testado na secagem de banana prata (Musa spp.). O desafio da construção do protótipo esteve
em trazer inovações como uma placa absorvedora de energia no interior do coletor solar e um sistema de movimentação
do ar de secagem (cooler), acionado por energia solar fotovoltaica. Estas peculiaridades permitiram projetar uma
câmara de secagem com características de manter a temperatura do ar de secagem no interior da câmara sem grandes
variações e controlar a umidade relativa do ar de secagem na maior parte dos testes entre 20 e 30%, uma vez que, quanto
menor a umidade do ar na entrada da câmara de secagem, mais água será retirada do produto, com isto reduz o tempo
de secagem. Com essas inovações, o processo de secagem se comportou como nos secadores tradicionais com média da
eficiência mássica do processo de secagem em torno de 85%. Também foi desenvolvido um sistema de medição de
temperatura e umidade relativa do ar usando Arduino, o que possibilitou a realização do balanço de energia do secador
solar, resultando no cálculo do rendimento termodinâmico do secador solar e na obtenção de outras propriedades
termodinâmicas do ar de secagem. Os resultados obtidos para o rendimento térmico do secador solar foram em torno de
20%, compatíveis com os descritos na literatura para sistemas de secagem equivalentes que usam apenas energia solar
como fonte de energia.

Palavras-Chave: Secador solar, Propriedades termodinâmicas, Eficiência térmica

1. INTRODUÇÃO

O homem tem usado o sol para secar culturas e grãos há centenas de anos. A secagem natural não envolve nenhum
custo, mas existem algumas desvantagens como o tempo de secagem prolongado, durante o qual o material seco é exposto
à contaminação e à intrusão de insetos e roedores, que deixam o material seco de baixa qualidade (Khalifa et.al., 2012).
Com o surgimento de secadores solares, dimensionados adequadamente para a secagem de frutas, o tempo de secagem
diminui e produtos com melhor qualidade e mais valor agregado são desenvolvidos.
No Brasil, embora ainda em quantidade quase insignificante, os processos de secagem são encontrados com maior
frequência na indústria de laticínios e na secagem de grãos e sementes, sendo geralmente utilizados combustíveis fósseis,
lenha e eletricidade como fonte de calor (Barbosa, 2011). Uma alternativa sustentável que utiliza de forma eficiente um
recurso energético renovável é o desenvolvimento de secadores solares.
O presente trabalho apresenta secagem solar de exposição indireta operacionalizada por um sistema que trabalha em
regime de circulação forçada do ar de secagem, uma vez que, apenas a energia solar térmica é insuficiente para promover
a secagem da banana, fruto escolhido para o experimento. A utilização do secador solar de exposição indireta deve-se ao
fato do produto não estar diretamente exposto à irradiação solar, o que minimiza a descoloração e a rachaduras na
superfície do produto. Neste tipo de secador também é possível controlar melhor as propriedades termodinâmicas do ar,
tais como: temperatura, umidade relativa e velocidade do ar; através da utilização de uma câmara de secagem.
Como o fluido de trabalho utilizado nos processos de secagem solar é o ar aquecido, este sistema que avalia as
propriedades termodinâmicas (temperatura, umidade relativa, velocidade) é de suma importância para analisar a qualidade
do equipamento, de tal modo que, sob determinadas condições operacionais, possamos proporcionar uma secagem
uniforme do produto e reduzir o tempo do processo de secagem (Grilo, 2007). O uso do Arduino foi fundamental na
obtenção de dados a partir da medição das propriedades, estes dados possibilitaram a realização do balanço de energia do
secador solar, resultando no cálculo do rendimento termodinâmico do secador solar.
A secagem é uma operação de transferência de massa, por meio da qual ocorre a redução do teor de água do produto,
mediante o fornecimento de energia, nesse sentido, a atividade microbiológica é estabilizada e as reações químicas e
enzimática são reduzidas. Diante das vantagens apresentadas nesse processo termodinâmico, a banana prata (Musa spp.)
foi escolhida por ser um produto altamente perecível e de grande importância econômica, assim essa prática pode
possibilitar a disponibilidade do fruto durante todo o ano, além de reduzir seu peso e, consequentemente, os custos de
transportes e de armazenamento, sem afetar sua qualidade nutricional.
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Dessa forma, o objetivo do trabalho é apresentar resultados na secagem da banana, através de um secador solar com
exposição indireta, de modo a mostrar a eficiência térmica do coletor solar, da câmara de secagem e do secador solar a
partir de dados de temperatura, umidade relativa e da irradiação solar incidente, efetivamente medida, em cada
equipamento.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O teste experimental foi realizado no Laboratório Experimental de Máquinas Térmicas (LEMT) da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG), campus Campina Grande, nos dias 25/02/2016 e 26/02/2016. O experimento teve
início às 09:00 h e término às 16:00 h em ambos os dias, totalizando 14 horas de secagem. No período entre um dia e
outro de experimento, as frutas foram depositadas em sacos plásticos hermeticamente fechados para evitar a reidratação.
O secador desenvolvido foi utilizado na secagem da banana prata (Musa spp.), para o experimento as frutas foram
adquiridas junto a produtores da região e cortadas longitudinalmente, além de terem suas extremidades retiradas, ficando
com formato de semicilindro. A Fig. 1 mostra algumas bananas cortadas antes do experimento e a banana-passa, produto
final obtido que teve seu controle de qualidade e degustação realizada nos laboratórios da UFCG.

