Você está na página 1de 1120

DIREITO DO MEIO AMBIENTE E

DOS RECURSOS NATURAIS

VOLUME 1
Impacto ambiental. PNMA. SISNAMA.
Licenciamento Ambiental. Responsabilidade
Ambiental

AMÉRICO LUÍS MARTINS DA


SILVA
DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

VOLUME 1

Impacto ambiental. PNMA. SISNAMA. Licenciamento Ambiental.


Responsabilidade Ambiental

AMÉRICO LUÍS MARTINS DA SILVA

Copyright © 2015 Américo Luís Martins da Silva

A obra foi registrada, em 19.7.2002, no Escritório de Direitos Autorais da


Biblioteca Nacional, junto ao registro n° 263.544, do Livro 472 à fl. 204 (protocolo
2002RJ_6677).

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer


meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos,
fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização
e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta
obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-
se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos
direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal),
com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e
indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei federal brasileira n° 9.610, de
19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).

E-mail do Autor de atendimento ao público leitor 913724rb.rj@uol.com.br

ISBN-13: 9781520890548
SOBRE O AUTOR
Américo Luís Martins da Silva (1955-) nasceu no Rio de
Janeiro, Brasil. É Procurador Federal; Professor de Direito
Econômico, de Direito Empresarial, Direito Imobiliário, Direito Civil e
Planejamento Tributário da Escola de Pós-Graduação em Economia
- EPGE da Fundação Getúlio Vargas - FGV; Professor da Fundação
Getúlio Vargas – FGV; Professor de Direito Societário da Escola da
Magistratura do Rio de Janeiro - EMERJ; Professor de Direito
Tributário do Curso de Pós-Graduação em Direito Tributário da
Universidade Cândido Mendes – UCAM; Professor de Direito
Comercial do Curso de Graduação em Direito da Universidade
Estácio de Sá. É Especialista em Direito Empresarial, pelo Centro
de Ensino Unificado de Brasília - CEUB. É pós-graduado em Direito
Civil pela Escola Superior da Magistratura do Distrito Federal. É
Mestre em Direito Empresarial, pela Universidade Gama Filho - UGF
do Rio de Janeiro. É autor das seguintes obras jurídicas: 1) AS
AÇÕES DAS SOCIEDADES E OS TÍTULOS DE CRÉDITO [2ª
edição]; 2) A ORDEM CONSTITUCIONAL ECONÔMICA [3ª edição];
3) A PARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS NOS LUCROS, NOS
RESULTADOS E NA GESTÃO DA EMPRESA [2ª edição]; 4)
DIREITO DE FAMÍLIA E COSTUMES ALTERNATIVOS: ESTUDO
JURÍDICO, ANTROPOLÓGICO E SOCIAL DA FAMÍLIA (2
VOLUMES) [3ª edição]; 5) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E
EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA: PRECATÓRIO-REQUISITÓRIO E REQUISIÇÃO DE
PEQUENO VALOR (RPV) [5ª edição]; 6) DIREITO DAS LOCAÇÕES
IMOBILIÁRIAS [4ª edição]; 7) O DANO MORAL E SUA
REPARAÇÃO CIVIL [5ª edição]; 8) INTRODUÇÃO AO DIREITO
EMPRESARIAL [3ª edição]; 9) A EXECUÇÃO DA DÍVIDA ATIVA DA
FAZENDA PÚBLICA [4ª edição]; 10) INTRODUÇÃO AO DIREITO
ECONÔMICO [2ª edição]; 11) REGISTRO PÚBLICO DA ATIVIDADE
EMPRESARIAL (2 volumes) [2ª edição]; 12) CONTRATOS
EMPRESARIAIS (2 volumes) [3ª edição]; 13) DIREITO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS (3 volumes) [2ª edição];
14) SOCIEDADES EMPRESARIAIS (2 volumes) [2ª edição]; 15)
DIREITO AERONÁUTICO E DO ESPAÇO EXTERIOR (4 volumes)
[2ª edição]; 16) DIREITO DOS MERCADOS FINANCEIROS (3
VOLUMES) [2ª edição]; 17) DIREITO DA CONCORRÊNCIA
EMPRESARIAL; 18) CONDOMÍNIO: DOUTRINA E
JURISPRUDÊNCIA; 19) DIREITO DA PROTEÇÃO E DEFESA DO
CONSUMIDOR; e 20) DIREITO AQUAVIÁRIO E DA NAVEGAÇÃO
MARÍTIMA (3 VOLUMES). É também autor das seguintes obras não
jurídicas: 1) O VOO-SOLO E OUTROS CONTOS [categoria:
contos]; 2) UMA ODISSÉIA PELOS MARES ORIENTAIS [categoria:
romance]; 3) O RESGATE DE ALLAJI [categoria: romance]; 4) A
SAGA DE BARTOLOMEU BRASILEIRO [categoria: romance]; 5)
BARTOLOMEU BRASILEIRO, O BUCANEIRO [categoria: romance];
6) O IMIGRANTE PORTUGUÊS [categoria: romance]; 7)
DESCONHECIDO CAVALEIRO DA ORDEM DE CRISTO [categoria:
romance]; 8) UM CONTINENTE LONGE DEMAIS [categoria:
romance]; 9) UMA PASSAGEM PARA A ESPERANÇA [categoria:
romance]; 10) A ÉPOCA DE BUENO MACHADO, DANÇARINO E
CABARETIER [categoria: crônica]; 11) POESIAS REUNIDAS DE
UM POETA EVENTUAL [categoria: poesias]; 12) OS MAIS
FAMOSOS ATORES DE HOLLYWOOD - DE 1940 A 1960 -
VOLUME 1 [categoria: biografia]; 13) OS MAIS FAMOSOS ATORES
DE HOLLYWOOD - DE 1940 A 1960 - VOLUME 2 [categoria:
biografia]; e 14) AS MAIS FAMOSAS ATRIZES DE HOLLYWOOD -
DE 1940 A 1960 - VOLUME 1 [categoria: biografia].

Visite os sites:
http://www.americoluismartinsdasilva.com.br (site pessoal)
http://www.amazon.com/author/americo.silva (pagina de autor
de livros na amazon.com)
DEDICATÓRIA

Dedico este livro ao ex-procurador federal do IBAMA V


G S e, in memoriam, ao casal V Z C ,
jornalista do Jornal do Commércio, e H R C .
ÍNDICE
SOBRE O AUTOR
DEDICATÓRIA
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1 – NOÇÕES GERAIS DE MEIO AMBIENTE E DE
RECURSOS NATURAIS
1.1 ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
1.1.1 N
1.1.2 N
1.1.3 N
1.1.4 N
1.1.5 C
1.1.6 N
1.2 BIODIVERSIDADE
1.2.1 C
1.2.2 R
1.2.3 E

1.2.4 E
1.3 ÉTICA AMBIENTAL
1.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1.4.1 V
1.4.2 C
1.4.3. D
1.5. RECURSOS NATURAIS
1.5.1 A
1.5.2 A Á
1.5.2.1 Conceito de água
1.5.2.2 Águas territoriais
1.5.2.3 Águas interiores superficiais
1.5.2.4 Águas interiores subterrâneas
1.5.2.5 Águas públicas, comuns e particulares
1.5.2.6 Sistema de classificação das águas
1.5.2.7 Condições e padrões de qualidade das águas
1.5.2.7.1 Introdução
1.5.2.7.2. Condições e padrões de qualidade das águas doces
1.5.2.7.3 Condições e padrões de qualidade das águas salinas
1.5.2.7.4 Condições e padrões de qualidade das águas salobras
1.5.2.8 Condições e padrões de lançamento de efluentes
1.5.2.8.1 Regras gerais sobre as condições e padrões de
lançamento de efluentes
1.5.2.8.2 Enumeração das condições e padrões de lançamento de
efluentes
1.5.2.8.3 Das condições e padrões de para Efluentes de Sistemas
de Tratamento de Esgotos Sanitários
1.5.2.8.4 Diretrizes para gestão de efluentes
1.5.3 O
1.5.4 O
1.5.5 O
1.5.6 O
1.5.7 O
1.5.7.1 Organismos produtores e organismos consumidores
1.5.7.2 A classificação taxonômica
1.5.7.3. População de organismos
1.5.7.4 A fauna
1.5.7.5. A flora
CAPÍTULO 2 – NOÇÕES GERAIS DE IMPACTO AMBIENTAL
2.1 IMPACTO AMBIENTAL
2.1.1 C
2.1.2 E
2.1.3 I
2.2 A POLUIÇÃO AMBIENTAL
2.2.1 C
2.2.2 T
2.2.2.1 Poluição da água
2.2.2.2 Poluição do ar ou poluição atmosférica
2.2.2.2.1 Noções de poluição atmosférica
2.2.2.2.2 Espécies de poluição atmosférica
2.2.2.2.3 Consequências da poluição atmosférica
2.2.2.2.4 O aerossol e a camada de ozônio
2.2.2.2.5 Aquecimento global e efeito estufa
2.2.2.3 Poluição do solo
2.2.2.4 Poluição térmica
2.2.2.5 Poluição transfronteira
2.2.2.6 Poluição visual
2.2.2.7 Poluição sonora ou acústica
2.2.2.8 Poluição radioativa
2.2.3 O ,

2.3 A RAREFAÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO E A CHUVA ÁCIDA


2.3.1 A
2.3.2 A
2.4 A PERDA DA BIODIVERSIDADE
2.5 O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
2.5 O TRATAMENTO DOS RESÍDUOS
2.5.1. O
2.5.2 E
2.5.2.1 Resíduos sólidos
2.5.2.2 Resíduos líquidos
2.5.2.3 Resíduos gasosos
2.5.3 C
2.5.4 E
2.5.5 E
2.5.6 F
2.5.7 P
2.5.8 R ,
2.5.9 R
2.5.10 P G R – PGR
2.6 A ESCASSEZ DA ÁGUA DIRETAMENTE DISPONÍVEL
2.7 REMOÇÃO FÍSICA DE TERRA
2.8 EROSÃO
2.9 DESMATAMENTO
2.10 DESERTIFICAÇÃO
2.11 A ECODEMOGRAFIA DO SUBDESENVOLVIMENTO
2.12 A EXTINÇÃO DA FAUNA
2.13 A EXTINÇÃO DA FLORA
2.14 ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS E
UTILIZADORAS DE RECURSOS AMBIENTAIS
2.15 O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E O TERMO DE
REFERÊNCIA
2.16 COMPETÊNCIA PARA EXIGIR ESTUDO DE IMPACTO
AMBIENTAL, LICENCIAR E FISCALIZAR ATIVIDADES
2.17 REGIME LEGAL DE SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO
2.17.1 S Á P
P – APP
2.17.2 S Á U R –
AUR
2.17.3 S Z C
2.17.4 S Á R L –
ARL
2.17.4.1 Delimitação da Área de Reserva Legal – ARL
2.17.4.2 Regime de Proteção da Reserva Legal – ARL
2.17.4.3 Regime de Proteção das Áreas Verdes Urbanas – AVU
2.17.5 S
2.18 COMPETÊNCIA GERAL PARA EXIGIR O ESTUDO DE
IMPACTO AMBIENTAL – EIA E PARA LICENCIAR
EMPREENDIMENTOS E ATIVIDADES COM SIGNIFICATIVO
IMPACTO AMBIENTAL DE ÂMBITO NACIONAL OU REGIONAL
2.19 LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM ZONA COSTEIRA
2.20 COMPETÊNCIA AMBIENTAL EXCEPCIONAL
2.21 NATUREZA JURÍDICA DO ESTUDO DE IMPACTO
AMBIENTAL
2.22 VINCULAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO ESTUDO
DE IMPACTO AMBIENTAL
2.23 PUBLICIDADE DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
2.24 OBRIGATORIEDADE DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
2.25 REQUISITOS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
2.25.1 R
2.25.2 R
2.25.3 R
2.26 ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA – EIV
2.27 AUDIÊNCIA PÚBLICA
2.28 ROTULAGEM AMBIENTAL
2.28.1 N
2.28.2 O P R A
2.28.3 T
2.28.4 O P ABNT – Q A
2.28.5 F
2.28.6 D C T C
2.28.7 E P R
A
2.28.8 A C V – ACV
2.28.9 D
2.28.10 A
2.29 AUDITORIA AMBIENTAL
2.29.1 H
2.29.2 C
2.29.3 O
2.29.4 E
2.29.4.1 Auditoria ambiental pública
2.29.4.2 Auditoria ambiental privada
2.29.4.3 Classificação de auditoria ambiental quanto à sua finalidade
2.29.5 E
2.29.6 P

2.29.7 A ,
S G A – SGA
2.29.8 E S G
A – SGA
2.29.9 C
CAPÍTULO 3 – O DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS
3.1 CONCEITO DE DIREITO ECOLÓGICO, DE DIREITO
AMBIENTAL E DE DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS
3.1.1 D
3.1.2 D
3.1.3 D
3.1.4 D
3.2 O DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS COMO DIREITO ECONÔMICO
3.3 O DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS COMO DIREITO HUMANO
3.4 AUTONOMIA E METODOLOGIA DO DIREITO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
3.5 OBJETO E OBJETIVO DO DIREITO DO MEIO AMBIENTE E
DOS RECURSOS NATURAIS
3.6 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS
3.6.1 P
3.6.2 P
3.6.3 P
3.6.4 P
3.6.5 P
3.6.6 P
3.6.7 P E !I .
3.6.8 P -
3.6.9 P
3.6.10 P
3.6.11 P
3.7 FONTES DO DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS
3.8 ESPÉCIES DE FONTES DO DIREITO DO MEIO AMBIENTE E
DOS RECURSOS NATURAIS
3.9 RELAÇÕES DO DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS COM OUTROS RAMOS DO DIREITO
3.10 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM MATÉRIA AMBIENTAL
3.10.1 C U F
3.10.2 C U F
E D F
3.10.3 C
3.11 DIREITO AMBIENTAL COMPARADO
3.12 EFICÁCIA DAS NORMAS JURÍDICAS AMBIENTAIS E SUA
CODIFICAÇÃO
3.12.1 M
XXI
3.12.2 I
3.12.3 A
CAPÍTULO 4 – O DIREITO CONSTITUCIONAL DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
4.1 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
ANTES DA CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824
4.2 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
NA CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824
4.3 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1891
4.4 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1934
4.5 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1937
4.6 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1946
4.7 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1967 E NA EMENDA
CONSTITUCIONAL N° 1, DE 1969
4.8 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
CAPÍTULO 5 – POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
5.1 CONCEITO DE POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
5.2 OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
5.3 PRINCÍPIOS LEGAIS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE
5.4 MEIOS DE FORMULAÇÃO DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
5.5 ATRIBUIÇÕES NA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DO
MEIO AMBIENTE
5.6 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE
CAPÍTULO 6 - SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE –
SISNAMA
6.1 CONCEITO DE SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE –
SISNAMA
6.2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO SISNAMA
6.3 ÓRGÃOS E ENTIDADES QUE INTEGRAM O SISTEMA
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA
6.4 O CONSELHO DE GOVERNO COMO ÓRGÃO SUPERIOR
6.5 O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA
COMO ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO
6.5.1 C C N
M A – CONAMA
6.5.2 C C N M A –
CONAMA
6.5.3 D C E R
6.5.4 D C T G T
CONAMA
6.6 O MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE COMO ÓRGÃO
CENTRAL
6.6.1 G M M A – MMA
6.6.2 S -E M M A –
MMA
6.6.3 S P ,O
A M M A – MMA
6.6.4 D G E M
M A – MMA
6.6.5 D A A A
M M A – MMA
6.6.6 D E M A
M M A – MMA
6.6.7 D F D
S M M A – MMA
6.6.8 D P C
D M M A – MMA
6.6.9 D A C N M
A M M A – MMA
6.6.10 A A I M
M A – MMA
6.6.11 C J M M A –
MMA
6.6.12 S M C Q
A M M A – MMA
6.6.13 D M C M
M A – MMA
6.6.14 D L A A
M M A – MMA
6.6.15 D Q A I
M M A – MMA
6.6.16 S B F M
M A – MMA
6.6.17 S R H A U –
SRHAU M M A – MMA
6.6.18 S E D R
S M M A – MMA
6.6.19 S A I C
A M M A – MMA
6.6.20 S F B – SFB
6.6.21 I P J B R
J – JBRJ
6.6.22 P N E A P
N E A – PRONEA
6.6.23 A 21
6.6.24 F N M A – FNMA
6.6.25 C N R H
6.6.26 A N Á – ANA
6.7 O INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA COMO ÓRGÃO
EXECUTOR
6.7.1 C I B M A
R N R – IBAMA
6.7.2 E I B
M A R N – IBAMA
6.8 O INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE – INSTITUTO CHICO MENDES COMO ÓRGÃO
EXECUTOR
6.9 ÓRGÃOS SETORIAS DO SISNAMA
6.10 ÓRGÃOS SECCIONAIS DO SISNAMA
6.11 ÓRGÃOS LOCAIS DO SISNAMA
CAPÍTULO 7 – LICENCIAMENTO E ZONEAMENTO AMBIENTAL
7.1 O PODER DE POLÍCIA DO ESTADO
7.1.1 N
7.1.2 P
7.1.3 R
7.1.4 O
7.1.5 E
7.1.6 A
7.1.7 M
7.1.8 P
7.2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
7.2.1 C
7.2.2 C
7.2.3 L
7.2.4 E
7.2.5 L P – LP
7.2.6 L I – LI
7.2.7 L O – LO
7.2.8 L
7.3 ZONEAMENTO
7.3.1 N
7.3.2 N
7.3.3 Z
7.3.4 Z -
7.3.5 Z
7.3.6 Z
7.3.7 Z
CAPÍTULO 8 – RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
8.1 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
8.1.1 D
8.1.2 N
8.2 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
8.3 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL
8.4 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
8.5 DO DANO AMBIENTAL
8.5.1 D
8.5.2 N
8.5.3 D
8.6 REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL
8.6.1 C
8.6.2 R
8.7 A AÇÃO CIVIL PÚBLICA
8.7.1 A L ° 7.347, 24.07.1985
8.7.2 A L A C P
8.7.3 D
8.7.4 D
8.7.5 D
8.7.6 D
8.7.7 D
8.7.8 D
8.7.9 D
8.7.10 A
8.7.11 A
8.7.12 D
8.7.13 E
8.7.14 D
8.7.15 D -
8.7.16 D
8.7.17 D C P C
BIBLIOGRAFIA
AGRADECIMENTOS

ÀC M C M S , pelo auxílio na
pesquisa para a elaboração desta obra
“Os búfalos estão diminuindo depressa. Os cervos,
que eram muitos há alguns anos antes, agora são
poucos. O que é o homem sem os animais? Se
todos os animais se fossem, o homem morreria de
uma grande solidão de espírito, pois o que quer que
ocorra aos animais breve vai acontecer também ao
homem. Existe uma ligação em tudo. O que vier a
acontecer com a terra recairá sobre os filhos da
terra. Não foi o homem que fez o tecido da vida. Ele
é simplesmente um de seus fios. O que quer que
faça ao tecido estará fazendo a si mesmo”.

(Trecho da carta de um cacique de


Seattle, líder dos índios suquamish,
dirigida, em 1854, ao presidente dos
Estados Unidos da época).
APRESENTAÇÃO
O Volume 1 do livro Direito do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais é a primeira parte de um aprofundado estudo do
direito do meio ambiente e dos recursos naturais levado a efeito
pelo autor ao longo do exercício de cargos públicos ligados às
questões ambientais brasileiras. No decorrer dos capítulos que
compõem esta obra, ele procura analisar todos os conceitos,
princípios, características e questões que dizem respeito aos
institutos deste ramo do direito e são do interesse de estudiosos e
aplicadores das normas jurídico-ambientais. A extensão do trabalho
se justifica pelo fato de o autor, durante sua explanação, procurar
não deixar de tratar de todos os temas ligados à legislação
ambiental de grande importância na atualidade.
Em seu primeiro volume, a obra abrange as noções gerais
de meio ambiente e recursos naturais, as noções gerais de impacto
ambiental, a introdução ao direito do meio ambiente e dos recursos
naturais e o direito constitucional do meio ambiente e dos recursos
naturais. O trabalho traz também estudo completo da Política
Nacional do Meio Ambiente e do o Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA. Aborda, ainda, procurando esgotar, a análise
do licenciamento ambiental, do zoneamento ambiental e da
responsabilidade ambiental. Enfim, procura-se nas páginas que
compõem este volume 1 da obra apresentar ao público leitor
comentários mais abrangentes possíveis a respeito dos mais
diversos aspectos das instituições de direito do meio ambiente e dos
recursos naturais, bem como das normas jurídicas que disciplinam e
sistematizam a matéria nela tratada.
Na segunda parte do presente estudo, que constituirá o
volume 2, serão analisadas as peculiaridades da proteção legal da
flora, da área de preservação permanente, da unidade de
conservação, dos agrotóxicos, seus componentes e afins, da
proteção legal das águas e da proteção legal da fauna. Na terceira e
última parte, a ser apresentada ao público leitor como volume 3,
serão abordadas as questões ligadas à mineração, ao petróleo, às
populações indígenas ou tradicionais, à biossegurança de
organismos geneticamente modificados – OGM, à proteção de
cultivares, à energia nuclear e proteção ambiental, ao direito penal
ambiental e ao direito administrativo ambiental.
De maneira que, dada a sua importância, a amplitude e
atualização, este trabalho tem certamente espaço reservado nas
bibliotecas de advogados, magistrados, membros do Ministério
Público, ambientalistas e quantos se dediquem ao estudo do direito
do meio ambiente e dos recursos naturais.

Américo Luís Martins da Silva


CAPÍTULO 1 – NOÇÕES
GERAIS DE MEIO AMBIENTE E
DE RECURSOS NATURAIS

1.1 ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE


1.1.1 Noções de ecologia

O termo “ecologia” vem do grego “oikos” que significa nada


menos nada mais que “casa” ou lugar onde se vive ou hábitat,[1] e
logos, que significa “estudo”. De maneira que ecologia significa o
“estudo do lugar onde se vive”. Ele foi absorvido pela maioria das
línguas do mundo ocidental: ecology, no inglês; écologie, no
francês; ou ecologia, no italiano etc.
Pelo que tudo indica, a palavra “ecologia” foi empregada pela
primeira vez pelo zoólogo e naturalista alemão ERNST HAEKEL
(1834‑1919), adepto das teorias darwinianas, em 1869, no seu livro
Generelle Morphologie des Organismen (Morfologia geral dos
organismos), para designar “o estudo das relações de um
organismo com seu ambiente inorgânico ou orgânico, em particular,
o estudo das relações do tipo positivo ou amistoso e do tipo
negativo (inimigos) com as plantas e animais com que convive”.
Para ERNST HAEKEL a ecologia deve ser vista como o estudo da
economia, da organização doméstica dos organismos animais. Ela
inclui, como dito, as relações dos animais com o ambiente orgânico
e inorgânico, especialmente todas as relações benéficas e inimigas
que o célebre naturalista e fisiologista inglês CHARLES ROBERT
DARWIN (1809-1882) mencionava, em sua obra A origem das
espécies (1859), como representando as condições de luta pela
existência.[2] Lembramos que CHARLES ROBERT DARWIN
sustenta existirem ancestrais comuns entre organismos distintos e
que o principal agente de modificação, entre diferentes organismos,
é a seleção natural sobre a variação individual.
Antes de se empregar pela primeira vez o termo “ecologia”,
utilizava-se a palavra “biologia” para designar a área de estudo que
abrange características dos grupamentos de espécies, e entre
espécies, tanto vegetal, quanto animal.
No entanto, CELSO PIEDEMONTE DE LIMA alerta que a
definição de ecologia adotada por ERNEST HAEKEL,
aparentemente, exclui do objeto os aspectos culturais e humanos, o
que não deve ocorrer, já que os seres humanos são animais, e
reconhecer que “somos animais diferentes não implica admitir que
sejamos mais perfeitos”.[3]
De qualquer forma, o termo “ecologia” somente foi adotado
pelo público em geral em 1895, quando o botânico dinamarquês e
professor na Universidade de Copenhage, JOHANNES EUGENIUS
BULOW WARMING (1841-1924) publicou obra que tratava
especificamente sobre a geografia vegetal ecológica. O objetivo de
JOHANNES EUGENIUS BULOW WARMING nessa obra consistia
em buscar uma melhor compreensão das relações mútuas entre os
organismos e seus ambientes respectivos dentro de condições
normais.[4]
No início do século XX, a ecologia era ainda um “estudo
descritivo da natureza”, uma espécie de “história natural”, que se
inspirava nos trabalhos dos grandes exploradores e observadores
da natureza do século XIX. Logo seguiram estudos mais
pormenorizados sobre o meio em que vive determinada espécie e
suas relações de simbiose ou de antagonismo com outras espécies
e no seu meio físico de autuação. Suas aplicações foram e
continuam sendo importantes, sobretudo no que diz respeito às
pesquisas sanitárias sobre os transmissores de doenças e à
prevenção antiparasitária. Mas cada espécie, mesmo quando
estudada juntamente com outras que a influenciam diretamente, não
é senão a minúscula parte de um conjunto formado por milhares de
espécies vegetais, animais e microbianas que ocupam determinado
espaço: uma floresta, uma praia, um lago etc. Em vista disto, em
torno de 1925, surgiu a sinecologia, também chamada de “ecologia
das comunidades” ou “ecologia nos conjuntos de espécies”, que
estuda a integração nas diferentes espécies que ocupam um
mesmo ambiente, como estas se relacionam, e de que modo
interagem com o meio ambiente.[5]
Em português, o termo ecologia aparece pela primeira vez
em PONTES DE MIRANDA, em sua obra Introdução à política
científica, cuja primeira edição foi publicada em 1924.
S. KIRK WICKERSHAM menciona que ecologia é a ciência
que estuda a dinâmica dos ecossistemas; é a disciplina que estuda
os processos, interações e a dinâmica de todos os seres vivos com
os aspectos químicos e físicos do meio ambiente e com cada um
dos demais, incluindo os aspectos econômicos, sociais, culturais e
psicológicos peculiares ao homem; é um estudo interdisciplinar e
interativo que deve, por sua própria natureza, sintetizar informação e
conhecimento da maioria, senão de todos os demais campos do
saber. Todavia, esta definição não corresponde muito bem ao
significado que, hoje em dia, se dá ao termo.
Evidentemente, o seu conceito original, tal como ocorre em
relação a maior parte dos termos científicos, evoluiu até o presente
no sentido de designar apenas uma ciência, parte da biologia, e
uma área específica do conhecimento humano que tratam do estudo
das relações dos organismos uns com os outros e com todos os
demais fatores naturais e sociais que compreendem seu ambiente.
Todavia, o conceito atual de ecologia não deve ser confundido com
o conceito de “ambiente”. Repetindo, a ecologia deve ser entendida
como uma ciência bem marcada no âmbito da biologia, que tem um
espaço restrito de atuação no estudo das relações entre seres vivos
e o espaço que o cerca, levando em consideração os aspectos
físicos, químicos e biológicos. A ecologia não é, pois, uma ciência
ambiental, ela é apenas uma ciência que estuda o ambiente. Neste
mesmo sentido é que S. KIRK WICKERSHAM sustenta não ser a
ecologia a mesma coisa que meio ambiente; ecologia não é o lugar
onde se vive; ecologia não é um descontentamento emocional com
os aspectos industriais e tecnológicos da sociedade moderna.[6]
Portanto, a ciência ambiental tem um campo de atuação muito mais
amplo do que a ciência ecológica, como veremos mais a adiante.
Atualmente os vários autores que procuram definir com
exatidão “ecologia” adotam este entendimento. Por exemplo, para o
zoólogo e ecólogo norte-americano EUGENE PLEASANTS ODUM
(1913-2002), em sentido literal, a ecologia é a ciência ou o estudo
dos organismos em “sua casa”, isto é, em seu meio. Segundo ele,
define-se como o estudo das relações dos organismos, ou grupos
de organismos, com seu meio. Está em maior consonância com a
conceituação moderna definir ecologia como estudo da estrutura e
da função da natureza, entendendo-se que o homem dela faz parte.
[7]

ROGER DAJOZ, por sua vez, ensina que ecologia é a


ciência que estuda as condições de existência dos seres vivos e as
interações, de qualquer natureza, existentes entre esses seres vivos
e seu meio,[8] enquanto o agrônomo canadense, conhecido como
pai da ecologia, PIERRE DANSEREAU (1911-2011) entende que
ela é a ciência das relações dos seres vivos com o seu meio.
Inclusive, segundo este último autor, trata-se de termo usado
frequente e erradamente para designar o meio ou o ambiente.[9]
No WEBSTER’S THIRD NEW INTERNATIONAL
DICTIONARY podemos encontrar a definição segundo a qual
ecologia é o ramo da ciência concernente à inter-relação dos
organismos com seus ambientes, manifestada em especial por:
ciclos e ritmos naturais; desenvolvimento e estrutura das
comunidades; distribuição geográfica; interações dos diferentes
tipos de organismos; alterações de população. Em outras palavras é
o modelo ou a totalidade das relações entre os organismos e seu
ambiente.[10] AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA
reafirma em seu famoso dicionário que ela é parte da biologia que
estuda as relações entre os seres vivos e o meio ou ambiente em
que vivem, bem como suas recíprocas influências.[11] O UNITED
STATES DEPARTMENT OF TRANSPORTATION – USDT adota
definição de ecologia segundo a qual se trata de disciplina biológica
que lida com o estudo das inter-relações dinâmicas dos
componentes bióticos[12] e abióticos[13] do meio ambiente.[14]
Finalmente, segundo SUELI AMÁLIA DE ANDRADE, o
estudo do “ambiente da casa” (ecologia) inclui todos os organismos
contidos nela e todos os processos funcionais que a tornam
habitável. A ecologia, para ela, trata, portanto, do estudo das
interações entre os organismos que vivem em um ambiente em
constante mudança, conectadas no tempo (evolução) e no espaço
(padrões de distribuição).[15]
Para bem compreendermos o que significa ecologia, é
importante sabermos que o conteúdo celular do ser vivo, formado
principalmente de citoplasma e núcleo, essencial a qualquer ser
vivo, é extremamente dinâmico e exige um ininterrupto intercâmbio
de matéria e energia com o mundo exterior que circunda todo e
qualquer ser vivo, por mais protegido que ele esteja e por mais
inóspito que seja o ambiente em que se encontre. Assim é que todo
ser vivo: a) absorve e incorpora energia do meio ambiente; b)
absorve e incorpora diferentes materiais do meio ambiente; e c)
elimina produtos residuais.
Por outro lado, o meio ambiente deve: a) proporcionar ao ser
vivo um mínimo de requisitos indispensáveis à vida; e b)
não conter nenhuma ação desfavorável à subsistência da mesma
vida.[16]
Dessa forma, existem localidades extremamente secas em
que há insuficiência de água; existem lugares em que há
insuficiência de oxigênio; existem regiões extremamente rochosas
etc. Em tais localidades os animais e as plantas não podem
satisfazer adequadamente suas necessidades vitais. Assim, pois, a
ecologia trata especificamente da correlação existente entre o ser
vivo e o meio ambiente.
Na atualidade, a ecologia se divide em vários campos de
estudo, como por exemplo, a ecologia humana (que se ocupa
estritamente com a correlação existente entre o homem e o seu
meio ambiente). Ainda quanto aos campos da ecologia, é importante
mencionar que tanto os biólogos como os ecólogos demoraram
bastante tempo para descobrir que os princípios da ecologia são
comuns aos vegetais e animais, ou seja, um amplo conhecimento
dos animais implica necessariamente a consideração dos vegetais
que formam parte do ambiente. Da mesma forma, os estudos da
ecologia serão forçosamente incompletos, se não se atender às
influências exercidas pelos animais.[17]
Assim, tendo essa idéia por base, podemos dividir ainda a
ecologia em: a) ecologia do indivíduo; b) ecologia da população.
A ecologia do indivíduo, por sua vez, se subdivide em: a)
ecologia do hábitat – quando o ecólogo estuda os habitats e seus
efeitos; b) auto-ecologia – quando o ecólogo estuda as
necessidades e as reações de um determinado ser vivo; c) ecologia
de restauração – consiste no emprego de técnicas para a
recuperação do hábitat original, restaurando os processos e
preservando a habilidade dos organismos vivos utilizados como
instrumentos da conservação.
Já a ecologia da população estuda relações entre grupos de
organismos e se subdivide em: a) ecologia da comunidade ou
sinecologia – quando o ecólogo estuda as relações entre vegetais e
animais que formam uma comunidade biótica, ou seja, de
componentes vivos; b) ecologia humana – quando o sociólogo ou o
economista estuda as relações do homem com seu ambiente; ou
seja, para a SECRETARIA DE ASENTAMIENTOS HUMANOS Y
OBRAS PÚBLICAS DO MÉXICO – SAHOP, é o estudo científico
das relações biológicas, culturais e econômicas entre o homem e o
meio ambiente urbano, que se estabelecem em função das
características particulares dos mesmos e das transformações que o
homem exerce por meio da urbanização;[18] e c) ecossistema ou
sistema ecológico – que leva o ecólogo a considerar as condições
físicas de uma área, tanto em relação com a comunidade como em
relação com o indivíduo.
Diante destas explicações, podemos dizer que os
organismos vivos e seu ambiente formam um sistema recíproco. Isto
implica em se admitir que o objeto da ecologia é descobrir e
relacionar os princípios que regulam a atividade da comunidade e
suas partes integrantes. Em outras palavras, segundo AURÉLIO
BOLSANELLO, hoje, à ecologia cumpre assinalar as
interdependências funcionais entre os seres vivos e o que os
rodeiam.[19] Ilustra muito bem o objetivo da ecologia a história dos
criadores de ovelhas que começaram a atacar e matar os grandes
gaviões da região em que estavam estabelecidos porque, de vez em
quando, estas aves de rapina agarravam um cordeiro pequeno. Em
consequência da matança dos grandes gaviões, a redondeza estava
infestada de ratos, coelhos e lebres que passaram a devorar a
vegetação, impiedosamente. Reagindo à devastação, os criadores
de ovelhas passaram a matar os roedores que habitavam a região.
Com isto, os gaviões foram deixados, momentaneamente, em paz,
porém, em virtude da escassez de ratos, coelhos e lebres, foram
forçados a atacar pequenos cordeiros para conseguirem se
alimentar adequadamente.
O estudo da ecologia implica necessariamente em se
analisar diferentes fatores ambientais e analisar diferentes
atividades dos organismos existentes no ambiente. Após isto,
fundamental é descobrir as relações entre os fatores ambientais e
as atividades dos organismos existentes no ambiente para se
estabelecer os princípios que regem o ecossistema. Todavia, alguns
princípios básicos merecem destaques no estudo da ecologia: a)
princípio dos fatores limitantes – todo ser animal ou vegetal tende a
crescer, reproduzir-se e expandir-se; porém, há sempre fatores que
impedem que tal aconteça: são os fatores limitantes; b) princípio dos
fatores inalteráveis – há particularidades ambientais que são
praticamente inalteráveis pela ação dos organismos; é o caso da
salinidade marinha que nenhum animal ou vegetal consegue mudar;
c) princípio dos fatores alteráveis – são particularidades ambientais
que podem ser modificadas; é o caso de muitos peixes num
pequeno aquário: em tal hipótese, o teor de oxigênio na água baixa
muito mais rapidamente; d) princípio da interdependência dos seres
– existe sempre uma interdependência de todas as formas de vida,
orgânicas e inorgânicas; e) princípio da complexidade e diversidade
dos ecossistemas – a estabilidade dos ecossistemas é garantida
pela sua complexidade e diversidade; e f) princípio do esgotamento
dos recursos biofísicos – o caráter esgotável dos recursos biofísicos
constitui fator que limita a intensidade e a escala da exploração.
Há que se destacar, ainda, que os princípios ecológicos
acima enumerados não se confundem com os princípios próprios do
direito do meio ambiente e dos recursos naturais ou, simplesmente,
direito ambiental, já que os primeiros princípios norteiam apenas as
relações dos seres vivos entre si, enquanto os segundos
consideram o homem como um ser social, somente atingindo a
plenitude de seu desenvolvimento no contato com os seus
semelhantes, passando a abranger aspectos artificiais, culturais e
do trabalho.[20]
1.1.2 Noções de ambiente

Após estas noções gerais sobre ecologia, é essencial uma


pequena abordagem a respeito de ambiente. A expressão
“ambiente” deriva do latim ambiens, que, por sua vez, significa “que
rodeia”.
Segundo CALDAS AULETE, ambiente é o que se encontra à
roda de alguma coisa ou ser, que cerca ou envolve os corpos de
todos os lados. ARISTÓTELES, definindo o lugar, escreve que é a
superfície ambiente do que está nele.[21] Todavia, esta definição
encontra-se muito longe do exato significado do termo “ambiente”,
em vista da grande diversidade de significados que lhe são
atribuídos na atualidade.
O ambiente é uma mistura ou um entrelaçamento
harmonioso de elementos existentes onde o organismo vive; entre
tais elementos podemos enumerar: a) a água; b) o solo; c) a
umidade; d) a temperatura; e) a composição química dos materiais
etc.
Além disso, vale destacar que os demais organismos
existentes no mesmo local são parte integrante do ambiente. Daí
dizer-se que os seres vivos se relacionam para a alimentação, para
a subsistência e mesmo como sérios competidores. O cavalo
precisa do capim para se alimentar suficientemente; as flores
precisam da atividade de polinização das abelhas e outros animais
para completarem sua procriação e, assim, conseguirem subsistir; o
cacto durante certo tempo vive da energia solar e matérias minerais
do solo, mas se ao lado outras plantas crescerem, a competição se
estabelece entre estas e o cacto. Outrossim, nem sempre o
ambiente é favorável aos seres vivos, já que em muitos casos
poucos seres conseguem sobreviver. Como ilustração citamos o
caso dos elefantes africanos: um elefante, durante toda a sua vida,
dá a luz a apenas seis crias, as quais, apesar de seu número
reduzido, seriam suficientes para cobrir toda a superfície da África,
se subsistissem todas elas. Vale ainda destacar que a grande
maioria dos vegetais e dos animais morre muito cedo. Todavia, não
em consequência de falhas de mecanismos internos, mas devido à
hostilidade do ambiente externo. No entanto, o homem constitui uma
exceção a essa regra, desde que as ciências biológicas passaram a
criar de tudo para sua sobrevivência.

1.1.3 Noções de meio

Já o meio é o fator físico do ambiente. É a matéria que


rodeia imediatamente o organismo e com a qual este mantém seus
importantíssimos intercâmbios. À primeira vista, parece que os
meios são variadíssimos: uns organismos vivem no solo, outros na
água, outros no sangue, outros no petróleo, outros no lenho das
árvores, outros no esterco etc. Todavia, por mais variadas que
sejam as situações, o meio é sempre a água ou o ar. Mesmo as
plantas que vivem no solo, apresentam na região de contato com o
meio, uma película de água ou ar. Os animais que vivem nas praias
apresentam sempre uma camada de água em torno de si.[22]
O fato de o ar e a água constituírem os 2 (dois) meios
fundamentais, determinam a divisão do globo em 2 (dois) ambientes
primordiais e distintos: a) o meio terrestre (cobre menos de 30% do
globo); e b) o meio aquático (cobre mais de 70% do globo; por ter os
oceanos uma extensão 2,5 maior que a terra firme, e por ser
habitável em todas as profundidades, o mar constitui um espaço
vital mais de trezentas vezes maior que o meio terrestre).

1.1.4 Noções de substrato

Apesar de muitos não verem nenhuma diferença entre meio


e substrato, eles são coisas diferentes. Enquanto meio é o material
que rodeia o organismo de maneira imediata, substrato diz respeito
às superfícies ou materiais sólidos do ambiente sobre ou dentro dos
quais vive o organismo. Todos os organismos estão num meio
determinado, mas alguns podem prescindir do substrato (os seres
planctônicos[23] não o possuem). Lembramos que os cascos dos
navios são excelentes substratos para muitas classes de
organismos; aliás, os navios se livram deles, usando nos cascos,
pinturas altamente tóxicas.[24]
Ainda quanto ao substrato, AURÉLIO BOLSANELLO
acrescenta que o organismo encontra no substrato os seguintes
elementos: a) suporte – há uma infinidade de seres que precisam de
um bom suporte para viver; os criadores de ostras sabem que as
larvas destes animais necessitam de um substrato próprio para se
fixarem; b) abrigo – o substrato protege a maioria dos seres contra
inimigos de toda natureza; desde o buraco do tatu à escavação do
ouriço-do-mar, temos uma gama de abrigos organizados no
substrato; e c) alimentação – é no substrato que se encontra a
alimentação de um grande número de seres, quer animais, quer
vegetais.[25]
Portanto, um substrato deve ser adequado para a vida da
maioria das plantas e animais; um substrato adequado para um
determinado animal pode não o ser para outro.

1.1.5 Conceito de meio ambiente

Quanto ao que se convencionou denominar “meio ambiente”


(environment, em inglês; environnement, em francês; ou medio
ambiente, em italiano), pode significar várias coisas: 1) as
circunvizinhanças de um organismo, incluindo as plantas, os
animais e os microorganismos com os quais ele interage;[26] 2) o
mundo biótico (de seres vivos) e abiótico (de coisas sem vida);[27] 3)
o meio físico, químico e biológico de qualquer organismo vivo;[28] 4)
o conjunto de todas as condições e influências externas que afetam
a vida e o desenvolvimento de um organismo.[29]
Em consequência disto, existem várias definições para tentar
explicar esta expressão de forma a abranger os mais variados
aspectos de seu conteúdo. Existem definições acadêmicas e legais,
algumas de escopo limitado, abrangendo apenas os componentes
naturais, outras refletindo a concepção mais recente a qual
considera o meio ambiente um sistema no qual interagem fatores de
ordem física, biológica e socioeconômica. Não devemos, contudo,
perder de vista que, apesar de a expressão “meio ambiente” ter
ficado consagrada pelo uso e pela legislação brasileira, alguns
autores a consideram imprópria, em termos linguísticos, por terem
ambas as palavras, meio e ambiente, o mesmo significado.
Em relação às definições acadêmicas, inúmeros autores têm
contribuído para tanto. No WEBSTER’S THIRD NEW
INTERNATIONAL DICTIONARY, por exemplo, vamos encontrar uma
definição para meio ambiente, segundo a qual trata-se de
condições, influências ou forças que envolvem e influem ou
modificam o complexo de fatores climáticos, edáficos (relativo ao
solo) e bióticos (relativo aos seres vivos) que atuam sobre um
organismo vivo ou uma comunidade ecológica e acaba por
determinar sua forma e sua sobrevivência; a agregação das
condições sociais e culturais (costumes leis, idioma, religião e
organização política e econômica) que influenciam a vida de um
indivíduo ou de uma comunidade.[30]
JEAN-MARIE POUTREL e FRANCIS WASSERMAN, por sua
vez, vêem meio ambiente como o conjunto, em um dado momento,
dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais
suscetíveis de terem um efeito direto ou indireto, imediato ou a
termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas.[31] Já o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA –
manifesta-se no sentido de que meio ambiente é o conjunto do
sistema externo físico e biológico, no qual vivem o homem e os
outros organismos.[32] OSWALDO SUNKEL [33] e CARIZOSA JULIAN
MONTOYA,[34] a seu turno, ensinam que meio ambiente constitui o
ambiente físico-natural e suas sucessivas transformações artificiais,
assim como seu desdobramento espacial. Também RENÉ DUMONT
dá sua contribuição para elucidação da expressão em estudo,
afirmando que meio ambiente pode ser definido, a partir dos
conceitos de ecologia, como um ecossistema visto da perspectiva
auto-ecológica da espécie humana.[35] Da mesma forma, na
concepção de ANTÔNIO EVALDO COMUNE o meio ambiente está
ligado, não somente aos diversos fenômenos de poluição existentes
na sociedade industrial e à conservação dos recursos naturais que o
definem num sentido restrito, mas também aos aspectos sociais,
não comparáveis aos aspectos físicos e biológicos, que impõem um
tratamento diferenciado e ampliado da questão.[36]
Temos, ainda, a definição de meio ambiente no sentido de
que: 1) meio ambiente constitui o conjunto de todos os fatores
físicos, químicos, biológicos e socioeconômicos que atuam sobre
um indivíduo, uma população ou uma comunidade;[37] 2) meio
ambiente trata da soma das condições externas e influências que
afetam a vida, o desenvolvimento, e, em última análise, a
sobrevivência de um organismo;[38] 3) meio ambiente se refere ao
resultado de processos de origem natural, não-humana, e de ações
antrópicas (ações humanas); essas últimas adquirem uma
importância considerável, pelo fato de interagirem com os processos
naturais a ponto de conseguirem alterar suas tendências profundas,
como, por exemplo, o efeito estufa, resultante das alterações de
origem antrópica na composição da atmosfera;[39] 4) a conceituação
sistêmica de meio ambiente o coloca como as relações existentes
entre o comportamento dos elementos da natureza (físicos,
químicos e biológicos) como homem (como núcleo familiar) e
sociedade (estrutura política, social e econômica);[40] 5)meio
ambiente é o resultado das complexas inter-relações de intercâmbio
entre a sociedade e a natureza, em um espaço e tempo concretos; o
ambiente se gera e se constrói ao longo do processo histórico de
ocupação e transformação do espaço por parte de uma sociedade;
surge como a síntese histórica das relações de intercâmbio entre
sociedade e natureza;[41] 6) na concepção adotada pela ISO 14001
(normas internacionais para gerenciamento ambiental)[42] meio
ambiente significa os arredores no qual uma organização opera,
incluindo ar, água, terra, recursos naturais, flora, fauna, “seres
humanos” e suas inter-relações.
Segundo FRITJOF CAPRA, em algumas destas definições
podemos encontrar duas características dos subsistemas que
compõem o meio ambiente: 1) sua natureza intrinsecamente
dinâmica; as relações não são estáticas, rígidas, mas flexíveis e em
permanente transformação; 2) relações simbióticas, ou seja,
mutuamente vantajosas para os parceiros associados, em que
animais e plantas desenvolvem-se numa relação de competição e
mútua dependência; se o sistema sofrer perturbações, podem
começar a aparecer sinais de descontrole.[43]
Em suma, meio ambiente é o ramo das ciências humanas
que estuda a estrutura e o desenvolvimento das comunidades
humanas em suas relações com o meio ambiente e sua
consequente adaptação a ele, assim como os novos aspectos que
os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social
possam acarretar para as condições de vida do homem.[44] Durante
o seminário realizado em Tammi, no ano de 1974, pela Comissão
Nacional Finlandesa para a UNESCO, chegou-se a conclusão de
que o meio ambiente não compreende apenas o meio físico
biológico, mas, também, o meio social e cultural, e relaciona os
problemas ambientais com os modelos de desenvolvimento
adotados pelo homem.
Em relação às definições legais, no âmbito brasileiro, em
termos constitucionais, a Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, dispõe, em seu art. 225, caput, que “todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações”. A Constituição do Estado
do Rio de Janeiro, de 1989, por sua vez, estabelece, em seu art.
261, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
saudável e equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
qualidade de vida, impondo-se a todos, e em especial ao Poder
Público, o dever de defendê-lo, zelar por sua recuperação e
proteção em benefício das gerações atuais e futuras”.
A legislação ordinária brasileira também trata de definir meio
ambiente. Assim é que o inciso I do art. 3.º da Lei federal 6.938, de
31.08.1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, define meio
ambiente como conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas. Como se pode observar esta
definição legal é ampla, pois alcança tudo que tem vida e tudo
aquilo que permite a vida, porém não menciona o ser humano uma
única vez. Ela coloca o meio ambiente como sendo apenas
sinônimo de natureza,[45] ou seja, um termo genérico que designa os
organismos e o ambiente onde eles vivem.[46] Tal definição não tem
o componente humano, como se o homem fosse deslocado do meio
ambiente. Portanto, segundo a concepção adotada pela Lei federal
6.938, de 31.08.1981, fazem parte do meio ambiente tão-somente
as florestas, as matas, os animais, os rios, o solo e o ar. Todavia,
vem se pacificando que o homem não pode ficar fora do conceito de
meio ambiente, já que este último tem sido vítima das mais variadas
ações humanas (ações antrópicas sobre a natureza e sobre o
próprio homem), de uma forma catastrófica, provocando uma
degradação dos recursos naturais e dos ecossistemas, por outro
lado, o próprio homem tem adotado uma gestão ambiental reativa.
Daí tal definição legal vir sendo considerada incompleta já que se
restringe ao caráter biológico do meio ambiente.
Outrossim, cada Estado adotou sua própria definição de
meio ambiente, por meio de textos inseridos na respectiva
legislação estadual. Por exemplo, o parágrafo único do art. 1.º do
Decreto-Lei do Estado do Rio de Janeiro 134, de 16.06.1975, que
dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio
ambiente no Estado do Rio de Janeiro, considera meio ambiente
todas as águas interiores ou costeiras, superficiais e subterrâneas, o
ar e o solo. O caput do art. 2.º do Decreto do Estado da Bahia
7.639, de 28.07.1999, considera ambiente tudo o que envolve e
condiciona o homem, constituindo o seu mundo, e dá suporte
material para a sua vida biopsicossocial (relativo à interação ou
combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, ou que a
acarreta); segundo o parágrafo único do art. 2.º deste decreto, serão
considerados sob esta denominação, para efeito deste regulamento,
o ar, a atmosfera, o clima, o solo e o subsolo, as águas interiores e
costeiras, superficiais e subterrâneas e o mar territorial, bem como a
paisagem, fauna, a flora e outros fatores condicionantes à
salubridade física e social da população. O parágrafo único do art.
1.º da Lei do Estado de Minas Gerais 7.772, de 08.09.1980,
prescreve que deve se entende por meio ambiente o espaço onde
se desenvolvem as atividades humanas e a vida dos animais e
vegetais. Como podemos observar, algumas das definições contidas
nas legislações estaduais têm um caráter um pouco menos
biológico do que aquela adotada pela Lei federal 6.938, de
31.08.1981, embora, na maior parte das vezes, elas não citem
explicitamente o homem, abrem um espaço para suas interações,
sempre que mencionam os “seres vivos” e os “recursos culturais”
(art. 2.º, I), à exemplo da legislação do Estado de Santa Catarina
(Lei 5.793, de 16.10.1980).
Quanto às legislações estrangeiras, a Lei 33, de 27.12.1980,
em vigor na República de Cuba, dispõe que medio ambiente é o
sistema de elementos bióticos, abióticos e socioeconômicos, com o
qual interage o homem, de vez que se adapta ao mesmo, o
transforma e o utiliza para satisfazer suas necessidades. Segundo
California Environmental Quality Act, de 1981, environment são as
condições físicas que existem numa área, incluindo o solo, a água, o
ar, os minerais, a flora, a fauna, o ruído e os elementos de
significado histórico ou estético. O Environmental Protection Act, em
vigor na Austrália, desde 1975, considera meio ambiente todos os
aspectos do ambiente do homem que o afetem como indivíduo ou
que afetem os grupos sociais. No México, a Ley Federal de
Protección al Ambiente, de 11.01.1982, prescreve que medio
ambiente é o conjunto de elementos naturais, artificiais ou induzidos
pelo homem, físicos, químicos e biológicos, que propiciem a
sobrevivência transformação e desenvolvimento de organismos
vivos. Em Ontário, no Canadá, o Bill 14, dispõe que meio ambiente
significa: a) o ar, o solo, a água; b) as plantas e os animais,
inclusive o homem; c) as condições econômicas e sociais que
influenciam a vida do homem e da comunidade; d) qualquer
construção, máquina, estrutura ou objeto e coisas feitas pelo
homem; e) qualquer sólido, líquido, gás, odor, calor, som, vibração
ou radiação resultantes direta ou indiretamente das atividades do
homem; f) qualquer parte ou combinação dos itens anteriores e as
inter-relações de quaisquer dois ou mais deles.
O meio ambiente pode ser visto tomando-se por base vários
aspectos: a) naturais; b) culturais; c) artificiais; e d) trabalho.
Assim, podemos falar em: 1) meio ambiente natural; 2) meio
ambiente cultural; 3) meio ambiente do trabalho; e ainda, 4) meio
ambiente construído ou artificial.
O meio ambiente natural é aquele que independe da atuação
do homem, ou seja, aquele tal como originalmente criado pela
natureza. O meio ambiente natural é composto da fauna, da flora,
das águas, da biosfera, do solo, do ar atmosférico, com a interação
dos seres vivos e de seu meio formando a biota (todas as espécies
de plantas e animais existentes dentro de uma determinada área),[47]
ou seja, formando o conjunto dos componentes vivos (bióticos) de
um ecossistema.
O meio ambiente construído ou artificial é aquele que foi
modificado pelo homem, visando atender aos seus propósitos e
conforto. O meio ambiente construído abrange o espaço urbano
construído (conjunto de edificações e equipamentos públicos) e
demais assentamentos humanos e seus reflexos urbanísticos.
Todavia, para alguns autores, o meio ambiente construído ou
artificial deve ser definido como aquele no qual o homem tenta
reproduzir algo semelhante ao ambiente natural. Esta definição tem
a vantagem de não entrar em choque com a definição de meio
ambiente cultural.
O meio ambiente cultural é aquele constituído do patrimônio
cultural, ou seja, é o meio ambiente que engloba os bens de
natureza (tanto materiais como imateriais), tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
incluindo as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver;
as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de
valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico
(que estuda animais e vegetais fósseis), ecológico e científico (art.
216 da CF). Em outras palavras, podemos dizer que meio ambiente
cultural é aquele totalmente criado pelo homem.
O meio ambiente do trabalho diz respeito à relação entre a
ocupação do indivíduo e suas doenças. Em recente julgado do
Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Conflito de Competência
16.243/SP, o meio ambiente do trabalho foi conceituado, em nível de
doutrina jurisprudencial, como “o complexo de bens de uma
empresa, objeto de direitos relativos à saúde e integridade física dos
trabalhadores, de competência da Justiça Estadual”. Inclusive, o
termo “biossegurança” diz respeito ao meio ambiente do trabalho,
ou seja, controle dos riscos para os trabalhadores nos processos
gerenciais de produção. O termo “biossegurança” também abrange
a regulamentação e o controle dos riscos associados com o uso e
liberação de organismos vivos modificados pela biotecnologia e,
mais particularmente, os procedimentos adequados para a
transferência, manipulação e utilização seguras de todo organismo
vivo modificado pela biotecnologia que possa ter efeito negativo
sobre a conservação e o uso sustentável da diversidade biológica
(alínea g do art. 8.º e alíneas 3 e 4 do art. 19 da Convenção sobre
Diversidade Biológica – CDB).
Lembramos que riscos ambientais se referem, por sua vez, a
agentes físicos, químicos e biológicos existentes ns ambientes de
trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à
saúde do trabalhador.[48] Os riscos ambientais podem ser
classificados da seguinte maneira: a) riscos físicos (que
compreendem ruído, vibração, temperaturas extremas, pressões
anormais, radiações ionizantes[49] e não-ionizantes); b) riscos
químicos (abrangem névoas, neblinas, poeiras, fumos, gases e
vapores); e c) riscos biológicos (compreendem bactérias, fungos,
helmintos, protozoários e vírus).
No que tange tal questão, vigora no Brasil a Convenção 155
da Conferência Internacional do Trabalho, mais conhecida como
Convenção sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores e o Meio
Ambiente do Trabalho, após reunião de Genebra, realizada em
22.06.1981. Além disso, vale mencionar que, procurando
regulamentar o inciso XXII do art. 7.º da Constituição Federal de
1988, que prescreve a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança, foi expedida
Portaria do Ministério do Trabalho 25, de 29.12.1994, que cria o
Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais – PPRA, com a qual
se promoveu uma profunda mudança no enfoque a respeito de
prevenção de acidentes do trabalho, principalmente no que se refere
à gestão participativa ou participação dos trabalhadores no processo
de gestão ambiental. Em outras palavras, se a prevenção de riscos
ambientais é dirigida para os trabalhadores, é de se esperar,
portanto, que os trabalhadores façam parte do planejamento e da
gestão de usos dos recursos, bem como participem das soluções
dos problemas gerados pela atividade econômica e sua implicação
no meio ambiente.
1.1.6 Noções de ecossistema

É necessário esclarecer que a denominada biosfera (esfera


da vida) compreende todos os ambientes e organismos da
superfície da Terra. Em outras palavras, biosfera é o conjunto de
regiões do planeta que possibilitam a existência permanente dos
seres vivos. Acrescenta SUELI AMÁLIA DE ANDRADE que a
biosfera pode ser subdivida em três regiões distintas: a) a litosfera;
b) a hidrosfera; e c) a atmosfera. A litosfera é a camada superficial
sólida da Terra, constituída de rochas e solo, acima do nível das
águas. O solo é mais do que a parte superficial que se desagregou
das rochas. É o produto da transformação e da mistura de minerais,
matéria orgânica morta, ar, água e organismos vivos. A hidrosfera é
representada pelo ambiente líquido: os rios, lagos e oceanos. Estes
últimos cobrem cerca de 71% (setenta e um) da superfície da Terra.
Segundo SUELI AMÁLIA DE ANDRADE, o volume total de água na
biosfera é de cerca de 1,5 bilhões de km3. Essa água está
distribuída de modo muito desigual pela superfície da Terra, cuja
superfície total é de 512 milhões de km2. A maior parte da água
está no mar (97%). Os 3% (três por cento) restantes são
constituídos por água doce (a maior parte em geleiras). O depósito
de águas subterrâneas é muito maior do que o de águas
superficiais. Rios e lagos contribuem muito pouco para o total de
água doce existentes. A atmosfera é a camada gasosa que circunda
a superfície da Terra, envolvendo os dois ambientes acima citados.
O contínuo movimento do ar assegura-lhe uma composição
constante (79% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 0,03% de dióxido
de carbônico, vapor de água e gases nobres).[50]
Em todos os ambientes da biosfera (exceto nos desertos, no
gelo e nos abismos oceânicos) podem ser encontrados vegetais:
algas na água; árvores nas florestas; ervas nos campos etc. Em
todos os ambientes da biosfera onde existem vegetais há
herbívoros, que se alimentam desses vegetais. Inúmeros crustáceos
comem as algas microscópicas no mar; cavalos e cangurus pastam
ervas nas pradarias; esquilos e larvas se alimentam de nozes e
troncos podres nas florestas. Além disso, em todos os ambientes da
biosfera, existam ou não vegetais, há carnívoros, que se alimentam
de outros animais. As leoas caçam gazelas nas savanas; peixes
comem crustáceos no mar; louva-a-deus caçam insetos herbívoros
na grama etc.
Como se vê, vegetais, animais herbívoros e animais
carnívoros, em todos os ambientes da biosfera formam o que se
costuma denominar pirâmide alimentar. Na base dessa pirâmide
alimentar encontram-se os vegetais que fabricam seus próprios
alimentos, por meio do processo denominado fotossíntese.[51] Eles
usam a água, o gás carbônico e a luz; os vegetais produzem todos
os alimentos de que necessitam (carboidratos, gorduras e
proteínas). Sobre os vegetais encontram-se, pelo menos, mais 2
(dois) níveis de animais que aproveitam os alimentos por eles
fabricados. Na pirâmide alimentar, os vegetais constituem o primeiro
nível trófico (derivado da palavra grega “trofos”, que significa
alimento) produtor (organismo que realiza fotossíntese). Os animais
constituem os níveis tróficos de consumidores primários ou de
consumidores de primeira ordem (herbívoros). Em seguida, vêm os
níveis tróficos de consumidores secundários ou de consumidores de
segunda ordem (carnívoros) e, depois, níveis tróficos de
consumidores terciários ou de consumidores de terceira ordem, e
assim por diante.
No entanto, alerta SUELI AMÁLIA DE ANDRADE que,
excepcionalmente, consumidores e decompositores se especializam
rigorosamente em uma única fonte alimentar. Geralmente os
herbívoros se alimentam de diversas espécies vegetais e os
carnívoros, de diferentes tipos animais. Por outro lado, dada espécie
vegetal serve de alimento a diversos consumidores, valendo o
mesmo para os animais e microorganismos. Além disso, muitas
espécies, entre elas o próprio homem, são onívoros (que se
alimentam de plantas e vegetais). A diversidade de espécies
existentes na natureza possibilita o uso destas diversas fontes de
alimento, de modo que as cadeias de predadores de uma
comunidade ligam-se umas às outras formando uma rede alimentar
ou teia alimentar. A estrutura trófica de um ecossistema também
pode ser descrita na forma de pirâmides de energia, em que a base
é formada pelos produtores, seguida dos demais níveis tróficos. O
tamanho dos níveis decresce da base para o ápice, formando uma
pirâmide.[52]
Também se costuma dizer que os vegetais são o
componente autótrofo da pirâmide alimentar, isto é, aquele que se
alimenta por si próprio, enquanto os animais (aí incluídos as
bactérias e os fungos) são o componente heterótrofo (que se
alimenta à custa dos outros). De maneira que, em todos os
ambientes aquáticos ou terrestres da biosfera existem comunidades
vivas (conjunto de populações de animais e vegetais, organizadas
em pirâmides tróficas). As comunidades vivas formam, com o
ambiente não-vivo que as cerca, um todo funcional e relativamente
isolado denominado “ecossistema” ou “sistema ecológico”.[53]
Em outras palavras, os organismos vivos e o seu ambiente
não-vivo (abiótico) estão inseparavelmente relacionados e
interagem entre si. Chamamos, pois, de sistema ecológico ou
ecossistema qualquer unidade que abranja todos os organismos
que funcionam em conjunto numa área específica, interagindo com
o seu ambiente físico. Portanto, o ecossistema é uma unidade de
natureza ativa que combina comunidades bióticas (componentes
vivos com plantas, animais e microorganismos) e componentes
abióticos (formados de componentes não vivos químicos e físicos
como água, ar, nutrientes, luz solar, temperatura, precipitação etc.)
com os quais interagem. Existe uma diversidade de tipos de
ecossistemas, como um lago, um campo, um rio, uma floresta etc.
De maneira que, qualquer que seja a sua dimensão, pode-se
considerar como um ecossistema qualquer unidade funcional da
biosfera em que haja um fluxo de energia e um ciclo de matéria.[54]
Cada ecossistema (floresta, pradaria ou deserto) tem seus
limites marcados pelo começo de outro ecossistema. Todavia, não
se deve perder de vista que ambiente e ecossistema não são a
mesma coisa. Como vimos, ambientes são as lagoas ou as florestas
em geral, enquanto ecossistema é uma lagoa ou floresta em
particular. Portanto, quando se fala, por exemplo, em estrutura dos
ecossistemas desérticos ou marinhos, isso apenas significa que
ecossistemas de um mesmo ambiente têm características
semelhantes. Porém, sendo os ecossistemas unidades funcionais,
um dos problemas é fixar-lhes os limites, que ora aparecem bem
claros, ora não. Podemos citar como limites evidentes de
ecossistemas, as bordas de um lago que dividem este da floresta ou
este da pradaria. Outras vezes os ecossistemas separam-se por
meio de gradientes progressivos (faixas de interpenetração) mais
conhecidos como “ecótonos”. Estes gradientes progressivos
apresentam características especiais, sendo que neles vivem
representantes das populações de ambos ecossistemas e, ainda,
algumas espécies próprias.[55] Em outras palavras, nas palavras de
EUGENE PLESANTS ODUM, ecótono é a transição entre duas ou
mais comunidades diferentes; é uma zona de união ou um cinturão
de tensão que poderá ter extensão linear considerável, porém mais
estreita que as áreas das próprias comunidades adjacentes. A
comunidade do ecótono pode conter organismos de cada uma das
comunidades que se entrecortam, além dos organismos
característicos.[56]
Em qualquer ecossistema podemos distinguir uma parte
física e outra biológica. A parte biológica é a biomassa ou a massa
total dos seres vivos,[57] que, por sua vez, é formada pelo conjunto
das biomassas particulares de plantas, herbívoros, carnívoros,
parasitas, bactérias etc. A parte física é constituída por elementos
como: o substrato, as rochas, o solo, a areia, a água, os gases do
ar, a luz que incide sobre o sistema, a temperatura etc. Parte dos
elementos físicos do ecossistema (moléculas de água ou H2O,
oxigênio ou O2, dióxido de carbonio ou CO2, elementos inorgânicos,
como o nitrogênio e o enxofre) estão permanentemente penetrando
na biomassa e saindo dela. O dióxido de carbono e as moléculas de
água, por sua vez, entram na biomassa vegetal, onde se realiza a
fotossíntese dos alimentos, liberando oxigênio para o ambiente.
Este oxigênio penetra nos animais e nos vegetais pelo processo de
respiração, ou seja, a oxidação dos alimentos, que liberta dióxido de
carbono e água no ambiente, fechando o ciclo. Assim como existem
os ciclos do dióxido de carbono e do oxigênio, há também ciclos do
nitrogênio, do enxofre e de vários outros elementos. Tal troca e
circulação, que existe entre a parte física e a biomassa, são
chamadas de “ciclos biogeoquímicos do ecossistema”.[58]
Em qualquer ecossistema a biomassa dos autótrofos
(vegetais), que constitui o primeiro degrau da pirâmide alimentar,
varia durante o ano e também ao longo dos ciclos bem mais longos
que os anos. A primeira causa desta variação são mudanças do
ambiente físico. A viagem do planeta em sua órbita faz chegar mais
ou menos luz ao ecossistema, durante cada estação. A variação na
entrada de fótons[59] reflete-se na quantidade de alimento produzido.
Isso porque é a energia dos fótons que mantém unidos os átomos
dos alimentos e é essa energia que se libera durante a respiração.
Existem outras causas da variação da biomassa vegetal como
poluição, adubagem e falta de nitrogênio ou de outros
micronutrientes. As variações da biomassa vegetal refletem-se,
quase automaticamente, na biomassa animal. O decréscimo de
alimento para os componentes de níveis superiores acaba por
provocar a eliminação dos menos aptos, pois as espécies
encontram-se em permanente competição pela sobrevivência,
dentro do ecossistema. Assim, calcula-se que para manter 1 (um) kg
de herbívoros, em qualquer ecossistema, são necessários pelo
menos 10 (dez) kg de vegetais e para manter 1 (um) kg de
carnívoros, são necessários 10 (dez) kg de herbívoros. Tal relação
se deve ao fato de que cada vez que o indivíduo de um nível trófico
do ecossistema consome outro, cerca de nove décimos da energia
dos fótons contida nos alimentos é degradada sob a forma de calor
(aumento da entropia), que se dispersa no ambiente. De maneira
que, para um leão de 100 (cem) kg se manter vivo na savana, esta
deve produzir 10.000 (dez mil) kg de vegetais comidos pelas
gazelas. Todavia, a bem da verdade, raramente a cadeia
alimentar[60] é assim tão simples. Na maior parte das vezes, há
vários graus de carnívoros menores e maiores que se consomem
uns aos outros. Além disso, há vários herbívoros que são também
carnívoros ocasionais, comento lavras, insetos etc. Portanto,
quando o leão de 100 (cem) kg consegue viver num ambiente, é
certo que foi consumido muito mais do que 10.000 (dez mil) kg de
vegetal pelas presas que se tornaram sua alimentação.[61]
Outrossim, é importante destacar que uma característica
constantemente presente em todos os ecossistemas é que eles
contêm poucas espécies muito comuns e muitas espécies pouco
comuns. Um trecho de floresta, por exemplo, pode conter
aproximadamente 50 (cinquenta) espécies de árvores, das quais
apenas meia dúzia, ou menos, são responsáveis por 90% (noventa)
por cento da biomassa vegetal. Essas poucas espécies comuns são
chamadas de “dominantes ecológicos”. Do ponto de vista prático, é
quase impossível obter-se uma listagem completa das espécies de
um ecossistema. Seu número, mesmo num ecossistema simples, é
enorme. Normalmente, os ecologistas (pessoas ou entidades que se
preocupam ativamente em defender a natureza) limitam-se a
relacionar as espécies dominantes, levando em conta que uma
espécie muito rara pode tornar-se importante para o funcionamento
do conjunto. Se, por um motivo qualquer, uma espécie dominante
entra em colapso, ela é imediatamente substituída por alguma das
espécies raras, que ascende e assume o papel ecológico da
desaparecida. E é por meio desse método que o ecossistema
continua funcionando. A diversidade de espécies, portanto, tem
grande importância para a capacidade de “sobrevivência” de um
ecossistema, pois é um dos seus controles homeostáticos (estado
de equilíbrio das comunidades vivas em relação às suas várias
funções). Esse fato tem consequências práticas para o
planejamento de ecossistemas agrícolas artificiais. É muito
arriscado, por exemplo, reflorestar com apenas um ou dois tipos de
árvores, mesmo que estes apresentem muitas vantagens como
crescer depressa. Basta uma epidemia ou mudança no clima para
que uma espécie seja totalmente dizimada. E é necessário que já
exista alguma espécie “rara” que esteja capacitada a assumir o
lugar e manter o sistema em funcionamento.[62]

1.2 BIODIVERSIDADE
1.2.1 Conceito de biodiversidade

Todo lugar da Terra (cada campo, cada lago, cada rochedo à


beira do mar etc.) é compartilhado por muitos organismos que ali
coexistem. SUELI AMÁLIA DE ANDRADE esclarece que estas
plantas, animais e microorganismo estão interconectados entre si
por suas cadeias alimentares e outras interações, formando um todo
comumente chamado de “comunidade biológica”. As interações
dentro da comunidade governam o fluxo de energia e o ciclo dos
elementos dentro do ecossistema. Essas inter-relações também
influenciam os processos populacionais, dessa forma determinando
as abundâncias relativas dos organismos, ou seja, determinando a
representação proporcional de uma espécie dentro de uma
comunidade biológica.[63]
Biodiversidade (biodiversity, em inglês; biodiversité, em
francês; e biodiversidad em espanhol) de uma comunidade, riqueza
de espécies ou diversidade biológica (diversidad biológica, em
espanhol) refere-se a variedade das espécies de animais e vegetais,
dos ecossistemas, dos hábitats e, até mesmo, da paisagem, ou
seja, diz respeito ao número de espécies que ela possui.
Para R. KERRY TURNER, DAVID PEARCE e IAN
BATEMAN, biodiversidade é um termo genérico que reflete o grau
de variedade na natureza em termos de espécies de plantas,
animais, microorganismos e seus respectivos genes, bem como de
ecossistemas e processos ecológicos que eles integram.[64]
Segundo HERNÁN TORRES, a diversidade biológica ou,
como é mais comumente chamada, biodiversidade é a variedade ou
a variabilidade entre os organismos vivos, os sistemas ecológicos
nos quais se encontram e as maneiras pelas quais interagem entre
si e a ecosfera (região da atmosfera onde não há seres vivos); pode
ser medida em diferentes níveis: genes, espécies, níveis
taxonômicos (de classificação) mais altos, comunidades e
processos biológicos, ecossistemas, biomas,[65] e em diferentes
escalas temporais e espaciais. Em seus diferentes níveis, pode ser
medida em número ou frequência relativa.[66]
Outrossim, JOÃO ANTÔNIO PAULA esclarece que o
conceito de biodiversidade envolve não somente uma dimensão
quantitativa (referente ao número de espécies, genes e
ecossistemas), mas também a uma dimensão qualitativa (que
expressa o grau de preservação e riqueza do patrimônio natural dos
biomas).[67]
Portanto, pode-se dizer que a biodiversidade é o conjunto de
todos os seres vivos em seus 3 (três) principais níveis de
organização: 1) o genético (biodiversidade genética); 2) o específico
(biodiversidade específica); e 3) o ecossistêmico (biodiversidade
ecossistêmica).
Quanto à biodiversidade genética, ela se refere, segundo
JAIME TADEU OLIVA e SÔNIA MARINA MUHRINGER, ao conjunto
formado pelos diferentes indivíduos de uma determinada espécie.
Dentro de uma determinada espécie de ser vivo, por exemplo, no
feijão (Faseolo vulgaris) observa-se uma grande variação entre os
indivíduos que o compõem. Desse modo, encontramos feijões
maiores, menores, de cores diferentes, que crescem em ambientes
diferentes.[68]
Quanto à biodiversidade específica, trata-se do conjunto
formado por todas as espécies em um determinado espaço e em um
determinado tempo. Por exemplo, pode-se querer determinar qual é
a diversidade específica do canteiro da escola no mês de dezembro.
Esta seguramente será diferente da diversidade específica existente
na praça localizada próxima à escola. Os conjuntos serão
diferentes, embora possa haver elementos comuns aos dois
conjuntos.[69]
Quanto à biodiversidade ecossistêmica, podemos consignar
que ela está relacionada ao conjunto formado pelos diferentes
ecossistemas que ocorrem em um determinado espaço e em um
determinado tempo. Quando se fala em ecossistema está se
referindo à questão das relações que as espécies, formadas por
indivíduos, estabelecem entre si (por exemplo, a cadeia alimentar e
todas as relações ecológicas) e as relações que estabelecem com o
meio físico (fluxo de energia e ciclagem de matéria). Um aquário,
montado na escola ou em casa, por exemplo, é um ecossistema.
Nele existem indivíduos de diferentes espécies que estão
relacionando-se entre si e com o ambiente físico, no caso a água, as
pedras, a areia etc.[70]
Outrossim, SUELI AMÁLIA DE ANDRADE menciona que a
representação proporcional de uma espécie dentro de uma
comunidade é denominada “abundância relativa”, bem como que a
espécie mais abundante é chamada “espécie dominante”. Vale
destacar que um dos padrões mais notáveis observados na riqueza
de espécies em diferentes ecossistemas refere-se ao aumento do
número de espécies em regiões tropicais e equatoriais. Esse padrão
tem sido observado para diferentes tipos de organismos e não se
restringe somente às comunidades terrestres. Tanto nos rios como
nos oceanos esse padrão também é obedecido. Há muitas
hipóteses que tentam explicar o aumento da biodiversidade nas
comunidades localizadas nas baixas latitudes, a saber: 1) hipótese
do tempo – os ambientes tropicais são os mais antigos da biosfera
e, portanto, as espécies que vivem nesses locais tiveram mais
tempo para evoluir; 2)hipótese da heterogeneidade espacial –
hábitats muito variados e heterogêneos favoreceriam o aumento da
diversidade, uma vez que ofereceriam maiores combinações de
nichos ecológicos[71] e micro-hábitats; nas florestas úmidas tropicais,
por exemplo, há muitas lianas, epífitas (bromélias, orquídeas,
samambaias), raízes aéreas e trepadeiras; todas essas estruturas
apresentam substratos que são colonizados por organismos
altamente especializados; 3)hipótese da estabilidade climática – os
ambientes tropicais foram menos perturbados nas diferentes eras
geológicas, tendo sofrido menos glaciações; 4) hipótese da
competição – nos trópicos haveria maior competição[72] entre os
organismos, o que induziria a uma crescente especialização[73] no
uso dos recursos disponíveis e, por conseguinte, um maior número
de nichos; 5) hipótese da predação – em contraste com a hipótese
da competição, alega que a maior taxa de predação observada em
muitos ecossistemas tropicais manteria a competição interespecífico
e, com isso, permitiria convivência de um número maior de espécies
(sobreposição de nichos).[74]
Estima-se, segundo R. KERRY TURNER, DAVID PEARCE e
IAN BATEMAN, que a biodiversidade do planeta envolve um número
que varia entre 5 milhões de espécies (animais e vegetais), das
quais talvez somente cerca de 1,4 milhão tenha sido identificada e
catalogada pelo homem.[75] No entanto, lembra ANNA CHRISTINA
SARAMAGO BASTOS e ANTÔNIO CARLOS DE FREITAS que
desse total, aproximadamente 800 mil são insetos, 250 mil são
vegetais e 40 mil são vertebrados; o restante é constituído de
invertebrados, algas, fungos e microorganismos.[76]
1.2.2 Representatividade ecológica nos biomas brasileiros

O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta, ou seja,


é o país mais rico dentre aqueles dotados de expressiva
biodiversidade. A biodiversidade brasileira alcança números
significativos: cerca de 10% (dez por cento) a 20% (vinte por cento)
do total de espécies do planeta. Segundo informativo do Ministério
do Meio Ambiente – MMA, o Brasil possui a flora mais diversificada,
com 50 a 56 mil espécies descritas de plantas superiores, o que
representa de 20% (vinte por cento) a 22% (vinte e dois por cento)
do total mundial. No que tange à fauna, dispõe de, pelo menos, 10%
(dez por cento) dos anfíbios e mamíferos e 17% (dezessete por
cento) das aves do planeta. São 524 (quinhentas e vinte e quatro)
espécies de mamíferos, dentre as quais 77 (setenta e sete) de
primatas, representando 27% (vinte e sete por cento) do número
total do mundo. Entre as espécies de peixes de água doce, são
mais de 3.000 (três mil), o que representa exatamente o dobro do
que em qualquer outro país. Ocupa ainda o segundo lugar no
número de anfíbios (517 espécies) e vertebrados (3.131 espécies,
excluindo os peixes) e o terceiro lugar em aves (1.677 espécies).
Quanto aos insetos, estima-se que existam no território nacional de
5 a 10 milhões de espécies, a maior parte ainda totalmente
ignorada.[77] Em vista disso, o Brasil foi o primeiro signatário da
Convenção sobre a Diversidade Biológica – CDB, e, mesmo assim,
segundo classificação internacional elaborada pela Conservation
International – CI, é considerado megabiodiverso, ou seja, o país
que reúne ao menos 70% (setenta por cento) das espécies vegetais
e animais do planeta.
É importante acrescentar que a biodiversidade pode ser
qualificada pela diversidade em: a) ecossistemas; b) espécies
biológicas;[78] c) endemismos; e d) patrimônio genético.
Devido à sua dimensão continental e à grande variação
geomorfológica e climática, a biota terrestre brasileira (todas as
espécies de plantas e animais existentes dentro do território
nacional) possui a flora mais rica do mundo e abriga, também, a
maior rede hidrográfica existente e uma riquíssima diversidade
sociocultural. De maneira que o Brasil abriga 7 (sete) biomas, 49
(quarenta e nove) ecorregiões, já classificadas, e incalculáveis
ecossistemas. Para a preservação científica da biodiversidade,
exige-se um apurado estudo dos biomas, ecorregiões e
ecossistemas brasileiros. Assim, divulgação do Ministério do Meio
Ambiente – MMA esclarece que os estudos de representatividade
ecológica devem levar em consideração diversos elementos tais
como, riqueza biológica, vegetação, biogeografia, distribuição de
áreas protegidas e antropismo. Eles têm por objetivo verificar como
os diversos ecossistemas (biomas, ecorregiões e biorregiões) estão
sendo representados por meio de ações conservacionistas como
áreas protegidas, corredores ecológicos, projetos de preservação de
espécies etc. Obtém-se, assim, uma identificação e análise de
lacunas, que devem ser consideradas na definição de prioridades de
conservação. Os métodos de identificação de ecorregiões, análise
de lacunas, gestão biorregional e ecorregional, estão sendo
empregados pelas principais instituições conservacionistas
mundiais, o que resulta na padronização de procedimentos e
eficiência nas ações.[79]

1.2.3 Estudos da representatividade ecológica nos biomas


brasileiros

Segundo divulgação recente do governo federal, o Instituto


Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA, autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente
– MMA, juntamente com a organização não-governamental WWF
Brasil, a partir de 1998, vinha desenvolvendo estudos de
representatividade ecológica para os ecossistemas brasileiros. Foi
concluído o estudo de representatividade para o Brasil, tomando-se
como referência biogeográfica os biomas e ecorregiões; foi
concluído, também, o estudo de representatividade para o bioma
Amazônia com base nas suas 23 (vinte e três) ecorregiões, foram
identificadas as 13 (treze) ecorregiões do bioma Mata Atlântica, e
estão em andamento os estudos para definição das ecorregiões dos
biomas Cerrado e Caatinga, executados pelo Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
WWF Brasil, Fundação Universidade de Brasília – UnB, Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA/Cerrados,
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e Universidade
Federal de Uberlândia – UFU.[80]
Conforme o referido informativo divulgado pelo governo
federal, o estudo de representatividade ecológica nos biomas
brasileiros já apontou a existência de 49 (quarenta e nove)
ecorregiões e concluiu que, o Brasil, ao se considerar as unidades
de conservação de proteção integral federais, além de ser um dos
países com a menor porcentagem de áreas especialmente
protegidas, apenas 1,99%, tem esta rede mal distribuída entre seus
biomas. Dentre outras conclusões, o estudo demonstrou que o
Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro, é um dos mais
ameaçados do mundo, e tem somente 0,85% de sua área em
unidades de conservação. O bioma Mata Atlântica, o mais
ameaçado de todos, com apenas 73% da sua cobertura original,
tem 0,69% de áreas especialmente protegidas. O bioma Caatinga
possui, também, apenas 0,65% conservado por unidades de
conservação, ou seja, pelas áreas naturais protegidas e sítios
ecológicos de relevância cultural, criadas pelo Poder Público.

1.2.4 Ecorregiões brasileiras

Ensinam ERIC DINERSTEIN, DAVID M. OLSON, D. J.


GRAHAM, A. L. WEBSTER, S. A. PRIMM, M. P. BOOKBINDER e G.
LEDEC,[81] também CARLOS TOLEDO RIZZINNI, ADELMAR F.
COIMBRA FILHO e ANTONIO HOUAISS,[82] que por ecorregião
deve ser entendido o conjunto de comunidades naturais,
geograficamente distintas, que compartilham a maioria das suas
espécies, dinâmicas e processos ecológicos, e condições
ambientais similares, que são fatores críticos para a manutenção de
sua viabilidade em longo prazo.
As ecorregiões brasileiras são enumeradas da seguinte
maneira: 1) Sudoeste da Amazônia; 2) Várzeas de Iquitos; 3)
Florestas do Caqueta; 4) Campinaranas de Alto Rio Negro; 5)
Interflúvio do Japurá/Solimões-Negro; 6) Interflúvio do
Solimões/Japurá; 7) Várzeas do Purus; 8) Interflúvio do Juruá/Purus;
9) Interflúvio do Purus/Madeira; 10) Várzeas de Monte Alegre; 11)
Interflúvio do Negro/Branco; 12) Florestas de Altitude das Guianas;
13) Savanas das Guianas; 14) Florestas das Guianas; 15) Tepuis;
16) Interflúvio do Uamatá/Trombetas; 17) Interflúvio do
Madeira/Tapajós; 18) Interflúvio do Tapajós/Xingu; 19) Várzeas do
Gurupá; 20) Interflúvio do Xingu/Tocantins- Araguaia; 21) Várzeas
do Marajó; 22) Interflúvio do Tocantins- Araguaia/Maranhão; 23)
Florestas Secas de Chiquitano; 24) Cerrado; 25) Pantanal; 26)
Chaco Úmido; 27) Campos Sulinos; 28) Florestas de Araucária; 29)
Florestas do Interior do Paraná/Paranaíba; 30) Florestas Costeiras
da Serra do Mar; 31) Campos Ruprestes; 32. Florestas Costeiras da
Bahia; 33) Florestas do Interior da Bahia; 34) Florestas Costeiras de
Pernambuco; 35) Florestas do Interior de Pernambuco; 36) Brejos
Nordestinos; 37) Caatinga; 38) Manguezais do Amapá; 39)
Manguezais do Pará; 40) Restingas Costeiras do Nordeste; 41)
Manguezais da Bahia; 42) Manguezais do Maranhão; 43) Restingas
da Costa Atlântica; 44) Manguezais da Ilha Grande; 45) Manguezais
do Rio Piranhas; 46) Manguezais do Rio São Francisco; 47)
Florestas Secas do Mato Grosso 48. Florestas Secas do
Nordeste; 49) Florestas de Babaçu do Maranhão.

1.3 ÉTICA AMBIENTAL


Etimologicamente, o termo “ético” deriva da palavra grega
“ethos” e significa literalmente “comportamento”, evidentemente do
ser humano. Segundo GILBERTO COTRIM, a ética é uma das
partes que integram a filosofia. Esta parte da filosofia trata
especificamente do comportamento humano, da investigação do
sentido que o homem imprime à sua própria conduta. Segundo
GILBERTO COTRIM, pela consciência de si mesmo e do mundo, os
homens desenvolvem comportamentos e ações que refletem os
seus valores de vida, direitos, deveres, certo e errado, justo e
injusto, útil e inútil, o bem e o mal.[83] Acrescenta MARILENA CHAUÍ
que o sujeito ético é, portanto, a pessoa que é consciente de si
mesmo e dos outros; é o ser que tem a capacidade para controlar e
orientar impulsos, desejos e sentimentos, tendo poder para deliberar
e decidir sobre questões alternativas; enfim, é um indivíduo humano
responsável por suas ações, avaliando as suas consequências
sobre os outros e é uma pessoa livre, sem estar submetida a
poderes que a forcem a sentir, fazer ou querer alguma coisa.[84]
Na opinião de NANÁ MININNI-MEDINA, a cultura ocidental
dominante contemporânea construiu uma ética antropocêntrica, na
qual o homem se considera como centro do mundo e senhor da
natureza, considerada um sistema mecânico e morto, e não um
sistema vivo. Inclusive, a partir do século XVI, os europeus que
chegavam ao continente americano, trouxeram consigo esta
concepção, ou seja, a destruição indiscriminada das “coisas
selvagens da natureza”, devendo ser elas “cortadas” ou
“queimadas”; tal prática, por sinal, era estimulada por preceitos
religiosos que orientavam que as coisas não úteis deveriam ser
eliminadas. O resultado final de tudo isso foi o aumento do estímulo
ao emprego do fogo como um manejo usual de eliminação de
“coisas nocivas e selvagens” e que, com mais intensidade, passou a
ser usado na agricultura.[85]
Essa ética antropocêntrica traz, em sua essência, segundo
NANÁ MININNI-MEDINA, toda a concepção cartesiana (concepção
puramente mecanicista da natureza, em que ela não tem nenhuma
finalidade, estando completamente à mercê da exploração humana)
e positivista (concepção de que a natureza deve se submeter ao
progresso, ou seja, avanço técnico-científico e acúmulo de bens
materiais, obtidos à custa de um modelo de desenvolvimento
insustentável, produzido por um domínio degradador sobre a
natureza) da vida, ou seja: 1) a fragmentação da natureza, do
universo, da sociedade e do homem; 2) a natureza, com todos os
seus recursos naturais, como um bem a ser dominado e explorado
exaustivamente, sem limites; 3) a concepção de progresso como
sinônimo de acumulação de riqueza e também de desenvolvimento
científico e tecnológico; 4) a ênfase absoluta no desenvolvimento
das sociedades contemporâneas, priorizando o momento presente e
negligenciando o direito das gerações futuras a uma vida digna em
um ambiente saudável; e, finalmente; 5) a desconsideração total
com o outro ser humano e com as outras formas de vida,
demonstrada pela ausência de solidariedade.[86]
Explica CRISTÓVAM BUARQUE que, para se contrapor a
esta ética antropocêntrica, uma outra, também inconsequente, tem
se manifestado: a ética biocêntrica, em que, pela ausência de
objetivos civilizatórios, parte-se para considerar o propósito cósmico
como o alcance do equilíbrio da natureza, em que todos os seres
vivos são colocados em uma mesma dimensão, ou seja, o homem
passa a ter a mesma importância de uma planta ou de um animal.[87]
No entanto, SUELI AMÁLIA DE ANDRADE menciona que
uma proposta alternativa diz respeito a uma ética multidimensional
ou ética ambiental, em que um novo homem, ciente do seu
propósito na teia da vida e de que ele é parte indissolúvel do meio
ambiente, mantém relações dialogais com os seus semelhantes,
com a natureza, com os outros seres vivos e com o mundo. Esta
ética ambiental, segundo ela, baseada em novos valores de
cooperação, de qualidade, de participação e de integração,
considera a vida em todas as suas dimensões.[88]
Acrescenta CRISTÓVAM BUARQUE que a ética ambiental
deve ser reguladora, na qual “os significados tenham a ver com os
propósitos da sociedade; a demanda se aproxime de necessidade; o
custo considere a destruição ecológica e os danos sociais”. Diz ele,
ainda, que os princípios éticos podem se manifestar em relações de
poder. Só que a racionalidade ambiental exige não o poder
traduzido como “domínio exclusivo sobre os outros”, mas o poder
concedido a outros com o objetivo de fortalecer o processo decisório
de uma forma dinâmica, democrática, participativa e
[89]
descentralizada.
Daí, NANÁ MININNI-MEDINA identifica as seguintes
características da ética multidimensional ou ética ambiental: 1) visão
sistêmica do mundo e da vida; 2) reconhecimento dos limites de uso
da natureza e da finitude dos recursos naturais; 3) compromisso
com a construção do desenvolvimento sustentável, em uma
perspectiva presente e futura; 4) satisfação das necessidades
básicas; materiais, culturais e psico-sociais; 5) respeito à
diversidade cultural, étnica, política, religiosa e de gênero; 6)
valorização dos outros; 7) responsabilidade individual e social com
as nossas atitudes; 8) reconhecimento do direito à vida de todos os
seres e espécies; e 9) comprometimento com os direitos humanos,
democracia, paz, justiça e amor.[90]

1.4 DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Para que possamos entender o que é desenvolvimento
sustentável, é importante antes sabermos o que constitui
desenvolvimento econômico (economic development, em inglês;
dévellopement économique, em francês; ou desarrollo económico,
em espanhol). Desenvolvimento econômico deve ser entendido
como o processo que se traduz pelo incremento da produção de
bens por uma economia, acompanhado de transformações
estruturais, inovações tecnológicas e empresariais, e modernização
em geral da mesma economia.[91] Segundo WILHEIM. Jorge e K.
DEAK, desenvolvimento econômico somente pode existir quando
são levadas em conta 3 (três) variáveis: a) crescimento da
economia, a fim de gerar riquezas e oportunidades; b) melhoria na
distribuição da renda, diminuindo a atual iniquidade; c) melhoria da
qualidade de vida, representada, entre outros fatores, por um melhor
ambiente (preservado, conservado, recuperado e melhorado).[92]
Na verdade, até bem recentemente, o desenvolvimento
econômico era tudo que importava. A modernização,
industrialização e ocidentalização nos moldes adotados nos Estados
Unidos era a chave para o desenvolvimento econômico ideal. Um
país era tão desenvolvido quanto mais se parecesse com os
Estados Unidos. O simples crescimento econômico era o único
objetivo importante. Todavia, o crescimento econômico puro e
simples somente era e é conseguido à custa da destruição
selvagem dos recursos naturais e da degradação impiedosa do
meio ambiente. Frente a este dilema, surgiu, então, a famosa
pergunta: – “Como combinar o crescimento econômico com a
conservação do meio ambiente e dos recursos naturais?” Ao
responder esta indagação, emergiu a idéia de um progresso
econômico fundado em uma maior interação entre o homem e a
natureza, o qual recebeu a designação internacional de
“desenvolvimento sustentável”.
No entanto, a expressão “desenvolvimento sustentável” já é
utilizada a bastante tempo. Em 1929, ALBERT HOWARD e
GABRIELLE LOUISE CAROLINE HOWARD publicaram o livro The
Development of Indian Agriculture, no qual abordam os aspectos
sobre nutrição dos vegetais e uso de energia, que viria a ser a
grande ênfase de outro de seus livros, O testamento agrícola,
publicado em 1940, que veio a se constituir numa referência
importante para a formação do pensamento sobre a
sustentabilidade. Neste último livro, ALBERT HOWARD e
GABRIELLE LOUISE CAROLINE HOWARD propõem algumas
práticas que considera importante para o desenvolvimento
sustentável, expressão esta que ele usou muito em sua obra.[93] Daí
para frente, algumas vezes os autores faziam referência a esta
expressão. Em 1987, a Comissão Brundtland, na obra “Nosso
Futuro Comum”, adotou conceito de desenvolvimento sustentável no
sentido de ser aquele que gera recursos “hoje” (garantindo as
necessidades das gerações presentes), sem comprometer o direito
que as gerações de “amanhã” têm de usufruir esses mesmos
recursos. Todavia, ela ganhou muita importância internacional,
somente a partir da década de 90.
Assim é que, na Conferência de Agricultura e Meio
Ambiente, promovida pela Food and Agriculture Organization – FAO
(Organização de Alimentação e Agricultura), entre 15 e 19.04.1991,
destacou-se que aquela organização internacional adotava, desde
1988, a seguinte definição de desenvolvimento sustentável: “é o
manejo e conservação da base dos recursos naturais e a orientação
da alteração tecnológica e institucional, de tal maneira que se
assegure a contínua satisfação das necessidades humanas para as
gerações presentes e futuras. Este desenvolvimento viável (nos
setores agrícolas, florestal e pesqueiro) conserva a terra, a água e
os recursos genéticos vegetais e animais, não degrada o meio
ambiente e é tecnicamente apropriado, economicamente viável e
socialmente aceitável”. Vale lembrar que, na Conferência de
Agricultura e Meio Ambiente de 1991, o ponto principal dos debates
foi a relação entre as necessidades humanas e o uso dos recursos
agrícolas para satisfazê-las, já que a produção de alimentos é o
principal destino dos recursos naturais renováveis. Aliás,
acrescenta-se que, segundo os técnicos da Food and Agriculture
Organization – FAO e consultores da referida Conferência, 4
(quatro) são os critérios e objetivos essenciais que servem como
pontos de referência na avaliação da sustentabilidade da agricultura:
a) atender às necessidades nutricionais básicas das gerações atuais
e futuras, tanto qualitativamente quanto quantitativamente; b)
oferecer mão-de-obra duradoura, ingressos suficientes e condições
decentes de vida e trabalho a todos quanto estão implicados na
produção agrícola; c) manter e, tanto quanto possível, fomentar a
capacidade produtiva geral da base dos recursos naturais em geral
e a capacidade regenerativa dos recursos renováveis, sem perturbar
os ciclos ecológicos básicos, nem os equilíbrios naturais, nem
destruir as características socioculturais das comunidades rurais,
nem provocar a contaminação do meio ambiente; e d) reduzir a
vulnerabilidade do setor agrícola ante os fatores naturais e
socioeconômicos adversos e outros riscos, e aumentar a auto-
suficiência.
No mesmo sentido, a definição adotada pela WORLD
COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT
(Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento),
expressa que desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que
atende às necessidades do presente, sem comprometer a
capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias
necessidades. Em outras palavras, desenvolvimento sustentável é o
processo de transformação no qual a exploração dos recursos, as
diretrizes de investimento, a orientação do desenvolvimento
tecnológico e as mudanças institucionais sejam consistentes com as
necessidades atuais e futuras.[94]
Segundo ANTÔNIO EVALDO COMUNE, a idéia de
desenvolvimento sustentado também está relacionada à de riqueza
constante, no sentido de que cada geração deve deixar para a
próxima, pelo menos, o mesmo nível de riqueza, considerada como
a disponibilidade de recursos naturais, de meio ambiente e de ativos
produtivos. Desse modo, toda vez que o desenvolvimento estiver
baseado na utilização de um recurso natural ou na degradação do
meio ambiente, a sociedade deverá utilizar parte do resultado dessa
operação na reconstrução do ambiente e na formação de estoques
de ativos produtivos.[95]
Com efeito, não podemos perder de vista que a manutenção
da integridade dos ecossistemas é imprescindível para a existência
de vida no planeta. A utilização das águas internas e externas deve
ser realizada de maneira a não torná-la imprestável não apenas
para a permanência dos seres vivos que tem seu hábitat nessa
espécie de meio como para a absorção daqueles que delas
dependem para o seu sustento; o uso da terra deve se dar de
maneira planejada e controlada a fim de que não ocorram anomalias
irrecuperáveis (desertificação, infertilidade, erosão etc). Assim
sendo os ecossistemas naturais devem ser preservados e, se
modificados, usados de maneira “sustentável”, ou seja, dentro de
um modelo de produção, cuja exploração dos recursos naturais
permita a manutenção da integridade dos ecossistemas.
Assim, o denominado ecodesenvolvimento (ecodevelopment,
no inglês; écodéveloppement, no francês; ou ecodesarrollo, no
espanhol) se define como um processo criativo de transformação do
meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes,
concebidas em função das potencialidades deste meio, impedindo o
desperdício inconsiderado dos recursos, e cuidando para que estes
sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os
membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e
dos contextos culturais.
Inclusive, lembramos que o termo “ecodesenvolvimento” foi
adotado pela primeira vez por JUAN PAPADAKIS, quando publicou
em grego o seu livro Ecologia agrícola, que viria a ser conhecido do
mundo científico, a partir da sua publicação em francês, em 1938,
no qual explica que o cultivo deveria ser baseado nas respostas das
culturas ao ambiente, ou seja, deveria ser considerado um
“ecodesenvolvimento”.[96]
No entanto, algum tempo depois, mais exatamente em 1983,
IGNACY SACHS ampliaria os limites desse conceito, quando
publicou o artigo Ecodesarrolar, no periódico Ceres, da Food and
Agriculture Organization – FAO (Organização de Alimentação e
Agricultura), divulgando ao mundo o seu próprio conceito do termo
“ecodesenvolvimento”, o qual viria a se transformar, mais tarde, em
“desenvolvimento sustentável”, tal como ele é entendido hoje em
dia. Neste artigo, IGNACY SACHS formulou os princípios básicos do
“ecodesenvolvimento”, que são os seguintes: a) a satisfação das
necessidades básicas; b) a solidariedade com as gerações futuras;
c) a participação da população envolvida; d) a preservação dos
recursos naturais e do meio ambiente em geral; e) a elaboração de
um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito
a outras culturas; e f) programas de educação. Posteriormente, em
1980, IGNACY SACHS publicou a obra Ecodesenvolvimento:
crescer sem destruir, que passou a ser considerada
internacionalmente como o marco referencial de uma “alternativa de
desenvolvimento econômico”, uma vez que relaciona de forma
definitiva a necessidade do desenvolvimento contemplar a questão
ambiental, não apenas como “um estilo tecnológico, mas
subtendendo também, uma diferente modalidade de organização
social e um novo sistema de educação”.[97] Segundo IGNACY
SACHS, as estratégias do ecodesenvolvimento serão múltiplas e só
poderão ser concebidas a partir de um espaço endógeno das
populações consideradas. Promover o ecodesenvolvimento é, em
sua essência, ajudar as populações envolvidas a se organizar, a se
educar, para que elas repensem seus problemas, identifiquem as
suas necessidades e os recursos potenciais para conceber e
realizar um futuro digno de ser vivido, conforme os postulados de
justiça social e prudência ecológica.[98]
Encontramos em divulgação da Secretaria de Asentamientos
Humanos y Obras Públicas do México – SAHOP, comentário no
sentido de que o ecodesenvolvimento está mais ligado a um estilo
ou modelo para o desenvolvimento de cada ecossistema, que, além
dos aspectos gerais, considera de maneira particular os dados
ecológicos e culturais do próprio ecossistema para otimizar seu
aproveitamento, evitando a degradação do meio ambiente e as
ações degradadoras. É, pois, uma técnica de planejamento que
busca articular dois objetivos: por um lado, o objetivo do
desenvolvimento, a melhoria da qualidade de vida por meio do
incremento da produtividade; por outro, o objetivo de manter em
equilíbrio o ecossistema onde se realizam essas atividades.[99]
Já o diretor executivo do Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente – PNUMA, MAURICE FREDERICK STRONG,
primeiro ambientalista a utilizar a palavra “ecodesenvolvimento”,
sustenta que tal palavra significa uma forma de desenvolvimento
econômico e social, em cujo planejamento se deve considerar a
variável meio ambiente.[100] R. E. MUNN, a seu turno, menciona que
é uma forma de desenvolvimento planejado que otimiza o uso dos
recursos disponíveis num lugar, dentro das restrições ambientais
locais.[101]

1.4.1 Valorização econômica da biodiversidade

A Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB reconhece


que a biodiversidade possui valores econômicos, sociais e
ambientais. Tal reconhecimento encontra-se evidenciado logo no
primeiro parágrafo do Preâmbulo do texto produzido por tal
Convenção, segundo o qual dispõe que: “consciente do valor
intrínseco da diversidade biológica e dos valores ecológicos, sociais,
econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e
estéticos da diversidade biológica e de seus componentes”.
Além disso, vale ressaltar que o art. 1.º do referido texto
define claramente os objetivos da Convenção como sendo: 1) a
conservação da biodiversidade biológica; 2) a utilização sustentável
de seus componentes; e 3) a repartição justa e equitativa dos
benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos.
Complementando a enumeração desses objetivos, o art. 11
prescreve a necessidade de se utilizar instrumentos econômicos na
gestão da conservação da biodiversidade, ao dispor que: “cada
parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso,
adotar medidas econômica e socialmente racionais que sirvam de
incentivo à conservação e utilização sustentável de componentes da
diversidade biológica”.
Assim, a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB visa
basicamente demonstrar, como estratégia de proteção à
biodiversidade, que a conservação e o uso sustentável da
biodiversidade têm valor econômico e que a utilização de critérios
econômicos é relevante na sua implementação, ou seja, apregoa
ser imprescindível o reconhecimento do valor econômico da
biodiversidade por aqueles que participam de sua gestão.
Hoje, a maioria das decisões de políticas públicas se baseia
em considerações econômicas. De maneira que o conhecimento
dos montantes dos valores econômicos associados à conservação,
à preservação e ao uso sustentável da biodiversidade é a forma
contemporânea de garantir que a variável ambiental tenha peso
efetivo nas tomadas de decisões em políticas públicas. Neste
contexto, a economia ambiental, fundamentada na teoria econômica
neoclássica, incorpora hoje métodos e técnicas de valoração que
buscam integrar as dimensões ecológicas, econômicas e sociais, de
forma que capture os valores econômicos associados à
conservação e à preservação da diversidade biológica. O objetivo é
tirar as formulações neoclássicas do nível teórico de abstração e
enfrentar o desafio de medir as variáveis indispensáveis à
implementação e instrumentalização de políticas públicas.[102]

1.4.2 Conceito de valor econômico total

O conceito de valor econômico total – VET, desenvolvido


pela economia ambiental, é uma estrutura útil para identificar, em
qualquer escala, os diversos valores associados aos recursos
ambientais. De acordo com esse conceito, o valor econômico da
biodiversidade consiste nos seus: a) valores de uso; e b) valores de
não-uso.[103]
Os valores de uso são compostos pelos: a) valores de uso
direto; b) valores de uso indireto; e c) valores de opção.
Os valores de uso direto – VUD – dos recursos ambientais
são derivados do uso direto da biodiversidade como atividades de
recreação, lazer, colheita de recursos naturais, caça, pesca,
educação etc.
Os valores de uso indireto – VUI – são oriundos dos usos
indiretos, abrangendo, de forma ampla, as funções ecológicas da
biodiversidade como proteção de bacias hidrográficas, preservação
de hábitat para espécies migratórias, estabilização climática,
sequestro de carbono etc.
Os valores de opção – VO – de um recurso ambiental
derivam da opção de usar o recurso no futuro. Os usos futuros
podem ser diretos ou indiretos, ou seja, podem incluir o valor futuro
da informação derivada do recurso em questão.
Já os valores de não uso são compostos de não-uso,
incluem os valores de herança e de existência.
Os valores de não-uso – VNU – são aqueles que as pessoas
atribuem ao recurso ambiental, sem que este esteja ligado a algum
de seus usos. São dois os valores de não-uso: a) o valor de herança
– VH (valor relativo ao beneficio econômico de saber que outros se
beneficiarão, no futuro, do recurso ambiental); e b) o valor de
existência – VE (valor que reflete o benefício econômico da
existência de um recurso ambiental, embora ele não seja conhecido
e, provavelmente, nunca será conhecido nem usado).
Desta forma, o conceito de valor econômico total – VET –
mostra que a preservação, a conservação e o uso sustentável da
biodiversidade abrangem uma ampla variedade de bens e serviços,
começando pela proteção de bens tangíveis básicos para a
subsistência do homem, como alimentos e plantas medicinais,
passando pelos serviços ecossistêmicos que apoiam todas as
atividades humanas e terminando com valores de utilidade
simbólica,[104] ou seja, o valor econômico total – VET – é igual a
soma de todos estes distintos valores. Esta afirmação resulta na
seguinte fórmula:

VET = VUD + VUI + VUO + VNU

1.4.3. Definição e métodos de valorização econômica

Após estes esclarecimentos, podemos definir valorização


econômica como o processo de atribuir valores monetários aos bens
e serviços derivados dos recursos ambientais (biodiversidade),
independentemente de existirem ou não preços de mercado
relacionados a eles.[105]
Os métodos de valoração econômica podem ser agrupados
em três categorias: a) métodos baseados em preços de mercados
reais; b) métodos baseados em preços de mercados substitutos; e
c) métodos baseados em preços de mercados simulados.
Os métodos baseados em preços de mercados reais
empregam a informação existente sobre os preços de mercado
como um indicador do valor monetário dos bens e serviços
derivados da diversidade biológica. As técnicas incluem os métodos
de: a) preço de mercado do produto; b) preço de custo real; e c)
preço de mudança produtividade.
Os métodos baseados em preços de mercados substitutos
diferem do anterior na medida em que a informação sobre os preços
de mercado é utilizada indiretamente como valor substituto para
calcular os benefícios dos bens e serviços derivados da diversidade
biológica. Nestes incluem-se os seguintes métodos: a)preço de
custo de oportunidade; b) preço de custo viagem; c) preço de custos
de reposição; e d) preços de custos preventivos/defensivos e
hedônicos.
Os métodos baseados em preços de mercados simulados
são empregados quando não existe informação de mercado ou ela é
insuficiente para ser usada como uma aproximação da informação
verdadeira. Neste caso, é feita uma pesquisa de campo em
amostras representativas das populações humanas para levantar
dados sobre a disposição a pagar (DAP) ou disposição a receber
(DAR) pelos benefícios dos bens e serviços derivados da
diversidade biológica. O método da valorização contingente é o mais
conhecido destes métodos.

1.5. RECURSOS NATURAIS


Por recursos naturais ou recursos ambientais, segundo a
SECRETARIA DE ASENTAMIENTOS HUMANOS Y OBRAS
PÚBLICAS DO MÉXICO – SAHOP, devem ser entendidos os mais
variados meios de subsistência que as pessoas obtêm diretamente
da natureza.[106] Em outras palavras, para BENJAMIN DE ARAÚJO
CARVALHO, recursos naturais é todo o patrimônio nacional nas
suas várias partes, tanto os recursos naturais não renováveis, como
jazidas minerais, e os recursos naturais renováveis, tais como as
florestas e o meio de produção.[107]
A importância da abordagem do tema “recursos naturais”
reside no fato de ser ele elemento integrante de uma das mais
importantes funções sociais da propriedade, já que esta possui
própria e intensa função econômico-social.[108] No campo ambiental,
a utilização racional dos recursos naturais constitui um dos aspectos
da função econômico-social da propriedade, cumprindo ao
legislador estabelecer os critérios e métodos dessa racionalização.
De fato, ensina RAYMUNDO LARANJEIRA que as implicações do
desenvolvimento de um país com seu meio ambiente exigem que as
autoridades preservem os recursos da natureza, contudo, sem
prejuízo da sua utilização racional.[109] Portanto, a preservação dos
recursos naturais tem duas facetas: a) preservação do complexo
planetário de que faz parte, inclusive preservação da própria vida
humana; e b) preservação e valorização do capital-natureza, já que,
como esclarece tanto BERTHA KOIFFMAN BECKER[110] como J. L.
B. HOYOS,[111] os recursos naturais são objeto de estudo e
manipulação pela ciência e tecnologia modernas, visando o seu
ingresso no mercado mundial com novo valor agregado.
Para os nossos estudos é muito importante distinguir as
seguintes espécies de recursos naturais ou recursos ambientais: a)
recursos naturais renováveis ou não-exauríveis; e b) recursos
naturais exauríveis ou não-renováveis.
Um recurso natural é renovável ou não exaurível quando,
uma vez aproveitado em um determinado lugar e num dado tempo,
é suscetível de ser aproveitado neste mesmo lugar, ao cabo de um
período de tempo relativamente curto (como por exemplo, a
biodiversidade, as florestas, entre outros).[112] Para ROBERT ERIC
RICKLEFS, recursos renováveis são recursos que podem ser
regenerados, ou seja, são os recursos que: 1) têm uma fonte que é
externa ao sistema, fora da influência dos consumidores (como por
exemplo, a luz do sol, a precipitação da chuva local etc.); 2) são
gerados dentro do sistema que podem ser repostos continuamente
e são diretamente afetados pelas atividades dos consumidores
(como por exemplo, madeira, interação predador/presa,
planta/herbívoro, parasita/hospedeiro etc.).[113]
Já recursos naturais exauríveis ou recursos naturais não
renováveis são aqueles sobre os quais toda exploração traz
consigo, inevitavelmente, sua irreversível diminuição (como por
exemplo, o petróleo, as jazidas minerais etc.).[114] Segundo o
DICIONÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS, recursos
não renováveis são recursos que existem em quantidades fixas em
vários lugares na crosta da Terra e têm potencial para renovação
apenas por processos geológicos, físicos e químicos que ocorrem
em centenas de milhões de anos, e não na estrutura de tempo da
civilização corrente; o carvão mineral, os minérios e o petróleo são
recursos não-renováveis.[115]
De um modo geral, integram o conceito de recursos naturais
ou recursos ambientais: a) a atmosfera; b) as águas interiores
superficiais e subterrâneas; c) os estuários; d) o mar territorial; e) o
solo; f) o subsolo; g) os organismos.

1.5.1 A atmosfera

A atmosfera é um invólucro gasoso que circunda a Terra e


que, com sua ação físico-química, determina vários fenômenos. A
atmosfera, juntamente com a litosfera e a hidrosfera integram a
geosfera. A sua composição atual agrupa diversos gases e
partículas sólidas. Os principais constituintes são o nitrogênio (78%)
e o oxigênio (21%). O 1% (um por cento) restante divide-se entre
gases nobres ou inertes (argônio, xenônio, hélio, etc.), dióxido de
carbono, metano e diversas partículas em suspensão, que
compreendem bactérias, esporos e materiais que são emitidos por
atividades vulcânicas, restos de meteoritos etc.[116]
A atmosfera é composta de 3 (três) camadas básicas e
distintas: 1) a troposfera – começa na superfície da Terra e tem um
limite médio de 11 Km de altitude; esta camada é sede de todos os
fenômenos meteorológicos importantes, contém cerca de três
quartos da massa da atmosfera e nove décimos de seu vapor de
água, além de pó e fumo; é a parte turbulenta, onde se verificam
distúrbios que vão de pequenas precipitações pluviais até grandes
tempestades e furacões; a característica principal da troposfera é a
contínua diminuição da temperatura com o aumento da altitude –
cerca de 6,5°C por km; 2) a estratosfera – camada que se segue à
troposfera, chegando a seu limite a mais de 30 Km; inversamente ao
que ocorre na troposfera, na estratosfera a temperatura aumenta na
razão de 2°C a 4°C por Km, acentuando-se esse aumento no
estrato superior; nessa camada, a temperatura chega a quase 10°C;
a composição da estratosfera é muito semelhante a da troposfera,
diferindo apenas por ser a primeira faixa a apresentar certa
quantidade de ozônio e por ter menor quantidade de vapor de água
que a troposfera; 3) a ionosfera – é a última camada atmosférica,
tem esse nome porque a matéria aí ocorre em estado iônico; a
ionosfera se divide em três outras camadas: a) a mesosfera – que
vai até a altitude de 90 Km; a temperatura, novamente, baixa com a
altitude, chegando a 90°C; na mesosfera é encontrada a maior parte
da fumaça resultante da combustão e decomposição dos
meteoritos; b) a termosfera – que alcança 640 Km; com a
diminuição da quantidade de ar existente, a pressão diminui, de
modo que a maior parte dos fenômenos observados é resultado
direto das radiações solares; a temperatura aumenta
extraordinariamente, chegando a atingir 1.000°C em sua parte mais
alta; no entanto, em consequência da baixa densidade do ar, que
permite o livre trânsito das moléculas, essa temperatura não é
medida pelos conceitos comuns: corresponde ao calor necessário –
no nível da Terra – para que as moléculas possuam a mesma
energia cinética; nessa camada existem ventos de até 1.000 Km/h;
e c) a esosfera – que vai em média até 2.500 Km; nessa faixa, as
moléculas estão tão distantes uma das outras que, em seu
movimento caótico, praticamente não há colisões; no entanto,
devido à absorção dos raios cósmicos, a temperatura dessa esfera
gasosa é elevada, apresentando-se quase sempre superior a
1.000°C – nos termos que exprimem também a temperatura da
termosfera.[117]

1.5.2 As Águas

1.5.2.1 Conceito de água


Em seus 3 (três) estados, a água é a substância mais
encontrada na natureza, tanto na atmosfera quanto na hidrosfera e
na litosfera. A água é constituída de 11,19% de hidrogênio e 88,81%
de oxigênio em massa. Dois volumes de hidrogênio e um de
oxigênio reagem para compor dois volumes de água (gás). A água é
um ótimo solvente para muitas substâncias, inclusive gases (a
chuva contém gases atmosféricos dissolvidos). Essa capacidade
deve-se à sua polarização;[118] desta forma, não é solvente para
substâncias não polares, como grande número dos compostos
orgânicos (hidrocarboneto, gorduras etc.). Incolor quando em
pequena quantidade, a água em grandes massas torna-se verde-
azulada. É inodora e insípida e, à pressão de 1 atmosfera (760 mm
de mercúrio), ferve a 100°C e congela a 0°C.[119]
Com base nessas informações, o professor ANTÔNIO
TEIXEIRA GUERRA define água como um composto químico
formado de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H2O). A
água constitui uma unidade de medida de densidade e a escala
termométrica centesimal (Celsius) se baseia no seu ponto de
solidificação 0°C. e de ebulição 100°C. Segundo ele, as águas estão
em constante circulação, estando presentes tanto na atmosfera sob
a forma de vapor, quanto na superfície do solo sob a forma líquida,
ou mesmo no interior do subsolo, constituindo lençóis aquíferos.
Três são, pois, as partes que integram o ciclo hidrológico: 1) água
de evaporação; 2) água de infiltração; e 3) água de escoamento
superficial.[120]
A água mais pura que se encontra na natureza é a da chuva,
que sofre um processo natural de destilação. A água de rios e fontes
contém, geralmente, de 0,01 a 0,2% de substancias sólidas,
sobretudo sais minerais, os quais emprestam seu nome às águas
das fontes que os contêm em elevado teor. Estas últimas podem
conter sais ferrosos (águas ferruginosas), gás sulfídrico (águas
sulfurosas), emanações de rádio (águas radiativas) etc. A água do
mar é a que contém sais minerais em maior quantidade (cerca de
3,5%, sendo quase 2,7% de cloreto de sódio).[121]
Em todos os tipos de relações entre a fauna, a flora e o clima
da Terra, inclusive os desertos, a água está presente em alguma de
suas fases. Embora dependam das terras que as rodeiam, as águas
possuem características próprias. Possuindo suas próprias
características, as águas devem ser encaradas como um meio à
parte. Podem ser paradas, quando se tratar de pequenas poças,
lagos ou lagoas; ou correntes, que vão dos pequenos riachos aos
grandes rios.[122]

1.5.2.2 Águas territoriais

Por águas territoriais devem ser entendidas aquelas que


banham as costas exteriores dos Estados membros e das ilhas
oceânicas.
As águas territoriais (aquelas situadas em território nacional)
comportam uma discriminação que gradualmente se admitiu na
prática estatal, duas faixas autônomas: 1) águas interiores; e 2)
águas exteriores.
Esclarece o vice-almirante PAULO DE CASTRO MOREIRA
DA SILVA, diretor do Instituto de Pesquisas da Marinha e presidente
da Fundação de Estudos do Mar, que a primeira faixa ocupa as
reentrâncias do litoral, baías, portos, abras, recôncavos, estuários,
enseadas, assemelhadas aos lagos e rios, denominadas águas
interiores.[123]
Lembramos que as águas interiores podem ser: 1) águas
artificiais – são aquelas que correm pelos canais feitos pela mão do
homem, para destinguí-las das águas dos rios e dos ribeiros
navegáveis ou não; 2) águas correntes ou fluviais – cursos naturais
de água doce, de maior ou menor volume: rios, ribeiros, córregos e
arroios; 3) água doce – aquela que não contém sal; água de
nenhuma salinidade e que podem ser consumidas pelo homem; 4)
águas escolatícias, escorreduras ou águas mortas – são águas que
se infiltram no solo e reaparecem depois de certa distância; são
águas mortas, porque não têm causa perpétua, mas ocasional;
denominam-se, também, gemedouros ou choradouros; no entanto,
não raras vezes, adota-se o termo choradouro para designar o fio de
água que corre das represas; 5) águas estagnadas – são aquelas
que, derivadas de chuvas, de transbordamentos de correntes, de
fontes captadas ou de açudes, permanecem imobilizadas em razões
das características do terreno; 6) águas lacustres ou dormentes –
águas de um lago ou lagoa; 7) águas minerais – são aquelas de
fontes naturais ou nascentes, que possuem qualidades terapêuticas
e, por isso, estão subordinadas à legislação especial; 8) águas
nascentes – são aquelas que surgem naturalmente ou por indústria
humana, e correm dentro de um só prédio particular, e ainda que o
transponham, quando não tenham sido abandonadas pelo
proprietário do mesmo; 9) águas nocivas – são aquelas insalubres
por sua própria natureza, ou porque tenham sido conspurcadas e
contaminadas; 10) águas pluviais – são aquelas que procedem
imediatamente das chuvas; 11) águas remanescentes – são aquelas
que são desviadas de corrente, nascente, rio ou ribeiros, por meio
de um açude e levada, por exemplo, para fins industriais ou
irrigações dos prédios; 12) águas salinas – são aquelas que contêm
muito sal; água de alta salinidade, do mar; 13) águas salobras –
água de salinidade inferior à das águas oceânicas e que contém em
dissolução alguns sais ou substâncias que a fazem desagradável;
embora constituam um ambiente diferente, as águas salobras estão
em estreita relação com o ambiente marinho; são encontradas nas
regiões de estuários e no banhados litorâneos; distinguem-se, de
maneira geral, as águas oligoalinas – pouco salgadas –, águas
mesoalinas – de concentração intermediária – e águas polialinas –
salgadas; em geral, as águas salobras são muito mais pobres em
formas de vida que as águas marinhas; 14) águas sobejas – são as
águas sobrantes daquelas derivadas de nascentes, rio ou ribeiros,
que excedem as necessidades dos prédios ou de seu proveito e
permanecem no álveo da corrente; ou seja, são aquelas que
derivadas da corrente para utilização em prédios, superabundam da
mesma e vão ser novamente restituídas à corrente; 15) águas
selvagens – são águas pluviais, em pequeno volume, que se
concentram em determinado ponto do solo, para cuja superfície
fluem desordenadamente em direções diversas e que terminam por
perder-se ou formar regatos transitórios; 16) águas vertentes ou
colatícias – são aquelas que descem naturalmente por uma encosta
de montanha; e 17) águas vivas – aquelas águas correntes ou
movediças, que derivam de nascentes, rios ou de poços e têm
causa perpétua, não ocasionais.[124]
A outra faixa de contorno aproximadamente paralelo à costa
confina mais adiante com o mar alto, de largura constante, menos
dependente da terra, o mar territorial, a banda paralela à costa,
onde o Estado ribeirinho detém, com ressalva de trânsito nóxio
desses navios (navios estrangeiros), poderes similares aos que
exerce em seu território terrestre. Tal faixa denomina-se águas
exteriores.[125]
Alguns autores definem águas exteriores como sendo
aquelas cujas margens, na sua totalidade ou em parte, não
pertencem a um Estado soberano.[126] Assim sendo, tais águas se
dividem em: 1) águas estrangeiras – quando são do domínio de
outra nação; 2) águas livres, internacionais ou não contíguas –
quando se encontram fora das águas territoriais dos Estados
soberanos, constituindo o alto-mar; em outras palavras, devem ser
assim consideradas quando não confinam com margem de outra
nação vizinha, mas com mar livre ou com alto-mar; 3) águas
territoriais adjacentes – quando são adjacentes a uma das margens
pertencentes a um Estado soberano; e 4) águas contíguas – quando
se estendem às fronteiras do território nacional, tendo, porém, as
suas margens situadas numa nação vizinha.

1.5.2.3 Águas interiores superficiais

As águas interiores superficiais são aquelas que se


encontram na superfície do solo sob a forma líquida. Portanto, as
águas interiores superficiais são aquelas que correm ou encontram-
se nos rios, ribeiros, córregos, arroios, fontes ao ar livre, açudes,
mar etc.
Dentro do estudo das águas interiores superficiais, é
importante apresentar algumas definições essenciais.
Rio é um curso d’água corrente de extensão mais ou menos
considerável e largura entre as margens, que se desloca de um
nível mais elevado para outro mais baixo, cujo volume aumenta
progressivamente até lançar-se no mar, num lago ou em outro rio.
Juridicamente, o rio é uma corrente de água composto do leito e das
margens apto para navegação ou flutuação, pelo menos em algum
de seus trechos. Para o direito, margens internas ou ribanceira, leito
e água integram o rio, formando um só todo.
Nas palavras de AFRÂNIO DE CARVALHO, o rio no seu todo
compõe-se de 3 (três) elementos: água, leito e margem, dos quais a
água é o principal, servindo o leito e a margem para contê-la. Ao
passo que a água é um elemento autônomo, o leito e a margem se
completam e solidarizam na função de continente dela. A margem,
como prolongamento lateral ascendente do leito ou álveo, chega até
a orla saliente da calha do rio, onde serve para lindar a contenção
da água no seu curso normal. Na parte mais baixa, também é
chamada de praia, e na mais alta, de ribanceira, ou barranca, pois
costuma haver uma gradação, maior ou menor, de uma para outra,
embora seja por vezes quase repentina a mudança, como nos
“canhões” do rio. Assim como o leito, a margem é parte integrante
do rio, mas, ao mesmo tempo, ambos não passam realmente de
extremidades do solo ribeirinho, dada a homogeneidade de sua
composição.[127]
Os rios podem ser classificados da seguinte maneira: 1) rio
contíguo ou simultâneo – é aquele que serve de divisa entre duas
nações; 2) rio flutuável – é o curso em que, em águas médias, seja
possível o transporte de achas de lenha, por flutuação, num trecho
de comprimento igual ou superior a cinquenta vezes a largura média
do curso no trecho – art. 6.º do Decreto-Lei 2.281, de 05.06.1940;
em outras palavras, são os grandes cursos de água com volume
capaz de se prestar ao transporte de madeiras por flutuação ou
madeiras reunidas em balsas ou jangadas – avec trains ou radeaux
–, isto é, separadas, desunidas e soltas à mercê das correntes; 3)
rio interior – é aquele que tem nascente e foz dentro do território de
uma nação; 4) rio navegável – é o curso de água pleníssimo
fulmine, isto é, que cobre todo o álveo, sobre o qual é possível a
navegação por embarcações de qualquer natureza, inclusive
jangadas, num trecho não inferior à sua largura; para os mesmos
efeitos, é navegável o lago ou lagoa que, em águas médias, permita
a navegação, em iguais condições, num trecho qualquer de sua
superfície – art. 6.º do Decreto-Lei 2.281, de 05.06.1940; em outras
palavras, são as grandes correntes de água próprias para a
navegação, ainda que para pequenas embarcações puxadas à
sirga, que o exercício desta seja mais ou menos frequente ou que
nunca se tenha verificado – potencialmente navegável; 5) rio perene
– é aquele que corre em todas as estações do ano; 6) rio real – é o
rio principal, o qual recebe as águas de outros rios menores; 7) rio
temporário – é aquele que seca no estio e se alimenta mais das
chuvas; 8) rio tributário ou afluente – é aquele que deságua em
outro.[128]
Torrente ou enxurros são águas pluviais que abrem o seu
próprio leito. Ela é temporária. Todavia, a sua temporariedade não
constitui circunstância que a diferencia dos rios, uma vez que entre
estes há os que secam no estio.[129]
Corrente são as águas que correm permanentemente, que
não estão estagnadas, ou seja, são águas que passam de um lugar
para o outro, conforme uma direção regular e determinada.[130]
Álveo ou leito é a superfície que as águas cobrem sem
transbordar para o solo, natural e ordinariamente enxuto, ou seja, é
o canal por onde correm as águas (art. 9.º do Código de Águas –
Decreto 24.643, de 10.07.1934). De maneira que o álveo e a
margem interna formam um só todo.
Margens é o terreno que ladeia um curso de água ou que
circunda um lago, beira ou orla.[131] As margens podem se classificar
como: 1) margem interna – constitui a ribanceira encoberta pelas
águas e é integrada do álveo; 2) margem externa – faixa de terreno
que termina na linha da interna; não é coberta pelas águas, a não
ser nas enchentes; 3) margem natural – trata-se das barrancas e
praias; 4) margem artificial – construída pelo homem e pode tomar,
até, a feição de dique contra enchentes; 5) margem esquerda –
margem que se localiza do lado esquerdo, olhando-se para a
direção em que correm as águas; 6) margem direita – margem que
se localiza do lado direita, olhando-se para a direção em que correm
as águas.
Fundo é a parte que suporta as águas. O fundo pode ser
arenoso, empedrado ou paludoso. Todavia, o fundo é uma parte do
curso de água que não se confunde com as margens internas, em
virtude de constituir as paredes laterais do rio.[132]
Braço constitui a parte do rio que penetra profundamente
pela terra. Segundo ANTÔNIO DE PÁDUA NUNES, em geral, o
braço se volta para juntar-se à corrente da qual derivou (nesse caso
forma uma ilha fluvial); mas se o rio e seu braço correrem até o mar,
separados, a porção de terra estará cercada pelo rio, pelo seu braço
e pelo mar (esta situação denomina-se “delta” ou polesine).[133]
Lago (do latim lacu) é formado quando a depressão do
terreno, onde há nascente, faz com que a água desta venha a cobrir
essa parte do terreno; ou seja, constitui uma extensão de água
cercada de terras por todos os lados. Sendo que por lago aberto
entende-se aquele que é nascente de um rio; lago fechado, por sua
vez, é aquele que não tem águas correndo para fora. Já a lagoa (do
latim lacona) é formada quando ocorre estagnação da água de
chuva ou nascente, pouco extensa; a lagoa nem sempre é perene,
pode secar no verão, ou seja, trata-se de um charco, brejo ou
pântano.[134]
Açude e represa são obras realizadas para obter elevação
do nível de água de uma corrente que alaga as adjacências no limite
desejado. Açude ou barragem é a construção destinada a deter
águas, em geral, para fins de irrigação. Represa é qualquer obra
destinada à acumulação de água empresada para diversos fins.
Eclusa, clusa ou comporta é a represa feita sobre um rio ou
sobre um canal para reter ou deixar correr as águas; trata-se da
bacia construída entre 2 (duas) calhas ou partes de canal de
diferentes níveis.
Levada é o rego ou aqueduto na própria terra que leva a
água do rio ou nascente para a localidade a irrigar. Canal é o rego
ou aqueduto artificial – fabricado – que transporta a água do rio ou
nascente para a terra a irrigar; em outras palavras, é a escavação
prolongada e descoberta, formando um leito para uma corrente de
água. O canal pode ser classificado como: 1) canal derivador –
aquele que equivale a um aqueduto; 2) canal distribuidor – quando,
existente no prédio serviente, tem como função introduzir água no
derivador.[135]
Poças são os pequenos depósitos em terra batida ou
cavados no terreno, para aproveitamento de águas que nele brotam.
Já cisterna é uma escavação no terreno destinada a recolher água
escolatícia, infiltrações ou de chuva.
Segundo MANOEL IGNÁCIO CARVALHO MENDONÇA, a
bacia hidrográfica de um rio é formada pelo território do qual pode
afluir água para esse rio. No entanto, nem sempre a bacia
hidrográfica é constituída por um vale. As bacias são separadas por
cadeias hidrográficas que as limitam e cuja linha culminante é a
linha da divisão das águas (o divortium aquarum dos romanos). Há
casos, ainda, de bacias com o mesmo nível e que se comunicam
por canais.[136]
Acrescenta IARA VEROCAI DIAS MOREIRA que bacia
hidrográfica pode abranger os seguintes significados: área cujo
escoamento das águas superficiais contribui para um único exutório
(local de escoamento ininterrupto); área de drenagem de um curso
d’água ou lago; área total drenada por um rio e seus afluentes;
conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes;
grandes superfícies limitadas por divisores de águas e drenadas por
um rio e seus tributários etc.[137]
Talvegue é a linha mais ou menos sinuosa no fundo de um
vale, pela qual se dirigem as águas correntes, constituindo a
intercessão de duas encostas. Em outras palavras, é a linha de
maior profundidade no leito fluvial; resulta da interseção dos planos
das vertentes com dois sistemas de declives convergentes; é o
oposto de crista. Vale lembrar que o termo “talvegue” significa
“caminho do vale”.[138] Sendo uma linha que segue a parte mais
baixa do leito de um rio, de um canal ou de um vale,[139] pode-se
dizer que traça o perfil longitudinal de um rio, ou seja, une os pontos
de menor cota ao longo de um vale.[140] Esclarece, ainda, MANOEL
IGNÁCIO CARVALHO MENDONÇA que o filão de água navegável
varia de posição com a curvatura dos rios, e, portanto, um dos
povos limitados pelo curso d’água poderia ficar sem direito a ele ou
com o seu direito limitado quanto à navegação em grande parte do
seu curso. Essas considerações têm levado os modernos autores a
afirmarem, como limite, a linha mais baixa das águas, ou o meio da
corrente que seguem as embarcações ao descerem o rio e que se
chama “talvegue”.[141]
Por foz ou embocadura entende-se a confluência de um rio
com outro ou, ainda, com o mar (flumina maritima). Todavia, quando
a embocadura de um rio se alarga demasiadamente passa a se
denominar “estuário”.
Nascente é, nada menos nada mais, que a água subterrânea
que emerge para a superfície. No entanto, não se deve confundir
nascente com fonte. Fonte pressupõe algum trabalho para o
aproveitamento das águas (água captada), enquanto nascente
significa a água que brota naturalmente do solo (água que emerge
da terra).[142] Todavia, por força do art. 89 do Código de Águas, a
fonte toma a designação de “nascente por indústria humana” e a
nascente ganha a denominação de “nascente natural”. Já os arts.
563, 564 e 565 do Código Civil de 1916 (Lei 3.071, de 01.01.1916),
[143]
bem como os arts. 1.288, 1.289 e 1290 do Código Civil de 2002
(Lei 10.406, de 10.01.2002),[144] se referem à fonte captada
(nascente por indústria humana) e fonte não captada (nascente
natural).

1.5.2.4 Águas interiores subterrâneas

Vimos que as águas estão em constante circulação, estando


presentes tanto na atmosfera sob a forma de vapor, quanto na
superfície do solo sob a forma líquida, ou mesmo no interior do
subsolo, constituindo lençóis aquíferos. As águas que estão
presentes no interior do subsolo são chamadas de águas interiores
subterrâneas. Portanto, águas interiores subterrâneas são aquelas
que se acumulam (águas subterrâneas paradas) ou têm curso a
certa profundidade, sob a superfície do solo (correntes d’águas
subterrâneas ou lençóis aquíferos – flumina subterranea).
Inclusive, lembramos que por água morta também pode ser
entendida aquela que, absorvida pelo terreno, lhe atravessa os
extratos inferiores, aparecendo à superfície do solo mais abaixo.[145]
Vale destacar ainda, que, no Brasil, a expressão mina d’água
é utilizada para designar vulgarmente nascente (natural). Todavia, o
termo mina pode significar as obras que se destinam não só à
condução subterrânea da água, mas à sua captação e
armazenamento (nascente artificial). Outrossim, por galeria deve ser
entendido o conjunto de tubos enterrados, destinados a conduzir
águas pluviais. Poços, a seu turno, são escavações profundas que
atingem um lençol de água (nascentes artificiais); em outras
palavras, poço é a cavidade funda, aberta na terra, a fim de atingir o
lençol aquífero mais próximo da superfície. Os poços podem se
classificar em: 1) poço ordinário – grande buraco, geralmente
circular e murado, cavado na terra, para acumular água; 2) poço
artesiano – poço natural ou artificial em que a água é impelida
naturalmente até à superfície do solo, dispensando bombeamento;
3) poço semi-artesiano – poço natural ou artificial ligado a lençol de
água subterrâneo que está em regime de escoamento forçado,
mediante bombeamento da água.
Acrescenta-se que o art. 96 do Código de Águas dispõe que
o dono de qualquer terreno poderá apropriar-se por meio de poços,
galerias etc., das águas que existam debaixo da superfície de seu
prédio, contanto que não prejudique aproveitamentos existentes
nem derive ou desvie de seu curso natural águas públicas
dominicais, públicas de uso comum ou particulares.

1.5.2.5 Águas públicas, comuns e particulares

O Código de Águas brasileiro, instituído pelo Decreto 24.643,


de 10.07.1934, divide as águas em 3 (três) categorias básicas: 1)
águas públicas – aquelas que se acham submetidas a domínio
público; 2) águas comuns – aquelas correntes não navegáveis ou
flutuáveis e das quais os donos ou proprietários dos prédios que
elas banham ou atravessam podem usar nas condições
estabelecidas por lei – arts. 7.º, 71 e ss;[146] e 3) águas articulares ou
privadas – aquelas apropriadas ou utilizadas nos prédios
particulares, provenham destes, ou não; são particulares as
nascentes e todas as demais águas localizadas em áreas sob o
domínio particular, quando elas não estiverem, de uma forma ou de
outra, classificadas entre as águas comuns, águas comuns de todos
ou águas públicas – art. 8.º.[147]
Segundo o art. 1.º do Código de Águas, as águas públicas
foram divididas pelo Código de Águas em: 1) águas públicas de uso
comum; e 2) águas públicas dominicais.
As águas públicas de uso comum são, por força do art. 2.º do
Código de Águas: 1) os mares territoriais, nos mesmos incluídos os
golfos, baías, enseadas e portos; 2) as correntes, canais, lagos e
lagoas navegáveis ou flutuáveis (uma corrente navegável ou
flutuável se diz feita por outra quando se torna navegável logo
depois de receber essa outra); 3) as correntes de que se façam
estas águas; 4) as fontes e reservatórios públicos; por fontes e
reservatórios públicos devem ser entendidos: a) os que se acham
em lugar público e quando as águas para eles provêm de lugar
público; b) aqueles quando as águas, provindo de prédios
particulares, constituem fontes públicas em lugar público; e c) se o
público se aproveita das suas águas para os usos comuns, porque
do uso comum se infere a publicidade; 5) as nascentes, quando
forem de tal modo consideráveis que, por si só, constituam o caput
fluminis (nascente da corrente d’água); 6) os braços de quaisquer
correntes públicas, desde que os mesmos influam na
navegabilidade ou flutuabilidade.
As águas públicas, quanto ao seu proprietário, podem ser
classificadas em: 1) águas públicas federais; assim consideradas
quando: a) sejam marítimas; b) estejam situadas em territórios
federais; c) sirvam de limites da República com as nações vizinhas
ou se estendam a território estrangeiro; d) situados na zona de 100
(cem) Km contígua aos limites da República; e) sirvam de limites
entre dois ou mais Estados; f) percorrem parte do território de 2
(dois) ou mais estados; 2) águas públicas estaduais; assim
consideradas quando: a) sirvam de limites a dois ou mais
municípios; b) percorram parte dos territórios de dois ou mais
municípios; 3) águas públicas distritais: quando, exclusivamente,
situadas dentro do Distrito Federal; 4) águas públicas municipais:
quando, exclusivamente, situadas em seu território, respeitadas as
restrições que possam legalmente ser impostas.

1.5.2.6 Sistema de classificação das águas

Para que os Poderes Públicos possam exercer


eficientemente a fiscalização do controle de qualidade das águas
interiores, é necessária a utilização de um sistema de classificação
das águas. Este sistema é estabelecido pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA, abrangendo todo o tipo de águas
existentes no território nacional, visando a proteção das águas
marinhas e das águas doces.
A classificação adotada pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA visa à qualificação das águas doces, águas
salobras e águas salinas essencial à defesa de seus níveis de
qualidade, avaliados por condições [148] e padrões específicos,[149] de
modo a assegurar seus usos preponderantes (sistema de classes
de qualidade).[150] O enquadramento [151] em tal classificação ocorre
em virtude do estabelecimento do nível de qualidade (classe) a ser
alcançado e/ou mantido em um segmento de corpo d’água ao longo
do tempo, podendo ser fixadas metas [152] progressivas
intermediárias, obrigatórias, visando à sua efetivação.[153] Todavia, o
enquadramento dos corpos de água deve estar baseado não
necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade
que deveriam possuir para atender às necessidades da
comunidade. Para ser qualificada, toma-se por base o nível de
qualidade apresentado por um segmento de corpo d’água, num
determinado momento, em termos dos usos possíveis com
segurança adequada. Além disso, vale destacar que o
enquadramento é efetivado e preservado por meio de um conjunto
de medidas necessárias para colocar e/ou manter a condição de um
segmento de corpo d’água em correspondência com a sua classe
(Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005, publicada no DOU de
053, 18.03.2005, p. 58-63, que dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes,[154] e dá outras providências).
De acordo com a classificação adotada pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, águas doces são
consideradas aquelas águas com salinidade igual ou inferior a 0,50
%o.; águas salobras aquelas com salinidade superior a 0,5 %o. e
inferior a 30 %o.; e águas salinas as águas com salinidade igual ou
superior a 30 %o (incisos I a III do art. 2° da Resolução/CONAMA n°
357, de 17.03.2005).
As águas doces, salobras e salinas do território nacional são
classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos
preponderantes, em 13 (treze) classes de qualidade. As águas de
melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos exigente,
desde que este não prejudique a qualidade da água, desde que
atendidos outros requisitos pertinentes (art. 3° da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
Por força do art. 4.º da Resolução/CONAMA 357, de
17.03.2005, as águas doces dividem-se nas seguintes classes: I)
classe especial – águas destinadas: a) ao abastecimento para
consumo humano, com desinfecção;[155] b) à preservação do
equilíbrio natural das comunidades aquáticas; c) à preservação dos
ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral; II) classe 1: águas que podem ser destinadas: a) ao
abastecimento para consumo humano, após tratamento
simplificado;[156] b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à
recreação de contato primário,[157] tais como natação, esqui aquático
e mergulho, conforme Resolução/CONAMA n° 274, de 29.11.2000;
[158]
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de
frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas
cruas sem remoção de película; e e) à proteção das comunidades
aquáticas em terras indígenas; III) classe 2: águas que podem ser
destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após
tratamento convencional;[159] b) à proteção das comunidades
aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação,
esqui aquático e mergulho, conforme Resolução/CONAMA n° 274,
de 29.11.2000; d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de
parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público
possa vir a ter contato direto; e e) à aquicultura [160] e à atividade de
pesca; IV) classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao
abastecimento para consumo humano, após tratamento
convencional ou tratamento avançado;[161] b) à irrigação de culturas
arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora;[162] d) à
recreação de contato secundário;[163] e e) à dessedentação de
animais;[164] V) classe 4: águas que podem ser destinadas: a) à
navegação; e b) à harmonia paisagística.[165]
Conforme dispõe o art. 5.º da Resolução/CONAMA 357, de
17.03.2005, as águas salinas dividem-se nas seguintes classes: I)
classe especial: águas destinadas: a) à preservação dos ambientes
aquáticos em Unidades de Conservação de Proteção Integral –
UCPI; e b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades
aquáticas; II) classe 1: águas que podem ser destinadas: a) à
recreação de contato primário, conforme Resolução/CONAMA n°
274, de 29.11.2000; b) à proteção das comunidades aquáticas; e c)
à aquicultura e à atividade de pesca; III) classe 2: águas que podem
ser destinadas: a) à pesca amadora; e b) à recreação de contato
secundário; IV) classe 3: águas que podem ser destinadas: a) à
navegação; e b) à harmonia paisagística.
O art. 6.º da Resolução/CONAMA 357, de 17.03.2005,
prescreve que as águas salobras dividem-se nas seguintes classes:
I) classe especial: águas destinadas: a) à preservação dos
ambientes aquáticos em Unidades de Conservação de Proteção
Integral – UCPI; e b) à preservação do equilíbrio natural das
comunidades aquáticas; II) classe 1: águas que podem ser
destinadas: a) à recreação de contato primário, conforme
Resolução/CONAMA n° 274, de 29.11.2000; b) à proteção das
comunidades aquáticas; c) à aquicultura e à atividade de pesca; d)
ao abastecimento para consumo humano após tratamento
convencional ou avançado; e e) à irrigação de hortaliças que são
consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e
que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação
de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o
público possa vir a ter contato direto; III) classe 2: águas que podem
ser destinadas: a) à pesca amadora; e b) à recreação de contato
secundário; IV) classe 3: águas que podem ser destinadas: a) à
navegação; e b) à harmonia paisagística.

1.5.2.7 Condições e padrões de qualidade das águas

1.5.2.7.1 Introdução

Os padrões de qualidade das águas determinados na


Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005, estabelecem limites
individuais para cada substancia em cada classe. Eventuais
interações entre substancias, especificadas ou não, não podem
conferir as águas características capazes de causar efeitos letais ou
alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem
como de restringir os usos preponderantes previstos, ressalvado o
disposto no Capítulo II da Resolução/CONAMA n° 430, de
13.05.2011, que dispõe sobre as condições e padrões de
lançamento de efluentes (art. 7.º da Resolução/CONAMA n° 357, de
17.03.2005).
O conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado
para subsidiar a proposta de enquadramento deve ser monitorado
periodicamente pelo Poder Publico. Também devem ser
monitorados os parâmetros para os quais haja suspeita da sua
presença ou não conformidade. De maneira que os resultados do
monitoramento devem ser analisados estatisticamente e as
incertezas de medição consideradas. Ademais, a qualidade dos
ambientes aquáticos pode ser avaliada por indicadores biológicos,
quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades
aquáticas. As possíveis interações entre as substancias e a
presença de contaminantes não listados na Resolução/CONAMA n°
357, de 17.03.2005, passiveis de causar danos aos seres vivos,
devem ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicologicos,[166]
ensaios toxicológicos,[167] ou outros métodos cientificamente
reconhecidos. Por sinal, na hipótese dos referidos estudos
tornarem-se necessários em decorrência da atuação de
empreendedores identificados, as despesas da investigação devem
correr as suas expensas. Para corpos de água salobras
continentais, onde a salinidade não se dê por influencia direta
marinha, os valores dos grupos químicos de nitrogênio e fósforo
devem ser os estabelecidos nas classes correspondentes de água
doce (art. 8.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
A análise e avaliação dos valores dos parâmetros de
qualidade de água de que trata da Resolução/CONAMA n° 357, de
17.03.2005, devem ser realizadas pelo Poder Publico, podendo ser
utilizado laboratório próprio, conveniado ou contratado, que devera
adotar os procedimentos de controle de qualidade analítica
necessários ao atendimento das condições exigíveis. Os
laboratórios dos órgãos competentes devem estruturar-se para
atenderem ao disposto na Resolução/CONAMA n° 357, de
17.03.2005. Todavia, nos casos onde a metodologia analítica
disponível for insuficiente para quantificar as concentrações dessas
substancias nas águas, os sedimentos e/ou biota aquática podem
ser investigados quanto a presença eventual dessas substancias
(art. 9.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
Os valores máximos estabelecidos para os parâmetros
relacionados em cada uma das classes de enquadramento devem
ser obedecidos nas condições de vazão de referencia.[168] Os limites
de Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO, [169] estabelecidos para
as águas doces de classe 2 (inciso III do art. 4.º da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005) e classe 3 (inciso IV do
art. 4.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005), podem ser
elevados, caso o estudo da capacidade de autodepuração [170] do
corpo receptor [171] demonstre que as concentrações mínimas de
Oxigênio Dissolvido – OD [172] previstas não podem ser
desobedecidas, nas condições de vazão de referencia, com
exceção da zona de mistura.[173] Os valores máximos admissíveis
dos parâmetros relativos as formas químicas de nitrogênio e fósforo,
nas condições de vazão de referencia, podem ser alterados em
decorrência de condições naturais, ou quando estudos ambientais
específicos, que considerem também a poluição difusa, comprovem
que esses novos limites não acarretam prejuízos para os usos
previstos no enquadramento do corpo de água. Para águas doces
de classe 1 (inciso II do art. 4.º da Resolução/CONAMA n° 357, de
17.03.2005) e de classe 2 (inciso III do art. 4.º da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005), quando o nitrogênio
for fator limitante para eutrofização,[174] nas condições estabelecidas
pelo órgão ambiental competente, o valor de nitrogênio total (após
oxidação) não deve ultrapassar 1,27 mg/L, para ambientes lênticos,
[175]
e 2,18 mg/L, para ambientes lóticos,[176] na vazão de referencia.
Todavia, o disposto nos §§ 2° e 3° art. 10 da Resolução/CONAMA
n° 357, de 17.03.2005, não se aplica às baias de águas salinas ou
salobras, ou outros corpos de água em que não seja aplicável a
vazão de referencia, para os quais devem ser elaborados estudos
específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio
hídrico (art. 10 da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
Além disso, o Poder Publico pode, a qualquer momento,
acrescentar outras condições e padrões de qualidade, para
determinado corpo de água, ou torná-los mais restritivos, tendo em
vista as condições locais, mediante fundamentação técnica (art. 11
da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
O Poder Público pode também estabelecer restrições e
medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário, quando a
vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de referencia (art.
12 da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
Nas águas de classe especial devem ser mantidas as
condições naturais do corpo de água (art. 13 da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).

1.5.2.7.2. Condições e padrões de qualidade das águas doces

Conforme o previsto no art. 14 da Resolução/CONAMA n°


357, de 17.03.2005, as águas doces de classe 1 (água muito boa)
devem observar as seguintes condições e padrões: I- condições de
qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a
organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão
ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições
nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização
de ensaio ecotoxicológico padronizado [177] ou outro método
cientificamente reconhecido; b) materiais flutuantes,[178] inclusive
espumas não naturais: virtualmente ausentes;[179] c) óleos e graxas:
virtualmente ausentes; d) substancias que comuniquem gosto ou
odor:[180] virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis:
virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de
recreação de contato primário [contato direto e prolongado com a
água (tais como natação, mergulho, esqui-aquático) na qual a
possibilidade do banhista ingerir água é elevada] devem ser
obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade,[181] previstos
na Resolução/CONAMA n° 274, de 29.11.2000. Para os demais
usos, não devem ser excedido o limite de 200 (duzentos) coliformes
termotolerantes [182] por 100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por
cento) ou mais, de pelo menos 6 (seis) amostras, coletadas durante
o período de 1 (um) ano, com frequência bimestral. A Escherichia
Coli [183] pode ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes (fecais) de acordo com limites
estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) Demanda
Bioquímica de Oxigênio – DBO de 5 (cinco) dias a 20°C (vinte graus
centígrados) ate 3 (três) mg/L O2; i) Oxigênio Dissolvido – OD, em
qualquer amostra, não inferior a 6 (seis) mg/L O2; j) turbidez [184] até
40 (quarenta) Nephelometric Turbidity Unit – NTU (Unidades
Nefelométricas de Turbidez – UNT); l) cor verdadeira:[185] nível de
cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e m) pH: 6,0 (seis) a 9,0
(nove); II- Padrões de qualidade de água: vide “Tabela I – Classe 1 –
Águas Doces (Padrões)” abaixo; III- Nas águas doces onde ocorrer
pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,
além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se
os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente: vide
“Tabela II – Classe 1 – Águas Doces (Padrões para corpos de água
onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo
intensivo)” abaixo.

TABELA I – CLASSE 1 – ÁGUAS DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 10 μg/L
Densidade de cianobacterias 20.000 cel/mL ou 2 mm3/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Antimonio 0,005mg/L Sb
Arsênio total 0,01 mg/L As
Bário total 0,7 mg/L Ba
Bário total 0,7 mg/L Ba
Berílio total 0,04 mg/L Be
Boro total 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,001 mg/L Cd
Chumbo total 0,01mg/L Pb
Cianeto livre 0,005 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl
Cloro residual total 0,01 mg/L Cl
(combinado + livre)
Cobalto total 0,05 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente 0,020 mg/L P
lêntico)
Fósforo total (ambiente
intermediário, com tempo de 0,025 mg/L P
Residência entre 2 e 40 dias,
e tributários diretos de
ambiente lêntico)
Fósforo total (ambiente lótico
e tributários de ambientes 0,1 mg/L P
intermediários)
Lítio total 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N
3,7mg/L N, para pH ≤ 7,5
Nitrogênio amoniacal total 2,0 mg/L N, para 7,5 < pH
≤ 8,0
1,0 mg/L N, para 8,0 < pH
≤ 8,5
0,5 mg/L N, para pH > 8,5
Prata total 0,01 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfato total 250 mg/L SO4
Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Urânio total 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V
Zinco total 0,18 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Acrilamida 0,5 μg/L
Alacloro 20 μg/L
Aldrin + Dieldrin 0,005 μg/L
Atrazina 2 μg/L
Benzeno 0,005 mg/L
Benzidina 0,001 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,05 μg/L
Benzo(a)pireno 0,05 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,05 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,05 μg/L
Carbaril 0,02 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,04 μg/L
2-Clorofenol 0,1 μg/L
Criseno 0,05 μg/L
2,4–D 4,0 μg/L
Demeton (Demeton-O + 0,1 μg/L
Demeton-S)
Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 μg/L
1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L
1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L
2,4-Diclorofenol 0,3 μg/L
Diclorometano 0,02 mg/L
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + 0,002 μg/L
p,p’-DDD)
Dodecacloro 0,001 μg/L
pentaciclodecano
Endossulfan (α + β + sulfato) 0,056 μg/L
Endrin 0,004 μg/L
Estireno 0,02 mg/L
Etilbenzeno 90,0 μg/L
Fenóis totais (substancias que 0,003 mg/L C6H5OH
reagem com 4-
aminoantipirina)
Glifosato 65 μg/L
Gution 0,005 μg/L
Heptacloro epoxido + 0,01 μg/L
Heptacloro
Hexaclorobenzeno 0,0065 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 μg/L
Lindano (γ-HCH) 0,02 μg/L
Malation 0,1 μg/L
Metolacloro 10 μg/L
Metoxicloro 0,03 μg/L
Paration 0,04 μg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 μg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Simazina 2,0 μg/L
Substancias tensoativas que 0,5 mg/L LAS
reagem com o azul de
metileno
2,4,5–T 2,0 μg/L
Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Tolueno 2,0 μg/L
Toxafeno 0,01 μg/L
2,4,5-TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 0,063 μg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 0,02 mg/L
1,2,4-TCB)
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L
Trifluralina 0,2 μg/L
Xileno 300 μg/L

TABELA II – CLASSE 1 – ÁGUAS DOCES


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA
PESCA OU CULTIVO
DE ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO
INTENSIVO
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Arsênio total 0,14 μg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzidina 0,0002 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 μg/L
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L
Criseno 0,018 μg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L
Heptacloro epóxido + 0,000039 μg/L
Heptacloro
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,000064 μg/L
Pentaclorofenol 3,0 μg/L
Tetracloreto de carbono 1,6 μg/L
Tetracloroeteno 3,3 μg/L
Toxafeno 0,00028 μg/L
2,4,6-triclorofenol 2,4 μg/L

Conforme o previsto no art. 15 da Resolução/CONAMA n°


357, de 17.03.2005, as águas doces de classe 2 (água boa) devem
observar as condições e padrões classe 1, enumeradas acima, à
exceção do seguinte: I- não pode ser permitida a presença de
corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam
removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração
convencionais; II- coliformes termotolerantes (fecais): para uso de
recreação de contato primário deve ser obedecida a
Resolução/CONAMA n° 274, de 29.11.2000. Para os demais usos,
não deve ser excedido o limite de 1.000 (um mil) coliformes
termotolerantes por 100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por cento)
ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o
período de 1 (um) ano, com frequência bimestral. A Escherichia Coli
(E.Coli) pode ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo
órgão ambiental competente; III- cor verdadeira: até 75 (setenta e
cinco) mg Pt/L; IV- turbidez: até 100 (cem) Nephelometric Turbidity
Unit – NTU (Unidades Nefelométricas de Turbidez – UNT); V-
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO 5 (cinco) dias a 20 (vinte)
°C até 5(cinco) mg/L O2; VI- Oxigênio Dissolvido – OD, em qualquer
amostra, não inferior a 5 (cinco) mg/L O2; VII- clorofila a: até 30
(trinta) μg/L; VIII- densidade de cianobactérias:[186] até 50.000
(cinquenta mil) cel/mL ou 5 (cinco) mm3/L; e IX- fósforo total: a) até
0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e b) até 0,050 mg/L, em
ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 (dois) e
40 (quarenta) dias, e tributários [187] diretos de ambiente lêntico.
Conforme o previsto no art. 16 da Resolução/CONAMA n°
357, de 17.03.2005, as águas doces de classe 3 (água pouco
poluída e água medianamente poluída) devem observar as
seguintes condições e padrões: I- condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo [188] a organismos, de
acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental
competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou
internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio
ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente
reconhecido; b) materiais flutuantes, inclusive espumas não
naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente
ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor:
virtualmente ausentes; e) não pode ser permitida a presença de
corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam
removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração
convencionais; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato
secundário [àquela associada a atividades em que o contato com a
água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é
pequena, como na pesca e na navegação (tais como iatismo)] não
deve ser excedido o limite de 2.500 (dois mil e quinhentos)
coliformes termotolerantes por 100 (cem) mililitros em 80% (oitenta
por cento) ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras, coletadas
durante o período de 1 (um) ano, com frequência bimestral. Para
dessedentação de animais criados confinados não deve ser
excedido o limite de 1.000 (um mil) coliformes termotolerantes por
100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por cento) ou mais de pelo
menos 6 (seis) amostras, coletadas durante o período de 1 (um)
ano, com frequência bimestral. Para os demais usos, não deve ser
excedido um limite de 4.000 (quatro mil) coliformes termotolerantes
por 100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por cento) ou mais de pelo
menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de 1 (um) ano,
com periodicidade bimestral. A Escherichia Coli (E.Coli) pode ser
determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão
ambiental competente; h) cianobactérias para dessedentação de
animais: os valores de densidade de cianobactérias não devem
exceder 50.000 (cinquenta mil) cel/ml, ou 5(cinco) mm3/L; i)
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO 5 (cinco) dias a 20 (vinte)
°C até 10 (dez) mg/L O2; j) Oxigênio Dissolvido – OD, em qualquer
amostra, não inferior a 4 (quatro) mg/L O2; l) turbidez até 100 (cem)
Nephelometric Turbidity Unit – NTU (Unidades Nefelométricas de
Turbidez – UNT); m) cor verdadeira: até 75 (setenta e cinco) mg
Pt/L; e n) pH: 6,0 (seis) a 9,0 (nove); II- Padrões de qualidade de
água: vide “Tabela III – Classe 3 – Águas Doces (Padrões)” abaixo.

TABELA III – CLASSE 3 – ÁGUAS DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 60 μg/L
Densidade de cianobactérias 100.000 cel/mL ou 10
mm3/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al
Arsênio total 0,033 mg/L As
Bário total 1,0 mg/L Ba
Berílio total 0,1 mg/L Be
Boro total 0,75 mg/L B
Cádmio total 0,01 mg/L Cd
Chumbo total 0,033 mg/L Pb
Cianeto livre 0,022 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl
Cobalto total 0,2 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,013 mg/L Cu
Ferro dissolvido 5,0 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente 0,05 mg/L P
lêntico)
Fósforo total (ambiente
intermediário, com tempo 0,075 mg/L P
residência entre 2 e 40 dias, e
tributários diretos de de
ambiente lêntico)
Fósforo total (ambiente lótico 0,15 mg/L P
e tributários de ambientes
intermediários)
Lítio total 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,5 mg/L Mn
Mercúrio total 0,002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N
13,3 mg/L N, para pH ≤ 7,5
Nitrogênio amoniacal total 5,6 mg/L N, para 7,5 < pH
≤ 8,0
2,2 mg/L N, para 8,0 < pH
≤ 8,5
1,0 mg/L N, para pH > 8,5
Prata total 0,05 mg/L Ag
Selênio total 0,05 mg/L Se
Sulfato total 250 mg/L SO4
Sulfeto (como H2S não 0,3 mg/L S
dissociado)
Urânio total 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V
Zinco total 5 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Atrazina 2 μg/L
Benzeno 0,005 mg/L
Benzo(a)pireno 0,7 μg/L
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Carbaril 70,0 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,3 μg/L
2,4-D 30,0 μg/L
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + 1,0 μg/L
p,p’-DDD)
Demeton (Demeton-O + 14,0 μg/L
Demeton-S)
1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L
1,1-Dicloroeteno 30 μg/L
Dodecacloro 0,001 μg/L
Pentaciclodecano
Endossulfan ( + + 0,22 μg/L
sulfato)
Endrin 0,2 μg/L
Fenóis totais (substâncias que 0,01 mg/L C6H5OH
reagem com 4-
aminoantipirina)
Glifosato 280 μg/L
Gution 0,005 μg/L
Heptacloro epóxido + 0,03 μg/L
Heptacloro
Lindano ( -HCH) 2,0 μg/L
Malation 100,0 μg/L
Metoxicloro 20,0 μg/L
Paration 35,0 μg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 μg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Substâncias tenso-ativas que 0,5 mg/L LAS
reagem com o azul
demetileno
2,4,5–T 2,0 μg/L
Tetracloreto de carbono 0,003 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Toxafeno 0,21 μg/L
2,4,5–TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 2,0 μg/L TBT
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L

Conforme o previsto no art. 17 da Resolução/CONAMA n°


357, de 17.03.2005, as águas doces de classe 4 (água poluída)
devem observar as seguintes condições e padrões: I- materiais
flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
II- odor e aspecto: não objetáveis; III- óleos e graxas: toleram-se
iridescências; IV- substâncias facilmente sedimentáveis que
contribuam para o assoreamento de canais de navegação:
virtualmente ausentes; V- fenóis totais (substâncias que reagem
com 4 - aminoantipirina) até 1,0 mg/L de C6H5OH; VI- Oxigênio
Dissolvido – OD, superior a 2,0 (dois) mg/L O2 em qualquer amostra;
e VII- pH: 6,0 (seis) a 9,0 (nove).
Lembramos que além das classes 1 a 4 de água doce, temos
como fora de classe a água doce muito poluída e a água doce
extremamente poluída. As águas doces classificadas como “fora de
classe” não se enquadram em nenhuma das recomendações de
uso, de acordo com a Resolução/CONAMA 357, de 17.03.2005.
Todavia tal classificação fora de classe vai depender Avaliação
Integrada da Qualidade da Água – AIQA. Com efeito, de acordo com
o Método de Avaliação Integrada da Qualidade da Água – AIQA, se
interrelacionam “três dimensões de qualidade: a físico-química, a
bacteriológica e a ecotoxicológica” pelo método Multiobjetivo de
Programação de Compromisso, “que se baseia em uma condição
ideal da qualidade da água. Como vimos, a qualidade da água pode
ser avaliada com base em um conjunto de variáveis como, por
exemplo: a) clorofila; b) coliformes termotolerantes (fecais); c) cor
verdadeira; d) corantes provenientes de fontes antrópicas
(provenientes de ocupação, exploração de recursos naturais e
atividades humanas); e) Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO;
f) densidade de cianobactérias; g) efeito tóxico a organismos; h)
fenóis; i) gosto; j) materiais flutuantes, incluindo-se espumas não
naturais; k) odor; l) óleos e graxas; m) Oxigênio Dissolvido – OD; n)
Potencial Hidrogeniônico – pH; o) resíduos sólidos objetáveis; p)
substâncias sedimentáveis; q) turbidez; etc.
Conforme a Agência Nacional de Águas – ANA do Brasil, o
Índice de Qualidade das Águas – IQA “foi criado em 1970, nos
Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation. A partir de
1975 começou a ser utilizado pela Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo – CETESB. Nas décadas seguintes, outros Estados
brasileiros adotaram o Índice de Qualidade das Águas – IQA, que
hoje é o principal índice de qualidade da água utilizado no país. O
Índice de Qualidade das Águas – IQA foi desenvolvido para avaliar a
qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento
público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do
Índice de Qualidade das Águas – IQA são em sua maioria
indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos
domésticos. A avaliação da qualidade da água obtida pelo Índice de
Qualidade das Águas – IQA apresenta limitações, já que este índice
não analisa vários parâmetros importantes para o abastecimento
público, tais como substâncias tóxicas (por exemplo, metais
pesados, pesticidas, compostos orgânicos), protozoários
patogênicos e substâncias que interferem nas propriedades
organolépticas da água”. Por sinal, o Índice de Qualidade das Águas
– IQA compõe-se de 9 (nove) parâmetros, que possuem pesos
diferenciados, “em função da sua importância para a conformação
global da qualidade da água: 1) Oxigênio Dissolvido – OD (peso =
0,17); 2) Coliformes termotolerantes (peso = 0,15); 3) Potencial
Hidrogênionico – pH (peso = 0,12); 4) Demanda Bioquímica de
Oxigênio – DBO (peso = 0,10); 5) Temperatura da água (peso =
0,10);[189] 6) Nitrogênio total (peso = 0,10); 7) Fósforo total (peso =
0,10); 8) Turbidez (peso = 0,08);[190] 9) Resíduo total (peso = 0,08).
Além disso, é ressaltar, também, a importância da avaliação da
qualidade microbiológica da água, com relação à presença de
parasitas e vírus, além de bactérias, que prejudicam a saúde
humana.[191] O Índice de Qualidade das Águas – IQA tem sido
particularmente afetado pela contaminação por lançamento de
esgotos. Segundo a própria Agência Nacional de Águas – ANA,
dentre os parâmetros que compõem o Índice de Qualidade das
Águas – IQA, os “coliformes termotolerantes correspondem ao
percentual de desconformidade de 51% (cinquenta e um por cento),
reflexo dos baixos níveis de tratamento de esgotos no país, e o
fósforo total corresponde ao percentual de desconformidade de 42%
(quarenta e dois por cento), com origem principalmente nos esgotos
domésticos e nas cargas difusas”. Salienta-se, assim, a
necessidade de uma maior adequação na destinação e tratamento
de efluentes [192] no Brasil.[193]
Outrossim, entendemos relevante destacar que os Índices de
Classificação da Qualidade das Águas – ICQA varia, conforme a
instituição a quem compete a determinação de parâmetros e o
processo de avaliação. De acordo com o Índice de Qualidade das
Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público – IAP,[194] com
base na aplicação do Método de Avaliação Integrada da Qualidade
da Água – AIQA, os índices de qualidade da água podem ser
classificados em 7 (sete) grupos, “comparáveis à classificação
determinada pela Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005: 1)
Muito boa/Classe 1/Cor indicatória: azul claro (AIQA = 0,00 a 0,20);
2. Boa/Classe 2/Cor indicatória: verde claro (AIQA > 0,20 a 0,40); 3)
Pouco poluída/Classe 3/Cor indicatória: amarelo (AIQA > 0,40 a
0,60); 4) Medianamente poluída/Classe 3/Cor indicatória: laranja
claro (AIQA > 0,60 a 0,80); 5) Poluída/Classe 4/Cor indicatória:
laranja escuro (AIQA > 0,80 a 1,00); 6) Muito poluída/Fora de
Classe/Cor indicatória: vermelho (AIQA > 1,00 a 1,20); 7)
Extremamente poluída/Fora de Classe/Cor indicatória: roxo (AIQA >
1,20).

1.5.2.7.3 Condições e padrões de qualidade das águas salinas

Conforme o previsto no art. 18 da Resolução/CONAMA n°


357, de 17.03.2005, as águas salinas de classe 1 devem observar
as seguintes condições e padrões: I- condições de qualidade de
água: a) não verificação de efeito tóxico crônico [195] a organismos,
de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental
competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou
internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio
ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente
reconhecido; b) materiais flutuantes virtualmente ausentes; c) óleos
e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que produzem odor
e turbidez: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de
fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos
objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termolerantes
(fecais): para o uso de recreação de contato primário deve ser
obedecida a Resolução/CONAMA n° 274, de 29.11.2000. Para o
cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana, a
média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de
um mínimo de 15 (quinze) amostras coletadas no mesmo local, não
deverá exceder 43 (quarenta e três) por 100 (cem) mililitros, e o
percentil 90% (noventa por cento) não deverá ultrapassar 88 (oitenta
e oito) coliformes termolerantes por 100 (cem) mililitros. Esses
índices devem ser mantidos em monitoramento anual com um
mínimo de 5 (cinco) amostras. Para os demais usos não deve ser
excedido um limite de 1.000 (um mil) coliformes termolerantes por
100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por cento) ou mais de pelo
menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de 1 (um) ano,
com periodicidade bimestral. A Escherichia Coli (E.Coli) pode ser
determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão
ambiental competente; h) carbono orgânico total até 3(três) mg/L,
como C; i) Oxigênio Dissolvido – OD, em qualquer amostra, não
inferior a 6 (seis) mg/L O2; e j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver
uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade. II- Padrões
de qualidade de água: vide “Tabela IV – Classe 1 – Águas Salinas
(Padrões)” abaixo; III- Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou
cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo, alem dos
padrões estabelecidos no inciso II acima mencionado, aplicam-se os
seguintes padrões em substituição ou adicionalmente: vide “Tabela
V – Classe 1 – Águas Salinas (Padrões para corpos de água onde
haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo
intensivo)” abaixo:

TABELA IV – CLASSE 1 – ÁGUAS SALINAS


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Alumínio dissolvido 1,5 mg/L Al
Arsênio total 0,01 mg/L As
Bário total 1,0 mg/L Ba
Berílio total 5,3 μg/L Be
Boro total 5,0 mg/L B
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total 0,01 mg/L Cl
(combinado + livre)
Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo Total 0,062 mg/L P
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 0,40 mg/L N
Nitrito 0,07 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela
diferença entre fósforo acido 0,031 mg/L P
hidrolisável total e fósforo
reativo total)
Prata total 0,005 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Tálio total 0,1 mg/L Tl
Urânio Total 0,5 mg/L U
Zinco total 0,09 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,0019 μg/L
Benzeno 700 μg/L
Carbaril 0,32 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,004 μg/L
2,4-D 30,0 μg/L
DDT (p,p’-DDT+ p,p’-DDE + 0,001 μg/L
p,p’-DDD)
Demeton (Demeton-O + 0,1 μg/L
Demeton-S)
Dodecacloro 0,001 μg/L
pentaciclodecano
Endossulfan (α + β + sulfato) 0,01 μg/L
Endrin 0,004 μg/L
Etilbenzeno 25 μg/L
Fenois totais (substancias que 60 μg/L C6H5OH
reagem com 4-
aminoantipirina)
Gution 0,01 μg/L
Heptacloro epoxido + 0,001 μg/L
Heptacloro
Lindano ( -HCH) 0,004 μg/L
Malation 0,1 μg/L
Metoxicloro 0,03 μg/L
Monoclorobenzeno 25 μg/L
Pentaclorofenol 7,9 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 μg/L
Substancias tensoativas que 0,2 mg/L LAS
reagem com o azul de
metileno
2,4,5-T 10,0 μg/L
Tolueno 215 μg/L
Toxafeno 0,0002 μg/L
2,4,5-TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 0,01 μg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 80 μg/L
1,2,4-TCB)
Tricloroeteno 30,0 μg/L

TABELA V – CLASSE 1 – ÁGUAS SALINAS


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA
PESCA OU CULTIVO
DE ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO
INTENSIVO
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Arsênio total 0,14 μg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzeno 51 μg/L
Benzidina 0,0002 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 μg/L
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L
2-Clorofenol 150 μg/L
2,4-Diclorofenol 290 μg/L
Crisêno 0,018 μg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L
1,2-Dicloroetano 37 μg/L
1,1-Dicloroeteno 3 μg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L
Heptacloro epoxido + 0,000039 μg/L
Heptacloro
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 μg/L
Pentaclorofenol 3,0 μg/L
Tetracloroeteno 3,3 μg/L
2,4,6-Triclorofenol 2,4 μg/L

Conforme o previsto no art. 19 da Resolução/CONAMA n°


357, de 17.03.2005, as águas salinas de classe 2 devem observar
as mesmas condições e padrões de qualidade da classe 1, antes
enumerados, a exceção dos seguintes: I- condições de qualidade de
água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de
acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental
competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou
internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio
ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente
reconhecido; b) coliformes termotolerantes (fecais): não devera ser
excedido um limite de 2.500 (dois mil e quinhentos) por 100 (cem)
mililitros em 80% (oitenta por cento) ou mais de pelo menos 6 (seis)
amostras coletadas durante o período de 1 (um) ano, com
frequência bimestral. A Escherichia Coli (E.Coli) pode ser
determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão
ambiental competente; c) carbono orgânico total: ate 5,00 (cinco)
mg/L, como C; e d) Oxigênio Dissolvido – OD, em qualquer amostra,
não inferior a 5,0 (cinco) mg/L O2; II- Padrões de qualidade de água:
vide “Tabela VI – Classe 2 – Águas Salinas (Padrões)” abaixo.
TABELA VI – CLASSE 2 – ÁGUAS SALINAS
PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Arsênio total 0,069 mg/L As
Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Chumbo total 0,21 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total 19 μg/L Cl
(combinado + livre)
Cobre dissolvido 7,8 μg/L Cu
Cromo total 1,1 mg/L Cr
Fósforo total 0,093 mg/L P
Mercúrio total 1,8 μg/L Hg
Níquel 74 μg/L Ni
Nitrato 0,70 mg/L N
Nitrito 0,20 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N
Polifosfatos (determinado
pela diferença entre fósforo 0,0465 mg/L P
acido hidrolisável total e
fósforo reativo total)
Selênio total 0,29 mg/L Se
Zinco total 0,12 mg/L Zn
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
ORGÂNICOS
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 μg/L
DDT (p–p’DDT + p–p’DDE + 0,13 μg/L
p–p’DDD)
Endrin 0,037 μg/L
Heptacloro epoxido + 0,053 μg/L
Heptacloro
Lindano (γ-HCH) 0,16 μg/L 0,16 μg/L
Pentaclorofenol 13,0 μg/L
Toxafeno 0,210 μg/L
Tributilestanho 0,37 μg/L TBT
Conforme o previsto no art. 20 da Resolução/CONAMA n°
357, de 17.03.2005, as águas salinas de classe 3 devem observar
as mesmas condições e padrões: I- materiais flutuantes, inclusive
espumas não naturais: virtualmente ausentes; II- óleos e graxas:
toleram-se iridescências; III- substancias que produzem odor e
turbidez: virtualmente ausentes; IV- corantes provenientes de fontes
antrópicas: virtualmente ausentes; V- resíduos sólidos objetáveis:
virtualmente ausentes; VI- coliformes termotolerantes: não devera
ser excedido um limite de 4.000 (quatro mil) coliformes
termotolerantes (fecais) por 100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por
cento|) ou mais de pelo menos 6(seis) amostras coletadas durante o
período de 1 (um) ano, com frequência bimestral. A Escherichia Coli
(E.Coli) pode ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo
órgão ambiental competente; VII- carbono orgânico total: ate 10
(dez) mg/L, como C; VIII- Oxigênio Dissolvido – OD, em qualquer
amostra, não inferior a 4 (quatro) mg/ L O2; e IX - pH: 6,5 a 8,5 não
devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2
unidades.

1.5.2.7.4 Condições e padrões de qualidade das águas salobras

Conforme o previsto no art. 21 da Resolução/CONAMA n°


357, de 17.03.2005, as águas salobras de classe 1 devem observar
as mesmas condições e padrões: I- condições de qualidade de
água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de
acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental
competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou
internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio
ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente
reconhecido; b) carbono orgânico total: ate 3 (três) mg/L, como C; c)
Oxigênio Dissolvido – OD, em qualquer amostra, não inferior a 5
(cinco) mg/L O2; d) pH: 6,5 a 8,5; e) óleos e graxas: virtualmente
ausentes; f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes; g)
substancias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente
ausentes; h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; e i)
coliformes termotolerantes (fecais): para o uso de recreação de
contato primário devera ser obedecida a Resolução/CONAMA n°
274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados a
alimentação humana, a media geométrica da densidade de
coliformes termotolerantes (fecais), de no mínimo de 15 (quinze)
amostras coletadas no mesmo local, não deve exceder 43 (quarenta
e três) por 100 (cem) mililitros, e o percentil 90% (noventa por cento)
não deve ultrapassar 88 (oitenta e oito) coliformes termolerantes por
100 (cem) mililitros. Esses índices deve ser mantidos em
monitoramento anual com um mínimo de 5 (cinco) amostras. Para a
irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem
remoção de película, bem como para a irrigação de parques, jardins,
campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto, não deve ser excedido o valor de 200 (duzentos)
coliformes termotolerantes por 100 (cem) ml. Para os demais usos
não deve ser excedido um limite de 1.000 (um mil) coliformes
termotolerantes por 100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por cento)
ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o
período de 1 (um) ano, com frequência bimestral. A Escherichia Coli
(E.Coli) pode ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes (fecais) de acordo com limites
estabelecidos pelo órgão ambiental competente; II- Padrões de
qualidade de água: vide “Tabela VII – Classe 1 – Águas Salobras
(Padrões)” abaixo; III- Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou
cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo, além dos
padrões estabelecidos no inciso II logo acima, aplicam-se os
seguintes padrões em substituição ou adicionalmente: vide “Tabela
VIII – Classe 1 – Águas Salobras (Padrões para corpos de água
onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo
intensivo)” abaixo.

TABELA VII – CLASSE 1 – ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Arsênio total 0,01 mg/L As
Berílio total 5,3 μg/L Be
Boro 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total 0,01 mg/L Cl
(combinado + livre)
Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total 0,124 mg/L P
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 0,40 mg/L N
Nitrito 0,07 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela
diferença entre fósforo acido 0,062 mg/L P
hidrolisável total e fósforo
reativo total)
Prata total 0,005 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfetos (como H2S não 0,002 mg/L S
dissociado)
Zinco total 0,09 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + dieldrin 0,0019 μg/L
Benzeno 700 μg/L
Carbaril 0,32 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,004 μg/L
2,4–D 10,0 μg/L
DDT (p,p'DDT+ p,p'DDE + 0,001 μg/L
p,p'DDD)
Demeton (Demeton-O + 0,1 μg/L
Demeton-S)
Dodecacloro 0,001 μg/L
pentaciclodecano
Endrin 0,004 μg/L
Endossulfan (α + β + sulfato) 0,01 μg/L
Etilbenzeno 25,0 μg/L
Fenóis totais (substancias que 0,003 mg/L C6H5OH
reagem com 4-
aminoantipirina)
Gution 0,01 μg/L
Heptacloro epóxido + 0,001 μg/L
Heptacloro
Lindano (γ-HCH) 0,004 μg/L
Malation 0,1 μg/L
Metoxicloro 0,03 μg/L
Monoclorobenzeno 25 μg/L
Paration 0,04 μg/L
Pentaclorofenol 7,9 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 μg/L
Substâncias tensoativas que 0,2 LAS
reagem com azul de metileno
2,4,5-T 10,0 μg/L
Tolueno 215 μg/L
Toxafeno 0,0002 μg/L
2,4,5–TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 0,010 μg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 80,0 μg/L
1,2,4-TCB)

TABELA VIII – CLASSE 1 – ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA
PESCA OU CULTIVO
DE ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO
INTENSIVO
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Arsênio total 0,14 μg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzeno 51 μg/L
Benzidina 0,0002 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 μg/L
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L
2-Clorofenol 150 μg/L
Criseno 0,018 μg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L
2,4-Diclorofenol 290 μg/L
1,1-Dicloroeteno 3,0 μg/L
1,2-Dicloroetano 37,0 μg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L
Heptacloro epoxido + 0,000039 μg/L
Heptacloro
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
Pentaclorofenol 3,0 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 μg/L
Tetracloroeteno 3,3 μg/L
Tricloroeteno 30 μg/L
2,4,6-Triclorofenol 2,4 μg/L
Conforme o previsto no art. 22 da Resolução/CONAMA n°
357, de 17.03.2005, aplicam-se as águas salobras de classe 2 as
mesmas condições e padrões de qualidade das águas salobras de
classe 1, a exceção dos seguintes: I- condições de qualidade de
água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de
acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental
competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou
internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio
ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente
reconhecido; b) carbono orgânico total: ate 5,00 (cinco) mg/L, como
C; c) Oxigênio Dissolvido – OD,, em qualquer amostra, não inferior a
4 (quatro) mg/L O2; e d) coliformes termotolerantes (fecais): não
deve ser excedido um limite de 2.500 (dois mil e quinhentos) por
100 (cem) mililitros em 80% (oitenta por cento) ou mais de pelo
menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de 1 (um) ano,
com frequência bimestral. A Escherichia Coli (E. Coli) pode ser
determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão
ambiental competente; II- Padrões de qualidade de água: vide
“Tabela IX – Classe 2 – Águas Salobras (Padrões para corpos de
água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de
consumo intensivo)” abaixo.

TABELA IX – CLASSE 2 – ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Arsênio total 0,069 mg/L As
Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Chumbo total 0,210 mg/L Pb
Cromo total 1,1 mg/L Cr
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total 19,0 μg/L Cl
(combinado + livre)
Cobre dissolvido 7,8 μg/L Cu
Fósforo total 0,186 mg/L P
Mercúrio total 1,8 μg/L Hg
Níquel total 74,0 μg/L Ni
Nitrato 0,70 mg/L N
Nitrito 0,20 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela
diferença entre fósforo acido 0,093 mg/L P
hidrolisável total e fósforo
reativo total)
Selênio total 0,29 mg/L Se
Zinco total 0,12 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 μg/L
DDT (p-p’DDT + p-p’DDE + p- 0,13 μg/L
p’DDD)
Endrin 0,037 μg/L
Heptacloro epoxido+ 0,053 μg/L
Heptacloro
Lindano (γ-HCH) 0,160 μg/L
Pentaclorofenol 13,0 μg/L
Toxafeno 0,210 μg/L
Tributilestanho 0,37 μg/L TBT

Conforme o previsto no art. 23 da Resolução/CONAMA n°


357, de 17.03.2005, as águas salobras de classe 1 devem observar
as mesmas condições e padrões: I- pH: 5 a 9; II- Oxigênio
Dissolvido – OD,, em qualquer amostra, não inferior a 3 mg/L O2; III-
óleos e graxas: toleram-se iridescências; IV- materiais flutuantes:
virtualmente ausentes; V- substancias que produzem cor, odor e
turbidez: virtualmente ausentes; VI- substancias facilmente
sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de
navegação: virtualmente ausentes; VII- coliformes termotolerantes
(fecais): não deve ser excedido o limite de 4.000 (quatro mil)
coliformes termotolerantes (fecais)por 100 (cem) mL em 80%
(oitenta por cento) ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras
coletadas durante o período de 1 (um) ano, com frequência
bimestral. A Escherichia Coli (E. Coli) pode ser determinada em
substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes (fecais) de
acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
e VIII - carbono orgânico total ate 10,0 (dez) mg/L, como C.

1.5.2.8 Condições e padrões de lançamento de efluentes

As condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão


do lançamento de efluentes [196] em corpos de água receptores
[corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um efluente]
encontram-se atualmente disciplinadas pela Resolução/CONAMA n°
430, de 13.05.2011, que dispõe sobre as condições e padrões de
lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução n° 357,
de 17.03.2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA.
Nunca é demais lembrar que condições de lançamento diz
respeito às condições e padrões de emissão adotados para o
controle de lançamentos de efluentes no corpo receptor (inciso XIII
do art. 4° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Inclusive, o lançamento indireto de efluentes no corpo
receptor [197] deve também observar o disposto na referida
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, quando verificada a
inexistência de legislação ou normas específicas, disposições do
órgão ambiental competente, bem como diretrizes da operadora dos
sistemas de coleta e tratamento de esgoto sanitário [198] (art. 1° da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011). Todavia, a disposição
de efluentes no solo, mesmo tratados, não está sujeita aos
parâmetros e padrões de lançamento previstos na
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, não podendo, porém,
causar poluição ou contaminação das águas superficiais e
subterrâneas (art. 2° da Resolução/CONAMA n° 430, de
13.05.2011).
Seja como for, os efluentes de qualquer fonte poluidora
somente podem ser lançados diretamente [199] nos corpos receptores
após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições,
padrões e exigências dispostos na Resolução/CONAMA n° 430, de
13.05.2011, e em outras normas aplicáveis. No entanto, o órgão
ambiental competente pode, a qualquer momento, mediante
fundamentação técnica: I- acrescentar outras condições e padrões
para o lançamento de efluentes, ou torná-los mais restritivos, tendo
em vista as condições do corpo receptor; ou II- exigir tecnologia
ambientalmente adequada e economicamente viável para o
tratamento dos efluentes, compatível com as condições do
respectivo corpo receptor (art. 3° da Resolução/CONAMA n° 430, de
13.05.2011).

1.5.2.8.1 Regras gerais sobre as condições e padrões de


lançamento de efluentes

Outrossim, os efluentes não podem conferir ao corpo


receptor características de qualidade em desacordo com as metas
obrigatórias progressivas, intermediárias e final [desdobramento do
objeto em realizações físicas e atividades de gestão, de acordo com
unidades de medida e cronograma preestabelecidos, de caráter
obrigatório], do seu enquadramento [estabelecimento da meta ou
objetivo de qualidade da água (classe) a ser, obrigatoriamente,
alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de
acordo com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do
tempo]. As metas obrigatórias para corpos receptores são
estabelecidas por parâmetros específicos. Para os parâmetros não
incluídos nas metas obrigatórias e na ausência de metas
intermediárias progressivas, os padrões de qualidade a serem
obedecidos no corpo receptor são os que constam na classe na qual
o corpo receptor estiver enquadrado (art. 5° da Resolução/CONAMA
n° 430, de 13.05.2011).
Excepcionalmente e em caráter temporário, o órgão
ambiental competente pode, mediante análise técnica
fundamentada, autorizar o lançamento de efluentes em desacordo
com as condições e padrões estabelecidos na Resolução/CONAMA
n° 430, de 13.05.2011, desde que observados os seguintes
requisitos: I- comprovação de relevante interesse público,
devidamente motivado; II- atendimento ao enquadramento do corpo
receptor e às metas intermediárias e finais, progressivas e
obrigatórias; III- realização de estudo ambiental tecnicamente
adequado, às expensas do empreendedor responsável pelo
lançamento; IV- estabelecimento de tratamento e exigências para
este lançamento; V- fixação de prazo máximo para o lançamento,
prorrogável a critério do órgão ambiental competente, enquanto
durar a situação que justificou a excepcionalidade aos limites
estabelecidos nesta norma; e VI- estabelecimento de medidas que
visem neutralizar os eventuais efeitos do lançamento excepcional
(art. 6° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Vale acrescentar que o órgão ambiental competente deve,
por meio de norma específica ou no licenciamento da atividade ou
empreendimento, estabelecer a carga poluidora [200] máxima para o
lançamento de substâncias passíveis de estarem presentes ou
serem formadas nos processos produtivos, listadas ou não no art.
16 da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, de modo a não
comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e
final, estabelecidas para enquadramento do corpo receptor. O órgão
ambiental competente pode exigir, nos processos de licenciamento
ou de sua renovação, a apresentação de estudo de capacidade de
suporte do corpo receptor.[201] Inclusive, o estudo de capacidade de
suporte deve considerar, no mínimo, a diferença entre os padrões
estabelecidos pela classe e as concentrações existentes no trecho
desde a montante,[202] estimando a concentração após a zona de
mistura.[203] Ademais, o empreendedor, no processo de
licenciamento, deve informar ao órgão ambiental as substâncias que
podem estar contidas no efluente gerado, entre aquelas listadas ou
não na Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005, para padrões
de qualidade de água [valor limite adotado como requisito normativo
de um parâmetro de qualidade de água ou efluente], sob pena de
suspensão ou cancelamento da licença expedida. No entanto, esta
regra não se aplica aos casos em que o empreendedor comprove
que não dispunha de condições de saber da existência de uma ou
mais substâncias nos efluentes gerados pelos empreendimentos ou
atividades (art. 7° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes
Orgânicos Persistentes – POP, observada a legislação em vigor
(caput do art. 8° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Por sinal, destacamos que os Poluentes Orgânicos
Persistentes – POP são compostos altamente estáveis e que
persistem no ambiente, resistindo à degradação química, fotolítica e
biológica. Têm a capacidade de bio-acumular em organismos vivos,
sendo tóxicos para estes incluindo o homem. Atuam negativamente
sobretudo como disruptor do sistema reprodutivo [sistema de órgãos
dentro de um organismo que trabalha em conjunto com a finalidade
de reprodução], do sistema imunitário [sistema de estruturas e
processos biológicos que protege o organismo contra doenças] e do
sistemaendócrino [sistema formado pelo conjunto de glândulas que
apresentam como atividade característica a produção de secreções
denominadas hormônios], sendo também apontados como
carcinogênicos [provocador de cancer, ou seja, doença
caracterizada por uma população de células que cresce e se divide
sem respeitar os limites normais, invade e destrói tecidos
adjacentes, e pode se espalhar para lugares distantes no corpo,
através de um processo chamado metástase]. Outra característica
muito importante é o fato de serem transportados a longas
distâncias pela água, vento ou pelos próprios animais. Os Poluentes
Orgânicos Persistentes – POP podem ser divididos da seguinte
maneira: 1) pesticidas, praguicidas ou todas as substâncias ou
misturas que têm como objetivo impedir, destruir, repelir ou mitigar
qualquer praga (como, por exemplo, Dicloro-Difenil-Tricloroetano –
DDT,[204] aldrina,[205] toxafeno);[206] 2) policlorobifenilos – PCB;[207] e 3)
Dioxinas (conservante usado na conservação de um composto
orgânico, heterocíclico, antiaromático, com a fórmula C4H4O2) e
Furanos (composto orgânico heterocíclico e aromático, produzido
quando madeira, como a do pinheiro, é destilada), sendo estes
resultantes sobretudo de incinerações industriais e de resíduos.
As medidas de controle dos Poluentes Orgânicos
Persistentes – POP incidem numa lista de 12 (doze) compostos
químicos, agrupados em 3 (três) categorias. A lista inclui 8 (oito)
pesticidas (aldrina, clordano, Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT,
dieldrina, endrina, heptacloro, mirex e toxafeno), 2 (dois) compostos
químicos industriais (Policlorobifenilos – PCB e hexaclorobenzeno,
este também usado como pesticida) e 2 (dois) subprodutos
involutários de processos industriais de combustão (dioxinas e
furanos). O uso e aplicações possíveis de cada composto estão
descritos na tabela abaixo.

