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HUTCHUEN, Linda. Uma teoria da paródia. Edições 70, 1985.

Da introdução (p. 9-44) :

“O escritor deve «estar em pé de igualdade com o leitor/ouvinte num esforço para elaborar
sentidos a partir de linguagem comum a ambos».” - p. 16.

“A paródia é, noutra formulação, repetição com distância crítica, que marca a diferença em
vez da semelhança.” - p. 17.

“A função da paródia era, com frequência, a de ser o malicioso e denigrativo' veículO' da


sátira, papel que continua a desempenhar até aos nossos dias nalgumas formas de
paródia.” - p. 26

“O que é importante é que todos estes historiadores da paródia são da opinião que a
paródia prospera em períodos de sofisticação cultural que permitem aos parodistas confiar
na competência do leitor (espectador, ouvinte) da paródia.” - p. 31

“Tal como Genette, vejo a paródia como uma relação formal ou estrutural entre dois textos.
Nos termos de Bakhtin, trata-se de uma forma de dialogia textual.” - p.34
Estamos realmente falando de paródia? será sátira um termo melhor?

“Os textos não geram nada - a não ser que sejam apreendidos e interpretados. Por
exemplo, sem a existência implícita de um leitor, os textos escritos não passam da
cumulação de marcas pretas em páginas brancas. ” - p. 35

“Segundo Dwight Macdonald: «Para uma boa paródia é necessária uma combinação
peculiar de sofisticação e provincianismo; a primeira por razões óbvias, o último porque a
audiência deve ser homogénea o bastante para perceber a piada»” - p.39-40

Capítulo 2: Definição de paródia (p. 45-68).

“A ironia parece ser o principal mecanismo retórico para despertar a consciência do leitor
para esta dramatização. A ironia participa no discurso paródico como uma estratégia, no
sentido utilizado por Kenneth Burke (1967, 1), que permite ao descodificador interpretar e
avaliar.” - p. 47

“O prefixo para tem dois significados, sendo geralmente mencionado apenas um deles - o
de «contra» ou «oposição». Desta forma, a paródia torna-se uma oposição ou contraste
entre textos. Este é, presumivelmente, o ponto de partida formal para a componente de
ridículo pragmática habitual da definição: um texto é confrontado com outro, com a intenção
de zombar dele ou de o tornar caricato.” - p. 47-48.

“A paródia é igualmente um género sofisticado nas exigências que faz aos seus praticantes
e intérpretes. O codificador e, depois, o descodificador, têm de efectuar uma sobreposição
estrutural de textos que incorpore o antigo no novo.” - p.50
“Por esta definição, a paródia é, pois, repetição, mas repetição que inclui diferença (Deleuze
1968); é imitação com distância crítica, cuja ironia pode beneficiar e prejudicar ao mesmo
tempo. Versões irónicas de «transcontextualização» e inversão são os seus principais
operadores formais, e o âmbito de ethos pragmático vai do ridículo desdenhoso à
homenagem reverencial.” - p. 54

“Como pode então chegar a confundir-se a paródia com a sátira,que é extramural (social,
moral) no seu objectivo aperfeiçoador de ridicularizar os vícios e loucuras da Humanidade,
tendo em vista a sua correcção?” - p.61

“«Nenhum aspecto da sociedade tem estado a salvo da atenção escarnecedora do


parodista» (Feinberg 1967, 188).” - p.62

“A sátira usa, frequentes vezes, formas de arte paródicas, quer para fins expositórios, quer
para fins agressivos (Paulson 1967, 5-6), quando aspira à diferenciação textual como
veículo.” - p.62

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