Figura 1 - Bananas utilizadas antes e depois do experimento, respectivamente (Nunes, 2018).

O protótipo testado, mostrado na Fig. 2, um secador solar de exposição indireta com coletor solar, duas bandejas de
secagem, base de apoio de uma chaminé, sistema de exaustão e câmara de secagem independente, sendo o ar de secagem
movimentado através de convecção forçada acionada por um mini painel fotovoltaico.

Figura 2 - Vista panorâmica e de cima do protótipo do sistema de secagem solar (Nunes, 2018).

O equipamento mostrado, foi confeccionado em MDF ultra e fixado com velcro, por ser um material que permite o
desmonte de alguns componentes removíveis. O equipamento possui coletor solar com dimensões de 1,235 m × 0,77 m
× 0,185 m, com 0,175 m3 de volume interno e área de incidência de 1 m2 coberta com policarbonato alveolar, um material
transparente utilizado para captação da luz solar que permite a obtenção do efeito estufa. Para garantir um grande volume
de ar de secagem com as caraterísticas termodinâmicas ensejadas na câmara, no interior do coletor está posicionada uma
telha de fibrocimento pintada de preto fosco, a qual funciona como um capacitor térmico, e o dimensionamento da câmara
foi feito para ser três vezes menor que o volume interno do coletor. A câmara possui volume interno 0, 0588 m 3, além
disso, possui duas bandejas onde são colocados os frutos a serem secos. No topo da câmara de secagem há uma chaminé
que consiste em um dispositivo de exaustão onde é promovida a retirada forçada do ar de secagem, por meio de um cooler
MUHUA FAN-TECH de 12 volts e 0,23 Ampère do tipo usado em computador, acionado por um mini painel
fotovoltaico.
O secador solar também possui um sistema de aquisição de dados, o qual é constituído por uma placa de Arduino
UNO, a qual está conectada a três sensores do tipo TH-11 instalados na entrada do coletor solar, na junção do coletor a
câmara e outro na saída da câmara de secagem, como mostrado na Fig. 3. Através destes sensores é possível medir
temperatura e umidade relativa instantaneamente e ler esses dados em um display de Liquid Crystal Display (LCD)
presente ou em um cartão de memória onde os dados são gravados.
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Figura 3 - Localização dos sensores A, B e C de temperatura e umidade relativa do ar de secagem (Nunes, 2018).

Com os dados obtidos pelo sistema de aquisição é possível calcular a eficiência de secagem que pode ser avaliada
por duas vertentes: a eficiência térmica do secador solar e o desempenho do processo de secagem. A eficiência do secador
solar está relacionada a dois parâmetros fundamentais: o rendimento térmico e a perda térmica do secador. A eficiência
do processo de secagem pode ser avaliada também por dois parâmetros: as umidades relativas de entrada e saída do ar e
as massas inicial e final da banana, em relação à massa inicial de água presente no produto. A seguir, faz-se uma
abordagem de como determinar a eficiência do secado solar proposto e do processo de secagem (Barbosa, 2011).