Tabela X
Usos e aplicações dos 12 (doze) Poluentes Orgânicos Persistentes
– POP
cobertos pela Convenção de Estocolmo .
Substância Aplicação
Produzido como pesticida para controlo de insetos do
Aldrina
solo.
Rodenticída e inseticida usado nas culturas de
Endrina
algodão arroz e milho.
Dieldrina Inseticida usado na fruta, solo e sementes.
Inseticida usado no controlo de fogos, formigas e em
Clordano
várias culturas.
Usado como inseticida no combate, aos mosquitos
DDT que transmitem a malária e a febre amarela, e no
combate aos piolhos do tifo.
Heptacloro Utilizado como inseticida de contacto contra insetos
do solo e formigas.
Fungicida. Aparece também como subproduto na
Hexaclorobenzeno
indústria química.
Inseticida e retardante de chamas em plástico,
Mirex
borrachas e componentes elétricos.
Inseticida acarícidio, especialmente utilizado contra
Toxafeno
larvas e algodão.
Policlorobifenilos Usado em condensadores, transformadores, em
(PCB) líquidos refrigeradores.
Subproduto da combustão, especialmente de
Dioxina plásticos; da manufaturação de produtos com cloro e
de processos resultantes da produção de papel.
Furanos Subprodutos relacionado com dioxinas.

Em relação aos efeitos na saúde e no meio ambiente,


acrescentamos que os Poluentes Orgânicos Persistentes – POP são
encontrados em todo o globo. Sendo agentes químicos semi-
voláteis e insolúveis em água, são transportados a longas
distâncias. Esta volatilidade é maior no Equador do que em climas
moderados e frios, acabando por ser aprisionados nas regiões mais
frias do planeta como os pólos e regiões montanhosas. Altos níveis
destes poluentes já foram detectados em regiões árticas, locais
onde nunca foram utilizados para quaisquer fins. Sendo
hidrofóbicos, em ambientes aquáticos só se encontram dissolvidos
em tecidos de seres vivos ou em matéria orgânica, onde atingem
concentrações muito maiores do que no meio envolvente (moléculas
apolares como os Poluentes Orgânicos Persistentes – POP só se
solubilizam em compostos com propriedades semelhantes). A
natureza persistente dos Poluentes Orgânicos Persistentes – POP é
demonstrada pela baixa taxa de degradação no solo, especialmente
em regiões frias. O tempo de meia-vida destes produtos está
contabilizado em décadas. Uma outra propriedade destes
compostos é a sua lipofilia, ou seja, solubilidade em tecidos
adiposos, o que leva a acumulações na gordura corporal e fígado
dos animais a eles expostos. Alguns destes compostos além de bio-
acumular, têm tendência para bio-magnificar, ou seja aumentar a
sua concentração ao longo das cadeias tróficas. Apesar de todos os
Poluentes Orgânicos Persistentes – POP serem tóxicos para os
humanos, a sua toxicidade varia sendo a endrina o mais tóxico
enquanto que o heptacloro ou o hexaclorobenzeno não demonstram
tanta toxicidade. Os primeiros indícios de toxicidade nos humanos
foram observados nos anos 1960. Desde aí já foram detectados
muitos efeitos negativos, entre os quais: tumores, infertilidade,
efeitos adversos nos rins e fígado, doenças cardiovasculares,
mudanças comportamentais como fadiga, depressão, tremores,
convulsões, etc.
Inclusive, a Convenção sobre Poluentes Orgânicos
Persistentes foi reunida e negociada sob a égide do Programa
Ambiental das Nações Unidas – UNEP, com o objetivo de melhor
gestão, eliminação e procura de melhores alternativas aos
Poluentes Orgânicos Persistentes – POP. A referida Convenção
sobre Poluentes Orgânicos Persistentes focou-se principalmente em
12 (doze) Poluentes Orgânicos Persistentes – POP prioritários.
Assinada por 100 (cem) países, esta Convenção defende 7 (sete)
resoluções: 1) o princípio da precaução; 2) obrigações de
financiamento como auxílio, de países desenvolvidos a países em
desenvolvimento; 3) eliminação dos Poluentes Orgânicos
Persistentes – POP produzidos intencionalmente, existentes e
futuros, com excepção do Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT, sendo
autorizado o seu fabrico apenas para controlo de insectos
transmissores de doenças (malária); 4) a eliminação, como objectivo
último, dos sub-produtos orgânicos persistentes (dioxinas, furanos e
hexaclorobenzeno); 5) a gestão e deposição sustentáveis de
Poluentes Orgânicos Persistentes – POP; 6) limites estritos e
interdições ao comércio de Poluentes Orgânicos Persistentes – POP
7) reservas limitadas e transparentes: a maior parte das reservas à
Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (ou seja,
excepções à sua aplicação) são específicas para certos países ou
certos químicos.
Visto isto, acrescentamos que, nos processos nos quais
possam ocorrer a formação de dioxinas e furanos deve ser utilizada
a tecnologia adequada para a sua redução, até a completa
eliminação (parágrafo único do art. 8° da Resolução/CONAMA n°
430, de 13.05.2011).
Outrossim, no controle das condições de lançamento, é
vedada, para fins de diluição antes do seu lançamento, a mistura de
efluentes com águas de melhor qualidade, tais como as águas de
abastecimento, do mar e de sistemas abertos de refrigeração sem
recirculação (art. 9° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Entretanto, na hipótese de fonte de poluição geradora de
diferentes efluentes ou lançamentos individualizados, os limites
constantes da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, devem
ser aplicados a cada um deles ou ao conjunto após a mistura, a
critério do órgão ambiental competente (art. 10 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Vale destacar que, nas águas de classe especial é vedado o
lançamento de efluentes ou disposição de resíduos domésticos,
agropecuários, de aquicultura, industriais e de quaisquer outras
fontes poluentes, mesmo que tratados (art. 11 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
O lançamento de efluentes em corpos de água, com exceção
daqueles enquadrados na classe especial, não pode exceder as
condições e padrões de qualidade de água estabelecidos para as
respectivas classes, nas condições da vazão de referência [vazão
do corpo hídrico utilizada como base para o processo de gestão,
tendo em vista o uso múltiplo das águas e a necessária articulação
das instancias do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA
e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos –
SINGRH] ou volume disponível, além de atender outras exigências
aplicáveis. Nos corpos de água em processo de recuperação, o
lançamento de efluentes deve observar as metas obrigatórias
progressivas, intermediárias e final (art. 12 da Resolução/CONAMA
n° 430, de 13.05.2011).
Na zona de mistura devem ser admitidas concentrações de
substâncias em desacordo com os padrões de qualidade
estabelecidos para o corpo receptor, desde que não comprometam
os usos previstos para o mesmo. No entanto, a extensão e as
concentrações de substâncias na zona de mistura devem ser objeto
de estudo, quando determinado pelo órgão ambiental competente,
às expensas do empreendedor responsável pelo lançamento (art. 13
da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Sem prejuízo do disposto no inciso I do parágrafo único do
art. 3° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011 [“O órgão
ambiental competente poderá, a qualquer momento, mediante
fundamentação técnica (...) acrescentar outras condições e padrões
para o lançamento de efluentes, ou torná-los mais restritivos, tendo
em vista as condições do corpo receptor”], o órgão ambiental
competente pode, quando a vazão do corpo receptor estiver abaixo
da vazão de referência, estabelecer restrições e medidas adicionais,
de caráter excepcional e temporário, aos lançamentos de efluentes
que possam, dentre outras consequências: I- acarretar efeitos
tóxicos agudos [efeito deletério aos organismos vivos causado por
agentes físicos ou químicos, usualmente letalidade ou alguma outra
manifestação que a antecede, em um curto período de exposição]
ou efeitos tóxicos crônicos [efeito deletério aos organismos vivos
causado por agentes físicos ou químicos que afetam uma ou varias
funções biológicas dos organismos, tais como a reprodução, o
crescimento e o comportamento, em um período de exposição que
pode abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou parte dele] em
organismos aquáticos; ou II- inviabilizar o abastecimento das
populações (art. 14 da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Além disso, é importante mencionar que, para o lançamento
de efluentes tratados em leito seco de corpos receptores
intermitentes, o órgão ambiental competente pode definir condições
especiais, ouvido o órgão gestor de recursos hídricos (art. 15 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).

1.5.2.8.2 Enumeração das condições e padrões de lançamento


de efluentes

Conforme o previsto no caput do art. 16 da


Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, os efluentes de
qualquer fonte poluidora somente podem ser lançados diretamente
no corpo receptor desde que obedeçam as condições e padrões,
resguardadas outras exigências cabíveis: I- condições de
lançamento de efluentes: a) pH entre 5 (cinco) a 9 (nove); b)
temperatura: inferior a 40 (quarenta) °C, sendo que a variação de
temperatura do corpo receptor não deve exceder a 3 (três) °C no
limite da zona de mistura; c) materiais sedimentáveis: até 1(um)
mL/L em teste de 1 (uma) hora em cone Inmhoff.[208] No entanto,
para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação
seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis devem estar
virtualmente ausentes; d) regime de lançamento com vazão máxima
de até 1,5 vez a vazão média do período de atividade diária do
agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade
competente; e) óleos e graxas: 1) óleos minerais: até 20 (vinte)
mg/L; 2) óleos vegetais e gorduras animais: até 50 (cinquenta) mg/L;
f) ausência de materiais flutuantes; e g) Demanda Bioquímica de
Oxigênio – DBO [DBO 5 (cinco) dias a 20(vinte) °C]: remoção
mínima de 60% (sessenta por cento) de Demanda Bioquímica de
Oxigênio – DBO sendo que este limite só pode ser reduzido no caso
de existência de estudo de autodepuração do corpo hídrico que
comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo
receptor; II- Padrões de lançamento de efluentes: vide “Tabela XI”
abaixo.
TABELA XI
PADRÕES
PARÂMETROS VALORES MÁXIMOS
INORGÂNICOS
Arsênio total 0,5 mg/L As
Bário total 5,0 mg/L Ba
Boro total (Não se aplica para 5,0 mg/L B
o lançamento em águas
salinas)
Cádmio total 0,2 mg/L Cd
Chumbo total 0,5 mg/L Pb
Cianeto total 1,0 mg/L CN
Cianeto livre (destilável por 0,2 mg/L CN
ácidos fracos)
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr+6
Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr+3
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe
Fluoreto total 10,0 mg/L F
Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn
Mercúrio total 0,01 mg/L Hg
Níquel total 2,0 mg/L Ni
Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N
Prata total 0,1 mg/L Ag
Selênio total 0,30 mg/L Se
Sulfeto 1,0 mg/L S
Zinco total 5,0 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALORES MÁXIMOS
Benzeno 1,2 mg/L
Clorofórmio 1,0 mg/L
Dicloroeteno (somatório de 1,0 mg/L
1,1 + 1,2cis + 1,2 trans)
Estireno 0,07 mg/L
Etilbenzeno 0,84 mg/L
fenóis totais (substâncias que 0,5 mg/L C6H5OH
reagem com 4-
aminoantipirina)
Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L
Tricloroeteno 1,0 mg/L
Tolueno 1,2 mg/L
Xileno 1,6 mg/L

Os efluentes oriundos de sistemas de disposição final de


resíduos sólidos de qualquer origem devem atender às condições e
padrões acima definidos. No entanto, os efluentes oriundos de
sistemas de tratamento de esgotos sanitários devem atender às
condições e padrões específicos definidos na Seção III (“Das
Condições e Padrões para Efluentes de Sistemas de Tratamento de
Esgotos Sanitários”) da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011.
Os efluentes oriundos de serviços de saúde também estão sujeitos
às exigências estabelecidas na Seção III (“Das Condições e
Padrões para Efluentes de Sistemas de Tratamento de Esgotos
Sanitários”) da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, desde
que atendidas as normas sanitárias específicas vigentes, podendo:
I- ser lançados em rede coletora de esgotos sanitários conectada a
estação de tratamento, atendendo às normas e diretrizes da
operadora do sistema de coleta e tratamento de esgoto sanitários; e
II- ser lançados diretamente após tratamento especial (§§ 1° a 3° do
art. 16 da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
O órgão ambiental competente pode definir padrões
específicos para o parâmetro fósforo no caso de lançamento de
efluentes em corpos receptores com registro histórico de floração de
cianobactérias,[209] em trechos onde ocorra a captação para
abastecimento público (art. 17 da Resolução/CONAMA n° 430, de
13.05.2011).
O efluente não deve causar ou possuir potencial para causar
efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de
acordo com os critérios de ecotoxicidade [210] estabelecidos pelo
órgão ambiental competente. Todavia, os critérios de ecotoxicidade
devem se basear em resultados de ensaios ecotoxicológicos
(ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes
físicos ou químicos a diversos organismos aquáticos) aceitos pelo
órgão ambiental, realizados no efluente, utilizando organismos
aquáticos de pelo menos 2 (dois) níveis tróficos diferentes.[211]
Outrossim, cabe ao órgão ambiental competente a especificação
das vazões de referência do efluente e do corpo receptor a serem
consideradas no cálculo da Concentração do Efluente no Corpo
Receptor – CECR,[212] além dos organismos e dos métodos de
ensaio a serem utilizados, bem como a frequência de eventual
monitoramento. Por outro lado, na ausência de critérios de
ecotoxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental para avaliar o
efeito tóxico do efluente no corpo receptor, as seguintes diretrizes
devem ser obedecidas: I- para efluentes lançados em corpos
receptores de água doce Classes 1 e 2, e águas salinas e salobras
Classe 1, a Concentração do Efluente no Corpo Receptor – CECR
deve ser menor ou igual à Concentração de Efeito Não Observado –
CENO [213] de pelo menos dois níveis tróficos, ou seja: a)
Concentração do Efluente no Corpo Receptor – CECR deve ser
menor ou igual a CENO quando for realizado teste de ecotoxicidade
[214]
para medir o efeito tóxico crônico; ou b) Concentração do
Efluente no Corpo Receptor – CECR deve ser menor ou igual ao
valor da Concentração Letal Mediana – CL50 [215] dividida por 10
(dez); ou menor ou igual a 30 (trinta) dividido pelo Fator de
Toxicidade – FT [216] quando for realizado teste de ecotoxicidade
para medir o efeito tóxico agudo [efeito deletério aos organismos
vivos causado por agentes físicos ou químicos, usualmente
letalidade ou alguma outra manifestação que a antecede, em um
curto período de exposição]; II- para efluentes lançados em corpos
receptores de água doce Classe 3, e águas salinas e salobras
Classe 2, a Concentração do Efluente no Corpo Receptor – CECR
deve ser menor ou igual à concentração que não causa efeito agudo
aos organismos aquáticos de pelo menos 2 (dois) níveis tróficos, ou
seja: a) Concentração do Efluente no Corpo Receptor – CECR deve
ser menor ou igual ao valor da Concentração Letal Mediana – CL50
dividida por 3 (três) ou menor ou igual a 100 (cem) dividido pelo
Fator de Toxicidade – FT, quando for realizado teste de
ecotoxicidade aguda. Todavia, a critério do órgão ambiental, com
base na avaliação dos resultados de série histórica, pode ser
reduzido o número de níveis tróficos utilizados para os testes de
ecotoxicidade, para fins de monitoramento [medição ou verificação
de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode ser
continua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição
e controle da qualidade do corpo de água]. Nos corpos de água em
que as condições e padrões de qualidade previstos na
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005, não incluam restrições
de toxicidade a organismos aquáticos não se aplicam os parágrafos
anteriores (art. 18 da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Vale destacar que o órgão ambiental competente deve
determinar quais empreendimentos e atividades devem realizar os
ensaios de ecotoxicidade [ensaios realizados para determinar o
efeito deletério de agentes físicos ou químicos a diversos
organismos aquáticos [], considerando as características dos
efluentes gerados e do corpo receptor (art. 19 da
Resolução/CONAMA n°430, de 13.05.2011).
Acrescenta-se que o lançamento de efluentes efetuado por
meio de emissários submarinos [217] deve atender, após tratamento,
aos padrões e condições de lançamento previstas na
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, aos padrões da classe
do corpo receptor, após o limite da zona de mistura, e ao padrão de
balneabilidade, de acordo com normas e legislação vigentes. A
disposição de efluentes por emissário submarino em desacordo com
as condições e padrões de lançamento estabelecidos na
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, pode ser autorizada
pelo órgão ambiental competente, conforme previsto nos incisos III
[“realização de estudo ambiental tecnicamente adequado, às
expensas do empreendedor responsável pelo lançamento”] e IV
[“estabelecimento de tratamento e exigências para este
lançamento”] do art. 6° da Resolução/CONAMA n° 430, de
13.05.2011, sendo que o estudo ambiental definido no inciso III deve
conter no mínimo: I- as condições e padrões específicos na entrada
do emissário; II- o estudo de dispersão na zona de mistura, com 2
(dois) cenários: a) primeiro cenário: atendimento aos valores
preconizados na “Tabela XI” anteriormente apresentada; b) segundo
cenário: condições e padrões propostos pelo empreendedor; e III-
Programa de Monitoramento Ambiental, ou seja, programa de
medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de
água, que pode ser continua ou periódica, utilizada para
acompanhamento da condição e controle da qualidade do corpo de
água (art. 20 da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).

1.5.2.8.3 Das condições e padrões de para Efluentes de


Sistemas de Tratamento de Esgotos Sanitários

Para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas


de tratamento de esgotos sanitários devem ser obedecidas as
seguintes condições e padrões específicos: I- condições de
lançamento de efluentes: a) pH entre 5 (cinco) e 9 (nove); b)
temperatura: inferior a 40 (quarenta) °C, sendo que a variação de
temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3 (três) °C no
limite da zona de mistura; c) materiais sedimentáveis: até 1 (um)
mL/L em teste de 1 (uma) hora em cone Inmhoff (recipiente de vidro
graduado para medir os sólidos depositados no corpo hídrico,
visando testar a composição das águas residuais). No entanto, para
o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja
praticamente nula, os materiais sedimentáveis devem estar
virtualmente ausentes; d) Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO
5 (cinco) dias, 20 (vinte) °C: máximo de 120 (cento e vinte) mg/L,
sendo que este limite somente pode ser ultrapassado no caso de
efluente de sistema de tratamento com eficiência de remoção
mínima de 60 (sessenta por cento) % de Demanda Bioquímica de
Oxigênio – DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo
hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do
corpo receptor; e) substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas)
até 100 (cem) mg/L; e f) ausência de materiais flutuantes. As
condições e padrões de lançamento relacionados nos incisos I
(condições de lançamento de efluentes) e II (padrões de lançamento
de efluentes) do art. 16 da Seção II da Resolução/CONAMA n° 430,
de 13.05.2011, podem ser aplicáveis aos sistemas de tratamento de
esgotos sanitários, a critério do órgão ambiental competente, em
função das características locais, não sendo exigível o padrão de
nitrogênio amoniacal total. No caso de sistemas de tratamento de
esgotos sanitários que recebam lixiviados [218] de aterros sanitários,
[219]
o órgão ambiental competente deve indicar quais os parâmetros
da “Tabela XI”, anteriormente transcrita do inciso II do art. 16 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011, que devem ser
atendidos e monitorados, não sendo exigível o padrão de nitrogênio
amoniacal total. Para a determinação da eficiência de remoção de
carga poluidora em termos de Demanda Bioquímica de Oxigênio –
DBO de 5,20 para sistemas de tratamento com lagoas de
estabilização, a amostra do efluente deve ser filtrada (art. 21 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
O lançamento de esgotos sanitários por meio de emissários
submarinos deve atender aos padrões da classe do corpo receptor,
após o limite da zona de mistura e ao padrão de balneabilidade, de
acordo com as normas e legislação vigentes. Este lançamento de
esgotos sanitários deve ser precedido de tratamento que garanta o
atendimento das seguintes condições e padrões específicos, sem
prejuízo de outras exigências cabíveis: I- pH entre 5 (cinco) e 9
(nove); II- temperatura: inferior a 40 (quarenta) ºC, sendo que a
variação de temperatura do corpo receptor não deve exceder a 3
(três) ºC no limite da zona de mistura; III- após desarenação;[220] IV-
sólidos grosseiros e materiais flutuantes: virtualmente ausentes; e V-
sólidos em suspensão totais: eficiência mínima de remoção de 20%
(vinte por cento), após desarenação (art. 22 da Resolução/CONAMA
n° 430, de 13.05.2011).
Os efluentes de sistemas de tratamento de esgotos
sanitários podem ser objeto de teste de ecotoxicidade [métodos
utilizados para detectar e avaliar a capacidade de um agente tóxico
provocar efeito nocivo, utilizando bioindicadores dos grandes grupos
de uma cadeia ecológica] no caso de interferência de efluentes com
características potencialmente tóxicas ao corpo receptor, a critério
do órgão ambiental competente. Por sinal, os testes de
ecotoxicidade em efluentes de sistemas de tratamento de esgotos
sanitários têm como objetivo subsidiar ações de gestão da bacia
contribuinte aos referidos sistemas, indicando a necessidade de
controle nas fontes geradoras de efluentes com características
potencialmente tóxicas ao corpo receptor. Todavia, as ações de
gestão devem ser compartilhadas entre as empresas de
saneamento, as fontes geradoras e o órgão ambiental competente,
a partir da avaliação criteriosa dos resultados obtidos no
monitoramento (art. 23 da Resolução/CONAMA n° 430, de
13.05.2011).

1.5.2.8.4 Diretrizes para gestão de efluentes

Os responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos


hídricos devem realizar o automonitoramento para controle e
acompanhamento periódico dos efluentes lançados nos corpos
receptores, com base em amostragem representativa dos mesmos.
Inclusive, o órgão ambiental competente pode estabelecer critérios e
procedimentos para a execução e averiguação do
automonitoramento de efluentes e avaliação da qualidade do corpo
receptor. Entretanto, para fontes de baixo Potencial Poluidor – PP
[possibilidade de uma atividade causar poluição], assim definidas
pelo órgão ambiental competente, pode ser dispensado o
automonitoramento, mediante fundamentação técnica (art. 24 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Vale acrescentar que Potencial Poluidor – PP é a
possibilidade de uma atividade causar poluição. O Potencial
Poluidor – PP é medido em correspondência com cada tipo de
empreendimento ou atividade. A metodologia adotada prevê 4
(quatro) níveis de Potencial Poluidor – PP, a saber: 1) “A” (alto); 2)
“M” (médio); 3) “B” (baixo); e 4) “I” (insignificante); enquanto que a
classificação do porte correspondente a cada tipo de
empreendimento ou atividade, existindo 5 (cinco) níveis de porte: 1)
Mínimo; 2) Pequeno; 3) Médio; 4) Grande; e 5) Excepcional, De
maneira que as atividades e empreendimentos são classificados em
Classe 1, Classe 2, Classe 3, Classe 4, Classe 5 ou Classe 6, de
acordo com a “Tabela XII” a seguir:

TABELA XII
CLASSIFICAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS/ATIVIDADES
PORTE POTENCIAL POLUIDOR - PP
Insignificante Baixo Médio Alto
Mínimo Classe 1 Classe 2 Classe 2 Classe
3
Pequeno Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe
4
Médio Classe 2 Classe 2 Classe 4 Classe
5
Grande Classe 2 Classe 3 Classe 5 Classe
6
Excepcional Classe 3 Classe 4 Classe 6 Classe
6
Os empreendimentos ou atividades, por sua vez, são
classificados por grupos, conforme a “Tabela XIII” abaixo.
TABELA XIII
CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE ATIVIDADES
00 Extração de minerais
02 Agricultura, extração de vegetais e silvicultura
03 Pecuária e criação de outros animais
10 Produtos de minerais não metálicos
11 Metalúrgica
12 Mecânica
13 Material elétrico e de comunicações
14 Material de transporte
15 Madeira
16 Mobiliário
17 Papel e papelão
18 Borracha
19 Couros, peles e produtos similares
20 Química
21 Produtos farmacêuticos e veterinários
22 Perfumaria, sabões e velas
23 Produtos de matérias plásticas
24 Têxtil
25 Vestuário, calçados e artefatos de tecidos
26 Produtos alimentares
27 Bebidas
28 Fumo
29 Editorial e gráfica
30 Diversos
31 Unidades auxiliares de apoio industrial e serviços de
natureza industrial
33 Construção civil
34 Álcool e açúcar
35 Serviços industriais de utilidade pública
47 Transporte rodoviário, hidroviário e especial
51 Serviços de alojamento, alimentação, pessoais e de
higiene pessoal e saúde

As coletas de amostras e as análises de efluentes líquidos e


em corpos hídricos devem ser realizadas de acordo com as normas
específicas, sob responsabilidade de profissional legalmente
habilitado (art. 25 da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Os ensaios laboratoriais de efluentes e de corpos receptores,
a seu turno, devem ser realizados por laboratórios acreditados pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial – INMETRO ou por outro organismo signatário do mesmo
acordo de cooperação mútua do qual o Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO faça
parte ou em laboratórios aceitos pelo órgão ambiental competente.
Os laboratórios devem ter sistema de controle de qualidade analítica
implementado. Os laudos analíticos referentes a ensaios
laboratoriais de efluentes e de corpos receptores devem ser
assinados por profissional legalmente habilitado (art. 26 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
As fontes potencial ou efetivamente poluidoras dos recursos
hídricos devem buscar práticas de gestão de efluentes com vistas
ao uso eficiente da água, à aplicação de técnicas para redução da
geração e melhoria da qualidade de efluentes gerados e, sempre
que possível e adequado, proceder à reutilização. No caso de
efluentes cuja vazão original for reduzida pela prática de reuso,
ocasionando aumento de concentração de substâncias presentes no
efluente para valores em desacordo com as condições e padrões de
lançamento estabelecidos na “Tabela XI” antes transcrita (art. 16 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011), o órgão ambiental
competente pode estabelecer condições e padrões específicos de
lançamento, conforme previsto nos incisos II [“atendimento ao
enquadramento do corpo receptor e às metas intermediárias e
finais, progressivas e obrigatórias], III [“realização de estudo
ambiental tecnicamente adequado, às expensas do empreendedor
responsável pelo lançamento”] e IV [“estabelecimento de tratamento
e exigências para este lançamento”] do art. 6° da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011 (art. 27 da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
Finalmente, o responsável por fonte potencial ou
efetivamente poluidora dos recursos hídricos deve apresentar ao
órgão ambiental competente, até o dia 31 de março de cada ano,
Declaração de Carga Poluidora – DCP, referente ao ano anterior.
Por sinal, a referida Declaração de Carga Poluidora – DCP deve
conter, entre outros dados, a caracterização qualitativa e quantitativa
dos efluentes, baseada em amostragem representativa dos
mesmos. Entretanto, o órgão ambiental competente pode definir
critérios e informações adicionais para a complementação e
apresentação da Declaração de Carga Poluidora – DCP, inclusive
dispensando-a, se for o caso, para as fontes de baixo potencial
poluidor. Ademais, os relatórios, laudos e estudos que fundamentam
a Declaração de Carga Poluidora – DCP deverm ser mantidos em
arquivo no empreendimento ou atividade, bem como uma cópia
impressa da declaração anual subscrita pelo administrador principal
e pelo responsável legalmente habilitado, acompanhada da
respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, os quais
devem ficar à disposição das autoridades de fiscalização ambiental
(art. 28 da Resolução/CONAMA 430, de 13.05.2011).

1.5.3 Os estuários

Como vimos, estuário (do latim æstuariu = lugar onde a água


ferve) é o local onde o mar deixa a descoberto na vazante, ou seja,
a foz ou a embocadura de um rio que aí se alarga
desmesuradamente.[221] Nas palavras de AURÉLIO BUARQUE DE
HOLANDA FERREIRA, estuário nada mais é do que o tipo de foz
em que o curso de água se abre mais ou menos largamente.[222]
O estuário pode se apresentar ou não em forma de delta
(forma triangular). Neste caso a foz é caracterizada pela presença
de ilhas de aluvião,[223] geralmente de configuração triangular,
assentadas à embocadura de um rio, e que forma canais até o mar
(por exemplo, o delta do rio Nilo).[224]
Portanto, quando junto à foz de um rio, a diminuição da
velocidade de suas águas acarreta uma rápida e maciça deposição
dos materiais aluvionais (cascalho, areia e argila que se forma junto
às margens ou à foz dos rios, proveniente do trabalho de erosão das
enchentes ou enxurradas) que transporta, a região dessa foz toma a
configuração típica de estuário, com braços de rio abrindo-se em
leque e passando entre as terras formadas pelos depósitos de
aluvião. A diminuição de velocidade das águas, que dá origem ao
fenômeno, tem como causas mais frequentes o alargamento do
leito, quando este se estende por uma zona mais plana, e a junção
do curso fluvial com um lago ou com o mar, em função da diferença
de densidade e da dinâmica das massas de água em jogo. Todavia,
para que os sedimentos se acumulem junto à foz, é necessário que
seu suprimento seja grande e não haja correntes capazes de
removê-los, nem marés muito fortes: o fluxo e refluxo poderiam
transportar os materiais em suspensão para o largo, impedindo seu
acúmulo.[225]
Dependendo da atividade das correntes marinhas e da
intensidade das marés, os estuários podem ser classificados da
seguinte forma: a) estuários construtivos – quando formados apenas
pela ação fluvial, ou seja, quando o mar exerce pouca ou nenhuma
influência na sedimentação; b) estuários destrutivos – quando
formados, principalmente, pela ação marinha, ou seja, quando as
correntes ou marés transportam os detritos e mudam a disposição
dos depósitos nas proximidades da desembocadura; um exemplo
brasileiro típico de estuário destrutivo é o estuário do rio Doce, onde
predomina o sedimento arenoso, que forma cordões alinhados
paralelamente à costa: tais cordões são formados pelas correntes
marinhas, que transportam de sul para norte detritos trazidos pelo
rio.
Os depósitos dos estuários têm grande importância
geológica, não só pela superfície por eles coberta em todo o mundo,
como também por constituírem depósitos intimamente relacionados
com a formação e acúmulo de petróleo. Os sedimentos dos
estuários dispõem-se em camadas bem definidas. As superfícies
são chamadas camadas de topo e apresentam características de
sedimentos continentais, com abundância de restos vegetais
(chegam a formar trufeiras).[226] Seguem-se as camadas frontais,
caracterizadas pelo ângulo de inclinação (mergulham no sentido da
correnteza) e por sedimentos continentais e marinhos: em geral são
ricas em matéria orgânica, motivo pelo qual predominam a
coloração escura e o pH (índice de acidez) baixo, típicos de um
sedimento gerador de petróleo ou gás natural. É o caso do grande
depósito deltaico recente formado na foz do rio Paraíba do Sul, no
Estado do Rio de Janeiro, com cem quilômetros junto à costa e
penetrando até cinquenta quilômetros, onde se verifica a presença
de grande quantidade de petróleo. Nas camadas de fundo, os
sedimentos possuem características de natureza estritamente
marinha.[227]
Outrossim, em geral, os estuários não são favoráveis à
navegação. Para construir um porto, onde isso não seja
absolutamente impedido pela própria natureza do rio, é necessário
tratar convenientemente um dos braços do delta mediante obras de
dragagem, mantendo-o livre de depósitos passíveis de consolidação
e estendendo-o para o mar até atingir profundidade suficiente. Além
de assegurar a navegação regular, isso favorece a dispersão no mar
dos materiais aluvionares que o braço em questão transporte. Ao
contrário do que pareceria mais lógico, a experiência tem
demonstrado que a escolha do emissário (braço) navegável deve
recair sobre uma das ramificações menores do estuário, de
preferência a que tiver menor largura, menor descarga sólida e
descarga líquida compatível com as exigências da navegação.[228]

1.5.4 O mar territorial

A questão do mar territorial é muito mais antiga do que se


possa imaginar. Os pescadores de 2.500 anos atrás que
desejassem exercer suas atividades em certas áreas do mar Egeu
deveriam primeiro arrendar do governo de Atenas os direitos de
exploração sobre uma área delimitada. O mar pertencia a Atenas,
porque Atenas era a potência da época. Seu direito sobre o mar era
o direito de conquista e se estendia por toda a área em que seus
navios fossem capazes de impor autoridade. Outras potências da
Antiguidade seguiram este exemplo. Roma arvorou-se no direito de
proteger a navegação, combater a pirataria e policiar todos os
portos e o litoral do Mediterrâneo, o Mare Nostrum dos antigos
romanos. Entretanto, esbarrando com a força de Cartago, celebrou
um tratado (o mais antigo da história da navegação), pelo qual os
“direitos” romanos não tinham validade nas costas cartaginesas,
onde os navios de Roma não podiam penetrar sem permissão. De
forma que, Atenas tratava o mar como propriedade do Estado e seu
usufruto era concedido a particulares mediante compensações
financeiras. Em Roma, o mar era concebido como de usufruto
público, cabendo ao Estado proteger e regulamentar as atividades
marítimas. Em ambos os casos a autoridade sobre o mar provinha
apenas do exercício da força.[229]
Contudo, por volta do século XVI, as potências marítimas se
convenceram,de que lhes seria mais vantajoso defender a livre
navegação por todas as partes. Assim surgiu, no século XVI, a
doutrina da liberdade dos mares. No entanto, não se poderia
recusar a um Estado o direito de defesa marítima. A que distância
da costa seria legítimo agir contra navios estrangeiros? Em 1565, o
rei Felipe II, da Espanha, indicou o horizonte visual como limite do
mar territorial de um país. Se de terra se avistasse uma
embarcação, ela estaria sob a jurisdição dos donos da terra. Isso
estabelecia limites muito imprecisos, variáveis conforme o grau de
claridade do dia. O jurista GROTIUS (1583-1645) aprimorou a idéia,
dando como limite do mar territorial o ponto onde, de terra, as forças
costeiras pudessem atingir as naves inimigas. Daí, passou-se a
admitir que o mar territorial chegava até o alcance de um tiro de
canhão. Já no século XVIII, essa medida foi fixada em 3 milhas
marítimas. Porém, um novo problema surgiu: o das inspeções
alfandegárias, cuja eficiência seria muito diminuída se não se
pudessem fiscalizar navios próximos do litoral, mas além do limite
de 3 milhas. Portanto, no combate ao contrabando, surgiu o
conceito de “zona contígua”, isto é, o mar territorial continuava com
as 3 milhas de largura, mas se permitia a inspeção alfandegária em
navios que estivessem a maior distância (de 5 a 9 milhas, conforme
as legislações nacionais).[230]
Hoje, por força do art. 1º da Lei 8.617, de 04.01.1993, o mar
territorial brasileiro compreende uma faixa de 12 (doze) milhas
marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral
continental e insular brasileiro, tal como indicada nas cartas náuticas
de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil (caput).
Todavia, nos locais em que a costa apresente recortes profundos e
reentrâncias ou em que exista uma franja de ilhas ao longo da costa
na sua proximidade imediata, será adotado o método das linhas de
base retas, ligando pontos apropriados, para o traçado da linha de
base, a partir da qual deve ser medida a extensão do mar territorial
(parágrafo único do art. 1º).
Destaca-se que a soberania do Brasil estende-se ao mar
territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e
subsolo (art. 2.º da Lei 8.617, de 04.01.1993). No entanto, é
reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de
passagem inocente no mar territorial brasileiro (caput do art. 3.º). A
passagem deve ser considerada inocente desde que não seja
prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo
ser contínua e rápida (§ 1.º). A passagem inocente pode
compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que
tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou
sejam impostos por motivos de força maior ou por dificuldade grave,
ou tenham por fim prestar auxílios a pessoas a navios ou aeronaves
em perigo ou em dificuldade grave (§ 2.º). Contudo, não se pode
perder de vista que os navios estrangeiros no mar territorial
brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo
governo brasileiro (§ 3.º).
Vale destacar que a zona contígua brasileira compreende
uma faixa que se estende das 12 (doze) às 24 (vinte e quatro)
milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem
para medir a largura do mar territorial (art. 4.º da Lei n° 8.617, de
04.01.1993). Por força do art. 5.º, na zona contígua, o Brasil poderá
tomar as medidas de fiscalização necessárias para: a) evitar as
infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de
imigração ou sanitários, no seu território, ou no seu mar territorial; b)
reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou
no seu mar territorial.
Além disso, acrescenta-se que o limite de 12 (doze) milhas é
insuficiente para proteger as potencialidades marítimas do país
(fauna aquática brasileira – peixes, moluscos e crustáceos –; flora
aquática – algas etc. –; minerais – poços submarinos de petróleo,
ferro, manganês, níquel e cobalto). Daí surgiu a denominada zona
econômica exclusiva brasileira, que compreende uma faixa que se
estende das 12 (doze) às 200 (duzentas) milhas marítimas,
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial (art. 6.º da Lei n° 8.617, de 04.01.1993). Na
zona econômica exclusiva, o Brasil tem direitos de soberania para
fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos
recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao
leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a
outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da
zona para fins econômicos (art. 7.º). Na zona econômica exclusiva,
o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de
regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e
preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e
uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas
(caput do art. 8.º). A investigação científica marinha na zona
econômica exclusiva só poderá ser conduzida por outros Estados
com o consentimento prévio do governo brasileiro, nos termos da
legislação em vigor que regula a matéria (parágrafo único do art.
8.º). A realização por outros Estados, na zona econômica exclusiva,
de exercícios ou manobras militares, em particular as que impliquem
o uso de armas ou explosivas, somente pode ocorrer com o
consentimento do governo brasileiro (art. 9.º). É reconhecido a todos
os Estados o gozo, na zona econômica exclusiva, das liberdades de
navegação e sobrevôo, bem como de outros usos do mar
internacionalmente lícitos, relacionados com as referidas liberdades,
tais como os ligados à operação de navios e aeronaves (art. 10).
Outrossim, a plataforma continental do Brasil compreende o
leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do
seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de
seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental,
ou até uma distância de 200 (duzentas) milhas marítimas das linhas
de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos
casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja
essa distância (caput do art. 11 da Lei n° 8.617, de 04.01.1993). O
limite exterior da plataforma continental será fixado de conformidade
com os critérios estabelecidos no art. 76 da Convenção das Nações
Unidas sobre o direito do mar, celebrada em Montego Bay, em
10.12.1982 (parágrafo único do art. 11).
O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma
continental, para efeitos de exploração e aproveitamento dos seus
recursos naturais (caput do art. 12 da Lei n° 8.617, de 04.01.1993).
Os recursos naturais a que se refere o caput são os recursos
minerais e outros não-vivos do leito do mar e subsolo, bem como os
organismos vivos pertencentes a espécies sedentárias, isto é,
àquelas que no período de captura estão imóveis no leito do mar ou
no seu subsolo, ou que só podem mover-se em constante contato
físico com esse leito ou subsolo (parágrafo único do art. 12).
Na plataforma continental, o Brasil, no exercício de sua
jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação
científica marinha, a proteção e preservação do meio marinho, bem
como a construção, operação e o uso de todos os tipos de ilhas
artificiais, instalações e estruturas (caput do art. 13 da Lei n° 8.617,
de 04.01.1993). A investigação científica marinha, na plataforma
continental, só pode ser conduzida por outros Estados com o
consentimento prévio do governo brasileiro, nos termos da
legislação em vigor que regula a matéria (§ 1.º). O governo
brasileiro tem o direito exclusivo de autorizar e regulamentar as
perfurações na plataforma continental, quaisquer que sejam os seus
fins (§ 2.º).
É reconhecido a todos os Estados o direito de colocar cabos
e dutos na plataforma continental (caput do art. 14 da Lei n° 8.617,
de 04.01.1993). O traçado da linha para a colocação de tais cabos e
dutos na plataforma continental dependerá do consentimento do
governo brasileiro (§ 1.º). O governo brasileiro pode estabelecer
condições para a colocação dos cabos e dutos que penetrem seu
território ou seu mar territorial (§ 2.º).

1.5.5 O solo

Pode-se definir solo segundo 3 (três) diferentes acepções: a)


a primeira diz respeito à parte desintegrada da camada superficial
da crosta terrestre, constituída de material incoerente, ou de fraca
coerência, como, por exemplo, cascalho, areia, argila, silte,[231] ou
qualquer mistura desses materiais;[232] b) a segunda refere-se à
parte superior do regolito, isto é, a camada que vai da superfície até
a rocha consolidada;[233] c) solo pode ainda significar terra, território,
superfície considerada em função de suas qualidades produtivas e
suas possibilidades de uso, exploração ou aproveitamento,[234]
conceito este usado em economia, planejamento regional, urbano e
territorial.
O solo é a camada superficial do terreno, possuidora de vida
microbiana. De modo análogo a um “organismo vivo”, passa pelas
fases de formação, evolução, amadurecimento e velhice. Deve ser
entendido como um corpo natural, cujas características diferem de
cada um dos três reinos que o compõem (mineral, vegetal e animal).
O solo é o único ambiente onde se reúnem, em íntima associação e
complementação, os 4 (quatro) elementos: a) litosfera (representada
por rochas); b) hidrosfera (representada por água); c) atmosfera
(representada pelo ar); e d) biosfera (representada por formas de
vida).[235]
Para a pedologia ou edafologia (ciência que estuda os solos)
e para a ecologia, solo é o material terrestre alterado por agentes
físicos, químicos e biológicos e que serve de base para as raízes
das plantas;[236] é a camada superficial de terra arável, possuidora
de vida microbiana;[237] é a camada da superfície da crosta terrestre
capaz de abrigar raízes de plantas, representando, pois, o substrato
para a vegetação terrestre;[238] ou, ainda, é o resultado líquido da
ação do clima e dos organismos, especialmente da vegetação,
sobre o material original da superfície da Terra. Compõe-se de um
material originário do substrato geológico ou mineral subjacente e
de um incremento orgânico em que os organismos e seus produtos
se entremisturam com as partículas finamente divididas desse
material.[239]
No solo, as rochas desintegram-se e fraturam-se em
partículas cada vez menores devido a expansão e contração
alternadas (aquecimento e esfriamento; embebimento e
desidratação). Sofrem ainda alterações químicas, consequentes das
reações entre componentes minerais e oxigênio, água, ácidos
(carbônico, nítrico e sulfúrico), presentes na atmosfera e de origem
biológica. Esse resíduo desintegrado, como vimos, recebe o nome
de “regolito”. A continuidade das ações físico-químico-biológicas
acaba por diferenciar o regolito em camadas (horizontes), o que
envolve o acúmulo de matérias orgânicas e o movimento dos
materiais dissolvidos entre horizontes vizinhos. Para um material
regolítico ser considerado solo é necessário que possa ser
diferenciado em horizontes principais (por exemplo, um horizonte
como camada superior; um horizonte como camada imediata; um
horizonte como a camada seguinte; e um horizonte como a camada
formada pela chamada “rocha-mãe”). Nem sempre, porém, um solo
apresenta todos os horizontes; e, se aparecem outras camadas,
elas serão classificadas como sub-horizontes. A simples
diferenciação de um material em camadas não é suficiente para
caracterizá-lo como solo, ainda que essa seja uma condição
fundamental. A diferenciação do solo em horizontes é feita em
função da variabilidade de condições existentes entre as diversas
profundidades. Nas regiões úmidas, as atividades químicas, físicas
e biológicas são muito mais intensas na superfície que nas camadas
superficiais. Os compostos solúveis são carregados pela água para
baixo. Porém, nas regiões áridas e semi-áridas, o processo é
inverso: a atividade pedogênica (relativa ao solo) é mais lenta e a
zona de maior atividade é, geralmente, a subsuperficial. Além disso,
o fenômeno da capilaridade (que é consequência da forte
evaporação) leva os materiais solúveis de baixo para cima,
aumentando assim a salinidade da superfície. Como resultado dos
movimentos de transferência dos compostos solúveis entre
horizontes vizinhos, cada horizonte difere dos outros por uma ou
mais características, como cor, composição química, arranjo e
tamanho das partículas.[240]

1.5.6 O subsolo

O subsolo é o terreno que está debaixo de uma capa de


terra, ou seja, a parte profunda do terreno à qual não chegam os
aproveitamentos superficiais dos prédios. Nas palavras de
AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, subsolo constitui a
camada do solo imediatamente por baixo da camada visível ou
arável.[241]
Vale destacar que o solo é a parte superficial da crosta
terrestre (camada externa e espessa da terra, resultante do
resfriamento da matéria ígnea que a compõe). É esta parte
superficial que suporta as raízes das plantas e que se forma pela
desagregação de rochas e detritos de seres vivos. O solo ocupa
apenas uma espessura média de 25 (vinte e cinco) centímetros,
constituindo-se principalmente de 4 (quatro) elementos: argila, areia,
calcário e humo. Qualquer um dos elementos do solo pode
predominar numa determinada área da crosta terrestre. Portanto, a
parte que fica logo abaixo desta camada superficial denomina-se
“subsolo”, massa mais compacta que oferece boa resistência à
escavação.

1.5.7 Os organismos
Como vimos, a biosfera é o conjunto de todos os
ecossistemas do planeta. A biosfera é o conjunto de seres vivos
existentes na superfície terrestre. Abrange a parte sólida, a parte
líquida e a atmosfera, onde é possível haver vida. A biosfera é, em
suma, um sistema único formado pela atmosfera, a crosta terrestre,
a água e mais todas as formas de vida possíveis.[242]
Daí dizer-se que integram a biosfera os seguintes elementos:
1) a atmosfera; 2) a crosta terrestre (solo e subsolo); 3) a água; e 4)
os seres vivos ou organismos (animais e vegetais).
Quanto aos organismos, eles são basicamente a unidade da
vida. Esclarece SUELI AMÁLIA DE ANDRADE que todas as células
estão envolvidas externamente por uma membrana ou parede e
contêm o material genético e outras estruturas necessárias para
realização das funções vitais. Os organismos podem consistir de
uma única célula, ou podem conter bilhões de células. As células
podem se diferenciar e formar grupos com formas e funções
semelhantes, chamados tecidos. Grupos de tecidos que juntos
desempenham uma determinada função formam órgãos. Grupos de
órgãos formam sistemas ou aparelhos. O conjunto de sistemas e
aparelhos constitui o organismo. Qualquer forma de vida é um
organismo. No curso de suas vidas, os organismos transformam
energia e processam materiais de diversas maneiras, à medida que
eles metabolizam, crescem e se reproduzem. Agindo dessa forma,
eles modificam as condições do ambiente e a quantidade de
recursos disponíveis aos outros organismos; contribuem para os
fluxos de energia e para a reciclagem de elementos no mundo
natural.[243]
Portanto, segundo ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA
ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI, de uma forma simplificada, um
organismo mantém-se vivo quando consegue atender a três
condições básicas: 1) o aporte de nutrientes (entrada do sistema); 2)
o processamento dos nutrientes (sistema); 3) a destinação de seus
dejetos (saída do sistema).[244]

1.5.7.1 Organismos produtores e organismos consumidores


Num ecossistema, os organismos (componentes bióticos)
podem ser: 1) organismos produtores ou organismos autróficos; e 2)
organismos consumidores e decompositores ou organismos
heterotróficos.
Quanto aos organismos produtores ou organismos autróficos
(“auto-alimentados”), eles são aqueles que sintetizam o seu
alimento a partir dos materiais inorgânicos brutos e energia solar.
Segundo SUELI AMÁLIA DE ANDRADE, no ambiente terrestre as
plantas são os principais organismos produtores. Nos ecossistemas
de água doce e nos ecossistemas marinhos próximos ao litoral as
plantas e as algas são os maiores produtores. Em mar aberto, a
produção é dominada pelo fitoplâncton (algas microscópicas que
flutuam livremente na água). A produtividade dos seres autróficos é
denominada “produção primária”, isto é, é feita pelas plantas, no
fenômeno chamado de “fotossíntese”. Por sinal, a fotossíntese é o
processo responsável pela produção de matéria orgânica na Terra,
partindo de energia e de matérias existentes no ambiente que os
vegetais absorvem e utilizam. A energia utilizada é a energia
luminosa (luz), fornecida pelo sol, e as matérias-primas são água e
gás carbônico (um dos componentes do ar). As plantas transformam
essas substâncias em duas: a) um açúcar, que é armazenado na
planta; e b) um gás, o oxigênio, que é liberado para o ambiente. No
entanto, apesar das plantas poderem adquirir grande porte e
apresentar superfícies enormes, é o fitoplâncton o maior
responsável pela biomassa e pelo oxigênio produzido na Terra,
devido ao fato de ocuparem uma enorme superfície, os mares,
oceanos e águas interiores (lagos, rios etc.). O processo inverso ao
da fotossíntese é a respiração. A respiração é um processo no qual
um organismo ou célula viva utiliza oxigênio para converter os
compostos orgânicos em energia, liberando dióxido de carbono e
água. A fotossíntese produz matéria orgânica e oxigênio; a
respiração consome matéria orgânica e oxigênio. A energia que a
fotossíntese consome é proveniente da luz solar. A energia que a
respiração consome é proveniente da quebra das ligações de
carbono da matéria orgânica.[245]
Em relação aos organismos consumidores e decompositores
ou organismos heterotróficos (“alimentado de outros”), eles se
referem àqueles animais e a maioria dos microorganismos
(necrófagos, detritívoros, saprófagos decompositores e saprófitos
própriamente ditos), que obtêm a sua energia e nutrientes por meio
de plantas ou animais, ou ainda restos mortais destes. Os animais e
microorganismos que consomem detritos, como serrapilheira, fezes,
carcaças etc., são denominados “detritívoros” ou “saprófagos
decompositores” e estão ligados a todos os níveis tróficos. Entre os
detritívoros, os decompositores ou redutores (fungos, bactérias) são
os responsáveis pela liberação dos nutrientes da matéria orgânica
morta ao solo. Permitem, assim, que estes sejam reciclados pela
reutilização pelos organismos vivos. Os papéis duais das formas de
vida como produtores de alimento e como consumidores de
alimento dão ao sistema uma estrutura trófica, determinada pelas
relações de alimentação, por meio da qual a energia flui e os
nutrientes circulam. A transferência de alimento dos produtores para
os demais organismos da comunidade ocorre continuamente. Essa
transferência resulta numa sequência de organismos, com a
repetição dos fenômenos de comer e ser comido, que recebe o
nome de “cadeia alimentar”. Portanto, como vimos antes, cadeia
alimentar é uma sequência de organismos relacionados por meio do
alimento. Além disso, dentro dessa estrutura trófica ou cadeia
alimentar podemos classificar os seres vivos de acordo com a
posição que ocupam nessa cadeia. Como já tivemos a oportunidade
de mencionar, cada posição constitui um nível trófico.[246]

1.5.7.2 A classificação taxonômica

Os biólogos mais renomados, entre eles o botânico e


ecologista norte-americano ROBERT HARDING WHITTAKER,
agruparam os organismos em diversas categorias, num processo
chamado de “classificação taxonômica”. ROBERT HARDING
WHITTAKER reuniu organizadamente as espécies semelhantes em
um gênero. Lembramos que espécie constitui grupos de organismos
que se assemelham na genética, na química, na morfologia e no
comportamento, e que são inter-reprodutivos, produzindo
descendentes férteis. O número total de espécies existentes na
Terra ainda é desconhecido. As estimativas variam entre 5 e 100
milhões (a maioria insetos e microorganismos). Até agora os
biólogos identificaram e classificaram 1,75 milhões de espécies.
Cada espécie, conhecida ou desconhecida, é o resultado de uma
longa história evolutiva, envolvendo o armazenamento de uma
imensa quantidade de informações genéticas únicas e
insubstituíveis sobre como sobreviver em condições ambientais
específicas. Outrossim, os gêneros semelhantes em uma família; as
famílias semelhantes em uma ordem; ordens semelhantes em um
filo (animais) ou divisão (vegetais); filos ou divisões semelhantes
formam um reino. Com efeito, em 1969, ROBERT HARDING
WHITTAKER propôs a divisão das diversas espécies de organismos
em 5 (cinco) reinos bem distintos: 1) reino monera – representado
pelas bactérias e algas azuis (cianóficeas), incluindo os organismos
chamados de procariontes, que não possuem um núcleo
diferenciado, ou seja, o seu material genético está disperso no
citoplasma; 2) reino protista – representado pelos protozoários
(seres eucarióticos, unicelulares e heterotróficos) e as algas
unicelulares (eucarióticos, unicelulares e autotróficos
fotossintetizantes com pouca diferenciação das células); 3) reino
fungi (fungos) – representado pelos cogumelos, os mofos, os
bolores e as leveduras, ou seja, organismos uni ou pluricelulares,
heterotróficos e que não possuem tecido organizado (o ramo da
Biologia que estuda os fungos é a Micologia); 4) reino plantae ou
metaphyta – representado pelas plantas e algas pluricelulares, isto
é, os vegetais, eucarióticos, multicelulares, que possuem clorofila e
tecidos organizados (algas, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e
angiospermas); o ramo da Biologia que estuda os vegetais é a
Botânica; 5) reino animalia (ou metazoa) – representado por todos
os animais, multicelulares, heterotróficos, de células eucarióticas, ou
seja, pelos animais que se alimentam ingerindo substâncias do
meio, uma vez que, ao contrário das plantas, os animais não são
capazes de sintetizar o seu próprio alimento, dependendo de fontes
externas de recursos energéticos (o ramo da Biologia que estuda os
animais é a Zoologia).[247]

1.5.7.3. População de organismos


Ainda a respeito dos organismos, vale mencionar que, na
ecologia, o termo “população” é usado para denominar grupos de
organismos de uma mesma espécie que ocupam ao mesmo tempo
uma determinada área. Como dissemos antes, o lugar onde um
indivíduo ou uma população vive é denominado hábitat. No entanto,
as populações são dinâmicas; elas variam de tamanho, densidade,
distribuição, dispersão e estrutura etária, em resposta às mudanças
das condições ambientais. Essas variações são denominadas de
“dinâmica populacional”. Essas características podem ser usadas
para descrever uma população e para prever como ela
provavelmente crescerá no futuro.[248]
Quanto ao tamanho de uma população, ela é o número de
indivíduos em um determinado período de tempo. Populações muito
pequenas podem tornar-se extintas mais facilmente, pois são mais
vulneráveis às doenças, predação ou catástrofes naturais. Outro
problema é o aumento da probabilidade de cruzamentos entre
indivíduos geneticamente aparentados (consanguíneos),
aumentando assim a frequência de doenças hereditárias e
diminuindo a diversidade (variabilidade) genética, necessária para a
adaptação às mudanças ambientais. Por outro lado, populações
podem crescer muitos e muitos indivíduos passarem fome ou
morrerem em função de doenças e predação. São 4 (quatro) os
fatores que governam as variações no tamanho da população: a)
natalidade; b) mortalidade; c) imigração; e d) emigração.
A população ganha indivíduos pela natalidade e imigração e
perde pela mortalidade e emigração. Esses fatores dependem de
alterações na disponibilidade dos recursos ou outras mudanças do
ambiente. Se o número de indivíduos que entra por nascimento e
imigração é igual ao número de indivíduos que sai por morte e
emigração, a taxa de crescimento da população é igual a zero. As
populações possuem capacidade de crescimento variável.
Geralmente, os indivíduos de uma população que possui alto
potencial reprodutivo: a) reproduzem-se precocemente (possuem
um curto período pré-reprodutivo); b) possuem curto período de
tempo entre as sucessivas gerações; c) podem reproduzir-se muitas
vezes (possuem uma longa vida reprodutiva); d) produzem muitos
descendentes cada vez que se reproduzem. O potencial reprodutivo
de muitas espécies depende de um determinado tamanho mínimo
da população. Se a população decresce até ultrapassar um
tamanho crítico necessário para que a população consiga continuar
acasalando-se e crescendo normalmente, a população
provavelmente entrará em extinção, a menos que o homem
intervenha para ajudá-la.[249]
Em relação a densidade, ela constitui exatamente o número
de indivíduos por unidade de área (por exemplo cem jararacas
(cobras venenosas) por hectare, ou cinco mil diatomáceas (pequena
alga unicelular) por litro de água). A densidade pode variar devido a
características sociais, comportamento de acasalamento, estação
do ano e outros fatores. O estudo da densidade de uma população
em uma pequena área permite estimar o tamanho de uma
população distribuída sobre uma grande área e também a
capacidade de suporte do meio ambiente. Nenhuma população
pode crescer exponencial e indefinidamente. Na natureza, uma
população de rápido crescimento alcança um tamanho limite,
imposto pela falta de um ou mais fatores limitantes, como luz, água,
espaço ou nutrientes. Por isso que o planeta não é coberto de
caranguejos, pinheiros, coelhos, pessoas ou qualquer outra espécie.
Sempre há limites para o crescimento da população na natureza. Os
fatores limitantes do crescimento populacional determinam a
capacidade de suporte, ou seja, o número de espécies que podem
ser sustentadas numa dada área. À medida que a população
cresce, os fatores limitantes do crescimento exercem mais efeitos
na natalidade e na mortalidade. Muitas coisas influenciam a taxa de
crescimento populacional, mas somente os fatores dependentes da
densidade, cujos efeitos aumentam com a acumulação, podem
manter a população sob controle. Os efeitos dos fatores
dependentes da densidade são sentidos mais fortemente em
populações aglomeradas do que em populações esparsas. Já os
fatores independentes da densidade podem alterar a taxa de
crescimento de uma população, mas não controlam seu tamanho.
Dessa forma, os fatores limitantes do crescimento populacional são
os seguintes: 1) fatores limitantes dependentes da densidade; a)
limitação de comida; b) limitação de locais para viver; c) parasitas;
d) predadores; e) doenças; 2) fatores limitantes independentes da
densidade: a) temperatura; b) precipitação; e c) eventos
catastróficos.[250]
Já a distribuição espacial de uma população descreve a sua
abrangência geográfica e ecológica, determinada, primordialmente,
pela presença ou ausência de hábitat adequado. Na distribuição de
uma população, a dispersão caracteriza o espaçamento dos
indivíduos entre si, formando padrões que variam entre: a)
dispersão agrupada: uma das razões para que ocorra este tipo de
dispersão de indivíduos é que, frequentemente, os recursos não
estão distribuídos de forma uniforme; populações de animais, como
cardumes de peixes, rebanhos de búfalos, bando de aves, podem
agrupar-se por diversos motivos – proteger-se de prepadores, antes
ou durante uma migração, durante a estação de acasalamento,
hábitos sociais etc.; b) dispersão aleatória: a dispersão na qual os
indivíduos estão distribuídos ao acaso em toda uma área; ela ocorre
quando não há repulsão ou atração e os indivíduos podem distribuir-
se aleatoriamente, a despeito da localização dos outros espécimes
(indivíduos); a dispersão de uma população nem sempre é um
atributo fixo e pode variar em consequência de hábitos de
acasalamento, estação do ano, emigração ou imigração etc.; como
já vimos antes, uma espécie que possui sua distribuição restrita a
uma determinada região é chamada de espécie endêmica; uma
espécie endêmica corre muito mais risco de extinção do que uma
com distribuição menos restrita; e c) dispersão homogênea ou
uniforme: na natureza, é raro este tipo de dispersão; ela ocorre
geralmente quando indivíduos de uma espécie competem por
recursos que são escassos ou quando os recursos são distribuídos
de forma regular e uniforme; por exemplo, em suas colônias
abarrotadas, as aves marinhas colocam seus ninhos exatamente
onde termina os do vizinho; as plantas situadas muito próximas a
vizinhos maiores sofrem com os efeitos do sombreamaneto e
competição das raízes, surgindo um espaçamento uniforme pela
necessidade de manter uma distância mínima entre os indivíduos.
[251]
Com relação à estrutura etária, ela é a proporção de
indivíduos em cada grupo etário da população. Normalmente, os
grupos são: a) pré-reprodutivo (antes do amadurecimento sexual);
b) reprodutivo; c) e pós-reprodutivo (após o período reprodutivo). A
população, com uma grande proporção de indivíduos nas categorias
pré-reprodutivo e reprodutivo, tem um alto potencial de crescimento.
[252]

1.5.7.4 A fauna

Existem no mundo quase um milhão de espécies animais, às


quais chamamos de “reino animal” ou “fauna”. Essas espécies
variam espetacularmente, desde os animais que têm pêlos (cavalo,
cão etc.) até os que não têm pêlos (formigas, borboletas, pardais,
tartaruga, medusas, corais, sapos etc.). Variam desde os animais
que podem pesar várias toneladas (baleia) até aqueles tão
pequenos que só com um microscópio pode ser visto pelo homem
(os protozoários etc.).
Acrescenta-se que é fácil distinguir um pardal de um
papagaio. Embora haja grande diferença entre ambos, eles parecem
muito mais um com o outro do que com um urso, e este, muito mais
com um cão do que com um peixe. Baseados nas diferenças e
semelhanças dos animais, os naturalistas estabeleceram
classificação da fauna (reino animal) apoiada em 12 (doze) grandes
ramos. É impossível se achar uma coluna vertebral num mosquito,
num caracol, ou num caranguejo, porque nenhum desses animais a
possui. Somente um ramo do reino animal abrange indivíduos de
vértebras: os vertebrados.[253] Aqueles que não têm vértebras são os
chamados animais invertebrados,[254] cujas espécies são 20 (vinte)
vezes mais numerosas que as dos vertebrados. Portanto, os ramos
do reino animal também podem ser divididos em grupos menores
chamados “classes”; as “classes”, por sua vez, podem ser dividas
em “ordens”; e as “ordens” podem, ainda, ser dividas em “gêneros”.
E os “gêneros” se dividem em espécies”. Por outro lado, cada
animal possui um nome científico, válido para todos os países. É um
nome latino, composto de 2 (duas) palavras: a primeira representa o
gênero e, a segunda, a espécie. Em geral escritas em grifo (itálico),
a primeira palavra se escreve sempre com inicial maiúscula. O tigre
e o gato doméstico pertencem ao mesmo gênero: Felis. O nome
científico do tigre é Felis tigris, enquanto o do gato é Felis catus. O
nome científico do gênero humano (gênero e espécie ao mesmo
tempo) é Homo sapiens. Pertencentes à ordem dos primatas, que,
por sua vez, pertence à classe dos mamíferos. Todos os mamíferos
têm coluna vertebral; fazem parte do ramo dos cordados, que
engloba todos os vertebrados.[255]

1.5.7.5. A flora

Flora é o conjunto das espécies vegetais de uma


determinada localidade ou região. Existem mais de 300.000
espécies de plantas, espalhadas pelo mundo, que constituem a flora
terrestre. Algumas dessas plantas são tão pequenas, que só são
vistas com o auxílio do microscópio; outras são muito altas e
grandes. As plantas menores são ainda de tamanho inferior ao
menor dos animais e as maiores sobrepujam em tamanho a
qualquer ser vivo. De qualquer forma, com o auxílio da luz solar, as
plantas verdes são capazes de fabricar seu próprio alimento. E
delas, direta ou indiretamente, dependem quase todos os animais e
até outros vegetais. Algumas plantas atraem insetos e os “comem”;
mas isso é exceção à regra geral. Há plantas que têm flores, belas,
vistosas ou imperceptíveis, e outras que são desprovidas de flores.
Certas espécies não duram mais que uma estação e outras ainda
menos tempo, todavia há algumas que vivem centenas e até
milhares de anos.[256]
Há 4 (quatro) grandes ramos dos vegetais: 1) talófitas
(plantas que têm talos); 2) briófitas (musgos); 3) pteridófitas (fetos);
e 4) espermatófitas (plantas de sementes).
É importante esclarecer que o chamado “talo” é um corpo
vegetal sem raízes, sem hastes sem folhas. O ramo das talófitas é
composto das algas, dos cogumelos e dos líquens. São os vegetais
mais simples; foram os primeiros a aparecer na Terra e alguns têm
apenas uma célula. Na sua maioria, as algas vivem na água. As
leveduras, os bolores e os cogumelos de lamínulas são organismos
sem clorofila, às quais se podem juntar as bactérias. Os líquens são
vegetais criptogâmicos compostos de algas verdes ou azuis com um
fungo superior. As talófitas não possuem flores nem sementes.
Reproduzem-se de diversas maneiras. Em alguns casos, a planta
unicelular divide-se simplesmente em duas novas plantas.[257]
Já o ramo das briófitas ou muscíneas compreende os
musgos verdadeiros e as hepáticas; estas últimas são plantas de
pequeno porte. Os musgos são muito conhecidos, ao passo que as
hepáticas não são comuns e em geral crescem em lugares úmidos,
como as bordas de córregos. As briófilas possuem esporos em lugar
de flores e sementes.[258]
O ramo das pteridófitas ou criptógamas vasculares, por sua
vez, compreende os fetos, os licopódios e as cavalinhas. Há milhões
de anos existiram verdadeiras árvores desse ramo. Atualmente,
esses vegetais são pequenos, salvo alguns fetos arborescentes dos
países tropicais. As pteridófitas também se reproduzem por esporos:
não têm flores nem sementes.[259]
Por último, as plantas do ramo das espermatófitas ou
fanerógamas reproduzem-se por sementes. Nesse ramo estão as
que possuem sementes em cones (abetos, epíceas) chamados
coníferas. Além disso, existem as gimnospermas (pinheiros), plantas
abundantes nos climas temperados que possuem flor (pinho) e
semente (pinhão), ou seja, que se definem pelos óvulos e sementes
a descoberto, enquanto que as angiospermas são plantas floríferas
providas de sementes encerradas no pericarpo, ou seja, possuem
flores, sementes e frutos. Em sua maioria, as plantas que dão
sementes produzem também flores. Há milhões de anos não
existiam plantas de flores. No entanto, desde que apareceram,
passaram a prevalecer na superfície da Terra, constituindo mais da
metade das plantas do universo.[260]
CAPÍTULO 2 – NOÇÕES
GERAIS DE IMPACTO
AMBIENTAL

2.1 IMPACTO AMBIENTAL


2.1.1 Conceito de impacto ambiental

Impacto ambiental (environmental impact, no inglês; impact


sur l’environnement ou impact environnemental, no francês; e
impacto ambiental, no espanhol) constitui qualquer alteração
significativa no meio ambiente (em um ou mais de seus
componentes) provocada por uma ação humana.
Para efeitos da Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986,
considera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 1) a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; 2) as atividades
sociais e econômicas; 3) a biota; 4) as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; 5) a qualidade dos recursos ambientais
(art. 1.º).
A respeito desta definição normativa, PAULO DE BESSA
ANTUNES comenta que as alterações desfavoráveis à saúde são
óbvias por si próprias. Segundo ele, todo projeto que implique
repercussão sobre a saúde coletiva de uma determinada
comunidade deve ser tido como impactante. A segurança deve ser
entendida como segurança social contra riscos decorrentes da
inadequada localização de materiais tóxicos, alteração significativa
nas condições de fixação do solo, possibilidade de enchentes,
desabamentos etc. Não se pode deixar de mencionar os riscos de
ampliação de índices de criminalidade e outros que afetam
desfavoravelmente a segurança. Quanto ao bem-estar, este deve
ser compreendido como um conjunto de condições que definem um
determinado padrão de qualidade de vida que deve ser aferido
levando-se em conta as condições peculiares de cada comunidade
especificamente considerada. As atividades sociais e econômicas
dizem respeito ao emprego, ao modo de produção da riqueza e dos
bens, guardando-se como referencial as populações que vivem em
uma determinada região. Os projetos de intervenção no meio
ambiente são socialmente nocivos se, em sua execução,
implantação e funcionamento, implicarem em desagregação social.
Quanto aos efeitos desfavoráveis sobre a biota, PAULO DE BESSA
ANTUNES entende como aqueles que dizem respeito, diretamente,
às condições de vida animal e vegetal na região considerada. Já a
alteração das condições estéticas e sanitárias são as
transformações que impliquem em alterações de natureza
paisagística ou visual ou mesmo olfativa que possam acarretar
doenças na coletividade. Quanto à qualidade dos recursos
ambientais, o projeto a ser implantado não poderá trazer alterações
qualitativas aos recursos, tais como enfraquecimento genético de
espécies, diminuição de padrões de concentração de determinados
elementos etc.[261]
Todavia, é importante lembrar que se vem entendendo que o
conceito normativo inserido no art. 1.º da Resolução/CONAMA n° 1,
de 23.01.1986, não é amplo o suficiente. Tanto é que a alínea f do
inciso I do art. 48 do anteprojeto da Consolidação das Leis Federais
do Meio Ambiente, enviado e, posteriormente, retirado do
Congresso Nacional por iniciativa do próprio Poder Executivo
federal, procura ampliar tal conceito de impacto ambiental até
abranger, também, as atividades que afetam “os costumes, a cultura
e as formas de sobrevivência das populações indígenas”.
Ainda no campo doutrinário podemos citar que, na opinião de
LARRY W. CANTER, impacto ambiental refere-se a qualquer
alteração no sistema ambiental físico, químico, biológico, cultural e
socioeconômico que possa ser atribuída a atividades humanas
relativas às alternativas em estudo, para satisfazer as necessidades
de um projeto.[262] Já P. J. B. DIEFFY menciona que impacto
ambiental pode ser visto como parte de uma relação de causa e
efeito. Segundo ele, do ponto de vista analítico, o impacto ambiental
pode ser considerado como a diferença entre as condições
ambientais que existiriam com a implantação de um projeto proposto
e as condições ambientais que existiriam sem essa ação.[263] R. E.
MUNN, por sua vez, destaca que uma “alteração ambiental” pode
ser natural ou induzida pelo homem. Segundo ele, um “efeito” é uma
alteração induzida pelo homem e um “impacto” inclui um julgamento
do valor de significância de um efeito.[264]
JOHN HORBERRY acrescenta que impacto ambiental é a
estimativa ou o julgamento do significado e do valor do efeito
ambiental para os receptores natural, socioeconômico e humano.
Efeito ambiental, a seu turno, é a alteração mensurável da
produtividade dos sistemas naturais e da qualidade ambiental,
resultante de uma atividade econômica.[265]
A respeito deste assunto, PAULO DE BESSA ANTUNES
acrescenta que o impacto é um choque, uma modificação brusca
causada por alguma força que tenha colidido com algo.
Sinteticamente, impacto ambiental é, portanto, uma modificação
brusca causada no meio ambiente. Para o direito ambiental só
interessam os impactos ambientais decorrentes da intervenção
humana voluntária sobre o meio ambiente (os acidentes ecológicos
não são precedidos de estudos de impacto, pois, teoricamente, são
eventos imprevistos). Assim, pois, os impactos ambientais ocorridos
em razão de acontecimentos naturais não possuem interesse para o
direito ambiental, uma vez que estes não são decorrentes, a
princípio, da atividade humana expressa em uma intervenção
ambiental. Certo é que o impacto ambiental causado por
circunstâncias naturais pode ter repercussões ambientais
extraordinárias (por exemplo, erupções do vulcão Pinatubo, etc.).
Tais consequências, contudo, do ponto de vista do direito ambiental,
são, na opinião de PAULO DE BESSA ANTUNES, insignificantes.
Não se deve perder de vista que o direito ambiental é incapaz de
proteger o homem da atividade da própria natureza. Inclusive, não é
este o objetivo do direito ambiental. Todavia, acrescenta-se que a
indiferença ante o direito ambiental não significa indiferença ante
todo o direito, já que uma explosão vulcânica, por exemplo, ao
destruir uma colheita e territórios tem, certamente, repercussão
evidente no direito civil e no direito comercial.[266]

2.1.2 Espécies de impacto ambiental

Muito oportunamente, esclarece PAULO DE BESSA


ANTUNES que a humanidade necessita intervir na natureza para
sobreviver. Segundo ele, por mais “ambientalista” que uma pessoa
seja, ela não poderá viver sem consumir recursos ambientais.
Qualquer ação humana produz repercussões na natureza. O
homem está condenado a viver dos recursos naturais, ou sucumbir
sem a utilização deles. Mesmo as comunidades mais primitivas
utilizam-se de recursos ambientais e muitas delas de maneira
bastante predatória. As diferenças se colocam no nível da
compreensão do papel das relações entre o homem e a natureza e,
evidentemente, a escala das populações que, em pequenas
comunidades, necessitam de menos recursos naturais. A questão
fundamental, portanto, é a de saber se o homem terá a capacidade
de utilizar os recursos naturais e assegurar um grau mínimo de
sustentabilidade da utilização destes mesmos recursos.[267]
Portanto, a intervenção humana no meio ambiente pode se
dar de diversas maneiras e, por via de consequência, o impacto
ambiental, sendo o resultado desta intervenção sobre o meio
ambiente, também pode ocorrer de diversas formas, dependendo,
evidentemente, da qualidade da intervenção empreendida pelo
homem.
Tomando por base, principalmente, a qualidade da
intervenção humana no meio ambiente, a FUNDAÇÃO ESTADUAL
DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE DO RIO DE JANEIRO –
FEEMA dividiu o impacto ambiental da seguinte forma: a) impacto
ambiental positivo ou impacto ambiental benéfico (quando a ação
resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro
ambiental; os impactos ambientais positivos devem ser estimulados
pelas autoridades governamentais); b) impacto ambiental negativo
ou impacto ambiental adverso (quando a ação resulta em um dano à
qualidade de um fator ou parâmetro ambiental; os impactos
ambientais negativos devem ser evitados pela população de um
modo geral e reprimidos pelas autoridades ambientais); c) impacto
ambiental direto, impacto ambiental primário ou impacto ambiental
de primeira ordem (quando resulta de uma simples relação de causa
e efeito); d) impacto ambiental indireto, impacto ambiental
secundário ou impacto ambiental de enésima ordem (quando resulta
de uma reação secundária em relação à ação, ou quando é parte de
uma cadeia de reações, de acordo com sua situação nessa cadeia);
e) impacto ambiental local (quando a ação afeta apenas o próprio
sítio e suas imediações); f) impacto ambiental regional (quando o
impacto se faz sentir além das imediações do sítio onde se dá a
ação);g) impacto ambiental estratégico (quando o componente
ambiental afetado tem relevante interesse coletivo ou nacional); h)
impacto ambiental imediato (quando o efeito surge no instante em
que se dá a ação); i) impacto ambiental a médio ou longo prazo
(quando o impacto se manifesta em certo tempo após a ação); j)
impacto ambiental temporário (quando seus efeitos têm duração
determinada); k) impacto ambiental permanente (quando, uma vez
executada a ação, os efeitos não cessam de se manifestar num
horizonte temporal conhecido); l) impacto ambiental cíclico (quando
o efeito se manifesta em intervalos de tempo determinados);m)
impacto ambiental reversível (quando o fator ou parâmetro
ambiental afetado, cessada a ação, retorna às suas condições
originais); e n) impacto ambiental irreversível (quando, uma vez
ocorrida a ação, o fator ou parâmetro ambiental afetado não retorna
às suas condições originais em um prazo previsível).
Existe, ainda, o chamado impacto ambiental cumulativo. Tal
espécie de impacto ambiental é aquele derivado da soma de outros
impactos ou por cadeias de impacto que se somam, gerado por um
ou mais de um empreendimento isolado, porém contíguos, num
mesmo sistema ambiental. Na opinião de HARRY SPALING,
impacto ambiental cumulativo refere-se à acumulação de alterações
nos sistemas ambientais, no tempo e no espaço, de modo aditivo e
interativo. Segundo ele, as alterações podem se originar de ações
individuais ou múltiplas, do mesmo ou de diferentes tipos. Uma
unidade de alteração ambiental causada por uma ação individual
pode ser considerada insignificante, caso seja limitada nas escalas
temporais e espaciais; porém, as alterações ambientais originadas
de ações humanas repetidas ou múltiplas podem se somar,
resultando em impactos ambientais cumulativos significativos.[268]
RAY CLARK, a seu turno, nos chama a atenção para o fato
de a legislação norte-americana dispor que impacto ambiental
cumulativo é o impacto no meio ambiente resultante do impacto
incremental da ação quando adicionada a outras ações passadas,
presentes ou futuras, razoavelmente previsíveis (40 CRF § 1508.7,
Estados Unidos da América).[269]
Além dessas espécies, lembramos que a Constituição
Federal de 1988 considera o meio ambiente como abrangendo não
apenas a fauna e a flora, mas alcançando várias dimensões: a) o
meio ambiente natural (fauna, flora, ar, solo, biodiversidade); b) o
meio ambiente artificial (espaço urbano); c) o meio ambiente cultural
(patrimônio cultural);[270] d) o meio ambiente do trabalho. Portanto, a
proteção do meio ambiente está associada não apenas à natureza
(meio ambiente natural), mas à qualidade de vida nas cidades (meio
ambiente artificial), à proteção do patrimônio cultural (meio ambiente
cultural) e à qualidade do ambiente de trabalho (meio ambiente do
trabalho). Em relação ao meio ambiente artificial (espaço urbano),
ele é tratado nos arts. 182 e 183 da Constituição Federal e
regulamentado pela Lei n° 10.257, de 10.07.2001 (Estatuto da
Cidade), que regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana. Inclusive, o
inciso I do art. 2° do Estatuto da Cidade assegura o direito às
cidades sustentáveis, entendendo-se tal direito como “o direito à
terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao
lazer, para as presentes e futuras gerações”.[271] Daí surge mais uma
espécie de impacto ambiental: o impacto de vizinhança. Por sinal,
os impactos de vizinhança mais comuns referem-se às alterações
nas condições de trânsito e ao sossego público. No entanto, o
Estatuto da Cidade amplia o conceito para abranger aspectos como
as alterações na paisagem urbana e o patrimônio natural e cultural,
embora esses extrapolem o simples direito de vizinhança.

2.1.3 Importância do impacto ambiental


O ser humano, durante a sua trajetória histórica, determinou
a ocupação e o uso espacial da terra, utilizando-se dos recursos
naturais renováveis e não-renováveis, basicamente interessado na
sua própria sobrevivência. Ao longo dos tempos, passou a adotar
um comportamento predatório em relação à natureza, legando-nos o
mundo em que vivemos hoje: caótico, desarmônico, desequilibrado
e ambientalmente doente. Segundo SUELI AMÁLIA DE ANDRADE,
o que está ocorrendo é que estamos vivendo em meio a uma série
crescente de problemas ambientais, gerados por um modelo
hegemônico de desenvolvimento, causador de diversos tipos de
impactos importantes ao meio ambiente.[272] Na verdade, relata
EDUARDO J. VIOLA que a história da humanidade mostra que a
degradação ambiental já acontecia há muito tempo atrás. Só que,
nessa época, a degradação detectada não representava um grande
impacto na natureza, provavelmente não se configurando como um
problema ambiental, nos termos como é entendido hoje. Na história
humana, o comportamento predatório não é novo. O que é novo é a
dimensão e extensão dos mecanismos de depredação, onde se
inclui, desde o surgimento das grandes cidades e das imensas
lavouras de monoculturas, até as armas nucleares, que atingiram as
cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, no Japão, o
primeiro país do mundo a sofrer um ataque atômico.[273] Então, certo
é que os problemas ambientais só começaram a ser identificados
como sendo impactantes a partir de 2 (dois) fatos básicos: a) a
revolução industrial, ocorrida a partir da metade do século XVIII,
mais precisamente a partir do ano de 1750, produzida pela
passagem do artesanato e da manufatura à fábrica e pela criação
das máquinas de fiar (tear mecânico), ocasionando uma grande
mudança no processo de produção; b) a organização urbana
representada pelas construções das grandes cidades, originadas
em decorrência da revolução industrial, sendo a maioria delas feita
sem nenhum planejamento e ordenamento.[274] Assim, somente a
partir de tais fatos básicos é que as sociedades passaram a
identificar como importante os impactos ao meio ambiente.
Na verdade, a importância de um impacto ambiental (impact
importance, no inglês; importance de l’impact, no francês; e
importancia del impacto ambiental, no italiano) constitui um dos
atributos dos impactos ambientais. É a ponderação do significado de
um impacto para a sociedade, tanto em relação ao fator ambiental
afetado quanto a outros impactos. Nas palavras de JOHN
HORBERRY, a importância de um impacto ambiental representa o
julgamento subjetivo da significação do impacto, quer dizer, sua
importância relativa em comparação aos demais.[275]
Os problemas ambientais, presentes no século XX e que
persistem nesse início do século XXI, decorrem dos fatos básicos
acima enumerados e têm como causa impactos ambientais tidos
como importantes. Tais problemas são enumerados por SUELI
AMÁLIA DE ANDRADE como os seguintes:[276] 1) desequilíbrio na
relação entre população rural/urbana provocada por falta de
políticas públicas rurais adequadas de assentamento e manutenção
do homem no campo, ocasionando o êxodo rural: as pessoas se
mudam para as cidades, provocando o inchaço urbano; essa alta
densidade populacional nas cidades, é provocada, principalmente,
pelo êxodo rural, pelo desemprego e pela busca de melhores
condições de vida; isso gera crescentes necessidades nas cidades:
alimentação, moradia, implantação e manutenção adequada dos
serviços públicos, tais como água, esgoto, lixo, educação, saúde e
transporte; 2) adensamento populacional próximo às regiões
industriais, com crítica qualidade ambiental produzida pela poluição;
isso se deve, segundo GEORGE MARTINE, ao fato de que as
pessoas pertencentes às camadas mais pobres muitas vezes são
obrigadas a viverem nestes pólos industriais por motivo de
sustentação econômica, condição imprescindível para a sua
sobrevivência;[277] assim, tal como diagnosticam SÔNIA REGINA DA
CAL SEIXAS BARBOSA[278] e, também, D. J. HOGAN,[279] elas ficam
expostas à intensa poluição, que causa os mais variados problemas
de doenças respiratórias, cardiovasculares, parasitárias, doenças
mentais, fadiga, estresse, câncer, doenças ligadas ao olfato, à visão
e à pele, lesão cerebral, além do aumento da taxa de mortalidade,
principalmente em crianças e idosos; 3) ocupação urbana
desordenada e sem nenhum planejamento, construindo em áreas
de preservação permanente, em áreas de risco, como encostas e
margens de rios, e em outras áreas proibidas pela legislação; essa
situação, gerada pelo desrespeito ao meio ambiente, aliado à
negligência do poder público, promove uma deterioração ambiental
dos ecossistemas locais, fazendo com que se tornem cada vez mais
frágeis e vulneráveis aos desastres naturais; nas cidades, as
pessoas sofrem com os problemas das enchentes e dos
deslizamentos de terras, enfrentam danos sociais, econômicos e
ecológicos, inclusive com perdas de vidas humanas; 4) crescente
acúmulo de lixo urbano, industrial, atômico e até espacial (o espaço
cósmico, hoje, tem mais de 10.000 objetos circulando, tais como
pedaços de foguetes e satélites abandonados, e mais de 100.000
fragmentos com até 10 centímetros); 5) poluição do ar, do solo, da
água e dos mananciais, com todos os danos ambientais a ela
associados; 6) assoreamento (amontoação de areias e terras) de
rios e lagoas; 7) grande desperdício de matéria-prima em geral, de
água e de energia, que nos leva a viver, hoje, sob a ameaça grave
da escassez energética e da água (a disponibilidade de água para
consumo humano e para a agricultura é, hoje, um recurso escasso
em muitos países e causa de guerras entre povos; um bilhão de
pessoas não têm água para beber); 8) desertificação, perda da
fertilidade e erosão dos solos cultiváveis devido à política econômica
voltada para a exportação, ao nosso modelo agressivo de produção,
no qual utilizam-se práticas agro-silvo-pastoris ecologicamente
predatórias e desmatamentos indiscriminados; 9) uso de agrotóxicos
na agricultura (herbicidas, fungicidas, praguicidas e inseticidas), com
riscos sérios de saúde tanto para os trabalhadores mal treinados
que lidam com esses insumos como para a população que consome
os alimentos assim produzidos; 10) aceleração do processo de
industrialização, com predominância de tecnologias poluidoras e de
baixa eficiência energética; 11) práticas de mineração e de
exploração de carvão vegetal altamente predatórias, sob primitivas
condições de trabalho subumanas; 12) buraco na camada de ozônio
(a camada de ozônio na atmosfera protege a terra da radiação
ultravioleta do sol; os clorofluorcarbonos – CFC são produtos
químicos responsáveis pela diminuição na espessura da camada de
ozônio); 13) ampliação do efeito estufa, provocando o aquecimento
global: a esse respeito, ensina FRED PEARCE que a queima de
carvão e derivados do petróleo, a prática das queimadas, as altas
concentrações de gases lançados na atmosfera pelos pólos
industriais e pelos escapamentos dos carros, como o metano e o
dióxido de carbono, produzem efeito estufa, ou seja, o aquecimento
da terra;[280] 14) formação da chuva ácida: sobre tal problema
ambiental, esclarece FRED PEARCE que a fumaça liberada pelas
chaminés das fábricas e a queima de carvão vegetal produzem
gases venenosos, tais como o óxido de nitrogênio e o dióxido de
enxofre, que se misturam às águas das chuvas e criam o fenômeno
da chuva ácida;[281] 15) perda da biodiversidade, da diversidade
genétíca e da diversidade dos ecossistemas presentes na biosfera,
tanto nos solos, como nos rios, mares e ar, com perdas irreparáveis
para a medicina e para atividades produtivas agrícolas, florestais e
pesqueiras; 16) uso da biotecnologia e da engenharia genética,
muitas vezes sem nenhuma regulamentação pertinente e sem
proceder, paralelamente, à análise dos riscos que podem
representar para o meio ambiente e para a saúde animal e humana,
em face da pressão da globalização econômica; isso nos expõem a
possíveis acidentes biotecnológicos, como por exemplo, o uso de
alimentos transgênicos (organismos criados através da transferência
de características – genes – de uma espécie de planta ou animal
para outra); 17) ampliação da rede de usinas nucleares,
aumentando, assim, a ameaça de contaminação radiativa tóxica
(existem 443 reatores nucleares operando no mundo e muitos
outros em processo de instalação); 18) proliferam no mundo fome,
desnutrição, altas taxas de analfabetismo, concentração fundiária,
guerras, violência, corrupção, armas químicas e biológicas,
narcotráfico, doenças psicológicas depressivas e esquizofrênicas,
suicídios e criminalidade; 19) adesão à política de limpeza étnica,
exploração do trabalho infantil, exploração do trabalho escravo,
ausência da ética em todas as áreas do comportamento humano e
falta de solidariedade; 20) grande distância entre ricos e pobres, em
razão da concentração de renda e da riqueza, atualmente
fomentada por uma crescente e acelerada globalização econômica,
e ampliação das desigualdades sociais, ocasionando um crescente
aumento de favelas totalmente insalubres, como as existentes nas
grandes capitais brasileiras; milhares de pessoas miseráveis
nascem e morrem literalmente nas ruas, perpetuando-se sem
nenhuma expectativa e sem a mínima condição decente de vida.
2.2 A POLUIÇÃO AMBIENTAL
O termo poluição deriva do latim “poluere”, que, por sua vez,
significa “sujar”, “manchar” etc. De fato, em geral, é essa a idéia que
se prende ao conceito que o leigo tem de poluição. Para ele, o
ambiente é poluído quando está sujo ou exala o mau cheiro. Esse é,
portanto, um conceito de caráter essencialmente estético, que não
leva em conta a possibilidade de que ambientes aparentemente
límpidos e cristalinos propiciem o aparecimento de microrganismos
às vezes muito nocivos à saúde. Por exemplo, a água destilada que
recebe uma gota de cultura de bactérias causadoras da febre tifóide
ou de vírus da hepatite infecciosa apresentará um aspecto límpido,
embora esteja altamente poluída. Por outro lado, a água de um rio
poderá ter coloração chá mate por conter matérias químicas inócuas
à saúde e propícias à proliferação de peixes. Será uma água de
aspecto sujo, embora não poluída.[282]

2.2.1 Conceito de poluição ambiental

Não se pode duvidar que exista certa dificuldade para se


chegar a um conceito de poluição, já que ele abrange um grande
número de aspectos, aos quais será dada maior ou menor ênfase
conforme a perspectiva adotada pelo técnico ou especialista.
De qualquer forma, para o ecólogo, entende-se por poluição
ambiental (pollution ou environmental pollution, no inglês; pollution
de l’environnement, no francês; contaminación ambiental, no
espanhol) toda e qualquer alteração de natureza física, química e
biológica que venha a desequilibrar o ciclo biológico normal,
propiciando alterações na flora e fauna do meio ambiente. Em
outras palavras, é a adição ou o lançamento de qualquer substância
ou forma de energia (luz, calor, som) ao meio ambiente em
quantidades que resultem em concentrações maiores que as
naturalmente encontradas.
Para PIERRE DANSEREAU, poluição nada mais é do que a
introdução, num ciclo biológico, de elementos cuja qualidade e
quantidade são de natureza a bloquear os circuitos normais. Trata-
se frequentemente de perturbações de ordem biológica.[283]
Encontramos, ainda, definição no sentido de que poluição pode ser
entendida como a adição, tanto por fonte natural ou humana, de
qualquer substância estranha ao ar, à água ou ao solo, em tais
quantidades que tornem esse recurso impróprio para uso específico
ou estabelecido. Presença de matéria ou energia, cuja natureza,
localização e quantidade produzam efeitos ambientais indesejados.
[284]
Existem, também, algumas definições legais envolvendo o
termo poluição. O inciso III do art. 3.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, por exemplo, prescreve que se entende por poluição,
para os fins previstos nesta lei, a degradação da qualidade
ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a)
prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b)
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c)
afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas
ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em
desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Já o caput do art. 1.º do Decreto-lei do Estado do Rio de
Janeiro n° 134, de 16.06.1975, dispõe que, para efeito deste
Decreto-lei, considera-se poluição qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas, que direta ou indiretamente: 1) seja nociva ou
ofensiva à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações; 2)
crie condições inadequadas de uso do meio ambiente para fins
públicos, domésticos, agropecuários, industriais, comerciais e
recreativos; 3) ocasione danos à fauna, à flora, ao equilíbrio
ecológico, às propriedades públicas e privadas ou à estética; 4) não
esteja em harmonia com os arredores naturais.
Os incisos I a IV do art. 2.º da Lei do Estado de Minas Gerais
n° 7.772, de 08.09.1980, estabelece que por poluição ou
degradação ambiental deve ser entendida qualquer alteração das
qualidades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente que
possam: 1) prejudicar a saúde ou o bem‑estar da população; 2) criar
condições adversas às atividades sociais e econômicas; 3)
ocasionar danos relevantes à flora, à fauna e a qualquer recurso
natural; 4) ocasionar danos relevantes aos acervos histórico, cultural
e paisagístico.
O art. 7.º do Decreto do Estado da Bahia n° 7.639, de
28.07.1999, a seu turno, menciona que poluição do ambiente dever
ser considerada a presença, o lançamento ou a liberação nas
águas, no ar, no solo ou no subsolo de toda e qualquer forma de
matéria ou energia, em intensidade, em quantidade, em
concentração ou com características em desacordo com as
estabelecidas em decorrência da Lei n° 3.858, de 03.11.1980 e
normas decorrentes, que ocasionem descaracterização nociva da
topografia, ou que tornem ou possam tornar as águas, o ar, o solo
ou o subsolo: 1) impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde; 2)
inconvenientes ao bem-estar público; 3) danosos à fauna, à flora e
aos materiais; ou 4) prejudiciais à segurança e às atividades
normais da comunidade.
No âmbito da legislação estrangeira podemos citar a Lei
Federal Mexicana de Protección al Ambiente, de 11.01.1982, a qual
prescreve que poluição é a presença no meio ambiente de um ou
mais poluentes, ou qualquer de suas combinações, que prejudiquem
ou resultem nocivos à saúde e ao bem-estar humano, à flora e à
fauna, ou degradem a qualidade do ar, da água, do solo ou dos
bens e recursos em geral. Outrossim, RODOLFO G. H. TURNBULL
informa que a Convention on Long‑Range Transboundary Pollution
(Organization for Economic Cooperation And Development – OECD
e Eureopean Comunity Economic – ECE) chegou à conclusão que
poluição significa a introdução, pelo homem, direta ou indiretamente,
de substâncias ou energia no meio ambiente, que resultem em
efeitos deletérios de tal natureza que ponham em risco a saúde
humana, afetem os recursos bióticos e os ecossistemas, ou
interfiram com os usos legítimos do meio ambiente.[285]
Todavia, não podemos perder de vista que, para o
sanitarista, a poluição está ligada, em geral, à transmissão de
doenças, à presença de elementos tóxicos ou ionizantes, e outros
que possam simplesmente modificar as características do meio
ambiente, de modo a impedir sua utilização. Portanto, como dito,
conforme a perspectiva adotada pelo especialista o conceito de
poluição dará ênfase aos aspectos de sua especialidade.
Devemos acrescentar, ainda, que as consequências da
poluição caracteristicamente provocadas por fatores externos ao
meio ambiente são chamadas de “contaminação”. Assim é que se
fala em contaminação bacteriana (introdução de organismo nocivo
ao meio ambiente), contaminação radioativa (introdução de
substância nociva ao meio ambiente) etc.

2.2.2 Tipos de poluição ambiental

Os tipos de poluição são, em geral, classificados em relação


ao componente ambiental afetado (poluição do ar, da água, do solo),
pela natureza do poluente[286] lançado (poluição química, poluição
térmica, poluição sonora, poluição radioativa etc.) ou pelo tipo de
atividade poluidora (poluição industrial, poluição agrícola etc.).
Encontram-se diversas classificações dos tipos de poluição, tanto
acadêmicas quanto legais. De qualquer forma, podemos dizer que,
em geral, os principais tipos de poluição são os seguintes: 1)
poluição da água; 2) poluição do ar ou poluição atmosférica; 3)
poluição do solo; 4) poluição térmica; 5) poluição transfonteira; 6)
poluição visual; e 7) poluição sonora.

2.2.2.1 Poluição da água

A água foi à base do rápido e intenso desenvolvimento do


homem dinâmico, móvel e inovador, fundador das cidades e
organizador dos Estados. Um corpo de água (denominação que se
dá a rios, lagos, mares etc.) é um sistema dinâmico que recebe
continuamente materiais sólidos, líquidos e gasosos e energia em
diversas formas, originadas por: 1) fontes naturais (decorrentes da
ação da natureza); ou 2) fontes artificiais (decorrentes da ação do
homem).
As águas naturais contêm organismos vivos que podem
afetar em todos os momentos suas características iniciais. Esses
elementos, constituídos ou não de matéria viva, dispersam-se na
água por difusão ou mistura, e é assim que a água chega ao
escoadouro natural (os oceanos) e ao receptor (o peixe e, de
maneira direta ou indireta, o homem). No trajeto que percorre entre
a fonte e o escoadouro, o agente poluidor, infiltrado no curso de
água, pode ser transformado em outras formas, por meio de
processos químicos, físicos ou biológicos.[287]
Portanto, poluição das águas é o lançamento e a
acumulação nas águas dos mares, dos rios, dos lagos e demais
corpos d’água, superficiais ou subterrâneos, de substâncias
químicas, físicas ou biológicas que afetem diretamente as
características naturais das águas e a vida ou que venham a lhes
causar efeitos adversos secundários. Em outras palavras, poluição
das águas é a adição, às águas, de esgotos, despejos industriais ou
outro material perigoso ou poluente, em concentrações ou
quantidades que resultem em degradação mensurável da qualidade
da água.[288]
As fontes de poluição da água podem ser: 1) fontes naturais;
ou 2) fontes humanas, tais como: a) esgotos domésticos ou
sanitários; b) esgotos industriais; c) despejos industriais; d) despejos
de águas pluviais de áreas urbanas; e) águas de retorno de
irrigação; f) drenagem de minas, etc.
Com a crescente urbanização e industrialização surge uma
degradação da qualidade das águas, especialmente da água doce.
Os esgotos industriais e domésticos, além dos resíduos agrícolas,
vêm saturando a capacidade de autodepuração dos rios e as águas
tornam-se depósitos de nitratos, fosfatos, agrotóxicos, metais
pesados e outras substâncias tóxicas transportadas pela erosão dos
solos. Essa poluição acaba desaguando no mar, que ainda recebe
lixo tóxico e vazamento de petróleo. Quanto à água dos lençóis
freáticos, cada vez são menos potáveis. Os agrotóxicos, esgotos e
vazamentos de gasolina, além de outros produtos tóxicos lançados
no solo, provocam cada vez mais sua contaminação. Uma vez
poluídos, os lençóis subterrâneos ficam contaminados por muito
tempo, já que não contêm microorganismos para degradação e a
circulação da água se dá muito lentamente. Segundo ANTÔNIO
CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI, o
aumento constante de nitratos nas águas deve-se principalmente
aos esgotos e lixo domésticos e, também, ao uso excessivo de
fertilizantes e à intensificação da criação de gado. Uma das
principais consequências desse excesso é a eutrofização dos
corpos d’água, ou seja, a proliferação desordenada de vegetais
aquáticos, como certas algas. A decomposição deste fitoplâncton
consome grande quantidade de oxigênio dissolvido, acarretando a
morte de peixes e de organismos aquáticos. A eutrofização ocorre
também nos mares, em casos conhecidos como marés vermelhas,
verdes, amarelas ou castanhas. As algas segregam substâncias
tóxicas, que podem provocar a morte de animais marinhos ou fixar-
se nos mariscos, tornando seu consumo perigoso ou mesmo mortal.
Acrescenta-se que substâncias, entre elas cianeto e cromatos,
lançadas nos corpos d’água podem matar algas e peixes a uma
concentração muito baixa. Outros poluentes concentram-se ao
longo da cadeia alimentar, passando das plantas aquáticas para os
animais marinhos e daí para os pássaros e mamíferos.[289]
Não é possível determinar exatamente quanto ou como o
homem polui, já que os poluentes aquáticos são misturas complexas
de muitas substâncias, algumas das quais não muito conhecidas.
Resíduos degradáveis são materiais que podem ser decompostos
pelos processos naturais ou por técnicas de engenharia baseadas
nesses processos. São resíduos menos perigosos para a água,
podendo ser reduzidos em quantidade e intensidade. Tal é o caso
dos esgotos domésticos, de alguns despejos industriais etc. Os
resíduos não degradáveis, provenientes de outros despejos
industriais, água de irrigação, drenagem de minas, escoamento de
águas pluviais etc., podem ser diluídos ou mudar de forma dentro da
água, mas não são apreciavelmente reduzidos em quantidade ou
intensidade.[290] Daí falar-se muito em poluentes biodegradáveis (em
geral aqueles refugos de natureza orgânica, entre eles esgoto
sanitário, que se decompõem com rapidez por meio de processos
naturais ou controlados, estabilizando-se por fim)[291] e poluentes
não-biodegrádaveis (em geral os metais pesados, como o cobre, os
sais de mercúrio, substâncias químicas fenólicas, entre outros, e
que comumente produzem magnificação biológica).[292]
O esgoto doméstico ou esgoto sanitário é a fonte de poluição
da água mais comum, contendo matérias altamente putrescíveis
(grande quantidade de matéria orgânica e microorganismos –
patogênicos ou de indivíduos doentes, bactérias aeróbicas etc.).
Esses materiais instáveis podem ser transformados em compostos
inorgânicos estáveis (bicarbonatos, nitratos, sulfatos e fosfatos), por
meio da ação de bactérias e outros organismos das águas naturais.
Se a carga poluidora não for demasiadamente pesada, a purificação
será aeróbica[293] e feita por esses mesmos organismos com a
utilização de oxigênio dissolvido e consequente ausência de gases
fétidos. Quando a poluição da água é mais forte que a capacidade
de autodefesa da água, ocorre um tipo de degradação anaeróbica
(processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se
perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades) que resulta
na aparição de gases malcheirosos (metano, gás sulfídrico,
mercaptanas etc.).[294]
Ainda quanto aos esgotos sanitários ou domésticos,
lembramos que o seu lançamento puro e simples nos corpos d’água
pode causar doenças às pessoas que ingerem este líquido, ou o
utilizam em outras atividades. São várias as doenças que podem ser
veiculadas na água, tanto pela ingestão quanto pelo contato com a
pele e mucosas.
Os despejos líquidos provenientes de processos industriais;
resíduo líquido industrial; ou, simplesmente, despejos industriais
(industrial waste, em inglês; eaux residuaires industrielles, em
francês; desechos industriales, em espanhol) frequentemente
contêm sais inorgânicos ou metálicos, compostos orgânicos
sintéticos e outros materiais que podem ser tóxicos, corrosivos, de
mau odor, mau sabor e outros efeitos indesejáveis. Eles são mais
(ou menos) nocivos segundo as características da água:
temperatura, grau de diluição ou mistura, fatores químicos e
biológicos etc. Despejos urbanos e industriais contêm uma
variedade de compostos químicos ainda não identificados com
exatidão. Por isso não se conhece bem seu efeito sobre a saúde
humana. Efeitos agudos não são prováveis (exceto no que se refere
aos causados por nitratos e outros produtos químicos), mas as
pessoas expostas por longo tempo à ação dos poluentes podem
contrair doenças crônicas (como distúrbios gastrintestinais).[295]
Na verdade, os esgotos industriais têm, dependendo do tipo
de processamento utilizado, uma composição bastante variada.
Explicam ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ
SÉRGIO PHILIPPI que, de um modo geral, pode-se dizer que
alguns resíduos líquidos industriais são caracterizados por: a)
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO elevada, causando a
redução do oxigênio dissolvido na água; b) presença de compostos
químicos tóxicos e metais pesados; c) cor, odor, turbidez
indesejáveis; d) temperatura elevada que provoca desequilíbrios
ecológicos no corpo receptor; e) nutrientes em excesso, que
causam a autrofização da água, com prejuízos aos seus usos; f)
sólidos dissolvidos e em suspensão; g) ácidos e álcalis, com efeitos
sobre o pH da água; e h) os óleos, as graxas e similares. Tais
características, variáveis para cada tipo de indústria, provocam
alterações no meio aquático, prejudicando o seu uso pelo homem, e
afetando os organismos que vivem na água.[296]
Outrossim, o vírus é uma importante área de estudos da
poluição aquática. O aperfeiçoamento da técnica de reutilização das
águas indicará os meios para separar os organismos capazes de
causar danos à saúde. Os óleos e as graxas muitas vezes inutilizam
águas destinadas à recreação e ao turismo.
A poluição por óleo é consequência quase inevitável de uma
civilização como a atual, dependente de tecnologia baseada na
utilização do óleo. As águas que banham os cais dos portos são
pretas e espessas, de tanto óleo que os navios ancorados despejam
nelas. As camadas finas de óleo impedem a aeração ou reaeração
(renovação do oxigênio)[297] das águas, criando dificuldades para as
plantas marinhas absorverem esse gás. Assim, ficam bem
diminuídas as possibilidades de aproveitamento dessas plantas
como fontes propiciadoras de alimento.
Além disso, usado no combate às pragas, os inseticidas
também vão chegando ao sistema aquático levados pelas
enxurradas, pela água de retorno de irrigação etc. Uma prova de
que o Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT pode contaminar o homem
está nas aves que se alimentam de peixes com concentração desse
inseticida: os pássaros contaminados apresentam 1 milhão de vezes
mais Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT que os peixes comidos. Os
agrotóxicos,[298] agroquímicos ou defensivos agrícolas a base de
Pentaclorobifenila – PCB (bifenilas policlorados)[299] foram notados
em 1966 e, no início da década de 1970, já estavam espalhados por
todo o planeta. O mercúrio, um metal pesado, acumula-se nos
peixes e nos mamíferos que o consomem. A concentração de
mercúrio nos peixes chega a ser mil vezes maior do que na água. O
mercúrio transforma-se quase inteiramente em metil-mercúrio,
quando atinge o tecido animal, e o metil-mercúrio é fácil e
vagarosamente absorvido. O episódio de Minamata no Japão
tornou-se tristemente clássico. Inúmeras pessoas que se
alimentaram de peixe enlatado, contaminado por mercúrio, tiveram
distúrbios neurológicos, e muitas chegaram à morte. Outros metais
pesados também são bastante tóxicos. Vale também mencionar os
detergentes sintéticos, que, por possuírem ligações sulfônicas
(Alquil benzeno sulfonato – ABS) são altamente resistentes a
biodegradação.[300] Em contato com a água, produzem espumas que
prejudicam a vida aquática.[301]
Ademais, as águas poluídas criam problemas para certas
indústrias que precisam gastar muito dinheiro para purificá-las e
depois utilizá-las. É o caso da indústria de refrigerantes e da
indústria de cervejas, que não podem utilizar água bruta.[302] A água
empregada na produção requer quase os mesmos padrões de
qualidade que a água destinada ao uso doméstico (água potável),
[303]
ou seja, tais indústrias utilizam em seu processo de produção
água tratada.[304]

2.2.2.2 Poluição do ar ou poluição atmosférica

2.2.2.2.1 Noções de poluição atmosférica

O homem adulto ingere em média 1,5 (um vírgula cinco)


quilo de alimentos, 2 (dois) quilos de água e 15 (quinze) quilos de ar
por dia, podendo viver 5 (cinco) semanas sem beber e 5 (cinco)
minutos sem respirar. Acrescenta-se que o ar inspirado entra em
contato com 70 (setenta) metros quadrados de superfície alveolar,
nos pulmões. O ser humano é obrigado a respirar o ar disponível,
qualquer que seja a concentração de poluentes atmosféricos.[305]
A emissão maciça de poluentes na atmosfera tem como
nascedouro a Revolução Industrial, apesar de ela, antes mesmo
disso, ocorrer em menor intensidade. Tanto é que a Inglaterra, já em
1306, foi forçada a legislar sobre a poluição ambiental causada
pelas fornalhas, em Londres, já que isto, principalmente durante o
inverno constituía um problema associado ao fogs (uma alteração
climática assemelhada à uma névoa intensa e duradoura). A mesma
Inglaterra, seis séculos e meio depois, mais exatamente em 1952,
sofreu uma poluição atmosférica de origem industrial, o smog, que
matou milhares de pessoas em Londres. Portanto, o mesmo país
que criou a Revolução Industrial foi o primeiro a sentir, também, o
efeito catastrófico da poluição atmosférica gerada pelas indústrias.
[306]

O consumo contínuo e obrigatório de ar é indispensável aos


pulmões, mas muitos outros órgãos também são afetados pelo ar:
olhos, nariz e ouvidos. Embora muitas das decorrências dos
poluentes atmosféricos ainda sejam desconhecidas, alguns efeitos
agudos manifestam-se na irritação das mucosas do sistema
respiratório, na tosse, no desconforto causado por maus odores, na
irritação dos olhos, no prejuízo da visibilidade,[307] no
envenenamento e mesmo na morte. A doença crônica, o
encurtamento da vida, o câncer no pulmão, a bronquite, o enfisema
e as doenças alérgicas são os efeitos que podem surgir em longo
prazo. Alguns gases de escapamento dos veículos são
cancerígenos. Além disso, poluem a atmosfera com altas taxas de
monóxido de carbono. As emissões industriais vêm incrementando a
concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera. Um de seus
efeitos prejudiciais é o fato de funcionar como narcótico, obliterando
os estômagos das folhas, impedindo a fotossíntese. Os materiais
sofrem efeitos dos poluentes atmosféricos quase com a mesma
intensidade que as pessoas. A abrasão dos objetos é provocada por
partículas sólidas transportadas a altas velocidades. O ataque
químico dos materiais pode ser direto (por exemplo, o gás sulfídrico
embaça objetos de prata) ou indireto (absorvido pelo couro, o
dióxido de enxofre transforma-se em ácido sulfúrico, que o
deteriora). A corrosão também pode ser um efeito da poluição. Os
poluentes atuam igualmente sobre a atmosfera. Prejuízos à
visibilidade (consequência do levantamento de poeiras que
permanecem em suspensão ou da formação de partículas que
aumentam de tamanho sob condições de umidade relativamente
alta) elevam o número de acidentes com veículos terrestres e
aéreos. Mais frequentes em áreas urbanas, as formações de neblina
dificultam o trânsito nas estradas. Enfim, a quantidade de radiação
solar recebida por uma cidade com poluição do ar é menor do que a
normal. E a radiação ultravioleta da luz solar é essencial para gerar
vitamina D no corpo humano, além de ter propriedades
microbicidas.[308]
Portanto, podemos definir poluição atmosférica como a
acumulação de qualquer substância ou forma de energia no ar, em
concentrações suficientes para produzir efeitos mensuráveis no
homem, nos animais, nas plantas ou em qualquer equipamento ou
material, em forma de particulados, gases, gotículas ou qualquer de
suas combinações, ou seja, a presença de contaminantes no ar, em
concentrações que impeçam a sua dispersão normal e que
interfiram direta ou indiretamente na saúde, segurança ou conforto
do homem, ou no pleno uso e gozo de suas propriedades.[309]

“ECOLOGIA. TRÂNSITO. EMISSÃO ABUSIVA DE


FUMAÇA POR VEÍCULO AUTOMOTOR. O fato,
como acontecimento da experiência jurídica, enseja,
eventualmente, repercussão plural no direito.
Transitar com veículo, produzindo fumaça em níveis
proibidos, interessa tanto ao direito ecológico, como
ao direito da circulação, os respectivos objetos são
diferentes. O primeiro busca conservar as condições
razoáveis mínimas do ambiente. O segundo policia
as condições de uso e funcionamento de veículos.
Dessa forma, ainda que fisicamente uno o fato,
juridicamente há pluralidade de ilícitos, daí a
legitimidade de o Departamento de Águas e Energia
Elétrica, como do Detran, para aplicar sanções”.[310]

2.2.2.2.2 Espécies de poluição atmosférica

Vale lembrar que os denominados “poluentes atmosféricos”


podem ser classificados em: a) poluentes atmosféricos primários
(são os emitidos diretamente das fontes poluidoras para a
atmosfera, sendo principais os seguintes: fumos, poeiras, névoas,
CO, CO2, NO, NO2, compostos de enxofre, hidrocarbonetos –
derivados de petróleo – e clorofluorcarbonos – CFC); e b) poluentes
atmosféricos secundários (são os formados na atmosfera a partir de
poluentes primários, por meio de reações químicas entre os
hidrocarbonetos e os óxidos de nitrogênio, na presença da luz solar;
entre eles estão o Peroxiacetilnitrato – PAN, o peróxido de
hidrogênio ou água oxigenada – H2O2 – e os aldeídos).
Em relação às fontes causadoras da poluição, podemos,
ainda, classificar a poluição atmosférica em: a) poluição atmosférica
natural (aquela causada por fenômenos da natureza; como fonte
natural de poluição podemos citar os vulcões, o metano derivado da
decomposição anaeróbica de matéria orgânica e o nitrogênio
gasoso produzido por bactérias); b) poluição atmosférica antrópica
(aquela causada por atividades humanas; como fonte antrópicas de
poluição podemos citar a utilização de combustíveis fósseis –
petróleo e derivados, e carvão – para produção de energia, gases
provenientes das indústrias metalúrgicas e químicas, gases emitidos
pelos transportes rodoviários e aéreos, gases da queima de
florestas e detritos etc.).
Ainda quanto às fontes emissoras, podemos classificar a
poluição atmosférica em: a) poluição atmosférica por fonte emissora
estacionária (aquela poluição atmosférica cuja fonte encontra-se
situada constantemente no mesmo lugar, ou seja, aquela que tem
origem na produção industrial, nas usinas termoelétricas, nos
processos de combustão e na queima de resíduos sólidos); e b)
poluição atmosférica por fonte emissora móvel (aquela poluição
atmosférica cuja fonte varia constantemente de lugar, ou seja,
aquela proveniente de veículos automotores à gasolina, álcool e
diesel – carros, caminhões, aviões, motocicletas, barcos,
locomotivas etc.).

2.2.2.2.3 Consequências da poluição atmosférica

Informam ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ


SÉRGIO PHILIPPI que as consequências da poluição do ar podem
manifestar-se em pequena escala, na ordem de alguns quilômetros
quadrados (efeitos locais), até o conjunto da biosfera (efeitos
globais).[311]
Os efeitos locais são sensíveis apenas nas áreas próximas
às fontes de poluição. Entre estes efeitos locais podemos citar os
seguintes: a) danos à saúde humana (desconforto, mau cheiro,
doenças do aparelho respiratório – bronquites, enfisema, asma,
câncer –, asfixia, irritação dos olhos, garganta e mucosas); b) danos
à vegetação (redução da fotossíntese, ataque à folhagem,
alterações no crescimento e produção de frutos, desfiguração da
paisagem etc.); c) danos aos animais (a partir de poluentes
atmosféricos ou pela ingestão de vegetais contaminados); d) danos
aos materiais (sujeira, desgaste, corrosão, alterações na aparência
de prédios e monumentos, deterioração da borracha e produtos
sintéticos); e) alterações climáticas (aumento do volume de chuvas,
redução da radiação e da iluminação, aumento da temperatura).[312]
Os efeitos globais são os que podem afetar todo o planeta,
provocando perturbações nos principais ciclos biogeoquímicos,
como os do carbono, do oxigênio, do nitrogênio e do enxofre.[313]

2.2.2.2.4 O aerossol e a camada de ozônio

Dentro do tema “poluição atmosférica”, devemos fazer


referência também à questão, atualmente muito em voga,
abrangendo o denominado “aerossol” (partículas sólidas ou líquidas
de tamanho microscópico, dispersas em meio gasoso). Aerossol é
um adjetivo usado para designar produtos envasados em
recipientes a pressão, que se expelem em forma de partículas
sólidas ou líquidas, de tamanho coloidal, e, finamente, divididas em
um gás. Do ponto de vista ambiental, segundo diversos cientistas,
alguns dos agentes propulsores liquefeitos (dos aerossóis), como o
tricloromonofluor-metano (CCl3F) ou o diclorodifluormetano (CCl2F2),
podem afetar negativamente a capa de ozônio da estratosfera. Tais
hidrocarbonetos halogenados, lançados na atmosfera, alcançam a
estratosfera alguns anos depois, onde se decompõem pela ação da
radiação ultravioleta, liberando átomos de cloro. Os átomos de cloro
participam dos mecanismos de decomposição do ozônio que atua
como barreira protetora da radiação ultravioleta. A destruição do
ozônio expõe os seres vivos à radiação ultravioleta maior,
claramente prejudicial.[314]

2.2.2.2.5 Aquecimento global e efeito estufa

Ainda em relação à poluição ambiental, ANNA CHRISTINA


SARAMAGO BASTOS e ANTÔNIO CARLOS DE FREITAS
esclarecem que a temperatura da Terra é mantida graças à
atmosfera que a envolve. Portanto, se o nosso planeta não tivesse
atmosfera, a temperatura média na superfície seria muito baixa
(cerca de -18°C), em virtude de que, em tais circunstâncias, toda a
energia recebida do sol refletir-se-ia de volta ao espaço.[315]
Além disso, R. KERRY TURNER, DAVID PEARCE e IAN
BATEMAN acrescentam que na atmosfera concentram-se
naturalmente determinados gases (denominados de “gases de efeito
estufa” ou greenhouse gases), os quais funcionam como uma
espécie de manta (blanket) envolvendo todo o planeta, que retém
parte do calor que é enviado pelo espaço e chega à Terra. Os
principais gases de efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2), o
metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o vapor d’água (cuja geração
não está diretamente ligada a ações humanas), o hexafluoreto de
enxofre (SF6) e os clorofluorcarbonos (CFC), os quais representam
menos de 1/10 (um décimo) de 1% (um por cento) da atmosfera
terrestre, que é composta principalmente de oxigênio (21%) e
nitrogênio (78%).[316] Somente o gás carbônico é responsável por
55% (cinquenta e cinco por cento) do efeito estufa, cabendo ao
metano 15% (quinze por cento), aos clorofluorcarbonos – CFC 20%
(vinte por cento) e ao óxido nitroso, ozônio e outros gases 10% (dez
por cento).
São justamente esses gases que impedem a energia solar
que chega à superfície terrestre de ser refletida diretamente para o
espaço, fazendo com que a radiação infravermelha aqueça
primeiramente a atmosfera antes de ser dissipada por processos
interativos nas camadas atmosféricas superiores. Todavia, vem
ocorrendo o fato de a atividade econômica humana mudar
substancialmente a forma pela qual a energia solar interage com a
atmosfera e escapa de suas estruturas de retenção de calor.
Segundo RICARDO CARNEIRO, quando os processos
industriais queimam carvão, petróleo e gás natural são liberados
enormes contingentes de dióxido de carbono no ar. Quando as
florestas são queimadas, o carbono armazenado e aprisionado nas
árvores escapa para a atmosfera. Algumas outras atividades
básicas, entre elas a criação de gado e o cultivo de arroz, emitem
metano, óxido nitroso e outros gases que provocam o efeito estufa.
Aumentando a capacidade da atmosfera de reter o calor refletido na
superfície, as emissões de gases de efeito estufa estão perturbando
a forma pela qual o clima mantém equilíbrio entre a energia que
entra e a energia que sai do planeta. Acrescenta RICARDO
CARNEIRO que o nosso modelo industrial, baseado na utilização
intensiva de combustíveis fósseis, e nossas necessidades
alimentares crescentes estão, na verdade, engrossando a manta
atmosférica que recobre a Terra. Se antes o clima mudava o
comportamento dos seres humanos, hoje são estes que estão
alterando as condições climáticas.[317] Assim, concluem R. KERRY
TURNER, DAVID PEARCE e IAN BATEMAN que caso os modelos
projetados de produção e consumo sejam mantidos inalterados, as
temperaturas médias da Terra poderão se elevar consideravelmente
nos próximos anos. Tanto o nível atual do aquecimento terrestre
como sua taxa de expansão e sua distribuição pelo planeta são, no
entanto, dados ainda considerados incertos, sobretudo porque o
clima é controlado por 2 (dois) sistemas interligados muito
complexos, que são: a) a atmosfera; e b) os oceanos. Seja como for,
existem alguns consensos científicos mínimos que prevêem um
aumento da temperatura superficial da Terra de algo entre 2°C a
5°C nos próximos 100 (cem) anos se as emissões de gases de
efeito estufa dobrarem no mesmo período.[318] Em suma, podemos
enumerar os seguintes impactos do fenômeno “efeito estufa”,
previstos pelos cientistas de todo o mundo: a) elevação da
temperatura; b) elevação do nível do mar; e c) alterações nas
precipitações pluviométricas (chuvas).
Inclusive, um aumento de temperatura na magnitude prevista
poderia, segundo o THE ASPEN INSTITUTE, ser desastroso para a
economia mundial. Em razão do derretimento das calotas polares e
da propriedade físico-química de dilatação térmica da água, o nível
dos oceanos subiria, inundando muitas regiões litorâneas e
deslocando populações urbanas e rurais em todo o planeta. Por
outro lado, as previsões do THE ASPEN INSTITUTE são no sentido
de que a mudança dos padrões de temperatura e precipitação
pluvial produziriam secas em alguns lugares, perda da produtividade
agrícola em outros e destruição generalizada de florestas e animais
selvagens. Alerta, ainda, o THE ASPEN INSTITUTE que, apesar
desses efeitos potencialmente catastróficos, a comunidade
internacional tem oferecido respostas lentas e pouco efetivas à
ameaça do aquecimento global. Na verdade, como as modificações
climáticas previstas ainda não são totalmente perceptíveis e os
danos mais concretos somente se tornarão verdadeiramente
aparentes daqui a alguns anos, as sociedades atuais ainda não se
sentiram suficientemente motivadas a adotar medidas concretas em
relação ao problema, o que demandaria ajustes sociais e
econômicos consideráveis. O consumo mundial de combustíveis
fósseis precisaria ser sensivelmente diminuído, alterando a matriz
energética das economias modernas. Além disso, seria necessário
modificar os sistemas de transporte e os processos de produção
agrícola e industrial, além de diminuir o desmatamento e as
queimadas. Em suma, opina o THE ASPEN INSTITUTE que os
investimentos seriam certamente volumosos e teriam que começar a
ser imediatamente implementados. Essa combinação de custos
substanciais a curto ou médio prazo e resultados incertos em longo
prazo é a receita clássica para a inércia política.[319]
O Fundo Mundial para a Natureza – WWF, por sua vez,
estimou que para deter as mudanças climáticas, as emissões de
CO2 devem ser reduzidas em 50% (cinquenta por cento) em todo o
mundo até o ano 2050. Os países ricos teriam de reduzir as
emissões em 80% (oitenta por cento). Entretanto, as metas fixadas
no Protocolo de Kyoto, anexo à Convenção da Organização das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, para reduzir tais
emissões de gases que provocam o efeito estufa são muito
inferiores. O parágrafo 7.º do art. 3.º do Protocolo de Kyoto
estabelece que entre 2008 e 2012 as emissões dos poluentes
considerados causadores do aquecimento global deverão começar
a ser reduzidas, em média, em 5,2% em relação aos níveis de 1990.
Isso equivale a uma redução de 42% (quarenta e dois por cento) no
nível de emissões atual e o custo dessa operação foi estimado entre
US$ 10 e 50 bilhões. Para os países da União Européia, foi
estabelecida a redução de 8% (oito por cento) com relação às
emissões de gases em 1990. Para os Estados Unidos, a diminuição
prevista foi de 7% (sete por cento) e, para o Japão, de 6% (seis por
cento). Para os países em desenvolvimento, como Brasil, China,
Índia e México não foram estabelecidos níveis de redução.[320]
No entanto, desde quando foi assinada em Nova York
(09.05.1992) a United Nations Franmework Convention on Climate
Change – FCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas), aprovada pelo Decreto Legislativo 1, de
03.02.1994, e promulgada pelo Decreto 2.652, de 01.07.1998, muito
pouco foi efetivamente realizado a nível mundial para conter o
avanço do processo de aquecimento global da Terra. Mesmo assim,
na opinião de EMILIO LÈBRE ROVERE, tal Convenção representa
um marco importante, por reconhecer o princípio da
responsabilidade comum, embora em níveis diferenciados entre os
países que dela fazem parte.[321] RICARDO CARNEIRO também
endossa esse ponto de vista ao afirmar que, de fato, são os países
mais ricos que devem arcar com a maior parte dos custos para
evitar os efeitos do aquecimento da atmosfera terrestre, uma vez
que ainda são eles os responsáveis pela maior parte das emissões
de gases de efeito estufa, desde a Revolução Industrial. Isso não
significa, entretanto, que as nações menos desenvolvidas devam
ficar isentas do engajamento no esforço mundial de controle e
redução dos padrões de emissão. Todavia, esses países têm
pleiteado mais prazo e recursos para diminuir o nível de suas
emissões, ao argumento de que, por um lado, seriam responsáveis
por pequena parte do lançamento de gases e de substâncias
causadoras do efeito estufa, e, por outro, se não receberem um
tratamento diferenciado, poderão ser privados do nível de bem-estar
econômico a que tiveram acesso os países desenvolvidos.[322]
Segundo EMILIO LÈBRE ROVERE, tal diferenciação foi introduzida
na United Nations Franmework Convention on Climate Change –
FCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas) através da criação de um “Anexo I”, composto por 36
(trinta e seis) partes da Convenção, incluindo os países ricos da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico –
OCDE [323] e aqueles, à época, em processo de transição para a
economia de mercado (países do Leste Europeu). Os países ricos
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
– OCDE e os países do Leste Europeu, em 1990, foram, em
conjunto, responsáveis por 75% (setenta e cinco por cento) das
emissões globais de dióxido de carbono. Os Estados Unidos,
sozinhos, representaram, segundo EMILIO LÈBRE ROVERE, 27%
(vinte e sete por cento) dos totais de emissão deste gás.[324]
Acrescenta EMILIO LÈBRE ROVERE que, durante a
Conferência do Rio de Janeiro (ECO-92), a maioria dos países
europeus advogaram, como forma de implementação da United
Nations Franmework Convention on Climate Change – FCCC
(Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas), que no ano 2000 os países do “Anexo I” deveriam
estabilizar as emissões de gases de efeito estufa nos mesmos
níveis registrados em 1990, o que sofreu forte oposição dos países
árabes produtores de petróleo e dos Estados Unidos da América,
que ameaçaram não assinar a Convenção. Em virtude disso, o texto
final da United Nations Franmework Convention on Climate Change
– FCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas) acabou por simplesmente ser elaborado de maneira a
colocar tal estabilização como objetivo a ser alcançado, sem
estabelecer, no entanto, qualquer compromisso ou meta formal.
Outrossim, desde o ano de realização da ECO-92 (Rio de Janeiro),
o tema vem sendo discutido nas chamadas “Conferências das
Partes”, acontecidas em abril de 1995 (Berlim), julho de 1996
(Genebra), dezembro de 1997 (Kyoto), novembro de 1998 (Buenos
Aires), novembro de 1999 (Bonn) e novembro de 2000 (Haia). Em
todas essas Conferências das Partes, os Estados Unidos vem
tentando viabilizar alternativas à fixação de metas e prazos, para a
redução de gases de efeito estufa, bem como para prefixação de
metas e prazos para a redução de gases de efeito estufa,
procurando implementar os chamados “mecanismos de
flexibilização”, entre eles o joint implementation (implementação
conjunta) e o emissions trading (comércio de emissões), pelos quais
um país integrante do “Anexo I” poderia, em vez de cumprir
integralmente suas metas de emissão, optar por parcerias e
investimentos em projetos de outros países pertencentes ao mesmo
“Anexo I”, no que se refere a atividades consideradas
ambientalmente aptas a evitar as emissões relacionadas ao
problema do aquecimento global (projetos ligados ao
desenvolvimento de novas fontes energéticas renováveis, à
conservação de energia, ao reflorestamento para sequestro de
carbono da atmosfera – o processo de fotossíntese absorve o
dióxido de carbono da atmosfera – etc.). De maneira que tais
investimentos gerariam certificados de crédito, que, devidamente
contabilizados, seriam utilizados na composição das cotas de
emissão e, quando excedentes, poderiam ser negociados
internacionalmente.[325]
RICARDO CARNEIRO informa, ainda, que um terceiro
mecanismo de flexibilização foi aperfeiçoado a partir da proposta
brasileira apresentada em maio de 1997, que consistia na criação
de um Fundo de Desenvolvimento Limpo, formado por contribuições
dos países desenvolvidos que não conseguissem cumprir suas
metas de redução, com recursos para serem empregados em
projetos de países em desenvolvimento. Segundo RICARDO
CARNEIRO, na Conferência das Partes realizada em Kyoto, a idéia
do Fundo de Desenvolvimento Limpo foi adaptada, criando-se o
Clean Development Mechanism – CDM (Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo) e introduzindo-se a cooperação dos
projetos geradores de certificados de redução de emissões, os quais
poderão ser obtidos através de investimentos dos países ricos em
países em desenvolvimento.[326] Todavia, informa EMILIO LÈBRE
ROVERE que há o temor de que os países integrantes do “Anexo I”
da United Nations Franmework Convention on Climate Change –
FCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas), sobretudo no que se refere aos membros da
Organization for Economic Cooperation and Development – OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
ao investirem em projetos Clean Development Mechanism – CDM
(Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) nos países não
pertencentes ao “Anexo I” e utilizarem os respectivos créditos de
emissões evitadas, acabem burlando as necessárias mudanças em
seus padrões de produção e consumo e estabeleçam
condicionamentos aos fluxos de recursos financeiros dos países
desenvolvidos para os países em desenvolvimento, reforçando os
mecanismos de dominação Norte-Sul.[327]
Por outro lado, na opinião de RICARDO CARNEIRO, é
importante reconhecer que as medidas e providências adequadas
ao controle e minimização dos efeitos do aquecimento da atmosfera
terão, mais cedo ou mais tarde, impactos diretos significativos em
relação aos processos industriais. Por mais que os países se
comprometam em tratados e acordos internacionais a acolher metas
de redução de emissões de poluentes, a implementação dessas
medidas depende de leis e de políticas econômicas adotadas por
cada país soberanamente. E isso pode desencadear graves
processos concorrenciais internacionais, na medida em que as
empresas de um país tendem a perder competitividade em relação a
seus rivais estrangeiros, quando esses forem beneficiados por
padrões mais tolerantes de emissão definidos pelos governos dos
países onde se encontrarem instalados.[328]

2.2.2.3 Poluição do solo

Quanto ao solo poluído, lembramos que as atividades que o


homem desenvolve sobre o solo, alterando as suas características
naturais (por intermédio de mudanças na sua estrutura física ou pelo
lançamento de resíduos em sua superfície) implicam muitas vezes
na sua poluição, prejudicando desta forma os organismos que vivem
ou dependem do solo, com reflexos sobre o homem e em suas
atividades.
Portanto, a má disposição do lixo urbano, o depósito de
resíduos sólidos em terrenos baldios (“lixões” a céu aberto) e
mesmo a forma de “aterro sanitário” (quando não construídos
corretamente) são geradores de moscas, ratos e outros animais
nocivos. A simples queima do lixo a céu aberto não elimina nem
distancia o mal, ou seja, queimados a céu aberto, tais resíduos
tornam-se importante fonte de poluição do ar, sem falar dos
incômodos causados à população. As latas, os plásticos e os vidros
são materiais de difícil degradação. Por isso, quando lançados ao
solo, tendem a permanecer sem reciclar os elementos químicos
importantes para a matéria e sua estruturação. Além de causar
problemas estéticos (aspecto desagradável), podem constituir focos
de insetos e roedores (ambos vetores de doenças transmissíveis);
maus odores resultantes da decomposição dos resíduos; poluição
da água subterrânea e das águas superficiais, por meio de
infiltração de líquidos e carreamento de impurezas por escoamento
superficial; desvalorização das áreas próximas etc. Inclusive, no
Brasil, grande parte do lixo é composta de matéria orgânica,
gerando problemas de saúde pública, proliferação de insetos etc.
A deposição, no solo, dos lodos resultantes de processos de
tratamento de esgotos é outra fonte de poluição. Segundo,
ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO
PHILIPPI, é comum a presença, nestes lodos, de ovos de parasitas
intestinais, de microorganismos patogênicos resistentes ao
tratamento e de compostos químicos nocivos. Além disso, informam
eles que o destino a ser dado ao lixo contendo substâncias tóxicas,
resultantes de processos industriais, vem se constituindo um
problema de difícil solução, pois o seu lançamento no solo pode
resultar na sua poluição, com graves consequências para o homem.
[329]

Outro fator que concorre para a poluição do solo é o uso


indiscriminado dos defensivos agrícolas e fertilizantes. Se não forem
utilizados de maneira adequada, alguns defensivos agrícolas,
principalmente do grupo dos organoclorados (DDT, BHC, Endrin
etc.), podem persistir com seu princípio ativo tóxico no solo, durante
10 (dez) ou mesmo 15 (quinze) anos. Os organofosforados
concorrem ainda para a eutrofização (acúmulo de sais minerais
nutrientes) das águas, por lixiviação do fósforo do solo para os
corpos hídricos. O mesmo problema ocorre com relação aos adubos
químicos, em geral à base de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre,
que assim incrementam esses ciclos biogeoquímicos.[330]
Como podemos observar, as principais fontes de poluição do
solo são as seguintes: a) aplicação de agentes químicos; b)
presença de dejetos oriundos de animais domésticos; c) despejos
de resíduos sólidos (lixo); d) lançamento de resíduos líquidos
(esgoto), domésticos ou industriais; e) atividades que possam
resultar na erosão do solo.
De maneira que podemos definir poluição do solo a
contaminação do solo por qualquer um dos inúmeros poluentes
derivados da agricultura, da mineração, das atividades urbanas e
industriais, dos dejetos animais, do uso de herbicidas ou dos
processos de erosão.

2.2.2.4 Poluição térmica

A temperatura é, sem sombra de dúvida, o fator ecológico


mais estudado e conhecido. Sua influência é universal e constitui
frequentemente um fator decisivo para o desenvolvimento e
distribuição dos animais e plantas. A temperatura se relaciona com
a intensidade de energia calorífica. Portanto, apresenta um aspecto
quantitativo.[331]
Em qualquer ambiente deve-se considerar antes de tudo as
temperaturas externas. No ambiente aquático, a temperatura não
desce abaixo do ponto de congelação em condições naturais. Isto
significa que a temperatura da água não é nunca inferior a 0°C e
nos oceanos nunca desce além de -2,5°C (dois vírgula cinco graus
negativos). A temperatura máxima nos ambientes marinhos de
qualquer extensão, corresponde com toda probabilidade aos
registros de 36°C (trinta e seis graus positivos), em média, obtidos
no Golfo Pérsico. Nos pantanais formados na zona litorânea, as
temperaturas podem ser mais elevadas. A temperatura mais baixa
registrada em terra firme corresponde a uma localidade situada no
interior da região setentrional da Sibéria, onde em 1947, a leitura do
termômetro assinalou -70°C (setenta graus negativos). A mesma
temperatura já foi também assinalada no extremo setentrional do
território de Yukon. E no ano Geofísico Internacional, os
meteorologistas soviéticos localizaram um ponto a 640 (seiscentos e
quarenta) km do Pólo Sul onde registraram -87°C (oitenta e sete
graus negativos). Oposto a esta, em alguns desertos já se observou
60°C (sessenta graus positivos). O solo de tais localidades,
expostos aos raios solares chega a 84°C (oitenta e quatro graus
positivos). Nas águas das fontes termais, como os geisers, já se
assinalou quase 100°C (cem graus positivos).[332]
Outrossim, as aves e os mamíferos são animais
homeotermos, chamados de “sangue quente”, porque conservam
constante a temperatura interior do corpo, permanecendo isolados
do calor e do frio do exterior. Todos os demais são animais
poiquilotermos, isto é, apresentam temperaturas próximas à do meio
ambiente e variam a própria de acordo com a do exterior. Assim, o
tubarão é um poiquilotermo e a sua temperatura varia de acordo
com o lugar onde está nadando. No entanto, mesmo os
poiquilotermos apresentam uma temperatura interna máxima (em
torno de 45°C) e uma temperatura interna mínima (em torno de
5°C), além das quais não sobrevivem. Excepcionalmente, há algas
azuis e bactérias, nas águas termais do parque Yellowstone que
vivem à temperatura de até 88°C (oitenta e oito graus positivos).
Assim, a temperatura aquática varia sempre dentro dos limites de
tolerância para muitos animais e vegetais. Pelo contrário, em solo
firme não raras vezes a temperatura é prejudicial à vida.[333]
As mudanças de temperatura são reguladas por vários ciclos
astronômicos e climáticos. No ambiente aquático, a passagem do
sol à sombra origina uma variação inferior a 0,1°C, até a
profundidade de 5 (cinco) metros. Na superfície, a diferença entre o
dia e a noite não chega a 1°C. A máxima oscilação na superfície do
oceano é de uns 4°C. Na superfície terrestre há ocasiões em que a
temperatura é de 17°C mais elevada durante o dia do que durante a
noite. Em lugares desérticos esta diferença pode atingir 40°C. Nas
zonas de marés, a temperatura varia assustadoramente. Assim, há
lugares que no mesmo dia desce de 38°C para 10°C. Portanto, as
temperaturas dos ambientes sofrem oscilações entre máximos e
mínimos.[334]
Por outro lado, todos os seres vivos apresentam uma
“temperatura máxima e mínima de sobrevivência”. Por temperatura
máxima, entendemos a que o ser pode suportar e acima da qual
sobrevém a morte. A mesma coisa, em sentido contrário, para a
temperatura mínima. Mas, é importante guardar que ambas as
temperaturas dependem do tempo. A alga chlorella pode
permanecer gelada a -18°C (dezoito graus negativos) pelo espaço
de uma hora. O peixe negro do Alasca pode permanecer gelado por
espaço de 40 (quarenta) minutos, a temperaturas inferiores a -20°C
(vinte graus negativos). A larva da mosca das frutas, ceratitis
capitata, morre depois de 7 (sete) semanas se a temperatura for de
7°C (sete graus positivos); morre depois de 3 (três) semanas a 4°C
(quatro graus positivos); e morre depois de 2 (duas) semanas a 1°C
(um grau positivo). Ademais, muitos animais e plantas apresentam
estruturas e mecanismos especializados que se relacionam com o
problema da temperatura. Alguns animais apresentam esporos,
cistos, ovos, sementes, capazes de suportar mudanças extremas.
Estas estruturas e mecanismos especializados são denominados
“adaptações morfológicas e fisiológicas”.[335] Entre estas adaptações
podemos citar ainda a hibernação,[336] a estivação[337] e a diapausa.
[338]

Como se vê, a sobrevivência e a permanência de animais e


vegetais em um determinado ambiente depende necessariamente
do fato de a temperatura externa se manter dentro dos limites de
“temperatura máxima e mínima de sobrevivência” desses mesmos
animais e plantas. Portanto, a permanência ou existência de uma
espécie dentro de uma região segue 2 (dois) princípios básicos: 1) a
temperatura deve permanecer em todo o momento dentro dos
limites toleráveis pelo organismo; 2) a temperatura deve ser
suficientemente elevada ou em alguns casos, suficientemente
prolongada para permitir o desenvolvimento e reprodução da
espécie.
Caso a temperatura externa se eleve ou venha a cair de
maneira a ultrapassar estes limites, causa os seguintes efeitos ou
fenômenos: 1) migrações térmicas (mudança para outro ambiente, a
fim de evitar as altas ou baixas temperaturas); 2) diminuição de
atividades (a descida da temperatura implica de ordinário, na
diminuição da atividade, principalmente entre os animais de sangue
frio e os vegetais; quase todos procuram movimentar-se o mínimo
que podem); 3) proliferação exagerada (alguns espécimes da flora e
da fauna se reproduzem mais quando submetidos a calor
extraordinário); 4) concentração em um mesmo local (alguns
espécimes da flora e da fauna concentram-se com mais intensidade
em ambientes submetidos a temperaturas extraordinárias); 5)
crescimento anormal de espécimes (é certa a influência que a
temperatura exerce tanto sobre o tamanho absoluto dos animais,
como sobre as proporções relativas de algumas de suas partes; por
exemplo, entre aves e mamíferos da mesma espécie, os que vivem
em regiões frias são maiores – regra de Bergaman); 6)
mudança de coloração dos espécimes (em climas quentes e
úmidos, muitos mamíferos, aves e insetos se tornam mais escuros
que os da mesma espécie em outras regiões – regra de Aloguer); e
7) extinção de espécimes na área afetada pela oscilação anormal de
temperatura.
Visto isto, podemos dizer que a poluição térmica é a poluição
relativa ao aumento de calor em um determinado ambiente,
provocado por atividades humanas, além dos níveis ordinariamente
verificados. Ela pode ser: 1) poluição térmica tolerável (quando
apenas provocam modificações no comportamento habitual da
fauna e da flora); ou 2) poluição térmica intolerável (quando
provocam a migração térmica ou a extinção de espécimes no
ambiente).
Em outras palavras, por poluição térmica deve ser entendido
o efeito produzido pela introdução de calor no meio ambiente como
consequência das atividades humanas. Em sua maior parte esta
cessão de calor procede das centrais térmicas, clássicas ou
nucleares, que descarregam a água de refrigeração em rios ou
lagos.[339]

2.2.2.5 Poluição transfronteira

Poluição transfronteira é aquela poluição que, provocada


pela exploração de recursos naturais ou qualquer outra atividade
humana, dentro dos limites de jurisdição ou sob o controle de um
país, produz dano ao meio ambiente em área ou recursos de outros
países ou em regiões fora de qualquer jurisdição. Em outras
palavras, a poluição transfronteira é poluição cujos efeitos e
agressão ao meio ambiente extrapolam as fronteiras nacionais.

2.2.2.6 Poluição visual


A poluição visual, a bem da verdade, constitui um conceito
subjetivo que diz respeito às interferências do homem na
paisagem[340] natural ou antrópica,[341] em desarmonia com os
demais elementos que a definem (a paisagem) ou considerados
desagradáveis pelo observador. Em outras palavras, a ocupação
desordenada de uma área urbana pode resultar na transformação
da paisagem, constituindo a poluição visual. Nem sempre há uma
preocupação com construções que componham a paisagem
existente, procurando harmonizar a vegetação natural com as
edificações.[342] Portanto, a nosso ver, a poluição visual é uma
realidade, e a cada dia que passa ganha relevo entre as
organizações governamentais e não governamentais que lutam pela
preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado e da
qualidade de vida, principalmente urbana.
Para ELIDA SÉGUIN, poluição visual é um tema polêmico,
como o é o conceito de feio. Para alguns autores ela simplesmente
não existe, exceto no caso do entorno de bens tombados. Para
outros, a paisagem urbana, mesmo a que não tem restrições, faz
parte do patrimônio coletivo. O tema ganha novo enfoque quando se
trata de dispositivos que distraiam a atenção de motoristas, por uma
questão de segurança nas vias públicas de circulação.[343]
Como se vê, os equipamentos urbanos são, quase sempre,
dispostos nas cidades sem haver uma preocupação com os
aspectos estéticos, criando ambientes de feição bastante
desagradável às pessoas. A forma inadequada de depositar
resíduos sólidos em terrenos baldios é uma prática comum nas
cidades, causando aspectos estéticos desagradáveis e contribuindo
para a desvalorização das áreas próximas. As técnicas de
propaganda utilizadas atualmente, por meio da colocação de
anúncios e cartazes das mais variadas formas, nos mais diversos
locais da cidade, além dos problemas de segurança desfavoráveis,
contribuem bastante para a poluição visual urbana. Segundo
ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO
PHILIPPI, áreas de grande valor ecológico e paisagístico são
gradativamente ocupadas, transformando locais de grande beleza
em densas áreas urbanas. É o caso das dunas, manguezais,
encostas de morros e margens de rios, lagoas etc. Além dos efeitos
negativos, sob o ponto de vista ecológico, este processo de
ocupação desordenada provoca a perda de locais que proporcionem
à população das cidades um bem-estar mental e social.[344]
O controle da poluição visual, a cada dia que passa, vem
ganhando importância para a sociedade e para os legisladores, bem
como é motivo de recrudescimento dos órgãos governamentais de
monitoramento, fiscalização e controle da poluição. Como melhor
exemplo disso, citamos a Lei Complementar Municipal 16, de
04.06.1992, que dispõe sobre a Política Urbana do Município do Rio
de Janeiro e institui o Plano Diretor Decenal da Cidade, a qual no
inciso IV do parágrafo 1.º do seu art. 127 dispõe que os programas
de controle da poluição compreenderão o monitoramento, a
fiscalização e o controle da poluição, efetiva ou potencial, causada
por obras, atividades, instalações e equipamentos, sendo que na
formulação destes programas devem ser definidos padrões
ambientais que assegurem a redução dos efeitos da poluição visual
em áreas de grande concentração urbana.

2.2.2.7 Poluição sonora ou acústica

Durante muito tempo, a palavra “som” designou apenas as


sensações recebidas pelo aparelho auditivo, mas a física moderna
deu-lhe um significado mais preciso. O som tornou-se objeto de
estudo da acústica quanto à natureza, à produção e à propagação,
e foi definido como sendo o resultado de movimentos vibratórios dos
corpos (períodicos ou aperiódicos) em um meio elástico.[345]
São 4 (quatro) os aspectos considerados essenciais do som:
1) a intensidade (característica que o som apresenta de ser forte ou
fraco, e depende da amplitude da vibração que o provocou; varia
também conforme a distância entre a fonte e o ouvinte; se o som
está propagando-se em espaço aberto, em todas as direções, sua
intensidade diminui na razão inversa do quadrado da distância,
entre o observador e a fonte; quando se propaga em uma só
direção, como num tubo sonoro, a intensidade diminui muito menos,
por essa razão empregam-se alto-falantes e outros equipamentos
para levar o som a distâncias maiores); 2) a altura (embora
frequentemente seja confundida com a intensidade, é um fenômeno
diferente; trata-se da característica que o som apresenta de ser
grave ou agudo e depende da frequência do movimento vibratório;
conforme aumenta o número de vibrações por unidade de tempo, o
som torna-se mais agudo; o limite mínimo de percepção é de 16
ciclos por segundo e o máximo é de 30.000 ciclos por segundo;
abaixo ou acima desses limites, têm-se os infra-sons e os ultra-
sons, de aplicação científica); 3) o timbre (é a qualidade que permite
distinguir a natureza da fonte emissora); 4) a duração (tal
característica depende da própria fonte – quando esta se mantém
em contínua produção – ou de que a fonte não seja impedida de
continuar vibrando).[346]
Tendo o som um limite máximo de tolerência em relação ao
ouvido humano e ao dos demais animais, obviamente é razoável se
falar em poluição. O ruído em excesso é um fato comum em
grandes centros urbanos. Várias atividades desenvolvidas pelo
homem, nas cidades, resultam na emissão de sons em altas
intensidades, contribuindo para uma nova modalidade de poluição:
poluição sonora ou acústica.
Portanto, poluição sonora pode ser definida como o excesso
de som produzido artificialmente que causa danos ao meio ambiente
(tanto em relação à fauna, como à flora) ou à saúde dos próprios
seres humanos. Acrescenta-se que a poluição sonora pode ser
medida em decibel (dB), ou seja, segundo escala de indicação do
nível de pressão sonora.
Nas palavras de ELIDA SÉGUIN, poluição sonora constitui
qualquer alteração adversa das características ambientais causadas
por som ou ruído, que direta ou indiretamente, seja nociva à saúde,
à segurança ou ao bem-estar coletivo.[347]

“ALVARÁ. CARÁTER PRECÁRIO. AUTUAÇÕES


REITERADAS. CASSAÇÃO. 1 – Se o alvará para
funcionamento do estabelecimento foi concedido em
caráter precário, com a observação de que a perturbação
do sossego público poderia acarretar sua cassação, e os
autos evidenciam várias autuações em razão não só do
nível do ruído, mas também por inobservância do horário
de funcionamento, cassando a licença, nenhuma
irregularidade comete a autoridade”;[348]

“Não deve ser penalizado estabelecimento comercial,


devidamente autorizado pelo poder público, pelos sons
emitidos por seus frequentadores, assim como também
não pode ser responsável pelos ruídos provocados por
veículos automotores de seus fregueses, se a emissão de
som dentro do estabelecimento não excede o nível
máximo estabelecido na legislação edilícia”.[349]

Existem 2 (dois) tipos de sons que podem causar


perturbações para as pessoas: 1) o som humano (gritarias,
algazarras, som transmitido através de aparelhos elétricos e
eletrônicos, muito, etc.); 2) o som inumano que pode ser feito por
instrumentos musicais, sinos, buzinas, ou de máquinas decorrentes
de uma atividade industrial.
A propagação dessas perturbações pode ser feita por 2
(dois) meios: 1) através da ação ou da omissão: na ação acontece
quando o próprio agente é o causador, como o ato de fazer uma
batucada ou aumentar até o último volume do som do carro,
enquanto, na omissão o agente também é o responsável, mas por
permitir, por exemplo, que o cachorro passe todo o dia latindo, ou os
sons que os aparelhos domésticos emitem por estarem
desregulados, ou sons extremamente altos que prejudiquem os
vizinhos, assim também como a omissão de deixar o filho brincando
com um sino a noite inteira.
Portanto, a poluição sonara caracteriza-se pelo som
produzido acima dos limites e parâmetros estabelecidos por normas
ambientais. Com efetio, encontra-se em vigor Resolução/CONAMA
n° 1, de 08.03.1990,[350] que indica os ruídos que são prejudiciais à
saúde e que são aceitáveis, conforme a norma NBR 10.151
(Avaliação em Área Habitada visando o conforto da comunidade),
da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Em suma, no meio urbano, as principais fontes de poluição
acústica ou sonora são: a) os meios de transporte; b) obras de
construção civil; c) atividades industriais; d) aparelhos
eletrodomésticos; e e) o próprio comportamento humano. Todas
estas fontes produzem sons, os quais, quando em excesso, são
prejudiciais ao organismo humano. O principal efeito da poluição
acústica é a perda gradativa da audição, fato já comprovado em
diversas pesquisas científicas. Além disso, o barulho contribui para
outros sintomas, tais como a irritabilidade, incômodo, exaustão
física, distúrbios psíquicos, perturbações do sistema nervoso central
e até mesmo para perturbações cardíacas e circulatórias. Portanto,
é importante considerar estes aspectos da poluição acústica de uma
cidade, visando ao bem-estar e à saúde da população.[351]
Da mesma forma que a poluição visual, o controle da
poluição sonora, a cada dia que passa, também vem ganhando
importância para a sociedade e para os legisladores, bem como é
motivo de recrudescimento dos órgãos governamentais de
monitoramento, fiscalização e controle da poluição. Como melhor
exemplo disso, citamos a Lei Complementar Municipal n° 111, de
01.02.2011, que dispõe sobre a Política Urbana e Ambiental do
Município do Rio de Janeiro, institui o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de
Janeiro, a qual no art. 119 dispõe que tanto o monitoramento quanto
o controle e fiscalização da poluição ambiental devem contemplar o
cadastramento e a avaliação da qualidade e da vulnerabilidade
ambiental, visando impor diretrizes e metas que possibilitem a
proteção especial: I- da cobertura vegetal e fauna associada; II- da
água pra consumo humano; III- das condições de balneabilidade
das águas de contato humano e da areia das praias; IV- dos corpos
hídricos, suas faixas marginais e seus sedimentos, especialmente a
água subterrânea, os aquíferos e suas áreas de recarga; V- da
atmosfera, particularmente os poluentes formadores de ilhas de
calor e degradadores do microclima; VI- do solo, subsolo e a água
subterrânea em face de atividades que possuam expressivo
potencial poluidor ou ainda das áreas contaminadas por
lançamentos ou passivos ambientais; VII- da coletividade contra a
poluição sonora e vibrações de atividades industriais, comerciais,
shows, torneios e atividades recreativas que possam vir a intervir
com o sossego público; VIII- da coletividade contra radiações
eletromagnéticas nocivas à saúde; IX- da paisagem da cidade para
sua fruição pela coletividade.

2.2.2.8 Poluição radioativa

Radiação (radiation, em ingles; radiation ou rayonnement,


em francês; radiación, em espanhol) constitui o processo de
emissão de energia eletromagnética (calor, luz, raios gama, raios X)
e partículas subatômicas (elétrons, nêutrons, partículas alfa etc.); a
energia ou as partículas assim emitidas. A radiação pode ser
entendida como a emissão e propagação de energia através do
espaço de um meio material sob a forma de ondas
eletromagnéticas, sonoras etc.[352] Em outras palavras, é a emissão
de partículas atômicas rápidas ou raios pelo núcleo de um átomo,
[353]
ou seja, a emissão de partículas ou raios pelo núcleo de um
átomo. Alguns elementos são naturalmente radiativos, enquanto
outros se tornam radioativos após bombardeamento com nêutrons
ou outras partículas. As três formas principais de radiação são: alfa,
beta e gama.[354]
Já radioatividade (radioactivity, em inglês; radioactivité, em
francês; radiactividad, em espanhol) é o processo em que certos
nuclídeos sofrem desintegração espontânea, em consequência da
qual liberam energia, formando, em geral, novos nuclídeos. No
processo costuma haver emissão de um ou mais tipos de radiação,
como raios (ou partículas) alfa, fótons gama etc.[355] Em outras
palavras, radioatividade é a propriedade que apresentam certos
núcleos atômicos instáveis de se desintegrarem espontaneamente.
A desintegração é acompanhada geralmente pela emissão de
partículas alfa ou beta e ou ainda de raios gama.[356]
Para ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ
SÉRGIO PHILIPPI, a poluição radioativa ocorre quando há o
aumento dos níveis naturais de radiação por meio da utilização de
substâncias radioativas naturais ou artificiais. A radiação natural na
superfície da Terra está em torno de 100 a 150 mrem por ano.[357]
Todavia, esta quantidade de radiação natural é considerada
inofensiva para o homem, que pode suportar sem perigo aparente
até 1.000 mrem por ano. Os oceanos também possuem sua
radioatividade natural, gerada principalmente por compostos
radioativos como o Potássio 40 (k) e o Rubídio 87 (Rb), assim como
os compostos originados do Urânio 92 (U) e do Tório 90 (Th). No
entanto, radiações superiores a 1.000 mrem por ano implicam em
poluição radiativa altamente perigosa para o ser humano e demais
seres vivos.[358]
Experiências com ogivas atômicas realizadas há vários anos
geraram grande quantidade de resíduos radioativos, os quais são
transportados para a atmosfera e espalham-se pela superfície do
planeta, no ar, água e solo, aumentando a radioatividade natural.
Explosões nucleares experimentais como as realizadas pela França
nos atóis do Indo-Pacífico (Bikini, Muroroa etc.) disponibilizam
elevados índices de radiação residual no ambiente marinho, onde
são feitos os testes. Mais de 500 (quinhentas) explosões já foram
detonadas nos oceanos, subsolo e na atmosfera nas últimas 3 (três)
décadas por países da Europa e Estados Unidos.[359]
Esclarecem, ainda, ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA
ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI que, tanto na fase de obtenção,
purificação e concentração dos combustíveis nucleares
(principalmente Urânio e Tório), como durante a fase de operação
das usinas nucleares, grande quantidade de lixo radioativo é
produzido. No resfriamento dos reatores utiliza-se água dos mares e
rios, que é devolvida ao ambiente, contaminada pela radiação e
aquecida (poluição térmica). Com o aumento do número de reatores
nucleares em uso no planeta, a crescente quantidade dos resíduos
radioativos oriundos desta atividade já se encontra em situação
alarmante. Muitos países recolhem seus resíduos radioativos em
contêineres blindados, lançando-os nos oceanos, fora dos limites da
plataforma continental, a milhares de metros de profundidade.[360]
Vale acrescentar que, assim como ocorre com os
agrotóxicos, poluição industrial e orgânica, os organismos também
acumulam e concentram radioatividade em seus tecidos, muitos
vezes em níveis extremamente elevados. No oceano, as algas
podem apresentar uma radioatividade de 1.000 a 5.000 vezes
superior à da água circundante. Os animais que se alimentam
dessas algas tendem a concetrar ainda mais tais substâncias. Os
fatores de bioacumulação variam muito de acordo com o tipo de
organismo e de substâncias envolvidas. Os maiores fatores de
concentração biológica ocorrem com os moluscos que estão em
contato com o Zinco 65 (Zn), Manganês 54 (Mn), Ferro 32 (Fe) e
Plutônio 94 (Pu), podendo atingir a cifra de 10.000 (dez mil) vezes.
[361]
Os efeitos biológicos da radiação são diversos, dentre eles o
desenvolvimento de tumores, leucemia, queda de cabelo, redução
da expectativa de vida, indução à mutações genéticas,
malformações fetais, lesões de pele, olhos, glândulas e órgãos do
sistema reprodutivo.[362]

2.2.3 O poluidor, como ele polui e as soluções para anular os


efeitos

Quanto a quem polui e como polui o meio ambiente, destaca-


se que o ar das áreas urbanas recebe e transporta emissão
crescente de matéria ou energia formadoras do fenômeno da
poluição. Os receptores sofrem a ação poluidora e fornecem
respostas que caracterizam seus efeitos. As indústrias metalúrgicas
(como as de fundição de ferro) lançam no ar material sólido
finamente dividido e dióxido de enxofre gasoso. Altas cargas de
poeira provêm de indústrias de minerais não-metálicos (produtos de
material cerâmico e refratário, cimento, cimento-amianto, vidro,
concreto e abrasivo). A poluição dá-se em quase todas as fases: na
britagem, na moagem, no peneiramento, na secagem, no transporte,
na calcinação, na oxidação e na esmaltação. Partículas em
suspensão, gases orgânicos à base de enxofre (mercaptanas) e
inorgânicos (gás sulfídrico - malcheiroso e tóxico) são emitidos pelas
indústrias de papel. Tanques de armazenamento de óleo são fontes
de emissão de vapores prejudiciais à atmosfera. Matadouros,
açougues e peixarias produzem o mau cheiro, causado pela
decomposição de matéria orgânica. Emissão de fuligem, gases de
escapamento e queima de combustíveis são as atividades
poluidoras dos veículos. Muitos fatores influem no transporte e
dispersão dos poluentes na atmosfera: a chuva retira materiais
poluidores do ar atmosférico, numa ação de limpeza; o vento
dispersa e dilui esses materiais; a inversão de temperatura (camada
de ar superior mais quente do que as camadas mais baixas) dá
origem ao efeito de teto que impede a diluição dos poluentes,
concentrando-os pouco acima do solo.[363]
Como se vê, o considerado “poluidor” pode ser qualquer uma
pessoa (física ou jurídica, de direito público ou privado), responsável
por atividade ou equipamento poluidor, ou Potencialmente Poluidor
– PP do meio ambiente (Deliberação/CECA 3, de 28.12.1977).
Lembrando que por atividade poluidora entende-se qualquer
atividade humana utilizadora de recursos ambientais, atual ou
potencialmente, capaz de causar poluição ou degradação ambiental.
Segundo, ainda, o inciso IV do art. 3.º da Lei 6.938, de 31.08.1981,
poluidor é a pessoa física ou jurídica (de direito público ou privado)
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental.

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AO MEIO AMBIENTE.


POLUIDOR INDIRETO. O poluidor que causa dano ao
ambiente tem definição legal e é aquele que proporciona,
mesmo indiretamente, degradação ambiental. E o
poluidor é sujeito ao pagamento de indenização, além de
outras penalidades”.[364]

Todavia, a questão da poluição ambiental não é tão simples


assim. Os danos à saúde e ao bem-estar, os custos de reparação
de materiais danificados e o dinheiro gasto com as atividades de
controle da poluição são temas de debates entre legisladores,
autoridades executivas, cientistas e o público em geral. Tais
discussões frequentemente demonstram o abismo entre o
conhecimento científico e tecnológico e a base necessária para um
controle racional da qualidade do ar. Num sistema dinâmico como o
do ar atmosférico, as variações de fluxo, dispersão, degradação e
conversão em outros poluentes são constantes. Assim, é preciso
encontrar os meios de se evitar a geração de poluentes em suas
fontes. Se não for possível, as pesquisas científicas deverão revelar
os métodos que anularão seus efeitos posteriores. Há que conhecer
os efeitos gerais e específicos dos poluentes do ar sobre o homem,
as plantas, os animais e os bens de uso e de consumo. E é
necessário, ainda, saber quais os meios de se medir e detectar os
poluentes quando em deslocamento no ar.[365]
Quanto ao futuro, a capacidade do homem de adaptar o
meio a suas exigências orgânicas praticamente eliminou suas
possibilidades de adaptação e evolução biológicas. Cada vez mais,
ele se afasta do ambiente natural, tornando irreversíveis os
progressos da tecnologia. A adaptação do meio ao homem é feita
de maneira quase individual, surgindo daí conflitos de interesse e
disputa pelo maior conforto. Esse aumento do conforto individual
gera os chamados “problemas ambientais”, entre os quais está a
poluição. O mundo moderno vem se apercebendo (porém de
maneira muito incipiente) de que o aumento de renda per capita
acompanhado de poluição e degradação do meio ambiente não é
econômico, mas apenas pecuniário.[366]

2.3 A RAREFAÇÃO DA CAMADA DE


OZÔNIO E A CHUVA ÁCIDA
2.3.1 A rarefação da camada de ozônio

Os compostos da família dos clorofluorcarbonos – CFC não


são responsáveis apenas pelo efeito estufa, são eles gases
causadores de outros efeitos danosos ao meio ambiente. Tais
compostos são causadores do perigoso fenômeno denominado
rarefação (diminuição da quantidade de ozônio[367] na atmosfera), ou
seja, depleção da camada de ozônio.[368]
Esclarecem R. KERRY TURNER, DAVID PEARCE e IAN
BATEMAN que, graças às suas propriedades enquanto gases
estáveis, não-inflamáveis, não-tóxicos e não-corrosivos, os
clorofluorcarbonos – CFC foram introduzidos com sucesso desde a
década de 30 em sistemas de refrigeração (geladeiras e aparelhos
de ar condicionado) e em aerossóis. No entanto, a partir da década
de 1970, começou-se a perceber que suas moléculas conseguem
passar intactas pela troposfera, chegando à estratosfera, onde,
atingidas pelos raios solares ultravioletas, são quebradas, liberando
átomos de cloro. Tais átomos passam a romper em cadeia as
moléculas de ozônio (O3), formando monóxido de cloro (CIO) e
oxigênio (O2). Segundo R. KERRY TURNER, DAVID PEARCE e IAN
BATEMAN, essa reação química tem provocado o surgimento de
grandes buracos na camada de ozônio sobre algumas partes do
planeta, aumentando a incidência dos raios ultravioleta que atingem
a superfície, o que pode provocar nos seres humanos queimaduras
e câncer de pele nas modalidades de carcinoma ou melanoma, bem
como maior incidência de cataratas. Além disso, há evidências de
que a radiação ultravioleta (UV)[369] pode causar danos ao sistema
imunológico humano, fazendo aumentar a probabilidade de doenças
infecciosas e reduzindo a efetividade dos programas de vacinação.
Outro grande impacto da depleção da camada de ozônio tem se
projetado sobre os ecossistemas marinhos, na medida em que os
raios ultravioleta (UV) adicionais afetam as algas unicelulares
conhecidas como fitoplânctons, interferindo no processo de
fotossíntese e causando alterações em suas estruturas de DNA, o
que traz sérios prejuízos para seu crescimento e reprodução. Isso
atinge toda a cadeia alimentar dos oceanos, uma vez que essas
algas servem como alimento para pequenos crustáceos, que por
sua vez são consumidor por diversas outras espécies, como as
baleias e os peixes. Acrescentam R. KERRY TURNER, DAVID
PEARCE e IAN BATEMAN que, em função dos riscos da radiação
ultravioleta e da possibilidade de fácil substituição dos
clorofluorcarbonos – CFC por outros gases inócuos de aplicação
industrial, o mundo vem agindo rapidamente no controle dos
mencionados clorofluorcarbonos – CFC. Inclusive, em 1985, foi
adotada a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de
Ozônio e, em 1987, vários países assinaram o chamado “Protocolo
de Montreal”, o qual entrou em vigor em janeiro de 1989, prevendo
metas e prazos de banimento da produção desses gases.[370]
Vale destacar que o Protocolo de Montreal, ratificado em
janeiro de 1989, por intermédio da Organização das Nações Unidas,
e renovado na Conferência de Londres, em 1990, previa uma
supressão total dos clorofluorcarbonos – CFC para o ano 2000 e a
sua substituição por produtos que tenham um tempo de
permanência na atmosfera inferior a 10 (dez) anos. A progressiva
introdução destes produtos no mercado tornaria possível retomar,
em 2060, o equilíbrio que existia antes do aparecimento do buraco
na camada de ozônio.[371]

2.3.2 A chuva ácida

Além da rarefação da camada de ozônio, na atualidade,


outro problema ambiental que vem causando transtornos é,
segundo FRITJOF CAPRA, a denominada “chuva ácida” (acid rain,
em inglês; pluie acide, em francês; lluvia ácida, em espanhol).
Chuva ácida é uma expressão genérica usada para designar a
deposição na superfície do planeta das formas ácidas do dióxido de
enxofre (SO2) e do óxido de nitrogênio (NOX), por meio da chuva ou
da neve.[372] Em outras palavras, podemos dizer que chuva ácida é a
chuva contaminada pelas emissões de dióxidos de enxofre (SO2) na
atmosfera, decorrentes da combustão em indústrias e, em menor
grau, dos meios de transporte.
Segundo P. M. BRAILE, chuvas ácidas são as precipitações
pluviais com pH (índice de acidez) abaixo de 5,6.[373] Todavia, para
que melhor compreendamos esta afirmativa, vale esclarecer que as
águas da chuva têm pH (medida de acidez) em torno de 5,65,[374]
sendo levemente ácidas devido à presença de gases dissolvidos,
especialmente gás carbônico. Os gases poluentes lançados na
atmosfera, como o SO2 e os óxidos de nitrogênio, se transformam
em sulfatos e nitratos e, pela combinação com o vapor d’água,
transformam-se novamente em ácido sulfúrico ou nítrico,
aumentando acidez e provocando chuvas ácidas, com pH ainda
menor do que 5,65.
Portanto, chuvas ácidas são emissões gasosas de dióxido de
enxofre e óxidos de nitrogênio que entram no ar, onde se convertem
parcialmente em ácidos que retornam ao solo arrastados pela chuva
e pela neve, ou incluídos em partículas sólidas. A água natural na
atmosfera não contaminada contém quantidades adicionais de
ácido, porque dissolve dióxido de carbono do ar para formar o ácido
carbônico fraco. Assim, se alcança uma concentração de ions de
hidrogênio de cerca de 3 mg por litro. Além disso, a atmosfera
contém naturalmente dióxido de enxofre procedente da atividade
biológica na terra e nos oceanos, parte do qual se transforma em
ácido sulfídrico. A quantidade procedente de fontes naturais não é
conhecida com exatidão, mas raramente supera aos 10 meq por
litro. Em suma, a chuva é um pouco ácida, mas as atividades
humanas fazem com que o seja muito mais. Por exemplo, nos
Estados Unidos, a concentração varia entre 50 e 200 meq por litro,
isto é, de 5 a 20 vezes maior que as concentrações naturais.[375] A
bem da verdade, este problema ecológico manifesta-se
principalmente em algumas regiões da Europa, dos Estados Unidos
e do Canadá, onde cerca de 5 a 10 milhões de km2 (superfície
quase igual ao território brasileiro) estão sendo afetados. No Brasil,
as grandes regiões industrializadas já começam a apresentar os
sintomas do problema.
Em suma, conforme as palavras de ELIDA SÉGUIN, chuva
ácida é a precipitação de água sob a forma de chuva, neve ou
vapor, tornada ácida por resíduos gasosos provenientes, sobretudo,
de queima de carvão e derivados de petróleo, ou de gases de
núcleos industriais poluidores.[376]
Esclarecem ANNA CHRISTINA SARAMAGO BASTOS e
ANTÔNIO CARLOS DE FREITAS que esses gases, provenientes da
queima de combustíveis fósseis, convertem-se, por meio de reações
químicas na atmosfera, em ácidos sulfúrico e nítrico, que, na
entrada desses resíduos no ciclo hidrológico e ao retornarem à
superfície da terra, podem (em razão de suas propriedades
corrosivas) causar sérios danos aos materiais em geral (danificando,
por exemplo, obras do patrimônio histórico etc.) e à vida no planeta
(às florestas, às plantações e à fauna ictiológica – relativa aos
peixes).[377] Concluímos daí que os principais efeitos das chuvas
ácidas estão: a) no aumento da acidez de águas superficiais e
subterrâneas, prejudicando o abastecimento humano e reduzindo a
população de peixes e demais organismos aquáticos; b) no aumento
da solubilidade de metais pesados (cádmio, zinco, chumbo,
mercúrio), causando danos às pessoas que se alimentam de peixes
intoxicados por estas substâncias; c) nas alterações químicas do
solo, provocando liberação de metais pesados e alumínio, influindo
nos processos de decomposição e nitrificação e diminuindo o
crescimento e produtividade das plantações.
2.4 A PERDA DA BIODIVERSIDADE
Vimos que biodiversidade deve ser entendida como a
variedade ou a variabilidade entre os organismos vivos, os sistemas
ecológicos nos quais se encontram e as maneiras pelas quais
interagem entre si e a ecosfera; pode ser medida em diferentes
níveis: genes, espécies, níveis taxonômicos mais altos,
comunidades e processos biológicos, ecossistemas, biomas; e em
diferentes escalas temporais e espaciais. Em seus diferentes níveis,
pode ser medida em número ou frequência relativa.[378] Em outras
palavras, diversidade biológica ou, como é mais conhecida,
biodiversidade, é, segundo R. KERRY TURNER, DAVID PEARCE e
IAN BATEMAN, um termo genérico que reflete o grau de variedade
na natureza em termos de espécies de plantas, animais,
micoorganismos e seus respectivos genes, bem como de
ecossistemas e processos ecológicos que eles integram.[379]
Todavia, na opinião de JOÃO ANTÔNIO PAULA, deve-se ressaltar
que o conceito de biodiversidade envolve, não somente a dimensão
quantitativa no que se refere ao número de espécies, genes e
ecossistemas, mas também qualitativa, expressando o grau de
preservação e riqueza do patrimônio natural dos biomas.[380]
Como já havíamos dito, ANNA CHRISTINA SARAMAGO
BASTOS e ANTÔNIO CARLOS DE FREITAS informam que a
biodiversidade do planeta é estimada entre 5 milhões e 50 milhões
de espécies, dos quais talvez somente cerca de 1,4 milhões tenha
sido identificada e catalogada pelo homem. Desse total,
aproximadamente 800 mil são insetos, 250 mil são vegetais e 40 mil
são vertebrados. O restante é constituído de invertebrados, algas,
fungos e microorganismos.
Todavia, segundo LEONARDO BOFF, apesar de
desconhecer a maior parte dos seres vivos do planeta, o homem
tem sido causa da extinção sucessiva de várias espécies ao longo
dos séculos. Nos últimos dois séculos o ritmo tem aumentado,
sobretudo por causa do desmatamento acelerado para ampliação
da produção agrícola, para a produção do carvão e extração de
madeira, bem como por causa das queimadas, do comércio ilegal
de animais e de produtos de origem faunística, como peles, marfins
etc., e por causa da poluição dos rios, lagos e mares. Conforme
estimativas mais exatas: a) entre 1500 e 1850, uma espécie era
eliminada a cada 10 (dez) anos; b) entre 1850 e 1950, uma espécie
por ano foi extinta; c) em 1990, possivelmente desapareceram 10
(dez) espécies por dia; d) em 2000, uma espécie desapareceu a
cada hora; e) de 1975 a 2000, foram eliminadas da face da Terra
cerca de 20% de todas as espécies vivas; f) desde 1950, foi perdido
1/5 das florestas tropicais do mundo; g) a cada ano são perdidos 25
milhões de toneladas de húmus por causa da erosão e da
desertificação; e h) a cada ano são perdidos cerca de 20 milhões de
hectares de áreas florestadas.[381]
Segundo LESTER R. BROWN e CHRISTOPHER FLAVIN,
acrescenta-se que, atualmente: a) mais de 14% (quatorze por cento)
das espécies vegetais conhecidas estão em processo de extinção;
b) 2/3 das 9.600 espécies de aves que habitam o planeta estão em
declínio e 11% (onze por cento) estão ameaçadas de extinção; c)
11% (onze por cento) das 4.400 espécies de mamíferos encontram-
se em perigo iminente de desaparecimento; e d) 1/3 de todas as
espécies de peixes que ocupam os oceanos, lagos e rios está sob
ameaça direta.[382]
Acrescenta RICARDO CARNEIRO que, se levarmos em
consideração o fato de que o domínio tecnológico do século XXI
dependerá marcadamente da manipulação genética, a extinção de
uma espécie animal ou vegetal representa para o progresso
humano uma perda possivelmente irreparável, já que desaparecem
genes que poderiam constituir a chave para a produção de fármacos
destinados à cura de diversas doenças e de substâncias capazes de
aprimorar a qualidade de alimentos e produtos industriais diversos.
[383]
Além disso, ROGER W. FINDLEY esclarece que uma espécie
rara ou em fase de extinção é uma espécie geneticamente
vulnerável, na medida em que ela sofre os riscos da procriação
consanguinea. Assim, preservar a diversidade biológica significa
preservar não somente as espécies, mas sobretudo as diferentes
populações de uma mesma espécie e o maior número possível de
indivíduos dentro destas populações.[384]
É evidente que um grande número de espécies precisam
integralmente de seus respectivos hábitats para conseguirem
sobreviver. Portanto, o aniquilamento dos diversos ecossistemas
naturais resulta irremediavelmente na extinção sumária e prematura
de uma grande variedade de seres vivos, tanto vegetais como
animais. Daí GERALDO EULÁLIO DO NASCIMENTO SILVA
concluir que somente um processo de gerenciamento adequado de
ecossistemas e de espaços ambientalmente protegidos pode
garantir a preservação de grandes e distintas populações de muitas
espécies animais e vegetais. Inclusive, lembramos que a
Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada durante a ECO-
92, realizada no Rio de Janeiro, tratou prioritariamente da
conservação in situ (em seu próprio meio) da biodiversidade,
envolvendo a preservação de ecossistemas e de hábitats, bem
como a manutenção e a recuperação de espécies em seus meios
naturais.[385]
Como se vê, a perda da biodiversidade é uma ameaça
potencial. Daí JOÃO ANTÔNIO PAULA concluir que a preservação
da biodiversidade depende de uma nova matriz de relações homem-
natureza, em que as necessárias produção e distribuição de riqueza
se realizem a partir de uma sistemática observância de critérios e
políticas agro-urbano-ecológicas. Isso significa subordinar tanto a
propriedade quanto os interesses e motivações particulares nos
campos do investimento, das tecnologias e da produção ao critério
do interesse coletivo, expresso em planos, legislações, programas,
zoneamentos e incentivos, definidos a partir de estruturas de
representação legítimas e com base em estudos e proposições
amplamente divulgadas e debatidas com o conjunto da sociedade.
Esse processo, em que a produção material se subordina ao
interesse coletivo e à perspectiva de longo prazo é um dos
elementos centrais da afirmação do conceito de desenvolvimento
sustentável.[386]

2.5 O GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS
Vivemos em tempos preocupantes quanto à geração de
grande volume de resíduos indesejáveis, que mais cedo ou mais
tarde, de uma forma ou de outra, vai degradar a natureza. Hoje em
dia não mais se duvida que o colapso do saneamento ambiental no
Brasil chegou a níveis insuportáveis. A falta de água potável e de
esgotamento sanitário já é responsável por algo em torno de 80%
(oitenta por cento) das doenças e 65% (sessenta e cinco por cento)
das internações hospitalares em nosso país. Além disso, 90%
(noventa por cento) dos esgotos domésticos e industriais são
despejados sem qualquer tratamento nos mananciais de água. Os
chamados “lixões” a céu aberto,[387] muitos deles situados às
margens de rios e lagoas, são outro foco de problemas. Portanto,
temas como o “tratamento de resíduos indesejáveis” e a “disposição
final de resíduos urbanos” ganham maior destaque, a cada dia que
passa, entre cientistas, pesquisadores e ambientalistas, mas,
infelizmente, ainda é negligenciado pelo Poder Público.
O gerenciamento desses resíduos indesejáveis diz respeito
ao conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas
de coleta,[388] transporte, transbordo,[389] tratamento [390] e destinação
final ambientalmente adequada dos resíduos indesejáveis de um
modo geral (inclui a reutilização,[391] a reciclagem,[392] a
compostagem,[393] a recuperação e o aproveitamento energético ou
outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, do Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária – SNVS e do Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária – SUASA, observando normas operacionais
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos) e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (distribuição
ordenada de rejeitos em aterros,[394] observando normas
operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde
pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais
adversos), de acordo com plano de gestão integrada de resíduos
indesejáveis ou com plano de gerenciamento de resíduos
indesejáveis.
2.5 O TRATAMENTO DOS RESÍDUOS
2.5.1. Os resíduos indesejáveis

Os resíduos indesejáveis (vulgarmente chamado de “lixo”)


são todos e quaisquer resíduos resultante das atividades diárias do
homem em sociedade. Pode encontrar-se nos estados sólido,
líquido e gasoso. Melhor exemplo de resíduos indesejáveis não há
que as sobras de alimentos, embalagens, papéis, plásticos e
outros. Todavia com o crescimento da indústria da reciclagem, a
definição de resíduos indesejáveis como materiais inservíveis e não
aproveitáveis, na atualidade, vem sendo considerada relativa, pois
um determinado resíduo poderá ser indesejável ou inútil para o
consumidor final e, ao mesmo tempo, considerado como desejável,
útil ou aproveitável para outras pessoas.
O mundo atual é composto por sociedades humanas
extremamente consumistas, ou seja, estruturadas na massificação
do consumo de bens e produtos para atender as suas necessidades
básicas e a satisfação de desejos pelo supérfluo. Evidentemente,
quanto mais consumista for uma sociedade maior volume de
resíduos ou dejetos ela produzirá. As sociedades industriais
modernas são essencialmente produtoras de resíduos em massa, já
que o consumo é incentivado, havendo valorização do ter em
detrimento do ser. Os hábitos, a cultura, o estilo de vida, a forma de
ser e de sentir o mundo giram em torno de 2 (dois) elementos: 1) de
um lado, consumo de produtos e serviços; e 2) do outro, produção
de resíduos indesejáveis.
ELMAR ALTVATER nos informa que existem estudos nos
quais se concluiu que com uma renda per capita de 100 (cem)
dólares são produzidos, anualmente, cerca de 100 (cem) quilos de
resíduo doméstico por habitante. Quando a renda atinge 10 mil
dólares, a quantidade de lixo cresce para algo em torno de 5 mil
quilos ao ano. Além disso, é importante destacar que as rendas
mais elevadas possibilitam a aquisição dos mais variados produtos
e serviços. Estes produtos são descartados rapidamente, em razão
de seu curto ciclo de vida útil (por exemplo, copos plásticos
descartáveis; garrafas plásticas de refrigerantes; seringas de injeção
descartáveis; aparelhos de barbear que também são descartáveis
etc.). Se a sua utilização é extremamente rápida, o mesmo não se
pode dizer da sua decomposição[395] no meio ambiente: 1) as cascas
de bananas ou laranjas levam 2 (dois) anos para serem
completamente consumidas pelo ambiente; 2) papel precisa de, no
mínimo, 3 (três) meses para ser completamente decomposto; 3)
papel coberto de plástico leva de 1 (um) a 5 (cinco) anos; 4) a ponta
de cigarro precisa de 1 (um) a 2 (dois) anos para ser decomposta; 5)
o filtro de cigarro leva, pelo menos, 10 (dez) a 20 (vinte) anos para
ser decomposto pela natureza; 6) as gomas de mascar necessitam
de 5 (cinco) anos para serem dissolvidas no ambiente; 7) a madeira
pintada precisa de 14 (quatorze) anos; 8) o tecido de náilon e os
sacos plásticos necessitam de 30 (trinta) a 40 (quarenta) anos; 9) as
latas de estanho e os couros levam até 50 (cinquenta) anos para
serem decompostas; 10) as latas de alumínio precisam de 80
(oitenta) a 100 (cem) anos; 11) o plástico necessita cerca de 450
(quatrocentos e cinquenta) anos; 12) as fraldas descartáveis
precisam de aproximadamente 600 (seiscentos) anos; 13) o vidro
necessita de 4.000 (quatro mil) anos para ser decomposto; e 14) a
borracha requer um tempo ainda indeterminado pela ciência.[396]
Os resíduos indesejáveis, no Brasil, se enquadram no
padrão acima mencionado: cada pessoa produz, em média, de 1,1
kg de lixo por dia, dos quais 380 (trezentos e oitenta) gramas são
lançados nas ruas, inclusive animais mortos, em tamanho e volume
tal que a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro tem vindo a público
para informar que, além das despesas para a municipalidade, tal
quantidade de lixo acarreta os óbvios aspectos de sujeira,
entupimento da rede de esgotos e inundações, decorrentes do não-
escoamento de águas pluviais.[397] Sem contar a nocividade
patogênica para a população de um modo geral.

“ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. COLETA DE LIXO


DA EMPRESA. GRAU MÁXIMO. É inegável que o lixo
urbano compõe-se do expurgo proveniente de diversas
fontes, englobando, inclusive, o lixo recolhido dos
escritórios e fábricas, envolvendo quantidade superior de
dejetos. Contudo, impõe-se reconhecer, igualmente, na
composição quantitativamente menor, também, o elevado
grau de nocividade patogênica encontrado no lixo de
escritórios e fábricas, especialmente em se considerando
que a atividade do empregado, como no caso dos autos,
envolve o asseio de sanitários e demais dependências do
estabelecimento empresarial. Revista provida”.[398]

Mas o que fazer com tamanho volume de resíduos?


Portanto, o verdadeiro problema dos resíduos é saber qual o melhor
destino a ele ser dado. Inclusive, o destino dos dejetos (restos
indesejáveis produzidos pelo homem na satisfação das suas
necessidades básicas e no atendimento ao supérfluo) é uma das
grandes questões ecológicas da atualidade.

