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de sua argumentação é a questão que gira em torno dos bispos: como hipótese
de trabalho sugere que a falta de informação sobre a existência dos prelados
poderia significar a sua ausência, pelo que, se considerarmos à instituição
episcopal vital para a perduração das comunidades cristãs, estas
desapareceriam logo. Epalza introduz assim o neologismo neo-moçárabe para
se referir a cristãos não autóctones do território andaluz, provenientes do Norte,
que aí assentam, e que constituiriam a maioria das comunidades «moçárabes»
que se encontram os conquistadores nortenhos em Toledo e Valencia. María
Jesús Rubiera80 compartilha a teoria de Epalza sobre os cristãos no Levante
andaluz: eles poderiam ter desaparecido logo devido a a falta das estruturas
necessárias para a formação de bispos e consagração dos santos óleos
necessários para o batismo. Portanto, os que aparecem nas fontes seriam neo-
moçárabes, e não descendentes de os cristãos autóctones. Para a comunidade
toledana opina o mesmo:81 a comunidade cristã desapareceu no século X e o
que foi encontrado Alfonso VI seriam neo-mozárabes. Afrma também que, depois
da conquista toledana, muitos muçulmanos se converteram ao cristianismo.82 É
o que chama de «novos cristãos de mouros». Estes conversos teriam passado
despercebidos porque se misturaram com os moçárabes e neo-moçárabes. Uma
terceira postura historiográfca poderia ser defnida como intermediária, defendida
pela maioria dos investigadores. Propõem um termo meio que postula a
existência de núcleos de comunidades cristãs pouco importantes e muito
arabizadas a fnales do século X, e que perdurariam até ao XII, momento em que
desaparecem com a chegada de
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partidário de voltar este processo para o século IX. Afrma que é uma época
caracterizada por um processo de conversão pelo qual a população cristã devino
minoritária. As fontes latinas retratam uma sociedade em transição, em vias de
islamização e arabização, na qual se está a produzir uma adaptação à norma
jurídica. É neste contexto que é necessário enquadrar a sublevação dos
muladias. Esta mesma conclusão pode ser estabelecida com o citado trabalho
de Fernández Félix e Fierro96 sobre o estudo do processo de islamização
através das questões jurídicas que aparecem na 'Utbiyya. Essas masā'il nos
remetem às preocupações da comunidade muçulmana andaluz, entre as quais
podemos destacar as tensões entre os muçulmanos «velhos» e os «novos»,
refejadas em questões como a onomástica árabe de os convertidos, e que
mostram uma comunidade em pleno crescimento. Interessantes são também
certos trabalhos que analisam mais em profundidade a dinâmica de arabização,
desde perspectivas heterogêneas e com diversas conclusões. Geograficamente
falando, Monferrer97 afrma que a arabização foi um processo desigual, pois
afetou mais a cidade que o campo. Na primeira, as elites cristãs foram
arabizadas, incluindo o clero, enquanto no campo continuará a falar romance-
árabe. A sua vez, Echevarría Arsuaga98 propõe uma abordagem jurídica da
arabização, ou seja, o estudo sobre em que medida as comunidades cristãs de
al-Andalus procedimentos e conceitos legais do direito muçulmano através da
tradução árabe da Coleção Canônica hispana conservada em El Escorial. Opina
la investigadora que, contra de a crença geral por parte de muitos historiadores
de que a lei está em uma certa forma «congelada» no tempo, os seus conteúdos
não ficam fjados. Por conseguinte, podem fornecer informações sobre a vida real
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