3. ANÁLISE ENERGÉTICA DOS SISTEMAS E PROCESSOS DE SECAGEM

A partir dos dados da temperatura, umidade relativa e velocidade do ar de secagem na entrada e na saída de cada
componente é possível obter valores da eficiência térmica real usando as equações de continuidade (conservação da
massa) e da primeira lei da termodinâmica nos volumes de controle do coletor e da câmara de secagem.
O rendimento térmico de um secador é definido, termodinamicamente, pela razão entre a potência entregue pelo
sistema e a potência disponível ao mesmo. A equação para o cálculo do rendimento de um secador solar para um
determinado período de tempo é dada pela Eq. (1).

𝑃𝑢 (1)
𝜂𝑡 = × 100
𝐴 × 𝐺̅

Onde, 𝜂𝑡 = Rendimento do secador solar [%]; 𝑃𝑢 = Potência transferida ao fluido de trabalho [W], dada pela Eq. (2); 𝐴 =
Área de cobertura transparente [m²]; 𝐺̅ = Média de irradiação solar incidente [W/m²].

𝑃𝑢 = 𝑚̇ ∙ 𝑐𝑝 ∙ ∆𝑇 (2)

Onde, 𝑚̇ = Vazão mássica do fluido de trabalho [kg/s]; 𝑐𝑝 = Calor específico do fluido de trabalho [J/kgK]; ∆𝑇 = Diferença
de temperatura [K].
A eficiência real para o volume de controle do coletor solar, esquematizado na Fig. 4, é calculada a partir da Eq. (3).

Figura 4 - Representação do volume de controle para coletor solar (Nunes, 2016).


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𝑄̇𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑚̇(ℎ2 − ℎ1 ) (3)


𝜂𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 = =
̇
𝑄𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑄̇𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟

Com a variação solar dada pela Eq. (4).

𝑡+∆𝑡 (4)
𝑄̇𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 = ∫ 𝐺̅ 𝑑𝑡
𝑡

Onde, 𝑄̇𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 é a variação solar, 𝐺̅ é o valor que representa a média da irradiação solar incidente sobre o coletor solar
no intervalo de tempo entre o início do processo às 𝑡𝑖 = 9 h e seu término diário que ocorre às 𝑡𝑓 = 16 h.
Para a câmara de secagem, com a representação esquemática do volume de controle mostrada da Fig. 5, tem-se que
o rendimento térmico da câmara de secagem é dado pela Eq. (5).

Figura 5 - Representação do volume de controle para câmara de secagem (Nunes, 2016).

𝑚̇4 + 𝐸̇𝑏 (5)


𝜂𝑐â𝑚𝑎𝑟𝑎 =
𝑚̇3 ℎ3

Onde:
𝐸𝑏̇ = taxa de energia retirada da fruta durante o processo de secagem, dada pela Eq. (6):

𝐸̇𝑏 = ℎ𝑣 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑛𝑎𝑛𝑎 (6)

Onde:
ℎ𝑣 = Entalpia da água saturada como vapor saturado na temperatura média de saída [kJ/kg]; 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑛𝑎𝑛𝑎 = Massa
de água retirada do fruto no período de tempo [kg/s].
Para o sistema de secagem, Fig. 6, o rendimento do sistema (𝜂𝑠𝑒𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 ) é obtido pelo produto de cada parte do sistema,
composto pelo coletor solar e pela câmara de secagem, Eq. (7).

𝜂𝑠𝑒𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 = 𝜂𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 × 𝜂𝑐â𝑚𝑎𝑟𝑎 (7)

Figura 6 - Representação do volume de controle do secador solar (Nunes, 2016).

A eficiência do processo de secagem pode ser avaliada através das massas e umidades do ar no processo de secagem
ou das massas do produto a ser seco. Neste trabalho apresenta-se a eficiência mássica, dada pela Eq. (8).
𝑚𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑚𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 (8)
𝜂𝑝 =
𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎
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Onde, 𝜂𝑝 = Eficiência mássica do processo [%]; 𝑚𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = Massa inicial do produto [kg]; 𝑚𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = Massa final do
produto [kg]; 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 = Massa total de água presente no produto a ser secado [kg].