2.5.2 Espécies de resíduos

Os resíduos, quanto à sua causa, podem ser classificados da


seguinte maneira: 1) resíduos naturais (oriundos da natureza); 2)
resíduos biológicos (oriundos de seres vivos sem particularização de
animal ou de vegetal); 3) resíduos biofísicos (decorrentes de
processos físicos ocorrentes nos organismos vivos); 4) resíduos
antropogênicos ou sociais (decorrentes de ações humanas).
De acordo com a composição química, os resíduos podem
ser classificado em 2 (duas) categorias bem distintas: 1) resíduos
orgânicos (tem origem animal ou vegetal; nessa categoria inclui-se
grande parte do resíduo doméstico, restos de alimentos, folhas,
sementes, restos de carne e ossos, etc.; quando acumulado ou
disposto inadequadamente, o resíduo orgânico pode tornar-se
altamente poluente do solo, das águas e do ar; ademais, a
disposição inadequada desses resíduos cria um ambiente propício
ao desenvolvimento de organismos patogênicos; o resíduo orgânico
pode, entretanto, ser objeto de compostagem para a fabricação de
adubos ou utilizado para a produção de combustíveis como biogás,
que é rico em metano); e 2) resíduos inorgânicos.
Quanto à destinação, os resíduos dividem-se em: 1) resíduos
com destinação natural (aqueles cujos elementos químicos podem
retornar às fases iniciais dos ciclos biológicos); os resíduos com
destinação natural se subdividem em: a) resíduos reciclados por
excreção animal primária (aqueles cuja reciclagem é
predominantemente realizada nas comunidades de plânctons ou
outras em que a corrente principal de energia ocorre pela cadeia
alimentar de pastoreio); b) resíduos reciclados por decomposição
microbiana (aqueles cuja reciclagem se dá por decomposição
microbiana de detritos que ocorre nas pradarias, nas florestas e em
outras comunidades em que a corrente principal de energia ocorre
por meio da cadeia alimentar de detritos); c) resíduos diretamente
reciclados (aqueles cuja reciclagem é direta, por meio de nutrientes,
ou seja, a reciclagem se dá de planta a planta, por intermédio de
organismos simbióticos); 2) resíduos com destinação antropogênica
(são os resíduos da atividade humana que, ao contrário daqueles de
destinação natural, têm como característica principal o fato de que
uma grande parte desses não retorna aos ciclos naturais, gerando,
como consequência, a poluição).
Dos resíduos antropogênicos ou sociais, os piores de todos
para o meio ambiente são os resíduos industriais (industrial wastes,
em inglês; déchets industriels, em francês; residuos industriales, em
italiano). Os resíduos industriais são, a nosso ver, efetivamente os
mais nocivos ao meio ambiente. Podem eles se dividir da seguinte
maneira: 1) resíduos industriais de alta periculosidade: são os
resíduos que podem causar danos à saúde humana, ao meio
ambiente e ao patrimônio público e privado, mesmo em pequenas
quantidades, requerendo cuidados especiais quanto ao
acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento e
disposição; em geral, são compostos químicos de alta persistência e
baixa biodegradabilidade, formados por substâncias orgânicas de
alta toxicidade ou reatividade, tais como: a) bifenilas policloradas –
PCB – puros ou em misturas concentradas; b) trifenilas policloradas
– PCT – puros ou em misturas concentradas; c) catalisadores
gastos, não limpos, não tratados; d) hidrocarbonetos poliaromáticos,
clorados e policlorados; e. solventes em geral; f) pesticidas –
herbicidas, fungicidas, acaricidas etc. – de alta persistência; g) sais
de cianatos, sais de nitritos; h. ácidos e bases; i) explosivos; j)
cádmio e seus compostos; k. mercúrio e seus compostos; e l)
substâncias carcinogênicas; 2) resíduos industriais comuns: são
todos os resíduos industriais sólidos e semi‑sólidos, com
características físicas semelhantes às dos resíduos sólidos urbanos,
não apresentando, desta forma, periculosidade efetiva e potencial à
saúde humana, ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado,
quando dispostos adequadamente; 3) resíduos industriais
perigosos: são todos os resíduos sólidos, semi‑sólidos e os líquidos,
não passíveis de tratamento convencional, resultantes da atividade
industrial e do tratamento convencional de seus efluentes líquidos e
gasosos que, por suas próprias características, apresentam
periculosidade efetiva e potencial à saúde humana, ao meio
ambiente e ao patrimônio público e privado, requerendo cuidados
especiais quanto ao acondicionamento, coleta, transporte,
armazenamento, tratamento e disposição.[399]
Outros resíduos extremamente nocivos para o meio
ambiente são os rejeitos radioativos ou resíduos nucleares. Por
rejeitos radioativos deve ser entendido qualquer material resultante
de atividades humanas que contenha radionucleídeos em
quantidades superiores aos limites de isenção, de acordo com
norma específica da Comissão Nacional de Energia Nuclear –
CNEN, e para o qual a reutilização é imprópria ou não prevista
(Resolução/CONAMA n° 24, de 07.12.1994). Portanto, o resíduo
radioativo ou nuclear é composto por produtos altamente
radioativos, como restos de combustível nuclear, produtos
hospitalares que tiveram contato com radioatividade (aventais,
papéis, etc), enfim, qualquer material que teve exposição
prolongada à radioatividade ou que possui algum grau de
radioatividade. Devido ao fato de que tais materiais continuam a
emitir radioatividade por muito tempo, eles precisam ser totalmente
confinados e isolados do resto do mundo. O chamado “lixo atômico”,
composto por resíduos da fissão nuclear produzida em reatores
espalhados por várias partes do mundo, é, sem sombra de dúvida, o
mais perigoso de todos os resíduos. Segundo FRITJOF CAPRA,
dos subprodutos radioativos das usinas nucleares o mais letal de
todos é o plutônio 239 (Pu), que mantém sua periculosidade por
cerca de meio milhão de anos. Menos de um milionésimo de grama
desse elemento radioativo é cancerígeno. Quinhentos gramas de
plutônio seriam suficientes para causar câncer de pulmão em
praticamente todas as pessoas do planeta. Apesar dos riscos
estarrecedores, cada reator comercial deve produzir anualmente por
volta de 200 a 250 quilos de plutônio, sem contar os resíduos
atômicos oriundos de fontes utilizadas na indústria militar.[400]
Pelo critério da origem e da produção, os resíduos
indesejáveis podem ser classificados da seguinte maneira: 1)
resíduos domésticos: residuos gerados basicamente em
residências, ou seja, são os resíduos gerados nas atividades diárias
nas residências, bem como em estabelecimentos comerciais,
industriais e de prestação de serviços, cujos volumes e
características sejam compatíveis com a legislação municipal
vigente. São constituídos por restos de alimentos (cascas de frutas,
verduras, sobras, etc.), produtos deteriorados, jornais, e revistas,
garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis
e uma grande diversidade de outros itens. Esta categoria abrange,
ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos ou potencialmente
perigosos, a saber: a) material para pintura: tintas, solventes,
pigmentos, vernizes; b) materiais para jardinagem e animais
domésticos: pesticidas, inseticidas, repelentes, herbicidas; c)
materiais automotivos: óleos lubrificantes, fluidos de freios e de
transmissão, baterias; d) outros itens: pilhas, frascos de aerossóis
em geral, lâmpadas fluorescentes (as pilhas e as lâmpadas
fluorescentes são consideradas como resíduos perigosos por
conterem metais pesados que podem migrar e integrar-se à cadeia
alimentar do homem; o motivo de certos tipos de frascos de
aerossóis serem considerados perigosos são os restos de
substâncias químicas perigosas que alguns produtos contêm,
quando descartados; com o seu rompimento, tais substâncias são
liberadas e podem contaminar o meio ambiente, atingindo as águas
superficiais ou subterrâneas, ou migrando pelo ar). A coleta do
resíduo doméstico é de responsabilidade das prefeituras municipais;
2) resíduos comerciais: resíduos gerados pelo setor comercial e de
serviços; em outras palavras, são os resíduos originados nos
estabelecimentos comerciais e de serviços, em quantidades
superiores ao permitido pela legislação municipal e passível de ser
removido pela coleta domiciliar regular. São resíduos provenientes
de lojas, padarias, bares, restaurantes, supermercados,
estabelecimentos bancários, etc. A coleta é de responsabilidade das
prefeituras municipais, desde que em pequenas quantidades e
devidamente embalados, de acordo com legislação municipal
vigente (em geral de 50 a 100 kg por dia). Acima destas
quantidades a responsabilidade pela coleta é do próprio gerador do
resíduo; 3) resíduos industriais: resíduos gerados por indústrias e se
subdividem em resíduos classe I, II e III;[401] em outras palavras são
os resíduos originados nas atividades dos diversos ramos da
indústria, tais como metalúrgica, química, petroquímica, alimentícia,
etc. É bastante variado, podendo ser representado por cinzas,
lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papéis,
madeiras, fibras, metais, borrachas, metais, escórias, vidros, etc.
Nesta categoria, inclui-se a grande maioria dos resíduos classe I ou
“Perigosos”. O responsável por sua coleta é o próprio gerador do
resíduo industrial; 4) resíduos agrícolas: são resíduos das atividades
agrícolas e da pecuária. Incluem embalagens de fertilizantes e de
defensivos agrícolas, rações, restos de colheitas, etc. Em várias
regiões do mundo, estes resíduos já constituem uma preocupação
crescente, destacando-se as enormes quantidades de esterco
animal geradas nas fazendas de pecuária intensiva. As embalagens
de agroquímicos, geralmente altamente tóxicos, têm sido alvo de
legislação específica quanto aos cuidados na sua coleta e
destinação final. A tendência mundial, neste particular, é para a co-
responsabilidade da indústria fabricante nesta tarefa. O responsável
por sua coleta é o próprio gerador do resíduo agrícola; 5) resíduos
hospitalares: resíduos gerados por hospitais, farmácias, clínicas,
etc., ou seja, são os resíduos provenientes de hospitais, clínicas,
laboratórios, clínicas médicas e veterinárias, postos de saúde e
outros estabelecimentos com atividades assemelhadas e que
contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos.
Constituem-se de agulhas, seringas, órgãos e tecidos removidos,
meios de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado,
luvas descartáveis, remédios com prazo de validade vencido, filmes
fotográficos de raios X , etc. Os resíduos assépticos desses locais,
constituídos por papéis, restos de preparação de alimentos, restos
de limpeza geral e outros materiais, desde que coletados
segregadamente e que não entrem em contato direto com pacientes
ou com os resíduos sépticos propriamente ditos, são semelhantes
aos resíduos domiciliares. Portanto, os resíduos hospitalares podem
ser de várias modalidades, classificadas em Grupos.[402] A coleta do
resíduo hospitalar é de responsabilidade do próprio gerador, mas,
geralmente é executada pelas prefeituras municipais; 6) resíduos
especiais ou públicos: são os resíduos originados dos seguintes
serviços: a) serviço de limpeza pública urbana, incluindo-se todos os
resíduos de varrição de vias públicas; b) serviço de limpeza de
praias, galerias, córregos e terrenos; c) serviço de remoção de
restos de podas de árvores e jardins; d) serviço de remoção de
corpos de animais; e) serviço de limpeza de áreas de realização de
feiras livres; f) serviço de remoção de entulhos de construções
(resíduo da construção civil, composto por materiais de demolições,
restos de obras, solos de escavações diversas, etc., é geralmente
material inerte, passível de reaproveitamento, porém, pode conter
uma vasta gama de materiais que podem lhe conferir toxidade, com
destaque para os restos de tintas e de solventes, peças de amianto
e metais diversos, cujos componentes podem ser remobilizados
caso o material não seja disposto adequadamente); etc. A coleta
dos resíduos especiais ou públicos é de responsabilidade das
prefeituras municipais; 7) resíduos da construção civil: são os
resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da
preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas,
tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.
Podemos ainda classificar os resíduos antropogênicos ou
sociais (dejetos indesejáveis produzidos pelo homem) em: a)
resíduos sólidos (genericamente denominados de “lixo”); b) resíduos
líquidos; ou c) resíduos gasosos.

2.5.2.1 Resíduos sólidos


Os resíduos sólidos (solid wastes, em inglês; déchets
solides, em francês; desechos sólidos ou residuos sólidos, em
italiano), por sua vez, são o material inútil (indesejável ou
descartado), cuja composição ou quantidade de líquido não permite
que escoe livremente. Segundo o inciso I do art. 1.º da
Resolução/CONAMA 5, de 05.08.1993, os resíduos nos estados
sólido e semi-sólido são aqueles que resultam de atividades da
comunidade de origem: 1) industrial; 2) comercial; 3) doméstica; 4)
hospitalar; 5) agrícola; 6) de serviços; e 7) de varrição.
Estão ainda incluídas na definição de resíduos nos estados
sólidos e semi-sólidos: 1) os lodos provenientes dos sistemas de
tratamento de água; 2) os lodos gerados em equipamentos e
instalações de controle da poluição; 3) determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível
(definição prevista na NBR 10.004, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT).
Os resíduos sólidos também podem ser definidos como o
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos
estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível (inciso XVI do art. 3° da Lei
12.305, de 02.08.2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos).
Os resíduos sólidos podem ser classificados da seguinte
maneira: 1) resíduos sólidos agropecuários (resíduos sólidos
resultantes da criação e abate de animais e do processamento da
produção das plantações e cultivos); 2) resíduos sólidos comerciais
(gerados por lojas, escritórios e outras atividades que, ao final,
fazem circular economicamente mercadorias e/ou serviços); 3)
resíduos sólidos industriais (resultantes dos processos industriais e
das manufaturas); 4) resíduos sólidos institucionais (originados dos
serviços de saúde, educação, pesquisa e outros); 5) resíduos
sólidos urbanos (são os resíduos sólidos e semissólidos gerados
num aglomerado urbano, excetuados os resíduos industriais, os
hospitalares, sépticos e aqueles advindos de aeroportos e portos);
6) resíduos sólidos municipais (resíduos residenciais e comerciais
gerados pela comunidade do município); 7) resíduos sólidos de
pesticidas (os resíduos da manufatura, do manuseio e do uso de
substâncias químicas para matar pestes, sejam elas de natureza
animal ou vegetal); 8) resíduos sólidos residenciais (resíduos que
normalmente se originam no interior das residências, algumas vezes
chamados resíduos sólidos domésticos); 9) resíduos sólidos
hospitalares (resíduos em estado sólido e semi-sólido que
contenham material orgânico e inorgânico proveniente de
ambulatórios, centros de assistência, clínicas, centros cirúrgicos e
outras atividades médicas).[403]
Alerta MAURÍCIO ANDRÉS RIBEIRO que a disposição final
dos resíduos sólidos urbanos constitui um dos principais problemas
ambientais em todo o mundo. Segundo ele, no Brasil, o lixo
representa uma das mais graves e críticas questões sanitárias,
gerando inúmeros problemas de saúde pública, resultantes de falta
do serviço de coleta (cerca de 25% da população brasileira
simplesmente joga lixo nas ruas, terrenos ou encostas) e da prática,
ainda infelizmente generalizada, de depósitos de lixo a céu aberto,
nos chamados “lixões”.[404]

“RESÍDUOS SÓLIDOS. Tratando-se de utilização


indevida de terreno desapropriado pelo município, que
passou a usá-lo para depósito de lixo coletado na
cidade, e sendo tal procedimento arriscado para a
saúde das pessoas e animais da vizinhança, deve o
poder público cessar a atividade danosa, sob pena da
multa pecuniária”.[405]

Acrescenta FRITJOF CAPRA que o lixo doméstico, no


entanto, é somente parte do problema. Indústrias químicas,
metalúrgicas, indústrias de equipamentos eletroeletrônicos,
indústrias de couro e borracha, dentre outras, são responsáveis pela
geração de resíduos tóxicos altamente perigosos, que quase
sempre recebem um inadequado tratamento ou destino. Segundo
ele, nos Estados Unidos, a indústria química produz atualmente
cerca de 1.000 (mil) novos compostos totalmente estranhos aos
ecossistemas e aos organismos humanos, destinados à fabricação
de aditivos alimentares, fibras sintéticas, plásticos, medicamentos e
pesticidas.[406] JUTTA GUTBERLET, por sua vez, acrescenta que, no
Brasil, a principal forma de descarte dos resíduos industriais ainda é
a disposição em “lixões” municipais, sem qualquer tipo de controle,
muitos deles localizados em zonas urbanas ou agrícolas, em áreas
de mananciais ou próximos a cursos d’água.[407]
Vale, ainda, mencionar que a Resolução/CONAMA 5, de
05.08.1993 (Anexo I), em função dos riscos que representam,
classifica os resíduos sólidos da seguinte maneira: 1) Grupo “A”:
resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio
ambiente devido à presença de agentes biológicos. Neste grupo se
enquadram, dentre outros: a) sangue e hemoderivados; b)animais
usados em experimentação, bem como os materiais que tenham
entrado em contato com os mesmos; c) excreções, secreções e
líquidos orgânicos; d) meios de cultura; e) tecidos, órgãos, fetos e
peças anatômicas; f) filtros de gases aspirados de área
contaminada; g) resíduos advindos de área de isolamento; h) restos
alimentares de unidade de isolamento; i) resíduos de laboratórios de
análises clínicas; j) resíduos de unidades de atendimento
ambulatorial; k) resíduos de sanitários de unidade de internação e
de enfermaria e animais mortos a bordo dos meios de transporte,
objeto desta Resolução; e l) os objetos perfurantes ou cortantes,
capazes de causar punctura ou corte, tais como lâminas de barbear,
bisturi, agulhas, escalpes, vidros quebrados etc., provenientes de
estabelecimentos prestadores de serviços de saúde; e m) outros; 2)
Grupo “B”: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública
e ao meio ambiente devido às suas características químicas. Neste
grupo se enquadram, dentre outros: a) drogas quimioterápicas e
produtos por elas contaminados; b) resíduos farmacêuticos
(medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não-
utilizados); e c) demais produtos considerados perigosos, conforme
classificação da NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos); 3)
Grupo “C”: rejeitos radioativos: enquadram-se neste grupo os
materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos,
provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de
medicina nuclear e radioterapia, segundo Norma CNEN/NE 6.05,
que trata da Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações
Radiativas; 4) Grupo “D”: resíduos comuns são todos os demais que
não se enquadram nos grupos descritos anteriormente.
Segundo o art. 10 da Resolução/CONAMA n° 5, de
05.08.1993, os resíduos sólidos pertencentes ao grupo “A” não
podem ser dispostos no meio ambiente sem tratamento prévio que
assegure: a) a eliminação das características de periculosidade do
resíduo; b) a preservação dos recursos naturais; e c) o atendimento
aos padrões de qualidade ambiental e de saúde pública (caput).
Dentre as alternativas passíveis de serem utilizadas no
tratamento dos resíduos sólidos, pertencentes ao Grupo “A”,
ressalvadas as condições particulares de emprego e operação de
cada tecnologia, bem como se considerando o atual estágio de
desenvolvimento tecnológico, recomenda-se a esterilização a vapor
ou a incineração (art. 11, caput). De maneira que, face ao que
dispõe o § 2.º do art. 11 da referida Resolução/CONAMA n° 5, de
05.08.1993, os resíduos sólidos pertencentes ao Grupo “A”, após
tratamento, devem ser considerados “resíduos comuns” (Grupo “D”).
Já os resíduos sólidos pertencentes ao Grupo “B” devem ser
submetidos a tratamento e disposição final específicos, de acordo
com as características de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade
e reatividade, segundo exigências do órgão ambiental competente
(art. 12).
Os resíduos sólidos classificados e enquadrados como
rejeitos radioativos pertencentes ao Grupo “C”, do Anexo I, por sua
vez, devem obedecer às exigências definidas pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear – CNEN (art. 13).
Os resíduos sólidos pertencentes ao Grupo “D” devem ser
coletados pelo órgão municipal de limpeza urbana e devem receber
tratamento e disposição final semelhante aos determinados para os
resíduos domiciliares, desde que resguardadas as condições de
proteção ao meio ambiente e à saúde pública (art. 14).
Finalmente, quando não esteja assegurada a segregação
dos resíduos sólidos, estes devem ser considerados, na sua
totalidade, como pertencentes ao Grupo “A”, salvo os resíduos
sólidos pertencentes aos Grupos “B” e “C” que, por suas
peculiaridades, devem ser sempre separados dos resíduos com
outras qualificações (art. 15).
Ao tratar da importação e exportação de resíduos perigosos,
a Resolução/CONAMA n° 23, de 12.12.1996, classificam os
resíduos (as sucatas, os desperdícios, os rejeitos, as escórias, as
sobras, as carcaças, os lixos, as aparas, os descartes, as cinzas, as
borras, as lamas, os lodos, as limalhas, os cacos e os cavacos) em:
a) resíduos perigosos (são os resíduos que podem causar danos à
saúde humana, ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado,
mesmo em pequenas quantidades; são compostos químicos de alta
persistência e baixa biodegradabilidade, formados por substâncias
orgânicas de alta toxicidade ou reatividade); b) resíduos inertes (são
aqueles que, quando submetidos a teste de solubilização, conforme
as normas “NBR 10.006”, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT, não tiverem nenhum de seus constituintes
solubilizados em concentrações superiores aos padrões
especificados); c) outros resíduos (são aqueles coletados de
residências ou decorrentes da incineração de resíduos domésticos);
d) resíduos não inertes (são aqueles que não se classificam como
resíduos perigosos, resíduos inertes ou outros resíduos, conforme
definição das alíneas a, b e c, respectivamente); e) resíduos
indesejáveis (são aqueles resíduos que não são, necessariamente,
perigosos na sua conformação original, mas que podem ser
ambientalmente inconvenientes e de riscos à saúde pública quando
de seu manuseio, processamento, tratamento e/ou disposição final).
A respeito ainda dos resíduos sólidos, ELMAR ALTVATER
menciona que em torno de toda essa gama de resíduos tóxicos e
perigosos constituiu-se um verdadeiro comércio internacional de
lixo. Vários países desenvolvidos, como EUA, Canadá, Austrália,
Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo,
Holanda e Suíça, exportam toneladas de lixo tóxico para países em
desenvolvimento. Assim, na opinião de ELMAR ALTVATER, as
sociedades dos países industrializados comportam-se de acordo
com o chamado regime de nimby (esperteza) ou not in my backyard
(“não no meu quintal”), externalizando os rejeitos de sua
prosperidade e de seu alto nível de bem-estar material. Para
ELMAR ALTVATER, essa movimentação transfronteiriça
internacional de lixo tóxico é regulada pela Convenção da Basiléia,
de 1989 (Decreto Legislativo brasileiro n° 34, de 16.06.1992, e
Decreto federal brasileiro 875, de 19.07.1993, além da
Resolução/CONAMA n° 5, de 15.06.1988, que dispõe sobre
licenciamento as obras de saneamento para as quais seja possível
identificar modificações ambientais significativas; da
Resolução/CONAMA n° 5, de 05.08.1993, que dispõe sobre o
tratamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde,
portos e aeroportos, bem como estabelece exigências aos terminais
ferroviários e rodoviários; da Resolução/CONAMA n° 9, de
31.08.1993, que dispõe sobre óleo lubrificante; e da
Resolução/CONAMA n° 23, de 12.12.1996, que dispõe sobre a
importação de resíduos perigosos) embora se deva ressaltar que a
maior parte do tráfego de resíduos é feita de maneira ilegal,
administrado por verdadeiros grupos mafiosos organizados, que
atuam em diversos países.[408] Todavia, foi de fundamental
importância a Convenção da Basiléia, de 1989, preconizar que o
movimento transfronteiriço de resíduos perigosos e outros tipos de
resíduos deveria ser reduzido a um mínimo compatível com a
administração ambientalmente saudável e eficaz desses resíduos e
que deveria ser efetuado de maneira a proteger a saúde humana e
o meio ambiente dos efeitos adversos que possam resultar desse
movimento.
Em vista disso, como não poderia deixar de ser, a referida
Convenção da Basiléia, de 1989, reconheceu plenamente que
qualquer país que dela seja parte tem o direito soberano de proibir a
entrada ou depósito de resíduos perigosos e outros resíduos
estrangeiros em seu território. Várias nações do mundo, exercendo
este direito soberano reconhecido internacionalmente, proibiram a
entrada dos lixos tóxicos em seus respectivos territórios. Entre elas
podemos citar a Argentina, cuja importação do lixo tóxico é proibida
pela Ley Nacional 23.922, de 21.03.1991 (Convenio de Basilea
sobre el Control de los Movimientos Transfronterizos de los
Desechos Peligrosos y su Eliminacion), e pela Ley Nacional n°
24.051, de 17.12.1991 (Residuos Peligrosos). No entanto, se, por
um lado, 82 (oitenta e dois) países do mundo (inclusive o Brasil)
proíbem a importação de lixo tóxico, por outro, somente 2 (duas)
nações industrializadas (Itália e Noruega) não permitem a
exportação de resíduos tóxicos.
Acrescenta GERALDO EULÁLIO DO NASCIMENTO SILVA
que a própria Convenção da Basiléia, de 1989, apesar de
relativamente rigorosa em relação ao tráfico de resíduos tóxicos,
contempla uma série de escape clauses (cláusulas de escape), que
permitem às nações exportarem com grande facilidade seus rejeitos
perigosos. Todavia, mais recentemente, a Convenção da Basiléia
vem sendo submetida a um processo de rediscussão, tendo sido
retomada a idéia de também se proibir a exportação de resíduos
perigosos.[409]

2.5.2.2 Resíduos líquidos

Nem todos os resíduos líquidos são fonte de poluição


hídrica. O resíduo líquido causador de poluição está diretamente
ligado ao fato de ser ele biodegradável ou não.[410] Os resíduos
líquidos, contendo compostos químicos de alta persistência e baixa
biodegradabilidade,[411] formados por substâncias orgânicas de alta
toxicidade ou reatividade, inegavelmente constituem forma de
poluição hídrica, além de degradar a qualidade de vida no seu
entorno.
Os resíduos líquidos ou dejetos líquidos são os despejos
líquidos provenientes de processos industriais, diferindo dos esgotos
domésticos ou sanitários. Denominado, também, “resíduo líquido
industrial”.[412] Portanto, os resíduos líquidos podem ser: a) resíduos
líquidos industriais (são as sobras líquidas após a conclusão do
processo de industrialização de algum produto); b) resíduos líquidos
domésticos (são as sobras líquidas, resultantes das atividades
inerentes às residências humanas).
O problema maior dos resíduos líquidos é que eles, de uma
forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, vão acabar sendo
lançados nos corpos d’água, sejam eles localizados na superfície ou
no subsolo. Portanto, a gestão ambiental em relação aos resíduos
líquidos, exige o seu tratamento antes que eles atinjam os corpos
d’água, que já estejam poluídos ou não. Os corpos d’água já
poluídos jamais serão recuperados se não tiver início o tratamento
dos resíduos líquidos que são a causa de sua poluição.
Costuma-se dizer que tratamento (treatment, em inglês;
traitement, em francês; tratamiento, em espanhol) é o processo
artificial de depuração e remoção das impurezas, substâncias e
compostos químicos de água captada dos cursos naturais, de modo
a torná‑la própria ao consumo humano, ou de qualquer tipo de
efluente líquido, de modo a adequar sua qualidade para a
disposição final. Tratamento de água, por sua vez, é o conjunto de
ações destinadas a alterar as características físicas e/ou químicas
e/ou biológicas da água, de modo a satisfazer o padrão de
potabilidade.[413]
Diversas são as espécies de tratamento. Entre elas podemos
citar as seguintes: 1) tratamento aeróbio (o mesmo que tratamento
por oxidação biológica, em presença de oxigênio);[414] 2) tratamento
anaeróbio (estabilização de resíduos feita pela ação de
microorganismos, na ausência de ar ou oxigênio elementar.
Refere‑se normalmente ao tratamento por fermentação mecânica);
[415]
3) tratamento biológico (forma de tratamento de água residuária
na qual a ação de microorganismos é intensificada para estabilizar e
oxidar a matéria orgânica);[416] 4) tratamento completo (no sentido
genérico, é o processamento da água residuária de origem
doméstica ou industrial, por meio de tratamento primário, secundário
e terciário; pode incluir outros tipos especiais de tratamento e
desinfecção; envolve a remoção de uma alta percentagem de
matéria suspensa coloidal e matéria orgânica dissolvida);[417] 5)
tratamento preliminar (operações unitárias, tais como remoção de
sólidos grosseiros, de gorduras e de areia, que preparam a água
residuária para o tratamento subsequente);[418] 6) tratamento
primário (operações unitárias, com vistas principalmente à remoção
e estabilização de sólidos em suspensão, tais como sedimentação,
digestão de lodo, remoção da umidade do lodo;[419] são os
processos unitários empregados para remover uma alta
percentagem de sólidos em suspensão e sólidos flutuantes, mas
pequena ou nenhuma percentagem de substâncias coloidais ou
dissolvidas; inclui recalque, gradeamento e decantação primária);[420]
7) tratamento químico (qualquer processo envolvendo a adição de
reagentes químicos para a obtenção de um determinado resultado);
[421]
8) tratamento secundário (tratamento de despejos líquidos, além
do primeiro estágio, no qual as bactérias consomem as partes
orgânicas do despejo. A ação bioquímica é conseguida pelo uso de
filtros biológicos ou processamento de lodos ativados; o tratamento
efetivo remove virtualmente todo o material flutuante e sedimentável
e, aproximadamente, 90% (noventa por cento) da DBO5 e dos
sólidos em suspensão; usualmente, a desinfecção com cloro é o
estágio final desse processo de tratamento;[422] operações unitárias
de tratamento, visando principalmente à redução de carga orgânica
dissolvida, geralmente por processos biológicos de tratamento;[423]
são os processos unitários destinados a remover ou reduzir as
substâncias coloidais ou dissolvidas, obtendo como consequência a
estabilização das matérias orgânicas pela oxidação biológica; é
projetado, principalmente, para reduzir os sólidos em suspensão e a
DBO5);[424] 9) tratamento terciário (tratamento de despejos líquidos,
além do secundário, ou estágio biológico que inclui a remoção de
nutrientes, tais como fósforo e nitrogênio e uma alta percentagem de
sólidos em suspensão. Também conhecido como tratamento
avançado de despejos, produz efluente de alta qualidade;[425]
operações unitárias que se desenvolvem após o tratamento
secundário, visando ao aprimoramento da qualidade do efluente, por
exemplo, a desinfecção, a remoção de fosfatos e outras
substâncias).[426]

2.5.2.3 Resíduos gasosos

Os resíduos gasosos ou gases residuais são as sobras


provenientes de processos industriais e dos motores de combustão,
caracterizadas pela ausência de forma e de volume. Na verdade, a
denominação “gases residuais” é geralmente reservada para as
substâncias que se encontram no estado gasoso nas condições
normais de pressão e temperatura, após a conclusão de algum
processo industrial ou da queima de combustível para
movimentação de veículos automotores. Em tais casos, as
moléculas dos gases residuais (que podem ser monoatômicas ou
poliatômicas) encontram-se suficientemente afastadas umas das
outras para que as forças de atração mútua resultem quase nulas.
Daí tais resíduos se encontrarem misturados ao ar atmosférico.
Justamente por estarem misturados ao ar atmosférico (essencial
para os seres vivos terrestres) é que os gases residuais são
considerados um dos mais perigosos resíduos e um dos que mais
causam danos aos seres vivos.

2.5.3 Coleta e transporte de resíduos indesejáveis

Coleta é a remoção de modo rápido e seguro dos resíduos


(lixo), para tratamento e/ou destinação final sanitária, evitando
problemas estéticos, ambientais e de saúde pública.
A coleta de resíduos deve ser efetuada em cada imóvel,
sempre nos mesmos dias da semana e em horários regulares. De
maneira que o tempo decorrido entre a geração dos resíduos e seu
tratamento ou destino final não deve exceder 1 (uma) semana, para
evitar proliferação de moscas, aumento do mau cheiro e a incidência
de animais roedores, insetos e outros. A frequência mínima de
coleta de resíduos admissível em locais de clima quente é de 3
(três) vezes por semana, principalmente em vista do peso e volume
que uma cidade gera por dia.. Com efeito, é público que uma cidade
de 10.000 habitantes (P) gera por habitante nada menos nada mais
que 0,600 kg/dia (q). Assim, utilizando-se a fórmula PL (quantidade
de resíduos gerados por dia) = Pxq, temos que numa cidade de
10.000 habitantes gera-se 6 toneladas de resíduos por dia (PL=
10.000 x 0,600 = 6.000 kg/dia ou 6t/dia).
No entanto, a eficiência da coleta de resíduos depende do
seguinte: 1) bom planejamento técnico (o planejamento e a
organização de um bom sistema de coleta de resíduos são
fundamentais, uma vez que esta fase de tais serviços corresponde
de 50% a 80% do custo das operações de limpeza, nos centros
urbanos ou às vezes mais do que isto); o planejamento dos roteiros
ou itinerários, por onde o veículo coletor de resíduos deverá passar,
implica os seguintes levantamentos prévios: a) levantamento das
características dos resíduos a serem coletados (quantidade gerada,
peso específico dos vários constituintes, volume e composição
gravimétrica); b) levantamento das características do sistema viário
(informações sobre avenidas, ruas, tipo de pavimentação, extensão,
declividade, sentido de intensidade de tráfego, áreas de difícil
acesso, etc.); c) levantamento das zonas de geração de resíduos: i)
zonas residenciais (classes alta, média e baixa), com respectivas
densidades populacionais (habitantes por km2); ii) zonas comerciais;
iii) zonas de concentração de resíduos públicos; d) levantamento
das características da população geradora dos resíduos a serem
coletados (população fixa e flutuante, contribuição per capita e
número médio de moradores por residência); e) levantamento dos
hábitos e costumes da população (dados relativos aos locais onde
há feiras livres, festas religiosas, mercados, ocupação sazonal de
determinadas áreas de lazer, etc.); f) levantamento de dados para
definição da frequência, que poderá ser uma, duas ou três vezes por
semana (a frequência é definida em função do tipo de resíduo a ser
coletado, das condições climáticas e dos recursos técnicos e
econômicos disponíveis pelo órgão responsável pela coleta dos
resíduos); 2) equipamentos específicos (além do caminhão-
caçamba, é recomendável equipamentos compactadores de
resíduos em áreas de média a alta densidade populacional); 3)
participação comunitária; e 4) parceria entre e população e o órgão
responsável pelo serviço de coleta. Por sinal, a eficiência da coleta
de resíduos reduz os perigos decorrentes do seu mau
acondicionamento na fonte geradora dos rejeitos.
Os serviços de coleta de resíduos são classificados da
seguinte forma: 1) coleta de resíduos domiciliar ou coleta regular; 2)
coleta de resíduos de feiras livres, praias, calçadas e
estabelecimentos públicos; 3) coleta especial: coleta que contempla
o recolhimento dos resíduos não retirados pela coleta regular (por
exemplo, resíduos de serviços de saúde); 4) coleta seletiva: coleta
que visa recolher os resíduos segregados na fonte; as vantagens do
programa de coleta seletiva são as seguintes: a) redução de custos
com a disposição final dos resíduos em aterros sanitários; b)
aumenta a vida útil do aterro sanitário; c) diminuição de gastos com
a remedição de áreas degradadas (áreas clandestinas); d)
educação e conscientização ambiental da população; e) geração de
empregos diretos e indiretos; f) resgate social do indivíduo, através
da criação de cooperativa de catadores. A coleta seletiva apresenta
os seguintes indicadores de separação: a) azul: papel/papelão; b)
vermelho: plástico; c) verde: vidro; d) amarelo: metal; e) preto:
madeira; f) laranja: resíduos perigosos; g) branco: resíduos
ambulatoriais e de serviços de saúde; h) roxo: resíduos radioativos;
i) marrom: resíduos orgânicos; j) cinza: resíduo geral não reciclável
ou misturado, ou contaminado não passível de separação; 5) coleta
dos estabelecimentos industriais: coleta que deve ser feita de
maneira diferenciada da coleta regular e coleta especial.
Em relação às rotas da coleta de resíduos, se deve ter em
mente os seguintes critérios e regras práticas: 1) o itinerário deve
ser feito de forma que o veículo coletor de resíduos esgote sua
capacidade de carga, percorra todas das ruas existentes no trajeto
e, depois, dirija-se ao local de tratamento ou destinação final; 2)
deve-se evitar o percurso improdutivo: trechos percorridos em que o
veículo não realiza coleta de resíduos, ou seja, faz deslocamento
inútil de um ponto a outro; 3) o início da coleta de resíduos deve
ocorrer em algum ponto próximo da garagem do veículo coletador;
4) o término da coleta de resíduos deve ser próximo da área de
descarga (de tratamento ou de destinação final); 5) a coleta de
resíduos deve ser feita em sentido descendente, quando feita em
vias íngremes; 6) a coleta de resíduos deve ser feita em percurso
contínuo, ou seja, nos dois lados da rua; 7) para cada itinerário de
coleta de resíduos é necessária a elaboração do seguinte: a) roteiro
gráfico de área, em mapa ou croqui; b) indicação do início e término
da coleta de resíduos; c) percurso a ser seguido pelo veículo; d)
pontos de coleta manual (sem acesso a veículos, sendo os resíduos
coletados e carregados pelos coletadores); e) trechos com percurso
morto e manobras especiais, tais como ré e retorno; f) evitar o
máximo perturbar a população alcançada pelo serviço de coleta.
Quanto ao horário em que a coleta de resíduos deve ser
realizada, ele pode ser classificado da seguinte maneira: 1) coleta
de resíduos diurna: a) benefícios: i) coleta feita durante o dia é mais
econômica; ii) este horário proporciona uma melhor fiscalização do
serviço; b) inconvenientes: i) interfere de maneira negativa no fluxo
do trânsito de veículos; ii) maior desgaste dos coletadores em
regiões de climas quentes, com a consequente redução de
produtividade; 2) coleta de resíduos noturna: a) benefícios: i) horário
mais indicado para a coleta de resíduos em áreas comerciais e
industriais; ii) não interfere no trânsito de veículos, que durante o dia
é muito intenso; iii) os resíduos a serem coletados não ficam à vista
das pessoas durante o dia; b) inconvenientes: i) causa incômodo
pelo excesso de ruído provocado pela manipulação dos recipientes
de guarda dos resíduos e pelos veículos coletores; ii) dificulta a
fiscalização; iii) aumenta o custo de mão-de-obra (principalmente
em relação ao pagamento de adicional pelo trabalho noturno).

2.5.4 Estações de transferência ou transbordo

As estações de transferência ou transbordo são locais onde


os caminhões coletores de resíduos indesejáveis (lixo) vazam sua
carga dentro de veículos com carrocerias de maior capacidade que
seguem até o seu destino final, ou seja, constitui instalação que
permite a transferência do resíduo recolhido pelos veículos de coleta
para outro meio de transporte de maior capacidade e que possa
vencer grandes distâncias com menor ocupação de mão de obra.
Em outras palavras, trata-se de instalação ou ponto intermediário
entre o serviço de coleta de resíduos indesejáveis e o seu ponto de
destinação final, no interior das quais esses resíduos são
transferidos de um veículo (caminhão coletadores de médio porte) a
outro meio de transporte, que podem ser caminhões de maior
capacidade (carretas de maior porte), barcaças ou vagão ferroviário,
os quais podem transportar o equivalente a cerca de três
caminhões coletores até o local de destinação final.
As estações de transferência ou transbordo têm como
objetivo principal reduzir o tempo gasto de transporte e,
consequentemente, os custos com o deslocamento do caminhão
coletor desde o ponto final do roteiro até o local de disposição final
dos resíduos indesejáveis.
As estações de transferência ou transbordo podem ser
classificadas da seguinte forma: 1) quanto ao meio de transporte
adotado: a) estações de transferência por via rodoviária; b) estações
de transferência por via ferroviária; c) estações de transferência por
via hídrica ou aquática; 2) quanto à armazenagem dos resíduos
indesejáveis: a) estações de transferência com existência de fosso
de acumulação de resíduos; b) estações de transferência sem fosso
de acumulação de resíduos; 3) quanto ao tratamento prévio do
resíduo indesejável: a) estações de transferência com sistema de
redução de volume; b) estações de transferência sem sistema de
redução de volume; 4) quanto ao sistema de redução do volume
adotado: a) estações de transferência com redução de volume por
compactação dos resíduos; b) estações de transferência com
redução de volume por trituração; ou c) estações de transferência
com redução de volume por reciclagem.
As estações de transferência ou transbordo constituem
solução a qual se lança mão para ser operacionalizada quando as
áreas disponíveis para disposição dos resíduos indesejáveis (aterro
sanitário)[427] se encontram muito afastadas dos locais de sua coleta
(centro de massa da coleta), com distância superior a 25 (vinte e
cinco) quilômetros. Todavia, seja estação de transferência com
sistema de redução do volume, seja estação de transferência sem
tal sistema, o transbordo deve ser apoiado por silos ou pátios de
acumulação, com a finalidade de permitir o vazamento de carga de
carros coletores, sem a eventual presença de carretas na estação
de transferência. Além disso, estações de transferência ou
transbordo devem situar-se em locais estratégicos da cidade, devem
permitir que os caminhões descarreguem rapidamente e retorne aos
roteiros das cidades e devem revestir-se de cuidado especial em
relação a localização.
Certo é que a expansão acelerada das populações urbanas
dificulta sobremaneira a localização de áreas adequadas para o
tratamento e disposição final dos resíduos indesejáveis, de maneira
que tal crescimento desordenado acarreta o seguinte: a) aumento
das distâncias a serem percorridas pelos veículos coletores de
resíduos indesejáveis; b) aumento do custo do transporte; e c)
diminuição da produtividade dos veículos coletores de resíduos
indesejáveis. Portanto, as estações de transferência ou transbordo
são altamente recomendáveis quando há grandes distâncias a
serem vencidas até o ponto de destinação final, pois elas têm o
mérito de limitar o percurso dos veículos coletores, gerando maior
economia e permitindo o transporte dos resíduos indesejáveis com
capacidade entre 40 (quarenta) m3 e 60 (sessenta) m3.
Experimentam-se outras alternativas para solucionar o problema,
tais como as soluções conjuntas e integradas com municípios
vizinhos para a destinação final dos resíduos indesejáveis. Com
efeito, vários municípios operam uma área em comum de disposição
final de tais resíduos.
Todavia, nem tudo é vantajoso nas estações de transferência
ou transbordo. Elas também têm por inconveniente o fato de os
resíduos indesejáveis terem sido compactados durante a sua coleta
e depois, no transbordo, se tornar resíduo solto novamente.
Portanto, deve-se procurar minimizar tal problema. Outro
inconveniente refere-se à formação de fila de veículos de baixa
capacidade, ou seja, também se deve ter o cuidado de manter
reduzido o tempo despendido na descarga dos veículos coletores
dos resíduos e no carregamento das carretas de maior porte,
evitando-se formação de fila.

2.5.5 Ecopontos

Ecopontos são locais destinados ao recebimento de resíduos


indesejáveis de pequenos geradores que, por seu tipo, peso ou
volume, não são recolhidos pela coleta domiciliar regular. Eles têm
por finalidade o seguinte: a) incentivar a entrega voluntária dos
resíduos indesejáveis diretamente pelo seu gerador; b) formalizar os
pequenos coletores; c) planejar a posição geográfica; d) triagem no
próprio local da coleta; e) participação de prefeituras e instituições
de ensino na elaboração dos ecopontos.
Os ecopontos são classificados da seguinte maneira: 1)
Classe A: ecopontos aplicáveis em construção (para coleta, por
exemplo, de concreto, argamassa, cerâmica, blocos); 2) Classe B:
ecopontos não aplicáveis em construção (para coleta, por exemplo,
de plástico, papel, vidro); 3) Classe C: ecopontos de resíduos não-
recicláveis (para coleta, por exemplo, de gesso); 4) Classe D:
ecopontos aplicáveis em coleta de resíduos perigosos, como por
exemplo, tintas e solventes. De maneira que dos ecopontos os
resíduos indesejáveis serão transferidos, de acordo com a sua
classificação, para tratamento, reaproveitamento, reciclagem ou
para um destino final adequado.
São considerados objetivos primeiros dos ecopontos os
seguintes: a) oferecer à população um local adequado para o
descarte de resíduos indesejáveis não recolhidos pela coleta
domiciliar regular; b) diminuir a quantidade de resíduos indesejáveis
dispostos irregularmente nos logradouros públicos e em terrenos de
particulares (focos de lixo); c) minimizar o impacto ambiental dos
resíduos indesejáveis dispostos de forma irregular; d) proporcionar o
reaproveitamento ou a reciclagem de materiais.
São tipos de resíduos indesejáveis aceitos nos ecopontos os
seguintes: a) madeiras beneficiadas; b) móveis e colchões; c)
eletrodomésticos e sucata ferrosa; d) rejeito da atividade informal de
triagem de resíduos indesejáveis recicláveis; e) Terra e agregados
rochosos. Também são tipos de resíduos indesejáveis aceitos nos
ecopontos os seguintes: a) caliça de obra e restos de materiais
cerâmicos; b) resíduos arbóreos e de capina de jardins; c) resíduos
recicláveis; d) pneus; e) óleo de cozinha; f) outros, desde que
ambientalmente possível.

2.5.6 Formas de destino final dos resíduos

O art. 54 da Lei n° 12.305, de 02.08.2010, fixa o prazo


máximo de 4 (quatro) anos para a disposição final ambientalmente
adequada dos “rejeitos”. Lembramos que o termo “rejeito” designa o
resíduo que, depois de esgotadas todas as possibilidades técnicas e
economicamente viáveis de tratamento, não apresenta outra
alternativa senão a disposição final ambientalmente adequada.
De maneira que a disposição final ambientalmente adequada
é a ultima alternativa a ser empregada. Portanto, antes disso,
devem ser adotadas outras alternativas, entre elas a não-geração
de resíduos, a reciclagem, o reutilização, o reaproveitamento
energético e o tratamento do resíduos.
Duas são as formas de destino final dos resíduos: 1)
resíduos descartados sem tratamento: caso os resíduos
indesejáveis não tenham tratamento adequado, certamente ele
acarretará sérios danos ao meio ambiente, a saber: a) poluição do
solo: alterando suas características físico-químicas, representará
uma séria ameaça à saúde pública tornando-se ambiente propício
ao desenvolvimento de transmissores de doenças, além do visual
degradante associado aos montes de resíduos sólidos; b) poluição
da água: alterando as características do ambiente aquático, através
da percolação do líquido gerado pela decomposição da matéria
orgânica presente no lixo, associado com as águas pluviais e
nascentes existentes nos locais de descarga dos resíduos; c)
poluição do ar: provocando formação de gases naturais na massa
de lixo, pela decomposição dos resíduos com e sem a presença de
oxigênio no meio, originando riscos de migração de gás, explosões
e até de doenças respiratórias, se em contato direto com os
mesmos; 2) resíduos descartados com tratamento: a destinação
final e o tratamento dos resíduos indesejáveis podem ser realizados
através dos seguintes métodos: a) aterros sanitários (disposição no
solo de resíduos domiciliares); b) reciclagem energética (incineração
ou queima de resíduos perigosos, com reaproveitamento e
transformação da energia gerada); c) reciclagem orgânica
(compostagem da matéria orgânica); d) reciclagem industrial
(reaproveitamento e transformação dos materiais recicláveis); e)
esterilização a vapor e desinfecção por microondas (tratamento dos
resíduos patogênicos, sépticos, hospitalares); f) programas
educativos ou processos industriais que tenham como objetivo a
redução da quantidade de resíduos produzidos, também podem ser
considerados como uma das formas de tratamento.
Em relação aos aterros sanitários, é importante esclarecer,
ainda, que existe grande diferença operacional, com reflexos
ambientais imediatos, entre ele o chamado “lixão”. Com efeito, o
lixão representa o que há de mais primitivo em termos de disposição
final de resíduos indesejáveis. Todo o lixão coletado é transportado
para determinado local afastado dos centros urbanos e
descarregado diretamente no solo, sem tratamento algum. Assim,
todos os efeitos negativos para a população e para o meio ambiente
se manifestarão irremediavelmente. No entanto, apesar de tal
agressão, é dessa forma que a maioria das cidades brasileiras ainda
“maneja” os seus resíduos domiciliares indesejáveis. Ao contrário, o
aterro sanitário é tratamento baseado em técnicas sanitárias
(impermeabilização do solo/compactação e cobertura diária das
células de lixo/coleta e tratamento de gases/coleta e tratamento do
chorume),[428] entre outros procedimentos técnico-operacionais
responsáveis em evitar os aspectos negativos da deposição final
dos resíduos indesejáveis, ou seja, proliferação de ratos e moscas,
exalação do mau cheiro, contaminação dos lençóis freáticos,
surgimento de doenças e o transtorno do visual desolador por um
local com toneladas de resíduos amontoado. Entretanto, apesar das
vantagens, este método enfrenta limitações por causa do
crescimento das cidades, associado ao aumento da quantidade de
resíduos indesejáveis produzidos. Todavia, o sistema de aterro
sanitário precisa ser associado à coleta seletiva de resíduos
indesejáveis e à reciclagem, o que permitirá que sua vida útil seja
bastante prolongada, além do aspecto altamente positivo de se
implantar educação ambiental com resultado promissores na
comunidade, desenvolvendo coletivamente uma consciência
ecológica, cujo resultado é sempre maior participação da população
na defesa e preservação do meio ambiente. Não se pode perder de
vista, porém, que as áreas destinadas para implantação de aterros
sanitários têm vida útil limitada e novas áreas são cada vez mais
difíceis de serem encontradas próximas aos centros urbanos.
Aperfeiçoam-se os critérios e requisitos analisados nas aprovações
dos Estudos de Impacto Ambiental – EIA pelos órgãos de controle
do meio ambiente; além do fato de que os gastos com a sua
operação se elevam, com o seu distanciamento. Seja como for,
devido a suas desvantagens, a instalação de aterros sanitários deve
ser planejada sempre associada à implantação da coletiva seletiva e
de alguma indústria de reciclagem, que ganha cada vez mais força
no mundo atual.
Também merece comentários a modalidade de reciclagem
orgânica, denominada “compostagem”. A compostagem é forma de
tratamento biológico da parcela orgânica do resíduo indesejável,
permitindo redução de volume dos tais resíduos e a transformação
destes em composto a ser utilizado na agricultura, como
recondicionante do solo. Em outras palavras, é o processo de
decomposição da fração orgânica biodegradável dos resíduos,
efetuado por uma população diversificada de organismos, em
condições controladas de aerobiose e demais parâmetros, segundo
a ABNT/NBR 13.591, desenvolvidos em 2 (duas) etapas distintas: a)
etapa de degradação ativa; e b) etapa de maturação. Trata-se de
importante técnica em razão da composição dos resíduos urbanos
do Brasil, pois apresenta as seguintes vantagens: a) aaumenta a
vida útil do aterro sanitário; b) proporciona eliminação de patógenos;
c) traz significativa economia no tratamento do chorume; e d) pode
atuar como condicionador do solo, melhorando a sua estrutura. O
processo de compostagem pode seguir os seguintes métodos: a)
método natural: tem as seguintes características: i) operação
depende de fatores externos como pluviometria, temperatura e
umidade; ii) os resíduos são triados, moídos, umidificados e
dispostos em leiras para digerir e composta; iii) as leiras são
reviradas periodicamente para facilitar a decomposição biológica; iv)
os custos de implantação e manutenção são menores; v) é indicado
para cidades de pequeno e médio porte; vi) tempo para que o
processo se complete varia de 3 (três) a 4 (quatro) meses; b)
método acelerado: tem as seguintes características: i) a
compostagem é realizada utilizando equipamentos específicos como
os bioestabilizadores; ii) os custos de implantação e manutenção
são maiores do que o método natural; iii) é indicado para aportes
superiores a 200 (duzentas) t/dia; iv) tempo total da compostagem
acelerada é de 2 (dois) a 3 (três) meses; v) este método é utilizado
no sistema “DANO”. Quanto as exigências legais, lembramos que a
implantação de usinas de compostagem está condicionada à
aprovação dos órgãos estaduais do meio ambiente, mediante
cumprimento dos requisitos previstos na Resolução/CONAMA n°
001, de 23.01.1986, bem como a licença de instalação e
funcionamento. Além disso, usinas de compostagem que irão
processar mais que 100 (cem) t/d devem apresentar Estudo de
Impacto Ambiental – EIA e Relatório de Impacto do Meio Ambiente –
RIMA, porém, para as usinas que irão tratar menos que 100 (cem)
t/d é preciso consultar os órgãos estaduais do meio ambiente sobre
a necessidade ou não de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e
Relatório de Impacto do Meio Ambiente – RIMA. Ademais, para se
definir regularmente a localização da usina de compostagem devem
ser considerados os seguintes aspectos: a) atender às diretrizes
fixadas para o desenvolvimento urbano da região; b) atender a
legislação de uso e ocupação do solo; c) distância mínima de 200
(duzentos) metros de cursos d água; d) distância do centro da zona
de coleta; e) identificar risco potencial de contaminação de águas
superficiais e subterrâneas; f) direção predominante dos ventos; g)
relevo apropriado. Em relação ao pátio de cura, ele deve atender os
seguintes aspectos técnicos: a) declividade do pátio: ideal de 2%
(dois por cento) a 3% (três por cento) para permitir o escoamento de
líquidos sobre o piso (chuva e chorume); b) regularização do piso: a
fim de evitar o empoçamento do chorume e água da chuva; c)
sistema de drenagem: para evitar o acúmulo das águas pluviais nas
leiras; d) coleta de chorume; e e) impermeabilização do solo.
Também em relação as leiras deve ser observado o seguinte: a) na
formação e disposição das leiras, a altura não deverem ultrapassar
1,5 metros: acima deste valor incorre-se na anaerobiose; b) leiras
baixas perdem calor facilmente; c) a disposição deve ser feita de tal
forma que permita a circulação de operários e também possibilite o
seu revolvimento; d) recomenda-se colocar placas de identificação
de leira. De maneira que, mesmo é meio eficaz de tratar os resíduos
indesejáveis, mesmo enfrentando dificuldades de comercialização
dos compostos em razão do comprometimento dos mesmos por
contaminantes, tais como metais pesados existentes no resíduo
urbano, e possíveis aspectos negativos de cheiro no pátio de cura.

2.5.7 Poluição por resíduos perigosos

Na Convenção de Basiléia sobre o Controle dos Movimentos


Transfronteiriços dos Resíduos Perigosos ficou claro que o controle
efetivo da geração, do armazenamento, do tratamento, da
reciclagem e reutilização, do transporte, da recuperação e do
depósito dos resíduos perigosos é de extrema importância para a
saúde do homem, a proteção do meio ambiente, o manejo dos
recursos naturais e o desenvolvimento sustentável. Daí a
importância de algumas considerações a respeito dessa modalidade
de resíduo indesejável.
Segundo a NBR 10.004 (“Resíduos Sólidos – Classificação”),
a periculosidade de determinado resíduo indesejável ou risco
potencial ao meio ambiente é caracterizada em função de suas
propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, a qual pode
apresentar-se da seguinte maneira: I) risco à saúde pública,
provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de
mortalidade ou incidência de doenças; II) riscos ao meio ambiente,
quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada;
ou III) risco potencial decorrente de uma das seguintes
propriedades: 1) inflamabilidade: um resíduo indesejável é
caracterizado como inflamável (código de identificação D001), se
uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT/NBR
10.007 (“Amostragem de resíduos sólidos”), apresentar qualquer
uma das seguintes propriedades: a) ser líquida e ter ponto de fulgor
inferior a 60°C, determinado conforme ABNT/NBR 14.598
(“Produtos de petróleo – Determinação do ponto de fulgor pelo
aparelho de vaso fechado Pensky- Martens”) ou equivalente,
excetuando-se as soluções aquosas com menos de 24% (vinte e
quatro por cento) de álcool em volume; b) não ser líquida e ser
capaz de, sob condições de temperatura e pressão de 25°C e 0,1
MPa (1 atm), produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por
alterações químicas espontâneas e, quando inflamada, queimar
vigorosa e persistentemente, dificultando a extinção do fogo; c) ser
um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e,
como resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do
fogo em outro material; d) ser um gás comprimido inflamável,
conforme a Legislação Federal sobre transporte de produtos
perigosos (Portaria nº 204/1997 do Ministério dos Transportes); 2)
corrosividade: um resíduo é caracterizado como corrosivo (código
de identificação D002) se uma amostra representativa dele, obtida
segundo a ABNT/NBR 10.007 (“Amostragem de resíduos sólidos”),
apresentar uma das seguintes propriedades: a) ser aquosa e
apresentar pH inferior ou igual a 2, ou, superior ou igual a 12,5, ou
sua mistura com água, na proporção de 1:1 em peso, produzir uma
solução que apresente pH inferior a 2 ou superior ou igual a 12,5; b)
ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água,
produzir um líquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão
maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55°C, de acordo
com USEPA SW 846 (“Test methods for evaluating solid waste –
Physical/chemical methods”) ou equivalente; 3) reatividade: um
resíduo é caracterizado como reativo (código de identificação D003)
se uma amostra representativa dele, obtida segundo a ABNT/NBR
10.007 (“Amostragem de resíduos sólidos”), apresentar uma das
seguintes propriedades: a) ser normalmente instável e reagir de
forma violenta e imediata, sem detonar; b) reagir violentamente com
a água; c) formar misturas potencialmente explosivas com a água;
d) gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes
para provocar danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando
misturados com a água; e) possuir em sua constituição os íons CN
ou S2- em concentrações que ultrapassem os limites de de 250 mg
de HCN liberável por quilograma de resíduo ou 500 mg de H2S
liberável por quilograma de resíduo, de acordo com ensaio
estabelecido no USEPA - SW 846 (“Test methods for evaluating
solid waste – Physical/chemical methods”); f) ser capaz de produzir
reação explosiva ou detonante sob a ação de forte estímulo, ação
catalítica ou temperatura em ambientes confinados; g) ser capaz de
produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante ou
explosiva a 25°C e 0,1 MPa (1 atm); h) ser explosivo, definido como
uma substância fabricada para produzir um resultado prático,
através de explosão ou efeito pirotécnico, esteja ou não esta
substância contida em dispositivo preparado para este fim; 4)
toxicidade: Um resíduo é caracterizado como tóxico se uma amostra
representativa dele, obtida segundo a ABNT/NBR 10.007
(“Amostragem de resíduos sólidos”), apresentar uma das seguintes
propriedades: a) quando o extrato obtido desta amostra, segundo a
ABNT/NBR 10.005 (“Procedimento para obtenção de extrato
lixiviado de resíduos sólidos”), contiver qualquer um dos
contaminantes em concentrações superiores aos valores constantes
no Anexo “F” da NBR 10.004 (“Resíduos Sólidos – Classificação”).
Neste caso, o resíduo deve ser caracterizado como tóxico com base
no ensaio de lixiviação, com código de identificação constante no
Anexo “F” da NBR 10.004 (“Resíduos Sólidos – Classificação”); b)
possuir uma ou mais substâncias constantes no Anexo “C” da NBR
10.004 (“Resíduos Sólidos – Classificação”) e apresentar toxicidade;
para avaliação dessa toxicidade, devem ser considerados os
seguintes fatores: i) natureza da toxicidade apresentada pelo
resíduo; ii) concentração do constituinte no resíduo; iii) potencial que
o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem
para migrar do resíduo para o ambiente, sob condições impróprias
de manuseio; iv) persistência do constituinte ou qualquer produto
tóxico de sua degradação; v) potencial que o constituinte, ou
qualquer produto tóxico de sua degradação, tem para degradar-se
em constituintes não perigosos, considerando a velocidade em que
ocorre a degradação; vi) extensão em que o constituinte, ou
qualquer produto tóxico de sua degradação, é capaz de
bioacumulação nos ecossistemas; vii) efeito nocivo pela presença
de agente teratogênico, mutagênico, carcinogênco ou ecotóxico,
associados a substâncias isoladamente ou decorrente do
sinergismo entre as substâncias constituintes do resíduo; c) ser
constituída por restos de embalagens contaminadas com
substâncias constantes nos Anexos “D” ou “E” da NBR 10.004
(“Resíduos Sólidos – Classificação”); d) resultar de derramamentos
ou de produtos fora de especificação ou do prazo de validade que
contenham quaisquer substâncias constantes nos Anexos “D” ou “E”
da NBR 10.004 (“Resíduos Sólidos – Classificação”); e) ser
comprovadamente letal ao homem; f) possuir substância em
concentração comprovadamente letal ao homem ou estudos do
resíduo que demonstrem uma DL50 oral para ratos menor que 50
mg/kg ou CL50 inalação para ratos menor que 2 mg/L ou uma DL50
dérmica para coelhos menor que 200 mg/kg; ou 5) patogenicidade:
um resíduo é caracterizado como patogênico (código de
identificação D004) se uma amostra representativa dele, obtida
segundo a ABNT/NBR 10.007 (“Amostragem de resíduos sólidos”),
contiver ou se houver suspeita de conter, microorganismos
patogênicos, proteínas virais, Ácido Desoxiribonucléico – ADN ou
ácido Ribonucléico – ARN recombinantes, organismos
geneticamente modificados, plasmídios, cloroplastos, mitocôndrias
ou toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou
vegetais (contém microorganismos ou suas toxinas são capazes de
produzir enfermidades); os resíduos perigosos de serviços de saúde
deverão ser classificados conforme ABNT/NBR 12.808 (“Resíduos
de serviço de saúde – Classificação”), enquanto que os resíduos
perigosos gerados nas estações de tratamento de esgotos
domésticos e os resíduos domiciliares, excetuando-se os originados
na assistência à saúde da pessoa ou animal, não serão
classificados segundo os critérios de patogenicidade.
Vale acrescentar que o risco potencial ao meio ambiente ou
periculosidade do resíduo indesejável está diretamente vinculado
aos teores da amostragem contrante na NBR 10.007 (“Amostragem
de Resíduos – Procedimento”).
Portanto, podemos dizer que resíduos perigosos são todos
os resíduos ou mistura de resíduos que, em função de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade ou patogenicidade podem apresentar risco à saúde
pública, provocando ou contribuindo para aumento de mortalidade
ou incidência de doenças, e/ou apresentam efeitos adversos ao
meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma
inadequada. Tais resíduos perigosos devem ser submetidos aos
ensaios previstos na NBR 10.007 (“Lixiviação de Resíduos –
Procedimentos”) e os teores obtidos no extrato não podem
ultrapassar as concentrações limites.
Os resíduos industriais que devem ser considerados como
resíduos perigosos são os seguintes: 1) resíduos perigosos de
fontes específicas; 2) resíduos perigosos genéricos; 3) resíduos
perigosos químicos de natureza comercial.
É importante destacar que os resíduos portuários,
aeroportuários e de outras áreas alfandegárias, os quais sejam
provenientes de outros países, podem ser classificados como
resíduos perigosos, pois são possíveis agentes contaminantes e
vetores de doenças endêmicas.
Quanto ao tratamento adequado para os resíduos
considerados perigosos, lembramos tais tratamentos são os
seguintes: 1) tratamento po incineração (incinerados com os
mesmos cuidados utilizados na eliminação de lixo hospitalar, ou
seja, em forno rotatório com câmera de pós-combustão, em filtros
de mangas, em multiciclones, em precipitadores eletroestáticos
secos e úmidos, etc.); 2) tratamento químico (tratamento capaz de
promover a neutralização, degradação ou até mesmo a
mineralização do resíduo périgoso ou potencialmente poluente; o
desempenho de cada processo de tratamento químico está
relacionado à natureza química do resíduo indesejável); 3)
tratamento por disposição em vertedouros (depósito em paredes,
diques ou aberturas sobre as quais escoa o resíduo perigoso).
Em relação ao tratamento dos resíduos perigosos pelo
método da incineração, vale esclarecer, ainda, que este método de
tratamento é baseado na combustão (queima) do resíduo
indesejável perigoso. É processo que demanda custos bastante
elevados e a necessidade de um super e rigoroso controle da
emissão de gases poluentes gerados pela combustão. Com o
avanço da industrialização, a natureza dos resíduos mudou isto
drasticamente. A produção em massa de produtos químicos e
plásticos torna, hoje em dia, a eliminação do resíduo indesejável por
meio da incineração processo complexo, de custo elevado e
altamente poluidor. A incineração acaba gerando mais resíduos
tóxicos, tornando-se séria ameaça para o meio ambiente e a saúde
humana. De fato, os incineradores modernos não resolvem os
problemas dos materiais tóxicos presente no resíduo perigoso. Na
verdade, eles apenas convertem esses materiais tóxicos em outras
formas, algumas das quais podem ser mais tóxicas que os materiais
originais. As emissões tóxicas, que são liberadas mesmo pelos
incineradores mais modernos (nenhum processo de incineração
opera com 100% de eficácia), são constituídas por 3 (três) tipos de
poluentes altamente perigosos: a) os metais pesados; b) os
produtos de combustão incompleta; e c) as substâncias químicas
novas, formadas durante o processo de incineração. Inúmeras
organizações internacionais de defesa do meio ambiente, inclusive o
famoso Greenpeace, defendem a adoção de estratégias e planos
que promovam a redução, a reutilização e a reciclagem de matérias,
produtos e resíduos perigosos. De maneira que a incineração é
método altamente agressor que não tem lugar num futuro
sustentável. A Convenção de Estocolmo tem o objetivo de acabar
com a fabricação e utilização de 12 (doze) substâncias tóxicas, os
chamados “Doze Sujos”, entre elas podemos citar as dioxinas e os
furanos, substâncias potencialmente cancerígenas. Essa
Convenção classifica ainda os incineradores de resíduos perigosos
e os fornos de cimento para co-geração de energia por meio da
queima de resíduos perigosos, como sendo uma das principais
fontes de dioxinas, furanos e Polychlorinated Biphenuyls – PCB.
Além disso, a referida Convenção recomenda o uso de tecnologias
alternativas para evitar a geração desses subprodutos. O Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente – UNEP acrescentou
também que os incineradores de resíduos perigosos são fonte de
mais de 60% (sessenta por cento) das emissões mundiais de
dioxinas.

2.5.8 Redução, reutilização e reciclagem de resíduos

Atualmente, todas as preocupações em relação aos resíduos


indesejáveis visando à reversão da situação de desperdício estão
configurados nas diretrizes “3 R’s”, isto é, orientação no sentido de
“Reduzir, Reutilizar e Reciclar” os resíduos indesejáveis.
A diretriz “Reduzir” da famosa expressão significa que a
quantidade de resíduos indesejáveis pode ser reduzida exigindo-se
materiais e produtos mais duráveis, mantendo um consumo mais
racional e repartindo com outras pessoas o uso de materiais
(equipamentos, jornais, livros, etc.). Em assim se procedendo,
certamente haverá economia de esforços na operacionalização do
sistema de limpeza pública se ocorrer a redução na geração de
resíduos indesejáveis: a geração de menos resíduos implicará numa
estrutura de coleta menor, assim como redução de custos de
disposição final sendo que uma das formas de se tentar reduzir a
quantidade de resíduos indesejáveis é combatendo o desperdício. É
certo também que evitar o desperdício numa sociedade de consumo
não é objetivo muito fácil de ser alcançado. Porém, a partir do
momento em que este desperdício resulta em ônus para o Poder
Público e para o contribuinte, a redução do volume de resíduos
indesejáveis significará redução de custos, além de fator decisivo na
preservação dos recursos naturais. Todavia, a diretriz “Reduzir” a
geração de resíduos indesejáveis não implica, necessariamente,
queda do consumo e não significa ainda diminuição na qualidade de
vida. Ao contrário, tende a aumentá-la.
Já a diretriz “Reutilizar” da referida expressão diz respeito
aos esforços no sentido de ser fazer circular os materiais já usados
e indesejados para algumas pessoas, mas que ainda podem servir
perfeitamente a outras pessoas, tais como roupas, móveis,
aparelhos domésticos, livros, brinquedos, etc. Além disso, diz
respeito também aos esforços no sentido de usar embalagens
retornáveis, desenvolvendo e apoiando atividades de recuperação e
conservação dos mais diversos objetos. Nesse mesmo sentido é
que a Lei n° 12.305, define reutilização como o processo de
aproveitamento dos resíduos sem a sua transformação físico-
química-biológica.
Outrossim, a diretriz “Reciclar” refere-se a orientação de não
se jogar fora aquilo que pode ser novamente aproveitado de outra
forma, isto é, inserir determinado produto acabado, e já utilizado
para o seu fim inicial, num novo processo de produção. Nesse
mesmo sentido é que a Lei n° 12.305, define reciclagem é quando
ocorre a transformação físico-química-biológica. Assim, por
exemplo, quando há a separação de plásticos, seguida de lavagem,
trituração e extrusão, fala-se em reciclagem; dúvida não resta de
que, quando há a separação da fração orgânica do resíduo
indesejável, seguida de compostagem e peneiramento, também se
verifica a reciclagem. Seja como for, a reciclagem terá cumprido o
seu papel quando o resíduo, depois de submetido a processo de
seleção e tratamento, transformar-se em novo produto capaz de ser
comercializado no mercado. Existe, porém, significativa diferença
entre reciclar e reutilizar. Com efeito, reutilizar determinado produto
significa reaproveitá-lo sem qualquer alteração física, modificando
ou não o seu uso original. Assim, se reutiliza embalagens de vidro
de alimentos quando, consumido o produto, usa-se o recipiente para
acondicionar objetos diversos, e até o mesmo produto, após a
lavagem e esterilização da embalagem. Já na reciclagem o produto
inicial é submetido a processo de transformação, podendo ele ser
artesanal ou industrial. Embalagens retornáveis são nesse sentido,
reutilizáveis (sofrem apenas processo de limpeza), enquanto que as
sem retorno são potencialmente recicláveis (depois de trituradas, os
cacos servem de matéria-prima à confecção de novas embalagens).
Nunca é demais lembrar que, se por um lado, o Brasil é líder
mundial na reciclagem do alumínio das latas de bebidas, com índice
de reaproveitamento de 96% (noventa e seis por cento), por outro,
quase que a totalidade da fração orgânica dos resíduos domiciliares
é descartada in natura, em conjunto com os demais resíduos, nos
lixões e nos aterros sanitários. Perdem-se, assim, milhares de
toneladas de nutrientes, os quais poderiam ser reciclados e
enriquecer o solo agrícola com composto orgânico. As análises
realizadas revelam que cada tonelada de composto orgânico
produzido é capaz de repor no solo entre 10 a 15 kg de Nitrogênio e
de Fósforo, e entre 6 a 8 kg de Potássio.
Além disso, é público que reciclar resíduos indesejáveis
reduz o consumo de energia, minimiza as emissões de gases de
efeito estufa, diminui a pressão sobre os recursos naturais, emprega
mais pessoas e permite ganhos econômicos a diversos elos da
cadeia produtiva, inclusive ao consumidor. Por essa razão é que a
Política Nacional de Resíduos Sólidos impõem a reciclagem como
medida prioritária.

2.5.9 Resíduos de serviços de saúde

Segundo o inciso I do art. 1° da Resolução/CONAMA n° 283,


de 12.07.2001, os Resíduos de Serviços de Saúde – RSS são os
seguintes: a) aqueles provenientes de qualquer unidade que
execute atividades de natureza médico-assistencial humana ou
animal; b) aqueles provenientes de centros de pesquisa,
desenvolvimento ou experimentação na área de farmacologia e
saúde; c) medicamentos e imunoterápicos vencidos ou deteriorados;
d) aqueles provenientes de necrotérios, funerárias e serviços de
medicina legal; e e) aqueles provenientes de barreiras sanitárias.
Em outras palavras, os Resíduos de Serviços de Saúde –
RSS são todos os resíduos indesejáveis provenientes dos serviços
relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal,
inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de
campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios,
funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de
medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;
estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros
de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos;
importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles
para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde;
serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros
similares.
Portanto, dentro da espécie “Resíduo de Serviços de Saúde
– RSS” estão contidas várias subespécies, entre elas as seguintes:
1) Resíduo hospitalar: são os resíduos perigosos produzidos dentro
de hospitais, como seringas usadas, aventais, etc. Por conter
agentes causadores de doenças, este tipo de lixo é separado do
restante dos resíduos produzidos dentro de um hospital (restos de
comida, etc), e é geralmente incinerado. Porém, certos materiais
hospitalares, como aventais que estiveram em contato com raios
eletromagnéticos de alta energia como raios X, são categorizados
de forma diferente (o mencionado avental, por exemplo, é
considerado lixo nuclear), e recebem tratamento diferente; 2)
Resíduo biológico: são resíduos provenientes de unidades
industriais ou processos industriais designadamente aqueles em
que são utilizados substâncias, elementos, compostos ou misturas
com risco de exposição a agentes biológicos perigosos tais como
microrganismos, incluindo os geneticamente modificados, culturas
de células e os endoparasitas humanos susceptíveis de provocar
infecções, alergias ou intoxicações. Os agentes biológicos com
efeitos nocivos para a saúde podem ser encontrados em diversas
fazes do processo, nomeadamente na recolha e transporte em que
a exposição dos trabalhadores a agentes biológicos perigosos é
mais exposta. Em outras palavras, são resíduos que incluem
agentes infecciosos. Para fornecer um ambiente de trabalho seguro,
todos os agentes infecciosos devem ser manipulados de acordo
com o Nível de Biossegurança – NB a que estão relacionados,
dependendo de: a) virulência; b) patogenicidade; c) estabilidade; d)
rota da propagação; e) comunicabilidade; f) quantidade; e g)
disponibilidade de vacinas ou de tratamento. O Nível de
Biossegurança – NB aplicável define não somente os procedimentos
gerais de manipulação, mas também o tratamento dos resíduos
biológicos. Atualmente, os resíoduos biológicos são classificados,
conforme o seu nível de risco infeccioso, nos seguintes grupos: a)
resíduo biológico do grupo 1: o agente biológico cuja probabilidade
de causar doenças no ser humano é baixa; b) resíduo biológico do
grupo 2: o agente biológico que pode causar doenças no ser
humano e constitui um perigo para os trabalhadores, sendo escassa
a probabilidade de se propagar na colectividade e para o qual
existem, em regra, meios eficazes de tratamento; c) resíduo
biológico do grupo 3: o agente biológico que pode causar doenças
graves no ser humano e constitui um risco grave para os
trabalhadores, sendo susceptível de se propagar na colectividade,
mesmo que existam meios eficazes de tratamento; d) resídulo
biológico do grupo 4: o agente biológico que causa doenças graves
no ser humano e constitui um risco grave para os trabalhadores,
sendo susceptível de apresentaram elevado nível de propagação na
colectividade e para o qual não existem, em regra, meios eficazes
de tratamento; 3) Resíduo medicinal: subespécie que envolve todo o
resíduo continuamente gerado em diagnóstico, em tratamento ou na
imunização de seres humanos ou de animais, em pesquisa e na
produção de testes dos biológicos; 4) Resíduos de laboratórios
biológicos ou que trabalhem com substâncias controladas: são
aqueles cujas pesquisas envolvem moléculas de Ácido
Desoxirribonucléico – DNA recombinante ou outras atividades
reguladas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança –
CTNBio; 5) Resíduo patológico; são os que representam risco
potencial à saúde da comunidade e ao meio ambiente devido a
presença de agentes biológicos, sangue e seus derivados,
excreções, secreções, meios de culturas, tecidos orgânicos, órgãos,
fetos, peças anatômicas, resíduos cirúrgicos, resíduos de
laboratórios, resíduos ambulatoriais, resíduos de sanitários de área
de internação de enfermos, cobaias, animais mortos, objetos
perfurocortantes, lâminas de barbear, pinças, bisturis, escalpes,
vidros quebrados. Os resíduos patológicos potencialmente
infectante devem ser acondicionados em saco plástico branco e
impermeável, resistente, do tipo II (indicado pela NBR/ABNT 9.190 –
“Sacos plásticos para acondicionamento de lixo”) e lacrado após
identificação com fita adesiva larga, já os resíduos patológicos do
tipo perfurocortantes devem ser acondicionados em recipientes de
paredes rígidas e resistentes, e lacrado após identificação de fita
adesiva larga; 6) Resíduo químico: neste grupo estão incluídos
diversos produtos como: substâncias e produtos químicos rejeitados
(vencidos ou em desuso), os resíduos provenientes de aulas
práticas ou projetos de pesquisa. Algumas substâncias químicas e
misturas de produtos químicos são considerados resíduos perigosos
pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana
(Environmental Protect Agency – EPA). Mesmo que um resíduo
químico não se encontre entre os citados pela Environmental
Protect Agency – EPA, mas deve ser considerado resíduo perigoso,
segundo a NBR/ABNT 10.045 (“Cápsulas tipo A, para pastilhas
intercambiáveis – Dimensões”) caso possua uma ou mais das
seguintes características: a) ignitividade; b) corrosividade; c)
reatividade; ou d) toxicidade; 7) Resíduo radioativo: esse grupo é
classificado como resíduo de baixo de radioatividade ou resíduo de
alto nível de radioatividade. O resíduo de baixo nível de
radioatividade é típico daquele encontrado em instituições médicas
e de pesquisa enquanto o resíduo de alto nível de radioatividade é
aquele gerado em reatores nucleares. Devemos considerar resíduos
radioativos todo o resíduo com radioatividade detectável que seja
gerado nos procedimentos que envolvem o material radioativo
licenciado. É preciso estar ciente de que também pode haver a
geração combinada de alguns dos três tipos de resíduos perigosos.
Por exemplo, carcaça de um animal que contenha material
radioativo, produto químico perigoso ou talvez um agente infeccioso
e que necessite de controle de acordo com as considerações e as
exigências de todos os três tipos de perigos definidos anteriormente.
O manejo dos Resíduos de Serviços de Saúde – RSS é
regulamentado pela RESOLUÇÃO/CONAMA n° 283, de 12.07.2001
(dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos
serviços de saúde), e Resolução/ANVISA/RDC n° 306, de
07.12.2004 (dispõe sobre o Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde).

2.5.10 Plano de Gerenciamento de Resíduos – PGR


Um dos principais desafios das sociedades de hoje em dia,
principalmente daquelas ditas industrializadas, é implantar e
aperfeiçoar sistemas que permitam dar a destinação adequada aos
resíduos indesejáveis gerados pelas diversas atividades humanas
desenvolvidas em seu âmbito. Nenhuma instituição, empresa ou
pessoa, socialmente responsável e comprometida com a
sustentabilidade de seus empreendimentos, pode ignorar a
gravidade desse problema e deixar de adotar medidas e
procedimentos necessários para o manejo adequado de resíduos
indesejados.
Nesse diapasão, o Plano de Gerenciamento de Resíduos –
PGR é o conjunto de procedimentos de planejamento e gestão
formulados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e
legais, que tem o intuito de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados manejo ou encaminhamento
seguro e de forma eficiente. Não se deve perder de vista que o
manejo dos resíduos indesejáveis deve ser entendido como a ação
de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra
estabelecimento, desde a geração até a disposição final, incluindo
as seguintes etapas: a) segregação: diz respeito ao procedimento
de separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de
acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu
estado físico e os riscos envolvidos; b) acondicionamento: diz
respeito ao procedimento de embalar os resíduos segregados, em
sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de
punctura e ruptura, devendo ainda ser observadas as seguintes
regras; i) a capacidade dos recipientes de acondicionamento deve
ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo; ii) os
resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco constituído de
material resistente a ruptura e vazamento, impermeável, baseado na
NBR/ABNT 9.191/2000 (“Abreviação de títulos de periódicos a
publicações seriadas – Procedimento”), desde que respeitados os
limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento
ou reaproveitamento; iii) os sacos devem estar contidos em
recipientes de material lavável, resistente à punctura, ruptura e
vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato
manual, com cantos arredondados e ser resistente ao tombamento;
iv) os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de
cirurgia e nas salas de parto não necessitam de tampa para
vedação; v) os resíduos líquidos devem ser acondicionados em
recipientes constituídos de material compatível com o líquido
armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa
rosqueada e vedante; c) identificação: diz respeito ao procedimento
ou conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos
contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto
manejo dos resíduos indesejáveis, devendo ser observadas as
seguintes regras: i) a identificação deve estar aposta nos sacos de
acondicionamento, nos recipientes de coleta interna e externa, nos
recipientes de transporte interno e externo, e nos locais de
armazenamento, em local de fácil visualização, de forma indelével,
utilizando-se símbolos, cores e frases, atendendo aos parâmetros
referenciados no Anexo 2 da NBR/ABNT 7.500 (“Símbolos de risco
e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais”), além
de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e ao
risco específico de cada grupo de resíduos; ii) a identificação dos
sacos de armazenamento e dos recipientes de transporte poderá
ser feita por adesivos, ou outros, desde que seja garantida a
resistência destes aos processos normais de manuseio dos sacos e
recipientes; iii) o Grupo A é identificado pelo símbolo de substância
infectante constante na NBR/ABNT 7.500 (“Símbolos de risco e
manuseio para o transporte e armazenamento de materiais”), com
rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos; iv) o Grupo B
é identificado através do símbolo de risco associado, de acordo com
a NBR/ABNT 7.500 (“Símbolos de risco e manuseio para o
transporte e armazenamento de materiais”) e com discriminação de
substância química e frases de risco; v) o Grupo C é representado
pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante em
rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da
expressão “REJEITO RADIOATIVO”; vi) o Grupo E é identificado
pelo símbolo de substância infectante constante na NBR/ABNT
7500 (“Símbolos de risco e manuseio para o transporte e
armazenamento de materiais”), com rótulos de fundo branco,
desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de “RESÍDUO
PERFUROCORTANTE”, indicando o risco que apresenta o resíduo;
d) transporte interno: diz respeito ao procedimento de trasladar os
resíduos dos pontos de geração até local destinado ao
armazenamento temporário ou armazenamento externo com a
finalidade de apresentação para a coleta, devendo ser observadas
as seguintes regras: i) o transporte interno de resíduos deve ser
realizado atendendo roteiro previamente definido e em horários não
coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e
medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou
de atividades; ii) deve ser feito separadamente de acordo com o
grupo de resíduos e em recipientes específicos a cada grupo de
resíduos; iii) cada unidade deve especificar o horário e dias da
remoção do resíduo indesejável; iv) os recipientes para transporte
interno devem ser constituídos de material rígido, lavável,
impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do
equipamento, cantos e bordas arredondados, e serem identificados
com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles contidos,
de acordo com este regulamento técnico; v) devem ser providos de
rodas revestidas de material que reduza o ruído; vi) os recipientes
com mais de 400 (quatrocentos) litros de capacidade devem possuir
válvula de dreno no fundo; vii) o uso de recipientes desprovidos de
rodas deve observar os limites de carga permitidos para o transporte
pelos trabalhadores, conforme normas reguladoras do Ministério do
Trabalho e Emprego – MTE; e) armazenamento temporário: diz
respeito ao procedimento de guardar temporária os recipientes
contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos
pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do
estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos
geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa,
devendo ser observadas as seguintes regras: i) não pode ser feito
armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre
o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes
de acondicionamento; ii) o armazenamento temporário pode ser
dispensado nos casos em que a distância entre o ponto de geração
e o armazenamento externo justifique; iii) a instalação para guarda
de recipientes de transporte interno de resíduos deve ter pisos e
paredes lisas e laváveis, sendo o piso ainda resistente ao tráfego
dos recipientes coletores; iv) deve possuir ponto de iluminação
artificial e área suficiente para armazenar, no mínimo, dois
recipientes coletores, para o posterior traslado até a área de
armazenamento externo; v) quando a sala for exclusiva para o
armazenamento de resíduos, deve estar identificada como “SALA
DE RESÍDUOS”; vi) a instalação para o armazenamento temporário
pode ser compartilhada com a instalação de utilidades, mas em tal
caso a instalação para armazenamento temporário deve dispor de
área exclusiva de no mínimo 2 (dois) m², para armazenar dois
recipientes coletores para posterior traslado até a área de
armazenamento externo; vii) no armazenamento temporário não é
permitida a retirada dos sacos de resíduos de dentro dos recipientes
ali estacionados; viii) os resíduos de fácil putrefação que venham a
ser coletados por período superior a 24 (vinte e quatro) horas de seu
armazenamento, devem ser conservados sob refrigeração, e
quando não for possível, serem submetidos a outro método de
conservação; ix) o armazenamento de resíduos químicos deve
atender à NBR/ABNT 12.235 (“Armazenamento de resíduos sólidos
perigosos – Procedimento”); f) tratamento: diz respeito ao
procedimento de aplicação de método, técnica ou processo que
modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos,
reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes
ocupacionais ou de dano ao meio ambiente, devendo ser
observadas as seguintes regras: i) o tratamento pode ser aplicado
no próprio estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento,
observadas nestes casos, as condições de segurança para o
transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento;
ii) os sistemas para tratamento de resíduos de serviços de saúde
devem ser objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a
Resolução/CONAMA nº 237, de 19.12.1997 (“Revisa procedimentos
e critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a
incorporar ao sistema de licenciamento os instrumentos de gestão
ambiental e a integrar a atuação dos órgãos do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA na execução da Política Nacional do
Meio Ambiente”) e são passíveis de fiscalização e de controle pelos
órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente; iii) o processo de
autoclavação aplicado em laboratórios para redução de carga
microbiana de culturas e estoques de microorganismos está
dispensado de licenciamento ambiental, ficando sob a
responsabilidade dos serviços que as possuírem, a garantia da
eficácia dos equipamentos mediante controles químicos e biológicos
periódicos devidamente registrados; iv) os sistemas de tratamento
térmico por incineração devem obedecer ao estabelecido na
Resolução/CONAMA nº 316, de 29.10.2002 (“Dispõe sobre
procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de
tratamento térmico de resíduos”); g) armazenamento externo: diz
respeito ao procedimento de guardar os recipientes de resíduos até
a realização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com
acesso facilitado para os veículos coletores, devendo ser
observadas as seguintes regras: i) no armazenamento externo não
é permitida a manutenção dos sacos de resíduos fora dos
recipientes ali estacionados; ii) deve se definir o local para
armazenamento externo, bem como a forma de acesso; h) coleta e
transporte externos: diz respeito ao procedimento de remoção dos
resíduos indesejáveis do “abrigo de resíduos” (armazenamento
externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-
se técnicas que garantam a preservação das condições de
acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população
e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações
dos órgãos de limpeza urbana, devendo ser observadas as
seguintes regras: i) a coleta e transporte externos dos resíduos de
serviços de saúde devem ser realizados de acordo com as normas
contidas na NBR/ABNT 12.810 (“Coleta de Resíduos de Serviços de
Saúde”) e na NBR/ABNT 14.652 (“Coletor-transportador rodoviário
de resíduos de serviços de saúde”); ii) deve se definir os
procedimentos para coleta e transporte externos pela Unidade
Geradora.
Priorizando a proteção as pessoas de um modo geral que
são abrangidas por tais procedimentos, sobretudo os que atuam em
áreas de geração de resíduos perigosos, o Plano de Gerenciamento
de Resíduos – PGR tem como meta principal à preservação da
saúde dessas pessoas, bem como a preservação dos recursos
naturais e do meio ambiente. O Plano de Gerenciamento de
Resíduos – PGR deve ter por objetivo, pois, atender aos preceitos
básicos e necessários para a identificação, segregação,
acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamentos
externos e descarte seguro de resíduos gerados nas atividades pelo
gerador de resíduos.
O Plano de Gerenciamento de Resíduos – PGR deve estar
em consonância com a política de gestão de resíduos e constitui-se
em mais um instrumento de orientação e deliberação na área, bem
como observar as disposições pernitentes existente nas seguintes
normas legais: 1) Lei n° 6.938, de 31.08.1981 (dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismo de
formulação e aplicação); 2) Lei n° 9.605, 12.02.1998 (dispõe sobre
as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente); 3) Resolução/CONAMA n°
001A, de 23.01.1986 (dispõe sobre a elaboração de estudo prévio
de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental); 4)
Resolução/CONAMA n° 007, de 16.09.1987 (dispõe sobre o uso de
amianto – asbestos); 5) Resolução/CONAMA n° 006, de 15.06.1988
(dispõe sobre o licenciamento de obras de resíduos industriais
perigosos); 6) Resolução/CONAMA n° 006, de 19.09.1991 (dispõe
sobre a incineração de resíduos sólidos provenientes de
estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos); 7)
Resolução/CONAMA n° 008, 19.09.1991 (dispõe sobre a entrada no
pais de materiais residuais); 8) Resolução/CONAMA n° 005, de
05.08.1993 (dispõe sobre o tratamento de resíduos gerados em
estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos e terminais
ferroviários e rodoviários); 9) Resolução/CONAMA n° 024,
07.12.1994 (trata da importação e exportação de rejeitos
radioativos); 10) Resolução/CONAMA n° 019, de 24.10.1996 (dispõe
sobre a eventual adaptação dos dizeres previstos na
Resolução/CONAMA n° 007, de 16.09.87); 11) Resolução/CONAMA
n° 023, de 12.12.1996 (regulamenta a importação e uso de resíduos
perigosos); 12) Resolução/CONAMA n° 264, de 26.08.1999
(estabelece para o co-processamento em fornos rotativos de
clínquer critérios para utilização de resíduos, limites máximos de
emissão e requisitos sobre monitoramento ambiental); 13)
Resolução/CONAMA n° 275, de 25.04.2001 (estabelece o código de
cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na
identificação de coletores e transportadores, bem como nas
campanhas informativas para a coleta seletiva); 14)
Resolução/CONAMA 307, de 05.07.2002 (estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção
civil); 15) Resolução/CONAMA n° 308, de 21.03.2002 (dispõe sobre
o Licenciamento Ambiental de sistemas de disposição final dos
resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte);
16) Resolução/CONAMA n° 313, de 29.10.2002 (dispõe sobre o
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais); 17)
Resolução/CONAMA n° 314, de 29.10.2002 (dispõe sobre o registro
de produtos destinados à remediação); 18) Resolução/CONAMA n°
316, 29.10.2002 (dispõe sobre procedimentos e critérios para o
funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos e
cadáveres, estabelecendo procedimentos operacionais, limites de
emissão e critérios de desempenho, controle tratamento e
disposição final de efluentes); 19) Resolução/CONAMA n° 330,
25.04.2003 (institui a Câmara Técnica de Saúde, Saneamento
Ambiental e Gestão de Resíduos); 20) Resolução/CONAMA n° 348,
16.08.2004 (altera a Resolução/CONAMA n° 307, de 05.07.2002,
incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos); 21)
Resolução/CONAMA n° 359, 29.04.2005 (dispõe sobre a
regulamentação do teor de fósforo em detergentes em pó para uso
em todo o território nacional); 22) Resolução/ANVISA/RDC n° 306,
de 07.12.2004 (dispõe sobre o Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde).
Diversas são as modalidades de Plano de Gerenciamento de
Resíduos – PGR: a) Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
– PGRS; b) Plano de Gerenciamento de Resíduos Perigosos –
PGRP; c) Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde – PGRSS; d) Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
de Serviços de Saúde – PGRSSS; e) Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos Urbanos – PGRSU; f) Planos de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos Industriais – PGRSI; g) Plano de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC; h)
Plano de Gerenciamento de Efluentes Líquidos e Gasosos –
PGELG; i) Plano de Gerenciamento de Resíduos Químicos,
Biológicos e Radioativos – PGRQBR; j) Plano de Gerenciamento
Integrado de Resíduos Sólidos – PGIRS; etc.
2.6 A ESCASSEZ DA ÁGUA
DIRETAMENTE DISPONÍVEL
Não devemos esquecer que a água que pode ser utilizada
diretamente pelas sociedades humanas não é tão abundante quanto
se pensa. PEDRO PAULO DE LIMA E SILVA, ANTÔNIO JOSÉ
TEIXEIRA GUERRA e LUIZ EDUARDO DUQUE DUTRA alertam
para o fato de, apesar do volume total de água na superfície
terrestre chegar a aproximadamente 1,4 bilhão de km3, somente 3%
(três por cento) dessa água é doce (97% é água salgada), própria
para a maior parte dos usos humanos (abastecimento doméstico,
abastecimento industrial e abastecimento para fins de irrigação).
Além disso, nem toda água doce existente está diretamente
disponível, já que cerca de 80% (oitenta por cento) deste total
compõe as calotas polares, geleiras e lençóis freáticos[429] mais
profundos. Portanto, não considerando os oceanos (97%) e as
geleiras (2%), menos de 1% (um por cento) está efetivamente
disponível para a população humana no mundo, seja por meio de
rios, lagos e nascentes (0,36%), seja em depósitos naturais
subterrâneos (0,64%). Na verdade, apenas 0,0085% do total dos
recursos hídricos existentes está efetivamente disponível como
água não salgada superficial. Por outro lado, a demanda de água
aumentou muito ao longo do século XX e deve aumentar mais ainda
durante o século XXI que se inicia. Só para se ter uma melhor idéia
do problema, ainda no século XX as taxas de crescimento do
consumo humano de água atingiram o patamar de 4% (quatro por
cento) a 8% (oito por cento) ao ano, principalmente em vista da
expansão da atividade industrial e da agricultura irrigada, motivadas
pelo incremento populacional.[430]
Se não bastasse isto, segundo JOSIMAR RIBEIRO DE
ALMEIDA e MARCOS FARIA TERTULIANO os corpos d’água vêm
sofrendo um rápido processo de degradação qualitativa, por meio da
elevação da turbidez, do assoreamento, da alteração da
temperatura, da eutrofização[431] ou da contaminação por esgotos
domésticos e lixo, pesticidas fertilizantes, fosfatos e efluentes
industriais contendo benzeno, óleos, ácidos, fenóis, metais pesados
(como mercúrio, cádmio, chumbo, cromo) etc. Segundo eles, alguns
desses elementos contaminantes são altamente nocivos aos
ecossistemas e à saúde humana, gerando efeitos cumulativos nas
cadeias alimentares, uma vez que são pouco afetados pela diluição
ou pela capacidade bioquímica de autodepuração dos cursos
d’água.[432] Acrescentam PEDRO PAULO DE LIMA E SILVA,
ANTÔNIO JOSÉ TEIXEIRA GUERRA e LUIZ EDUARDO DUQUE
DUTRA que o ciclo hidrológico tem sido radicalmente alterado pelo
contínuo processo de desmatamento e pela urbanização,
prejudicando o nível dos aquíferos subterrâneos. A expansão das
áreas urbanas, por exemplo, resulta na impermeabilização
crescente do solo (por meio da pavimentação, do asfaltamento e
das edificações com elevados índices de aproveitamento do
terreno), impedindo a infiltração natural das águas pluviais, o que
favorece o escoamento superficial responsável pelas inundações e
pela erosão.[433] Em virtude disso, RICARDO CARNEIRO conclui
que o homem tem dificultado a recarga natural dos lençóis d’água,
ao mesmo tempo em que explora abundantemente os reservatórios
subterrâneos, numa combinação perigosa que está levando vários
países do mundo a uma verdadeira crise de disponibilidade de
água.[434]
No mesmo sentido, ELIDA SÉGUIN destaca o fato de os
rios, os mares e os oceanos não reconhecerem fronteiras e são
fontes inesgotáveis de vida. A água precisa ser entendida como um
bem finito e escasso, cuja disponibilidade vem decaindo ao longo
dos anos. Nos primórdios, ela era considerada um recurso natural
renovável e infinito, o que foi desmentido pela ciência. O ciclo da
água, quando ela se desloca da terra para atmosfera, em forma de
vapor, e retorna sob a forma de chuva, não é mais suficiente para
purificá-la. As chuvas ácidas deixaram de assombrar o imaginário
do homem para se fazerem presentes no cotidiano ambiental. O uso
irracional, em quantidades superiores ao volume disponível, e a
contaminação de rios e mares, por lançamento de efluentes,[435] ou
de lençóis freáticos, por meio do uso de agrotóxicos, geram
problemas de escassez. Começamos a enfrentar a hipótese de ter
que priorizar o atendimento e a distribuição do líquido que se torna
precioso. Na opinião de ELIDA SÉGUIN, como todos os aspectos
ambientais, a questão dos recursos hídricos extrapola as fronteiras
políticas, pelo que se constitui em objeto de preocupação da
comunidade internacional.[436]
Como consequência de tudo isso que foi colocado, no âmbito
nacional, está em andamento um grave processo de
desabastecimento de água que futuramente vai atingir o Nordeste
brasileiro e os grandes centros urbanos do país. Tudo indica uma
grande crise que pode ocorrer nos próximos 2 (dois) anos, caso não
venham a ser adotadas importantes medidas ambientais,
principalmente um novo perfil financeiro para o setor e a
despoluição urgente dos mananciais. É fundamental um sistema
nacional válido de recursos hídricos, rigorosos critérios de outorga
de direito de seu uso e efetivo controle das águas e energia delas
obtidas.
As grandes metrópoles brasileiras, entre elas Rio de Janeiro
e São Paulo, já enfrentam problemas de poluição e escassez de
água. O problema é gravíssimo na região de Campinas (SP),
atendida pelas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Os
mananciais estão se esgotando e os que ainda estão disponíveis
encontram-se poluídos pelo esgoto industrial. No Rio de Janeiro, se
o governo não remover as ocupações e até lixões localizados às
margens do Rio Guandu, a qualidade da água poderá ficar
totalmente comprometida. Portanto, o problema não é de escassez,
mas de contaminação dos mananciais, que precisam ser
preservados a qualquer custo para garantir o abastecimento
destinado ao uso doméstico. No mesmo sentido, os especialistas
asseguram que o problema da água potável no Brasil não é de
escassez, mas de mau uso da água, além de existirem problemas
na distribuição dos recursos hídricos, ou seja, 68% (sessenta e oito
por cento) de toda a água brasileira estão concentradas na região
amazônica; 16% (dezesseis por cento) estão no Centro-Oeste, 7%
(sete por cento) no Sul; 6% (seis por cento) no Sudeste; e 3% (três
por cento) no Nordeste. Em razão da dificuldade técnica e
econômica de trazer a água da região Norte para o resto do país, há
extrema necessidade de preservar os mananciais das regiões
Centro-Oeste, Sudeste e Sul.[437]

2.7 REMOÇÃO FÍSICA DE TERRA


A remoção física de porções de terra de uma certa localidade
e a sua subsequente deposição em outro local, segundo ANTÔNIO
CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI, altera a
fisiografia ambiental. No local de origem da remoção, a perda de
terra modifica a característica de fertilidade de um solo pela
alteração físico-química e redução de micro e mesorganismos, além
disso, há, ainda, a perda da vegetação, contribuindo para a
modificação da diversidade biológica. Alertam eles que, no local de
destino, em geral nos cursos de água, a deposição continuada pode
alterar as condições anteriores do local, modificando a sua
sequência biofísica, na qual o evento mais conhecido é o
assoreamento. É importante lembrar que a remoção está sendo
colocada como um problema ambiental, que atua na entrada do
ecossistema vital (aqueles que atuam no aporte de nutrientes para
seu processamento no interior do sistema), porque ela é um dos
principais agentes moldadores ambientais, que, junto com a
participação biológica, afeta as bases morfológicas do meio
ambiente.[438]

2.8 EROSÃO
Dente os problemas ambientais globais da atualidade, a
erosão é o fenômeno mais geral. A erosão (erosion, em inglês;
érosion, em francês; erosión, em espanhol) é definida por ANTÔNIO
CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI como o
processo que afeta o ingresso de nutrientes em um determinado
ecossistema, pois retira do ambiente os elementos que seriam
essenciais ao processo de realimentação do sistema.[439] Em outras
palavras, é o processo de desagregação do solo e transporte dos
sedimentos pela ação mecânica da água dos rios (erosão fluvial), da
água da chuva (erosão pluvial), dos ventos (erosão eólica), do
degelo (erosão glacial), das ondas e correntes do mar (erosão
marinha). O processo natural de erosão pode se acelerar, direta ou
indiretamente, pela ação humana. A remoção da cobertura vegetal e
a destruição da flora pelo efeito da emissão de poluentes em altas
concentrações na atmosfera são exemplos de fatores que provocam
erosão ou aceleram o processo erosivo natural.
Para o THE WORLD BANK (Banco Mundial), erosão é o
desprendimento da superfície do solo pelo vento, ou pela água,
ocorre naturalmente por força do clima ou do escoamento
superficial, mas é, muitas vezes, intensificado pelas práticas
humanas de retirada da vegetação.[440] Já o DEPARTAMENTO
NACIONAL DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DNAEE
menciona que erosão constitui, basicamente, o desgaste do solo por
água corrente, geleiras, ventos e vagas.[441] Ainda, na opinião de
ANTÔNIO TEIXEIRA GUERRA, trata-se da destruição das
saliências ou reentrâncias do relevo, tendendo a um nivelamento ou
colmatagem,[442] no caso de litorais, baías, enseadas e depressões.
[443]

Como processo, a erosão está continuamente sendo


realizada pela natureza, por meio das mudanças de temperatura,
dos ventos e do movimento das águas, esse processo tem sido
intensificado pelas ações antrópicas. Daí é possível enumerar
alguns fatores que contribuíram e contribuem efetivamente para o
seu aceleramento. Segundo ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA
ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI, o primeiro desses fatores é a
admissão de que a distribuição espacial urbana e rural, tanto quanto
a organização de suas vias de comunicações, implica a remoção de
partes de terra e de vegetais para suas edificações. Sejam estas
habitações ou estradas que, em geral ao longo da nossa história,
foram sendo alocadas às margens de cursos de água. Inclusive,
ocupando as suas nascentes e áreas de transição, como os
mangues. Essa organização, sem critérios quanto aos aspectos
ambientais, foram constituindo um conjunto de interferências que
contribuíram para o processo erosivo. Além disso, a perda da
biodiversidade, decorrente desse conjunto de interferências, causou
um empobrecimento dos ecossistemas. O continente europeu foi o
primeiro a sofrer as suas consequências e, em muitos casos, sob as
condições atuais de seu modelo de desenvolvimento econômico, o
empobrecimento de seus ecossistemas é considerado irreversível.
O mesmo ocorre no continente norte-americano e nas demais
sociedades tidas como desenvolvidas. A destruição do meio
ambiente se deu, então, primeiramente em função da necessidade
de ocupação antrópica. Assim, deu-se a destruição da vegetação
autóctone, também denominada “natural” ou “nativa”, tanto na área
urbana quanto na área rural. Sendo que, no setor rural,
principalmente devido ao modelo agrícola empregado. Outrossim, a
remoção de terra pela erosão implica, principalmente, a retirada de
alguns elementos químicos que tendem a circular na biosfera – por
vias características, do ambiente para os organismos e desses para
o ambiente –, que são os ciclos biogeoquímicos.[444]
Como visto, podemos dizer que o processo de erosão pode
ser classificado da seguinte maneira: 1) erosão fluvial: trabalho
contínuo e espontâneo das águas correntes, na superfície do globo
terrestre;[445] 2) erosão pluvial: fenômeno de destruição dos
agregados do solo pelo impacto das gotas da chuva;[446] 3) erosão
do solo: destruição nas partes altas e acúmulo nas partes
deprimidas da camada superficial edafizada;[447] 4) erosão eólica:
fenômeno de destruição dos agregados do solo pelo impacto
contínuo dos ventos; 5) erosão glacial: fenômeno de destruição dos
agregados do solo pelo efeito do degelo; 6) erosão marinha:
fenômeno de destruição dos agregados do solo costeiro pelo
impacto das ondas e correntes do mar.
Além disso, devemos citar o fato de que a idéia de
preservação do solo decorre, justamente, da degradação que pode
resultar tanto da ação da própria natureza quanto do homem, que é
a erosão. ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ
SÉRGIO PHILIPPI explicam que a exposição do solo à água das
chuvas e ao vento pode causar a erosão. Inicialmente, acontece o
arraste uniforme da camada mais superficial do solo, processo
conhecido como “erosão laminar”. Com o tempo vão se formando
grandes sulcos, caracterizando a “erosão em sulcos”. O
agravamento da situação conduz à formação de grandes valas ou
grotas, alcançando-se a etapa mais grave chamada de “voçorocas”.
Contudo, quando a terra está protegida por vegetação, o processo
ocorre de forma muito lenta, permitindo ao solo recuperar-se. De
maneira que é necessário haver equilíbrio entre os solos e a
vegetação. Se não há equilíbrio entre os solos e a vegetação, a
erosão se acelera trazendo consequências desastrosas. Segundo
ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO
PHILIPPI, em condições normais, a natureza leva de 100 (cem) a
400 (quatrocentos) anos para formar um centímetro de espessura
de solo.[448]

2.9 DESMATAMENTO
Desflorestamento ou desmatamento (deforestation, em
inglês; déforestation ou déboisement, em francês; deforestación,
tala, despale, em italiano) é a destruição, corte e abate
indiscriminado de matas e florestas, para comercialização de
madeira, utilização dos terrenos para agricultura, pecuária,
urbanização, qualquer obra de engenharia ou atividade econômica.
Em outras palavras, são derrubadas de grandes quantidades de
árvores, sem a reposição devida, e que provocam desfolhamento e
intemperismo.[449]
ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO
PHILIPPI chamam a nossa atenção para o fato de a extensão do
significado do termo “desmatamento” nem sempre ser claramente
compreendida. Mesmo dentro do estrito conceito de eliminação de
“matas”, ainda há pouca compreensão das relações entre as
diferentes vegetações que a compõem. Assim, as práticas agrícolas
de cultivo “sombreado”, nas quais são preservadas algumas das
espécies de árvores de porte mais alto, mesmo associadas às
monoculturas, como por exemplo: de café ou de cacau, têm sido
indicadas como formas de preservação da Mata Atlântica. Todavia,
este é um conceito equivocado, pois passa a imagem de que o
desmatamento é apenas a destruição de árvores de grande porte,
não informando sobre o significado dos estratos diferentes de
populações vegetais, sobre a composição destas e de populações
de animais, no estabelecimento do equilíbrio biológico daquele
ecossistema. Uma das alterações mais significativas, mas
pouquíssimo considerada, é a das populações de insetos. Apenas
considerando a população de polinizadores, verifica-se que, mesmo
na prática de cultivo sombreado, eles são eliminados em uma
quantidade considerável. Os espécimes vegetais remanescentes da
mata original são condenados a um processo de “senecência”, pela
redução significativa da sua possibilidade de reprodução.[450]
Tanto quanto a erosão, o desmatamento é um fenômeno que
muito influencia o ingresso de nutrientes em um ecossistema, de um
modo geral. O desmatamento é um fenômeno que se transforma em
problema ambiental, na medida em que ele altera as composições
originais, tanto de populações vegetais quanto de animais, em um
determinado meio ambiente. Dessa forma, ele modifica o ingresso
de nutrientes nesse sistema. A importância da presença da
vegetação original é atribuída: 1) ao fato de que ela é resultado de
um processo evolutivo longo e lento, em que a co-evolução entre
plantas, animais e ambiente, acabou gerando o próprio ambiente; 2)
à possibilidade de ocorrência de diferentes formas e momentos de
captação, assimilação e radiação da energia solar; influenciando
significativamente a constituição do clima local e regional; 3) à
possibilidade de ocorrência de diferentes formas, momentos e
volumes de trocas gasosas, que influenciam significativamente a
constituição do clima regional e global; 4) contribuem ainda para
manter o suprimento permanente de água doce, protegendo o solo,
as margens dos rios e lagos de problemas causados pelas
flutuações do nível de água dos rios. Também reduzem o volume de
sedimentos nos rios, impedindo o entupimento de reservatórios,
sistemas de irrigação, canais e portos, bem como a asfixia dos
recifes de coral por sedimentação; 5) a destruição das zonas
arborizadas nas margens de rios (mata ciliar) aumenta o perigo de
consequências indesejáveis das inundações, fato que acontece em
todo o mundo, além da redução do volume de chuvas nas regiões
desmatadas. Quando o desmatamento atinge as vertentes, contribui
significativamente para que as regiões se transformem em áridas ou
até mesmo desérticas.[451]
2.10 DESERTIFICAÇÃO

Desertificação (desert formation, em inglês; désertification,


em francês; desertificazione, em italiano) constitui o processo de
degradação do solo, natural ou provocado por remoção da cobertura
vegetal ou utilização predatória, que, devido a condições climáticas
e edáficas (relativas ao solo) peculiares, acaba por transformá‑lo em
um deserto; a expansão dos limites de um deserto. Pode também
ser vista como a propagação das condições desérticas para além
dos limites do deserto, ou a intensificação dessas condições
desérticas dentro de seus limites.[452] Em outras palavras,
desertificação refere-se às alterações ecológicas que despojam a
terra de sua capacidade de sustentar as atividades agropecuárias e
a habitação humana.[453] A Agenda 21,[454] por sua vez, define
desertificação como a degradação da terra nas regiões áridas, semi-
áridas e subúmidas secas, sendo causada por variações no clima e
atividades humanas.
No Brasil, o efeito da desertificação pode ser constatado nas
paisagens das regiões semi-áridas no Nordeste. A área degradada
por meio do processo de desertificação atinge, nada menos nada
mais, que algo em torno de 574.362 km2, ou seja, extensão
equivalente a um terço do território nordestino. Por sinal, em relação
ao processo de desertificação no Brasil, o Ministério do Meio
Ambiente – MMA alerta para o fato de haver 4 (quatro) áreas bem
distintas de intensa degradação. Tais áreas são chamadas pelos
técnicos ambientais de “núcleos de desertificação”, totalizando uma
área de 18.743,5 km2. Os núcleos de desertificação são os
seguintes: 1) núcleo de desertificação em Gilbués, no Piauí (PI); 2)
núcleo de desertificação em Irauçuba, no Ceará (CE); 3) núcleo de
desertificação em Seridó, no Rio Grande do Norte (RN); e 4) núcleo
de desertificação em Cabrobó, em Pernambuco (PE).
Acrescenta-se que, em estudo realizado pelo Ministério Meio
Ambiente – MMA denominado “projeto BRA 93/036”, informa-se que
as perdas econômicas do Brasil, devido à desertificação,
aproximam-se da sifra de US$ 300 milhões por ano. Diga-se de
passagem que os custos para recuperar as áreas mais afetadas
alcançam U$ 1,7 bilhão para um período de 20 (vinte) anos.
Ainda sobre o processo de desertificação, lembramos que o
United Nations Environment Programme – UNEP (Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA), por ocasião do
Dia Mundial do Combate à Desertificação (17 de junho), alertou para
o fato de a desertificação ser um fenômeno mundial das terras
áridas como as do Nordeste brasileiro e não há continente que
escape: tanto no Sul da Europa como na Oceania, passando pelas
Américas, África e Ásia. Estima-se que, anualmente, haja uma
perda de 20 milhões de toneladas de grãos devido à erosão do solo.
A perda de grãos significa falta de comida, para os animais e os
seres humanos. Inclusive, vale lembrar que a desertificação afeta
1/6 (um sexto) da população mundial e nesses seis bilhões de seres
humanos estão incluídos um bilhão de miseráveis, o que não deixa
dúvidas sobre o vínculo entre terra árida e pobreza extrema.
Segundo parecer do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente – PNUMA, não existe programa de longo alcance para
amenizar a miséria que não passe pelo combate persistente à
erosão do solo. As imagens da seca nordestina deixam bem claro
que os indivíduos exaurem a terra a seu limite máximo, pois é a
única alternativa que lhes resta para sobreviver. Na opinião dos
pesquisadores do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente – PNUMA, a desertificação é um problema que não pode
ser isolado nem ser tratado isoladamente, bem como ele se
encontra relacionado com as mudanças climáticas, com a
conservação da biodiversidade e com a necessidade de
preservação de florestas e de gerenciamento adequado dos
recursos hídricos. Obviamente, isto exige um compromisso global
para deter a desertificação e impedir que os atuais um bilhão e
novecentos milhões de hectares de terras degradadas continuem
aumentando. Só na África, calculam os especialistas em
desertificação, quinhentos milhões de hectares de terras foram
afetados pela degradação do solo, 65% (sessenta e cinco por cento)
da área anteriormente destinada à agricultura no continente. Alertam
os pesquisadores do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente – PNUMA que esta taxa está aumentando
exponencialmente e hoje se situa entre 30 (trinta) e 35 (trinta e
cinco) vezes a taxa histórica. Vale destacar que a Organização das
Nações Unidas – ONU criou o Dia Mundial do Combate à
Desertificação justamente para chamar a atenção da opinião pública
mundial para o gravíssimo problema que é a desertificação, e que
ele se encontra diretamente relacionado com a luta contra a fome e
a pobreza.[455]
No mesmo sentido, ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA
ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI esclarecem que a desertificação é
uma resultante de atividades humanas em determinado meio
ambiente, associada aos fenômenos naturais. A desertificação é um
fenômeno que tem no desmatamento um de seus componentes
principais. Contudo, é igualmente relevante o modelo agrícola
usado, no qual se destacam práticas que têm provocado alterações
de caráter físico (erosão, queimadas, impermeabilizações para
construção de estradas e represas, aterros e escavações, aragens,
gradeamento e compactação) e químico (contaminação por
agrotóxicos, salinização e disposição de resíduos sólidos e líquidos).
Daí a importância de conservarmos o solo agricultável, modificando-
se os conceitos de necessidade e de uso de insumos (adubos,
agrotóxicos) e garantindo a produção de alimentos no futuro.
Inclusive, previsões feitas em 1984, no documento “Estratégia
Mundial para a Conservação”, pela União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais – IUCN,
apontavam que, por volta de 2004, a Terra teria perdido quase um
terço de seus solos cultiváveis, caso o ritmo de desertificação se
mantivesse. Atualmente, mais de um terço das terras do planeta
correspondem a territórios áridos, isto é, regiões que sofrem
carência permanente ou temporária de água. Nos Estados Unidos,
no princípio do século XX, o modelo agrícola que utilizava
intensamente a aração de grandes extensões de terras, expôs, por
sua vez, grandes extensões de solos descobertos, tanto nos
períodos de preparação para as culturas quanto naqueles de
entressafras. Essa situação, em vastas regiões de planícies,
resultou no surgimento de uma nuvem de poeira que erodia a
superfície do solo. Este fenômeno, conhecido como “Dust Bowl”,
causou degradações que atingiram cerca de 380 mil km2 nos
Estados de Oklahoma, Kansas, Novo México e Colorado, na década
de 30, originando discussões e pesquisas científicas, que acabaram
caracterizando “o processo da erosão como sendo um dos
principais fenômenos que contribuem para a desertificação”.
ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO
PHILIPPI informam, também, que as consequências da
desertificação podem ser divididas entre o que se costuma chamar
de: a) “problemas ambientais”; e b) “problemas econômicos
ambientais”. Em relação aos problemas ambientais, eles dizem
respeito aos impactos provocados pela desertificação. No que se
refere aos ecossistemas, os problemas ambientais podem ser a
destruição da biodiversidade e a diminuição dos recursos hídricos
devido ao assoreamento dos rios e reservatórios e às perdas física
e química de solos. Já os ditos problemas econômicos e sociais,
além do prejuízo causado no setor agrícola, com a quebra de safras
que compromete a produção de alimentos, existe o custo de
recuperação das terras e da extinção de espécies nativas. Algumas
dessas espécies têm alto valor econômico e outras poderiam ser
aproveitadas nas indústrias química e farmacêutica, na
agropecuária e no melhoramento genético; e, quanto aos reflexos
sociais, estimula a migração das pessoas, o que resulta numa
deficiência de desenvolvimento do local de origem e num aumento
exarcebado populacional no local de destino. Para ANTÔNIO
CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ SÉRGIO PHILIPPI, os
fenômenos de erosão, de desmatamento e de desertificação têm em
comum a possibilidade de práticas agrícolas em sua gênese. A
agricultura compreende práticas que agem sobre o meio ambiente
(não há como efetuá-la sem uma ação ambiental significativa).
Desse modo, ela pode ser considerada como um exemplo de um
dos processos que atuam na regulação de um sistema. A agricultura
é um processo em que os componentes ecológicos e sociais estão
intimamente ligados.[456]

2.11 A ECODEMOGRAFIA DO
SUBDESENVOLVIMENTO
A palavra demografia, de origem grega (demos = população;
graphein = registrar), foi usada pela primeira vez em 1855, por
ACHILLE GUILLARD, em sua obra Eléments de Statistique
Humaine ou Demographie Comparée, e se refere, portanto, ao
estudo das populações. Na acepção estatística, população é um
conjunto de elementos que possuem uma característica comum.
Assim, o conjunto dos números que expressam os pesos de recém-
nascidos ou o conjunto de cafezais de uma área são exemplos de
população. Entretanto, sob o ponto de vista demográfico, este
conceito se refere a conjunto de seres humanos. PHILLIP MORRIS
HAUSER define demografia como o estudo do tamanho, da
distribuição territorial e da composição de uma população, bem
como de suas mudanças e dos componentes dessas mudanças.[457]
Os dados utilizados para seu estudo são obtidos por meio
dos censos (conjunto de dados estatísticos dos habitantes de uma
cidade, província, estado, nação etc., com todas as suas
características), das estatísticas vitais, dos registros de morbidade,
de migrações ou por investigações específicas. Para o estudo das
populações do passado, próximo ou longínquo, sobre as quais só se
têm informações estatísticas insuficientes, recorre-se à análise de
documentos do antigo registro civil ou de registros paroquiais e
mesmo à análise das chamadas “listas nominativas”, que
documentam os mais antigos recenseamentos de que se tem
notícia. O setor da demografia que se dedica a esse tipo de
reconstrução das tendências populacionais do passado é a
demografia histórica. Já a análise demográfica refere-se ao estudo
dos componentes das mudanças populacionais, como natalidade,
mortalidade, migração e ao estudo da composição populacional
numa abordagem tal que a relacione com esses componentes. A
necessidade de estimativas de dados inexistentes e a proposição de
medidas que possibilitem a aferição das mudanças seculares levam
à elaboração de modelos matemáticos e taxas específicas com
certo requinte; com o desenvolvimento do estudo de populações
estáveis, surgem técnicas especiais de projeções populacionais e
cálculos de vida média, permitindo, desta forma, uma definição do
campo de estudo da análise demográfica. Quanto aos estudos
populacionais, eles compreendem não só os componentes das
mudanças (dinâmica) populacionais, mas também as relações
existentes entre esses e fatores de ordem social, psicológica,
econômica, política, sociológica, cultural, geográfica e ambiental.
Estudos populacionais envolvem, portanto, um aspecto
interdisciplinar. De maneira que a demografia pode ser concebida,
no sentido estrito, como análise demográfica e, no sentido amplo,
como estudos populacionais.[458]
O crescimento de uma população é determinado pela soma
dos nascimentos mais a imigração; e sua diminuição, pelas mortes e
emigrações. Portanto, são 3 (três) os componentes básicos da
dinâmica das populações: a) a mortalidade (que diz respeito ao
número de mortes e suas causas); b) a fecundidade (é o resultado
de duas variáveis: a fecundidade e a exposição à possibilidade de
conceber; a fertilidade é o potencial que a mulher tem para conceber
e os nascimentos dependem da fecundidade, que é determinada por
várias atitudes frente ao tamanho da família, a outras normas e,
também, do número de mulheres expostas ao risco de conceber); c)
as migrações (é o movimento de pessoas de um local para outro
com o fim de aí residir; as migrações tornam menores as
populações dos países de origem e aumentam a do país de destino;
dentre os três componentes da dinâmica, este é o que menos se
conhece e o mais variável de país para país, não só
numericamente, mas também em sua importância).[459]
O crescimento populacional e o processo de urbanização
certamente estão associados à redução dos padrões de qualidade
de vida e a uma elevação dos índices de pobreza. Todavia, nem
sempre isto foi visto dessa maneira. Nos trabalhos econômicos de
KARL MARX encontram-se pontos de vista bastantes diferentes em
relação ao problema populacional. KARL MARX não elaborou
exatamente uma doutrina demográfica, mas inseriu em sua teoria
econômica o problema da população como um aspecto dentre os
que caracterizam determinada maneira de organização da atividade
produtiva. A miséria não é interpretada como resultado da pressão
populacional sobre os bens e recursos de subsistência disponíveis,
mas sim como produto da ordem social existente. Para KARL MARX
não existe uma lei universal de população aplicável a todas as
sociedades; cada sociedade, caracterizada por determinado tipo de
organização dos processos de produção e de relações entre os
indivíduos que nela participam (modo de produção), tem sua própria
lei de população. A partir disso, KARL MARX interpretou o “excesso
de população” como uma consequência do modo capitalista de
produção e, ao mesmo tempo, como condição de seu
desenvolvimento. Esse excesso relativo de população constitui o
que KARL MARX chamou de “exército industrial de reserva”, isto é,
um contingente de mão-de-obra desempregada que tem por função
fazer com que os salários da população empregada possam ser
mantidos em níveis baixos.[460]
Todavia, a partir do século XX, alguns autores (denominados
“neo-malthusianos”), preocupados com as dificuldades econômicas
com as quais se defrontavam os países não desenvolvidos da
América, da Ásia e da África, trouxeram à baila a discussão do
problema do excesso de população. Dentro da idéia de
“superpopulação” está implícita a idéia de um desequilíbrio entre o
crescimento da população e: a) a área na qual se localiza; b) o
crescimento dos meios de subsistência disponíveis; e c) os meios
ou capital para serem investidos.
Assim, hoje vem predominando o pensamento no sentido de
que o crescimento populacional, na maior parte das vezes, dá
origem a um aumento desordenado da população, transformando os
excedentes demográficos em fatores de desequilíbrio e crise social
e ambiental.
Os neo-malthusianos apresentam como solução o controle
da natalidade por meio da utilização, em massa, de meios
anticoncepcionais eficientes. Tal controle produziria uma diminuição
no ritmo de crescimento da população, com 3 (três) vantagens: a)
aumento da proporção capital/homem; b) redução da população
dependente, isto é, que não trabalha; e c) possibilidade de gozo do
bem-estar propiciado por áreas com baixa densidade de população.
Ao contrário de THOMAS ROBERT MALTHUS, que no final
do século XVIII, publicou sua conhecida obra Ensaio sobre o
Princípio de População (com a qual procurou advertir os homens de
seu tempo sobre as consequências de um rápido crescimento
populacional), os neo-malthusianos contemporâneos passaram a
colocar no controle da fecundidade a solução para o problema
populacional, uma vez que, com a universalização de técnicas
sanitárias, a mortalidade atingiu níveis extremamente baixos na
maior parte do globo terrestre.[461]
No entanto, na opinião de JOÃO ANTÔNIO PAULA, o
enfoque demográfico da questão ambiental não se esgota
simplesmente na necessidade de controlar o crescimento
populacional. O problema, segundo ele, é bem mais amplo, uma vez
que os modos de produção e reprodução social se articulam e
interagem dentro de uma mesma estrutura ecodemográfica. Há,
pois, uma estreita relação entre o meio físico e biológico e a
estrutura populacional, e entre esta e o sistema de estratificação
social e a superestrutura político-ideológica. Os aspectos estruturais
da população, como sexo, faixa etária, taxa de crescimento,
distribuição espacial e densidade, influenciam e condicionam os
modelos produtivos e a conformação do substrato econômico, e
vice-versa, de maneira que a relação entre população e meio
ambiente é um processo dinâmico: os fenômenos populacionais
afetam o ambiente e os fatores ambientais afetam os critérios
demográficos, podendo-se apontar claramente a interação existente
entre aspectos como nutrição e fecundidade, degradação ambiental
e migração, ou mesmo entre impactos ambientais e transição
epidemiológica (relativo a doenças epidêmicas, que tem caráter de
epidemia) de doenças infecciosas para doenças degenerativas,
próprias da modernidade.[462]
É pacífico que 1/5 (um quinto) da população mundial está em
condições econômicas de absoluta miserabilidade. Segundo
LEONARDO BOFF, dessa multidão de excluídos, 841 milhões de
pessoas vivem permanentemente com fome; 150 milhões de
crianças são subnutridas; 60 milhões de pessoas morrem de
inanição e de doenças dela derivadas todos os anos, dos quais 20
milhões são crianças, dentre as quais 15 milhões morrem até o
quinto dia de vida. Isto tende a se agravar em virtude de os
expressivos impactos e pressões de demanda sobre os recursos
ambientais provocarem uma significativa redução da capacidade de
o meio ambiente atender às necessidades desse exército de
miseráveis.[463] Portanto, nas palavras de RICARDO CARNEIRO, de
todos os seres vivos existentes no planeta Terra, o mais ameaçado
de morte é o ser humano extremamente pobre. Segundo ele, as
chances do homem em estado de miserabilidade são muito
menores que as de algumas espécies de animais ameaçadas de
extinção. Alijados do processo econômico e dos valores da
cidadania, sem direito à educação, à saúde, à moradia, ao
saneamento básico, à água potável e a uma dieta calórica
minimamente adequada, resta aos pobres e miseráveis do mundo
servirem-se das sobras das parcelas mais favorecidas da
população, alimentando-se dos restos lançados diariamente nos
depósitos de lixo das grandes cidades. Daí, concluímos que, em
virtude da não disponibilidade de alimentos, recursos minerais ou
fontes energéticas suficientes para que todos, os povos não podem
desfrutar dos elevados padrões de renda e consumo das
sociedades industriais afluentes. Isso sem falar da capacidade do
planeta em absorver os incalculáveis custos ambientais que
certamente surgiriam.[464] Para R. KERRY TURNER, DAVID
PEARCE e IAN BATEMAN, isto importa reconhecer a existência de
uma estreita ligação que une o crescimento populacional, o
crescimento econômico, a disponibilidade de recursos naturais e a
capacidade de os ecossistemas receberem resíduos e rejeitos.[465]
Dúvida não resta, segundo ELMAR ALTVATER, que as atividades
econômicas destinadas à satisfação das necessidades das
populações crescentes transformam o meio ambiente, e o ambiente
alterado constitui uma restrição extrema ao desenvolvimento
econômico e social futuro.[466]
A importância dos reflexos do crescimento demográfico e da
pobreza sobre as questões ligadas ao meio ambiente e ao
desenvolvimento sustentável ficou evidenciada durante a
Conferência do Rio de Janeiro (ECO-92). Assim é que o Princípio 8
da Declaração final dispõe expressamente que “para atingir o
desenvolvimento sustentável e a mais alta qualidade de vida para
todos, os Estados devem reduzir e eliminar padrões insustentáveis
de produção e consumo e promover políticas demográficas
adequadas”.
2.12 A EXTINÇÃO DA FAUNA
Outra grave questão ambiental dos últimos séculos refere-se
ao fato de o grande número de espécies de animais estar tendendo
a se reduzir drasticamente, já que a exploração desordenada tem
levado a fauna a um processo de extinção de espécies intenso, seja
pelo avanço da fronteira agrícola, seja pela caça esportiva, de
subsistência ou com fins econômicos, como a venda de peles e
animais vivos. Este processo vem crescendo nas últimas duas
décadas à medida que a população cresce e os índices de pobreza
aumentam. No Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA é responsável pela
publicação da “lista oficial de animais ameaçados de extinção”, que
é elaborada em conjunto com comitês e grupos de trabalho de
cientistas especializados em cada grupo animal. Estes comitês e
grupos de trabalho produziram também planos de manejo para 2
(duas) espécies brasileiras ameaçadas de extinção: a jaguatirica
(Leopardus pardalis) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).
Portanto, o apoio às ações de proteção e manejo de espécies
ameaçadas de extinção é muito importante. Inclusive, é significativo
ficar registrado que o Brasil possui 208 (duzentos e oito) espécies
na “Lista Oficial de Animais Ameaçados de Extinção” e 10 (dez)
novas espécies serão adicionadas em breve.
Com efeito, através da Portaria nº 1.522, de 19.12.1.989 e da
Portaria nº 45-N, de 27.04.1.992, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA tornou
pública a referida “Lista Nacional de Animais Ameaçados de
Extinção”, ou seja, lista oficial de espécies da fauna brasileira
ameaçada de extinção. Posteriormente esta lista foi retificada pela
Instrução Normativa/MMA n° 3, de 27.05.2003.
A “Lista Nacional da Fauna Ameaçada de Extinção”,
segundo os órgãos governamentais (Anexo I da Instrução
Normativa/MMA n° 3, de 27.05.2003), é a seguinte: 1) Anfíbios: 1.1)
Amphibia: 1.1.1) Anura: 1.1.1.1) Bufonidae: 1.1.1.1.1)
Melanophryniscus dorsalis (Mertens, 1933); Nome popular:
Flamenguinho, sapinho-de-barriga-vermelha – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC); 1.1.1.1.2) Melanophryniscus
macrogranulosus (Braun, 1973); Nome popular: sapinho-narigudo-
de-barriga-vermelha – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: RS); 1.1.1.2) Hylidae: 1.1.1.2.1) Hyla cymbalum
(Bokermann, 1963); Nome popular: Perereca – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: SP; 1.1.1.2.2) Hyla
izecksohni (Jim & Caramaschi, 1979); Nome popular: Perereca –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: SP; 1.1.1.2.3)
Hylomantis granulosa (Cruz, 1988); Nome popular: Perereca-verde
– Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: PE; 1.1.1.2.4)
Phrynomedusa fimbriata (Miranda-Ribeiro, 1923); Nome popular:
Perereca – Categoria de ameaça: Extinta – UF: SP; 1.1.1.2.5)
Phyllomedusa ayeaye (B. Lutz, 1966); Nome popular: Perereca-de-
folhagem-com-perna-reticulada – Categoria de ameaça:
Criticamente – UF: MG; 1.1.1.2.6) Scinax alcatraz (B. Lutz, 1973);
Nome popular: perereca -Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: SP; 1.1.1.3) Leptodactylidae: 1.1.1.3.1) Adelophryne
baturitensis (Hoogmoed, Borges & Cascon, 1994); Nome popular:
rãzinha – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: CE; 1.1.1.3.2)
Adelophryne maranguapensis (Hoogmoed, Borges & Cascon, 1994);
Nome popular: rãzinha – Categoria de ameaça: Em perigo – UF:
CE; 1.1.1.3.3) Holoaden bradei (B. Lutz, 1958); Nome popular:
sapinho – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: MG,
RJ; 1.1.1.3.4) Odontophrynus moratoi (Jim & Caramaschi, 1980);
Nome popular: sapinho – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: SP; 1.1.1.3.5) Paratelmatobius lutzii (Lutz & Carvalho,
1958); Nome popular: rãzinha – Categoria de ameaça: Criticamente
em perigo – UF: MG; 1.1.1.3.6) Physalaemus soaresi (Izecksohn,
1965); Nome popular: rãzinha – Categoria de ameaça: Em perigo –
UF: RJ; 1.1.1.3.7) Thoropa lutz (Cochran, 1938); Nome popular:
rãzinha – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: ES, MG, RJ;
1.1.1.3.8) Thoropa petropolitana (Wandolleck, 1907); Nome popular:
rãzinha – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: ES, RJ; 2) Aves:
2.1) Aves: 2.1.1) Anseriformes: 2.1.1.1) Anatidae: 2.1.1.1.1) Mergus
octosetaceus (Vieillot, 1817); Nome popular: Pato-mergulhão –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA, GO, MG,
PR, RJ, SC, SP, TO; 2.1.2) Apodiformes: 2.1.2.1) Trochilidae:
2.1.2.1.1) Glaucis dohrnii (Bourcier & Mulsant, 1852); Nome popular:
Balança-rabo-canela – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA,
ES; 2.1.2.1.2) Phaethornis margarettae (Ruschi, 1972); Nome
popular: Besourão-de-bico-grande – Categoria de ameaça: Em
perigo – UF: BA, ES, PE; 2.1.2.1.3) Phaethornis ochraceiventris
camargoi (Grantsau, 1988); Nome popular: Besourão-de-bico-
grande – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PE; 2.1.2.1.4)
Popelaria langsdorffi langsdorffi (Temminck, 1821); Nome popular:
Rabo-de-espinho – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES,
RJ; 2.1.2.1.5) Thalurania watertonii (Bourcier, 1847); Nome popular:
Beija-flor-das-costas-violetas – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: AL, BA, PE, SE; 2.1.3) Caprimulgiformes: 2.1.3.1)
Caprimulgidae: 2.1.3.1.1) Caprimulgus candican (Pelzeln, 1867);
Nome popular: Bacurau-de-rabo-branco – Categoria de ameaça: Em
perigo – UF: ES, MT, SP; 2.1.4) Charadriiformes: 2.1.4.1) Laridae:
2.1.4.1.1) Larus atlanticus (Olrog, 1958); Nome popular: Gaivota-de-
rabo-preto – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS; 2.1.4.1.2)
Thalasseus maximus (Boddaert, 1783); Nome popular: Trinta-réis-
real – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, AM, AP, BA, CE,
ES, MA, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SE, SC, SP; 2.1.4.2)
Scolopacidae: 2.1.4.2.1) Numenius borealis (Forster, 1772); Nome
popular: Maçarico-esquimó – Categoria de ameaça: Extinta – UF:
AM, MT, SP; 2.1.5) Ciconiiformes: 2.1.5.1) Ardeidae: 2.1.5.1.1)
Tigrisoma fasciatum (Such, 1825); Nome popular: Socó-jararaca –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: GO, MT, PR, RS, SC, SP;
2.1.6) Columbiformes: 2.1.6.1) Columbidae: 2.1.6.1.1) Claravis
godefrida (Temminck, 1811); Nome popular: Pararu – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA, ES, MG, PR, RJ, SC,
SP; 2.1.6.1.2) Columbina cyanopis (Pelzeln, 1870); Nome popular:
Rolinha-do-planalto – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo
– UF: GO, MS, MT, SP; 2.1.7) Coraciiformes: 2.1.7.1) Momotidae:
2.1.7.1.1) Momotus momota marcgraviana (Pinto & Camargo, 1961);
Nome popular: Udu-de-coroa-azul-do-nordeste – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: AL, PB, PE; 2.1.7.2) Picidae: 2.1.7.2.1)
Celeus torquatus tinnunculus (Wagler, 1829); Nome popular: Pica-
pau-de-coleira-do-sudeste – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
BA, ES, MG; 2.1.7.2.2) Dryocopus galeatus (Temminck, 1822);
Nome popular: Pica-pau-de-cara-amarela – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: PR, RS, SC, SP; 2.1.7.2.3) Piculus chrysochloros
polyzonus (Valenciennes, 1826); Nome popular: Pica-pau-dourado-
escuro-do-sudeste – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: ES,
RJ; 2.1.7.2.4) Picumnus exilis pernambucensis (Zimmer, 1947);
Nome popular: Pica-pau-anão-dourado – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: AL, PB, PE; 2.1.7.2.5) Picumnus limae (Snethlage,
1924); Nome popular: Pica-pau-anão-da-caatinga – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: CE; 2.1.7.3) Ramphastidae: 2.1.7.3.1)
Pteroglossus bitorquatus bitorquatus (Vigors, 1826); Nome popular:
Araçari-de-pescoço-vermelho – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: MA, PA; 2.1.8) Cuculiformes: 2.1.8.1) Cuculidae: Neomorphus
geoffroyi dulcis (Snethlage, 1927); Nome popular: Jacu-estalo –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: ES, MG, RJ;
2.1.9) Falconiformes: 2.1.9.1) Accipitridae: 2.1.9.1.1) Circus cinereus
(Vieillot, 1816); Nome popular: Gavião-cinza – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC; 2.1.9.2) Acciptridae: 2.1.9.2.1)
Harpyhaliaetus coronatus (Vieillot, 1817); Nome popular: Águia-
cinzenta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, DF, GO, MA,
MG, MT, PA, PR, RJ, RS, SC, SP, TO; 2.1.9.2.2) Leucopternis
lacernulata (Temminck, 1827); Nome popular: Gavião-pombo-
pequeno – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA, MG, PB,
PR, SC, SP; 2.1.10) Galliformes: 2.1.10.1) racidae: 2.1.10.1.1) Crax
blumenbachii (Spix, 1825); Nome popular: Mutum-do-sudeste –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA, ES, MG, RJ; 2.1.10.1.2)
Crax fasciolata pinima (Pelzeln, 1870); Nome popular: Mutum-de-
penacho – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MA, PA;
2.1.10.1.3) Mitu mitu (Linnaeus, 1766); Nome popular: Mutum-de-
Alagoas – Categoria de ameaça: Extinta na natureza – UF: AL, PE;
2.1.10.1.4) Penelope jacucaca (Spix, 1825); Nome popular:
Jacucaca -Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA, MG, PB,
PE, PI; 2.1.10.1.5) Penelope ochrogaster (Pelzeln, 1870); Nome
popular: Jacu-de-barriga-vermelha – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: MG, MT, TO; 2.1.10.1.6) Penelope superciliaris
alagoensis (Nardelli, 1993); Nome popular: Jacu-de-Alagoas –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PB, PE; 2.1.10.1.7)
Pipile jacutinga (Spix, 1825); Nome popular: Jacutinga – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: BA , PR, RJ, RS, SC, SP; 2.1.10.2)
Phasianidae: 2.1.10.2.1) Odontophorus capueira plumbeicollis (Cory,
1915); Nome popular: Uru-do-nordeste – Categoria de ameaça: Em
perigo – UF: AL, CE, PB, PE; 2.1.11) Gruiformes: 2.1.11.1)
Psophiidae: 2.1.11.1.1) Psophia viridis obscura (Pelzeln, 1857);
Nome popular: Jacamim-de-costas-verdes – Categoria de ameaça:
Em perigo – UF: MA, PA; 2.1.11.2) Rallidae: 2.1.11.2.1) Porzana
spiloptera (Durnford, 1877); Nome popular: Sanã-cinza – Categoria
de ameaça: Vulnerável – UF: RS; 2.1.12) Passeriformes: 2.1.12.1)
Conopophagidae: 2.1.12.1.1) Conopophaga lineata cearae (Cory,
1916); Nome popular: Cuspidor-do-nordeste – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA, CE, PB, PE; 2.1.12.1.2)
Conopophaga melanops nigrifrons (Pinto, 1954); Nome popular:
Chupa-dente-de-máscara – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
AL, PA, PB; 2.1.12.2) Cotingidae: 2.1.12.2.1) Calyptura cristata
(Vieillot, 1818); Nome popular: Tietê-de-coroa, anambé-mirim –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ; 2.1.12.2.2)
Carpornis melanocephalus (Wied, 1820); Nome popular: Cochó,
sabiá-pimenta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA, ES,
PR, RJ; 2.1.12.2.3) Cotinga maculata (Statius Muller, 1776); Nome
popular: Crejoá, cotinga-crejoá – Categoria de ameaça: Em perigo –
UF: BA, ES, MG, RJ; 2.1.12.2.4) Iodopleura pipra leucopygia
(Salvin, 1885); Nome popular: Anambezinho, anambé-de-crista –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PB, PE; 2.1.12.2.5)
Procnias averano averano (Hermann, 1783); Nome popular:
Araponga-de-barbela – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL,
BA, CE, MA, PB, PE, PI, TO; 2.1.12.2.6) Tijuca condita (Snow,
1980); Nome popular: Saudade-de-asa-cinza – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: RJ; 2.1.12.2.7) Xipholena atropurpurea
(Wied, 1820); Nome popular: Anambé-de-asa-branca – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: AL, BA, ES, PB, PE, RJ, SE; 2.1.12.3)
Dendrocolaptidae: 2.1.12.3.1) Dendrexetastes rufigula paraensis
(Lorenz, 1895); Nome popular: Arapaçu-canela-de-Belém –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: PA; 2.1.12.3.2) Dendrocincla
fuliginosa taunayi (Pinto, 1939); Nome popular: Arapaçu-pardo-do-
nordeste – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PE;
2.1.12.3.3) Dendrocincla fuliginosa trumai (Sick, 1950); Nome
popular: Arapaçu-pardo-do-xingu – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: MT; 2.1.12.3.4) Dendrocincla merula badia
(Zimmer, 1934); Nome popular: Arapaçu-da-taoca-maranhense –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MA, PA; 2.1.12.3.5)
Dendrocolaptes certhia medius (Todd, 1920); Nome popular:
Arapaçu-barrado-do-nordeste – Categoria de ameaça: Em perigo –
UF: AL, MA, PA, PE; 2.1.12.3.6) Drymornis bridgesii (Eyton, 1849);
Nome popular: Arapaçu-platino – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: RS; 2.1.12.3.7) Lepidocolaptes wagleri
(Spix, 1824); Nome popular: Arapaçu-escamado-de-Wagler –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, MG, PI; 2.1.12.3.8)
Xiphocolaptes falcirostris (Spix, 1824); Nome popular: Arapaçu-do-
nordeste – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, CE, MA,
MG, PB, PE, PI; 2.1.12.3.9) Xiphorhynchus fuscus atlanticus (Cory,
1916); Nome popular: Arapaçu-de-garganta-amarela-do-nordeste –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, CE, PB, PE; 2.1.12.4)
Emberizidae: 2.1.12.4.1) Caryothraustes canadensis frontalis
(Hellmayr, 1905); Nome popular: Furriel-do-nordeste – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: AL, CE, PE; 2.1.12.4.2) Coryphaspiza
melanotis (Temminck, 1822); Nome popular: Tico-tico-do-campo –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: DF, GO, MG, MS, MT, PA,
PR, SP; 2.1.12.4.3) Curaeus forbesi (Sclater, 1886); Nome popular:
Anumará – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, MG, PE;
2.1.12.4.4) Gubernatrix cristata (Vieillot, 1817); Nome popular:
Cardeal-amarelo – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo –
UF: RS; 2.1.12.4.5) Oryzoborus maximiliani (Cabanis, 1851); Nome
popular: Bicudo, bicudo-verdadeiro – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: AL, AM, BA, DF, ES, GO, MG, MT, PA,
RJ, RO, SP; 2.1.12.4.6) Sporophila cinnamomea (Lafresnaye, 1839);
Nome popular: Caboclinho-de-chapéu-cinzento – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: GO, MG, MS, PR, RS, SP; 2.1.12.4.7)
Sporophila falcirostris (Temminck, 1820); Nome popular: Cigarra-
verdadeira – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, MG,
PR, RJ, SP; 2.1.12.4.8) Sporophila frontalis (Verreaux, 1869); Nome
popular: Pixoxó, chanchão – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
ES, MG, PR, RJ, RS, SC, SP; 2.1.12.4.9) Sporophila melanogaster
(Pelzeln, 1870); Nome popular: Caboclinho-de-barriga-preta –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: GO, MG, PR, RS, SC, SP;
2.1.12.4.10) Sporophila nigrorufa (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837);
Nome popular: Caboclinho-do-sertão – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: MS, MT; 2.1.12.4.11) Sporophila palustris (Barrows,
1883); Nome popular: Caboclinho-de-papo-branco – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: BA, GO, MG, MS, MT, RS, SP;
2.1.12.4.12) Tangara cyanocephala cearensis (Cory, 1916); Nome
popular: Soldadinho – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: CE;
2.1.12.4.13) Tangara cyanocephala corallina (Berlepsch, 1903);
Nome popular: Saíra-de-lenço, soldadinho – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: AL, PE; 2.1.12.4.14) Tangara fastuosa (Lesson,
1831); Nome popular: Pintor-verdadeiro – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: AL, PB, PE, RN; 2.1.12.4.15) Xanthopsar flavus
(Gmelin, 1788); Nome popular: Veste-amarela – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC; 2.1.12.5) Formicariidae:
2.1.12.5.1) Grallaria varia intercedens (Berlepsch & Leverkuhn,
1890); Nome popular: Tovacuçu-malhado – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: BA, ES, PE; 2.1.12.6) Fringillidae: 2.1.12.6.1)
Carduelis yarrellii (Audubon, 1839); Nome popular: Pintassilgo-
baiano – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA, CE, PB,
PE, PI; 2.1.12.7) Furnariidae: 2.1.12.7.1) Acrobatornis fonsecai
(Pacheco, Whitney & Gonzaga, 1996); Nome popular: Acrobata –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA; 2.1.12.7.2) Asthenes
baeri (Berlepsch, 1906); Nome popular: Lenheiro -Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: RS; 2.1.12.7.3) Automolus
leucophthalmus lammi (Zimmer, 1947); Nome popular: Barranqueiro-
do-nordeste – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PB, PE;
2.1.12.7.4) Coryphistera alaudina (Burmeister, 1850); Nome popular:
Corredor-crestudo – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo –
UF: RS; 2.1.12.7.5) Geobates poecilopterus (Wied, 1830); Nome
popular: Andarilho, bate-bunda – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: BA, DF, GO, MG, MS, MT, SP; 2.1.12.7.6) Leptasthenura
platensis (Reichenbach, 1853); Nome popular: Rabudinho –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RS; 2.1.12.7.7)
Limnoctites rectirostris (Gould, 1839); Nome popular: Junqueiro-de-
bico-reto – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC;
2.1.12.7.8) Philydor novaesi (Teixeira & Gonzaga, 1983); Nome
popular: Limpa-folha-do-nordeste – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: AL; 2.1.12.7.9) Pseudoseisura
lophotes (Reichenbach, 1853); Nome popular: Coperete – Categoria
de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RS; 2.1.12.7.10)
Sclerurus caudacutus caligineus (Pinto, 1954); Nome popular: Vira-
folha-pardo-do-nordeste – Categoria de ameaça; Em perigo – UF:
AL; 2.1.12.7.11) Sclerurus caudacutus umbretta (Lichtenstein,
1823); Nome popular: Vira-folha-pardo-do-sudeste – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: BA, ES; 2.1.12.7.12) Sclerurus scansor
cearensi (Snethlage, 1924); Nome popular: Vira-folhas-cearense –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, CE, PE; 2.1.12.7.13)
Synallaxis cinérea (Wied, 1831); Nome popular: João-baiano –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, MG; 2.1.12.7.14)
Synallaxis infuscata (Pinto, 1950); Nome popular: Tatac – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: AL, PE; 2.1.12.7.15) Synallaxis simoni
(Hellmayr, 1907); Nome popular: João-do-Araguaia – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: GO, MT, TO; 2.1.12.7.16) Thripophaga
macroura (Wied, 1821); Nome popular: Rabo-amarelo – Categoria
de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, MG, RJ; 2.1.12.7.17) Xenops
minutus alagoanus (Pinto, 1954); Nome popular: Bico-virado-liso –
Categoria de ameaça; Vulnerável – UF: AL, PB, PE; 2.1.12.8)
Motacillidae: 2.1.12.8.1) Anthus nattereri (Sclater, 1878); Nome
popular: Caminheiro-grande – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: MG, PR, RS, SC, SP; 2.1.12.9) Muscicapidae: 2.1.12.9.1)
Cichlopsis leucogenys leucogenys (Cabanis, 1851); Nome popular:
Sabiá-castanho – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA, ES;
2.1.12.10) Pipridae: 2.1.12.10.1) Antilophia bokermanni (Coelho &
Silva, 1998); Nome popular: Soldadinho-do-araripe, lavadeira-da-
mata – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: CE;
2.1.12.10.2) Piprites pileatus (Temminck, 1822); Nome popular:
Caneleirinho-de-chapéu-preto, caneleirinho-de-boné-preto –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MG, PR, RJ, RS, SC, SP;
2.1.12.10.3) Schiffornis turdinus intermedius (Pinto, 1954); Nome
popular: Flautim-marrom – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
AL, PB, PE; 2.1.12.11) Rhinocryptidae: 2.1.12.11.1) Merulaxis
stresemanni (Sick, 1960); Nome popular: Entufado-baiano,
bigodudo-baiano – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo –
UF: BA; 2.1.12.11.2) Scytalopus iraiensis (Bornschein, Reinert &
Pichorim, 1998); Nome popular: Macuquinho-do-brejo – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: PR, RS; 2.1.12.12) Thamnophilidae:
2.1.12.12.1) Biatas nigropectus (Lafresnaye, 1850); Nome popular:
Papo-branco – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MG, PR, RJ,
SC, SP; 2.1.12.12.2: Cercomacra ferdinandi (Snethlage, 1928);
Nome popular: Chororó-tocantinense – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: TO; 2.1.12.12.3) Cercomacra laeta sabinoi (Pinto,
1939); Nome popular: Chororó-didi – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: AL, PE; 2.1.12.12.4) Formicivora erythronotos
(Hartlaub, 1852); Nome popular: Formigueiro-de-cabeça-negra,
papa-formigas-de-cabeça-negra – Categoria de ameaça: Em perigo
– UF: RJ; 2.1.12.12.5) Formicivora littoralis (Gonzaga & Pacheco,
1990); Nome popular: Formigueiro-do-litoral, com-com (Cabo Frio) –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ;
2.1.12.12.6) Herpsilochmus pectoralis (Sclater, 1857); Nome
popular: Chorozinho-de-papo-preto – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: BA, MA, RN, SE; 2.1.12.12.7) Herpsilochmus
pileatus (Lichtenstein, 1823); Nome popular: Chorozinho-da-Bahia
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA; 2.1.12.12.8) Myrmeciza
ruficauda (Wied, 1831); Nome popular: Formigueiro-de-cauda-ruiva
– Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, BA, ES, MG, PB, PE;
2.1.12.12.9) Myrmotherula minor (Salvadori, 1864); Nome popular:
Choquinha-pequena – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA,
ES, MG, RJ, SC, SP; 2.1.12.12.10) Myrmotherula snowi (Teixeira &
Gonzaga, 1985); Nome popular: Choquinha-de-Alagoas – Categoria
de ameaça: Criticamente em perigo – UF: AL, PE; 2.1.12.12.11)
Myrmotherula urosticta (Sclater, 1857); Nome popular: Choquinha-
de-rabo-cintado – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES,
MG, RJ; 2.1.12.12.12) Phlegopsis nigromaculata paraensis
(Hellmayr, 1904); Nome popular: Mãe-de-taoca-pintada – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: MA, PA; 2.1.12.12.13) Pyriglena atra
(Swainson, 1825); Nome popular: Olho-de-fogo-rendado, papa-
taoca-da-bahia – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA, SE;
2.1.12.12.14) Pyriglena leuconota pernambucensis (Zimmer, 1931);
Nome popular: Papa-taoca – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: AL, PE; 2.1.12.12.15) Rhopornis ardesiaca (Wied, 1831); Nome
popular: Gravatazeiro – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA,
MG; 2.1.12.12.16) Stymphalornis acutirostris (Bornschein, Reinert &
Teixeira, 1995); Nome popular: Bicudinho-do-brejo – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: PR, SC; 2.1.12.12.17) Terenura sicki
(Teixeira & Gonzaga, 1983); Nome popular: Zidedê-do-nordeste –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PE; 2.1.12.12.18)
Thamnophilus aethiops distans (Pinto, 1954); Nome popular: Choca-
lisa-do-nordeste – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PE;
2.1.12.12.19) Thamnophilus caerulescens cearensis (Cory, 1919);
Nome popular: Choca-da-mata-de-Baturité – Categoria de ameaça:
Em perigo – UF: CE; 2.1.12.12.20) Thamnophilus caerulescens
pernambucensis (Naumburg, 1937); Nome popular: Choca-da-mata-
do-nordeste – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, PE;
2.1.12.13) Thraupidae: 2.1.12.13.1) Nemosia rourei (Cabanis, 1870);
Nome popular: Saíra-apunhalada – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: ES; 2.1.12.14) Tyrannidae:
2.1.12.14.1) Alectrurus tricolor (Vieillot, 1816); Nome popular: Galito
– Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: DF, ES, GO, MG, MS, PR,
SP; 2.1.12.14.2) Culicivora caudacuta (Vieillot, 1818); Nome
popular: Maria-do-campo, papa-moscas-do-campo – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: BA, DF, GO, MA, MG, MS, MT, PR, SP,
TO; 2.1.12.14.3) Elaenia ridleyana (Sharpe, 1888); Nome popular:
Cocoruta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: PE; 2.1.12.14.4)
Hemitriccus kaempferi (Zimmer, 1953); Nome popular: Maria-
catarinense – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF:
PR, SC; 2.1.12.14.5) Hemitriccus mirandae (Snethlage, 1925);
Nome popular: Maria-do-nordeste – Categoria de ameaça: Em
perigo – UF: AL, CE, PB, PE; 2.1.12.14.6) Phylloscartes beckeri
Gonzaga & Pacheco, 1995); Nome popular: Borboletinha-baiano –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA; 2.1.12.14.7)
Phylloscartes ceciliae (Teixeira, 1987); Nome popular: Cara-pintada
– Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, PE; 2.1.12.14.8)
Phylloscartes kronei (Willis & Oniki, 1992); Nome popular: Maria-da-
restinga – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: PR, RS, SC, SP;
2.1.12.14.9) Phylloscartes roquettei (Snethlage, 1928); Nome
popular: Cara-dourada – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: MG; 2.1.12.14.10) Platyrinchus mystaceus niveigularis
(Pinto, 1954); Nome popular: Patinho-do-nordeste – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: AL, PB, PE; 2.1.12.14.11) Polystictus
pectoralis pectoralis (Vieillot, 1817); Nome popular: Tricolino-canela,
papa-moscas-canela – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: GO,
MS, MT, PR, RS, SP; 2.1.12.15) Vireonidae: 2.1.12.15.1) Vireo
gracilirostris (Sharpe, 1890); Nome popular: Juruviara-de-noronha –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: PE; 2.1.13) Pelecaniformes:
2.1.13.1) Fregatidae: 2.1.13.1.1) Fregata ariel (Gray, 1845); Nome
popular: Tesourão-pequeno – Categoria de ameaça: Criticamente
em perigo – UF: ES; 2.1.13.1.2) Fregata minor (Gmelin, 1789);
Nome popular: Tesourão-grande – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: ES; 2.1.13.2) Phaethontidae:
2.1.13.2.1) Phaethon aethereus (Linnaeus, 1758); Nome popular:
Rabo-de-palha – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, PE;
2.1.13.2.2) Phaethon lepturus (Daudin, 1802); Nome popular: Rabo-
de-palha-de-bico-laranja – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
BA, PE; 3>2.1.14) Procellariiformes: 2.1.14.1) Diomedeidae:
2.1.14.1.1) Diomedea dabbenena (Mathews, 1929); Nome popular:
Albatroz-de-Tristão, albatroz-de-Gough – Categoria de ameaça: Em
perigo – UF: RS, SC, SP; 2.1.14.1.2) Diomedea epomophora
(Lesson, 1825); Nome popular: Albatroz-real, albatroz-real-
meridional – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RJ, RS, SC;
2.1.14.1.3) Diomedea exulans (Linnaeus, 1758); Nome popular:
Albatroz-viajeiro, albatroz-errante – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: RJ, RS, SC, SP; 2.1.14.1.4) Diomedea sanfordi
(Murphy, 1917); Nome popular: Albatroz-real-setentrional –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: RS, SC; 2.1.14.1.5)
Thalassarche chlororhynchos (Gmelin, 1789); Nome popular:
Albatroz-de-nariz-amarelo – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
RJ, RS, SC, SP; 2.1.14.1.6) Thalassarche melanophris (Temminck,
1828); Nome popular: Albatroz-de-sobrancelha – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: PR, RJ, RS, SC, SP; 2.1.14.2)
Procellariidae: 2.1.14.2.1) Procellaria aequinoctialis (Linnaeus,
1758); Nome popular: Pardela-preta, pretinha, patinha – Categoria
de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, PR, RJ, RS, SC, SP;
2.1.14.2.2) Procellaria conspicillata (Gould, 1844); Nome popular:
Pardela-de-óculos – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA, ES,
RJ, RS, SC, SP; 2.1.14.2.3) Pterodroma arminjoniana (Giglioli &
Salvatori, 1869); Nome popular: Pardela-da-Trindade – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF; 2.1.14.2.4) Pterodroma incerta (Schlegel,
1863); Nome popular: Fura-buxo-de-capuz – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: PR, RJ, RS, SC, SP; 2.1.14.2.5) Puffinus
lherminieri (Lesson, 1839); Nome popular: Pardela-de-asa-larga –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: ES, PE; 2.1.15)
Psittaciformes: 2.1.15.1) Psittacidae: 2.1.15.1.1) Amazona
brasiliensis (Linnaeus, 1766); Nome popular: Papagaio-da-cara-
roxa; chauá – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: PR, SC, SP;
2.1.15.1.2) Amazona pretrei (Temminck, 1830); Nome popular:
Papagaio-charão – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC;
2.1.15.1.3) Amazona rhodocorytha (Salvadori, 1890); Nome popular:
Chauá – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL, BA, ES, MG,
RJ, SP; 2.1.15.1.4) Amazona vinacea (Kuhl, 1820); Nome popular:
Papagaio-de-peito-roxo – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
BA, ES, MG, PR, RJ, RS, SC, SP; 2.1.15.1.5) Anodorhynchus
glaucus (Vieillot, 1816); Nome popular: Arara-azul-pequena –
Categoria de ameaça: Extinta – UF: MS, PR, RS, SC; 2.1.15.1.6)
Anodorhynchus hyacinthinus (Latham, 1790); Nome popular: Arara-
azul-grande – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AP, BA, GO,
MA, MG, MS, MT, PA, PI, SP, TO; 2.1.15.1.7) Anodorhynchus leari
(Bonaparte, 1856); Nome popular: Arara-azul-de-lear – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA; 2.1.15.1.8) Cyanopsitta
spixii (Wagler, 1832); Nome popular: Ararinha-azul – Categoria de
ameaça: Extinta na natureza – UF: BA, MA, PE, PI, TO; 2.1.15.1.9.)
Guaruba guarouba (Gmelin, 1788); Nome popular: Ararajuba –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AM, MA, PA; 2.1.15.1.10)
Pyrrhura anaca (Gmelin, 1788); Nome popular: Cara-suja –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: AL, CE, PE;
2.1.15.1.11) Pyrrhura cruentata (Wied, 1820); Nome popular: Fura-
mato – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, MG, RJ;
2.1.15.1.12) Pyrrhura lepida coerulescens (Neumann, 1927); Nome
popular: Tiriba-pérola – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MA;
2.1.15.1.13) Pyrrhura lepida lepida (Wagler, 1832); Nome popular:
Tiriba-pérola – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MA, PA;
2.1.15.1.14) Pyrrhura leucotis (Kuhl, 1820); Nome popular: Tiriba-de-
orelha-branca – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES,
MG, RJ; 2.1.15.1.15) Pyrrhura pfrimeri (Miranda-Ribeiro, 1920);
Nome popular: Tiriba-de-orelha-branca – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: GO, TO; 2.1.15.1.16) Touit melanonota (Wied,
1820); Nome popular: Apuim-de-cauda-vermelha – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, RJ, SP; 2.1.16) Tinamiformes:
2.1.16.1) Tinamidae: 2.1.16.1.1) Crypturellus noctivagus noctivagus
(Wied, 1820); Nome popular: Jaó – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: BA, ES, MG, PR, RJ, RS, SC, SP; 2.1.16.1.2)
Nothura minor (Spix, 1825); Nome popular: Codorna, Codorna-
buraqueira – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: DF, GO, MG,
MS, MT, SP; 2.1.16.1.3) Taoniscus nanus (Temminck, 1815); Nome
popular: Inhambú-carapé – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
DF, GO, MG, PR, SP, TO; 3. Invertebrados Aquáticos: 3.1)
Anthozoa: 3.1.1) Actiniaria: 3.1.1.1) Actiniidae: 3.1.1.1.1) Condylactis
gigantea (Weiland, 1860); Nome popular: Anêmona-do-mar – UF:
RJ, SP; 3.1.2) Ceriantharial: 3.1.2.1) Ceriantharidae: 3.1.2.1.1)
Cerianthomorphe brasiliensis Carlgreen (1931); Nome popular: – ;
UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP; 3.1.2.1.2) Cerianthus
brasiliensis Melo-Leitão (1919); Nome popular: –; UF: AL, BA, CE,
ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP; 3.1.3) Gorgonacea: 3.1.3.1)
Gorgoniidae: 3.1.3.1.1) Phillogorgia dilatata (Esper, 1806); Nome
popular: Orelha-de-elefante – UF: PE, RJ, SP; 3.2) Asteroidea:
3.2.1) Forcipulatida: 3.2.1.1) Asterinidae: 3.2.1.1.1) Coscinasterias
tenuispina (Lamarck, 1816); Nome popular: Estrela-do-mar – UF:
AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE; 3.2.2) Paxillosida: 3.2.2.1)
Astropectinidae: 3.2.2.1.1) Astropecten braziliensis (Muller &
Troschel, 1842); Nome popular: Estrela-do-mar – UF: PR, RJ, RS,
SC, SP; 3.2.2.1.2) Astropecten cingulatus (Sladen, 1889); Nome
popular: Estrela-do-mar – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE;
3.2.2.1.3) Astropecten marginatus (Gray, 1840); Nome popular:
Estrela-do-mar – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP;
3.2.2.2) Luidiidae: 3.2.2.2.1) Luidia clathrata (Say, 1825); Nome
popular: Estrela-do-mar – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE;
3.2.2.2.2) Luidia ludwigi scotti (Bell, 1917); Nome popular: Estrela-
do-mar – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE; 3.2.2.2.3) Luidia
senegalensis (Lamarck, 1816); Nome popular: Estrela-do-mar – UF:
AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE; 3.2.3) Spinulosida: 3.2.3.1)
Echinasteridae: 3.2.3.1.1) Echinaster (Othilia) brasiliensis (Muller &
Troschel, 1842); Nome popular: Estrela-do-mar – UF: PR, RJ, SC,
SP; 3.2.3.1.2) Echinaster (Othilia) echinophorus (Lamarck, 1816);
Nome popular: Estrela-do-mar – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ,
RN, SE; 3.2.3.1.3) Echinaster (Othilia) guyanensis (Clark, 1987);
Nome popular: Estrela-do-mar – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RN,
SE; 3.2.4) Valvatida: 3.2.4.1) Asterinidae: 3.2.4.1.1) Asterina
stellifera (Möbius, 1859); Nome popular: Estrela-do-mar – UF: PR,
RJ, RS, SC, SP; 3.2.4.2) Ophiodiasteridae: 3.2.4.2.1) Linckia
guildingii (Gray, 1840); Nome popular: Estrela-do-mar – UF: RJ;
3.2.4.2.2) Narcissia trigonaria (Sladen, 1889); Nome popular:
Estrela-do-mar – UF: BA, RJ; 3.2.4.3) Oreasteridae: 3.2.4.3.1)
Oreaster reticulatus (Linnaeus, 1758); Nome popular: Estrela-do-mar
– UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SE, SC, SP; 3.3)
Bivalvia: 3.3.1) Unionoida: 3.3.1.1) Hyriidae: 3.3.1.1.1) Castalia
undosa (Martens, 1827); Nome popular: Concha-borboleta – UF:
MG, SP; 3.3.1.1.2) Diplodon caipira (Ihering, 1893); Nome popular:
Marisco-de-água-doce – UF: SP; 3.3.1.1.3) Diplodon dunkerianus
(Lea, 1856); Nome popular: Marisco-de-água-doce – UF: RJ;
3.3.1.1.4) Diplodon expansus (Kuster, 1856); Nome popular: –; UF:
PR, RJ, RS, SC, SP; 3.3.1.1.5) Diplodon fontainianus (Orbigny,
1835); Nome popular: –; UF: ES, RJ, SP, PR; 3.3.1.1.6) Diplodon
greeffeanus (Ihering, 1893); Nome popular: Marisco-de-água-doce –
UF: SP; 3.3.1.1.7) Diplodon iheringi (Simpson, 1900); Nome popular:
Marisco-barrigudinho – UF: RS; 3.3.1.1.8) Diplodon koseritzi
(Clessin, 1888); Nome popular: Marisco-do-junco – UF: RS;
3.3.1.1.9) Diplodon martensi (Ihering, 1893); Nome popular:
Marisco-de-água-doce – UF: PR, RS, SC, SP; 3.3.1.1.10) Diplodon
pfeifferi (Dunker, 1848); Nome popular: Marisco-de-água-doce – UF:
RJ; 3.3.1.1.11) Diplodon rotundus (Wagner, 1827); Nome popular:
Concha-disco – UF: BA, MG, SP; 3.3.1.2) Mycetopodidae:
3.3.1.2.1) Anodontites elongates (Swainson, 1823); Nome popular:
Marisco-pantaneiro – UF: AC, AM, MS, MT, PA, RJ; 3.3.1.2.2)
Anodontites ensiformis (Spix, 1827); Nome popular: Estilete – UF:
AC, AM, MS, MT, PA, RO, RS; 3.3.1.2.3) Anodontites ferrarisii
(Orbigny, 1835); Nome popular: Redondo-rajado – UF: RS;
3.3.1.2.4) Anodontites iheringi (Clessin, 1882); Nome popular:
Alongado-rajado – UF: RS; 3.3.1.2.5) Anodontites soleniformes
(Orbigny, 1835); Nome popular: Marisco-de-água-doce – UF: AM,
BA, GO, MG, PA, SP; 3.3.1.2.6) Anodontites tenebricosus (Lea,
1834); Nome popular: Marisco-rim – UF: PR, RS, SC, SP; 3.3.1.2.7)
Anodontites trapesialis (Lamarck, 1819); Nome popular: Prato,
saboneteira – UF: AC, AL, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT,
PA, PB, PE, PI, PR, RR, RS, SE, SC, SP, TO; 3.3.1.2.8) Anodontites
trapezeus pix (1827); Nome popular: Marisco-de-água-doce – UF:
MG, SP; 3.3.1.2.9) Bartlettia stefanensis (Maicand, 1856); Nome
popular: Ostra-de-rio – UF: MS, MT; 3.3.1.2.10) Fossula fossiculifera
(Grbigny, 1835); Nome popular: Fóssula – UF: BA, MS, MT, PR, RS,
SP; 3.3.1.2.11) Leila blainvilliana (Lea, 1834); Nome popular: Leila –
UF: RS; 3.3.1.2.12) Leila esula (Grbigny, 1835); Nome popular: Leila
– UF: AM, GO, MT, PA, TO; 3.3.1.2.13) Monocondylaea
paraguayana (Orbigny, 1835); Nome popular: Cofrinho – UF: MS,
MT, PR, RS, SP; 3.3.1.2.14) Mycetopoda legumen (Martens, 1888);
Nome popular: Faquinha-arredondada – UF: RS; 3.3.1.2.15)
Mycetopoda siliquosa (Spix, 1827); Nome popular: Faquinha-
truncada – UF: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS,
MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RO, RR, RS, SE, SC, SP, TO; 3.4)
Demospongiae: 3.4.1) Hadromerida: 3.4.1.1) Potamolepidae:
3.4.1.1.1) Oncosclera jewelli (Volkmer, 1963); Nome popular: Feltro-
d’água – UF: RS; 3.4.1.1.2) Uruguaya corallioides (Bowerbank,
1863); Nome popular: –; UF: SP, PR, SC, RS; 3.4.1.1.3)
Sterrastrolepis brasiliensis Volkmer-Ribeiro & De Rosa-Barbosa,
1978); Nome popular: –; UF: GO, PR; 3.4.2) Haplosclerida: 3.4.2.1)
Spongillidae: 3.4.2.1.1) Anheteromeyenia ornata (Bonetto & Ezcurra
de Drago, 1970); Nome popular: Geléia-de-água – UF: AM, RS;
3.4.2.1.2) Corvoheteromeyenia australis (Bonetto & Ezcurra de
Drago, 1966); Nome popular: –; UF: RS; 3.4.2.1.3)
Corvoheteromeyenia heterosclera (Ezcurra de Drago, 1974); Nome
popular: –; UF: MA, RS; 3.4.2.1.4) Corvospongilla volkmeri (De
Rosa-Barbosa, 1988); Nome popular: –; UF: PB; 3.4.2.1.5)
Heteromeyenia insignis (Weltner, 1895); Nome popular: –; UF: RS;
3.4.2.1.6) Houssayella iguazuensis (Bonetto & Ezcurra de Drago,
1966); Nome popular: –; UF: SC, RS; 3.4.2.1.7) Racekiela sheilae
(Volkmer-Ribeiro, De Rosa-Barbosa & Tavares, 1988); Nome
popular: –; UF: RS; 3.4.3) Poecilosclerida: 3.4.3.1) Metaniidae:
3.4.3.1.1) Metania kiliani (Volkmer-Ribeiro & Costa, 1992); Nome
popular: –; UF: AM; 3.5) Echinoidea: 3.5.1.) Cassiduloida: 3.5.1.1)
Cassidulidae: 3.5.1.1.1) Cassidulus mitis (Krau, 1954); Nome
popular: Ouriço-do-mar-irregular – UF: RJ; 3.5.2) Cidaroida: 3.5.2.1)
Cidaridae: 3.5.2.1.1) Eucidaris tribuloides (Lamarck, 1816); Nome
popular: Ouriço-satélite – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE,
SP; 3.5.3) Echinoida: 3.5.3.1) Echinidae: 3.5.3.1.1) Paracentrotus
gaimardi (Blainville, 1825); Nome popular: Ouriço-do-mar – UF: ES,
PR, RJ, SC, SP; 3.6) Enteropneusta: 3.6.1.1) Spengelidae:
3.6.1.1.1) Willeya loya (Petersen, 1965); Nome popular: –; UF: SP;
3.7) Gastropoda: 3.7.1) Mesogastropoda: 3.7.1.1) Hydrobiidae:
3.7.1.1.1) Potamolithus troglobius (Simone & Miracchiolli, 1994);
Nome popular: –; UF: SP; 3.7.1.2) Naticidae: 3.7.1.2.1) Natica micra
(Haas, 1953); Nome popular: Búzio – UF: RJ; 3.7.1.3) Strombidae:
3.7.1.3.1) Strombus goliath (Schoter, 1805); Nome popular: Búzio-
de-chapéu – UF: BA, CE, ES, PB, RN; 3.7.1.4) Vermetidae:
3.7.1.4.1) Petaloconchus myrakeenae (Absalão & Rios, 1987);
Nome popular: –; UF: RJ; 3.8) Holothuroidea: 3.8.1) Apodida:
3.8.1.1) Synaptidae: 3.8.1.1.1) Synaptula secreta (Ancona-Lopez,
1957); Nome popular: Pepino-do-mar – UF: SP; 3.8.2)
Aspidochirotida: 3.8.2.1.) Stichopodidae: 3.8.2.1.1) Isostichopus
badionotus (Selenka, 1867); Nome popular: Pepino-do-mar,
holotúria – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, PR, RJ, RN, SE, SC, SP;
3.9) Hydrozoa: 3.9.1) Capitata: 3.9.1.1) Milleporidae: 3.9.1.1.1)
Millepora alcicornis (Linnaeus, 1758); Nome popular: Coral-de-fogo
– UF: RJ, SP; 3.10) Malacostraca: 3.10.1) Amphipoda; 3.10.1.1)
Hyalellidae: 3.10.1.1.1) Hyalella caeca (Pereira, 1989); Nome
popular: –; UF: SP; 3.10.2) Decapoda: 3.10.2.1) Aeglidae:
3.10.2.1.1) Aegla cavernicola (Turkay, 1972); Nome popular: –; UF:
SP; 3.10.2.1.2) Aegla leptochela (Bond-Buckup & Buckup, 1994);
Nome popular: –; UF: SP; 3.10.2.1.3) Aegla microphtalma (Bond-
Buckup & Buckup, 1994); Nome popular: –; UF: SP; 3.10.2.2.)
Atyidae: 3.10.2.2.1) Atya gabonensis (Giebel, 1875); Nome popular:
Coruca – UF: AL, PI, SE; 3.10.2.2.2) Atya scabra (Leach, 1815);
Nome popular: Coruca – UF: PE, RJ, SC, AL, BA, ES, SP, CE, PR,
SE; 3.10.2.3) Gecarcinidae: 3.10.2.3.1)_ Gecarcinus lagostoma
(Milne-Edwards, 1835); Nome popular: Caranguejo-ladrão – UF: F.
Noronha, Rocas, Trindade; 3.10.2.4) Grapsidae: 3.10.2.4.1) Percnon
gibbesi (Milne-Edwards, 1853); Nome popular: –; UF: 0PE; 3.10.2.5)
Palaemonidae: 3.10.2.5.1) Macrobrachium carcinus (Linnaeus,
1758); Nome popular: Pitú, Lagosta-de-água-doce, Lagosta-de-São-
Fidelis – UF: PE, RJ,SC, AL, BA, ES, PA, PI, RS, SP, CE, SE;
3.10.2.6) Porcellanidae: 3.10.2.6.1) Minyocerus angustus (Dana,
1852); Nome popular: –; UF: AL, BA, CD, ES, MA, PA, PB, PE, PI,
PR, RJ, RN, SE, SP, SC; 3.11) Polychaeta: 3.11.1) Amphinomida:
3.11.1.1) Amphinomidae: 3.11.1.1.1) Eurythoe complanata (Pallas,
1766); Nome popular: Verme-de-fogo – UF: BA, PR, RJ, SP; 3.11.2)
Eunicida: 3.11.2.1) Eunicidae: 3.11.2.1.1) Eunice sebastiani (Nonato,
1965); Nome popular: –; UF: SP; 3.11.2.2. Onuphidae:
<t5>3.11.2.2.1. Diopatra cuprea (Bosc, 1802); Nome popular: –; UF:
PE, RJ, SC, SP; 4. Invertebrados Terrestres: 4.1. Arachnida: 4.1.1.
Amblypygi: 4.1.1.1. Charinidae: 4.1.1.1.1. Charinus troglobius
(Baptista & Giupponi, 2003); Nome popular: Aranha-chicote –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA: 4.1.2.
Araneae: 4.1.2.1. Araneidae: 4.1.2.1.1. Taczanowskia trilobata
(Simon, 1895); Nome popular: Aranha – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: PA; 4.1.2.2. Corinnidae: 4.1.2.2.1. Ianduba caxixe
(Bonaldo, 1997); Nome popular: Aranha – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: BA; 4.1.2.2.2. Ianduba patua (Bonaldo, 1997);
Nome popular: Aranha -Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA;
4.1.2.2.3. Ianduba paubrasil (Bonaldo, 1997); Nome popular: Aranha
– Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA; 4.1.2.3.
Ctenidae: 4.1.2.3.1. Phoneutria bahiensis (Simó & Brescovit, 2001);
Nome popular: Aranha-armadeira – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: BA; 4.1.2.4. Eresidae: 4.1.2.4.1. Stegodyphus
manaus (Kraus & Kraus, 1992); Nome popular: não tem – Categoria
de ameaça: Vulnerável – UF: AM; 4.1.2.5. Symphytognathidae:
4.1.2.5.1. Anapistula guyri (Rheims & Brescovit, 2003); Nome
popular: Aranha-de-solo – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
GO; 4.1.3. Opiliones: 4.1.3.1. Gonyleptidae: 4.1.3.1.1. Giupponia
chagasi (Pérez & Kury, 2002); Nome popular: Opilião – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA; 4.1.3.1.2. Iandumoema
uai (Pinto-da-Rocha, 1996); Nome popular: Opilião – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: MG; 4.1.3.1.3.
Pachylospeleus strinatii (Silhavy, 1974); Nome popular: Opilião –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: SP; 4.1.3.2. Minuidae:
4.1.3.2.1. Spaeleoleptes spaeleusa (H. Soares, 1966); Nome
popular: Opilião – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MG; 4.1.4.
Pseudoscorpiones: 4.1.4.1. Chernetidae: 4.1.4.1.1. Maxchernes
iporangae (Mahnert & Andrade, 1998); Nome popular:
Pseudoescorpião – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: SP;
4.1.4.2. Chthoniidae: 4.1.4.2.1. Pseudochthonius strinatii (Beier,
1969); Nome popular: Pseudoescorpião – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: SP; 4.2. Diplopoda: 4.2.1. Polydesmida: 4.2.1.1.
Chelodesmidae: 4.2.1.1.1. Leodesmus yporangae (Schubart, 1946);
Nome popular: Gongolo, piolho-de-cobra – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: SP; 4.2.1.2. Cryptodesmidae: 4.2.1.2.1.
Peridontodesmella alba (Schubart, 1957); Nome popular: Gongolo,
Piolho-de-cobra – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: SP;
4.2.1.3. Pyrgodesmidae: 4.2.1.3.1. Yporangiella stygius (Schubart,
1946); Nome popular: Piolho-de-cobra – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: SP; 4.2.1.4. Rhinocrichidae: 4.2.1.4.1. Rhinocricus
padbergi (Verhoeff, 1938); Nome popular: Gongolo-gigante –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RJ; 4.3. Gastropoda: 4.3.1.
Stylommatophora: 4.3.1.1. Bulimulidae: 4.3.1.1.1. Tomigerus
(Biotocus) turbinatus (Pfeiffer, 1845); Nome popular: Caracol –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA; 4.3.1.1.2. Tomigerus
(Digerus) gibberulus (Burroco, 1815); Nome popular: Caracol –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, PE; 4.3.1.2.
Megalobulimidae: 4.3.1.2.1. Megalobulimus cardosoi (Morretes,
1952); Nome popular: Aruá-do-mato – Categoria de ameaça: Em
perigo – UF: AL, PE; 4.3.1.2.2. Megalobulimus grandis (Martens,
1885); Nome popular: Aruá-do-mato; aruá-gigante; caracol-gigante –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: SP; 4.3.1.2.3.
Megalobulimus lopesi (Leme, 1989); Nome popular: Caracol-
gigante-da-Boracéia – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: SP;
4.3.1.2.4. Megalobulimus parafragilior (Leme & Indrusiak, 1990);
Nome popular: Caracol-gigante – Categoria de ameaça: Em perigo –
UF: SP; 4.3.1.2.5. Megalobulimus proclivis (Martens, 1888); Nome
popular: Aruá-alongado – Categoria de ameaça: Em perigo – UF:
RS; 4.3.1.3. Streptaxidae: 4.3.1.3.1. Rectartemon depressus
(Heynemann, 1868); Nome popular: Caracol – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: RS; 4.3.1.4. Strophocheilidae: 4.3.1.4.1.
Gonyostomus henseli (Martens, 1868); Nome popular: Caracol –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS; 4.3.1.4.2. Gonyostomus
insularis (Leme, 1974); Nome popular: Caracol-da-ilha – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: SP; 4.3.1.4.3. Mirinaba curytibana
(Morretes, 1952); Nome popular: Caracol – Categoria. de ameaça:
Em perigo – UF: PR; 4.4. Insecta: 4.4.1. Collembola: 4.4.1.1.
Arrhopalitidae: 4.4.1.1.1. Arrhopalites amorimi (Palacius-Vargas &
Zeppelini, 1995); Nome popular: Colembolo – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: SP; 4.4.1.1.2. Arrhopalites gnaspinius (Palacius-
Vargas & Zeppelini, 1995); Nome popular: Colembolo – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: SP; 4.4.1.1.3. Arrhopalites lawrencei
(Palacius-Vargas & Zeppelini, 1995); Nome popular: Colembolo –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: DF, SP; 4.4.1.1.4.
Arrhopalites papaveroi (Zeppelini & Palacius-Vargas, 1999); Nome
popular: Colembolo – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MS;
4.4.1.1.5. Arrhopalites wallacei (Palacius-Vargas & Zeppelini, 1995);
Nome popular: Colembolo – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
SP. 4.4.1.2. Paronellidae: 4.4.1.2.1. Trogolaphysa aelleni (Yosii,
1988); Nome popular: Colembolo – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: SP; 4.4.1.2.2. Trogolaphysa hauseri (Yosii, 1989);
Nome popular: Colembolo – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF :
SP; 4.4.2. Coleoptera: 4.4.2.1. Carabidae: 4.4.2.1.1. Coarazuphium
bezerra (Gnaspini, Vanin & Godoy, 1998); Nome popular: Besouro –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: GO; 4.4.2.1.2.
Coarazuphium cessaima (Gnaspini, Vanin & Godoy, 1998); Nome
popular: Besouro – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA;
4.4.2.1.3. Coarazuphium pains (Alvares & Ferreira, 2002); Nome
popular: Besouro – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MG;
4.4.2.1.4. Coarazuphium tessai (Godoy & Vanin, 1990); Nome
popular: Besouro – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA;
4.4.2.1.5. Schizogenius ocellatus (Whitehead, 1972); Nome popular:
Besouro – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: SP; 4.4.2.2.
Cerambycidae: 4.4.2.2.1. Hypocephalus armatus (Desmarest, 1832);
Nome popular: Iaiá-de-cintura, Carocha – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: BA, MG; 4.4.2.2.2. Plaumanniella novateutoniae
(Fisher, 1938); Nome popular: Besouro – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: RS, SC; 4.4.2.3. Chrysomelidae: 4.4.2.3.1.
Doryphora reticulata (Fabricius 1787); Nome popular: Besouro –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC; 4.4.2.3.2.
Ensiforma caerulea (Jacoby, 1876); Nome popular: Besouro –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC, SP; 4.4.2.3.3.
Schematiza aneurica (Bechyné, 1956); Nome popular: Besouro –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS, SC, SP; 4.4.2.4.
Dynastidae; 4.4.2.4.1. Agacephala margaridae (Alvarenga, 1958);
Nome popular: Besouro – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
PA; 4.4.2.4.2. Dynastes hercules paschoali (Grossi & Arnaud, 1991);
Nome popular: Besouro – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
BA, ES; 4.4.2.4.3. Megasoma actaeon janus (Felsche, 1906); Nome
popular: Besouro-de-chifre – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
MS, SP; 4.4.2.4.4. Megasoma gyas gyas (Herbst, 1785); Nome
popular: Besouro-de-chifre – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
BA, ES, MG, RJ, SP; 4.4.2.4.5. Megasoma gyas rumbucheri
(Fischer, 1968); Nome popular: Besouro-de-chifre – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: BA, CE, MG, PB, PE; 4.4.2.5.
Scarabaeidae: 4.4.2.5.1. Dichotomius schiffleri (Vaz de Mello,
Louzada & Gavino, 2001); Nome popular: Besouro-rola-bosta –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: ES; 4.4.3.
Ephemeroptera: 4.4.3.1. Leptophlebiidae: 4.4.3.1.1.
Perissophlebiodes flinti (Savage, 1982); Nome popular: Siriruia –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: RJ; 4.4.4. Hymenoptera:
4.4.4.1. Apidae: 4.4.4.1.1. Exomalopsis (Phanomalopsis)
atlantica (Silveira, 1996); Nome popular: Abelha – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: SP; 4.4.4.1.2. Melipona
capixaba (Moure & Camargo, 1995); Nome popular: Uruçu-negra,
pé-de-pau – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: ES; 4.4.4.1.3.
Xylocopa (Diaxylocopa) truxali Hurd & Moure, 1963); Nome popular:
Abelha – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: GO, MG; 4.4.4.2.
Formicidae: 4.4.4.2.1. Acromyrmex diasi (Gonçalves, 1983); Nome
popular: Formiga, Quemquém – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: DF, SP; 4.4.4.2.2. Atta robusta (Borgmeier, 1939); Nome
popular: Saúva-preta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: ES,
RJ; 4.4.4.2.3. Dinoponera lucida (Emery, 1901); Nome popular:
Formiga -Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES; 4.4.4.2.4.
Simopelta minima (Brandão, 1989); Nome popular: Formiga -
Categoria de ameaça: Extinta – UF: BA; 4.4.5. Lepidóptera: 4.4.5.1.
Hesperiidae: 4.4.5.1.1. Cyclopyge roscius iphimedia (Plötz, 1886);
Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
MG, RJ, SP; 4.4.5.1.2. Drephalys miersi (Mielke, 1968); Nome
popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: PR,
SC; 4.4.5.1.3. Drephalys mourei (Mielke, 1968); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ,
SC; 4.4.5.1.4. Ochropyge ruficauda (Hayward, 1932); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: PR, SC;
4.4.5.1.5. Parelbella polyzona (Latreille, 1824); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: ES, RJ, SC;
4.4.5.1.6. Pseudocroniades machaon seabrai (Mielke, 1995); Nome
popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo
– UF: RJ; 4.4.5.1.7. Turmada camposa (Plötz, 1886); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: RJ; 4.4.5.1.8.
Zonia zonia diabo (Mielke & Casagrande, 1998); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: GO, SP;
4.4.5.2. Lycaenidae: 4.4.5.2.1. Arawacus aethesa
(Hewitson, 1867); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: ES, MG; 4.4.5.2.2. Magnastigma julia (Nicolay,
1977); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Em perigo
– UF: DF, MG; 4.4.5.3. Nymphalidae: 4.4.5.3.1. Actinote quadra
(Schaus, 1902); Nome popular: Borboleta, Borboleta-palha –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MG, RJ, SP; 4.4.5.3.2.
Actinote zikani (D’Almeida, 1951); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: SP; 4.4.5.3.3.
Caenoptychia boulleti (Le Cerf, 1919); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: ES, RJ, RS, SP; 4.4.5.3.4.
Callicore hydarnis (Godart, 1824); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MG, RJ, SP; 4.4.5.3.5.
Dasyophthalma delanira (Hewitson, 1862); Nome popular: Borboleta
– Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ; 4.4.5.3.6.
Dasyophthalma geraensis (Rebel, 1922); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MG, RJ, SP; 4.4.5.3.7.
Dasyophthalma vertebralis (Butler, 1869); Nome popular: Borboleta
– Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: ES, MG;
4.4.5.3.8. Doxocopa zalmunna (Butler, 1869); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ,
SP; 4.4.5.3.9. Episcada vítrea (D’Almeida & Mielke, 1967); Nome
popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RJ;
4.4.5.3.10. Eresia erysice erysice (Geyer, 1832); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA;
4.4.5.3.11. Grasseia menelaus eberti (Weber, 1963); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: PB, PE;
4.4.5.3.12. Heliconius nattereri (C. Felder & R. Felder, 1865); Nome
popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA,
ES, MG; 4.4.5.3.13. Hyalyris fiammetta (Hewitson, 1852); Nome
popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo
– UF: ES, MG, RJ; 4.4.5.3.14. Melinaea mnasias thera (C. Felder &
R. Felder, 1865); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: BA, RJ, SP; 4.4.5.3.15. Napeogenes
cyrianassa xanthone (Bates, 1862); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, MG, RJ; 4.4.5.3.16.
Narope guilhermei (Casagrande, 1989); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RS, SC;
4.4.5.3.17. Orobrassolis ornamentalis (Stichel, 1906); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF:
MG, PR, SP; 4.4.5.3.18. Paititia neglecta (Lamas, 1979); Nome
popular: Borboleta -Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AC;
4.4.5.3.19. Pampasatyrus gyrtone (Berg, 1877); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: RJ, SP;
<t5a>4.4.5.3.20. Pessonia epistrophus nikolajewna (Weber,
1951); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Em perigo
– UF: AL, PB; 4.4.5.3.21. Polygrapha suprema (Schaus, 1920);
Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
MG, RJ, SP; 4.4.5.3.22. Pseudocercyonis glaucope boenninghausi
(Foetterle, 1902); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça:
Em perigo – UF: MG, RJ, SP; 4.4.5.3.23. Scada karschina delicata
(Talbot, 1932); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: PE; 4.4.5.3.24. Tithorea harmonia
caissara (Zikán, 1941); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: ES, MG, RJ, SP; 4.4.5.4. Papilionidae:
4.4.5.4.1. Eurytides iphitas (Hubner, 1821); Nome popular: Borboleta
- Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: ES, RJ;
4.4.5.4.2. Heraclides himeros baia (Rothschild & Jordan, 1906);
Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: BA, GO; 4.4.5.4.3. Heraclides himeros himeros
(Hopffer, 1865); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça:
Em perigo – UF: ES, MG, RJ; 4.4.5.4.4. Mimoides lysithous
harrisianus (Swainson, 1822); Nome popular: Borboleta – Categoria
de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ; 4.4.5.4.5. Parides
ascanius (Cramer, 1775); Nome popular: Borboleta -Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: RJ; 4.4.5.4.6. Parides bunichus
chamissonia (Eschscholtz, 1821); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: SC; 4.4.5.4.7. Parides
burchellanus (Westwood, 1872); Nome popular: Borboleta –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: DF, GO, MG, SP; 4.4.5.4.8.
Parides lysander mattogrossensis (Talbot, 1928); Nome popular:
Borboleta – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MT, RO;
4.4.5.4.9. Parides panthonus castilhoi (D’ Almeida, 1967); Nome
popular: Borboleta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo
– UF: SP; 4.4.5.5. Pieridae: 4.4.5.5.1. Charonias theano theano
(Boisduval, 1836); Nome popular: Borboleta – Categoria de ameaça:
Em perigo – UF: MG, PR, SC, SP; 4.4.5.5.2. Hesperocharis emeris
emeris (Boisduval, 1836); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: PR, RJ, SP; 4.4.5.5.3. Moschoneura
methymna (Godart, 1819); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, RJ, SC; 4.4.5.5.4. Perrhybris
flava (Oberthur, 1896); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA, ES; 4.4.5.6.
Pyralidae: 4.4.5.6.1. Parapoynx restingalis (Da Silva & Nessimian,
1990); Nome popular: Mariposa – Categoria de ameaça: Vulnerável
– UF: BA, RJ; 4.4.5.7. Riodinidae: 4.4.5.7.1. Eucorna
sanarita (Schaus, 1902); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: RJ, SP; 4.4.5.7.2. Euselasia eberti
(Callaghan, 1999); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: SP; 4.4.5.7.3. Nirodia
belphegor (Westwood, 1851); Nome popular: Borboleta – Categoria
de ameaça: Criticamente em perigo – UF: MG; 4.4.5.7.4. Panara
ovifera (Seitz, 1916); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ; 4.4.5.7.5. Petrocerus
catiena (Hewitson, 1875); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: ES, RJ; 4.4.5.7.6. Xenandra heliodes
dibapha (Stichel, 1909); Nome popular: Borboleta – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: RJ, SC, SP; 4.4.5.8. Saturniidae:
4.4.5.8.1. Dirphia monticola (Zerny, 1923); Nome popular: Mariposa
– Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: RJ; 4.5.
Oligochaeta: 4.5.1. Haplotaxida: 4.5.1.1. Glossoscolecidae:
4.5.1.1.1. Fimoscolex sporadochaetus (Michaelsen, 1918); Nome
popular: Minhoca-branca – Categoria de ameaça: Extinta – UF: MG;
4.5.1.1.2. Rhinodrilus alatus (Righi, 1971); Nome popular:
Minhocuçu – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MG; 4.5.1.1.3.
Rhinodrilus fafner (Michaelsen, 1918); Nome popular: Minhocuçu,
Minhoca-gigante – Categoria de ameaça: Extinta – UF: MG; 4.6.
Onychophora: 4.6.1. Euonychophora: 4.6.1.1. Peripatidae: 4.6.1.1.1.
Peripatus acacioi (Marcus & Marcus, 1955); Nome popular:
Onicóforo – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MG; 5.
Mamíferos: 5.1. Mammalia: 5.1.1. Artiodactyla: 5.1.1.1. Cervidae:
5.1.1.1.1. Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815); Nome popular:
Cervo-do-pantanal – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: GO,
MG, MS, MT, PR, RO, RS, SP, TO; 5.1.1.1.2. Mazama nana (Hensel,
1872); Nome popular: Veado-bororó-do-sul – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: PR, RS, SC, SP; 5.1.2. Carnivora: 5.1.2.1.
Canidae: 5.1.2.1.1. Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815); Nome
popular: Lobo-guará – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA,
DF, GO, MA, MG, MS, MT, PR, RJ, RS, SC, SP, TO; 5.1.2.1.2.
Speothos venaticus (Lund, 1842); Nome popular: Cachorro-vinagre
– Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AC, AM, AP, BA, DF, GO,
MA, MS, MT, PA, PR, RO, RR, SC, SP, TO; 5.1.2.2. Felidae:
5.1.2.2.1. Leopardus pardalis mitis (Cuvier, 1820); Nome popular:
Jaguatirica – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA, CE,
DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RS, SC, SP,
TO; 5.1.2.2.2. Leopardus tigrinus (Schreber, 1775); Nome popular:
Gato-do-mato – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, AM, AP,
BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN,
RR, RS, SE, SC, SP, TO; 5.1.2.2.3. Leopardus wiedii (Schinz, 1821);
Nome popular: Gato-maracajá – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: AC, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PI, PR, RJ,
RO, RR, RS, SC, SP, TO; 5.1.2.2.4. Oncifelis colocolo (Molina,
1810); Nome popular: Gato-palheiro – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: BA, DF, GO, MG, MS, MT, PI, RS, SP, TO;
5.1.2.2.5. Panthera onca (Linnaeus, 1758); Nome popular: Onça-
pintada – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AC, AM, AP, BA,
ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SP, TO;
5.1.2.2.6. Puma concolor capricornensis (Nelson & Goldman, 1929);
Nome popular: Onça-parda, suçuarana, puma, onça-vermelha, leão-
baio – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: ES, MG, MS, PR, RJ,
RS, SC, SP; 5.1.2.2.7. Puma concolor greeni (Nelson & Goldman,
1931); Nome popular: Onça-vermelha, suçuarana, onça-parda,
puma – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA, CE, MA,
PB, PE, PI, RN, SE; 5.1.2.3. Mustelidae: 5.1.2.3.1. Pteronura
brasiliensis (Gmelin, 1788); Nome popular: Ariranha – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: AC, AM, AP, DF, GO, MA, MS, MT, PA,
PR, RJ, RO, RR, SP, TO; 5.1.3. Cetácea: 5.1.3.1. Balaenidae:
5.1.3.1.1. Eubalaena australis (Desmoulins, 1822); Nome popular:
Baleia-franca-do-sul, baleia-franca, baleia-franca-austral – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: BA, PR, RS, SC; 5.1.3.2.
Balenopteridae: 5.1.3.2.1. Balaenoptera borealis (Lesson, 1828);
Nome popular: Baleia-sei, espadarte – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: PB, RJ; 5.1.3.2.2. Balaenoptera musculus
(Linnaeus, 1758); Nome popular: Baleia-azul – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: PB, RJ, RS; 5.1.3.2.3.
Balaenoptera physalus (Linnaeus, 1758); Nome popular: Baleia-fin –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF; 5.1.3.2.4. Megaptera
novaeangliae (Borowski, 1781); Nome popular: Baleia-jubarte,
jubarte – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, PR, RJ,
RS, SC, SP; 5.1.3.3. Physeteridae: 5.1.3.3.1. Physeter
macrocephalus (Linnaeus, 1758); Nome popular: Cachalote –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, CE, PA; 5.1.3.4.
Pontoporidae: 5.1.3.4.1. Pontoporia blainvillei (Gervais & d’Orbigny,
1844); Nome popular: Toninha, cachimbo, boto-amarelo, franciscana
– Categoria de ameaça: Em perigo – UF: ES, PR, RJ, RS, SC, SP;
5.1.4. Chiroptera: 5.1.4.1. Phyllostomidae: 5.1.4.1.1. Lonchophylla
bokermanni – (Sazima, Vizotto & Taddei, 1978); Nome popular:
Morcego – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MG, RJ;
5.1.4.1.2. Lonchophylla dekeyseri (Taddei, Vizotto & Sazima, 1983);
Nome popular: Morcego – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
DF, GO, MG, PI; 5.1.4.1.3. Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901);
Nome popular: Morcego – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
CE, ES, MG, PE, SP; 5.1.4.2. Vespertilionidae: 5.1.4.2.1. Lasiurus
ebenus (Fazzolari Corrêa, 1994); Nome popular: Morcego –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: SP; 5.1.4.2.2. Myotis ruber
(E. Geoffroy, 1806); Nome popular: Morcego – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: PR, RJ, SC, SP; 5.1.5. Didelphimorphia:
5.1.5.1. Didelphidae: 5.1.5.1.1. Caluromysiops irrupta (Sanborn,
1951); Nome popular: Cuíca-de-colete – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: RO; 5.1.6. Primates: 5.1.6.1. Atelidae:
5.1.6.1.1. Alouatta belzebul ululata (Elliot, 1912); Nome popular:
Guariba-de-mãos-ruivas – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: MA; 5.1.6.1.2. Alouatta guariba guariba (Humboldt,
1812); Nome popular: Bugio, barbado – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: BA, MG; 5.1.6.1.3. Ateles belzebuth
(É. Geoffroy, 1806); Nome popular: Coatá, macaco-aranha –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AM; 5.1.6.1.4. Ateles
marginatus (É. Geoffroy, 1809); Nome popular: Coatá – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: PA; 5.1.6.1.5. Brachyteles arachnoides (É.
Geoffroy, 1806); Nome popular: Muriqui, mono-carvoeiro – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: PR, RJ, SP; 5.1.6.1.6. Brachyteles
hypoxanthus (Kuhl, 1820); Nome popular: Muriqui – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA, ES, MG; 5.1.6.2.
Callitrichidae: 5.1.6.2.1. Callithrix aurita (É. Geoffroy in Humboldt,
1812); Nome popular: Sagui-da-serra-escuro – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF : MG, RJ, SP; 5.1.6.2.2. Callithrix flaviceps
(Thomas, 1903); Nome popular: Sagui-da-serra – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: ES, MG; 5.1.6.2.3. Leontopithecus
caissara (Lorini & Persson, 1990); Nome popular: Mico-leão-de-
cara-preta – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF:
PR, SP; 5.1.6.2.4. Leontopithecus chrysomelas (Kuhl, 1820); Nome
popular: Mico-leão-de-cara-dourada – Categoria de ameaça: Em
perigo – UF: BA, MG; 5.1.6.2.5. Leontopithecus chrysopygus (Mikan,
1823); Nome popular: Mico-leão-preto – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: SP; 5.1.6.2.6. Leontopithecus rosalia
(Linnaeus, 1766); Nome popular: Mico-leão-dourado – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF : RJ; 5.1.6.2.7. Saguinus bicolor (Spix,
1823); Nome popular: Sagui-de-duas-cores – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: AM; 5.1.6.3. Cebidae: 5.1.6.3.1.
Cebus kaapori (Queiroz, 1982); Nome popular: Macaco-caiarara –
Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF : MA, PA;
5.1.6.3.2. Cebus robustus (Kuhl, 1820); Nome popular: Macaco-
prego -Categoria de ameaça: Vulnerável – UF : BA, ES, MG;
5.1.6.3.3. Cebus xanthosternos (Wied-Neuwied, 1826); Nome
popular: Macaco-prego-de-peito-amarelo – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: BA, MG, SE; 5.1.6.3.4. Saimiri
vanzolinii (Ayres, 1985); Nome popular: Macaco-de-cheiro –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF : AM; 5.1.6.4. Pitheciidae:
5.1.6.4.1. Cacajao calvus calvus (I. Geoffroy, 1847); Nome
popular: Uacari-branco – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
AM; 5.1.6.4.2. Cacajao calvus novaesi (Hershkovitz, 1987); Nome
popular: Uacari-de-Novaes – Categoria de ameaça: Vulnerável –
UF: AM; 5.1.6.4.3. Cacajao calvus rubicundus (I. Geoffroy & Deville,
1848); Nome popular: Uacari-vermelho – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: AM; 5.1.6.4.4. Callicebus barbarabrownae
(Hershkovitz, 1990); Nome popular: Guigó – Categoria de ameaça:
Criticamente em perigo – UF: BA, SE; 5.1.6.4.5. Callicebus coimbrai
(Kobayashi & Langguth, 1999); Nome popular: Guigó-de-Coimbra-
Filho – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: SE;
5.1.6.4.6. Callicebus melanochir (Wied-Neuwied, 1820); Nome
popular: Sauá, guigó – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA,
ES, MG; 5.1.6.4.7. Callicebus personatus (É. Geoffroy, 1812); Nome
popular: Sauá, guigó – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: ES,
MG; 5.1.6.4.8. Chiropotes satanas (Hoffmannsegg, 1807); Nome
popular: Cuxiú-preto – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MA,
PA; <t5>5.1.6.4.9. Chiropotes utahicki (Hershkovitz, 1985);
Nome popular: Cuxiú – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MT,
PA; 5.1.7. Rodentia: 5.1.7.1. Echimyidae: 5.1.7.1.1. Callistomys
pictus (Pictet, 1841); Nome popular: Rato-do-cacau – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: BA; 5.1.7.1.2. Carterodon sulcidens
(Lund, 1841); Nome popular: Rato-de-espinho – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: MS, MG, DF; 5.1.7.1.3.
Phyllomys brasiliensis (Lund, 1840); Nome popular: Rato-da-árvore
– Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MG; 5.1.7.1.4. Phyllomys
thomasi (Ihering, 1897); Nome popular: Rato-da-árvore – Categoria
de ameaça: Em perigo – UF: SP; 5.1.7.1.5. Phyllomys unicolor
(Wagner, 1842); Nome popular: Rato-da-árvore – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: BA; 5.1.7.2. Erethizontidae:
5.1.7.2.1. Chaetomys subspinosus (Olfers, 1818); Nome popular:
Ouriço-preto – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, MG,
RJ, SE; 5.1.7.3. Muridae: 5.1.7.3.1. Juscelinomys candango
(Moojen, 1965); Nome popular: Rato-candango – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: DF; 5.1.7.3.2. Kunsia fronto
(Winge, 1887); Nome popular: Rato-do-mato – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: MG, DF; 5.1.7.3.3.
Phaenomys ferrugineus (Thomas, 1894); Nome popular: Rato-do-
mato-ferrugíneo – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RJ, SP;
5.1.7.3.4. Rhagomys rufescens (Thomas, 1886); Nome popular:
Rato-do-mato-vermelho – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
RJ, SP; 5.1.7.3.5. Wilfredomys oenax (Thomas, 1928); Nome
popular: Rato-do-mato – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: PR, RS, SC; 5.1.7.4. Octodontidae: 5.1.7.4.1.
Ctenomys flamarioni (Travi, 1981); Nome popular: Tuco-tuco –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS; 5.1.8. Sirenia: 5.1.8.1.
Trichechidae: 5.1.8.1.1. Trichechus inunguis (Natterer, 1883); Nome
popular: Peixe-boi-da-Amazônia – Categoria de ameaça: Vulnerável
– UF: AM, AP, PA, RO, RR; 5.1.8.1.2. Trichechus manatus
(Linnaeus, 1758); Nome popular: Peixe-boi-marinho – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: AL, AP, CE, MA, PA, PB, PE,
PI, RN; 5.1.9. Xenarthra: 5.1.9.1. Bradypodidae: 5.1.9.1.1.
Bradypus torquatus (Illiger, 1811); Nome popular: Preguiça-de-
coleira – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES, MG, RJ,
SE; 5.1.9.2. Dasypodidae: 5.1.9.2.1. Priodontes maximus (Kerr,
1792); Nome popular: Tatu-canastra – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: AC, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PI,
RO, RR, TO; 5.1.9.2.2. Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758); Nome
popular: Tatu-bola – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AL, BA,
GO, PI, RN; 5.1.9.3. Myrmecophagidae: 5.1.9.3.1. Myrmecophaga
tridactyla (Linnaeus, 1758); Nome popular: Tamanduá-bandeira –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: AC, AM, AP, BA, DF, GO,
MA, MG, MS, MT, PA, PI, PR, RO, RR, RS, SC, SP, TO; 6. Peixes:
6.1. Actinopterygii: 6.1.1. Batrachoidiformes: 6.1.1.1. Batrachoididae:
6.1.1.1.1. Carcharhinus longimanus (Poey, 1861); Nome popular:
Mangangá – UF: PA; 6.1.2. Characiformes: 6.1.2.1. Anostomidae:
6.1.2.1.1. Carcharhinus longimanus (Poey, 1861); Nome popular:
Piau – UF: MG; 6.1.2.1.2. Sartor tucuruiense (Santos & Jégu, 1987)
Nome popular: –; UF: PA; 6.1.2.2. Characidae: 6.1.2.2.1. Astyanax
gymnogenys (Eigenmann, 1911); Nome popular: Piabanha – UF:
ES, MG; 6.1.2.2.2. Brycon devillei (Castelnau, 1855); Nome popular:
Lambari – UF: PR; 6.1.2.2.3. Brycon insignis (Steindachner, 1877);
Nome popular: Piabanha – UF: MG, RJ, SP; 6.1.2.2.4. Brycon
nattereri (Gunther, 1864); Nome popular: Pirapitinga – UF: GO, MG,
PR, SP; 6.1.2.2.5. Brycon opalinus (Cuvier, 1819); Nome
popular: Pirapitinga, pirapitinga-do-sul – UF: MG, RJ, SP; 6.1.2.2.6.
Brycon orbignyanus (Valenciennes, 1850); Nome popular:
Piracanjuba, piracanjuva, bracanjuva – UF: MG, MS, PR, RS, SC,
SP; 6.1.2.2.7. Brycon vermelha (Lima & Castro, 2000); Nome
popular: Vermelha – UF: BA, ES, MG; 6.1.2.2.8. Bryconamericus
lambari (Malabarba & Kindel, 1995) Nome popular: Lambari – UF:
RS; 6.1.2.2.9. Coptobrycon bilineatus (Ellis, 1911); Nome popular: –;
UF: SP; 6.1.2.2.10. Glandulocauda melanogenys
(Eigenmann, 1911); Nome popular: –; UF: SP; 6.1.2.2.11.
Glandulocauda melanopleura (Eigenmann, 1911); Nome popular: –;
UF: PR; 6.1.2.2.12. Hasemania maxillaris (Ellis, 1911); Nome
popular: Lambari – UF: PR; 6.1.2.2.13. Hasemania melanura (Ellis,
1911); Nome popular: Lambari – UF: PR; 6.1.2.2.14. Henochilus
wheatlandii (Garman, 1890); Nome popular: Andirá, anjirá – UF: MG;
6.1.2.2.15. Hyphessobrycon duragenys (Ellis, 1911); Nome popular:
–; UF: SP; 6.1.2.2.16. Hyphessobrycon flammeus (Myers, 1924);
Nome popular: Engraçadinho – UF: RJ; 6.1.2.2.17. Hyphessobrycon
taurocephalus (Ellis, 1911); Nome popular: Lambari – UF: PR;
6.1.2.2.18. Mimagoniates lateralis (Nichols, 1913); Nome popular: –;
UF: PR, SC, SP; 6.1.2.2.19. Mimagoniates rheocharis (Menezes &
Weitzman, 1990); Nome popular: –; UF: RS, SC; 6.1.2.2.20.
Mimagoniates sylvicola (Menezes & Weitzman, 1990); Nome
popular: –; UF: BA; 6.1.2.2.21. Mylesinus paucisquamatus (Jégu &
Santos, 1988); Nome popular: Pacu – UF: PA, TO; 6.1.2.2.22.
Myleus tiete (Eigenmann & Norris, 1900); Nome popular: Pacu-prata
– UF: MG, MS, SP; 6.1.2.2.23. Nematocharax venustus (Weitzman,
Menezes & Britski, 1986); Nome popular: –; UF: BA, MG; 6.1.2.2.24.
Ossubtus xinguense (Jegú, 1992); Nome popular: Pacu – UF: PA;
6.1.2.2.25. Rachoviscus crassiceps (Myers, 1926); Nome popular: –;
UF: PR, SC; 6.1.2.2.26. Rachoviscus graciliceps (Weitzman & Cruz,
1980); Nome popular: –; UF: BA, ES; 6.1.2.2.27. Spintherobolus
ankoseion (Weitzman & Malabarba, 1999); Nome popular: –; UF:
PR, SC; 6.1.2.2.28. Spintherobolus broccae (Myers, 1925); Nome
popular: –; UF: RJ, SP; 6.1.2.2.29. Spintherobolus leptoura
(Weitzman & Malabarba, 1999); Nome popular: –; UF: SP;
6.1.2.2.30. Spintherobolus papilliferus (Eigemann, 1911); Nome
popular: –; UF: SP; 6.1.2.2.31. Stygichthys typhlops (Brittan &
Böhlke, 1965); Nome popular: –; UF: MG; 6.1.2.3. Crenuchidae:
6.1.2.3.1. Characidium grajahuensis (Travassos, 1944); Nome
popular: Canivetinho, mocinha – UF: RJ; 6.1.2.3.2. Characidium
lagosantensis (Travassos, 1947); Nome popular: Canivete – UF:
MG; 6.1.2.3.3. Characidium vestigipinne (Buckup & Hahn, 2000);
Nome popular: –; UF: RS;.6.1.3. Cyprinodontiformes: 6.1.3.1.
Poeciliidae: 6.1.3.1.1. Phalloptychus eigenmanni (Henn, 1916);
Nome popular: Barrigudinho – UF: BA; 6.1.3.1.2. Phallotorynus
fasciolatus (Henn, 1916); Nome popular: Guarú – UF: SP; 6.1.3.1.3.
Phallotorynus jucundus (Ihering, 1930); Nome popular: Guarú – UF:
SP; 6.1.3.2. Rivulidae: 6.1.3.2.1. Austrolebias adloffi (Ahl, 1922);
Nome popular – UF: RS; 6.1.3.2.2. Austrolebias affinis (Amato,
1986); Nome popular: Peixe anual – UF: RS; 6.1.3.2.3. Austrolebias
alexandri (Castello & Lopez, 1974); Nome popular: Peixe anual –
UF: RS; 6.1.3.2.4. Austrolebias carvalhoi (Myers, 1947); Nome
popular: –; UF: PR; 6.1.3.2.5. Austrolebias charrua (Costa & Cheffe,
2001); Nome popular: Peixe anual – UF: RS; 6.1.3.2.6. Austrolebias
cyaneus (Amato, 1987); Nome popular: Peixe anual – UF: RS;
6.1.3.2.7. Austrolebias ibicuiensis (Costa, 1999); Nome popular: –;
UF: RS; 6.1.3.2.8. Austrolebias luteoflammulatus (Vaz-Ferreira,
Sierra & Scaglia, 1974); Nome popular: Peixe anual – UF: RS;
6.1.3.2.9. Austrolebias minuano (Costa & Cheffe, 2001); Nome
popular: Peixe anual – UF: RS; 6.1.3.2.10. Austrolebias
nigrofasciatus (Costa & Cheffe, 2001); Nome popular: Peixe anual –
UF: RS; 6.1.3.2.11. Austrolebias periodicus (Costa, 1999); Nome
popular: Peixe anual – UF: RS; 6.1.3.2.12. Campellolebias brucei
(Vaz-Ferreira & Sierra, 1974); Nome popular: –; UF: SC; 6.1.3.2.13.
Campellolebias chrysolineatus (Costa, Lacerda & Brasil, 1989);
Nome popular: –; UF: SC; 6.1.3.2.14. Campellolebias
dorsimaculatus (Costa, Lacerda & Brasil, 1989); Nome popular: –;
UF: SP; 6.1.3.2.15. Cynolebias griseus (Costa, Lacerda & Brasil,
1990); Nome popular: –; UF: GO; 6.1.3.2.16. Leptolebias citrinipinnis
(Costa, Lacerda & Tanizaki, 1988); Nome popular: –; UF: RJ;
6.1.3.2.17. Leptolebias cruzi (Costa, 1988); Nome popular: –; UF:
RJ; 6.1.3.2.18. Leptolebias fractifasciatus (Costa, 1988); Nome
popular: –; UF: RJ; 6.1.3.2.19. Leptolebias leitaoi (Cruz & Peixoto,
1991); Nome popular: –; UF: BA; 6.1.3.2.20. Leptolebias
marmoratus (Ladiges, 1934); Nome popular: –; UF: RJ; 6.1.3.2.21.
Leptolebias minimus (Myers, 1942); Nome popular: –; UF: RJ;
6.1.3.2.22. Leptolebias opalescens (Myers, 1941); Nome popular: –;
UF: RJ; 6.1.3.2.23. Leptolebias splendens (Myers, 1942); Nome
popular: –; UF: RJ; 6.1.3.2.24. Maratecoara formosa (Costa & Brasil,
1995); Nome popular: –; UF: TO; 6.1.3.2.25. Megalebias wolterstorffi
(Ahl, 1924); Nome popular: –; UF: RS; 6.1.3.2.26. Nematolebias
whitei (Myers, 1942); Nome popular: –; UF: RJ; 6.1.3.2.27.
Plesiolebias xavantei (Costa, Lacerda & Tanizaki, 1988); Nome
popular: –; UF: TO; 6.1.3.2.28. Simpsonichthys alternatus (Costa &
Brasil, 1994); Nome popular: –; UF: MG; 6.1.3.2.29. Simpsonichthys
auratus (Costa & Nielsen, 2000); Nome popular: –; UF: MG;
6.1.3.2.30. Simpsonichthys boitonei (Carvalho, 1959); Nome
popular: –; UF: DF; 6.1.3.2.31. Simpsonichthys bokermanni
(Carvalho & Cruz, 1987); Nome popular: –; UF: BA; 6.1.3.2.32.
Simpsonichthys constanciae (Myers, 1942); Nome popular: –; UF:
RJ; 6.1.3.2.33. Simpsonichthys flammeus (Costa, 1989); Nome
popular: –; UF: GO, TO; 6.1.3.2.34. Simpsonichthys fulminantis
(Costa & Brasil, 1993); Nome popular: –; UF: BA; 6.1.3.2.35.
Simpsonichthys ghisolfi (Costa, Cyrino & Nielsen, 1996); Nome
popular: –; UF: BA; 6.1.3.2.36. Simpsonichthys hellneri
(Berkenkamp, 1993); Nome popular: –; UF: MG; 6.1.3.2.37.
Simpsonichthys izecksohni (Cruz, 1983); Nome popular: –; UF: ES;
6.1.3.2.38. Simpsonichthys magnificus (Costa & Brasil, 1991); Nome
popular: –; UF: MG; 6.1.3.2.39. Simpsonichthys marginatus (Costa &
Brasil, 1996); Nome popular: –; UF: GO; 6.1.3.2.40. Simpsonichthys
multiradiatus (Costa & Brasil, 1994); Nome popular: –; UF: TO;
6.1.3.2.41. Simpsonichthys myersi (Carvalho, 1971); Nome popular:
–; UF: BA, ES; 6.1.3.2.42. Simpsonichthys notatus (Costa, Lacerda
& Brasil, 1990); Nome popular: –; UF: GO; 6.1.3.2.43.
Simpsonichthys parallelus (Costa, 2000); Nome popular: –; UF: GO;
6.1.3.2.44. Simpsonichthys perpendicularis (Costa, Nielsen & De
Luca, 2001); Nome popular: –; UF: BA; 6.1.3.2.45. Simpsonichthys
rosaceus (Costa, Nielsen & De Luca, 2001); Nome popular: –; UF:
BA; 6.1.3.2.46. Simpsonichthys rufus (Costa, Nielsen & De Luca,
2000); Nome popular: –; UF: MG; 6.1.3.2.47. Simpsonichthys
santanae (Shibatta & Garavello, 1992); Nome popular: –; UF: DF,
GO; 6.1.3.2.48. Simpsonichthys similis (Costa & Hellner, 1999);
Nome popular: –; UF: MG; 6.1.3.2.49. Simpsonichthys stellatus
(Costa & Brasil, 1994); Nome popular: –; UF: MG; 6.1.3.2.50.
Simpsonichthys trilineatus (Costa & Brasil, 1994); Nome popular: –;
UF: MG; 6.1.3.2.51. Simpsonichthys zonatus (Costa & Brasil, 1990);
Nome popular: –; UF: MG; 6.1.3.2.52. Spectrolebias semiocellatus
(Costa & Nielsen, 1997); Nome popular: –; UF: TO; 6.1.4.
Gymnotiformes: 6.1.4.1. Apteronotidae: 6.1.4.1.1.
Sternarchorhynchus britskii (Campos da Paz, 2000); Nome popular:
Ituí – UF: MG, MS, PR, SP; 6.1.4.2. Sternopygidae: 6.1.4.2.1.
Eigenmannia vicentespelaea (Triques, 1996); Nome popular: Ituí –
UF: GO; 6.1.5. Perciformes: 6.1.5.1. Chaetodontidae: 6.1.5.1.1.
Prognathodes obliquus (Lubbock & Edwards, 1980); Nome popular:
Peixe-borboleta – UF: PE; 6.1.5.2. Cichlidae: 6.1.5.2.1. Crenicichla
cyclostoma (Ploeg, 1986); Nome popular: Jacundá – UF: PA;
6.1.5.2.2. Crenicichla jegui (Ploeg, 1986); Nome popular: Jacundá –
UF: PA; 6.1.5.2.3. Crenicichla jupiaiensis (Britski & Luengo, 1968);
Nome popular: Joaninha – UF: MG, MS, SP; 6.1.5.2.4. Teleocichla
cinderella (Kullander, 1988); Nome popular: –; UF: PA; 6.1.5.2.5.
Gymnogeophagus setequedas (Reis, Malabarba & Pavanelli, 1992);
Nome popular: Acará – UF: PR; 6.1.5.3. Gobiidae: 6.1.5.3.1.
Elacatinus figaro (Sazima, Moura & Rosa, 1997); Nome popular:
Néon – UF: BA, ES, PB, PE, RJ, RN, SC, SP; 6.1.5.4. Grammatidae:
6.1.5.4.1. Gramma brasiliensis (Sazima, Gasparini & Moura, 1998);
Nome popular: Grama – UF: BA, ES, PB, PE, RJ, RN, SP; 6.1.5.5.
Labridae: 6.1.5.5.1. Bodianus insularis (Gomon & Lubbock, 1980);
Nome popular: Bodião-Ilhéu – UF: PE; 6.1.5.6. Lutjanidae: 6.1.5.6.1.
Lutjanus analis (Cuvier, 1828); Nome popular: Caranha, cioba,
vermelho, vermelho-cioba – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, PR, RJ,
RN, SC, SP; 6.1.5.7. Pomacentridae: 6.1.5.7.1. Stegastes
sanctipauli (Lubbock & Edwards, 1981); Nome popular: Donzelinha
– UF: PE; 6.1.5.8. Scaridae: 6.1.5.8.1. Scarus guacamaia (Cuvier,
1829); Nome popular: –; UF: BA; 6.1.5.9. Serranidae: 6.1.5.9.1.
Anthias salmopunctatus (Lubbock & Edwards, 1981); Nome popular:
–; UF: PE; 6.1.5.9.2. Mycteroperca tigris (Valenciennes, 1833);
Nome popular: –; UF: BA, PE, RJ, SP; 6.1.6. Siluriformes: 6.1.6.1.
Auchenipteridae: 6.1.6.1.1. Tatia boemia (Koch & Reis, 1996); Nome
popular: –; UF: RS; 6.1.6.2. Callichthyidae: 6.1.6.2.1. Corydoras
macropterus (Regan, 1913); Nome popular: –; UF: PR, SC, SP;
6.1.6.2.2. Lepthoplosternum tordilho (Reis, 1997); Nome popular: –;
UF: RS; 6.1.6.3. Doradidae: 6.1.6.3.1. Kalyptodoras bahiensis
(Higuchi, Britski & Garavello, 1990); Nome popular: Peracuca – UF:
BA; 6.1.6.4. Heptapteridae: 6.1.6.4.1. Chasmocranus brachynema
(Gomes & Schubart, 1958); Nome popular: Bagrinho – UF: SP;
6.1.6.4.2. Heptaterus multiradiatus (Ihering, 1907); Nome popular: –;
UF: SP; 6.1.6.4.3. Pimelodella kronei (Ribeiro, 1907); Nome popular:
Bagre-cego – UF: SP; 6.1.6.4.4. Rhamdia jequitinhonha (Silfvergrip,
1996); Nome popular: Bagre, jundiá – UF: MG; 6.1.6.4.5.
Rhamdiopsis microcephala (Lutken, 1874); Nome popular: Bagrinho
– UF: MG; 6.1.6.4.6. Taunaya bifasciata (Eigenmann & Norris,
1900); Nome popular: Bagrinho – UF: SP; 6.1.6.5. Loricariidae:
6.1.6.5.1. Ancistrus formoso (Sabino & Trajano, 1997); Nome
popular: Cascudo – UF: MS; 6.1.6.5.2. Delturus parahybae
(Eigenmann & Eigenmann, 1889); Nome popular: Cascudo laje –
UF: MG, RJ; 6.1.6.5.3. Harttia rhombocephala (Miranda-Ribeiro,
1939); Nome popular: Cascudo – UF: RJ; 6.1.6.5.4. Hemiancistrus
chlorostictus (Cardoso & Malabarba, 1999); Nome popular: Cascudo
– UF: RJ; 6.1.6.5.5. Hemipsilichthys garbei (Ihering, 1911); Nome
popular: Cascudo – UF: RJ; 6.1.6.5.6. Hemipsilichthys mutuca
(Oliveira & Oyakawa, 1999); Nome popular: Cascudo – UF: MG;
6.1.6.5.7. Hypancistrus zebra (Isbrucker & Nijssen, 1991); Nome
popular: Cascudo-zebra – UF: PA; 6.1.6.5.8. Pogonopoma
parahybae (Steindachner, 1877); Nome popular: Cascudo – UF: MG,
RJ; 6.1.6.5.9. Pseudotocinclus tietensis (Ihering, 1907); Nome
popular: Cascudinho – UF: SP; 6.1.6.6. Pimelodidae: 6.1.6.6.1.
Aguarunichthys tocantinsensis (Zuanon, Rapp Py-Daniel & Jégu,
1993); Nome popular: –; UF: GO, PA, TO; 6.1.6.6.2. Conorhynchos
conirostris (Valenciennes in Cuvier & Valenciennes 1840); Nome
popular: Pirá, pirá-tamanduá – UF: BA, MG; 6.1.6.6.3.
Steindachneridion amblyura (Eigenmann & Eigenmann, 1888);
Nome popular: Surubim – UF: MG; 6.1.6.6.4. Steindachneridion
doceana (Eigenmann & Eigenmann, 1889); Nome popular: Surubim-
do-doce – UF: ES, MG; 6.1.6.6.5. Steindachneridion parahybae
(Steindachner, 1876); Nome popular: Surubim-do-paraíba – UF: MG,
RJ; 6.1.6.6.6. Steindachneridion scripta (Ribeiro, 1918); Nome
popular: Surubim – UF: MG, RS, SC, SP; 6.1.6.7. Trichomycteridae:
6.1.6.7.1. Homodiaetus graciosa (Koch, 2002); Nome popular:
Cambeba – UF: SP; 6.1.6.7.2. Homodieatus passarelii (Miranda-
Ribeiro, 1944); Nome popular: –; UF: RJ; 6.1.6.7.3. Listrura campos
(Miranda-Ribeiro, 1957); Nome popular: Candiru, bagre-mole – UF:
SC, SP; 6.1.6.7.4. Listrura nematopteryx (De Pinna, 1988); Nome
popular: –; UF: RJ, SP; 6.1.6.7.5. Listrura tetraradiata (Landim &
Costa, 2002); Nome popular: –; UF: RJ; 6.1.6.7.6. Microcambeva
barbata (Costa & Bockmann, 1994); Nome popular: Cambeva – UF:
RJ; 6.1.6.7.7. Trichogenes longipinnis (Britski & Ortega, 1983);
Nome popular: –; UF: RJ, SP; 6.1.6.7.8. Trichomycterus castroi
(Pinna, 1992); Nome popular: Cambeva – UF: PR; 6.1.6.7.9.
Trichomycterus itacarambiensis (Trajanoi & Pinna, 1996); Nome
popular: Cambeva – UF: MG; 6.1.6.7.10. Trichomycterus paolence
(Eigenmann, 1917); Nome popular: Cambeva – UF: SP; 6.2.
Elasmobranchii: 6.2.1. Carcharhiniformes: 6.2.1.1. Carcharhinidae:
6.2.1.1.1. Carcharhinus longimanus (Poey, 1861); Nome popular:
Tubarão-estrangeiro; tubarão-galha-branca-oceânico – UF: AL, AP,
BA, CE, ES, MA, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RS, SE, SC, SP;
6.2.1.1.2. Carcharhinus porosus (Ranzani, 1839); Nome popular:
Tubarão-junteiro, tubarão-azeiteiro – UF: AL, AP, BA, CE, ES, MA,
PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RS, SE, SC, SP; 6.2.1.1.3.
Carcharhinus signatus (Poey, 1868); Nome popular: Tubarão-
toninha – UF: AL, AP, BA, CE, ES, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SE,
SC, SP; 6.2.1.1.4.Isogomphodon oxyrhynchus (Muller & Henle,
1839); Nome popular: Quati – UF: AP, MA, PA; 6.2.1.1.5. Negaprion
brevirostris (Poey, 1868); Nome popular:–; UF: BA, PE, RN; 6.2.1.2.
Triakidae: 6.2.1.2.1. Galeorhinus galeus (Linnaeus, 1758 –
Wiegmann, 1834); Nome popular: Cação-bico-doce – UF: PR, RJ,
RS, SC, SP; 6.2.1.2.2. Mustelus schmitti (Wiegmann, 1834 –
Springer, 1939); Nome popular: Cação-cola-fina, caçonete – UF: PR,
RJ, RS, SC, SP; 6.2.2. Lamniformes: 6.2.2.1. Cetorhinidae:
6.2.2.1.1. Cetorhinus maximus (Gunnerus, 1765); (Dias, Rocha &
Vrcibradic, 2002); Nome popular: Tubarão-peregrino – UF: RJ, RS,
SC, SP; 6.2.3. Orectolobiformes: 6.2.3.1. Ginglymostomatidae:
6.2.3.1.1. Ginglymostoma cirratum (Bonnaterre, 1788); Nome
popular: Cação-lixa, tubarão-lixa. Lambaru – UF: AL, BA, CE, PB,
PE, RJ, RN, SP; 6.2.3.2. Rhincodontidae: 6.2.3.2.1. Rhincodon
typus (Smith, 1828 – Marques, Martins & Sazima, 2002); Nome
popular: tubarão-baleia – UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, RS,
SE, SC, SP; 6.2.4. Pristiformes: 6.2.4.1. Pristidae: 6.2.4.1.1. Pristis
perotteti (Muller & Henle, 1841); Nome popular: Peixe-serra – UF:
AM, AP, MA, PA, RJ, SP; 6.2.4.1.2. Pristis pectinata (Latham, 1794);
Nome popular: Peixe-serra – UF: AM, AP, BA, CE, MA, PA, RJ, SP;
6.2.5. Rhinobatiformes: 6.2.5.1. Rhinobatidae: 6.2.5.1.1. Rhinobatus
horkelii (Muller & Henle, 1841); Nome popular: Raia-viola – UF: PR,
RJ, RS, SC, SP; 6.2.6. Squatiniformes: 6.2.6.1. Squatinidae:
6.2.6.1.1. Squatina guggenheim (Marini, 1936); Nome popular:
Cação-anjo-espinhoso – PR, RJ, RS, SC, SP; 6.2.6.1.2. Squatina
occulta (Vooren & Silva, 1991); Nome popular: Cação-anjo-liso –
PR, RJ, RS, SC, SP; 7. Répteis: 7.1. Reptilia: 7.1.1. Squamata:
7.1.1.1. Boidae: 7.1.1.1.1. Corallus cropanii (Hoge, 1953); Nome
popular: Jibóia-de-Cropan – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: SP; 7.1.1.2. Colubridae: 7.1.1.2.1. Dipsas albifrons
cavalheiroi (Hoge, 1950); Nome popular: Dormideira-da-Queimada-
Grande – Categoria de ameaça: Criticamente em perigo – UF: SP;
7.1.1.3. Gymnophthalmidae: 7.1.1.3.1. Heterodactylus lundii
(Reinhardt & Lutken, 1862); Nome popular: Cobra-de-vidro –
Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: MG; 7.1.1.3.2. Placosoma
cipoense (Cunha, 1966); Nome popular: Lagartinho-do-Cipó –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: MG; 7.1.1.4. Polychrotidae:
7.1.1.4.1. Anisolepis undulatus (Wiegmann, 1834); Nome popular:
Camaleãozinho – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS;
7.1.1.5. Teiidae: 7.1.1.5.1. Cnemidophorus abaetensis (Dias, Rocha
& Vrcibradic, 2002); Nome popular: Lagartixa-de-Abaeté – Categoria
de ameaça: Vulnerável – UF: BA; 7.1.1.5.2. Cnemidophorus littoralis
(Rocha, Araújo, Vrcibradic & Costa, 2000); Nome popular: Lagarto-
da-cauda-verde – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RJ;
7.1.1.5.3. Cnemidophorus nativo (Rocha, Bergallo & Peccinini-
Seale, 1997); Nome popular: Lagartinho-de-Linhares – Categoria de
ameaça: Vulnerável – UF: BA, ES; 7.1.1.5.4. Cnemidophorus
vacariensis (Feltrim & Lema, 2000); Nome popular: Lagartinho-de-
Vacaria – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF: RS; 7.1.1.6.
Tropiduridae: 7.1.1.6.1. Liolaemus lutzae (Mertens, 1938); Nome
popular: Lagartixa-da-areia – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: RJ; 7.1.1.6.2. Liolaemus occipitalis (Boulenger, 1885);
Nome popular: Lagartinho-da-praia – Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: RS, SC; 7.1.1.7. Viperidae: 7.1.1.7.1. Bothrops
alcatraz (Marques, Martins & Sazima, 2002); Nome popular:
Jararaca-de-Alcatrazes – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: SP; 7.1.1.7.2. Bothrops insularis (Amaral, 1922); Nome
popular: Jararaca-ilhoa – Categoria de ameaça: Criticamente em
perigo – UF: SP; 7.1.1.7.3. Bothrops pirajai (Amaral, 1923); Nome
popular: Jararaca Categoria de ameaça: Em perigo – UF: BA; 7.1.2.
Testudines: 7.1.2.1. Chelidae: 7.1.2.1.1. Phrynops hogei (Mertens,
1967); Nome popular: Cágado, cágado-de-Hoge, cágado de Hoge –
Categoria de ameaça: Em perigo – UF: ES, MG, RJ; 7.1.2.2.
Cheloniidae: 7.1.2.2.1. Caretta caretta (Linnaeus, 1758); Nome
popular: Cabeçuda, tartaruga-meio-pente Categoria de ameaça:
Vulnerável – UF: AL, BA, CE, ES, MA, PE, RJ, RN, RS, SE;
7.1.2.2.2. Chelonia mydas (Linnaeus, 1758); Nome popular:
Tartaruga-verde, aruanã – Categoria de ameaça: Vulnerável – UF:
AL, AP, BA, CE, ES, MA, PA, PE, PR, RJ, RN, RS, SE, SC, SP;
7.1.2.2.3; Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766); Nome popular:
Tartaruga-de-pente – Categoria de ameaça: Em perigo – UF: AL,
BA, ES, PE, RJ, RN, SE, SP; 7.1.2.2.4. Lepidochelys olivacea
(Eschscholtz, 1829); Nome popular: Tartaruga-oliva – Categoria de
ameaça: Em perigo – UF: AL, BA, CE, ES, PE, PR, RJ, RN, SE, SP;
7.1.2.3. Dermochelyidae: 7.1.2.3.1. Dermochelys coriacea
(Linnaeus, 1766); Nome popular: Tartaruga-de-couro – Categoria de
ameaça: Criticamente em perigo – UF: AL, BA, CE, ES, MA, PE,
PR, RJ, RS, SC, SP.
É importante acrescentar no momento que os critérios para
inclusão dos animais em uma lista ou outra são aqueles previstos na
Instrução Normativa n° 5, de 21.05.2004, a saber: I- a espécie
ameaçada de extinção é aquela com alto risco de desaparecimento
na natureza em futuro próximo, assim reconhecidas pelo Ministério
do Meio Ambiente/MMA. II- a espécie sobreexplotada é aquela cuja
condição de captura de uma ou todas as classes de idade numa
população são tão elevadas que reduz a biomassa, o potencial de
desova e as capturas no futuro, a níveis inferiores aos de
segurança. Nesta categoria foram listadas as 2 (duas) espécies de
cavalos-marinhos existentes no Brasil; III- a espécie ameaçada de
sobreexplotação é aquela cujo nível de exploração encontra-se
próximo ao de sobreexplotação; IV- existe proibição da pesca
apenas para a “categoria I” das espécies ameaçadas de extinção,
excetos para fins científicos e com autorização do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
para estas espécies devem ser desenvolvidos planos de
recuperação, elaborados e implementados pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
com participação dos órgãos estaduais, comunidade científica e da
sociedade civil organizada, em prazo máximo de 5 (cinco) anos, a
partir da publicação da Instrução Normativa n° 5, de 21.05.2004.
A “Lista Nacional das Espécies de Invertebrados Aquáticos e
Peixes Ameaçados de Extinção com Categorias da International
Union for Conservation of Nature – IUCN (União Internacional para a
Conservação da Natureza)”,[467] segundo os órgãos governamentais
(Anexo I da Instrução Normativa/MMA nº 5, de 21.05.2004), é a
seguinte: 1) PEIXES: 1.1. Easmobranchii: 1.1.1) Carcharhiniformes:
1.1.1.1) Carcharhinidae: 1.1.1.1.1) nome científico: Carcharhinus
longimanus (nome popular: tubarão-estrangeiro; tubarão-galha-
branca-oceânico); autor: Poey; data: 1861; categoria: vulnerável;
UF: AL, AP, BA, CE, ES, MA, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RS, SE,
SC, SP; 1.1.1.1.2) nome científico: Isogomphodon oxyrhinchus
(nome popular: quati); autor: Muller & Henle; data: 1839; categoria:
em perigo; UF: AP, MA, PA; 1.1.1.1.3) nome científico: Negaprion
brevirostris; autor: Poey; data: 1868; categoria: vulnerável; UF: BA,
PE, RN; 1.1.1.2) Triakidae: 1.1.1.2.1) nome científico: Galeorhinus
galeus (nome popular: cação-bico-doce); autor: Linnaeus; data:
1758; categoria: criticamente em perigo; UF: PR, RJ, RS, SC, SP;
1.1.1.2.2) nome científico: Mustelus schmitti (nome popular: cação-
cola-fina, caçonete); autor: Springer; data: 1939; categoria:
vulnerável; UF: PR, RJ, RS, SC, SP; 1.1.2) Lamniformes: 1.1.2.1)
Cetorhinidae: 1.1.2.1.1) nome científico: Cetorhinus maximus (nome
popular: tubarão-peregrino); autor: Gunnerus; data: 1765; categoria:
vulnerável; UF: RJ, RS, SC, SP; 1.1.3) Orectolobiformes: 1.1.3.1)
Ginglymostomatidae: 1.1.3.1.1) nome científico: Ginglymostoma
cirratum (nome popular: cação-lixa, tubarão-lixa; lambaru); autor:
Bonnaterre; data: 1788; categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, PB,
PE, RJ, RN, SP; 1.1.3.2) Rhincodontidae: 1.1.3.2.1) nome científico:
Rhincodon typus (nome popular: tubarão-baleia); autor: Smith; data:
1828; categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN,
RS, SE, SC, SP; 1.1.4) Pristiformes: 1.1.4.1) Pristidae: 1.1.4.1.1)
nome científico: Pristis pectinata (nome popular: peixe-serra); autor:
Latham; data: 1794; categoria: em perigo; UF: AM, AP, BA,CE, MA,
PA, RJ, SP; 1.1.4.1.2) nome científico: Pristis perotteti (nome
popular: peixe-serra); autor: Muller & Henle; data: 1841; categoria:
criticamente em perigo; UF: AM, AP, MA, PA, RJ, SP; 1.1.5)
Rhinobatiformes: 1.1.5.1) Rhinobatidae: 1.1.5.1.1) nome científico:
Rhinobatos horkelii (nome popular: raia-viola); autor: Muller & Henle;
data: 1841; categoria: em perigo; UF: PR, RJ, RS, SC, SP; 1.1.6)
Squatiniformes: 1.1.6.1) Squatinidae: 1.1.6.1.1) nome científico:
Squatina guggenheim (nome popular: cação-anjo-espinhoso); autor:
Marini; data: 1936; categoria: em perigo; UF: PR, RJ, RS, SC, SP;
1.1.6.1.2) Squatina occulta (nome popular: cação-anjo-liso); autor:
Vooren & Silva; data: 1991; categoria: em perigo; UF: PR, RJ, RS,
SC, SP; 1.2) Actinopterygii: 1.2.1) Batrachoidiformes: 1.2.1.1)
Batrachoididae: 1.2.1.1.1) nome científico: Potamobatrachus
trispinosus (nome popular: mangangá); autor: Collette; data: 1995;
categoria: em perigo; UF: PA; 1.2.2) Characiformes: 1.2.2.1)
Anostomidae: 1.2.2.1.1) nome científico: Leporinus thayeri (nome
popular: Piau); autor: Borodin; data: 1929; categoria: vulnerável; UF:
MG; 1.2.2.2) nome científico: Sartor tucuruiense (nome popular:
nenhum); autor: Santos & Jégu; data: 1987; categoria: criticamente
em perigo; UF: PA; 1.2.2.2) Characidae: 1.2.2.2.1) nome científico:
Astyanax gymnogenys (nome popular: lambari); autor: Eigenmann;
data: 1911; categoria: vulnerável; UF: PR; 1.2.2.2.2) nome científico:
Brycon devillei (nome popular: piabanha); autor: Castelnau; data:
1855; categoria: em perigo; UF: ES, MG; 1.2.2.2.3) nome científico:
Brycon insignis (nome popular: piabanha); autor: Steindachner; data:
1877; categoria: criticamente em perigo; UF: MG, RJ, SP; 1.2.2.2.4)
nome científico: Brycon nattereri (nome popular: pirapitinga); autor:
Gunther; data: 1864; categoria: vulnerável; UF: GO, MG, PR, SP;
1.2.2.2.5) nome científico: Brycon opalinus (nome popular:
pirapitinga, pirapitinga-do-sul); autor: Cuvier; data: 1819; categoria:
vulnerável; UF: MG, RJ, SP; 1.2.2.2.6) nome científico: Brycon
orbignyanus (nome popular: piracanjuba, piracanjuva, bracanjuva);
autor: Valenciennes; data: 1850; categoria: em perigo; UF: MG, MS,
PR, RS, SC, SP; 1.2.2.2.7) nome científico: Brycon vermelha (nome
popular: vermelha); autor: Lima & Castro; data: 2000; categoria:
vulnerável; UF: BA, ES, MG; 1.2.2.2.8) nome científico:
Bryconamericus lambari (nome popular: lambari); autor: Malabarba
& Kindel; data: 1995; categoria: vulnerável; UF: RS; 1.2.2.2.9) nome
científico: Coptobrycon bilineatus (nome popular: nenhum); autor:
Ellis; data: 1911; categoria: em perigo; UF: SP; 1.2.2.2.10) nome
científico: Glandulocauda melanogenys (nome popular: nenhum);
autor: Eigenmann; data: 1911; categoria: em perigo; UF: SP;
1.2.2.2.11) nome científico: Glandulocauda melanopleura (nome
popular: nenhum); autor: Eigenmann; data: 1911; categoria: em
perigo; UF: PR; 1.2.2.2.12) nome científico: Hasemania maxillaris
(nome popular: lambari); autor: Ellis; data: 1911; categoria:
criticamente em perigo; UF: PR; 1.2.2.2.13) nome científico:
Hasemania melanura (nome popular: lambari); autor: Ellis; data:
1911; categoria: criticamente em perigo; UF: PR; 1.2.2.2.14) nome
científico: Henochilus wheatlandii (nome popular: andirá, anjirá);
autor: Garman; data: 1890; categoria: criticamente em perigo; UF:
MG; 1.2.2.2.15) nome científico: Hyphessobrycon duragenys (nome
popular: nenhum); autor: Ellis; data: 1911; categoria: criticamente
em perigo; UF: SP; 1.2.2.2.16) nome científico: Hyphessobrycon
flammeus (nome popular: engraçadinho); autor: Myers; data: 1924;
categoria: em perigo; UF: RJ; 1.2.2.2.17) nome científico:
Hyphessobrycon taurocephalus (nome popular: lambari); autor: Ellis;
data: 1911; categoria: criticamente em perigo; UF: PR; 1.2.2.2.18)
nome científico: Lignobrycon myersi (nome popular: piaba-faca);
autor: Miranda Ribeiro; data: 1911; categoria: vulnerável; UF: BA;
1.2.2.2.19) nome científico: Mimagoniates lateralis (nome popular:
nenhum); autor: Nichols; data: 1913; categoria: vulnerável; UF: PR,
SC, SP; 1.2.2.2.20) nome científico: Mimagoniates rheocharis (nome
popular: nenhum); autor: Menezes & Weitzman; data: 1990;
categoria: vulnerável; UF: RS, SC; 1.2.2.2.21) nome científico:
Mimagoniates sylvicola (nome popular: nenhum); autor: Menezes &
Weitzman; data: 1990; categoria: vulnerável; UF: BA; 1.2.2.2.22)
nome científico: Mylesinus paucisquamatus (nome popular: pacu);
autor: Jégu & Santos; data: 1988; categoria: vulnerável; UF: PA, TO;
1.2.2.2.23) nome científico: Myleus tiete (nome popular: pacu-prata);
autor: Eigenmann & Norris; data: 1900; categoria: vulnerável; UF:
MG, MS, SP; 1.2.2.2.24) nome científico: Nematocharax venustus
(nome popular: nenhum); autor: Weitzman, Menezes & Britski; data:
1986; categoria: vulnerável; UF: BA, MG; 1.2.2.2.25) nome
científico: Ossubtus xinguense (nome popular: pacu); autor: Jegú;
data: 1992; categoria: vulnerável; UF: PA; 1.2.2.2.26) nome
científico: Rachoviscus crassiceps (nome popular: nenhum); autor:
Myers; data: 1926; categoria: em perigo; UF: PR, SC; 1.2.2.2.27)
nome científico: Rachoviscus graciliceps (nome popular: nenhum);
autor: Weitzman & Cruz; data: 1980; categoria: em perigo; UF: BA,
ES; 1.2.2.2.28) nome científico: Spintherobolus ankoseion (nome
popular: nenhum); autor: Weitzman & Malabarba; data: 1999;
categoria: vulnerável; UF: PR, SC; 1.2.2.2.29) nome científico:
Spintherobolus broccae (nome popular: nenhum); autor: Myers;
data: 1925; categoria: vulnerável; UF: RJ, SP; 1.2.2.2.30) nome
científico: Spintherobolus leptoura (nome popular: nenhum); autor:
Weitzman & Malabarba; data: 1999; categoria: vulnerável; UF: SP;
1.2.2.2.31) nome científico: Spintherobolus papilliferus (nome
popular: nenhum); autor: Eigemann; data: 1911; categoria: em
perigo; UF: SP; 1.2.2.2.32) nome científico: Stygichthys typhlops
(nome popular: nenhum); autor: Brittan & Böhlke; data: 1965;
categoria: vulnerável; UF: MG; 1.2.2.3) Crenuchidae: 1.2.2.3.1)
nome científico: Characidium grajahuensis (nome popular:
canivetinho, mocinha); autor: Travassos; data: 1944; categoria:
criticamente em perigo; UF: RJ; 1.2.2.3.2) nome científico:
Characidium lagosantensis (nome popular: canivete); autor:
Travassos; data: 1947; categoria: vulnerável; UF: MG; 1.2.2.3.3)
nome científico: Characidium vestigipinne (nome popular: nenhum);
autor: Buckup & Hahn; data: 2000; categoria: criticamente em
perigo; UF: RS; 1.2.3) Cyprinodontiformes: 1.2.3.1) Poeciliidae:
1.2.3.1.1) nome científico: Phalloptychus eigenmanni (nome popular:
barrigudinho); autor: Henn; data: 1916; categoria: criticamente em
perigo; UF: BA; 1.2.3.1.2) nome científico: Phallotorynus fasciolatus
(nome popular: guarú); autor: Henndata: 1916; categoria: em perigo;
UF: SP; 1.2.3.1.3) nome científico: Phallotorynus jucundus (nome
popular: guarú); autor: Ihering; data: 1930; categoria: vulnerável; UF:
SP; 1.2.3.2) Rivulidae: 1.2.3.2.1) nome científico: Austrolebias adloffi
(nome popular: nenhum); autor: Ahl; data: 1922; categoria:
criticamente em perigo; UF: RS; 1.2.3.2.2) nome científico:
Austrolebias affinis (nome popular: peixe anual); autor: Amato; data:
1986; categoria: vulnerável; UF: RS; 1.2.3.2.3) nome científico:
Austrolebias alexandri (nome popular: peixe anual); autor: Castello &
Lopez; data: 1974; categoria: vulnerável; 1.2.3.2.4) nome científico:
Austrolebias carvalhoi (nome popular: nenhum); autor: Myers; data:
1947; categoria: criticamente em perigo; UF: PR; 1.2.3.2.5) nome
científico: Austrolebias charrua (nome popular: peixe anual); autor:
Costa & Cheffe; data: 2001; categoria: em perigo; UF: RS; 1.2.3.2.6)
nome científico: Austrolebias cyaneus (nome popular: peixe anual);
autor: Amato; data: 1987; categoria: em perigo; UF: RS; 1.2.3.2.7)
nome científico: Austrolebias ibicuiensis (nome popular: nenhum);
autor: Costa; data: 1999; categoria: criticamente em perigo; UF: RS;
1.2.3.2.8) nome científico: Austrolebias luteoflammulatus (nome
popular: peixe anual); autor: Vaz-Ferreira, Sierra & Scaglia; data:
1974; categoria: vulnerável; UF: RS; 1.2.3.2.9) nome científico:
Austrolebias minuano (nome popular: peixe anual); autor: Costa &
Cheffe; data: 2001; categoria: em perigo; UF: RS; 1.2.3.2.10) nome
científico: Austrolebias nigrofasciatus (nome popular: peixe anual);
autor: Costa & Cheffe; data: 2001; categoria: em perigo; UF: RS;
1.2.3.2.11) nome científico: Austrolebias periodicus (nome popular:
peixe anual); autor: Costa; data: 1999; categoria: vulnerável; UF:
RS; 1.2.3.2.12) nome científico: Campellolebias brucei (nome
popular: nenhum); autor: Vaz-Ferreira & Sierra; data: 1974;
categoria: criticamente em perigo; UF: SC; 1.2.3.2.13) nome
científico: Campellolebias chrysolineatus (nome popular: nenhum);
autor: Costa, Lacerda & Brasil; data: 1989; categoria: vulnerável;
UF: SC; 1.2.3.2.14) nome científico: Campellolebias dorsimaculatus
(nome popular: nenhum); autor: Costa, Lacerda & Brasil; data: 1989;
categoria: vulnerável; UF: SP; 1.2.3.2.15) nome científico:
Cynolebias griseus (nome popular: nenhum); autor: Costa, Lacerda
& Brasil; data: 1990; categoria: em perigo; UF: GO; 1.2.3.2.16) nome
científico: Leptolebias citrinipinnis (nome popular: nenhum); autor:
Costa, Lacerda & Tanizaki; data: 1988; categoria: em perigo; UF: RJ;
1.2.3.2.17) nome científico: Leptolebias cruzi (nome popular:
nenhum); autor: Costa; data: 1988; categoria: criticamente em
perigo; UF: RJ; 1.2.3.2.18) nome científico: Leptolebias
fractifasciatus (nome popular: nenhum); autor: Costa; data: 1988;
categoria: criticamente em perigo; UF: RJ; 1.2.3.2.19) nome
científico: Leptolebias leitaoi (nome popular: nenhum); autor: Cruz &
Peixoto; data: 1991; categoria: criticamente em perigo; UF: BA;
1.2.3.2.20) nome científico: Leptolebias marmoratus (nome popular:
nenhum); autor: Ladiges; data: 1934; categoria: criticamente em
perigo; UF: RJ; 1.2.3.2.21) nome científico: Leptolebias minimus
(nome popular: nenhum); autor: Myers; data: 1942; categoria:
vulnerável; UF: RJ; 1.2.3.2.22) nome científico: Leptolebias
opalescens (nome popular: nenhum); autor: Myers; data: 1941;
categoria: criticamente em perigo; UF: RJ; 1.2.3.2.23) nome
científico: Leptolebias splendens (nome popular: nenhum); autor:
Myers; data: 1942; categoria: criticamente em perigo; UF: RJ;
1.2.3.2.24) nome científico: Maratecoara formosa (nome popular:
nenhum); autor: Costa & Brasil; data: 1995; categoria: vulnerável;
UF: TO; 1.2.3.2.25) nome científico: Megalebias wolterstorffi (nome
popular: nenhum); autor: Ahl; data: 1924; categoria: criticamente em
perigo; UF: RS; 1.2.3.2.26) nome científico: Nematolebias whitei
(nome popular: nenhum); autor: Myers; data: 1942; categoria:
criticamente em perigo; UF: RJ; 1.2.3.2.27) nome científico:
Plesiolebias xavantei (nome popular: nenhum); autor: Costa,
Lacerda & Tanizaki; data: 1988; categoria: em perigo; UF: TO;
1.2.3.2.28) nome científico: Simpsonichthys alternatus (nome
popular: nenhum); autor: Costa & Brasil; data: 1994; categoria:
vulnerável; UF: MG; 1.2.3.2.29) nome científico: Simpsonichthys
auratus (nome popular: nenhum); autor: Costa & Nielsen; data:
2000; categoria: em perigo; UF: MG; 1.2.3.2.30) nome científico:
Simpsonichthys boitonei (nome popular: nenhum); autor: Carvalho;
data: 1959; categoria: vulnerável; UF: DF; 1.2.3.2.31) nome
científico: Simpsonichthys bokermanni (nome popular: nenhum);
autor: Carvalho & Cruz; data: 1987; categoria: vulnerável; UF: BA;
1.2.3.2.32) nome científico: Simpsonichthys constanciae (nome
popular: nenhum); autor: Myers; data: 1942; categoria: criticamente
em perigo; UF: RJ; 1.2.3.2.33) nome científico: Simpsonichthys
flammeus (nome popular: nenhum); autor: Costa; data: 1989;
categoria: em perigo; UF: GO, TO; 1.2.3.2.34) nome científico:
Simpsonichthys fulminantis (nome popular: nenhum); autor: Costa &
Brasil; data: 1993; categoria: vulnerável; UF: BA; 1.2.3.2.35) nome
científico: Simpsonichthys ghisolfi (nome popular: nenhum); autor:
Costa, Cyrino & Nielsen; data: 1996; categoria: vulnerável; UF: BA;
1.2.3.2.36) nome científico: Simpsonichthys hellneri (nome popular:
nenhum); autor: Berkenkamp; data: 1993; categoria: vulnerável; UF:
MG; 1.2.3.2.37) nome científico: Simpsonichthys izecksohni (nome
popular: nenhum); autor: Cruz; data: 1983; categoria: vulnerável;
UF: ES; 1.2.3.2.38) nome científico: Simpsonichthys magnificus
(nome popular: nenhum); autor: Costa & Brasil; data: 1991;
categoria: vulnerável; UF: MG; 1.2.3.2.39) nome científico:
Simpsonichthys marginatus (nome popular: nenhum); autor: Costa &
Brasil; data: 1996; categoria: em perigo; UF: GO; 1.2.3.2.40) nome
científico: Simpsonichthys multiradiatus (nome popular: nenhum);
autor: Costa & Brasil; data: 1994; categoria: em perigo; UF: TO;
1.2.3.2.41) nome científico: Simpsonichthys myersi (nome popular:
nenhum); autor: Carvalho; data: 1971; categoria: em perigo; UF: BA,
ES; 1.2.3.2.42) nome científico: Simpsonichthys notatus (nome
popular: nenhum); autor: Costa, Lacerda & Brasil; data: 1990;
categoria: em perigo; UF: GO; 1.2.3.2.43) nome científico:
Simpsonichthys parallelus (nome popular: nenhum); autor: Costa;
data: 2000; categoria: em perigo; UF: GO; 1.2.3.2.44) nome
científico: Simpsonichthys perpendicularis (nome popular: nenhum);
autor: Costa, Nielsen e de Luca; data: 2001; categoria: vulnerável;
UF: BA; 1.2.3.2.45) nome científico: Simpsonichthys rosaceus
(nome popular: nenhum); autor: Costa, Nielsen & de Luca; data:
2001; categoria: vulnerável; UF: BA; 1.2.3.246) nome científico:
Simpsonichthys rufus (nome popular: nenhum); autor: Costa,
Nielsen & De Luca; data: 2000; categoria: vulnerável; UF: MG;
1.2.3.2.47) nome científico: Simpsonichthys santanae (nome
popular: nenhum); autor: Shibatta & Garavello; data: 1992;
categoria: em perigo; UF: DF, GO; 1.2.3.2.48) nome científico:
Simpsonichthys similis (nome popular: nenhum); autor: Costa &
Hellner; data: 1999; categoria: vulnerável; UF: MG; 1.2.3.2.49) nome
científico: Simpsonichthys stellatus (nome popular: nenhum); autor:
Costa & Brasil; data: 1994; categoria: vulnerável; UF: MG;
1.2.3.2.50) nome científico: Simpsonichthys trilineatus (nome
popular: nenhum); autor: Costa & Brasil; data: 1994; categoria:
vulnerável; UF: MG; 1.2.3.2.51) nome científico: Simpsonichthys
zonatus (nome popular: nenhum); autor: Costa & Brasil; data: 1990;
categoria: em perigo; UF: MG; 1.2.3.2.52) nome científico:
Spectrolebias semiocellatus (nome popular: nenhum); autor: Costa
& Nielsen; data: 1997; categoria: vulnerável; UF: TO; 1.2.4)
Gymnotiformes: 1.2.4.1) Apteronotidae: 1.2.4.1.1) nome científico:
Sternarchorhynchus britskii (nome popular: ituí); autor: Campos-da-
Paz; data: 2000; categoria: vulnerável; UF: MG, MS, PR, SP;
1.2.4.2) Sternopygidae: 1.2.4.2.1) nome científico: Eigenmannia
vicentespelaea (nome popular: ituí); autor: Triques; data: 1996;
categoria: vulnerável; UF: GO; 1.2.4.3) Chaetodontidae: 1.2.4.3.1)
nome científico: Prognathodes obliquus (nome popular: peixe
borboleta); autor: Lubbock & Edwards; data: 1980; categoria:
vulnerável; UF: PE; 1.2.4.4) Cichlidae: 1.2.4.4.1) nome científico:
Crenicichla cyclostoma (nome popular: jacundá); autor: Ploeg; data:
1986; categoria: criticamente em perigo; UF: PA; 1.2.4.4.2) nome
científico: Crenicichla jegui (nome popular: jacundá); autor: Ploeg;
data: 1986; categoria: criticamente em perigo; UF: PA; 1.2.4.4.3)
nome científico: Crenicichla jupiaiensis (nome popular: joanhinha);
autor: Britski & Luengo; data: 1968; categoria: em perigo; UF: MG,
MS, SP; 1.2.4.4.4) nome científico: Gymnogeophagus setequedas
(nome popular: acará); autor: Reis, Malabarba & Pavanelli; data:
1992; categoria: vulnerável; UF: PR; 1.2.4.4.5) nome científico:
Teleocichla cinderella (nome popular: nenhum); autor: Kullander;
data: 1988; categoria: criticamente em perigo; UF: PA; 1.2.4.5)
Gobiidae: 1.2.4.5.1) nome científico: Elacatinus figaro (nome
popular: neon); autor: Sazima, Moura & Rosa; data: 1997; categoria:
vulnerável; UF: BA, ES, PB, PE, RJ, RN, SC, SP; 1.2.4.6)
Grammatidae: 1.2.4.6.1) nome científico: Gramma brasiliensis
(nome popular: grama); autor: Sazima, Moura & Rosa; data: 1998;
categoria: vulnerável; UF: BA, ES, PB, PE, RJ, RN, SP; 1.2.4.7)
Labridae: 1.2.4.7.1) nome científico: Bodianus insularis (nome
popular: nenhum); autor: Gomon & Lubbock; data: 1980; categoria:
vulnerável; UF: PE; 1.2.4.8) Lutjanidae: 1.2.4.8.1) nome científico:
Lutjanus analis (nome popular: caranha, cioba, vermelho, vermelho-
cioba); autor: Cuvier in Cuvier & Valenciennes; data: 1828;
categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, PR, RJ, RN, SC,
SP; 1.2.4.9) Pomacentridae: 1.2.4.9.1) nome científico: Stegastes
sanctipauli (nome popular: donzelinha); autor: Lubbock & Edwards;
data: 1981; categoria: vulnerável; UF: PE; 1.2.4.10) Scaridae:
1.2.4.10.1) nome científico: Scarus guacamaia (nome popular:
nenhum); autor: Cuvier; data: 1829; categoria: vulnerável; UF: BA;
1.2.4.11) Serranidae: 1.2.4.11.1) nome científico: Anthias
salmopunctatus (nome popular: nenhum); autor: Lubbock &
Edwards; data: 1981; categoria: vulnerável; UF: PE; 1.2.4.11.2)
nome científico: Mycteroperca tigris (nome popular: nenhum); autor:
Valenciennes; data: 1833; categoria: vulnerável; UF: BA, PE, RJ,
SP; 1.2.5) Siluriformes: 1.2.5.1) Auchenipteridae: 1.2.5.1.1) nome
científico: Tatia boemia (nome popular: nenhum); autor: Koch &
Reis; data: 1996; categoria: vulnerável; UF: RS; 1.2.5.2)
Callichthyidae: 1.2.5.2.1) nome científico: Corydoras macropterus
(nome popular: nenhum); autor: Regan; data: 1913; categoria:
vulnerável; UF: PR, SC, SP; 1.2.5.2.2) nome científico:
Lepthoplosternum tordilho (nome popular: nenhum); autor: Reis;
data: 1997; categoria: em perigo; UF: RS; 1.2.5.3) Doradidae:
1.2.5.3.1) nome científico: Kalyptodoras bahiensis (nome popular:
peracuca); autor: Higuchi, Britski & Garavello; data: 1990; categoria:
em perigo; UF: BA; 1.2.5.4) Heptapteridae: 1.2.5.4.1) nome
científico: Chasmocranus brachynema (nome popular: bagrinho);
autor: Gomes & Schubart; data: 1958; categoria: vulnerável; UF: SP;
1.2.5.4.2) nome científico: Heptaterus multiradiatus (nome popular:
nenhum); autor: Ihering; data: 1907; categoria: em perigo; UF: SP;
1.2.5.4.3) nome científico: Pimelodella kronei (nome popular: bagre-
cego); autor: Ribeiro; data: 1907; categoria: vulnerável; UF: SP;
1.2.5.4.4) nome científico: Rhamdia jequitinhonha (nome popular:
bagre, jundiá); autor: Silfvergrip; data: 1996; categoria: vulnerável;
UF: MG; 1.2.5.4.5) nome científico: Rhamdiopsis microcephala
(nome popular: bagrinho); autor: Lutken; data: 1874; categoria:
vulnerável; UF: MG; 1.2.5.4.6) nome científico: Taunaya bifasciata
(nome popular: bagrinho); autor: Eigenmann & Norris; data: 1900;
categoria: vulnerável; UF: SP; 1.2.5.5) Loricariidae: 1.2.5.5.1) nome
científico: Ancistrus formoso (nome popular: cascudo); autor: Sabino
& Trajano; data: 1997; categoria: vulnerável; UF: MS; 1.2.5.5.2)
nome científico: Delturus parahybae (nome popular: cascudo laje);
autor: Eigenmann & Eigenmann; data: 1889; categoria: criticamente
em perigo; UF: MG, RJ; 1.2.5.5.3) nome científico: Harttia
rhombocephala (nome popular: cascudo); autor: Miranda Ribeiro;
data: 1939; categoria: criticamente em perigo; UF: RJ; 1.2.5.5.4)
nome científico: Hemiancistrus chlorostictus (nome popular:
cascudo); autor: Cardoso & Malabarba; data: 1999; categoria:
vulnerável; UF: RS; 1.2.5.5.5) nome científico: Hemipsilichthys
garbei (nome popular: cascudo); autor: Ihering; data: 1911;
categoria: em perigo; UF: RJ; 1.2.5.5.6) nome científico:
Hemipsilichthys mutuca (nome popular: cascudo); autor: Oliveira &
Oyakawa; data: 1999; categoria: vulnerável; UF: MG; 1.2.5.5.7)
nome científico: Hypancistrus zebra (nome popular: cascudo-zebra);
autor: Isbrucker & Nijssen; data: 1991; categoria: vulnerável; UF: PA;
1.2.5.5.8) nome científico: Pogonopoma parahybae (nome popular:
cascudo); autor: Steindachner; data: 1877; categoria: criticamente
em perigo; UF: MG, RJ; 1.2.5.5.9) nome científico: Pseudotocinclus
tietensis (nome popular: cascudinho); autor: Ihering; data: 1907;
categoria: vulnerável; UF: SP; 1.2.5.6) Pimelocidae: 1.2.5.6.1) nome
científico: Aguarunichthys tocantinsensis (nome popular: nenhum);
autor: Zuanon, Rapp Py-Daniel & Jégu; data: 1993; categoria:
vulnerável; UF: GO, PA, TO; 1.2.5.6.2) nome científico:
Conorhynchos conirostris (nome popular: pirá, pirá-tamanduá);
autor: Valenciennes in Cuvier & Valenciennes; data: 1840; categoria:
vulnerável; UF: BA, MG; 1.2.5.6.3) nome científico:
Steindachneridion amblyura (nome popular: surubim); autor:
Eigenmann & Eigenmann; data: 1888; categoria: criticamente em
perigo; UF: MG; 1.2.5.6.4) nome científico: Steindachneridion
doceana (nome popular: surubim-do-doce); autor: Eigenmann &
Eigenmann; data: 1889; categoria: criticamente em perigo; UF: ES,
MG; 1.2.5.6.5) nome científico: Steindachneridion parahybae (nome
popular: surubim-do-paraíba); autor: Steindachner; data: 1876;
categoria: criticamente em perigo; UF: MG, RJ; 1.2.5.6.6) nome
científico: Steindachneridion scripta (nome popular: surubim); autor:
Ribeiro; data: 1918; categoria: em perigo; UF: MG, RS, SC, SP;
1.2.5.7) Trichomycteridae: 1.2.5.7.1) nome científico: Homodiaetus
graciosa (nome popular: cambeba); autor: Koch; data: 2002;
categoria: vulnerável; UF: SP; 1.2.5.7.2) nome científico:
Homodietus passarelii (nome popular: nenhum); autor: P. Miranda
Ribeiro; data: 1944; categoria: em perigo; UF: RJ; 1.2.5.7.3) nome
científico: Listrura camposi (nome popular: candiru, bagre-mole);
autor: Miranda Ribeiro; data: 1957; categoria: criticamente em
perigo; UF: SC, SP; 1.2.5.7.4) nome científico: Listrura nematopteryx
(nome popular: nenhum); autor: De Pinna; data: 1988; categoria:
vulnerável; RJ, SP; 1.2.5.7.5) nome científico: Listrura tetraradiata
(nome popular: nenhum); autor: Landim & Costa; data: 2002;
categoria: vulnerável; UF: RJ; 1.2.5.7.6) nome científico:
Microcambeva barbata (nome popular: cambeva); autor: Costa &
Bockmann; data: 1994; categoria: vulnerável; UF: RJ; 1.2.5.7.7)
nome científico: Trichogenes longipinnis (nome popular: nenhum);
autor: Britski & Ortega; data: 1983; categoria: vulnerável; UF: RJ,
SP; 1.2.5.7.8) nome científico: Trichomycterus castroi (nome
popular: cambeva); autor: Pinna; data: 1992; categoria: vulnerável;
UF: MG; 1.2.5.7.9) nome científico: Trichomycterus itacarambiensis
(nome popular: cambeva); autor: Trajanoi & Pinna; data: 1996;
categoria: vulnerável; UF: MG; 1.2.5.7.10) nome científico:
Trichomycterus paolence (nome popular: cambeva); autor:
Eigenmann; data: 1917; categoria: em perigo; UF: SP; 2)
INVERTEBRADOS AQUÁTICOS: ; 2.1) Anthozoa: ; 2.1.1) Actinaria:
; 2.1.1.1) Actinidae: 2.1.1.1.1) nome científico: Condylactis gigantea
(nome popular: anêmona-do-mar); autor: Weiland; data: 1860;
categoria: vulnerável; UF: RJ, SP; 2.1.1.2) Gorgoniidae: 2.1.1.2.1)
nome científico: Phillogorgia dilatata (nome popular: orelha-de-
elefante); autor: Esper; data: 1806; categoria: vulnerável; UF PE, RJ,
SP; 2.1.2) Ceriantharia: 2.1.2.1) Ceriantharidae: 2.1.2.1.1) nome
científico: Cerianthomorphe brasiliensis (nome popular: nenhum);
autor: Carlgreen; data: 1931; categoria: em perigo; UF: AL, BA, CE,
ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP; 2.1.2.1.2) nome científico: Cerianthus
brasiliensis (nome popular: nenhum); autor: Melo-Leitão; data: 1919;
categoria: em perigo; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP;
2.2) Asteroidea: 2.2.1) Forcipulatida: 2.2.1.1) Asteriidae: 2.2.1.1.1)
nome científico: Coscinasterias tenuispina (nome popular: estrela-
do-mar); autor: Lamarck; data: 1816; categoria: vulnerável; UF: AL,
BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE; 2.2.2) Paxillosida: 2.2.2.1)
Astropectinidae: 2.2.2.1.1) nome científico: Astropecten brasiliensis
(nome popular: estrela-do-mar); autor: Muller & Troschel; data: 1842;
categoria: vulnerável; UF: PR, RJ, RS, SC, SP; 2.2.2.1.2) nome
científico: Astropecten cingulatus (nome popular: estrela-do-mar);
autor: Sladen; data: 1889; categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE,
ES, PB, PE, RJ, RN, SE; 2.2.2.1.3) nome científico: Astropecten
marginatus (nome popular: estrela-do-mar); autor: Gray; data: 1840;
categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP;
2.2.2.2) Luidiidae: 2.2.2.2.1) nome científico: Luidia clathrata (nome
popular: estrela-do-mar); autor: Say; data: 1825; categoria:
vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE; 2.2.2.2.2)
nome científico: Luidia ludwigi scotti (nome popular: estrela-do-mar);
autor: Bell; data: 1917; categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES,
PB, PE, RJ, RN, SE; 2.2.2.2.3) nome científico: Luidia senegalensis
(nome popular: estrela-do-mar); autor: Lamarck; data: 1816;
categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE;
2.2.3) Spinulosida: 2.2.3.1) Echinasteridae: 2.2.3.1.1) nome
científico: Echinaster (Othilia) brasiliensis (nome popular: estrela-do-
mar); autor: Muller & Troschel; data: 1842; categoria: vulnerável; UF:
PR, RJ, SC, SP; 2.2.3.1.2) nome científico: Echinaster (Othilia)
echinophorus (nome popular: estrela-do-mar); autor: Lamarck; data:
1816; categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN,
SE; 2.2.3.1.3) nome científico: Echinaster (Othilia) guyanensis
(nome popular: estrela-do-mar); autor: Clark; data: 1987; categoria:
vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RN, SE; 2.2.4) Valvatida: ;
2.2.4.1) Asterinidae: 2.2.4.1.1) nome científico: Asterina stellifera
(nome popular: estrela-do-mar); autor: Möbius; data: 1859;
categoria: vulnerável; UF: PR, RJ, RS, SC, SP; 2.2.4.1.2) nome
científico: Linckia guildingi (nome popular: estrela-do-mar); autor:
Gray; data: 1840; categoria: vulnerável; UF: RJ; 2.2.4.3) nome
científico: Narcissia trigonaria (nome popular: estrela-do-mar); autor:
Sladen; data: 1889; categoria: BA, RJ ; 2.2.4.4) nome científico:
Oreaster reticulatus (nome popular: estrela-do-mar); autor:
Linnaeus; data: 1758; categoria: em perigo; UF: AL, BA, CE, ES,
PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SE, SC, SP; 2.3) Bivalvia: ; 2.3.1)
Unionoida: 2.3.1.1) Hyriidae: 2.3.1.1.1) nome científico: Castalia
undosa (nome popular: concha-borboleta); autor: Martens; data:
1827; categoria: em perigo; UF: MG, SP; 2.3.1.1.2) nome científico:
Diplodon caipira (nome popular: marisco-de-água-doce); autor:
Ihering; data: 1893; categoria: em perigo; UF: SP; 2.3.1.1.3) nome
científico: Diplodon dunkerianus (nome popular: marisco-de-água-
doce); autor: Lea; data: 1856; categoria: em perigo; UF: RJ;
2.3.1.1.4) nome científico: Diplodon expansus (nome popular:
nenhum); autor: Kuster; data: 1856; categoria: vulnerável; UF: PR,
RJ, RS, SC, SP; 2.3.1.1.5) nome científico: Diplodon fontainianus
(nome popular: nenhum); autor: Orbigny; data: 1835; categoria: em
perigo; UF: ES, RJ, SP, PR; 2.3.1.1.6) nome científico: Diplodon
greeffeanus (nome popular: marisco-de-água-doce); autor: Ihering;
data: 1893; categoria: em perigo; UF: SP; 2.3.1.1.7) nome científico:
Diplodon iheringi (nome popular: marisco-barrigudinho); autor:
Simpson; data: 1900; categoria: em perigo; UF: RS; 2.3.1.1.8) nome
científico: Diplodon koseritzi (nome popular: marisco-do-junco);
autor: Clessin; data: 1888; categoria: criticamente em perigo; UF:
RS; 2.3.1.1.9) nome científico: Diplodon martensi (nome popular:
marisco-de-água-doce); autor: Ihering; data: 1893; categoria:
vulnerável; UF: PR, RS, SC, SP; 2.3.1.1.10) nome científico:
Diplodon pfeifferi (nome popular: marisco-de-água-doce); autor:
Dunker; data: 1848; categoria: em perigo; UF: RJ; 2.3.1.1.11) nome
científico: Diplodon rotundus (nome popular: concha disco); autor:
Wagner; data: 1827; categoria: em perigo; UF: BA, MG, SP; 2.3.1.2)
Mycetopodidae: 2.3.1.2.1) nome científico: Anodontites elongatus
(nome popular: marisco-pantaneiro); autor: Swainson; data: 1823;
categoria: vulnerável; UF: AC, AM, MS, MT, PA, RJ; 2.3.1.2.2) nome
científico: Anodontites ensiformis (nome popular: estilete); autor:
Spix; data: 1827; categoria: vulnerável; UF: AC, AM, MS, MT, PA,
RO, RS; 2.3.1.2.3) nome científico: Anodontites ferrarisi (nome
popular: redondo-rajado); autor: Grbigny; data: 1835; categoria: em
perigo; UF: RS; 2.3.1.2.4) nome científico: Anodontites iheringi
(nome popular: alongado-rajado); autor: Clessin; data: 1882;
categoria: em perigo; UF: RS; 2.3.1.2.5) nome científico:
Anodontites soleniformes (nome popular: marisco-de-água-doce);
autor: Orbigny; data: 1835; categoria: vulnerável; UF: AM, BA, GO,
MG, PA, SP; 2.3.1.2.6) nome científico: Anodontites tenebricosus
(nome popular: marisco-rim); autor: Lea; data: 1834; categoria:
vulnerável; UF: PR, RS, SC, SP; 2.3.1.2.7) nome científico:
Anodontites trapesialis (nome popular: prato, saboneteira); autor:
Lamarck; data: 1819; categoria: vulnerável; UF: AC, AL, AM, BA,
CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RR, RS, SE,
SC, SP; 2.3.1.2.8) nome científico: Anodontites trapezeus (nome
popular: marisco-de-água-doce); autor: Spix; data: 1827; categoria:
em perigo; UF: MG, SP; 2.3.1.2.9) nome científico: Bartlettia
stefanensis (nome popular: ostra-de-rio); autor: Maicand; data: 1856;
categoria: vulnerável; UF: MS, MT; 2.3.1.2.10) nome científico:
Fossula fossiculifera (nome popular: fóssula); autor: Orbigny; data:
1835; categoria: em perigo; UF: BA, MS, MT, PR, RS, SP;
2.3.1.2.11) nome científico: Leila blainvilliana (nome popular: leila);
autor: Lea; data: 1834; categoria: em perigo; UF: RS; 2.3.1.2.12)
nome científico: Leila esula (nome popular: leila); autor: Orbigny;
data: 1835; categoria: vulnerável; UF: AM, GO, MT, PA, TO;
2.3.1.2.13) nome científico: Monocondylaea paraguayana (nome
popular: cofrinho); autor: Orbigny; data: 1835; categoria: vulnerável;
UF: MS, MT, PR, RS, SP; 2.3.1.2.14) nome científico: Mycetopoda
legumen (nome popular: faquinha-arredondada); autor: Martens;
data: 1888; categoria: vulnerável; UF: RS; 2.3.1.2.15) nome
científico: Mycetopoda siliquosa (nome popular: faquinha-truncada);
autor: Spix; data: 1827; categoria: vulnerável; UF: AC, AL, AM, AP,
BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN,
RO; 2.4) Crustacea: 2.4.1) Demospongiae: 2.4.1.1) Hadromerida:
2.4.1.1.1) Potamolepidae: 2.4.1.1.1.1) nome científico: Oncosclera
jewelli (nome popular: feltro-d’água); autor: Volkmer; data: 1963;
categoria: em perigo; UF: RS; 2.4.1.1.1.2) nome científico:
Sterrastrolepis brasiliensis (nome popular: nenhum); autor: Volkmer-
Ribeiro & De Rosa Barbosa; data: 1978; categoria: vulnerável; UF:
GO, PR; 2.4.1.1.1.3) nome científico: Uruguaya corallioides (nome
popular: nenhum); autor: Bowerbank; data: 1863; categoria: em
perigo; UF: SP, PR, SC, RS; 2.4.1.1.2) Spongillidae: 2.4.1.1.2.1)
nome científico: Anheteromeyenia ornata (nome popular: geléia-
d’água); autor: Bonetto & Ezcurra de Drago; data: 1970; categoria:
em perigo; UF: AM, RS; 2.4.1.1.2.2) nome científico:
Corvoheteromeyenia australis (nome popular: nenhum); autor:
Bonetto & Ezcurra de Drago; data: 1966; categoria: criticamente em
perigo; UF: RS; 2.4.1.1.2.3) nome científico: Corvoheteromeyenia
heterosclera Ezcurra de Drago; data: 1974; categoria: vulnerável;
UF: MA, RS; 2.4.1.1.2.4) nome científico: Corvospongilla volkmeri
(nome popular: nenhum); autor: De Rosa-Barbosa; data: 1988;
categoria: criticamente em perigo; UF: PB; 2.4.1.1.2.5) nome
científico: Heteromeyenia insignis (nome popular: nenhum); autor:
Weltner; data: 1895; categoria: em perigo; UF: RS; 2.4.1.1.2.6)
nome científico: Houssayella iguazuensis (nome popular: nenhum);
autor: Bonetto & Ezcurra de Drago; data: 1966; categoria: em
perigo; UF: SC, RS; 2.4.1.1.2.7) nome científico: Racekiela sheilae
(nome popular: nenhum); autor: Volkmer-Ribeiro, De Rosa-Barbosa
& Tavares; data: 1988; categoria: criticamente em perigo; UF: RS;
2.4.1.2) Poecilosclerida: 2.4.1.1.1) Metaniidae: 2.4.1.1.1.1) nome
científico: Metania kiliani (nome popular: nenhum); autor: Volkmer-
Ribeiro & Costa; data: 1992; categoria: em perigo; UF: AM; 2.4.2)
Echinoidea: 2.4.2.1) Cassiduloida: 2.4.2.1.1) Cassidulidae:
Cassidulus mitis (nome popular: ouriço-do-mar-irregular); autor:
Krau; data: 1954; categoria: criticamente em perigo; UF: RJ; 2.4.2.2)
Cidaroida: 2.4.2.2.1) Cidaridae: 2.4.2.2.1.1) nome científico:
Eucidaris tribuloides (nome popular: ouriço-satélite); autor: Lamarck;
data: 1816; categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ,
RN, SE, SP; 2.4.2.3) Echinoida: 2.4.2.3.1) Echinidae: 2.4.2.3.1.1)
nome científico: Paracentrotus gaimardi (nome popular: ouriço-do-
mar); autor: Blainville; data: 1825; categoria: vulnerável; UF: ES, PR,
RJ, SC, SP; 2.4.3) Enteropneusta: 2.4.3.1) Spengelidae: 2.4.3.1.1)
nome científico: Willeya loya (nome popular: nenhum); autor:
Petersen; data: 1965; categoria: em perigo; UF: SP; 2.4.4)
Gastropoda: 2.4.4.1) Mesogastropoda: 2.4.4.1.1) Hydrobiidae:
2.4.4.1.1.1) nome científico: Potamolithus troglobius (nome popular:
nenhum); autor: Simone & Miracchiolli; data: 1994; categoria:
vulnerável; UF: SP; 2.4.4.1.2) Naticidae: 2.4.4.1.2.1) nome científico:
Natica micra (nome popular: búzio); autor: Haas; data: 1953;
categoria: vulnerável; UF: RJ; 2.4.4.1.3) Strombidae: 2.4.4.1.3.1)
nome científico: Strombus goliath (nome popular: búzio-de-chapéu);
autor: Schoter; data: 1805; categoria: vulnerável; UF: BA, CE, ES,
PB, RN; 2.4.4.1.4) Vermetidae: 2.4.4.1.4.1) nome científico:
Petaloconchus myrakeenae (nome popular: nenhum); autor:
Absalão & Rios; data: 1987; categoria: vulnerável; UF: RJ; 2.4.5)
Holothuroidea: 2.4.5.1) Apodida: 2.4.5.1.1) Synaptidae: 2.4.5.1.1.1)
nome científico: Synaptula secreta (nome popular: pepino-do-mar);
autor: Ancona Lopez; data: 1957; categoria: criticamente em perigo;
UF: SP; 2.4.5.2) Aspidochirotida: 2.4.5.2.1) Stichopodidae:
2.4.5.2.1.1) nome científico: Isostichopus badionotus (nome popular:
pepino-do-mar, holotúria); autor: Selenka; data: 1867; categoria:
vulnerável; UF: AL, BA, CE, ES, PB, PE, PR, RJ, RN, SE, SC, SP;
2.4.6) Hydrozoa: 2.4.6.1) Capitata: 2.4.6.1.1) Milleporidae:
2.4.6.1.1.1) nome científico: Millepora alcicornis (nome popular:
coral-de-fogo); autor: Linnaeus; data: 1758; categoria: vulnerável;
UF: RJ, SP; 2.4.7) Malacostraca: 2.4.7.1) Amphipoda: 2.4.7.1.1)
Hyalellidae: Hyalella caeca (nome popular: nenhum); autor: Pereira;
data: 1989; categoria: vulnerável; UF: SP; 2.4.7.2) Decapoda:
2.4.7.2.1) Aeglidae: 2.4.7.2.1.1) nome científico: Aegla cavernicola
(nome popular: nenhum); autor: Turkay; data: 1972; categoria:
vulnerável; UF: SP; 2.4.7.2.1.2) nome científico: Aegla leptochela
(nome popular: nenhum); autor: Bond-Buckup & Buckup; data: 1994;
categoria: vulnerável; UF: SP; 2.4.7.2.1.3) nome científico: Aegla
microphtalma (nome popular: nenhum); autor: Bond-Buckup &
Buckup; data: 1994; categoria: vulnerável; UF: SP; 2.4.7.2.2)
Atyidae: 2.4.7.2.2.1) nome científico: Atya gabonensis (nome
popular: coruca); autor: Giebel; data: 1875; categoria: vulnerável;
UF: AL, PI, SE; 2.4.7.2.2.2) nome científico: Atya scabra (nome
popular: coruca); autor: Leach; data: 1815; categoria: vulnerável;
UF: PE, RJ, SC, AL, BA, ES, SP, CE, PR, SE; 2.4.7.2.3)
Gecarcinidae: 2.4.7.2.3.1) nome científico: Gecarcinus lagostoma
(nome popular: caranguejo-ladrão); autor: Milne-Edwards; data:
1835; categoria: em perigo; UF: Fernando de Noronha, Rocas,
Trindade; 2.4.7.2.4) Grapsidae: 2.4.7.2.3.1) nome científico: Percnon
gibbesi (nome popular: nenhum); autor: Milne-Edwards; data: 1853;
categoria: em perigo; UF: PE; 2.4.7.2.5) Palaemonidae: 2.4.7.2.5.1)
nome científico: Macrobrachium carcinus (nome popular: pitú,
lagosta-de-água-doce, lagosta-de-São-Fidelis); autor: Linnaeus;
data: 1758; categoria: vulnerável; UF: PE, RJ, SC, AL, BA, ES, PA,
PI, RS, SP, CE, SE; 2.4.7.2.6) Porcellanidae: 2.4.7.2.6.1) nome
científico: Minyocerus angustus (nome popular: nenhum); autor:
Dana; data: 1852; categoria: vulnerável; UF: AL, BA, CD, ES, MA,
PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, SE, SP, SC; 2.4.8) Plychaeta: 2.4.8.1)
Amphinomida: 2.4.8.1.1) Amphinomidae: 2.4.8.1.1.1) nome
científico: Eurythoe complanata (nome popular: verme-de-fogo);
autor: Pallas; data: 1766; categoria: em perigo; UF: BA, PR, RJ, SP;
2.4.8.2) Eunicida: 2.4.8.2.1) Eunicidae: 2.4.8.2.1.1) nome científico:
Eunice sebastiani (nome popular: nenhum); autor: Nonato; data:
1965; categoria: vulnerável; UF: SP; 2.4.8.2.2) Onuphidae:
2.4.8.2.2.1) nome científico: Diopatra cuprea (nome popular:
nenhum); autor: Bosc; data: 1802; categoria: vulnerável; UF: PE, RJ,
SC, SP.
A “Lista Nacional das Espécies de Invertebrados Aquáticos e
Peixes Sobreexplotados ou Ameaçados de Sobreexplotação”,
segundo os órgãos governamentais (Anexo II da Instrução
Normativa/MMA nº 5, de 21.05.2004), é a seguinte: 1)
INVERTEBRADOS AQUÁTICOS: 1.2) Malacostraca: 1.2.1)
Decapoda: 1.2.1.1) Gecarcinidae: 1.2.1.1.1) nome científico:
Cardisoma guanhumi (nome popular: guaiamum, goiamú, gaiamú);
autor: Latreille; data: 1825; 1.2.1.2) Ocypodidae: 1.2.1.2.1) nome
científico: Ulcides cordatus (nome popular: ucá, caranguejo-uçá,
caranguejo-verdadeiro, caranguejo-de-mangue, catanhão); autor:
Linnaeus; data: 1763; 1.2.1.3) Pallnurides: 1.2.1.3.1) nome
científico: Panulirus argus (nome popular: lagosta); autor: Lareille;
data: 1804; 1.2.1.3.2) nome científico: Panulirus laevicauda (nome
popular: lagosta); autor: Lareille; data: 1817; 1.2.1.4) Peneeidae:
1.2.1.4.1) nome científico: Farfantepenaeus brasiliensis (nome
popular: camarão-rosa); autor: Lareille; data: 1817; 1.2.1.4.2) nome
científico: Farfantepenaeus paulensis (nome popular: camarão-
rosa); autor: Pérez-Farfante; data: 1967; 1.2.1.4.3) nome científico:
Farfantepenaeus subtilis (nome popular: camarão-rosa); autor:
Pérez-Farfante; data: 1967; 1.2.1.4.4) nome científico: Litopenaeus
schimitti (nome popular: camarão-branco); autor: Burkenroad; data:
1936; 1.2.1.4.5) nome científico: Xiphopenaeus kroyeri (nome
popular: camarão-sete-barbas); autor: Heller; data: 1862; 1.2.1.5)
Portunidae: 1.2.1.5.1) nome científico: Callinectes sapidus (nome
popular: siri, siri-azul); autor: Rathbun; data 1896; 2) PEIXES: 2.1)
Elasmobranchii: 2.1.1) Carcharhinifoirmes: 2.1.1.1) Carcharhinidae:
2.1.1.1.1) nome científico: Prionace glauca (nome popular: tubarão-
azul); autor: Linnaeus; data: 1758; 2.1.1.2.) Sphyrnidae: 2.1.1.2.1)
nome científico: Sphyrna lewini (nome popular: tubarão-martelo);
autor: Griffith & Smith; data: 1834; 2.1.1.2.2) nome científico:
Sphyrna tiburo (nome popular: cação-martelo-da-aba-curta, panã-
da-aba-curta, cação-martelo, cambeva-pata); autor: Linnaeus; data:
1758; 2.1.1.2.3) nome científico: Sphyrna zygaena (nome popular:
tubarão-martelo-liso); autor: Linnaeus; data: 1758; 2.1.2)
Lammiformes: 2.1.2.1) Lamnidae: 2.1.2.1.1) nome científico: Lamma
nasus (nome popular: tubarão-golfinho); autor: Bonnaterre; data:
1788; 2.1.2.2) Odontaspididae: 2.1.2.2.1) nome científico:
Carcharias taurus (nome popular: mangona); autor: Rafinesque;
data: 1810; 2.2) Actinopterygii: 2.2.1) Caraciformes: 2.2.1.1)
Characidae: 2.2.1.1.1) nome científico: Colossoma macropomum
(nome popular: tambaqui); autor: Cuvier; data: 1818; 2.2.1.2)
Prochilodontidae: 2.2.1.2.1) nome científico: Semaprochilodus spp.
(nome popular: jaraqui); autor: Valenciennes; data: 1817; 2.2.2)
Clupeiformes: 2.2.2.1) Clupeidae: 2.2.2.1.1) nome científico:
Sardinella brasiliensis (nome popular: sardinha); autor:
Steindachner; data: 1879; 2.2.3) Gasdiformes: 2.2.3.1) Merlucciidae:
2.2.3.1.1) nome científico: Merluccius hubbsi (nome popular:
merluza); autor: Marini; data: 1933; 2.2.4) Gasterosteiformes:
2.2.4.1) Synginathidae: 2.2.4.1.1) nome científico: Hippocampus
eretus (nome popular: cavalo-marinho); autor: Perry; data: 1810;
2.2.4.1.2) nome científico: Hippocampus reidi (nome popular:
cavalo-marinho); autor: Ginsburg; data: 1933; 2.2.5) Lophiiformes:
2.2.5.1) Lophiidae: 2.2.5.1.1) nome científico: Lophius gatrophysus
(nome popular: peixe-sapo); autor: Miranda-Ribeiro; data: 1915;
2.2.6) Osteoglossiformes: 2.2.6.1) Osteoglossidae: 2.2.6.1.1) nome
científico: Arapaima gigas (nome popular: pirarucu); autor: Cuvier;
data: 1817; 2.2.7) Perciformes: 2.2.7.1) Lutjanidae: 2.2.7.1.1) nome
científico: Lutjanus purpureus (nome popular: pargo, vermelho);
autor: Poey; data: 1867; 2.2.7.1.2) nome científico: Ocyurus
chrysurus (nome popular: cioba, guaiúba); autor: Bloch; data: 1790;
2.2.7.1.3) nome científico: Rhomboplites aurorubens (nome popular:
realito, paramirim); autor: Curvier; data: 1829; 2.2.7.2) Mugilidae:
2.2.7.2.1) nome científico: Mugil liza (nome popular: tainha); autor:
Valenciennes; data: 1836; 2.2.7.2.2) nome científico: Mugil platanus
(nome popular: tainha); autor: Gunther; data: 1880; 2.2.7.3)
Pinguipedidae: 2.2.7.3.1) nome científico: Pseudopercis numida
(nome popular: namorado); autor: Miranda-Ribeiro; data: 1915;
2.2.7.4) Pomatomidae: 2.2.7.4.1) nome científico: Pomatomus
saltatrix (nome popular: anchova); autor: Linnaeus; data: 1766;
2.2.7.5) Sclaenidae: 2.2.7.5.1) nome científico: Cynoscion
guatucupa (nome popular: pescada-olhuda); autor: Cuvier; data:
1830; 2.2.7.5.2) nome científico: Macrodon ancylodon (nome
popular: pescadinha-real); autor: Bloch & Schneider; data: 1801;
2.2.7.5.3) nome científico: Micropogonias furnieri (nome popular:
corvina); autor: Desmarest; 1823; 2.2.7.5.4) nome científico:
Umbrina canosai (nome popular: castanha); autor: Berg; data: 1895;
2.2.7.6) Serranidae: 2.2.7.6.1) nome científico: Epinephelus itajara
[nome popular: mero, canapu, merote (jovem), bodete (jovem)];
autor: Lichtenstein; data: 1822; 2.2.7.6.2) nome científico:
Epinephelus marginatus (nome popular: garoupa); autor: Lowe;
data: 1834; 2.2.7.6.3) nome científico: Epinephelus morio (nome
popular: garoupa-são-tomé); autor: Valenciennes; data: 1828;
2.2.7.6.4) nome científico: Epinephelus niveatus (nome popular:
cherne); autor: Valenciennes; data: 1828; 2.2.7.6.5) nome científico:
Mycteroperca bonaci (nome popular: badejo, badejo-quadrado);
autor: Poey; data: 1860; 2.2.7.6.6) nome científico: Polyprion
americanus (nome popular: cherne-poveiro); autor: Schneider; data:
1801; 2.2.7.7) Serranidae: 2.2.7.7.1) nome científico: Pagrus pagrus
(nome popular: pargo-rosa); autor: Linnaeus; data: 1758; 2.3.1)
Siluriformes: 2.3.1.1) Ariidae: 2.3.1.1.1) nome científico: Genidens
barbus (nome popular: bagre); autor: Lacepède; data: 1803; 2.3.1.2)
Pimelodidae: 2.3.1.2.1) nome científico: Brachyplatystoma vaillantii
(nome popular: piramutaba); autor: Valenciennes; data: 1840;
2.3.1.2.2) nome científico: Brachyplatystoma filamentosum (nome
popular: dourada); autor: Lichtenstein; data: 1819; 2.3.1.2.3) nome
científico: Zungaro zungaro (nome popular: jaú); autor: Humboldt;
data: 1821; 2.3.2) Tetraodontiformes: 2.3.2.1) Balistidae: 2.3.2.1.1)
nome científico: Balistes capriscus (nome popular: peroá); autor:
Gmelin; data: 1789.
Outrossim, a “Lista Nacional da Fauna Brasileira Ameaçada
de Extinção” (Anexo I da Instrução Normativa/MMA n° 3, de
27.05.2003), a “Lista Nacional das Espécies de Invertebrados
Aquáticos e Peixes Ameaçados de Extinção” (Anexo I da Instrução
Normativa/MMA nº 5, de 21.05.2004) e a “Lista Nacional das
Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Sobreexplotados ou
Ameaçados de Sobreexplotação” (Anexo II da Instrução
Normativa/MMA nº 5, de 21.05.2004), totalizam 627 (seiscentos e
vinte e sete) espécies da fauna terrestre e aquática ameaçadas de
extinção. Estimativas recentes da Fundação Biodiversidade –
FunBio indicam que este número poderá dobrar até o ano 2020,
caso a tendência atual seja mantida.