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante o experimento a programação foi para leitura e amostragem dos dados do sistema de medição a cada minuto,
com os dados gravados em forma de média numa amostragem de 10 mim, mais detalhes (Nunes, 2016). Para os cálculos
é de interesse as médias das 14 horas de experimento. Portanto, a Tab. 1 mostra as temperaturas do ar de secagem nas
posições A, B e C, mostradas na Fig. 7 como 1, 2 e 3, juntamente com a variação das médias das temperaturas nas posições
A e B, onde T ̅ent_col é a temperatura média na entrada do coletor, T ̅sai_col a temperatura média na saída do coletor, T
̅sai_cam
̅̅̅̅
é a temperatura média na saída da câmara de secagem, ∆T a variação média de temperatura entre a entrada e a saída do
secador e V̅ ar que é a velocidade do ar. Além dos dados de temperatura, o sistema de aquisição de dados mede as umidades
relativas nas posições A, B e C, mostradas na Tab. 2, onde U ̅ ent é a umidade relativa do ar na entrada no coletor, U ̅ sai
col col
na saída do coletor e U ̅ sai na saída da câmara de secagem.
cam

Tabela 1 - Parâmetros das condições de secagem.

𝑇̅𝑒𝑛𝑡_𝑐𝑜𝑙 (℃) 𝑇̅𝑠𝑎𝑖_𝑐𝑜𝑙 (℃) 𝑇̅𝑠𝑎𝑖_𝑐𝑎𝑚 (℃) ̅̅̅̅(℃)


∆𝑇 𝑉̅𝑎𝑟 (𝑚/𝑠)
34,27 47,71 34,27 13,44 0,360

Tabela 2 - Parâmetros das condições de secagem.

̅𝑒𝑛𝑡 (%)
𝑈 ̅𝑠𝑎𝑖 (%)
𝑈 ̅𝑠𝑎𝑖 (%)
𝑈
𝑐𝑜𝑙 𝑐𝑜𝑙 𝑐𝑎𝑚
45,2 22,12 31,4

A Tab. 3 apresenta os dados dos parâmetros de secagem do produto da bandeja 1 obtidos e calculados durante o
experimento. Entre os dados apresentados há o teor de água em base seca definido pela massa de matéria seca obtida pelo
método da estufa.

Tabela 3 - Valores obtidos no experimento realizado nos dias 25 e 26


de fevereiro de 2016, bandeja 1.

Horas Produto (g) Massa seca (g) Teor de água (b.s.)


25/02/16 09:00 29,6 9,4 2,1489
26/02/16 14:00 12,3 9,4 0,3085

De acordo com os valores apresentados na Tab. 3 e utilizando a Eq. (8) é possível obter a eficiência mássica igual a
85,64%. Para o cálculo do rendimento térmico do secador solar expresso em função da potência útil, da radiação solar,
da área, da vazão e do calor específico do fluido, foi necessário calcular a média da velocidade do ar durante todo o
experimento e definir o ar de secagem de acordo com suas propriedades. A velocidade do ar foi obtida através da medição
da velocidade do ar que passa pelo cooler instalado na saída da câmara de secagem e através da seção da ventoinha,
verificada por meio de um anemômetro digital portátil. E de acordo com a literatura, o ar de secagem possui massa
específica igual a 1,2754 Kg/m3 e calor específico de valor 1,0048 kJ/kg.K. A vazão do ar de secagem medida na entrada
e na saída do coletor solar é 0,01071 kg/s.
Substituindo os valores na equação da potência transferida ao fluido de trabalho, também conhecida como potência
útil, resulta em uma potência transferida de 144,633 W. Como a área de incidência do coletor solar é de 1 m2 e para os
dias 25 e 26 de fevereiro de 2016, entre 9 e 16 horas, a média de irradiação incidente calculada pela estação meteorológica
instalada no LEMT/UFCG foi de aproximadamente 720 W/m 2, o rendimento térmico do equipamento apartir da Eq. (1)
é 20,08%.
Para calcular o balanço de energia de energia em cada equipamento, incialmente deve-se calcular a vazão do ar de
secagem, a qual foi calculada anteriormente para obter a potência de transferida de trabalho ao fluido. Este valor de vazão
mássica de ar refere-se a medida na entrada e na saída do coletor e na entrada da câmara de secagem, Eq. (9).