2.13 A EXTINÇÃO DA FLORA


Acontecem em relação à flora os mesmos perigos que
rondam a fauna: é crescente o número de espécies em extinção.
Inclusive, já vigora no Brasil um sistema de certificação de madeira,
visando, justamente, estimular o manejo sustentável, de modo a se
fazer uma exploração mais racional das madeiras retiradas das
florestas brasileiras, sem levar alguma espécie à extinção. Na
atualidade, 30 a 45 milhões de metros cúbicos de madeira são
vendidos no mercado brasileiro. Todavia, 80% (oitenta por cento)
destas madeiras são extraídas ilegalmente, ou de maneira
predatória, desmatando 2 (duas) vezes mais florestas do que seria
necessário. Recentemente, foi lançado, em São Paulo, um grupo
restrito de empresas pioneiras que aderiram ao sistema de madeira
certificada. Este grupo de empresas denomina-se por “Compradores
de Madeira Certificada”.
Através da Portaria n° 37-N, de 03.04.1.992, o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA tornou pública a Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira
Ameaçada de Extinção. Mesmo com o advento da Instrução
Normativa 3, de 27.05.2003, do Ministério do Meio Ambiente –
MMA, a referida lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçada
de extinção tornou-se ultrapassada.
De fato, nova “Lista Nacional das Espécies da Flora
Brasileira Ameaçadas de Extinção” elaborada pela Fundação
Biodiversidade – FunBio em setembro de 2008, sob encomenda do
Ministério do Meio Ambiente – MMA, a qual relaciona 472
(quatrocentos e setenta e duas) espécies, ou seja, 4 (quatro) vezes
mais que a lista anterior (108), tornada público pela Portaria n° 37-N,
de 03.04.1.992, e pela Instrução Normativa 3, de 27.05.2003. Os
biomas com maior número de espécies ameaçadas são os
seguintes: 1) Mata Atlântica (276); 2) o Cerrado (131); 3) a Caatinga
(46). O bioma “Amazônia” aparece com 24 (vinte e quatro) espécies,
o bioma “Pampa” com 17 (dezessete) e o bioma “Pantanal” com 2
(duas). Sem dúvida, o bioma “Mata Atlântica” e o bioma “Cerrado”
são os biomas mais ameaçados, Inclusive, nenhuma espécie da
lista anterior foi excluída, o que significa dizer que não de importante
foi feito de 1992 até hoje para impedir a extinção das espécies
relacionadas.
Seja como for, atualmente, incumbe à Fundação
Biodiversidade preparar e atualizar a lista de espécies da flora
brasileira ameaçada de extinção, propor ao Ministério do Meio
Ambiente – MMA e executar medidas e programas especiais
necessários à sua conservação. Nada menos que 472 (quatrocentos
e setenta e duas) espécies de plantas são reconhecidas
oficialmente como flora ameaçada de extinção. Todavia, a bem da
verdade esta lista oficial se encontra dividida em 2 (duas) listagens
específicas: 1) Lista Nacional das Espécies da Flora Brasileira
Ameaçadas de Extinção (Anexo I da Instrução Normativa/MMA n°
06, de 23.09.2008); 2) Lista Nacional de Espécies da Flora Brasileira
com Deficiência de Dados (Anexo II da Instrução Normatyiva n° 06,
de 23.09.2008). Outrossim este número de espécies da flora
ameaçadas de extinção está sujeita a eventual atualização por meio
de consulta a especialistas e sociedades científicas e por meio da
utilização das informações disponíveis nas listas elaboradas pelos
Estados.
Na Lista Nacional de Espécies da Flora Brasileira
Ameaçadas de Extinção (Anexo I da Instrução Normativa/MMA 06,
de 23.09.2008) constam as seguintes espécies da flora brasileira
ameaçadas de extinção: 1) família: Acanthaceae; espécie: Ruellia
chamaedrys; autor: (Nees) Angely; UF: SP; bioma: Mata Atlântica;
observação: presumivelmente extinta; 2) família: Acanthaceae;
espécie: Staurogyne brachiata; autor: (Hiern) Leonard; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; 3) família: Acanthaceae; espécie: Staurogyne
veronicifolia; autor: (Nees) Kuntze; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 4)
família: Acanthaceae; espécie: Staurogyne warmingiana; autor:
(Hiern) Leonard; UF: MG; bioma: Cerrado; 5) família: Acanthaceae;
espécie: Stenandrium stenophyllum; autor: Kameyama; UF: MG;
bioma: Cerrado; 6) família: Alstroemeriaceae; espécie: Alstroemeria
capixaba; autor: M. C. Assis; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 7)
família: Amaranthaceae; espécie: Gomphrena chrestoides; autor: C.
C. Townsend; UF: BA; bioma: Caatinga; 8) família: Amaranthaceae;
espécie: Gomphrena duriuscula; autor: Moq; UF: BA; bioma: Mata
Atlântica; 9) família: Amaranthaceae; espécie: Gomphrena
hatschbachiana; autor: Pedersen; UF: BA; bioma: Cerrado; 10)
família: Amaranthaceae; espécie: Gomphrena scandens; autor: (R.
E. Fr.) J. C. Siqueira; UF: ES, MG, RJ; bioma: Mata Atlântica; 11)
família: Amaranthaceae; espécie: Lecosia oppositifolia; autor:
Pedersen; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 12) família:
Amaranthaceae; espécie: Pfaffia argyrea; autor: Pedersen; UF: MG;
bioma: Cerrado; 13) família: Amaranthaceae; espécie: Pfaffia
minarum; autor: Pedersen; UF: MG; bioma: Cerrado; 14) família:
Amaranthaceae; espécie: Pfaffia townsendii; autor: Pedersen; UF:
GO; bioma: Cerrado; 15) família: Amaryllidaceae; espécie: Griffinia
liboniana; autor: Morren; UF: BA, MG; bioma: Cerrado/Mata
Atlântica; 16) família: Amaryllidaceae; espécie: Hippeastrum
brasilianum; autor: (Traub & J. L. Doran) Dutilh; UF: ES, MG; bioma:
Mata Atlântica; 17) família: Amaryllidaceae; espécie: Worsleya
rayneri (Imperatriz-do-Brasil, rabode-galo); autor: (Hook. f.) Traub &
Moldenke; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 18) família:
Anacardiaceae; espécie: Myracrodruon urundeuva (nome popular:
aroeira-do-sertão); autor: Engl.; UF: BA, DF, GO, MA, MG, MS, MT,
SP; bioma: Cerrado/Caatinga; 19) família: Anacardiaceae; espécie:
Schinopsis brasiliensis; autor: Engl.; UF: BA, CE, DF, GO, MA, MG,
MS, PI, TO; bioma: Cerrado/Caatinga; 20) família: Apocynaceae;
espécie: Blepharodon hirsutum; autor: Goyder; UF: BA; bioma:
Caatinga; 21) família: Apocynaceae; espécie: Cynanchum
morrenioides; autor: Goyder; UF: BA; bioma: Cerrado/Caatinga; 22)
família: Apocynaceae; espécie: Ditassa arianeae; autor: Fontella;
UF: BA, ES, RJ; bioma: Mata Atlântica; 23) família: Apocynaceae;
espécie: Ditassa maricaensis; autor: Fontella; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 24) família: Apocynaceae; espécie: Gonolobus
dorothyanus; autor: Fontella & E. A. Schwarz; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 25) família: Apocynaceae; espécie: Matelea marcoassisii;
autor: Fontella; UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 26) família:
Apocynaceae; espécie: Metastelma harleyi; autor: Fontella; UF: BA;
bioma: Cerrado 27) Araceae; espécie: Anthurium langsdorffii (nome
popular: antúrio-espada); autor: Schott; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 28) família: Araceae; espécie: Anthurium luschnathianum
(nome popular: antúrio-da-praia); autor: Kunth; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 29) família: Araceae; espécie: Philodendron fragile; autor:
Nadruz & Mayo; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 30) família: Araceae;
espécie: Philodendron spiritus-sancti; autor: G. S. Bunting; UF: ES;
bioma: Mata Atlântica; 31) família: Araucariaceae; espécie:
Araucaria angustifólia (nome popular: pinheiro-brasileiro, pinheirodo-
paraná); autor: (Bertol.) Kuntze; UF: MG, PR, RJ, RS, SC, SP;
bioma: Mata Atlântica; 32) família: Arecaceae; espécie:
Acanthococos emensis; autor: Toledo; UF: MG, SP; bioma: Cerrado;
33) família: Arecaceae; espécie: Attalea barreirensis (nome popular:
catolé); autor: Glassman; UF: BA; bioma: Cerrado; 34) família:
Arecaceae; espécie: Attalea brasiliensis; autor: Glassman; UF: DF;
bioma: Cerrado; 35) família: Arecaceae; espécie: Bactris
hatschbachii; autor: Noblick ex A. J. Hend; UF: PR, SP; bioma: Mata
Atlântica; 36) família: Arecaceae; espécie: Butia eriospatha (nome
popular: butiá); autor: (Mart. ex Drude) Becc.; UF: PR, RS, SC;
bioma: Pampa; 37) família: Arecaceae; espécie: Euterpe edulis
(nome popular: jussara, palmito); autor: Mart.; UF: AL, BA, ES, GO,
PB, PE, PR, RJ, RN, SE, SC, SP; bioma: Mata Atlântica; 38) família:
Arnelliaceae; espécie: Southbya organensis; autor: Herzog; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; 39) família: Aspleniaceae; espécie:
Asplenium beckeri; autor: Brade; UF: ES; bioma: Mata Atlântica;
observação: presumivelmente extinta; 40) família: Aspleniaceae;
espécie: Asplenium bradeanum; autor: Handro; UF: SP; bioma: Mata
Atlântica; 41) família: Aspleniaceae; espécie: Asplenium castaneum;
autor: Schltdl. & Cham.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 42) família:
Aspleniaceae; espécie: Asplenium praemorsum; autor: Brade; UF:
ES; bioma: Mata Atlântica; 43) família: Aspleniaceae; espécie:
Asplenium schwackei; autor: Christ; UF: MG; bioma: Cerrado; 44)
família: Asteraceae; espécie: Anteremanthus hatschbachii; autor: H.
Rob.; UF: MG; bioma: Cerrado; 45) família: Asteraceae; espécie:
Aspilia grazielae; autor: J. U. Santos; UF: MS; bioma: Pantanal; 46)
família: Asteraceae; espécie: Aspilia paraensis; autor: (Huber) J. U.
Santos; UF: PA, R; bioma: Amazônia; 47) família: Asteraceae;
espécie: Aspilia pohlii; autor: (Schultz Bip. ex Baker) Baker; UF: GO;
bioma: Cerrado; 48) família: Asteraceae; espécie: Aspilia
procumbens; autor: Baker; UF: RN Mata Atlântica; 49) família:
Asteraceae; espécie: Chaptalia arechavaletae; autor: Hieron. ex
Arechav.; UF: RS; bioma: Pampa; 50) família: Asteraceae; espécie:
Hysterionica pinnatisecta; autor: Matzenb & Sobral; UF: SC; bioma:
Mata Atlântica/Pampa; 51) família: Asteraceae; espécie:
Lychnophora ericoides (nome popular: arnica, arnica-da-serra);
autor: Mart.; UF: GO, MG, SP; bioma: Cerrado; 52) família:
Asteraceae; espécie: Senecio caparoensis; autor: Cabrera; UF: MG;
bioma: Mata Atlântica; 53) família: Asteraceae; espécie: Senecio
promatensis; autor: Matzenb.; UF: RS; bioma: Pampa; 54) família:
Asteraceae; espécie: Senecio ramboanus; autor: Cabrera; UF: RS;
bioma: Pampa; 55) família: Asteraceae; espécie: Viguiera
aspilioides; autor: Baker; UF: PR; bioma: Cerrado; 56) família:
Asteraceae Viguiera corumbensis; autor: Malme; UF: MS, MT;
bioma: Cerrado; 57) Asteraceae; espécie: Viguiera guaranitica;
autor: Chodat; UF: RS; bioma: Mata Atlântica; 58) família:
Asteraceae; espécie: Viguiera hilairei; autor: Blake; UF: MG; bioma:
Cerrado; 59) família: Asteraceae; espécie: Viguiera paranensis;
autor: (Malme) J. U. Santos; UF: PR; bioma: Mata Atlântica; 60)
família: Begoniaceae; espécie: Begonia jureiensis; autor: S. J.
Gomes da Silva & Mamede; UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 61)
família: Bignoniaceae; espécie: Adenocalymma magnoalatum; autor:
Scud.; UF: MG; bioma: Mata Atlântica; 62) família: Bignoniaceae;
espécie: Adenocalymma ubatubense; autor: Assis & Semir; UF: SP;
bioma: Mata Atlântica; 63) família: Bignoniaceae; espécie:
Digomphia densicoma; autor: (Mart. ex DC.) Pilg.; UF: AM; bioma:
Amazônia; 64) família: Bignoniaceae; espécie: Jacaranda
carajasensis; autor: A. H. Gentry; UF: PA; bioma: Amazônia; 65)
família: Bignoniaceae; espécie: Jacaranda crassifolia; autor:
Morawetz; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 66) família: Bignoniaceae;
espécie: Jacaranda intricata; autor: A. H. Gentry & Morawetz; UF:
GO; bioma: Cerrado; 67) família: Bignoniaceae; espécie: Jacaranda
rugosa; autor: A. H. Gentry; UF: PE; bioma: Caatinga; 68) família:
Bignoniaceae; espécie: Jacaranda subalpina; autor: Morawetz; UF:
RJ, SP; bioma: Mata Atlântica; 69) família: Bignoniaceae; espécie:
Tabebuia botelhensis; autor: A. H. Gentry; UF: RJ, SP; bioma: Mata
Atlântica; 70) família: Bignoniaceae; espécie: Tabebuia
selachidentata; autor: A. H. Gentry; UF: BA; bioma: Caatinga; 71)
família: Blechnaceae; espécie: Blechnum andinum; autor: (Baker) C.
Chr.; UF: MG, RJ; bioma: Mata Atlântica; 72) família: Blechnaceae;
espécie: Blechnum mochaenum var. squamipes; autor: (Hieron.) de
la Sota; UF: RS, SC; bioma: Mata Atlântica/Pampa; 73) família:
Blechnaceae; espécie: Blechnum sprucei; autor: C. Chr.; UF: MG;
bioma: Mata Atlântica; 74) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea
apocalyptica; autor: Reitz; UF: PR, SC, SP; bioma: Mata Atlântica;
75) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea blumenavii (nome
popular: gravatá, monjola, bromélia); autor: Reitz; UF: SC; bioma:
Mata Atlântica; 76) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea
cariocae; autor: L. B. Sm; UF: BA; bioma: Caatinga/Mata Atlântica;
77) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea eurycorymbus; autor:
Harms; UF: PA, PE; bioma: Caatinga/Mata Atlântica; 78) família:
Bromeliaceae; espécie: Aechmea kleinii (nome popular: gravatá,
monjola, bromélia) ; autor: Reitz; UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 79)
família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea muricata (nome popular:
arruda); autor: L. B. Sm.; UF: AL, PE; bioma: Mata Atlântica; 80)
família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea pimenti-velosoi (nome
popular: gravatá, monjola, bromélia); autor: Reitz; UF: SC; bioma:
Mata Atlântica; 82) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea
werdermannii; autor: Harms; UF: PE; bioma: Mata Atlântica; 83)
família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea winkleri; autor: Reitz; UF:
RS; bioma: Mata Atlântica; 84) família: Bromeliaceae; espécie:
Billbergia alfonsi-joannis (nome popular: poço-de-jacó, gravatá,
monjola, bromélia); autor: Reitz; UF: ES, SC; bioma: Mata Atlântica;
85) família: Bromeliaceae; espécie: Canistrum fosterianum; autor: L.
B. Sm.; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 86) família: Bromeliaceae;
espécie: Cryptanthus burle-marxii; autor: Leme; UF: PE; bioma:
Mata Atlântica; 87) família: Bromeliaceae; espécie: Cryptanthus
fosterianus; autor: L. B. Sm.; UF: PE; bioma: Mata Atlântica;
observação: presumivelmente extinta na natureza; 88) família:
Bromeliaceae Dyckia agudensis; autor: Irgang e Sobral; UF: RS;
bioma: Mata Atlântica; 89) família: Bromeliaceae; espécie: Dyckia
alba; autor: S. Winkl.; UF: RS; bioma: Pampa; 90) família:
Bromeliaceae; espécie: Dyckia cabrerae; autor: L.B. Smith et Reitz;
UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 91) família: Bromeliaceae; espécie:
Dyckia distachya (nome popular: gravatá, bromelia); autor: Hassl.;
UF: RS, SC; bioma: Mata Atlântica; 92) família: Bromeliaceae;
espécie: Dyckia elisabethae; autor: S. Winckl.; UF: RS; bioma:
Pampa; 93) família: Bromeliaceae; espécie: Dyckia hatschbachii
(nome popular: gravatá, bromélia); autor: L. B. Sm.; UF: PR; bioma:
Mata Atlântica; 94) família: Bromeliaceae; espécie: Dyckia
ibiramensis (nome popular: gravatá, bromélia); autor: Reitz; UF: SC;
bioma: Mata Atlântica; 95) família: Bromeliaceae; espécie: Fernseea
itatiaiae; autor: Baker; UF: MG, RJ, SP; bioma: Mata Atlântica; 96)
família: Bromeliaceae; espécie: Guzmania monostachia; autor:
Rusby ex Mez; UF: CE; bioma: Mata Atlântica; 97) família:
Bromeliaceae; espécie: Hohenbergia castellanosi; autor: L. B. Sm. &
R. W. Read; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 98) família:
Bromeliaceae; espécie: Hohenbergia correia-araujoi; autor: E.
Pereira & Moutinho; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 99) família:
Bromeliaceae; espécie: Hohenbergia littoralis; autor: L. B. Sm.; UF:
BA; bioma: Mata Atlântica; 100) família: Bromeliaceae; espécie:
Neoregelia binotti; autor: (Antoine) L. B. Sm.; UF: SP; bioma: Mata
Atlântica; observação: presumivelmente extinta na natureza; 101)
família: Bromeliaceae; espécie: Nidularium bocainensis; autor:
Leme; UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 102) família: Bromeliaceae;
espécie: Nidularium utriculosum; autor: Ule; UF: ES; bioma: Mata
Atlântica; observação: presumivelmente extinta na natureza; 103)
família: Bromeliaceae; espécie: Orthophytum amoenum; autor: (Ule)
L. B. Sm.; UF: BA; bioma: Caatinga 104) família: Bromeliaceae;
espécie: Portea grandiflora; autor: Philcox.; UF: BA; bioma: Mata
Atlântica; 105) família: Bromeliaceae; espécie: Portea kermesina;
autor: K. Kock; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 106) família:
Bromeliaceae; espécie: Tillandsia afonsoana; autor: T. Strehl; UF:
RS; bioma: Pampa; 107) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
biguassuensis (nome popular: gravatá, monjolinha, bromélia); autor:
Reitz; UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 108) família: Bromeliaceae;
espécie: Vriesea brusquensis (nome popular: gravatá, monjola,
bromélia); autor: Reitz; UF: PR, SC; bioma: Mata Atlântica; 109)
família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea cearensis; autor: L. B. Sm.;
UF: CE; bioma: Mata Atlântica; 110) família: Bromeliaceae; espécie:
Vriesea muelleri (nome popular: gravatá); autor: Mez; UF: PR, SC;
bioma: Mata Atlântica; 111) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
pinottii (nome popular: gravatá, monjola, bromélia); autor: Reitz; UF:
PR, SC; bioma: Mata Atlântica; 112) família: Bromeliaceae;
espécie: Vriesea triangularis (nome popular: gravatá, monjolinha,
bromélia); autor: Reitz; UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 113) família:
Bruchiaceae; espécie: Pringleella subulata; autor: (Mull.Hal.) Broth.;
UF: MG, RJ; bioma: Mata Atlântica; 114) família: Burseraceae;
espécie: Bursera simaruba; autor: (L.) Sarg.; UF: AM; bioma:
Amazônia; 115) Burseraceae; espécie: Trattinnickia ferruginea
(nome popular: almacega); autor: Kuhlm.; UF: MG; bioma: Mata
Atlântica; 116) família: Burseraceae; espécie: Trattinnickia mensalis
(nome popular: amescla-tapina, amescla); autor: Daly; UF: BA, ES;
bioma: Mata Atlântica 117) família: Cactaceae; espécie:
Arthrocereus melanurus ssp odurus; autor: (F. Ritter) N. P. Taylor &
Zappi; UF: MG; bioma: Cerrado; 118) família: Cactaceae; espécie:
Arthrocereus rondonianus; autor: Backeb. & Voll; UF: MG; bioma:
Cerrado; 119) família: Cactaceae; espécie: Brasilicereus markgrafii
Backeb. & Voll; UF: MG; bioma: Caatinga/Cerrado; 120) família:
Cactaceae; espécie: Cipocereus crassisepalus; autor: (Buining &
Brederoo) Zappi & N. P. Taylor; UF: MG; bioma: Cerrado; 121)
família: Cactaceae; espécie: Cipocereus laniflorus; autor: N. P.
Taylor & Zappi; UF: MG; bioma: Cerrado/Mata Atlântica; 122)
família: Cactaceae; espécie: Cipocereus pusilliflorus; autor: (F.
Ritter) Zappi & N. P. Taylor; UF: MG; bioma: Caatinga/Cerrado; 123)
família: Cactaceae Coleocephalocereus fluminensis ssp.
Decumbens; autor: (F. Ritter) N. P. Taylor & D.C. Zappi; UF: MG;
bioma: Mata Atlântica; 124) família: Cactaceae; espécie:
Coleocephalocereus purpureus; autor: (Buining & Brederoo) F.
Ritter; UF: MG; bioma: Caatinga; 125) família: Cactaceae; espécie:
Discocactus horstii; autor: Buining & Brederoo; UF: MG; bioma:
Caatinga/Cerrado; 126) família: Cactaceae; espécie: Echinopsis
calochlora; autor: K. Schum.; UF: MS; bioma: Cerrado/Pantanal;
127) família: Cactaceae; espécie: Espostoopsis dybowskii; autor:
(Rol.-Goss.) Buxb.; UF: BA; bioma: Caatinga; 128) família:
Cactaceae; espécie: Facheiroa cephaliomelana ssp estevesii; autor:
(P. J. Braun) N. P. Taylor & Zappi; UF: BA; bioma: Caatinga; 129)
família: Cactaceae; espécie: Melocactus azureus; autor: Buining &
Brederoo; UF: BA; bioma: Caatinga; 130) família: Cactaceae;
espécie: Melocactus deinacanthus; autor: Buining & Brederoo; UF:
BA; bioma: Caatinga; 131) família: Cactaceae; espécie: Melocactus
glaucescens; autor: Buining & Brederoo; UF: BA; bioma: Caatinga;
132) família: Cactaceae; espécie: Melocactus pachyacanthus; autor:
Buining & Brederoo; UF: BA; bioma: Caatinga; 133) família:
Cactaceae; espécie: Melocactus violaceus ssp. Ritteri; autor: N. P.
Taylor; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 134) família: Cactaceae;
espécie: Micranthocereus auriazureus; autor: Buining & Brederoo;
UF: MG; bioma: Caatinga/Cerrado; 135) família: Cactaceae;
espécie: Micranthocereus polyanthus; autor: (Werderm.) Backeb.;
UF: BA; bioma: Caatinga; 136) família: Cactaceae; espécie:
Micranthocereus streckeri; autor: Van Heek & Van Criekinge; UF:
BA; bioma: Caatinga; 137) família: Cactaceae; espécie:
Pilosocereus aurisetus ssp. Aurilanatus; autor: (F. Ritter) D. C.
Zappi; UF: MG; bioma: Cerrado; 138) família: Cactaceae; espécie:
Pilosocereus azulensis; autor: N. P. Taylor & Zappi; UF: MG; bioma:
Caatinga; 139) família: Cactaceae; espécie: Pilosocereus
brasiliensis ssp. Brasiliensis; autor: (Britton & Rose) Backeb.; UF:
ES, RJ; bioma: Mata Atlântica; 140) família: Cactaceae; espécie:
Rhipsalis cereoides; autor: (Backeb. & Voll) Backeb.; UF: ES, RJ;
bioma: Mata Atlântica; 141) família: Cactaceae; espécie: Tacinga
braunii; autor: Esteves; UF: MG; bioma: Caatinga; 142) família:
Cactaceae; espécie: Uebelmannia buiningii; autor: Donald; UF: MG;
bioma: Cerrado; 143) família: Cactaceae; espécie: Uebelmannia
gummifera; autor: (Backeb. & Voll) Backeb.; UF: MG; bioma:
Cerrado; 144) família: Cactaceae; espécie: Uebelmannia pectinifera
ssp. Pectinifera; autor: Buining; UF: MG; bioma: Cerrado; 145)
família: Celastraceae; espécie: Maytenus rupestris; autor: Pirani &
Carvalho-Okano; UF: MG; bioma: Cerrado; 146) família:
Celastraceae; espécie: Salacia mosenii; autor: A. C. Sm.; UF: RJ,
SP; bioma: Mata Atlântica; 147) família: Chrysobalanaceae; espécie:
Hirtella insignis; autor: Briq. ex Prance; UF: BA, ES, RJ; bioma: Mata
Atlântica; 148) família: Chrysobalanaceae; espécie: Hirtella
parviunguis; autor: Prance; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 149)
família: Chrysobalanaceae; espécie: Hirtella santosii; autor: Prance;
UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 150) família: Chrysobalanaceae;
espécie: Licania aracaensis; autor: Prance; UF: AM; bioma:
Amazônia Chrysobalanaceae; espécie: Licania bellingtonii; autor:
Prance; UF: RO; bioma: Amazônia; 151) família: Chrysobalanaceae;
espécie: Licania indurata (nome popular: milho-cozido); autor: Pilg.;
UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 152) família: Chrysobalanaceae;
espécie: Parinari brasiliensis; autor: (Schott) Hook. f.; UF: MG, RJ;
bioma: Mata Atlântica; 153) família: Combretaceae; espécie:
Buchenavia pabstii; autor: Marquete &Valente; UF: BA, ES; bioma:
Mata Atlântica; 154) família: Combretaceae; espécie: Buchenavia
rabelloana (nome popular: piqui-merindiba); autor: N. F. Mattos; UF:
ES, SP; bioma: Mata Atlântica: 155) família: Combretaceae;
espécie: Terminalia acuminata; autor: (Fr. All.) Eichl.; UF: RJ; bioma:
Mata Atlântica; 156) família: Connaraceae; espécie: Rourea
pseudospadicea; autor: G. Schellenb.; UF: SP; bioma: Cerrado/Mata
Atlântica; 157) família: Convolvulaceae; espécie: Ipomoea
carajasensis; autor: D. Austin; UF: PA; bioma: Amazônia; 158)
família: Convolvulaceae; espécie: Ipomoea cavalcantei; autor: D.
Austin; UF: PA; bioma: Amazônia; 159) família: Convolvulaceae;
espécie: Ipomoea macedoi; autor: Hoehne; UF: MG; bioma:
Cerrado; 160) família: Costaceae; espécie: Costus cuspidatus;
autor: (Nees & Mart.) P. J. M. Maas; UF: BA, ES, RJ; bioma: Mata
Atlântica; 161) família: Costaceae; espécie: Costus fragilis; autor:
Maas; UF: PA; bioma: Amazônia; 162) família: Costaceae; espécie:
Costus fusiformis; autor: Maas; UF: PA; bioma: Amazônia; 163)
família: Cyperaceae; espécie: Bulbostylis distichoides; autor: Lye;
UF: BA; bioma: Cerrado; 164) família: Cyperaceae; espécie:
Bulbostylis nesiotis; autor: (Hemsl.) C. B. Clarke; UF: ES; bioma:
Mata Atlântica; 165) família: Cyperaceae; espécie: Bulbostylis
smithii; autor: Barros; UF: MG; bioma: Cerrado; 166) família:
Cyperaceae; espécie: Pleurostachys angustifolia; autor: Boeck.; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 167) família: Cyperaceae; espécie:
Rhynchospora warmingii; autor: Boeck.; UF: BA; bioma: Caatinga;
168) família: Dicksoniaceae; espécie: Dicksonia sellowiana (nome
popular: xaxim, xaxim-imperial); autor: Hook.; UF: MG, PR, RJ, RS,
SC, SP; bioma: Mata Atlântica; 169) família: Dicranaceae; espécie:
Atractylocarpus brasiliensis; autor: (Mull. Hal.) R. S. Williams; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 170) família: Dicranaceae; espécie:
Atractylocarpus longisetus; autor: (Hook.) E. B. Bartram; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; 171) família: Dicranaceae; espécie:
Campylopus densicoma; autor: (Mull.Hal.) Paris; UF: RJ; bioma:
Mata Atlântica; 172) família: Dilleniaceae; espécie: Davilla glaziovii
(nome popular: erva-de-santa-luzia, cipócabloco); autor: Eichler; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 173) família: Ephedraceae; espécie:
Ephedra tweediana; autor: Fisch. & C.A.Mey.; UF: RS; bioma: Mata
Atlântica; 174) família: Eriocaulaceae; espécie: Actinocephalus
cipoensis; autor: (Silveira) Sano; UF: MG; bioma: Cerrado;
observação: presumivelmente extinta; 175) família: Eriocaulaceae;
espécie: Actinocephalus claussenianus; autor: (Koern.) Sano; UF:
MG; bioma: Cerrado; 176) família: Eriocaulaceae; espécie:
Paepalanthus crinitus; autor: Tissot-Squalli; UF: MG; bioma:
Cerrado; 177) família: Eriocaulaceae; espécie: Paepalanthus
extremensis; autor: Silveira; UF: MG; bioma: Cerrado; 178) família:
Eriocaulaceae; espécie: Paepalanthus hydra; autor: Ruhland; UF:
MG; bioma: Cerrado; 179) família: Eriocaulaceae; espécie:
Paepalanthus rhizomatosus; autor: Silveira; UF: MG; bioma:
Cerrado; 180) família: Eriocaulaceae; espécie: Paepalanthus
scytophyllus; autor: Ruhland; UF: MG; bioma: Cerrado; 181) família:
Eriocaulaceae; espécie: Syngonanthus bahiensis; autor: Moldenke;
UF: BA; bioma: Caatinga; 182) família: Eriocaulaceae; espécie:
Syngonanthus brasiliana (nome popular: brasiliana); autor: Giul.; UF:
MG; bioma: Cerrado; 183) família: Eriocaulaceae; espécie:
Syngonanthus elegans (nome popular: sempre-viva, sempre-vivapé-
de-ouro); autor: (Bong.) Ruhland; UF: MG; bioma: Cerrado; 184)
família: Eriocaulaceae; espécie: Syngonanthus harleyii; autor:
Moldenke; UF: BA; bioma: Caatinga; 185) família: Eriocaulaceae;
espécie: Syngonanthus magnificus (nome popular: sempre-viva-
gigante); autor: Giul.; UF: MG; bioma: Cerrado; 186) família:
Eriocaulaceae; espécie: Syngonanthus mucugensis (nome popular:
sempre-viva-de-mucugê); autor: Giul.; UF: BA; bioma: Caatinga;
187) família: Eriocaulaceae; espécie: Syngonantus suberosus (nome
popular: margarida); autor: Giul.; UF: MG; bioma: Cerrado; 188)
família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum bezerrae (nome
popular: pirunga, maçarenga); autor: Plowman; UF: CE, PI; bioma:
Caatinga; 189) família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum
catharinense; autor: Amaral; UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 190)
família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum compressum; autor:
Peyr.; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 191) família: Erythroxylaceae;
espécie: Erythroxylum distortum; autor: Mart.; UF: BA; bioma:
Caatinga/Mata Atlântica; 192) família: Erythroxylaceae; espécie:
Erythroxylum lealcostae; autor: Plowman; UF: BA; bioma: Mata
Atlântica; 193) família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum
mattossilvae; autor: Plowman; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 194)
família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum membranaceum;
autor: Plowman; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 195) família:
Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum pauferrense (nome popular:
guarda-orvalho, pau-crioulo); autor: Plowman; UF: PB; bioma:
Caatinga; 196) família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum
substriatum; autor: O. E. Schulz; UF: RS; bioma: Mata Atlântica;
197) família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum tianguanum;
autor: Plowman; UF: CE; bioma: Caatinga; 198) família:
Euphorbiaceae; espécie: Dalechampia riparia; autor: L. B. Sm. &
Downs; UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 199) família: Fabaceae;
espécie: Aeschynomene fructipendula; autor: Abruzzi de Oliveira;
UF: RS, SC; bioma: Mata Atlântica; 200) família: Fabaceae; espécie:
Amburana cearensis var. acreana (nome popular: cerejeira, cumaru-
de-cheiro, imburana-de-cheiro); autor: (Ducke) J. F. Macbr.; UF: AC,
MT, RO; bioma: Amazônia; 201) família: Fabaceae; espécie:
Caesalpinia echinata (nome popular: pau-brasil, pau-pernambuco,
ibirapitanga); autor: Lam.; UF: AL, BA, ES, PB, PE, RJ, RN, SP;
bioma: Mata Atlântica; 202) família: Fabaceae; espécie: Dalbergia
elegans; autor: A. M. Carvalho; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 203)
família: Fabaceae; espécie: Dalbergia nigra (nome popular:
jacarandá-da-bahia, jacarandá-cabiúna); autor: (Vell.) Allemão ex
Benth.; UF: BA, ES, MG, RJ, SP; bioma: Mata Atlântica; 204)
família: Fabaceae; espécie: Dimorphandra wilsonii (nome popular:
faveiro-de-wilson); autor: Rizzini; UF: MG; bioma: Cerrado; 205)
família: Fabaceae; espécie: Grazielodendron riodocense (nome
popular: peroba-candeia); autor: H. C. Lima; UF: ES, RJ; bioma:
Mata Atlântica; 206) família: Fabaceae; espécie: Machaerium
obovatum (nome popular: jacarandá); autor: Kuhlm. & Hoehne; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 207) Fabaceae; espécie: Melanoxylon
brauna (nome popular: braúna, baraúna, graúna, braúna-preta,
ibitaúva, mariapreta, muiraúna, rabo-demacaco); autor: Schott; UF:
AL, BA, MG, PB, PE, RJ, SP; bioma: Mata Atlântica; 208) família:
Fabaceae; espécie: Mimosa balduinii; autor: Burkart; UF: RS; bioma:
Mata Atlântica; 209) família: Fabaceae; espécie: Mimosa
bracteolaris; autor: Benth.; UF: RS; bioma: Pampa; 210) família:
Fabaceae; espécie: Mimosa catharinensis; autor: Burkart; UF: SC;
bioma: Mata Atlântica; 211) família: Fabaceae; espécie: Mimosa
heringeri; autor: Barneby; UF: GO; bioma: Cerrado; 212) família:
Fabaceae; espécie: Mimosa humifusa; autor: Benth.; UF: MG;
bioma: Cerrado; 213) família: Fabaceae; espécie: Mimosa
montiscarasae; autor: Barneby; UF: MG; bioma: Cerrado; 214)
família: Fabaceae; espécie: Mimosa pabstiana; autor: Barneby; UF:
MG; bioma: Cerrado; 215) família: Fabaceae; espécie: Mimosa
suburbana; autor: Barneby; UF: GO; bioma: Cerrado; 216) família:
Fabaceae; espécie: Peltogyne maranhensis (nome popular: pau-
roxo); autor: Huber ex Ducke; UF: MA, PA; bioma: Amazônia; 217)
família: Fabaceae; espécie: Swartzia glazioviana; autor: (Taub.)
Glaz.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 218) família: Fabaceae;
espécie: Swartzia pickelii (nome popular: jacarandá-branco); autor:
Killip ex Ducke; UF: AL, PB, PE; bioma: Mata Atlântica; 219) família:
Fabaceae; espécie: Trifolium argentinense (nome popular: trevo);
autor: Speg.; UF: RS; bioma: Pampa; 220) família: Gentianaceae;
espécie: Prepusa hookeriana (nome popular: cravinha-do-campo);
autor: Gardner; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 221) família:
Geocalycaceae; espécie: Leptoscyphus gibbosus; autor: (J. Taylor)
Mitt.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 222) família: Gesneriaceae;
espécie: Sinningia cardinalis (nome popular: rainha-do-abismo,
rainhado-penhasco); autor: (Lehm.) H. E. Moore; UF: RJ; bioma:
Mata Atlântica; 223) família: Gesneriaceae; espécie: Sinningia
cochlearis (nome popular: rainha-do-abismo, dama-dopenhasco);
autor: (Hook.) Chautems; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 224)
família: Gesneriaceae; espécie: Sinningia guttata; autor: Lindl.; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 225) família: Gesneriaceae; espécie:
Sinningia hirsuta; autor: (Lindl.) G. Nicholson; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 226) família: Gesneriaceae; espécie: Sinningia lindleyi;
autor: Schauer; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 227) família:
Gesneriaceae; espécie: Vanhouttea bradeana; autor: Hoehne; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 228) família: Gesneriaceae; espécie:
Vanhouttea fruticulosa; autor: (Glaz. ex Hoehne) Chautems; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; 229) família: Gesneriaceae; espécie:
Vanhouttea lanata; autor: Fritsch; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica;
230) família: Grammitidaceae; espécie: Ceradenia warmingii; autor:
(C. Chr.) Labiak; UF: MG; bioma: Mata Atlântica; 231) família:
Grammitidaceae; espécie: Terpsichore semihirsuta; autor: (Klotzsch)
A. R. Sm.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 232) família:
Heliconiaceae; espécie: Heliconia angusta (nome popular: bico-de-
guará); autor: Vell.; UF: ES, RJ; bioma: Mata Atlântica; 233) família:
Heliconiaceae; espécie: Heliconia citrina; autor: Emygdio & Santos;
UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 234) família: Heliconiaceae; espécie:
Heliconia farinosa; autor: Raddi; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 235)
família: Heliconiaceae; espécie: Heliconia lacletteana; autor:
Emygdio & Santos; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 236) família:
Heliconiaceae; espécie: Heliconia sampaiona; autor: Emygdio; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 237) família: Iridaceae Pseudotrimezia
elegans; autor: Ravenna; UF: MG; bioma: Cerrado; 238) família:
Iridaceae; espécie: Pseudotrimezia gracilis; autor: Chukr; UF: MG;
bioma: Cerrado; 239) família: Iridaceae; espécie: Pseudotrimezia
synandra; autor: Ravenna; UF: MG; bioma: Cerrado; 240) família:
Iridaceae; espécie: Pseudotrimezia tenuissima; autor: Ravenna; UF:
MG; bioma: Cerrado; 241) família: Iridaceae; espécie: Trimezia
fistulosa var. fistulosa (nome popular: trimesia-chifre-de-bode); autor:
R. C. Foster; UF: MG; bioma: Cerrado; 242) família: Iridaceae;
espécie: Trimezia fistulosa var.; autor: Chukr; UF: MG; bioma:
Cerrado; 243) família: Iridaceae; espécie: Trimezia longifólia (nome
popular: trimesia-chifre-de-bode); autor: Ravenna; UF: GO; bioma:
Cerrado; 244) família: Iridaceae; espécie: Trimezia pusilla; autor:
Ravenna; UF: GO; bioma: Cerrado; 245) família: Isoetaceae;
espécie: Isoetes bradei; autor: Herter; UF: SP; bioma: Mata
Atlântica; 246) família: Isoetaceae; espécie: Isoetes luetzelburgii;
autor: U. Weber; UF: PA, PB; bioma: Caatinga; observação:
presumivelmente extinta; 247) família: Jungermanniaceae; espécie:
Jungermannia decolor; autor: Schiffn.; UF: MG; bioma: Mata
Atlântica; 248) família: Lamiaceae; espécie: Eriope machrisae; autor:
(Epling) Harley; UF: GO; bioma: Cerrado; 249) família: Lamiaceae;
espécie: Hesperozygis ringens; autor: (Benth.) Epling; UF: RS;
bioma: Pampa; 250) família: Lamiaceae; espécie: Hyptidendron
claussenii; autor: (Benth.) Harley; UF: MG; bioma: Cerrado; 251)
família: Lamiaceae; espécie: Hyptis arenaria; autor: Benth.; UF: TO;
bioma: Cerrado; 252) família: Lamiaceae Hyptis carvalhoi Harley;
UF: BA; bioma: Caatinga; 253) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis
frondosa; autor: S. Moore; UF: MT; bioma: Cerrado; 254) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptis imbricatiformis; autor: Harley; UF: GO;
bioma: Cerrado ; 255) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis
pachyphylla; autor: Epling; UF: GO; bioma: Cerrado; 256) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptis penaeoides; autor: Taub.; UF: GO;
bioma: Cerrado; 257) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis pinheroi;
autor: Harley; UF: BA; bioma: Caatinga; 258) família: Lamiaceae;
espécie: Hyptis rhypidiophylla; autor: Briq.; UF: MG; bioma: Cerrado;
259) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis simulans; autor: Epling;
UF: CE, MG, PE; bioma: Caatinga; 260) família: Lamiaceae;
espécie: Hyptis tagetifolia; autor: Harley; UF: GO; bioma: Cerrado;
261) família: Lauraceae; espécie: Aniba rosaeodora (nome popular:
pau-rosa, pau-rosa, itaúba); autor: Ducke; UF: AM, AP, PA; bioma:
Amazônia; 262) família: Lauraceae; espécie: Beilschmiedia rigida;
autor: (Mez) Kosterm.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 263) família:
Lauraceae; espécie: Dicypellium caryophyllaceum (nome popular:
cravo-do-maranhão, paucravo, casca-preciosa); autor: (Mart.) Nees;
UF: PA; bioma: Amazônia; 264) família: Lauraceae Ocotea
basicordatifolia; autor: Vattimo-Gil; UF: SP; bioma: Mata Atlântica;
265) família: Lauraceae; espécie: Ocotea bragae; autor: Coe-Teix.;
UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 266) família: Lauraceae; espécie:
Ocotea catharinensis (nome popular: canela-preta); autor: Mez; UF:
PA, RS, SC; bioma: Mata Atlântica; 267) família: Lauraceae;
espécie: Ocotea langsdorffii; autor: (Meisn.) Mez; UF: BA, MG;
bioma: Cerrado; 268) família: Lauraceae; espécie: Ocotea odorífera
(nome popular: canela-sassafrás, sassafraz); autor: (Vellozo)
Rohwer; UF: ES, MG, PR, RJ, RS, SC, SP; bioma: Mata Atlântica;
269) família: Lauraceae; espécie: Ocotea porosa (nome popular:
imbuia); autor: (Nees) Barroso; UF: PR, RS, SC; bioma: Mata
Atlântica; 270) família: Lauraceae; espécie: Persea punctata; autor:
Meisn.; UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 271) família: Lauraceae;
espécie: Phyllostemonodaphne geminiflora; autor: (Mez) Kosterm.;
UF: MG, RJ; bioma: Mata Atlântica; 272) família: Lauraceae;
espécie: Rhodostemonodaphne capixabensis (nome popular:
canela-do-nativo, oliveirada-praia); autor:Baitello & Coe-Teix.; UF:
ES; bioma: Mata Atlântica; 273) família: Lecythidaceae; espécie:
Bertholletia excelsa (nome popular: castanheira, castanheira-
dopará, castanheira-do-brasil); autor: Kunth; UF: AC, AM, MA, PA,
RO; bioma: Amazônia; 274) família: Lecythidaceae; espécie:
Cariniana ianeirensis (nome popular: jequitibá); autor: R. Knuth; UF:
RJ; bioma: Mata Atlântica; 275) família: Lecythidaceae; espécie:
Cariniana parvifolia (nome popular: jequitibá-cravinho); autor: S. A.
Mori et al.; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 276) família:
Lecythidaceae; espécie: Couratari asterotricha; autor: Prance; UF:
ES; bioma: Mata Atlântica; 277) família: Lecythidacea; espécie:
Eschweilera piresii; autor: S. A. Mori; UF: PA; bioma: Amazônia;
278) família: Lecythidaceae; espécie: Eschweilera rabeliana; autor:
S. A. Mori; UF: AP; bioma: Amazônia; 279) família: Lejeuneaceae;
espécie: Blepharolejeunea securifolia; autor: (Steph.) R. M. Schust.;
UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 280) família: Lejeuneaceae; espécie:
Bromeliophila natans; autor: (Steph.) R. M. Schust.; UF: RJ, SP;
bioma: Mata Atlântica; 281) família: Lejeuneaceae; espécie:
Drepanolejeunea aculeata; autor: Bischler; UF: RJ, SP; bioma: Mata
Atlântica; 282) família: Lejeuneaceae; espécie: Myriocoleopsis
fluviatilis; autor: (Steph.) E. Reiner & Gradst.; UF: PR, SC, SP;
bioma: Mata Atlântica; 283) família: Lentibulariaceae; espécie:
Utricularia biovularioides; autor: (Kuhlm.) P. Taylor; UF: GO; bioma:
Cerrado; 284) família: Lepidoziaceae; espécie: Paracromastigum
dusenii; autor: (Steph.) R. M. Schust.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica;
285) família: Loganiaceae; espécie: Spigelia aceifolia; autor:
Woodson; UF: MG; bioma: Cerrado; 286) família: Loganiaceae;
espécie: Spigelia cipoensis; autor: Zappi; UF: MG; bioma: Cerrado;
287) família: Lycopodiaceae; espécie: Huperzia aqualupiana; autor:
(Spring) Rothm.; UF: MG; bioma: Cerrado; 288) família:
Lycopodiaceae; espécie: Huperzia rubra; autor: (Cham. & Schlecht.)
Trevis.; UF: BA, MG; bioma: Cerrado; 289) família: Lythraceae;
espécie: Cuphea adenophylla; autor: T. B. Cavalc.; UF: MG; bioma:
Cerrado; 290) família: Lythraceae Cuphea cipoensis; autor: T. B.
Cavalc.; UF: MG; bioma: Cerrado; 291) família: Lythraceae; espécie:
Cuphea teleandra; autor: Lourteig; UF: MG; bioma: Cerrado; 292)
família: Lythraceae; espécie: Diplusodon ericoides; autor: Lourteig;
UF: GO; bioma: Cerrado; 293) família: Lythraceae; espécie:
Diplusodon glaziovii; autor: Koehne; UF: MG; bioma: Cerrado; 294)
família: Lythraceae; espécie: Diplusodon gracilis; autor: Koehne; UF:
TO; bioma: Cerrado; 295) família: Lythraceae; espécie: Diplusodon
hatschbachii; autor: Lourteig; UF: GO; bioma: Cerrado; 296) família:
Lythraceae; espécie: Diplusodon minasensis; autor: Lourteig; UF:
MG; bioma: Cerrado; 297) família: Lythraceae; espécie: Diplusodon
panniculatus; autor: Koehne; UF: GO; bioma: Cerrado; 298) família:
Lythraceae; espécie: Diplusodon retroimbricatus; autor: Koehne; UF:
GO; bioma: Cerrado; 299) família: Lythraceae; espécie: Diplusodon
vidalii; autor: Lourteig; UF: MG; bioma: Cerrado; 300) família:
Malpighiaceae; espécie: Aspicarpa harleyi; autor: W. R. Anderson;
UF: BA; bioma: Cerrado; 301) família: Malpighiaceae; espécie:
Stigmaphyllon bradei; autor: C. E. Anderson; UF: SP; bioma: Mata
Atlântica; 302) família: Malvaceae; espécie: Calyptraemalva
catharinensis; autor: Krapov.; UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 303)
família: Malvaceae; espécie: Cienfuegosia hasslerana; autor: Hochr.
ex Chod. & Hassler; UF: RS; bioma: Pampa; 304) família:
Malvaceae; espécie: Pavonia alnifolia; autor: A. St.-Hil.; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; 305) família: Melastomataceae; espécie:
Cambessedesia hermogenesii; autor: A. B. Martins; UF: BA; bioma:
Cerrado; 306) família: Melastomataceae; espécie: Eriocnema
acaulis; autor: Triana; UF: MG; bioma: Mata Atlântica; 307) família:
Melastomataceae; espécie: Eriocnema fulva; autor: Naudin; UF: MG;
bioma: Mata Atlântica; 308) família: Melastomataceae; espécie:
Lavoisiera itambana; autor: DC.; UF: MG; bioma: Cerrado; 309)
família: Melastomataceae; espécie: Marcetia oxycoccoides; autor:
Wurdack & A. B. Martins; UF: BA; bioma: Cerrado; 310) família:
Melastomataceae; espécie: warmingiana; autor: Cogn.; UF: DF, MG;
bioma: Cerrado; 311) família: Melastomataceae; espécie: Tibouchina
bergiana; autor: Cogn.; UF: MG; bioma: Cerrado; 312) família:
Melastomataceae; espécie: Tibouchina quartzofila; autor: Brade; UF:
ES; bioma: Mata Atlântica; 313) família: Meliaceae; espécie:
Swietenia macrophylla (nome popular: mogno, águano, caóba);
autor: King; UF: AC, AM, MA, MT, PA, RO, TO; bioma: Amazônia;
314) família: Monimiaceae; espécie: Macropeplus friburgensis;
autor: (Perkins) I.Santos & Peixoto; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica;
315) família: Monimiaceae; espécie: Macrotorus utriculatus; autor:
(Mart. ex Tul.) Perkins; UF: BA, ES, RJ, SP; bioma: Mata Atlântica;
316) família: Monimiaceae; espécie: Mollinedia boracensis; autor:
Peixoto; UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 317) família: Monimiaceae;
espécie: Mollinedia gilgiana; autor: Perkins; UF: ES, RJ; bioma:
Mata Atlântica; 318) família: Monimiaceae; espécie: Mollinedia
glabra; autor: Perkins; UF: ES, RJ; bioma: Mata Atlântica; 319)
família: Monimiaceae; espécie: Mollinedia lamprophylla (nome
popular: erva-santa); autor: Perkins; UF: ES, RJ; bioma: Mata
Atlântica; 320) família: Monimiaceae; espécie: Mollinedia
longicuspidata; autor: Perkins; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 321)
família: Monimiaceae; espécie: Mollinedia stenophylla; autor:
Perkins; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 322) família: Moraceae;
espécie: Brosimum glaucum; autor: Taub.; UF: MG; bioma: Mata
Atlântica; 323) família: Moraceae; espécie: Dorstenia elata (nome
popular: caiapiá-grande); autor: Hook.; UF: BA, ES, MG, RJ; bioma:
Mata Atlântica; 324) família: Moraceae; espécie: Dorstenia fischeri
(nome popular: nome popular: caiapiá); autor: Bureau; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; 325) família: Moraceae; espécie: Dorstenia
tenuis (nome popular: violeta-da-montanha, violeta-montes); autor:
Bonpl. Ex Bureau; UF: PR, SC; bioma: Mata Atlântica; 326) família:
Myrtaceae; espécie: Calyptranthes pereireana; autor: Mattos & D.
Legrand; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 327) família: Myrtaceae;
espécie: Calyptranthes restingae; autor: Sobral; UF: BA; bioma:
Mata Atlântica; 328) família: Myrtaceae; espécie: Eugenia
itacarensis; autor: Mattos; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 329)
família: Myrtaceae; espécie: Eugenia villae-novae; autor: Kiaerksk.;
UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 330) família: Myrtaceae; espécie:
Myrcia follii; autor: G. M. Barroso & Peixoto; UF: ES; bioma: Mata
Atlântica; 331) família: Myrtaceae; espécie: Myrcia gilsoniana; autor:
G. M. Barroso & Peixoto; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 332)
família: Myrtaceae; espécie: Myrcia isaiana; autor: G. M. Barroso &
Peixoto; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 333) família: Myrtaceae;
espécie: Neomitranthes nitida; autor: Mattos; UF: SP; bioma: Mata
Atlântica; 334) família: Myrtaceae; espécie: Neomitranthes
pedicellata; autor: (Burret) Mattos; UF: SP; bioma: Mata Atlântica;
335) família: Myrtaceae; espécie: Plinia callosa; autor: Sobral; UF:
BA; bioma: Mata Atlântica; 336) família: Myrtaceae; espécie: Plinia
hatschbachii; autor: (Mattos) Sobral; UF: PR; bioma: Mata Atlântica;
337) família: Myrtaceae; espécie: Plinia ilhensis; autor: G. M.
Barroso; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 338) família: Myrtaceae;
espécie: Plinia rara Sobral; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 339)
família: Myrtaceae; espécie: Plinia renatiana; autor: G. M. Barroso &
Peixoto; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 340) família: chnaceae;
espécie: Ouratea luschnathiana (Tiegh) K. Yamam.; UF: RJ; bioma:
Mata Atlântica; 341) família: Oleaceae; espécie: Chionanthus
subsessilis; autor: (Eichler) P.S.Green; UF: MG; bioma: Mata
Atlântica; 342) família: Orchidaceae; espécie: Campylocentrum
pernambucense; autor: Hoehne; UF: AL, PE; bioma: Mata Atlântica;
343) família: Orchidaceae; espécie: Catasetum uncatum; autor:
(nome popular: rabo-de-tatu); autor: Rolfe; UF: PE; bioma: Mata
Atlântica; 344) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya dormaniana
(nome popular: catléia); autor: Rchb. f.; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 345) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya granulosa;
autor: Lindl.; UF: AL, BA, ES, PB, PE, RN; bioma: Mata Atlântica;
346) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya labiata (nome popular:
catléia, parasita-roxa); autor: Lindl.; UF: AL, CE, PB, PE, SE; bioma:
Caatinga/Mata Atlântica; 347) família: Orchidaceae; espécie:
Cattleya schilleriana; autor: Rchb. f.; UF: BA, ES; bioma: Mata
Atlântica; 348) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya tenuis; autor:
M. A. Campacci & P. L. Vedovello; UF: BA; bioma: Caatinga; 349)
família: Orchidaceae; espécie: Cattleya velutina (nome popular:
catléia); autor: Rchb. f.; UF: ES, MG, RJ, SP; bioma: Mata Atlântica;
350) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya warneri; autor: T.
Moore; UF: BA, ES, MG; bioma: Mata Atlântica; 351) família:
Orchidaceae; espécie: Chaubardia heloisae; autor: (Ruschi) Garay;
UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 352) família: Orchidaceae; espécie:
Cleistes carautae; autor: Toscano Brito & Leon; UF: MG; bioma:
Mata Atlântica; 353) família: Orchidaceae; espécie: Constantia
cipoensis; autor: Porto & Brade; UF: MG; bioma: Cerrado; 354)
família: Orchidaceae; espécie: Constantia microscopica; autor: F. E.
L. Miranda; UF: MG; bioma: Cerrado; 355) família: Orchidaceae;
espécie: Galeandra curvifolia; autor: Barb. Rodr.; UF: PA; bioma:
Amazônia; 356) família: Orchidaceae; espécie: Habenaria
itacolumia; autor: Garay; UF: MG; bioma: Cerrado; 357) família:
Orchidaceae; espécie: Masdevallia gomesiiferreirae; autor: Pabst;
UF: PE; bioma: Mata Atlântica; 358) família: Orchidaceae; espécie:
Pabstia schunkiana; autor: V. P. Castro; UF: ES; bioma: Mata
Atlântica; 359) família: Orchidaceae; espécie: Phragmipedium
lindleyanum (nome popular: sapatinho); autor: (R. H. Schomb. ex
Lindl.) Rolfe; UF: AL, BA, PE; bioma: Caatinga/Mata Atlântica; 360)
família: Orchidaceae; espécie: Phragmipedium vittatum (nome
popular: sapatinho); autor: (Vell.) Rolfe; UF: DF, GO, MG, PR, RJ,
SP; bioma: Cerrado/Mata Atlântica; 361) família: Orchidaceae;
espécie: Pleurothallis gomesiiferreirae; autor: Pabst; UF: AL, PE;
bioma: Mata Atlântica; 362) família: Orchidaceae; espécie:
Pseudolaelia cipoensis; autor: Pabst; UF: MG; bioma: Cerrado; 363)
família: Orchidaceae; espécie: Pseudolaelia citrina; autor: Pabst; UF:
ES, MG; bioma: Mata Atlântica; 364) família: Orchidaceae; espécie:
Scuticaria itirapinensis; autor: Pabst; UF: SP; bioma: Cerrado; 365)
família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis brevipedunculata; autor:
(Cogn.) Fowlie; UF: MG; bioma: Cerrado; 366) família: Orchidaceae;
espécie: Sophronitis endsfeldzii; autor: (Pabst) van den Berg & M.
W. Chase; UF: MG; bioma: Cerrado; 367) família: Orchidaceae;
espécie: Sophronitis fidelensis (nome popular: lélia-de-são-fidelis);
autor: (Pabst) C.Berg & M. W. Chase; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica;
368) família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis jongheana (nome
popular: lélia); autor: (Rchb.f.) van den Berg & M. W. Chase; UF:
MG; bioma: Cerrado/Mata Atlântica; 369) família: Orchidaceae;
espécie: Sophronitis kautskyi; autor: (Pabst) van den Berg & M. W.
Chase; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 370) família: Orchidaceae;
espécie: Sophronitis lobata; autor: (Lindl.) van den Berg & M. W.
Chase; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 371) família: Orchidaceae;
espécie: Sophronitis perrinii; autor: (Lindl.) van den Berg & M. W.
Chase; UF: ES, MG, RJ; bioma: Mata Atlântica; 372) família:
Orchidaceae; espécie: Sophronitis tenebrosa; autor: (Rolfe) van den
Berg & M. W. Chase; UF: BA, ES; bioma: Mata Atlântica; 373)
família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis virens (nome popular:
lélia-verde); autor: (Lindl.) C. Berg & M. W. Chase; UF: ES, MG, RJ;
bioma: Mata Atlântica; 374) família: Orchidaceae; espécie:
Sophronitis xanthina; autor: (Lindl.) van den Berg & M. W. Chase;
UF: BA, ES; bioma: Mata Atlântica; 375) família: Orchidaceae;
espécie: Thelyschista ghillanyi; autor: (Pabst) Garay; UF: BA; bioma:
Caatinga; 376) família: Orobanchaceae; espécie: Magdalenaea
limae; autor: Brade; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 377) família:
Orobanchaceae; espécie: Nothochilus coccineus: autor: Radlk.; UF:
ES, MG; bioma: Mata Atlântica; 378) família: Passifloraceae;
espécie: Passiflora hatschbachii: autor: Cervi; UF: MG; bioma: Mata
Atlântica; 379) família: Passifloraceae; espécie: Passiflora imbeana;
autor: Sacco; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 380) família:
Passifloraceae; espécie: Passiflora ischnoclada; autor: Harms; UF:
SP; bioma: Mata Atlântica; 381) família: Passifloraceae; espécie:
Passiflora margaritae; autor: Sacco; UF: ES; bioma: Mata Atlântica;
382) família: Passifloraceae; espécie: Passiflora saccoi; autor: Cervi;
UF: MG; bioma: Cerrado; 383) família: Phytolaccaceae; espécie:
Microtea bahiensis; autor: Marchior. & J. C. Siqueira; UF: BA; bioma:
Mata Atlântica; 384) família: Picramniaceae; espécie: Picramnia
coccínea; autor: W. W. Thomas; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 385)
família: Plagiochilaceae; espécie: Plagiochila boryana; autor:
Gottsche ex Steph.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 386) família:
Plantaginaceae; espécie: Angelonia alternifólia; autor: V. C. Souza;
UF: TO; bioma: Cerrado; 387) família: Plantaginaceae; espécie:
Ildefonsia bibracteata; autor: Gardner; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 388) família: Poaceae; espécie: Anomochloa
marantoidea; autor: Brongn.; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 389)
família: Poaceae; espécie: Axonopus carajasensis; autor: M. N. C.
Bastos; UF: PA; bioma: Amazônia; 390) família: Poaceae; espécie:
Chusquea pulchella; autor: L. G. Clark; UF: SP; bioma: Mata
Atlântica; 391) família: Poaceae; espécie: Glaziophyton mirabile;
autor: Franch; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 392) família: Poaceae;
espécie: Gymnopogon doellii; autor: Boechat & Valls; UF: DF, GO,
MG; bioma: Cerrado; 393) família: Poaceae; espécie: Olyra
latispicula; autor: Soderstr. & Zuloaga; UF: BA; bioma: Mata
Atlântica; 394) família: Poaceae; espécie: Panicum brachystachyum;
autor: Trin.; UF: MG; bioma: Cerrado; 395) família: Poaceae;
espécie: Paspalum biaristatum; autor: Filg. & Davidse; UF: GO;
bioma: Cerrado; 396) família: Poaceae; espécie: Paspalum
longiaristatum; autor: Davidse & Filg.; UF: GO; bioma: Cerrado; 397)
família: Poaceae; espécie: Paspalum niquelandiae; autor: Filg.; UF:
GO; bioma: Cerrado; 398) família: Poaceae; espécie: Piptochaetium
palustre; autor: Mujica-Salles & Longhi-Wagner; UF: SC; bioma:
Mata Atlântica; 399) família: Poaceae; espécie: Raddia angustifólia;
autor: Soderstr. & Zuloaga; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 400)
família: Poaceae; espécie: Sucrea sampaiana; autor: (Hitchc.)
Soderstr.; UF: ES, RJ; bioma: Mata Atlântica; 401) família: Poaceae;
espécie: Thrasyopsis jurgensii; autor: (Hack.) Soderstr. ex A. G.
Burman; UF: PR, RS, SC; bioma: Pampa/Mata Atlântica; 402)
família: Podostemaceae; espécie: Mourera fluviatilis; autor: Aubl.;
UF: AP, PE, RR, SP; bioma: Amazônia/Mata Atlântica; 403) família:
Podostemaceae; espécie: Podostemum saldanhanum; autor:
(Warm.) C. T. Philbrick & A. Novelo; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica;
404) família: Polygalaceae; espécie: Polygala franchetii; autor:
Chodat; UF: DF, GO; bioma: Cerrado; 405) família: Pottiaceae;
espécie: Erytrhophyllastrum andinum; autor: (Sull.) R. H. Zander;
UF: PR/ bioma: Mata Atlântica; 406) família: Pottiaceae; espécie:
Leptodontium wallisii; autor: (Mull.Hal.) Kindb.; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 407) família: Proteaceae; espécie: Euplassa nebularis;
autor: Rambo & Sleumer; UF: RS; bioma: Pampa; 408) família:
Pteridaceae; espécie: Adiantum diphyllum; autor: (Fée) Maxon; UF:
BA; bioma: Mata Atlântica; 409) família: Pteridaceae; espécie:
Cheilanthes incisa; autor: Kunze ex Mett.; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 410) família: Pteridaceae; espécie: Eriosorus flexuosus;
autor: (Humb. & Bonpl. Ex Kunth) Copel.; UF: MG, SP; bioma:
Cerrado/Mata Atlântica; 411) família: Pteridaceae; espécie:
Eriosorus rufescens; autor: (Fée) A. F. Tryon; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 412) família: Pteridaceae; espécie: Pellaea gleichenioides;
autor: (Hook.) Christ; UF: MG; bioma: Cerrado; 413) família:
Ricciaceae; espécie: Riccia ridleyi; autor: A. Gepp; UF: PE; bioma:
Caatinga; 414) família: Rubiaceae; espécie: Erithalis insularis; autor:
(Ridl.) Zappi & T. S. Nunes; UF: PE; bioma: Mata Atlântica; 415)
família: Rubiaceae; espécie: Faramea bahiensis; autor: Mull. Arg.;
UF: BA, ES; bioma: Mata Atlântica; 416) família: Rubiaceae;
espécie: Faramea coerulea; autor: (Nees & Mart.) DC.; UF: BA;
bioma: Mata Atlântica; 417) família: Rubiaceae; espécie: Galianthe
souzae; autor: E. L. Cabral & Bacigalupo; UF: SP; bioma: Cerrado;
418) família: Rubiaceae; espécie: Guettarda leae; autor: Ridl.; UF:
PE; bioma: Mata Atlântica; 419) família: Rubiaceae; espécie: Hindsia
glabra; autor: K. Schum.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 420)
família: Rubiaceae; espécie: Hindsia ibitipocensis; autor: Di Maio;
UF: MG; bioma: Cerrado; 421) família: Rubiaceae; espécie: Hindsia
violácea; autor: Benth.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; observação:
presumivelmente extinta; 422) família: Rubiaceae; espécie:
Melanopsidium nigrum; autor: Colla; UF: BA, ES, RJ; bioma: Mata
Atlântica; 423) família: Rubiaceae; espécie: Mitracarpus rigidifolius;
autor: Standl.; UF: BA; bioma: Cerrado; 424) família: Rubiaceae;
espécie: Rudgea interrupta; autor: Benth.; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 425) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea macrophylla;
autor: Benth.; UF: RJ; bioma: Mata Atlântica; 426) família:
Rubiaceae; espécie: Rudgea pachyphylla; autor: Mull. Arg.; UF: RJ,
SP; bioma: Mata Atlântica; 427) família: Rubiaceae; espécie:
Rudgea parvifolia; autor: (Cham.) Mull. Arg.; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; 427) família: Rubiaceae; espécie: Staelia hatschbachii;
autor: J. H. Kirkbr.; UF: MG; bioma: Cerrado; 428) família: Rutaceae;
espécie: Almeidea coerulea; autor: (Nees & Mart.) A. St.-Hil.; UF:
BA; bioma: Mata Atlântica; 429) família: Rutaceae; espécie:
Conchocarpus bellus; autor: Kallunki; UF: ES; bioma: Mata Atlântica;
430) família: Rutaceae; espécie: Euxylophora paraensis (nome
popular: pau-amarelo, paucetin, amarelão, espinheiro); autor: Huber;
UF: AC, AM, MA, PA; bioma: Amazônia; 431) família: Rutaceae;
espécie: Metrodorea maracasana; autor: Kaastra; UF: BA; bioma:
Mata Atlântica; 432) família: Rutaceae; espécie: Nycticalanthus
speciosus; autor: Ducke; UF: AM; bioma: Amazônia; 433) família:
Rutaceae; espécie: Pilocarpus alatus; autor: C. J. Joseph ex
Skorupa; UF: MA, PA; bioma: Amazônia; 434) família: Rutaceae;
espécie: Pilocarpus jaborandi (nome popular: jaborandi, jaborandi-
depernambuco, arruda-do-mato, jaborandi-branco); autor: Holmes;
UF: CE, PE; bioma: Mata Atlântica; 435) família: Rutaceae; espécie:
Pilocarpus microphyllus (nome popular: jaborandi-legitimo,
jaborandi-do-maranhão); autor: Stapf ex Wardleworth; UF: PA, MA,
PI; bioma: Cerrado; 436) família: Rutaceae; espécie: Pilocarpus
trachylophus (nome popular: jaborandi-do-ceará, arrudado-mato);
autor: Holmes; UF: BA, CE, MG; bioma: Cerrado; 437) família:
Rutaceae; espécie: Raulinoa echinata; autor: R. S. Cowan; UF: SC;
bioma: Mata Atlântica; 438) família: Santalaceae; espécie:
Acanthosyris pauloalvimii (nome popular: mata-cacau); autor: G. M.
Barroso; UF: BA; bioma: Mata Atlântica; 439) família: Sapindaceae;
espécie: Talisia subalbens (nome popular: cascudo); autor: (Mart.)
Radlk.; UF: MT; bioma: Cerrado; 440) família: Sapotaceae; espécie:
Pouteria psammophila var. xestophylla; autor: (Miq.) Baehni; UF:
BA, ES, RJ, SE, SP; bioma: Mata Atlântica; 441) família:
Scrophulariaceae; espécie: Buddleja speciosissima; autor: Taub.;
UF: MG, RJ; bioma: Mata Atlântica; 442) família: Siparunaceae;
espécie: Siparuna tenuipes (nome popular: limoeiro-bravo); autor:
Perkins; UF: SP; bioma: Mata Atlântica; 443) família: Solanaceae;
espécie: Cestrum tubulosum; autor: Sendtn.; UF: SP; bioma:
Cerrado; 444) família: Solanaceae; espécie: Nicotiana mutabilis;
auotr: Stehmann & Semir; UF: RS; bioma: Mata Atlântica; 445)
família: Solanaceae; espécie: Nierembergia pinifolia; autor: Miers;
UF: RS; bioma: Pampa; 446) família: Solanaceae; espécie: Petunia
reitzii; autor: L. B. Sm. & Downs; UF: SC; bioma: Mata Atlântica;
447) família: Solanaceae; espécie: Petunia saxicola; autor: L. B. Sm.
& Downs; UF: SC; bioma: Mata Atlântica; 448) família: Solanaceae;
espécie: Schwenckia lateriflora; autor: (Vahl) Carvalho; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; 449) família: Solanaceae; espécie:
Schwenckia novaveneciana; autor: Carvalho; UF: ES; bioma: Mata
Atlântica; 450) família: Solanaceae; espécie: Solanum arenarium;
autor: Sendtn.; UF: RS; bioma: Pampa/Mata Atlântica; 451) família:
Solanaceae; espécie: Solanum bahianum; autor: S. Knapp; UF: BA;
bioma: Mata Atlântica; 452) família: Solanaceae; espécie: Solanum
spissifolium; autor: Sendtn.; UF: SP; bioma: Mata Atlântica;
observação: presumivelmente extinta; 453) família: Symplocaceae;
espécie: Symplocos altíssima; autor: Brand; UF: RJ; bioma: Mata
Atlântica; observação: presumivelmente extinta; 454) família:
Symplocaceae; espécie: Symplocos neglecta; autor: Brand; UF: RJ;
bioma: Mata Atlântica; observação: presumivelmente extinta; 455)
família: Thelypteridaceae; espécie: Thelypteris novaeana; autor:
(Brade) Ponce; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 456) família:
Theophrastaceae; espécie: Jacquinia brasiliensis (nome popular:
barbasco, pimenteira, tingui); autor: Mez; UF: AL, BA, CE, ES, PB,
PE, PI, RJ, RN, SE; bioma: Mata Atlântica; 457) família:
Trigoniaceae; espécie: Trigoniodendron spiritusanctense; autor: E. F.
Guim. & Miguel; UF: ES; bioma: Mata Atlântica; 458) família:
Verbenaceae; espécie: Lippia bromleyana; autor: Moldenke; UF: BA;
bioma: Caatinga; 459) família: Verbenaceae; espécie:
Stachytarpheta procumbens; autor: Moldenke; UF: MG; bioma:
Cerrado; 460) família: Violaceae; espécie: Hybanthus albus; autor:
(A. St.-Hil.) Baill.; UF: BA, MG; bioma: Caatinga; 461) família:
Vitaceae; espécie: Cissus inundata; auotr: (Baker) Planch.; UF: MG;
bioma: Cerrado; 462) família: Xyridaceae; espécie: Xyris almae;
autor: Kral & Wand.; UF: BA; bioma: Caatinga; 463) família:
Xyridaceae; espécie: Xyris augusto-coburgi; autor: Szyszyl. ex G.
Beck; UF: RJ, SP; bioma: Mata Atlântica; 464) família: Xyridaceae;
espécie: Xyris cipoensis (nome popular: coroinha); autor: L. B. Sm.
& Downs; UF: MG; bioma: Cerrado; 465) família: Xyridaceae;
espécie: Xyris coutensis (nome popular: cacau, coroa-cacau); autor:
Wand. & Cerati; UF: MG; bioma: Cerrado; 466) família: Xyridaceae;
espécie: Xyris hystrix (nome popular: coroa); autor: Seub.; UF: MG;
bioma: Cerrado; 467) família: Xyridaceae; espécie: Xyris morii;
autor: Kral & L. B. Sm.; UF: BA; bioma: Caatinga; 468) família:
Xyridaceae; espécie: Xyris nigricans (nome popular: coroa); autor:
L. A. Nilsson; UF: MG; bioma: Cerrado; 469) família: Xyridaceae;
espécie: Xyris phaeocephala; autor: Kral & Wand.; UF: BA; bioma:
Cerrado; 470) família: Xyridaceae; espécie: Xyris platystachya;
autor: L. A. Nilsson; UF: MG; bioma: Cerrado; 471) família:
Xyridaceae; espécie: Xyris retrorsifimbriata; autor: Kral & L. B. Sm.;
UF: BA; bioma: Cerrado.
Na Lista Nacional de Espécies da Flora Brasileira com
Deficiência de Dados (Anexo II da Instrução Normativa/MMA 06, de
23.09.2008) constam as seguintes espécies da flora brasileira
ameaçadas de extinção: 1) família: Acanthaceae; espécie:
Staurogyne elegans; autor: (Nees) Kuntze; 2) família: Acanthaceae;
espécie: Staurogyne itatiaiae; autor: (Wawra) Leonard; 3) família:
Acanthaceae; espécie: Staurogyne vauthieriana; autor: (Nees)
Kuntze; 4) família: Acanthaceae; espécie: Stenandrium hatschbachii;
autor: Wassh; 5) família: Alstroemeriaceae; espécie: Alstroemeria
amabilis; autor: M. C. Assis; 6) família: Alstroemeriaceae; espécie:
Alstroemeria apertiflora; autor: Baker; 7) família: Alstroemeriaceae;
espécie: Alstroemeria brasiliensis; autor: Spreng; 8) família:
Alstroemeriaceae; espécie: Alstroemeria malmeana; autor: Kraenzl;
9) família: Alstroemeriaceae; espécie: Alstroemeria orchidioides;
autor: Meerow, Tombolato & F. W. Mey; 10) família:
Alstroemeriaceae; espécie: Alstroemeria penduliflora; autor: M. C.
Assis; 11) família: Alstroemeriaceae; espécie: Alstroemeria
variegata; autor: M. C. Assis; 12) família: Amaranthaceae; espécie:
Alternanthera decurrens; autor: J. C. Siqueira; 13) família:
Amaranthaceae; espécie: Alternanthera januarensis; autor: J. C.
Siqueira; 14) família: Amaranthaceae; espécie: Froelichiella grisea;
autor: (Lopr.) R. E. Fr.; 15) família: Amaranthaceae; espécie:
Gomphrena centrota; autor: E. Holzh.; 16) família: Amaranthaceae;
espécie: Gomphrena nigricans; autor: Mart.; 17) família:
Amaranthaceae; espécie: Gomphrena riparia; autor: Pedersen; 18)
família: Amaryllidaceae; espécie: Cooperia brasiliensis; autor: Traub;
19) família: Amaryllidaceae; espécie: Griffinia aracensis; autor:
Ravenna; 20) família: Amaryllidaceae; espécie: Griffinia espiritensis;
autor: Ravenna; 21) família: Amaryllidaceae; espécie: Griffinia
gardneriana; autor: (Herb.) Ravenna; 22) família: Amaryllidaceae;
espécie: Griffinia nocturna; autor: Ravenna; 23) família:
Amaryllidaceae; espécie: Griffinia parviflora; autor: Ker Gawl; 24)
família: Amaryllidaceae; espécie: Griffinia paubrasilica Ravenna; 25)
família: Amaryllidaceae; espécie: Griffinia rochae; autor: G. M.
Morel; 26) família: Amaryllidaceae; espécie: Habranthus irwinianus;
autor: Ravenna; 27) família: Amaryllidaceae; espécie: Hippeastrum
angustifolium; autor: Pax; 28) família: Amaryllidaceae; espécie:
Hippeastrum breviflorum; autor: Herb.; 29) família: Amaryllidaceae;
espécie: Hippeastrum goianum; autor: (Ravenna) Meerow; 30)
família: Amaryllidaceae; espécie: Hippeastrum leucobasis; autor:
(Ravenna) Dutilh; 31) família: Amaryllidaceae; espécie: Hippeastrum
papilio; autor: (Ravenna) Van Scheepen; 32) família:
Amaryllidaceae; espécie:Hippeastrum psittacinum; autor: (Ker
Gawler) Herb.; 33) família: Amaryllidaceae; espécie: Hippeastrum
reginae; autor: Herb.; 34) família: Amaryllidaceae; espécie:
Hippeastrum santacatarina; autor: (Traub) Dutilh.; 35) família:
Amaryllidaceae; espécie: Hippeastrum vittatum; autor: Herb.; 36)
família: Amaryllidaceae; espécie: Zephyranthes caerulea; autor:
(Griseb.) Baker; 37) família: Amaryllidaceae; espécie: Zephyranthes
candida; autor: (Lindl.) Herb.; 38) família: Anacardiaceae; espécie:
Astronium fraxinifolium; autor: Schott ex Spreng; 39) família:
Anacardiaceae; espécie: Cyrtocarpa caatingae; autor: J. D. Mitch. &
Daly; 40) família: Anacardiaceae; espécie: Myracrodruon balansae;
autor: (Engl.) Santin; 41) família: Anacardiaceae; espécie:
Schinopsis brasiliensis var glabra; autor: Engl.; 42) família:
Annonaceae; espécie: Anaxagorea sylvatica; autor: R. E. Fr.; 43)
família: Annonaceae; espécie: Annona burchellii; autor: R. E. Fr.; 44)
família: Annonaceae; espécie: Duguetia magnolioidea; autor: Maas;
45) família: Annonaceae; espécie: Duguetia restingae; autor: Maas;
46) família: Annonaceae; espécie: Duguetia reticulata; autor: Maas;
47) família: Annonaceae; espécie: Duguetia salicifolia; autor: R. E.
Fr.; 48) família: Annonaceae; espécie: Duguetia scottmorii; autor:
Maas; 49) família: Annonaceae; espécie: Duguetia sooretamae;
autor: Maas; 50) família: Annonaceae; espécie: Guatteria reflexa;
autor: R. E. Fr.; 51) família: Annonaceae; espécie: Guatteria
xylopioides; autor: R. E. Fr.; 53) família: Annonaceae; espécie:
Hornschuchia alba; autor: (A. St.-Hil.) R. E. Fr.; 54) família:
Annonaceae; espécie: Hornschuchia cauliflora; autor: Mass & van
Setten; 55) família: Annonaceae; espécie: Hornschuchia obliqua;
autor: Maas & van Setten; 56) família:Annonaceae; espécie: Malmea
obovata; autor: R. E. Fr.; 57) família: Annonaceae; espécie: Rollinia
ferruginea; autor: (R. E. Fr.) Maas & Westra; 58) família:
Annonaceae; espécie: Rollinia maritima; autor: Záchia; 59) família:
Annonaceae; espécie: Trigynaea axilliflora; autor: D. M. Johnson &
N. A. Murray; 60) família: Annonaceae; espécie: Unonopsis
riedeliana; autor: R. E. Fr.; 61) família: Apocynaceae; espécie:
Barjonia harleyi; autor: Fontella; 62) família: Apocynaceae; espécie:
Ditassa abortiva; autor: E. Fourn.; 63) família: Apocynaceae;
espécie: Ditassa auriflora; autor: Rapini; 64) família: Apocynaceae;
espécie: Ditassa bifurcata; autor: Rapini; 65) família: Apocynaceae;
espécie: Ditassa cipoensis; autor: (Fontella) Rapini; 66) família:
Apocynaceae; espécie: Ditassa cordeiroana; autor: Fontella; 67)
família: Apocynaceae; espécie: Ditassa diamantinensis; autor:
Fontella; 68) família: Apocynaceae; espécie: Ditassa grazielae;
autor: (Fontella & Marquete) Rapini; 69) família: Apocynaceae;
espécie: Ditassa inconspicua; autor: Rapini; 70) família:
Apocynaceae; espécie: Ditassa itambensis; autor: Rapini; 71)
família: Apocynaceae; espécie: Ditassa laevis; autor: Mart.; 72)
família: Apocynaceae; espécie: Ditassa leonii; autor: Fontella; 73)
família: Apocynaceae; espécie: Ditassa magisteriana; autor: Rapini;
74) família: Apocynaceae; espécie: Ditassa monocoronata; autor:
Rapini; 75) família: Apocynaceae; espécie: Ditassa polygaloides;
autor: Silveira; 76) família: Apocynaceae; espécie: Ditassa
refractifolia; autor: K. Schum.; 77) família: Apocynaceae; espécie:
Ditassa semiri; autor: (Fontella) Rapini; 78) família: Apocynaceae;
espécie: Hemipogon furlanii; autor: (Fontella) Rapini; 79) família:
Apocynaceae; espécie: Hemipogon harleyi; autor: (Fontella) Goyder;
80) família: Apocynaceae; espécie: Hemipogon hatschbachii; autor:
(Fontella & Marquete) Rapini; 81) família: Apocynaceae; espécie:
Hemipogon piranii; autor: (Fontella) Rapini; 82) família:
Apocynaceae; espécie: Marsdenia queirozii; autor: Fontella; 83)
família: Apocynaceae; espécie: Matelea bahiensis; autor: Morillo &
Fontella; 84) família: Apocynaceae; espécie: Matelea santosii; autor:
Morillo & Fontella; 86) família: Apocynaceae; espécie: Metastelma
giuliettianum; autor: Fontella; 87) família: Apocynaceae; espécie:
Oxypetalum leonii; autor: Fontella; 88) família: Aquifoliaceae;
espécie: Ilex auricula; autor: S. Andrews; 89) família: Aquifoliaceae;
espécie: Ilex loranthoides; autor: Mart.; 90) família: Aquifoliaceae;
espécie: Ilex prostrata; autor: Groppo; 91) família: Araceae; espécie:
Anthurium bromelicola ssp. Bromelicola; autor: Mayo & L. P. Félix;
92) família: Araceae; espécie: Anthurium fontellanum; autor: Nadruz
& Leoni; 93) família: Araceae; espécie: Anthurium lucidum; autor:
Kunth; 94) família: Araceae; espécie: Heteropsis flexuosa; autor:
(Kunth) G.S.Bunting; 95) família: Araceae; espécie: Heteropsis
spruceana; autor: Schott; 96) família: Araliaceae; espécie: Schefflera
aurata; autor: Fiaschi; 97) família: Araliaceae; espécie: Schefflera
gardneri; autor: (Seem.) Frodin & Fiaschi; 98) família: Araliaceae;
espécie: Schefflera glaziovii; autor: (Taub.) Frodin & Fiaschi; 99)
família: Araliaceae; espécie: Schefflera succinea; autor: Frodin &
Fiaschi; 100) família: Arecaceae; espécie: Acrocomia hassleri; autor:
(Barb. Rodr.) W. J. Hahn; 101) família: Arecaceae; espécie:
Allagoptera arenaria; autor: (Gomes) Kuntze; 102) família:
Arecaceae; espécie: Allagoptera brevicalyx; autor: M. Moraes; 103)
família: Arecaceae; espécie: Attalea funifera; autor: Mart. ex
Spreng.; 104) família: Arecaceae; espécie: Bactris pickelii; autor:
Burret; 105) família: Arecaceae; espécie: Bactris timbuiensis; autor:
H. Q. B. Fernandes; 106) família: Arecaceae; espécie: Butia
campicola; autor: (Barb. Rodr.) Noblick; 107) família: Arecaceae;
espécie: Butia capitata var. odorata; autor: Becc.; 108) família:
Arecaceae; espécie: Butia leiospatha; autor: (Barb. Rodr.) Becc.;
109) família: Arecaceae; espécie: Butia microspadix; autor: Burret;
110) família: Arecaceae; espécie: Butia purpurascens; autor:
Glassman; 111) família: Arecaceae; espécie: Butia yatay; autor:
(Mart.) Becc.; 112) família: Arecaceae; espécie: Syagrus
leptospatha; autor: Burret; 113) família: Arecaceae; espécie:
Syagrus macrocarpa; autor: Barb. Rodr.; 114) família: Arecaceae;
espécie: Syagrus mendanhensis; autor: Glassman; 115) família:
Arecaceae; espécie: Syagrus picrophylla; autor: Barb. Rodr.; 116)
família: Arecaceae; espécie: Syagrus ruschiana; autor: (Bondar)
Glassman; 117) família: Arecaceae; espécie:Trithrinax brasiliensis;
autor: Mart.; 118) família: Asteraceae; espécie: Acritopappus
catolesensis; autor: D. J. N. Hind & Bautista; 119) família:
Asteraceae; espécie: Acritopappus connatifolius; autor: (Soares
Nunes) R. M. King & H. Rob.; 120) família: Asteraceae; espécie:
Acritopappus pintoi; autor: Bautista & D. J. N. Hind; 121) família:
Asteraceae; espécie: Agrianthus almasensis; autor: D. J. N. Hind;
122) família: Asteraceae; espécie: Agrianthus giuliettiae; autor: D. J.
N. Hind; 123) família: Asteraceae; espécie: Aspilia almasensis;
autor: D. J. N. Hind; 124) família: Asteraceae; espécie: Baccharis
elliptica; autor: Gardner; 125) família: Asteraceae; espécie:
Baccharis macroptera; autor: D. J. N. Hind; 126) família: Asteraceae;
espécie: Baccharis martiana; autor: G. M. Barroso; 127) família:
Asteraceae; espécie: Baccharis polyphylla; autor: Gardner; 128)
família: Asteraceae; espécie: Baccharis pseudobrevifolia; autor: D. J.
N. Hind; 129) família: Asteraceae; espécie: Calea abbreviata; autor:
Pruski & Urbatsch; 130) família: Asteraceae; espécie: Calea
brittoniana; autor: Pruski; 131) família: Asteraceae; espécie: Calea
clematidea; autor: Baker; 132) família: Asteraceae; espécie: Calea
kristinae; autor: Pruski; 133) família: Asteraceae; espécie: Catolesia
mentiens; autor: D. J. N. Hind; 134) família: Asteraceae; espécie:
Chaptalia chapadensis; autor: D. J. N. Hind; 135) família:
Asteraceae; espécie: Chaptalia hermogenis; autor: M. D. Moraes;
136) família: Asteraceae; espécie: Chionolaena lychnophorioides;
autor: Sch.Bip.; 137) família: Asteraceae; espécie: Dendrophorbium
catharinense; autor: (Dusén ex Cabrera) C. Jeffrey; 138) família:
Asteraceae; espécie: Dendrophorbium paranense; autor: (Malme)
Matzenb. & Baptista; 139) família: Asteraceae; espécie:
Dimerostemma annuum; autor: (Hassler) H. Rob.; 140) família:
Asteraceae; espécie: Dimerostemma apense; autor: (Chodat) M. D.
Moraes; 141) família: Asteraceae; espécie: Dimerostemma
bahiensis; autor: (H. Rob.) M. D. Moraes; 142) família: Asteraceae;
espécie: Dimerostemma bishopii; autor: H. Rob.; 143) família:
Asteraceae; espécie: Dimerostemma episcopale; autor: (H. Rob.) H.
Rob.; 144) família: Asteraceae; espécie: Dimerostemma grazielae H.
Rob.; 145) família: Asteraceae; espécie: Dimerostemma myrtifolium;
autor: (Chodat) M. D. Moraes; 146) família: Asteraceae; espécie:
Eremanthus argenteus; autor: MacLeish & Schumacher; 147)
família: Asteraceae; espécie: Eremanthus leucodendron; autor:
Mattf.; 148) família: Asteraceae; espécie: Eremanthus seidelii; autor:
MacLeish & Schumacher; 149) família: Asteraceae; espécie:
Eupatorium costatipes; autor: B. L. Rob.; 150) família: Asteraceae;
espécie: Eupatorium lineatum; autor: Sch. Bip. ex Baker; 151)
família: Asteraceae; espécie: Gardnerina angustata; autor: (Gardner)
R. M. King & H. Rob.; 152) família: Asteraceae; espécie: Gochnatia
orbiculata; autor: (Malme) Cabrera; 153) família: Asteraceae;
espécie: Heterocoma albida; autor: (DC. ex Pers.) DC.; 154) família:
Asteraceae; espécie: Hoehnephytum almasense; autor: D. J. N.
Hind; 155) família: Asteraceae; espécie: Holocheilus monocephalus;
autor: Mondin; 156) família: Asteraceae; espécie: Hysterionica
pinnatiloba; autor: Matzenb. & Sobral; 157) família: Asteraceae;
espécie: Ianthopappus corymbosus; autor: (Less.) Roque & D. J. N.
Hind; 158) família: Asteraceae; espécie: Ichthyothere connata; autor:
S. F. Blake; 159) família: Asteraceae; espécie: Ichthyothere elliptica;
autor: H. Rob.; 160) família: Asteraceae; espécie: Isostigma
crithmifolium; autor: Less.; 161) família: Asteraceae; espécie:
Lomatozona artemisaefolia; autor: Baker; 162) família: Asteraceae;
espécie: Lychnophora blanchetii; autor: Sch. Bip.; 163) família:
Asteraceae; espécie: Lychnophora brunioides; autor: Mart.; 164)
família: Asteraceae; espécie: Lychnophora crispa; autor: Mattf.; 165)
família: Asteraceae; espécie: Lychnophora diamantinana; autor:
Coile & S. B. Jones; 166) família: Asteraceae; espécie: Lychnophora
phylicifolia; autor: DC.; 167) família: Asteraceae; espécie:
Lychnophora regis; autor: H. Rob.; 168) família: Asteraceae;
espécie: Lychnophora santosii; autor: H. Rob.; 169) família:
Asteraceae; espécie: Lychnophora sericea; autor: D. J. N. Hind; 170)
família: Asteraceae; espécie: Lychnophora souzae; autor: H. Rob.;
171) família: Asteraceae; espécie: Lychnophoriopsis damazioi;
autor: (Beaverd) H. Rob.; 172) família: Asteraceae; espécie:
Lychnophoriopsis heterotheca; autor: Sch. Bip.; 173) família:
Asteraceae; espécie: Mikania alvimii; autor: R. M. King & H. Rob.;
174) família: Asteraceae; espécie: Mikania anethifolia; autor: (DC.)
Matzenb.; 175) família: Asteraceae; espécie: Mikania capricorni;
autor: B. L. Rob.; 176) família: Asteraceae; espécie: Mikania glabra;
autor: D. J. N. Hind; 177) família: Asteraceae; espécie: Mikania
hartbergii; autor: W. C. Holmes; 178) família: Asteraceae; espécie:
Mikania mosenii; autor: Malme; 179) família: Asteraceae; espécie:
Minasia alpestris; autor: (Gardner) H. Rob.; 180) família: Asteraceae;
espécie: Minasia pereirae; autor: H. Rob.; 181) família: Asteraceae;
espécie: Monogereion carajensis; autor: G. M. Barroso & R. M. King;
182) família: Asteraceae; espécie: Neblinaea promontoriorum; autor:
Maguire & Wurdack; 183) família: Asteraceae; espécie: Noticastrum
hatschbachii; autor: Zardini; 184) família: Asteraceae; espécie:
Noticastrum malmei; autor: Zardini; 185) família: Asteraceae;
espécie: Noticastrum psammophilum; autor: (Klatt) Cuatrec.; 186)
família: Asteraceae; espécie: Ophryosporus organensis; autor: G. M.
Barroso; 187) família: Asteraceae; espécie: Pamphalea bupleurifolia;
autor: Less.; 188) família: Asteraceae; espécie: Pamphalea maxima;
autor: Less.; 189) família: Asteraceae; espécie: Paralychnophora
atkinsiae; autor: D. J. N. Hind; 190) família: Asteraceae; espécie:
Paralychnophora bicolor; autor: (DC.) MacLeish; 191) família:
Asteraceae; espécie: Paralychnophora harleyi; autor: (H. Rob.) D. J.
N. Hind; 192) família: Asteraceae; espécie: Paralychnophora
patriciana; autor: D. J. N. Hind; 193) família: Asteraceae; espécie:
Paralychnophora reflexoauriculata; autor: (G. M. Barroso)
MacLeish.; 194) família: Asteraceae; espécie: Paralychnophora
santosii; autor: (H. Rob.) D. J. N. Hind; 195) família: Asteraceae;
espécie: Perezia eryngioides; autor: (Cabrera) Crisci & Martic.; 196)
família: Asteraceae; espécie: Perezia squarrosa ssp. squarrosa;
autor: (Vahl) Less.; 197) família: Asteraceae; espécie: Planaltoa
lychnophorioides; autor: G. M. Barroso; 198) família: Asteraceae;
espécie: Porophyllum bahiense; autor: D. J. N. Hind; 199) família:
Asteraceae; espécie: Proteopsis argentea; autor: Mart. & Zucc. ex
Sch. Bip.; 200) família: Asteraceae; espécie: Quelchia conferta;
autor: N. E. Br.; 201) família: Asteraceae; espécie: Richterago
angustifolia; autor: (Gardner) Roque; 202) família: Asteraceae;
espécie: Richterago arenaria; autor: (Baker) Roque; 203) família:
Asteraceae; espécie: Richterago campestris; autor: Roque & J. N.
Nakaj.; 204) família: Asteraceae; espécie: Richterago caulescens;
autor: Roque; 205) família: Asteraceae; espécie: Richterago
conduplicata; autor: Roque; 206) família: Asteraceae; espécie:
Richterago elegans; autor: Roque; 207) família: Asteraceae;
espécie: Richterago hatschbachii; autor: (Zardini) Roque; 208)
família: Asteraceae; espécie: Richterago lanata; autor: Roque; 209)
família: Asteraceae; espécie: Richterago petiolata; autor: Roque & J.
N. Nakaj.; 210) família: Asteraceae; espécie: Richterago polyphylla;
autor: (Baker) Ferreyra; 211) família: Asteraceae; espécie:
Richterago riparia; autor: Roque; 212) família: Asteraceae; espécie:
Richterago stenophylla; autor: (Cabrera) Roque; 213) família:
Asteraceae; espécie: Richterago suffrutescens; autor: (Cabrera)
Roque; 214) família: Asteraceae; espécie: Schlechtendalia
luzulifolia; autor: Less.; 215) família: Asteraceae; espécie: Senecio
almasensis; autor: Mattf.; 216) família: Asteraceae; espécie: Senecio
gertii; autor: Zardini; 217) família: Asteraceae; espécie: Senecio
hatschbachii; autor: Cabrera; 218) família: Asteraceae; espécie:
Senecio riograndensis; autor: Matzenb.; 219) família: Asteraceae;
espécie: Smallanthus araucariophilus; autor: Mondin; 220) família:
Asteraceae; espécie: Smallanthus riograndensis; autor: Mondin;
221) família: Asteraceae; espécie: Stenopadus aracaensis; autor:
Pruski; 222) família: Asteraceae; espécie: Stenopadus connellii;
autor: (N. E. Br.) S. F. Blake; 223) família: Asteraceae; espécie:
Stenopadus sericeus; autor: Maguire & Aristeg.; 224) família:
Asteraceae; espécie: Stenopadus talaumifolius; autor: S. F. Blake;
225) família: Asteraceae; espécie: Stenophalium almasense; autor:
D. J. N. Hind; 226) família: Asteraceae; espécie: Stevia alternifolia;
autor: Hieron.; 227) família: Asteraceae; espécie: Stevia camporum;
autor: Baker; 228) família: Asteraceae; espécie: Stevia hilarii; autor:
B. L. Rob.; 229) família: Asteraceae; espécie: Stevia leptophylla;
autor: Sch.Bip. ex Baker; 230) família: Asteraceae; espécie: Stevia
organensis; autor: Gardner; 231) família: Asteraceae; espécie:
Stifftia fruticosa; autor: (Vell.) D. J. N. Hind & Semir; 232) família:
Asteraceae; espécie: Stilpnopappus cearensis; autor: Huber; 233)
família: Asteraceae; espécie: Stilpnopappus rubropappus; autor:
Soares Nunes; 234) família: Asteraceae; espécie: Stilpnopappus
semirianus R. Esteves; 235) família: Asteraceae; espécie:
Stilpnopappus suffruticosus; autor: Gardner; 236) família:
Asteraceae; espécie: Stilpnopappus tomentosus; autor: Mart.; 237)
família: Asteraceae; espécie: Stylotrichium corymbosum; autor:
(DC.) Mattf.; 238) família: Asteraceae; espécie: Stylotrichium
edmundoi; autor: G. M. Barroso; 239) família: Asteraceae; espécie:
Stylotrichium glomeratum; autor: Bautista, Rodr. Oubina & S. Ortiz;
240) família: Asteraceae; espécie: Stylotrichium sucrei; autor: R. M.
King & H. Rob.; 241) família: Asteraceae; espécie: Symphyopappus
casarettoi; autor: B. L. Rob.; 242) família: Asteraceae; espécie:
Symphyopappus lymansmithii; autor: B. L. Rob.; 243) família:
Asteraceae; espécie: Symphyopappus uncinatus; autor: H. Rob.;
244) família: Asteraceae; espécie: Trichocline catharinensis var.
discolor; autor: Cabrera; 245) família: Asteraceae; espécie:
Trichocline incana; autor: Cass.; 246) família: Asteraceae; espécie:
Trixis pruskii; autor: D. J. N. Hind; 247) família: Asteraceae; espécie:
Verbesina pseudoclaussenii; autor: D. J. N. Hind; 248) família:
Asteraceae; espécie: Vernonia almasensis; autor: D. J. N. Hind; 249)
família: Asteraceae; espécie: Vernonia alpestris; autor: (Gardn.)
Baker; 250) família: Asteraceae; espécie: Vernonia chamissonis;
autor: Less.; 251) família: Asteraceae; espécie: Vernonia
echinocephala; autor: H. Rob.; 252) família: Asteraceae; espécie:
Vernonia eitenii; autor: H. Rob.; 253) família: Asteraceae; espécie:
Vernonia gertii; autor: Dematteis; 254) família: Asteraceae; espécie:
Vernonia glandulosodentata; autor: Hieron.; 255) família:
Asteraceae; espécie: Vernonia goiasensis; autor: S. B. Jones; 256)
família: Asteraceae; espécie: Vernonia irwinii; autor: G. M. Barroso;
257) família: Asteraceae; espécie: Vernonia luetzelburgii; autor:
Mattf.; 258) família: Asteraceae; espécie: Vernonia pseudaurea;
autor: D. J. N. Hind; 259) família: Asteraceae; espécie: Vernonia
sessilifolia; autor: Less.; 260) família: Asteraceae; espécie: Vernonia
souzae; autor: H. Rob.; 261) família: Asteraceae; espécie: Vernonia
spixiana; autor: Mart. ex DC.; 262) família: Asteraceae; espécie:
Vernonia xiquexiquensis; autor: D. J. N. Hind; 263) família:
Asteraceae; espécie: Viguiera filifolia; autor: Sch. Bip. ex Baker; 264)
família: Asteraceae; espécie: Viguiera hispida; autor: Baker; 265)
família: Asteraceae; espécie: Viguiera hypoleuca; autor: Blake; 266)
família: Asteraceae; espécie: Viguiera linearifolia; autor: Chodat;
267) família: Asteraceae; espécie: Wedelia macedoi; autor: H. Rob.;
268) família: Asteraceae; espécie: Wunderlichia azulensis; autor:
Maguire & G. M. Barroso; 269) família: Asteraceae; espécie:
Wunderlichia cruelsiana; autor: Taub.; 270) família: Asteraceae;
espécie: Wunderlichia senae; autor: Glaz. ex Maguire & G. M.
Barroso; 271) família: Balanophoraceae; espécie: Helosis
cayennensis var cayennensis; autor: (Sw.) Spreng.; 272)
Begoniaceae; espécie: Begonia albidula; autor: Brade; 273) família:
Begoniaceae; espécie: Begonia altamiroi; autor: Brade; 274) família:
Begoniaceae; espécie: Begonia crispula; autor: Brade; 275) família:
Begoniaceae; espécie: Begonia espiritosantensis; autor: E. L.
Jacques & Mamede; 276) família: Begoniaceae; espécie: Begonia
ibitiocensis; autor: E. L. Jacques & Mamede; 277) família:
Begoniaceae; espécie: Begonia ruschii; autor: L. Kollmann; 278)
família: Berberidaceae; espécie: Berberis camposportoi; autor:
Brade; 279) família: Berberidaceae; espécie: Berberis kleinii; autor:
Mattos; 280) família: Bignoniaceae; espécie: Adenocalymma
ackermannii; autor: Bureau & K. Schum.; 281) família: Bignoniaceae;
espécie: Adenocalymma dichilum; autor: A. H. Gentry; 282) família:
Bignoniaceae; espécie: Adenocalymma fruticosum; autor: A. H.
Gentry; 283) família: Bignoniaceae; espécie: Adenocalymma
nervosum; autor: Bureau & K. Schum.; 284) família: Bignoniaceae;
espécie: Adenocalymma perglandulosum; autor: A. H. Gentry; 285)
família: Bignoniaceae; espécie: Anemopaegma mirabile; autor:
(Sandwith) A. H. Gentry; 286) família: Bignoniaceae; espécie:
Anemopaegma patelliforme; autor: A. H. Gentry; 287) família:
Bignoniaceae; espécie: Arrabidaea crassa; autor: (Bureau & K.
Schum.) Sprague; 288) família: Bignoniaceae; espécie: Arrabidaea
elegans; autor: (Vell.) A. H. Gentry; 289) família: Bignoniaceae;
espécie: Godmania dardanoi; autor: (J. C. Gomes) A. H. Gentry;
290) família: Bignoniaceae; espécie: Jacaranda bullata; autor: A. H.
Gentry; 291) família: Bignoniaceae; espécie: Jacaranda egleri; autor:
Sandwith; 292) família: Bignoniaceae; espécie: Jacaranda
grandifoliolata; autor: A. H. Gentry; 293) família: Bignoniaceae;
espécie: Jacaranda microcalyx; autor: A. H. Gentry; 294) família:
Bignoniaceae; espécie: Jacaranda morii; autor: A. H. Gentry; 295)
família: Bignoniaceae; espécie: Pleonotoma bracteata; autor: A. H.
Gentry; 296) família: Bignoniaceae; espécie: Sparattosperma
catingae; autor: A. H. Gentry; 297) família: Bignoniaceae; espécie:
Tabebuia arianeae; autor: A. H. Gentry; 298) família: Bignoniaceae;
espécie: Tabebuia; autor: cassinoides; autor: (Lam.) DC.; 299)
família: Bignoniaceae; espécie: Tabebuia catarinensis; autor: A. H.
Gentry & Morawetz; 300) família: Bignoniaceae; espécie: Tabebuia
cristata; autor: A. H. Gentry; 301) família: Bignoniaceae; espécie:
Tabebuia obtusifolia; autor: (Cham) Bureau; 302) família:
Bignoniaceae; espécie: Tabebuia riodocensis; autor: A. H. Gentry;
303) família: Bignoniaceae; espécie: Tabebuia spongiosa; autor:
Rizzini; 304) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea alopecurus;
autor: Mez; 305) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea
amicorum; autor: B. R. Silva & H. Luther; 306) família: Bromeliaceae;
espécie: Aechmea calyculata; autor: Baker; 307) família:
Bromeliaceae; espécie: Aechmea castanea; autor: L. B. Sm.; 308)
família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea depressa; autor: L. B.
Sm.; 309) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea echinata; autor:
(Leme) Leme; 310) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea
fosteriana; autor: L. B. Sm.; 311) família: Bromeliaceae; espécie:
Aechmea gracilis; autor: Lindman; 312) família: Bromeliaceae;
espécie: Aechmea gustavoi; autor: J. A. Siqueira & Leme; 313)
família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea marginalis Leme &
J.A.Siqueira; 314) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea mutica;
autor: L. B. Sm.; 315) família: Bromeliaceae; espécie: Aechmea
orlandiana; autor: L. B. Sm.; 316) família: Bromeliaceae; espécie:
Aechmea sphaerocephala; autor: Baker; 317) família: Bromeliaceae;
espécie: Alcantarea benzingii; autor: Leme; 318) família:
Bromeliaceae; espécie: Alcantarea farneyi; autor: (Martinelli & And.
Costa) J. R. Grant; 319) família: Bromeliaceae; espécie: Alcantarea
geniculata; autor: (Wawra) J. R. Grant; 320) família: Bromeliaceae;
espécie: Alcantarea glaziouana; autor: (Lem.) Leme; 321) família:
Bromeliaceae; espécie: Alcantarea imperialis; autor: Harms; 322)
família: Bromeliaceae; espécie: Alcantarea nahoumii; autor: (Leme)
J. R. Grant; 323) família: Bromeliaceae; espécie: Alcantarea
nevaresii; autor: Leme; 324) família: Bromeliaceae; espécie: Andrea
selloana; autor: (Baker) Mez; 325) família: Bromeliaceae; espécie:
Araeococcus montanus; autor: Leme; 326) família: Bromeliaceae;
espécie: Araeococcus parviflorus; autor: (Mart. ex Schultes f.)
Lindman; 327) família: Bromeliaceae; espécie: Bromelia braunii;
autor: Leme & Esteves; 328) família: Bromeliaceae; espécie:
Bromelia macedoi; autor: L. B. Sm.; 329) família: Bromeliaceae;
espécie: Canistropsis elata; autor: (E. Pereira & Leme) Leme; 330)
família: Bromeliaceae; espécie: Canistrum alagoanum; autor: Leme
& J. A. Siqueira; 331) família: Bromeliaceae; espécie: Canistrum
aurantiacum; autor: E. Morren; 332) família: Bromeliaceae; espécie:
Canistrum camacaensis; autor: Martinelli & Leme; 333) família:
Bromeliaceae; espécie: Canistrum guzmanioides; autor: Leme; 334)
família: Bromeliaceae; espécie: Canistrum montanum; autor: Leme;
335) família: Bromeliaceae; espécie: Canistrum pickelii; autor:
(Andrade-Lima & L. B. Sm.) Leme & J. A. Siqueira; 336) família:
Bromeliaceae; espécie: Cryptanthus caracensis; autor: Leme & E.
Gross; 337) família: Bromeliaceae; espécie: Cryptanthus glaziovii;
autor: Mez; 338) família: Bromeliaceae; espécie: Cryptanthus
zonatus; autor: Beer; 339) família: Bromeliaceae; espécie:
Deuterocohmia meziana; autor: O. Kuntze ex Mez; 340) família:
Bromeliaceae; espécie: Disteganthus calatheoides; autor: (L. B.
Smith) L. B. Smith & Read; 341) família: Bromeliaceae; espécie:
Dyckia choristaminea; autor: Mez; 342) família: Bromeliaceae;
espécie: Dyckia delicata; autor: Larocca & Sobral; 343) família:
Bromeliaceae; espécie: Dyckia ibicuiensis; autor: T. Strehl; 344)
família: Bromeliaceae; espécie: Dyckia irmgardiae; autor: L. B. Sm.;
345) família: Bromeliaceae; espécie: Dyckia pseudococcinea; autor:
L. B. Sm.; 346) família: Bromeliaceae; espécie: Dyckia rariflora;
autor: Schult. f.; 347) família: Bromeliaceae; espécie: Dyckia
retroflexa; autor: S. Winkl.; 348) família: Bromeliaceae; espécie:
Dyckia ursina; autor: L. B. Sm.; 349) família: Bromeliaceae; espécie:
Encholirium biflorum; autor: (Mez) Forzza; 350) família:
Bromeliaceae; espécie: Encholirium disjunctum; autor: Forzza; 351)
família: Bromeliaceae; espécie: Encholirium gracile; autor: L. B. Sm.;
352) família: Bromeliaceae; espécie: Encholirium heloisae; autor: (L.
B. Sm.) Forzza & Wand.; 353) família: Bromeliaceae; espécie:
Encholirium horridum; autor: L. B. Sm.; 354) família: Bromeliaceae;
espécie: Encholirium irwinii; autor: L. B. Sm.; 355) família:
Bromeliaceae; espécie: Encholirium longiflorum; autor: Leme; 356)
família: Bromeliaceae; espécie: Encholirium luxor; autor: L. B. Sm. &
R. W. Read; 357) família: Bromeliaceae; espécie: Encholirium
pedicellatum; autor: (Mez) Rauh; 358) família: Bromeliaceae;
espécie: Encholirium scrutor; autor: (L. B. Sm.) Rauh; 359) família:
Bromeliaceae; espécie: Encholirium vogelii; autor: Rauh; 360)
família: Bromeliaceae; espécie: Fernseea bocainensis; autor: E.
Pereira & Moutinho; 361) família: Bromeliaceae; espécie: Guzmania
sanguinea; autor: André ex Mez.; 362) família: Bromeliaceae;
espécie: Hohenbergia belemii; autor: L. B. Sm. & R. W. Read; 363)
família: Bromeliaceae; espécie: Lymania alvimii; autor: (L. B. Sm. &
R. W. Read) W. R. Read; 364) família: Bromeliaceae; espécie:
Lymania azurea; autor: Leme; 365) família: Bromeliaceae; espécie:
Lymania brachycaulis; autor: (E. Morren ex Baker) L. O. F. Sousa;
366) família: Bromeliaceae; espécie: Lymania corallina; autor:
(Brong. ex Beer) R. W. Read; 367) família: Bromeliaceae; espécie:
Lymania globosa; autor: Leme; 368) família: Bromeliaceae; espécie:
Lymania spiculata; autor: Leme & Forzza; 369) família:
Bromeliaceae; espécie: Neoregelia brownii; autor: Leme; 370)
família: Bromeliaceae; espécie: Neoregelia burlemarxii; autor: R. W.
Read; 371) família: Bromeliaceae; espécie: Neoregelia compacta;
autor: (Mez) L. B. Sm.; 372) família: Bromeliaceae; espécie:
Neoregelia cruenta; autor: (Graham) L. B. Sm.; 373) família:
Bromeliaceae; espécie: Neoregelia hoehniana; autor: L. B. Sm.; 374)
família: Bromeliaceae; espécie: Neoregelia pascoalina; autor: L. B.
Sm.; 375) família: Bromeliaceae; espécie: Neoregelia
pernambucana; autor: Leme J. A. Siqueira; 376) família:
Bromeliaceae; espécie: Nidularium atalaiaensis; autor: E. Pereira &
Leme; 377) família: Bromeliaceae; espécie: Nidularium azureum;
autor: (L. B. Sm.) Leme; 378) família: Bromeliaceae; espécie:
Nidularium corallinum; autor: (Leme) Leme; 379) família:
Bromeliaceae; espécie: Nidularium itatiaiae; autor: L. B. Sm.; 380)
família: Bromeliaceae; espécie: Nidularium kautskyanum; autor:
Leme; 381) família: Bromeliaceae; espécie: Nidularium
mangaratibense; autor: Leme; 382) família: Bromeliaceae; espécie:
Nidularium organense; autor: Leme; 383) família: Bromeliaceae;
espécie: Nidularium rosulatum; autor: Ule; 384) família:
Bromeliaceae; espécie: Orthophytum duartei; autor: L. B. Sm.; 385)
família: Bromeliaceae; espécie: Orthophytum fosterianum; autor: L.
B. Sm.; 386) família: Bromeliaceae; espécie: Orthophytum
grossiorum; autor: Leme & C. C. Paula; 387) família: Bromeliaceae;
espécie: Pitcairnia albiflos; autor: Herb.; 388) família: Bromeliaceae;
espécie: Pitcairnia bradei; autor: Markgr.; 389) família:
Bromeliaceae; espécie: Pitcairnia encholirioides; autor: L. B. Sm.;
390) família: Bromeliaceae; espécie: Pitcairnia; autor: glaziovii
Baker; 391) família: Bromeliaceae; espécie: Pitcairnia limae; autor:
L. B. Sm.; 392) família: Bromeliaceae; espécie: Portea alatisepala;
autor: Philcox; 393) família: Bromeliaceae; espécie: Portea nana;
autor: Leme & H. Luther; 394) família: Bromeliaceae; espécie:
Quesnelia humilis; autor: Mez; 395) família: Bromeliaceae; espécie:
Quesnelia seideliana; autor: L. B. Sm. & Reitz; 396) família:
Bromeliaceae; espécie: Tillandsia brachyphylla; autor: Baker; 397)
família: Bromeliaceae; espécie: Tillandsia grazielae; autor: Sucre &
R. Braga; 398) família: Bromeliaceae; espécie: Tillandsia heubergeri
Ehlers; 399) família: Bromeliaceae; espécie: Tillandsia itaubensis;
autor: T. Strehl; 400) família: Bromeliaceae; espécie: Tillandsia
ixioides; autor: Griseb.; 401) família: Bromeliaceae; espécie:
Tillandsia kautskyi; autor: E. Pereira; 402) família: Bromeliaceae;
espécie: Tillandsia neglecta; autor: Pereira; 403) família:
Bromeliaceae; espécie: Tillandsia reclinata; autor: E. Pereira &
Martinelli; 404) família: Bromeliaceae; espécie: Tillandsia sucrei;
autor: Pereira; 405) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
altimontana; autor: E. Pereira & Martinelli; 406) família:
Bromeliaceae; espécie: Vriesea altomacaensis; autor: A. F. Costa;
407) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea amethystina; autor: E.
Morren; 408) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea arachnoidea;
autor: A. F. Costa; 409) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
atropurpurea; autor: Silveira; 410) família: Bromeliaceae; espécie:
Vriesea bituminosa Wawra; 411) família: Bromeliaceae; espécie:
Vriesea bleheri; autor: Roeth & W. Weber; 412) família:
Bromeliaceae; espécie: Vriesea botafogensis; autor: Mez; 413)
família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea brassicoides; autor: Mez;
414) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea cacuminis; autor: L. B.
Sm.; 415) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea costae; autor: B.
R. Silva & Leme; 416) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
delicatula; autor: L. B. Sm.; 417) família: Bromeliaceae; espécie:
Vriesea; autor: Leme; 418) família: Bromeliaceae Vriesea duvaliana;
autor: E. Morren; 419) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
eltoniana; autor: E. Pereira & Ivo; 420) família: Bromeliaceae;
espécie: Vriesea fosteriana; autor: L. B. Sm. ; 421) família:
Bromeliaceae; espécie: Vriesea goniorachis; autor: Mez; 422)
família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea hieroglyphica; autor: E.
Morren; 423) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea leptantha;
autor: Harms; 424) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
longistaminea; autor: C. C. Paula & Leme; 425) família:
Bromeliaceae; espécie: Vriesea minarum; autor: L. B. Sm.; 426)
família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea pastuchoffiana; autor: Glaz.
ex Mez; 427) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea penduliflora;
autor: L. B. Sm.; 428) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
psittacina; autor: Lindl.; 429) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
racinae; autor: L. B. Sm.; 430) família: Bromeliaceae; espécie:
Vriesea recurvata; autor: Gaudich.; 431) família: Bromeliaceae;
espécie: Vriesea rubyi; autor: E. Pereira; 432) família: Bromeliaceae;
espécie: Vriesea saundersii; autor: Morren; 433) família:
Bromeliaceae; espécie: Vriesea sparsiflora; autor: L. B. Sm.; 434)
família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea sucrei; autor: L. B. Sm. & R.
W. Read; 435) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea thyrsoidea;
autor: Mez; 436) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea triligulata;
autor: Mez; 437) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea vidalii L. B.
Sm. & Handro; 438) família: Bromeliaceae; espécie: Vriesea
warmingii; autor: E. Morren; 439) família: Bromeliaceae; espécie:
Vriesea wawranea; autor: Antoine; 440) família: Burseraceae;
espécie: Dacryodes edilsonii; autor: Daly; 441) família: Burseraceae;
espécie: Protium bahianum; autor: Daly; 442) família: Burseraceae;
espécie: Protium giganteum var. crassifolium; autor: Engl.; 443)
família: Burseraceae; espécie: Protium heptaphyllum ssp. cordatum;
autor: (Aubl.) Marchand; 444) família: Burseraceae; espécie: Protium
icicariba var. talmonii; autor: D. C. Daly; 445) família: Burseraceae;
espécie: Protium inodorum Daly; 446) família: Burseraceae; espécie:
Tetragastris occhionii; autor: (Rizzini) Daly; 447) família: Cactaceae;
espécie: Arrojadoa bahiensis; autor: (P. J. Braun & Esteves) N. P.
Taylor & U. Eggli; 448) família: Cactaceae; espécie: Arrojadoa dinae
ssp. dinae; autor: Buining & Brederoo; 449) família: Cactaceae;
espécie: Arrojadoa dinae ssp. eriocaulis; autor: (Buining & Brederoo)
N. P. Taylor & D. C. Zappi; 450) família: Cactaceae; espécie:
Arthrocereus glaziovii; autor: (K. Schum.) N. P. Taylor & Zappi; 451)
família: Cactaceae; espécie: Arthrocereus melanurus; autor: (K.
Schum.) Diers, P. J. Braun & Esteves; 452) família: Cactaceae;
espécie: Cereus mirabella; autor: N. P. Taylor; 453) família:
Cactaceae; espécie: Cipocereus bradei; autor: (Backeb. & Voll)
Zappi & N. P. Taylor; 454) família: Cactaceae; espécie: Cipocereus
minensis ssp. minensis; autor: F. Ritter; 455) família: Cactaceae;
espécie: Coleocephalocereus buxbaumianus ssp. Flavisetus; autor:
(F. Ritter) N. P. Taylor & D. C. Zappi; 456) família: Cactaceae;
espécie: Discocactus bahiensis; autor: Britton & Rose; 457) família:
Cactaceae; espécie: Discocactus catingicola; autor: Buining &
Brederoo; 458) família: Cactaceae; espécie: Discocactus ferricola;
autor: Buining & Brederoo; 459) família: Cactaceae; espécie:
Discocactus placentiformis; autor: K. Schum.; 460) família:
Cactaceae; espécie: Discocactus zehntneri; autor: Britton & Rose;
461) família: Cactaceae; espécie: Echinopsis eyriesii; autor: (Turpin)
Pfeiff. & Otto; 462) família: Cactaceae; espécie: Facheiroa
cephaliomelana; autor: Buining & Brederoo; 463) família: Cactaceae;
espécie: Hatiora cylindrica; autor: Britton & Rose; 464) família:
Cactaceae; espécie: Hatiora rosea; auotr: (Lagerheim) Barthlott;
465) família: Cactaceae ; espécie: Melocactus conoideus; autor:
Buining & Brederoo; 466) família: Cactaceae; espécie: Melocactus
ferreophilus; autor: Buining & Brederoo; 467) família: Cactaceae;
espécie: Melocactus paucispinus; autor: Heimen; 468) família:
Cactaceae; espécie: Melocactus violaceus; autor: Pfeiff.; 469)
família: Cactaceae; espécie: Micranthocereus violaciflorus; autor:
Buining; 470) família: Cactaceae; espécie: Parodia rechensis; autor:
(Buining) F. H. Brandt; 471) família: Cactaceae; espécie: Pereskia
aureiflora; autor: F. Ritter; 472) família: Cactaceae; espécie:
Pilosocereus floccosus ssp. Quadricostatus; autor: (F. Ritter) D. C.
Zappi; 473) família: Cactaceae; espécie: Pilosocereus fulvilanatus;
autor: (Buining & Brederoo) F. Ritter; 474) família: Cactaceae;
espécie: Pseudoacanthocereus brasiliensis; autor: (Britton & Rose)
F. Ritter; 475) família: Cactaceae; espécie: Rhipsalis baccifera ssp.
Hileiabaiana; autor: N. P. Taylor & Barthlott; 476) família: Cactaceae;
espécie: Rhipsalis crispata; autor: (Haw.) Pfeiff.; 477) família:
Cactaceae; espécie: Rhipsalis paradoxa ssp. Septentrionalis; autor:
N. P. Taylor & Barthlott; 478) família: Cactaceae; espécie: Rhipsalis
pilocarpa; autor: Loefgr.; 479) família: Cactaceae; espécie:
Schlumbergera kautskyi; autor: (Horobin & McMillan) N. P. Taylor;
480) família: Cactaceae; espécie: Schlumbergera truncata; autor:
(Haw.) Moran; 481) família: Cactaceae; espécie: Tacinga saxatilis
ssp. Estevesii; autor: (P. J. Braun) W. Stuppy & N. P. Taylor; 482)
família: Cactaceae; espécie: Tacinga werneri; autor: (Eggli) W.
Stuppy & N. P. Taylor; 483) família: Cactaceae; espécie:
Uebelmannia pectinifera; autor: Buining; 484) família:
Campanulaceae; espécie: Lobelia hilaireana; autor: (Kanitz) E.
Wimm.; 485) família: Campanulaceae; espécie: Lobelia santoslimae;
autor: Brade; 486) família: Celastraceae; espécie: Elachyptera
coriacea; autor: Lombardi; 487) família: Celastraceae; espécie:
Maytenus acanthophylla; autor: Reissek; 488) família: Celastraceae;
espécie: Maytenus basidentata; autor: Reissek; 489) família:
Celastraceae; espécie: Maytenus quadrangulata; autor: (Schrad.)
Loes.; 490) família: Celastraceae; espécie: Maytenus rupestris;
autor: Pirani & Carvalho-Okano; 491) família: Celastraceae; espécie:
Peritassa longifólia; autor: Lombardi; 492) família: Celastraceae;
espécie: Peritassa saddleri; autor: Lombardi; 493) família:
Celastraceae; espécie: Tontelea lanceolata; autor: (Miers) A. C. Sm.;
494) família: Celastraceae; espécie: Tontelea martiana; autor:
(Miers) A. C. Sm.; 495) família: Chrysobalanaceae; espécie:
Couepia montesclarensis; autor: Prance; 496) família:
Chrysobalanaceae; espécie: Couepia schottii; autor: Fritsch; 497)
família: Combretaceae; espécie: Buchenavia igaratensis; autor: N. F.
Mattos; 498) família: Combretaceae; espécie: Combretum rupicola;
autor: Ridley; 499) família: Combretaceae; espécie: Terminalia
kuhlmannii; autor: Alwan & Stace; 500) família: Combretaceae;
espécie: Terminalia reitzii; autor: Exell; 501) família:
Commelinaceae; espécie: Dichorisandra acaulis; autor: Cogn.; 502)
família: Commelinaceae; espécie: Dichorisandra glaziovii; autor:
Taub. 503) família: Commelinaceae; espécie: Dichorisandra
leucophtalmos; autor: Hook.; 504) família: Commelinaceae; espécie:
Dichorisandra perforans; autor: C. B. Clarke; 505) família:
Commelinaceae; espécie: Siderasis fuscata; autor: (Lodd.) H. E.
Moore; 506) família: Convolvulaceae; espécie: Evolvulus glaziovii;
autor: Dammer; 507) família: Convolvulaceae; espécie: Evolvulus
gypsophiloides var. confertus; autor: Choisy; 508) família:
Convolvulaceae; espécie: Evolvulus kramerioides; autor: Mart.; 509)
família: Convolvulaceae; espécie: Evolvulus rariflorus; autor:
(Meisn.) Ooststr.; 510) família: Convolvulaceae; espécie: Ipomoea
daturiflora; autor: Meisn.; 511) família: Convolvulaceae; espécie:
Jacquemontia revoluta; autor: R. S. Bianchini; 512) família:
Convolvulaceae; espécie: Merremia repens; autor: Austin & Staples;
513) família: Cyperaceae; espécie: Bulbostylis latifólia; autor: Kral &
M. T. Strong; 514) família: Cyperaceae; espécie: Cryptangium
claussenii; autor: C. B. Clarke; 515) família: Cyperaceae; espécie:
Cryptangium comatum; autor: Boeck.; 516) família: Cyperaceae;
espécie: Cryptangium humile; autor: Boeck.; 517) família:
Cyperaceae; espécie: Cyperus atlanticus; autor: Hemsl.; 518)
família: Cyperaceae; espécie: Hypolytrum amorimii; autor: M. Alves
& W. W. Thomas; 519) família: Cyperaceae; espécie: Hypolytrum
bahiense; autor: M. Alves & W. W. Thomas; 520) família:
Cyperaceae; espécie: Hypolytrum lucennoi; autor: M. Alves & W. W.
Thomas; 521) família: Cyperaceae; espécie: Hypolytrum paraense;
autor: M. Alves & W. W. Thomas; 522) família: Cyperaceae; espécie:
Lagenocarpus bracteosus; auotr: C. B. Clarke; 523) família:
Cyperaceae; espécie: Rhynchospora paranaensis; autor: A. C.
Araujo & W. W. Thomas; 524) família: Cyperaceae; espécie: Trilepis
tenuis; autor: Vitta; 525) família: Dicksoniaceae; espécie: Culcita
coniifolia; autor: (Hook.) Maxon; 526) família: Dilleniaceae; espécie:
Davilla morii; autor: Aymard; 527) família: Droseraceae; espécie:
Drosera graomogolensis; autor: T. R. S. Silva; 528) família:
Dryopteridaceae; espécie: Polystichum bradei; autor: Rosenst.; 529)
família: Ericaceae; espécie: Gaylussacia angulata; autor: Gardner;
530) família: Ericaceae; espécie: Gaylussacia caparoensis; autor:
Sleumer; 531) família: Ericaceae; espécie: Gaylussacia
centunculifolia; autor: Sleumer; 532) família: Ericaceae; espécie:
Gaylussacia harleyi; autor: Kin.-Gouv.; 533) família: Ericaceae;
espécie: Gaylussacia oleifolia; autor: Dunal; 534) família: Ericaceae;
espécie: Gaylussacia pruinosa; autor: Loes.; 535) família: Ericaceae;
espécie: Gaylussacia retivenia; autor: Sleumer; 536) família:
Ericaceae; espécie: Gaylussacia retusa; autor: Mart. ex Meisn.; 537)
família: Ericaceae; espécie: Gaylussacia setosa; autor: Kin.-Gouv.;
538) família: Ericaceae; espécie: Gaylussacia vitis-idaea; autor:
Mart. ex Meisn.; 539) família: Eriocaulaceae; espécie:
Actinocephalus cabralensis; autor: (Silveira) Sano; 540) família:
Eriocaulaceae; espécie: Actinocephalus ciliatus; autor: (Bong.)
Sano; 541) família: Eriocaulaceae; espécie: Leiothrix schlechtendalii;
autor: (Koern.) Ruhland; 542) família: Eriocaulaceae; espécie:
Paepalanthus ater; autor: Silveira; 543) família: Eriocaulaceae;
espécie: Paepalanthus graomogolensis; autor: Silveira; 544) família:
Eriocaulaceae; espécie: Syngonanthus vernonioides; autor: Silveira;
545) família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum maracasense;
autor: Plowman; 546) família: Erythroxylaceae; espécie:
Erythroxylum nelsonrosae; autor: Plowman; 547) família:
Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum petraecaballi; autor:
Plowman; 548) família: Erythroxylaceae; espécie: Erythroxylum
speciosum; autor: O. E. Schulz; 549) família: Euphorbiaceae;
espécie: Adenophaedra cearensis; autor: Huber ex Secco; 550)
família: Euphorbiaceae; espécie: Argythamnia foliosa; autor: Mull.
Arg.; 551) família: Euphorbiaceae; espécie: Bernardia crassifólia;
autor: Mull. Arg.; 552) família: Euphorbiaceae; espécie: Bernardia
similis; autor: Pax & K. Hoffm.; 553) família: Euphorbiaceae;
espécie: Croton luetzelburgii; autor: Pax & K. Hoffm.; 554) família:
Euphorbiaceae; espécie: Dalechampia purpurata; autor: Cordeiro;
555) família: Euphorbiaceae; espécie: Euphorbia appariciana; autor:
Rizzini; 556) família: Euphorbiaceae; espécie: Euphorbia attastoma;
autor: Rizzini; 557) família: Euphorbiaceae; espécie: Euphorbia
crossadenia; autor: Pax & K. Hoffm.; 558) família: Euphorbiaceae;
espécie: Euphorbia gymnoclada; autor: Boiss.; 559) família:
Euphorbiaceae; espécie: Phyllanthus gladiatus; autor: Mull. Arg.;
560) família: Fabaceae; espécie: Acacia kallunkiae; autor: J. W.
Grimes & Barneby; 561) família: Fabaceae; espécie: Bauhinia
smilacina; autor: (Schott) Steudel; 562) família: Fabaceae; espécie:
Bowdichia nítida; autor: Spruce ex Benth.; 563) família: Fabaceae;
espécie: Calliandra carrascana; autor: Barneby; 564) família:
Fabaceae; espécie: Centrosema carajasense; autor: Cavalcante;
565) família: Fabaceae; espécie: Chamaecrista anamariae; autor:
Conc. , L. P. Queiroz & G. P. Lewis; 566) família: Fabaceae; espécie:
Chamaecrista aristata; autor: (Benth.) H. S. Irwin & Barneby; 567)
família: Fabaceae; espécie: Chamaecrista belemii var. belemii;
autor: (H. S. Irwin & Barneby) H. S. Irwin & Barneby; 568) família:
Fabaceae; espécie: Chamaecrista brevicalyx var. elliptica; autor: (H.
S. Irwin & Barneby) H. S. Irwin & Barneby; 569) família: Fabaceae;
espécie: Chamaecrista catolesensis; autor: Conc. , L. P. Queiroz &
G. P. Lewis; 570) família: Fabaceae; espécie: Chamaecrista
fodinarum; autor: H. S. Irwin & Barneby; 571) família: Fabaceae;
espécie: Chamaecrista stillifera; autor: (H. S. Irwin & Barneby)
H.S.Irwin & Barneby; 572) família: Fabaceae; espécie: Chamaecrista
strictifolia; autor: (Benth.) H. S. Irwin & Barneby; 573) família:
Fabaceae; espécie: Chamaecrista tephrosiifolia; autor: (Benth) H. S.
Irwin & Barneby; 574) família: Fabaceae; Chamaecrista ulmea;
autor: H. S. Irwin & Barneby; 575) família: Fabaceae; espécie:
Chloroleucon extortum; autor: Barneby & J. W. Grimes; 576) família:
Fabaceae; espécie: Gleditsia amorphoides; autor: (Griseb.) Taub.;
577) família: Fabaceae; espécie: Harpalyce lanata; autor: L. P.
Queiroz; 578) família: Fabaceae; espécie: Harpalyce parvifolia;
autor: H. S. Irwin & Arroyo; 579) família: Fabaceae; espécie:
Lathyrus acutifolius; autor: Vogel; 580) família: Fabaceae; espécie:
Lathyrus parodii; autor: Burkart; 581) família: Fabaceae; espécie:
Leucochloron limae; autor: Barneby & J. W. Grimes; 582) família:
Fabaceae; espécie: Lonchocarpus torrensis; auotr: N. F. Mattos;
583) família: Fabaceae; espécie: Mimosa leptantha; autor: Benth.;
584) família: Fabaceae; espécie: Mimosa mensicola; autor: Barneby;
585) família: Fabaceae; espécie: Mimosa niomarlei; autor: Afr. Fern.;
586) família: Fabaceae; espécie: Pithecellobium racemosum; auotr:
Ducke; 587) família: Fabaceae; espécie: Prosopis affinis; autor:
Spreng.; 588) família: Fabaceae; espécie: Prosopis nigra; autor:
(Griseb.) Hieron.; 589) família: Fabaceae; espécie: Sellocharis
paradoxa; autor: Taub.; 590) família: Fabaceae; espécie:
Vouacapoua americana; autor: Aubl.; 591) família: Gentianaceae;
espécie: Prepusa viridiflora; autor: Brade; 592) família:
Gentianaceae; espécie: Senaea coerulea; autor: Taub.; 593) família:
Gentianaceae; espécie: Senaea janeirensis; autor: Brade; 594)
família: Gesneriaceae; espécie: Gloxinia burchellii; autor: (S. M.
Phillips) Wiehler; 595) família: Gesneriaceae; espécie: Goyazia
petraea; autor: (S. M. Phillips) Wiehler; 596) família: Gesneriaceae;
espécie: Sinningia carangolensis; autor: Chautems; 597) família:
Gesneriaceae; espécie: Sinningia harleyi; autor: Wiehler &
Chautems; 598) família: Gesneriaceae; espécie: Vanhouttea leonii;
autor: Chautems; 599) família: Gesneriaceae; espécie: Vanhouttea
pendula; autor: Chautems; 600) família: Grammitidaceae; espécie:
Ceradenia capillaris; autor: (Desv.) L. E. Bishop; 601) família:
Grammitidaceae; espécie: Ceradenia glaziovii; autor: (Baker) Labiak;
602) família: Grammitidaceae; espécie: Lellingeria itatimensis; autor:
(C. Chr.) A. R. Sm. & R. C. Moran; 603) família: Grammitidaceae;
espécie: Micropolypodium perpusillum; autor: (Maxon) A. R. Sm.;
604) família: Gunneraceae; espécie: Gunnera herteri; autor: Osten;
605) família: Heliconiaceae; espécie: Heliconia fluminensis; autor:
Emygdio & Santos; 606) família: Hymenophyllaceae; espécie:
Hymenophyllum magellanicum; autor: (Klotzsch) Kunze; 607)
família: Hymenophyllaceae; espécie: Hymenophyllum peltatum;
autor: (Poir.) Desv.; 608) família: Hymenophyllaceae; espécie:
Hymenophyllum sampaioanum; autor: Brade & Rosenst.; 609)
família: Hymenophyllaceae; espécie: Hymenophyllum silveirae;
autor: Christ; 610) família: Hymenophyllaceae; espécie:
Trichomanes lucens; autor: Sw.; 611) família: Hymenophyllaceae;
espécie: Trichomanes macilentum; autor: Bosch; 612) família:
Hymenophyllaceae; espécie: Trichomanes spruceanum; autor:
Hook.; 613) família: Iridaceae; espécie: Alophia coerulea; autor:
(Vell.) Chukr; 614) família: Iridaceae; espécie: Pseudotrimezia
aminae; autor: Chukr; 615) família: Iridaceae; espécie:
Pseudotrimezia brevistaminea; autor: Chukr; 616) família: Iridaceae;
espécie: Pseudotrimezia concava; autor: Ravenna; 617) família:
Iridaceae; espécie: Trimezia brevicaulis; autor: Ravenna; 618)
família: Iridaceae; espécie: Trimezia exillima; autor: Ravenna; 619)
família: Iridaceae; espécie: Trimezia plicatifolia; autor: Chukr; 620)
família: Isoetaceae; espécie: Isoetes gigantea; autor: U. Weber; 621)
família: Isoetaceae; espécie: Isoetes kriegerii; autor: H. P. Fuchs;
622) família: Isoetaceae; espécie: Isoetes martii; autor: A. Br; 623)
família: Isoetaceae; espécie: Isoetes organensis; autor: U. Weber;
624) família: Lamiaceae; espécie: Eriope anamariae; autor: Harley;
625) família: Lamiaceae; espécie: Eriope blanchetii; autor: (Benth.)
Harley; 626) família: Lamiaceae; espécie: Eriope crassipes ssp.
cristalinae; autor: Harley; 627) família: Lamiaceae; espécie: Eriope
ganevii; autor: Harley; 628) família: Lamiaceae; espécie: Eriope
luetzelburgii; autor: Harley; 629) família: Lamiaceae; espécie: Eriope
obovata var. gracilis; autor: Epling; 630) família: Lamiaceae; espécie:
Eriope simplex; autor: (A. St.-Hil. ex Benth.) Harley; 631) família:
Lamiaceae; espécie: Hypenia aristulata; autor: (Epling) Harley; 632)
família: Lamiaceae; espécie: Hypenia crispata; autor: (Pohl ex
Benth.) Harley; 633) família: Lamiaceae; espécie: Hypenia
micrantha; autor: (Benth.) Harley; 634) família: Lamiaceae Hypenia
subrosea; autor: (Harley) Harley; 635) família: Lamiaceae; espécie:
Hyptidendron amethystoides; autor: (Benth.) Harley; 636) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptidendron conspersum; autor: (Benth.)
Harley; 637) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis alpestris; autor: A.
St.-Hil. ex Benth.; 638) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis
angustifolia; autor: Pohl ex Benth.; 639) família: Lamiaceae; espécie:
Hyptis bahiensis; autor: Harley; 640) família: Lamiaceae; espécie:
Hyptis bombycina; autor: Epling; 641) família: Lamiaceae; espécie:
Hyptis caprariifolia; autor: Pohl ex Benth.; 642) família: Lamiaceae;
espécie: Hyptis colligata; autor: Epling & Játiva; 643) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptis cruciformis; autor: Epling; 644) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptis delicatula; autor: Harley; 645) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptis digitata; autor: Harley; 646) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptis fallax; autor: Harley; 647) família:
Lamiaceae; espécie: Hyptis hamatidens; autor: Epling & Játiva; 648)
família: Lamiaceae; espécie: Hyptis piranii; autor: Harley; 649)
família: Lamiaceae; espécie: Hyptis sanctigabrielii; autor: Harley;
650) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis stachydifolia; autor: Epling;
651) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis tricephala; autor: A. St.-Hil.
ex Benth.; 652) família: Lamiaceae; espécie: Hyptis viatica; autor:
Harley; 653) família: Lauraceae; espécie: Aiouea bracteata; autor:
Kosterm.; 654) família: Lauraceae; espécie: Cinnamomum
hatschbachii; autor: Vattimo-Gil; 655) família: Lauraceae; espécie:
Nectandra micranthera; autor: Rohwer; 656) família: Lauraceae;
espécie: Ocotea cryptocarpa; autor: Baitello; 657) família:
Lauraceae; espécie: Ocotea cymbarum; autor: Kunth; 658) família:
Lauraceae Ocotea serrana; autor: Coe-Teix.; 659) família:
Lauraceae; espécie: Persea pedunculosa; autor: Meisn.; 660)
família: Lauraceae; espécie: Rhodostemonodaphne parvifolia; autor:
Madriñán; 661) família: Lauraceae; espécie: Rhodostemonodaphne
recurva; autor: van der Werff; 662) família: Lauraceae; espécie:
Urbanodendron bahiense; autor: (Meisn.) Rohwer; 663) família:
Lauraceae; espécie: Urbanodendron macrophyllum; autor: Rohwer;
664) família: Lauraceae; espécie: Williamodendron cinnamomeum;
autor: van der Werff; 665) família: Lecythidaceae Eschweilera
alvimii; autor: S. A. Mori; 666) família: Lecythidaceae; espécie:
Eschweilera subcordata; autor: S. A. Mori; 667) família:
Lecythidaceae; espécie: Eschweilera tetrapetala; autor: S. A. Mori;
668) família: Lecythidaceae; espécie: Gustavia erythrocarpa; autor:
S. A. Mori; 669) família: Lecythidaceae; espécie: Lecythis
brancoensis; autor: (R. Knuth) S. A. Mori; 670) família:
Lentibulariaceae; espécie: Utricularia flaccida; autor: A. DC.; 671)
família: Loasaceae; espécie: Loasa uleana; autor: Urb. & Gilg; 672)
família: Loganiaceae; espécie: Spigelia flava; autor: Zappi & Harley;
673) família: Loganiaceae; espécie: Spigelia kuhlmannii; autor: E. F.
Guim. & Fontella; 674) família: Loganiaceae; espécie: Spigelia
lundiana; autor: A. DC.; 675) família: Loganiaceae; espécie: Spigelia
sellowiana; autor: Cham. & Schltdl.; 676) família: Lomariopsidaceae;
espécie: Elaphoglossum beckeri; autor: Brade; 677) família:
Lycopodiaceae; espécie: Huperzia catharinae; autor: (Christ) Holub;
678) família: Lycopodiaceae; espécie: Huperzia hemleri; autor:
(Nessel) B. Øllg.; 679) família: Lycopodiaceae; espécie: Huperzia
itambensis; autor: B. Øllg. & P. G. Windisch; 680) família:
Lycopodiaceae Huperzia mooreana; autor: (Baker) Holub; 681)
família: Lycopodiaceae; espécie: Huperzia regnellii; autor: B. Øllg. &
P. G. Windisch; 682) família: Lycopodiaceae; espécie: Huperzia
treitubensis; autor: (Silveira) B. Øllg.; 683) família: Lycopodiaceae;
espécie: Lycopodiella benjaminiana; autor: P. G. Windisch; 684)
família: Lycopodiaceae; espécie: Lycopodiella bradei; autor: (Herter)
B. Øllg.; 685) família: Lycopodiaceae; espécie: Lycopodium jussiaei;
autor: Poir.; 686) família: Lythraceae; espécie: Cuphea bahiensis;
autor: (Lourteig) T. B. Cavalc. & S. A. Graham; 687) família:
Lythraceae; espécie: Cuphea cuiabensis; autor: Mart.; 688) família:
Lythraceae Cuphea rubrovirens; autor: T. B. Cavalc.; 689) família:
Lythraceae; espécie: Diplusodon aggregatifolius; autor: T. B.
Cavalc.; 690) família: Lythraceae; espécie: Diplusodon
argyrophyllus; autor: T. B. Cavalc.; 691) família: Lythraceae; espécie:
Diplusodon kielmeyeroides; autor: A. St.-Hil.; 692) família:
Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis amplectens; autor: B. Gates;
693) família: Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis andersonii;
autor: B. Gates; 694) família: Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis
cachimbensis; autor: B. Gates; 695) família: Malpighiaceae; espécie:
Banisteriopsis cipoensis; autor: B. Gates; 696) família:
Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis hatschbachii; autor: B.
Gates; 697) família: Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis hirsuta;
autor: B. Gates; 698) família: Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis
magdalenensis; autor: B. Gates; 699) família: Malpighiaceae;
espécie: Banisteriopsis parviflora; autor: (A. Juss.) B. Gates; 700)
família: Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis patula; autor: B.
Gates; 701) família: Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis
rondoniensis ; autor: B.Gates; 702) família: Malpighiaceae; espécie:
Banisteriopsis sellowiana; autor: (A. Juss.) B. Gates; 703) família:
Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis sepium; autor: (A. Juss.) B.
Gates; 704) família: Malpighiaceae; espécie: Banisteriopsis
virgultosa; autor: (A. Juss.) W. R. Anderson & B. Gates; 705) família:
Malpighiaceae; espécie: Bunchosia acuminata; autor: Dobson; 706)
família: Malpighiaceae; espécie: Bunchosia itacarensis; autor: W. R.
Anderson; 707) família: Malpighiaceae; espécie: Bunchosia
pernambucana; autor: W. R. Anderson; 708) família: Malpighiaceae;
espécie: Byrsonima alvimii; autor: W. R. Anderson; 709) família:
Malpighiaceae; espécie: Byrsonima bahiana; autor: W. R. Anderson;
710) família: Malpighiaceae; espécie: Byrsonima blanchetiana;
autor: Miq.; 711) família: Malpighiaceae; espécie: Byrsonima
cacaophila; autor: W. R. Anderson; 712) família: Malpighiaceae;
espécie: Byrsonima cipoensis; autor: Mamede; 713) família:
Malpighiaceae; espécie: Byrsonima fonsecae; autor: W. R.
Anderson; 714) família: Malpighiaceae; espécie: Byrsonima
lanulosa; autor: W. R. Anderson; 715) família: Malpighiaceae;
espécie: Byrsonima macrophylla; autor: (Pers.) W. R. Anderson;716)
família: Malpighiaceae; espécie: Byrsonima microphylla; autor: A.
Juss.; 717) família: Malpighiaceae; espécie: Byrsonima morii; autor:
W. R. Anderson; 718) família: Malpighiaceae; espécie: Byrsonima
onishiana; autor: W. R. Anderson; 719) família: Malpighiaceae;
espécie: Camarea axillaris; autor: A. St.-Hil.; 720) família:
Malpighiaceae; espécie: Camarea elongata; autor: Mamede; 721
família: Malpighiaceae; espécie: Camarea hirsuta; autor: A. St.-Hil.;
722) família: Malpighiaceae; espécie: Camarea humifusa; autor: W.
R. Anderson; 723) família: Malpighiaceae; espécie: Camarea
linearifolia; autor: A. St.-Hil.; 724) família: Malpighiaceae; espécie:
Heteropterys admirabilis; autor: Amorim; 725) família:
Malpighiaceae; espécie: Heteropterys aliciae; autor: W. R. Anderson;
726) família: Malpighiaceae; espécie: Heteropterys alternifolia; autor:
W. R. Anderson; 727) família: Malpighiaceae; espécie: Heteropterys
brasiliensis; autor: Regnell & Körn.; 728) família: Malpighiaceae;
espécie: Heteropterys bullata; autor: Amorim; 729) família:
Malpighiaceae; espécie: Heteropterys capixaba; autor: Amorim; 730)
família: Malpighiaceae; espécie: Heteropterys conformis; autor: W.
R. Anderson; 731) família: Malpighiaceae; espécie: Heteropterys
fragilis; autor: Amorim; 732) família: Malpighiaceae; espécie:
Heteropterys hatschbachii; autor: W. R. Anderson; 733) família:
Malpighiaceae; espécie: Heteropterys marginata; autor: W. R.
Anderson; 734) família: Malpighiaceae; espécie: Heteropterys
oberdanii; autor: Amorim; 735) família: Malpighiaceae; espécie:
Heteropterys occhionii; autor: Amorim; 736) família: Malpighiaceae;
espécie: Heteropterys sanctorum; autor: W. R. Anderson; 737)
família: Malpighiaceae; espécie: Heteropterys ternstroemiifolia;
autor: A. Juss.; 738) família: Malpighiaceae; espécie: Janusia
occhionii; autor: W. R. Anderson; 739) família: Malpighiaceae;
espécie: Janusia schwannioides; autor: W. R. Anderson; 740)
família: Malpighiaceae; espécie: Mascagnia leonii; autor: W. R.
Anderson; 741) família: Malpighiaceae; espécie: Peixotoa
adenopoda; autor: C. E. Anderson; 742) família: Malpighiaceae;
espécie: Peixotoa andersonii; autor: C. E. Anderson; 743) família:
Malpighiaceae; espécie: Peixotoa bahiana; autor: C. E. Anderson;
744) família: Malpighiaceae; espécie: Peixotoa barnebyi; autor: C. E.
Anderson; 745) família: Malpighiaceae; espécie: Peixotoa
catarinensis; autor: C. E. Anderson; 746) família: Malpighiaceae;
espécie: Peixotoa cipoana; autor: C. E. Anderson; 747) família:
Malpighiaceae; espécie: Peixotoa glabra; autor: A. Juss.; 748)
família: Malpighiaceae; espécie: Peixotoa psilophylla; autor: C. E.
Anderson; 749) família: mMalpighiaceae; espécie: Peregrina
linearifolia; autor: (A. St.-Hil.) W. R. Anderson; 750) família:
Malpighiaceae; espécie: Pterandra andersonii; autor: C. E.
Anderson; 751) família: Malpighiaceae; espécie: Stigmaphyllon
carautae; autor: C. E. Anderson; 752) família: mMalpighiaceae;
espécie: Stigmaphyllon crenatum; autor: C. E. Anderson; 753)
família: Malpighiaceae; espécie: Stigmaphyllon glabrum; autor: C. E.
Anderson; 754) família: Malpighiaceae; espécie: Stigmaphyllon
harleyi; autor: W. R. Anderson; 755) família: Malpighiaceae; espécie:
Stigmaphyllon hatschbachii; autor: C. E. Anderson; 756) família:
Malpighiaceae; espécie: Stigmaphyllon macedoanum; autor: C. E.
Anderson; 757) família: Malpighiaceae; espécie: Stigmaphyllon
matogrossense; autor: C. E. Anderson; 758) família: Malpighiaceae;
espécie: Stigmaphyllon vitifolium; autor: A. Juss.; 759) família:
Malpighiaceae; espécie: Tetrapterys cordifolia; autor: W. R.
Anderson; 760) família: Malpighiaceae; espécie: Thryallis laburnum;
autor: S. Moore; 761) família: Malpighiaceae; espécie: Thryallis
parviflora C.E.Anderson; 762) família: Malvaceae; espécie: Abutilon
anodoides; autor: A. St.-Hil. & Naud.; 763) família: Malvaceae;
espécie: Abutilon monteiroi; autor: Krapov.; 764) família: Malvaceae;
espécie: Calyculogygas uruguayensis; autor: Krapov.; 765) família:
Malvaceae Christiana macrodon; autor: Toledo; 766) família:
Malvaceae; espécie: Pavonia almasana; autor: Ulbr.; 767) família:
Malvaceae Pavonia grazielae; autor: Krapov.; 767) família:
Malvaceae; espécie: Pavonia spiciformis; autor: Krapov.; 768)
família: Marantaceae Calathea fatimae; autor: H. Kenn. & J. M. A.
Braga; 769) família: Marantaceae; espécie: Maranta zingiberina;
autor: L.Andersson; 770) família: Marsileaceae; espécie:
Regnellidium diphyllum; autor: Lindman; 771) família:
Melastomataceae; espécie: Cambessedesia atropurpurea; autor: A.
B. Martins; 772) família: Melastomataceae; espécie: Cambessedesia
eichleri; autor: Cogn.; 773) família: Melastomataceae; espécie:
Cambessedesia glaziovii; autor: Cogn. ex A. B. Martins; 774) família:
Melastomataceae; espécie: Cambessedesia; autor: gracilis
Wurdack; 775) família: Melastomataceae; espécie: Cambessedesia
wurdackii; autor: A. B. Martins; 776) família: Melastomataceae;
espécie: Chaetostoma fastigiatum; autor: Naudin; 777) família:
Melastomataceae; espécie: Dolichoura spiritusanctensis; autor:
Brade; 778) família: Melastomataceae; espécie: Huberia carvalhoi;
autor: Baumgratz; 779) família: Melastomataceae; espécie: Huberia
espiritosantensis; autor: Baumgratz; 780) família: Melastomataceae;
espécie: Huberia piranii; autor: Baumgratz; 781) família:
Melastomataceae; espécie: Lavoisiera quinquenervis; autor:
Wurdack; 782) família: Melastomataceae; espécie: Lavoisiera rígida;
autor: Cogn.; 783) família: Melastomataceae; espécie: Leandra
adenothrix; autor: Cogn.; 784) família: Melastomataceae; espécie:
Lithobium cordatum; autor: Bong.; 785) família: Melastomataceae;
espécie: Marcetia alba; autor: Ule; 786) família: Melastomataceae;
espécie: Marcetia bahiana; autor: (Ule) A. B. Martins; 787) família:
Melastomataceae; espécie: Marcetia formosa; autor: Wurdack; 788)
família: Melastomataceae; espécie:Marcetia hatschbachii; autor: A.
B. Martins; 789) família: Melastomataceae; espécie: Marcetia
luetzelburgii; autor: Markgr.; 790) família: Melastomataceae;
espécie:Marcetia lychnophoroides; autor: A. B. Martins; 7917)
família: Melastomataceae; espécie: Marcetia nummularia; autor:
Markgr.; 792) família: Melastomataceae; espécie: Marcetia
semiriana; autor: A. B. Martins; 793) família: Melastomataceae;
espécie: Marcetia shepherdii; autor: A. B. Martins; 794) família:
Melastomataceae; espécie: Marcetia viscida; autor: Wurdack; 795)
família: Melastomataceae; espécie: Miconia angelana; autor: R.
Romero & R. Goldenb.; 796) família: Melastomataceae; espécie:
Miconia capixaba; autor: R. Goldenb.; 797) família:
Melastomataceae; espécie: Miconia carvalhoi; autor: Baumgratz &
D'El Rei Souza; 798) família: Melastomataceae; espécie: Miconia
cipoensis; autor: R. Goldenb.; 800) família: Melastomataceae;
espécie: Miconia glazioviana; autor: Cogn.; 801) família:
Melastomataceae; espécie: Miconia johnwurdackiana; autor:
Baumgratz & D'El Rei Souza; 802) família: Melastomataceae;
espécie: Miconia longicuspis; autor: Cogn.; 803) família:
Melastomataceae; espécie: Miconia penduliflora; autor: Cogn.; 804)
família: Melastomataceae; espécie: Miconia petroniana; autor:
Cogn.; 805) família: Melastomataceae; espécie: Miconia
picinguabensis; autor: R. Goldenb. & A. B. Martins; 806) família:
Melastomataceae; espécie: Miconia setosociliata; autor: Cogn.; 807)
família: Melastomataceae; espécie: Microlicia agrestis; autor: (DC.)
Cogn.; 808) família: Melastomataceae; espécie: Microlicia
amplexicaulis; autor: Cogn.; 809) família: Melastomataceae;
espécie: Microlicia canastrensis; autor: Naudin; 810) família:
Melastomataceae; espécie: Microlicia cuspidifolia; autor: Mart. ex
Naudin; 811) família: Melastomataceae; espécie: Microlicia
decipiens; autor: Naudin; 812) família: Melastomataceae; espécie:
Microlicia elegans; autor: Naudin; 813) família: Melastomataceae;
espécie: Microlicia ericoides; autor: D. Don; 814) família:
Melastomataceae; espécie: Microlicia flava; autor: R. Romero; 815)
família: Melastomataceae; espécie: Microlicia glazioviana; autor:
Cogn.; 816) família: Melastomataceae Microlicia hirtoferruginea
Naudin; 817) família: Melastomataceae; espécie: Microlicia
hispidula; autor: Naudin; 818) família: Melastomataceae; espécie:
Microlicia humilis; autor: Naudin; 819) família: Melastomataceae;
espécie: Microlicia juniperina; autor: A. St-Hil.; 820) família:
Melastomataceae; espécie: Microlicia macedoi; autor: L. B. Sm. &
Wurdack; 821) família: Melastomataceae; espécie: Microlicia
melanostagma; autor: Pilg.; 822) família: Melastomataceae; espécie:
Microlicia microphylla; autor: (Naudin) Cogn.; 823) família:
Melastomataceae; espécie: Microlicia obtusifolia; autor: Cogniaux ex
R. Romero; 824) família: Melastomataceae; espécie: Microlicia
psammophila; autor: Wurdack;Melastomataceae Microlicia pusilla;
autor: Cogn.; 825) família: Melastomataceae; espécie:
Rhynchanthera latifolia; autor: Cogn.; 826) família:
Melastomataceae; espécie: Svitamia wurdackiana; autor: R. Romero
& A. B. Martins; 827) família: Melastomataceae; espécie: Svitramia
integerrima; autor: R. Romero & A. B. Martins; 828) família:
Melastomataceae; espécie: Svitramia minor; autor: R. Romero & A.
B. Martins; 830) família: Melastomataceae; espécie: Svitramia
petiolata; autor: R. Romero & A. B. Martins; 831) família:
Melastomataceae; espécie: Tibouchina ademari; autor: J. P. F.
Guim., R. Romero & Leoni; 832) família: Melastomataceae; espécie:
Tibouchina angraensis; autor: Brade; 833) família:
Melastomataceae; espécie: Tibouchina boudetii; autor: J. P. F. Guim.
& R. Goldenb.; 834) família: Melastomataceae; espécie: Tibouchina
castellensis; autor: Brade; 835) família: Melastomataceae; espécie:
Tibouchina papyrus; autor: (Pohl) Toledo; 836) família:
Melastomataceae; espécie: Trembleya chamissoana; autor: Naudin;
837) família: Melastomataceae; espécie: Trembleya hatschbachii;
autor: Wurdack & E. Martins; 838) família: Meliaceae; espécie:
Cedrela lilloi; autor: C. DC.; 839) família: Menispermaceae; espécie:
Anomospermum reticulatum ssp. nitidum; autor: (Miers) Krukoff &
Barneby; 840) família: Menispermaceae; espécie: Odontocarya vitis;
autor: (Vell.) J. M. A. Braga; 841) família: Menispermaceae; espécie:
Ungilipetalum filipendulum; autor: (Mart.) Moldenke; 842) família:
Metzgeriaceae; espécie: Metzgeria hegewaldii; autor: Kuwah.; 843)
família: Monimiaceae; espécie: Mollinedia salicifolia; autor: Perkins;
844) família: Moraceae; espécie: Brosimum glaziovii; autor: Taub.;
845) família: Moraceae Dorstenia arifolia; autor: Lam.; 824) família:
Moraceae; espécie: Dorstenia cayapia; autor: Vell.; 846) família:
Moraceae; espécie: Dorstenia ramosa; autor: (Desv.) Carauta C.
Valente & Sucre; 847) família: Moraceae; espécie: Dorstenia ramosa
ssp. ramosa; autor: C. B. Clarke; 848) família: Myristicaceae;
espécie: Virola surinamensis; autor: (Rol. ex Rottb.) Warb.; 849)
família: Myrsinaceae; espécie: Myrsine congesta; autor: (Sw. ex
Mez) Pipoly; 850) família: Myrsinaceae; espécie: Myrsine
glazioviana; autor: Warm.; 851) família: Myrsinaceae; espécie:
Myrsine villosissima; autor: Mart.; 852) família: Myrtaceae; espécie:
Accara elegans; autor: (DC.) Landrum; 853) família: Myrtaceae
Calycolpus legrandii; autor: Mattos; 854) família: Myrtaceae;
espécie: Calyptranthes dryadica; autor: M. L. Kawas.; 855) família:
Myrtaceae; espécie: Campomanesia espiritosantensis; autor:
Landrum; 856) família: Myrtaceae; espécie: Campomanesia
macrobracteolata; autor: Landrum; 857) família: Myrtaceae; espécie:
Eugenia blanda; autor: Sobral; 824) família: Myrtaceae; espécie:
Eugenia dimorpha; autor: O. Berg; 858) família: Myrtaceae; espécie:
Eugenia hermesiana; autor: Mattos; 859) família: Myrtaceae;
espécie: Eugenia mattosii; autor: D. Legrand; 860) família:
Myrtaceae; espécie: Eugenia myrciariifolia; autor: Soares-Silva &
Sobral; 861) família: Myrtaceae; espécie: Eugenia oxyoentophylla;
autor: Kiaersk.; 862) família: Myrtaceae; espécie: Eugenia
peruibensis; autor: Mattos; 863) família: Myrtaceae; espécie:
Marlierea leal-costae; autor: G. M. Barroso & Peixoto; 864) família:
Myrtaceae; espécie: Marlierea skortzoviana; autor: Mattos; 865)
família: Myrtaceae; espécie: Marlierea sucrei; autor: G. M. Barroso &
Peixoto; 866) família: Myrtaceae; espécie: Myrceugenia
brevipedicellata; autor: (Burret) D. Legrand & Kausel; 867) família:
Myrtaceae; espécie: Myrceugenia foveolata; autor: (O. Berg) Sobral;
868) família: Myrtaceae; espécie: Myrceugenia hatschbachii; autor:
Landrum; 869) família: Myrtaceae; espécie: Myrceugenia smithii;
autor: Landrum; 870) família: Myrtaceae; espécie: Myrcia limae;
autor: G. M. Barroso & Peixoto; 871) família: Myrtaceae; espécie:
Myrcia riodocensis; autor: G. M. Barroso & Peixoto; 872) família:
Myrtaceae; espécie: Myrciaria sericea; autor: O. Berg; 873) família:
Myrtaceae; espécie: Neomitranthes obtusa; autor: Sobral &
Zambom; 874) família: Myrtaceae; espécie: Plinia complanata; autor:
M. L. Kawas. & B. Holst; 875) família: Myrtaceae; espécie: Plinia
muricata; autor: Sobral; 876) família: Myrtaceae Siphoneugena
kuhlmannii; autor: Mattos; 877) família: Ochnaceae; espécie:
Luxemburgia corymbosa; autor: A. St.-Hil; 878) família:
Ochnaceae; espécie: Ouratea hatschbachii; autor: K. Yamam.; 879)
família: Ochnaceae; espécie: Sauvagesia nitida; autor: Zappi & E.
Lucas; 880) família: Ophioglossaceae; espécie: Botrychium
virginianum; autor: (L.) Sw.; 881) família: Orchidaceae; espécie:
Adamantinia miltonioides; autor: Van den Berg & C. N. Gonçalves;
882) família: Orchidaceae; espécie: Bifrenaria silvana; autor: V. P.
Castro; 883) família: Orchidaceae; espécie: Bifrenaria wittigii; autor:
(Rchb. f.) Hoehne; 884) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya
aclandiae; autor: Lindl.; 885) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya
nobilior; autor: Rchb. f.; 886) família: Orchidaceae; espécie: Cattleya
walkeriana; autor: Gardn.; 887) família: Orchidaceae; espécie:
Cochleanthes wailesiana; autor: (Lindl.) R. E. Schult. & Garay; 888)
família: Orchidaceae; espécie: Constantia cristinae; autor: F. E. L.
Miranda; 889) família: Orchidaceae; espécie: Constantia rupestris;
autor: Barb. Rodr.; 890) família: Orchidaceae; espécie: Cyrtopodium
braemii; autor: L. C. Menezes; 891) família: Orchidaceae; espécie:
Cyrtopodium caiapoense; autor: L. C. Menezes; 892) família:
Orchidaceaeespécie: Cyrtopodium dusenii; autor: Schltr. 893)
família: Orchidaceae; espécie: Cyrtopodium lamellaticallosum; autor:
J. A. N. Batista & Bianch.; 894) família: Orchidaceae; espécie:
Cyrtopodium latifolium; autor: Bianch. & J. A. N. Batista; 895) família:
Orchidaceae; espécie: Cyrtopodium linearifolium; autor: J. A. N.
Batista & Bianch.; 896) família: Orchidaceae; espécie: Cyrtopodium
lissochiloides; autor: Hoehne & Schltr.; 897) família: Orchidaceae;
espécie: Cyrtopodium poecilum var. roseum; autor: J. A. N. Batista &
Bianch.; 898) família: Orchidaceae; espécie: Encyclia fowliei; autor:
D. I. Duveen; 899) família: Orchidaceae; espécie: Grobya cipoensis;
autor: F. Barros & Lourenço; 900) família: Orchidaceae; espécie:
Habenaria brachyplectron; autor: Hoehne & Schltr.; 901) família:
Orchidaceae; espécie: Masdevallia discoidea; autor: Luer & Wurstle;
902) família: Orchidaceae; espécie: Oncidium gracile; autor: Lindl.;
903) família: Orchidaceae; espécie: Pleurothallis pernambucensis;
autor: Rolfe; 904) família: Orchidaceae; espécie: Pseudolaelia
canaanensis; autor: (Ruschi) F. Barros; 905) família: Orchidaceae
Scuticaria irwiniana; autor: Pabst; 906) família: Orchidaceae;
espécie: Sophronitis alaorii; autor: (Brieger & Bicalho) Van den Berg
& M. W. Chase; 907) família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis
briegeri; autor: (Blumensch. ex Pabst) Van den Berg & M. W. Chase;
908) família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis caulescens; autor:
(Lindl.) Van den Berg & M. W. Chase; 909) família: Orchidaceae;
espécie: Sophronitis crispata; autor: (Thunb.) Van den Berg & M. W.
Chase; 910) família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis ghillanyi;
autor: (Pabst) Van den Berg & M. W. Chase; 911) família:
Orchidaceae; espécie: Sophronitis grandis; autor: (Lindl. & Paxton C.
Berg & M. W. Chase; 912) família: Orchidaceae; espécie:
Sophronitis milleri; autor: (Blumensch. ex Pabst) Van den Berg & M.
W. Chase; 913) família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis pendula;
autor: (R. C. Mota, P. L. Viana & K. G. Lacerda) Van den Berg & M.
W. Chase; 914) família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis
praestans; autor: (Linden & Rchb. f.) Van den Berg & M. W. Chase;
915) família: Orchidaceae; espécie: Sophronitis sincorana; autor:
(Schltr.) Van den Berg & M. W. Chase; 916) família: Orchidaceae;
espécie: Zygostates bradei; autor: (Schltr.) Garay; 917) família:
Orobanchaceae; espécie: Agalinis angustifolia; autor: (Mart.) D´Arcy;
918) família: Orobanchaceae; espécie: Agalinis bandeirensis; autor:
Barringer; 919) família: Orobanchaceae; espécie: Agalinis
itambensis; autor: V. C. Souza & S. I. Elias; 920) família:
Orobanchaceae; espécie: Agalinis nana; autor: S. I. Elias & V. C.
Souza; 921) família: Orobanchaceae; espécie: Agalinis ramulifera;
autor: Barringer; 922) família: Orobanchaceae; espécie: Esterhazya
caesarea; autor: (Cham. & Schltdl.) V. C. Souza; 923) família:
Oxalidaceae; espécie: Oxalis arachnoidea; autor: Progel; 924)
família: Oxalidaceae; espécie: Oxalis bela-vitoriae; autor: Lourteig;
925) família: Oxalidaceae; espécie: Oxalis diamantinae; autor:
R.Knuth; 926) família: Oxalidaceae; espécie: Oxalis doceana; autor:
Lourteig; 927) família: Oxalidaceae; espécie: Oxalis kuhlmannii;
autor: Lourteig; 928) família: Oxalidaceae; espécie: Oxalis
paranaensis; autor: Lourteig; 929) família: Oxalidaceae; espécie:
Oxalis praetexta; autor: Progel; 930) família: Passifloraceae;
espécie: Passiflora urubiciensis; autor: Cervi; 931) família:
Phytolaccaceae; espécie: Microtea papillosa; autor: Marchior. & J. C.
Siqueira; 932) família: Piperaceae; espécie: Peperomia
rostulatiformis; autor: Yunck.; 933) família: Piperaceae; espécie:
Peperomia suboppositifolia; autor: Yunck.; 934) família: Piperaceae;
espécie: Piper bennetianum; autor: C. DC.; 935) família: Piperaceae;
espécie: Piper casteloense; autor: Yunck.; 936) família: Piperaceae;
espécie: Piper kuhlmannii; autor: Yunck.; 937) família: Piperaceae;
espécie: Piper laevicarpum; autor: Yunck.; 938) família: Piperaceae;
espécie: Piper rioense; autor: Yunck.; 939) família: Piperaceae;
espécie: Piper velutinibaccum; autor: C. DC.; 940) família:
Plagiogyriaceae; espécie: Plagiogyria fialhoi; autor: (Fée & Glaz.)
Copel.; 941) família: Plantaginaceae; espécie: Achetaria latifolia;
autor: V. C. Souza; 942) família: Plantaginaceae; espécie: Angelonia
eriostachys; autor: Benth.; 943) família: Plantaginaceae; espécie:
Bacopa cochlearia; autor: (Huber) L. B. Sm.; 944) família:
Plantaginaceae; espécie: Plantago turficola; autor: Rahn; 945)
família: Plantaginaceae; espécie: Stemodia harleyi; autor: B. L.
Turner; 946) família: Plantaginaceae; espécie: Stemodia stellata;
autor: B. L. Turner; 947) família: Poaceae; espécie: Altoparadisium
chapadense; autor: Filg., Davidse, Zuloaga & Morrone; 948) família:
Poaceae; espécie: Ophiochloa hydrolithica; autor: Filg., Davidse &
Zuloaga; 949) família: Poaceae; espécie: Pariana carvalhoi; autor:
R. P. Oliveira & Longhi-Wagner; 950) família: Poaceae; espécie:
Paspalum burmanii; autor: Filg., Morrone & Zuloaga; 951) família:
Poaceae; espécie: Raddia distichophylla; autor: Chase; 952) família:
Poaceae; espécie: Sucrea maculata; autor: Soderstr.; 953) família:
Poaceae; espécie: Triraphis devia; autor: Filg. & Zuloaga; 954)
família: Podostemaceae; espécie: Castelnavia lindmaniana; autor:
Warm.; 955) família: Polypodiaceae; espécie: Microgramma crispata;
autor: (Fée) R. M. Tryon & A. F. Tryon; 956) família: Polypodiaceae;
espécie: Pecluma hoehnii; autor: (A. Samp.) Salino; 957) família:
Polypodiaceae Pecluma imbeana; autor: (Brade) Salino; 957)
família: Polypodiaceae; espécie: Pecluma insularis; autor: (Brade)
Salino; 958) família: Proteaceae; espécie: Euplassa semicostata;
autor: Plana; 959) família: Pteridaceae Adiantum discolor; autor:
Prado; 960) família: Pteridaceae; espécie: Adiantum tetragonum;
autor: Schrad.; 961) família: Pteridaceae; espécie: Cheilanthes
juergensii; autor: Rosenst.; 962) família: Pteridaceae; espécie:
Doryopteris itatiaiensis; autor: (Fée) Christ.; 963) família:
Pteridaceae; espécie: Doryopteris paradoxa; autor: (Fée) Christ;
964) família: Pteridaceae; espécie: Doryopteris quinquelobata; autor:
(Fée) Diels; 965) família: Pteridaceae; espécie: Doryopteris
rosenstockii; autor: Brade; 966) família: Pteridaceae Doryopteris
rufa; autor: Brade; 967) família: Pteridaceae; espécie: Doryopteris
subsimplex; autor: (Fée) Diels; 968) família: Pteridaceae; espécie:
Doryopteris tijucana; autor: Brade & Rosenst.; 969) família:
Pteridaceae; espécie: Doryopteris trilobata; autor: Prado; 970)
família: Pteridaceae; espécie: Eriosorus biardii; autor: (Fée)
A.F.Tryon; 971) família: Pteridaceae; espécie: Eriosorus
cheilanthoides; autor: (Sw.) A. F. Tryon; 972) família: Pteridaceae;
espécie: Eriosorus insignis; autor: (Kuhn) A. F. Tryon; 973) família:
Pteridaceae; espécie: Jamesonia brasiliensis; autor: Christ; 974)
família: Pteridaceae; espécie: Pellaea cymbiformis; autor: Prado;
975) família: Pteridaceae; espécie: Pteris congesta; autor: Prado;
976) família: Pteridaceae; espécie: Pteris limae; autor: Brade; 977)
família: Rubiaceae; espécie: Faramea monantha; autor: Mull. Arg.;
978) família: Rubiaceae; espécie: Guettarda paludosa; autor: Mull.
Arg.; 979) família: Rubiaceae; espécie: Mitracarpus
anthospermoides; autor: K. Schum.; 980) família: Rubiaceae;
espécie: Mitracarpus baturitensis; autor: Sucre; 981) família:
Rubiaceae; Mitracarpus eritrichoides; autor: Standl.; 982) família:
Rubiaceae; espécie: Pagamea harleyi; autor: Steyerm.; 983) família:
Rubiaceae; espécie: Palicourea fulgens; autor: (Mull. Arg.) Standl.;
984) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea coronata ssp.
leiocarpoides; autor: (Mull. Arg.) Zappi; 985) família: Rubiaceae;
espécie: Rudgea coronata ssp. Saint-hilairei; autor: (Standl.) Zappi;
986) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea crassifolia; autor: Zappi &
E. Lucas; 987) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea erythrocarpa;
autor: Mull. Arg.; 988) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea
francavillana; autor: Mull. Arg.; 989) família: Rubiaceae; espécie:
Rudgea insignis; autor: Mull. Arg.; 990) família: Rubiaceae; espécie:
Rudgea jasminoides ssp. nervosa; autor: Zappi & Anunciação; 991)
família: Rubiaceae; espécie: Rudgea minor ssp. calycina; autor:
(Benth.) Zappi; 992) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea minor ssp.
minor; autor: (Cham.) Standl.; 993) família: Rubiaceae; espécie:
Rudgea nobilis; autor: Mull. Arg.; 994) família: Rubiaceae; espécie:
Rudgea parquioides ssp. caprifolium; autor: (Zahlbr.) Zappi; 995)
família: Rubiaceae; espécie: Rudgea parquioides ssp. hirsutissima;
autor: Zappi; 996) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea reflexa;
autor: Zappi; 997) família: Rubiaceae; espécie: Rudgea sessilis ssp.
cipoana; autor: (Standl.) Zappi; 998) família: Rubiaceae; espécie:
Rudgea umbrosa; autor: Mull. Arg.; 999) família: Rubiaceae;
espécie: Rudgea vellerea; autor: Mull. Arg.; 1000) família:
Rubiaceae; espécie: Simira gardneriana; autor: M. R. V. Barbosa &
Peixoto; 1001) família: Rubiaceae; espécie: Simira
hatschbachiorum; autor: J. H. Kirkbr.; 1002) família: Rutaceae;
espécie: Andreadoxa flava; autor: Kallunki; 1003) família: Rutaceae;
espécie: Conchocarpus cauliflorus; autor: Pirani; 1004) família:
Rutaceae; espécie: Galipea carinata; autor: Pirani; 1005) família:
Sapotaceae; espécie: Bumelia obtusifolia var. excelsa; autor: (A.
DC) Miq.; 1006) família: Sapotaceae; espécie: Chrysophyllum
imperiale; autor: (Linden ex Koch) Benth. & Hook.; 1007) família:
Sapotaceae; espécie: Manilkara dardanoi; autor: Ducke; 1008)
família: Sapotaceae; espécie: Pouteria brevensis; autor: Pires; 1009)
família: Sapotaceae; espécie: Pouteria decussata; autor: (Ducke)
Baehni; 1010) família: Schizaeaceae; espécie: Anemia blechnoides;
autor: Brade; 1011) família: Schizaeaceae; espécie: Anemia
gardneri; autor: Hook.; 965) família: Schizaeaceae Anemia mirabilis;
autor: Brade; 1012) família: Schizaeaceae; espécie: Anemia
organensis; autor: Rosenst.; 1013) família: Scrophulariaceae;
espécie: Ameroglossum pernambucense; autor: Eb. Fisch., S. Vogel
& A. V. Lopes; 1014) família: Scrophulariaceae; espécie: Buddleja
longiflora; autor: Brade; 1015) família: Selaginellaceae; espécie:
Selaginella mendoncae; autor: Hieron.; 1016) família:
Selaginellaceae; espécie: Selaginella valida; autor: Alston; 1017)
família: Simaroubaceae; espécie: Simaba floribunda; autor: A. St.-
Hil.; 1018) família: Simaroubaceae; espécie: Simaba suaveolens;
autor: A. St.-Hil.; 1019) família: Simaroubaceae; espécie: Simaba
warmingiana; autor: Engl.; 1020) família: Siparunaceae; espécie:
Siparuna erythrocarpa; autor: (Mart.) A. DC.; 1021) família:
Smilacaceae; espécie: Smilax japicanga; autor: Griseb.; 1022)
família: Smilacaceae; espécie: Smilax longifolia; autor: Rich.; 1023)
família: Smilacaceae; espécie: Smilax lutescens; autor: Vell.; 1024)
família: Smilacaceae; espécie: Smilax muscosa; autor: Toledo; 1025)
família: Solanaceae; espécie: Bouchetia anomala; autor: (Miers)
Britton & Rusby; 1026) família: Solanaceae; espécie: Calibrachoa
eglandulata; autor: Stehmann & Semir; 1027) família: Solanaceae;
espécie: Calibrachoa elegans; autor: (Miers) Stehmann & Semir;
1028) família: Solanaceae; espécie: Calibrachoa humilis; autor: (R.
E. Fr.) Stehmann & Semir; 1029) família: Solanaceae; espécie:
Calibrachoa serrulata; autor: (L. B. Smith & Downs) Stehmann &
Semir; 1030) família: Solanaceae; espécie: Petunia bonjardinensis;
autor: T. Ando & Hashim.; 1031) família: Solanaceae; espécie:
Petunia exserta; autor: Stehmann; 1032) família: Solanaceae;
espécie: Petunia mantiqueirensis; autor: T. Ando & Hashim.; 1033)
família: Solanaceae; espécie: Solanum diamantinense; autor: M. F.
Agra; 1034) família: Solanaceae; espécie: Solanum graveolens;
autor: Bunbury; 1035) família: Solanaceae; espécie: Solanum
jabrense; autor: Agra & Nee; 1036) família: Solanaceae; espécie:
Solanum restingae; autor: S. Knapp; 1037) família: Solanaceae;
espécie: Solanum santosii; autor: S. Knapp; 1038) família:
Symplocaceae; espécie: Symplocos aegrota; autor: Brand; 1039)
família: Symplocaceae; espécie: Symplocos corymboclados; autor:
Brand; 1040) família: Symplocaceae; espécie: Symplocos
organensis; autor: Brand; 1041) família: Symplocaceae; espécie:
Symplocos rhamnifolia; autor: A. DC.; 1042) família: Turneraceae;
espécie: Piriqueta flammea; autor: (Suess.) Arbo; 1043) família:
Urticaceae; espécie: Hemistylus brasiliensis; autor: Wedd.; 1044)
família: Urticaceae; espécie: Pilea aparadensis; autor: P. Brack;
1045) família: Urticaceae; espécie: Pilea hydra; autor: P. Brack;
1046) família: Velloziaceae; espécie: Barbacenia delicatula; autor: L.
B. Sm. & Ayensu; 1047) família: Velloziaceae; espécie: Barbacenia
riparia; autor: (N. L. Menezes & Mello-Silva) Mello-Silva; 1048)
família: Velloziaceae; espécie: Barbacenia rogieri; autor: Hort. ex
Moore & Ayres; 1049) família: Velloziaceae; espécie: Barbacenia
spectabilis; autor: L. B. Sm. & Ayensu; 1050) família: Velloziaceae;
espécie: Vellozia armata; autor: Mello-Silva; 1051) família:
Velloziaceae; espécie: Vellozia barbata; autor: Goeth. & Henrard;
1052) família: Velloziaceae; espécie: Vellozia canelinha; autor:
Mello-Silva; 1053) família: Velloziaceae; espécie: Vellozia gigantea;
autor: N. L. Menezes & Mello-Silva; 1054) família: Velloziaceae;
espécie: Vellozia hatschbachii; autor: L. B. Sm. & Ayensu; 1055)
família: Velloziaceae; espécie: Vellozia sessilis; autor: L. B. Sm. ex
Mello-Silva; 1056) família: Verbenaceae; espécie: Lippia alnifolia;
autor: Schauer; 1057) família: Verbenaceae; espécie: Lippia
bahiensis; autor: Moldenke; 1058) família: Verbenaceae; espécie:
Lippia bellatula; autor: Moldenke; 1059) família: Verbenaceae;
espécie: Lippia bradei; autor: Moldenke; 1060) família: Verbenaceae;
espécie: Lippia diamantinensis; autor: Glaz.; 1061) família:
Verbenaceae; espécie: Lippia elliptica Schauer; 1062) família:
Verbenaceae; espécie: Lippia insignis; autor: Moldenke; 1063)
família: Verbenaceae; espécie: Lippia morii; autor: Moldenke; 1064)
família: Verbenaceae; espécie: Lippia rhodocnemis; autor: Mart. &
Schauer; 1065) família: Verbenaceae; espécie: Stachytarpheta
almasensis; autor: Mansf.; 1066) família: Verbenaceae; espécie:
Stachytarpheta radlkoferiana; autor: Mansf.; 1067) família:
Violaceae; espécie: Hybanthus strigoides; autor: Taub.; 1068)
família: Violaceae; espécie: Rinorea ramiziana; autor: Glaz. ex
Hekking; 1069) família: Vitaceae; espécie: Cissus acreensis; autor:
Lombardi; 1070) família: Vitaceae; espécie: Cissus apendiculata;
autor: Lombardi;1071) família: Vitaceae; espécie: Cissus xerophila;
autor: Lombardi; 1072) família: Woodsiaceae; espécie: Athyrium filix-
femina; autor: (L.) Roth; 1073) família: Xyridaceae; espécie: Xyris
caparaoensis; autor: Wand.; 1074) família: Xyridaceae; espécie:
Xyris fibrosa; autor: Kral & Wand.; 1075) família: Xyridaceae;
espécie: Xyris longifolia; autor: Mart.; 1076) família: Xyridaceae;
espécie: Xyris lutescens; autor: Kral & Wand.; 1077) família:
Xyridaceae; espécie: Xyris sincorana; autor: Kral & Wand.
Vale, ainda, destacar que as autoridades governamentais,
particularmente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, estão implantando o Programa Flora
que tem como objetivo promover a conservação de espécies nativas
e garantir o seu uso racional. Assim, dentro deste programa, se
iniciaram alguns trabalhos com as seguintes espécies ou grupos: 1)
xaxim ou samambaiaçu-imperial (Dicksonia sellowianna) destaca-se
pelo seu valor comercial relacionado com a sua utilização pela
indústria para a fabricação de vasos, placas e palitos suportes para
o cultivo de plantas ornamentais; o extrativismo irracional e o
desconhecimento sobre a sua biologia têm dificultado a elaboração
de um plano de manejo sustentável; 2) plantas de potencial
econômico do cerrado (inclui principalmente as flores do cerrado
que são alvo de extrativismo irracional e comercialização); 3)
plantas ornamentais (inclui as espécies pertencentes principalmente
às famílias que são alvo de comercialização, tais como:
Orquidaceae, Bromeliaceae e Cactaceae); 4) plantas medicinais
(criação de um Grupo de Trabalho constituído por funcionários do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, sendo convidados pesquisadores da área,
com a finalidade de estabelecer instrumentos mais eficientes no
controle da exploração, transporte, comercialização e exportação de
plantas nativas medicinais ou suas partes, que possibilitem o
acompanhamento desde a origem até o destino final).
Outrossim, lembramos que a coleta, o transporte, a
comercialização e a industrialização de plantas ornamentais,
medicinais, aromáticas e tóxicas, oriundas de floresta nativa,
dependem de autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (Portaria/IBAMA n° 122-P,
de 19.03.1985). As espécies mais comumente comercializadas são
aquelas pertencentes principalmente às famílias Orquidaceae,
Bromeliaceae, Cactaceae, Euforbiaceae, Dicksoniaceae e Araceae.

2.14 ATIVIDADES POTENCIALMENTE


POLUIDORAS E UTILIZADORAS DE
RECURSOS AMBIENTAIS
As atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de
recursos naturais constituem ponto sobre o qual deve incidir
decisivamente o exercício regular do poder de polícia do Estado.
Este poder de polícia, atualmente é conferido ao Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
para controle e fiscalização de tais atividades. Inclusive, foi instituída
pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000, que altera a Lei n° 6.938, de
31.08.1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a Taxa de
Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, para gerar recursos
necessários à realização do mencionado exercício regular do poder
de polícia. O sujeito passivo da Taxa de Controle e Fiscalização
Ambiental – TCFA é todo aquele que exerça as atividades
consideradas potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
naturais. Todavia, são isentas do pagamento da Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental – TCFA as entidades públicas federais,
distritais, estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aqueles
que praticam agricultura de subsistência e as populações
tradicionais.
As atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de
recursos ambientais são classificadas pelo Anexo VIII da Lei 10.165,
de 27.12.2000, tomando-se por base o potencial de poluição (PP) e
o grau de utilização (GU) de recursos naturais de cada uma delas,
da seguinte maneira:a) Código 01; categoria: Extração e Tratamento
de Minerais; descrição: pesquisa mineral com guia de utilização;
lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem
beneficiamento; lavra subterrânea com ou sem beneficiamento,
lavra garimpeira, perfuração de poços e produção de petróleo e gás
natural; PP/GU: AAlto; b) Código: 02; categoria: Indústria de
Produtos Minerais Não Metálicos; descrição: beneficiamento de
minerais não metálicos, não associados a extração; fabricação e
elaboração de produtos minerais não metálicos tais como produção
de material cerâmico, cimento, gesso, amianto, vidro e similares;
PP/GU: MMédio; c) Código 03; categoria: Indústria Metalúrgica;
descrição: fabricação de aço e de produtos siderúrgicos, produção
de fundidos de ferro e aço, forjados, arames, relaminados com ou
sem tratamento; de superfície, inclusive galvanoplastia, metalurgia
dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias,
inclusive ouro; produção de laminados, ligas, artefatos de metais
não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive
galvanoplastia; relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas,
produção de soldas e anodos; metalurgia de metais preciosos;
metalurgia do pó, inclusive peças moldadas; fabricação de
estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície, inclusive;
galvanoplastia, fabricação de artefatos de ferro, aço e de metais
não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive
galvanoplastia, têmpera e cementação de aço, recozimento de
arames, tratamento de superfície; PP/GU: AAlto; d) Código 04;
categoria: Indústria Mecânica; descrição: fabricação de máquinas,
aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem tratamento
térmico ou de superfície; PP/GU: MMédio; e) Código 05; categoria:
Indústria de material Elétrico, Eletrônico e Comunicações; descrição:
fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores, fabricação de
material elétrico, eletrônico e equipamentos para telecomunicação e
informática; fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos;
PP/GU: MMédio; f) Código 06; categoria: Indústria de Material de
Transporte; descrição: fabricação e montagem de veículos
rodoviários e ferroviários, peças e acessórios; fabricação e
montagem de aeronaves; fabricação e reparo de embarcações e
estruturas flutuantes.; PP/GU: MMédio; g) Código 07; categoria:
Indústria de Madeira; descrição: serraria e desdobramento de
madeira; preservação de madeira; fabricação de chapas, placas de
madeira aglomerada, prensada e compensada; fabricação de
estruturas de madeira e de móveis; PP/GU: Médio; h) Código 08;
categoria: Indústria de Papel e Celulose; descrição: fabricação de
celulose e pasta mecânica; fabricação de papel e papelão;
fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra
prensada; PP/GU: Alto; i) Código 09; categoria: Indústria de
Borracha; descrição: beneficiamento de borracha natural, fabricação
de câmara de ar, fabricação e recondicionamento de pneumáticos;
fabricação de laminados e fios de borracha; fabricação de espuma
de borracha e de artefatos de espuma de borracha, inclusive látex;
PP/GU: Pequeno; j) Código 10; categoria: Indústria de Couros e
Peles; descrição: secagem e salga de couros e peles, curtimento e
outras preparações de couros e peles; fabricação de artefatos
diversos de couros e peles; fabricação de cola animal; PP/GU: Alto;
k) Código 11; categoria: Indústria Têxtil, de Vestuário, Calçados e
Artefatos de Tecidos; descrição: beneficiamento de fibras têxteis,
vegetais, de origem animal e sintéticos; fabricação e acabamento de
fios e tecidos; tingimento, estamparia e outros acabamentos em
peças do vestuário e artigos diversos de tecidos; fabricação de
calçados e componentes para calçados; PP/GU: Médio; l) Código
12; categoria: Indústria de Produtos de Matéria Plástica; descrição:
fabricação de laminados plásticos, fabricação de artefatos de
material plástico; PP/GU: Pequeno; m) Código 13; categoria:
Indústria do Fumo; descrição: fabricação de cigarros, charutos,
cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo; Pp/gu:
Médio; n) Código 14; categoria: Indústrias Diversas; descrição:
usinas de produção de concreto e de asfalto; PP/GU: Pequeno; o)
Código 15; categoria: Indústria Química; descrição: produção de
substâncias e fabricação de produtos químicos, fabricação de
produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas
betuminosas e da madeira; fabricação de combustíveis não
derivados de petróleo, produção de óleos, gorduras, ceras, vegetais
e animais, óleos essenciais, vegetais e produtos similares, da
destilação da madeira, fabricação de resinas e de fibras e fios
artificiais e sintéticos e de borracha e látex sintéticos, fabricação de
pólvora, explosivos, detonantes, munição para caça e desporto,
fósforo de segurança e artigos pirotécnicos; recuperação e refino de
solventes, óleos minerais, vegetais e animais; fabricação de
concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos; fabricação
de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas,
germicidas e fungicidas; fabricação de tintas, esmaltes, lacas,
vernizes, impermeabilizantes, solventes e secantes; fabricação de
fertilizantes e agroquímicos; fabricação de produtos farmacêuticos e
veterinários; fabricação de sabões, detergentes e velas; fabricação
de perfumarias e cosméticos; produção de álcool etílico, metanol e
similares; PP/GU: Alto; p) Código 16; categoria: Indústria de
Produtos Alimentares e Bebidas; descrição: beneficiamento,
moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares;
matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de
origem animal; fabricação de conservas; preparação de pescados e
fabricação de conservas de pescados; beneficiamento e
industrialização de leite e derivados; fabricação e refinação de
açúcar; refino e preparação de óleo e gorduras vegetais; produção
de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação;
fabricação de fermentos e leveduras; fabricação de rações
balanceadas e de alimentos preparados para animais; fabricação de
vinhos e vinagre; fabricação de cervejas, chopes e maltes;
fabricação de bebidas não-alcoólicas, bem como engarrafamento e
gaseificação e águas minerais; fabricação de bebidas alcoólicas;
PP/GU: Médio; q) Código 17; categoria: Serviços de Utilidade;
descrição: produção de energia termoelétrica; tratamento e
destinação de resíduos industriais líquidos e sólidos; disposição de
resíduos especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens;
usadas e de serviço de saúde e similares; destinação de resíduos
de esgotos sanitários e de resíduos sólidos urbanos, inclusive
aqueles provenientes de fossas; dragagem e derrocamentos em
corpos d’água; recuperação de áreas contaminadas ou degradadas;
PP/GU: Médio; r) Código 18; categoria: Transporte, Terminais,
Depósitos e Comércio; descrição: transporte de cargas perigosas,
transporte por dutos; marinas, portos e aeroportos; terminais de
minério, petróleo e derivados e produtos químicos; depósitos de
produtos químicos e produtos perigosos; comércio de combustíveis,
derivados de petróleo e produtos químicos e produtos perigosos;
PP/GU: Alto; s) Código 19; categoria: Turismo; descrição:
complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos; PP/GU:
Pequeno; t) Código 20; categoria: Uso de Recursos Naturais;
descrição: silvicultura; exploração econômica da madeira ou lenha e
subprodutos florestais; importação ou exportação da fauna e flora
nativas brasileiras; atividade de criação e exploração econômica de
fauna exótica e de fauna silvestre; utilização do patrimônio genético
natural; exploração de recursos aquáticos vivos; introdução de
espécies exóticas ou geneticamente modificadas; uso da
diversidade biológica pela biotecnologia; PP/GU: Médio.

2.15 O ESTUDO DE IMPACTO


AMBIENTAL E O TERMO DE
REFERÊNCIA
Estudo de Impacto Ambiental (environmental impact study,
em inglês; étude d’impacts sur l’environnement, em francês; estudio
de impacto ambiental, em espanhol) são todos e quaisquer estudos
relativos aos aspectos do impacto ambiental relacionados à
afetação, direta e/ou indiretamentemente, decorrente da localização,
instalação, operação, área de influência e ampliação de uma
determinada atividade ou empreendimento, apresentado como
subsídio para a análise de Licenciamento Ambiental – LA [468]
requerido pelo seu responsável aos órgãos ambientais, visando à
obtenção de licença ambiental,[469]
No Estudo de Impacto Ambiental deve estar incluído o
seguinte: 1) instrumento de identificação e previsão de impactos
ambientais: a) Relatório Ambinetal – RA: instrumento utilizado para
indentificação e previsão dos efeitos ambientais de determinados
projetos; ou b) Relatório Ambiental Simplificado – RAS: instituído
formalmente pela Resolução/CONAMA 279, de 27.06.2001, de
forma complementar à Resolução/CONAMA 006, de 16.09.1987,
tem como objetivo oferecer, por meio de procedimento simplificado,
elementos para a análise da viabilidade ambiental de
empreendimentos ou atividades consideradas potencial ou
efetivamente causadoras de degradação do meio ambiente. A
instituição deste tipo de relatório, para atender à demanda
específica gerada no contexto da crise do setor elétrico em 2001,
estipulou o prazo máximo de 60 (sessenta) dias de tramitação para
licenciamento de empreendimento com impacto ambiental de
pequeno porte, julgados indispensáveis ao incremento da oferta de
energia elétrica país. O Relatório Ambiental Simplificado – RAS
deve propiciar a Avaliação dos Impactos Ambientais – AIA causados
nas fases de implantação e operação do empreendimento, além da
definição de medidas mitigadoras e/ou compensatórias para
minimizar ou eliminar impactos ambientais negativos. No processo
de licenciamento pelo Relatório Ambiental Simplificado – RAS pode
ser promovida reunião técnica junto ao órgão ambiental competente
para apresentação e discussão dos documentos apresentados,
garantidas a consulta e participação pública; 2) Plano e Projeto de
Controle Ambiental – PPCA: é elaborado de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental competente. Contém
informações que permitam caracterizar o empreendimento a ser
licenciado e, como objeto principal, propor ações mitigatórias e
potencializadoras para corrigir os impactos resultantes dos
levantamentos e estudos realizados pelo empreendedor para
identificação das não-conformidades legais referentes ao meio
ambiente. Em síntese, o Plano e Projeto de Controle Ambiental –
PPCA recomendada ações mitigadoras e potencializadoras, que
visa a solucionar os problemas detectados. Esclarecemos que as
medidas ambientais mitigadoras e pontecializadoras referem-se às
medidas a serem adotadas na mitigação dos impactos negativos e
potencialização dos impactos positivos. Neste caso, as medidas
devem ser organizadas quanto: a) a natureza: preventiva ou
corretiva; b) etapa do empreendimento que deverão ser adotadas; c)
fator ambiental que se aplicam: físico, biótico e/ou antrópico; d)
responsabilidade pela execução: empreendedor, poder público ou
outros; e e) os custos previstos. Para os casos de empreendimentos
que exijam reabilitação de áreas degradas devem ser especificadas
as etapas e os métodos de reabilitação a serem utilizados; 3)
Relatório Ambiental Preliminar – RAP: é um estudo técnico
elaborado por equipe multidisciplinar que oferece elementos para
análise da viabilidade ambiental de empreendimentos ou atividades
consideradas potencial ou efetivamente causadoras de degradação
do meio ambiente. É recomendado que a equipe técnica
multidisciplinar seja formada por profissionais dotados de
conhecimentos específicos acerca da matéria em estudo, no pleno
gozo de suas atribuições e legalmente habilitados no órgão
profissional de classe. O Relatório Ambiental Preliminar – RAP deve
propiciar ao órgão ambiental competente o seguinte: a) interação
entre os componentes dos meios: i) físico; ii) biológico; e iii)
socioeconômico; b) Avaliação dos Impactos Ambientais – AIA
causados durante as fases de planejamento, implantação, operação
e desativação do empreendimento; c) definição das medidas
mitigadoras e/ou compensatórias para a minimização ou eliminação
dos impactos ambientais negativos, e d) implementação de
programas de controle ambiental para monitoramento das medidas
propostas. O Relatório Ambiental Preliminar – RAP deve enfocar no
mínimo os seguintes aspectos: a) descrição detalhada do
empreendimento ou atividade, inclusive plantas preliminares ou
anteprojeto; b) delimitação das áreas de influência direta do
empreendimento ou atividade e descrição detalhada das suas
condições ambientais; c) identificação de possíveis impactos
causados pelo empreendimento ou atividade nas fases de
planejamento, implantação, operação e desativação quando for o
caso; d) medidas de controle ambiental, mitigadoras e
compensatórias adotadas nas fases do empreendimento ou
atividade. Caso o Relatório Ambiental Preliminar – RAP não seja
suficiente para avaliar a viabilidade ambiental do objeto do
licenciamento, o órgão ambiental competente pode se manifestar
das seguintes formas: a) solicitar informações complementares,
quando julgar necessário: b) exigir apresentação de Estudo de
Impacto Ambiental – EIA e respectivo Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA ou determinar a realização de outros estudos
ambientais; 4) Diagnóstico Ambiental – DA: consiste na elaboração
de uma descrição e análise dos recursos ambientais e suas
interações. Portanto, este diagnóstico deve caracterizar: a) o meio
físico: por exemplo: i) solo; ii) subsolo; iii) as águas; iv) ar; v) clima;
vi) recursos minerais; vii) topografia; e viii) regime hidrológico; b) o
meio biológico: fauna e flora; c) o meio sócio econômico: por
exemplo: i) uso e ocupação do solo; ii) uso da água; iii) estruturação
sócio econômica da população; iv) sítios e monumentos
arqueológicos, históricos e culturais; v) organização da comunidade
local; e vi) o potencial de uso dos recursos naturais e ambientais da
região; 5) Plano de Manejo – PM; 6) Plano de Recuperação de Área
Degradada – PRAD: é o estudo típico dos empreendimentos de
mineração. Porém, a exemplo de outros estudos, não há
impedimento para que o órgão ambiental licenciador solicite a
apresentação de um Plano de Recuperação de Área Degradada –
PRAD para a recuperação de área degradada decorrente, por
exemplo, da implantação de um canteiro para construção de uma
usina hidrelétrica. O Plano de Recuperação de Área Degradada –
PRAD deve ser elaborado de acordo com as diretrizes fixadas pela
NBR 13.030 (“Elaboração e apresentação de projeto de reabilitação
de áreas degradadas pela mineração”), da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, e outras normas pertinentes a hipótese.
As principais atividades que consolidam um plano de reabilitação ou
recuperação de área degradada podem ser sumarizadas da
seguinte forma: a) caracterização e avaliação da degradação
ambiental; b) definição dos objetivos e análise das alternativas de
recuperação; c) definição e implementação das medidas de
recuperação: i) revegetação (estabilização biológica); ii) geotécnica
(estabilização física); e iii) remediação ou tratamento (estabilização
química); d) proposições para monitoramento e manutenção das
medidas corretivas implementadas; e 7) Análise Preliminar de Risco
– APR: A Análise Preliminar de Riscos – APR consiste no estudo,
durante a fase de concepção ou desenvolvimento preliminar do
empreendimento a ser licenciado, com a finalidade de se determinar
os possíveis riscos que poderão ocorrer na sua fase operacional. A
Análise Preliminar de Riscos – APR é utilizada portanto para uma
análise inicial “qualitativa”, desenvolvida na fase de projeto e
desenvolvimento de qualquer empreendimento a ser licenciado,
tendo especial importância na investigação de atividades novas de
alta inovação e/ou pouco conhecidas, ou seja, quando a experiência
em riscos na sua operação é deficiente. Apesar das características
básicas de análise inicial, é muito útil de se utilizar como uma
ferramenta de revisão geral de segurança em atividades já
operacionais, revelando aspectos que às vezes passariam
despercebidos. A Análise Preliminar de Riscos – APR teve seu
desenvolvimento inicial na área militar. A Análise Preliminar de
Riscos – APR não é técnica profunda de análise de riscos e
geralmente precede a aplicação de outras técnicas mais detalhadas
de análise, já que seu objetivo principal é determinar os riscos e as
medidas preventivas antes da fase operacional. No estágio em que
é aplicada pode ocorrer de existir ainda outros detalhes finais de
projeto e, neste caso, a falta de informações quanto aos
procedimentos será ainda maior, já que os mesmos são geralmente
definidos posteriormente. Os princípios e metodologias da Análise
Preliminar de Riscos – APR consistem em proceder-se uma revisão
geral dos aspectos de segurança de forma padronizada: 1)
descrevendo todos os riscos e fazendo sua caracterização: a partir
da descrição dos riscos são identificadas as causas (agentes) e
efeitos (consequências) dos mesmos, o que permitirá a busca e
elaboração de ações e medidas de prevenção ou correção das
possíveis falhas detectadas; a priorização das ações é determinada
pela caracterização dos riscos, ou seja, quanto mais prejudicial ou
maior for o risco, mais rapidamente deve ser preservada. Qualquer
tipo de risco no ambiente do empreendimento antecipadamente
deve-se realizar um estudo técnico de forma a eliminar suas fontes
a fim de não degradar o meio ambiente; 2) medidas de controle e
prevenção: Análise Preliminar de Riscos – APR tem sua importância
maior no que se refere à determinação de uma série de medidas de
controle e prevenção de riscos, desde o início operacional do
empreendimento a ser licenciado, permitindo revisões de projeto em
tempo hábil, com maior segurança, além de definir
responsabilidades no que se refere ao controle de riscos: a) revisão
de problemas conhecidos: consiste na busca de analogia ou
similaridade com outros sistemas, para determinação de riscos que
poderão estar presentes no empreendimento que está sendo
desenvolvido, tomando como base a experiência passada; b)
revisão da missão a que se destina: atentar para os objetivos,
exigências de desempenho, principais funções e procedimentos,
ambientes onde se darão as operações, etc. Enfim, consiste em
estabelecer os limites de atuação e delimitar as atividades que o
empreendimento irá abranger: a que se destina, o que e quem
envolve e como será desenvolvido; c) determinação dos riscos
principais: identificar os riscos potenciais com potencialidade para
causar danos ao meio ambiente; d) determinação dos riscos iniciais
e contribuintes: elaborar séries de riscos, determinando para cada
risco principal detectado, os riscos iniciais e contribuintes
associados; e) revisão dos meios de eliminação ou controle de
riscos: elaborar um brainstorming ou tempestade de ideias (técnica
que é mais do que uma técnica de dinâmica de grupo; é uma
atividade desenvolvida para explorar a potencialidade criativa de um
indivíduo ou de um grupo – criatividade em equipe – colocando-a a
serviço de objetivos pré-determinados) para levantamento dos
meios passíveis de eliminação e controle de riscos, a fim de
estabelecer as melhores opções, desde que compatíveis com as
exigências do atividade a ser desenvolvida; f) analisar os métodos
de restrição de danos: pesquisar os métodos possíveis que sejam
mais eficientes para restrição geral, ou seja, para a limitação dos
danos gerados caso ocorra perda de controle sobre os riscos; g)
indicação de quem será responsável pela execução das ações
corretivas e/ou preventivas: indicar claramente os responsáveis pela
execução de ações preventivas e/ou corretivas, designando
também, para cada unidade, as atividades a desenvolver. A Análise
Preliminar de Riscos – APR tem grande utilidade no seu campo de
atuação, porém, como já foi colocado, necessita as vezes de ser
complementada por técnicas mais detalhadas e apuradas. Em
atividades que sejam já bastante conhecidos, cuja experiência
acumulada conduz a um grande número de informações sobre
riscos, esta técnica pode ser utilizada de modo auxiliar; 3) análise de
falha humana: segundo os especialistas em Human Reliability
Analysis – HRA (Análise de Confiabilidade Humana), pelo menos
70% (setenta por cento) dos acidentes são causados por falha
humana. Não se pode perder de vista que as tecnologias atuais
ganharam riscos que afetam e são afetados pelas ações realizadas
por pessoas em situações normais (de operação corriqueira), de
manutenção, e obviamente, de emergência. Hoje em dia se estima a
seguinte taxa de risco devido à ação humana em algumas
indústrias: a) na indústria nuclear: entre 50% (cinquenta por cento) e
70% (setenta por cento); b) na indústria petrolífera: 70% (setenta por
cento); c) na indústria da aviação: 50% (cinquenta por cento).
Embora pareça que o ser humano seja o culpado por toda a falha, já
que foi o último envolvido na ação, esta falha começa mesmo no
projeto de construção do empreendimento. O problema é que estas
falhas de projeto e construção são numerosas e geralmente
erroneamente entendidos como falhas do operador. O fato é que
certos componentes do empreendimento – como complexidade e
perigos – podem colocar o operador em situações em que não é
possível realizar com sucesso algumas ações, como foi projeto. Os
erros dos operadores em algumas tecnologias são forçados pela
própria tecnologia e suas condições. Assim, conclui-se que o risco
sempre terá um fator humano. Ademais, esta contribuição humana
para o risco pode ser entendida, avaliada e quantificada aplicando-
se técnicas da Human Reliability Analysis – HRA (Análise de
Confiabilidade Humana). A Human Reliability Analysis – HRA é
definida, então, como a probabilidade de que um conjunto de ações
humanas sejam executadas com sucesso num tempo estabelecido
ou numa determinada oportunidade.
Há que se destacar que, já em 1974, a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, que reúne 26
(vinte e seis) países desenvolvidos ou em desenvolvimento,
recomendou aos seus integrantes que adotassem em suas
respectivas legislações nacionais dirigidas à preservação ambiental
normas que tornassem obrigatória a realização do Estudo de
Impacto Ambiental – EIA. Posteriormente, em 27.02.1981, o
Conselho da Europa também recomendou aos seus membros que
adotassem em suas respectivas legislações nacionais o Estudo de
Impacto Ambiental – EIA.
Da mesma forma, a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD (Rio 92), no
Princípio 17 de sua Declaração final, proclamou que “a avaliação de
impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser
empreendida para atividades planejadas que possam vir a ter
impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, e que
dependam de uma decisão da autoridade nacional competente”.
Até mesmo o Banco Mundial, que é o principal agente
financiador internacional de projetos de desenvolvimento
econômico, na atualidade, para aprovação de projetos que
envolvam a exploração de recursos naturais, vem exigindo a
Avaliação dos Impactos Ambientais – AIA.[470] Portanto, antes de um
projeto de desenvolvimento econômico receber a devida aprovação,
deve ser submetido a um mecanismo de análise e
acompanhamento no qual intervêm os governos solicitantes dos
empréstimos ou financiamentos, técnicos e analistas do Banco
Mundial e as Organizações Não-governamentais – ONG’s locais.
Inclusive, ao receber um projeto de desenvolvimento econômico, o
Banco Mundial imediatamente o enquadra em uma das seguintes
categorias, conforme o tamanho do impacto ambiental que possa
ocorrer com a efetiva implantação do projeto em análise: 1)
Categoria “A”: ao projeto enquadrado nesta categoria exige-se uma
Avaliação do Impacto Ambiental – AIA completa; um projeto na
Categoria “A” terá provavelmente impactos adversos significativos
que poderão ser de grande sensibilidade, irreversíveis e variados;
os impactos serão possivelmente abrangentes, extensos, cobrirão
todo um setor ou estabelecerão precedentes; os impactos
resultarão, de um modo geral, de uma componente importante do
projeto e afetarão a área na sua totalidade ou todo um setor; 2)
Categoria “B”: ao projeto enquadrado nesta categoria exige-se
apenas uma análise ambiental, embora não uma Avaliação do
Impacto Ambiental – AIA completa; o projeto pode ter impactos
ambientais adversos que são menos significativos do que os
impactos da Categoria “A”; a concepção de medidas de correção é
mais fácil; a preparação de planos de mitigação é o bastante para
muitos projetos da Categoria “B”; e 3) Categoria “C”: ao projeto
enquadrado nesta categoria não se exige uma Avaliação do Impacto
Ambiental – AIA porque é pouco provável que ele, ao ser
implantado, tenha impactos adversos; o julgamento especializado
avalia se o projeto tem impactos ambientais desprezíveis,
insignificantes ou mínimos.[471]
Portanto, é importante esclarecer que a Avaliação de
Impacto Ambiental – AIA (environmental impact assessment – EIA,
em inglês; évaluation d’impact sur l’environnement ou évaluation
d’impact environnementale – EIA, em francês; evaluación de
impacto ambiental – EIA, em italiano) é o instrumento de política
ambiental e gestão ambiental de empreendimentos, formado por um
conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do
processo, que se faça um exame sistemático dos impactos
ambientais de uma proposta (projeto, programa, plano ou política) e
de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de
forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de
decisão, e por eles considerados. Além disso, os procedimentos
devem garantir a adoção das medidas de proteção do meio
ambiente determinadas, no caso de decisão sobre a implantação do
projeto. Desta feita, para o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente – PNUMA, Avaliação de Impacto Ambiental – AIA é
identificar, predizer e descrever, em termos apropriados, os prós e
os contras (danos e benefícios) de uma proposta de
desenvolvimento. Segundo ele, para ser útil, a avaliação deve ser
comunicada em termos compreensíveis para a comunidade e os
decisores. Os prós e os contras devem ser identificados com base
em critérios relevantes para os países afetados.[472] Já R. E. MUNN
menciona que a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA refere-se à
atividade destinada a identificar e predizer o impacto sobre o
ambiente biogeofísico e sobre a saúde e o bem‑estar dos homens,
resultantes de propostas legislativas, políticas, programas e projetos
e de seus processos operacionais, e a interpretar e comunicar as
informações sobre esses impactos.[473] GEOFFREY
WANDESFORDE‑SMITH et alii, por sua vez, ensina que a Avaliação
de Impacto Ambiental – AIA é o instrumento de política ambiental
que toma a forma geral de um processo concebido para assegurar
que se faça uma tentativa sistemática e conscienciosa de avaliar as
consequências ambientais da escolha entre as várias opções que se
podem apresentar aos responsáveis pela tomada de decisão.[474]
Por fim, JOHN HORBERRY entende que Avaliação de Impacto
Ambiental – AIA é apenas um procedimento para encorajar a
tomada de decisão a levar em conta os possíveis efeitos dos
projetos de investimento sobre a qualidade ambiental e a
produtividade dos recursos naturais e um instrumento para a coleta
e organização dos dados que os planejadores necessitam para
fazer com que os projetos sejam mais válidos e ambientalmente
fundamentados.[475]
No Brasil, a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA foi
introduzida como instrumento de política ambiental na nossa
legislação federal pelo inciso III do art. 9.º da Lei 6.938, de
31.08.1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente.[476] O
Decreto 88.351, de 01.06.1983, que regulamentou a Lei 6.938, de
31.08.1981, também tratou da Avaliação de Impacto Ambiental –
AIA como instrumento de política ambiental formado por um
conjunto de procedimentos que levam a uma tomada de decisão a
favor da preservação e/ou melhoria do meio ambiente. Os arts. 2.º e
3.º da Resolução/CONAMA 1, de 23.01.1986, complementou, na
época, a regulamentação da Avaliação de Impacto Ambiental – AIA.
[477]
Todavia, a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA foi prevista por
tais normas sem ser fixado o momento exato de sua realização, fato
que contribuiu para a sua ineficácia. Esta falha somente foi sanada
pela Constituição Federal de 1988 que determinou expressamente
sua elaboração prévia, ou seja, antes da instalação da obra ou
atividade. Inclusive, a jurisprudência confirmou esta mudança do
momento de sua realização ao decretar a inadimissibilidade da
realização simultânea da Avaliação de Impacto Ambiental – AIA e
do edital de licitação do empreendimento.

“MEIO AMBIENTE. OBRA E ATIVIDADE


CAUSADORA DE DEGRADAÇÃO. ESTUDO
PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO.
OBRIGATORIEDADE. Abertura de edital de licitação
simultaneamente com a elaboração do projeto
executivo e dos estudos ambientais.
[478]
Inadimissibilidade”.

De fato, posteriormente a Avaliação de Impacto Ambiental –


AIA foi devidamente consagrada por preceito contido na
Constituição Federal de 1988. Assim é que o inciso IV do § 1.º do
seu artigo 225 prescreve expressamente que para assegurar a
efetividade desse direito, incumbe ao poder público exigir, na forma
da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, Estudo
Prévio de Impacto Ambiental – EPIA ou, simplesmente, Estudo de
Impacto Ambiental – EIA, a que se deve dar a necessária
publicidade.[479] Portanto, ao contrário do que ocorre na maioria das
nações, no Brasil, por imposição constitucional, o Estudo Prévio de
Impacto Ambiental – EPIA ou Estudo de Impacto Ambiental – EIA é
obrigatório e prévio em relação à instalação de qualquer
empreendimento (obra ou atividade) potencialmente causador de
significativa degradação do meio ambiente.
Do mesmo modo, dispõe a Constituição do Estado do Rio de
Janeiro de 1989, no inciso X do § 1.º do seu artigo 261 que o poder
público Estadual deve condicionar, na forma da lei, a implantação de
instalações ou atividades efetivas ou potencialmente causadoras de
alterações significativas do meio ambiente a prévia elaboração de
Estudo de Impacto Ambiental – EIA, a que se deve dar a necessária
publicidade. Vale consignar que, ainda no Estado do Rio de Janeiro,
a Lei 1.356 de 03.10.1988 e as resoluções do Conselho Estadual de
Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro – CONEMA , referentes
ao assunto regulamentam a aplicação deste dispositivo
constitucional.
Apesar de a situação jurídica brasileira ser muito mais
segura do que as de outros países, PAULO DE BESSA ANTUNES
alerta que, no Brasil, não basta existência de uma norma
constitucional em vigor para que esta seja eficaz e plenamente
respeitada e acatada. Ele relata, ainda, que, no Brasil, assim como
em outros países, o Estudo de Impacto Ambiental, muitas vezes, é
visto como um empecilho ao desenvolvimento econômico e social,
ou seja, um instrumento desmobilizador do “progresso”. Em razão
disso, o número de derrogações e de dispensas da realização de
Estudo de Impacto Ambiental ou de exigências relativas a ele torna-
se cada vez maior, tanto no Brasil como na maior parte dos países.
Até mesmo em sede legal são criados mecanismos para que se
possam dispensar a realização desses Estudos de Impacto
Ambiental. Por exemplo, a Lei do Estado do Rio de Janeiro n° 1.356,
de 03.10.1988, no § 2.º do seu art. 1.º, admite expressamente a
dispensa de Estudo de Impacto Ambiental – EIA para ampliações de
instalações e atividades específicas. Tal critério desrespeita o texto
constitucional federal, já que as ampliações, não raras vezes,
implicam em construções mais significativas que as primitivas. A
criatividade na prática da derrogação de exigências relativas aos
Estudos de Impacto Ambiental – EIA chega a tal ponto no Brasil que
a própria Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (RIO 92) serviu de pretexto para que se
inaugurassem vários empreendimentos sem prévia e obrigatória
realização do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, apesar de o art.
225 da Constituição Federal de 1988 exigi-lo.[480]
Assim, como havíamos dito, o Estudo de Impacto Ambiental
– EIA constitui um dos documentos do processo de Avaliação de
Impacto Ambiental – AIA. Trata-se da execução por equipe
multidisciplinar das tarefas técnicas e científicas destinadas a
analisar, sistematicamente, as consequências da implantação de um
projeto no meio ambiente (localização, instalação, operação e
ampliação da atividade ou empreendimento), por meio de métodos
de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA e técnicas de previsão de
impacto.
Não se deve perder de vista que o custo da elaboração do
Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA ou, simplesmente,
Estudo de Impacto Ambiental – EIA, deve ser suportado pelo próprio
empresário ou empreendedor (art. 8.º da Resolução/CONAMA n° 1,
de 23.01.1986),[481] porém cumpre ao poder público, diante das
informações constantes do pedido de licença prévia, estabelecer o
conteúdo mínimo do Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA ou
Estudo de Impacto Ambiental – EIA, por meio do Termo de
Referência.
Por sinal, é importante se esclarecer que o Termo de
Referência constitui instrumento orientador para elaboração de
qualquer tipo de Estudo de Impacto Ambiental – EIA, tendo por
objetivo estabelecer diretrizes, fixar ângulos de abrangência e
conteúdo do estudo. O Termo de Referência é elaborado pelo poder
público com base nas informações prestadas pelo empreendedor no
pedido de licenciamento. Todavia, acrescenta ELIDA SÉGUIN que,
devido a uma crônica deficiência nos quadros do funcionalismo
público, é usual que o órgão responsável solicite auxílio da
comunidade científica. A falta de informações adequadas tem
tornado o Termo de Referência algo deficitário, quando é realizado.
[482]
PAULO DE BESSA ANTUNES, por sua vez, menciona que o
Termo de Referência é um balizamento estabelecido pela
administração pública para a equipe técnica multidisciplinar que irá
trabalhar na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
Segundo ele, por meio do Termo de Referência a administração
pública mostrará ao empreendedor quais são os elementos que ela
julga que devam ser privilegiados na análise a ser realizada pelos
técnicos. Cuida-se do estabelecimento de aspectos cuja observação
deverá ser mais acurada, mas detalhada. Nas suas próprias
palavras, o Termo de Referência é a bússola que irá orientar o
trabalho da equipe técnica. Entretanto, é necessário que se diga que
o trabalho dos técnicos não deve limitar-se ao Termo de Referência.
Outrossim, vale destacar que o Termo de Referência é um
instrumento que serve tanto para a administração pública, como
para o empreendedor. Assim é na medida que a complexidade de
determinados estudos exige que a própria administração pública se
prepare para examiná-los e, nesse sentido, o Termo de Referência
serve como um orientador na constituição das equipes que serão
encarregadas de oferecer um parecer conclusivo sobre o Estudo de
Impacto Ambiental – EIA. Além disso, é importante salientar que o
Termo de Referência estabelece critérios mínimos a serem
observados pelo elaborador do Estudo de Impacto Ambiental – EIA,
entretanto, a ênfase da investigação a ser procedida pela equipe
técnica multidisciplinar, na opinião de PAULO DE BESSA
ANTUNES, deve ser sobre os elementos constantes no Termo de
Referência. De maneira que a administração pública não pode
rejeitar um Estudo de Impacto Ambiental – EIA sob o argumento de
que faltaram análises específicas sobre determinado ponto se tais
análises não foram solicitadas no Termo de Referência e nem são
daquelas obrigatórias. Ocorrendo isto, a administração pública deve
limitar-se a determinar a realização de um novo Estudo de Impacto
Ambiental – EIA.[483]
O Termo de Referência, segundo ELIDA SÉGUIN, deve
conter, pelo menos, o seguinte: 1) identificação do empreendedor; 2)
caracterização do empreendimento; 3) métodos e técnicas utilizados
para a realização do Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA ou
do Estudo de Impacto Ambiental – EIA; 4) delimitação da área de
influência do empreendimento; 5) espacialização da análise e da
apresentação de resultados; 6) diagnóstico ambiental da área de
influência; 7) prognósticos dos impactos; e 8) controle ambiental do
empreendimento, com alternativas econômicas e técnicas.
Já o Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA ou Estudo
de Impacto Ambiental – EIA deve ser realizado sob a orientação da
autoridade ambiental responsável pelo licenciamento do projeto em
questão, que, por meio de Termos de Referência específicos, indica
a abrangência do estudo e os fatores ambientais a serem
considerados detalhadamente.
Segundo ELIDA SÉGUIN, o Estudo Prévio de Impacto
Ambiental – EPIA ou Estudo de Impacto Ambiental – EIA é um
precioso instrumento público com a participação popular de
preservação, que visa incorporar a avaliação técnica à tomada de
decisão nas atividades humanas que possam provocar alterações
ambientais, considerando a qualidade e a fragilidade ambientais.
Muito embora realizado por uma equipe privada, às expensas do
empreendedor, é um procedimento público e obrigatório. Todavia, na
opinião de ELIDA SÉGUIN, o Estudo Prévio de Impacto Ambiental –
EPIA ou Estudo de Impacto Ambiental – EIA, lamentavelmente, não
vincula a administração pública ao seu conteúdo, mas, ainda assim,
fornece opções de decisão. Considerando os princípios
administrativos que norteiam a administração pública, fica muito
difícil para o agente público justificar sua não-observância, bem
como a publicidade que o envolve permite que a comunidade possa
adotar as medidas judiciais cabíveis para evitar um dano ambiental.
[484]
O art. 5.º da Resolução/CONAMA n° 1, de de 23.01.1986,
dispõe que o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, além de atender à
legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes
diretrizes gerais: I-contemplar todas as alternativas tecnológicas e
de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não
execução do projeto; II- identificar e avaliar sistematicamente os
impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação
da atividade; III- definir os limites da área geográfica a ser direta ou
indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de
influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia
hidrográfica na qual se localiza; IV- considerar os planos e
programas governamentais, propostos e em implantação na área de
influência do projeto, e sua compatibilidade.
Inclusive, vale destacar que, ao determinar a execução do
Estudo de Impacto Ambiental – EIA o órgão estadual competente,
ou o IBAMA ou, quando couber, o município, fixará as diretrizes
adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos
para conclusão e análise dos estudos (parágrafo único do art. 5.º da
Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986).
Em suma, o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, a seu turno,
compreende, no mínimo, o seguinte: 1) a descrição das ações do
projeto e suas alternativas, nas etapas de planejamento, construção,
operação e, no caso de projetos de curta duração, desativação; 2) a
delimitação e o diagnóstico ambiental da área de influência; 3) a
identificação, a medição e a valoração dos impactos; 4) a
comparação das alternativas e a previsão da situação ambiental
futura da área de influência, nos casos de adoção de cada uma das
alternativas, inclusive no caso de o projeto não se executar; 5) a
identificação das medidas mitigadoras; 6) o programa de gestão
ambiental do empreendimento, que inclui a monitoração dos
impactos; e 7) a preparação do Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA.

2.16 COMPETÊNCIA PARA EXIGIR


ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL,
LICENCIAR E FISCALIZAR
ATIVIDADES
Competência é o poder legal que uma pessoa (física ou
jurídica, de direito privado ou de direito público), em razão de sua
função, tem para a prática dos atos inerentes a esta.
No campo da atuação do poder público ambiental, os incisos
VI e VII do art. 23 da Constituição Federal dispõem que é
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas, bem como preservar as florestas, a fauna
e a flora.
É evidente que o legislador constituinte de 1988, ao atribuir
competência comum da União Federal, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios visou instituir uma cooperação
administrativa que tem por norte o equilíbrio do desenvolvimento do
bem-estar, em âmbito nacional, entre a União Federal, os Estados, o
Distrito Federal e os municípios. Daí PAULO DE BESSA ANTUNES
afirmar que a competência comum é uma imposição constitucional
para que os diversos integrantes da Federação atuem em
cooperação administrativa recíproca objetivando a resguardar os
bens ambientais.[485]
A legislação ordinária que trata da Política Nacional do Meio
Ambiente é que estabelece como esta competência comum de atuar
se deve efetivar, já que a nosso ver o texto contido no art. 23 da
Constituição Federal não é auto-aplicável.
Assim é que na execução de tal política, por força da
legislação ordinária (principalmente a Lei n° 6.938, de 31.08.1981,
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação), o papel do Estado e do
Distrito Federal é no sentido de assumirem, basicamente, a
competência principal para atuação, enquanto o da União Federal é
assumir a competência supletiva (art. 10 da Lei n° 6.938, de
31.08.1981), salvo as exceções previstas em lei. Não se pode, pois,
confundir competência para legislar (produzir normas jurídicas) com
competência para atuar (conceder licenciamento ambiental, exigir
estudo de impacto ambiental, proceder ao registro, fiscalizar etc.).
No âmbito da competência para atuar ou executar a Política
Nacional do Meio Ambiente, notamos que têm havido muitas
interpretações divergentes e, algumas vezes, a aplicação do texto
legal vem ocorrendo sem observação dos limites das competências
previstas para as diferentes esferas de governo (federal, estadual e
municipal), que compõem o Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA. Isto ocorre em virtude de a competência ambiental ou
responsabilidade pela defesa do meio ambiente ser bastante
complexa, pois é repartida entre as diversas esferas de governo, ou
seja, cada uma das esferas de governo tem atribuições e
competências distintas.
Ainda a respeito da competência para o licenciamento
ambiental, PAULO DE BESSA ANTUNES acrescenta, no mesmo
sentido, que os municípios, em razão do conjunto de competências
que possuem, poderão, também, fazer exigências quanto à
necessidade dos Estudos de Impacto Ambiental – EIA. Quanto aos
órgãos federais, a competência destes é supletiva, salvo os casos
de expressa determinação legal. Em sua opinião, por competência
supletiva deve se entender que estes só poderão agir em casos que
a autoridade estadual ou municipal tenha se omitido de seu dever
legal de exigir os Estudos Prévios de Impacto Ambiental – EPIA.[486]
No entanto, alguns julgados do Tribunal Regional Federal da
4.ª Região não acompanham tal opinião.

“ADMINISTRATIVO. MEIO AMBIENTE. ÁREA DE


PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATERRO
SANITÁRIO. LICENÇA ESTADUAL. ATUAÇÃO
SUPLETIVA DO IBAMA. A licença deferida pelo órgão
estadual de controle ambiental, não exclui a
possibilidade de que o IBAMA, no exercício da
competência prevista no artigo 23, inciso 6, da
Constituição, venha a impedir a realização da obra,
ainda mais porque a mesma afeta área de preservação
permanente, nos termos da Lei 4.771, de 1965”;[487]

“ADMINISTRATIVO. MEIO AMBIENTE. ÁREA DE


PRESERVAÇÃO PERMANENTE. LICENCIAMENTO
ESTADUAL. ATUAÇÃO SUPLETIVA DO IBAMA. 1. Se
o órgão ambiental estadual licenciou a obra de forma
indevida, nada impede que o IBAMA intervenha de
forma supletiva, para garantir a preservação do meio
ambiente (Precedente). 2. O interesse privado não
pode, de maneira alguma, se sobrepor aos interesses
difusos, dentre os quais enquadra-se o meio ambiente.
3. A licença ambiental tem natureza autorizatória,
devido seu caráter precário. 4. Apelação improvida”.[488]

Não podemos concordar com o entendimento do Tribunal


Regional Federal da 4.ª Região, já que não existe norma jurídica,
ambiental ou não, conferindo ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA o poder de
intervir diretamente na atuação dos demais órgãos ambientes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA e cancelar, pura e
simplesmente, os documentos por eles produzidos, e também que a
licença ambiental expedida pelos órgãos públicos do meio ambiente,
seja estadual ou municipal, gozam de absoluta fé pública (qualidade
esta reconhecida em inúmeros julgados), portanto, não sendo nulos
por invadirem a competência da União Federal ou de outra esfera
de governo, somente podem ser revogados pela própria autoridade
que o expediu, pelo Poder Judiciário ou por outra entidade pública
com poderes para tanto expressamente conferidos por lei, do
contrário cairíamos na insegurança jurídica generalizada e numa
situação de verdadeira babel ambiental, em que qualquer
documento público ambiental que se tivesse em mãos não valeria
mais do que uma folha de papel em branco. Inclusive, lembramos
que cabe ao Poder Judiciário o controle dos atos administrativos, no
sentido de verificar se a atuação do agente público atende a
obediência dos princípios da legalidade, da moralidade, da
eficiência, da impessoalidade e da finalidade, bem como no sentido
de, em algumas situações, proceder ao controle do mérito.

“RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE REGISTRO DE


LOTEAMENTO ÀS MARGENS DE HIDRELÉTRICA.
AUTORIZAÇÃO DA MUNICIPALIDADE.
IMPUGNAÇÃO OFERECIDA PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL.
RESOLUÇÃO 4/85-CONAMA. INTERESSE
NACIONAL. SUPERIORIDADE DAS NORMAS
FEDERAIS. No que tange à proteção ao meio
ambiente, não se pode dizer que há predominância do
interesse do município. Pelo contrário, é escusado
afirmar que o interesse à proteção ao meio ambiente é
de todos e de cada um dos habitantes do país e,
certamente, de todo o mundo. Possui o CONAMA
autorização legal para editar resoluções que visem à
proteção das reservas ecológicas, entendidas como as
áreas de preservação permanentes existentes às
margens dos lagos formados por hidrelétricas.
Consistem elas normas de caráter geral, às quais
devem estar vinculadas as normas estaduais e
municipais, nos termos do artigo 24, inciso VI e §§ 1.º e
4.º, da Constituição Federal e do artigo 6.º, incisos IV e
V, e §§ 1.º e 2.º, da Lei 6.938/81. Uma vez concedida a
autorização em desobediência às determinações legais,
tal ato é passível de anulação pelo Judiciário e pela
própria administração pública, porque dele não se
originam direitos. A área de 100 metros em torno dos
lagos formados por hidrelétricas, por força de lei, é
considerada de preservação permanente e, como tal,
caso não esteja coberta por floresta natural ou qualquer
outra forma de vegetação natural, deve ser
reflorestada, nos termos do artigo 18, caput, do Código
Florestal. Qualquer discussão a respeito do eventual
prejuízo sofrido pelos proprietários deve ser travada em
ação própria, e jamais para garantir o registro, sob pena
de irreversível dano ambiental. Segundo as disposições
da Lei 6.766/79, ‘não será permitido o parcelamento do
solo em áreas de preservação ecológica (...)’ (art. 3.º,
V). Recurso especial provido” (grifos nossos).[489]

Por isso, acompanhamos a opinião de PAULO DE BESSA


ANTUNES e vamos mais além, entendemos que a competência
supletiva da União Federal implica na restrição de essa esfera de
governo só poder agir ou atuar (conceder licenciamento ambiental,
proceder ao registro, fiscalizar etc.) nos casos em que os órgãos
estaduais ou municipais de controle ambiental forem omissos ou
não tiverem condições técnicas para atuar. Do contrário, estaremos
diante do que se poderia chamar de “usurpação ilegal de funções
ambientais”.

“PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. LIMINAR.


DIREITO AMBIENTAL. 1. Liminar concedida, em sede
de medida cautelar, para conceder efeito suspensivo a
recurso especial apresentado para o fim de garantir, até
julgamento final do inconformismo extremo, que
empresa industrial, portadora de licenciamento
emanado por órgão ambiental, seja instalado e comece
a operar no local permitido pela Prefeitura. 2.
Reconhecimento, por órgão ambiental, de que a
empresa não é poluente. 3. A fumaça do bom direito
faz-se presente, em face da concessão de autorização
para a empresa operar no local. 4. Risco de ser criada
situação fática irreversível, em face das circunstâncias
que cercam o empreendimento. 5. Liminar mantida.
Agravo regimental improvido”.[490]

Dúvida não resta que a licença ou autorização ambiental tem


fé pública quando emanada por órgão público ambiental integrante
do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Todavia, caso
a licença ou a autorização não atenda aos princípios da legalidade,
da moralidade, da eficiência, da impessoalidade e da finalidade, ou
seu mérito seja danoso ao meio ambiente, a pessoa jurídica de
direito público ou órgão público ambiental que aprova projeto
danoso, expedindo, indevidamente, a licença ou autorização
ambiental, estará sujeito à apuração de sua responsabilidade por
parte do Poder Judiciário.

“PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO


AMBIENTAL. 1. É parte legítima para figurar no pólo
passivo da ação civil pública, solidariamente, o
responsável direto pela violação às normas de
preservação do meio ambiente, bem assim a pessoa
jurídica que aprova o projeto danoso. 2. Na realização
de obras e loteamentos, é o município responsável
solidário pelos danos ambientais que possam advir do
empreendimento, juntamente com o dono do imóvel. 3.
Se o imóvel causador do dano é adquirido por terceira
pessoa, esta ingressa na solidariedade, como
responsável. 4. Recurso especial improvido”.[491]

Vale destacar, ainda, que o Tribunal de Contas da União –


TCU praticamente reconheceu que existe uma evidente
superposição legislativa em matéria ambiental, a qual faz com que
se fixem padrões ambientais bastantes divergentes e que não se
tenha uma norma uniforme de conduta administrativa. De maneira
que a desconexão e o desentrosamento entre os diversos órgãos
governamentais e os níveis de governo voltados para a proteção
ambiental foram atacados oficialmente pelo Tribunal de Contas da
União – TCU. Aquele Tribunal, após análise das atividades
empreendidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, acabou por recomendar
que este deveria efetivar delegação de competência aos órgãos
estaduais de meio ambiente para executarem a fiscalização e
controle dos recursos naturais renováveis, passando o Instituto a
exercer supletivamente a competência que lhe cabe.
Com efeito, o inciso III do art. 2.º da Lei n° 7.735, de
22.02.1989, com as alterações determinadas pela Lei n° 11.516, de
28.08.2007, veio expressamente fixar a competência supletiva do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, para promover a fiscalização e controle dos
recursos naturais renováveis.[492]
No entanto, PAULO DE BESSA ANTUNES escreve que
obedecer a recomendação do Tribunal de Contas da União – TCU
não é tarefa simples. Segundo ele, diversos fatores concorrem para
que não seja adotada uma política, efetivamente, descentralizada
em matéria de proteção ao meio ambiente. Observe-se que a
própria disparidade de nível econômico entre os diversos estados
brasileiros é um elemento complicador para a descentralização
estabelecida na lei e recomendada pela Corte de Contas. Em muitos
estados da Federação o sistema estadual de proteção ao meio
ambiente é, simplesmente, inexistente. Os recursos destinados aos
órgãos estaduais são irrisórios e, quase sempre, a direção das
agências de proteção ambiental é confiada a políticos e não a
técnicos habilitados. Daí conclui PAULO DE BESSA ANTUNES que
não se pretende defender uma tecnoburocracia ambiental, mas sim
que a escolha de dirigentes ambientais baseada em critérios
político-partidários-eleitorais é extremamente nefasta.[493]
Ainda a respeito da competência para executar a fiscalização
e controle dos recursos naturais renováveis, JOSÉ CRETELLA
JÚNIOR esclarece que ela deve visar cooperação administrativa (e
não concorrência administrativa), tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento do bem-estar, em âmbito nacional, entre a União
Federal e os Estados, o Distrito Federal e os municípios, o exercício
de funções concomitantes e contínuas, que incidem sobre as
matérias constantes dos incisos I a XII do art. 23 da Carta Política
de 1988, o auxílio recíproco disciplinado por normas veiculadas por
lei complementar federal,[494] ou seja, lei complementar deve fixar
normas para a cooperação entre a União Federal e os Estados, o
Distrito Federal e os municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional (parágrafo
único do art. 23).
No mesmo sentido JOSÉ ALFREDO DE OLIVEIRA
BARACHO menciona que a precedência da União Federal pode
descaracterizar o pacto federativo já que o arranjo federal é uma
espécie de parceria fincada e regulada por um pacto, que propicia
conexões internas que refletem uma espécie de divisão de poder
entre parceiros, com base na aceitação mútua da integridade de
cada um, com o objetivo de permitir uma unidade especial, dentro
da complexidade e das diversidades existentes. Nestas
circunstâncias os Estados e os governos locais não podem ser
verdadeiramente competitivos, se os custos puderem ser
externalizados, pelas transferências para o governo nacional e para
os contribuintes, por meio de impostos. O apego ao predomínio da
União Federal, também, desfigura o sistema federativo.[495]
Considerando todas essas importantes colocações,
entendemos, pois, haver necessidade de esclarecermos a
distribuição das competências para atuar ou executar a Política
Nacional do Meio Ambiente.

2.17 REGIME LEGAL DE SUPRESSÃO


DE VEGETAÇÃO
2.17.1 Supressão de vegetação em Área de Preservação
Permanente – APP

Em relação às áreas florestadas, o atual Código Florestal


(Lei 12.651, de 25.05.2012, que dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa), determina que o licenciamento ambiental, para
alguém realizar desmatamento em áreas florestadas, deve sujeitar-
se a algumas regras básicas, que serão analisadas a seguir.
A primeira regra é no sentido de que a supressão de
vegetação em Área de Preservação Permanente – APP [496]
somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública,[497] de
interesse social,[498] ou de baixo impacto ambiental (atividades
eventuais),[499] devidamente caracterizados e motivados em
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa
técnica e locacional ao empreendimento proposto. No entanto, a
supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, [500] dunas e
restingas [501] somente pode ser autorizada em caso de utilidade
pública. A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área
de Preservação Permanente – APP localizadas em restingas, como
fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues (inciso VI do art.
4° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012), e nos manguezais, em toda a
sua extensão (inciso VII do caput do art. 4° da Lei n° 12.651, de
25.05.2012) pode ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde
a função ecológica do manguezal [502] esteja comprometida, para
execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em
projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas
urbanas consolidadas [503] ocupadas por população de baixa renda.
Por outro lado, é dispensada a autorização do órgão ambiental
competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades
de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil
destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas
urbanas. Seja como for, não há, em qualquer hipótese, direito à
regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação
nativa, além das previstas na Lei n° 12.651, de 25.05.2012, que
dispõe sobre a proteção da vegetação nativa (art. 8.º da Lei n°
12.651, de 25.05.2012).
De maneira que a vegetação situada em Área de
Preservação Permanente – APP deve ser mantida pelo proprietário
da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado. Portanto, tendo ocorrido
supressão de vegetação situada em Área de Preservação
Permanente – APP, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a
qualquer título é obrigado a promover a recomposição da
vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos na Lei n°
12.651, de 25.05.2012 (atual Código Florestal). Por sinal, esta
obrigação tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de
transferência de domínio ou posse do imóvel rural. No caso de
supressão não autorizada de vegetação, realizada após 22.07.2008,
é vedada a concessão de novas autorizações de supressão de
vegetação enquanto não cumpridas as obrigações referentes à
mencionada recomposição da vegetação (art. 7.º da Lei n° 12.651,
de 25.05.2012).
Lembramos que é considerada de Área de Preservação
Permanente – APP as florestas e demais formas de vegetação
natural situadas em zonas rurais ou urbanas (art. 4.º da Lei n°
12.651, de 25.05.2012, com modificações e acréscimos
determinados pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012): I- as faixas
marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular,[504]
em largura mínima: a) de 30 (trinta) metros para os cursos d’água
de menos de 10 (dez) metros de largura; b) de 50 (cinquenta)
metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura; c) de 100 (cem) metros para os
cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
metros de largura; d) de 200 (duzentos) metros para os cursos
d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de
largura; e) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d’água que
tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II- as áreas no
entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima
de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo
d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal
será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas
urbanas; III- as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais,
decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água
naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;
IV- as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água [505]
perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo
de 50 (cinquenta) metros; V- as encostas ou partes destas com
declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na
linha de maior declive; VI- nas restingas, como fixadoras de dunas
ou estabilizadoras de mangues; VII- os manguezais, em toda a sua
extensão; VIII- as bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da
linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem)
metros em projeções horizontais; IX- no topo de morros, montes,
montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e
inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da
curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima
da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo
plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água
adjacente ou, nos relevos ondulados,[506] pela cota do ponto de sela
mais próximo da elevação; X- as áreas em altitude superior a 1.800
(mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação
(preservação compulsória em virtude da localização da floresta ou
vegetação); XI- em veredas,[507] a faixa marginal, em projeção
horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do
espaço permanentemente brejoso e encharcado.
No entanto, não pode ser exigida Área de Preservação
Permanente – APP no entorno de reservatórios artificiais de água
que não decorram de barramento ou represamento de cursos
d’água naturais. Também nas acumulações naturais ou artificiais de
água com superfície inferior a 1 (um) hectare, é dispensada a
reserva da faixa de proteção prevista nos incisos II (“as áreas no
entorno dos lagos e lagoas naturais”) e III (“as áreas no entorno dos
reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença
ambiental do empreendimento”) do caput do art. 4.º da Lei n°
12.651, de 25.05.2012, sendo vedada nova supressão de áreas de
vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente
do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. No entanto, é
admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de
que trata o inciso V do art. 3o da Lei n° 12.651, de 25.05.2012
[“pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada
mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor
familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma
agrária, e que atenda ao disposto no art. 3° da Lei n° 11.326, de
24.07.2006”,[508] que estabelece as diretrizes para a formulação da
Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos
Familiares Rurais], o plantio de culturas temporárias e sazonais de
vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período
de vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de
novas áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da
água e do solo e seja protegida a fauna silvestre. Outrossim, nos
imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas
áreas de que tratam os incisos I (“as faixas marginais de qualquer
curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros,
desde a borda da calha do leito regular”) e II (“as áreas no entorno
dos lagos e lagoas naturais”) do caput do art. 4.º da Lei n° 12.651,
de 25.05.2012, a prática da aquicultura e a infraestrutura física
diretamente a ela associada, desde que: I- sejam adotadas práticas
sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos hídricos,
garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma dos
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; II- esteja de acordo com os
respectivos planos de bacia ou planos de gestão de recursos
hídricos; III- seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental
competente; IV- o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural
– CAR; V- não implique novas supressões de vegetação nativa (§§
1°, 4°, 5° e 6° do art. 4.º da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, com
modificações e acréscimos determinados pela Lei n° 12.727, de
17.10.2012).
Vale acrescentar que, na implantação de reservatório d’água
artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público, é
obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão
administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação
Permanente – APP criadas em seu entorno, conforme estabelecido
no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30
(trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a
faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros
em área urbana. Na implantação dos referidos reservatórios d’água
artificiais, o empreendedor, no âmbito do licenciamento
ambiental,deve elaborar Plano Ambiental de Conservação e Uso do
Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de referência
expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA, não podendo o uso exceder a 10% (dez por
cento) do total da Área de Preservação Permanente – APP. O Plano
Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório
Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da vigência da
Lei n° 12.651, de 25.05.2012, deve ser apresentado ao órgão
ambiental concomitantemente com o Plano Básico Ambiental e
aprovado até o início da operação do empreendimento, não
constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da
Licença de Instalação – LI (art. 5.º da Lei n° 12.651, de 25.05.2012,
com modificações determinadas pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012).
Outrossim, são consideradas ainda Áreas de Preservação
Permanente – APP , quando assim declaradas de interesse social
por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com
florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais
das seguintes finalidades (art. 6.º da Lei n° 12.651, de 25.05.2012,
com acréscimos determinados pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012 –
preservação compulsória da floresta ou vegetação em virtude de
reconhecimento por ato do poder público): I- conter a
erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de
terra e de rocha; II- proteger as restingas ou veredas; III- proteger
várzeas; IV- abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de
extinção; V- proteger sítios de excepcional beleza ou de valor
científico, cultural ou histórico; VI- formar faixas de proteção
ao longo de rodovias e ferrovias; VII- assegurar condições de bem-
estar público; VIII- auxiliar a defesa do território nacional, a critério
das autoridades militares; IX- proteger áreas úmidas,[509]
especialmente as de importância internacional.
No entanto, não se pode perder de vista que é permitido o
acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente
– APP para obtenção de água e para realização de atividades de
baixo impacto ambiental (art. 9.º da Lei 12.651, de 25.05.2012).

2.17.2 Supressão de vegetação em Áreas de Uso Restrito – AUR

Outra inovação trazida pelo atual Código Florestal brasileiro


são as chamadas Áreas de Uso Restrito – AUR. Tratam-se de áreas
de inclinação entre 25° (vinte e cinco graus) e 45° (quarenta e cinco
graus), onde é permitida a continuidade do desenvolvimento das
atividades, observadas boas práticas agronômicas, sendo vedada a
conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade
pública e interesse social, ou seja, essas áreas não são Áreas de
Preservação Permanente – APP, mas para supressão de vegetação
visando o uso alternativo do solo, obedece a mesma regra de
utilidade pública ou interesse social,
Com efeito, o art. 10 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, com
redação dada pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012, prescreve que, nos
pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a exploração
ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as
recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa, ficando
novas supressões de vegetação nativa para uso alternativo do solo
condicionadas à autorização do órgão estadual do meio ambiente,
com base nas recomendações mencionadas neste artigo.
Da mesma forma, o art. 11 da Lei n° 12.651, de
25.05.2012, dispõe que, em áreas de inclinação entre 25° (vinte e
cinco graus) e 45° (quarenta e cinco graus) são permitidos o manejo
florestal sustentável [510] e o exercício de atividades
agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física
associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas
práticas agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas,
excetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse social.
O que o referido dispositivo menciona é a proibição da
derrubada de florestas situadas em áreas de inclinação entre 25°
(vinte e cinco graus) e 45° (quarenta e cinco graus). Nessas
florestas, atualmente só é permitida a “extração de toros quando em
regime de utilização racional, que vise rendimentos permanentes”.
Portanto, o atual Código Florestal brasileiro consagrou
expressamente a necessidade de proteção de ecossistemas que já
eram protegidos no Brasil, mas não gozavam de proteção expressa
no antigo Código Florestal, como os pantanais e planícies
pantaneiras, áreas de inclinação entre 25° (vinte e cinco graus) e
45° (quarenta e cinco graus), denominadas agora de Áreas de Uso
Restrito – AUR. No Pantanal (“planície pantaneira”), novas retiradas
de vegetação nativa ficam condicionadas à autorização do órgão
estadual do meio ambiente, com base nas recomendações técnicas
dos organismos oficiais de pesquisa. Já nas encostas de morros
(áreas de inclinação entre 25° e 45°) estão proibidas novas
derrubadas de mata (“conversão de floresta nativa para uso
alternativo do solo”).
No entanto, o atual Código Florestal brasileiro obriga o
registro das Áreas de Uso Restrito – AUR no Cadastro Ambiental
Rural – CAR, assim como elas podem ser computadas, nos
Programas de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do
Meio Ambiente, para redução da base de cálculo do Imposto
Territorial Rural – ITR e do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF
do proprietário da terra que recompor espaços degradados. Por
outro lado, do ponto de vista ambiental, deve ser considerada a
forma como devem ser usados os terrenos com inclinação superior
a 45°(quarenta e cinco graus). Certamente deve ser fixado um
limite, ou seja, se deve estabelecer limitações de para a utilização
das Áreas de Uso Restrito – AUR: agricultura, pecuária ou
povoamentos florestais. De maneira que, dependendo do uso, essa
inclinação deve ser maior ou menor. Além disso, devem ser
estabelecidos limites em relação ao solo, ou seja, a permissão do
uso depende também da textura do solo e de uma série de outras-
coisas.

2.17.3 Supressão de apicuns e salgados em Zona Costeira

A Zona Costeira – ZC ou faixa litorânea corresponde à zona


de transição entre o domínio continental e o domínio marinho. É
uma faixa complexa, dinâmica, mutável e sujeita a vários processos
geológicos. A ação mecânica das ondas, das correntes e das marés
são importantes fatores modeladores das Zona Costeira – ZC, cujos
resultados são formas de erosão ou formas de deposição.[511] As
formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto do
movimento das ondas sobre a costa (erosão marinha ou abrasão
marinha),[512] sendo mais notória nas arribas.[513] As formas de
deposição são consequência da acumulação dos materiais
arrancados pelo mar ou transportados pelos rios, quando as
condições ambientais são propícias. Resultam praias ou ilhas-
barreiras. O dinamismo elevado característico das Zonas Costeiras
– ZC traduz-se numa constante evolução destas áreas. Algumas
formas modificam-se, mudam de posição, umas desaparecem e
outras aparecem. A Zona Costeira – ZC é um sistema que se
encontra num equilíbrio dinâmico, que resulta da interferência de
inúmeros fatores, quer naturais quer antrópicos. Dos fenômenos
naturais que interagem com a dinâmica das Zonas Costeiras – ZC
podem referir-se a alternância entre as regressões e transgressões
marinhas, a alternância entre períodos de glaciação e interglaciação
e a deformação das margens dos continentes. Entre os fatores
antrópicos que afetam a dinâmica das Zonas Costeiras – ZC,
destacam-se: a) o agravamento do efeito de estufa; b) a ocupação,
muitas vezes excessiva, da faixa litoral; c) a diminuição de
sedimentos que chegam ao litoral pela construção de barragens nos
grandes rios; d) o desmatamento, a pesca predatória, e captura de
carangueijos, expansão urbana e especulação imobiliaria; e) a
destruição de defesas naturais, que resulta do pisoteio das dunas,
da construção desordenada, do arranque da cobertura vegetal e da
extração de inertes. Entre os fatores naturais que afetam a dinâmica
das Zonas Costeiras – ZC, destacam-se: a) a erosão; b) o
assoreamento; c) a migração de dunas; e d) a mortandade de
peixes por “marés vermelhas”.[514] A ação dos fenômenos naturais e
antrópicos sobre a Zona Costeira – ZC acelera o processo de
erosão dos litorais.
A Zona Costeira Brasileira – ZCB é uma unidade territorial,
definida em legislação para efeitos de gestão ambiental. Ela se
estende por 7.300 km, distância que se eleva para mais de
8.500 km, quando se considera o recorte litorâneo. Vai do norte
equatorial ao sul temperado, passando por 17 (dezessete) estados e
mais de 400 (quatrocentos) municípios. A Zona Costeira Brasileira –
ZCB (Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Costeira –
ZEEZOC, ou simplesmente Zoneamento Costeiro)[515] ocupa cerca
de 3,5 milhões de quilômetros quadrados e corresponde a 41%
(quarenta e um por cento) da área emersa do país e tem 8.500 km
de litoral. É um conceito geopolítico que não tem nenhuma relação
com a classificação feita pela ecologia. A Zona Costeira Brasileira –
ZCB tem aspectos distintos em sua longa extensão passando
através de diferentes biomas que chegam até o litoral, o bioma da
Amazônia, o bioma da Caatinga e bioma da Mata Atlântica. Esses
biomas com grande variedade de espécies e de ecossistemas. As
águas do Atlântico Sul Ocidental, que banham o país, são quentes
mas, fatores peculiares e climáticos levam à existência de uma
grande variedade de ecossistemas diferentes que aparecem desde
o Cabo Oriente, na foz do Rio Oiapoque no norte do Brasil a até o
extremo sul do país na localidade de Arroio Chuí. São todas
famosas por serem parte da Zona Costeira – ZC. Tem como
aspectos distintivos sua extensão e a grande variedade de espécies
e de ecossistemas. A Zona Costeira – ZC é patrimônio nacional, nos
termos do §4° do art. 225 da Constituição Federal, devendo sua
ocupação e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável
(caput do art. 11-A da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, incluído pela Lei
n° 12.727, de 17.10.2012).
A vegetação predominante na Zona Costeira – ZC é
constituída de apicuns e salgados ou marismas tropicais
hipersalinos. São consideradas apicuns as áreas de solos
hipersalinos situadas nas regiões entremarés superiores, inundadas
apenas pelas marés de sizígias, que apresentam salinidade superior
a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de
vegetação vascular (inciso XIV do art. 3° da Lei n° 12.651, de
25.05.2012). Enquanto que são considerados salgados ou marismas
tropicais hipersalinos as áreas situadas em regiões com frequências
de inundações intermediárias entre marés de sizígias e de
quadratura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem) e 150
(cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a
presença de vegetação herbácea específica (inciso XV do art. 3° da
Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades
de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes
requisitos: I- área total ocupada em cada Estado não superior a 10%
(dez por cento) dessa modalidade de fitofisionomia no bioma
amazônico e a 35% (trinta e cinco por cento) no restante do País,
excluídas as ocupações consolidadas que atendam a regularização
das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas
previstas no § 6° do art. 11-A da Lei n° 12.651, de 25.05.2012; II-
salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e
dos processos ecológicos essenciais a eles associados, bem como
da sua produtividade biológica e condição de berçário de recursos
pesqueiros; III- licenciamento da atividade e das instalações pelo
órgão ambiental estadual, cientificado o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e, no caso
de uso de terrenos de marinha ou outros bens da União Federal,
realizada regularização prévia da titulação perante a União Federal;
IV- recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes
e resíduos; V- garantia da manutenção da qualidade da água e do
solo, respeitadas as Áreas de Preservação Permanente – APP; e
VI- respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das
comunidades locais. De maneira que a licença ambiental, na
hipótese de utilização de modo ecologicamente sustentável, deve
ser de 5 (cinco) anos, renovável apenas se o empreendedor cumprir
as exigências da legislação ambiental e do próprio licenciamento,
mediante comprovação anual, inclusive por mídia fotográfica.
Todavia, estão sujeitos à apresentação de Estudo Prévio de Impacto
Ambiental – EPIA e Relatório de Impacto Ambiental – RIMA [516] os
novos empreendimentos: I- com área superior a 50 (cinquenta)
hectares, sendo proibida a fragmentação do projeto para ocultar ou
camuflar seu porte; II- com área de até 50 (cinquenta) hectares, se
potencialmente causadores de significativa degradação do meio
ambiente; ou III- localizados em região com adensamento de
empreendimentos de carcinicultura ou salinas cujo impacto afete
áreas comuns. Entretanto, o órgão licenciador competente,
mediante decisão motivada, pode, sem prejuízo das sanções
administrativas, cíveis e penais cabíveis, bem como do dever de
recuperar os danos ambientais causados, alterar as condicionantes
e as medidas de controle e adequação, quando ocorrer: I-
descumprimento ou cumprimento inadequado das condicionantes
ou medidas de controle previstas no licenciamento, ou
desobediência às normas aplicáveis; II- fornecimento de informação
falsa, dúbia ou enganosa, inclusive por omissão, em qualquer fase
do licenciamento ou período de validade da licença; ou III-
superveniência de informações sobre riscos ao meio ambiente ou à
saúde pública. Há que se ter em mente o fato de que a ampliação
da ocupação de apicuns e salgados deve respeitar o Zoneamento
Ecológico-Econômico da Zona Costeira – ZEEZOC, com a
individualização das áreas ainda passíveis de uso, em escala
mínima de 1:10.000, que deve ser concluído por cada Estado no
prazo máximo de 1 (um) ano a partir da data da publicação da Lei
12.651, de 25.05.2012. No entanto, é assegurada a regularização
das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja
ocupação e implantação tenham ocorrido antes de 22.07.2008,
desde que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, comprove sua
localização em apicum ou salgado e se obrigue, por termo de
compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos
adjacentes. Por outro lado, é vedada a manutenção, licenciamento
ou regularização, em qualquer hipótese ou forma, de ocupação ou
exploração irregular em apicum ou salgado, ressalvadas as
exceções acima mencionadas (art. 11-A da Lei n° 12.651, de
25.05.2012, incluído pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012).

2.17.4 Supressão de vegetação em Área de Reserva Legal –


ARL

2.17.4.1 Delimitação da Área de Reserva Legal – ARL

A Reserva Legal – RL é a área localizada no interior de uma


propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12 da Lei
12.651, de 25.05.2012 (atual Código Florestal), com a função de
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa
(inciso III do art. 3° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
Por força do caput e §§ 4° e 5° do art. 12 da Lei n° 12.651,
de 25.05.2012, com redação dada pela Lei n° 12.727, de
17.10.2012, todo imóvel rural deve manter área com cobertura de
vegetação nativa, a título de Reserva Legal – RL, sem prejuízo da
aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente
– APP, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à
área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 da Lei n°
12.651, de 25.05.2012:[517] I- localizado na Amazônia Legal: a) 80%
(oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas. Nestes
casos, o poder público pode reduzir a Reserva Legal – RL para até
50% (cinquenta por cento), para fins de recomposição, quando o
Município tiver mais de 50% (cinquenta por cento) da área ocupada
por Unidades de Conservação da Natureza de Domínio Público e
por terras indígenas homologadas. Também nestes casos, o poder
público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente –
CEMA, pode reduzir a Reserva Legal – RL para até 50% (cinquenta
por cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-
Econômico – ZEE aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por
cento) do seu território ocupado por Unidades de Conservação da
Natureza de Domínio Público, devidamente regularizadas, e por
terras indígenas homologadas; b) 35% (trinta e cinco por cento), no
imóvel situado em área de cerrado; c) 20% (vinte por cento), no
imóvel situado em área de campos gerais; II- localizado nas demais
regiões do País: 20% (vinte por cento).
Entretanto, em caso de fracionamento do imóvel rural, a
qualquer título, inclusive para assentamentos pelo Programa de
Reforma Agrária – PRA,[518] deve ser considerada a área do imóvel
antes do fracionamento. Ademais, o percentual de Reserva Legal –
RL em imóvel situado em área de formações florestais, de cerrado
ou de campos gerais na Amazônia Legal deve ser definido
considerando separadamente os índices contidos nas alíneas a, b e
c do inciso I do caput do art. 12 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012.
Após a implantação do Cadastro Ambiental Rural – CAR, a
supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de
vegetação nativa apenas pode ser autorizada pelo órgão ambiental
estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA se o imóvel estiver inserido no mencionado cadastro,
ressalvado o previsto no art. 30 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012.[519]
No entanto, os empreendimentos de abastecimento público de água
e tratamento de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva
Legal – RL. Também não deve ser exigido Reserva Legal – RL
relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de
concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial
de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de
geração de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas
de transmissão e de distribuição de energia elétrica. Não deve,
igualmente, ser exigido Reserva Legal – RL relativa às áreas
adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e
ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias (§§ 1° a 3° e 6° a
8°, todos do art. 12 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, com redação
dada pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012).
Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econômico –
ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder
público federal pode: I- reduzir, exclusivamente para fins de
regularização, mediante recomposição, regeneração ou
[520]
compensação da Reserva Legal – RL de imóveis com área rural
[521]
consolidada, situados em área de floresta localizada na
Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) da
propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da
biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos.
[522]
Neste caso, o proprietário ou possuidor de imóvel rural que
mantiver Reserva Legal – RL conservada e averbada em área
superior aos percentuais exigidos pode instituir servidão ambiental
sobre a área excedente, nos termos da Lei n° 6.983, de 31.08.1981,
e Cota de Reserva Ambiental; [523]II- ampliar as áreas de Reserva
Legal – RL em até 50% (cinquenta por cento) dos percentuais
previstos na Lei n° 12.651, de 25.05.2012, para cumprimento de
metas nacionais de proteção à biodiversidade [524] ou de redução de
emissão de Gases de Efeito Estufa – GEE.[525] Todavia, os Estados
que não possuem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos – ZEE
segundo a metodologia unificada, estabelecida em norma federal,
têm o prazo de 5 (cinco) anos, a partir da data da publicação da Lei
n° 12.651, de 25.05.2012, para a sua elaboração e aprovação (art.
13 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
A localização da Área de Reserva Legal – RL no imóvel rural
deve levar em consideração os seguintes estudos e critérios: I- o
plano de bacia hidrográfica; II- o Zoneamento Ecológico-Econômico
– ZEE; III- a formação de corredores ecológicos com outra Reserva
Legal – RL, com Área de Preservação Permanente – APP, com
Unidade de Conservação – UC ou com outra área legalmente
protegida; IV- as áreas de maior importância para a conservação da
biodiversidade; e V- as áreas de maior fragilidade ambiental. O
órgão estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA ou instituição por ele habilitada deverá aprovar a
localização da Reserva Legal – RL após a inclusão do imóvel no
Cadastro Ambiental Rural – CAR, conforme o art. 29 da Lei n°
12.651, de 25.05.2012. Protocolada a documentação exigida para a
análise da localização da área de Reserva Legal – RL, ao
proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção
administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão
ambiental competente integrante do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA, em razão da não formalização da área de
Reserva Legal – RL (art. 14 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, com
redação dada pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012).
Deve ser admitido o cômputo das Áreas de Preservação
Permanente – APP no cálculo do percentual da Reserva Legal – RL
do imóvel, desde que: I- o benefício previsto neste artigo não
implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo,
porém é dispensada a aplicação desta regra quando as Áreas de
Preservação Permanente – APP conservadas ou em processo de
recuperação, somadas às demais florestas e outras formas de
vegetação nativa existentes em imóvel, ultrapassarem 80% (oitenta
por cento) do imóvel rural localizado em áreas de floresta na
Amazônia Legal; II- a área a ser computada esteja conservada ou
em processo de recuperação, conforme comprovação do
proprietário ao órgão estadual integrante do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA; e III- o proprietário ou possuidor tenha
requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural – CAR,
nos termos da Lei n° 12.651, de 25.05.2012. Todavia, o regime de
proteção da Área de Preservação Permanente – APP não se altera
na hipótese de ser admitido o cômputo das Áreas de Preservação
Permanente – APP no cálculo do percentual da Reserva Legal – RL
do imóvel. O proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal
– RL conservada e inscrita no Cadastro Ambiental Rural – CAR de
que trata o art. 29 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, cuja área
ultrapasse o mínimo exigido pela Lei n° 12.651, de 25.05.2012, pode
utilizar a área excedente para fins de constituição de servidão
ambiental, Cota de Reserva Ambiental – CRA e outros instrumentos
congêneres previstos na Lei n° 12.651, de 25.05.2012. O referido
cômputo aplica-se a todas as modalidades de cumprimento da
Reserva Legal – RL, abrangendo a regeneração, a recomposição e
a compensação (art. 15 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, com as
modificações e acréscimos determinados pela Lei n° 12.727, de
17.10.2012).
Outrossim, pode ser instituído Reserva Legal – RL em
regime de condomínio ou coletiva entre propriedades rurais, desde
que respeitado o percentual previsto no art. 12 da Lei n° 12.651, de
25.05.2012, em relação a cada imóvel. Também no parcelamento de
imóveis rurais, a Área de Reserva Legal – ARL pode ser agrupada
em regime de condomínio entre os adquirentes (art. 16 da Lei n°
12.651, de 25.05.2012, incluído pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012).

2.17.4.2 Regime de Proteção da Reserva Legal – ARL

Vale destacar que a Reserva Legal – RL deve ser


conservada com cobertura de vegetação nativa (vegetação
característica da região adotada com referencial e que não possui
interferência humana) pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado. Todavia, se admite a exploração econômica da
Reserva Legal – RL mediante manejo sustentável, previamente
aprovado pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA, de acordo com as modalidades previstas no
§ 2° do art. 20 da Lei 12.651, de 25.05.2012 [“no manejo sustentável
da vegetação florestal da Reserva Legal – RL, serão adotadas
práticas de exploração seletiva nas modalidades de manejo
sustentável sem propósito comercial para consumo na propriedade
e manejo sustentável para exploração florestal com propósito
comercial”]. Inclusive, para fins de manejo de Reserva Legal – RL
na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
devem estabelecer procedimentos simplificados de elaboração,
análise e aprovação de tais Planos de Manejo – PM.[526] Todavia, é
obrigatória a suspensão imediata das atividades em Área de
Reserva Legal – ARL desmatada irregularmente após 22.07.2008.
De maneira que, sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e
penais cabíveis, deve ser iniciado, nas Área de Reserva Legal –
ARL desmatada irregularmente, o processo de recomposição da
Reserva Legal – RL [527] em até 2 (dois) anos contados a partir da
data da publicação da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, devendo tal
processo ser concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa de
Regularização Ambiental – PRA, de que trata o art. 59 da referida
Lei (art. 17 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, com as modificações e
acréscimos determinados pela Lei n° 12.727, de 17.10.2012).
A Área de Reserva Legal – ARL deve ser registrada no órgão
ambiental competente por meio de inscrição no Cadastro Ambiental
Rural – CAR de que trata o art. 29 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012,
sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de
transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as
exceções previstas nesta Lei. Inclusive, a inscrição da Reserva
Legal – RL no Cadastro Ambiental Rural – CAR deve ser feita
mediante a apresentação de planta e memorial descritivo, contendo
a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos 1 (um)
ponto de amarração, conforme ato do Chefe do Poder Executivo. Na
posse, a Área de Reserva Legal – ARL é assegurada por termo de
compromisso firmado pelo possuidor com o órgão competente do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, com força de título
executivo extrajudicial, que explicite, no mínimo, a localização da
Área de Reserva Legal – ARL e as obrigações assumidas pelo
possuidor por força do previsto na Lei n° 12.651, de 25.05.2012.
Ademais, a transferência da posse implica a subrogação das
obrigações assumidas no referido termo de compromisso. Todavia,
o registro da Reserva Legal – RL no Cadastro Ambiental Rural –
CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis,
sendo que, no período entre a data da publicação da Lei n° 12.651,
de 25.05.2012, e o registro no Cadastro Ambiental Rural – CAR, o
proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação tem
direito à gratuidade deste ato (art. 18 da Lei n° 12.651, de
25.05.2012, com as modificações determinadas pela Lei 12.727, de
17.10.2012).
A inserção do imóvel rural em perímetro urbano, definido
mediante lei municipal, não desobriga o proprietário ou posseiro da
manutenção da área de Reserva Legal – RL, que só pode ser
extinta concomitantemente ao registro do parcelamento do solo para
fins urbanos aprovado segundo a legislação específica e consoante
as diretrizes do plano diretor de que trata o §1° do art. 182 da
Constituição Federal (art. 19 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
No manejo sustentável da vegetação florestal da Reserva
Legal – RL, devem ser adotadas práticas de exploração seletiva nas
modalidades de manejo sustentável sem propósito comercial para
consumo na propriedade e manejo sustentável para exploração
florestal com propósito comercial (art. 20 da Lei n°12.651, de
25.05.2012).
É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais
como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar: I- os
períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos,
quando houver; II- a época de maturação dos frutos e sementes; III-
técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e
da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas,
óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes (art. 21 da Lei n°
12.651, de 25.05.2012).
O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva
Legal – RL com propósito comercial depende de autorização do
órgão competente e deve atender as seguintes diretrizes e
orientações: I- não descaracterizar a cobertura vegetal e não
prejudicar a conservação da vegetação nativa da área; II- assegurar
a manutenção da diversidade das espécies; III- conduzir o manejo
de espécies exóticas com a adoção de medidas que favoreçam a
regeneração de espécies nativas (art. 22 da Lei n° 12.651, de
25.05.2012).
O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem
propósito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de
autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser
declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da
exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20
(vinte) metros cúbicos (art. 23 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
No manejo florestal nas áreas fora de Reserva Legal – RL se
aplicam todas as regras acima mencionadas, ou seja, se aplica,
igualmente, o disposto nos arts. 21, 22 e 23 da Lei n° 12.651, de
25.05.2012 (art. 24 da Lei 12.651, de 25.05.2012).

2.17.4.3 Regime de Proteção das Áreas Verdes Urbanas – AVU


As Áreas Verdes Urbanas – AVU são consideradas como o
conjunto de áreas intraurbanas que apresentam cobertura vegetal,
arbórea (nativa e introduzida), arbustiva ou rasteira (gramíneas) e
que contribuem de modo significativo para a qualidade de vida e o
equilíbrio ambiental nas cidades. As Áreas Verdes Urbanas – AVU
estão presentes numa enorme variedade de situações, a saber: a)
em áreas públicas; b) em Áreas de Preservação Permanente
Urbana – APPU (espaços territoriais legalmente protegidos,
ambientalmente frágeis e vulneráveis, podendo ser públicas ou
privadas, urbanas ou rurais, cobertas ou não por vegetação nativa);
[528]
c) nos canteiros centrais; d) nas praças, parques urbanos,[529]
parques fluviais, parques balneários e esportivos, florestas e
Unidades de Conservação Urbanas – UCU; e) nos jardins
institucionais (jardim botânico; jardim zoológico, etc.); f) nos terrenos
públicos não edificados; g) em alguns tipos de cemitérios; e h) em
faixas de ligação entre áreas verdes.
Inclusive, de acordo com o § 1º do art. 8º da
Resolução/CONAMA nº 369, de 28.03.2006, que dispõe sobre os
casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo
impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de
vegetação em Área de Preservação Permanente – APP, considera-
se Áreas Verdes de Domínio Público – AVDP “o espaço de domínio
público que desempenhe função ecológica, paisagística e
recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e
ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres
de impermeabilização”.
Ademais, a intervenção ou supressão de vegetação em Área
de Preservação Permanente – APP para a implantação de Áreas
Verdes de Domínio Público – AVDP em área urbana pode ser
autorizada pelo órgão ambiental competente, observado o disposto
na Seção I da Resolução/CONAMA nº 369, de 28.03.2006, e uma
vez atendido o disposto no Plano Diretor, se houver, além dos
seguintes requisitos e condições: I- localização unicamente em Área
de Preservação Permanente – APP previstas nos incisos I, III
(alinea “a”), V, VI e IX (alínea “a”) do art. 3° da Resolução/CONAMA
n° 303, de 20.03.2002 (dispõe sobre parâmetros, definições e limites
de Áreas de Preservação Permanente),[530] e art. 3° da
Resolução/CONAMA n° 302, de 20.03.2002 (dispõe sobre os
parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação
Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do
entorno);[531] II- aprovação pelo órgão ambiental competente de um
projeto técnico que priorize a restauração e/ou manutenção das
características do ecossistema local, e que contemple medidas
necessárias para: a) recuperação das áreas degradadas da Área de
Preservação Permanente – APP inseridas na Área Verde de
Domínio Público – AVDP; b) recomposição da vegetação com
espécies nativas; c) mínima impermeabilização da superfície; d)
contenção de encostas e controle da erosão; e) adequado
escoamento das águas pluviais; f ) proteção de área da recarga de
aquiferos; e g) proteção das margens dos corpos de água; III-
percentuais de impermeabilização e alteração para ajardinamento
limitados a respectivamente 5% (cinco por cento) e 15% (quinze poir
cento) da área total da Áreas Verdes de Domínio Público – AVDP
inserida na Área Verde de Domínio Público – AVDP. O projeto
tecnico da Área Verde de Domínio Público – AVDP que deve ser
objeto de aprovação pela autoridade ambiental competente, pode
incluir a implantação de equipamentos públicos, tais como: a) trilhas
ecoturisticas; b) ciclovias; c) pequenos parques de lazer, excluídos
parques temáticos ou similares; d) acesso e travessia aos corpos de
água; e) mirantes; f) equipamentos de segurança, lazer, cultura e
esporte; g) bancos, sanitários, chuveiros e bebedouros públicos; e
h) rampas de lançamento de barcos e pequenos ancoradouros.
Todavia, a autorização para a intervenção ou supressão de
vegetação em Área de Preservação Permanente – APP para a
implantação de Áreas Verdes de Domínio Público – AVDP em área
urbana não se aplica às areas com vegetação nativa primária, ou
secundária em estágio médio e avançado de regeneração. Por outro
lado, é garantido o acesso livre e gratuito da população a Área
Verde de Domínio Público – AVDP (caput e §§ 2°, 3° e 4° do art. 8°
da Resolução/CONAMA nº 369, de 28.03.2006).
O poder público municipal deve contar, para o
estabelecimento de Áreas Verdes Urbanas – AVU, com os seguintes
instrumentos: I- o exercício do direito de preempção para aquisição
de remanescentes florestais relevantes, conforme dispõe os arte. 25
a 27 da Lei n° 10.257, de 10.07.2001 (regulamenta os arts. 182 e
183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais e política
urbana);[532] II- a transformação das Reservas Legais – RL em áreas
verdes nas expansões urbanas; III- o estabelecimento de exigência
de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e
na implantação de infraestrutura; e IV- aplicação em áreas verdes
de recursos oriundos da compensação ambiental (art. 25 da Lei
12.651, de 25.05.2012).

2.17.5 Supressão de vegetação para uso alternativo do solo

Uso alternativo do solo é a substituição de florestas e


formações sucessoras por outras coberturas do solo, tais como
projetos de assentamento para reforma agrária, agropecuários,
industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de
transporte (§ 1° do art. 10 do Decreto n° 5.975, de 30.11.2006).
A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do
solo, tanto de domínio público como de domínio privado, depende
do cadastramento do imóvel no Cadastro Ambiental Rural – CAR,
de que trata o art. 29 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012, e de prévia
autorização do órgão estadual competente do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA. Inclusive, o requerimento da referida
autorização de supressão deve conter, no mínimo, as seguintes
informações: I- a localização do imóvel, das Áreas de Preservação
Permanente – APP, da Reserva Legal – RL e das Áreas de Uso
Restrito – AUR, por coordenada geográfica, com pelo menos 1 (um)
ponto de amarração do perímetro do imóvel, porém está dispensado
das indicações georreferenciadas da localização do imóvel das
Áreas de Preservação Permanente – APP e da Reserva Legal – RL
o pequeno proprietário rural ou possuidor familiar (§ 3° do art. 10 da
Decreto n° 5.975, de 30.11.2006); II- a reposição ou compensação
florestal, nos termos do § 4o do art. 33 da Lei n° 12.651, de
25.05.2012;[533] III- a utilização efetiva e sustentável das áreas já
convertidas; IV- o uso alternativo da área a ser desmatada (caput e
§4° do art. 26 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
No caso de reposição florestal, devem ser priorizados
projetos que contemplem a utilização de espécies nativas do mesmo
bioma onde ocorreu a supressão (§3° do art. 26 da Lei n° 12.651, de
25.05.2012). Lembramos que reposição florestal é a compensação
do volume de matéria-prima extraído de vegetação natural pelo
volume de matéria-prima resultante de plantio florestal para geração
de estoque ou recuperação de cobertura florestal (art. 13 do Decreto
n° 5.975, de 30.11.2006). Por sinal, é obrigada à reposição florestal
a pessoa física ou jurídica que: I- utiliza matéria-prima florestal
oriunda de supressão de vegetação natural; II- detenha a
autorização de supressão de vegetação natural. O responsável por
explorar vegetação em terras públicas, bem como o proprietário ou
possuidor de área com exploração de vegetação, sob qualquer
regime, sem autorização ou em desacordo com essa autorização,
está também obrigado a efetuar a reposição florestal. No entanto, o
detentor da autorização de supressão de vegetação está
desonerado do cumprimento da reposição florestal efetuada por
aquele que utiliza a matéria-prima florestal. A comprovação do
cumprimento da reposição florestal por quem utiliza a matéria-prima
florestal oriunda de supressão de vegetação natural, não
processada ou em estado bruto, deve ser realizada dentro do
período de vigência da autorização de supressão de vegetação.
Também está desobrigado da reposição florestal o pequeno
proprietário rural ou possuidor familiar, detentor da autorização de
supressão de vegetação natural, que não utilizar a matéria-prima
florestal ou destiná-la ao consumo (art. 14 do Decreto n° 5.975, de
30.11.2006). Além disso, está isento da obrigatoriedade da reposição
florestal aquele que comprovadamente utilize: I- resíduos
provenientes de atividade industrial, tais como costaneiras, aparas,
cavacos e similares; II- matéria-prima florestal: a) oriunda de
supressão da vegetação autorizada, para benfeitoria ou uso
doméstico dentro do imóvel rural de sua origem; b) oriunda de Plano
de Manejo Florestal Sustentável – PMFS;[534] c) oriunda de floresta
plantada; e d) não-madeireira, salvo disposição contrária em norma
específica do Ministério de Meio Ambiente – MMA. Porém a isenção
da obrigatoriedade da reposição florestal não desobriga o
interessado da comprovação junto à autoridade competente da
origem do recurso florestal utilizado (art. 15 do Decreto n° 5.975, de
30.11.2006).
O aproveitamento da matéria-prima nas áreas onde houver a
supressão para o uso alternativo do solo deve ser precedido de
levantamento dos volumes existentes, conforme ato normativo
específico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA (§ 4° do art. 10 do Decreto n° 5.975,
de 30.11.2006).
Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão
de vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna ameaçada
de extinção, segundo lista oficial publicada pelos órgãos federal ou
estadual ou municipal do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA, ou espécies migratórias, depende da adoção de medidas
compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da
espécie (art. 27 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso
alternativo do solo no imóvel rural que possuir área abandonada
(art. 28 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).

2.18 COMPETÊNCIA GERAL PARA


EXIGIR O ESTUDO DE IMPACTO
AMBIENTAL – EIA E PARA LICENCIAR
EMPREENDIMENTOS E ATIVIDADES
COM SIGNIFICATIVO IMPACTO
AMBIENTAL DE ÂMBITO NACIONAL
OU REGIONAL
A competência para exigir o Estudo de Impacto Ambiental –
EIA, por força do caput do art. 17 do Decreto 99.274, de 06.06.1990,
que regulamenta a Lei nº 6.902, de 27.04.1981, e a Lei nº 6.938, de
31.08.1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de
Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, deve seguir a regra geral no
sentido de que a construção, instalação, ampliação e funcionamento
de estabelecimento de atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem
assim os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do
órgão estadual competente integrante do Sistema Nacional de Meio
Ambiente – SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças legalmente
exigíveis. Portanto, aos órgãos estaduais de controle ambiental
cabe a função de expedir o competente licenciamento ambiental.
No entanto, a Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997,
ao regulamentar a matéria, disciplinou-a de maneira bastante
diferente.
Assim é que o art. 4.º da Resolução/CONAMA n° 237, de
19.12.1997, prescreve que compete ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA o
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades com
significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a
saber: a) localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e
em país limítrofe, no mar territorial, na plataforma continental, na
zona econômica exclusiva, em terras indígenas ou em unidades de
conservação do domínio da União; b) localizadas ou desenvolvidas
em dois ou mais Estados; c) cujos impactos ambientais diretos
ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais
Estados; d) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar,
transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer
estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN;e) bases ou empreendimentos militares,
quando couber, observada a legislação específica.
Também por força do § 1.º do art. 4.º da
Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA deve
fazer o licenciamento nos casos acima mencionados, após
considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos
Estados e municípios em que se localizar a atividade ou
empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais
órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.
Conforme determina o art. 5.º da mencionada
Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997, compete ao órgão
ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental
dos empreendimentos e atividades: a) localizados ou desenvolvidos
em mais de um município ou em unidades de conservação de
domínio estadual ou do Distrito Federal; b) localizados ou
desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural
de preservação permanente, como visto, relacionadas no artigo 2.º
da Lei n° 4.771, de 15.09.1965, e em todas as que assim forem
consideradas por normas federais, estaduais ou municipais; c) cujos
impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um
ou mais municípios; d) delegados pela União aos Estados ou ao
Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio.
Finalmente, compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos
os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal,
quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem
delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio (art. 6.º da
Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997). De maneira que, em
havendo delegação de competência, os Municípios podem, assim,
realizar licenciamentos ambientais referentes à: 1) obras,
empreendimentos ou atividades de impacto regional (por exemplo,
que atinjam mais de uma circunscrição administrativa autônoma, até
mesmo uma região metropolitana), face ao disposto no § 2° do art.
4°, nos incisos I, III e IV do art. 5° e nos arts. 6° e 7°, todos da
Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997; 2) obras,
empreendimentos ou atividades que visam interferir em áreas de
preservação permanente, tais como ao longo de cursos d’água, nas
nascentes, nos olhos d’água, no topo de morros, montes,
montanhas e serras, nas restingas, nos manguezais, nas dunas,
etc., face ao disposto no § 2° do art. 4, nos incisos II e IV do art. 5° e
nos arts. 6° e 7°, todos da Resolução/CONAMA n° 237, de
19.12.1997; 3) obras, empreendimentos ou atividades que que
possam afetar Unidades de Conservação – UC (Reservas
Biológicas – REBIO, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas,
Parques Nacionais – PARNA, Parques Estaduais e Parques
Municipais, Florestas Nacionais – FLONA, Florestas Estaduais e
Florestas Municipais, Áreas de Proteção Ambiental – APA, Áreas de
Relevante Interesse Ecológico – ARIE e Reservas Extrativistas –
RESEX ou outras a serem criadas pelos Poderes Públicos), face ao
disposto no § 2° do art. 4°, nos incisos I, III e IV do art. 5° e nos arts.
6° e 7°, todos da Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997.
<texto>Portanto, a Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997,
segue o princípio geral que norteia a repartição de competência
entre as entidades competentes do Estado federal, ou seja, o
princípio da predominância do interesse, segundo o qual à União
Federal cabem aquelas matérias e questões de predominante
interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados tocam as
matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos
municípios concernem os assuntos de interesse local.[535]

2.19 LICENCIAMENTO AMBIENTAL


EM ZONA COSTEIRA
Quanto à Zona Costeira, acrescenta-se que o licenciamento
para parcelamento e remembramento do solo, construção,
instalação, funcionamento e ampliação de atividade com alterações
das características naturais da Zona Costeira, deve ser apresentado
pelo responsável pela atividade o Estudo de Impacto Ambiental –
EIA e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental
– RIMA, “devidamente aprovado” (art. 6.º da Lei n° 7.661, de
16.05.1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro), a fim de obter o competente licenciamento ambiental. A
falta ou o descumprimento, mesmo parcial, das condições deste
licenciamento serão sancionados com interdição, embargo ou
demolição, sem prejuízo da cominação de outras penalidades
previstas em lei. Todavia, perguntamos: – Quem tem competência
para aprovar o Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o respectivo
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA em tais casos? Apesar de
parecer da Procuradoria Geral do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA ter se
manifestado pela competência desse Instituto, lembramos que o
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC deve ser
aplicado com a participação da União, dos Estados, dos Territórios e
dos municípios, por meio de órgãos e entidades integradas ao
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA (§ 2.º do art. 4.º da
Lei n° 7.661, de 16.05.1988), observando-se, além do disposto na
própria lei de gerenciamento costeiro, as demais normas específicas
federais, estaduais e municipais, respeitando as diretrizes dos
Planos de Gerenciamento Costeiro (caput do art. 6.º). A nosso ver,
tal dispositivo leva ao entendimento no sentido de que sejam
aplicadas à Zona Costeira as mesmas regras previstas na Lei n°
4.771, de 15.09.1965 (Código Florestal), com as alterações
provisórias determinadas pela Medida Provisória n° 2.166, de
24.08.2001, antes já transcritas. Todavia, não envolvendo supressão
de vegetação de preservação permanente, a competência para
expedir licenças e autorizações deve ser distribuída conforme a
regra geral prescrita pelos arts. 4.º, 5.º e 6.º da Resolução/CONAMA
n° 237, de 19.12.1997.

2.20 COMPETÊNCIA AMBIENTAL


EXCEPCIONAL
Além disso, há casos excepcionais em que o licenciamento
ambiental deve ser concedido obrigatoriamente por órgãos federais.
Assim é que o § 2.º do art. 10 da Lei n° 6.803, de 02.07.1980, que
dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas
áreas críticas de poluição, prescreve que cabe exclusivamente à
União Federal, ouvidos os governos estadual e municipal
interessados, aprovar a delimitação e autorizar a implantação de
zonas de uso estritamente industrial que se destinem à localização
de polos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos, bem como
instalações nucleares e outras definidas em lei. De maneira que nos
casos mencionados pelo § 2.º do art. 10 da Lei n° 6.803, de
02.07.1980, a concessão de licenciamento ambiental deve ser
outorgada por órgãos federais, mais especificamente, pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA e pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.
Todavia, observa-se que a própria lei não afastou os órgãos
estaduais e municipais do processo de licenciamento ambiental
implantação de pólos petroquímicos, cloroquímicos e
carboquímicos, bem como instalações nucleares. Se não bastasse
isso, as licenças ambientais outorgadas excepcionalmente por
órgãos federais não afastam uma eventual exigência dos órgãos
estaduais, em vista do disposto no art. 17 do Decreto n° 99.274, de
06.06.1990.
Outras hipóteses de competências ambientais excepcionais
são aquelas previstas na Lei n° 9.966, de 28.04.2000, que dispõe
sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada
por lançamento de óleo [536] e outras substâncias nocivas ou
perigosas [537] em águas sob jurisdição nacional.
Não se deve, portanto, perder de vista as competências do
IBAMA (“órgão federal”) previstas no inciso II do art. 27 da referida
Lei n° 9.966, de 28.04.2000, que são as seguintes: 1) realizar o
controle ambiental e a fiscalização dos portos organizados,[538] das
instalações portuárias,[539] das cargas movimentadas, de natureza
nociva ou perigosa, e das plataformas [540] e suas instalações de
apoio,[541] quanto às exigências previstas no licenciamento
ambiental, autuando os infratores na esfera de sua competência; 2)
avaliar os danos ambientais causados por incidentes [542] nos portos
organizados, dutos, instalações portuárias, navios,[543] plataformas e
suas instalações de apoio; 3) encaminhar à Procuradoria-Geral da
República relatório circunstanciado sobre os incidentes causadores
de dano ambiental para a propositura das medidas judiciais
necessárias; 4) comunicar ao órgão regulador da indústria do
petróleo [544] irregularidades encontradas durante a fiscalização de
navios, plataformas e suas instalações de apoio, quando atinentes à
indústria do petróleo.
As competências da autoridade marítima,[545] por intermédio
de suas organizações competentes (Capitania dos Portos), previstas
no inciso I do art. 27 da Lei n° 9.966, de 28.04.2000, são, por sua
vez, as seguintes: 1) fiscalizar navios, plataformas e suas
instalações de apoio, e as cargas embarcadas, de natureza nociva
ou perigosa, autuando os infratores na esfera de sua competência;
2) levantar dados e informações e apurar responsabilidades sobre
os incidentes com navios, plataformas e suas instalações de apoio
que tenham provocado danos ambientais; 3) encaminhar os dados,
informações e resultados de apuração de responsabilidades ao
órgão federal de meio ambiente,[546] para avaliação dos danos
ambientais e início das medidas judiciais cabíveis; 4) comunicar ao
órgão regulador da indústria do petróleo irregularidade encontradas
durante a fiscalização de navios, plataformas e suas instalações de
apoio, quando atinentes à indústria do petróleo.
As competências dos órgãos estaduais de meio ambiente,
previstas no inciso III do art. 27 da Lei n° 9.966, de 28.04.2000, são
as seguintes: 1) realizar o controle ambiental e a fiscalização dos
portos organizados, instalações portuárias, estaleiros, navios,
plataformas e suas instalações de apoio, avaliar os danos
ambientais causados por incidentes ocorridos nessas unidades e
elaborar relatório circunstanciado, encaminhando-o ao órgão federal
de meio ambiente; 2) dar início, na alçada estadual, aos
procedimentos judiciais cabíveis a cada caso; 3) comunicar ao
órgão regulador da indústria do petróleo irregularidades encontradas
durante a fiscalização de navios, plataformas e suas instalações de
apoio, quando atinentes à indústria do petróleo; 4) autuar os
infratores na esfera de sua competência.
As competências dos órgãos municipais de meio ambiente,
previstas no inciso IV do art. 27 da Lei n° 9.966, de 28.04.2000, são
as seguintes: 1) avaliar os danos ambientais causados por
incidentes nas marinas, clubes náuticos e outros locais e instalações
similares, e elaborar relatório circunstanciado, encaminhando-o ao
órgão estadual de meio ambiente; 2)dar início, na alçada municipal,
aos procedimentos judiciais cabíveis a cada caso; 3) autuar os
infratores na esfera de sua competência.
Finalmente, as competências do órgão regulador da indústria
do petróleo, previstas no inciso V do art. 27 da Lei n° 9.966, de
28.04.2000, são as seguintes: 1) fiscalizar diretamente, ou mediante
convênio, as plataformas e suas instalações de apoio, os dutos e as
instalações portuárias, no que diz respeito às atividades de
pesquisa, perfuração, produção, tratamento, armazenamento e
movimentação de petróleo e seus derivados e gás natural; 2)
levantar os dados e informações e apurar responsabilidades sobre
incidentes operacionais que, ocorridos em plataformas e suas
instalações de apoio, instalações portuárias ou dutos, tenham
causado danos ambientais; 3) encaminhar os dados, informações e
resultados da apuração de responsabilidades ao órgão federal de
meio ambiente; 4) comunicar à autoridade marítima e ao órgão
federal de meio ambiente as irregularidades encontradas durante a
fiscalização de instalações portuárias, dutos, plataformas e suas
instalações de apoio; 5) autuar os infratores na esfera de sua
competência.

2.21 NATUREZA JURÍDICA DO ESTUDO DE IMPACTO


AMBIENTAL

O Estudo de Impacto Ambiental – EIA tem uma natureza


formal, ou seja, ele integra o instrumento de formalização da
autorização para realização de empreendimentos, pela qual se
assegura a regularidade da obra ou atividade em relação a
preservação do meio ambiente (processo de concessão do
licenciamento ambiental).
ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELOS BENJAMIM
esclarece que o Estudo de Impacto Ambiental – EIA constitui
exatamente o limite da discricionariedade administrativa. Todavia, a
verificação de tais limites deve seguir todo um conjunto de
formalidades administrativas.[547]
Para PAULO DE BESSA ANTUNES, a formalidade é um dos
elementos mais importantes no interior do processo de
licenciamento e, sobretudo, na inserção do estudo de impacto
ambiental no interior do próprio licenciamento. Com efeito, a prática
administrativa e judiciária tem demonstrado que, não raras vezes,
um vício formal pode implicar na anulação de uma licença
ambiental. O licenciamento é um ato administrativo formal e
vinculado. Isto implica que para que se conceda uma licença sejam
necessários alguns requisitos. Licença que tenha sido expedida sem
a observância das formalidades legais é licença anulável.[548]
2.22 VINCULAÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
Como dito antes, na opinião de ELIDA SÉGUIN, o Estudo
Prévio de Impacto Ambiental – EPIA ou Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, lamentavelmente, não vincula a administração
pública ao seu conteúdo, mas, ainda assim, fornece opções de
decisão. Todavia, segundo ela, considerando os princípios
administrativos que norteiam a administração pública, fica muito
difícil para o agente público justificar sua não-observância, bem
como a publicidade que o envolve permite que a comunidade possa
adotar as medidas judiciais cabíveis para evitar um dano ambiental.
[549]
No mesmo sentido, VLADIMIR PASSOS DE FREITAS escreve
que o Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA não vincula a
administração pública, já que inexiste qualquer comando legal a
ordenar tal vinculação ao administrador.[550]
No entanto, a opinião emitida por ELIDA SÉGUIN e por
VLADIMIR PASSOS DE FREITAS não é pacífica. Por exemplo,
segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, as conclusões do Estudo
de Impacto Ambiental – EIA obrigam à administração pública. Com
isto, se quer dizer que a Administração não pode licenciar nenhum
empreendimento se a recomendação contida no Estudo de Impacto
Ambiental – EIA for contrária ao licenciamento. Além disso, as
recomendações de correção do projeto são, igualmente, cogentes
para o administrador público. De maneira que o Estudo de Impacto
Ambiental – EIA é procedimento formal e material. É formal porque
não se pode licitamente deixar de realizar nenhum dos
procedimentos determinados nas normas concernentes à sua
realização. É material porque a implementação das regras formais
deve ser feita com a utilização de todos os recursos técnicos
disponíveis, e na análise dos resultados devem ser aplicados os
princípios norteadores do direito ambiental, em especial o princípio
da cautela. Assim, em vista de o Estudo de Impacto Ambiental – EIA
ser parte integrante do processo de licenciamento ambiental, a sua
inexistência ou a sua realização viciada contaminam o
licenciamento, quando se tratar de obra ou atividade, efetiva ou
potencialmente causadora de poluição ou degradação do meio
ambiente.[551]
Quanto à previsão legal de vinculação ao Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, PAULO DE BESSA ANTUNES esclarece que é a
própria Lei Fundamental que determina uma limitação objetiva da
discricionariedade adminstrativa quando se trata de licenciamento
ambiental. Segundo ele, o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado está previsto e contemplado no art. 225 da Constituição
Federal de 1988. O próprio texto constitucional, no § 1.º do art. 225
estabeleceu as incumbências a serem desempenhadas pelo poder
público para que se assegure a efetividade do direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado. Há, portanto, uma
determinação precisa e clara para que o poder público assegure, ou
tente assegurar, o equilíbrio ecológico. Acrescenta PAULO DE
BESSA ANTUNES que a limitação da discricionariedade
administrativa é notório, uma vez que os Estudos de Impacto
Ambiental – EIA servem para oferecer uma análise técnica dos
efeitos que decorrerão da implantação do projeto. O Estudo de
Impacto Ambiental – EIA deve oferecer, em sua opinião, uma visão
abrangente das consequências e, na medida em que tais elementos
tenham sido fornecidos aos administradores, cumpre ao governo
realizar um balanço entre todas as opções, consideradas, inclusive,
aquelas de natureza sócioeconômico. A vinculação existe, segundo
PAULO DE BESSA ANTUNES, na medida em que a administração
pública deve levar em conta os elementos que constem do Estudo
de Impacto Ambiental – EIA e do seu Relatório de Impacto sobre o
Meio Ambiente – RIMA, ao realizar a sua decisão pela implantação
ou não do projeto que foi analisado por ela.[552]
No mesmo sentido, ANTÔNIO HERMANN DE
VASCONCELOS BENJAMIM opina que o Estudo de Impacto
Ambiental – EIA atua, fundamentalmente, na esfera de
discricionariedade da administração Pública. Seu papel é limitar, no
plano da decisão ambiental, a liberdade de atuação do
administrador.[553]
Portanto, como podemos observar, a questão da vinculação
da administração pública aos resultados do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA é muito controvertida. Todavia, nos parece que, se
o Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA configuram uma análise técnica válida e confiável
sobre todas as alternativas e consequências que poderão advir da
implantação de uma determinada atividade ou da realização de uma
determinada obra, s.m.j., a administração pública não poderá
conceder a licença ambiental para a implantação do projeto ou
negá-la ignorando os elementos contidos no Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e no Relatório de Impacto Ambiental – RIMA,
exceto na hipótese de ficar evidenciado vícios, falhas ou omissões
em tais documentos. No entanto, caso não existam vícios, falhas ou
omissões o Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA e a análise técnica expressa em tais
documentos estando de acordo com os padrões oficiais vigentes
(padrões técnicos fixados por ato normativo), a nosso ver, o
administrador público não pode simplesmente ignorar as exigências
e conclusões ali contidas, ou até mesmo abrandá-las. De maneira
que, uma vez estando comprovado pelo Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e pelo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA que
um determinado projeto atende às condições e aos padrões
técnicos fixados em regulamento, o administrador público obriga-se
a conceder o licenciamento, sob pena de incorrer em crime de
prevaricação, previsto no art. 319 do Código Penal.[554]

2.23 PUBLICIDADE DO ESTUDO DE


IMPACTO AMBIENTAL
Como vimos, o inciso IV do § 1.º do art. 225 da Constituição
Federal de 1988 dispõe que, para assegurar a efetividade desse
direito, incumbe ao poder público exigir, na forma da lei, para
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, Estudo Prévio de
Impacto Ambiental – EPIA, a que se dará publicidade. Portanto, dar
publicidade ao Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA é
determinação constitucional dirigida à administração pública e que
deve ser cumprida rigorosamente. Acrescenta-se que o disposto no
final do inciso IV do § 1.º do art. 225 da Constituição Federal está
em harmonia com o princípio da publicidade dos atos
administrativos previsto no seu art. 37 (“a administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...”).
A esse respeito, PAULO DE BESSA ANTUNES esclarece
que a publicidade tem por objetivo assegurar que a população tome
conhecimento do referido Estudo de Impacto Ambiental – EIA e que
possa apresentar críticas e sugestões a esse Estudo e ao próprio
projeto proposto. Na verdade, o Estudo de Impacto Ambiental – EIA
é, concomitantemente, um instrumento de controle e participação
dos cidadãos na administração pública, e instrumento administrativo
de análise técnica de empreendimentos utilizadores de recursos
ambientais.[555]

2.24 OBRIGATORIEDADE DO ESTUDO


DE IMPACTO AMBIENTAL
O Estudo de Impacto Ambiental – EIA não é um documento
facultativo, ou seja, que pode ou não ser feito, conforme desejo do
empreendedor interessado ou da administração pública. O Estudo
de Impacto Ambiental – EIA é um ato integrante do processo de
licenciamento ambiental obrigatório e que deve ser feito antes da
concessão da licença.
Segundo ELIDA SÉGUIN, a obrigatoriedade e a
anterioridade advêm de exigências de organismos multilaterais de
financiamento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento –
BID e o Banco Mundial – BIRD. Doutrinariamente, funda-se no
princípio da prevenção que rege o direito ambiental e foi consagrado
no ponto 4 do Fórum de Siena de direito internacional de meio
ambiente.[556]
O art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986,
prescreve que dependerá de elaboração de Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual
competente, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais
como: I- estradas de rodagem com duas ou mais faixas de
rolamento; II- ferrovias; III- portos e terminais de minério,
petróleo e produtos químicos; IV- aeroportos, conforme definidos
pelo inciso 1, art. 48, do Decreto-lei n° 32, de 18.11.1966; V-
oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários
de esgotos sanitários; VI- linhas de transmissão de energia elétrica,
acima de 230 KV; VII- obras hidráulicas para exploração de recursos
hídricos, tais como: barragem para quaisquer fins hidrelétricos,
acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais
para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água,
abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
VIII- extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX-
extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código
de Mineração; X- aterros sanitários, processamento e destino final
de resíduos tóxicos ou perigosos; XI- usinas de geração de
eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de
10MW; XII- complexo e unidades industriais e agro-industriais
(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool,
hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios); XIII- distritos
industriais e Zonas de Uso Estritamente Industrial – ZEI; XIV-
exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de
100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV- projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas
consideradas de relevante interesse ambiental a critério da Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI-
qualquer atividade que utilize carvão vegetal, derivados ou produtos
similares, em quantidade superior a 10 (dez) toneladas por dia; XVII-
projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou
menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental,
inclusive nas áreas de proteção ambiental; XVIII- nos casos de
empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio
espeleológico nacional.
Posteriormente, o inciso IV do § 1.º do art. 225 da
Constituição Federal de 1988 manteve a obrigatoriedade do Estudo
de Impacto Ambiental – EIA ao dispor que, para assegurar a
efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
incumbe ao poder público exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, Estudo Prévio de Impacto Ambiental
– EPIA, a que se dará publicidade.
Até mesmo o inciso IX do art. 6.º da Lei n° 8.666, de
21.06.1993 (que regulamenta o inciso XXI do art. 37 da CF e institui
normas para licitações e contratos da administração pública),
alterada pela Lei n° 8.883, de 08.06.1994 e pela Lei n° 9.648, de
27.05.1998, exige o Estudo de Impacto Ambiental – EIA para obras
públicas.[557]
Portanto, dúvida não resta que o Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA são
obrigatórios e devem ser anteriores à concessão do licenciamento
ambiental.

2.25 REQUISITOS DO ESTUDO DE


IMPACTO AMBIENTAL
A validade do Estudo de Impacto Ambiental – EIA depende
da satisfação de vários requisitos tanto formais como materiais,
previstos em lei ou regulamento. Muitas vezes, a satisfação de tais
requisitos se afigura difícil e complexa, em vista de não se
encontrarem enumerados numa mesma norma jurídica. Várias
Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
prevêem requisitos para o Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
Mesmo assim, tais requisitos podem ser classificados em: a)
requisitos de conteúdo; b) requisitos técnicos; e c) requisitos
formais.

2.25.1 Requisitos de conteúdo

Os requisitos de conteúdo têm por escopo impedir que os


aspectos e questões que, necessariamente, devem estar contidos
em estudos e relatórios de impacto ambiental sejam aleatórios, ou
feitos sem a existência prévia de uma norma legal. Em virtude disso,
as normas jurídicas ambientais fixam um conteúdo material mínimo
que, segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, deve estar presente
em todas as avaliações de impacto ambiental que devem ser
submetidas ao poder público para fins de licenciamento de uma
atividade ou empreendimento. Em sua opinião, nada impede,
contudo, que a equipe técnica responsável pelo Estudo de Impacto
Ambiente – EIA avance na análise de assuntos que não são
formalmente exigidos pelas normas legais. Evidentemente que, em
tais casos, as informações colhidas servirão, apenas, de subsídio
para o órgão licenciante. Para PAULO DE BESSA ANTUNES, tudo
aquilo que o Estudo de Impacto Ambiental – EIA deve obedecer são
algumas diretrizes gerais previstas nas normas jurídicas.[558]
Os requisitos de conteúdo estão previstos na
Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986. Assim é que o seu art. 5.º
dispõe que o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, além de atender à
legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente, deve obedecer às seguintes
diretrizes gerais: a)contemplar todas as alternativas tecnológicas
(adoção de opções tecnológicas para que a finalidade do
empreendimento proposto possa ser satisfatoriamente alcançada) e
de localização de projeto (analisar se o local pretendido é o
adequado, sugerindo outra localização, caso o originalmente
indicado não o seja), confrontando-as com a hipótese de não
execução do projeto; b)identificar e avaliar sistematicamente os
impactos ambientais gerados nas fases de implantação
(investigação de curto prazo) e operação da atividade (investigação
permanente); c)definir os limites da área geográfica a ser direta ou
indiretamente afetada pelos impactos, denominada “área de
influência do projeto”, considerando, em todos os casos, a bacia
hidrográfica na qual se localiza; d)considerar os planos e programas
governamentais, propostos e em implantação na área de influência
do projeto, e sua compatibilidade (o projeto em análise deve estar
integrado com todo planejamento urbano e industrial produzidos em
função da política governamental para a região na qual ele deverá
ser implantado).
Ademais, PAULO DE BESSA ANTUNES opina que aos
requisitos de conteúdo enumerados nos incisos I a IV do art. 5.º da
Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986, deve ser acrescentada,
ainda, a análise dos impactos sociais e humanos do projeto
proposto. Para ele, certo é que a Resolução/CONAMA n° 1, de
23.01.1986, não prevê, explicitamente, tal requisito. Todavia, ainda
segundo seu pensamento, o entendimento da necessidade da
realização de tal análise decorre de uma compreensão holística
(sintetizar os diversos aspectos científicos em um conjunto
organizado) das ciências ambientais e, evidentemente, do próprio
direito ambiental. Para PAULO DE BESSA ANTUNES, o conjunto de
disposições legais contidas na Lei n° 6.938, de 31.08.1981, é
suficiente para demonstrar que, efetivamente, os impactos sociais e
humanos dos projetos a serem implantados devem ser examinados
pelo Estudo de Impacto Ambiental – EIA, sob pena de nulidade do
próprio estudo. Além de instituto constitucionalmente previsto (inciso
IV, § 1.º do art. 225, CF), o Estudo de Impacto Ambiental – EIA é um
instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA, que
visa à preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana (caput do art.
2.º da Lei n° 6.938, de 31.08.1981). Em função de tais objetivos,
expressamente previstos em lei, é necessário que as repercussões
sociais e humanas dos projetos sejam bem examinadas no estudo
para que este seja válido e completo.[559]
Todavia, o parágrafo único do citado art. 5.º da
Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986, exige que, ao determinar
a execução do estudo de impacto ambiental o órgão estadual
competente, ou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA ou, quando couber, o
município, deve fixar as diretrizes adicionais que, pelas
peculiaridades do projeto e características ambientais da área,
forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e
análise dos estudos. A nosso ver, dentro das diretrizes adicionais
podemos incluir a análise dos impactos sociais e humanos do
projeto proposto.
Além disso, o art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 1, de
23.01.1986, dispõe que depende de elaboração de estudo de
impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental –
RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual
competente, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais
como: I- Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de
rolamento; II- Ferrovias; III- Portos e terminais de minério, petróleo e
produtos químicos; IV- Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1,
artigo 48, do Decreto-Lei n° 2, de 18.11.1966; V- Oleodutos,
gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários; VI- Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de
230KV; VII- Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos,
tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de
saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação,
drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de
barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII-
Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX- Extração
de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração; X – Aterros sanitários, processamento e destino final de
resíduos tóxicos ou perigosos; XI- Usinas de geração de
eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de
10MW; XII- Complexo e unidades industriais e agro-industriais
(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool,
hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII- Distritos
industriais e Zonas Estritamente Industriais – ZEI; XIV- Exploração
econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100
hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV-
Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas
de relevante interesse ambiental a critério da Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e dos
órgãos municipais e estaduais competentes; XVI- Qualquer
atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia.
Deve ser levado em conta também que dentre as diretrizes
gerais para se promover a política urbana de ordenação do pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade
urbana, está a proteção, preservação e recuperação do meio
ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico,
artístico, paisagístico e arqueológico (inciso II do art. 2.º da Lei
n°10.257, de 10.07.2001). Ademais, o Estatuto da Cidade prevê,
entre outros instrumentos para a realização plena da política urbana,
o Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA e Estudo Prévio de
Impacto de Vizinhança – EIV (inciso VI do art. 4.º da Lei n° 10.257,
de 10.07.2001), sendo que a elaboração do Estudo Prévio de
Impacto de Vizinhança – EIV não substitui a elaboração e a
aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA, requeridas
nos termos da legislação ambiental (art. 38). Vale esclarecer ainda
que o Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV deve ser
executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do
empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades, incluindo a
análise, no mínimo, das seguintes questões: I- adensamento
populacional; II- equipamentos urbanos e comunitários; III- uso e
ocupação do solo; IV- valorização imobiliária; V- geração de tráfego
e demanda por transporte público; VI- ventilação e iluminação; VII-
paisagem urbana e patrimônio natural e cultural (art. 37).
Outrossim, ao determinar a execução do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, o órgão estadual competente, ou o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA, ou, quando couber, o município, deve fixar as diretrizes
adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos
para conclusão e análise dos estudos (parágrafo único do art. 5.º da
Resolução CONAMA n° 1, de 23.01.1986).
Outra questão que não pode ser deixada simplesmente de
lado é aquela que diz respeito à denominada “opção zero” (a análise
dos efeitos produzidos pela não-realização, pura e simples, do
empreendimento). Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, o
Estudo de Impacto Ambiental – EIA não pode ser resumido a um
simples mecanismo de comparação entre a situação ecológica atual
da região em que se pretende implantar determinado projeto e a
situação futura. No Estudo de Impacto Ambiental – EIA deve ser
analisada, igualmente, a situação econômico-social da área de
influência do projeto, nas hipóteses de realização e de não-
realização do empreendimento. Inclusive, não podemos perder de
vista que a legislação ambiental brasileira tem como um de seus
objetivos assegurar condições de desenvolvimento sócio-econômico
(caput do art. 2.º da Lei n° 6.938, de 31.08.1981). Portanto, na
opinião de PAULO DE BESSA ANTUNES, a opção zero somente
deve ser considerada como a mais adequada quando o projeto
causar grandes impactos ambientais, sem possibilidade de
mitigação aceitável, e que os seus resultados econômico-sociais
sejam desprezíveis. Por sinal, destaca-se que a regra predominante
no regime constitucional brasileiro é a utilização equilibrada do meio
ambiente, e não a sua intocabilidade. Tanto é que, caso a regra
ambiental fosse a intocabilidade do meio ambiente, não seriam
necessários os Estudos de Impacto Ambiental – EIA. Daí dizer-se
que a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA é instrumento
necessário para determinar a utilização equilibrada do meio
ambiente.[560]

2.25.2 Requisitos técnicos

Quanto aos requisitos técnicos, eles estão previstos em


regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA, sob a designação de “alternativas técnicas mínimas”, que
devem ser desenvolvidas no Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
Assim é que o art. 6.º da Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986,
prescreve que o Estudo de Impacto Ambiental – EIA desenvolverá,
no mínimo, as seguintes atividades técnicas: 1) Inventário ambiental
da região, ou seja, o diagnóstico ambiental da área de influência do
projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e
suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a
situação ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando os seguintes parâmetros: a) o meio físico (o subsolo,
as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a
topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas); b) o
meio biológico e os ecossistemas naturais (a fauna e a flora –
destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental de
valor científico e econômico –, que são raras e ameaçadas de
extinção, bem como as áreas de preservação permanente); c) o
meio sócio-econômico (o uso e ocupação do solo, os usos da água
e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos
arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de
dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e
potencial utilização futura desses recursos); 2) Análise dos impactos
ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de
identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância
dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos
positivos ou negativos (benéficos e adversos), diretos ou indiretos,
imediatos, em médio prazo ou longo prazo, temporários ou
permanentes, seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas (associação simultânea de vários fatores
que contribuem para uma ação coordenada); a distribuição dos ônus
e benefícios sociais; 3) Definição das medidas mitigadoras (de
abrandamento ou atenuação) dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos,
avaliando a eficiência de cada uma delas; 4) Elaboração do
programa de acompanhamento e monitoramento (instrução e
orientação) dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores
e parâmetros a serem considerados.
Acrescenta-se que, ao determinar a execução do Estudo de
Impacto Ambiental – EIA, o órgão estadual competente, ou o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, ou quando couber, o município, deve fornecer
as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas
peculiaridades do projeto e características ambientais da área onde
ele será implantado (parágrafo único do art. 6.º da
Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986).

2.25.3 Requisitos formais

Ensina PAULO DE BESSA ANTUNES que os requisitos


formais do Estudo de Impacto Ambiental – EIA são aqueles que
dizem respeito à forma jurídica pela qual o mencionado Estudo de
Impacto Ambiental – EIA e o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA
devem ser expressos em sua integralidade e, igualmente, quais os
preceitos legais que não podem ser olvidados sobre pena de
nulidade do estudo. Segundo ele, os requisitos formais do Estudo de
Impacto Ambiental – EIA são fundamentais e não devem ser
desprezados por aqueles que militam oportunidades; a violação de
requisitos formais é uma preliminar para a posterior violação de
requisitos de conteúdo do Estudo de Impacto Ambiental – EIA. Na
opinião de PAULO DE BESSA ANTUNES, a forma, em tais casos,
milita em defesa do meio ambiente. A defesa dos requisitos formais
da legislação de proteção ambiental é, quase sempre, o primeiro
passo em defesa do meio ambiente considerado em si próprio.[561]
Os primeiros requisitos formais do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA encontram-se devidamente normatizados no inciso
III do art. 1.º da Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997, o qual
dispõe que o Estudo de Impacto Ambiental – EIA ou simplesmente
Estudos Ambientais “são todos e quaisquer estudos relativos aos
aspectos ambientais relacionados à localização, instalação,
operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento,
apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais
como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental,
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise
preliminar de risco”. Soma-se ainda os estudos necessários ao
processo de licenciamento devem ser realizados por profissionais
legalmente habilitados, às expensas do empreendedor. Por sinal, o
empreendedor e os profissionais que subscrevem tais estudos são
responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às
sanções administrativas, civis e penais (art. 11).
Portanto, são requisitos do Estudo de Impacto Ambiental –
EIA: 1) análise dos aspectos ambientais relacionados à localização,
instalação, operação e ampliação da atividade ou empreendimento
objeto do requerimento de licenciamento ambiental; 2) relatório
ambiental preliminar; 3) plano e projeto de controle ambiental; 4)
relatório ambiental definitivo; 5) diagnóstico ambiental; 6) plano de
manejo; 7) plano de recuperação de área degradada; 8) análise
preliminar de risco; 9) assinatura de profissionais legalmente
habilitados, atestando a legitimidade do estudo e se
responsabilizando pelas informações prestadas; 10) assinatura do
empreendedor, se responsabilizando pelas informações prestadas;
11) esclarecimentos e complementações, quando solicitados pelos
órgãos ambientais competente, em decorrência da análise dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados ou de
audiências públicas, quando couber, podendo haver reinteração da
solicitação quando os esclarecimentos e complementações não
tenham sido satisfatórios (§ 2.º e inciso VI do art. 10 da
Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997).
De maneira que, se o Estudo de Impacto Ambiental – EIA é,
fundamentalmente, uma sintetização dos conhecimentos e
aspectos, que abrangem diversas ciências, em um conjunto
organizado, sua realização exige, naturalmente, que os integrantes
da equipe técnica habilitada sejam profissionais das diversas áreas
de conhecimento envolvidas no projeto, que busca o necessário
licenciamento ambiental. Conclui-se, evidentemente, que a equipe
técnica habilitada é absolutamente independente (independência
técnica total) em relação ao proponente do projeto (empreendedor
etc.), já que a regulamentação normativa declara expressamente
que ela está responsável direta ou indiretamente pelas informações
apresentadas no Estudo de Impacto Ambiental – EIA do projeto
(parágrafo único do art. 11 da Resolução/CONAMA n° 237, de
19.12.1997). Daí não ser recomendado que a equipe técnica
habilitada possua vínculos, implícitos ou explícitos, com o
proponente do projeto, visando, com isto, um elevado grau de
imparcialidade e insuspeição da equipe técnica.
Vale destacar que a equipe técnica, ao proceder o Estudo de
Impacto Ambiental – EIA, desenvolve uma atividade de interesse
público, ou seja, a bem da verdade, os órgãos governamentais
praticamente transferem o exercício desta atividade, que deveria ser
realizada pelo poder público, aos profissionais particulares. Quem
melhor explica a razão de ser de tal transferência para a esfera
privada é ANTÔNIO INAGÊ ASSIS DE OLIVEIRA, segundo o qual,
com o desenvolvimento do sistema de licenciamento, cedo se
verificou que os órgãos ambientais, por melhor aparelhados que
fossem, apenas com o conhecimento de seus técnicos, não teriam
condições de proceder ao estudo de Avaliação de Impacto
Ambiental – AIA de certas atividades ou empreendimentos de maior
sofisticação técnica ou elevado porte. Na sua opinião, esse
problema não poderia ser resolvido simplesmente com a
contratação de novos técnicos especialistas na matéria versada,
inclusive por óbices administrativos, mas, principalmente pela
relativa ociosidade a que estariam destinados, cumprida a tarefa
específica. A princípio, foi tentada a utilização de consultores
independentes, logo inviabilizada pelo elevado montante de
recursos necessários.[562]
A independência declarada em norma jurídica é a maior
prova de que a equipe técnica exerce uma atividade de interesse
público. Portanto, aos integrantes da referida equipe, a nosso ver,
impõe-se o sistema de impedimentos e suspeições previstas no
Código de Processo Civil para os peritos técnicos de um modo geral
(art. 138 combinado com os arts. 134 e 135 do CPC, bem como
arts. 279 e 280 do CPP).
Quanto aos impedimentos, a nosso ver, é defeso ao técnico
participar da equipe técnica habilitada, que realizará o Estudo de
Impacto Ambiental – EIA, quando: a) também for proponente do
projeto; b) interveio como mandatário do proponente; c) for cônjuge
ou qualquer parente do proponente, consanguíneo ou afim, em linha
reta; ou na linha colateral até o terceiro grau; d) for órgão de direção
ou de administração de pessoa jurídica, proponente do projeto; e e)
quando já tenha atuado como técnico do órgão público competente,
proferido parecer a favor do projeto do proponente.
Quanto à suspeição de parcialidade, a nosso ver, é defeso
ao técnico participar da equipe técnica multidisciplinar habilitada,
que realizará o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, quando: a) for
amigo íntimo ou inimigo capital do proponente; b) o proponente for
seu credor ou seu devedor, de seu cônjuge ou de seus parentes, em
linha reta ou colateral até o terceiro grau; c) for herdeiro presuntivo,
donatário ou empregador do proponente; d) receber dádivas antes
ou depois de iniciado os estudos de impacto ambiental; aconselhar
o proponente acerca do objeto de estudo ou subministrar meio para
atender às despesas do Estudo de Impacto Ambiental – EIA; e) for
interessado na conclusão do Estudo de Impacto Ambiental – EIA em
favor do proponente; e f) o técnico se declarar suspeito por algum
motivo.
Outrossim, quanto aos técnicos que comporão a equipe
técnica multidisciplinar, eles somente podem ser considerados
devidamente habilitados se registrados no Cadastro Técnico Federal
de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. Certo é que o
art. 1.º da Resolução/CONAMA n° 1, de 16.03.1988, instituí, sob a
administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, o Cadastro Técnico Federal de
Atividades, para registro, com caráter obrigatório, de pessoas físicas
ou jurídicas que se dedicam à prestação de serviços e consultoria
técnica, sobre problemas ecológicos e ambientais, bem como à
elaboração do projeto, fabricação, comercialização, instalação ou
manutenção de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados
ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Além
disso, o art. 2.º da referida Resolução, combinado com a Lei n°
7.735, de 22.02.1989, alterada pelas Leis n° 7.804, de 18.07.1989, e
n° 9.649, de 27.05.1998, e com a Medida Provisória n° 2.216-37, de
31.08.2001, que dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade
autárquica, cria o IBAMA, estabelece expressamente que o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA e os demais órgãos ambientais somente podem aceitar, para
fins de análise, projetos técnicos de controle da poluição, bem como
Estudos de Impacto Ambiental – EIA, cujos elaboradores sejam
profissionais, empresas ou sociedades civis regularmente
registradas no acima mencionado Cadastro Técnico Federal de
Atividades.
Acrescenta-se que o prazo de validade do registro no
Cadastro Técnico Federal de Atividades é de 2 (dois) anos, cabendo
às pessoas físicas e jurídicas cadastradas a iniciativa de pedido de
renovação (art. 3.º da Resolução/CONAMA n° 1, de 16.03.1988).
Este registro é isento de qualquer ônus para a entidade pleiteante
ao cadastramento (art. 4.º). Outrossim, para fins de cadastramento,
devem ser exigidos das pessoas físicas e jurídicas interessadas tão
somente os dados necessários a sua caracterização jurídica e
responsabilidade legal, bem como avaliação da capacidade técnica
e da eficácia dos produtos ou serviços oferecidos, dados esses a
serem coletados por meio de formulário próprio, cabendo à
declarante responder sob as penas da lei, em qualquer tempo, pela
veracidade das informações apresentadas (art. 5.º). Além disso, a
inclusão de pessoas físicas e jurídicas no Cadastro Técnico Federal
de Atividades não deve implicar, por parte do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e
perante terceiros, em certificação de qualidade, nem juízo de valor
de qualquer espécie (art. 6.º).
A respeito do cadastramento obrigatório de técnicos no
Cadastro Técnico Federal de Atividades, PAULO DE BESSA
ANTUNES esclarece que se trata de exigência extremamente
polêmica. Segundo ele, a matéria diz respeito ao exercício
profissional e, efetivamente, a referida Resolução/CONAMA n° 1, de
16.03.1988, estabeleceu uma limitação ao exercício profissional de
várias categorias. Pelo sistema adotado no Brasil, quando se tratar
de profissões regulamentadas, o registro deve ser feito junto aos
organismos encarregados pela fiscalização de cada uma das
diferentes profissões. Nem o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, nem o Conselho Nacional
do Meio Ambiente – CONAMA possuem atribuições para controlar o
exercício de atividades profissionais de qualquer profissão. Pelos
termos da mencionada Resolução/CONAMA n° 1, de 16.03.1988, se
um advogado oferecer parecer, acerca de um Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, o órgão ambiental somente pode aceitá-lo se o
profissional estiver cadastrado junto ao Cadastro Técnico Federal de
Atividades. Todavia, somente a Ordem dos Advogados do Brasil –
OAB tem poderes para fiscalizar o exercício da profissão de
advogado, e o bacharel não precisa inscrever-se em nenhum outro
órgão para exercer sua profissão.[563]
Em relação à responsabilidade dos técnicos que elaboraram
o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, como dito antes, o parágrafo
único do art. 11 da Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997, é
claríssimo ao dispor que o Estudo de Impacto Ambiental – EIA deve
ser realizado por equipe de profissionais legalmente habilitados,
“que serão responsáveis pelas informações apresentadas,
sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais”.
Em outras palavras, as conclusões do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, com base nas quais se concede a licença
ambiental, podem estar erradas e, em vista disso, resultar em danos
irreversíveis ao meio ambiente. Em tais casos, a responsabilidade
será, evidentemente, da equipe técnica multidisciplinar habilitada.
A esse respeito PAULO DE BESSA ANTUNES esclarece
que, em havendo erro nas conclusões do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, e a concessão de licença implicar danos
ambientais irreversíveis, numa primeira fase (antes da instalação da
atividade potencialmente poluidora), é possível a impugnação
judicial do Estudo em questão. Nestas hipóteses, o que se persegue
é a declaração de nulidade do referido Estudo de Impacto Ambiental
– EIA. O caminho a ser trilhado é o do Código de Processo Civil
cumulado com o da Lei n° 7.347, de 24.07.1985, que disciplina a
ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico. Segundo ele, é possível a
ação declaratória de nulidade ou a medida cautelar. Já em se
tratando da hipótese em que a obra tenha sido realizada e que os
danos ambientais estejam se manifestando evidentemente, o
caminho da escolha da ação a ser ajuizada é mais simples, embora
o desenvolvimento desta seja mais complexo, em razão dos
tradicionais argumentos do “fato consumado”. Trata-se de mera
propositura de uma ação visando à reparação dos danos causados.
[564]
Devemos destacar que a oposição ao Estudo de Impacto
Ambiental – EIA se pode dar em duas fases destintas: na fase
extrajudicial e na fase judicial. Na fase extrajudicial, o melhor
instrumento é o das audiências públicas, quando couber, previstas
no inciso VI do art. 10 da Resolução/CONAMA n° 237 de
19.12.1997, na qual é possível impugnar o referido estudo. A
impugnação extrajudicial em audiência pública implica no pedido por
parte do órgão ambiental competente de esclarecimentos e novas
complementações (§ 2.º do art. 10). Na fase judicial, temos como
instrumento o ajuizamento de ação civil pública para impugnar o
Estudo de Impacto Ambiental – EIA, a ação declaratória de nulidade
ou a medida cautelar para suspender o licenciamento, conforme a
qualidade do interessado e a urgência da medida judicial.
Ainda dentro do tema “requisitos formais”, temos a obrigação
de as despesas para a realização do Estudo de Impacto Ambiental –
EIA correrem a cargo do proponente. Assim é que o art. 8.º da
Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986, dispõe que devem correr
por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos
referentes à realização do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, tais
como: a) coleta e aquisição dos dados e informações; b) trabalhos e
inspeções de campo; c) análises de laboratório; d) estudos técnicos
e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos; e)
elaboração do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA; e f)
fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.
Esclarece, ainda, PAULO DE BESSA ANTUNES que o
requisito previsto no art. 8.º da Resolução/CONAMA n° 1, de
16.03.1988, tem por escopo impedir que a sociedade de arcar com
uma despesa que, obviamente, é realizada visando ao exame de
um projeto que, em muitos casos, implica na percepção de lucro
futuro para o proponente. A idéia subjacente é a de que os custos
ambientais, de qualquer origem, devem ser suportados por quem
tenha lhes dado causa. Lamentavelmente, na prática, tem havido
muita dificuldade em se assegurar a pretendida independência da
equipe técnica, pois vários expedientes têm sido usados para
solapá-la. Muitas vezes, os proponentes do projeto estabelecem
cláusulas contratuais com os membros da equipe técnica, mediante
as quais somente se obrigam a pagar os Estudos de Impacto
Ambiental – EIA após a aprovação deste pelo órgão licenciante.
Outras vezes têm sido contratados para a realização dos Estudos
de Impacto Ambiental – EIA os próprios autores dos projetos a
serem analisados; enfim, a “criatividade” no setor tem sido imensa.
Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, a forma mais adequada,
dentro da legislação brasileira, é, logicamente, a de que o órgão
licenciante estabeleça uma estimativa dos custos do Estudo de
Impacto Ambiental – EIA e que, após cobrar do proponente o
respectivo valor, contrate a equipe técnica. É, ademais, importante
ressaltar, como visto, que os membros da equipe técnica são
responsáveis pelos resultados. Tal responsabilidade, segundo ele, é
de pleno direito (parágrafo único do art. 11 da Resolução/CONAMA
n° 237 de 19.12.1997).[565]
Por fim, o último requisito formal do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA é o denominado “Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA”, que é parte integrante daquele. O Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA (environmental impact statement – EIS,
environmental impact report – EIR ou environmental report,[566] em
inglês; dossier d’impact, rapport d’impact em francês; informe,
manifestación, em espanhol; e documento di perturbamento
ambientale, em italiano) é o documento que apresenta os resultados
dos estudos técnicos e científicos de avaliação de impacto
ambiental. Constitui um documento do processo de avaliação de
impacto ambiental e deve esclarecer todos os elementos do projeto
em estudo, de modo compreensível aos leigos, para que possam
ser divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados e por
todas as instituições envolvidas na tomada de decisão. A sigla
“RIMA” apareceu, pela primeira vez, no Estado do Rio de Janeiro,
na Norma Administrativa 001, estabelecida pela Deliberação da
Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA n° 3, de
28.12.1977, para designar o Relatório de Influência no Meio
Ambiente. O art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986, a
exemplo do hoje revogado parágrafo 2.º do art. 18 do Decreto n°
88.351, de 01.06.1983,[567] que regulamentou a Lei n° 6.938, de
31.08.1981, denomina Relatório de Impacto Ambiental – RIMA ao
documento que deve ser constituído pelo Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, a ser exigido para fins de licenciamento das
atividades modificadoras do meio ambiente, sendo nele indicado
possíveis alternativas ao atendimento das exigências para a
concessão do licenciamento ambiental.
Por sinal, o art. 9.º da Resolução/CONAMA n° 1, de
23.01.1986, prescreve que o Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e
conterá, no mínimo: I- Os objetivos e justificativas do projeto, sua
relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e
programas governamentais; II- A descrição do projeto e suas
alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um
deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as
matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos
e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos
de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III- A
síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da
área de influência do projeto; IV- A descrição dos prováveis
impactos ambientais da implantação e operação da atividade,
considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo
de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e
critérios adotados para sua identificação, quantificação e
interpretação; V- A caracterização da qualidade ambiental futura da
área de influência, comparando as diferentes situações da adoção
do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua
não realização; VI- A descrição do efeito esperado das medidas
mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos,
mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de
alteração esperado; VII – O programa de acompanhamento e
monitoramento dos impactos; VIII – Recomendação quanto à
alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem
geral). Ademais, não se pode perder de vista que o Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA deve ser apresentado de forma objetiva
e adequada a sua compreensão. As informações devem ser
traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas,
quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de
modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do
projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua
implementação.
Outrossim, correm por conta do proponente do projeto todas
as despesas e custos referentes á realização do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, tais como: coleta e aquisição dos dados e
informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de
laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e
monitoramento dos impactos, elaboração do Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias
(art. 8.º da da Resolução/CONAMA n° 1, de 23.01.1986).
Daí, acrescenta PAULO DE BESSA ANTUNES que o
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA tem por finalidade fazer com
que conceitos técnicos e científicos sejam acessíveis à população
em geral (parágrafo único do art. 9.º da Resolução/CONAMA n° 1,
de 23.01.1986). Ao Relatório de Impacto Ambiental – RIMA deve,
portanto, ser dada a mais ampla divulgação, admitindo-se, apenas,
o sigilo de natureza industrial. Além disso, deve ser destacado que o
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA é um verdadeiro resumo do
Estudo de Impacto Ambiental – EIA, e deve conter todas as
informações existentes naquele, de forma simplificada e acessível.
[568]

2.26 ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO


DE VIZINHANÇA – EIV
O Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV é um
instrumento de planejamento e gestão urbana, instituído pelo inciso
VI do art. 4° da Lei n° 10.257, de 10.07.2001 (Estatuto da Cidade).
[569]
Este instrumento consiste, sinteticamente, no conhecimento de
impactos que empreendimentos geram ao seu entorno, em
decorrência de seu porte ou das atividades nele exercidas. A partir
deste conhecimento, são traçadas diretrizes que visam mitigar os
impactos, de modo a proporcionar melhores condições de
habitabilidade, conforto e segurança à vizinhança.
A lei municipal deve definir os empreendimentos e atividades
privados ou públicos em área urbana que dependem de elaboração
de Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV para obter as
licenças ou autorizações de construção, ampliação ou
funcionamento a cargo do Poder Público municipal (art. 36 da Lei n°
10.257, de 10.07.2001).
Por exemplo, em Belo Horizonte/Minas Gerais, os
Empreendimentos de Impacto – EI são aqueles, públicos ou
privados, que venham a sobrecarregar a infraestrutura urbana ou a
ter repercussão ambiental significativa (art. 73 da Lei Municipal nº
7.166, de 02.08.1996).[570] A instalação, a construção, a ampliação
ou o funcionamento dos Empreendimentos de Impacto – EI, sem
prejuízo de outras licenças pertinentes, ficam sujeitos (art. 74 da Lei
Municipal nº 7.166, de 02.08.1996) [571] ao seguinte: 1)
Licenciamento Urbanístico pelo Conselho Municipal de Política
Urbana – COMPUR, nos casos em que o empreendimento implique
repercussões preponderantemente urbanísticas; 2) Licenciamento
Ambiental pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente – COMAM,
nos termos da legislação específica, nos casos em que o
empreendimento implique repercussões ambientais significativas.
No caso de construção ou ampliação de Empreendimentos de
Impacto – EI, o licenciamento ambiental ou licenciamento
urbanístico devem preceder a aprovação do projeto arquitetônico, a
emissão do respectivo Alvará de Construção, a concessão da baixa
de construção e a expedição de Alvará de Localização e
Funcionamento, sob pena de responsabilização administrativa e
nulidade de seus atos (§ 1° do art. 74 da Lei Municipal nº 7.166, de
02.08.1996). Os Empreendimentos de Impacto e Atividades
submetidas a Licenciamento Ambiental pelo Conselho Municipal do
Meio Ambiente – COMAM podem ser verificados no art. 74-A da Lei
Municipal nº 7.166, de 02.08.1996.[572] Os Empreendimentos de
Impacto – EI submetidos a Licenciamento Urbanístico pelo
Conselho Municipal de Política Urbana – COMPUR podem ser
verificados no art. 74-B da Lei Municipal nº 7.166, de 02.08.1996.[573]
O Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV deve ser
executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do
empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades, incluindo a
análise, no mínimo, das seguintes questões: I- adensamento
populacional; II- equipamentos urbanos e comunitários; III- uso e
ocupação do solo; IV- valorização imobiliária; V- geração de tráfego
e demanda por transporte público; VI- ventilação e iluminação; VII-
paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. Dar-se-á
publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão
disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público
municipal, por qualquer interessado (art. 37 da Lei n° 10.257, de
10.07.2001).
A elaboração do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança –
EIV não substitui a elaboração e a aprovação de Estudo Prévio de
Impacto Ambiental – EIA, requeridas nos termos da legislação
ambiental (art. 38 da Lei n° 10.257, de 10.07.2001).
Apenas a título de ilustração, em Bele horizonte/Minas
Gerais, o processo de licenciamento urbanístico de
Empreendimentos de Impacto – EI depende da elaboração de
estudos que contenham a análise de impactos nas condições
funcionais, paisagísticas e urbanísticas e as medidas destinadas a
minimizar as consequências indesejáveis e potencializar os seus
efeitos positivos, inclusive a elaboração de Estudo Prévio de
Impacto de Vizinhança – EIV, quando for o caso (§ 4º do art. 74 da
Lei Municipal nº 7.166, de 02.08.1996). Ademais, naquela
municipalidade o Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV
deve ser desenvolvido em roteiro próprio, cujo escopo deve ser
definido a partir da caracterização do empreendimento elaborada
pelo Responsável Técnico – RT, a ser preenchida de acordo com o
caderno de orientações (art. 19 do Decreto Municipal n° 14.594, de
30.09.2011). O Responsável Técnico – RT, por sua vez, deve ser
identificado no formulário do Estudo Prévio de Impacto de
Vizinhança – EIV e responderá integralmente pelo mesmo.
Inclusive, cabe ao Responsável Técnico – RT pelo Estudo Prévio de
Impacto de Vizinhança – EIV tratar, junto ao Poder Executivo
Municipal, os assuntos técnicos relacionados aos projetos, obras7,
implantação ou funcionamento de atividades sob sua
responsabilidade, devendo atender às exigências legais para
elaboração dos estudos, dentro dos prazos estipulados (§ 4º do art.
24 do Decreto Municipal n° 14.594, de 30.09.2011). Ademais,
respondem solidariamente pelo Estudo Prévio de Impacto de
Vizinhança – EIV o seu Responsável Técnico – RT, o empreendedor
ou grupo de empreendedores e os membros da equipe técnica
responsável pelo Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV, no
limite de sua atuação (§ 5º do art.24 do Decreto Municipal n°
14.594, de 30.09.2011).
2.27 AUDIÊNCIA PÚBLICA
Por audiência pública (public hearing, em inglês; audition
publique ou audience publique, em francês; audiencia pública, em
espanhol) deve ser entendido o procedimento democrático de
consulta à sociedade, ou a grupos sociais interessados em
determinado problema ambiental ou potencialmente afetados por
um projeto, a respeito de seus interesses específicos e da qualidade
ambiental por eles preconizada.
A audiência pública tem por finalidade expor aos
interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, dirimindo dúvidas e
recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito (art. 1.º
da Resolução/CONAMA n° 9, de 03.12.1987). Nas palavras de
PAULO DE BESSA ANTUNES, a audiência pública tem por
finalidade assegurar o cumprimento dos princípios democráticos que
informam o direito ambiental. Comforme sua opinião, a audiência
pública fará com que os cidadãos tomem conhecimento do conteúdo
do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e do Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA. Segundo ele, para a administração pública ela
tem a função de ser um momento no qual poderá ser feita a aferição
das repercussões junto à sociedade do empreendimento proposto.
Sugestões e críticas podem, e devem, ser feitas, assegurando que
os administradores possam saber exatamente qual é a opinião
popular sobre o projeto.[574]
Evidentemente, a realização de audiência pública exige o
cumprimento de requisitos, previamente fixados em regulamento,
referentes a: a) forma de convocação; b) condições e prazos para
informação prévia sobre o assunto a ser debatido; c) inscrições para
participação; d) ordem dos debates; e) aproveitamento das opiniões
expedidas pelos participantes.
A audiência pública faz parte dos procedimentos do processo
de avaliação de impacto ambiental em diversos países (Canadá,
Estados Unidos, França, Holanda etc.), como canal de participação
da comunidade nas decisões de nível local. No Brasil, ao
regulamentar a legislação federal para a execução de Estudo de
Impacto Ambiental – EIA e Relatório de Impacto Ambiental – RIMA,
o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA estabeleceu a
possibilidade de realização de audiências públicas, promovidas a
critério do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, dos órgãos estaduais de controle
ambiental ou, quando couber, dos municípios (§ 2.º do art. 11 da
Resolução/CONAMA n° 1, de 17.01.1986). Por outro lado a
Resolução/CONAMA n° 9, de 03.12.1987, dispõe sobre a realização
de audiência pública para projetos sujeitos à Avaliação de Impacto
Ambiental – AIA. Para a prática rotineira das audiências públicas, no
Estado do Rio de Janeiro, a Comissão Estadual de Controle
Ambiental – CECA baixou a Deliberação n° 1.344, de 22.08.1988.
Portanto, sempre que julgar necessário (audiência pública
convocada de ofício), ou quando for solicitado por entidade civil,
pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos
(audiência pública convocada por iniciativa privada), o órgão de
meio ambiente deve promover a realização de audiência pública
(art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 9, de 03.12.1987). A audiência
pública, convocada de ofício, não é obrigatória (acontecerá
conforme a conveniência administrativa, ou seja, quando a
autoridade julgar necessário) porém, mesmo em tal caso, é
obrigatório que seja concedido o prazo de 45 (quarenta e cinco)
dias, por meio de edital ou anúncio na imprensa local, para os
interessados manifestarem o interesse na realização da referida
audiência, já que a entidade civil, o Ministério Público, ou o grupo de
50 (cinquenta) ou mais cidadãos têm o direito subjetivo (líquido e
certo) de solicitar a convocação.
De maneira que o órgão de meio ambiente, a partir da data
do recebimento do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, deve
fixar em edital e anunciar pela imprensa local a abertura do prazo,
que será no mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias para solicitação
de audiência pública. No caso de haver sido apresentada a
solicitação por parte de entidade civil, do Ministério Público ou do
grupo de 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, a convocação deve ser
feita, obrigatoriamente, pelo órgão licenciador, por meio de
correspondência registrada aos solicitantes e da divulgação em
órgãos da imprensa local.
No caso de haver solicitação de audiência pública, e na
hipótese do órgão estadual não realizá-la, a licença concedida não
terá qualquer validade e poderá ser anulada (§ 2.º do art. 2.º
Resolução/CONAMA n° 9, de 03.12.1987). Inclusive, a entidade
civil, o Ministério Público e o grupo de 50 (cinquenta) ou mais
cidadãos podem, nessa hipótese, impetrar mandado de segurança
contra a autoridade ambiental, face à violação do direito líquido e
certo, difuso, de participar do processo de licenciamento através de
audiência pública.
A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos
interessados, de maneira que eles possam efetivamente participar
dela. Por sinal, em função da 1ocalização geográfica dos
solicitantes, e da complexidade do projeto a ser analisado, poderá
haver mais de uma audiência pública sobre as mesmas questões
tratadas no Relatório de Impacto Ambiental – RIMA (§ 5.º do art. 2.º
da Resolução/CONAMA n° 9, de 03.12.1987). Outrossim, a
audiência pública deve ser dirigida pelo representante do órgão
licenciador que, após a exposição objetiva do projeto e do seu
respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, abrirá as
discussões com os interessados presentes (art. 3.º), e, ao final de
cada audiência pública, obrigatoriamente deve ser lavrada uma ata
sucinta, na qual conste descrição de todos os incidentes ocorridos,
bem como devem ser anexadas, junto à ata, todos os documentos
escritos e assinados que forem entregues ao presidente dos
trabalhos durante a seção, para a consideração pelo órgão
licenciante (art. 4.º).
Alerta PAULO DE BESSA ANTUNES para o fato de a
audiência pública não possuir caráter decisório. Segundo ele, a
audiência pública é uma atividade de natureza consultiva, porém,
sendo um ato oficial, deve ter os seus resultados levados em
consideração.[575] Além disso, a ata da audiência pública e seus
anexos, devem servir de base, juntamente com o Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA, para a análise e parecer final do
licenciador quanto à aprovação ou não do projeto (art. 5.º da
Resolução/CONAMA n° 9, de 03.12.1987).
A respeito do art. 5.º da Resolução/CONAMA n° 9, de
03.12.1987, PAULO DE BESSA ANTUNES comenta que o alcance
de tal norma regulamentar é no sentido de estabelecer um dever de
levar em conta a manutenção pública. Este dever se materializa na
obrigação jurídica de que o órgão licenciante realize um reexame,
em profundidade, de todos os aspectos do empreendimento que
tenham sido criticados, fundamentadamente, na audiência pública.
[576]

2.28 ROTULAGEM AMBIENTAL


2.28.1 Noções gerais de rotulagem ambiental

A rotulagem ambiental surgiu na década de 1970 e


consagrou-se na Agenda 21. Com efeito, em 1977, na Alemanha, foi
criada a primeira rotulagem ambiental que se tem notícias, sob a
denominação de Blue Angel Mark ou “Anjo Azul”. Já na década
de1980, no Canadá, foi inicialmente implementado, desenvolvido e
conduzido pelo órgão público Standards Council of Canada o
segundo Programa de Rotulagem Ambiental, denominado
Environmental Choice Program, mas, posteriormente, foi
privatizado, sendo este programa atualmente gerido pela Terra
Choice Environmental Systems Inc. Na década de 1990 grande
número de Programa de Rotulagem Ambiental foi sendo implantado
em diferentes países desenvolvidos (Japão, países nórdicos,
França, Estados Unidos, Espanha, etc.) e depois em diversos
países em desenvolvimento. A partir de então não parou de se
desenvolver, já que foram estabelecidos 85 (oitenta e cinco)
critérios, com atribuição do respectivo rótulo ambiental para mais de
3.800 produtos.
A bem da verdade a rotulagem ambiental surgiu como “uma
das facetas do processo pelo qual a proteção ao meio ambiente se
converte em valor social”. Com efeito, o aumento da consciência
ambiental tem sido acompanhado por efeitos nos mercados
consumidores de produtos e serviços. Evidentemente, esses efeitos
têm com frequência se apresentado na direção de uma crescente
demanda por informação, da parte dos consumidores, sobre os
aspectos ambientais envolvidos na produção, fator que cada vez
mais tem influenciado sua decisão na compra dos produtos e
serviços. Tal cenário deu naturalmente origem ao surgimento de
inúmeras iniciativas de veiculação de informação de caráter
alegadamente ambiental acerca da produção e do uso dos mais
variados produtos e serviços. Grande parte dessas iniciativas pode
ser hoje classificada como de rotulagem ambiental.[577]
Rotulagem Ambiental nada mais é do que uma certificação
de produtos em circulação comercial que, ao serem usados, causam
menor danos ambientais dos que os seus congêneres também
postos no circuito comercial para consumo. Para o Ministério do
Meio Ambiente – MMA, rotulagem ambiental consiste, basicamente,
na atribuição de um selo ou rótulo a determinado produto industrial
(bens, tecnologias, insumos, etc.) ou serviço para informar a
respeito dos seus aspectos ambientais.[578]
Todavia, vista como um dos instrumentos dos processos de
certificação ambiental, a rotulagem ambiental pode ser definida
como a certificação de produtos adequados ao uso e que
apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a outros
produtos comparáveis disponíveis no mercado. Os selos, como
também outras atividades dos Programas de Rotulagem Ambiental,
servem a uma variedade de propósitos e tem como meta um
número de diferentes audiências.
Mas não se deve confundir rotulagem ambiental (eco-
labeling) com certificação ambiental (eco-certification). Com efeito,
não se trata da mesma coisa. A diferença entre rotulagem ambiental
e certificação ambiental reside no fato de o rótulo ambiental ser
voltado para os consumidores, enquanto a certificação ambiental,
para indústrias de recursos, estar voltada para a venda por atacado
(comunidade compradora) e não direcionada para consumidores
varejistas. Em outras palavras, a rotulagem ambiental difere da
certificação convencional de produtos que adotam Normas Técnicas
(requisitos mínimos de qualidade).[579] A certificação convencional
diz respeito à critérios que visam a excelência do produto ou do
processo de produção, já que é voluntária e abrange a família de
produtos comparáveis, para tanto segue critérios bem definidos. A
certificação convencional difere da rotulagem ambiental que se
materializa em Etiquetas de Advertência (por exemplo, etiquetas
inseridas em maços de cigarros) ou em Etiquetas Informativas (por
exemplo, a Simbologia de Reciclável), já que esta última constitui
mecanismo de informação ao consumidor ou instrumento de
marketing para as empresas, independentemente do segmento de
mercado que operam. Seja como for, ambos constituem etapas
evolucionárias importantes na busca da sustentabilidade.

2.28.2 Objetivos dos Programas de Rotulagem Ambiental

Os Programas de Rotulagem Ambiental tentam, em


diferentes graus, alcançar pelo menos 3 (três) objetivos distintos: 1)
objetivos ambientais e tecnológicos em relação à proteção do meio
ambiente: os Programas de Rotulagem Ambientais visam influenciar
as decisões dos consumidores de modo a encorajar a fabriacação e
o consumo de produtos menos agressivos ao ambiente. Desse
modo, a rotulagem ambiental tem sido empregada como um
instrumento de política, baseada no mercado, para promover a
melhoria do meio ambiente; 2) objetivos ambientais e tecnológicos
em relação ao encorajamento à inovação ambientalmente saldável
na indústria: os Programas de Rotulagem Ambientais podem
proporcionar o incentivo mercadológico para as empresas
introduzirem tecnologias inovadoras, saudáves do ponto de vista
ambiental, bem como posições de liderança em relação aos
aspectos ambientais; 3) objetivos ambientais e tecnológicos em
relação ao desenvolvimento da consciência ambiental dos
consumidores: por se tratar de um meio idôneo e confiável para dar
visibilidade no mercado aos produtos ou servições preferíveis do
ponto de vista ambiental, os rótulos ambientais são um instrumento
mais eficazes para esse fim. De maneira que os Programas de
Rotulagem Ambientais concentram seus propósitos, principalmente,
em objetivos envolvendo o seguinte: a) despertar no consumidor e
no setor privado a consciência e entendimento dos propósitos de um
programa de rotulagem; b) crescimento da consciência e
entendimento dos aspectos ambientais de um produto que recebe o
rótulo ambiental; e c) influenciar na escolha do consumidor ou no
comportameto do fabricante.
Em suma, a Rotulagem Ambiental tem por principal escopo
promover a melhoria da Qualidade Ambiental de produtos e
processos mediante a mobilização das forças de mercado pela
conscientização de consumidores e produtores.

2.28.3 Tipos de rotulagem ambiental

A diversificação da rotulagem ambiental aumentou muito


desde que foi criado o primeiro programa. De maneira que,
atualmente, vários tipos de rotulagem ambiental presentes no
mercado, diferenciando-se um tipo do outro em função de quem é o
responsável pela informação veiculada e sobre o que está sendo
informado. Assim, hoje, existem desde selos ou rótulos que se
referem a características específicas, tais como “reciclável”, “baixo
consumo de energia”, “produto sem CFC” (Clorofluorocarboneto) ou
“contém X% de material reciclável”, até rótulos que apresentam
informações quantitativas sobre os aspectos ambientais do produto,
tais como “emissões”, “consumo de materiais e de recursos
renováveis”, etc., ou mesmo aqueles que pretendem indicar
produtos com menores efeitos ambientais dentro de certa categoria.
[580]
Em virtude dessa grande variedade de programas de rotulagem
ambiental, tanto com relação aos produtos que eles cobrem quanto
para com os problemas de meio-ambiente para os quais estão
voltados, esses programas podem ser classificados de acordo com
o número de características do programa.
De maneira que, sendo uma das características mais
importantes a por responsável pela informação contida no rótulo ou
selo ou por organização que administra o Programa de Rotulagem
Ambiental, a International Organization for Standardization
(Organização Internacional de Normalização),[581] popularmente
chamada de “ISO”, levando em consideração tal característica,
classifica-os em 3 (três) tipos diferentes, a saber: 1) Programas de
Rotulagem Ambiental de Primeira Parte: tais programas de primeira
parte são aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou
embalagens por partes que diretamente se beneficiam em fazer a
reivindicação ambiental (são geralmente fabricantes, varejistas,
distribuidores ou comerciantes do produto). Em tais programas o
fornecedor do produto rotulado, denominado “primeira parte” (quem
fornece um produto ou serviço ou quem representa os seus
interesses), é o responsável pelas informações contidas na
rotulagem ambiental, Esses programas também são conhecidos
como “auto-declarações”, porque a parte que faz a reinvidicação
ambiental a faz sem verificação independente. Exemplo de selos: a)
“Não contém CFC” (Clorofluorocarboneto); b) Mobius Loop (símbolo
da reciclagem); 2) Programas de Rotulagem Ambiental de Segunda
Parte: tais programas de segunda parte são aqueles que envolvem
a rotulagem para produtos ou embalagens que são concedidos na
maioria das vezes por associações comerciais que podem
estabelecer e administrar algum programa como meio de facilitar a
participação em programas de rotulagem e promover a performance
ambiental de seus membros corporativos. Não estão diretamente
ligados à fabricação ou venda do produto e as categorias de
informação podem ser estabelecidas pelo setor industrial ou por
organismos independentes. Acrescentamos que, conforme a
terminologia internacional consagrada, “segunda parte” é a
expressão usada para designar quem compra ou quem representa
os interesses do comprador do produto rotulado. Como exemplo dos
programas desta modalidade, podemos citar o “Encouraging
Environmental Excellence Program” da American Textile
Manufacturers Institute – ATMI e o “Responsible Care Program” da
Chemical Manufacturers Associatio – CMA. Exemplo de selos: a)
“Algodão orgânico”; b) Electronic Entertainment Expo ou E3 logo
(American Textile Manufacturers Institute – ATMI); e 3) Programas
de Rotulagem Ambiental de Terceira Parte: tais programas de
terceira parte são aqueles que envolvem a rotulagem de produtos
ou embalagens por partes que são independentes da produção ou
venda dos produtos, ou seja, não estão ligadas à fabricação ou
venda do produto (geralmente consiste de instituições ou
organizações governamentais, do setor privado ou sem fins
lucrativos, do setor privado ou organizações sem fins lucrativos). Em
tais programas a entidade independente, denominada “terceira
parte” (parte independente das outras envolvidas na relação de
consumo), é a responsável pelas informações inserida na rotulagem
ambiental. Esses programas especificam normas para produtos
ambientalmente preferíveis para selos relativos a Rotulagem
Ambiental Tipo I. Quanto ao tipo de rotulagem, os programas desta
modalidade podem se subdividir em 5 (cinco) subespécies: a)
rotulagem ecológica; b) certificação monocriteriosa; c) cartão de
relatório ambiental; d) rotulagem informativa; e e) rotulagem de
aviso de risco. Quanto ao tipo de atuação da entidade
independente, os programas desta modalidade podem se subdividir
em 2 (dois) tipos: a) programas voluntários (governo), como
exemplo de tais programas podemos citar os seguintes: i) Blue
Angel Mark (promovido pelo governo da Alemanha, em 1977);[582] ii)
Eco Mark Program (operacionado pela Japan Environment
Association – JEA desde 1989);[583] iii) Nordic Swan (Países
nórdicos, 1988); iv) Environmental Choice (Canadá, 1988); v) Green
Seal (EUA, 1990); vi) NF-Environnement (França, 1991); vii)
Ecomark (Índia, 1991); viii) Green Label (Singapura); ix) Eco Mark
(Coréia, 1992); x) Environmental Choice (Nova Zelândia, 1992); xi)
European Ecolabelling (União Européia, 1992); xii) AENOR – Medio
Ambiente (Espanha, 1993); xiii) ABNT – Qualidade Ambiental
(Brasil, 1995); b) programas obrigatórios (governo), como exemplo
de tais prograas podemos citar os seguintes: i) Pesticides and
Toxics Labeling (United States Environmental Protection Agency –
USEPA); ii) Proposition 65 Enforcement Reporting Program of the da
California (lei aprovada com o título “The Safe Drinking Water and
Toxic Enforcement Act of 1986”); iii) Certified Green Seal Products
And Services (Green Seal, Inc. – USA);[584] iv) programa Smart
Wood da Rainforest Alliance.[585] Exemplo de selos: a) Blue Angel
(Alemanha); b) Ecomark (Índia); c) Green Label (Singapura).
A International Organization for Standardization
(Organização Internacional de Normalização), também desenvolveu
normas para a rotulagem ambiental, em vista da proliferação de
rótulos e selos ambientais no mercado consumidor e da
necessidade de se estabelecer padrões e regras para o seu uso
adequado.[586] Assim é que a International Organization for
Standardization classificação para os diversos tipos de rotulagem
ambiental atualmente em uso que é a seguinte: 1) Rotulagem
Ambiental Tipo I: programas de terceira parte (parte independente
das outras envolvidas na relação de consumo), fundamentados em
múltiplos critérios voluntários, que atribuem uma licença para o uso
de rótulos ambientais em produtos, indicando a preferência
ambiental global por estes produtos, dentre uma categoria de
produtos, baseados em considerações ou Análise de Ciclo de Vida –
ACV.[587] Acrescenta-se que a Rotulagem Ambiental Tipo I refere-se
aos clássicos “selos verdes”, assim chamados no Brasil, mas
conhecidos internacionalmente como “ecolabels”, em contraposição
à categoria mais genérica de “environmental labels”, que são os
rótulos ambientais. A International Organization for Standardization
elaborou normas técnicas para a Rotulagem Ambiental Tipo I; 2)
Rotulagem Ambiental Tipo II: autodeclarações ambientais
informativas. Acrescenta-se que a Rotulagem Ambiental Tipo II
refere-se às declarações efetuadas pelos próprios fornecedores,
normalmente os próprios fabricantes. A International Organization
for Standardization também elaborou normas técnicas para a
Rotulagem Ambiental Tipo II; 3) Rotulagem Ambiental Tipo III:
programas voluntários que fornecem dados ambientais
quantificados de um produto, sobre categorias preestabelecidas de
parâmetros definidos por uma terceira parte qualificada (entidade
independente responsável pelas informão inserida na rotulagem
ambiental), baseados numa Análise de Ciclo de Vida – ACV e
verificados por essa ou outra terceira parte habilitada. É importante
esclarecer que a Rotulagem Ambiental Tipo III ainda encontra-se em
desenvolvimento, mas consiste, essencialmente, no
estabelecimento de categorias de parâmetros, a partir de uma
avaliação do ciclo de vida e na divulgação dos dados quantitativos
relativos a esses parâmetros para cada produto, dados esses
verificados por uma terceira pessoa. A International Organization for
Standardization está desenvolvendo normas técnicas para a
Rotulagem Ambiental Tipo III; 4) Rotulagem Ambiental Tipo IV:
rótulos ambientais monocriteriosos, atribuídos por uma terceira parte
(entidade independente responsável pelas informão inserida na
rotulagem ambiental), que se referem apenas a um aspecto
ambiental, sem serem baseados em considerações ou Análise de
Ciclo de Vida – ACV. Com efeito, há tipos de rótulos ambientais,
bastante específicos, como, por exemplo, a certificação de
agricultura orgânica (em que se atesta que determinados produtos
agrícolas são provenientes de produções sem o uso de substâncias
químicas – adubos e pesticidas –, sejam alimentos ou para outros
usos, tais como os produtos têxteis).
Conforme consta no Relatório da United States
Environmental Protection Agency – USEPA, produzido em 1998, os
Programas de Rotulagem Ambiental podem emitir 3 (três) tipos de
selos diferentes: 1) selo positivo; 2) selo negativo; ou 3) selo neutro.
Tais selos podem se apresentar nas seguintes categorias: a) selos
de aprovação (selo positivo); b) certificados de um único atributo
(selo positivo); c) aviso de risco (selo negativo); d) selos informativos
(selo neutro); e e) cartões relatório ambiental (selo neutro).
Os Programas de Rotulagem Ambiental Positivos emitem
selos que certificam que os produtos possuem um ou mais atributos
ambientalmente preferíveis. Focalizam os atributos positivos de um
produto e emitem selos das seguintes categorias: 1) selos de
aprovação (o mais comum): concede ou licencia o uso de uma
logomarca para produtos que o programa julga serem menos
prejudiciais em termos ambientais quando comparado com outros
produtos, com base num conjunto específico de critérios
estabelecidos. A forma de operar dos programas difere ligeiramente,
mas basicamente obedecem a um processo de 3 (três) etapas
distintas: a) primeira etapa: definição da categoria do produto; b)
segunda etapa: desenvolvimento dos critérios para concessão do
selo; e c) terceira etapa: avaliação do produto. As categorias do
produto são escolhidas e podem geralmente ser sugeridas tanto
pelos fabricantes quanto por técnicos do programa. Uma vez sendo
a categoria do produto decidida, os critérios são estabelecidos para
receber selo dentro daquela categoria. Dos Programas de
Rotulagem Ambiental que concedem selo de aprovação os mais
conhecidos são o Blue Angel da Alemanha, o Eco-logo do Canadá,
e o Green Seal dos Estados Unidos; 2) certificações de um único
atributo: emitem selos que atestam que a reivindicação feita para
um atributo de um determinado produto que alcançou a definição
especificada. Tais programas definem termos tais como “reciclado”
ou “biodegradável” e aceita solicitações de comerciantes para
verificação de que o atributo de seus produtos satisfaz à definição
do programa. Uma vez verificada a conformidade do produto com a
definição, o programa concede o uso da logomarca ao comerciante.
Temos como exemplo de programa de certificação de um único
atributo, o Single Claim Attribute Certification do Scientific
Certification Systems – SCS dos Estados Unidos.[588] Como outra
alternativa, os programas podem estabelecer um conjunto de
reivindicações e os fabricantes devem atender a esses
requerimentos. É o caso do programa US Energy Star, que exige
padrões rigorosos para consumo eficiente da energia para produtos
antes de conceder a “Energy Star”.
Os Programas de Rotulagem Ambiental Negativos concedem
selos obrigatórios aos produtos e têm o propósito de apontar
claramente as características negativas e encorajar o uso seguro de
produtos potencialmente perigosos. Serve como alerta para os
consumidores sobre os ingredientes prejudiciais ou perigosos
contidos naqueles produtos. Os Programas de Rotulagem Ambiental
para produtos prejudiciais ou perigosos são tipicamente obrigatórios
e a iniciativa é das instituições classificadas como de terceira parte
(por exemplo, uma agência governamental) que exige que aquela
informação deva aparecer para informar ao consumidor sobre
questões de saúde e segurança relacionadas ao produto. Como
outra alternativa, os fabricantes podem, voluntariamente, colocar
nos seus produtos a informação de prejudicial/perigoso com o
propósito de dar mais confiabilidade a seu produto. Servem de
exemplos para tais casos os seguintes programas de rotulagem: i) o
programa de pesticidas previsto no Federal Insecticide, Fungicide,
and Rodenticide Act – FIFRA,[589] que fornece avisos de risco e
orientação para os usuários; ii) o programa do Surgeon General of
the United States,[590] que aparece nas embalagens de cigarros; iii)
os programas que indicam produtos venenosos (caveira com tíbias
cruzadas); iv) os programas com selo aviso de risco para saúde
humana, tais como o do Proposition 65 Enforcement Reporting
Program of the da California (lei aprovada com o título “The Safe
Drinking Water and Toxic Enforcement Act of 1986”).
Os Programas de Rotulagem Ambiental Neutros apresentam
relato sumário de fatos acerca do produto que permite aos
consumidores fazer seu próprio julgamento com base no seu
conteúdo específico. Tais selos podem também prover informações
para fabricantes e outros que possam usar a informação para uso
interno (por exemplo, estudos de benchmarking, ou seja, do
processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas
empresarias entre os mais fortes concorrentes ou empresas
reconhecidas como lidere ou, ainda, do processo de pesquisa que
permite realizar comparações de processos e práticas companhia-a-
companhia para identificar o melhor do melhor e alcançar um nível
de superioridade ou vantagem competitiva). Eles se voltam para 2
(duas) categorias distintas: 1) selos informativos: são os selos que
simplesmente limitam-se a indicar, de forma resumida, os atributos
de um produto, deixando para os usuários a decisão final de compra
ou não do mesmo. Tais programas de rotulagem ambiental são
desenvolvidos porque se acredita que os consumidores têm o direito
de saber esse tipo de informação a respeito do produto. O mais
conhecido programa desse tipo de selo é o que informa os teores
nutritivos de produtos, o qual foi desenvolvido pela Food and Drug
Administration dos Estados Unidos; 2) cartões de relatório
ambiental: são tipos de selo em formato padronizado para
categorizar e quantificar os vários impactos/gravames que o produto
causa no meio ambiente. Informações consistentes e específicas
são apresentadas no selo, permitindo uma comparação entre as
categorias. Fornecendo ao consumidor uma informação detalhada
padronizada e de pouca interpretação, o cartão relatório permite a
ele fazer julgamentos baseados no seu próprio conceito do venha a
ser ambiental. O Scientific Certification System – SCS dos Estados
Unidos elaborou avaliação de perfil ecológico que pode ser aplicada
a qualquer categoria de produto. Esses eco-perfis são baseados na
Análise do Ciclo de Vida – ACV. É um proceso de multi-etapas
envolvendo a identificação e quantificação de entradas e saídas
para cada estágio do ciclo de vida de um produto incluindo extração
de matéria prima, processamento do material, fabricação,
distribuição, uso e descarte. Baseado na Análise do Ciclo de Vida –
ACV, 3 (três) reivindicações podem ser certificadas: a) certificado
ambiental de estado-da-arte; b) certificado ambiental de
melhoramentos; e c) certificado de vantagens ambientais.
Ainda dentro do tema “classificação da rotulagem ambiental”,
destacamos que, tipicamente, os Programas de Rotulagem
Ambiental envolvem a definição de categorias de produtos e
critérios para a atribuição dos rótulos para estas categorias.
Normalmente, estas definições são estabelecidas por entidades
independentes ou por grupos de assessoramente técnico. Para
cada classe definida, é efetuada alguma análise de ciclo de vida, a
qual pode variar em termos de profundidade, em função da
complexidade do produto ou dos processos envolvidos. Para
produtos, a análise pode abranger desde a extração de matérias-
primas até a manufatura, a distribuição, o uso e o descarte final.
Esta análise é chamada de “berço ao túmulo”. Entretanto, como
mencionado antes, outros parâmetros diferenciadores (uso de
energia, toxicidade, etc.) são utilizados para definir os critérios de
atribuição do rótulko ambiental. Seja como for, uma vez definidos os
requisitos, as empresas interessadas em participar do programa de
rotulagem ambiental submetem os seus produtosa para a realização
de ensaios e verificações, de modo a se assegurar a conformidade
do produto aos critérios. Na hipótese de serem aprovados, as
empresas pagam os custos da licença do uso do rótulo ambiental do
programa por um período definido. No entanto, o uso do rótulo
ambiental é restrito aos produtos aprovados e normalmente é
acompanhado pela entidade que gerencia o Programa de
Rotulagem Ambiental.[591]

2.28.4 O Programa ABNT – Qualidade Ambiental

Antes de entrarmos na matéria desta seção, entendemos


oportuno mencionar que a normalização levada a efeito pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT constitui
atividade específica que estabelece, em relação a problemas
existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum
e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um
dado contexto. Na prática, a normalização está presente na
fabricação dos produtos, na transferência de tecnologia, na melhoria
da qualidade de vida através de normas [592] relativas à saúde, à
segurança e à preservação do meio ambiente. De maneira que os
objetivos da normalização são os seguintes: 1) padronização:
simplificar e reduzir procedimentos para elaboração de produtos e
realização de serviços; 2) economia: reduzir a crescente variedade
de produtos e procedimentos, bem como os custos dos mesmos,
proporcionando ao consumidor e ao fabricante melhores condições
de mercado; 3) comunicação: proporcionar informações mais
eficientes para o fabricante e o consumidor, melhorando a
confiabilidade das relações comerciais e de serviços; 4) segurança e
saúde: proteger a vida humana e a saúde; 5) proteção ao
consumidor: disponibilizar à sociedade meios eficientes para aferir a
qualidade de produtos e serviços; 6) eliminação de barreiras
técnicas e comerciais: facilitar o intercâmbio comercial, evitando em
base ao princípio de “referência a normas”, a existência de
regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes
países.
A normalização da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT, no âmbito ambiental, é atividade orientada pelas
seguintes entidades internacionais: 1) International Organization for
Standardization – ISO; 2) International Eletrotechnical Comission –
IEC (Comissão Eletrotécnica Internacional);[593] 3) Comisión
Panamericana de Normas Técnicas – COPANT (Comissão
Panamericana de Normas Técnicas);[594] 4) Asociación Mercosur de
Normalización – AMN (Associação Mercosul de Normalização);[595]
5) Global Ecolabelling Network – GEN (Rotulagem Ecológica Global
Network).[596] De maneira que o Programa de Rotulagem Ambiental
no Brasil foi desenvolvido pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT com base nas experiências de programas
mundiais de rotulagem ambiental.
Com efeito, o Programa de Rotulagem Ambiental brasileiro é
representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT, entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940 e
reconhecida pelo governo como forum nacional de normalização. É
o órgão responsável pela normalização técnica voluntária no país. É
também o organismo de certificação credenciado pelo Instituto
Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial – INMETRO para a
Certificação de Sistemas de Qualidade (ISO 9000), Sistemas de
Gestão Ambiental (ISO14001) e diversos produtos e serviços,
qualidade e meio ambiente. A Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT ainda representa no Brasil os organismos
internacionais International Organization for Standardization – ISO,
International Electrotechnical Comission – IEC, Comisión
Panamericana de Normas Técnicas – COPANT e Asociación
Mercosur de Normalización – AMN.
A normalização das práticas que podem influenciar positiva
ou negativamente a preservação do meio ambiente é justificada
pelas próprias modificações ambientais do mundo atual: 1)
mudanças climáticas; 2) redução da biodiversidade; 3) consumo de
energia; 4) contaminação da água potável; 5) emissões
atmosféricas; 6) geração de resíduos; 7) degradação do solo; 8)
avanço da fronteira agrícola; 9) esgotamento dos recursos naturais.
Para a devida compreensão do Programa ABNT – Qualidade
Ambiental é necessário reafirmarmos que por rotulagem ambiental
se entende a afirmação que indica os aspectos ambientais de um
produto ou serviço (ABNT NBR ISO 14020). Identifica a preferência
geral de um produto ou serviço pelas questões ambientais. Vimos
também que 3 (três) são os tipos de rotulagem ambiental: rotulagem
ambiental Tipo I, II ou III. Ademais, a metodologia utilizada pelo
Programa ABNT – Qualidade Ambiental é a voluntária de
certificação (Tipo I), considerando o desempenho ambiental de
produtos ou serviços e baseada em considerações sobre a Análise
do Ciclo de Vida – ACV. Ainda a respeito da metodologia com base
no ciclo de vida dos produtos a serem certificados, nela são
considerados os seguintes elementos: extração e processamento de
matéria prima, fabricação, transporte e distribuição, usos do produto,
reutilização, manutenção, reciclagem, descarte final, ingredientes ou
restrições a materiais utilizados e o desempenho ambiental do
processo de produção.
Programa ABNT – Qualidade Ambiental foi iniciado em 1993,
após a aprovaçãode um projeto específico no âmbito do PADCT III
do Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT. O primeiro passo foi o
desenvolvimento de uma pesquisa sobre os programas de
rotulagem ambiental existente no mundo para fornecer bases para a
formulação de um modelo brasileiro. Neste modelo, que pressupõe
uma estrutura participativa, onde todos os setores interessados
podem manifestar seus interesses, os estudos são baseados na
consideração do ciclo de vida do produto. De maneira que Programa
ABNT – Qualidade Ambiental acabou tendo as seguintes
caracterísiticas: é positivo, voluntário, e baseado em critérios
múltiplos. A missão do Programa ABNT – Qualidade Ambiental até
hoje é promover a redução da responsabilidade ambiental e os
impactos negativos relacionados a produtos e serviços, através da
conscientização de fabricantes, consumidores e instituições públicas
sobre as vantagem de adotar produtos que causem o menor
impacto ambiental possível, durante o seu ciclo de vida, de acordo
com os critérios de qualidade ambiental estabelecidos. Por meio de
seu Programa de Certificação Ambiental, a Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT objetiva o seguinte: a) certificar produtos
que demonstrem qualidade ambiental; b) promover o suprimento de
tais produtos para o uso do consumidor; c) expandir o programa
para outros setores; d) torná-lo conhecido tanto nacional quanto
internacionalmente; e e) alcançar sustentabilidade financeira.

2.28.5 Fundamentos técnicos da rotulagem ambiental

O programa brasileiro de rotulagem ambiental, mais


conhecido por Programa ABNT – Qualidade Ambiental, está
estruturado de acordo com o esboço das versões das normas ISO
14020 (“Environmental Labels and Declarations - General
Principals”), e ISO 14024 (“Guiding principles and procedures for
Type I Environmental Labeling”). Como visto é um programa de
terceira parte, positivo, que concede selo do Tipo I (“Selo de
Aprovação”). Portanto o referencial normativo do Programa ABNT –
Qualidade Ambiental concentra-se nas seguintes normas técnicas:
1) ABNT NBR ISO 14020 (“Rótulos e declarações ambientais.
Princípios gerais: Termos e definições; Objetivo dos rótulos e
declarações ambientais; Princípios gerais”); e 2) ABNT NBR ISO
14024 (“Rótulos e declarações ambientais. Rotulagem ambiental do
tipo I. Princípios e procedimentos: Objetivo da rotulagem ambiental
do tipo I; Princípios e procedimentos; Certificação e conformidade”).
A norma técnica ABNT NBR ISO 14020 (“Rótulos e
declarações ambientais. Princípios gerais: Termos e definições;
Objetivo dos rótulos e declarações ambientais; Princípios gerais”)
tem por escopo a comunicação e informações precisas, verificáveis,
não enganosas, sobre aspectos ambientais de produtos e serviços,
promover a demanda e o fornecimento de produtos e serviços que
causem menor impacto ambiental, estimulando a melhoria ambiental
contínua, ditada pelo mercado.
Portanto, a norma técnica ABNT NBR ISO 14020 estabelece
princípios aplicáveis a todos os rótulos e declarações ambientais, os
quais são os seguintes: 1) primeiro princípio: rótulos e declarações
ambientais devem ser precisos, verificáveis, relevantes e não-
enganosos; 2) segundo princípio: procedimentos e exigências para
rótulos e declarações ambientais não devem ser preparados,
adotados ou aplicados com vistas a criar obstáculos desnecessários
ao comércio internacional; 3) terceiro princípio: rótulos e
declarações ambientais devem ser baseados em metodologia
científica que seja suficientemente meticulosa, detalhada e completa
para apoiar a declaração e que produza resultados que sejam
acurados e reproduzíveis; 4) quarto princípio: é recomendável que o
desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais, sempre que
for apropriado, leve em consideração o ciclo de vida do produto ou
serviço; 5) quinto princípio: rótulos e declarações ambientais não
devem inibir a inovação que mantenha ou tenha o potencial de
melhorar o desempenho ambiental; 6) sexto princípio: quaisquer
exigências administrativas ou demanda de informação relacionada a
rótulos e declarações ambientais devem ser limitadas àquelas
necessárias para estabelecer a conformidade como os critérios
aplicáveis aos rótulos e declarações ambientais; 7) sétimo princípio:
o processo de desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais
deve incluir uma consulta ampla às partes interessadas. Esforços
razoáveis devem ser feitos para atingir consenso em todo o
processo; 8) oitavo princípio: informações dos aspectos ambientais
dos produtos e serviços relevantes ao rótulo e declaração ambiental
devem ser disponibilizadas para compradores ou possíveis
compradores pela parte que faz o rótulo ou declaração ambiental; 9)
nono princípio: informação relacionada ao procedimento,
metodologia e qualquer critério usado para fundamentar rótulos e
declarações ambientais devem ser disponibilizados e fornecidos,
quando solicitados, a todas as partes interessadas.
A norma técnica ABNT NBR ISO 14024 (“Rótulos e
declarações ambientais. Rotulagem ambiental do tipo I. Princípios e
procedimentos: Objetivo da rotulagem ambiental do tipo I; Princípios
e procedimentos; Certificação e conformidade”) tem por escopo
assegurar a transparência, a credibilidade na implementação de um
Programa de Rotulagem Ambiental do Tipo I, harmonizar os
princípios e procedimentos aplicáveis a esses programas, estimular
a demanda e o suprimento de produtos e serviços que causem
menor impacto ao meio ambiente, bem como contribuir para a
redução dos impactos ambientais associados aos produtos.
De maneira que a norma técnica ABNT NBR ISO 14024
estabelece os princípios que devem nortear um Programa de
Rotulagem Ambiental do Tipo I. Por sinal esses princípios são os
seguintes: a) natureza voluntária: os Programas de Rotulagem
Ambiental do Tipo I, mesmo os desenvolvidos e operados por
agências governamentais, devem ser de natureza voluntária. Isso
quer dizer que os produtos deverão ter a liberdade de opção para
aderir ou não ao programa, seja na sua concepção, seleção das
categorias e estabelecimento dos critérios, quanto se candidatarem
a receber a rotulagem; b) relação com a ISO 14020: da mesma
forma que as autodeclarações, os Programas de Rotulagem
Ambiental de Terceira Parte devem atender aos princípios da ISO
14020 (“Environmental labels and declarations – Basic Principles”);
c) cumprir a legislação ambiental e outros regulamentos aplicáveis:
as regras de um programa de rotulagem de terceira parte devem
assegurar que a concessão e a manutenção do rótulo estejam
condicionadas às leis ambientais e a outras regras pertinentes; d)
consideração do ciclo de vida do produto: os critérios devem ser
estabelecidos levando em consideração o ciclo de vida do produto,
desde a extração das matérias-primas que o compõem até sua
disposição final, de forma a assegurar que, ao reduzir um impacto,
este não estará sendo transferido para um outro estágio do ciclo de
vida do produto; e) seletividade: os critérios ambientais devem ser
estabelecidos de forma que diferenciem aqueles produtos
ambientalmente preferíveis comparados aos outros da mesma
categoria, com base em uma diferença mensurável nos impactos
ambientais. Desta forma, os produtores, cujos produtos ainda não
estejam aptos a serem premiados com o rótulo, podem promover
objetivamente as mudanças necessárias para que passem a se
adequar aos requisitos determinados, resultando assim em uma
melhoria ambiental; f) realismo dos critérios: os critérios devem ser
estabelecidos em níveis realisticamente alcançáveis e levar em
consideração os impactos ambientais relativos e a capacidade e
precisão de medições; g) adequação ao uso e desempenho: o
desenvolvimento dos critérios deve ter em vista a adequação ao uso
(qualidade) e os níveis de desempenho do produto. Desta forma, é
possível garantir que o atendimento aos critérios ambientais não
afetará a qualidade do produto; h) critérios revisados
periodicamente: os critérios devem ser revisados periodicamente,
considerando fatores como novas tecnologias, novos produtos,
novas informações ambientais e alterações de mercado, além de
terem um período de validade predefinido; i) consulta às partes
interessadas: o processo de seleção, revisão, escolha das
categorias de produtos e do estabelecimento dos critérios
ambientais deve prever um processo formal de consulta e a
participação aberta das partes interessadas; j) verificabilidade: todos
os elementos dos critérios devem ser verificáveis de modo objetivo;
k) transparência: um Programa de Rotulagem Ambiental do Tipo I
deve demonstrar transparência em todos os estágios de seu
desenvolvimento. A visibilidade implica em que a informação deva
estar disponível às partes interessadas para análise e comentários.
Esta informação pode ser referente à seleção das categorias de
produto, seleção e desenvolvimento dos critérios ambientais,
características funcionais do produto, métodos de teste e
verificação, procedimentos de certificação e premiação, período de
revisão, período de validade, evidências nas quais se baseou a
concessão do rótulo (asseguradas as questões de caráter
confidencial), fontes de recursos para desenvolvimento do
programa, verificação da conformidade; l) não devem criar ou ter a
intenção de criar obstáculos ao comércio internacional: os
procedimentos e reuisitos de um Programa de Rotulagem Ambiental
não devem ser preparados, adotados ou aplicados, com vistas a
criar obstáculos desnecessários ao comércio internacional; m)
acessíveis a todos os potenciais solicitantes (nacionais ou
estrangeiros): a solicitação ou a participação em um Programa de
Rotulagem Ambiental deve ser aberta a todos os solicitantes em
potencial. Todos os pretendentes que atendam aos requisitos para
uma determinada classe de produtos devem receber o rótulo; n) os
critérios ambientais definidos com base científica: o
desenvolvimento e a seleção dos critérios para rotulagem devem se
basear em princípios científicos e de engenharia sólidos. Os critérios
devem ser capazes de sustentar que os produtos que se habilitaram
ao rótulo são ambientalmente preferíveis que não foram
qualificados; o) independência e ausência de conflitos de interesse:
os Programas de Rotulagem Ambiental devem assegurar que não
sofrem influências indevidas. Os programas devem demonstrar, por
exemplo, que as fontes de recurso não criam conflitos de interesse;
p) acessibilidade: os custos e taxas devem maximizar o acesso ao
rótulo. As taxas dos Programas de Rotulagem Ambiental, cobradas
por organismos certificadores devem incluir as despesas de
solicitação, teste e administração. Em princípio, os custos e taxas
para concessão e manutenção do rótulo devem se basear nos
custos de todo o programa e serem mantidos de forma mais baixa
possível para maximizar a acessibilidade ao rótulo. Quaisquer taxas
devem ser aplicadas equitativamente a todos os solicitantes e
licenciados; q) confidencialidade: os programas devem garantir que
todas as informações relativas ao licenciado e ao produto rotulado
são confidenciais; r) reconhecimento mútuo: é encorajado o
reconhecimento mútuo entre os produtos de rotulagem ambiental. A
ABNT NBR ISO 14024 fez, também, algumas recomendações
relativas aos procedimentos que devem ser adotados por um
Programa de Rotulagem Ambiental operado por um organismo
independente de terceira parte; tais procedimentos dizem respeito
ao seguinte: a) à seleção das categorias de produto; b) ao
desenvolvimento, análise e modificação dos critérios ambientais de
rotulagem; c) à identificação das características funcionais do
produto; e d) ao estabelecimento dos procedimentos de certificação
e outros elementos administrativos do Programa de Rotulagem
Ambiental.
Com relação à definição dos critérios ambientais, a norma
técnica ABNT NBR ISO 14024 recomenda que seja feita tal
definição atentando-se para o ciclo de vida do produto. Isso não
quer dizer que haja necessidade de se efetuar uma Análise do Ciclo
de Vida – ACV do produto, que é um processo muito demorado e
oneroso, que poderia inviabilizar o Programa de Rotulagem
Ambiental. O estudo deve permitir que se conclua que alguns
impactos ambientais relacionados a determinados estágios do ciclo
de vida do produto são insignificantes em comparação a outros, não
justificando maiores considerações. De qualquer maneira, o estudo
deve mostrar que a seleção dos critérios ambientais não causará a
transferência dos impactos de um estágio do ciclo de vida para
outro, ou de um meio para outro, sem que haja um ganho ambiental
líquido. Entretanto, o processo de definição de requisitos deve
considerar as questões ambientais relevantes, regionais e globais, a
tecnologia disponível e os aspectos econômicos. Os critérios devem
ser expressos em termos de impactos ambientais e recursos
naturais. Outrossim, paralelamente ao estabelecimento dos critérios
ambientais, o organismo que vai operar o Programa de Rotulagem
Ambiental deve considerar os tipos de teste que serão utilizados
para a avaliação da conformidade dos produtos. Por sinal, se deve
atentar para a viabilidade técnica e econômica de tais testes. O
organismo deve deixar claro quais os testes exigidos para
verificação de cada critério e avaliar a disponibilidade de
laboratórios competentes capazes de executá-los.[597]
Vale acrescentar que a norma técnica ABNT NBR ISO 14024
ainda estabelece recomendações que devem ser seguidas por um
organismo que conduz Programa de Rotulagem Ambiental do Tipo I.
Dentre as recomendações, 2 (duas) merecem destaque, pois dela
dependem todos os procedimentos de rotulagem: o estabelecimento
dos regulamentos gerais do Programa de Rotulagem Ambiental e as
regras específicas para cada família de produto. Deve-se estar
atento para o fato de as regras gerais controlarem a operação global
do Programa de Rotulagem Ambiental enquanto as regras
específicas de cada categoria de produtos devem conter a descrição
dos critérios ambientais, os métodos de avaliação da conformidade,
além de outros requisitos técnicos aplicáveis àquela classe de
produtos.[598]
2.28.6 Do Comitê Técnico de Certificação

Quando há demanda da sociedade para estabelecimento de


critérios de rotulagem ambiental a uma determinada categoria de
produtos, caso se verifique a viabilidade técnica e econômica de um
novo Programa de Rotulagem Ambiental, a Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT institui um Comitê Técnico de Certificação
específico, composto por integrantes das partes interessadas na
certificação, tais como órgãos do governo, representantes de
consumidores, associações de indústrias, instituições científicas e
tecnológicas, organizações não-governamentais de meio ambiente,
etc. O referido Comitê Técnico de Certificação, por sinal, é
responsável pela execução das atividades de estabelecimento dos
critérios ambientais que envolvem: 1) estudos iniciais: neste ponto
são estabelecidos os níveis de detalhes exigidos e os
procedimentos que asseguram a qualidade dos estudos. As trocas
de energia e matéria entre o sistema de produção e o ambiente são
identificadas, levando em consideração o ciclo de vida do produto.
Quando for necessário e aplicável, também podem ser consideradas
pesquisas internacionais feitas para aquela determinada família de
produtos; 2) avaliação dos impactos ambientais: nesta etapa são
identificados e analisados os impactos ambientais associados às
trocas de energia e matéria entre o sistema do produto e o
ambiente. O conjunto de impactos sofre uma avaliação de
significância, para que sejam identificados aqueles que servirão de
base para a definição dos critérios; 3) estabelecimentos dos
critérios: de acordo com os resultados dos estágios anteriores, são
definidos os critérios para concessão do rótulo e a metodologia de
avaliação da conformidade, considerando as questões ambientais
relevantes em nível local, nacional, regional e global, a tecnologia
disponível e a significância desses pontos no contexto da viabilidade
econômica, com vistas a promover a excelência ambiental; 4)
conculsta pública: os critérios propostos são submetidos à consulta
pública, de modo semelhante ao utilizado na elaboração das normas
brasileiras. A proposta final é definida seguindo o processo de
consenso de acordo com o Código de Boas Práticas para a
Elaboração, Adoção e Aplicação de Normas de Acordo de Barreiras
Técnicas ao Comércio da Organização Mundial do Coméricio –
OMC e com o Guia 59 do ISSO/IEC – Código de Boas Práticas para
a Normalização; 5) adoção de critérios: quando os critérios e os
procedimentos de certificação são aprovados pelas partes
interessadas, são encaminhados à Comissão de Certificação da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT para aprovação
final; 6) revisão dos critérios: cada Comitê Técnico de Certificação
define o prazo de validade dos critérios, determinando quando
devem ser feitas as revisões. Nesta fase se deve levar em conta as
evoluções no conhecimento científico, as novas práticas industriais
e as expectativas dos consumidores e de outras partes
interessadas.[599]

2.28.7 Estrutura administrativa do Programa de Rotulagem


Ambiental

Concomitante à atividade de estabelecimento dos critérios, a


Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT estabelece a
estrutura administrativa do programa de rotulagem ambiental,
considerando as regras para solicitação do rótulo, contratos-padrão,
normas de utilização da marca “ABNT – Qualidade Ambiental”, etc.
De maneira que o procedimento do Programa ABNT – Qualidade
Ambiental está estruturado da seguinte maneira: I) PG-11
(Procedimento Geral da Marca ABNT - Qualidade Ambiental): 1)
funcionamento geral do programa; 2) solicitação e fornecimento do
serviço; 3) uso de laboratórios e da marca; II) PG-12 (Diretrizes para
Elaboração dos Critérios da Marca ABNT- Qualidade Ambiental): 1)
princípios; 2) preparação dos critérios; 3) atualizações e revisões: o
desenvolvimento de critérios é conduzido pela Comitê Técnico de
Certificação do Rótulo Ecológico ABNT/CTC-20 (SELO VERDE), a
qual é constituído dos seguintes membros: a) membros fixos: i)
setor produtivo: a escolha do representante do setor produtivo
conforme a categoria específica de produtos; ii) Comitê Brasileiro de
Gestão Ambiental da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT/CB-38; iii) Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ;
iv) Programa de Estudos e Desenvolvimento do Consumidor –
PRODEC; v) CONCREMAT Engenharia e Tecnología S/A; vi)
Fundação Getúlio Vargas de São Paulo – FGV/SP; b) membros
variáveis: i) Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos – ABIHPEC; ii) Associação Brasileira da
Indústria Têxtil e de Confecção – ABIT; iii) Associação Brasileira do
Segmento de Reforma de Pneus – ABR. Ademais, o
desenvolvimento de critérios segue os seguintes etapas de
procedimento: a) demanda proposta pela Comitê Técnico de
Certificação do Rótulo Ecológico ABNT/CTC-20 (SELO VERDE),
conforme pesquisa da Global Ecolabelling Network – GEN
(Rotulagem Ecológica Global Network); b) classificação, criação de
nova categoria, adequação e desenvolvimento; c) fixação de
critérios e procedimento específico; d) realização das certificações;
3) PE-XX (Rótulo ecológico para <PRODUTO>): 1) conjunto de
critérios; 2) procedimento para concessão das certificações, o qual
passa necessariamente pelo processo de avaliação da
conformidade, composto das seguintes etapas: a) entradas: nesta
etapa são verificados os critérios e procedimentos a seguir e
solicitados os documentos pertinentes ao caso, como, por exemplo,
declarações, licenças, Termo de Ajuste de Conduta – TAC,
certificados, etc.; b) processo: nesta etapa é feita a avaliação de
conformidade, composta pela avaliação da documentação, auditoria,
coleta de amostras, ensaios, etc.; c) resultado: esta etapa diz
respeito especificamente à decisão quanto à certificação.
Apenas a título de esclarecimento, lembramos que o Comitê
Brasileiro de Gestão Ambiental – CB-38 acima mencionado, que é
membro fixo do Comitê Técnico de Certificação do Rótulo Ecológico
ABNT/CTC-20 (SELO VERDE), foi criado em abril de 1999, na
estrutura da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. O
Comitê opera com estrutura semelhante ao ISO TC207 e seus
Subcomitês. A função do Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental –
CB-38 é organizar as sugestões das instituições brasileiras na
formulação das normas da série ISO 14000, referente a sistemas de
gestão ambiental, auditorias ambientais, rotulagem ambiental,
avaliação do desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida e
terminologia, visando facilitar contatos de mesmo nível e atribuição
de responsabilidades, ajustadas às peculiaridades e necessidades
de um Comitê implementado no Brasil e para assegurar a
participação ampla de entidades ligadas ao seu objeto. As principais
atribuições e responsabilidades dos órgãos que constituirão o
Comitê seguem o regimento interno da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT e podem ser sumarizadas como a seguir:
1) Conselho Consultivo: O Conselho Consultivo será constituído de
todos os colaboradores que suportam financeiramente o Comitê,
que corresponderão a 70% (setenta por cento) das vagas do
conselho. As restantes vagas serão distribuídas igualmente entre
entidades convidadas pelos colaboradores e por sócios da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, escolhidos
dentre aqueles inscritos no Comitê. O Superintendente do Comitê
assume também o cargo de Presidente do Conselho. Suas
principais atribuições serão o ordenamento estratégico das
atividades do Comitê, o acompanhamento e controle dos resultados,
bem como assegurar a maior participação das partes interessadas
na condução dos trabalhos; 2) Comitê de Gestão: O Comitê de
Gestão é o órgão de gerenciamento das atividades do Comitê. Ele
será composto pelo Superintendente do Comitê, pelos
Coordenadores de Comissões de Estudo, três membros eleitos
entre os participantes do Conselho Consultivo do ABNT/CB-38
(preferencialmente de participantes não representados nas
Comissões de Estudo) e pelo Secretário Técnico. O mandato dos
membros do Comitê de Gestão, à exceção do Secretário Técnico, é
de dois anos, renováveis por mais dois anos. Suas principais
atribuições serão: o Comitê de Gestão é o órgão de gerenciamento
das atividades do Comitê. Ele será composto pelo Superintendente
do Comitê, pelos Coordenadores de Comissões de Estudo, três
membros eleitos entre os participantes do Conselho Consultivo do
ABNT/CB-38 (preferencialmente de participantes não representados
nas Comissões de Estudo) e pelo Secretário Técnico. O mandato
dos membros do Comitê de Gestão, à exceção do Secretário
Técnico, é de dois anos, renováveis por mais dois anos. Suas
principais atribuições serão: a) programar e coordenar os trabalhos
das Comissões de Estudo, Grupos de Trabalho, da Secretaria
Técnica e Grupos de Trabalho Misto, com especial atenção à
observância de estratégia, do planejamento e dos ritos processuais
do Grupo de Trabalho Conjunto ISO/TC 207/CASCO [600] e da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT; b) consolidar as
análises, avaliações e proposições das Comissões de Estudo, da
Secretaria Técnica e Grupos de Trabalho, harmonizando-as e
dirimindo eventuais conflitos sobre os vários segmentos econômicos
representados, adotando esquema de trabalho que proporcione
adequada participação brasileira no ISO/TC 207 e sincronismo na
produção de normas; c) propor, consolidar e acompanhar os
programas de divulgação e disseminação da série ISO 14000; d)
administrar as eventuais necessidades financeiras,
responsabilizando-se pela solicitação de aportes e prestações de
contas, de acordo com os procedimentos da Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ABNT; 3) Comissão de Estudo: A Comissão
de Estudo é o órgão de gerenciamento das atividades dos Grupos
de Trabalho e sua coordenação será exercida por representante de
colaboradores, indicado pelo Comitê de Gestão, após análise das
candidaturas apresentadas e, preferencialmente, evitando
adjudicação de mais de um a Coordenação ao mesmo colaborador.
O mandato dos Coordenadores de Comissões de Estudo é de dois
anos, renováveis por mais dois anos. Suas principais atribuições
serão: a) orientar, programar e coordenar os trabalhos dos Grupos
de Trabalho, com especial atenção às diretrizes operacionais do
Comitê de Gestão; b) analisar e aprovar as propostas de Itens de
Trabalho apresentadas pelos Grupos de Trabalho e a programação
de sua execução; c) analisar e aprovar as instruções de voto
internacional e orientar na escolha dos delegados brasileiros à
reuniões internacionais das Comissões de Estudo; d) analisar os
textos das Normas Brasileiras e Normas Mercosul e Comisión
Panamericana de Normas Técnicas – COPANT correspondentes às
normas técnicas da série ISO 14000 e orientar os Grupos de
Trabalho quanto à preparação dos documentos para votação
nacional e regional; e) participar do desenvolvimento dos programas
de divulgação e disseminação dos temas relacionados ao escopo
das Comissões de Estudo, conforme orientado pelo Comitê de
Gestão; 4) Grupos de Trabalho: Os Grupos de Trabalho são os
órgãos executivos das atividades normativas e atuam como células
independentes. São compostas por representantes indicados pelas
empresas e entidades que façam parte do Comitê. Suas principais
atribuições são: a) proceder à análise das normas propostas pelos
Grupos de Trabalho do ISO/TC 207, avaliar os potenciais impactos
sobre as atividades econômicas brasileiras, propor e defender
alternativas aos textos em discussão e preparar as instruções de
voto internacional, quando requeridas; b) manter-se em contato com
instituições nacionais e estrangeiras afins, de forma a avaliar
tendências e identificar potenciais aliados e opositores às
proposições que vierem a ser formuladas ao ISO/TC207; c) elaborar
e consolidar os textos referentes às Normas Brasileiras
correspondentes às da série 14000, objetivando coerência e
fidelidade aos conceitos expressos nos documentos normativos e
preparar os documentos técnicos necessários ao processo de
votação nacional, quando requeridos; d) promover reuniões com os
Grupos de Apoio Técnico que a eles estiverem tematicamente
vinculados; e) colaborar com os programas de divulgação e
disseminação das normas e ferramentas, dentro escopo da
Comissão de Estudo; 5) Grupo de Apoio Técnico: O Grupo de Apoio
Técnico será constituído por sócios da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT que venham manifestar interesse em
participar do Comitê Brasileiro, oferecendo comentários e pareceres
sobre tópicos relevantes das normas em elaboração e tendo
participação preferencial nos seminários e “Workshops” a serem
promovidos pelo Comitê; 6) Secretaria Técnica: A Secretaria
Técnica é o órgão de apoio para todas as atividades do Comitê, com
as seguintes atribuições principais: a) dar apoio gerencial e
administrativo aos trabalhos Comitê de Gestão, Comissões de
Estudo e Grupos de Trabalho; b) gerir administrativamente os
Programas de Trabalho das Comissões de Estudo e Grupos de
Trabalho; c) suprir a documentação gerada pelo ISO/TC207,
ISO/CASCO, CMN e Comisión Panamericana de Normas Técnicas
– COPANT e outros, às Comissões de Estudo e Grupos de
Trabalho, bem como administrar a documentação técnica emitida
pelos mesmos; d) acompanhar e coordenar o desenvolvimento do
Plano de Trabalho de cada Subcomitê e Comissões de Estudo,
relatando seu progresso; e) gerir o Programa de Divulgação da série
ISO 14000 e das atividades do Comitê, como definido pelo Comitê
de Gestão; f) apresentar relatórios periódicos sobre a evolução dos
trabalhos e da realização econômico financeira do Comitê. A
Secretaria Técnica é constituída pelo Secretário Técnico e um grupo
de apoio administrativo definido pelo Comitê de Gestão.
Entendemos oportuno abrirmos um parênteses neste
momento para apresentar alguns esclarecimentos a respeito da
série ISO 14000. A ISO 14000 é, pois, uma série de normas
desenvolvidas pela International Organization Standardization – ISO
e que estabelecem diretrizes sobre a área de gestão ambiental
dentro de empresas. Os impactos ambientais gerados pelo
desenvolvimento industrial e econômico do mundo atual constituem
um grande problema para autoridades e organizações ambientais.
No início da década de 1990, a International Organization
Standardization – ISO viu a necessidade de se desenvolverem
normas que falassem da questão ambiental e tivessem como intuito
a padronização dos processos de empresas que utilizassem
recursos tirados da natureza e/ou causassem algum dano ambiental
decorrente de suas atividades. No ano de 1993, a International
Organization Standardization – ISO reuniu diversos profissionais e
criou um comitê, intitulado Comitê Técnico TC 207 que teria como
objetivo desenvolver normas (série 14000) nas seguintes áreas
envolvidas com o meio ambiente. O Comitê Técnico TC 207 foi
dividido em vários subcomitês, a saber: 1) Subcomitê 1 (“Sistemas
de gestão ambiental”): desenvolveu a norma técnica ISO 14001,
relativa aos sistemas de gestão ambiental, a qual estabelece as
diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema que
gerenciasse a questão ambiental dentro da empresa, ou seja, um
Sistema de Gestão Ambiental – SGA. É a mais conhecida entre
todas as normas da série 14000; 2) Subcomitê 2 (“Auditorias na
área de meio ambiente”): desenvolveu normas relativas às
auditorias na área de meio ambiente. No que diz respeito à
execução de auditorias ambientais, este subcomitê desenvolveu, em
1996, 3 (três) normas técnicas: a) ISO 14010; b) ISO 14011; e c)
ISO 14012. Em 2001, foi desenvolvida a ISO 14015 que foi revisada
em 2003. No ano de 2002 foi criada a norma técnica ISO 19011 que
substituiu as normas técnicas ISO 14010, ISO 14011 e ISO 14012.
As normas técnicas citadas estabelecem o seguinte: a) ISO 14010:
os princípios gerais para execução das auditorias; b) ISO 14011: os
procedimentos para o planejamento e execução de auditorias num
Sistema de Gestão Ambiental – SGA; c) ISO 14012: os critérios
para qualificação de auditores (quem executa as auditorias); d) ISO
14015: as avaliações ambientais de localidades e organizações; e)
ISO 19011: guias sobre auditorias da qualidade e do meio
ambiente.; 3) Subcomitê 3 (“Rotulagem ambiental”): desenvolveu
normas técnicas relativas à rotulagem ambiental. É a garantia de
que um determinado produto é adequado ao uso que se propõe e
apresenta menor impacto ambiental em relação aos produtos do
concorrente disponíveis no mercado. É conhecida também pelo
nome de Selo Verde, sendo utilizada em vários países como Japão,
Alemanha, Suécia, Países Baixos e Canadá, mas com formas de
abordagens e objetivos que diferem uma das outras. Para estabeler
as diretrizes para a rotulagem ecológica, este subcomitê criou várias
normas. São elas: a) ISO 14020: Estabelece os princípios básicos
para os rótulos e declarações ambientais (criada em 1998 e
revisada em 2002); b) ISO 14021: estabelece as auto-declarações
ambientais, ou seja, “Tipo II – Auto-declarações ambientais” (criada
em 1999 e revisada em 2004); c) ISO 14024: estabelece os
princípios e procedimentos para o rótulo ambiental, ou seja, “Tipo I –
Programas de Selo Verde” (criada em 1999 e revisada em 2004); d)
ISO TR 14025: estabelece os princípios e procedimentos para o
rótulo ambiental, ou seja, “Tipo III – Inclui avaliações de Ciclo de
Vida” (criada em 2001). No ano de 2003, foi iniciada a criação da
ISO 14025 relativa ao Selo Verde Tipo III que poderá ser usada
como empecilho para às exportações dos produtos de países que
não estejam adequados e preparados; 4) Subcomitê 4 (“Avaliação
da performance ambiental”): desenvolveu normas relativas a
avaliação do desempenho (performance) ambiental. Para
estabelecer as diretrizes para um processo de avaliação da
performance ambiental de sistemas de gestão ambiental, este
subcomitê, criou as seguintes normas técnicas: a) ISO 14031, criada
em 1999 (revisada em 2004); e b) ISO 14032, também criada em
1999. Estas normas técncias estabelecem e fornecem: a) ISO
14031: diretrizes para a avaliação do desempenho (performance)
ambiental. Ela inclui ainda exemplos de indicadores ambientais; b)
ISO 14032: exemplos de avaliação do desempenho ambiental; 5)
Subcomitê 5 (“Análise durante a existência – Análise de Ciclo de
Vida – ACV”): desenvolveu normas relativas à análise durante a
existência (análise de ciclo de vida). A análise do ciclo de vida, ou
seja, durante a existência da empresa, é um processo criado com o
intuito de avaliar os impactos ao meio ambiente e a saúde
provocados por um determinado produto, processo, serviço ou outra
atividade econômica. A análise abrange todo o ciclo de vida de um
produto/processo/atividade aborda, por exemplo: a) a extração da
matéria-prima; b) o processamento da matéria-prima; c) a produção;
d) a distribuição; e) o uso; f) o reuso (quando necessário); g) a
manutenção; h) a reciclagem; i) a eliminação (disposição final). Para
incentivar entidades oficiais e empresas privadas e públicas a
abordarem os temas ambientais de forma integrada durante toda a
sua existência, este subcomitê, criou diversas normas. São elas as
seguintes: a) ISO 14040: estabelece as diretrizes e estrutura para a
análise do ciclo de vida (criada em 1997); b) ISO 14041: estabelece
a definição do escopo e análise do inventário do ciclo de vida (criada
em 1998); c) ISO 14042: estabelece a avaliação do impacto do ciclo
de vida (criada em 2000); d) ISO 14043: estabelece a interpretação
do ciclo de vida (criada também em 2000); e) ISO 14048: estabelece
o formato da apresentação de dados (criada em 2002); f) ISO TR
14047: fornece exemplos para a aplicação da ISO 14042 (criada em
2003); g) ISO TR 14049: fornece exemplos para a aplicação da ISO
14041 (criada em 2000). Com a finalidade de facilitar a aplicação, as
normas técnicas ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042 e ISO 14043,
foram reunidas em apenas 2 (dois) documentos (ISO 14041 e ISO
14044); 6) Subcomitê 6 (“Definições e conceitos”): desenvolveu
normas técnicas relativas a definições e conceitos. Toda a
terminologia utilizada em todas as normas citadas anteriormente
(relativas à gestão ambiental) é definida na norma ISO 14050,
publicada no ano de 1998, criada por este subcomitê. Foi feita uma
revisão desta norma, a saber: ISO 14050 Rev. 1, a qual foi
publicada em 2002 e revisada em 2004; 7) Subcomitê 7 (“Integração
de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos”):
desenvolveu normas técncias relativas à integração de aspectos
ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos. Este
subcomitê estudou como o desenvolvimento de novos produtos
interage com o ambiente. Foi criada a seguinte norma técnica: ISO
TR 14062, a qual estabelece a integração de aspectos ambientais
no projeto e desenvolvimento de produtos (criada em 2002 e
revisada em 2004). Nesta norma foi criado o conceito de
“ecodesign”. Este, oferece inúmeros benefícios as empresas que o
utilizam, tais como: a) os custos são reduzidos; b) o desempenho
ambiental é melhorado; c) a inovação é estimulada; d) são criadas
novas oportunidades de mercado; e) a qualidade do produto é
melhorada como um todo; 8) Subcomitê 8 (“Comunicação
ambiental”): desenvolveu normas técnicas relativas à comunicação
ambiental. Este subcomitê desenvolveu 2 (duas) normas técnicas
relativas à comunicação: a) ISO/TC 207/WG 4: estabelece diretrizes
e exemplos para a comunicação ambiental; b) ISO 14063:
estabelece o que foi definido sobre comunicação ambiental (criada
em 2006); 9) Subcomitê 9 (“Mudanças climáticas”): desenvolveu
normas técnicas relativas às mudanças climáticas na Terra. Estas
mudanças climáticas, em grande parte, são provocadas por
impactos ambientais gerados pelo homem. As normas técnicas são:
a) ISO/TC 207/WG 5: estabelece a medição, comunicação e
verificação de emissões de gases do efeito estufa, a nível de
entidades e projetos; b) ISO/TC 14064 Parte 1: norma técnica
relativa aos gases do efeito estufa, diz respeito a especificação para
a quantificação, monitoramento e comunicação de emissões e
absorção por entidades; c) ISO/TC 14064 Parte 2: norma técnia
relativa aos gases estufa, diz respeito a especificação para a
quantificação, monitoramento e comunicação de emissões e
absorção de projetos; d) ISO/TC 14064 Parte 3: norma tecnica
relativa aos gases estufa, diz respeito a especificação e diretrizes
para validação, verificação e certificação; h) ISO/TC 207/WG 6:
estabelece a acreditação; i) ISO 14065: norma téncia relativa aos
gases estufa, diz respeito aos requisitos para validação e verificação
de organismos para uso em acreditação ou outras formas de
reconhecimento. Todas estas normas foram publicadas em 2006.
Por sua vez, a estrutura da norma ISO 14000 é a seguinte: 1)
Introdução: esta é primeira parte da norma onde é abordado o
contexto histórico em que foi desenvolvida, ressaltando a
necessidade das empresas estabelecerem parâmetros para a área
ambiental. É falado sobre a estrutura e importância dos requisitos
descritos nela. Alguns pontos fundamentais descritos são os
seguintes: a) as auditorias e análises críticas ambientais, por si só,
não oferecem evidência suficientes para garantir que a empresa
está seguindo as determinações legais e sua própria política; b) o
Sistema de Gestão Ambiental – SGA deve interagir com outros
sistemas de gestão da empresa; c) a norma se aplica a qualquer
tipo de empresa, independente de suas características, cultura,
local, etc.; d) a ISO 14001 tem como foco a proteção ao meio
ambiente e a prevenção da poluição equilibrada com as
necessidades sócio-econômicas do mundo atual; e) a norma tem
vários princípios do sistema de gestão em comum com os princípios
estabelecidos na série de normas técnicas da série ISO 9000; 2)
Escopo: esta área fala dos objetivos gerais da norma, tais como: a)
estabelecer a criação, manutenção e melhoria do Sistema de
Gestão Ambiental – SGA e das áreas envolvidas em seu entorno; b)
verificar se a empresa está em conformidade (de acordo) com sua
própria política ambiental e outras determinações legais; c) permitir
que a empresa demonstre isso para a sociedade; d) permitir que a
empresa possa solicitar uma certificação/registro do Sistema de
Gestão Ambiental – SGA, por um organismo certificador (empresa
que dá o certificado) externo; 3) Referências normativas: nesta parte
consta a informação de que não existem referências para outras
normas; 4) Definições: são especificados as definições para os
seguintes termos utilizados na norma. São os seguintes: a) melhoria
contínua: processo recorrente de aprimoramento do Sistema de
Gestão, visando atingir melhorias no desempenho global da saúde,
segurança e meio ambiente de acordo com a política da
organização; b) ambiente; c) aspecto ambiental; d) impacto
ambiental; e) Sistema de Gestão Ambiental – SGA; f) sistema de
auditoria da gestão ambiental; g) objetivo ambiental; h) desempenho
ambiental; i) política ambiental; j) meta ambiental; k) parte
interessada: pessoa ou grupo, interno ou externo à organização,
que pode ou é afetado pelo desempenho de Sistema de Gestão de
Segurança e Saúde Ocupacional – SSO e Sistema de Gestão
Ambiental – SGA de uma organização; l) organização 5) Requisitos
do sistema de gestão ambiental: nesta área da norma são expostos
todos os requisitos que a empresa deve seguir para implantar e
manter o Sistema de Gestão Ambiental – SGA. Ela está dividida da
seguinte forma: a) aspectos gerais; b) política ambiental; c)
planejamento; d) implementação e operação; e) verificação e ação
corretiva; f) análise crítica pela direção; g) anexos. Em relação aos
benefícios e resultados da ISO 14000, mencionamos que os
certificados de gestão ambiental da série ISO 14000 atestam a
responsabilidade ambiental no desenvolvimento das atividades de
uma organização. Para a obtenção e manutenção do certificado ISO
14000, a organização tem que se submeter a auditorias periódicas,
realizadas por uma empresa certificadora, credenciada e
reconhecida pelos organismos nacionais e internacionais. Nas
auditorias são verificados o cumprimento de requisitos tais como: a)
cumprimento da legislação ambiental; b) diagnóstico atualizado dos
aspectos e impactos ambientais de cada atividade; c)
procedimentos padrões e planos de ação para eliminar ou diminuir
os impactos ambientais sobre os aspectos ambientais; d) pessoal
devidamente treinado e qualificado. Entretanto, apesar do fato de
que as empresas estejam procurando se adequarem, a degradação
ao ambiente continua em ritmo crescente. Apenas um número
pequeno de empresas busca a sustentabilidade e as melhorias
conseguidas são pequenas diante da demanda crescente por
produtos e serviços, originadas do desenvolvimento econômico.
Segundo o relatório Planeta Vivo,[601] desenvolvido pela organização
World Wide Fund For Nature – WWF em 2002,[602] a humanidade
consome cerca de 20% (vinte por cento) mais recursos naturais do
que a Terra é capaz de repor sozinha.
Esclarecido isto, prosseguimos destacando que o trabalho
inicial do Programa ABNT – Qualidade Ambiental estava voltado
apenas para o desenvolvimento de normas em 2 (duas) categorias,
produtos de couro e calçados e produtos florestais, mas o programa
ampliou sua normalização para outras categorias. A situação atual
do Programa de Rotulagem Ambiental da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT pode ser resumido ao seguinte: 1)
critérios desenvolvidos: a) couro e calçados (validade expirada); b)
cosméticos (em aprovação); 2) critérios em andamento: tecidos;
pneus reformados; 3) setores prioritários: a) papel de cópia e
impressão; b) cosméticos; c) tintas; d) meios de hospedagem; e)
calçados; f) têxteis; g) monitores; h) lâmpadas; i) detergentes; 4)
outras demandas: a) tijolo ecológico; b) absorvedor de
hidrocarbonetos; c) agregado siderúrgico; d) produtos de aço; e)
biocatalizador; f) mobiliário.

2.28.8 Avaliação do Ciclo de Vida – ACV

Vimos que a Avaliação do Ciclo de Vida – ACV, em jargão


técnico, é uma forma que tende a examinar o impacto total de um
produto através de cada etapa de sua vida, desde a obtenção de
matéria prima , a forma de como é fabricado, a venda no mercado ,
o uso em casa , e seu descarte. As opções de descarte incluem
incineração, depósito em aterros, ou recliclagem. No mesmo
sentido, segundo a ISO/TC 207 Avaliação do Ciclo de Vida – ACV
constitui a “compilação e avaliação das entradas, das saídas e dos
impactos ambientais potenciais de um sistema de produto ao longo
do seu ciclo de vida”.
Inclusive, o Eco-Management Audit Scheme, da Comissão
Européia – EMAS, a British Standards – BS e a série ISO 14000
(“Sistema de Gestão Ambiental – SGA”) exigem um
desenvolvimento contínuo no seu sistema de gerenciamento
ambiental da Avaliação do Ciclo de Vida – ACV.
Muitos países utilizam a metodologia Avaliação do Ciclo de
Vida – ACV para a concessão de selos ambientais. Existem 2 (duas)
principais etapas na aplicação da metodologia da Avaliação do Ciclo
de Vida – ACV: 1) Inventário: descreve quais emissões ocorrerão e
que matérias primas são usadas durante a vida de um produto. A
base do estudo de Avaliação do Ciclo de Vida – ACV é,
efetivamente, produzir inventário de todas as entradas e saídas dos
processos industriais que ocorrem durante o ciclo de vida de um
produto. Inclui a fase de produção, o processo de ciclo de vida inclui
distribuição, uso e descarte final do produto; 2) Análise do impacto:
analisa quais os impactos das emissões e do esgotamento da
matéria prima. A tabela resultante do inventário é o resultado mais
objetivo de um estudo de Avaliação do Ciclo de Vida – ACV. Um dos
mais antigos métodos de análise de impacto é do Environmental
Priority System – EPS desenvolvido pelo Swedish Environmental
Research Institute – IVL (Instituto de Pesquisa do Meio Ambiente da
Suècia).[603] Neste método, é calculada a cadeia completa de causa
e efeito de cada impacto em ser humano. Outro método é o do
Ecopoints, desenvolvido pelo governo suiço. É baseado no princípio
da distância existente do objetivo a ser atingido. Neste método a
distância entre o nível existente de um impacto e a meta a ser
alcaçada nível alvo é tida como representativa da gravidade da
emissão.
As normas desenvolvidas pela International Organization for
Standardization – ISO sobre a Avaliação do Ciclo de Vida – ACV
harmonizam os procedimentos adotados nas iniciativas tomadas em
vários países do mundo por institutos de pesquisa e empresas
interessadas em demonstrar o desempenho ambiental e a aceitação
dos produtos no mercado. A verdade é que o fato de considerar as
diferentes etapas do ciclo de vida do produto, desde a oibtenção da
matéria-prima até a disposição final do produto, faz da Avaliação do
Ciclo de Vida – ACV um poderoso instrumento de melhoria
ambiental, já que abrange questões como a transferência de
impactos ambientais de uma etapa do ciclo de vida do produto para
outra, ou de um meio para outro, sem que haja um ganho ambiental
líquido. Exatamente por essa razão o conceito de ciclo de vida do
produto é um dos pontos centrais da concepção dos Programas de
Rotulagem Ambiental e o seu grande diferenciados em realçao aos
programas que se baseiam apenas em um critério ou em um
conjunto limitado de critérios dos rótulos ambientais. Por outro lado,
ao se implementar a abordagem do ciclo de vida do produto no
estabelecimento dos critérios dos rótulos ambientais, o uso da
Avaliação do Ciclo de Vida – ACV apresenta algumas dificuldades e
limitações. Estas dificuldades e limitações prendem-se à grande
extensão dos estudos, ao seu alto custo operacional, à necessidade
de obtenção de dados (nem sempre disponíveis) e ao longo prazo
para que resultados satisfatórios sejam alcançados. Ademais,
chamamos a atenção também para o fato de tais dificuldades
resultarem na inviabilização do desenvolvimento dos critérios dos
rótulos ambientais, pelo menos em muitos casos. A solução para o
problema encontra-se no princípio da consideração do ciclo de vida
do produto. De fato, como tivemos a oportunidade de mencionar
anteriormente, é recomendado pela norma técnica ABNT NBR ISO
14024 (“Rótulos e declarações ambientais. Rotulagem ambiental do
tipo I. Princípios e procedimentos: Objetivo da rotulagem ambiental
do tipo I; Princípios e procedimentos; Certificação e conformidade”)
que os critérios dos rótulos ambientais levem em consideração o
ciclo de vida do produto, sem que haja necessidade de se conduzir
uma Avaliação do Ciclo de Vida – ACV completa. Isto é conseguido
mediante uma a apreciação do ciclo de vida do produto, onde se
identificam as fases críticas do ponto de vista dos impactos
potenciais, as quais serão objeto de estudos mais aprofundados.
Esta apreciação com estudos pontuais é efetuada com a
participação das partes interessadas que devem validá-la. A
consideração do ciclo de vida do produto deve incluir uma avaliação
de significância do conjunto dos impactos para embasar a seleção
daqueles que serão utilizados na definição dos critérios dos rótulos
ambientais. Acrescenta-se que o envolvimento das partes
interessadas nesta etapa do processo de definição de requisitos é a
chave para se assegurar que são apropriados e a sua legitimidade.
Uma das formas empregadas com esse fim é a da constituição de
Comitês com representantes dos setores interessados para a
condução dos trabalhos, inclusive a consideração do ciclo de vida
do produto.

2.28.9 Da avaliação de conformidade

A norma técnica NBR ISO IEC 17000, de 31.10.2005


(“Avaliação de conformidade – Vocabulário e princípios gerais”),[604]
passou a ser a melhor forma para a apresentação dos conceitos,
definições, vocabulário e princípios gerais da avaliação da
conformidade. Segundo esta norma técnica, avaliação da
conformidade é a “demonstração de que os requisitos especificados
relativos a um produto, processo, sistema, pessoa ou organismo são
atendidos”. Subentende-se que qualquer avaliação feita para
verificar se um objeto atende a requisitos preestabelecidos encaixa-
se neste conceito. Existem ainda 2 (duas) outras definições, todas
com o mesmo significado: 1) segundo a ABNT ISO IEC Guia 2,[605]
avaliação da conformidade é o “exame sistemático do grau de
atendimento por parte de um produto, processo ou serviço a
requisitos especificados”; 2) na visão da Organização Mundial do
Comércio – OMC, a conformidade é “qualquer atividade com
objetivo de determinar, direta ou indiretamente, o atendimento a
requisitos aplicáveis”. Em outras palavras, a avaliação da
conformidade refere-se, especificamente, à atividade pela qual se
visa determinar, direta ou indiretamente, que os requisitos aplicáveis
são atendidos. Podemos dizer ainda que a avaliação da
conformidade é o processo sistematizado, com regras pré-
estabelecidas, devidamente acompanhado e avaliado, de forma a
propiciar adequado grau de confiança de que um produto, processo
ou serviço, ou ainda um profissional atende a requisitos pré-
estabelecidos em normas ou regulamentos, com menor custo
possível para a sociedade. Exemplos típicos de atividades de
avaliação da conformidade são os ensaios, inspeções e auditorias,
garantia da concordância (como declaração do fornecedor [606] e
certificação), bem como suas combinações.
Para o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – INMETRO, a norma técnica NBR ISO IEC
17000 (“Avaliação de conformidade – Vocabulário e princípios
gerais”) busca atingir 2 (dois) objetivos fundamentais, que são os
seguintes: a) em primeiro lugar, deve atender preocupações sociais,
estabelecendo com o consumidor uma relação de confiança de que
o produto, processo ou serviço está em conformidade com
requisitos especificados; b) por outro lado, não pode tornar-se um
ônus para a produção, isto é, não deve envolver recursos maiores
do que aqueles que a sociedade está disposta a investir. Desta
forma, a norma técnica NBR ISO IEC 17000 (“Avaliação de
conformidade – Vocabulário e princípios gerais”) é duplamente bem
sucedida, na medida que proporciona confiança ao consumidor e,
ao mesmo tempo, requer a menor quantidade possível de recursos
para atender às necessidades das partes interessadas. Se, por um
lado, esta norma técnica assegura ao consumidor que o produto,
processo ou serviço está de acordo com as normas ou
regulamentos previamente estabelecidos em relação a critérios que
envolvam, principalmente, a saúde e a segurança do consumidor e
a proteção do meio ambiente. Do outro, aponta ao empresário as
características técnicas que seu produto deve atender para se
adequar às referidas normas ou regulamentos. Fica claro que ao se
referir a um produto com conformidade avaliada significa dizer que
ele está conforme à norma ou ao regulamento técnico aplicável ao
mesmo. Se o foco dos requisitos do documento normativo aplicável
é a proteção do meio ambiente, significa que ele é um produto
ambientalmente seguro. Se o foco é na segurança do cidadão,
significa que ele é seguro quanto aos riscos que possa oferecer ao
consumidor. Se o foco é na saúde, significa que ele não oferece
riscos a saúde do consumidor ou usuário. Entretanto, não se pode
comparar produtos com conformidade avaliada com o objetivo de
identificar se um é melhor ou pior que o outro. No que diz respeito à
avaliação da conformidade, pode-se afirmar que ambos atenderam
a requisitos mínimos de segurança, de proteção à saúde, de
proteção do meio ambiente, etc. É importante deixar claro que 2
(dois) produtos com conformidade avaliada com base na mesma
referência normativa devem ser entendidos como produtos que
atendem a requisitos mínimos aplicáveis às especificidades de uso
do produto e, portanto, não cabe comparação entre eles no sentido
de definir qual é melhor ou pior. O entendimento que se deve ter em
relação a um produto com conformidade avaliada é que o mesmo
“atende a requisitos mínimos estabelecidos em uma norma ou
regulamento técnico”.
Outrossim,é evidentemente que qualquer empresa que
deseje ser esponsável por significativa participação no mercado,
antes de ter um processo de gestão devidamente certificado, deve
preocupar-se em obter, junto aos organismos de acreditação,
organismos de certificação ou organismos de reconhecimento de
excelência,[607] a certificação de seus produtos. Com efeito, uma
pequena empresa, conseguindo esta certificação dos seus produtos,
obviamente pode conquistar ou aumentar sua participação no
segmento de mercado em que atua e, depois disso, certificar o seu
sistema produtivo. Em sendo assim, a certificação de conformidade
é a demonstração formal de que um produto, devidamente
identificado, atende aos requisitos de normas ou regulamentos
técnicos específicos. Esta atividade tem suas ações detalhadas pelo
Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC,[608] que
possui regras e procedimentos de gestão próprios para regular as
atividades de credenciamento, certificação e treinamento,
conduzidas pelos organismos de certificação. O Sistema Brasileiro
de Avaliação da Conformidade – SBAC estabelece 2 (duas)
modalidades de certificação de conformidade: a) certificação de
conformidade compulsória: esta modalidade de certificação é
exigida pelo governo para a comercialização de produtos com
impacto sobre a saúde, a segurança do consumidor ou sobre o meio
ambiente. Para tanto, utilizam-se os regulamentos técnicos como
critério de conformidade. Assim, a certificação de conformidade
compulsória é aquela que tem caráter obrigatório quanto à
certificação dos produtos relacionados à área de segurança, à área
de saúde e à área de meio ambiente. O interessado somente
poderá comercializar seu produto após a obtenção do certificado
concedido por Organismo de Avaliação da Conformidade – OAC,[609]
acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – INMETRO. Para este tipo de certificação é
obrigatória a colocação da identificação constituída de um símbolo
ou selo de identificação destinado a identificar exclusivamente o
produto certificado. Ela é representada pelo modelo definido pelo
nos Regulamentos de Avaliação da Conformidade específico de
cada produto, aprovados pelo Coordenadoria Geral de Acreditação
– CGCRE do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – INMETRO; ou b) certificação de conformidade
voluntária: esta modalidade de certificação é realizada por decisão
exclusiva do fornecedor.
Segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – INMETRO, as modalidades de certificação de
produtos mais utilizadas são as seguintes: 1) Modelo 1 (Ensaio de
Tipo): é o mais simples dos modelos de certificação. Fornece uma
comprovação de conformidade de um item de um produto, em um
dado momento. É uma operação de ensaio, única no seu gênero,
efetuada de uma só vez, limitando aí os seus efeitos; 2) Modelo 2
(Ensaio de Tipo seguido de verificação através de ensaio de
amostras retiradas no comércio): modelo baseado no ensaio de tipo
mas combinado com ações posteriores para verificar se a produção
continua sendo conforme. Essas ações compreendem ensaios em
amostras retiradas no comércio; 3) Modelo 3 (Ensaio de Tipo
seguido de verificação através de ensaio em amostras retiradas no
fabricante): também baseado no ensaio de tipo, porém combinado
com intervenções posteriores para verificar se a produção continua
sendo conforme. Compreende ensaios em amostras tomadas na
própria fábrica; 4) .Modelo 4 (Ensaio de Tipo seguido de verificação
através de ensaio em amostras retiradas no comércio e no
fabricante): este modelo é, a bem da verdade, uma combinação dos
modelos “2” e “3”, tomando amostras para ensaios tanto no
comércio quanto na própria fábrica: 5) Modelo 5 (Ensaio de Tipo,
Avaliação e Aprovação do Sistema da Qualidade do Fabricante,
acompanhamento através de auditorias no fabricante e Ensaio em
Amostras retiradas no comércio e no fabricante): este modelo é do
tipo baseado, como os anteriores, no ensaio de tipo, mas
acompanhado de avaliação das medidas tomadas pelo fabricante
para o Sistema de Gestão da Qualidade de sua produção, seguido
de um acompanhamento regular, por meio de auditorias, do controle
da qualidade da fábrica e de ensaios de verificação em amostras
tomadas no comércio e na fábrica. Este é o modelo mais utilizado
no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC. Este
modelo proporciona um sistema credível e completo de avaliação da
conformidade de uma produção em série e em grande escala; 6)
Modelo 6 (Avaliação e aprovação do Sistema da Qualidade do
fabricante. É um modelo no qual se avalia a capacidade de uma
indústria para fabricar um produto conforme uma especificação
determinada. Este modelo não é adequado para certificação de
produção já que o que é avaliado é a capacidade da empresa em
produzir determinado produto em conformidade com uma
especificação estabelecida, mas não verifica a conformidade do
produto final; 7) Modelo 7 (Ensaio de Lote): nesse modelo, submete-
se a ensaios amostras tomadas de um lote do produto, emitindo-se,
a partir dos resultados, uma avaliação sobre a conformidade a uma
dada especificação; 8) Modelo 8 (Ensaio 100%): é um modelo no
qual cada um dos itens é submetido a um ensaio para verificar sua
conformidade com uma dada especificação.
Esclarecido isto, podemos dizer que, no âmbito de um
Programa de Rotulagem Ambiental, a avaliação da conformidade de
um produto, em relação aos critérios estabelecidos, deve ser
desenhada recorrendo-se as diversas ferramentas disponíveis,
levando em conta os custos envolvidos no processo, eventuais
condicionantes tecnológicos, tais como disponibilidade de
laboratórios capacitados ou a duração e precisão dos ensaios,
aspectos logísticos, como facilidade de coleta e remessa de
amostras, tipo de informação a ser levantada e outros indicativos
desse gênero.
Assim, face aos critérios estabelecidos, a avaliação da
conformidade será concebida de modo a assegurar um grau
adequado de confiança no atendimento aos requisitos com custos
compatíveis e viabilidade técnica. Isto significa que determinadas
características poderão ser avaliadas mediante ensaios, enquanto
que em outras possivelmente será mais apropriado avaliá-las por
meio de inspeções ou auditorias e, para outras, ainda poderá ser
aceitável o uso da declaração do fornecedor. Percebe
assim que o estabelecimento dos mecanismos de avaliação da
conformidade é um processo que, de um lado, requer competência
técnica e, de outro, interação com a indústria e demais setores
interessados, de modo que, com transparência, sejam selecionados
os mecanismos adequados e visíveis. Desta maneira, a
determinação dos procedimentos de avaliação da conformidade, em
relação aos requisitos, deve incluir também um processo de
consulta e aprovação junto às partes interessadas.
Quanto ao processo de avaliação de conformidade, podemos
consignar que o grande desafio ao se criar um programa deste tipo
é selecionar um conjunto mínimo das técnicas de gestão da
qualidade, suficientes para propiciar confiança na avaliação de
conformidade, mas com o melhor custo/benefício para as partes
interessadas. Esse processo sistematizado normalmente envolve,
entre outras ações, as seguintes: a) selecionar norma ou
regulamento; b) coletar amostras; c) efetuar análise de tipo; d)
selecionar o laboratório responsável pelos ensaios; e) realizar
ensaios; f) realizar inspeções; g) interpretar os resultados dos
ensaios ou inspeções; h) realizar auditorias no sistema de gestão da
qualidade do fornecedor; i) realizar auditorias de acompanhamento;
j) definir sistemática de tratamento das não conformidades
eventualmente identificadas; k) avaliar e acompanhar o produto no
mercado. É importante ainda acrescentar que um Programa de
Avaliação da Conformidade tem o momento de avaliação inicial da
conformidade do objeto, que é continuado por um conjunto de ações
de acompanhamento e controle para que o gestor do programa
possa se certificar de que o produto está efetivamente sendo posto
no mercado em conformidade com as regras para ele estabelecidas.
Esta fase de acompanhamento e controle é certamente mais
complexa do que a da avaliação inicial e, portanto, exige maior grau
de sistematização.
De maneira que a implantação de um Programa de Avaliação
da Conformidade deve ser conduzida na forma de um projeto,
composto das seguintes etapas: a) clarificação da demanda; b)
estudos de viabilidade técnico-econômica; c) estruturação de
comissão técnica (partes interessadas/sociedade); d) elaboração
dos documentos normativos; e) acreditação de organismos de
avaliação da conformidade; f) acreditação de laboratórios; g)
treinamento de pessoal para a fiscalização; h) divulgação à
sociedade; i) emissão de portaria implantando o Programa de
Avaliação da Conformidade; j) avaliação periódica do produto
disponibilizado no mercado, a fim de verificar se ele mantém as
características originais, sob as quais teve sua conformidade
avaliada.
Para se obter a certificação de um produto, processo ou
serviço, deve-se seguir os seguintes passos: a) escolha do
Organismo Acreditado de Certificação – OAC; b) encaminhamento
da solicitação de certificação; c) encaminhamento da documentação
do Sistema de Gestão da Qualidade para avaliação pelo Organismo
Acreditado de Certificação – OAC; d) análise da documentação pelo
Organismo Acreditado de Certificação – OAC; e) emissão, caso
exista, dos Relatórios de Não-Conformidade da documentação; f)
planejamento e realização da auditoria na empresa solicitante pelo
Organismo Acreditado de Certificação – OAC; g) emissão, caso
existam, dos Relatórios de Não-Conformidade da auditoria; h)
definição e implementação das ações corretivas; i) encaminhamento
da recomendação de certificação para a Comissão de Certificação
do Organismo Acreditado de Certificação – OAC; j) elaboração e
assinatura do instrumento contratual entre a empresa e o
Organismo Acreditado de Certificação – OAC que concede a licença
para uso do selo de identificação da conformidade; k)
desenvolvimento das ações de acompanhamento e controle do
processo de certificação previstas no Programa de Avaliação da
Conformidade estabelecido pelo organismo acreditado, durante o
período de vigência do instrumento contratual que concede a licença
para o uso do selo de identificação da conformidade.
Por fim, vale mencionar que, além da norma técnica NBR
ISO IEC 17000, de 31.10.2005 (“Avaliação de conformidade –
Vocabulário e princípios gerais”), podemos ainda citar as seguintes
normas de avaliação de conformidade: 1) ABNT NBR ISO IEC
17011 (“Avaliação de conformidade – Requisitos gerais para os
organismos de acreditação que realizam acreditação de organismos
de avaliação de conformidade”): norma técnica que especifica os
requisitos gerais para organismos de acreditação que avaliam e
concedem acreditação para Organismo Acreditado de Certificação –
OAC. Ela também é adequada como um documento de requisitos
para o processo de avaliação entre pares para acordos de
reconhecimento mútuo entre organismos de acreditação; 2) ABNT
NBR ISO IEC 17030 (“Avaliação de conformidade – Requisitos
gerais para marcas de conformidade [610] de terceira parte”): norma
técnica que provê requisitos gerais para marcas de conformidade de
terceira parte, incluindo sua emissão e uso; 3) ABNT NBR ISO IEC
17050-1 (“Avaliação de conformidade – Declaração de
conformidade de fornecedor – Parte 1: Requisitos gerais”): norma
técnica que especifica requisitos gerais para uma declaração de
conformidade de fornecedor nos casos onde é desejável, ou
necessário, que a conformidade de um objeto a requisitos
especificados seja atestada, independentemente do setor envolvido;
4) ABNT NBR ISO IEC 17050-2 (“Avaliação de conformidade –
Declaração de conformidade de fornecedor – Parte 2:
Documentação de suporte”): noma técnica que especifica os
requisitos gerais da documentação de suporte para fundamentar
uma declaração de conformidade de fornecedor.
2.28.10 A rotulagem ambiental e o comércio internacional

As modificações introduzidas na indústria nas últimas


décadas elevaram a densidade tecnológica e permitiram implantar a
flexibilidade nos processos de produção e gestão fazendo com que,
além de transformações na relação capital-trabalho, ocorressem
mudanças qualitativas em relação ao aprofundamento da
internacionalização da economia, tratada como globalização. De
maneira que a globalização vem repercutindo em todos os níveis da
economia de mercado: na circulação do capital, no processo de
produção (articulando diferentes fases do processo produtivo em
diferentes países) e na gestão das empresas no plano mundial, não
só para as multinacionais, como também, para pequenos e médios
empresários, cujo futuro depende de sua resposta flexível às
variações do mercado mundial. A nova ordem mundial e a nova
forma de produzir impuseram um contexto em que não existem
limites geográficos para as empresas atuarem: elas terceirizam
como nunca o fizeram antes, comprando matérias-primas em
qualquer lugar do mundo, em função de melhor qualidade e do
menor preço. Se por um lado ocorre a desregulamentação no
comércio internacional que objetiva o aumento do intercâmbio entre
os países produtores e consumidores e combate às barreiras
comerciais, por outro lado, multiplicam-se as barreiras não-tarifárias,
principalmente as barreiras de proteção ambiental. Nesse diapasão,
as grandes empresas, na busca do controle da qualidade de
fornecedores e sub-fornecedores, começaram a exigir requisitos de
qualidade nos produtos e serviços (“acreditação”). A partir daí
proliferaram as necessidades de atendimento aos novos padrões
internacionais, como é o caso da IS0 9000 (série de quatro normas
internacionais para “Gestão da Qualidade” e “Garantia da
Qualidade”), da IS0 14000 (série de normas que estabelecem
diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas), da
BS 8800 (norma emitida pela British Standards prescreve um
Sistema de Gestão de Saúde Ocupacional e Segurança compatível
com a ISO 14001) e os rótulos ambientais ou selos verdes. Com
isso, o avanço tecnológico dos países industrializados passou a ser
“imposto” aos países em desenvolvimento, porém não de forma
igualitária, mas com a soberania dos países industrializados. Além
disso, surgiram os blocos econômicos como medida de proteção e
se disseminaram as barreiras não-tarifárias, entre elas os
Programas de Rotulagem Ambiental. Surgiu, ainda, uma série de
discussões teóricas sobre a relação comércio e proteção ao meio
ambiente: a) uma das discussões mais comum se desenvolve no
sentido de que a proteção do meio ambiente passa a ser fator de
estímulo ao comércio (incentivo ao mercado de produtos “naturais”
ou orgânicos e tecnologias menos intensivas em recursos naturais
ou tecnologias “verdes”); b) outra discussão é a aquela no sentido
de que o comércio deve se transformar em fator de melhoramento
das condições ambientais do mundo (tratados multilaterais); e, por
último c) a discussão relativa à utilização das regulamentações
ambientais como instrumento protecionista. Portanto, entre as
diversas polêmicas existentes abrangendo a relação comércio e a
proteção ao meio ambiente, encontra-se aquela que coloca a
rotulagem ambiental como barreira não-tarifária no comércio
internacional.[611] Com efeito, a partir da década de 90,
preocupações começaram a surgir nos sentido de que os programas
de rotulagem ambiental pudessem se constituir em barreiras
técnicas ao comércio internacional.
A problemática da rotulagem ambiental como barreira não-
tarifária iniciou-se, ainda na década de 90, com o processo de
definição dos critérios para alguns produtos específicos no âmbito
do rótulo ambiental europeu, especialmente para os papeis de
diversos tipos. Com efeito, muitas controvérsias surgiram acerca
das premissas empregadas no seu estabelecimento, as quais
privilegiavam os produtos europeus e penalizavam os produtos de
outras origens, tais como os produtos provenientes do Brasil. Isto
sucedeu em consequência de se levar em consideração o ciclo de
vida do produto e de nesse processo se privilegiar, arbitrariamente,
a reciclagem em detrimento do uso de fibras naturais. De maneira
que, se do ponto de vista europeu essa opção possa ser
ambientalmente preferível, automaticamente isso não quer dizer que
o mesmo aconteça em outros países. A partir daí, houve intenso
debate acerca do efeito potencial no comércio internacional dos
Programas de Rotulagem Ambiental e da sua eventual proliferação.
Vários pontos críticos da rotulagem ambiental foram levantados,
bem como estudadas as formas de ultrapassar essas dificuldades
potenciais.
Por sinal, os 3 (três) pontos críticos que podem comprometer
uim programa e constituir-se em barreiras não-tarifárias ao comércio
internacional so os seguintes: 1) acessibilidade: o acesso das
empresas nacionais e estrangeiras para obter o rótulo ambiental tem
que ser igual, sem se criar nenhum obstáculo às candidaturas de
produtos estrangeiros; 2) transparência do Programa de Rotulagem
Ambiental: a possibilidade de envolvimento em todas as etapas do
processo de concessão, desde a escolha das categorias,
estabelecimento dos critérios até a gestão do programa, deve estar
aberta não apenas à participação nacional, mas também à
estrangeira, e estritamente em igualdade de tratamento entre
empresas nacionais e estrangeiras; 3) as considerações do ciclo de
vida do produto: nesta etapa, entre outros aspectos, há que analisar
os efeitos e impactos dos processos e métodos de produção (os
chamados Production and Process Methods – PPM),[612] dentro da
abordagem do “berço ao túmulo”. Por sinal, a World Trade
Organization – WTO (Organização Mundial do Comércio – OMC)
utiliza a expressão “Non Product Related Production and Process
Methods Requeriments – NPR/PPM” [613] para designar os métodos
e processos de produção não relacionados aos produtos, nos quais
o dano ambiental causado pelo Production and Process Methods –
PPM não é transmitido pelo produto para a fase de uso e destino
final. Assi, no caso de produtos importados, os Non Product Related
Production and Process Methods Requeriments – NPR/PPM
ocorrem em outro país e não naquele onde se determinaram os
critérios. É justamente em relação aos Production and Process
Methods – PPM que há de se tomar os cuidados necessários para
que os critérios ambientais não acabem por privilegiar uma
tecnologia particular em detrimento de outras, ou por estabelecer
requisitos na fase do ciclo de vida da produção que façam sentido
ou tenham uma justificativa ambiental apenas no país importador,
mas não nos diversos países produtores. Em outras palavras, deve-
se evitar a definição de indicadores que são relevantes, do ponto de
vista da produção, apenas no país no qual se desenvolve o
programa. De maneira que os requisitos eventualmente
estabelecidos, relativos aos Production and Process Methods –
PPM (processos e métodos de produção), podem sim constituir-se
em obstáculos ao comércio internacional.
Por outro lato, como um dos mecanismos válidos para evitar
as possíveis barreiras técnicas decorrentes de Programas de
Rotulagem Ambiental, se reconheceu a normalização internacional,
como uma das mais eficazes. Em consequência, os trabalhos da
ISO/TC 207 (Comitê Técnico 207da International Organization for
Standardization – ISO) se constituem no marco internacional para o
tema “rotulagem ambiental e comércio internacional”, estabelecendo
princípios e procedimentos que asseguram a legitimidade e a não-
interferência no comércio internacional de um programa. Com a
aprovação dessas normas, diversos Programas de Rotulagem
Ambiental reviram a sua estrutura, regras e procedimentos, entre os
quais o próprio programa de rotulagem ambiental europeu,
justamente com o objetivo de se adequarem ao estabelecido nessas
normas internacionais.[614]
Há de se ter em mente que, inicialmente, havia o receio de
que os Programas de Rotulagem Ambiental se convertessem em
obstáculos ao comércio internacional, por outro lado, alguns países
identificaram nessas iniciativas a oportunidade de ultrapassar
eventuais barreiras técnicas ambientais e a maneira de realçar para
os consumidores europeus e norte-americanos vantagens
ambientais dos seus produtos. Também houve identificação no
sentido de que uma das consequências da consolidação dos
Programas de Rotulagem Ambiental nacionais e da sua proliferação
seria a necessidade de se alcançar os reconhecimentos mútuos dos
diversos Programas de Rotulagem Ambiental então existentes. Com
efeito, a diversidade de rótulos ambientais levantou questões que
dizem respeito aos critérios de escolha dos produtos e aos critérios
de concessão. Ocorre que, diferentemente da certificação
convencional de produtos, que adota normas técnicas com
requisitos mínimos de qualidade, a rotulagem ambiental adota
critérios de excelência definidos pelo conjunto de interessados, de
modo que um critério adotado por um determinado Programa de
Rotulagem Ambiental pode não ser ambientalmente importante para
outro.
Justamente com o objetivo de resolver estas questões e com
a finalidade de funcionar como catalisador do processo de
rotulagem ambiental é que foi criada a Global Ecolabelling Network
– GEN (Rede de Rotulagem Global) em 1994, a qual conta, como
membros, a maioria dos Programas de Rotulagem Ambiental
nacionais conhecidos, ou seja, congrega atualmente 26 (vinte e
seis) Programas de Rotulagem Ambiental. A principal meta da
Global Ecolabelling Network – GEN tem sido a reciprocidade ou
mesmo o reconhecimento mútuo entre os Programas de Rotulagem
Ambiental. Além disso, o Comitê Técnico 207da International
Organization for Standardization – ISO trabalha na criação de
diretrizes globais, algumas delas já sendo amplamente aplicadas.
Portanto, dúvida não resta que o conceito de equivalência assume
vital importância como instrumento para assegurar que os produtos
rotulados representem níveis de excelência ambiental similares,
levando em conta as condições ambientais locais. Por outro lado, o
temor de haver uma proliferação de barreiras técnicas, como
consequência das diversas iniciativas nacionais de rotulagem
ambiental, não foi confirmado pela prática, o que até é
compreensível, em virtude das características dos Programas de
Rotulagem Ambiental do Tipo I. Com efeito, os Programas de
Rotulagem Ambiental devem ter como princípio a “seletividade”, na
definição dos critérios, de vez que o princípio da seletividade implica
no estabelecimento de critérios de excelência e não de “requisitos
mínimos”, que é a abordagem típica da normalização. A abordagem
da excelência, pela qual os produtos líderes do ponto de vista
ambiental teriam condições de atender aos requisitos para
atribuição dos rótulos ambientais, implica que expressiva parcela
dos produtos oferecidos num dado mercado não conseguiriam a
atribuição do rótulo ambiental. Tipicamente, o nível de seletividade é
estabelecido em cerca de 10% (dez por cento) a 30% (trinta por
cento) dos produtos no mercado. De maneira que, os rótulos
ambientais guardariam uma analogia com os “prêmios nacionais de
qualidade”, com a diferença de que não seria um só o produto
premiado, mas sim todos os que alcançassem os níveis de
excelência mínimos estabelecidos nos critérios de excelência.
Nesse diapasão, encarar os rótulos ambientais como barreiras
técnicas deliberadas torna-se um pouco discutível, uma vez que os
critérios seriam rigorosamente difíceis de serem alcançados para
todos os produtos, independentemente de serem nacionais ou
importados. Portanto apesar da continuidade dos estudos em
relação aos impactos no comércio internacional dos Programas de
Rotulagem Ambiental, parece haver, hoje, uma percepção menos
severa em relação aos seus efeitos. Acrescenta-se ainda que as
prescrições do Agreement Techinical Barriers to Trate – TBT
(Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio)[615] da World Trade
Organization – WTO (Organização Mundial do Comércio – OMC),
em grande parte, já prevêem os mecanismos necessários para
assegurar que não se constituam em obstáculos desnecessários ao
comércio internacional.[616]
Todavia, muitos Programas de Rotulagem Ambiental são
anteriores à criação das normas técnicas da International
Organization for Standardization – ISO direcionadas para a
rotulagem ambiental, com abordagem da excelência, e de acordo
com TOM TIBOR e IRA FELDMAN, “as normas técnicas de
rotulagem ambiental, elaboradas pela International Organization for
Standardization – ISO, não substituirão os programas existentes,
mas, pelo contrário, irão complementá-los fornecendo métodos,
critérios e procedimentos internacionalmente aceitos para executar
esses programas e fazer reivindicações ambientais”. Ademais, as
normas técnicas da série ISO 14000 podem ser implantadas de
forma isolada, ou seja, a empresa pode, por exemplo, implantar a
ISO 14020, que se refere à rotulagem ambiental. “O Sistema de
Gestão Ambiental – SGA pode abranger toda a organização, uma
instalação ou unidade operacional específica ou várias instalações.
Cabe à organização decidir o nível de detalhe e complexidade de
seu Sistema de Gestão Ambiental – SGA e as quais atividades,
processos e produtos ele se aplica”.[617]
Acrescenta-se que, dos 26 (vinte e seis) Programas de
Rotulagem Ambiental existentes no mundo, 15 (quinze) foram
criados e são operados, direta ou indiretamente, por órgãos
governamentais, com diferentes níveis de envolvimento e produtos
certificados. De forma que os países que hoje em dia fornecem
certificação por meio de rotulagem ambiental são os seguintes: a)
Alemanha; b) Canadá; c) França; d) Países Nórdicos (Finlândia,
Suécia, Noruega e Islândia); e) União Européia; f) Irlanda; g)
Áustria; h) Austrália; i) Nova Zelândia; j) Países Baixos; k) Japão; l)
Suécia; m) Estados Unidos da América; n) Espanha; o) Cingapura;
p) Coréia; q) Índia; r) Croácia; s) Republica Tcheca; t) Taiwan; e u)
Brasil. Ademais, nos vários Programas de Rotulagem Ambiental
atualmente existentes, o que conta com maior número de empresas
estrangeiras certificadas é o do Programa de Rotulagem Ambiental
Alemão, no qual das 1.058 empresas licenciadas, 175 (cento e
setenta e cinco) delas eram empresas estrangeiras e todas
européias. No Programa de Rotulagem Ambiental Tcheco, das 22
(vinte e duas) empresas licenciadas, 8 (oito) delas são empresas
estrangeiras; no Programa de Rotulagem Ambiental dos Países
Baixos do total de 10 (dez) empresas licenciadas, 3 (três) delas são
empresas neerlandesas; no Programa de Rotulagem Ambiental
Canadense, das 116 (cento e dezesseis) empresas certificadas, 17
(dezessete) são empresas norte-americanas e de Taiwan; no
Programa de Rotulagem Ambiental Japonês, das 1.039 empresas
licenciadas, 22 (vinte e duas) são empresas estrangeiras; no
Programa de Rotulagem Ambiental dos Países Nórdicos (Finlândia,
Suécia, Noruega e Islândia), das 182 (cento e oitenta e duas)
empresas licenciadas, 19 (dezenove) delas são empresas
estrangeiras; no Programa de Rotulagem Ambiental da União
Européia, das 6 (seis) empresas autorizadas, apenas 1 (uma)_é
empresa de fora do bloco. Outrossim, nenhuma empresa de país
em desenvolvimento tem produtos com os selos desses Programas
de Rotulagem Ambiental acima citados.[618]
Nesse contexto de produção, se por um lado já dominado
por maiores exigências de qualidade e respeito ao meio ambiente
por parte do consumidor, por outro surgiu à necessidade de maior
rigor com os rótulos ambientais existentes no mercado, dado que
eles poderiam ter características e objetivos diferentes, bem como
poderiam ser potenciais barreiras técnicas ao comércio
internacional. Assim é que, com a perspectiva de aumento dos selos
ambientais no mundo, já em 1990, a Organisation de coopération et
de développement économiques – OCDE (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) decidiu elaborar
levantamento das características dos selos existentes, bem como a
sua compatibilização com o General Agreement on Tariffs and Trade
– GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio).[619] O tratamento
dessa relação começou em 1991, no âmbito do General Agreement
on Tariffs and Trade – GATT. Paralelamente, multiplicou-se o uso
indevido de termos como “reciclado”, “biodegradável”, “sem CFC”,
“Protege a Natureza”, além da existência da propaganda parcial ou
enganosa. O tratamento dessas questões gerou a necessidade de
disciplinamento, tanto em nível nacional quanto em internacional.
Consequentemente, além do General Agreement on Tariffs and
Trade – GATT, vários outros foros internacionais começaram a
discutir a questão da rotulagem ambiental, em particular as
negociações da Agenda 21, no Comitê Preparatório da Convenção
Rio-92. Atualmente, no âmbito internacional, discutem a United
Nations – UN (Organização das Nações Unidas – ONU), o United
Nations Environment Programme – UNEP (Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA), United Nations
Conference on Trade and Development – UNCTAD (Conferencia
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), a
Organisation de Coopération et de Développement Économiques –
OCDE e a World Trade Organization – WTO (Organização Mundial
do Comércio – OMC).
Em relação ao comércio exterior brasileiro, o Programa de
Rotulagem Ambiental pode desempenhar um papel importante em
tal comércio. Se, por um lado, houve a impressão de que os
primeiros Programas de Rotulagem Ambiental poderiam se
constituir em dificuldades adicionais às exportações brasileiras,
como parecia ser o Programa de Rotulagem Ambiental Europeu, no
caso dos critérios para produtos de papel, o estabelecimento das
normais técnicas internacionais elaboradas pela International
Organization for Standardization – ISO sobre o assunto e a
consequente revisão dos diversos Programas de Rotulagem
Ambiental, bem como a maior atenção dos governos e das
organizações empresariais, com as correspondentes ações,
tenderam a diminuir esse risco. Por outro lado, a possibilidade de se
dispor de um Programa de Rotulagem Ambiental Brasileiro,
aplicável aos produtos nacionais que possuem vantagens
competitivas ambientais, pode se constituir em apoio a mais para a
introdução desses produtos em mercados mais exigentes. Com
efeito, diversos produtos e setores industriais do país apresentam
aspectos ambientais positivos que, se adequadamente realçados,
podem se transformar em vantagens competitivas. De maneira que
um Programa de Rotulagem Ambiental Brasileiro pode ser, sim, um
instrumento adequado para pôr em evidência esses aspectos
positivos. De igual modo, esse pode ser também um instrumento
para estimular a adoção de medidas de melhoria ambiental em
outros setores que permita alcançar novos níveis de competitividade
e de inserção em novos mercados. Em linha com este raciocínio
adquire importância o aspecto de se desenvolver o Programa de
Rotulagem Ambiental Brasileiro com vistas a conquistar aceitação
internacional e até mesmo buscar o reconhecimento mútuo com
Programas de Rotulagem Ambiental de outros países. Por outro
lado, o Programa de Rotulagem Ambiental Brasileiro será útil
também no mercado interno, não apenas pelos aspectos de
educação ambiental (disseminação do conhecimento sobre o
ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável
dos seus recursos) e outras vantagens já descritas, mas também
para distinguir os produtos brasileiros com boa performance
ambiental em relação à concorrência desleal de produtos
estrangeiros de baixa qualidade presentes no mercado brasileiro.
[620]

2.29 AUDITORIA AMBIENTAL


2.29.1 Histórico da auditoria ambiental

Na verdade, a auditoria ambiental surgiu nos Estados Unidos


no final da década de 70, com o objetivo principal de verificar o
cumprimento da legislação ambiental norte-americana. Ela era vista
pelas empresas norte-americanas como uma ferramenta de
gerenciamento utilizada para identificar, de forma antecipada, os
problemas provocados por suas operações. Essas empresas
consideravam a auditoria ambiental como meio válido e confiável de
minimizar os riscos ambientais e os custos envolvidos com reparos,
reorganizações, saúde e reivindicações. Muitas empresas
aplicavam, também, a auditoria ambiental para se prepararem para
inspeções da Environmental Protection Agency – EPA (Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos) e para melhorar suas
relações com aquele órgão governamental norte-americano. Por
sinal, o papel da Environmental Protection Agency – EPA com
relação às auditorias ambientais tem-se alterado com o passar do
tempo: a) em 1980, a Environmental Protection Agency – EPA
passou a exigir a implantação de programas de auditoria ambiental
a qualquer empresa que causasse danos ao meio ambiente; b) em
1981, a Environmental Protection Agency – EPA passou a encarar a
auditoria ambiental como de utilização voluntária por parte das
empresas e as incentivava a adotá-la fornecendo em contrapartida,
por exemplo, a agilização de processos de pedidos de licença e a
diminuição no número de visitas de fiscalização; e c) em 1982, a
Environmental Protection Agency – EPA assumiu o papel de
incentivadora de auditorias ambientais voluntárias, sem conceder
benefícios, e de fornecedora de assistência a programas de
auditoria ambiental.[621]
Na Europa, auditoria ambiental começou a ser utilizada na
Holanda, em 1985, em filiais de empresa norte-americanas, por
influência de suas matrizes. Em seguida, em outros países da
Europa, a prática da auditoria ambiental passou a ser disseminada
em países como Reino Unido, Noruega e Suécia, também por
influência de matrizes norte-americanas. Entretanto, foi na Europa,
em 1992, no Reino Unido, que surgiu a primeira norma de Sistema
de Gestão Ambiental – SGA, emitida pela British Standards
Institution – BSI (Instituto Britânico de Normatização), a BS 7750
(norma técnica que especifica os requisitos para o desenvolvimento,
implantação e manutenção de sistemas de gestão ambiental que
visem garantir o cumprimento de políticas e objetivos ambientais
definidos e declarados),[622] baseada na BS 5770 (“Especificação
para aços forjados para mecânico e aliados fins de engenharia -
Requisitos para os aços visando a fabricação de molas quentes
formado”) de sistema de gestão da qualidade, onde a auditoria
ambiental se encontra devidamente normalizada. Na sequência,
outros países (França e Espanha, por exemplo) também
apresentam suas normas de Sistema de Gestão Ambiental – SGA e
de auditoria ambiental.[623]
No Brasil, a auditoria ambiental surgiu pela primeira vez por
meio da legislação estadual que entrou em vigor no início da década
de 90, com a publicação de normas legais tratando do tema
específico “auditoria ambiental”, a saber: a) Lei Municipal nº 790, de
05.11.1991, do Município de Santos/SP, sobre acidente poluidor; b)
Lei Estadual nº 1.899, de 16.11.1991, do Estado do Rio de Janeiro,
que estabelece a obrigatoriedade das piscinas públicas coletivas, de
hospedaria e residenciais coletivas, quanto à oferta de água de
qualidade adequada para garantia da saúde da população usuária
[o Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro a regulamentar a auditoria
ambiental; teve seu início em 1991 com objetivo primordial de tornar
a auditoria ambiental obrigatória para algumas atividades
ambientalmente impactantes; a legislação estadual abrange as
seguintes normas legais: Lei n° 1.898, d 26.11.1991 (dispõe sobre a
realização de auditorias ambientais), Lei n° 3341, de 29.12.1999
(altera o artigo 10 a Lei n° 1898, de 26.11.1991), Lei 3471, de
04.10.2000 (altera a Lei n° 1898, de 26.11.1991), Decreto n°
2.147A/95 e Deliberação/CECA/CN n° 3.427, de 1995 (estabelece
diretriz para realização de auditoria)]; c) Lei Estadual nº 10.627, de
16.01.1992, do Estado de Minas Gerais (esta lei de auditoria
ambiental do estado de Minas Gerais foi promulgada em 1992 e
verifica-se que até o presente momento não foi regulamentada; ela,
inclusive, apresenta algumas semelhanças com a lei do Estado do
Rio de Janeiro); d) Lei Estadual nº 4.802, de 02.08.1993, do Estado
do Espírito Santo (a exigência para a realização da auditoria no
Estado do Espírito Santo teve seu início no ano de 1993, quando foi
promulgada a lei capixaba de auditoria ambiental, onde autorizava
as autoridades ambientais estaduais a requererem as auditorias
periódicas ou ocasionais; um ano depois foi regulamentada a lei
através do Decreto 3.795-n, criando uma série de regras; a
legislação estadual abrange as seguintes normas legais: Lei
4.802/93 e Decreto Estadual 3.795/94); e) Projeto de Lei Federal nº
3.160, de 26.08.1992; e f) Anteprojeto de Lei Estadual do Estado de
São Paulo.
Internacionalmente, a auditoria ambiental sobre base
normalizada começou a ser discutida somente em 1991, justamente
com a criação do Strategic Advisory Group on Environment – SAGE,
no âmbito da International Organization for Standardization – ISO.
[624]
De maneira que, a partir de 1994, esta discussão acabou se
ampliando mundialmente, principalmente com a divulgação dos
projetos de norma dentro da série ISO 14000. Em 1996, tais
projetos de norma foram efetivados como categorias de normas
internacionais, sendo adotadas, logo em seguida, pelos países
participantes da International Organization for Standardization –
ISO. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT, já em dezembro de 1996. apresentou também as suas
normas técnicas NBR/ISO 14010 (“Diretrizes para auditoria
ambiental - Princípios gerais”), NBR/ISO 14011 (“Diretrizes para
auditoria ambiental - Procedimentos de auditoria - Auditoria de
sistemas de gestão ambiental”) e NBR/ISO 14012 (“Diretrizes para
auditoria ambiental - Critérios de qualificação para auditores
ambientais”), referentes à auditoria ambiental.[625]

2.29.2 Conceito de auditoria ambiental

O termo “auditoria ambiental” pode ser definido como um


“exame metódico dos dados ambientais sobre uma organização,
instalação, ou área para verificar se, ou em que extensão, estes
dados preenchem as exigências da auditoria. Tais critérios podem
ser baseados em padrões ambientais nacionais ou internacionais,
leis e regulamentos nacionais, licenças e concessões,
especificações de sistemas de gerenciamento interno, padrões
corporativos, ou diretrizes de organizações como o Banco Mundial”.
[626]
Para a Environmental Protection Agency – EPA (Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos), auditoria ambiental
constitui “revisão sistemática, documentada periódica e objetiva por
parte das entidades reguladas sobre as práticas e operações de
suas instalações relativas aos requisitos ambientais”. Também em
1996 a International Chamber of Commerce – ICC (Câmara de
Comércio Internacional)[627] se manifestou como sendo “instrumento
de gestão que abrange uma avaliação sistemática, documentada,
periódica e objetiva de como a organização, a gestão e o
equipamento ambiental estão a atuar com o objetivo de ajudar a
salvaguardar o ambiente: I- facilitando o controle administrativo; e II-
estabelecendo a concordância com as políticas da companhia, o
que incluiria ir ao encontro das exigências regulamentadas”. Já o
Reglamento de La Ley General Del Equilibrio Ecologico y La
Protección Al Ambiente em Matéria de Auditoria Ambiental de os
Estados Unidos Mexicanos, publicado no Diário Oficial da
Federação em 29.11.2000, indica no inciso II do art. 2.º do “Capítulo
Primeiro” das suas “Disposições Gerais”, que auditoria ambiental é o
“exame exaustivo dos equipamentos e processos de uma empresa,
assim como da contaminação e risco que a mesma gera, que tem
por objeto o cumprimento de suas políticas ambientais e
requerimentos normativos, com o fim de determinar as medidas
preventivas e corretivas necessárias para a proteção do ambiente e
as ações que permitam que dita instalação opere em pleno
cumprimento da normatividade ambiental vigente, assim como
conforme normas estrangeiras e internacionais e boas práticas de
operação e engenharia aplicáveis”.
Já para o professor ÉDIS MILARÉ, auditoria ambiental é o
processo de verificação, de natureza voluntária ou compulsória, o
qual visa avaliar a gestão ambiental de uma atividade econômica,
analisando seu desempenho ambiental e verificando, entre outros
fatores, o grau de conformidade com a legislação ambiental vigente
e com a própria política ambiental da instituição.[628]
RODRIGO SALES, por sua vez, diz que auditoria ambiental
é o procedimento sistemático por meio do qual uma organização
avalia suas práticas e operações que oferecem riscos potenciais ao
meio ambiente e à saúde pública, para averiguar sua adequação a
critérios preestabelecidos.[629]
De acordo com a norma técnica NBR/ISO 14010 (“Diretrizes
para auditoria ambiental - Princípios gerais”), elaborada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, a auditoria
ambiental é o processo sistemático e documentado de verificação,
executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de
auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema de
gestão e condições ambientais específicas ou informações
relacionadas com os critérios de auditoria, e para comunicar os
resultados deste processo ao cliente. Portanto, aquele organismo de
normalização brasileira vê a auditoria ambiental como atividade
orientada para verificar o desempenho da empresa em relação aos
riscos ambientais, realizando verificações, avaliações e estudos
destinados a determinar: os níveis efetivos ou potenciais de poluição
ou de degradação ambiental provocados por suas atividades, bem
como as condições de operação e de manutenção dos
equipamentos e sistemas de controle de poluição, as medidas a
serem adotadas para restaurar o meio ambiente e proteger a saúde
humana, a capacitação dos responsáveis pela operação e
manutenção dos sistemas, rotinas, instalações e equipamentos de
proteção ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores. Tudo isto
objetivando auxiliar a melhoria da performance da empresa
auditorada.
Segundo divulgação da Secretaria do Meio Ambiente do
Estado do Rio de Janeiro, auditoria ambiental (environmental audit,
em inglês; audit technique ou vérification environnementale, em
francês; e auditoría ambiental, em espanhol) é o instrumento de
política ambiental que consiste na avaliação documentada e
sistemática das instalações e das práticas operacionais e de
manutenção de uma atividade poluidora, com o objetivo de verificar:
a obediência aos padrões de controle e qualidade ambiental; os
riscos de poluição acidental e a eficiência das respectivas medidas
preventivas; o desempenho dos gerentes e operários nas ações
referentes ao controle ambiental; a pertinência dos programas de
gestão ambiental interna ao empreendimento. Prevista pela
legislação de diversos países, notadamente após as diretrizes
baixadas pela Comunidade Européia, a auditoria ambiental pode ser
voluntária, isto é, realizada por iniciativa das empresas com o fito de
controle interno de suas diferentes unidades de produção, servindo
ainda para justificação junto a seguradoras.
Inclusive, ainda a respeito das auditorias ambientais,
lembramos que a Constituição do Estado do Rio de Janeiro
determinou, no inciso XI do seu art. 261, que “a realização periódica,
preferencialmente por instituições e sem fins lucrativos, de
auditorias nos sistemas de controle de poluição e prevenção de
riscos de acidentes das instalações e atividades de significativo
potencial poluidor, incluindo a avaliação detalhada dos efeitos de
sua operação sobre qualidade física, química e biológica dos
recursos ambientais”. Além disso, a Lei Estadual 1.898, de
26.11.1991, regulamentou a realização das audiências públicas
nesse Estado, definindo, em seu artigo 1.º: “(...) denomina-se
auditoria ambiental a realização de avaliações e estudos destinados
a determinar: I – os níveis efetivos e potenciais de poluição ou de
degradação ambiental provocados por atividades de pessoas físicas
ou jurídicas; II – as condições de operação e de manutenção dos
equipamentos e sistemas de controle de poluição; III – as medidas a
serem tomadas para restaurar o meio ambiente e proteger a saúde
humana; IV – a capacitação dos responsáveis pela operação e
manutenção dos sistemas, rotinas, instalações e equipamentos de
proteção do meio ambiente e da saúde dos trabalhadores”.
Em suma, a auditoria ambiental é um mecanismo válido de
controle do Sistema de Gestão Ambiental – SGA, seja ele público ou
privado. De maneira que, em geral, a auditoria ambiental abrange:
1.a avaliação do status de conformidade da organização
empresarial ou individual com as políticas, padrões e objetivos do
programa de gestão (incluindo os requisitos legais ambientais); 2.a
avaliação de gerenciamento de riscos; 3.a avaliação de programas
de incentivo governamental e assistência técnica; 4.a
implementação forçada ou enforcement (obrigatoriedade, objeto de
condenação judicial, inclusão em acordos judiciais ou instrumento
de fiscalização); e5.a avaliação do desempenho ambiental de
entidades públicas.
Portanto, é importante distinguir “auditoria ambiental” de
“auditoria florestal”. Como vimos antes, a auditoria florestal
(mecanismo válido de controle do sistema de gestão florestal) e a
auditoria ambiental (mecanismo válido de controle do Sistema de
Gestão Ambiental – SGA) são espécies ou ramos distintos,
pertencentes ao gênero “auditoria”, as quais têm raízes nas
espécies “auditoria contábil” e “auditoria financeira”. O risco
ambiental e o risco florestal, atualmente, ambos são risco financeiro.
Os investidores que não consideram a questão florestal e a questão
ambiental em explorações, fusões e aquisições, por exemplo, estão
submetendo a grandes riscos seus recursos financeiros. Hoje em
dia não basta a verificação e precaução quanto aos passivos
tributários e trabalhistas, é preciso due dilligence no quesito florestal
e/ou ambiental, pois apenas as multas administrativas no âmbito de
órgãos ambientais podem atingir valores altíssimos.
Nesse diapasão, podemos com tranquilidade mencionar a
consagração do Direito Ambiental ou Direito do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais, como um dos ramos do Direito que mais se
apresenta multidisciplinar e complexo, a ponto de poder ser dividido
em vários sub-ramos, muito atuais, tais como o Direito Florestal
(conjunto de normas que trata das florestas, inclusive sua
exploração sustentável), o Direto Ecológico (conjunto de normas
que trata do meio ambiente natural), o Direito das Águas (conjunto
de normas que trata do sistema de águas), o Direito dos Impactos
Ambientais (conjunto de normas que trata das várias espécies de
poluição ambiental), etc. Cada ramo do Direito do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais trata de um mecanismo específico e válido
de controle do sistema de gestão por ele regulado, ou seja, cada
ramo do Direito Ambiental vale-se de auditoria específica a
adequada a seus fins.