𝑘𝑔 (9)
𝑚̇1 = 𝑚̇2 = 𝑚̇3 = 0,01071
𝑠

O valor da vazão mássica para a saída da câmara de secagem é dado pela Eq. (10).
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𝑘𝑔 (10)
𝑚̇4 = 𝑚̇3 + 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑛𝑎𝑛𝑎 = 0,01071
𝑠

Com a Eq. (11) dada por,

(0,6 × 0,3 𝑘𝑔) 𝑘𝑔 (11)


𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑛𝑎𝑛𝑎 = = 3,57 × 10−6
(3600 × 14)𝑠 𝑠

O cálculo do rendimento térmico de cada equipamento é obtido através da entalpia, a qual é verificada por meio do
software Computer Aided Thermodynamic Tables (CATT). O CATT, mostrado na Fig. 7, é um programa que recebe
como dados de entrada a temperatura e a umidade relativa do ar de secagem e apresenta como resultado valores de entalpia
e demais propriedade termodinâmicas.

Figura7 - Dados das propriedades termodinâmicas do ar de secagem, obtidos com uso do CATT (Nunes, 2016).

Analisando os dados obtidos no CATT, encontram-se as entalpias, apresentadas nas Eq. (12), (13) e (14).

𝑘𝐽 (12)
ℎ1 = 93,87
𝑘𝑔

𝑘𝐽 (13)
ℎ2 = ℎ3 = 107,6
𝑘𝑔

𝑘𝐽 (14)
ℎ4 = 101,5
𝑘𝑔

Assim, substituindo os valores na equação do rendimento térmico do coletor solar que é resultado da aplicação da
primeira lei da termodinâmica ao volume de controle, utilizando a Eq. (3) é igual a 20,42%. Como calculado o rendimento
térmico do coletor solar, o rendimento da câmara de secagem também é obtido pela substituição dos valores na equação
que é uma aplicação da primeira lei da termodinâmica ao volume de controle na Eq. (5), resultando em um rendimento
de 95,03%.
O cálculo da taxa de energia retirada do fruto é expresso em função da entalpia da água saturada como vapor saturado
na temperatura média de saída, utilizando a Eq. (6) é de 7,789973*10 -3 kJ/s. De acordo com (Moran e Shapiro, 2009), o
valor da entalpia adotado é de 2.578,75 kJ/kg. Como os valores de rendimento para o coletor solar e para câmara de
secagem já foram obtidos, é possível obter a eficiência térmica do secador solar pela multiplicação deste a partir da Eq.
(7) igual a 19,40%.
Para este experimento percebe-se uma elevada média de irradiação que possui uma relação inversa com a umidade
relativa do ar e tempo de secagem. A umidade relativa do ar de secagem na junção (saída do coletor solar/entrada da
câmara de secagem), obtida com o sensor B, esteve entre 20 e 25%, o que é importante para o processo de secagem.
A elevada eficiência mássica, em torno de 86%, demonstra que usando a energia solar fotovoltaica é possível obter
uma eficiência mássica do processo que usa eletricidade ou GLP como fonte de energia, o que juntamente com o tempo
de secagem menor demonstra ser uma alternativa sustentável para os modelos de secadores mais comuns no mercado. O
fato de ser uma boa alternativa, também é justificável pelo valor obtido para o rendimento térmico do sistema de secagem
(19,60%) estar dentro da expectativa para este tipo de sistema de secagem.
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Com os resultados apresentados, pode-se inferir a similaridade com os resultados apresentados na literatura: a
secagem do abacaxi obteve valores médios de eficiência de 15%, 11% e 13% para três modos de operação, solar, híbrido
e fóssil, respectivamente (Madhlopa e Ngwalo, 2007); a câmara de secagem de um secador solar com soprador de ar
construído para a secagem de uva e damasco obteve sua eficiência calculada em 20% e 30%, respectivamente para cada
fruto (Al-Juamily et al., 2007); um secador solar de túnel apresentou eficiência média diária do processo de secagem de
44% quando funcionou com sistema de convecção forçada composto por três ventiladores alimentados por um módulo
fotovoltaico e eficiência instantânea de 27% quando funcionou com convecção natural (Fudholi, 2010); as eficiências do
coletor solar e do secador foram estimadas em torno de 28% e 13% para um secador solar usado na secagem do pimentão
vermelho (Fudholi, 2014); e o cálculo da eficiência global de um secador para a secagem de peixe Camboja resultou em
12,37% (Hubackova et al., 2014).