2.29.3 Objetivos da auditoria ambiental

A auditoria ambiental pode ser realizada com objetivos


distintos. De maneira que uma determinada auditoria ambiental por
abranger os seguintes objetivos: 1) auditoria ambiental de
conformidade: consiste na verificação do cumprimento da legislação
aplicável existente. É uma auditoria de ambição muito limitada, pois
se restringe à legislação existente e de caráter “defensivo”; 2)
auditoria ambiental pós-acidente: centrada nos problemas de
responsabilidade penal ou civil, tem por objetivo determinar as
causas de um acidente. Em geral, realizada paralelamente a um
procedimento jurídico, pode dar elementos à procuradoria, mas
também pode fornecer à empresa; 3) auditoria ambiental de riscos:
pode ser aplicada no caso de um contrato de seguro ou, em um
âmbito mais geral, no caso de uma análise de risco. Neste último
caso, ela é útil para a empresa conhecer com precisão a extensão
do risco de um acidente para o meio ambiente e,
consequentemente, os riscos jurídicos, econômico e financeiro. Com
este tipo de auditoria, a empresa visa simplesmente limitar seus
riscos; 4) auditoria ambiental de operação de fusão, absorção ou de
aquisição: uma empresa que deseja, por exemplo, adquirir uma
outra empresa pode solicitar uma auditoria ambiental para saber a
natureza dos riscos ao qual ela estaria sujeita. Outro caso, por
exemplo, é o da venda de terrenos nos quais serão colocados
materiais descartados; a empresa vendedora pode realizar uma
auditoria ambiental para se desembaraçar de responsabilidades
futuras no caso de contaminação. Da mesma forma, uma empresa
que vai comprar um terreno pode solicitar uma auditoria para saber
em que situação, com relação à qualidade do solo e das águas, ele
se encontra; 5) auditoria ambiental de gerenciamento geral: essa
auditoria tem um objetivos maior. Trata-se de verificar todos os
possíveis impactos da empresa sobre o meio ambiente. Essa
auditoria permite a definição de uma orientação e de uma política da
empresa por meio da totalidade dos dados ambientais e considera
as evoluções futuras do contexto jurídico.

2.29.4 Espécies de auditoria ambiental

Tomando-se por base alguns conceitos já apresentados, não


é difícil ver que as auditorias ambientais se dividem,
fundamentalmente, em: 1) auditorias ambientais públicas ou
auditoria ambiental legal; e 2) auditorias ambientais privadas.

2.29.4.1 Auditoria ambiental pública

A auditoria ambiental pública é aquela que tem caráter


obrigatório e é realizada por determinação da lei e por exigência do
órgão público ambiental integrante do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA. A auditoria ambiental pública tem, como
melhor exemplo, as verificações do poder público para a concessão
do licenciamento ambiental. Acrescenta-se que as auditorias
ambientais públicas são realizadas de maneira independente dos
interesses e objetivos daquele que pleiteia o licenciamento
ambiental. Por isso, este tipo de auditoria é também chamado de
“auditoria ambiental independente e obrigatória”. Por sinal, uma vez
que a auditoria ambiental pública implica na concessão de
certificado do poder público, é evidente que ela não pode ser
sigilosa.
Todavia, a auditoria ambiental pública encontra-se
desprestigiada em virtude da chamada “crise do licenciamento
ambiental”. Esta crise é fruto de várias causas. A principal delas
reside no fato de as auditorias ambientais públicas serem realizadas
por pessoal absolutamente sem formação adequada ou em desvio
de formação; por exemplo, houve uma imigração dos auditores de
gestão da qualidade de vários órgãos públicos e privados para a
auditoria de gestão ambiental e auditoria de gestão da segurança
ocupacional. Portanto, o despreparo para lidar com as
peculiaridades das questões ambientais é evidente. Além disso, a
crise do licenciamento ambiental acompanha de muito perto a crise
ambiental gerada pelas ocorrências, em grandes proporções, de
degradação e poluição do meio ambiente.[630] De maneira que o
licenciamento ambiental tem perdido ou vem perdendo legitimidade,
porque não teve nem vai ter, pelo que tudo indica, capacidade de
modificar a realidade ambiental brasileira.
É importante também mencionar que a credibilidade das
auditorias ambientais públicas foi conseguida justamente por meio
das audiências públicas e da possibilidade de responsabilização civil
e criminal dos auditores ambientais (que devem ser devidamente
credenciados), bem como possibilidade de responsabilização civil e
criminal objetiva das empresas de auditoria. Inclusive, existe tipo
penal específico para o desvio de conduta dos auditores ambientais.
Todavia, a auditoria ambiental pública não deve ser fator de
exclusão ou enfraquecimento da fiscalização dos órgãos públicos
ambientais. No caso das auditorias ambientais públicas vinculadas a
Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, ressaltamos que,
também aqui, não pode haver sigilo; muito pelo contrário, é
necessário torná-las públicas para que haja a maior credibilidade
possível.
As auditorias públicas das empresas que operam com portos
e plataformas estão previstas no art. 9.º da Lei 9.966, de
28.04.2000.[631] Ultimamente, vêm ganhando corpo debates em
torno das auditorias operacionais de natureza ambiental realizadas
pelos Tribunais de Contas, e a análise da aplicação dos recursos
públicos na área ambiental.
Ainda sobre a auditoria ambiental pública, deve ter caráter
continuado, ou seja, após o licenciamento ambiental é necessário
realização de auditoria e monitoramento ambiental. Inclusive, NILVO
LUIZ ALVES DA SILVA destaca a importância das atividades de
monitoramento e auditoria no acompanhamento dos impactos
ambientais na fase de operação, o que permite a reavaliação dos
prognósticos dos Estudos de Impacto Ambiente – EIA e dos
Relatórios de Impactos Ambientais – RIMA.[632]
Todavia, o que constatamos, na maioria das vezes, é a falta
de continuidade no processo de auditoria ambiental. Tanto é que
NILVO LUIZ ALVES DA SILVA aponta os seguintes aspectos que
caracterizam a aplicação do licenciamento ambiental no
Brasil:1.instrumento limitado à avaliação de projetos
individuais;2.grande ênfase nas etapas de avaliação prévia
(EIA/RIMA), num contexto de escassez de informação e incerteza, e
pouca atenção ao acompanhamento da operação (monitoramento e
auditoria ambientais);3.complexidade: ausência de marco de
planejamento ou diretrizes relacionadas à capacidade suporte do
ambiente e forte interação com questões sociais e econômicas.[633]
Daí, ele conclui que é evidente a necessidade de ampliação
das atividades de monitoramento e auditoria ambientais (fase de
acompanhamento da operação) e de mudança de escala de
operação do licenciamento ambiental. O monitoramento e a
auditoria ambiental viabilizam: o maior controle social sobre o
processo de licenciamento ambiental; a possibilidade do
estabelecimento, de forma transparente, de medidas
compensatórias; e a possibilidade do estabelecimento de correções
ao processo de licenciamento. Para tanto, a aplicação das auditorias
ambientais deve estar associada a um processo de disponibilização
da informação e retro-alimentação do processo de licenciamento
ambiental. Outrossim, a criação de diretrizes ambientais
estratégicas é essencial para que a atuação no nível de projetos
individuais não seja apenas um processo de mitigação e legitimação
de decisões já tomadas. Entretanto, estas iniciativas dependem da
estruturação dos sistemas de meio ambiente.[634]

2.29.4.2 Auditoria ambiental privada

No que tange à auditoria ambiental privada, esclarecemos


que ela é aquela que tem caráter facultativo e é realizada,
voluntariamente, por iniciativa das empresas e demais particulares
interessados. A auditoria ambiental privada tem como melhores
exemplos às verificações realizadas para a composição do Estudo
Prévio de Impacto Ambiental – EPIA, a Auditoria Ambiental, ou a
Certificação Ambiental (da série ISO 14.000). Ademais, ao contrário
das auditorias públicas, nas auditorias ambientais privadas não há
independência. Inclusive, destacamos que, quando a auditoria
ambiental privada visa apenas os interesses da empresa,
geralmente é cercada de necessário sigilo. Não podemos também
deixar de destacar a realidade que gira em torno da auditoria
ambiental privada.
O objetivo da chamada “auditoria ambiental privada”, a nosso
ver, é basicamente: 1) facilitar o controle da gestão das práticas com
eventual impacto ambiental; 2) avaliar sistemática, objetiva,
documentada e periodicamente a observância das políticas,
programas e sistemas de gestão ambiental da empresa; e 3)
divulgação pública da informação sobre a performance ambiental da
empresa, para repercussão favorável em sua gestão junto a
credores e consumidores, os quais se verão motivados pelo
comportamento ambiental da empresa (os credores e os
consumidores de produtos ou serviços ligados a bens ambientais
são quem geram o denominado “comportamento ambiental” da
empresa como financiada e como fornecedora).
As auditorias ambientais privadas vêm ganhando relativa
força em virtude da crise do licenciamento ambiental, provocada
principalmente pela falta de meios materiais, humanos e financeiros
dos órgãos públicos ambientais. No entanto, isto não quer dizer que
haja qualidade em tais auditorias. Não raras vezes, detectamos
confusão nas consultorias ambientais que vêm produzindo os
Estudos de Impactos Ambientais – EIA para as empresas. Inclusive,
o mais grave é que não há estudo crítico das consultorias
ambientais aos projetos em análise, porém uma mera adequação
para a obtenção do licenciamento ambiental pela empresa.
Inclusive, apesar de haver barreiras à adoção do programa
de auditoria ambiental privada pelas empresas (custos, riscos etc.),
ela vem sendo implementada por fortes estímulos, cujos principais
são os seguintes: 1) requisitos legais ambientais: indenizações
significativas e abrangentes; responsabilidade criminal de empresas
e seus representantes; requisitos de divulgação de informação
ambiental; estrutura de controle de eficiência e risco etc.; 2)
melhorias no gerenciamento de riscos; 3) redução de riscos de
acidentes; 4) economia de gastos com os chamados “seguros
ambientais”.[635]

2.29.4.3 Classificação de auditoria ambiental quanto à sua


finalidade

A ação ambiental impactante de uma empresa, organização


ou entidade não se limita ao processo produtivo. Portanto, mesmo
que a política ambiental aborde somente o processo produtivo em
si, a auditoria ambiental, sempre que possível, deve incluir as suas
entradas (matéria, energia e fornecedores), o processo produtivo em
si e as saídas (produtos e embalagens, efluentes líquidos, emissões
gasosas, rejeitos e resíduos, ruídos e vibrações, odores, radiações,
transporte de produtos, entre outros). Em função disso, as auditorias
ambientais podem ser realizadas visando a diversos aspectos.
Considerando, pois, tais aspectos que especializam uma auditoria
ambiental, podemos classificá-las ainda da seguinte maneira: 1.
Auditoria ambiental de conformidade (compliance audit): auditoria
ambiental destinada a verificar o grau de cumprimento, por parte de
uma empresa, das normas e padrões de controle e de qualidade
ambiental (avalia a adequação à legislação ambiental em vigor); 2.
Auditoria ambiental de fiscalização interna, auditoria de
desempenho ambiental ou auditoria corporativa (corporative audit):
auditoria ambiental realizada pela empresa matriz em uma de suas
subsidiárias para nela verificar a estrutura organizacional, os papéis
e responsabilidades e o desempenho na implementação da política
ambiental estabelecida (avalia a conformidade com a legislação,
regulamentos e indicadores setoriais); 3. Auditoria de Sistema de
Gestão Ambiental – SGA ou auditoria ambiental da localização (site
audit): auditoria ambiental considerada por muitos autores como a
mais completa, é a auditoria ambiental que se dedica a examinar
todos os aspectos de desempenho de uma empresa, inclusive a
verificação, por meio de monitoramento, da qualidade dos fatores
ambientais que afeta, no local onde se acha instalada (avalia o
cumprimento dos princípios Sistema Gestão Ambiental, adequação
e eficácia do Sistema de Gestão Ambiental – SGA); 4. Auditoria
ambiental de produto (product audit): aquela que cobre diversos
aspectos dos impactos ambientais que podem ser gerados pelos
produtos: desenho, manufatura, uso e disposição final, incluindo as
embalagens e até mesmo os prováveis impactos da legislação que
incide sobre o mercado atual e futuro; 5. Auditoria ambiental de
questões específicas (issue audit): auditoria ambiental na qual se
examinam um ou mais aspectos de interesse, selecionados com a
finalidade de definir ações ou metas específicas de controle
ambiental; 6. Auditoria ambiental de resíduos, efluentes e emissões:
aquela auditoria ambiental realizada para identificar e quantificar os
lançamentos de poluentes no meio ambiente, podendo incluir as
práticas e procedimentos de tratamento, manejo e destino final dos
rejeitos e se estender, quando é o caso, às instalações das
empresas contratadas para processá-los; 7. Auditoria ambiental de
responsabilidade (liability audit): auditoria ambiental conduzida com
a finalidade de demonstrar que a empresa cumpre com todas as
suas responsabilidades legais, como condição para se habilitar à
cobertura por companhia de seguros (avalia o passivo ambiental da
empresa). É importante acrescentar que, entre todas as
modalidades de auditoria ambiental, a auditoria ambiental de
responsabilidade (liability audit) é a que mais se destaca nesse
contexto, pois é destinada a avaliar as responsabilidades
ambientais efetivas e potenciais da empresa, organização ou
entidade auditada ambientalmente. Geralmente, é usada nas
ocasiões diretas ou indiretas ou de refinanciamento. A sua aplicação
deve indicar ao futuro comprador, parceiro ou sócio os possíveis
riscos e responsabilidades, valorando-os monetariamente, sempre
que possível. A valorização dos custos ambientais a serem
incorridos por empresas ainda enfrenta dificuldades e carece de
estudos. Os métodos de valoração monetária dos danos ambientais
são geralmente questionáveis, mas face à necessidade de se
conhecerem os encargos inferidos pelo descumprimento dos
padrões ambientais estabelecidos e o valor que a empresa poderá
ter de despender para corrigir e/ou compensar os danos causados
ao meio ambiente, contabiliza-se como passivo ambiente, em gera:
multas, taxas e impostos ambientais a serem pagos; gastos para
implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitem o
atendimento às não-conformidades; dispêndios necessários à
recuperação da área degradada; e indenizações à produção
afetada; 8. Auditoria ambiental de certificação: avalia a
conformidade com os princípios da norma certificadora; 9. Auditoria
ambiental de descomissionamento: avalia os danos ao entorno pela
desativação da unidade produtiva; 10. Auditoria ambiental de Sítios:
avalia o estágio de contaminação de um local; 11. Auditoria
ambiental pontual: avalia a otimização dos recursos no processo
produtivo.

2.29.5 Etapas de realização da auditoria ambiental

O processo completo das auditorias ambientais é composto,


basicamente, por 3 (três) etapas distintas, as quais se assemelham
muito às etapas costumeiramente existentes nas auditorias
financeiras, que são as seguintes: 1) etapa de preparação ou pré-
auditoria: nesta etapa devem ser estabelecidos os objetivos
determinados pelos clientes (quem solicita a auditoria) ou auditados
(quem se submete à auditoria), delimitam-se o campo de atuação e
de realização, o objeto (atividade, o evento, o sistema de gestão e
as condições ambientais especificados e/ou informações
relacionadas a este)[636] a ser auditado e o período de sua realização
(escopo). A partir dos objetivos e escopo, estabelecem-se os
critérios (requisitos aos quais são comparadas as evidências da
auditoria) correspondentes às políticas, práticas, procedimentos ou
regulamentos (legais ou organizacionais), para a coleta de
evidências da auditoria (informações verificáveis, registros ou
declarações). Nesta etapa de pré-auditoria, devem ser determinados
os recursos humanos, físicos e financeiros a serem utilizados.
Todavia, para realização do planejamento, os auditores (aqueles
que realizam a auditoria) devem considerar as informações sobre
controles internos e analisar o ambiente de trabalho. Esta etapa
segue a seguinte sequência de prioridades: a) definição da unidade
a ser auditada; b) definição da equipe/auditor líder (equipe é o grupo
de auditores ou um único auditor; auditor lider é a pessoa
qualificada para gerenciar e executar auditorias ambientais; exemplo
do critério de qualificação encontra-se na NBR/ISO 14012); c)
definição dos objetivos e da extensão da auditoria; d) definição do
objeto e do período; e) definição dos critérios; f) seleção dos
documentos; g) mobilização dos recursos humanos e físicos; h)
elaboração do plano de auditoria; e i) definição de atribuições; 2)
etapa de instalação ou atividade de campo (auditoria propriamente
dita): esta etapa compreende a coleta, análise e avaliação das
evidências, que devem ser antecedidas de reunião para
apresentação da equipe e do plano, estabelecido preliminarmente,
aos auditados. Os procedimentos adotados durante esta fase
devem incluir a análise de documentos, a observação das atividades
da empresa e a entrevista. Esta etapa segue a seguinte sequência
de prioridades: a) realização da reunião de abertura; b) observação
de controles; c) coleta de evidências; d) análise de indícios; e)
avaliação; f) conclusão da auditoria (julgamento ou parecer); e 3)
etapa de atividade de pós-auditoria, etapa de registro das
constatações (resultados da avaliação comparativa entre as
evidências e os critérios) ou etapa do relatório: esta etapa deve
compreender a apresentação dos resultados de maneira formal e
escrita, datada e assinada pelo auditor líder. Medidas corretivas
devem ser apresentadas com base nas conclusões da auditoria e
com classificação de acordo com sua relevância no caso de
inserção da auditoria em programa ou sistema de gestão ambiental
empresarial. Esta etapa segue a seguinte sequência de prioridades:
a) revisão; b) relatório final; c) medidas corretivas.
Os meios adotados na realização deste processo completo
da auditoria ambiental, semelhante ao processo completo da
auditoria financeira, incluem técnicas de entrevistas, técnicas de
amostragem e notas de trabalho, listas de verificação detalhadas,
registros de controles usados pelos auditados com padrões
estabelecidos pela legislação ou organização e, até mesmo,
contratação de especialista técnico (aquele que subsidia
tecnicamente a auditoria, mas não participa como auditor). A grande
e essencial diferença entre a prática atual de auditorias ambientais e
de auditorias financeiras reside no objeto de estudo a ser auditado,
pois a auditoria ambiental se propõe a examinar de forma
sistemática os tratamentos dispensados ao meio ambiente e aos
recursos naturais, enquanto que a auditoria financeira visa
basicamente a examinar registros patrimoniais do sistema produtivo.
É importante destacar que a prática das auditorias
ambientais limita-se à avaliação da gestão ambiental de uma
determinada atividade econômica, mais focada ao desempenho
ambiental, ao grau de conformidade com a legislação ambiental
vigente e a política ambiental do ente auditado, apesar de serem
realizadas por equipes multidiciplinares, dela são excluídos os
contadores e administrativos da entidade.

2.29.6 Princípios gerais para condução de auditorias ambientais

A norma técnica NBR/ISO 14010 (“Diretrizes para auditoria


ambiental - Princípios gerais”) prevê, ainda, os seguintes princípios
gerais para condução de auditorias: 1) definição dos objetivos e
escopo da auditoria: os objetivos da auditoria devem ser definidos
pelo cliente e o escopo da auditoria pelo auditor-lider para atender
aos objetivos do cliente. Os objetivos e escopo da auditoria devem
ser comunicados ao auditado antes da realização da auditoria; 2)
objetividade, independência e competência: os membros da equipe
de auditoria devem ser livres de preconceitos e conflitos de
interesse; independentes das atividade por eles auditadas; e devem
ter conhecimento, habilidade e experiência para realizar a auditoria;
3) profissionalismo: as relações auditor/cliente devem ser
caracterizadas por confidencialidade e discrição. Salvo quando
exigido por lei, é recomendado que informações, documentos e
relatório final da auditoria não sejam divulgados sem autorização do
cliente e, conforme o caso, sem autorização do auditado; 4)
procedimentos sistemáticos: a realização da auditoria deve seguir
diretrizes desenvolvidas para o tipo apropriado de auditoria
ambiental. No caso da auditoria de Sistema de Gestão Ambiental –
SGA, a norma técnica NBR/ISO 14010 (“Diretrizes para auditoria
ambiental - Princípios gerais”) remete para a NBR/ISO 14011
(“Diretrizes para auditoria ambiental - Procedimentos de auditoria -
Auditoria de sistemas de gestão ambiental”); 5) critérios, evidências
e constatações: os critérios de auditoria devem ser definidos entre
auditor e cliente, com posterior comunicação ao auditado;
evidências devem ser obtidas a partir da coleta, análise,
interpretação e documentação de informações; e as evidências
obtidas devem permitir que auditores ambientais, trabalhando
independentemente entre si, cheguem a constatações similares; 6)
confiabilidade das constatações e conclusões de auditoria: as
constatações e conclusões da auditoria devem possuir nível
desejável de confiabilidade, devem ser deixadas claras as
limitações/incertezas de evidências coletadas; 7) relatório de
auditoria: o relatório de auditoria deve conter itens como:
identificações; objetivos e escopo da auditoria; critérios da auditoria;
período e datas; equipe de auditoria; identificação dos entrevistados
na auditoria; resumo do processo de auditoria, incluindo obstáculos
encontrados; conclusões; declaração de confidencialidade; e
identificação das pessoas que recebem o relatório. É recomendado
que o auditor-líder, em acordo com o cliente, determine quais os
itens que constarão do relatório. Em nota, a norma indica que é
responsabilidade do cliente ou do auditado a determinação de ações
corretivas; entretanto, se previamente acordado com o cliente, o
auditor pode apresentar recomendações no relatório.

2.29.7 Atribuições, responsabilidades e etapas da auditoria de


Sistema de Gestão Ambiental – SGA
Inicialmente, destacamos que a auditoria do Sistema de
Gestão Ambiental – SGA é o “processo sistemático e documentado
de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva,
evidências de auditoria para determinar se o sistema de gestão
ambiental de uma organização está em conformidade com os
critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental, e para
comunicar os resultados deste processo ao cliente” (definição
prevista na NBR/ISO 14011). Além disso, os critérios de auditoria do
Sistema de Gestão Ambiental – SGA são os requisitos da NBR/ISO
14001 (“Sistema de Gestão Ambiental – SGA”)e, se aplicável,
qualquer outro requisito adicional. Quanto aos objetivos, funções e
responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental,
essa norma apresenta recomendações referentes à auditoria em si
e às pessoas que participam do processo (auditor-líder, auditor,
cliente e auditado), que constituem diretrizes para a auditoria
ambiental.
Visto isto, podemos dizer que a norma técnica NBR/ISO
14011 (“Diretrizes para auditoria ambiental - Procedimentos de
auditoria - Auditoria de sistemas de gestão ambiental”) prevê as
seguintes atribuições, responsabilidades e recomendações na
condução de auditoria de Sistema de Gestão Ambiental – SGA: 1)
Auditoria: ela deve ter seus objetivos definidos, tais como: a)
determinar a conformidade ao Sistema de Gestão Ambiental – SGA
do auditado aos critérios de auditoria de Sistema de Gestão
Ambiental – SGA; b) determinar a adequação da implementação e
manutenção do Sistema de Gestão Ambiental – SGA; c) identificar
áreas de potenciais melhorias do Sistema de Gestão Ambiental –
SGA Sistema de Gestão Ambiental – SGA; avaliar a capacidade do
processo interno de análise crítica; e d) avaliar o Sistema de Gestão
Ambiental – SGA de uma empresa que vise o estabelecimento de
relação contratual com outra empresa; 2) auditor-lider: ele tem como
função assegurar a eficiente e eficaz execução e conclusão da
auditoria. É de sua responsabilidade: a) definir junto ao cliente o
escopo da auditoria; b) obter informações fundamentais; c)
determinar se os requisitos necessários para realização de uma
auditoria foram atendidos; d) formar a equipe de auditoria; e)
conduzir a auditoria de acordo com as normas técnicas NBR/ISO
14010 (“Diretrizes para auditoria ambiental - Princípios gerais”) e
NBR/ISO 14011 (“Diretrizes para auditoria ambiental -
Procedimentos de auditoria - Auditoria de sistemas de gestão
ambiental”); f) elaborar o plano de auditoria; g) comunicar o plano a
todos os envolvidos; h) coordenar a preparação da documentação
de trabalho e instruir a equipe; i) solucionar problemas surgidos; j)
reconhecer objetivos inatingíveis e relatar as razões ao cliente e ao
auditado; k) representar a equipe em discussões; l) notificar
imediatamente o auditado casos de não-conformidades críticas; m)
relatar os resultados da auditoria de forma clara, conclusiva e dentro
do prazo acordado; e n) fazer recomendações para melhoria do
Sistema de Gestão Ambiental – SGA, se estiver no escopo da
auditoria; 3) auditor: ele deve ser objetivo, eficaz e eficiente para
realizar a sua tarefa e tem como responsabilidades: a) seguir
instruções do auditor-líder; b) apoiar o auditor-líder; c) coletar e
analisar evidências de auditoria relevantes e em quantidade
suficiente para chegar às conclusões da auditoria; d) preparar
documentos de trabalho; e) documentar cada constatação da
auditoria; f) resguardar os documentos da auditoria; e g) auxiliar na
redação do relatório de auditoria; 4) cliente: ele tem como
responsabilidades: a) determinar a necessidade da realização de
uma auditoria; b) contatar o auditado; definir os objetivos da
auditoria; c) selecionar o auditor-líder ou a organização de auditoria
e, se apropriado, avaliar os elementos da equipe de auditoria; d)
prover recursos para realização da auditoria; e) manter
entendimento com o auditor-líder para definição do escopo da
auditoria; g) avaliar os critérios de auditoria e o plano de auditoria; e
h) receber o relatório de auditoria e definir sua distribuição; 5)
auditado: ele deve receber uma cópia do relatório de auditoria, salvo
ser for excluído pelo cliente, e em como responsabilidades: a)
informar aos funcionários da organização sobre a auditoria; b)
prover os recursos necessários para a realização da auditoria; c)
designar funcionários para acompanhar como guias à equipe de
auditoria; d) prover acesso às instalações, ao pessoal, às
informações e aos registros; e e) cooperar com a equipe de
auditoria para atingir os objetivos propostos.
2.29.8 Etapas do processo de auditoria de Sistema de Gestão
Ambiental – SGA

De acordo com a NBR/ISO 14011 (“Diretrizes para auditoria


ambiental - Procedimentos de auditoria - Auditoria de sistemas de
gestão ambiental”) existem 4 (quatro) etapas distintas e sucessivas
no processo de auditoria do Sistema de Gestão Ambiental – SGA,
descrevendo procedimentos para cada uma dessas etapas, a saber:
I) Primeira etapa (início da auditoria): esta etapa compreende o
seguinte: 1) definição do escopo da auditoria, observando as
seguintes recomendações: a) o auditor-líder e o cliente devem
definir o escopo da auditoria (descrição da localização física e das
atividades da organização); b) o auditado deve ser consultado; e c)
os recursos necessários para atender ao escopo devem ser
suficientes; 2) realização e análise crítica preliminar da
documentação, observando as seguintes recomendações: a) a
análise deve ser realizada pelo auditor-líder; e b) devem ser
solicitadas, se necessário, informações suplementares; II) Segunda
etapa (preparação da auditoria): esta etapa compreende o seguinte:
1) elaboração do plano de auditoria, observando as seguintes
recomendações: a) o plano de auditoria deve ser elaborado pelo
auditor-líder; b) o cliente deve avaliar o plano de auditoria; c) o plano
deve ser flexível para poder sofrer eventuais alterações; d) o plano
deve incluir: i) objetivos e escopo da auditoria; ii) critérios de
auditoria; iii) identificação das unidades auditadas; iv) identificação
dos funcionários da unidade que tenham responsabilidade direta
com o Sistema de Gestão Ambiental – SGA; v) identificação dos
elementos do Sistema de Gestão Ambiental – SGA prioritários; vi)
procedimentos de auditoria; vii) identificação de idiomas, dos
documentos de referência, da época e da duração previstas, das
datas e dos locais e dos membros da equipe de auditoria; viii)
programa de reuniões; ix) requisitos de confiabilidade; x) conteúdo e
formato do relatório de auditoria e data prevista de sua emissão; e
xi) requisitos de retenção de documentos; 2) atribuição das
funções/atividades aos membros da equipe de auditoria,
observando as seguintes recomendações: a) atribuição deve ser
feita pelo auditor-líder, em entendimento com os membros da
equipe; e b) o auditor-líder deve fornecer instruções sobre o
procedimento da auditoria; 3) preparação dos documentos de
trabalho, observando as seguintes recomendações: a) os
documentos de trabalho podem consistir em formulários para
documentar evidências e constatações da auditoria, listas de
verificação para avaliar os elementos do Sistema de Gestão
Ambiental – SGA e atas de reuniões; b) os documentos devem ser
arquivados até o encerramento da auditoria; c) os documentos com
informações confidenciais ou privativas devem ser adequadamente
resguardados pela equipe de auditoria; III) Terceira etapa (execução
da auditoria): esta etapa compreende o seguinte: 1) realização da
reunião de abertura, observando a recomendação no sentido de
fazer o seguinte: a) a apresentação dos membros da equipe; b)
revisão do escopo, dos objetivos e do plano de auditoria e
ratificação do calendário de auditoria; c) apresentação do método de
trabalho e dos procedimentos; d) estabelecimentos de canais
formais de comunicação; e) confirmação da existência de condições
para realização da auditoria; f) confirmação da data e do horário da
reunião de encerramento; g) promoção da participação efetiva do
auditado; e h) revisão dos procedimentos de emergência e
segurança para a equipe de auditoria; 2) coletação das evidências,
observando a recomendação no sentido de as evidências serem
coletadas por meio de entrevistas, exame de documentos e
observação de atividades e situações, em quantidade suficiente
para se determinar a conformidade do Sistema de Gestão Ambiental
– SGA do auditado em relação aos critérios de auditoria. As não-
conformidades devem ser registradas e as informações obtidas por
meio de entrevistas devem ser verificadas, executando-se
observações, registros e medições, sendo as declarações não-
verificáveis identificadas; 3) analise das evidências, observando a
recomendação no sentido de as evidências serem analisadas
criticamente em comparação aos critérios. O gerente responsável
do auditado deve analisar as constatações de não-conformidade. As
conformidades podem ser registradas com o devido cuidado para
evitar qualquer implicação de garantia absoluta (sic), se estiver
incluso no escopo da auditoria; 4) realização de reunião de
encerramento, observando a recomendação no sentido dessa
reunião acontecer antes da elaboração do relatório de auditoria.
Nela é recomendado que participem: auditores, administração do
auditado e responsáveis pelas funções auditadas. As constatações
devem ser apresentadas e eventuais divergências devem ser
resolvidas, sendo as decisões finais de responsabilidade do auditor-
líder; e IV) Quarta etapa (elaboração do relatório de auditoria): esta
etapa compreende o seguinte: 1) preparação do relatório de
auditoria, observando a recomendação no sentido de os tópicos
abordados no relatório serem os mesmos apresentados no plano de
auditoria, sendo que qualquer alteração deve ser realizada de
comum acordo entre auditor, auditado e cliente. Com referência ao
conteúdo do relatório, que deve ser datado e assinado pelo auditor-
líder, a norma recomenda que estejam registradas as constatações
da auditoria ou um resumo delas, indicando-se as evidências que
sustentam cada constatação. Os tópicos que podem constar do
relatório são: a) identificação da organização auditada e do cliente;
b) objetivos, escopo e plano de auditoria acordados; c) critérios
acordados, incluindo uma lista de documentos de referência
segundo os quais a auditoria foi conduzida; d) período da auditoria e
a(s) data(s) em que a auditoria foi conduzida; e) identificação dos
representantes do auditado que participaram da auditoria; f)
identificação dos membros da equipe da auditoria; g) declaração
sobre a natureza confidencial do conteúdo; h) lista de distribuição do
relatório da auditoria; i) sumário do processo de auditoria, incluindo
quaisquer obstáculos encontrados; e j) conclusões da auditoria, tais
como a conformidade do Sistema de Gestão Ambiental – SGA
auditado em relação aos critérios de auditoria do Sistema de Gestão
Ambiental – SGA; se o Sistema de Gestão Ambiental – SGA está
implementado e mantido de forma adequada; e se a análise crítica
realizada pela administração é capaz de assegurar a melhoria
contínua do Sistema de Gestão Ambiental – SGA; 2) distribuição o
relatório da auditoria, observando as seguintes recomendações: a) o
auditor-líder deve enviar o relatório ao cliente; b) a relação de
interessados que receberão o relatório deve ser definida pelo
cliente, tendo sido registrada anteriormente no plano de auditoria; c)
o auditado deve receber uma cópia do relatório, a não ser que ele
seja excluído pelo cliente; d) a distribuição para interessados
externos à organização deve ser autorizada pelo auditado; e) o
caráter confidencial do relatório, que é de propriedade exclusiva do
cliente, deve ser respeitado por todos seus destinatários; e f)
eventuais atrasos na entrega do relatório devem ser comunicados
ao cliente e ao auditado, sendo indicada nova data de emissão; 3)
retenção ou descartação dos documentos da auditoria
(documentação de trabalho, minutas, relatórios, entre outros),
observando a recomendação no sentido de a retenção ou o
descarte de documentos ser realizada conforme acordado entre
cliente, auditor-líder e auditado.

2.29.9 Critérios de qualificação para auditores ambientais

A norma técnica NBR/ISO 14012 (“Diretrizes para auditoria


ambiental - Critérios de qualificação para auditores ambientais”)
prevê, criteriosamente, as diretrizes quanto aos critérios que
qualificam um profissional a atuar como auditor ambiental e como
auditor-líder ambiental, tanto externo como interno. Menciona a
referida norma técnica que os auditores ambientais internos devem
possuir o mesmo nível de competência dos auditores ambientais
externos, mas podem não atender a todos os critérios dessa norma
técnica, dependendo de fatores tais como: a) características da
organização (tamanho, natureza, complexidade e impactos
ambientais); e b) características necessárias para o auditor
ambiental (conhecimento especializado e experiência).
Outrossim, a NBR/ISO 14012 (“Diretrizes para auditoria
ambiental - Critérios de qualificação para auditores ambientais”) traz
em seu conteúdo as seguintes definições: a) auditor ambiental
(pessoa qualificada para realizar auditorias ambientais); b) auditor-
líder ambiental (pessoa qualificada para gerenciar e executar
auditorias ambientais); c) diploma (certificado reconhecido nacional
ou internacionalmente, ou qualificação equivalente, normalmente
obtido após a educação secundária, através de um período de
estudo formal, em tempo integral, com duração mínima de três
anos, ou outro período de estudo equivalente, em tempo parcial); e
d) educação secundária (etapa do sistema educacional completada
imediatamente antes do ingresso em universidade ou instituição
similar).
A norma técnica NBR/ISO 14012 (“Diretrizes para auditoria
ambiental - Critérios de qualificação para auditores ambientais”)
apresenta, também, os critérios de qualificação de auditores
ambientais, bem como diretrizes para avaliação das qualificações de
auditores ambientais, e, ainda, diretrizes para o desenvolvimento de
um organismo que assegure um enfoque coerente para a
certificação de auditores ambientais.
Ademais, a NBR/ISO 14012 (“Diretrizes para auditoria
ambiental - Critérios de qualificação para auditores ambientais”)
recomenda, em seu Anexo A, que o processo de avaliação de
auditores ambientais deve ser conduzido por pessoa dotada de
conhecimentos atualizados e experiência em processos de
auditoria. Além disso, recomenda que a avaliação da educação
(experiência profissional, treinamento e atributos pessoais dos
auditores) seja realizada utilizando-se os seguintes métodos: a)
entrevistas; b) prova escrita e/ou oral; c) análise de trabalhos
escritos; d) referências de empregadores anteriores e colegas; e)
simulação de atuação; f) observações feitas por outros auditores em
auditorias já realizadas; g) análise das evidências apresentada pelo
auditor; h) apreciação das certificações e qualificações profissionais.
Ainda de acordo com a norma técnica NBR/ISO 14012
(“Diretrizes para auditoria ambiental - Critérios de qualificação para
auditores ambientais”), caso seja apropriado, deve haver um
organismo que assegure que os auditores ambientais sejam
certificados de forma consistente, que deve ser independente e
atender às seguintes diretrizes: a) certificar diretamente; b)
credenciar entidades que certificarão os auditores; c) estabelecer
processo de avaliação de auditores; e d) manter cadastro atualizado
de auditores ambientais que atendam aos critérios especificados
pela norma.
Tomando-se por base as recomendações da referida norma
técnica, podemos citar os seguintes critérios de qualificação para
auditores ambientais: 1) critério de qualificação relativo à educação:
a) a norma recomenda que o auditor deve ter, no mínimo, o 2º grau
(educação secundária) completo; 2) critérios de qualificação relativo
à experiência profissional: a) a experiência profissional apropriada
deve permitir o desenvolvimento de habilidades e conhecimento em
um ou mais dos seguintes tópicos técnicos e científicos: i) ciência e
tecnologia ambientais; ii) aspectos técnicos e ambientais das
operações da instalação; iii) leis e regulamentos aplicáveis; iv)
sistema de gestão ambiental; e v) procedimentos, processos e
técnicas de auditoria; b) no caso do auditor ter apenas o 2º grau, é
recomendado que ele possua, no mínimo, 5 (cinco) anos de
experiência profissional apropriada. Este mínimo pode ser reduzido
se ele tiver realizado, após conclusão do secundário, um curso
formal em pelo menos um dos tópicos técnicos e científicos citados.
A quantidade de anos que pode ser reduzida não deve ser superior
à quantidade de anos do curso realizado e não deve exceder a 1
(um) ano; c) no caso do auditor ter um diploma de 3º grau
(universidade ou instituição similar), é recomendado que ele tenha,
no mínimo,4 (quatro) anos de experiência profissional apropriada.
Este mínimo pode ser reduzido se ele tiver realizado um curso
formal em pelo menos um dos tópicos técnicos e científicos citados.
A quantidade de anos que pode ser reduzida não deve ser superior
à quantidade de anos do curso realizado e não deve exceder a 2
(dois) anos; 3) critério de qualificação relativo ao treinamento: a)
além da educação (2º ou 3º graus) e da habilidade e conhecimento
em tópicos específicos, o auditor ambiental deve realizar
treinamentos tanto formal (teórico) como de campo, para realizar e
desenvolver competência na execução de auditorias ambientais. O
treinamento formal ou teórico deve abranger um ou mais de um dos
tópicos técnicos e científicos citados anteriormente. Este critério
(treinamento formal) pode ser dispensado se o auditor puder
demonstrar sua competência por meio de exames reconhecidos ou
qualificações profissionais pertinentes. A norma recomenda que o
auditor tenha realizado treinamento de campo (equivalente a 20
(vinte) dias de trabalho em auditoria ambiental),em pelo menos 4
(quatro) auditorias ambientais, tendo se envolvido em todo o
processo de auditoria, sob orientação de um auditor-líder. O tempo
de realização deste treinamento não deve exceder a 3 (três) anos
consecutivos; 4) critério de qualificação relativo à evidência objetiva:
diplomas, certificados de cursos, trabalhos publicados, livros
escritos entre outros devem ser mantidos como evidências objetivas
de educação, experiência e treinamento; 5) critérios de qualificação
relativo aos atributos e habilidades pessoais: a) capacidade de
expressar claramente conceitos e idéias, escrita e oralmente; b) ter
diplomacia, tato e capacidade de escutar; c) ser independente,
objetivo e organizado; d) saber julgar de forma fundamentada; e e)
saber respeitar convenções e culturas diferentes da própria; 6)
critérios de qualificação específicos para auditor-lider: a) ter
participado em processos adicionais completos de auditoria,
perfazendo adicionalmente 15 (quinze) dias de trabalho em pelo
menos 3 (três) auditorias adicionais completas; e ter participado
como auditor-líder, sob supervisão e orientação de outro auditor-
líder, em pelo menos 1 (um) das 3 (três) auditorias citadas; b) ter
demonstrado atributos e habilidades para gestão do programa de
auditoria ou outros, por meio de entrevistas, observações,
referências e/ou avaliações do seu desempenho em auditorias
ambientais feitas segundo programas de garantia da qualidade; e c)
o atendimento a estes critérios adicionais não deve exceder a 3
(três) anos consecutivos; 7) critério de qualificação relativo à
manutenção da competência: a) os auditores devem proceder à
atualização periódica de seus conhecimentos, sobre os tópicos
técnicos e científicos citados no item referente à educação e
experiência profissional; 8) critério de qualificação relativo ao
profissionalismo: a) a NBR/ISO 14012 (“Diretrizes para auditoria
ambiental - Critérios de qualificação para auditores ambientais”)
remete ao item referente ao profissionalismo da NBR/ISO 14010
(“Diretrizes para auditoria ambiental - Princípios gerais”) e
recomenda, ainda, que os auditores sigam um código de ética
apropriado; 9) critério de qualificação relativo ao idioma: a) quando o
auditor não tiver capacidade de se comunicar com fluência no
idioma necessário, deve obter um suporte, que pode ser um
intérprete, que seja independente para realizar seu trabalho de
forma objetiva.
CAPÍTULO 3 – O DIREITO DO
MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS

3.1 CONCEITO DE DIREITO


ECOLÓGICO, DE DIREITO
AMBIENTAL E DE DIREITO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS
3.1.1 Direito ecológico

O conjunto de normas destinadas à proteção da natureza


(totalidade dos seres que formam o universo) ou do meio ambiente
tem recebido denominações diversas. No início, a proteção jurídica
do meio ambiente recebeu a denominação de “direito ecológico”.
Assim é que SÉRGIO FERRAZ define direito ecológico como o
conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos organicamente
estruturados para assegurar um comportamento que não atente
contra a sanidade mínima do meio ambiente.[637] DIOGO DE
FIGUEIREDO MOREIRA NETO, por sua vez, define direito
ecológico como o conjunto de técnicas, regras e instrumentos
jurídicos sistematizados e informados por princípios apropriados que
tenham por fim a disciplina do comportamento relacionado ao meio
ambiente.[638]

3.1.2 Direito ambiental


Há de se destacar que tem havido uma forte tendência dos
autores no sentido de abandonar a expressão “direito ecológico” e a
adotar a expressão “direito ambiental” (environmnental law, em
inglês; droit de l’environnement, em francês; derecho ambiental, em
espanhol) para designar a proteção legal do meio ambiente. Esta
mudança é justificada por PAULO DE BESSA ANTUNES em virtude
de o termo ambiente ser, por essência, extremamente amplo e
poder abrigar as inúmeras realidades que se encontram no interior
da legislação protetora do meio ambiente. Basta que se observe a
inserção dos chamados bens culturais no interior do amplíssimo
conceito de meio ambiente para que se compreenda melhor as
limitações causadas pela antiga designação: “direito ecológico”.
Portanto, segundo ele, é bastante evidente a insuficiência conceitual
da denominação “direito ecológico”. Em vista disso, PAULO DE
BESSA ANTUNES prefere definir direito ambiental como um direito
que se desdobra em 3 (três) vertentes fundamentais que são
constituídas pelo: a) direito ao meio ambiente; b) direito sobre o
meio ambiente; e c) direito do meio ambiente. Tais vertentes
existem, na medida em que o direito ambiental é um direito humano
fundamental que cumpre a função de integrar os direitos à saudável
qualidade de vida, ao desenvolvimento econômico e à proteção dos
recursos naturais. Segundo ele, mais do que um direito autônomo, o
direito ambiental é uma concepção de aplicação da ordem jurídica
que penetra, transversalmente, em todos os ramos do direito. O
direito ambiental, portanto, tem uma dimensão humana, uma
dimensão ecológica e uma dimensão econômica que se devem
harmonizar sob o conceito de desenvolvimento sustentado.[639]
No mesmo sentido WILLIAN HENRY RODGERS JÚNIOR
escreve que o direito ambiental não está preocupado apenas com o
ambiente natural (a condição física da terra, do ar e da água). Ele
abarca também o ambiente humano (a saúde e outras condições
sociais produzidas pelo homem que afetam o lugar dos seres
humanos na Terra).[640] Segundo RAÚL BRAÑES BALLESTEROS
também afirma que a denominação “direito ambiental” é mais
adequada; a expressão “direito ecológico” pode levar a que se limite
sua aplicação ao direito dos ecossistemas.[641]
Ao defender a expressão “direito ambiental”, JOSÉ AFONSO
DA SILVA esclarece que a expressão “meio ambiente” denota uma
certa redundância, uma vez que o ambiente já implica em “meio”.
Segundo ele, em Português, também ocorre o mesmo fenômeno,
mas essa necessidade de reforçar o sentido significante de
determinados termos, em expressões compostas, é uma prática que
deriva do fato de que o termo reforçado tenha sofrido
enfraquecimento no sentido a destacar, ou, então, porque sua
expressividade é muito mais ampla ou mais difusa, de sorte a não
satisfazer mais, psicologicamente, à ideia que a linguagem quer
expressar. Este fenômeno influi no legislador, que sente a imperiosa
necessidade de dar, aos textos legislativos, a maior precisão
significativa possível, daí por que a legislação brasileira também
vem empregando a expressão “meio ambiente”, em vez de
“ambiente” apenas.[642]
Assim é que vários autores vêm engrossando a relação
daqueles que preferem a expressão “direito ambiental”. O jurista
uruguaio MARCELO J. COUSILLAS adota tal expressão e a define
como um conjunto normativo novo e dinâmico que, a diferença de
outros ramos do direito, possui uma essência mais preventiva do
que reparatória ou punitiva e um enfoque sistêmico, multidisciplinar
e coletivo, baseado em um amplo substrato metajurídico.[643] O
jurista argentino EDUARDO ANDRÉS PIGRETTI também utiliza a
expressão “direito ambiental” e a define como o direito que tem por
objeto o estudo das relações do homem com a natureza, e neste
sentido é possível que supere as puras obrigações pessoais e ainda
o princípio dos direitos reais, segundo o qual existe em relação aos
bens uma obrigação passivamente universal de respeitar aos seus
titulares de domínio.[644] Para o jurista brasileiro TYCHO BRAHE
FERNANDES NETO, direito ambiental constitui o conjunto de
normas e princípios editados objetivando a manutenção de perfeito
equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente.[645] E o
também jurista brasileiro CARLOS GOMES DE CARVALHO, ao
preferir a expressão “direito ambiental”, a define como o conjunto de
princípios e regras destinados à proteção do meio ambiente,
compreendendo medidas administrativas e judiciais, com a
reparação econômico-financeira dos danos causados ao ambiente e
aos ecossistemas de uma maneira geral.[646]
Também os organismos internacionais têm preferido tal
designação. Inclusive a Declaration de Limoges, de 16.11.1990,
tornada pública na Réunion Mondiale des Associations de Droit de
L’Environnement dispõe que “o direito ambiental não é mais um
simples apêndice de políticas ambientais; ele se transformou no
meio privilegiado de toda política em favor do meio ambiente”. Além
disso, a Declaração do Rio de Janeiro, formulada e tornada pública
durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento – CNUMAD (ECO-92), muito embora não tenha
adotado oficial e expressamente a designação “direito ambiental”,
não conseguiu esconder uma forte preferência pelo termo
“ambiental”; isto está claro no Princípio 11 da referida Declaração:
“Os Estados devem adotar uma legislação ambiental eficaz”.

3.1.3 Direito del entorno

Outras expressões foram propostas sem sucesso. Entre elas


podemos citar a expressão “Derecho del Entorno” (direito que regula
tudo aquilo que cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas)
adotada pelo jurista chileno RAFAEL VALENZUELA FUENZALIDA,
para designar o conjunto de normas jurídicas cuja vigência produz e
é suscetível de produzir efeitos ambientais estimáveis, vantajosos
ou prejudiciais, tenha ou não a motivação de ditas normas
reconhecido uma inspiração assentada em considerações
ecológicas.[647] Todavia, este conceito abrange tanto as normas de
proteção ao meio ambiente como as chamadas “normas de efeitos
prejudiciais ao meio ambiente”. Daí a sua inadequação.

3.1.4 Direito do meio ambiente e dos recursos naturais

Certo é que o legislador, querendo dar aos textos legislativos


a maior precisão significativa possível, inseriu insistentemente na
legislação brasileira a expressão “meio ambiente”, em vez de
“ambiente” apenas. Mais do que isso, a expressão “meio ambiente”
é amplamente consagrada nas mais diversificadas esferas sociais e
científicas. Outrossim, entendemos que a terminologia jurídica não
deve se afastar daqueles termos e expressões já amplamente
consagrados. Além disso, as autoridades públicas brasileiras vêm,
há bastante tempo, utilizando a expressão “meio ambiente e
recursos naturais renováveis” para identificar o campo de
intervenção estatal para proteção da natureza e controle da
utilização racional dos recursos naturais renováveis (aqueles
suscetíveis de serem aproveitados no mesmo lugar, ao cabo de um
período de tempo relativamente curto). Inclusive, o principal órgão
federal de execução da política ambiental, fiscalização, controle e
orientação ambiental utiliza em sua denominação oficial tal
expressão: “Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis”. Assim, em respeito a tal consagração,
adotaremos nesta obra a expressão “direito do meio ambiente e dos
recursos naturais”.
Por via de consequência, direito do meio ambiente e dos
recursos naturais, a nosso ver, nada mais é do que o conjunto de
normas, princípios e institutos jurídicos, compreendendo medidas
administrativas e judiciais, que disciplinam o comportamento
humano, objetivando a proteção do meio ambiente, a utilização
racional dos recursos naturais renováveis (como por exemplo, a
biodiversidade, a preservação de florestas, entre outros) e dos não-
renováveis (como o petróleo, por exemplo), a manutenção do
equilíbrio nas relações do homem com a natureza, a conservação
da saudável qualidade de vida, a realização de um desenvolvimento
sustentável e a reparação in natura, econômica e financeira dos
danos causados ao meio ambiente e aos ecossistemas de uma
maneira geral.

3.2 O DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS COMO
DIREITO ECONÔMICO
O direito econômico pode ser visto tanto sob o aspecto de
um sistema de normas, como sob o aspecto da disciplina jurídica
que estuda esse sistema de normas. JOSÉ SIMÕES PATRÍCIO,
levando em conta esses aspectos, define direito econômico como a
disciplina jurídica que estuda o sistema de normas ou o próprio
sistema de norma que regulam: 1.a organização da economia,
designadamente definindo o sistema e o regime econômicos; 2.a
condução ou controle superior da economia pelo Estado, em
particular estabelecendo o regime das relações ou do “equilíbrio de
poderes” entre o Estado e a economia (os agentes econômicos, no
máximo os grupos de interesses concentrados); e3.a disciplina dos
centros de decisão econômica não estaduais, especialmente
enquadrando, macroeconomicamente, a atividade das instituições
fundamentais.[648]
Portanto, o direito econômico tem por objetivo, justamente, a
organização da economia, a condução ou controle superior da economia
pelo Estado e a disciplina dos centros de decisão econômica não
estaduais.
Outros autores brasileiros também procuraram definir direito
econômico. Por exemplo, FÁBIO KONDER COMPARATO escreve
que este ramo do direito constitui a disciplina normativa da ação
estatal sobre as estruturas do sistema econômico, seja este
centralizado ou descentralizado.[649] JOÃO BOSCO LEOPOLDINO
DA FONSECA, por sua vez, menciona que, para compor e
intermediar o confronto entre o poder econômico privado e o poder
econômico público, o Estado intervém sob várias formas, mas,
fundamentalmente, adotando políticas para direcionar a relação
entre o jurídico e o econômico. Para atingir esse objetivo, o Estado
valer-se-á de normas jurídicas, para organizar a economia,
conduzindo-a de forma a obter situações de equilíbrio, por meio da
disciplina macroeconômica das relações estabelecidas entre os
diversos poderes que se confrontam. O direito econômico refere-se,
assim, a um corpo orgânico de normas condutoras da interação do
poder econômico público e do poder econômico privado e destinado
a reger a política econômica.[650]
Ainda tomando-se por base a política econômica, podemos
definir direito econômico como o conjunto das técnicas jurídicas de
que lança mão o Estado contemporâneo na realização de sua
política econômica.
Fala-se que a microeconomia se consolidou com base numa
preocupação essencial que era a de assegurar ao sistema
econômico plena eficiência, entendida esta como a ocupação de
sua capacidade produtiva e dos seus recursos humanos. A esse tipo
de eficiência deu-se a denominação de “eficiência estática da
economia”, para contrapô-la à noção de “eficiência dinâmica da
economia”. É justamente a “eficiência dinâmica da economia” que
indica a existência de desenvolvimento econômico.
Lembra FÁBIO NUSDEO que, em meados da década de 40,
as grandes preocupações com a “eficiência estática da economia” já
haviam sido superadas, graças à contribuição keynesiana e aos
próprios efeitos da guerra, a qual trouxe uma solicitação de bens e
serviços responsável pela desaparição do resto de capacidade
ociosa ainda existente no fim da década anterior. Segundo ele, o
novo desafio passou então a ser não mais o de preencher a
capacidade produtiva instalada (“eficiência estática da economia”),
mas expandir esta mesma capacidade para níveis mais elevados, a
fim de atender às crescentes necessidades de uma parcela também
crescente da humanidade. Esta seria a “eficiência dinâmica da
economia”, por importar uma permanente e auto-sustentada
evolução em toda a estrutura não apenas econômica, mas social e
cultural dos países onde se implantasse o processo
desenvolvimentista.[651]
Acrescenta FÁBIO NUSDEO que o impacto trazido pela
independência de um grande número de países como decorrência
do movimento de descolonização veio revelar uma realidade
preocupante para o equilíbrio e manutenção da paz mundial a tão
duras penas conquistada. Com efeito, de cerca de uma centena de
países que constituíram a Organização das Nações Unidas – ONU,
surgida dos escombros da Segunda Guerra Mundial, menos de 20%
(vinte por cento) poderiam ser considerados como desenvolvidos.
Concentravam-se na Europa ocidental e no norte do continente
americano, com mais o Japão, na Ásia, e a Austrália.
Geograficamente a desproporção era mais chocante: os
desenvolvidos ocupavam um espaço ainda menor, o mesmo se
podendo dizer, e com maior ênfase, quanto à distribuição da
população e da renda entre nações ricas e pobres. O panorama
mostrava um fato até então pouco avaliado e discutido: o de ser o
desenvolvimento um fenômeno excepcional na história da
humanidade, não podendo ser encarado como mera questão de
tempo ou simples estágio provisório de uma evolução futura. Pelo
contrário, o subdesenvolvimento, à falta de uma decidida política
destinada a erradicá-la, tendia a se manter indefinidamente,
regredindo, em muitos casos, para níveis inferiores de atividade
produtiva e de padrão de vida. Todas essas evidências levaram os
estudiosos a se debruçarem sobre o assunto com vistas a
diagnosticar as características e as causas do subdesenvolvimento
(economia positiva) e a recomendar políticas econômicas para sua
superação (economia normativa).[652]
As características do subdesenvolvimento são as seguintes:
1) baixa renda per capita anual, correspondendo a algo como um
décimo ou menos da média dos mais desenvolvidos, hoje ao redor
de US$ 20,000.00 a US$ 25,000.00; 2) grande desigualdade na
distribuição dessa renda, com extremos de riqueza e de pobreza;
parcela considerável da renda total é detida por reduzida
percentagem da população; 3) altas taxas de natalidade e de
mortalidade; 4) alta participação do setor primário da economia na
formação da renda; o setor secundário (indústria) é atrofiado e o
terciário inflado, devido ao grande contingente de serviços de
reduzida ou nula produtividade, a configurar não tanto uma atividade
produtiva, mas mais um desemprego disfarçado; 5) baixa
produtividade da mão-de-obra; 6) baixos padrões médios de
consumo e de qualidade de vida, tais como instrução, nível
sanitário, adequação alimentar e outros da espécie; e 7) mau
funcionamento ou inexistência de instituições políticas mais
aprimoradas; forte influência de oligarquias na legislação e na sua
aplicação.[653]
Se a superação do subdesenvolvimento necessita de uma
política econômica adequada, evidentemente o meio para conduzir
toda a economia em direção à sua eficiência dinâmica é, sem
dúvida, a utilização de preceitos e normas jurídicas que integram o
direito econômico. Aliás, se o direito econômico constitui o conjunto
de regras jurídicas com vista a regulamentar a intervenção na
economia e a intervenção na economia só se justifica no sentido de
erradicar o subdesenvolvimento, fomentar a atividade produtiva e
aumentar o padrão de vida de todas as camadas sociais que
compõem a sociedade, não há como entender o direito econômico
diferente do sentido de que ele constitua o instrumento jurídico à
disposição do Estado para a realização da política de
desenvolvimento econômico ou o instrumento jurídico que possui o
poder público para se buscar a eficiência dinâmica da economia.
Todavia, esta intervenção na economia determinada pelo
direito econômico não pode deixar de observar alguns princípios
fundamentais: a) valorização do trabalho humano; b) proteção à livre
iniciativa; c) justiça social; d) soberania nacional econômica; e)
proteção à propriedade privada; f) função social da propriedade; g)
proteção à livre concorrência; h) defesa do consumidor; i) defesa do
meio ambiente; j) redução das desigualdades regionais e sociais; k)
busca do pleno emprego; l) tratamento favorecido para as empresas
de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
sua sede e administração no País. Tais princípios constam
expressamente do texto aprovado para o art. 170 da Constituição
Federal de 1988.
Portanto, o direito econômico, por determinação
constitucional, engloba também a defesa do meio ambiente. Daí se
abstrai que a prevalência dos mecanismos da economia de mercado
é limitada pela proteção ao meio ambiente, tanto quanto pela
valorização do trabalho humano, pela soberania nacional
econômica, pela proteção à propriedade privada, pela função social
da propriedade, pela proteção à livre concorrência, pela proteção à
livre iniciativa, pela proteção ao consumidor, pela redução das
desigualdades regionais e sociais, pela busca do pleno emprego e
pela proteção as empresas de capital nacional de pequeno porte.
Por sinal, o melhor exemplo disso pode ser encontrado no §
3.º do art. 174 da Constituição Federal, o qual prescreve que o
Estado deve favorecer a organização da atividade garimpeira em
cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a
promoção econômico-social dos garimpeiros. Ademais, a
necessidade de preservação do meio ambiente constitui uma das
facetas do princípio da função social da propriedade.
Como dito antes, o direito econômico é um direito voltado
para a organização de um desenvolvimento econômico racional, ou
seja, desenvolvimento sustentado (conciliação entre a preservação
do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis com o
desenvolvimento econômico). Daí dizer-se, não raras vezes, que o
direito do meio ambiente e dos recursos naturais pode ser
perfeitamente designado também pela expressão “direito do
desenvolvimento econômico sustentável”.
Nesse sentido, PAULO DE BESSA ANTUNES esclarece que
se pretende com isto manter a possibilidade de garantir uma
condição de vida mais digna e humana para milhões e milhões de
pessoas, cujas atuais condições de vida são absolutamente
inaceitáveis, sem que isso represente um esgotamento
desnecessário dos recursos ambientais (recursos naturais
renováveis e recursos naturais não-renováveis). Portanto, segundo
ele, a efetivação do princípio de proteção ao meio ambiente como
princípio constitucional econômico implica, obrigatoriamente, na
mudança de todo o padrão de acumulação de capital, na mudança
do padrão e do conceito de desenvolvimento econômico. É
justamente na busca de tais modificações que temos visto o
surgimento de um imenso movimento de massas que se organiza
em escala planetária na defesa do meio ambiente e da qualidade de
vida.[654]
A natureza econômica das normas ambientais é evidenciada
pela própria lei. Por exemplo, o art. 2.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente –
PNMA tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento sócioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Assim, podemos dizer que a legislação ambiental é constituída,
principalmente, de normas de intervenção nas atividades
econômicas (de um modo geral, as industriais petroquímicas,
nucleares, patrimoniais etc.). E, segundo PAULO DE BESSA
ANTUNES, um dos mais importantes instrumentos de planejamento
ambiental e de intervenção nas atividades econômicas de que é
dotado o direito do meio ambiente e dos recursos naturais ou,
simplesmente, direito ambiental, é o Estudo de Impacto Ambiental –
EIA, cuja finalidade é realizar um diagnóstico antecipado das
consequências ambientais decorrentes de atividades
potencialmente degradadoras do meio ambiente. Como vimos no
capítulo anterior, a importância fundamental dos Estudos de Impacto
Ambiental reside no fato de que, pela sua correta realização, é
possível se antecipar consequências negativas e positivas e medir
as alternativas apresentadas com vistas a uma opção a ser decidida
pela sociedade. Todavia, o direito do meio ambiente e dos recursos
naturais não conta apenas com o Estudo de Impacto Ambiental,
outro instrumento importante de intervenção é o zoneamento
ambiental.[655]

3.3 O DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS COMO
DIREITO HUMANO
Os direitos humanos devem ser entendidos não como
direitos à satisfação das necessidades biológicas, mas sim como
direitos às condições de vida que nos permitam desenvolver e
utilizar nossas qualidades humanas de inteligência e consciência,
satisfazendo nossas necessidades espirituais. Os direitos humanos
são essenciais à nossa natureza; sem eles, não podemos viver
como seres humanos. Eles se fundamentam, pois, na reivindicação
crescente, por parte da humanidade, de uma vida honesta,
civilizada, em que a dignidade inerente a todo ser humano seja
respeitada e protegida.
A preocupação com os direitos humanos não é recente. Eles
já constavam como garantia na Carta de João Sem Terra, em 1215,
e atingiram o seu auge com a Declaração do Cidadão, de 1789,
produzida pela Revolução Francesa, ao consagrar os ideais de
igualdade, fraternidade e liberdade.
Segundo NORBERTO BOBBIO, os direitos do homem são a
base da democracia e da paz duradoura. Por isso o reconhecimento
e a proteção dos direitos do homem são o alicerce principal das
constituições modernas. O processo de democratização do sistema
internacional não pode avançar sem uma gradativa ampliação do
reconhecimento e da proteção dos direitos do homem, acima de
cada Estado. Sem direitos do homem reconhecidos e protegidos,
não há democracia. Tais direitos do homem, por mais fundamentais
que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas
circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas
liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não
todos de uma vez e nem de uma vez por todas (os direitos do
homem são direitos históricos, surgidos na Idade Moderna a partir
das lutas contra o Estado absoluto).[656]
Em termos gerais, a Declaração Universal reconhece 3 (três)
classes distintas de direitos humanos: 1) os direitos relativos à
cidadania civil e política; 2) os direitos relativos à cidadania social e
econômica; e 3) os direitos relativos à cidadania cultural ou pós-
material.
Os direitos relativos à cidadania civil e política são
considerados os denominados “direitos de primeira geração”, de
caráter tradicional, que foram gradativamente evoluindo com o
correr dos séculos, durante o prolongado desenvolvimento da
sociedade democrática. Tais direitos humanos são os seguintes: 1)
direito à vida; 2) direito à liberdade; 3) direito à segurança; 4) direito
à liberdade de pensamento; 5) direito à liberdade de consciência; 6)
direito à liberdade de religião; 7) direito à liberdade de opinião e
expressão; 8) direito à liberdade de nos reunirmos com outras
pessoas em assembleia pacífica ou em associação; e 9) direito de
participar do governo de seu país por meio de eleições e ao acesso
e desempenho de cargos públicos, em igualdade de condições com
outras pessoas.
Portanto, os direitos humanos de primeira geração
asseguram, por exemplo, que o ser humano não pode ser mantido
em escravidão ou castigado de maneira desumana ou degradante;
que deve ser igual aos demais perante a lei; que não pode ser
detido ou exilado simplesmente para satisfazer o capricho de
alguém; que, se for acusado de um crime, deve ser concedida
audiência imparcial e supor-se que é inocente até que se prove ser
culpado; que sua vida privada e familiar, seu lar e sua
correspondência devem ser protegidos contra uma intervenção
arbitrária; que, em caso de ser perseguido, deve poder buscar asilo
em outro país; que ele deve ter o direito de possuir uma
nacionalidade; que pode contrair matrimônio e constituir família,
tendo esta o direito de ser protegida; enfim, que ele deve ter o
direito de possuir propriedades etc.
Além disso, vale lembrar que as comunidades humanas têm
direito à autodeterminação, ou seja, todos os povos têm direito de
determinar a sua condição política e direito de realizar seu
desenvolvimento econômico, social e cultural. O direito à
autodeterminação abrange também o direito de todos os povos de
disporem livremente de suas riquezas e recursos naturais
(renováveis e não-renováveis).
Os direitos relativos à cidadania social, econômica e cultural
englobam os chamados: 1) direito de segunda geração; e 2) direito
de terceira geração.
Os denominados “direitos de segunda geração” incluem os
seguintes direitos: 1) direito à igualdade; 2) direito de trabalhar; 3)
direito de escolher livremente a ocupação; 4) direito de possuir
condições justas e favoráveis de trabalho; 5) direito de estar
protegido contra o desemprego; 6) direito a descanso; 7) direito a
férias; 8) direito ao nível adequado de vida, que se traduz por
alimentos suficientes, roupas, habitação, serviços médicos e sociais
e segurança social; 9) direito das mães e filhos a cuidados e
assistência especiais; 10) direito à saúde e ao saneamento básico;
11) direito à educação; e 12) direito de participar livremente da vida
cultural da sua comunidade.
Para NORBERTO BOBBIO, o problema do fundamento, até
mesmo do fundamento absoluto, irresistível, inquestionável, dos
direitos do homem (direitos fundamentais) é um problema mal
formulado: a liberdade religiosa é um efeito das guerras de religião;
as liberdades civis, da luta dos parlamentos contra os soberanos
absolutos; a liberdade política e as liberdades sociais, do
nascimento, crescimento e amadurecimento do movimento dos
trabalhadores assalariados, dos camponeses com pouca ou
nenhuma terra, dos pobres que exigem dos poderes públicos não só
o reconhecimento da liberdade pessoal e das liberdades negativas,
mas também a proteção do trabalho contra o desemprego, os
primeiros rudimentos de instrução contra o analfabetismo, depois a
assistência para a invalidez e a velhice, todas elas carecimentos
que os ricos proprietários podiam satisfazer por si mesmos.
Segundo ele, ao lado dos direitos sociais, que foram chamados de
direitos de segunda geração, emergiram hoje os chamados direitos
de terceira geração, que constituem uma categoria, para dizer a
verdade, ainda excessivamente heterogênea e vaga, o que nos
impede de compreender do que efetivamente se trata (ligados ao
desenvolvimento de novas tecnologias).[657]
Os direitos de terceira geração são, entre outros, os
seguintes: 1) direito de solidariedade; 2) direito ao desenvolvimento
econômico sustentável; 3) direito à paz internacional; 4) direito a um
ambiente protegido; 5) direito à comunicação; 6) direitos do
consumidor; 7) direito à qualidade de vida; 8) direito de viver num
ambiente não poluído; 9) direito à liberdade de informação; e 10)
direito ao reconhecimento da diferença e da subjetividade.
A terceira geração de direitos humanos pressupõe o
fortalecimento das prerrogativas e do poder de iniciativa das
instituições encarregadas de promover a proteção do patrimônio
histórico, cultural e ambiental e o reconhecimento dos interesses
“pós-materiais”.[658] Certamente, o mais importante deles é o
reivindicado pelos movimentos ecológicos: o direito de viver num
ambiente não poluído. Este direito implica na luta contra o sistema
predatório da sociedade industrial, que compromete a vida no
planeta, na luta contra o sistema da exploração do homem pelo
homem e na luta contra a exploração destrutiva da natureza pelo
homem. Inclusive, MAGUELONNE DEJEANT-PONS destaca que o
direito ao meio ambiente (bem estar ambiental) é um dos maiores
direitos humanos do século XXI, na medida em que a humanidade
se vê ameaçada no mais fundamental de seus direitos: o direito da
própria existência.[659] Todavia, JEAN RIVERA questiona se os
chamados direitos de terceira geração são direitos em sentido
próprio ou se não se trata de simples aspirações e desejos.[660] De
qualquer maneira, CELSO LAFER sustenta que os direitos de
terceira geração são, antes de tudo, direitos cujo sujeito não é o
indivíduo considerado isoladamente, mas os grupos humanos, como
a família, o povo, a nação e a própria humanidade.[661]
Apesar do questionamento de JEAN RIVERA, dúvida não
resta que o direito do meio ambiente vem sendo, a nosso ver,
reconhecido como um direito humano de terceira geração. Tanto é
que a Conferência de Estocolmo, de 1972, tratou a defesa do meio
ambiente como direito humano fundamental. Da mesma forma, o
art. 24 da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos,
adaptada na 18.ª Conferência dos chefes de Estado e de Governo
dos Estados Africanos membros da Organização de Unidade
Africana, em 26.06.1981, em Nairobi, no Quênia, prescreve que
“toda pessoa tem direito de viver em ambiente sadio e de beneficiar-
se dos equipamentos coletivos essenciais”.
O Brasil é signatário de vários documentos internacionais,
por meio dos quais se compromete a respeitar os direitos humanos
fundamentais neles enumerados (por exemplo, Declaração
Universal dos Direito Do Homem; Convenção da Diversidade
Biológica; Declaração do Rio de Janeiro; etc.). Portanto, a legislação
nacional brasileira, especialmente a Constituição Federal de 1988,
teve que recepcionar a devida proteção aos direitos humanos
fundamentais reconhecidos internacionalmente, inclusive ao direito
humano ao meio ambiente sadio e não-poluído.
A esse respeito, PAULO DE BESSA ANTUNES escreve que,
no regime constitucional brasileiro, o direito ambiental é um dos
direitos humanos fundamentais. Assim é porque o meio ambiente é
considerado um bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida. Isto faz com que o meio ambiente e os bens
ambientais se integrem à categoria jurídica da res comune omnium
(coisa comum de todos). Daí decorre que os bens ambientais
(estejam submetidos ao domínio público ou privado) são
considerados interesse comum. Inclusive, o inciso LXXIII do art. 5.º
da Constituição Federal de 1988,[662] que cuida dos direitos e
garantias fundamentais, faz menção expressa ao meio ambiente.
Portanto, se é uma garantia fundamental do cidadão a existência de
uma ação constitucional com a finalidade de defesa do meio
ambiente, tal fato ocorre em razão de que o direito ao desfrute das
condições saudáveis do meio ambiente é, efetivamente, um direito
fundamental do ser humano.[663]

3.4 AUTONOMIA E METODOLOGIA


DO DIREITO DO MEIO AMBIENTE E
DOS RECURSOS NATURAIS
O direito do meio ambiente e dos recursos naturais ou,
simplesmente direito ambiental, sem sombra de dúvida, constitui um
setor autônomo do ordenamento jurídico nacional, com
características e princípios absolutamente próprios, diversos
daqueles que qualificam os demais ramos do direito.
É evidente que nosso entendimento não é unânime, pois há
quem sustente que tal setor do ordenamento jurídico não é
autônomo, já que é formado apenas por normas de direito
constitucional, de direito civil, de direito penal, de direito
internacional, de direito comunitário, de direito tributário, de direito
processual e de direito do trabalho.[664] Todavia, esta posição é
rebatida por JURACI PEREZ MAGALHÃES, o qual advoga que a
autonomia do direito do meio ambiente e dos recursos naturais
(direito ambiental), se encarada no seu sentido etimológico, induz a
constatar que não existe nenhum ramo do direito que seja
efetivamente autônomo; todos os ramos do direito se entrelaçam,[665]
isto porque, segundo CELSO AUGUSTO COCCARO FILHO, o
direito é um sistema fechado que se retroalimenta.[666] Todavia, na
opinião de JOSÉ AFONSO DA SILVA, o direito do meio ambiente e
dos recursos naturais (direito ambiental) tem o particular dom de
alterar relevantes perspectivas de cognição comuns às demais
matérias jurídicas.[667]
Frequentemente, justifica-se o posicionamento doutrinário no
sentido de não haver autonomia deste novo ramo do direito, no
fenômeno da transversalidade do tema ambiental. Esta qualidade do
direito do meio ambiente e dos recursos naturais induz, segundo
ELIDA SÉGUIN, que alguns autores atribuam a tal ramo do direito
uma horizontalidade, sem autonomia científica.[668]
Por sinal, a respeito da transversalidade do direito do meio
ambiente e dos recursos naturais, PAULO DE BESSA ANTUNES
acrescenta que a relação deste ramo do direito com os demais, de
fato, é uma relação transversal, ou seja, as normas ambientais
tendem a se incrustar em cada uma das demais normas jurídicas,
obrigando a que se leve em conta a proteção ambiental em cada um
dos demais ramos do direito. O direito do meio ambiente e dos
recursos naturais penetra, inexoravelmente, em todos os demais
ramos da ciência jurídica. Isto demonstra que tal ramo do direito,
além de gozar de autonomia científica, funciona pelo método da
penetração e coordenação de normas jurídicas diversas, ou seja,
como um direito de coordenação entre estes diversos ramos do
direito. E, nesta condição, é um direito que impõe aos demais
setores do universo jurídico o respeito às normas ambientais que o
formam, pois o fundamento de validade é emanado diretamente da
norma constitucional nacional e da internacionalização dos seus
princípios.[669] É de se destacar que o tema ambiental extrapola os
limites territoriais de um país. Nas palavras de ELIDA SÉGUIN, a
natureza não conhece fronteiras políticas. O processo de
globalização insere os aspectos econômicos e ecológicos num novo
quadro político e ideológico do qual o direito não pode ser excluído.
O reconhecimento da existência de territórios economicamente
naturais, ou seja, os espaços integrados, que não podem ser
tratados isoladamente, tornam o meio ambiente e os recursos
naturais um bem transnacional, patrimônio de todos os seres vivos,
das presentes e futuras gerações. Por esta razão, a Comunidade
Internacional tem sistematicamente procurado compor interesses
ambientais, mas do que outros, por meio de tratados e convenções.
[670]
Portanto, podemos dizer que o direito do meio ambiente e
dos recursos naturais tem por metodologia a interdisciplinaridade,
ou seja, as normas de efetiva proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais dependem muito do conhecimento próprio de
outras ciências, tais como a biologia, a química, a meteorologia, a
sociologia, a antropologia, a veterinária, a agronomia etc. Isto exige
do jurista da área ambiental um conhecimento enciclopédico para
tratar das questões relativas ao meio ambiente e aos recursos
naturais.

3.5 OBJETO E OBJETIVO DO


DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS
Por objeto do direito do meio ambiente e dos recursos
naturais entende-se todo assunto ou matéria abrangida por esta
área do direito. Segundo ELIDA SÉGUIN, o objeto do direito do
meio ambiente e dos recursos naturais é a harmonização da
natureza, garantida pela manutenção dos ecossistemas e da sadia
qualidade de vida para que o homem possa se desenvolver
plenamente. Em outras palavras, o objeto deste ramo do direito é
restaurar, conservar e preservar o meio ambiente e os recursos
naturais, com a participação popular.[671]
Quanto ao seu objetivo, podemos dizer que todo ramo do
direito tem um alvo ou fim a atingir e para o qual foi criado. Na
opinião de ELIDA SÉGUIN, o objetivo (alvo ou fim a atingir) do
direito do meio ambiente e dos recursos naturais é o
desenvolvimento sustentável e a proteção da saúde humana, por
meio da compatibilização de direitos aparentemente antagônicos
como o de propriedade e o dever de preservar. Todavia, não se
deve confundir os objetivos deste ramo do direito com os princípios
e os instrumentos por ele utilizados.[672]

3.6 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO MEIO


AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS

Princípios, a priori, são normas básicas inquestionáveis ou


mandamento nuclear de um sistema. Nesse mesmo sentido,
CINTHIA ROBERT escreve que os princípios são as vigas de
sustentação do sistema e o ordenamento jurídico, por sua vez, é um
sistema que guarda as características da harmonia, integração e
completude.[673]
A respeito dos princípios, JOSÉ WILSON FERREIRA
SOBRINHO menciona que eles são abstratos por natureza, mas de
aplicação universal.[674] E ELIDA SÉGUIN completa escrevendo que
os princípios visam homogeneizar o sistema jurídico pela
continuidade e a estabilidade da ordem jurídica, bem como
sintetizam uma retroalimentação social, posto que oriundos da
própria história jurídico-moral do grupo. Segundo ela, os princípios
têm 3 (três) características gerais: 1) são regras geralmente não
escritas e latentes no grupo social, que intuitivamente as agasalha
em seu seio; 2) têm como origem a própria tradição jurídico-social,
o que justifica seu acolhimento na esfera doutrinária e
jurisprudencial; e 3) exprimem um direito objetivo.[675]
Portanto, os princípios do direito do meio ambiente e dos
recursos naturais são proposições diretoras desse direito, às quais
todo o seu desenvolvimento posterior deve estar subordinado. Os
princípios, diz JOSÉ AFONSO DA SILVA, são ordenações que se
irradiam e imantam os sistemas de normas,[676] ou, como observam
JOSÉ JOAQUIM GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA, núcleos
de condensações nos quais confluem valores e bens constitucionais
e legais.[677] São eles que determinam a orientação que o legislador
ordinário se sujeita para a elaboração das leis. Os princípios
ambientais são regras incorporadas ao texto constitucional e as
normas legais de natureza ambiental. Eles não são, portanto, meras
idéias filosóficas ou princípios meramente éticos, e sim, princípios
que se acham consubstanciados no direito positivo de um povo em
determinado momento histórico.
Na vida do direito, os princípios são importantes em 2 (duas)
fases distintas: 1) na elaboração das leis; 2) na aplicação do direito:
a) quando se tiver que fazer a interpretação das leis, ou seja, os
princípios servem para os operadores do direito interpretarem as
normas jurídicas; e b) quando se tiver que fazer no preenchimento
das lacunas da lei.
Acrescenta PAULO NADER que os princípios guiam,
fundamentam e limitam as normas positivas. Assim, podemos dizer
que os princípios dão consistência ao edifício do direito, enquanto
os valores dão-lhe sentido. O fundamental, tanto na vida como no
direito, são os princípios, porque deles tudo decorre.[678]
Há princípios de natureza suprapositiva, eternos, imutáveis e
universais (princípios gerais do direito), mas há também princípios
não universais e mutáveis estabelecidos por uma norma
fundamental (princípios constitucionais) que guiam, fundamentam e
limitam as demais normas positivas. Em relação aos princípios
gerais do direito, a observância dos princípios se impõe porque se
os princípios não forem justos, a obra legislativa não poderá ser
justa, e, em relação aos princípios constitucionais, sua observância
é condição sine qua non da validade das normas jurídicas. Esses
são os princípios que norteiam a formação do ato legislativo e a
aplicação do direito.
No mesmo sentido, alertam JOSÉ JOAQUIM GOMES
CANOTILHO e VITAL MOREIRA que os princípios, que começam
por ser a base de normas jurídicas, podem estar positivamente
incorporados, transformando-se em normas-princípios (normas-
matriz) e constituindo preceitos básicos da organização
constitucional.[679]
Assim, todos os ramos do direito possuem princípios que os
particularizam. No campo do direito do meio ambiente e dos
recursos naturais não é diferente. As particularidades deste ramo do
direito implicam necessariamente numa série de princípios próprios
e distintos daqueles inerentes aos demais ramos do direito.
É importante, no momento, informar que os juristas alemães
do século passado propuseram princípios próprios para o direito do
meio ambiente e dos recursos naturais (direito ambiental), que aos
poucos foram sendo adotados pela doutrina e por importantes
documentos internacionais. Tais princípios propostos por autores
alemães foram absorvidos também pela nossa Constituição Federal.
Todavia, não se pode perder de vista que o estudo do direito do
meio ambiente e dos recursos naturais nasceu setorizado, ou seja,
protegia-se a flora em um diploma legal, a fauna em outro e os
recursos hídricos mais além. Por isso é que o jurista argentino
EDUARDO ANDRÉS PIGRETTI afirma que não foi fácil para o
mundo do direito aceitar uma visão panorâmica desta realidade de
conjunto, do novo nível de juridicidade que havia nascido.[680]
Observa PAULO DE BESSA ANTUNES que os princípios do
direito do meio ambiente e dos recursos naturais estão voltados
para a finalidade básica de proteger a vida, em qualquer forma que
esta se apresente, e garantir um padrão de existência digno para os
seres humanos desta e das futuras gerações, bem como de
conciliar os dois elementos anteriores com o desenvolvimento
econômico ambientalmente sustentado.[681]
Os princípios jurídicos ambientais classificam em: 1)
princípios jurídicos ambientais explícitos (aqueles que estão
claramente escritos, basicamente, na Constituição Federal e nos
textos legais); 2) princípios jurídicos ambientais implícitos (aqueles
que decorrem do sistema constitucional, ainda que não se
encontrem escritos; o fato de alguns princípios ambientais não
estarem expressos ou escritos nem na Constituição nem em leis
ordinárias, não impede que eles sejam dotados de positividade; por
sinal, LUIS GUSTAVO GRADINETTI CASTANHO DE CARVALHO
ensina que o fato de ser norma não escrita não quer dizer que não
possam ser positivados: podem e devem, mas eles nunca se
esgotam nas regras enunciadas, posto que geralmente são
densificados por outros princípios ou normas).[682]
Conclui PAULO DE BESSA ANTUNES no sentido de que se
busquem os princípios jurídicos ambientais, no caso do
ordenamento jurídico brasileiro, em nossa Constituição e nos
fundamentos éticos que devem nortear as relações entre os seres
humanos e destes com relação às demais formas de vida.[683]
Inclusive, vale lembrar que os fundamentos éticos fundam-se no
disposto em preâmbulo da Constituição Federal de 1988 e no seu
art. 1º.[684]

3.6.1 Princípio do direito humano fundamental

Vimos que o direito de viver num ambiente não poluído é um


direito humano fundamental de terceira geração, devidamente
reconhecido pela ordem internacional predominante. Tanto é que
este princípio encontra-se reproduzido nos Princípios 1 e 2 da
Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, proclamada em
1972, a saber: 1) Princípio 1: “O homem tem o direito fundamental à
liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida
adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita
levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene
obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações
presentes e futuras (...)”; 2) Princípio 2: “Os recursos naturais da
terra, incluído o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente
amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser
preservados em benefício das gerações atuais e futuras (...)”.
Ademais, este princípio consagrado em Estocolmo foi,
posteriormente, reproduzido no Princípio 1 da Declaração do Rio de
Janeiro, proferida na Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), o qual dispõe que “os seres
humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento
sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em
harmonia com a natureza”.
Tal princípio humano fundamental, como não poderia deixar
de ser, foi absorvido pelo nosso texto constitucional, que o prevê
expressamente no caput do seu art. 225: “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.

3.6.2 Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal

Vimos que, por força do art. 225 da Constituição Federal,


todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.
Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder
público: I- preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais
e prover o manejo ecológico das espécies e dos ecossistemas; II-
preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
de material genético; III- definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente por meio de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção; IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade; V- controlar a produção, a comercialização e o emprego
de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI- promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; e
VII- proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Ademais, por força do art. 2.º da Lei n° 6.938, de 31.08.1981,
a Política Nacional do Meio Ambiente abrange: I- ação
governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo; II- racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do
ar; III- planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV- proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas; V- controle e zoneamento das atividades potencial
ou efetivamente poluidoras; VI- incentivos ao estudo e à pesquisa
de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos
recursos ambientais; VII- acompanhamento do estado da qualidade
ambiental; VIII- recuperação de áreas degradadas; IX- proteção de
áreas ameaçadas de degradação; e X- educação ambiental a todos
os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.
Como se vê, a intervenção estatal em questão ambiental é
obrigatória. Por isso, a administração pública federal, distrital,
estadual ou municipal não pode se omitir de adotar as medidas
necessárias ao cumprimento do disposto no art. 225 da Constituição
Federal de 1988 e no art. 2.º da Lei n° 6.938, de 31.08.1981.
No mesmo sentido, ELIDA SÉGUIN menciona que as
normas ambientais são de ordem pública, de observância
obrigatória por todos. Não pode, pois, a administração pública
omitir-se de adotar as medidas que lhe competem, sob pena de
responsabilidade civil por omissão, e criminal pelo tipo da
prevaricação. Dentro do princípio informativo da administração
pública do poder-dever, aquele que detém a atribuição recebe
também a obrigação. Ademais, segundo ELIDA SÉGUIN, a
obrigatoriedade da intervenção estatal, para que seja eficiente, tem
que ser temporalmente oportuna. O retardamento do
comportamento devido pode acarretar responsabilidade por
omissão.[685]

3.6.3 Princípio da prevenção

Na maior parte das vezes, os danos ecológicos podem ser


irreparáveis, como, por exemplo, o derramamento de produto
químico altamente tóxico tornando o solo de tal forma infértil e
impedindo qualquer tipo de regeneração; a matança de uma
determinada espécie animal a ponto de levá-la à completa extinção
etc.
Portanto, dadas as consequências danosas ao meio
ambiente que a ação do homem pode provocar, impõe-se uma
atitude preventiva para que se possa efetivamente protegê-lo. Esta
prevenção exige certa radicalização a ponto de, na dúvida ou na
incerteza, não se deve praticar ato ou permitir o uso ou a produção
de determinadas substâncias, a fim de se evitar danos irreparáveis
ao meio ambiente.
Inclusive, vale destacar que o princípio da prevenção foi
reconhecido no Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro sobre
Meio Ambiente, que resultou da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), o qual dispõe:
“para que o ambiente seja protegido, será aplicada pelos Estados,
de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde
existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis não será utilizada
a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de
medidas eficazes em termos de custo para evitar a degradação
ambiental”. Também o Poder Judiciário vem reconhecendo que,
mesmo diante da incerteza científica, deve-se impedir a prática de
ato que coloque em risco a preservação do meio ambiente.
Daí, JEREMY LEGGET afirmar que o princípio da prevenção
melhor se encontra representado na seguinte máxima: “não emita
uma substância se não tiver provas de que ela não irá prejudicar o
meio ambiente”.[686] Em virtude disso, oportuna definição do princípio
da prevenção foi exposta por PAULO DE BESSA ANTUNES, no
sentido de que por tal princípio deve ser entendido como aquele que
determina que não se produzam intervenções no meio ambiente
antes de ter a certeza de que estas não serão adversas para o meio
ambiente.[687]
Segundo ELIDA SÉGUIN, a prevenção possui as seguintes
características: 1) incerteza do dano ambiental; 2) tipologia do risco
ou da ameaça; 3) custo das medidas de prevenção; 4)
implementação imediata das medidas de prevenção ou não-
adiamento; 5) correlação entre o princípio da prevenção e os
princípios estatuídos na Constituição Federal para pautar a atuação
da administração pública, em especial o da eficiência; 6) inversão do
ônus da prova em proveito do meio ambiente; e 7) garantia do
acesso à informação, exsurgindo a educação ambiental como
instrumento de conscientização, a fim de ser possível efetiva
prevenção.[688]
O principal instrumento de prevenção ambiental é a
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, antes da
implantação de qualquer empreendimento econômico. PAULO DE
BESSA ANTUNES, no mesmo sentido, afirma que a existência legal
e constitucional dos Estudos de Impacto Ambiental, como medida
prévia para a avaliação dos efeitos da eventual implantação de um
projeto ambiental, é a materialização do princípio que pode ser
extraído do preceito contido no inciso VI do art. 170 da Constituição
Federal. Portanto, na sua opinião, existe um dever jurídico-
constitucional de levar em conta o meio ambiente quando se for
implantar qualquer empreendimento econômico.[689]

“Desrespeitado o princípio da precaução, de aplicação


no âmbito do direito internacional, cujo enunciado reza:
‘Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a
falta de certeza absoluta deverá ser utilizada para
postergar a adoção de medidas eficazes para prevenir
a degradação ambiental’. No vertente caso há
veementes indícios de que o estudo antropológico que
dá arrimo ao pedido de licenciamento foi mutilado de
forma que a conclusão do trabalho redundou
drasticamente comprometida. Nessa linha ressurtiu
também comprometido o princípio da publicidade, uma
vez que parte desse relatório antropológico não veio a
lume no EIA/RIMA”.[690]

3.6.4 Princípio do equilíbrio

O direito do meio ambiente e dos recursos naturais existe


para disciplinar um desenvolvimento sustentável, ou seja, permitir
um desenvolvimento social e econômico em equilíbrio com a
preservação da natureza. Portanto, o princípio do equilíbrio, a nosso
ver, tem por norte o balanceamento entre desenvolvimento e
preservação do meio ambiente.
Não muito distante disso, PAULO DE BESSA ANTUNES
apresenta definição no sentido de que o princípio do equilíbrio é o
princípio pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma
intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que
melhor concilie um resultado globalmente positivo. Em outras
palavras, pelo princípio do equilíbrio, os aplicadores da Política
Nacional do Meio Ambiente e do direito do meio ambiente e dos
recursos naturais devem pesar as consequências previsíveis da
adoção de uma determinada medida, de forma que esta possa ser
útil à comunidade e não importar em gravames excessivos aos
ecossistemas e à vida humana. Segundo PAULO DE BESSA
ANTUNES, por meio do princípio do equilíbrio deve ser realizado um
balanço entre as diferentes repercussões do projeto a ser
implantado, devem ser analisadas as consequências ambientais, as
consequências econômicas, as consequências sociais etc, de
maneira que a legislação ambiental deve ser aplicada de acordo
com o resultado da aplicação de todas estas variantes. Em suma,
levar em conta as realidades econômicas que são subjacentes a um
projeto específico não pode implicar na sobreposição de tais
“necessidades” aos direitos humanos fundamentais que se
materializam na proteção ambiental.[691]

3.6.5 Princípio do limite

Quando a administração pública exerce a função de controlar


a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e
o meio ambiente (inciso V do § 1.º do art. 225 da CF), na realidade,
impõe limites aos administrados de um modo geral, por meio da
fixação de padrões de qualidade ambiental a serem seguidos por
eles. Assim é que, de um lado, o particular está sujeito a limites de
emissões de partículas, a limites aceitáveis de presença de
determinados produtos na água, a limites de limpeza de área, a
limites de captura de peixes etc.; do outro, a administração pública
tem obrigação de estabelecer limites de desmatamentos; limites
máximos de captura de peixes; limites máximos de emissões de
matérias poluentes, de gases, de ruídos etc.; enfim, estabelecer
limites a tudo aquilo que importe danos ao meio ambiente, aos
recursos naturais e à saúde de seres vivos. De maneira a aplicar
sanções penais, civis e administrativas para toda aquela pessoa que
ultrapassar os limites validamente impostos pelo poder público.
Portanto, o princípio do limite é o princípio pelo qual a
administração pública tem o dever de fixar parâmetros para as
emissões de partículas, de ruídos e de presença a corpos estranhos
no meio ambiente, levando em conta a proteção da vida e do próprio
meio ambiente.[692]
Outrossim, PAULO DE BESSA ANTUNES nos chama a
atenção para o fato de, muitas vezes, tais limites serem
determinados somente de acordo com a capacidade industrial e
tecnológica de reduzir a poluição, ou seja, a fixação dos limites se
dá conforme o nível tecnológico atual e não conforme o potencial de
agressão da atividade que está sendo limitada. No entanto, este não
nos parece o melhor caminho. Também acreditamos que a fixação
de parâmetros de forma que estes possam estimular o
desenvolvimento tecnológico, com vistas ao alcance de índices mais
baixos de emissão de partículas e mais elevadas de pureza da água
e do ar. A fixação de parâmetros é um importante elemento para
que se alcance a modernização tecnológica e a ampliação dos
investimentos em pesquisas de proteção ambiental. Segundo
PAULO DE BESSA ANTUNES, os limites devem ser estabelecidos
em função das necessidades de proteção ambiental e da melhor
tecnologia disponível. Para ele, o princípio do limite deve ser
aplicado e compreendido simultaneamente com o princípio da
prevenção. Fixar parâmetros em função das necessidades de
proteção ambiental é, concretamente, estabelecer metas que devem
variar em função das realidades ambientais locais. É destituído de
sentido a fixação de padrões de emissão e de lançamentos de
efluentes em níveis absolutamente idênticos para áreas densamente
industrializadas e para outras que não possuem qualquer grau de
industrialização. Conclui ele que parâmetros rígidos e idênticos
estimulam a concentração industrial e tendem a agravar os níveis de
poluição.[693]

3.6.6 Princípio da responsabilidade

Por responsabilidade deve ser entendida a qualidade que


uma determinada pessoa tem de, obrigatoriamente, privar-se do
patrimônio (reparação pecuniária ou in natura: tanto no caso de
pessoa física como jurídica) ou da liberdade (pena de privação da
liberdade, no caso da pessoa física), em favor de outras pessoas ou
da sociedade como um todo, em virtude da prática de ações ou
omissões próprias (responsabilidade subjetiva) ou de outras
pessoas a ela vinculadas de alguma forma (responsabilidade
objetiva).
Portanto, todas as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas,
estão obrigadas a responder pelas suas próprias ações ou omissões
e a de outras pessoas que a elas se encontram vinculadas de
alguma forma (por exemplo, o preposto da pessoa jurídica, o filho
menor em relação ao pai etc.). Vale ressaltar, como fez MIGUEL S.
MARIENHOFF, que aquele que podendo evitar o dano não o
impede, incorre na mesma espécie de cumplicidade que o torna
responsável pelas consequências de sua omissão.[694]
No campo ambiental não é diferente. Também neste campo
o termo “responsabilidade” está diretamente ligado à passividade do
indivíduo, pessoa física ou jurídica que viola a regra ambiental, em
se sujeitar às sanções penais, civis e administrativas. Assim,
podemos dizer que as pessoas (físicas ou jurídicas) têm o dever
jurídico, imposto a cada uma delas, de responder por ação ou
omissão imputável, que importe em dano ambiental (degradação de
meio ambiente ou recurso natural protegido por lei).
A responsabilidade ambiental, inclusive, decorre de
mandamento constitucional: “as condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados” (§ 3.º do art. 225 da
CF). Portanto, podemos dizer que a responsabilidade ambiental é
um princípio constitucional que norteia as demais regras jurídicas e
a aplicação da legislação ambiental. Com efeito, os arts. 2.º e 3.º da
Lei n° 9.605, de 12.02.1998,[695] que dispõe sobre as sanções penais
e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente, adotam expressamente este princípio constitucional.
O mesmo ocorre em relação ao § 1.º do art. 14 da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, o qual determina que, “sem obstar a aplicação das
penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar
os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal,
por danos causados ao meio ambiente”.
Para PAULO DE BESSA ANTUNES, o princípio da
responsabilidade é o princípio pelo qual o poluidor deve responder
por suas ações ou omissões em prejuízo do meio ambiente, de
maneira mais ampla possível de forma que se possa repristinar a
situação ambiental degradada e que a penalização aplicada tenha
efeitos pedagógicos e impedindo-se que os custos recaiam sobre a
sociedade.[696]
3.6.7 Princípio da cooperaçãoErro! Indicador não definido.

O princípio da cooperação está claro no caput do art. 225 da


Constituição Federal, o qual impõe ao poder público e à coletividade
o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente
equilibrado (bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida) para as presentes e futuras gerações; bem como
no art. 241 da mesma Carta, com a redação dada pela Emenda
Constitucional n° 19, de 04.06.1998: “A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios
públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
essenciais à continuidade dos serviços transferidos”. Tal princípio
também está evidenciado no inciso X do art. 2.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, que eleva a objetivo da Política Nacional do Meio
Ambiente a educação ambiental a todos os níveis de ensino,
inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente.
Portanto, o princípio da cooperação refere-se diretamente a
capacitar a comunidade para que esta possa, em conjunto com o
poder público, participar ativamente da defesa do meio ambiente.
Em outras palavras, a sociedade como um todo tem
responsabilidade pela proteção da natureza.
Neste mesmo sentido, ELIDA SÉGUIN opina que todos
devem cooperar, pois o meio ambiente é de responsabilidade
coletiva. Segundo ela, a cooperação deve ocorrer entre as diversas
esferas de governo e a sociedade, para formulação e execução da
política ambiental. Todavia, alerta ELIDA SÉGUIN que o princípio da
cooperação enseja maior cuidado, em face dos atuais desvios
lobísticos e de interesses setoriais.[697]
Além da cooperação a nível nacional, o princípio da
cooperação abrange também a cooperação internacional. A
cooperação internacional para a preservação do meio ambiente
encontra-se devidamente regulada pelos arts. 77 e 78 da Lei 9.605,
de 12.02.1998,[698] que dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente (Lei dos Crimes Ambientais – LCA).
A esse respeito ELIDA SÉGUIN esclarece que, sendo o meio
ambiente um bem coletivo transnacional, logicamente a sua
preservação perpassa pela cooperação entre os entes da
Federação e pela conscientização de todos, em todos os países,
como são testemunhos a produção de provas por rogatória e o
instituto da extradição como medida de política internacional de
combate ao crime. A tecnologia, ao encurtar distâncias, permitiu a
ocorrência da globalização científica, com o intercâmbio instantâneo
das descobertas, e econômica, quando as fronteiras políticas são
derrubadas. Isto deu lugar a blocos econômicos, fazendo este
princípio ganhar especial destaque na preservação ambiental, pela
adoção de padrões básicos de qualidade de selos verdes, distintivos
de produtos ecologicamente corretos. Normas transnacionais, como
a série ISO 14.000 (“Sistema de Gestão Ambiental – Especificações
com Guia para uso”),[699] visaram a estimular uma política ambiental
adequada aos padrões de segurança. Inclusive, vale lembrar que a
Agenda 21 prevê a cooperação, entre Estados e organizações
internacionais, em especial para a questão de resíduos radioativos,
intensificando esforços para implementar o código sobre
movimentos transfronteiriços de resíduos radioativos.[700]

3.6.8 Princípio do poluidor-pagador

Não é de hoje que se vem estabelecendo a


responsabilização do efetivo poluidor. A Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, por meio da
Recomendação C (72) n° 128, de 28.05.1972, recomendou a
responsabilização dos poluidores e instituiu o princípio do “poluidor-
pagador”. Inclusive, o princípio do poluidor-pagador foi,
posteriormente, adotado no art. 130 R, 2, do Ato Único Europeu, o
qual prescreve que “a ação da Comunidade em matéria de meio
ambiente está fundada sobre os princípios da ação preventiva, da
correção prioritária na fonte, dos prejuízos ao meio ambiente e do
poluidor-pagador”. Todavia, NIGEL HAIGH alerta para o fato de que,
quando se formou, em 1957, a Comunidade Européia não se
preocupou de modo algum com o meio ambiente; não lhe é feita
qualquer referência no Tratado de Roma de 1957, e foi só em 1987,
quando o Ato Único Europeu entrou em vigor, que o Tratado
reconheceu formalmente o meio ambiente.[701] Mais recentemente,
também o Princípio 16 da Declaração do Rio de Janeiro (ECO-92)
absorveu o princípio do poluidor-pagador, ao dispor que “as
autoridades nacionais deverão esforçar-se por promover a
internalização dos custos ambientais e a utilização de instrumentos
econômicos, tendo em conta o princípio de que o poluidor deverá,
em princípio, suportar o custo da poluição, com o devido respeito
pelo interesse público e sem distorcer o comércio e investimento
internacionais”.
A esse respeito, PAULO DE BESSA ANTUNES menciona
que, pelo princípio do poluidor-pagador, busca-se impedir que a
sociedade arque com os custos da recuperação de um ato lesivo ao
meio ambiente causado por poluidor perfeitamente identificado.
Segundo ele, é preciso, contudo, que o princípio do poluidor-
pagador seja examinado de forma compreensiva e em harmonia
com os demais princípios informadores da proteção ambiental
fornecidos pelo direito ambiental. No mesmo sentido, PAULO
AFFONSO LEME MACHADO afirma que o princípio do poluidor-
pagador não coonesta a poluição, apenas “evita que o dano
ecológico fique sem reparação”.[702]
A Constituição Federal de 1988 e vários dispositivos da
legislação ordinária ambiental em vigor observam rigorosamente o
princípio do poluidor-pagador, prevendo alguma forma de reparação
do dano ambiental. Como exemplo, podemos citar o § 3.º do art.
225 da Constituição de 1988, o inciso VII do art. 4.º e o art. 14 da
Lei n° 6.938, de 31.08.1981,[703] bem como os arts. 12, 17, 18 e 27
da Lei n° 9.605, de 12.02.1998 (Lei de Controle Ambiental – LCA).
[704]

Todavia, não é só com os custos da recuperação de um ato


lesivo ao meio ambiente que poluidor perfeitamente identificado
deve arcar. JOSÉ MARCOS DOMINGUES DE OLIVEIRA esclarece
que o princípio do poluidor-pagador, consiste, também, na exigência
de que o poluidor arque com os custos diretos e indiretos de
medidas preventivas e de controle da poluição e, por via de
consequência, ele deve custear as despesas com a realização do
Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA e do Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA.[705] Tal obrigação, por sinal, está
regulamentada no art. 8.º da Resolução/CONAMA 1, de 23.01.1986,
o qual dispõe que “correrão por conta do proponente do projeto
todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de
impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição de dados e
informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de
laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e
monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento
de pelo menos 5 (cinco) cópias”.
ELIDA SÉGUIN acrescenta que pagar para poluir não é
admitido pelo ordenamento jurídico brasileiro nem pela comunidade
internacional. Decorre dele a obrigação do poluidor, independente
de culpa ou dolo, de indenizar e reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros afetados por sua atividade. Segundo ela, o
custo direto e indireto da despoluição vai repercutir nos custos de
produção, tratando-se de marco importante do direito do meio
ambiente e dos recursos naturais (direito ambiental). Força o
surgimento de uma “consciência verde” por meio da
responsabilização, ou seja, o princípio do poluidor-pagador tem
íntima correlação com o da responsabilidade.[706]

3.6.9 Princípio da notificação

Para a legislação ambiental, por notificação deve ser


entendido o meio pelo qual o poluidor dá ciência ao público de um
modo geral e também às autoridades ambientais, prevenindo-os da
ocorrência de acidente que provoca poluição ou degradação
ambiental. Assim, havendo acidente que cause danos ao meio
ambiente, deve o poluidor comunicar imediatamente o fato danoso à
comunidade e às autoridades públicas competentes. Inclusive, vale
ressaltar que o inciso III do art. 14 da Lei n° 9.605, de 12.02.1998,
considera a comunicação prévia pelo agente poluidor do perigo
iminente de degradação ambiental como uma das circunstâncias
que atenuam a pena. A nosso ver, tal notificação deve
observar as regras contidas na Seção III do Capítulo V do Título I da
Lei n° 8.078, de 11.09.1990 (Código de Defesa do Consumidor), ou
seja: 1) a ciência à comunidade deve ser veiculada de tal forma que,
fácil e imediatamente, todos a identifique como tal (caput do art. 36);
2) o poluidor, na ciência do fato danoso, deve manter, em seu poder,
para informação dos interessados e das autoridades ambientais, os
dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à
mensagem (parágrafo único do art. 36); 3) é proibida toda
notificação enganosa e abusiva (caput do art. 37): a) trata-se de
notificação enganosa aquela que contenha informação ou
comunicação inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro a comunidade
ou as autoridades ambientais a respeito da natureza, dimensão,
gravidade, origem, efeitos, prejuízos e quaisquer outros dados sobre
o acidente causador do dano ambiental (§ 1.º do art. 37); b) trata-se
de notificação abusiva, dentre outras, aquela discriminatória de
qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de
induzir a comunidade a se comportar de forma prejudicial ou
perigosa à sua saúde ou segurança (§ 2.º do art. 37); c) trata-se,
ainda, de notificação enganosa por omissão quando ela deixar de
informar sobre dado essencial do acidente causador do dano
ambiental (§ 3.º do art. 37).
Todavia, ELIDA SÉGUIN alerta para o fato de ser inegável
que a maioria dos acidentes tem seus efeitos diminuídos, a vista do
público de um modo geral, porque o causador tenta escondê-lo, pelo
menos em parte. Por isso, o mais comum é que a notificação parta
de países vizinhos que são atingidos pelos efeitos da poluição. De
qualquer forma, como visto, o princípio da notificação, quando não
obedecido, agrava a responsabilidade do agente poluidor.[707]
Acrescentamos que o princípio da notificação aplica-se,
também, ao poder público, já que este tem a obrigação de divulgar
para o público de um modo geral os acidentes que ocorreram, os
danos causados ao meio ambiente e os efeitos que estes trarão
para a comunidade, bem como obrigação de permitir que o público
tenha acesso às informações que dispõe a respeito do fato danoso.
Tal obrigação decorre do disposto no inciso XXXIII do art. 5.º da
Constituição Federal, o qual prescreve que todos têm direito, a
receber dos órgãos públicos, informações de seu interesse
particular ou interesse coletivo (interesse geral), que devem ser
prestados nos prazos previstos em lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Inclusive, é oportuno mencionar que o § 1.º do art. 10 da Lei
n° 6.938, de 31.08.1981, com redação dada pela Lei Complementar
n° 140, de 08.12.2011, estabelece que os pedidos de licenciamento,
sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal
oficial, bem como em periódico regional ou local de grande
circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo
órgão ambiental competente. A publicação pela imprensa dos
pedidos de concessão de licenças ambientais visa convocar a
comunidade para participar de audiência pública, daí a sua
importância.
Tal obrigação nada mais é do que uma espécie de ciência
que a Administração dá ao público de um modo geral de
acontecimento relacionado à preservação do meio ambiente, em
decorrência do princípio da notificação. Por sinal, a ciência
compulsória que deve o poder público dar à comunidade vincula-se
ao princípio da moralidade administrativa previsto no caput do art.
37 da Constituição Federal.[708] Destaca-se que o rigor do princípio
da moralidade administrativa e do princípio da informação, que
estudaremos em seguida, está evidenciado no que prescreve o art.
66 da Lei n° 9.605, de 12.02.1998: “Fazer o funcionário público
afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações
ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
licenciamento ambiental: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
e multa”.

3.6.10 Princípio da informação

O princípio da informação diz respeito ao direito do cidadão à


informação. Segundo ELIDA SÉGUIN, tal direito é um direito público
subjetivo. Abrange o dever legal do poder público de garantir o
acesso do público de um modo geral aos bancos de dados
disponíveis e organizados e fornecer informações quando
solicitadas.[709] Além disso, o princípio da informação, segundo
PAULO DE BESSA ANTUNES, diz também respeito ao direito dos
cidadãos de receber informações sobre as diversas intervenções
realizadas pelo poder público que atinjam o meio ambiente, bem
como ao direito de utilização dos mecanismos judiciais, legislativos
e administrativos capazes de tornarem tal princípio efetivo.[710]
Na verdade, o princípio da informação se divide nos
seguintes direitos: a) direito de informar – este direito é assegurado
pelo inciso IV do art. 5.º da Constituição Federal: “É livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”; b) direito
de se informar – tal direito é assegurado pelo inciso XIV do art. 5.º
da Constituição Federal: “É assegurado a todos o acesso à
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional”; inclusive, o inciso XI do art. 9.º da Lei n°
6.938, de 31.08.1981, dispõe que constitui um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente “a garantia da prestação de
informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o poder
público a produzi-las, quando inexistentes”; c) direito de ser
informado – este direito é assegurado pelo inciso XXXIII do art. 5.º
da Constituição Federal: “Todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”; por sinal, o
inciso IV do § 1.º do art. 225 da Constituição Federal prescreve que,
para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, incumbe ao poder público
exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA, a que se
dará publicidade; portanto, o Estudo de Impacto Ambiental – EIA
deve ser obrigatoriamente tornado público e submetido à audiência
pública, justamente em cumprimento ao princípio da informação.
3.6.11 Princípio da participação

O princípio da participação é aquele que assegura aos


cidadãos o direito pleno de participar na elaboração das políticas
públicas ambientais. Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES,[711] no
sistema constitucional brasileiro, tal participação se faz de várias
maneiras diferentes, a saber: 1) a primeira se consubstancia no
dever jurídico de proteger e preservar o meio ambiente (dever
ambiental);2) a segunda no direito de opinar sobre as políticas
públicas, por meio da participação em audiências públicas,
integrando órgãos colegiados etc.; 3) a terceira se dá por meio da
utilização de mecanismos judiciais e administrativos de controle dos
diferentes atos praticados pelo Executivo, tais como ações
populares, as representações e outros; 4) a quarta, mediante as
iniciativas legislativas que podem ser patrocinadas pelos cidadãos.
Tais iniciativas legislativas podem se dar por meio do seguinte: a)
iniciativa popular – aquela prevista no inciso III do art. 14 da
Constituição Federal;[712] trata-se do direito de a população de um
modo geral dar início a processo legislativo, na forma autorizada
pelo § 2.º do art. 61 da Constituição Federal;[713] b) plebiscito –
aquela prevista no inciso I do art. 14 da Constituição Federal; no
direito romano, constituía a lei decretada pelo povo reunido em
comício, mas hoje, por extensão, trata-se do voto expresso
diretamente pelo povo, isto é, o voto por meio do qual os cidadãos
deliberam diretamente sobre uma proposta, lei ou resolução que
lhes é submetida; c) referendo – aquela prevista no inciso II do art.
14 da Constituição Federal. Em política, trata-se de direito que
assiste aos cidadãos, de se pronunciarem diretamente, por meio do
voto, sobre questões de alta relevância, aprovando-as ou
recusando-as, ou impondo a expedição de leis que as
regulamentem e disciplinem).

3.7 FONTES DO DIREITO DO MEIO


AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS
Fonte da norma jurídica é, evidentemente, tudo aquilo de que
esta procede, de que ela se funda e tira a sua razão de ser. Fonte
refere-se à origem e procedência da regra jurídica. Isto é, conforme
ensina JOSÉ XAVIER CARVALHO DE MENDONÇA, diz respeito ao
conhecimento da sua formação ou constituição e, ao mesmo tempo,
do arquivo de que ela dimana, para se manifestar concretamente ao
calor fecundante das necessidades individuais e sob o influxo das
circunstâncias.[714]
MARCEL PLANIOL, GEORGES RÍPERT e BOULANGER
mencionam que por fontes do direito devem ser entendidos os
diversos modos pelos quais se estabelecem as regras jurídicas.[715]
Portanto, adotando este conceito geral de fontes, podemos dizer
que por fontes do direito do meio ambiente e dos recursos naturais
(direito ambiental) devem ser entendidos os modos pelos quais se
estabelecem as regras jurídicas de natureza ambiental, isto é, se
estabelecem as normas jurídicas aplicáveis exclusivamente à
matéria ambiental, determinando o que seja esta com indispensável
exatidão. Todavia, vale acrescentar que ao lado dessas regras,
como pano de fundo, permanecem as regras do direito
administrativo, do direito tributário, do direito econômico etc., a
ocupar as lacunas deixadas pelo direito do meio ambiente e dos
recursos naturais (direito ambiental).

3.8 ESPÉCIES DE FONTES DO


DIREITO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS
A doutrina tende a dividir as fontes do direito em: a) fontes
históricas; b) fontes materiais; c) fontes formais.
Fontes históricas do direito são os documentos pelos quais o
conhecimento do direito antigo chega até nós (por exemplo, o
Código de Hamurabi, o Digesto, etc.);[716] porém, no caso do direito
do meio ambiente e dos recursos naturais (direito ambiental), temos
como fontes históricas leis que já foram revogadas, normas que já
foram adotadas em outros países e aplicadas com sucesso, antigos
tratados e convenções etc.
Por fontes materiais (também chamada fontes
constitucionais) devemos entender os elementos que contribuem
para a criação e determinação do conteúdo das leis (por exemplo,
os órgãos elaboradores ou criadores das normas jurídicas, entre
eles as Assembleias Legislativas, os Poderes Executivos federal,
estadual e municipal; e o próprio povo, por meio de movimentos
ambientalistas populares). Inclusive, VICENTE RÁO escreve que
“as fontes do direito, pois, consideradas em sua substância,
encontram-se, potencialmente, na consciência comum do povo;
considerados, porém, em sua manifestação exterior e formal,
encontram-se no Estado, que as atualiza, delas extraindo normas
positivas, dotadas de vida e forma, e obrigatoriedade”.[717]
No campo ambiental, uma das principais fontes materiais é o
movimento dos cidadãos por uma melhor qualidade de vida,
movimento contrário aos riscos efetivos decorrentes da utilização de
determinados produtos e práticas etc. Por sinal, o primeiro
movimento ambiental brasileiro é bastante antigo. Ele surgiu no final
do século XVIII e início do século XIX. Desde 1789, o naturalista
italiano DOMINGOS VENDELLI (1735-1816) foi o principal mentor
de um pequeno grupo de intelectuais luso-brasileiros. Naquele
mesmo ano, ele publicou a sua Memória sobre a agricultura de
Portugal e de suas conquistas, ao longo da qual escreveu que “vai-
se estendendo a agricultura nas bordas dos rios no interior do país,
mais isso com um método que com o tempo será muito prejudicial.
Porque consiste em queimar antiquíssimos bosques cujas madeiras,
pela facilidade de transporte pelos rios, seriam muito úteis para a
construção de navios, ou para a tinturaria, ou para os marceneiros.
Queimados estes bosques, semeiam por dois ou três anos,
enquanto dura a fertilidade produzida pelas cinzas, a qual diminuída
deixam inculto este terreno e queimam outros bosques. E assim vão
continuando na destruição dos bosques nas vizinhanças dos rios”.
Segundo ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA, Domingos
Vendelli foi o responsável pela difusão, em Portugal, da corrente de
pensamento denominada de “economia da natureza”. Todavia, não
podemos perder de vista que, neste período, já havia algumas
análises críticas sobre o tipo de impacto da ação do homem sobre a
natureza. Uma das principais teorias, fora dominada “teoria do
dessecamento”. Essa teoria relacionava a destruição intensa de
vegetações nativas, sejam campos ou florestas, com a redução da
umidade do ar, das chuvas e das nascentes de água; tendo sido o
resultado de um esforço acumulado de naturalistas como o inglês
Stephen Hales (1677-1761) e os franceses George-Loius Leclerc
(1707-1788) e Duhamel du Monceau (1700-1782). Entre os alunos
de Domingos Vendelli na Universidade de Coimbra estava o
proeminente paulista José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-
1838). Com ele estudaram também o pernambucano Manuel Arruda
da Câmara (1752-1811); os baianos Baltasar da Silva Lisboa (1761-
1840) e Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá (1762-1835);
os mineiros José Vieira Couto (1752-1827) e José Gregório de
Moraes Navarro; o carioca João Severino Maciel da Costa (1769-
1833); e, finalmente, o maranhense Antônio Rodrigues Veloso de
Oliveira (1750-1824). Estes brasileiros, ex-alunos de Domingos
Vendelli, compuseram, de fato, o primeiro movimento ambientalista
brasileiro. A respeito desse movimento ambiental brasileiro,
ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA esclarece que é bem
provável que as poucas referências a estes personagens, no atual
movimento ambientalista brasileiro, sejam devidas, primeiro, ao
desconhecimento e, segundo, pela tendência de alguns setores
intelectualizados de valorizar mais os pensadores estrangeiros.[718]
Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, o movimento dos
cidadãos em defesa da qualidade de vida e do meio ambiente
ganhou maior expressão social e política nos anos 60, sobretudo na
Europa, Estados Unidos e Japão. No Brasil, o atual movimento
ambientalista brasileiro teve seu início na década de 1970 no Estado
do Rio Grande do Sul que, desde então, vem se mantendo em
posição vanguardeira na proteção ambiental. Também no Estado do
Acre, tiveram início, na década 1970, as atividades que ficaram
conhecidas como “empate”, por meio das quais os seringueiros
impediam a derrubada de florestas visando a assegurar a
preservação dos seringais e, consequentemente, de seu modo
tradicional de produção e vida. Inclusive, a prática adotada pelos
seringueiros deu margem ao nascimento de um modelo específico
de unidade de conservação: as reservas extrativistas.[719] Informa
PAULO DE BESSA ANTUNES que, em 1971, foi fundada a
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN.
Anteriormente, já existia, no Rio Grande do Sul, a União Protetora
da Natureza, cuja fundação remonta ao ano de 1955. O primeiro ato
de impacto nacional promovido pela Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN foi quando o estudante de
arquitetura Carlos Alberto Darriell subiu em um pé de Tipuana, no
centro de Porto Alegre, para evitar que fosse este derrubado por
uma obra que a prefeitura planejava desenvolver (construção de um
viaduto), isto se deu no ano de 1977. A manifestação foi vitoriosa,
pois a prefeitura precisou mudar os planos para a construção do
viaduto e não derrubou a árvore. Outras lutas importantes
desenvolvidas pela Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente
Natural – AGAPAN foram contra a Riocell (na época denominada
Boregaard), contra o pólo petroquímico de Triunfo, e contra as
usinas termelétricas de Candiota e de Jacuí.[720]
Em outra oportunidade, ainda no Rio Grande do Sul, devido
à constatação de resíduos de inseticidas nas águas do rio Guaíba,
desencadeou-se outro movimento que culminou com a proibição do
uso de organoclorados, em todo o território daquele Estado, e o
cadastramento de empresas que comercializavam agrotóxicos.
Trata-se da Lei Estadual n° 7.747, de 22.12.1982, que dispõe sobre
o controle de agrotóxicos e outros biocidas a nível estadual, que
proíbe o uso de agrotóxicos organoclorados e condiciona a
distribuição e comercialização de qualquer produto agrotóxico e
outros biocidas no território do Rio Grande do Sul (arts. 1.º e 5.º).[721]
Aliás, diga-se de passagem que, esta lei gaúcha foi inspiração para
que outras unidades federativas adotassem as mesmas disposições
proibitivas. Todavia, foi levantada, junto à Procuradoria Geral da
República, a questão de sua inconstitucionalidade, já que a
Constituição Federal em vigor na ocasião conferia à União Federal a
competência para legislar sobre normas gerais de proteção à saúde.
No entanto, o entendimento do Supremo Tribunal Federal foi em
sentido contrário, ao firmar jurisprudência a favor da
constitucionalidade de tal norma jurídica.
O movimento dos cidadãos em defesa do meio ambiente e
da qualidade de vida, no Rio Grande do Sul, é diretamente
responsável pela elaboração de diversas leis gaúchas protetoras do
meio ambiente e do uso racional dos recursos naturais.
Para PAULO DE BESSA ANTUNES, são também fontes
materiais de direito do meio ambiente e dos recursos naturais as
descobertas científicas. Melhor exemplo disso é o Protocolo de
Montreal sobre a proteção da camada de ozônio. Ou seja, foi
justamente a descoberta científica que verificou existir um “buraco”
na camada de ozônio que envolve a Terra, especialmente no pólo
sul, e que este buraco é, em grande parte, causado pelos
clorofluorcarbonos – CFC. A partir de tal descoberta científica, a
sociedade internacional resolveu firmar um documento internacional
voltado para regulamentar à substituição progressiva dos
clorofluorcarbonos – CFC.[722]
Segundo ainda PAULO DE BESSA ANTUNES, a doutrina
também constitui fonte material de direito do meio ambiente e dos
recursos naturais. Para ele, por meio dela muitas mudanças
legislativas e interpretativas têm sido adotadas nos mais diversos
países. Inclusive, ele ressalta que a elaboração doutrinária dos
princípios ambientais, cada vez mais, tornam-se fundamentais na
elaboração de leis ambientais e na aplicação judicial das normas de
proteção ao meio ambiente.[723]
Quanto às fontes formais, segundo JOAQUÍN GARRIGUES,
elas constituem a forma externa de manifestar-se o direito positivo,
ou seja, os meios pelos quais as regras jurídicas se exteriorizam ¯
somente as leis e os costumes são fontes formais do direito.[724] É
importante deixar claro que, a nosso ver, não constituem fontes
formais do direito, pois estas são formas de expressão do direito
positivo: 1) a jurisprudência (porque o Poder Judiciário está restrito à
atribuição de interpretar e aplicar as normas jurídicas); 2) a analogia
(porque constitui apenas método de aplicação da lei a hipóteses por
ela não previstas trata-se apenas de processo interpretativo da lei);
3) os princípios gerais do direito (porque, tratando-se de instituto
resultante do processo de generalização da analogia jurídica, não
traduzem normas novas, mas apenas as já existentes); 4) a doutrina
(porque, por mais importante e impressionante que seja a opinião de
um autor, não cria ela regra jurídica); e 5) a equidade (a modalidade
de justiça, que se funda na boa razão e na ética, para suprir a
imperfeição ou modificar criteriosamente o rigor da lei, tornando-a
mais benigna e humana, com efeito estritamente necessário ou mais
amoldável à circunstância ou corrente, de atender a um sem
prejudicar a outro; diz-se também da interpretação mais branda e
favorável da norma jurídica, na ministração da justiça, que deve
inspirar-se principalmente no direito natural).[725]
Também se fala em fontes derivadas e fontes originárias do
direito. Por fontes derivadas devem ser entendidas aquelas que
decorrem de normas prévias de procedimento. E por fontes
originárias aquelas que não se baseiam em normas anteriores, por
exemplo, a revolução, o golpe de estado, a conquista etc.[726]
Na verdade, para os nossos estudos interessam tanto as
fontes materiais quanto as fontes formais, pois ambas nos parecem
igualmente importantes ao direito do meio ambiente e dos recursos
naturais (direito ambiental). Todavia, não há como se deixar de
reconhecer que as fontes formais atuam com muito mais
intensidade do que as fontes materiais, pois é com elas que se
pretende alcançar é a norma jurídica (lei), a qual se aplica ao caso
concreto e específico. Portanto, as fontes formais e básicas do
direito do meio ambiente e dos recursos naturais se dividem em: a)
fontes primárias, principais, imediatas ou diretas; e b) fontes
subsidiárias, secundárias, mediatas ou indiretas.
As fontes formais primárias do direito do meio ambiente e
dos recursos naturais são a Constituição (tanto federal como
estadual e municipal), as leis ambientais (tanto leis federais como
leis estaduais e leis municipais de proteção ambiental, cada uma
dentro da esfera de competência atribuída pela Constituição
Federal), os atos internacionais ambientais ratificados pelo Brasil, as
normas administrativas ambientais originadas dos órgãos
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA (a
principal delas são as resoluções expedidas pelo Conselho Nacional
do Meio Ambiente – CONAMA) e a jurisprudência sobre questões
ambientais.
As fontes formais subsidiárias ou secundárias do direito do
meio ambiente e dos recursos naturais, compreendem as leis
econômicas, as leis tributárias, as leis administrativas etc.
Os tratados internacionais de caráter ambiental, por si só,
não constituem fontes formais do direito do meio ambiente e dos
recursos naturais, pois são convenções obrigatórias para as nações
contratantes que estabelecem, ao mesmo tempo, para os súditos
das respectivas potências direitos e deveres. Todavia, os seus
efeitos não passam dos contratantes e súditos das respectivas
nações. A obrigação de observá-los encontra fundamento
justamente no princípio da pacta sunt servanda (os pactos devem
ser mantidos ou cumpridos); falta-lhes, pois, o caráter de
generalidade.[727] Para que um tratado internacional se transforme
em fonte formal do direito do meio ambiente e dos recursos naturais
urge a expedição de norma jurídica propriamente dita. Como
exemplo, citamos o Decreto n° 2.508, de 04.03.1998, que promulga
a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada
por Navios, concluída em Londres, em 2.11.1973, seu Protocolo,
concluído em Londres, em 17.02.1978, suas Emendas de 1984 e
seus Anexos Opcionais III, IV e V; o Decreto n° 2.652, de
01.07.1998, que promulga a Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima, assinada em Nova York, em 09.05.1992,
etc.

3.9 RELAÇÕES DO DIREITO DO MEIO


AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS COM OUTROS RAMOS DO
DIREITO
O direito do meio ambiente e dos recursos naturais (direito
ambiental), como não poderia deixar de ser, mantém relações
estreitas não apenas com outros ramos do direito, mas também com
outras ciências, especialmente com as ciências biológicas, a
química, a agronomia, a veterinária, a meteorologia, ciências
agrárias etc.
A nosso ver, o direito do meio ambiente e dos recursos
naturais (direito ambiental) se integra, mais especificamente, à
ciência do meio ambiente, ou seja, ele pode ser considerado uma
parte da ciência do meio ambiente, que abrange também a gestão
ambiental, economia do meio ambiente, planejamento energético
etc. É importante que se esclareça, no momento, que ciência do
meio ambiente compreende todos aqueles conhecimentos úteis
para a preservação do meio ambiente, e dos recursos naturais e
para a realização de um desenvolvimento sustentável. Obviamente,
tais conhecimentos não dispensam a prática. Eles são princípios
que integram a cultura científica do ambientalista e servem de
instrução para a sua vida profissional, a fim de não ser dominada
completamente pelo empirismo. Entre tais conhecimentos observa-
se a chamada “doutrina da prudência ambiental”, que nada mais é
do que o modo de proceder nas atividades econômicas de um modo
geral, isto é, o conjunto de princípios que ensinam a dar efeito a
escopos lícitos somente mediante meios lícitos, de maneira a não
agredir o meio ambiente.
A necessidade de sobrevivência dos seres vivos num planeta
onde seja possível tal espécie de coisa vem criando valores ético-
jurídicos ambientais entre os povos civilizados da atualidade, os
quais procuram criar o tipo, valioso por todo o tempo, do homem
preocupado com a preservação do meio ambiente, distante do
egoísmo brutal e da utilização destrutiva da natureza. Tais valores,
aos poucos, vêm impregnando todos os ramos do direito, a fim de
que a proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável
integrem o objetivo das normas jurídicas que compõem todos esses
ramos do direito. Daí se falar que o direito do meio ambiente e dos
recursos naturais se relaciona intensamente com os demais ramos
do direito.
A relação com o direito constitucional é evidenciada pelo fato de a
Constituição Federal de 1988 ter reservado um capítulo inteiro para as
questões ambientais (capítulo VI – “Do meio ambiente” – do título VIII – “Da
ordem social”). Tal capítulo é composto de um único artigo (art. 225).[728] Além
do art. 225, outros artigos do texto constitucional tratam a respeito de matéria
ambiental, entre eles podemos citar o art. 215,[729] relativo à questão da
preservação cultural.
O direito do meio ambiente e dos recursos naturais
relaciona-se também com o direito civil, principalmente no que se
refere ao direito de propriedade; ao direito de vizinhança; ao uso
nocivo da propriedade (art. 554, Código Civil de 1916,[730] e art.
1.277 do Código Civil de 2002),[731] das árvores limítrofes (art. 557,
Código Civil de 1916,[732] e art. 1284 do Código Civil de 2002),[733] da
passagem forçada (art. 559, Código Civil de 1916,[734] e art. 1.285 do
Código Civil de 2002),[735] dos limites entre prédios (§ 1.º do art. 588,
Código Civil de 1916,[736] e § 1.º do art. 1.297 do Código Civil de
2002)[737] e das águas (arts. 563 a 568, Código Civil de 1916,[738] e
arts. 1.288 a 1.296 do Código Civil de 2002);[739] às normas de uso
do solo; à responsabilidade civil pela reparação dos danos
ambientais.
Todavia, dos diversos ramos do direito com os quais o direito
do meio ambiente e dos recursos naturais se relaciona, o que mais
está voltado para a preservação do meio ambiente e a utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis é o direito
administrativo, já que regula atribuições estatais relativas à limitação
ao exercício de alguns direitos individuais em benefício da
coletividade.
O direito do meio ambiente e dos recursos naturais guarda
uma estreita relação como o direito processual civil, já que a
preservação do meio ambiente depende também de um aparato
processual para garantir tal fim. As chamadas “ações ambientais”,
que abrangem litígios relativos a bens públicos de uso comum,
fazem parte desse aparato. Todavia, na opinião de WILLIS
SANTIAGO GUERRA FILHO, o processo de tutela do meio
ambiente deve ser desenvolvido conscientemente como diverso do
processo civil, como um processo de natureza constitucional, como
as ações que o garantem. Inclusive, experiência pioneira com o
processo de natureza constitucional se deu nos Estados Unidos, na
década de 1960, ao se questionar o reconhecimento de um
constitutional right of environment (direito constitucional do meio
ambiente).[740]
As medidas administrativas de preservação do meio
ambiente, atualmente, dependem de um sistema de tributação.
Portanto, o direito do meio ambiente e dos recursos naturais
relaciona-se ainda com o direito tributário, principalmente no que se
refere às normas gerais de direito tributário e as disposições gerais
relativas às taxas, já que os arts. 17-B a 17-H,[741] todos da Lei n°
6.938, de 31.08.1981, com as alterações determinadas pela Lei n°
10.165, de 27.12.2000, institui e regulamenta a Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental – TCFA.
Para ELIDA SÉGUIN, o princípio da responsabilidade faz
com que surjam muitas inter-relações entre o direito do meio
ambiente e dos recursos naturais e o direito penal, a tal ponto que
alguns autores chegam a afirmar a existência de um verdadeiro
“direito penal ambiental”.[742] Com efeito, no direito penal encontram-
se várias disposições legais que tratam da agressão ao meio
ambiente. Todavia, JOSÉ HENRIQUE PIERANGELLI alerta que a
elaboração de legislações penais de conteúdo ecológico e
econômico, fora do Código Penal, podem dificultar e até prejudicar a
elaboração de uma doutrina mais desenvolvida desses ramos do
direito penal.[743] A esse respeito, lembra ELIDA SÉGUIN que,
apesar de, no Brasil, os tipos penais ambientais estarem fora do
Código Penal, houve uma grande tentativa de unificar os
dispositivos punitivos com a edição da Lei n° 9.605, de 12.02.1998,
que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. No entanto,
ressalta-se que ainda subsistem crimes fora da referida Lei n° 9.605,
de 12.02.1998, entre eles podemos citar o arts. 24 a 29 da Lei n°
11.105, de 24.03.2005,[744] que regulamentou técnicas de
engenharia genética e liberação, no meio ambiente, de Organismos
Geneticamente Modificados – OGM (transgênicos).[745]
O direito do meio ambiente e dos recursos naturais se relaciona com
o direito do trabalho. Inclusive, o inciso VIII do art. 200 da Constituição
Federal de 1988 prescreve que ao Sistema Único de Saúde – SUS
compete, além de outras atribuições, nos termos da lei, colaborar na
proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (meio
ambiente do trabalho). Por sinal, o referido art. 200 menciona que integram a
competência do Sistema Único de Saúde – SUS, além de outras
atribuições, nos termos da lei, as seguintes: I- controlar e fiscalizar
procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e
participar da produção de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos,[746] hemoderivados [747] e outros insumos; II-
executar as ações de Vigilância Sanitária [748]e Vigilância
Epidemiológica,[749] bem como as de saúde do trabalhador; III-
ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV-
participar da formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico; V- incrementar em sua área de atuação o
desenvolvimento científico e tecnológico; VI- fiscalizar e inspecionar
alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem
como bebidas e águas para consumo humano; VII- participar do
controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização
de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII-
colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.
Antes do advento do Sistema Único de Saúde – SUS, a atuação
do Ministério da Saúde – MS se resumia às atividades de promoção
de saúde e prevenção de doenças (por exemplo, vacinação),
realizadas em caráter universal, e à assistência médico-hospitalar
para poucas doenças; servia aos indigentes, ou seja, a quem não
tinha acesso ao atendimento pelo Instituto Nacional de Assistência
Médica da Previdência Social – INAMPS. O Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS foi criado pelo
regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto Nacional
de Previdência Social – INPS, que hoje é o Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS; era uma autarquia filiada ao Ministério da
Previdência e Assistência Social – MPAS (hoje Ministério da
Previdência Social – MPS), e tinha a finalidade de prestar
atendimento médico aos que contribuíam com a previdência social,
ou seja, aos empregados de carteira assinada. O Instituto Nacional
de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS dispunha de
estabelecimentos próprios, mas a maior parte do atendimento era
realizado pela iniciativa privada; os convênios estabeleciam a
remuneração por procedimento. O movimento da Reforma Sanitária
nasceu no meio acadêmico no início da década de 1970 como
forma de oposição técnica e política ao regime militar, sendo
abraçado por outros setores da sociedade e pelo partido de
oposição da época — o Movimento Democrático Brasileiro – MDB.
Em meados da década de 1970 ocorreu uma crise do financiamento
da previdência social, com repercussões no Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS. Em 1979 o
general João Baptista Figueiredo assumiu a presidência com a
promessa de abertura política, e de fato a Comissão de Saúde da
Câmara dos Deputados promoveu, no período de 9 a 11.10.1979, o
I Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, que contou com
participação de muitos dos integrantes do movimento e chegou a
conclusões altamente favoráveis ao mesmo; ao longo da década de
1980 o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social – INAMPS passaria por sucessivas mudanças com
universalização progressiva do atendimento, já numa transição com
o Sistema Único de Saúde – SUS. A 8ª Conferência Nacional de Saúde
– CNS foi um marco na história do Sistema Único de Saúde – SUS por
vários motivos. Foi aberta em 17.03.1986 por José Sarney, o
primeiro presidente civil após a ditadura, e foi a primeira Conferência
Nacional de Saúde – CNS a ser aberta à sociedade; além disso, foi
importante na propagação do movimento da Reforma Sanitária. A 8ª
Conferência Nacional de Saúde – CNS resultou na implantação do
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde – SUDS, um
convênio entre o Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social – INAMPS e os governos estaduais, mas o mais
importante foi ter formado as bases para a seção “Da Saúde” da
Constituição Federal brasileira de 05.01.1988. A Constituição de
1988 foi um marco na história da saúde pública brasileira, ao definir
a saúde como "direito de todos e dever do Estado". A implantação
do Sistema Único de Saúde – SUS foi realizada de forma gradual:
primeiro veio o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde –
SUDS; depois, a incorporação do Instituto Nacional de Assistência
Médica da Previdência Social – INAMPS ao Ministério da Saúde –
MS (Decreto nº 99.060, de 07.03.1990); e por fim a Lei Orgânica da
Saúde (Lei n° 8.080, de 19.09.1990) fundou o Sistema Único de Saúde
– SUS. Em poucos meses foi lançada a Lei n° 8.142, de 28.12.1990,
que imprimiu ao Sistema Único de Saúde – SUS uma de suas
principais características: o controle social, ou seja, a participação
dos usuários (população) na gestão do serviço de saúde. O Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS só
foi extinto em 27.07.1993 pela Lei n° 8.689, de 27.07.1993.
O Sistema Único de Saúde – SUS foi criado pela Constituição
Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso
ao atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência
médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica
da Previdência Social – INAMPS, ficando restrita aos empregados
que contribuíssem com a previdência social; os demais eram
atendidos apenas em serviços filantrópicos. Do Sistema Único de
Saúde – SUS fazem parte os centros e postos de saúde, hospitais,
incluindo os universitários, laboratórios, hemocentros (bancos de
sangue), bem como os serviços de Vigilância Sanitária – VISA,
Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental na Saúde – VAS,[750]
além de fundações e institutos de pesquisa, como a Fundação
Oswaldo Cruz – FIOCRUZ [751] e o Instituto Vital Brazil – IBV.[752]
O Sistema Único de Saúde – SUS teve seus princípios
estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde, em 1990, com base no
artigo 198 da Constituição Federal de 1988, entre os quais podemos
citar os seguintes: 1) princípios ideológicos ou princípios
doutrinários: tais princípios se subdividem nos seguintes princípios:
a) princípio da universalidade: o princípio da universalidade pode ser
sintetizado na frase “A saúde é um direito de todos", tal como
mencionado na própria a Constituição Federal. Naturalmente,
entende-se que o Estado tem a obrigação de prover atenção à
saúde, ou seja, é impossível tornar todos sadios por força de lei; b)
princípio da integralidade: a atenção à saúde inclui tanto os meios
curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os
coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das
pessoas (ou de grupos) devem ser levadas em consideração
mesmo que não sejam iguais às da maioria; c) princípio da
equidade: todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o
Sistema Único de Saúde – SUS; como, no entanto, o Brasil contém
disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam.
Por isso, enquanto a Lei Orgância da Saúde (Lei n° 8.080, de
19.09.1990) consagra o princípio da igualdade, tanto o meio
acadêmico quanto o político consideram mais importante lutar pela
equidade do Sistema Único de Saúde – SUS; e 2) princípios
organizacionais: tais princípios se subdividem nos seguintes
princípios: a) princípio da descentralização político-administrativa: o
Sistema Único de Saúde – SUS existe em 3 (três) níveis, também
chamados de esferas: i) nacional; ii) estadual; e iii) municipal. Cada
uma dessas esferas com comando único e atribuições próprias. Os
municípios têm assumido papel cada vez mais importante na
prestação e no gerenciamento dos serviços de saúde; as
transferências passaram a ser “fundo-a-fundo”, ou seja, baseadas
em sua população e no tipo de serviço oferecido, e não no número
de atendimentos; b) princípio da regionalização e princípio da
hierarquização: os serviços de saúde são divididos em níveis de
complexidade; o nível primário deve ser oferecido diretamente à
população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando
necessário. Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e
contra-referência entre os serviços de saúde, melhor a sua
eficiência e eficácia. Ser eficiente e eficaz, produzindo resultados
com qualidades. Cada serviço de saúde tem uma área de
abrangência, ou seja, é responsável pela saúde de uma parte da
população. Os serviços de maior complexidade são menos
numerosos e por isso mesmo sua área de abrangência é mais
ampla, abrangência a área de vários serviços de menor
complexidade; e c) princípio da participação popular: o controle
social, como também é chamado esse princípio, foi melhor regulado
pela Lei n° 8.142, de 28.12.1990. Os usuários participam da gestão
do Sistema Único de Saúde – SUS através das Conferências de
Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos os níveis, e
através dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados
também em todos os níveis. Nos Conselhos de Saúde ocorre a
chamada paridade: enquanto os usuários têm metade das vagas, o
governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto.
A Lei Orgância da Saúde (Lei n° 8.080, de 19.09.1990)
estabelece ainda os seguintes princípios: 1) preservação da
autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
2) direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; 3)
divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de
saúde e sua utilização pelo usuário; 4) utilização da epidemiologia
para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a
orientação programática; 5) integração, em nível executivo, das
ações de saúde, meio-ambiente e saneamento básico; 6)
conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e
humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da
população; 7) capacidade de resolução dos serviços em todos os
níveis de assistência; e 8) organização dos serviços públicos de
modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. <texto>O
direito do meio ambiente e dos recursos naturais se relaciona da
mesma forma com o direito previdenciário. A esse respeito,
lembramos que, por força da nova legislação previdenciária que
trata sobre riscos ambientais, a partir de 1.º de julho de 2003, as
empresas, por meio de seu departamento de recursos humanos,
passaram a ser obrigadas a elaborar documento, em que devem ser
descritas as atividades de cada um dos seus empregados regidos
pela Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT e mostrar a que tipo
de exposição ambiental (ruído, produtos químicos ou altas
temperaturas, falta de iluminação, pressão anormal, partículas de ar
e riscos químico ou biológicos) é submetido cada um de seus
profissionais, bem como citar, principalmente, as consequências que
essa exposição trás para a saúde do trabalhador. Com efeito, o § 8.º
do art. 68 do Decreto n° 3.048, de 06.05.1999, com a redação dada
pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013,[753] dispõe que
a empresa deve elaborar e manter atualizado Perfil Profissiográfico
do Trabalhador – PPT, contemplando as atividades desenvolvidas
durante o período laboral pelo trabalhador e fornecer a este, no
prazo de trinta dias da rescisão do contrato de trabalho, cópia
autêntica deste documento, sob pena de multa prevista no art. 283
do referido Decreto 3.048, de 06.05.1999,[754] que pode variar entre
R$ 827,86 e R$ 82.785,16. No entanto, a base regulamentadora do
Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP é a Instrução
Normativa/MPS 84/2002, regulamentada pela Instrução
Normativa/INSS/DC n° 99, de 05.12.2003, publicada no DOU de
10.12.2003, alterada pela Instrução Normativa/INSS/PRES n° 45, de
06.08.2010, publicada no DOU de 11.08.2010.
Daí podemos dizer que o chamado Perfil Profissiográfico
Previdenciário – PPP é o mais novo instrumento de fiscalização à
distância disponibilizado ao Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS. O Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP constitui-se
num documento histórico-laboral do trabalhador que reúne, entre
outras informações, dados administrativos, registros ambientais e
resultados de monitoração biológica, durante todo o período em que
este exerceu suas atividades .Entretanto, não pode ser ele
confundido com um instrumento de prevenção de acidentes ou
proteção à saúde do trabalhador, uma vez que não contempla
efetivamente qualquer ação neste sentido. Não se pode, pois,
perder de vista que o Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP é
um documento declaratório no qual a empresa ali reúne vários
dados dos trabalhadores avulsos e cooperados, que laborem
expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física,
considerados para fins de concessão de aposentadoria especial,
ainda que não presentes os requisitos para a concessão desse
benefício, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção,
coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a permanência.
Para tanto a empresa deve utilizar vários programas, resumindo
todos num único formulário. Seja como for, as informações
constantes no Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP são de
caráter privativo do trabalhador, constituindo crime nos termos da
Lei n° 9.029, de 13.04.1995, práticas discriminatórias decorrentes de
sua exigibilidade por outrem, bem como de sua divulgação para
terceiros, ressalvado quando exigida pelos órgãos públicos
competentes. No entanto, a prestação de informações falsas no
Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP constitui crime de
falsidade ideológica, nos termos do art. 297 do Código Penal (art.
271 da Instrução Normativa/INSS/PRES n° 45, de 06.08.2010).
Legalmente, o Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP
tem como finalidade: I- comprovar as condições para habilitação de
benefícios e serviços previdenciários, em especial, o benefício de
auxílio-doença; II- prover o trabalhador de meios de prova
produzidos pelo empregador perante a Previdência Social, a outros
órgãos públicos e aos sindicatos, de forma a garantir todo direito
decorrente da relação de trabalho, seja ele individual, ou difuso e
coletivo; III- prover a empresa de meios de prova produzidos em
tempo real, de modo a organizar e a individualizar as informações
contidas em seus diversos setores ao longo dos anos, possibilitando
que a empresa evite ações judiciais indevidas relativas a seus
trabalhadores; e IV- possibilitar aos administradores públicos e
privados acessos a bases de informações fidedignas, como fonte
primária de informação estatística, para desenvolvimento de
vigilância sanitária e epidemiológica, bem como definição de
políticas em saúde coletiva (art. 271 da Instrução
Normativa/INSS/PRES n° 45, de 06.08.2010).
O Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP, que até o final
do ano de 2002 era facultativo e atualmente é obrigatório, além de
fazer parte de uma política de prevenção e de segurança nas
empresas, visa, ainda, tornar mais ágil o processo de concessão de
aposentadorias especiais. Com efeito, o Perfil Profissiográfico
Previdenciário – PPP é um documento que registra as condições de
trabalho dos empregados e veio substituir um formulário que tratava
apenas das atividades desenvolvidas pelo trabalhador, denominado
“Dirben 8030”. Portanto, o Perfil Profissiográfico Previdenciário –
PPP tem por mérito ajudar a identificar as áreas de risco e também
mostrar onde é preciso investir no que se refere à segurança da
empresa. Além de apontar como andam os padrões de qualidade
nas empresas. De maneira que, ao deixar a empresa, o empregado
leva cópia do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP (em
disquete ou mesmo impressa), já que ele deve apresentar este
documento à Previdência Social, quando solicitar a sua
aposentadoria especial.
É importante esclarecer que, atualmente, as condições de
trabalho, que dão ou não direito à aposentadoria especial, devem
ser comprovadas pelas chamadas demonstrações ambientais e
documentos a estas relacionados, que fazem parte das obrigações
acessórias dispostas na legislação previdenciária e trabalhista. Vale
acrescentar que as demonstrações ambientais e os documentos a
estas relacionados constituem-se, entre outros, nos seguintes
documentos: I- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais –
PPRA; II- Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR; III-
Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção – PCMAT; IV- Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional – PCMSO; V- Laudo Técnico de Condições
Ambientais do Trabalho – LTCAT; e VI- Perfil Profissiográfico
Previdenciário – PPP. Por sinal, o Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais – PPRA, o Programa de Gerenciamento de
Riscos – PGR, o Programa de Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT e o Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO podem ser
aceitos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS desde que
contenham os elementos informativos básicos constitutivos do
Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT. Seja
como for todos esses documentos devem ser, necessariamente,
atualizados pelo menos 1 (uma) vez ao ano, quando da avaliação
global, ou sempre que ocorrer qualquer alteração no ambiente de
trabalho ou em sua organização, por força dos itens 9.2.1.1 da NR-
09, 18.3.1.1 da NR-18 e da alínea “g” do item 22.3.7.1 e do item
22.3.7.1.3, todas do Ministério do Trabalho e do Emprego – TEM
(art. 254 da Instrução Normativa/INSS/PRES n° 45, de 06.08.2010).
O direito do meio ambiente e dos recursos naturais
relaciona-se, da mesma maneira, com o direito internacional e com
o direito regional ou comunitário. ELIDA SÉGUIN menciona que o
meio ambiente é um bem transnacional e que os fenômenos
naturais desconhecem as fronteiras políticas. Em virtude disso, a
maioria dos princípios do direito do meio ambiente e dos recursos
naturais é oriunda, pois, de relações internacionais. Segundo ela, o
nosso planeta é um sistema fechado, onde uma ação pode
repercutir em outra região. Todos estamos direta e indiretamente
ligados, como em uma teia de aranha, em que o toque em um ponto
é sentido em qualquer parte da teia. Daí, a preservação do meio
ambiente, na maior parte das vezes, ser orientada, determinada e
disciplinada por tratados, convenções e outras disposições
internacionais. Além do direito internacional, devemos lembrar a
influência de um direito regional ou direito comunitário sobre as
questões ambientais. Na atualidade, o mundo tende a se dividir em
comunidades regionais (corpo social, vinculado pelos mesmos
ideais políticos ou para a consecução de alvos econômicos;
composto por mais de uma nação ou país). Acrescenta ELIDA
SÉGUIN que o direito regional ou direito comunitário consiste na
reunião dos princípios e normas que regulam a coexistência
econômica e social entre os estados membros das comunidades
internacionais (por exemplo, Comunidade Econômica Européia,
União dos Países de Língua Portuguesa, Comunidade dos Países
do MERCOSUL etc.), seu relacionamento com os seus cidadãos,
normatizando a convivência dentro e fora da própria comunidade.
Essas regras podem ser extensivas a países que não integram as
comunidades internacionais, o que não descaracteriza a
abrangência do direito comunitário.[755]

3.10 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM


MATÉRIA AMBIENTAL
Vimos no capítulo anterior que competência é o poder legal
que uma pessoa (física ou jurídica, de direito privado ou de direito
público), em razão de sua função, tem para a prática dos atos
inerentes a esta. Também a competência legislativa em matéria
ambiental ou de defesa do meio ambiente é bastante complexa, pois
é repartida entre as diversas esferas de governo, ou seja, cada uma
das esferas de governo tem competências legislativas efetivamente
distintas.

3.10.1 Competência privativa da União Federal

O art. 22 da Constituição Federal de 1988 dispõe que


compete privativamente à União Federal legislar sobre: a) águas
(inciso IV); b) energia (inciso IV); c) jazidas (inciso XII); d) minas
(inciso XII); e) outros recursos minerais (inciso XII); f) populações
indígenas (inciso XIV); e g) atividades nucleares de qualquer
natureza (inciso XXVI). Vale lembrar que a competência privativa da
União Federal somente pode ser exercida por ela mesma, exceto na
hipótese de ser autorizado aos Estados membros a legislar sobre
questões específicas incluídas nas matérias acima mencionadas
(parágrafo único do art. 22).

3.10.2 Competência da União Federal e a competência supletiva


dos Estados e do Distrito Federal para legislar
Ainda no campo da produção de legislação ambiental, o
inciso VI do art. 24 da Constituição Federal prescreve que compete
à União Federal, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
“concorrentemente” sobre “florestas, caça, pesca, fauna,
conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição”.
Todavia, a competência da União Federal limita-se a
estabelecer normas gerais (§ 1.º do art. 24). Isto quer dizer que,
tratando-se de atribuições concorrentes, a competência da União
Federal deve limitar-se a estabelecer normas ou parâmetros gerais,
ou seja, a legislação estadual deve adotar os princípios e os
fundamentos genéricos estabelecidos na legislação federal.
Os Estados, por sua vez, têm competência suplementar para
legislar sobre tais assuntos (§ 2.º do art. 24), porém, inexistindo lei
federal sobre normas gerais, os Estados podem exercer a
competência legislativa plena, para atender às suas peculiaridades
(§ 3.º do art. 24). No entanto, a superveniência de lei federal sobre
normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário (§ 4.º do art. 24).
Destacamos que, a nosso ver, o legislador constituinte
utilizou equivocadamente a expressão “competência concorrente”, já
que a competência só é concorrente quando, por exemplo, tanto a
União Federal como o Estado têm poderes para legislar exatamente
sobre a mesma matéria e na mesma amplitude, em regime de
competição (regulamenta a matéria quem primeiro se dispuser a
produzir a norma jurídica). Todavia, não é isto que ocorre; a
competência para legislar sobre meio ambiente encontra-se
bipartida ou dividida entre as duas esferas de governo: cada esfera
de governo tem competência distinta e legisla sem competição ou
concorrência. Inclusive, a União e os Estados não possuem
competência plena para legislar sobre meio ambiente. Somente no
caso de omissão da União Federal é que o Estado,
excepcionalmente, assume a competência plena. Portanto, a União
tem a competência principal para produzir normas gerais sobre meio
ambiente e o Estado tem a competência suplementar, ou seja,
poder de formular normas jurídicas que desdobrem o conteúdo de
princípios ou normas gerais produzidos pela União.
Também sobre a competência para legislar, PAULO DE
BESSA ANTUNES explica que a União Federal, nos casos
enumerados pelo art. 24 da Constituição Federal, somente pode
estabelecer normas gerais, cabendo aos Estados minudenciar os
aspectos da proteção ambiental em concreto. Os Estados podem
suplementar à legislação federal. Observa-se que, se inexistente a
norma federal, os Estados exercerão a competência legislativa
plenamente, de molde a atender às suas peculiaridades. No
momento em que passe a existir legislação federal sobre normas
gerais, a legislação estadual, naquilo que contrariar a norma federal,
perde eficácia. Desta feita, observadas as normas gerais federais,
cada Estado pode estabelecer as suas próprias normas de tutela
ambiental, criando sistemas estaduais de proteção ao meio
ambiente. Este é um caminho interessante para a proteção do meio
ambiente, pois a maior proximidade entre o bem a ser tutelado e a
agência de controle ambiental é bastante positiva para o meio
ambiente. Evidentemente, o estabelecimento de sistemas estaduais
de proteção ao meio ambiente encontra fortes obstáculos em
questões de natureza econômico-financeira. De qualquer forma, é
ampla a possibilidade que os Estados têm de legislar sobre o meio
ambiente.[756]
Portanto, não se pode perder de vista que, se no âmbito da
competência legislativa, a União Federal tem competência principal,
e os Estados competência supletiva, como vimos no capítulo
anterior, no âmbito da competência para atuar ocorre o contrário.

3.10.3 Competência legislativa municipal

Certo é que o Município não tem competência para legislar


sobre meio ambiente. Todavia, o art. 30 da Constituição Federal
prescreve que compete aos Municípios: a) legislar sobre assuntos
de interesse local (inciso I); b) suplementar a legislação federal e a
estadual no que couber (inciso II); c) promover, no que couber,
adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (inciso VIII);
d) promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual
(inciso IX).
Portanto, segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, o meio
ambiente está incluído dentre o conjunto de atribuições legislativas e
administrativas municipais e, em realidade, os Municípios formam
um elo fundamental na complexa cadeia de proteção ambiental.
Segundo ele, a importância dos Municípios é evidente por si
mesma, pois as populações e as autoridades locais reúnem amplas
condições de bem conhecer os problemas e mazelas ambientais de
cada localidade, sendo certo que são as primeiras a localizar e
identificar o problema. Conclui ele que é por meio dos Municípios
que se pode implementar o princípio ecológico de “agir localmente,
pensar globalmente”.[757]

3.11 DIREITO AMBIENTAL


COMPARADO
Comparando os direitos do meio ambiente e dos recursos
naturais atualmente em vigor nos principais países e no âmbito
internacional, podemos perceber que a tendência mundial é no
sentido de haver uma intensificação generalizada de normas
jurídicas de proteção ao meio ambiente e aos recursos naturais
renováveis e não renováveis, demonstrando, com isto, uma
preocupação cada vez maior com a natureza.
No âmbito internacional, podemos destacar o seguinte: 1) a
Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas
Cênicas dos Países da América, de 27.12.1940 (aprovada pelo
Congresso Nacional através do Decreto Legislativo n° 3, de 1948, e
promulgada pelo nosso Decreto n° 58.054, de 23.03.1966); 2) a
Convenção Internacional sobre a Responsabilidade Civil em Danos
Causados por Poluição por Óleo, de 29.11.1969 (aprovada pelo
Congresso Nacional através do Decreto Legislativo n° 74, de
30.09.1976, e promulgada pelo Decreto n° 79.437, de 28.03.1977);
3) a Convenção relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural
e Natural da UNESCO, de 23.11.1972 (aprovada, com reserva ao
parágrafo 1.º do art. 16, pelo Congresso Nacional através do
Decreto Legislativo n° 74, de 30.06.1974, e promulgada pelo nosso
Decreto n° 80.978, de 12.12.1977); 4) a Convenção Internacional
para a Prevenção da Poluição Causada por Navios, em Londres,
datada de 02.11.1973, cujo Protocolo foi concluído em Londres, em
17.02.1978, bem como seu texto emendado e acrescido dos Anexos
Opcionais III, IV e V, em 1984 (promulgada pelo nosso Decreto n°
2.508, de 04.03.1998); 5) o Tratado de Cooperação Amazônica, de
3 de julho de 1978, celebrado entre Brasil, Bolívia, Colômbia,
Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela (aprovado pelo
Congresso Nacional através do Decreto Legislativo n° 69, de
18.10.1978, e promulgado pelo nosso Decreto n° 85.050, de
18.08.1980); 6) a Declaração dos direito humanos fundamentais,
adotada pela União Européia, em abril de 1989, que reconhece o
direito humano fundamental à proteção ambiental, à medida que
obriga as instituições da União Européia a tomar todas as
precauções necessárias para a preservação, proteção e
melhoramento da qualidade ambiental; 7) a Convenção – Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, assinada em Nova
York, em 09.05.1992 (promulgada pelo nosso Decreto n° 2.652, de
01.07.1998); 8) em relação ao MERCOSUL, “Las Leñas”, de julho
de 1992, criou uma Reunião Especializada em Meio Ambiente –
REMA, cujo trabalho está centralizado na detectação das
assimetrias políticas e legislativas que podem afetar a
competitividade entre os países do cone sul etc.
Dos tratados, convenções e acordos internacionais
envolvendo as questões ambientais, o Brasil, a bem da verdade, é
signatário de 19 (dezenove) deles, a saber: a) Convenção para a
proteção da flora, da fauna e das belezas cênicas naturais dos
países da América (aprovada pelo Decreto legislativo federal n° 3,
de 13.02.1948, e promulgado pelo Decreto n° 58.054, de
23.03.1966), em que os países contratantes organizariam os
parques nacionais e demonstravam a intenção de proteger (manter
intocável) e conservar (usar com racionalidade os recursos
naturais), no seu ambiente natural, exemplares de todas as
espécies e gêneros da flora e da fauna indígenas, incluindo aves
migratórias, em número suficiente e em locais que sejam bastante
extensos para que se evite, por todos os meios humanos, a sua
extinção; b) Convenção sobre Diversidade Biológica (aprovada pelo
Decreto legislativo n° 2, de 03.02.1994, e promulgada pelo Decreto
n° 2.519, de 16.03.1998); c) Convenção Internacional para a
Regulamentação da Pesca da Baleia (aprovada pelo Decreto
legislativo 14, de 09.03.1950, e promulgado pelo Decreto n° 28.524,
de 18.08.1950); d) Tratado de Proscrição das Experiências com
Armas Nucleares na Atmosfera, no espaço cósmico e sob a água
(aprovado pelo Decreto legislativo 30, de 1964, e promulgado pelo
Decreto n° 58.256, de 26.04.1966); e) Tratado sobre os principais
reguladores das atividades dos Estados na Exploração e Uso do
Espaço Cósmico, inclusive a Lua e demais Corpos Celestes,
adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 19.12.1966;
f) Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do
Clima (também denominada de “Convenção do Clima”); g)
Convenção de combate à Desertificação; h) Convenção de Viena
para a Proteção da Camada de Ozônio; i) Convenção sobre Mar
Territorial e Zona Contígua (aprovada pelo Decreto legislativo 45, de
1968); j) Convenção sobre Alto-Mar (aprovada pelo Decreto
legislativo n° 45, de 1968); k) Convenção sobre Pesca e
Conservação dos Recursos Vivos de Alto-Mar (aprovada pelo
Decreto legislativo n° 45, de 1968); l) Convenção sobre Plataforma
Continental (aprovada pelo Decreto legislativo n° 45, de 1968); m)
Acordo de Pesca e Preservação de Recursos Vivos, entre o Brasil e
o Uruguai, assinado em Montevidéu, a 12.12.1968 (aprovado pelo
Decreto legislativo n° 412, de 09.01.1969); n) Acordo de
Conservação dos Recursos Naturais do Atlântico Sul, entre o Brasil
e a Argentina, assinado em Buenos Aires, em 29.12.1967 (aprovado
pelo Decreto-lei n° 454, de 05.02.1969); o) Convenção Internacional
para a Conservação do Atum e Afins do Atlântico (assinada em
14.05.1966 e aprovada pelo Decreto-lei n° 478, de 27.02.1969); p)
Convenção de Basiléia sobre Movimento Transfronteiriço de
Resíduos Perigosos, adotados durante a IV Reunião da Conferência
das Partes, realizada em Kuching, na Malásia, em 27 de fevereiro
de 1998 (aprovada pelo Decreto legislativo n° 463, de 21.11.2001, e
promulgada pelo Decreto n° 4.581, de 27.01.2003); q) Convenção
de Londres sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de
Resíduos e Outras Matérias, concluída em Londres, a 29.12.1972
(aprovada pelo Decreto legislativo n° 10, de 31.03.1982, e
promulgada pelo Decreto n° 87.566, de 16.09.1982); r) Convenção
das Nações Unidas sobre o direito do mar; s) Convenção sobre
zonas úmidas de importância internacional especialmente como
habitat de aves aquáticas, conhecida como Convenção de Ramsar,
foi assinada em Ramsar, Irã, em 2 de fevereiro de 1971 (aprovada
pelo Decreto legislativo n° 33, de 16 de junho de 1992, e
promulgada pelo Decreto n° 1.905, de 16.05.1996).
No âmbito das legislações nacionais estrangeiras, relata
JUAN JOSÉ SANZ-JARQUE que raros são os países cuja
constituição se refere à conservação da natureza e mais raros ainda
os que aludem ao meio ambiente, muito embora, ele mesmo
concorda que as referências ao desenvolvimento econômico de
interesse público, ao bem-estar do povo, à saúde dos cidadãos, às
limitações da propriedade por razões do bem comum ou de utilidade
social, ou ao dever de usar esta servindo ao bem-estar geral,
possam servir de apoio à legislação sobre aquelas matérias.[758]
Existem, contudo, algumas exceções. De maneira que podemos dar
destaque ao seguinte: 1) O art. 27 da Constituição mexicana, de
31.01.1917, estabelecia que “a nação terá, a qualquer tempo, o
direito de impor à propriedade privada as modalidades que
comandam o interesse público e também o de regular o melhor
emprego dos elementos naturais susceptíveis de apropriação, em
vista de uma distribuição equitativa da riqueza pública e pela divisão
das grandes propriedades territoriais; para o desenvolvimento da
pequena propriedade; para criação de novo centro de população
agrícola, com terras e as águas que lhe serão indispensáveis; para
encorajar a agricultura e para evitar a destruição dos elementos
naturais e os danos que a propried ade poderá causar em prejuízo
da sociedade. As vilas, aglomerações e comunidades que deixar de
ter terras e águas, ou que não as tenham em quantidade suficiente
para atender as necessidades de seus habitantes, terão o direito de
delas se prover, por meio de levantamento parcial operado sobre as
propriedades vizinhas, porém sempre em respeito à pequena
propriedade. Por consequência, são confirmadas as dotações de
terras que teriam que ser feitas até hoje, conforme o decreto de 6 de
janeiro de 1915. A aquisição das propriedades particulares
necessárias para realizar os fins supracitados será considerada de
utilidade pública”; 2) O art. 10 da Constituição irlandesa, de
25.03.1942, dispunha que “todas as riquezas naturais, incluindo o ar
e todas as formas potenciais de energia, dependem da jurisdição
direta do Parlamento e do Governo”; 3) O art. 15 da Constituição
tcheca, de 11.06.1960, prescreve que “o estado vela pela ordenação
e proteção múltipla da natureza e pela conservação das belezas da
Pátria para criar fontes de bem-estar para o povo e, ao mesmo
tempo, criar um meio apropriado que seja favorável à saúde dos
trabalhadores e lhes permita recuperar as forças”; 4) O art. 37 da
Constituição turca, de 1960, determina que “a distribuição de terras
não poderá ter por consequência diminuição alguma de riqueza
florestal ou diminuição de qualquer outra riqueza da terra”; 5) Nos
Estados Unidos, os estudos de impacto ambiental foram
introduzidos, de forma sistemática e regular, em 1969, dispondo o
Ato de Política Nacional do Meio Ambiente (em vigor, sendo que, a
partir de 01.01.1970, as exigências são cabíveis “nos projetos de lei
e em todas as outras ações federais importantes de natureza a
afetar sensivelmente a qualidade do meio ambiente”); 6) Lei federal
para prevenir e controlar a contaminação do ambiente do México foi
expedida em 1971 (reformada pela Lei federal de Proteção do
Ambiente de 1981); 7) A legislação ambiental espanhola incorporou
o Decreto de 21.07.1972, sobre instalações nucleares, prevendo os
riscos de construções e funcionamento em regime normal.
Incorporou também a Lei de 21.07.1973, sobre minas, a qual prevê
estudos prévios alusivos a eventuais degradações ambientais; 8) O
Código Nacional de Recursos Naturais Renováveis e de Proteção
do Meio Ambiente da Colômbia foi colocado em vigor no ano de
1974; 9) A Lei francesa n° 76.629, de 10.07.1976, criou o estudo de
impacto ambiental naquele país, e o subsequente Decreto francês
de 12.10.1977, especificou as obras em que incidiam estudos
prévios de impacto ambiental; 10) A Lei Orgânica do Ambiente da
Venezuela passou a vigor a partir de 1976 (alterada, posteriormente,
pela Lei de Administração Central de 1976 e pela Lei de
Procedimentos Administrativos de 1981); 11) Foi colocada em vigor
a Lei francesa de 10.07.1989, que elaborou a política governamental
do meio ambiente naquele país no período de 1989 a 1992; 12) O
inciso 1.º do art. 66 da Constituição portuguesa de 1976, com as
alterações da Lei Constitucional 1, de 1989, prevê que o direito a um
ambiente de vida humana sadio e ecologicamente equilibrado; o
inciso 2 do mesmo art. 66, institui a necessidade de promover o
aproveitamento racional dos recursos naturais, salvaguardando a
sua capacidade de renovação e a estabilidade ecológica, prevenir e
controlar a poluição e seus efeitos; o inciso 3 do art. 52, determina a
conduta negativa por parte do Estado e de particulares de
abstenção de ações nocivas ao ambiente; o art. 9.º, exige do poder
público uma atitude positiva de proteger o patrimônio cultural do
povo português, defender a natureza e o ambiente; 13) Inicia-se a
vigência da Lei infraconstitucional portuguesa de Bases do
Ambiente n° 11, de 7.04.1987; 14) Inicia-se a vigência da Lei
infraconstitucional portuguesa das Associações de Defesa do
Ambiente n° 10, de 4.04.1987; 15) Promulgou-se a Constituição
chilena de 1980, a qual garante a todas as pessoas o direito de viver
em meio ambiente livre de contaminação; 16) O art. 7.º da
Constituição paraguaia de 1992, garante a todos o direito de habitar
em um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado; 17) O
art. 79 da Constituição colombiana de 1991, assegura a todas as
pessoas o direito de gozar de um meio ambiente são; 18) A
Constituição panamenha, após as reformas constitucionais de 1978
e 1993, declara expressamente que o Estado e todos os habitantes
do território nacional panamenho têm o dever de propiciar um
desenvolvimento social e econômico que previna a contaminação do
ambiente, etc.

3.12 EFICÁCIA DAS NORMAS


JURÍDICAS AMBIENTAIS E SUA
CODIFICAÇÃO
3.12.1 Meios atuais de solução dos problemas ambientais do
início do século XXI
Os problemas ambientais do século XXI, dada a sua
complexidade e peculiaridades, a nosso ver, devem ser
solucionados por meio de novos mecanismos tanto sociais como
jurídicos.
O que se tem feito a respeito até hoje é a aplicação de
diferentes formas para tentar solucionar tais problemas, entre elas
podemos citar as seguintes: 1.a proibição pura e simples dos atos e
atividades que trazem degradação ambiental, por meio de
expedição de normas jurídicas rigorosas; 2.o controle de quem
procede contra a preservação do meio ambiente e dos recursos
naturais, principalmente por meio da aplicação de penalidades; 3.a
adoção de contramedidas técnicas para impedir ou restaurar a
degradação ambiental; 4.a adoção de técnicas de prevenção contra
a degradação ambiental, como por exemplo, definir como, quando e
onde praticar atos e atividades; 5.a produção de alternativas locais
para a substituição das práticas que possam trazer prejuízos ao
meio ambiente e aos recursos naturais.
Dentre tais soluções, a primeira delas (expedição de normas
jurídicas proibitivas e rígidas) é a que mais se tem adotado, a ponto
de causar o que vem sendo denominado de “barafunda legal”.
Segundo o senador JOSÉ INÁCIO FERREIRA, existe uma
legislação ambiental rígida, não muito recente, para os velhos
problemas ambientais. Na sua opinião, a nossa legislação ambiental
é uma verdadeira “barafunda de documentos legais”.[759] Um
levantamento realizado pelo próprio Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em 2001,
relacionou nada menos nada mais que 67 (sessenta e sete) leis
ordinárias, 27 (vinte e sete) decretos-leis, 325 (trezentos e vinte e
cinco) decretos, 61 (sessenta e uma) resoluções expedidas pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e, finalmente, 481
(quatrocentos e oitenta e uma) portarias e instruções normativas
emitidas apenas pelos diversos órgãos federais que atuam no
campo ambiental.
Todo esse fantástico e gigantesco emaranhado legislativo
são normas de procedimento dotadas de poder coercitivo, ou seja,
normas acompanhadas de sanções, havendo castigos, ônus
pecuniários e penas estabelecidas pelo Estado, sejam a nível
federal, estadual, distrital ou municipal. Todos esses dispositivos
normativos destinam-se àqueles que os infringem, colocando em
risco o meio ambiente e os recursos naturais, tanto os renováveis
como os não renováveis.