5. CONCLUSÕES

Em consonância com os objetivos definidos, pode-se concluir que o secador solar de frutas de exposição indireta
com sistema de convecção forçada mostrou-se compatível com os resultados esperados. E assim pode ser classificado
como um secador solar eficiente na produção de banana passa em razão de obter uma eficiência mássica média do
processo de secagem elevada.
Quando comparado com dados relatados da literatura, o secador solar mostrou-se compatível a partir do controle
das propriedades do ar garantidas pelo tipo e dimensionamento do sistema de secagem. As propriedades termodinâmicas
do ar e o balanço de energia de cada componente do secador solar, que resulta no cálculo do rendimento termodinâmico
do secador solar foram possibilitadas pelo sistema de aquisição de dados, constituído por uma placa de Arduino UNO.
A partir da sua funcionalidade e qualidade testada, pode-se citar como sugestão para futuros trabalhos o
desenvolvimento de um secador de exposição indireta em Mossoró, Rio Grande do Norte, para uma comparação com os
dados gerados em Campina Grande, Paraíba. A ideia de um secador em outra localização ajuda a observar as influências
meteorológicas e possibilita a secagem de uma fruta típica da nova região, promovendo assim desenvolvimento regional.

Agradecimentos

Os autores agradecem à CAPES, CNPq, UFCG e à equipe do Laboratório de Mestrado em ensino de Física da
UFERSA. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
– Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

REFERÊNCIAS

Al-Juamily, K.E.J, Khalifa A. J. N, Yassen T. A., 2007. Testing of the performance of a fruit and vegetable solar drying
system in Iraq, Desalination. vol. 209, n.3, pp.163–70.
Barbosa, J. R.P., 2011. Estudo da viabilidade de uso de secadores solares fabricados com sucatas de luminárias,
Dissertação de Mestrado, UFRN, Natal.
Fudholi, A. et al., 2010. Review of solar dryers for agricultural and marine products. Renewable and Sustainable, Energy
Reviews, vol.14, pp.1- 30, 2010.
Fudholi, A. et al., 2014. Performance analysis of solar drying system for red chili, Solar Energy, vol.99, pp.47-54.
Grilo, M.B., 2007. Fundamentos da energia solar: radiação solar e coletor solar plano conceitos básicos e aplicações.
Campina Grande, PB: Editora da UFCG.
Hubackova, A. et al., 2014. Development of solar drying model for selected cambodian fish species, The Scientific World
Journal, vol.20, n.10, pp. 1- 10.
Khalifa, A.J.N.; Al-Dabagh, A.M.; Al-MehemdI, W. M., 2012. An Experimental Study of Vegetable Solar Drying
Systems with and without Auxiliary Heat. Renewable Energy, vol. 20, n.1, pp. 1-8.
Madhlopa, A.; Ngwalo, G., 2007. Solar dryer with thermal storage and biomass-backup heater, Solar Energy. v.81, n.4,
pp.449–462.
Moran, M.J.; Shapiro, H.N., 2009. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC.
Nunes et al., 2018. Secador Solar usado na Secagem de Banana, Gramado - Rio Grande do Sul, VII CBENS VII
Congresso Brasileiro de Energia Solar, Gramado.
Nunes, A.G., 2016. Desenvolvimento de um Secador Solar Multienergético para Secagem de Frutas. Tese de Doutorado
UFCG, Campina Grande.

ENERGY ANALYSIS OF THE EFFICIENCY AND DRYING PROCESS OF A SOLAR DRYER

Abstract: An indirect exposure solar dryer is presented to determine the real thermal efficiency and performance of the
drying process, tested on drying banana prata (Musa spp.). The challenge of building the prototype was to bring
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innovations, such as an energy-absorbing plate inside the solar collector and a movement of a cooler powered by a solar
energy. These peculiarities made it possible to design a drying chamber with characteristics of maintaining the drying
air temperature inside the chamber without large variations and to control the relative humidity of the drying air in most
tests between 20 and 30%, because as lower as the air humidity at the inlet of the drying chamber, more water will be
removed from the product, reducing the drying time. With these innovations, the drying process behaved as in traditional
dryers with average drying process mass efficiency around 85%. The temperature and relative humidity measurement
system was developed using Arduino, which made it possible to perform the solar dryer energy balance, resulting in the
calculation of the solar dryer thermodynamic performance and obtaining other drying air thermodynamic properties.
The results for the thermal efficiency of the solar dryer were around 20%, compatible with those described in the literature
for equivalent drying systems that use only solar energy as a power source.

Key words: Solar Dryer, Thermodynamic Properties, Thermal Efficiency

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