3.12.2 Ineficácia das normas jurídicas ambientais

Que as normas jurídicas ambientais, mesmo produzidas em


volume alucinante, são provenientes da razão, não temos a menor
dúvida. No entanto, questionamos se elas, quando de natureza
imperativa e rígida, cumprem sua finalidade primeira, que é
justamente impedir a ocorrência do fato, ato, negócio ou atividade
considerada prejudicial à preservação do meio ambiente e dos
recursos naturais ou se elas são, por si só, solução para os
problemas ambientais que ameaçam a qualidade de vida da
sociedade brasileira.
Normas jurídicas coercitivas, imperativas, taxativas ou
cogentes são normas que impõem ou proíbem de maneira
categórica, enquanto as normas jurídicas rígidas são aquelas
absolutamente inflexíveis, ou seja, que não podem dar margem a
qualquer interpretação extensiva.
Quando se diz, por exemplo, que é proibido “lançar resíduos
sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos ou substâncias
oleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
atos normativos” (inciso V do art. 62 do Decreto n° 6.514, de
22.07.2008), é proibido “matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar,
utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória,
sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente, ou em desacordo com a obtida” (art. 24 do Decreto n°
6.514, de 22.07.2008) ou “é proibido cortar árvores, sem autorização
do poder público, nas zonas de amortecimento de áreas de
preservação permanente” (art. 25 da Lei n° 9.985, de 18.06.2000),
têm-se aí 3 (três) regras de procedimento altamente imperativas e
rígidas. Se alguém joga lixo na rua, receberá uma multa
significativa. Se alguém mata ou captura um animal silvestre, além
da multa, estará sujeito à penalidade criminal (art. 29 da Lei n°
9.605, de 12.02.1998). E se alguém corta árvores, sem autorização
das autoridades ambientais, nas zonas de amortecimento de áreas
de preservação permanente, além da multa (art. 44 do Decreto n°
6.514, de 22.07.2008), estará sujeito à penalidade criminal (art. 40
da Lei n° 9.605, de 12.02.1998, combinado com o art. 27 do Decreto
n° 99.274, de 6.06.1990).
Todavia, perguntamos: – Qual a eficácia da norma contida no
inciso V do art. 62 do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008, nas
localidades em que o serviço público de coleta de lixo e outros
detritos é precário, ou dentro dos chamados “bolsões de miséria”,
em que tais serviços são praticamente inexistentes? Portanto, não é
difícil verificar que a proibição da norma ambiental depende
fatalmente de uma medida do Estado, principalmente junto às
comunidades pobres, que permita a eficácia da proibição. Por sinal,
em 1991, o coordenador do Conselho Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável, no Brasil, MÁRCIO FORTES afirmou
que “uma nova ordem econômica mundial e uma revolução
ambiental envolvendo a integração de critérios econômicos à prática
ecológica: é alcançada pela aceleração do desenvolvimento, uma
vez que o que polui é a miséria”.[760] Todavia, tal afirmação reflete
apenas uma parte da verdade. O Relatório sobre o Desenvolvimento
Humano de 1999, produzido pela Organização das Nações Unidas –
ONU dispõe de dados bastantes seguros sobre o Brasil que revelam
uma minoria de habitantes adotando padrões de consumo dos
países ditos de primeiro mundo, e lança nos ecossistemas resíduos
e dejetos semelhantes aos das sociedades tidas como ricas. No
entanto, os pobres também produzem resíduos e efluentes nocivos,
sendo privados do acesso à água tratada, de condições sanitárias e
de moradias adequadas.
Inclusive, na opinião LUIZ SÉRGIO PHILIPPI, os pobres
degradam o meio ambiente com seus esgotos e resíduos e são
levados a adotar um comportamento destrutivo frente ao meio
ambiente. Estes problemas estão relacionados diretamente, pois, ao
desenvolvimento desigual (que só beneficia a parcela mais
abastada da população, ou seja, uma pequena parte da população
tem acesso a uma parcela substancial da crescente produção de
bens e serviços, enquanto uma proporção muito grande é forçada a
sobreviver com o restante) e são mais crônicos e evidentes nas
áreas urbanas, já que em tais localidades é que existem elevadas
concentrações de populações pobres, provocadas, principalmente,
pelo êxodo rural dos últimos 50 (cinquenta) anos (provocado pela
não realização da reforma agrária; pela concentração da distribuição
dos investimentos na área urbana; pelo processo de
desenvolvimento segundo a fórmula do crescente endividamento
externo em boa parte das vezes improdutivo etc.), o qual superou o
crescimento populacional: neste período houve uma redistribuição
da população brasileira, que hoje é de 78% (setenta e oito por
cento) nas cidades e 22% (vinte e dois por cento) no campo.[761]
Acrescenta LUIZ SÉRGIO PHILIPPI que, nas grandes
cidades brasileiras, uma proporção considerável da população
enfrenta condições de vida bastante precárias. Segundo ele, a
degradação associada à pobreza é uma consequência direta da
degradação associada à riqueza e é muito visível. Os problemas
ambientais urbanos comuns aos países industrializados (a poluição
do ar, da água e da terra) são reforçados por um crescimento
demográfico desordenado e com baixíssimos padrões de qualidade
de vida. Uma grande parcela da população urbana do terceiro
mundo, devido à sua miserável condição financeira (agravada pelo
longo período de recessão que atravessamos), caracteriza-se por
viver espremida em moradias inadequadas, em terrenos ilegais ou
com condições desfavoráveis, como encostas de morros, áreas
propensas a enchentes ou a altos índices de poluição. Sendo assim,
os assentamentos pobres apresentam consideráveis déficits dos
serviços básicos necessários para uma vida saudável e adequada.
E, ainda, por serem assentamentos ilegais, as autoridades públicas
relutam em prover tais serviços. Além disso, muitas vezes os
assentamentos são alagados e infestados com lixo, tornando-se
criadouros ideais para ratos, insetos e outros transmissores de
doenças. Frequentemente ocorrem problemas de hábitos
inadequados de higiene nos assentamentos pobres. Isso tende a
acontecer onde é elevada a concentração de migrantes recém
chegados da zona rural, com muitos portadores de doenças
infecciosas e com deficiências educacionais que resultam em
hábitos sociais e de higiene inadequados. Muitas vezes o lixo
doméstico se acumula próximos às casas. Esse fato, aliado às
condições sanitárias, vem criando condições propícias para a
disseminação de doenças tipicamente rurais em áreas urbanas.
Finalmente, o ambiente físico e social inadequado das populações
urbanas de baixa renda é favorável aos acidentes domésticos e de
rua, à alienação, ao estresse e à instabilidade social. São elevados
os níveis de desemprego e subemprego, assim como os de
criminalidade.[762]
Este conjunto de impactos ambientais (típico do
desenvolvimento desigual) constitui o âmago de importantíssimas
questões ambientais, enfatizadas pela relação entre a pobreza, o
déficit sanitário e o meio ambiente, que desafiam a eficácia da
legislação ambiental em vigor no Brasil.
Perguntamos, ainda: – Qual a eficácia da norma contida no
art. 24 do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008, nos bolsões de
inviabilidade econômica, onde a luta pela simples sobrevivência faz
com que a necessidade de matar ou capturar animais silvestres seja
muito mais forte que o temor pela penalidade prevista na norma
jurídica? Como impor temor pela sanção legal, que proíbe a captura
ou caça de animais silvestres, a uma família de assentados ou
posseiros, sem recursos financeiros para plantio ou para sustento
mínimo, acampada nas proximidades de Reserva Biológica –
REBIO ou Reserva de Fauna declarada de preservação
permanente?
Aos olhos de muitas pessoas, este questionamento pode
parecer à primeira vista uma “grande bobagem”. Todavia, é público
que o Brasil se constitui, hoje, um país onde a pobreza, a miséria, o
desemprego e o quadro de exclusão social é muitíssimo
significativo. Tanto é que 60 milhões de pessoas que vivem no Brasil
estão nesta deplorável situação. Já neste início do século XXI, o
Brasil apresenta a fantástica estatística de 37% (trinta e sete por
cento) da população vivendo abaixo da linha da pobreza.[763] Sob os
efeitos do processo de globalização da economia, esta percentagem
tende a crescer.
Certo é que o processo de globalização da economia tem
proporcionado ao Brasil e a outros países do Terceiro Mundo, que
lutam desesperada e desordenadamente para se desenvolver,
impactos positivos e negativos do ponto de vista econômico, social,
cultural, tecnológico e ambiental. Esse fenômeno mundial de
integração econômica impõe homogeneização de gostos, por
intermédio de mecanismos publicitários e de marketing, rompendo
os elos culturais e desconstruindo identidades próprias de cada
grupo social; esse destruidor de culturas determina a qualidade de
vida de um grupo social por meio de imposições do livre mercado, o
qual produz a exclusão de boa parte da população menos
favorecida e, ao mesmo tempo, oferece aos que conseguiram nele
permanecer o consumo de bens apoiado numa maciça campanha
de transformar o supérfluo em necessidade.[764] Todavia, no âmbito
econômico, os efeitos negativos tendem quase sempre a superar
em muito os efeitos positivos, especialmente pelo fato de o Brasil
depender substancialmente de tecnologias e conhecimentos
oriundos de países desenvolvidos e, por isso mesmo, não ter como
concorrer de igual para igual no mercado globalizado. Como o
governo brasileiro vem se engajando cada vez mais no sistema
globalizado, devemos esperar mais pobreza, mais miséria, mais
subconsumo, mais desemprego, mais acesso desigual aos meios
produtivos, mais falta de acesso ao conhecimento científico e
tecnológico, maior exclusão social (desajustes sociais), mais
conflitos políticos e econômicos, mais violação dos direitos humanos
básicos, mais dominação, mais opressão e maior perda de
liberdade.
O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, edição de
1999, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD, com base em dados de 1997 para 174
(cento e setenta e quatro) países, concluiu que o planeta estava
chegando às vésperas do século XXI com desigualdades mundiais
na renda e níveis de vida de proporções realmente assustadoras: “a
diferença de renda entre os 20% mais ricos da população mundial e
os 20% mais pobres, medida pela renda nacional média, aumentou
de 30 para 1 em 1960 e para 74 para 1 em 1997”. O Relatório
concluiu, ainda, que a integração econômica do planeta (chamada
de “globalização”) tem contribuído para aumentar as desigualdades,
bem como que os desníveis sociais não aumentaram apenas entre
países, mas também dentro de certos países. Mesmo nações ricas
como aquelas da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico – OCDE, que tem em seu quadro os
29 (vinte e nove) países supostamente mais industrializados do
mundo, constataram grandes aumentos na desigualdade depois dos
anos 80. Estes dados do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD dão legitimidade à tese no sentido da
existência de uma globalização essencialmente assimétrica (em
benefício de poucos), muito distante da utópica globalização
simétrica almejada por muitos. Os números da assimetria em nível
global indicam que a parcela de 20% (vinte por cento) da população
mundial que vive nos paises de renda mais elevada concentra: a)
86% (oitenta e seis por cento) do Produto Interno Bruto – PIB
mundial; b) 82% (oitenta e dois por cento) das exportações
mundiais; c) 68% (sessenta e oito por cento) do investimento direto
(aquele que se destina à produção, não a papéis); e d) 74% (setenta
e quatro por cento) das linhas telefônicas. Para os 20% (vinte por
cento) mais pobres, resta, de todos estes itens, apenas 1% (um por
cento), com exceção do número de telefones (1,5%).
Com tanta gente vivendo abaixo da linha da pobreza, é muito
difícil conscientizá-las da necessidade de que cada um deve
empenhar-se na preservação do meio ambiente, de que cada um
deve sensibilizar-se pela proteção da fauna e da flora. Portanto,
preservação do meio ambiente não se harmoniza muito bem com
estado de absoluta inviabilidade econômica. Entre sobreviver e
matar um animal silvestre é evidente que o ser humano (“sem-
alimento”), levado inclusive pelo instinto de sobrevivência, muito
natural em todas as espécies de seres vivos, optará pela caça do
animal silvestre, esteja ele incluído ou não na relação dos que se
encontram “em extinção”.
Perguntamos, finalmente: – Qual a eficácia da norma contida
no art. 25 da Lei n° 9.985, de 18.07.2000, nas localidades em que
os socialmente excluídos não tem onde morar (em vista não
poderem comprar um imóvel por mais simples que seja, nem alugar
uma residência onde possa instalar sua família) e precisam cortar
árvores, mesmo sem autorização do poder público, nas zonas de
amortecimento de áreas de preservação permanente? Entre viver
vagando sem local seco, seguro e adequado para se alojar e cortar
árvores para, pelo menos, com suas próprias mãos, construir um
modesto “barraco” no meio do mato, onde possa ficar abrigado da
chuva, do vento, do sol e de outras intemperanças, certamente o
“sem-teto” vai ignorar o conteúdo da norma jurídica e vai cortar
tantas árvores protegidas quanto forem necessárias para construir o
seu “barraco”.
Este é mais um dos elementos que compõem o “sistema de
armadilhas da pobreza”, o qual impõe uma forte degradação na
qualidade de vida de milhões de pessoas e, por via de
consequência, acaba por fortalecer decisivamente o vínculo entre a
pobreza e a tensão ambiental. No mesmo sentido, DURNING
menciona que o perfil da pobreza torna-se cada vez mais ambiental.
Os pobres não apenas sofrem desproporcionalmente devido aos
danos ao meio ambiente, provocados por aqueles que se encontram
em melhores condições, mas eles próprios se convertem em uma
das causas mais importantes do declínio ecológico.[765]
Outros autores, a sua maneira, apoiam a tese por nós ora
sustentada. Por exemplo, JAIME TADEU OLIVA e SÔNIA MARINA
MUHRINGER, citando os Parâmetros Curriculares Nacionais,
mencionam que, apesar de o Brasil possuir um dos mais bem
elaborados sistemas de leis de preservação ambiental, nossa
realidade é extremamente problemática, pois essas leis não são
cumpridas, pelo desconhecimento da população, por descaso das
autoridades ou por diversos outros fatores. Em vista disso
questionam o seguinte: “– Será que essa legislação ambiental é
respeitada e de fato favorece a sustentabilidade ou a conservação
do meio ambiente?” Mais adiante advogam que a questão das
relações entre uma legislação e seus efeitos reais é inevitavelmente
muita complexa, pois a efetividade das leis é sempre muito relativa.
E no caso da legislação ambiental isso não é diferente da regra
geral, e talvez, possua algumas agravantes, a saber: 1) a maioria da
legislação sobre meio ambiente é recente, logo, pouco conhecida,
principalmente pelo cidadão comum, o que dificulta a cobrança da
sociedade; 2) nada precisa de mais detalhamento em relação a
cada lugar geográfico do que uma legislação ambiental, isso porque
algumas decisões de caráter genérico de proteção ambiental podem
ser absolutamente inócuas em certos lugares. E essa especificação
para a diversidade dos ambientes está longe de ser feita. Somadas
a essas duas características, temos outras dificuldades ligadas à
estrutura e ao funcionamento do Estado brasileiro em todos os
níveis, e mesmo uma certa indiferença das forças políticas quanto à
necessidade das restrições de uso do meio ambiente. Em função
disso, além do necessário exame crítico da qualidade dessa
legislação, podemos afirmar que a maior parte dessa legislação não
é cumprida de maneira adequada.[766]
Não devemos imaginar que esta “crise de imperatividade e
de eficácia” está restrita ao âmbito ambiental. Em outras áreas, as
normas jurídicas imperativas e rígidas têm, também, se mostrado
um verdadeiro fracasso, entre elas podemos citar as normas de
natureza econômica, ou de intervenção do Estado na economia.
Todavia, por ser um campo que exige uma resposta governamental
muito mais rápida, é visível transformações na estrutura normativa.
As autoridades burocratas e econômicas perceberam, já há
algum tempo, que um dos aspectos mais importantes do mundo
jurídico é o relativo à sanção. Pode esta ser vista como a garantia
do cumprimento do conteúdo da norma jurídica. Esta garantia pode
revestir a forma de uma penalidade, mas pode também, em maior
número de casos, manifestar-se como premialidade. Tudo está a
depender do conteúdo jurídico cujo cumprimento se pretende
garantir.[767]
A maioria das normas interventoras anteriores às atuais
assumia um caráter proibitivo e repressivo, não se pretendendo com
elas levar os entes privados a adaptar certos comportamentos ou a
efetuar certas prestações positivas conformes ao interesse geral
definido pelas autoridades. É por esta razão que se fala, para
caracterizar esta forma de intervenção, que se prolongou, com a
exceção do período mercantilista, até ao final da I Grande Guerra,
de um dirigismo econômico negativo, assente em simples atos
preventivos e repressivos das autoridades. No modelo jurídico do
Estado Liberal não havia normas interventoras, já que este modelo
se caracterizava pela separação absoluta entre o direito público e o
direito privado e o predomínio da autonomia da vontade privada na
esfera econômica. O direito público era considerado como
absolutamente impermeável à economia, que era exclusiva da
esfera da atividade privada e consequentemente do direito privado.
Os interesses da coletividade eram aí realizados espontaneamente
por meio do livre jogo da iniciativa e do risco individuais; estes
permeáveis tão só ao direito privado comum e ao direito comercial.
O lugar privilegiado para a manifestação da liberdade individual na
esfera econômica era o mercado. Este se configura como um
sistema de confronto e harmonização de interesses individuais,
baseado em regras próprias, impermeáveis à vontade do Estado.
Neste sentido se pode dizer que do ponto de vista do pensamento
liberal, o mercado é uma barreira ao Estado, uma zona livre da sua
intervenção e, portanto, um critério visível da liberdade individual.[768]
Segundo o novo entendimento do Estado de Direito, a
intervenção dos Poderes Públicos na economia modificou não só o
conteúdo da lei constitucional e legislativa, mas também fez colocar
em novos moldes a questão do conceito de Estado de Direito. A
intervenção do Estado na economia obrigou, porém, a lei
constitucional a assumir novo conteúdo e que se traduziu
nomeadamente no reconhecimento de direitos e deveres
econômicos e sociais, bem como na tomada de posição a favor de
uma certa e determinada ordem econômica a construir. O Estado de
Direito torna-se assim permeável a conteúdos socioeconômicos que
alteram o seu entendimento.[769] Ele transforma-se de garantia dos
limites do Poder e do respeito pela liberdade individual em um
programa normativo de realizações. E como programa normativo de
realizações, a intervenção estatal passou a adotar, não mais normas
interventoras de caráter proibitivo e repressivo como em tempos
distantes, mas normas interventoras de caráter meramente
orientador ou de prêmio. Para fazer cumprir as diretrizes que são
traçadas pelo Estado, ele próprio abandonou a proibição e a
repressão e passou a utilizar a motivação por meio da premiação.
Ao estabelecer metas econômicas a serem atingidas, não
pode o legislador pretender assegurar o seu cumprimento por meio
da imposição de sanções penais, sem correr o risco grave do
descumprimento e da impunibilidade. A coercibilidade (possibilidade
de cumprimento não espontâneo da norma) econômica se rege por
parâmetros bem diferentes. O Estado para atingir seus objetivos
promocionais, para levar as empresas a aderir ao plano e aos
programas por ele propostos, se vale de uma técnica nova para
garantir o cumprimento da Lei. As metas econômicas fixadas pelo
Estado são mais eficazmente alcançadas por meio da imposição de
sanções premiais. Aquelas empresas que aderem aos objetivos
estabelecidos pelo governo são premiadas com a concessão de
subsídios fiscais, abatimentos e descontos no Imposto de Renda, de
privilégios para importação de equipamentos e matéria prima, de
empréstimos favorecidos etc. A coercibilidade econômica se
manifesta também por meio de premiações de caráter moral, tais
como restrições ao bom nome (impedimento imposto pelo Banco
Central no sentido de não poder obter talonário de cheque e
empréstimo bancário subsidiado) ou inclusões em listas negras (por
exemplo, lista de proibidos a participar de licitação pública no âmbito
da administração pública federal).[770]

3.12.3 A construção de uma nova ordem ambiental

A exemplo do que aconteceu com a ordem econômica, as


peculiaridades do meio ambiente e dos recursos naturais também
reclamam a construção de uma nova ordem ambiental. O dirigismo
ambiental negativo, assente em simples atos preventivos e
repressivos das autoridades ambientais, tem mostrado ser uma
forma de intervenção do Estado nas questões ambientais já
bastante ultrapassada. Portanto, a busca de efetiva eficácia das
normas jurídicas ambientais queda-se pela necessidade de se
construir uma nova ordem ambiental. A coercibilidade ambiental
(possibilidade de se conseguir de forma coercitiva o cumprimento da
norma ambiental) se deve reger por parâmetros próprios e
diferentes dos parâmetros que se mostraram adequados para outras
áreas (econômica, tributária, financeira, comercial etc.). Talvez o
sistema constituído apenas por normas de caráter meramente
orientador ou de prêmio não seja suficientemente adequado ao
âmbito ambiental. De qualquer forma, está mais do que
demonstrado que o sistema baseado apenas em normas
interventoras de caráter proibitivo e repressivo também não é
apropriado para solucionar os gravíssimos problemas ambientais.
A nosso ver, pelo lado jurídico, entendemos mais adequado
um sistema misto, no qual se possa aplicar harmoniosamente
normas ambientais de caráter meramente orientador ou de prêmio,
apoiadas em alguns pontos de alto risco por normas ambientais de
caráter proibitivo e repressivo. Porém, tal sistema deve fazer parte
de um conjunto de medidas muito mais amplo, pois sua eficácia
jurídica é diretamente dependente da adoção de atos inerentes a
outras áreas não localizadas dentro do campo jurídico,
principalmente no que diz respeito à gestão ambiental.[771]
A propósito, LUÍZ LEGAZ Y LACAMBRA lembra que a
garantia do direito é todo fator suscetível de atuar com eficácia
como meio de assegurar a vigência do mesmo. A vigência de uma
ordem jurídica implica um mínimo de aceitação por parte da
sociedade, e tanto mais vigente está um ordenamento quanto maior
seja o grau e acatamento que recebe e menor, por conseguinte, o
número de vontades rebeldes a suas normas.[772]
As questões ambientais extrapolam e muito o campo jurídico
e abrange o campo de várias outras ciências. Todavia, as questões
ambientais constituem um problema eminentemente social, de difícil
solução nos casos em que não se consiga levar uma sociedade a
criar hábitos, costumes e valores ambientalmente corretos. Para que
isto se torne realidade, entendemos que adotar apenas o caminho
jurídico não é o mais recomendado. Uma lei proibitiva e repressiva
existe porque a comunidade, onde ela se aplica, tende a proceder
em contrário. Nas comunidades em que se age naturalmente no
mesmo sentido que a lei determina, esta lei tende ao
desaparecimento ou é inócua. No entanto, as leis que são contrárias
à natureza, à necessidade e às tendências imutáveis do ser humano
tendem à ilegitimidade social, a desobediência generalizada e a
serem substituídas por costumes alternativos. Portanto, a fim de se
ter soluções efetivas para as questões ambientais de grande
relevância se deve criar hábitos, costumes e valores
ambientalmente corretos, adequando-os à natureza, à necessidade
e às tendências imutáveis do ser humano, e, concomitantemente,
dotar as pessoas da capacidade efetiva em satisfazer suas
necessidades básicas (inclusão social).
É sabido que o homem é um ser em ação, que elabora
planos e dirige o seu movimento, com o objetivo de alcançar
determinados fins. Segundo PAULO NADER, a escolha desses fins
não é feita por acaso, mas em função do que o homem considera
importante à sua vida, de acordo com os valores que elege. A
atividade humana, em última análise, é motivada pelos valores.
Estes assumem a condição de fator decisivo, determinante dos
projetos que o homem constrói e de cada providência que toma.
Para ele, a ideia de valor está vinculada às necessidades humanas.
Só se atribui valor a algo, na medida em que este pode atender a
alguma necessidade. Assim, a necessidade gera o valor; este
coloca o homem em ação, que por sua vez vai produzir algum
resultado prático: a obtenção de algum objeto natural ou cultural, ou
a mentalização e vivência espiritual de objeto ideal ou metafísico. A
ideia de valor se compreende na noção que temos entre o bem e o
mal, entre as coisas que promovem o homem e as que o destroem.
O valor não existe no ar, desvinculado dos objetos. Vem impregnado
na realidade, na existência. Todo processo cultural é estruturado
com vista à realização de um valor próprio. A Estética existe em
função do “belo”, a Técnica visa a alcançar o “útil”, a Moral projeta o
“bem”, a Religião valora a “divindade” e o direito tem na “justiça” a
sua causa principal.[773]
Todavia, a solução das questões ambientais exige criação de
uma ampla malha de valores compromissados com a preservação
do meio ambiente e dos recursos naturais, envolvendo todo o
processo cultural. De maneira que passaríamos a falar da Estética
que existisse em função do “ambientalmente belo”, a Técnica
visando a alcançar o “útil e ecologicamente limpo, ao mesmo
tempo”, a Moral projetando a elevação do meio ambiente
preservado à categoria de “bem” e da sua degradação, seja ela de
que espécie for, à categoria de “mal” e o direito atrelar a
preservação da natureza à ideia de justo.
Em suma, para dar soluções efetivas e definitivas às
questões ambientais, não basta expedir normas jurídicas de
maneira maciça, complexa e atabalhoada, serão necessários, no
mínimo, duas medidas extrajurídicas básicas: a) levar as pessoas a
modificar suas ações materiais; e b) introduzir novos métodos de
gestão do meio ambiente e dos recursos naturais. Para tanto, deve-
se buscar um “compromisso entre governo e as comunidades”. A
participação comunitária nos processos de decisão e de gestão
ambiental é fundamental, ou seja, é necessário que as pessoas
façam parte do planejamento e da gestão de usos (manejo) dos
recursos naturais dos ecossistemas onde elas vivem, bem como
participem de soluções dos problemas gerados pela sociedade e
suas implicações no meio.
Segundo ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e LUIZ
SÉRGIO PHILIPPI, isto significa dizer que a gestão ambiental deva
ser compartilhada por, pelo menos, 2 (dois) diferentes setores: a)
governo (federal, distrital, estadual e municipal); e b) sociedade civil.
Lembramos que existem 3 (três) categorias de modelos de gestão
ambiental: a) gestão pelo governo, por meio de instrumento legais;
b) gestão pelo mercado, quando o mercado define critérios de usos
e de bens; e c) gestão pela comunidade.[774] Todavia, o que se
verifica na maioria das vezes é que apesar da Constituição Federal
ressaltar o caráter da descentralização, o poder não é
descentralizado, gerando nos indivíduos um descompromisso com
as questões ambientais coletivas e/ou públicas.[775]
Como métodos dessa atuação participativa no âmbito
ambiental, sugerimos a adoção de medidas já consagradas em
outras áreas. A título de ilustração, citamos o combate à seca na
Região Nordeste, o qual criou o sistema de absorção da mão-de-
obra retirante na construção de açudes. Por meio desse método
simples e eficaz, tocam-se obras importantes contra a seca no
Nordeste e, ao mesmo tempo, proporcionam-se meios de
subsistência à população de baixa renda, vítima dos impiedosos
efeitos da estiagem prolongada. Este método poderia ser utilizado
também no campo ambiental, criando-se, por exemplo, frentes de
trabalho para a população pobre encravada nas zonas de
amortecimento das áreas de proteção permanente, a fim de se
realizar atividades importantes para a unidade de preservação
(construção de cercas, replantio de flora nativa etc.) e, ao mesmo
tempo, proporcionar meios de subsistência para os socialmente
excluídos, com o apoio de atividades relacionadas com a educação
ambiental não-formal (processo de elucidação ambiental que se
destina à comunidade como um todo). Como se vê, não basta
apenas proibir o corte de árvores, proibir a caça de animais
silvestres e proibir o despejo de resíduos ou sobras em lugares não
apropriados, é necessário criar condições para a comunidade
compreender a necessidade de preservar o meio ambiente e os
recursos naturais, subsistir com os meios alternativos e se engajar
no manejo participativo e correto da natureza.
Acrescenta ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA e
LUIZ SÉRGIO PHILIPPI que as ações e medidas de gestão
ambiental visando produzir soluções válidas para as questões
ambientais, podem ser: 1) ações de natureza preventiva –
destinadas a evitar novas formas de degradação, que são as
seguintes: a) educação ambiental;[776] b) licenciamento ambiental de
atividades potencialmente poluidoras ou degradadoras; c) avaliação
de impactos ambientais para grandes obras; d) programas e planos
diretores de utilização de recursos ambientais; e)criação de
unidades de conservação;[777] 2) ações de natureza corretiva
(destinadas a recuperar a qualidade ambiental), que são as
seguintes: a) educação sobre o consumo, necessidades e
superficialidades; b) incentivos econômicos para aquisição de
equipamentos; c) investimentos em pesquisa; d) plano de
recuperação de sistemas ambientais; e) controle ambiental
(fiscalização e acompanhamento) por parte do governo das
atividades que utilizem e poluam o meio ambiente; 3) ações de
natureza de potencialização (destinadas a otimizar as formas de
utilização dos recursos ambientais, ou seja, destinadas à prevenção
de novos danos ao meio ambiente, implicando a alteração das
formas tradicionais de utilização, em benefício do desenvolvimento),
que são as seguintes: a) educação sobre o consumo, necessidades
e superficialidades; b) reciclagem de rejeitos;[778] c) racionalização
do uso da energia; d) aproveitamento de fontes alternativas de
energia; e) desenvolvimento de tecnologia limpa; f) mudança de
comportamento dos grupos sociais.[779]
Quanto à designação “barafunda de documentos legais”
utilizada como referência ao excesso de normas jurídicas
ambientais, entendemos que a preservação do meio ambiente e dos
recursos naturais exige um bom número de disposições normativas
harmoniosas e eficazes, e não uma infinidade de leis, decretos e
outras espécies de normas jurídicas isoladas, ineficazes e/ou em
confronto uns com os outros.
Os códigos são construções sistemáticas e orgânicas de
preceitos jurídicos. A partir dos séculos XVIII e XIX, tomou ênfase o
movimento codificador que procurou alcançar uma sistematização
nacional do ordenamento jurídico. O fenômeno econômico, por
exemplo, que se caracteriza pela sua mais firme aderência ao
concreto, ao essencialmente mutável, não se coaduna com normas
sistematizadas com intuito de perenizar os princípios. Todavia, o
corpo de normas jurídicas ambientais não se centraliza em torno de
metas a serem atingidas por determinadas políticas ambientais. A
condução da política ambiental depende intimamente de princípios
jurídicos de natureza ambiental que necessitam serem codificados,
ou seja, necessitam se integrar a um corpo único e harmonioso,
justamente porque sua imutabilidade exige normas jurídicas que
perenizem os princípios ambientais.
CAPÍTULO 4 – O DIREITO
CONSTITUCIONAL DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS

4.1 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS ANTES
DA CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE
1824
A ideia de proteção da natureza é muito mais remota do que
geralmente, na atualidade, se imagina. Esta ideia já existia, pelo
menos, na Antiguidade. Por exemplo, o imperador hindu Asoka, em
242 a. C., expediu uma espécie de decreto imperial de proteção aos
animais terrestres, peixes e florestas. Outrossim, Marco Polo, ao
confiar suas recordações de viagem a Rustichello de Pisa que, com
base nelas, escreveu O livro das maravilhas, depois chamado O
milhão, registrou que, em todos os lugares onde passava Kublai
Khan, o imperador mongol da China e de todos os tártaros (“Grã-
Cã”), neto de Gêngis Khan e fundador da dinastia Yuan (1294-
1368), ele exercia efetivamente a sua senhoria, ao determinar que
nenhum rei, barão ou algum outro homem poderia apanhar ou caçar
lebres, cabritos, cervos ou qualquer outro animal que procriasse, a
partir do mês de março até outubro. Quem se atrevesse a contrariar
tal ordem, era duramente punido. Segundo ele, “o grande senhor é
tão bem respeitado e obedecido que até as lebres, os cabritos, os
cervos e os outros animais de que tive ocasião de falar chegam
muitas vezes perto dele: e o ‘Grã-Cã’ não lhes toca nem lhes faz
mal”.[780]
No entanto, as normas ambientais que tiveram alguma
importância para a população do Brasil remontam a legislação
portuguesa aplicada em território brasileiro na época colonial.
Apesar do fato de os portugueses e demais europeus que
desembarcaram no continente americano estarem dominados pela
concepção de que as “coisas nocivas e selvagens da natureza”
devem ser destruídas, cortadas ou queimadas, lei de 1605 da Coroa
portuguesa foi emitida, visando à criação de reservas extrativistas,
exclusivas para a realeza que passou a controlar o corte do pau-
brasil e criar a função de guardas florestais. Posteriormente, para
ser mais exato, em 1635, foi elaborado o chamado Regimento do
Pau-Brasil, pelo qual criou-se, no Brasil, as áreas de conservação
(uso racional dos recursos naturais), denominadas “Conservatórias”,
que objetivavam a proteção do pau-brasil como propriedade real.
Segundo este Regimento, a partir de então ficou proibido o corte
dessa árvore sem expressa autorização das autoridades públicas.
Por sinal, ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA
esclarece que a criação das chamadas “Conservatórias”, a criação
da função de guarda florestal e a determinação normativa de
proteção do pau-brasil foram ações que podem ser consideradas
umas das primeiras preocupações quanto ao meio ambiente
brasileiro. Além disso, a ideia de reservas florestais, surgida com a
lei de 1605 da Coroa portuguesa, auxiliou o estabelecimento de uma
necessidade de estudo ambiental.[781]
A partir de 1650, durante a regência de Dom Felipe I,
Portugal teve que se submeter a uma série de leis, em seu conjunto
denominadas de “Ordenações Filipinas”. As Ordenações Filipinas,
apesar de antigas, abrangeram diversas áreas, inclusive de
significativa ênfase à conservação dos recursos naturais renováveis.
A legislação seiscentista, no que tange à proteção da caça,
era bastante complexa e revelava uma boa compreensão dos limites
da natureza. Dispunha ela que, no Reino Português, “pessoa
alguma não mate, nem cace perdizes, lebres, coelhos com boi,[782]
nem com fios de arame, nem com outros alguns; nem tome, nem
quebre ovos das perdizes, sobe pena de pagar na cadeia dois mil
reis de cada vez que nisso for achado, ou lhe for provado dentro de
dois meses, e mais perder as armadilhas. Nessas mesmas penas
incorrerão as pessoas, no poder ou casas forem achadas as
armadilhas, sejam elas suas ou alheias”.
Portanto, já naquela época proibia-se os artefatos de caça de
características predatórias. Inclusive, a complexidade da legislação
seiscentista chegava a ponto de limitar, intencionalmente, o fluxo de
abate da caça de forma paralela à existência de proibições relativas
ao consumo e quebra de ovos, a fim de proteger os mecanismos de
reprodução. Outrossim, a simples posse dos instrumentos
predatórios implicava na violação da norma ambiental, sem que se
possa alegar que pertençam a outrem. Todavia, constata-se que, em
várias passagens das Ordenações Filipinas, nem sempre prevalecia
o princípio segundo o qual a lei era a mesma para todos, já que as
sanções pelo não cumprimento das disposições ali existentes
variavam conforme a classe social.[783]
Em relação à pesca em água doce, as Ordenações Filipinas
estabeleciam que, no Reino Português, “pessoa alguma não pesque
em rios, nem lagoas de água doce, com rede, covãos,[784] nassas,
[785]
tesões,[786] nem de algum outro modo, nos meses de março, abril
e maio, somente poder-se-á, pescar à cana com anzol. Nem se
poderá, outrossim, pescar nos ditos rios e lagoas, ainda que seja
fora dos ditos três meses, com redes da malha mais estreita da que
for limitada pela Câmara, nem com rede varredoura, lençóis,
trasmalhos,[787] nem gabritos dobrado,[788] posto que sejam feitos
pela Vitola, das Câmaras, nem pessoa alguma os tenha em sua
casa, nem fora dela. E mandamos que os Oficiais do Conselho
ordenem em Câmara, a largura da malha, de que devem ser as
ditas redes, para que, quando pescarem fora dos ditos três meses
da criação, não possam tomar peixe miúdo; do que se fará assento
nos livros da Câmara, e pela Vitola, que assim ordenarem, que nas
Câmaras estará, se farão as ditas redes”. Como se pode observar,
tal qual ocorria com as normas de proteção à caça, a legislação
sobre pesca em água doce tinha por base a técnica utilizada na sua
realização. Além disso, vale destacar que as sanções se referiam
não só à proibição total mas também às restrições dos métodos ou
técnicas permitidas.
Quanto ao controle de reservas florestais, as Ordenações
Filipinas controlavam tanto o abate de árvores como sua utilização.
Em tais Ordenações havia norma no sentido de que aquele que
“cortar árvores de fruto, em qualquer parte que estiver, pagará a
estimação dela ao seu dono em três dobro. E se o dano que assim
fizer nas árvores for valia de quatro mil réis, será açoutado e
degradado quatro anos para África. E se for valia de trinta cruzados,
e daí para cima, será degradado para sempre para o Brasil”.
Portanto, esta disposição foi uma das primeiras normas de política
florestal que protegia especificamente as árvores frutíferas.
Além disso, as Ordenações Filipinas dispunham que “pessoa
alguma não corte, nem mande cortar sovereiro,[789] carvalho,
encinho, machieiro,[790] por o pé, nem mande fazer dele carvão nem
cinza; nem escasque, nem mande escascar, nem cenar algumas
das ditas árvores, desde onde entra o Rio Elga e fazendo contrário
vá degradado durante quatro anos para África, pague cem
cruzados, e perca o carvão e cinza, a metade para quem o acusar e
a outra para os cativos. E se for peão, além disso seja açoitado.
Porém os que tiverem sovereiros próprios os poderão cortar, não
sendo para carvão ou cinza; e cortando-os, para isso, incorrerão nas
ditas penas”. Como se pode observar, dessa disposição emanava
um cuidado especial com a questão social, com o estoque de
árvores nobres em Portugal, sem importar a quem pertencessem
tais árvores. De maneira que, já naquela época, a legislação
seiscentista portuguesa primava pela preservação do patrimônio
social sobrepondo-se à propriedade individual (função social da
propriedade).
Em relação às queimadas, as Ordenações Filipinas foram
bastante rigorosas e demonstravam a astúcia do legislador
português. Dispunha ela que “nenhuma pessoa, de qualquer
qualidade e condição que seja, ponha fogo em parte alguma; e
pondo-se fogo em algum lugar, de que se possa seguir dano,
acudam e façam a eles acudir com muita diligência, para prestes se
haverem se apagar, fazendo para isso os constrangimentos, que
lhes necessários parecerem. E se achar culpado no pôr do fogo, de
que se seguir danos, algum escravo, seja açoitado publicamente, e
ficará na vontade do seu senhor, pagar o dano, que o fogo fez, ou
dar o escravo para se vender, e do preço se pagar o dito dano. E se
o culpado for homem livre, sendo peão, seja preso, e de cadeia
pague o dano, e mais seja açoitado com baraço e pregão pela Vila e
degradado por dois anos para África. E porque alguns, por caçarem
nas queimadas, ou fazerem carvão, ou pastarem com seus gados,
põem escondidamente fogo nos matos, para se poderem aproveitar
das queimadas e porque não se sabem que o fez, não são
castigados; mandamos, que pessoa alguma, não cace em
queimada, do dia que foi posto o fogo, de que se seguiu algum
dano, a trinta dias, nem entre nela a pastar com seu gado até a
Pachoa florida, e carvoeiro algum não faça nela carvão, até dois
anos”. Como se vê, com tal dispositivo, o antigo Estado português
proibia o aproveitamento do que sobrava de uma mata queimada,
desestimulando desta forma o ato incendiário.
Em relação ao controle de poluição das águas, as
Ordenações Filipinas proibiam que se poluíssem as águas a ponto
de afetar a fauna ictiológica. Nesse sentido dispunha que “pessoa
alguma, não lance nos rios e lagoas, em qualquer tempo do ano,
trovisco,[791] barbasco,[792] cal, coca, nem outro algum material com
que se o peixe mata e quem o fizer, sendo fidalgo ou escudeiro ou
daí para cima, pela primeira vez, seja degradado por um ano para
África e pague três mil réis. E sendo de menor qualidade, seja
publicamente açoitado com baraço e pregão, o que assim havemos
por bem se não mate a criação do peixe, nem se corrompam às
águas dos rios e lagos, em que o gado bebe”. Portanto, constata-se
que as disposições portuguesas da época contra a poluição dos rios
e lagoas eram rigorosas e proibiam, automaticamente, o despejo de
substâncias que matavam os peixes ou tornavam insalubre a água.
Na legislação especificamente relativa à administração
colonial, a mesma preocupação do legislador português ficou
evidenciada em decretos e leis, ou em instruções aos governadores
e às pessoas envolvidas na administração colonial. Todavia, apesar
da intenção do legislador português de coibir o uso predatório dos
recursos, a eficácia destas leis sempre deixou muito a desejar. Ao
contrário das Ordenações Manuelinas e das Ordenações Filipinas,
que sistematizaram a legislação aplicada em Portugal, a
administração colonial não teve preocupação de sistematizar as
normas em vigor na Colônia.[793]
Em relação à política da caça, as normas editadas pela
administração colonial eram muito genéricas. Entre elas podemos
citar a que estabelecia ser permitida a caça, a pesca e a
passarinhagem “a todos os súditos e moradores, providenciando os
conselheiros de modo que as diversas espécies de caça não sejam
destruídas e exterminadas por uma peregrinação desregrada e
excessiva, e não só se conservem as que já existem, como também
sejam para lá transportadas e introduzidas aquelas que ainda não
se encontram nestas regiões e nelas se podem aclimar”.
Quanto às prioridades no uso dos recursos florestais, a
administração colonial, baseando-se nas Ordenações Filipinas,
estabeleceu uma hierarquia no uso que se devia dar aos recursos
florestais, ao dispor o seguinte: “Primeiramente, hei por bem e
mando, que nenhuma pessoa possa cortar, nem mandar cortar o
dito pau-brasil, por si, ou seus escravos ou feitores seus, sem
expressa licença, ou escrito do Provedor-Mor e o que o contrário
fizer, incorrerá em pena de morte e confiscação de toda a sua
fazenda” (monopólio da Coroa sobre o pau-brasil). Prossegue a
referida norma estipulando que: “Uma das qualidades de madeira de
mais estimação e abundância, que há nesta Capitania, é Tapinhoã
que tem sido objeto de diversas ordens proibindo o uso aos
particulares (...) determinava que se não pudesse extrair esta
qualidade de madeira para fora deste porto, que não fosse para as
fábricas das naus de Sua Majestade, e que os vassalos portugueses
pudessem dela forrar os seus navios somente dentro do Porto, os
Sesmeiros serão obrigados a conservar os Tapinhoãs e Peroba que
se acharem, deixando de os cortar para outro algum caso, que não
seja de construção das naus da Coroa, cuidando da plantação
destas árvores (...) se recomende a execução do alvará (...) como
também as ordens que há a respeito do Tabuado de Tapinhoã
evitando-se o extravio e castigando-se os que o cometerem, com as
penas estabelecidas, e que nas Cartas de Sesmarias se continue a
por a cláusula de que os Sesmeiros serão obrigados a conservar os
paus reais para embarcações, particularmente o Tapinhoã e
Peroba”. Deste texto legal extrai-se a conclusão de que havia uma
séria preocupação portuguesa com os aspectos mais estratégicos
para a sua sobrevivência: a construção e manutenção de navios. As
madeiras de construção naval não podiam ser utilizadas para outros
fins. Como se vê, havia uma verdadeira hierarquia de uso,
sustentada aqui por razões estratégicas, que se sobrepõe aos
interesses privados dos sesmeiros, donos e posseiros.
Ainda quanto às prioridades no uso dos recursos florestais, a
norma acima mencionada acrescentava que a “administração das
matas e os rendimentos, que delas vêm, aos soberanos alemães,
seja na arquitetura das minas, seja nas fundições dos metais,
constitui um ramo atendível das suas finanças, e anda sempre unida
à administração das minas, sem as quais estas matas colocadas
nas montanhas, e no interior dos seus Estados lhes não seriam da
menor utilidade. Será necessário pois unir nos países mineiros à
administração das minas às dos bosques: mandar para elas homens
peritos, que ajuntem aos conhecimentos metalúrgicos, os botânicos,
que vigiem sobre a conservação dos bosques, por ora livres, e que
eles venham para o futuro a ser de mais utilidade à Coroa do que
tem sido (...). Com a abundância de carvão, que podemos ter, a não
se continuar na destruição dos bosques (...) não lhes venha a
vender Nossa Majestade o ferro por muito mais da metade do que o
vendem os fabricantes europeus”. Observa-se que aqui também
estava evidenciada a política de utilização dos recursos florestais
condicionada aos interesses sociais, ao invés de ser determinada
por seus proprietários.
Quanto à política de manejo florestal, há que se registrar que
o legislador colonial demonstrava saber o elementar, ou seja, que
existiam muitas maneiras de se explorar uma floresta, sendo umas
piores do que as outras. Entre algumas disposições daquela época,
podemos citar a seguinte: “Sendo sumamente necessário o
conhecimento da física das árvores para que não aconteça fazer-se
o corte em tempo incompetente, ou em ocasião em que os paus
estejam em princípio de ruir; o intendente tomará a este respeito
todas as cautelas necessárias, valendo-se dos precisos exames, e
daqueles conhecimentos que as pessoas antigas e práticas do país
e desta matéria pela sua experiência puderam sugerir (...) determino
que façais anualmente plantar a quantidade possível daquelas
árvores mais próprias para delas depois de estarem no seu devido
crescimento fazerem os cortes (...) quando esteja no sazão
conveniente para se cortar”. Nesta mesma norma, se dispunha que:
“Uma informação sobre os lugares mais fartos de árvores de
construção náutica, e sobre os lugares mais próprios para a
plantação dessas árvores, demanda um conhecimento miúdo e bem
verificado tanto aos indivíduos da espécie vegetal que fazem a
opulência da botânica aplicada e industrial”. Constata-se que o
texto, ora transcrito, além de declarar que a exploração florestal
constituía uma ciência, revelava as preocupações técnicas
referentes ao período do ano em que se devia fazer o corte das
árvores.
Ainda quanto à política de manejo florestal, a norma colonial
acima citada acrescenta que: “E toda pessoa que tomar mais
quantidade de pau de que lhe for dado licença, além de o perder
para minha fazenda (...) e passando de cem quintais morrerá por
ele, e perderá toda sua fazenda. (...) Para que se não corte mais
quantidades de paus de que eu tiver dado por contrato, nem se
carregue a cada Capitania, mais do que boamente se pode tirar
dela; hei por bem e mando que em cada um ano se faça repartição
da quantidade de pau que se há de cortar. Se terá respeito do
estado das matas de cada uma das Capitanias, para lhe não
carregarem mais nem menos paus que convém, para o beneficiário
das ditas matas. (...) Os meios mais úteis, não só para a
conservação de todas estas matas mais ainda para a regeneração
delas (...) são os de evitarem os roçados nas grossas matas (...) não
se abrindo nelas situações novas (...) não se precisa outra
providência (...) por ser a sucupira-mirim e o acary madeiras de
maior aumento. Continuando estas providências às matas, irão elas
cada vez em maior aumento, e nunca poderá haver falta nelas, por
serem os roçados e os fogos que neles se ateiam os que causavam
maior ruína. (...) Os antigos cortes de pau Brasil (...) foram
destruídos pela falta de método com que se fizeram estes cortes,
chegando à indiscreta ambição daqueles moradores a arrancar as
raízes de muitas árvores, para se aproveitarem do preço (...)”.
Observa-se que tal disposição aplicava às matas o mesmo princípio
de controle da caça e da pesca, ou seja, cada espécie tinha sua
capacidade de regeneração. Daí, não se podia extrair mais do que
dispunha esta capacidade de regeneração. Concomitantemente,
havia a preocupação de não se tirar da mata menos do que ela
podia produzir, uma vez que constituíam organismos vivos, que
deviam ser inteligentemente explorados pelo ser humano.
Além disso a norma em foco determinava que, “para maior
segurança da conservação dos sobreditos paus de lei e porque o
bem público exige o coarctar-se a liberdade de qualquer assolar e
sepultar para sempre o ferro e fogo tão preciosos tesouros, quais
são as grandes matas que a natureza levou séculos para formar,
nenhum dos sobreditos possuidores de terras poderá, debaixo de
qualquer causa e pretexto que for, derrubar e incendiar aquelas
matas e arvoredos que se chamam e forem reputadas matas
virgens, ainda que nelas se achem poucas madeiras de lei, com a
cominação de pena pecuniária, em dobro, de 50$000 pagas de
cadeia, aplicando-se a metade dela para a Fazenda Real pelo
prejuízo que recebe o incêndio dos paus de lei, cuja quantidade não
pode constar par (...) o incendiário ser também multado no seu justo
valor; e a mesma pena pecuniária será quadruplicada e aplicada do
mesmo modo se alguma pessoa incendiar voluntariamente qualquer
porção das matas reservadas para os reais cortes”.
As normas coloniais também revelavam que, já naquela
época, havia consciência do fato de que o fogo prejudica a
fertilidade e a capacidade da mata. Tanto é que havia a disposição
no seguinte sentido: “Porque muito mais importaria menos
engenhos com lenhas bastantes, que haver mais com falta de lenha,
e consumir-se de maneira que venha a faltar a todos, e perder-se
tudo”.
Em relação ao uso da terra, o legislador colonial
demonstrava, não raras vezes, preocupação com as consequências
de longo prazo. Assim é que prescrevia ele o seguinte: “E achando
que não são terras para dar pão nem outros frutos, ou que não
durarão em os dar, que se dando de sesmaria fariam um grande
impedimento ao comum proveito de todos (...) não os deem de
sesmaria. (...) E quanto às roças que se por temporada podem fazer
nos matos, ou maninhos de lugares, que não são para durarem
lavoura, por fraqueza da terra, onde estão mais, que um ano, dois
ou três, (...) e se acharem que as queimando, rompendo ou
cortando os ditos matos, ou árvores, será dano geral, ou a alguns
em particular (...) não deem as ditas terras para roças”.
Quanto a propriedade da terra e seu uso, a legislação das
sesmarias demonstrava grande preocupação da administração
colonial com o bom uso da terra. De maneira que se estabelecia o
seguinte: “porquanto algumas pessoas deixam de perder seus
olivais e colher mato, por não os quererem adubar, nem roçar, a
para lhos não pedirem de sesmarias, escavam, ou cultivam algumas
oliveiras e não querem roçar os matos; e outros que têm terras para
dar pão, as deixam encher de grandes matos, e soverais, e por lhos
não pedirem, lavram um pedaço de terra, e deixam toda a outra; e
alguns deixam perder as vinhas, e tornar em pousios, e adubam
umas poucas de cepas em um cabo, e outras em outro, e alegam
que as aproveitam; mandamos que os donos de tais bens, sejam
requeridos, e lhes sejam assinado termo, a que adubem os ditos
oliviais e vinhas, e as terras lavrem, e semeiem as folhas, segundo o
costume da terra. E se assim não o fizerem, passado o sito termo,
as deem de sesmarias. (...) E se acharem que as terras são tais,
que, sendo rotas e aproveitadas, ou lavradas, e semeadas, darão
pão, vinho, azeite, ou outros frutos, e que durarão em os dar a
tempos, ou a folhas, ou em cada um ano e que não darão grande
impedimento ao proveito geral dos moradores os pastos dos gados,
criações, e logramentos da lenha, e madeira para suas casas e
lavouras, deem os ditos maninhos de sesmarias; porque proveito
comum e geral é de todos haver na terra abastança de pão, e dos
outros frutos (...) obrigando os que tiverem terras de sesmarias, que
as cultive e povoe, conforme as obrigações com que lhes foram
dadas, e aos que as não cumprirem se tirarão e se darão a quem as
cultive e povoe, na repartição das ditas sesmarias fareis guardar o
regimento para que se não dê a uma pessoa tanta quantidade de
terra que não podendo povoá-lo nem cultivá-la, redunde em dano do
bem público e aumento do Estado”.
Do texto normativo acima transcrito podemos extrair alguns
princípios fundamentais de reforma agrária: 1) o interesse social
prevalecendo sobre o capricho individual ou o desleixo na
exploração da terra; 2) previne-se o legislador contra
tentativas de simulação por parte do proprietário ou sesmeiro, que
não estivesse realmente interessado pelo cultivo da terra; e 3) deve-
se levar em conta a extensão de terra que se consegue
efetivamente cultivar, sem prejuízo para o bem público nem para o
Estado.[794]
Finalmente, em relação à consciência da exploração
predatória, em 1797, foi assinada a primeira Carta Régia sobre a
conservação das florestas e madeiras como um todo e não somente
do pau-brasil, obviamente procurando preservar a mata para uso
extrativista, mas resultando na preservação de áreas, em que o
ambiente era pouco ou quase nada alterado. Inclusive, com base
nesta Carta Régia, os documentos da administração colonial
pertinente à regulamentação dos recursos naturais passaram a
prescrever o seguinte: “Sendo informado das muitas desordens que
se cometiam no corte do pau-brasil e na conservação dele, (...) se
seguiam muitos inconvenientes, e em breve tempo se extinguiria de
todo se se não atalhasse isto (...) Por ser informado, que as matas
que serviam ao benefício dos engenhos de açúcar, vão em muita
diminuição, sem embargo de alguns serem de pessoas particulares
(...) tomassem desta matéria informação necessária sobre o
remédio, que nisto se deve dar e que se conservassem quanto
pudessem ser, assim para o benefício dos açúcares, como das
madeiras para navios e outras fábricas. (...) Nesta Capitania da
Bahia já não há aquela abundância de madeira que havia em outros
tempos; porque as infinitas derrubadas, que no espaço de tantos
anos se tem feito, por causa das plantações, e para as
embarcações da Coroa, e dos particulares, são causas de estarem
destruídas as matas, de sorte que já se não encontra pau de
construção em todo o Recôncavo em menos distância de quatro
léguas dos rios navegáveis, por onde se possa conduzir para esta
cidade (...). Mas não é possível executar-se aqui a sua disposição
inteiramente; porque já não se acham madeiras de construção em
matas próximas aos rios”. Como se vê, apesar das inúmeras
lacunas que existiam no texto normativo colonial, ele demonstrava
com evidência a preocupação da administração portuguesa na
Colônia com a exploração predatória e suas consequências
dramáticas.
Posteriormente, já no início do século XIX, Dom João VI, que
havia sido expulso de Portugal, criava em 1808, por lei, o Jardim
Botânico, no Rio de Janeiro, onde, além da introdução de plantas
importadas, as plantas brasileiras começaram a serem apreciadas,
coletadas e estudadas, principalmente pelos cientistas que
acompanharam a corte portuguesa em seu exílio brasileiro. Na
opinião ANTÔNIO CARLOS MACHADO DA ROSA, essa ação,
embora representasse um início de interesse maior sobre o
ambiente brasileiro, não arrefeceu a destruição desenfreada da
Mata Atlântica, seja pela expansão agrícola, seja por outros
diferentes motivos. Outrossim, em 1812, para instruir os habitantes
da capitania em novos conhecimentos para o desenvolvimento da
produção vegetal, também por lei, Dom João VI estabeleceu na
Bahia um curso de agricultura, que junto com outras ações, como a
criação de diversos “hortos reais”, veio a contribuir para a educação
de brasileiros, na visão utilitarista da ciência iluminista, na qual fora
educado.[795]

4.2 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS NA
CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824
Já em 1823, havia um forte movimento motivado por novas
sensibilidades em relação à natureza, questionando a forma como a
humanidade a utilizava. Este movimento ambientalista brasileiro foi
muito bem representado pelo poeta, ministro e senador do Império
do Brasil, e grande orador JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E
SILVA (1827-1886), que, naquele mesmo ano, ao redigir “Uma
representação à Assembleia Constituinte e Legislativa do Império do
Brasil sobre a escravatura”, mencionou na parte final deste
documento, o seguinte: “A natureza fez tudo a nosso favor, nós,
porém, pouco ou nada temos feito a favor dela. Nossas terras estão
ermas e as poucas que temos roteado são mal cultivadas, porque o
são por braços indolentes e forçados. Nossas numerosas minas, por
falta de trabalhadores ativos e instruídos, estão desconhecidas ou
mal aproveitadas. Nossas preciosas matas vão desaparecendo,
vítimas do fogo, do machado destruidor, da ignorância e do
egoísmo. Nossos montes e encostas se vão escalvando diariamente
e, com o andar do tempo, certamente faltarão cair chuvas
fecundantes, para favorecerem a vegetação e alimentarem nossas
fontes e rios, sem o que, o nosso belo Brasil, em menos de dois
séculos, ficará reduzido aos páramos e desertos áridos da Líbia.
Virá então este dia, terrível e fatal, em que a ultrajada natureza se
ache vingada de tantos erros e crimes cometidos por nós humanos”.
A respeito dessas palavras sábias e proféticas, ANTÔNIO
CARLOS MACHADO DA ROSA destaca que é perfeitamente
perceptível que José Bonifácio de Andrade e Silva, formado em
mineralogia na Universidade de Coimbra, tinha muita clareza das
questões ambientais, como a relação entre a devastação das matas
e o ciclo das águas.[796] No entanto, infelizmente, as palavras do
ilustre ambientalista não repercutiram eficazmente entre os
membros da Assembleia Constituinte que se reunia para elaborar a
primeira Constituição do Brasil.
Vale lembrar que o Estado brasileiro constitucional, em seu
início, foi nítida e acentuadamente liberal, e a Constituição Imperial,
de 25.03.1824, foi embebida do princípio liberal, fazendo mesmo o
culto exagerado do individualismo, em cuja filosofia política
espontou o indivíduo-soberano. É o liberalismo político, cuja
compreensão só é possível em face das condições sócio-
econômicas correspondentes e que, estribando-se num sistema de
direitos garantidos, protege todas as liberdades humanas. Mais do
que isso: ultrapassa as raias do humano, para tornar-se anti-
humano e, por conseguinte, antissocial, porque, tudo permitindo
como direito individual, não interfere na atividade particular, motivo
pelo qual, o Estado liberal brasileiro, do período imperial, se faz
indiferente, em lamentável ausência, com mera função policial, nada
lhe competindo contra o indivíduo cultuado como um todo-poderoso.
[797]
Portanto, a Constituição Imperial de 1824 adotou a fórmula
laissez-faire, laissez-passer, segundo a qual o Estado não deveria
se intrometer nas atividades econômicas, que se auto-regulavam
livremente. Nessas circunstâncias, foi muito natural a Constituição
de 1824 não ter em seu texto qualquer referência a ordem
constitucional econômica e, muito menos, a questão da proteção do
meio ambiente. Ignorando, assim, tudo aquilo que José Bonifácio de
Andrade e Silva redigira em “Uma representação à Assembleia
Constituinte e Legislativa do Império do Brasil sobre a escravatura”.
Esta Constituição dispunha no seu art. 179, XXII, que “é
garantido o direito de propriedade em toda sua plenitude. Se o bem
público legalmente verificado exigir o uso, e emprego da
propriedade do cidadão, será ele previamente indenizado do valor
dela. A Lei marcará os casos em que terá lugar esta única exceção,
e dará as regras para se determinar a indenização”.
Como se pode verificar, predominava a existência dos
influxos jurídicos culturais da era napoleônica, que se faziam sentir
nos primórdios de nossa recém independente nação. O direito de
propriedade assim foi definido no Código de Napoleão: “O direito de
gozar e de dispor das coisas de maneira mais absoluta, desde que
delas não se faça uso proibido pelas leis e regulamentos”.
Todavia, é importante lembrar que a Constituição de 1824,
em seu art. 169, ao dispor sobre as Câmaras Municipais,
determinava que “o exercício de suas funções municipais, formação
das Posturas policiais, aplicação de suas rendas, e todas as suas
particularidades, e úteis atribuições, serão decretadas por uma Lei
regulamentar”.
A Lei de 01.10.1828, por sua vez, tratou de nova forma as
Câmaras Municipais, marcou suas atribuições e o processo para
sua eleição e dos juízes de paz. De maneira que, segundo a
legislação da época, a matéria relacionada ao meio ambiente era
tratada dentro do tema “posturas municipais” e estava entregue a
competência legislativa privativa dos Municípios. Inclusive, por força
do art. 66 da referida Lei de 01.10.1828, vigorava a regra no sentido
de os Municípios terem a seu cargo tudo quanto dizia respeito à
polícia, a economia das povoações e seus termos, pelo que
tomavam deliberações e provinham por suas posturas sobre os
objetos seguintes: 1) alinhamento, limpeza, iluminação e
despachamento das ruas, cais e praças; conservação e reparos das
muralhas feitas para segurança dos edifícios e prisões púbicas,
calçadas, pontes, fontes, aquedutos, chafarizes, poços, tanques e
quaisquer outras construções em benefício comum dos habitantes
ou para decoro e ornamento das povoações (§ 1.º do art. 66); 2)
sobre o estabelecimento de cemitérios fora do recinto dos templos,
conferindo a esse fim com a principal autoridade eclesiástica do
lugar; sobre o esgotamento de pântanos e qualquer estagnação de
águas infectas; sobre a economia e asseio dos currais e matadouros
públicos; sobre a colocação de curtumes; sobre os depósitos de
imundices e quanto possa alterar e corromper a salubridade da
atmosfera (§ 2.º); 3) edifícios ruinosos, escavações e precipícios nas
vizinhanças das povoações, mandando-lhes por divisas para
advertir os que transitam; suspensão e lançamento de corpos, que
possam prejudicar ou enxovalhar aos viandantes; providências para
acautelar e atalhar os incêndios (§ 3.º); 4) sobre as vozeiras nas
ruas em horas de silêncio (§ 4.º); 5) sobre os daninhos e os que
trazem gado solto sem pastos em lugares aonde possam causar
qualquer prejuízo aos habitantes ou lavouras; extirpação de répteis
venenosos ou quaisquer animais e insetos devoradores de plantas
(§ 5.º); 6) sobre construção, reparo e conservação das estradas,
caminhos, plantações de árvores para preservação de seus limites à
comunidade dos viajantes e das que forem úteis para a sustentação
dos homens e dos animais (§ 6.º); e, ainda, 7) sobre feiras; sobre
abatedouros de gado, etc.

4.3 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1891
Também a Constituição de 24.02.1891, produzida logo no
início do período republicano, não faz qualquer referência em seu
texto a respeito da ordem constitucional econômica e, muito menos,
de matéria relacionada à proteção do meio ambiente. Isto porque,
tal Carta brasileira foi instituída ainda sob a influência decisiva do
liberalismo econômico, ou seja, a Constituição Republicana de
1891, tanto quanto a Constituição Imperial de 1824, adotou a
fórmula laissez-faire, laissez-passer. De maneira que o pensamento
predominante na sua elaboração foi aquele segundo o qual o
Estado não deveria intervir nas atividades econômicas nem nas
agressões por elas causadas ao meio ambiente e aos recursos
naturais renováveis.
A Constituição de 1891 dispunha no § 17 do seu art. 72 que
“o direito de propriedade mantém-se em toda a sua plenitude, salvo
a desapropriação por necessidade de utilidade pública, mediante
indenização prévia. As minas pertencem ao proprietário do solo,
salvo as limitações que forem estabelecidas por lei a bem da
exploração deste ramo de indústria”.
Todavia, devemos consignar que, por força do n. 29 do art.
34 da Constituição de 1891, competia privativamente ao Congresso
Nacional legislar sobre terras e minas de propriedade da União
Federal.
Em 1926, o presidente Artur Bernardes conseguiu a reforma
da Constituição de 1891. A reforma, entre outras coisas,
estabeleceu restrições à propriedade do subsolo, de acordo com as
antigas ideias do referido presidente. Ainda quando governador de
Minas Gerais, Artur Bernardes entrara em conflito com a companhia
inglesa Itabira Iron Ore, que obtivera do presidente Epitácio Pessoa
um contrato para a exploração do ferro brasileiro. Artur Bernardes
não se conformara com as vantagens oferecidas à companhia
(possuir estradas de ferro, portos privativos, ser dispensada dos
impostos de importação durante sessenta anos) achando que o
contrato não traria qualquer benefício para o Brasil, uma vez que ele
não precisaria sequer de instalar uma usina siderúrgica no país.

4.4 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1934
Relata BERNARD CHENOT que a Primeira Guerra Mundial,
de 1914 a 1919, prolongando-se e revelando novas técnicas
militares, obrigou o Estado a tomar em mãos a direção da vida
econômica. Esta guerra foi “uma formidável empresa coletivista”,
pois, com efeito, o governo teve de corrigir os desequilíbrios
econômicos que o estado de guerra criou, estabilizando os preços,
racionando o consumo dos gêneros alimentícios essenciais,
proibindo a exportação de capitais. E mais, depois da guerra, o
Estado foi chamado a mobilizar um número sempre crescente de
atividades econômicas e a gerir, ele próprio, importantes empresas.
[798]
Nesse mesmo sentido, JOÃO BOSCO LEOPOLDINO DA
FONSECA menciona que, historicamente, é a partir da Primeira
Guerra Mundial que o conceito de constituição econômica toma
impulso, que será incrementado a partir da crise do capitalismo em
1929, e mais ainda depois da Segunda Guerra Mundial. Diz ele que,
se a Revolução Francesa e a Independência norte-americana
trouxeram em seu bojo os fundamentos filosóficos do
constitucionalismo do século XIX, com a ideologia dos direitos do
homem e do cidadão, como forma de defesa contra o absolutismo
monárquico vigorante até então, as duas grandes guerras e a crise
do capitalismo no século XX trouxeram a ideia da constituição
econômica, em que se pretende regular as relações econômicas.[799]
Lembramos que, na realidade, configuram-se 2 (dois)
equívocos: a) o da individualização excessiva, que exalta um
indivíduo, isoladamente e não como unidade do grupo humano
(liberalismo, como mística revolucionária); e b) o de socialização
avançada, que exalta a todos os indivíduos, em conjunto, o próprio
aglomerado social, sem atenção a seu integrante, que é o homem
(socialismo, também como mística revolucionária).
A esses dois extremos, em oposição diametral, pretendeu-se
contrapor um meio termo sereno e equilibrado, naturalmente
evolutivo, equidistante, portanto, das atitudes revolucionárias e que
seria a social-democracia, em substituição à chamada liberal-
democracia, calcada no capitalismo científico. A social-democracia
expressa visão conjunta e justiceira do homem e da sociedade pelo
reconhecimento e proteção dos direitos individuais enquanto estes
não se chocarem com os interesses maiores e supremos da
coletividade, que são comuns a todos os indivíduos.[800]
Assim, pioneiramente, a Constituição mexicana de 1917, e a
Constituição de Weimar de 1919, abandonaram a concepção da
liberal-democracia, para instituírem a social-democracia, tendência
essa que se generalizou, pelo fenômeno do “contágio do direito”,
nas Constituições do pós-Primeira Guerra Mundial. Esclarece
ORLANDO SOARES que essas tendências constitucionais se
caracterizaram pelo fato de não apenas se estruturar a ordem
política e civil, como o faziam as Constituições anteriores, mas,
também, a ordem econômica e social, matéria essa, até então,
sujeita a vagos preceitos legais e intermináveis discussões
acadêmicas, como por exemplo, se o Estado tinha ou não
competência para legislar sobre condições de trabalho nas
empresas, acidente de trabalho, previdência social, regulamentação
das profissões liberais, intervenção no domínio econômico, com o
estabelecimento de monopólios estatais de determinadas
atividades, por motivo de conveniência pública, e outros aspectos.
[801]
No mesmo sentido, FÁBIO NUSDEO relata que as
preocupações econômicas ingressaram de maneira explícita nos
textos constitucionais com a Constituição mexicana de 1917, nesta
até com bastante detalhe. No entanto, segundo ele, maior
repercussão e impacto alcançaria a Constituição alemã promulgada
a 11.08.1919 (Constituição de Weimar), com o seu célebre capítulo
sobre a vida econômica, já que, paulatinamente, ele foi sendo
imitado, embora com conteúdo diverso, por outras cartas que se lhe
seguiram em vários países do mundo.[802]
No Brasil, o constitucionalismo econômico foi implantado a
partir da Constituição de 1934. A bem da verdade, passados os
tempos da primeira República, o que se pode dizer é que a
Constituição Federal de 1934 foi profundamente analítica nas
questões econômicas, pois lhes consagrou disposições de um
capítulo inteiro, demonstrando, com isso, a importância que as
correntes políticas já davam a tais assuntos. Portanto, a nosso ver,
na promulgação desse texto constitucional se estabeleceu o
verdadeiro marco inicial da ordem econômica constitucional
brasileira.
A respeito do fenômeno da ordenação econômica
constitucional, MARCOS JURUENA VILLELA SOUTO esclarece
que, a partir da noção de “Estado Bem-Estar” é que foi se
desenvolver um ordenamento jurídico destinado a regular a
intervenção do Estado na economia. Trata-se, segundo ele, de mais
uma característica do Estado de Direito, que se autolimita, nos
termos de sua Lei Maior. Essa noção de Estado de Direito, de
Estado limitado pela lei, transformou as Constituições, de meros
estatutos criadores e estruturadores do Estado, em documento que
também estabelece os direitos dos indivíduos e da sociedade, aos
quais foi acrescentando o ordenamento econômico. Nessa
evolução, passou a ser motivo de preocupação a legitimidade do
poder – Estado Democrático –, chegando-se hoje à noção de
Estado de Justiça, que alia esses dois atos conceitos anteriores à
preocupação com a licitude (moralidade dos atos em relação aos
fins públicos almejados).[803]
Com a intervenção do Estado nas atividades econômicas,
ganhou força também, mesmo que timidamente, a intervenção do
Estado nas questões ambientais. Assim é que a alínea j do inciso
XIX do art. 5.º da Constituição Federal promulgada em 16.07.1934
prescreve que compete privativamente à União Federal legislar
sobre bens do domínio federal, riquezas do subsolo, mineração,
metalurgia, águas, energia hidroelétrica, florestas, caça e pesca e a
sua exploração.
Outrossim, o art. 118 da Constituição Federal de 1934
determinou a separação da propriedade do solo e do subsolo; as
minas e demais riquezas do subsolo, deixando de ser dos
particulares para o efeito de exploração ou aproveitamento
industrial, passando a se desenvolverem sob o controle do Estado.

4.5 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1937
Em relação à intervenção do Estado no domínio econômico,
esclarecemos que, não tendo os empresários brasileiros do ramo
industrial, existentes na década de 30, capitais e técnicas suficientes
para contornarem os problemas econômicos da época, as normas
econômicas contidas no texto da Constituição de 1937 foram
elaboradas com base na concepção de ser necessária a função do
Estado suprir as deficiências da atividade econômica privada (a
intervenção estatal justificava-se em virtude do contexto econômico
da época e da falta de iniciativa particular), a fim de sustentar o
próprio sistema econômico que se vislumbrava incipiente. Essa
justificativa encontrava-se literalmente enunciada no art. 135 da
Constituição de 1937, o qual dispunha que “na iniciativa individual,
no poder de criação, de organização e de invenção do indivíduo,
exercido nos limites do bem público, funda-se a riqueza e a
prosperidade nacional. A intervenção do Estado no domínio
econômico só se legitima para suprir as deficiências da iniciativa
individual e coordenar os fatores da produção, de maneira a evitar
ou resolver os pensamentos dos interesses da Nação,
representados pelo Estado. A intervenção no domínio econômico
poderá ser mediata e imediata, revestindo a forma do controle, do
estímulo e da gestão direta”.
Portanto, segundo a professora de direito econômico da
Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação
Getulio Vargas – FGV, PAULA A. FORGIONI, a intervenção do
Estado no domínio econômico, sob a égide da Constituição de 1937,
poderia se dar mediante seu controle (atuação sobre a economia),
estímulo (atuação sobre a economia mediante a utilização de
sanções positivas) ou gestão direta (atuação do Estado na
economia), mas apenas para “suprir as deficiências da iniciativa
individual e coordenar os fatores da produção, de maneira a evitar
ou resolver os seus conflitos e introduzir no jogo das competições
individuais o pensamento dos interesses da Nação”.[804]
Se em relação a intervenção do Estado como um todo houve
significativas mudanças, no que tange as questões ligadas a
preservação do meio ambiente repetiu-se na Constituição Federal
de 10.11.1937 o que já se havia definido na Constituição de 1934,
com exceção das riquezas do subsolo. Assim é que o inciso XIV do
art. 16 da Constituição Federal promulgada em 1937 prescreve que
compete privativamente à União Federal o poder de legislar sobre
matérias relativas a bens do domínio federal, minas, metalurgia,
energia hidráulica, águas, florestas, caça e pesca e a sua
exploração.
4.6 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E
DOS RECURSOS NATURAIS NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1946
Os princípios da democracia, confirmados pelo resultado da
2.ª Guerra Mundial, condenaram definitivamente a Constituição
Federal de 1937 e foram responsáveis pela queda do Estado Novo.
As Forças Armadas da época, comprometidas quanto a
reconstitucionalização do Brasil, acabaram por depor, em
29.10.1945, o presidente Getulio Vargas. Em seu lugar, assumiu o
governo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José
Linhares. Entre várias medidas adotadas por José Linhares,
podemos citar a realização das eleições presidenciais e da
Assembleia Constituinte, em 02.12.1945, bem como a revogação de
certas disposições constitucionais da Carta de 1937, que infringiam
os princípios democráticos consagrados ao final da hecatombe
internacional iniciada em 1939.
A Constituição Federal de 1946 estabeleceu as bases da
legislação trabalhista e previdenciária, prestigiou o direito de greve,
enfim, tentou elevar empregados ao nível de privilégio e
superioridade em que se encontravam os seus respectivos
empregadores. Além disso, prescreveu o dirigismo estatal, já que
atribuiu poderes ao Estado para intervir no domínio econômico.
Inclusive, esta Carta consagrou a desapropriação por necessidade
pública e utilidade pública, bem como reconheceu a desapropriação
por interesse social, como principal instrumento para fazer valer a
função social da propriedade.
Em relação à intervenção do Estado no domínio econômico,
vale lembrar que a Carta de 1946 foi a primeira Constituição
brasileira que apresentava expressamente em seu texto disposição
elevando a princípio constitucional econômico a repressão ao abuso
do poder econômico. Após a vigência da Carta de 1946, ocorreram
importantes evoluções econômicas, ou seja, o país estava se
desenvolvendo. Tanto é que se construíram refinarias de petróleo,
se adotaram as primeiras medidas para a formação de uma frota
petroleira, começaram a construção de hidrelétricas, apesar do
assédio danosos das forças econômicas internacionais. Com a
evolução industrial do nosso país, acelerada pelas duas últimas
guerras, a necessidade de normas sobre a repressão ao abuso do
poder econômico e também de proteção ao meio ambiente, naquela
época, já se fazia sentir de forma particular. No entanto, o legislador
constituinte de 1946 não deu a devida atenção às questões
ambientais e, por via de consequência, deixou de elevar a princípio
constitucional econômico à defesa do meio ambiente e dos recursos
naturais renováveis.
Repetiu-se na Carta de 1946 o que se havia prescrito na
Constituição Federal de 1934 e na Constituição Federal de 1937 a
respeito das questões ligadas à preservação do meio ambiente, ou
seja, a alínea l do inciso XIV do seu art. 5.º dispunha que competia a
União Federal legislar sobre riquezas do solo, mineração,
metalurgia, águas, energia elétrica, florestas, caça e pesca.

4.7 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1967 E
NA EMENDA CONSTITUCIONAL N° 1,
DE 1969
No que tange a ordem constitucional econômica, a
Constituição de 1967, não obstante reservar título para inseri-la no
texto promulgado, a intervenção do Estado no domínio econômico,
se sobrepôs à iniciativa privada, o que, em termos da nova
configuração da democracia, simboliza um retrocesso. Todavia,
ORLANDO SOARES destaca que, isso foi momentaneamente
ignorado, pois, na época, o país estava em vésperas da entrada de
nossa economia em novo ritmo de crescimento, em virtude da maior
penetração das multinacionais nos principais segmentos da
produção (automóveis, artigos eletroeletrônicos, medicamentos,
calçados, vestimentas, produtos químicos etc.), gerando tudo isso
novos hábitos de consumo, em função das técnicas de publicidade e
mercadologia (marketing), em consonância com a elitização do
ensino, em suma, ingressava o país no consumismo, ou seja, a
concepção econômica baseada no consumo indiscriminado e elitista
de produtos industrializados. Segundo ele, no plano social, verificou-
se, então, no Brasil, aquele fenômeno detectado na Europa e nos
Estados Unidos desde o século passado, isto é, o surgimento da
chamada “aristocracia operária”, constituída de uma diminuta
camada de trabalhadores, incluindo os executivos, recebendo
elevados salários, que lhes possibilitavam adquirir carros modernos,
apartamentos requintados, artigos de luxo, dando a falsa impressão
de que a classe operária, em geral, podia efetivamente usufruir do
mesmo conforto da burguesia, caso quisesse, dependendo apenas
de esforço pessoal, quando, na realidade, essa aristocracia operária
se constituía de uns poucos apaniguados.[805]
Em 13.12.1968, o presidente da República do regime militar
expediu o Ato Institucional 5, de 13.12.1968, o qual marcou uma era
de inqualificáveis violências, arbitrariedades, práticas de corrupção
administrativa e autoritarismo, em que o arbítrio oficial e os abusos
do poder econômico se conjugaram harmonicamente, contra as
liberdades individuais e os direitos humanos. A edição do Ato
Institucional n° 5, de 13.12.1968, foi justificado, na época, com o
argumento, constante do seu preâmbulo, segundo o qual o
presidente da República, “ao convocar o Congresso Nacional para
discutir, votar e promulgar a nova Constituição, estabeleceu que
esta, além de representar a institucionalização dos ideais e
princípios da revolução, deveria assegurar a continuidade da obra
revolucionária”. Com o Ato Institucional 5, iniciou-se uma fase de
perseguições políticas, cassações de mandatos parlamentares,
suspensão dos direitos políticos, proibição de manifestação do
pensamento sobre assunto de natureza política, suspensão da
garantia de habeas corpus nos casos de crimes políticos, exclusão
de apreciação, pelo Judiciário, de atos praticados em decorrência da
aplicação do referido Ato Institucional n° 5 , de 13.12.1968, e outras
medidas de repressão política, antidemocráticas, ditatoriais. Em
outras palavras, o AI-5 representou um novo golpe nas instituições
políticas e na precária ordem constitucional vigente. Em meio a um
emaranhado e arbitrário processo político, o regime militar brasileiro,
invocando os poderes conferidos pelos próprios atos discricionários
que baixou, decidiu outorgar a chamada “Emenda Constitucional n°
1, de 17.10.1969”, subscrita pelos ministros da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica, dando nova redação a diversos dispositivos da
Constituição de 24.01.1967.[806] O que, para muitos, entre eles
AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO, tratou-se de uma nova
Constituição, ou seja, a “Constituição de 1969”,[807] principalmente
em vista de a Constituição Federal de 1967 e a Emenda
Constitucional n° 1, de 17.10.1969, serem coisas separadas e não
mais se podia invocar validamente a Constituição Federal de 1967,
nem pretender aplicá-la por não ser direito vigente. Portanto, a
Constituição de 1967 estava irremediavelmente revogada.[808] A
partir de então só vigorava a Emenda Constitucional n° 1, de
17.10.1969, completada pelas 24 emendas constitucionais que se
lhe seguiram. Esta, inclusive, foi a opinião adotada na Suprema
Corte.
Apesar de ser considerada uma nova Constituição Federal, a
Emenda Constitucional n° 1, de 17.10.1969, a bem da verdade
manteve a ideia unitária, independentemente de todas as
modificações que a forma de governo e de Estado vinham
passando, interna e externamente.
Tal como vinha ocorrendo desde 1934, o legislador
revolucionário da Emenda Constitucional n° 1, fez inserir em seu
texto um título sob a denominação “Da ordem econômica e social”,
relativo ao modo pelo qual o Estado deveria intervir na economia e à
posição do indivíduo em diversas dimensões sociais de relevo,
inclusive no que diz respeito às relações entre o capital e o trabalho.
A Emenda Constitucional n° 1, , de 17.10.1969, tal como ocorreu
antes na Constituição Federal de 1946, dá real importância à livre
empresa e à limitada intervenção do Estado na economia privada,
bem como declara que a ordem econômica deve ter por finalidade
fundamental a realização do desenvolvimento nacional e a justiça
social, observando-se os seguintes princípios constitucionais:
liberdade de iniciativa, valorização do trabalho como condição da
dignidade humana, função social da propriedade, harmonia e
solidariedade entre as categorias sociais de produção, repressão ao
abuso do poder econômico, expansão das oportunidades de
emprego produtivo. No entanto, em momento algum, o legislador
revolucionário elevou a princípio constitucional econômico a defesa
do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis.
Na Carta de 1967 repetiu-se novamente o que se havia
prescrito na Constituição Federal de 1946, na Constituição Federal
de 1934 e na Constituição Federal de 1937, a respeito das questões
ligadas à preservação do meio ambiente, ou seja, as alíneas h e i do
inciso XVII do seu art. 8.º dispunham que competia a União Federal
legislar sobre jazidas, minas e outros recursos naturais, metalurgia,
águas, energia elétrica, telecomunicações, florestas, caça e pesca.
O mesmo ocorreu com a vigência da Emenda Constitucional n° 1,
de 1969 (alíneas h e i do inciso XVII do art. 8.º), sendo, porém,
acrescido com disposição a respeito da competência de a União
Federal legislar sobre energia térmica, nuclear ou qualquer outra.

4.8 DIREITO DO MEIO AMBIENTE E


DOS RECURSOS NATURAIS NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição Federal de 1988, fez o que suas antecessoras
não se propuseram a fazer, além de elevar ao status de princípio
constitucional econômico a defesa do meio ambiente (inciso VI do
art. 170), trata expressa, abrangente e completamente, em capítulo
próprio (Capítulo VI - “Do meio ambiente”, do Título VIII - “Da ordem
social”), a respeito do meio ambiente e de sua proteção jurídica (art.
225). Se não bastasse isso, em vários outros dispositivos, a Carta
de 1988 prevê obrigações da sociedade e do Estado para com o
meio ambiente, entre eles, podemos citar: 1) os incisos XXIII, LXXI e
LXXIII do art. 5.º;[809] 2) os incisos I, II, III, IV, V, VI, VII,VIII, IX, X, XI e
§§ 1.º e 2.º do art. 20;[810] 3) os incisos XIX, XX, XXIII (alíneas a, b, c
e d) e XXV do art. 21;[811] 4) os incisos IV, XII e XXVI do art. 22;[812] 5)
os incisos I, III, IV, VI, VII, IX e XI do art. 23;[813] 6) os incisos VI, VII e
VIII do art. 24;[814] 7) os §§ 2.º (inciso IV) e 3.º do art. 43;[815] 8) os
incisos XIV e XVI do art. 49;[816] 9) o caput e parágrafos do art. 91;
[817]
10) o inciso III do art. 129;[818] 11) os §§ 3.º e 4.º do art. 174;[819]
12) o caput e parágrafos do art. 176;[820] 13) o caput e parágrafos do
art. 182;[821] 14) o art. 186;[822] 15) os incisos VII e VIII do art. 200;[823]
16) o inciso V e §§ 1.º, 3.º e 4.º do art. 216;[824] 17) o caput e
parágrafos do art. 231;[825] 18) o art. 232;[826] 19) o art. 43 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias;[827] e 20) o art. 44 também
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.[828]
PAULO DE BESSA ANTUNES nos chama a atenção para o
fato de o caráter de interdisciplinariedade e de transversalidade que
são característicos do direito do meio ambiente e dos recursos
naturais (direito ambiental), os artigos constitucionais acima
enumerados, que de uma forma ou de outra tratam de obrigações
da sociedade e do Estado para com o meio ambiente, contemplam
normas de natureza processual, de natureza penal, de natureza
econômica, de natureza sanitária, de natureza tutelar administrativa
e, ainda, normas de repartição de competência administrativa.
Segundo ele, este conjunto diversificado de normas confirma e
consagra a transversalidade do direito do meio ambiente e dos
recursos naturais (direito ambiental).[829]
Pelo grande número de dispositivos existentes na
Constituição Federal de 1988 conclui-se que o Brasil, atualmente,
possui uma boa estrutura constitucional de proteção ao meio
ambiente. Todavia, de nada vale se ter apenas boas normas, é
necessário que elas sejam efetivamente aplicadas aos casos
concretos. De qualquer forma, sem entrar na questão da correta e
efetiva aplicação das normas ambientais, a nossa estrutura
constitucional de proteção ao meio ambiente representa uma
profunda preocupação em limitar a busca a qualquer custo da
acumulação de capitais e riquezas e modificar a política tradicional
adotada até o advento da Constituição Federal de 1988. Ela
consagra a conscientização da necessidade de se alterar, não
apenas as bases da organização social e econômico do mundo,
mas também a atitude diante das questões ambientais que são uma
ameaça a qualidade da vida humana e sobrevivência das demais
espécies de seres vivos.
CAPÍTULO 5 – POLÍTICA
NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE

5.1 CONCEITO DE POLÍTICA


NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
O homem e a sociedade não se conformam em ficar
confinados à pura análise e explicação do porquê o meio ambiente é
degradado ou destruído, o que não passaria de um exercício estéril
e sem sentido, pois somente quando nada se sabe a respeito da
natureza é que nada se faz para preservá-la, deixando-se tudo ao
desígnio dos deuses. O conhecimento sobre o meio ambiente,
porém, leva incoercivelmente à ação para protegê-lo, se não ao
cientista puro que a ele chegou, mas, pelo menos, à sociedade
quando toma conhecimento daquele saber. Passa-se, assim, da
ambientalismo positivo, em sentido estrito, para a ambientalismo
normativo, aquele cuja aspiração é normatizar as relações do ser
humano com os organismos e com todos os demais fatores naturais
e sociais que compreendem seu ambiente, ou melhor, agir sobre os
processos, ambiente e com cada um dos demais, incluindo os
aspectos econômicos, sociais, culturais e psicológicos peculiares ao
homem.
Não podemos perder de vista que as conclusões do
ambientalismo normativo, quando formuladas, não são, ainda,
necessariamente normas jurídicas, mas recomendações que
poderão, ou não, converterem-se em normas jurídicas.
De uma forma ou de outra, sempre se doutrinou quanto à
busca de um estado de harmonia entre o homem e o meio
ambiente; à reorientação do uso da terra e de todos os bens,
materiais e imateriais, que a constituem; em suma, quanto à
organização das atividades dos homens de maneira a não agredir
direta ou indiretamente o meio ambiente e a se utilizar, de forma
racional, recursos naturais (renováveis e não renováveis), sejam em
suas linhas gerais, sejam quanto a detalhes daquela atividade.
Visto isto, podemos dizer que o ambientalismo normativo se
divide em 2 (duas) espécies: a) a doutrina ambiental; e b) a política
ambiental.
Por doutrina ambiental deve ser entendida toda linha de
pensamento voltada para uma melhor organização social das
atividades humanas visando à preservação da natureza e o
desenvolvimento sustentável: aquele conjunto de instituições e de
mecanismos desenvolvidos pela sociedade, destinados a
estabelecer as relações básicas e seguras do ser humano com os
organismos e com todos os demais fatores naturais e sociais que
compreendem seu ambiente, decorrentes da necessidade de
enfrentar a destruição do meio ambiente e dos recursos naturais.
Em outras palavras, as doutrinas ambientais caracterizam-se por
tentar definir os fundamentos da organização social no campo
ambiental, ou seja, têm como objetivo estruturar as atividades
humanas de maneira a assegurar a implementação de um conjunto
de valores tidos como essenciais a preservação da natureza e dos
recursos naturais.
Já a política ambiental também prescreve recomendações,
mas o faz de maneira menos abrangente e mais pragmática do que
a doutrina. Isto porque a política ambiental toma como ponto de
partida um sistema de atividades humanas já definido e aceito e, a
partir daí, passa a enfocar as variáveis próprias ao seu
funcionamento, sob a ótica de que algumas variáveis constituem
objetivos e, outras, meios necessários para eles serem atingidos.
Consequentemente, as suas recomendações revestem-se de maior
tecnicismo e especificidade. Portanto, a política ambiental dispensa-
se de rediscutir ou reavaliar o sistema de atividades humanas. A
política ambiental o assume como um dado da realidade, como uma
opção já realizada, e dentro do quadro institucional de cada uma
fará as suas recomendações. Estas se destinam a alterar detalhes
ou parcelas do sistema de atividades humanas, visando a
preservação do meio ambiente, sem lhes modificar os fundamentos
e as linhas básicas de sua estrutura.
As medidas de política ambiental são inúmeras, indo desde a
definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à
qualidade e ao equilíbrio ecológico até a imposição, ao poluidor e ao
predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos. As medidas de política ambiental,
de alguma forma, redundam sempre na alteração do quadro jurídico.
De maneira ampla, toda a legislação de conteúdo ambiental está
imbuída de algum sentido de política ambiental, por estimular ou
condicionar determinados objetivos, ainda quando dentro do qual se
desenvolvam as atividades ambientais. Por isso que, não raras
vezes, o direito do meio ambiente e dos recursos naturais tem sido
visto como um novo ramo do direito decorrente da aplicação da
política do meio ambiente.
Daí, por política do meio ambiente entendemos o conjunto de
medidas tomadas pelo governo de uma nação no sentido de influir e
atuar nas decisões sobre as relações do ser humano com os
organismos e com todos os demais fatores naturais e sociais que
compreendem seu ambiente, visando a sua preservação. Essa
atuação, no entanto, não se prende exclusivamente a critérios
ambientais, mas a um complexo de fatores de ordem ambiental,
econômica, social e política. Todavia, o alcance e a qualidade de
uma política do meio ambiente variam muito de país para país,
sobretudo de países desenvolvidos para países em
desenvolvimento e subdesenvolvidos.
Vale destacar que se tem algumas vezes utilizado a
expressão num outro sentido, identificando a “política do meio
ambiente” com a ciência que estuda as formas e os efeitos das
intervenções do Estado nas relações entre o homem e o meio
ambiente. Além disso, a política do meio ambiente pode ser
entendida no sentido estrito de um conjunto de decisões relativas
aos objetivos que um país ou a comunidade internacional se propõe
atingir, no âmbito ambiental, e relativas aos meios de os realizar.
Para PEDRO PAULO DE LIMA E SILVA política ambiental é
uma expressão utilizada para designar a declaração das intenções e
princípios de uma organização em relação ao seu desempenho
ambiental global, e que estabelece uma estrutura para ação e
definição de metas ambientais.[830]
Podemos dizer que quase todos os países do mundo têm
uma política ambiental. Como não poderia deixar de ser, o Brasil
também instituiu a sua política ambiental, por meio da Lei 6.938, de
31.08.1981, sob a denominação genérica de “Política Nacional do
Meio Ambiente”. Em vista disso, podemos dizer que Política
Nacional do Meio Ambiente é o conjunto de decisões relativas aos
objetivos ambientais (preservação, melhoria e recuperação da
qualidade do meio ambiente, bem como a racionalização do uso do
solo, do subsolo, da água e do ar) que o Estado brasileiro se propõe
atingir e relativas aos meios de os realizar.
Outrossim, acrescenta-se que o conceito de política
ambiental geral do Estado inclui obrigatoriamente a política da flora,
a política das águas, a política da fauna, a política sanitária etc. Num
contexto de políticas setoriais, a política do meio ambiente inclui,
ainda, a política de minas e de recursos do subsolo, a política
nuclear, a política energética, a política dos transportes, a política
industrial, a política de ocupação do solo etc.

5.2 OBJETIVOS DA POLÍTICA


NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente estão
definidos em lei. Assim é que o art. 2.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, prescreve que a Política Nacional do Meio Ambiente
tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
A respeito desse dispositivo, PAULO DE BESSA ANTUNES
esclarece que a Política Nacional do Meio Ambiente tem uma
abrangência bastante grande. Em primeiro lugar, ela visa a
preservação do meio ambiente. Preservação aqui tem o sentido de
perenizar, de perpetuar, de salvaguardar os recursos naturais. A
melhoria do meio ambiente, por sua vez, significa dar, ao meio
ambiente, condições mais adequadas do que aquelas que este
apresenta. Isto é, o Plano Nacional do Meio Ambiente busca
estimular o manejo ambiental[831] de forma que a qualidade do meio
ambiente seja, progressivamente, superior. A recuperação,
mencionada no art. 2.º da Lei n° 6.938, de 31.08.1981, sendo um
dos objetivos do Plano Nacional do Meio Ambiente, deve ser
entendida como a busca do status quo ante das áreas degradas.
Para o meio ambiente e para a vida o mais importante não é a
simples imposição de penas àqueles que tenham degradado as
condições ambientais. Para PAULO DE BESSA ANTUNES, o
grande desafio ambiental é a repristinação (restituir estado primitivo)
dos ecossistemas. Este, provavelmente, é o objetivo mais difícil,
senão impossível, de ser alcançado, pois a vida desaparecida não
tem como voltar ao estado primitivo.[832]
Além desses objetivos mencionados no art. 2.º, o art. 4.º da
Lei n° 6.938, de 31.08.1981, também estabelece objetivos, porém
de maneira mais ampla, ao dispor que a Política Nacional do Meio
Ambiente visará: I- à compatibilização do desenvolvimento
econômico-social com a preservação da qualidade do meio
ambiente e do equilíbrio ecológico; II- à definição de áreas
prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III- ao
estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV- ao
desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais
orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V- à difusão
de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados
e informações ambientais e à formação de uma consciência pública
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do
equilíbrio ecológico; VI- à preservação e restauração dos recursos
ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade
permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida; VII- à imposição, ao poluidor e ao
predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.
Quanto aos objetivos previstos no art. 4.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, PAULO DE BESSA ANTUNES acrescenta que as boas
condições ambientais, nos termos da lei, se constituem em um
importante elemento indutor do desenvolvimento sócio-econômico.
Servem, também, como meio indispensável para a segurança
nacional e proteção da dignidade humana. Segundo ele, estes três
últimos elementos somente podem ser compreendidos sob a ótica
do desenvolvimento sustentado. A Política Nacional de Meio
Ambiente – PNMA, portanto, deve ser compreendida como o
conjunto dos instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e
econômicos destinados à promoção do desenvolvimento sustentado
da sociedade e economias brasileiras.[833]

5.3 PRINCÍPIOS LEGAIS DA POLÍTICA


NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Os princípios legais da Política Nacional do Meio Ambiente –
PNMA encontram-se enumerados no art. 2.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, quais sejam: 1) ação governamental na manutenção do
equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um
patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido,
tendo em vista o uso coletivo; 2) racionalização do uso do solo, do
subsolo, da água e do ar; 3) planejamento e fiscalização do uso dos
recursos ambientais; 4) proteção dos ecossistemas, com a
preservação de áreas representativas; 5) controle e zoneamento
das atividades, potencial ou efetivamente, poluidoras; 6) incentivos
ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais; 7) acompanhamento
do estado da qualidade ambiental; 8) recuperação de áreas
degradadas; 9) proteção de áreas ameaçadas de degradação; e 10)
educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente.
Assim, ao se falar em Política Nacional do Meio Ambiente –
PNMA se deve ter em mente o atendimento de prioridades,
definidas na própria lei que instituiu tal política pública. De maneira
que o equilíbrio ecológico; a racionalização, planejamento e
fiscalização do uso de recursos naturais; a proteção aos
ecossistemas; o controle e zoneamento dos emissores de
poluentes; o estudo e a pesquisa de tecnologias ambientais; o
monitoramento da qualidade ambiental; a recuperação de áreas
degradadas e a educação ambiental (transmissão de
conhecimentos a respeito do meio ambiente) são prioridades que se
deve ter em conta na Política Nacional do Meio Ambiente.

5.4 MEIOS DE FORMULAÇÃO DAS


DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL
DO MEIO AMBIENTE
As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA
são o conjunto de instruções ou indicações para que o poder
público/executor da tal política pública possa tratar ou levá-la a bom
termo, ou seja, a nosso ver, não passam de regras de procedimento
destinadas aos governos federal, distrital, estaduais e municipais
para nortear as ações públicas de preservação do meio ambiente e
dos recursos naturais.
As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente devem
ser formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação
dos governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação
da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico,
observados os princípios estabelecidos no art. 5.º da Lei n° 6.938,
de 31.08.1981. Outrossim, as atividades empresariais públicas ou
privadas devem ser exercidas em consonância justamente com as
mencionadas diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente
(parágrafo único do art. 5.º da Lei n° 6.938, de 31.08. 1981).

Í
5.5 ATRIBUIÇÕES NA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DO
MEIO AMBIENTE

Vale destacar que as atribuições previstas em lei na


execução da Política Nacional do Meio Ambiente atingem,
indistintamente, todos os diferentes níveis de governo (federal,
distrital, estadual e municipal). De maneira que cumpre ao poder
público federal, distrital, estadual e municipal: 1) manter a
fiscalização permanente dos recursos ambientais, visando à
compatibilização do desenvolvimento econômico com a proteção do
meio ambiente e do equilíbrio ecológico; 2) proteger as áreas
representativas de ecossistemas mediante a implantação de
unidades de conservação e preservação ecológica; 3) manter, por
meio de órgãos especializados da administração, o controle
permanente das atividades potencial ou efetivamente poluidoras de
modo a compatibilizá-las com os critérios vigentes de proteção
ambiental; 4) incentivar o estudo e a pesquisa de tecnologias para o
uso racional e a proteção dos recursos ambientais, utilizando nesse
sentido os planos e programas regionais ou setoriais de
desenvolvimento industrial e agrícola; 5) implantar, nas áreas
críticas de poluição, um sistema permanente de acompanhamento
dos índices locais de qualidade ambiental; 6) identificar e informar
aos órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA sobre a existência de áreas degradadas, ou ameaçadas
de degradação, propondo medidas para sua recuperação; 7)
orientar a educação, em todos os níveis, para a participação ativa
do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando
para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias
contemplem o estudo da ecologia.
Acrescenta-se que a execução da Política Nacional do Meio
Ambiente, no âmbito da Administração Federal, deve ter a
coordenação geral do atual ministro do Meio Ambiente (art. 6º da Lei
n° 6.938, de 31.08. 1981).
5.6 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Por instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente deve
ser entendido todo o mecanismo de que dispõe o Estado ou a
sociedade para auxiliar ou levar a efeito as ações de efetiva
proteção ambiental. Segundo o art. 9.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981, com as alterações determinadas pelo inciso VI do art.
1.º da Lei n° 7.804, de 18.07.1989, são instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente: 1) o estabelecimento de padrões de
qualidade ambiental; 2) o zoneamento ambiental; 3) a avaliação de
impactos ambientais; 4) o licenciamento e a revisão de atividades
efetiva ou potencialmente poluidoras; 5) os incentivos à produção e
instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia,
voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 6) a criação de
espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder público
federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção
ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
7) o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 8) o
Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental; 9) as penalidades disciplinares ou compensatórias ao
não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
correção da degradação ambiental; 10) a instituição do Relatório de
Qualidade do Meio Ambiente – RQMA, a ser divulgado anualmente
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA; 11) a garantia da prestação de informações
relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o poder público a produzi-
las, quando inexistentes; 12) o Cadastro Técnico Federal de
atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos
ambientais.
Para JOSÉ AFONSO DA SILVA, os instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente podem ser: 1) instrumentos de
intervenção ambiental; 2) instrumentos de controle ambiental; e 3)
instrumentos de controle repressivo.[834]
Os instrumentos de intervenção ambiental são mecanismos
normativos com base nos quais o poder público intervém no meio
ambiente, para condicionar a atividade particular ou pública ao fim
da Política Nacional do Meio Ambiente. Os instrumentos de
intervenção ambiental são: 1) o estabelecimento de padrões da
qualidade ambiental, que, segundo RUY C. FEUERSCHUETTE,
consiste em prevenir ou corrigir os inconvenientes e prejuízos da
poluição e da contaminação do meio ambiente;[835] 2) o zoneamento
ambiental (o planejamento adequado do espaço territorial visando
compatibilizar a convivência dos seres que o habitam com as
atividades nele exercidas, é o objetivo do zoneamento ambiental);
[836]
3) a avaliação de impactos ambientais (é identificar, predizer e
descrever, em termos apropriados, os prós e os contras – danos e
benefícios – de uma proposta de desenvolvimento; para ser útil, a
avaliação deve ser comunicada em termos compreensíveis para a
comunidade e para os que decidem; os prós e os contras devem ser
identificados com base em critérios relevantes para os países
afetados – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente –
PNUMA); 4) a criação de espaços territoriais especialmente
protegidos pelo poder público federal, estadual e municipal; são
espaços territoriais protegidos: a) Estações Ecológicas (são áreas
representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à realização
de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia, à proteção do
ambiente natural e ao desenvolvimento da educação
conservacionista, em suma, com tais espaços objetiva-se a
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas -
art. 1.º da Lei n° 6.902, de 27.04.1981 e art. 9.º da Lei n° 9.985, de
18.06.2000); b) Reservas Biológicas – REBIO (são as áreas de
preservação permanente mencionadas no art. 10 da Lei 9.985, de
18.06.2000; são definidas como reservas biológicas as áreas de
preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes
em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, executando-se as medidas de recuperação de seus
ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para
recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e
os processos ecológicos naturais; sendo em tais áreas proibida a
visitação pública, exceto quando um objetivo educacional, de acordo
com o que dispuser o Plano de Manejo da reserva ou regulamento
específico, bem como a pesquisa científica depende de autorização
prévia do órgão responsável pela administração da reserva e está
sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como
aquelas previstas em regulamento); c) Áreas de Proteção Ambiental
– APA, especialmente suas zonas de vida silvestre e os corredores
ecológicos (são áreas a serem decretadas pelo poder público, para
a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem‑estar das
populações humanas e conservar ou melhorar as condições
ecológicas locais; são em geral extensas, com um certo grau de
ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos
ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o
bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos
proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação
e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais - art.
9.º, Lei n° 6.902, de 27.04.1981 e art. 15 da Lei 9.985, de
18.06.2000); d) Parques Nacionais – PARNA (região natural que o
governo federal põe sob a proteção do Estado a fim de conservar
flora e fauna, como defesa contra as devastações feitas pelo
homem; o parque nacional tem como objetivo básico a preservação
de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico – art. 11 da Lei n° 9.985, de 18.06.2000);[837] e) Parques
Estaduais (é a área de domínio público estadual, delimitada por
atributos excepcionais da natureza, a serem preservados
permanentemente, que está submetida a regime jurídico de
inalienabilidade e indisponibilidade em seus limites inalteráveis, a
não ser por ação de autoridade do governo estadual, de modo a
conciliar harmoniosamente os seus usos científicos, educativos e
recreativos com a preservação integral e perene do patrimônio
natural – Deliberação/CECA/RJ n° 17, de 16.02.1978); f) parques
municipais (região natural que o governo municipal põe sob a
proteção da Prefeitura Municipal a fim de conservar flora e fauna,
como defesa contra as devastações feitas pelo homem); g)
Monumentos Naturais (são as regiões, os objetos, ou as espécies
vivas de animais ou plantas, de interesse estético ou valor histórico
ou científico, aos quais é dada proteção absoluta, com o fim de
conservar um objeto específico ou uma espécie determinada de
flora ou fauna, declarando uma região, um objeto, ou uma espécie
isolada, monumento natural inviolável, exceto para a realização de
investigações cientificas devidamente autorizadas, ou inspeções
oficiais - Decreto Legislativo n° 3, de 13.02.1948; o monumento
natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica – art. 12 da Lei n° 9.985, de
18.06.2000); h) Jardins Botânicos (é a área protegida, constituída,
no seu todo ou em parte, por coleções de plantas vivas
cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e
identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação
do patrimônio florístico do país, acessível ao público, no todo ou em
parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do
meio ambiente; os jardins botânicos tem por objetivo: i) promover a
pesquisa, a conservação, a preservação, a educação ambiental e o
lazer compatível com a finalidade de difundir o valor multicultural
das plantas e sua utilização sustentável; ii) proteger, inclusive por
meio de tecnologia apropriada de cultivos, espécies silvestres, ou
raras, ou ameaçadas de extinção, especialmente no âmbito local e
regional, bem como resguardar espécies econômica e
ecologicamente importantes para a restauração ou reabilitação de
ecossistemas; iii). manter bancos de dados de germoplasma ex-situ
e reservas genéticas in-situ; iv) realizar, de forma sistemática e
organizada, registros e documentações de plantas, referentes ao
acervo vegetal, visando plena utilização para conservação e
preservação da natureza, para pesquisa científica e educação; v)
promover intercâmbio científico, técnico e cultural com entidades e
órgãos nacionais e estrangeiros; vi) estimular e promover a
capacitação de recursos humanos – arts. 1.º e 2.º da
Resolução/CONAMA n° 266, de 03.08.2000);[838] i) jardins
zoológicos (local, geralmente nas grandes cidades, destinado à
exposição permanente de espécimes mais ou menos raros de
animais;[839] em outras palavras, são qualquer coleção de animais
silvestres mantidos vivos em cativeiro ou em semiliberdade e
expostos à visitação pública – art. 1.º da Lei n° 7.173, de
14.12.1983); j) hortos florestais (estabelecimento onde se estudam e
multiplicam espécimes florestais);[840] k) Áreas de Relevante
Interesse Ecológico – ARIE (são áreas que possuem, em geral,
pequena extensão, com pouco ou nenhuma ocupação humana, com
características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares
raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível
dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de
conservação da natureza – art. 16 da Lei n° 9.985, de 18.06.2000);
l) reservas extrativistas (área de domínio público, com uso
concedido as populações extrativistas tradicionais, na qual os
recursos vegetais podem ser explorados racionalmente, com a
condição de que o ecossistema não seja alterado; a criação de
reserva extrativista foi incluída no conjunto de instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente, pela Lei n° 7.804, de
18.07.1989; é área utilizada por populações extrativistas
tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,
complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de
animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger
os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da unidade – art. 18 da Lei n°
9.985, de 18.06.2000); m) Reservas Particulares do Patrimônio
Natural – RPPN (são imóveis de domínio privado em que, no todo
ou em parte, sejam identificadas condições naturais primitivas,
semiprimitivas, recuperadas, ou cujas características justifiquem
ações de recuperação, pelo seu aspecto paisagístico, ou para a
preservação do ciclo biológico de espécies da fauna ou da flora
nativas do Brasil – art. 1.º do Decreto n° 98.914, de 31.01.1990; é
uma área destinada por seu proprietário particular, devidamente
registrada nos órgãos ambientais, gravada com perpetuidade, com o
objetivo de conservar a diversidade biológica, ou seja, para
recuperação ou preservação de espécies da fauna ou da flora
nativas no país – art. 21 da Lei n° 9.985, de 18.06.2000); n) áreas
especiais de interesse turístico (são trechos do território nacional,
inclusive suas águas, a serem preservados e valorizados no sentido
cultural e natural, e destinados à realização de planos e projetos de
desenvolvimento turístico – art. 3.º da Lei n° 6.513, de 1977; ou,
ainda, são trechos contínuos do território nacional, inclusive suas
águas territoriais, a serem preservados e valorizados no sentido
cultural e natural, destinados à realização de planos e projetos de
desenvolvimento turístico, e que assim forem instituídas na forma do
Decreto n° 86.176, de 06.07.1981); o) locais especiais de interesse
turístico (são trechos do território nacional compreendidos ou não
em áreas especiais, destinados por sua adequação ao
desenvolvimento de atividades turísticas e à realização de projetos
específicos, e que compreendam bens não sujeitos a regime
específico de proteção e ambientação - art. 4.º da Lei 6.513, de
20.12.1977); 5) os incentivos à produção e instalação de
equipamentos e à criação ou absorção de tecnologia, voltadas para
a melhoria da qualidade ambiental.
Já os instrumentos de controle ambiental são todos aqueles
atos e medidas destinados a verificar a observância das normas e
planos que visem à defesa e recuperação da qualidade do meio
ambiente e do equilíbrio ecológicos. O controle ambiental é sempre
exercido pelo poder público, mas pode ser de iniciativa dele ou de
interessados particulares. De qualquer forma, o controle ambiental
pode ocorrer em 3 (três) momentos distintos: 1) antes da ação
suscetível de dano ao meio ambiente (controle ambiental prévio);
são eles o seguinte: a) a avaliação de impactos ambientais
(atividade destinada a identificar e predizer o impacto sobre o
ambiente biogeofísico e sobre a saúde e o bem‑estar dos homens,
resultantes de propostas legislativas, políticas, programas e projetos
e de seus processos operacionais, e a interpretar e comunicar as
informações sobre esses impactos);[841] b) o licenciamento ambiental
(segundo ÉDIS MILARÉ e ANTÔNIO HERMAN DE
VASCONCELOS BENJAMIN, é um procedimento do qual fazem
parte o Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA, o Relatório de Ausência de Impacto Ambiental
Significativo – RAIAS e a licença ambiental propriamente dita)[842] e
a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; c) o
Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA (com o
objetivo de manter em bancos de dados registro das entidades não-
governamentais que tenham como finalidade principal a defesa do
meio ambiente, sendo sua inscrição voluntária -
Resolução/CONAMA n° 6, de 1989; para concorrer a uma vaga no
plenário do CONAMA, de acordo com o inciso VII do art. 5.º do
Decreto n° 99.274, de 06.06.1990, é indispensável a inscrição no
Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA); 2) durante
a ação potencialmente danosa ao meio ambiente (controle
ambiental concomitante); são eles o seguinte: a) o sistema nacional
de informações sobre o meio ambiente; b) o cadastro técnico
federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental (para
registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem
à consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais, bem
como à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e
instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras – inciso I do art. 17 da Lei n° 6.938, de
31.08.1981); c) a instituição do Relatório de Qualidade do Meio
Ambiente – RQMA, a ser divulgado anualmente pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA; d) a garantia da prestação de informações relativas ao meio
ambiente, obrigando-se o poder público a produzi-las, quando
inexistente; e) o cadastro técnico federal de atividades
potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais
(para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se
dediquem às atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração,
produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente
perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e
subprodutos da fauna e flora - inciso II do art. 17 da Lei n° 6.938, de
31.08.1981); 3) depois da ação potencialmente prejudicial ao meio
ambiente, há o controle ambiental sucessivo ou a posteriori; são os
instrumentos de controle ambiental repressivos, que visam corrigir
os desvios da legalidade ambiental pela aplicação de sanções
administrativas, civis ou penais necessárias à preservação ou
correção da degradação ambiental.
Outrossim, também dentro dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente – PNMA, temos o instrumento previsto
no art. 9°-A da Lei n° 6.938, de 31.08.1981, incluído pela Lei n°
12.651, de 25.05.2012, segundo o qual o proprietário ou possuidor
de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público
ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão
integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA,
limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para
preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais
existentes, instituindo servidão ambiental. Todavia, o instrumento ou
termo de instituição da servidão ambiental deve incluir, no mínimo,
os seguintes itens: I- memorial descritivo da área da servidão
ambiental, contendo pelo menos um ponto de amarração
georreferenciado; II- objeto da servidão ambiental; III- direitos e
deveres do proprietário ou possuidor instituidor; IV- prazo durante o
qual a área permanecerá como servidão ambiental. Por outro lado, a
referida servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação
Permanente – APP e à Reserva Legal – RL mínima exigida.
Ademais, a restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área
sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida
para a Reserva Legal – RL. De maneira que devem ser objeto de
averbação na matrícula do imóvel no registro de imóveis
competente: I- o instrumento ou termo de instituição da servidão
ambiental; II- o contrato de alienação, cessão ou transferência da
servidão ambiental. No entanto, na hipótese de compensação de
Reserva Legal – RL, a servidão ambiental deve ser averbada na
matrícula de todos os imóveis envolvidos. Seja como for, é vedada,
durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da
destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer
título, de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel.
Além disso, as áreas que tenham sido instituídas na forma de
servidão florestal, nos termos do art. 44-A da Lei n° 4.771, de
15.09.1965, passam a ser consideradas, pelo efeito desta Lei, como
de servidão ambiental.
Vale acrescentar que a servidão ambiental pode ser onerosa
ou gratuita, temporária ou perpétua. O prazo mínimo da servidão
ambiental temporária é de 15 (quinze) anos.Não se pode perder de
vista que a servidão ambiental perpétua equivale, para fins
creditícios, tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos,
à Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, definida no art.
21 da Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000. Todavia, o detentor da
servidão ambiental pode aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou
parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em
favor de outro proprietário ou de entidade pública ou privada que
tenha a conservação ambiental como fim social (art. 9°-B da Lei n°
6.938, de 31.08.1981, incluído pela Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
Já o contrato de alienação, cessão ou transferência da
servidão ambiental deve ser averbado na matrícula do imóvel. Este
contrato deve conter, no mínimo, os seguintes itens: I- a delimitação
da área submetida a preservação, conservação ou recuperação
ambiental; II- o objeto da servidão ambiental; III- os direitos e
deveres do proprietário instituidor e dos futuros adquirentes ou
sucessores; IV- os direitos e deveres do detentor da servidão
ambiental; V- os benefícios de ordem econômica do instituidor e do
detentor da servidão ambiental; VI- a previsão legal para garantir o
seu cumprimento, inclusive medidas judiciais necessárias, em caso
de ser descumprido. Além disso, são deveres do proprietário do
imóvel serviente, entre outras obrigações estipuladas no contrato: I-
manter a área sob servidão ambiental; II- prestar contas ao detentor
da servidão ambiental sobre as condições dos recursos naturais ou
artificiais; III- permitir a inspeção e a fiscalização da área pelo
detentor da servidão ambiental; IV- defender a posse da área
serviente, por todos os meios em direito admitidos. Por outro lado,
são deveres do detentor da servidão ambiental, entre outras
obrigações estipuladas no contrato: I- documentar as características
ambientais da propriedade; II- monitorar periodicamente a
propriedade para verificar se a servidão ambiental está sendo
mantida; III- prestar informações necessárias a quaisquer
interessados na aquisição ou aos sucessores da propriedade; IV-
manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades da área
objeto da servidão; V- defender judicialmente a servidão ambiental.
CAPÍTULO 6 - SISTEMA
NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE – SISNAMA

6.1 CONCEITO DE SISTEMA


NACIONAL DO MEIO AMBIENTE –
SISNAMA
Instituído pela Lei n° 6.938, de 31.08.81, que dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, o Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA reúne organizadamente os órgãos e entidades públicas
ambientais da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios que estejam envolvidos com o uso dos
recursos ambientais ou que sejam responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental, visando atingir os objetivos
determinados para a Política Nacional do Meio Ambiente. Assim,
podemos dizer que por Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA deve ser entendido o conjunto de órgãos e instituições
que nos níveis federal, estadual e municipal tem as atribuições de
proteger o meio ambiente e os recursos naturais renováveis.
No entanto, ressalta PAULO DE BESSA ANTUNES que, a
bem da verdade, o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
tem uma abrangência muito maior do que aquela estipulada pela Lei
n° 6.938, de 31.08.1981. Segundo ele, o legislador ambiental, na
referida lei se preocupou mais em enfocar os órgãos do Poder
Executivo, sem fazer menção direta ao Poder Legislativo, ao Poder
Judiciário e ao Ministério Público. Isto porque a Política Nacional do
Meio Ambiente – PNMA diz respeito apenas aos órgãos do Poder
Executivo. No entanto, o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o
Ministério Público desempenham um papel importante na política
ambiental, já que ao Poder Legislativo compete elaborar as leis da
República enquanto o Poder Judiciário é dotado do poder de revisão
dos atos administrativos referentes à proteção do meio ambiente e
ao Ministério Público cumpre a função de provocação do controle da
legalidade. Daí conclui PAULO DE BESSA ANTUNES que o Poder
Legislativo, o Poder Judiciário e o Ministério Público têm a
possibilidade legal e, mesmo, constitucional de alterar
significativamente os contornos da política ambiental desenvolvida
pelo Poder Executivo. Todavia, não se pode perder de vista que tais
alterações devem ser feitas com base em competências
constitucionalmente definidas, cujos titulares são os dois outros
poderes políticos (Poder Legislativo e Poder Judiciário).[843]
Como se vê, a atribuição de realizar a proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais renováveis encontra-se dividida
entre os 3 (três) poderes do Estado; cada um desses poderes tem
papéis bem definidos a desempenhar na proteção ambiental, a
saber: 1) ao Poder Executivo cumpre conceder o
licenciamento e realizar o controle das atividades utilizadoras de
recursos ambientais e potencialmente poluidoras; 2) ao Poder
Legislativo cumpre a elaboração das leis ambientais, a fixação dos
orçamentos dos órgãos e entidades públicas ambientais, bem como
o controle das atividades administrativas levadas a efeito pelo Poder
Executivo; 3) ao Poder Judiciário cumpre a revisão de todos os atos
administrativos, praticados pelo Poder Executivo, referentes à
proteção do meio ambiente e ao controle da constitucionalidade das
normas elaboradas e postas em vigor pelos demais poderes do
Estado, bem como a apreciação dos remédios constitucionais
impetrados pelos cidadãos e entidades privadas para impugnar as
medidas, adotadas pelos Poderes Executivo e Legislativo, com
repercussão sobre o meio ambiente e/ou recursos naturais; 4) ao
Ministério Público cumpre a fiscalização dos atos e procedimentos
dos Poderes Públicos inerentes à qualidade ambiental para, em
caso de violação da Constituição Federal e legislação ambiental em
vigor, submetê-los a apreciação judicial.
6.2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO
SISNAMA
As origens históricas do Sistema Nacional do Meio Ambiente
– SISNAMA remontam ao Decreto-Lei n° 303, de 26.02.1967, que,
por meio do seu art. 1.º, criou o antigo Conselho Nacional de
Controle da Poluição Ambiental – CNCPA, denominou de “poluição”
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas
do meio ambiente (solo, água e ar) causada por qualquer substância
líquida, gasosa, ou em qualquer estado da matéria, que direta ou
indiretamente: a) seja nociva ou ofensiva à saúde, à segurança e ao
bem-estar das populações; b) crie condições inadequadas para fins
domésticos, agropecuários, industriais e outros; e c) cause danos à
flora e a fauna.
Por força do art. 6.º do acima citado Decreto-Lei n° 303, de
26.02.1967, o antigo Conselho Nacional de Controle da Poluição
Ambiental – CNCPA tinha as seguintes atribuições: a) estudar, rever
ou aprovar, mediante portaria, as normas e limites necessários ao
controle da poluição ambiental em âmbito nacional e em âmbito
regional, ouvidos os órgãos competentes; b) normatizar e
uniformizar as técnicas de trabalho a serem adotadas oficialmente
no país, para controle da poluição ambiental em colaboração com
os órgãos executores do controle ambiental; c) fixar normas gerais
para o controle, prevenção e correção da poluição ambiental
causada por estabelecimentos industriais, comerciais,
agropecuários, com instalações de queima de lixo, motores de
combustão ou qualquer outro dispositivo capaz de poluir o ambiente;
d) elaborar um sistema de normas de apoio, cooperação e estímulo
aos investimentos privados em controle da poluição ambiental; e)
coordenar estudos sobre práticas de coletas, transportes e
disposição final do lixo; f) organizar planos nacionais de controle da
poluição ambiental e programar sua execução; g) estabelecer o grau
de responsabilidade pela poluição, no caso de mais de uma
entidade estar poluindo o ambiente; h) arbitrar e atuar como órgão
de recurso em questões interestaduais; i) promover pesquisas, dar
assistência técnica e colaborar com as entidades de ensino no
treinamento do pessoal em assuntos de suas atribuições; j)
promover campanhas de divulgação educativa e de orientação da
opinião pública em assuntos de poluição ambiental; k) orientar
outras entidades estatais ou não em assuntos relativos ao controle
da poluição; l) promover a celebração de convênios e acordos com
entidades públicas ou privadas, nacionais, internacionais ou
estrangeiras, para o bom desenvolvimento de seus trabalhos.
Por outro lado, ao Conselho Nacional de Controle da
Poluição Ambiental – CNCPA competia delegar, a nível estadual e
municipal, a execução da política de controle da poluição ambiental
(art. 8.º). Em resumo, o Conselho Nacional de Controle da Poluição
Ambiental – CNCPA era um órgão ao qual competia à coordenação,
nos diversos níveis governamentais da antiga Política Nacional de
Controle da Poluição Ambiental.
Posteriormente, a Conferência de Estocolmo sobre meio
ambiente humano de 1972 teve uma influência decisiva na evolução
da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA e do Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. A nosso ver, foi justamente
em resposta a desastrosa participação brasileira em tal Conferência
que se emitiu o Decreto n° 73.030, de 30.10.1973, por meio do qual
foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, no
âmbito do Ministério do Interior.
Relata DALIA MAINON que as posições defendidas pelo
governo brasileiro na Conferência de Estocolmo em 1972 sofreram
muitas críticas da comunidade internacional. Tais críticas
aconteceram em virtude de o projeto de desenvolvimento nacional
então vigente não levar em consideração a proteção ao meio
ambiente e aos recursos naturais renováveis. E não levavam isto
em consideração porque a posição brasileira oficial era no sentido
de que as agressões à natureza eram absolutamente secundárias,
sendo prioritário apenas o desenvolvimento econômico brasileiro.
De maneira que, o Brasil, em resposta às pressões internacionais
criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA. Também o II
Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) se submeteu a essas
pressões internacionais, já que compreendia 3 (três) linhas de ação
no que se referia às questões ambientais: 1) política ambiental na
área urbana e definição das áreas críticas de poluição; 2) política de
preservação de recursos naturais; e 3) política de proteção à saúde
humana.[844]
A antiga Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA era
órgão autônomo da Administração Direta, vinculada ao antigo
Ministério do Interior, orientada para a conservação do meio
ambiente e o uso racional dos recursos naturais (art. 1.º do Decreto
n° 73.030, de 30.10.1973). Todavia, ressalta-se que a atividade da
Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA se exercia sem
prejuízo das atribuições afeitas a outros ministérios do Poder
Executivo federal. Outrossim, segundo o art. 4.º do referido Decreto
n° 73.030, de 30.10.1973, competia a Secretaria Especial do Meio
Ambiente – SEMA o seguinte: a) acompanhar as transformações do
ambiente por meio de técnicas de aferição direta e sensoreamento
remoto, identificando as ocorrências adversas, e atuando no sentido
de sua correção; b) assessorar órgãos e entidades incumbidas da
conservação do meio ambiente tendo em vista o uso racional dos
recursos naturais; c) promover a elaboração e o estabelecimento de
normas e padrões relativos à preservação do meio ambiente, em
especial dos recursos hídricos que assegurem o bem-estar das
populações e o seu desenvolvimento econômico-social; d) realizar
diretamente ou colaborar com os órgãos especializados no controle
e fiscalização das normas e padrões estabelecidos; e) promover em
todos os níveis a formação e treinamento de técnicos e especialistas
em assuntos relativos à preservação do meio ambiente; f) atuar
junto aos agentes financeiros para a concessão de financiamento a
entidades públicas e privadas com vistas à recuperação de recursos
naturais afetados por processos predatórios ou poluidores; g)
cooperar com os órgãos especializados na preservação de espécies
animais e vegetais ameaçadas de extinção e na manutenção de
estoques de material genético; h) manter atualizada a Relação de
Agentes Poluidores e Substâncias Nocivas, no que se refere aos
interesses do País; i) promover, intensamente, através de
programas em escala nacional, o esclarecimento e a educação do
povo brasileiro para o uso adequado dos recursos naturais, tendo
em vista a conservação do meio ambiente.
De maneira que a atuação da antiga Secretaria Especial do
Meio Ambiente – SEMA era a inserida na Política Nacional de
Preservação e Uso do Solo. Acrescenta-se que junto a tal Secretaria
funcionava o antigo Conselho Consultivo do Meio Ambiente –
CCMA, constituído por 9 (nove) membros de notória competência
em assuntos relacionados com a utilização racional de recursos
naturais e de preservação do meio ambiente. O Conselho
Consultivo do Meio Ambiente – CCMA tinha a competência de
assessorar a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA na
organização e execução dos seus programas de trabalho e no que
se fizesse necessário ao bom desempenho de suas atribuições e,
ainda, colaborar com a referida Secretaria na elaboração de atos
normativos e textos legais relacionados com suas atribuições. No
entanto, a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA foi extinta
pela Lei n° 7.735, de 22.02.1989.

6.3 ÓRGÃOS E ENTIDADES QUE


INTEGRAM O SISTEMA NACIONAL
DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA
Por força do art. 6.º da Lei n° 6.938, de 31.08.1981, com as
modificações determinadas pela Lei n° 7.804, de 18.07.1989, pela
Lei n° 8.028, de 12.04.1990, e pela Lei n° 12.856, de 02.09.2013, os
órgãos e entidades da União Federal, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações,
instituídas pelo Poder público e responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental, fazem parte do Sistema Nacional
do Meio Ambiente – SISNAMA. Evidentemente, cada um dos órgãos
e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
possui competência e atribuições que lhe são próprias, apesar de
algumas vezes haver certa confusão na execução da política
ambiental. Numa visão geral, a este conjunto de órgãos e entidades
públicas compete o exercício do poder de polícia em matéria
ambiental, dentro dos limites estabelecidos em lei para cada um
deles. Todavia, não se pode perder de vista que outros órgãos
podem, eventualmente, exercer, direta ou indiretamente, o poder de
polícia ambiental em casos específicos, tais como saúde pública,
meio ambiente do trabalho, produção industrial, transportes de
produtos perigosos etc. (como por exemplo, a Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – CIPA, o Instituto Nacional de Metrologia,
Normatização e Qualidade Industrial – INMETRO, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT etc.).
Assim é que o Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA é estruturado da seguinte forma: 1) o Conselho de
Governo, denominado “Órgão Superior”, com a função de
assessorar o Presidente da República na formulação da política
nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os
recursos ambientais; 2) o Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA, denominado “Órgão Consultivo e Deliberativo”, com a
finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo,
diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; 3)
a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República,
denominado “Órgão Central”, com a finalidade de planejar,
coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política
nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente; 4) o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes,
denominados “Órgãos Executores”, com a finalidade de executar e
fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para
o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; 5) os
órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de
programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades
capazes de provocar a degradação ambiental, denominados
“Órgãos Seccionais”; 6) os órgãos ou entidades municipais,
responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas
suas respectivas jurisdições, denominados “Órgãos Locais”.
Como se pode observar na estrutura acima discriminada, a
Lei n° 6.938, de 31.08.1981, estruturou o Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA em 6 (seis) níveis político-administrativos de
atuação na área ambiental bem distintos.
Todavia, PAULO DE BESSA ANTUNES chama-nos a
atenção para o fato de, na prática, o exercício do poder de polícia se
mostrar bastante inoperante. Segundo ele, a fiscalização das
atividades degradadoras do meio ambiente, por parte dos órgãos
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA tem
se revelado hipertrofiada e pouco eficiente. Isto decorre, em parte,
de uma excessiva centralização do sistema e de uma incapacidade
de seus diversos integrantes em realizar, cada um, o seu papel,
sobrecarregando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, que é uma autarquia
extremamente pobre de recursos materiais e humanos que não lhe
são providos pela União. Inclusive, tal fato foi evidenciado no
Relatório de Auditoria Operacional realizado no Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
pelo Tribunal de Contas da União – TCU, apresentado pelo ministro
Fernando Gonçalves, no ano de 1992, em Brasília, e de lá para cá
pouco mudou.[845]

6.4 O CONSELHO DE GOVERNO


COMO ÓRGÃO SUPERIOR
O Conselho de Governo, instituído como órgão superior do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA pelo inciso I do art.
6.º da Lei n° 6.938, 31.08.1981, é órgão integrante da Presidência
da República e tem como função legal e específica assessorar o
Presidente da República na formulação da política nacional e das
diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos
ambientais (assessoramento imediato do chefe do Poder Executivo
federal em questões ambientais).
O Conselho de Governo era integrado por todos os Ministros
de Estado e deveria se reunir sempre que o Presidente da
República o convocasse (art. 6.º da Lei n° 8.028, de 12.04.1990).
Posteriormente a Lei n° 8.490, de 19.11.1992, ao reorganizar a
estrutura administrativa da Presidência da República, manteve o
Conselho de Governo como órgão dela integrante e com a mesma
função de assessoramento imediato em questões ligadas ao meio
ambiente. Todavia, o art. 6.º da referida Lei determinava que o
Conselho de Governo deveria ser integrado por todos os Ministros
de Estado e pelo Consultor-Geral da República, mantendo-se a
prescrição no sentido de que devia se reunir sempre que o
Presidente da República convocá-lo. Outrossim, o Conselho de
Governo devia ser presidido, em cada reunião, pelo Ministro de
Estado do Meio Ambiente para este fim designado pelo Presidente
da República (parágrafo único do art. 6.º). No entanto, a Lei n°
8.490, de 19.11.1992, foi revogada pela Lei n° 9.649, de 27.05.1998,
que, por sua vez, posteriormente também foi revogada pela Lei n°
10.683, de 28.05.2003.
Atualmente, em virtude do que prescreve a referida Lei n°
10.683, de 28.05.2003, ao Conselho de Governo compete
assessorar o Presidente da República na formulação de diretrizes
da ação governamental, dividindo-se em 2 (dois) níveis de atuação:
I- Conselho de Governo, presidido pelo Presidente da República ou,
por sua determinação, pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil,
que será integrado pelos Ministros de Estado e pelo titular do
Gabinete Pessoal do Presidente da República; e II- Câmaras do
Conselho de Governo, a serem criadas em ato do Poder Executivo,
com a finalidade de formular políticas públicas setoriais, cujo escopo
ultrapasse as competências de um único Ministério (caput do art.
7.º, com redação dada pela Lei n° 12.314, de 19.08.2010).
Vale destacar que, para desenvolver as ações executivas
das Câmaras do Conselho de Governo, devem ser constituídos
Comitês Executivos, cuja composição e funcionamento devem ser
definidos em ato do Poder Executivo (§ 1.º do art. 7.º). Ainda a
respeito das Câmaras do Conselho de Governo, devemos
acrescentar que, por força do § 3.º do art. 7.º da Lei n° 10.683, de
28.05.2003, incumbe ao Poder Executivo dispor sobre as
competências e o funcionamento das Câmaras e Comitês.
Outrossim, o § 2.º do art. 7.º da Lei 10.683, de 28.05.2003,
com redação dada pela Lei n° 12.314, de 19.08.2010, manteve a
disposição das leis anteriores, ao prescrever que o Conselho de
Governo deve reunir-se em todas as vezes que houver sua
convocação pelo Presidente da República e secretariado por um de
seus membros, por ele designado.

6.5 O CONSELHO NACIONAL DO


MEIO AMBIENTE – CONAMA COMO
ÓRGÃO CONSULTIVO E
DELIBERATIVO
Como vimos, o órgão consultivo e deliberativo do Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA é o Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA. A principal finalidade do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é, justamente, assessorar,
estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais
renováveis e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida
(inciso II do art. 6.º da Lei 6.938, 31.08.1981).
A respeito das funções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA, PAULO DE BESSA ANTUNES comenta que
este órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA é uma entidade dotada de poder
regulamentar em razão de expressa determinação legal. O
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA pode e deve
estabelecer os padrões federais e as normas federais que devem
ser tidas como normas gerais a serem observadas pelos Estados e
Municípios. Evidentemente que Estados e Municípios, no uso de
suas competências legislativas e administrativas, poderão
estabelecer outros critérios. Entretanto, segundo ele, é certo que os
padrões regionais e locais não poderão ser mais permissivos que o
padrão fixado em âmbito federal. Os patamares e padrões máximos
de poluição tolerada são os federais.[846]

6.5.1 Constituição e funcionamento do Conselho Nacional do


Meio Ambiente – CONAMA

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é


composto de Plenário, Câmara Especial Recursal, Comitê de
Integração de Políticas Ambientais, Câmaras Técnicas, Grupos de
Trabalho e Grupos de Assessores (art. 4.º do Decreto n° 99.274, de
06.06.1990, com as alterações determinadas pelo art. Decreto n°
6.792, de 10.03.2009), bem como é presidido pelo Ministro do Meio
Ambiente. Além disso, possui uma Secretaria Executiva que é
exercida justamente pelo Secretário Executivo do Ministério do Meio
Ambiente – MMA.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é órgão
colegiado, representativo dos mais diversos setores do governo e
dos setores da sociedade que lidam direta ou indiretamente com a
preservação do meio ambiente.
A composição do Plenário do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA é feita da seguinte forma: 1) um
representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e um representante do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto
Chico Mendes, os quais, juntamente com seu respectivo suplente,
deve ser indicado pelo titular do mencionado órgão e designado
pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente; 2) um representante da
Agência Nacional de Águas – ANA, o qual, juntamente com seu
respectivo suplente, deve ser designado pelo Ministro de Estado do
Meio Ambiente; 3) um representante de cada um dos Ministérios,
das Secretarias da Presidência da República e dos Comandos
Militares do Ministério da Defesa, os quais, juntamente com seus
respectivos suplentes, devem ser indicados pelos respectivos
titulares e designados pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente; 4)
um representante de cada um dos governos estaduais e do Distrito
Federal, os quais, juntamente com seus respectivos suplentes,
devem ser indicados pelos respectivos governadores e designados
pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente; 5) oito representantes
dos Governos Municipais que possuam órgão ambiental estruturado
e Conselho de Meio Ambiente com caráter deliberativo (juntamente
com seus respectivos suplentes, designados pelo Ministro de
Estado do Meio Ambiente), sendo: a) um representante de cada
região geográfica do País, sendo que incumbe à Associação
Nacional de Municípios e Meio Ambiente – ANAMMA coordenar o
processo de escolha de tais representantes; b) um representante da
Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente – ANAMMA
sendo que incumbe à própria entidade coordenar o processo de
escolha de tal representante; c) dois representantes de entidades
municipalistas de âmbito nacional, sendo que incumbe ao
presidente do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA a
indicação das referidas entidades; 6) vinte e um representantes de
entidades de trabalhadores (indicados pelas respectivas
Confederações Nacionais) e da sociedade civil, os quais,
juntamente com seu respectivo suplente, devem ser designados
pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, sendo: a) dois
representantes de entidades ambientalistas de cada uma das
Regiões Geográficas do País, os quais devem ser eleitos pelas
entidades inscritas, há pelo menos 1 (um) ano, no Cadastro
Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA, na respectiva região,
mediante carta registrada ou protocolizada junto ao Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (neste caso, eles podem ter
as despesas de deslocamento e estada pagas à conta de recursos
orçamentários do Ministério do Meio Ambiente); b) um representante
de entidade ambientalista de âmbito nacional, o qual deve ser eleito
pela entidade inscrita, há pelo menos 1 (um) ano, no Cadastro
Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA, na respectiva região,
mediante carta registrada ou protocolizada junto ao Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (neste caso, ele pode ter as
despesas de deslocamento e estada pagas à conta de recursos
orçamentários do Ministério do Meio Ambiente); c) três
representantes de associações legalmente constituídas para a
defesa dos recursos naturais e do combate à poluição, de livre
escolha do Presidente da República (neste caso, eles podem ter as
despesas de deslocamento e estada pagas à conta de recursos
orçamentários do Ministério do Meio Ambiente); d) um representante
de entidades profissionais, de âmbito nacional, com atuação na área
ambiental e de saneamento, indicado pela Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES (neste caso, ele pode ter
as despesas de deslocamento e estada pagas à conta de recursos
orçamentários do Ministério do Meio Ambiente); e) um representante
de trabalhadores indicado pelas centrais sindicais e confederações
de trabalhadores da área urbana (Central Única dos Trabalhadores
– CUT, Força Sindical, Confederação Geral dos Trabalhadores –
CGT, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria –
CNTI e Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio –
CNTC), escolhido em processo coordenado pela Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI e Confederação
Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC; f) um
representante de trabalhadores da área rural, indicado pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura –
CONTAG; g) um representante de populações tradicionais,
escolhido em processo coordenado pelo Centro Nacional de
Desenvolvimento Sustentável das Populações Tradicionais –
CNPT/IBAMA (neste caso, ele pode ter as despesas de
deslocamento e estada pagas à conta de recursos orçamentários do
Ministério do Meio Ambiente); h) um representante da comunidade
indígena indicado pelo Conselho de Articulação dos Povos e
Organizações Indígenas do Brasil – CAPOIB (neste caso, ele pode
ter as despesas de deslocamento e estada pagas à conta de
recursos orçamentários do Ministério do Meio Ambiente); i) um
representante da comunidade científica, indicado pela Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC (neste caso, ele
pode ter as despesas de deslocamento e estada pagas à conta de
recursos orçamentários do Ministério do Meio Ambiente); j) um
representante do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares – CNCG; k) um
representante da Fundação Brasileira para a Conservação da
Natureza – FBCN (neste caso, ele pode ter as despesas de
deslocamento e estada pagas à conta de recursos orçamentários do
Ministério do Meio Ambiente); 7) oito representantes de entidades
empresariais, os quais, juntamente com seus respectivos suplentes,
devem ser indicados pelas respectivas Confederações Nacionais e
designados pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente; e 8) um
membro honorário indicado pelo Plenário, o qual, juntamente com
seu respectivo suplente, deve ser designado pelo Ministro de Estado
do Meio Ambiente, bem como deve ter mandato de 2 (dois) anos,
renovável por igual período.
Além disso, integram também o Plenário do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, na condição de
Conselheiros Convidados sem direito a voto, indicados pelos
titulares dos respectivos órgãos ou entidades e designados pelo
Ministro de Estado do Meio Ambiente juntamente com seu
respectivo suplente: I- um representante do Ministério Público
Federal; II- um representante dos Ministérios Públicos Estaduais,
indicado pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de
Justiça; e III- um representante da Comissão de Defesa do
Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados
(§1.º do art. 4.º do Decreto n° 99.274, de 06.06.1990, com as
alterações determinadas pelo art. 1.º do Decreto n° 3.942, de
27.09.2001).
O Plenário do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA deve reunir-se em sessão pública com a presença de
pelo menos a metade mais um dos seus membros e deve deliberar
por maioria simples dos membros presentes no Plenário, cabendo
ao presidente da sessão, além do voto pessoal, o de qualidade (§
2.º do art. 6.º do Decreto n° 99.274, de 06.06.1990, com as
alterações determinadas pelo art. 1.º do Decreto n° 3.942, de
27.09.2001). Inclusive, o presidente do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA deve ser substituído, nos seus impedimentos,
pelo Secretário-Executivo do Conselho Nacional do Meio Ambiente
– CONAMA, e, na falta deste, pelo Conselheiro representante do
Ministério do Meio Ambiente (§ 3.º do art. 6.º do Decreto n° 99.274,
de 06.06.1990, com as alterações determinadas pelo art. 1.º do
Decreto n° 3.942, de 27.09.2001).
Lembramos que a participação dos membros do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é considerada serviço de
natureza relevante e não deve ser remunerada, cabendo às
instituições representadas o custeio das despesas de deslocamento
e estadia (§ 4.º do art. 6.º do Decreto n° 99.274, de 06.06.1990).
Todavia, como já nos referimos antes, os membros representantes
de algumas sociedades civis podem ter as despesas de
deslocamento e estada pagas à conta de recursos orçamentários do
Ministério do Meio Ambiente – MMA (§ 5.º do art. 6.º do Decreto n°
99.274, de 06.06.1990, com as alterações determinadas pelo art. 1.º
do Decreto n° 3.942, de 27.09.2001).
Outrossim, o Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA deve se reunir, ordinariamente, a cada 3 (três) meses no
Distrito Federal. Todavia, ele pode realizar reuniões extraordinárias,
por convocação de seu presidente, por iniciativa própria ou a
requerimento de pelo menos 2 (dois) terços de seus membros
(caput do art. 6.º do Decreto n° 99.274, de 06.06.1990), quando for
necessário. As reuniões extraordinárias também podem ser
realizadas fora do Distrito Federal, sempre que razões superiores,
de conveniência técnica ou política, assim o exigirem (§ 1.º do art.
6.º).

6.5.2 Competência do Conselho Nacional do Meio Ambiente –


CONAMA

Conforme o previsto no art. 7.º do Decreto n° 99.274, de


06.06.1990, com as alterações determinadas pelo art. 1.º do
Decreto n° 3.942, de 27.09.2001 e pelo Decreto n° 6.792, de
10.03.2009, é da competência do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA : I- estabelecer, mediante proposta do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e supervisionada
pelo referido Instituto. No entanto, estas normas e critérios para o
licenciamento de atividades potencial ou efetivamente poluidoras
devem estabelecer os requisitos necessários à proteção ambiental;
II- determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos
das alternativas e das possíveis consequências ambientais de
projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais,
estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as
informações indispensáveis para apreciação dos estudos de
impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou
atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas
áreas consideradas patrimônio nacional; III- decidir, por meio da
Câmara Especial Recursal, como última instância administrativa, os
recursos contra as multas e outras penalidades impostas pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA; IV- determinar, mediante representação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais
concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a
perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito. No entanto, estas penalidades
somente podem ser aplicadas nos casos previamente definidos em
ato específico do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,
assegurando-se ao interessado a ampla defesa; V- estabelecer,
privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição
causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações,
mediante audiência dos Ministérios competentes; VI- estabelecer
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da
qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos
recursos ambientais, principalmente os hídricos. No entanto, na
fixação de tais normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente, o Conselho Nacional
do Meio Ambiente – CONAMA deve levar em consideração a
capacidade de auto-regeneração dos corpos receptores e a
necessidade de estabelecer parâmetros genéricos mensuráveis; VII-
assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos
naturais; VIII- deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;
IX- estabelecer os critérios técnicos para declaração de áreas
críticas, saturadas ou em vias de saturação; X- acompanhar a
implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza – SNUC, conforme disposto no inciso I do art. 6.º da Lei
n° 9.985, de 18.07.2000; XI- propor sistemática de monitoramento,
avaliação e cumprimento das normas ambientais; XII- incentivar a
instituição e o fortalecimento institucional dos Conselhos Estaduais
e Municipais de Meio Ambiente, de gestão de recursos ambientais e
dos Comitês de Bacia Hidrográfica; XIII- avaliar a implementação e
a execução da política ambiental do País; XIV- recomendar ao órgão
ambiental competente a elaboração do Relatório de Qualidade
Ambiental, previsto no art. 9.º, X da Lei n° 6.938, de 31.08.1981; XV-
estabelecer sistema de divulgação de seus trabalhos; XVI- promover
a integração dos órgãos colegiados de meio ambiente; XVII-
elaborar, aprovar e acompanhar a implementação da Agenda
Nacional de Meio Ambiente, a ser proposta aos órgãos e às
entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, sob
a forma de recomendação. Vale acrescentar que a Agenda Nacional
de Meio Ambiente constitui-se de documento a ser dirigido ao
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, recomendando os
temas, programas e projetos considerados prioritários para a
melhoria da qualidade ambiental e o desenvolvimento sustentável
do País, indicando os objetivos a serem alcançados num período de
2 (dois) anos; XVIII- deliberar, sob a forma de resoluções,
proposições, recomendações e moções, visando o cumprimento dos
objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente; XIX- elaborar o
seu regimento interno.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA legisla
por meio de Resoluções, quando a matéria se tratar de deliberação
vinculada à competência legal e por meio de moções, quando versar
sobre matéria, de qualquer natureza, relacionada com a temática
ambiental.

6.5.3 Da Câmara Especial Recursal

Por força do art. 6º-A do Decreto n° 99.274, de 06.06.1990,


incluído pelo Decreto n° 6.792, de 27.09.2009, a Câmara Especial
Recursal do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é a
instância administrativa do referido Conselho responsável pelo
julgamento, em caráter final, das multas e outras penalidades
administrativas impostas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Por sinal, suas
decisões têm caráter terminativo.
A Câmara Especial Recursal é composta por um
representante, titular e suplente, de cada órgão e entidade a seguir
indicados: I- Ministério do Meio Ambiente – MMA, que a presidirá;
II- Ministério da Justiça – MJ; II- Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes;
IV- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA; V- entidade ambientalista; VI- entidades
empresariais; e VII- entidades de trabalhadores. Todavia, as
indicações dos representantes que comporão a Câmara Especial
Recursal devem obedecer aos mesmos procedimentos de que trata
o art. 5° do Decreto n° 99.274, de 06.06.1990. Os referidos
representantes devem ser escolhidos entre profissionais com
formação jurídica e experiência na área ambiental, para período de
2 (dois) anos, renovável por igual prazo. Outrossim, a Câmara
Especial Recursal deve ser reunir, por convocação do seu
Presidente, em Brasília e em sessão pública, com a presença de
pelo menos a metade mais um dos seus membros e deliberar por
maioria simples dos membros presentes, cabendo ao Presidente,
além do voto pessoal, o de qualidade. Inclusive, a participação na
Câmara Especial Recursal é considerada serviço de natureza
relevante, não remunerada. A organização e funcionamento da
referida Câmara deve ser incluídos no regimento interno do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, devendo os
membros daquela Câmara, já na primeira sessão, elaborar proposta
naquele sentido, a ser apresentada ao Conselho (art. 6.º-B do
Decreto n° 99.274, de 06.06.1990, incluído pelo Decreto n° 6.792,
de 27.09.2009).

6.5.4 Das Câmaras Técnicas e dos Grupos de Trabalho do


CONAMA

Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA encontra-


se dividido em Câmaras Técnicas, para examinar e relatar ao
Plenário os assuntos de sua competência (caput do art. 8.º do
Decreto n° 99.274, de 06.06.1990, com as modificações
determinadas pelo Decreto n° 6.792, de 27.09.2009), ou seja, com a
finalidade de elaborar estudos e análises dos assuntos para os
quais foram criadas, capazes de subsidiar as deliberações do
Plenário do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
Portanto, ele é composto de 18 (dezoito) Câmaras Técnicas, sendo
10 (dez) Câmaras Técnicas Permanentes e 8 (oito) Câmaras
Técnicas Temporárias. Cada Câmara Técnica é composta de 10
(dez) conselheiros, titulares e suplentes, devendo ser consideradas
a participação das diferentes categorias de interesse multisetorial
representadas no Plenário. Cada Câmara Técnica deve eleger um
presidente e um relator, entre os seus próprios membros.
As Câmaras Técnicas Permanentes em funcionamento são
as seguintes: 1) Câmara Técnica Permanente dos Assuntos
Jurídicos (criada pela Resolução/CONAMA n° 5, de 09.10.1995); 2)
Câmara Técnica Permanente de Controle Ambiental (criada pela
Resolução/CONAMA n° 5, de 09.10.1995); 3) Câmara Técnica
Permanente de Ecossistemas (criada pela Resolução/CONAMA n°
5, de 09.10.1995); 4) Câmara Técnica Permanente de Energia
(criada pela Resolução/CONAMA n° 5, de 9.10.1995); 5) Câmara
Técnica Permanente de Gerenciamento Costeiro (criada pela
Resolução/CONAMA n° 5, de 09.10.1995); 6)Câmara Técnica
Permanente de Mineração e Garimpo (criada pela
Resolução/CONAMA n° 5, de 09.10.1995); 7) Câmara Técnica
Permanente de Recursos Hídricos e Saneamento (criada pela
Resolução/CONAMA 5, de 09.10.1995); 8) Câmara Técnica
Permanente de Recursos Naturais Renováveis (criada pela
Resolução/CONAMA n° 5, de 09.10.1995); 9) Câmara Técnica
Permanente de Transportes (criada pela Resolução/CONAMA n° 5,
de 09.10.1995); 10) Câmara Técnica Permanente de Uso do Solo
(criada pela Resolução/CONAMA n° 5, de 09.10.1995).
Conforme dispõe o art. 9.º do Decreto n° 99.274, de
06.06.1990, em caso de urgência, o presidente do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA pode criar Câmaras
Técnicas ad referendum do Plenário, para funcionamento
temporário. Portanto, as Câmaras Técnicas Temporárias são criadas
por determinação do Plenário do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA por prazo definido, para cumprir objetivo
predeterminado. As Câmaras Técnicas Temporárias hoje existentes
são as seguintes: 1) Câmara Técnica Temporária para Assuntos da
Amazônia (criada pela Resolução/CONAMA n° 9, de 10.10.1995, e
prorrogada pela Resolução/CONAMA n° 295, de 12.12.2001); 2)
Câmara Técnica Temporária dos Assuntos Econômicos (não existe
qualquer Resolução/CONAMA que tenha criado a Câmara Técnica
Temporária para Assuntos Econômicos, porém a
Resolução/CONAMA n° 253, de 08.01.1999, prorrogou o seu prazo
de validade, por mais um ano, contado da sua publicação); 3)
Câmara Técnica Temporária da Atualização do Código Florestal
(instituída pela Resolução/CONAMA n° 254, de 15.04.1999, e
prorrogada pela Resolução/CONAMA n° 270, de 27.07.2000); 4)
Câmara Técnica Temporária do Cerrado e Caatinga (criada pela
Resolução/CONAMA 8, de 10.10.1995 e prorrogada pela
Resolução/CONAMA n° 253, de 08.01.1999); 5) Câmara Técnica
Temporária do Ecoturismo (criada pela Resolução/CONAMA n° 25,
de 12.12.1996, e prorrogada pela Resolução/CONAMA n° 253, de
08.01.1999); 6) Câmara Técnica Temporária da Educação Ambiental
(criada pela Resolução/CONAMA 11, de 10.10.1995, e prorrogada
pela Resolução/CONAMA n° 253, de 08.01.1999); 7) Câmara
Técnica Temporária da Mata Atlântica (criada pela
Resolução/CONAMA n° 12, de 10.10.1995; prorrogada pela
Resolução/CONAMA n° 253, de 08.01.1999); 8) Câmara Técnica
Temporária do Mercosul (instituída pela Resolução/CONAMA n° 6,
de 10.10.1995, e prorrogada pela Resolução/CONAMA n° 253, de
08.01.1999); 9) Câmara Técnica Temporária do Pantanal (criada
pela Resolução/CONAMA n° 7, de 10.10.1995, e prorrogada pela
Resolução/CONAMA n° 253, de 08.01.1999); 10) Câmara Técnica
Temporária da Proteção à Fauna (instituída pela
Resolução/CONAMA n° 246, de 04.11.1998, e prorrogada pela
Resolução/CONAMA 295, de 12.12.2001).
Os Grupos de Trabalho que se encontram em andamento
são os seguintes: 1) Grupo de Trabalho da Amazônia; 2) Grupo de
Trabalho de Assuntos Econômicos; 3) Grupo de Trabalho de
Assuntos Jurídicos; 4) Grupo de Trabalho de Atualização do Código
Florestal; 5) Subgrupo de Trabalho do Código Florestal n.º 2; 6)
Subgrupo de Trabalho do Código Florestal nº 1; 7) Grupo de
Trabalho do Cerrado e Caatinga; 8) Grupo de Trabalho de Controle
Ambiental; 9) Grupo de Trabalho de Amianto; 10) Grupo de Trabalho
de Assentamentos de Reforma Agrária; 11) Grupo de Trabalho de
Aterros Sanitários; 12) Grupo de Trabalho de Auditorias Ambientais;
13) Grupo de Trabalho de Balneabilidade; 14) Grupo de Trabalho da
Baía de Guanabara; 15) Grupo de Trabalho de Catalizadores; 16)
Grupo de Trabalho de Construção Civil; 17) Grupo de Trabalho de
Elaboração de Planos de Emergência; 18) Grupo de Trabalho de
Embalagens; 19) Grupo de Trabalho de Incineração; 20) Grupo de
Trabalho de Irrigação; 21) Grupo de Trabalho de Lâmpadas; 22)
Grupo de Trabalho da Malária; 23) Grupo de Trabalho de Ozônio;
24) Grupo de Trabalho de Petróleo; 25) Grupo de Trabalho de
Postos de Combustíveis e Serviços; 26) Grupo de Trabalho de
Resíduos de Serviços de Saúde; 27) Grupo de Trabalho de Revisão
da Resolução n° 6, de 1988; 28) Grupo de Trabalho de Revisão da
Resolução n° 226, de 1997; 29) Grupo de Trabalho de
Transgênicos; 30) Grupo de Trabalho de Ecossistemas; 31) Grupo
de Trabalho de Jardim Botânico; 32) Grupo de Trabalho do SNUC –
Sistema Nacional de Unidades de Conservação; 33) Grupo de
Trabalho de Superposição AI x UC; 34) Grupo de Trabalho do
Ecoturismo; 35) Grupo de Trabalho da Educação Ambiental; 36)
Grupo de Trabalho da Comunicação; 37) Grupo de Trabalho da
Energia; 38) Grupo de Trabalho da Energia – GT 1 (Licenciamento
de Empreendimentos); 39) Grupo de Trabalho da Energia – GT 2
(Revisão da Resolução n° 6, de 16.09.1987); 40) Grupo de Trabalho
de Gerenciamento Costeiro; 41) Grupo de Trabalho da Mata
Atlântica; 42) Grupo de Trabalho da Carcinicultura; 43) Grupo de
Trabalho das Espécies Ameaçadas de Extinção; 44) Grupo de
Trabalho dos Planos de Manejo Florestal; 45) Grupo de Trabalho do
Mercosul; 46) Grupo de Trabalho de Mineração e Garimpo; 47)
Grupo de Trabalho do Pantanal; 48) Grupo de Trabalho de Proteção
à Fauna; 49) Grupo de Trabalho dos Recursos Hídricos e
Saneamento; 50) Grupo de Trabalho dos Recursos Naturais
Renováveis; 51) Grupo de Trabalho dos Transportes; 52) Grupo de
Trabalho do Uso do Solo; 53) Grupo de Trabalho Repensando o
CONAMA.
6.6 O MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE COMO ÓRGÃO CENTRAL
O atual Ministério do Meio Ambiente é resultado do processo
de evolução de vários órgãos ministeriais iniciado em 1985, com a
criação do antigo Ministério de Desenvolvimento Urbano e Meio
Ambiente. Daí por diante, as questões ambientais foram ganhando
novas dimensões e grau de importância nos meios políticos. Tanto é
que, ao longo dos últimos anos, foram outorgadas diferentes
atribuições a esta pasta e foram criados novos órgãos a ela
vinculados. Consequentemente, esta metamorfose provocou
mudanças no próprio nome do Ministério. De maneira que este
processo de evolução pode ser sintetizado na seguinte histórico
legislativo: 1) o Decreto n° 91.145, de 15.03.1985, criou o Ministério
do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, dispôs sobra a sua
estrutura, transferindo-lhe o Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA e a Secretaria do Meio Ambiente – SEMA; 2) a Lei n°
7.797, de 10.07.1989, criou o Fundo Nacional do Meio Ambiente –
FNMA; 3) a Medida Provisória n° 150, de 15.03.1990, criou a
Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República –
SEMAM/PR, como órgão de assistência direta e imediata ao
Presidente da República; 4) a Lei n° 8.490, de 19.11.1990, dispôs
sobre a obrigação da Presidência da República e dos Ministérios;
sendo que o seu art. 21 transformou a Secretaria do Meio Ambiente
da Presidência da República – SEMAM/PR em Ministério do Meio
Ambiente – MMA; 5) a Lei n° 8.746, de 09.12.1993, criou, mediante
transformação, o Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal,
bem como alterou a redação de dispositivo da Lei n° 8.490, de
19.11.1992; o inciso XVI do seu art. 19 criou o Conselho Nacional da
Amazônia Legal – CONAMAZ e foi citado o Conselho Nacional da
Borracha – CNB como órgãos específicos na estrutura básica do
Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal; 6) a Medida
Provisória n° 738, de 02.12.1994, no inciso XVI do seu art. 19, criou
o Conselho Nacional dos Recursos Naturais Renováveis –
CONAREN como órgão específico na estrutura básica do Ministério
do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, em substituição ao
Conselho Nacional da Borracha, das Florestas e da Pesca,
conforme Medida Provisória n° 688, de 03.11.1994; 7) a Medida
Provisória n° 813, de 01.01.1995, dispôs sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios; no inciso X do seu art.
16 dispôs que eram órgãos específicos: o Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA; o Conselho Nacional da Amazônia
Legal – CONAMAZ; o Conselho Nacional dos Recursos Naturais
Renováveis – CONAREM; e o Comitê do Fundo Nacional do Meio
Ambiente – CFNMA; bem como o inciso IV do seu art. 17
prescreveu que ficava transformado o Ministério do Meio Ambiente e
da Amazônia Legal em Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal; 8) o art. 34 da Medida Provisória n°
813, de 01.01.1995, na sua versão 1.498-19, de 09.07.1996,
transformou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro em Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, passando a integrar a
estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e
da Amazônia Legal, com a finalidade de promover, realizar e
divulgar pesquisas técnico-científicas sobre os recursos florísticos
do Brasil; 9) a Lei n° 9.433, de 08.01.1997, instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos; no seu art. 34 criou o
Conselho Nacional de Recursos Hídricos; 10) a Medida Provisória
n° 1.795, de 01.01.1999, dispôs sobre a organização da Presidência
da República e dos Ministérios; no inciso III do art. 17 transformou o
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal em Ministério do Meio Ambiente.
O Ministério do Meio Ambiente – MMA, como órgão central do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, tem por
competência os assuntos relacionados a: a) política nacional do
meio ambiente e dos recursos hídricos; b) política de preservação,
conservação e utilização sustentável de ecossistemas, e
biodiversidade e florestas; c) proposição de estratégias,
mecanismos e instrumentos econômicos e sociais para a melhoria
da qualidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais;
d) políticas para integração do meio ambiente e produção; e)
políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal; e f)
zoneamento ecológico-econômico (inciso XV do art. 27 da Lei n°
10.683, de 28.05.2003 e art. 1.º do Decreto n° 4.755, de
20.06.2003).
Por sinal cabe ao Ministério do Meio Ambiente – MMA, sem
prejuízo das demais competências que lhe são legalmente
conferidas, por intermédio da sua Secretaria-Executvia, prover os
serviços de apoio técnico e administrativo do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA (art. 10 do Decreto n° 99.274, de
06.06.1990, com a redação dada pelo art. 1.º do Decreto n° 3.942,
de 27.09.2001). Conforme determina o art. 11 do referido Decreto n°
99.274, de 06.06.1990, com a redação dada pelo art. 1.º do Decreto
n° 3.942, de 27.09.2001, para atender ao suporte técnico e
administrativo do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,
a Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente – MMA deve:
I- solicitar colaboração, quando necessário, aos órgãos específicos
singulares, ao Gabinete e às entidades vinculadas ao Ministério do
Meio Ambiente – MMA; II- coordenar, por meio do Sistema Nacional
de Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA, o intercâmbio de
informações entre os órgãos integrantes do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA; III- promover a publicação e divulgação
dos atos do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
Acrescenta-se que, face ao que dispõe o art. 2.º do Anexo I do
Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, atualmente os órgãos de
assistência direta e imediata ao Ministro de Estado do Meio
Ambiente são os seguintes: 1) órgãos de assistência direta e
imediata ao Ministro de Estado: 1.1) Gabinete; 1.2) Secretaria-
Executiva: 1.2.1) Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e
Administração; 1.2.2) Departamento de Gestão Estratégica; 1.2.3)
Departamento de Articulação de Ações da Amazônia; 1.2.4)
Departamento de Economia e Meio Ambiente; 1.2.5) Departamento
de Fomento ao Desenvolvimento Sustentável; 1.2.6) Departamento
de Políticas para o Combate ao Desmatamento; e 1.2.7)
Departamento de Apoio ao Conselho Nacional do Meio Ambiente;
1.3) Assessoria de Assuntos Internacionais; e 1.4) Consultoria
Jurídica; 2) órgãos específicos singulares: 2.1) Secretaria de
Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental; 2.1.1) Departamento
de Mudanças Climáticas; 2.1.2) Departamento de Licenciamento e
Avaliação Ambiental; e 2.1.3) Departamento de Qualidade
Ambiental na Indústria; e 2.2) Secretaria de Biodiversidade e
Florestas: 2.2.1) Departamento de Conservação da Biodiversidade;
2.2.1) Departamento de Florestas; 2.2.1) Departamento de Áreas
Protegidas; e 2.2.1) Departamento do Patrimônio Genético; 2.3)
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano; 2.3.1)
Departamento de Recursos Hídricos; 2.3.2) Departamento de
Revitalização de Bacias Hidrográficas; e 2.3.3) Departamento de
Ambiente Urbano; 2.4) Secretaria de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural Sustentável: 2.4.1) Departamento de
Extrativismo; 2.4.2) Departamento de Desenvolvimento Rural
Sustentável; e 2.4.3) Departamento de Zoneamento Territorial; e
2.5) Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental:
2.5.1) Departamento de Coordenação do Sistema Nacional do Meio
Ambiente; 2.4.2) Departamento de Cidadania e Responsabilidade
Socioambiental; e 2.4.3) Departamento de Educação Ambiental; 3)
órgãos colegiados: 3.1) Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA; 3.2) Conselho Nacional da Amazônia Legal –
CONAMAZ; 3.3) Conselho Nacional de Recursos Hídricos; 3.4)
Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente; e 3.5)
Conselho de Gestão do Patrimônio Genético; 3.6) Comissão de
Gestão de Florestas Públicas; e 3.7) Comissão Nacional de
Florestas – CONAFLOR; 4) Serviço Florestal Brasileiro – SFB; 5)
entidades vinculadas: 5.1) autarquias: 5.1.1) Agência Nacional de
Águas – ANA; 5.1.2) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; 5.1.3) Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico
Mendes; e 5.1.4) Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro – JBRJ; e 5.2) empresa pública: 5.2.1. Companhia
de Desenvolvimento de Barcarena – CODEBAR.

6.6.1 Gabinete do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Face ao contido no art. 3.º do Anexo I do Decreto n° 6.101,


de 26.04.2007, ao Gabinete do Ministério do Meio Ambiente – MMA
compete: 1) assistir ao Ministro de Estado em sua representação
política e social, ocupar-se das relações públicas e do preparo,
despacho e controle do seu expediente; 2) acompanhar o
andamento dos projetos de interesse do Ministério do Meio
Ambiente – MMA, em tramitação no Congresso Nacional; 3)
providenciar a publicação oficial e a divulgação das matérias
relacionadas com a área de atuação do Ministério; 4) assistir ao
Ministro de Estado no desempenho de suas funções como membro
de órgãos colegiados de deliberação superior.

6.6.2 Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente –


MMA

Por força do art. 4.º do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, à Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente
– MMA compete: 1) assistir ao Ministro de Estado na
definição das diretrizes e na implementação das ações da área de
competência do Ministério do Meio Ambiente – MMA; 2) assistir ao
Ministro de Estado na supervisão, na coordenação, no
monitoramento e na avaliação das atividades das Secretarias
integrantes da estrutura do Ministério do Meio Ambiente – MMA e na
supervisão das entidades a ele vinculadas; 3) promover a
articulação intra e intergovernamental, visando à implementação da
agenda ambiental e à identificação de mecanismos de articulação
específicos das políticas públicas de meio ambiente; 4)
supervisionar, coordenar e consolidar a elaboração das diretrizes,
normas, planos e orçamentos relativos a planos anuais e plurianuais
do Ministério do Meio Ambiente – MMA; 5) supervisionar,
acompanhar e avaliar os planos, programas e ações do Ministério
do Meio Ambiente – MMA; 6) coordenar o processo de captação dos
recursos de fontes internacionais e estrangeiras; 7) supervisionar e
coordenar os programas com financiamentos de organismos
internacionais e estrangeiros, a implementação dos acordos
internacionais e a execução dos convênios e projetos de
cooperação técnica nacional e internacional; 8) supervisionar a
elaboração e acompanhar o cumprimento das metas previstas nos
contratos de gestão firmados com o Ministério do Meio Ambiente –
MMA; 9) supervisionar e coordenar as atividades do Fundo Nacional
do Meio Ambiente - FNMA; 10) elaborar, coordenar e acompanhar a
implementação da Política Nacional de Educação Ambiental; 11)
exercer as atividades de secretaria-executiva do Conselho Nacional
do Meio Ambiente – CONAMA, prestando-lhe apoio técnico-
operacional; e 12) exercer outras competências que lhe forem
cometidas pelo Ministro de Estado.
A Secretaria-Executiva exerce, ainda, o papel de órgão
setorial do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal –
SIPEC, do Sistema de Administração dos Recursos de Informação e
Informática - SISP, do Sistema de Serviços Gerais - SISG, do
Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, de
Administração Financeira Federal e de Contabilidade Federal, por
intermédio da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e
Administração e do Departamento de Gestão Estratégica, unidades
a ela subordinadas (parágrafo único do art. 4.º do Anexo I do
Decreto n° 6.101, de 26.04.2007).

6.6.3 Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e


Administração do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Menciona o art. 5.º do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, que à Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e
Administração do Ministério do Meio Ambiente – MMA compete: 1)
administrar, planejar, coordenar e supervisionar a execução das
atividades relacionadas com os sistemas federais de orçamento, de
administração financeira, de contabilidade, de recursos humanos, de
serviços, de serviços gerais e de administração dos recursos de
informação e informática, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente
– MMA; 2) promover a articulação com os órgãos centrais dos
sistemas federais, referidos no inciso I, e informar e orientar os
órgãos do Ministério do Meio Ambiente – MMA quanto ao
cumprimento das normas administrativas estabelecidas; 3)
coordenar, acompanhar e promover a elaboração e consolidação
dos planos e programas das atividades de sua área de
competência, seus orçamentos e alterações, e submetê-los à
decisão superior; 4) desenvolver as atividades de execução
orçamentária, financeira e contábil, no âmbito do Ministério; 5)
realizar tomadas de contas dos ordenadores de despesas e demais
responsáveis por bens e valores públicos e de todo aquele que der
causa a perda, extravio ou irregularidade que resulte em dano ao
erário; 6) planejar, coordenar e supervisionar as atividades de
administração e desenvolvimento de recursos humanos do
Ministério do Meio Ambiente – MMA; 7) implementar sistemas de
informações necessários às ações do Ministério do Meio Ambiente –
MMA; 8) planejar e definir padrões, diretrizes, normas e
procedimentos relacionados com a administração dos recursos de
informação e contratação de bens e serviços de informática, no
âmbito dos órgãos e entidades do Ministério do Meio Ambiente –
MMA; 9) promover a implementação de tecnologia de informações
gerenciais; e 10) executar outras atividades que lhe forem atribuídas
na área de sua atuação.

6.6.4 Departamento de Gestão Estratégica do Ministério do


Meio Ambiente – MMA

Prescreve o art. 6.º do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, que ao Departamento de Gestão Estratégica compete:
1) planejar e coordenar, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente –
MMA, a execução das atividades relacionadas com o sistema
federal de planejamento, bem como as atividades de organização e
modernização administrativa; 2) coordenar a elaboração e a
consolidação dos planos e programas anuais e plurianuais das
atividades finalísticas do Ministério do Meio Ambiente – MMA, e
submetê-los à consideração superior; 3) coordenar as ações de
acompanhamento e avaliação da execução dos planos e programas
anuais e plurianuais do Ministério do Meio Ambiente – MMA; 4)
promover a elaboração e consolidar planos e programas das
atividades de sua área de competência e submetê-los à decisão
superior; 5) coordenar, em articulação com a Subsecretaria de
Planejamento, Orçamento e Administração e as demais unidades do
Ministério do Meio Ambiente – MMA, o desenvolvimento e a
implantação de sistema de informações gerenciais do Ministério do
Meio Ambiente – MMA, visando subsidiar a tomada de decisão, o
acompanhamento e avaliação dos seus projetos e atividades e
assegurando que este sistema possa alimentar os sistemas de
informação dos órgãos centrais de gestão; 6) propor e implementar
ações voltadas para o aperfeiçoamento da organização e gestão
das diversas áreas e unidades do Ministério do Meio Ambiente –
MMA, especialmente na sistematização, padronização e
implantação de seus processos de trabalhos; 7) coordenar, em
articulação com as Secretarias do Ministério do Meio Ambiente –
MMA e as entidades vinculadas, o processo de elaboração e
proposição de programas e projetos de cooperação técnica
internacional; 8) apoiar a Assessoria de Assuntos Internacionais nas
negociações com os organismos internacionais, entidades e
governos estrangeiros, dos programas e projetos de cooperação
técnica internacional; 9) coordenar a elaboração dos relatórios
anuais de gestão do Ministério do Meio Ambiente – MMA, tratando
de propiciar maior transparência junto à sociedade em geral; e 10)
executar outras atividades que lhe forem atribuídas na área de sua
atuação.

6.6.5 Departamento de Articulação de Ações da Amazônia do


Ministério do Meio Ambiente – MMA

Prescreve o art. 7.º do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, que ao Departamento de Articulação de Ações da
Amazônia compete: 1) promover a articulação das ações do
Ministério do Meio Ambiente – MMA relacionadas com a Amazônia;
2) coordenar as ações do Ministério do Meio Ambiente – MMA no
âmbito do Plano Amazônia Sustentável – PAS; 3) exercer as
atividades de secretaria-executiva do Conselho Nacional da
Amazônia Legal – CONAMAZ; 4) coordenar, articular e acompanhar
a implementação do Programa Piloto para a Proteção das Florestas
Tropicais do Brasil; e 5) exercer outras atividades que lhe forem
atribuídas na área de sua atuação.

6.6.6 Departamento de Economia e Meio Ambiente do Ministério


do Meio Ambiente – MMA
Prescreve o art. 8.º do Anexo I do Decreto n° 6.101, de
26.04.2007, que ao Departamento de Economia e Meio Ambiente
compete: 1) subsidiar a formulação de políticas e normas, a
definição de estratégias e a promoção de estudos relacionados com:
1.1) o comércio internacional e o meio ambiente; 1.2) os
instrumentos econômicos para a proteção ambiental; 1.3) o fomento
ao desenvolvimento sustentável; 1.4) a contabilidade e valoração
econômica dos recursos naturais e remuneração dos serviços
ambientais; 1.5) o consumo sustentável; 1.6) o desenvolvimento de
ecomercados e negócios sustentáveis; e 1.7) os incentivos fiscais,
tributários e creditícios; 2) elaborar estudos e diagnósticos de
mercado e perfis de projetos, como instrumento de indução, apoio e
orientação a potenciais investidores interessados na área ambiental;
e 3) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.

6.6.7 Departamento de Fomento ao Desenvolvimento


Sustentável do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Prescreve o art. 9.º do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, que ao Departamento de Fomento ao Desenvolvimento
Sustentável compete: 1) exercer a função de secretaria-executiva do
Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente –
FNMA; 2) proceder à instrução, celebração e demais procedimentos
administrativos afetos aos convênios, acordos, termos de parceria e
ajustes, que tenham por objeto a execução de projetos apoiados
pelos programas do Ministério do Meio Ambiente – MMA; 3)
coordenar, em articulação com as demais Secretarias do Ministério
do Meio Ambiente – MMA, o monitoramento físico-financeiro dos
projetos contratados; 4) coordenar, em articulação com a
Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração, os
procedimentos de prestação de contas referentes aos projetos
contratados; 5) acompanhar a execução orçamentária e financeira
dos recursos consignados no orçamento do Fundo Nacional do Meio
Ambiente – FNMA e dos programas; e 6) executar outras atividades
que lhe forem atribuídas na área de sua atuação.
6.6.8 Departamento de Políticas para o Combate ao
Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Prescreve o art. 10 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, que ao Departamento de Políticas para o Combate ao
Desmatamento compete: 1) subsidiar a formulação de políticas e
normas e a definição de estratégias para a implementação de
programas e projetos em temas relacionados: 1.1) à promoção da
sustentabilidade no processo de ordenamento fundiário e territorial
dos biomas brasileiros; 1.2) à promoção da presença efetiva do
Estado nas ações integradas de combate ao desmatamento ilegal,
de forma a coibir as infrações e crimes ambientais e ilícitos
associados; 1.3) à promoção do desenvolvimento, com fomento a
atividades produtivas sustentáveis e aprimoramento de tecnologias de
conservação e uso dos recursos naturais (madeireiros e não-
madeireiros) nas áreas de florestas e demais formas de vegetação
nativa, priorizando a utilização de áreas desmatadas; 1.4) ao
planejamento estratégico de obras de infraestrutura, medidas
preventivas, mitigadoras e compensatórias que devam ser
executadas, buscando a sustentabilidade dos biomas; e 1.5) à
elaboração e implementação de Plano de Contingência para
Prevenção e Resposta Rápida no Combate a Queimadas e Incêndio
Florestal; 2) sistematizar e disseminar informações provenientes do
monitoramento do desmatamento, queimadas e exploração ilegal de
madeira e seus efeitos; 3) apoiar a criação de unidades de
conservação e demarcação de terras indígenas como ferramentas
de combate ao desmatamento; 4) promover o tratamento transversal
do controle do desmatamento e do fomento às atividades produtivas
sustentáveis junto aos Ministérios e órgãos vinculados, cuja agenda
incida sobre áreas de floresta e demais formas de vegetação nativa;
5) propor, coordenar e implementar programas e projetos na sua
área de competência; 6) acompanhar e avaliar tecnicamente a
execução de projetos na sua área de atuação; 7) coordenar e
executar as políticas públicas decorrentes dos acordos e
convenções internacionais ratificadas pelo Brasil na sua área de
atuação; 8) assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área
de atuação; e 9) executar outras atividades que lhe forem atribuídas
na área de sua atuação.

6.6.9 Departamento de Apoio ao Conselho Nacional do Meio


Ambiente do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Prescreve o art. 11 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, que ao Departamento de Apoio ao Conselho Nacional
do Meio Ambiente compete: 1) prestar apoio técnico-administrativo
ao funcionamento do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA, suas câmaras técnicas permanentes ou temporárias e
seus grupos de trabalho; 2) prestar apoio técnico-administrativo ao
Secretário-Executivo para que o mesmo desempenhe suas funções
regimentais de secretaria-executiva do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA, conforme definido no seu regimento interno;
3) atuar como ponto focal para as concertações internas ao
Ministério do Meio Ambiente – MMA e suas vinculadas e ao
Governo Federal nos assuntos referentes às atividades do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA; e 4) promover a articulação
entre o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e os
demais órgãos colegiados do Ministério do Meio Ambiente – MMA.

6.6.10 Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério do


Meio Ambiente – MMA

Prescreve o art. 12 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, que à Assessoria de Assuntos Internacionais compete:
1) assessorar o Ministro de Estado, as Secretarias do Ministério do
Meio Ambiente – MMA e as entidades vinculadas nos assuntos
relacionados com cooperação internacional nas áreas de
competência do Ministério do Meio Ambiente – MMA; 2) coordenar,
orientar e subsidiar a participação do Ministério do Meio Ambiente –
MMA em foros internacionais que tratam de questões relativas ao
meio ambiente e aos recursos hídricos; 3) atuar como interlocutor do
Ministério do Meio Ambiente – MMA e das suas entidades
vinculadas junto ao Ministério das Relações Exteriores – MRE; 4)
articular e negociar com os organismos internacionais, entidades e
governos estrangeiros o apoio a programas e projetos relacionados
à Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA e Política Nacional
dos Recursos Hídricos – PNRH; 5) supervisionar e acompanhar a
implementação dos acordos e convenções internacionais ratificados
pelo Brasil na área de competência do Ministério do Meio Ambiente
– MMA; e 6) executar outras atividades que lhe forem cometidas na
área de sua atuação.

6.6.11 Consultoria Jurídica do Ministério do Meio Ambiente –


MMA

Segundo o art.13 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, à Consultoria Jurídica, órgão setorial da Advocacia-
Geral da União – AGU, compete: 1) assessorar o Ministro de Estado
em assuntos de natureza jurídica; 2) exercer a coordenação das
atividades jurídicas do Ministério do Meio Ambiente – MMA; 3) fixar
a interpretação da Constituição, das leis, dos tratados e dos demais
atos normativos a ser uniformemente seguida em suas áreas de
atuação e coordenação, quando não houver orientação normativa
do Advogado-Geral da União – AGU; 4) elaborar, após manifestação
da unidade jurídica do órgão ou entidade de origem, pareceres
jurídicos sobre questões, dúvidas ou conflitos, submetidos ao exame
do Ministério, em matérias relativas à sua competência; 5) opinar
sobre atos a serem submetidos ao Ministro com vistas à vinculação
administrativa; 6) elaborar estudos e preparar informações, por
solicitação do Ministro de Estado; 7) assistir ao Ministro no controle
interno dos atos administrativos a serem implementados ou já
efetivados, e daqueles oriundos de órgão ou entidade sob sua
coordenação jurídica; 8) examinar prévia e conclusivamente: 8.1) os
textos de edital de licitação, bem como os dos respectivos contratos
ou instrumentos congêneres, a serem celebrados e publicados; 8.2)
os atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibilidade, ou decidir a
dispensa de licitação; 8.3) os projetos de lei, decreto e, sempre que
necessário, outros atos normativos expedidos pelo Ministério do
Meio Ambiente – MMA; 9) fornecer às unidades jurídicas vinculadas
e à Advocacia-Geral da União subsídios jurídicos a serem utilizados
nas defesas judiciais e administrativas em matéria de interesse do
Ministério do Meio Ambiente – MMA.

6.6.12 Secretaria de Mudanças Climáticas e de Qualidade


Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Por força do art. 14 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, à Secretaria de Mudanças Climáticas e de Qualidade
Ambiental compete: 1) propor políticas e normas e definir
estratégias, nos temas relacionados com: 1.1) a avaliação ambiental
estratégica; 1.2) as diferentes formas de poluição, degradação
ambiental e riscos ambientais; 1.3) os resíduos danosos à saúde e
ao meio ambiente; 1.4) a avaliação de impactos ambientais e o
licenciamento ambiental; 1.5) monitoramento da qualidade do meio
ambiente; 1.6) o desenvolvimento de novos instrumentos de gestão
ambiental; 1.7) o desenvolvimento de matriz energética
ambientalmente adequada; 2) propor, coordenar e implementar
programas e projetos na sua área de competência; 3) companhar e
avaliar tecnicamente a execução de projetos na sua área de
competência; 4) formular, propor e implementar políticas de
prevenção e atendimento a situação de emergência ambiental; 5)
coordenar as ações do Ministério do Meio Ambiente – MMA
relacionadas às mudanças climáticas; 6) propor políticas e
instrumentos econômicos para regular o mercado de carbono
(Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL);[847] 7) coordenar a
participação brasileira nas atividades relacionadas ao Foro
Intergovernamental de Segurança Química – FISQ;[848] 8) promover
a cooperação técnica e científica com entidades nacionais e
internacionais na área de sua competência; 9) coordenar e executar
as políticas públicas decorrentes dos acordos e convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil na área de sua competência;
10) desenvolver estudos e projetos relacionados com a preservação
do meio ambiente e recuperação de danos ambientais causados
pelas atividades da indústria do petróleo; e 11) executar outras
atividades que lhe forem atribuídas na área de sua atuação.
6.6.13 Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do
Meio Ambiente – MMA

Por força do art. 15 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, ao Departamento de Mudanças Climáticas compete: 1)
subsidiar e assessorar as diversas unidades do Ministério do Meio
Ambiente – MMA e as entidades vinculadas nos assuntos
relacionados com as mudanças globais do clima; 2) coordenar
reuniões destinadas à formação da posição do Ministério do Meio
Ambiente – MMA relacionada às mudanças globais do clima; 3)
acompanhar e subsidiar tecnicamente a Comissão Interministerial
de Mudança Global do Clima – CIMGC;[849] 4) subsidiar, assessorar
e participar, em articulação com a Assessoria de Assuntos
Internacionais, de negociações internacionais e eventos
relacionados com as mudanças globais do clima; 5) desenvolver
estudos para a proteção do sistema climático global e da camada de
ozônio; 6) desenvolver políticas e estratégias para a mitigação e
adaptação às consequências das mudanças climáticas globais; 7)
apoiar a ampliação do uso de alternativas energéticas
ambientalmente adequadas; 8) elaborar estudos para a formulação
de políticas e definição de instrumentos econômicos para regular o
mercado de carbono (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo –
MDL); 9) coordenar e articular, no âmbito do Ministério do Meio
Ambiente – MMA, a implementação das políticas públicas
decorrentes dos acordos e convenções internacionais ratificadas
pelo Brasil na sua área de atuação; e 10) executar outras atividades
que lhe forem atribuídas na área de sua atuação.

6.6.14 Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental


do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Por força do art. 16 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, ao Departamento de Licenciamento e Avaliação
Ambiental compete: 1) subsidiar a formulação de políticas e normas
e a definição de estratégias para a implementação de programas e
projetos em temas relacionados com: 1.1) a avaliação ambiental
estratégica; 1.2) a avaliação de impactos e licenciamento ambiental;
1.3) o acompanhamento da gestão ambiental dos empreendimentos
do setor de infraestrutura; 1.4) o desenvolvimento de novos
instrumentos de gestão e planejamento ambiental, inclusive para o
setor de infraestrutura; e 1.5) o desenvolvimento de padrões,
normas e técnicas de controle e gestão ambiental; 2) propor,
coordenar e implementar programas e projetos na sua área de
competência; 3) acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de
projetos na sua área de atuação; 4) coordenar e executar as
políticas públicas decorrentes dos acordos e convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil na sua área de atuação; 5)
assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de
atuação; e 6) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.

6.6.15 Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria do


Ministério do Meio Ambiente – MMA

Por força do art. 17 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, ao Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria
compete: 1) subsidiar a formulação de políticas e normas e a
definição de estratégias para a implementação de programas e
projetos em temas relacionados com: 1.1) a redução da poluição
ambiental; 1.2) o controle e o monitoramento de atividades
poluidoras; 1.3) as diferentes formas de poluição, degradação
ambiental e riscos ambientais; 1.4) o desenvolvimento de novos
instrumentos de gestão ambiental para a prevenção da poluição;
1.5) a redução de riscos ambientais decorrentes de produtos e
substâncias perigosas e nocivas; 1.6) formulação, a proposição e a
implementação de políticas de prevenção, preparação e
atendimento a situação de emergência ambiental; 1.7) a gestão
ambiental para a produção mais limpa e ecoeficiente; 1.8) a
promoção da segurança química; 1.9) a promoção da prevenção e
atendimento a situações de emergência ambiental com produtos
químicos; 1.10) a gestão de passivos ambientais e áreas
contaminadas; 1.11) a gestão de resíduos perigosos; e 1.12) a
gestão de produtos e resíduos perigosos, danosos à saúde e ao
meio ambiente; 2) desenvolver estudos e projetos relacionados com
a preservação do meio ambiente e a recuperação de danos
ambientais causados pelas atividades da indústria do petróleo; 3)
desenvolver estudos e projetos relacionados com a preservação do
meio ambiente e recuperação de danos ambientais causados pelas
atividades relativas a produtos tóxicos; 4) propor, coordenar e
implementar programas e projetos na sua área de competência; 5)
acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de projetos na sua
área de atuação; 6) assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na
sua área de atuação; e 7) executar outras atividades que lhe forem
atribuídas na área de sua atuação.

6.6.16 Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do


Meio Ambiente – MMA

Pelo art. 18 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007,


à Secretaria de Biodiversidade e Florestas compete: 1) propor
políticas e normas, definir estratégias, considerando os diversos
biomas brasileiros, nos temas relacionados com: 1.1) a promoção
do conhecimento, a conservação, a valoração e a utilização
sustentável da biodiversidade e do patrimônio genético;1.2) a
proteção, a valorização e a conservação do conhecimento
tradicional associado à biodiversidade e ao patrimônio genético; 1.3)
a regulação e o monitoramento do acesso e remessa de
componentes do patrimônio genético e da repartição justa e
equitativa dos benefícios derivados do seu uso; 1.4) a regulação e o
monitoramento do acesso ao conhecimento tradicional associado e
da repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes do seu
uso; 1.5) a proteção e a recuperação de espécies da flora, da fauna
e de microorganismos ameaçados de extinção; 1.6) a promoção do
uso sustentável da fauna e dos recursos pesqueiros; 1.7) a
implantação de plantios florestais e de sistemas agroflorestais em
bases sustentáveis; 1.8) a promoção da recuperação de áreas
degradadas e da restauração de ecossistemas; 1.9) o manejo
sustentável de florestas nativas para a geração de produtos
madeireiros e não-madeireiros e para a valorização dos serviços
ambientais prestados pelas florestas; 1.10) a promoção da
biossegurança de organismos geneticamente modificados e do
controle de espécies exóticas invasoras; 1.11) a promoção da
conservação e do uso sustentável da biodiversidade em terras
indígenas e de comunidades quilombolas; 1.12) o apoio à
bioprospecção e ao desenvolvimento de bioprodutos e outras
formas de uso socioeconômico da biodiversidade e dos
ecossistemas; e 1.13) a proteção florestal, incluindo a prevenção e o
controle de queimadas, de incêndios florestais, de desmatamentos e
de outras formas de destruição de habitats; 2) propor, coordenar e
implementar programas e projetos na sua área de competência; 3)
acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de projetos na sua
área de atuação; 4) subsidiar a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CNTBio, na formulação de políticas e normas
relacionadas à biossegurança, particularmente no que diz respeito
aos organismos geneticamente modificados e às espécies
invasoras; 5) coordenar a ampliação e consolidação do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação – SNUC e outras
modalidades de áreas especialmente protegidas; 6) monitorar e
avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre a biodiversidade,
prevendo e fomentando medidas preventivas e mitigatórias; 7)
promover a cooperação técnica e científica com entidades nacionais
e internacionais na área de sua competência; 8) coordenar e
executar as políticas públicas decorrentes dos acordos e
convenções internacionais ratificadas pelo Brasil em sua área de
competência; e 9) executar outras atividades que lhe forem
atribuídas na área de sua atuação.
Além disso, por força do parágrafo único do art. 18 do Anexo
I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, cabe ainda à Secretaria de
Biodiversidade e Florestas, nos aspectos relacionados à pesca, para
o exercício da competência de que trata o § 6.º do art. 27 da Lei n°
10.683, de 28.05.2003:[850] 1) fixar as normas, critérios e padrões de
uso para as espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de
sobreexplotação, inclusive os mamíferos marinhos, com base nos
melhores dados científicos existentes, excetuando-se as espécies
altamente migratórias, assim definidas, conforme Convenção das
Nações Unidas sobre os Direitos do Mar; e 2) subsidiar, assessorar
e participar, juntamente com a Secretaria Especial de Aquicultura e
Pesca da Presidência da República, em interação com o Ministério
das Relações Exteriores – MRE, de negociações e eventos que
envolvam o comprometimento de direitos e a interferência em
interesses nacionais sobre a pesca.
Vale acrescentar que no âmbito da Secretaria de
Biodiversidade e Florestas, funciona o Departamento de
Conservação da Biodiversidade, o qual, por força do art. 19 do
Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, tem as seguintes
atribuições: 1) subsidiar a formulação de políticas e normas e
definição de estratégias para a implementação de programas e
projetos, em temas relacionados com: 1.1) a promoção do
conhecimento, da conservação, da valorização e da utilização
sustentável da biodiversidade; 1.2) a valorização e a conservação
do conhecimento tradicional associado à biodiversidade; 1.3) a
proteção e a recuperação de espécies da flora, da fauna e de
microorganismos ameaçados de extinção; 1.4) o monitoramento e a
avaliação do impacto das mudanças climáticas sobre a
biodiversidade, prevendo e fomentando medidas preventivas e
mitigadoras; 1.5) a promoção da biossegurança na utilização de
organismos geneticamente modificados; 1.6) a conservação,
valorização e promoção do conhecimento e uso sustentável dos
componentes da agrobiodiversidade; 1.7) a prevenção da
introdução, erradicação e controle das espécies exóticas invasoras
que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies; 1.8) a
promoção da utilização sustentável das espécies nativas de
importância conômica atual ou potencial, com ênfase para aquelas
de valor alimentício e nutricional; 1.9) a conservação das variedades
crioulas e dos parentes silvestres das espécies de plantas
cultivadas; 1.10) o uso sustentável da fauna e dos recursos
pesqueiros; e 1.11) a proteção e a recuperação de estoques
pesqueiros sobreexplotados ou ameaçados de sobreexplotação; 2)
subsidiar, assessorar e participar de negociações e eventos que
envolvam o comprometimento de direitos e a interferência em
interesses nacionais sobre a pesca, juntamente com a Secretaria
Especial de Aquicultura e Pesca, com o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e em
interação com o Ministério das Relações Exteriores – MRE, quando
for o caso; 3) coordenar a implementação do acordo internacional
Clearing-House Mechanism (Mecanismo de Intermediação de
Informações) da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB;[851]
4) coordenar, na qualidade de secretaria-executiva, as atividades da
Comissão Nacional da Biodiversidade – CONABIO; 5) apoiar a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CNTBio na
formulação de políticas e normas, particularmente no que diz
respeito aos organismos geneticamente modificados e às espécies
exóticas invasoras; 6) propor, coordenar e implementar programas e
projetos na sua área de competência; 7) acompanhar e avaliar
tecnicamente a execução de projetos na sua área de atuação; 8)
assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de
atuação; e 9) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.
Também no âmbito da Secretaria de Biodiversidade e
Florestas, funciona o Departamento de Florestas, o qual, por força
do art. 20 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, tem as
seguintes atribuições: 1) subsidiar a formulação de políticas e
normas e a definição de estratégias para a implementação de
programas e projetos, em temas relacionados com: 1.1) a
promoção, em bases sustentáveis, da implantação de plantios
florestais e de sistemas agroflorestais; 1.2) a promoção da
recuperação de áreas degradadas e da restauração de
ecossistemas; e 1.3) a promoção do manejo sustentável de florestas
nativas para a geração de produtos madeireiros e não madeireiros e
para a valorização dos serviços ambientais prestados pelas
florestas; 2) coordenar, na qualidade de secretaria-executiva, as
atividades da Comissão Nacional de Florestas – CONAFLOR; 3)
coordenar o Programa Nacional de Florestas – PNF (constituído de
projetos que são concebidos e executados de forma participativa e
integrada pelos governos federal, estaduais, distrital e municipais e
a sociedade civil organizada) com vistas a atingir os seus objetivos,
previstos no art. 2° do Decreto n° 3.420, de 20.04.2000, que dispõe
sobre a criação do Programa Nacional de Florestas – PNF;[852] 4)
propor, coordenar e implementar programas e projetos na sua área
de competência; 5) acompanhar e avaliar tecnicamente a execução
de projetos na sua área de atuação; 6) coordenar e executar as
políticas públicas decorrentes dos acordos e convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil na sua área de atuação; 7)
assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de
atuação; e 8) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.
Ainda no âmbito da Secretaria de Biodiversidade e Florestas,
funciona o Departamento de Áreas Protegidas, o qual, por força do
art. 21 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, tem as
seguintes atribuições: 1) subsidiar a formulação de políticas e
normas e a definição de estratégias para a implementação de
programas e projetos em temas relacionados com: 1.1) a ampliação
e a consolidação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza – SNUC e outras áreas especialmente protegidas; 1.2)
a gestão de unidades de conservação e de outras modalidades de
áreas especialmente protegidas; 1.3) a implementação do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC; e 1.4)
a manutenção, com a colaboração do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e dos
órgãos estaduais e municipais responsáveis pela gestão das
unidades de conservação integrantes do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, do Cadastro
Nacional de Unidades de Conservação – CNUC; 2) promover a
articulação e o desenvolvimento institucional para a implementação
do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP; 3)
coordenar, na qualidade de secretaria-executiva, as atividades: 3.1)
da Comissão Coordenadora do Plano Estratégico Nacional de Áreas
Protegidas – CCPNAP; 3.2) do Fórum Nacional de Áreas
Protegidas; e 3.3) da Comissão Brasileira do Programa Man and
Biosphere – MAB (Homem e a Biosfera) da UNESCO –
COBRAMAB, criada pelo Decreto de 21.09.1999;[853] 4) estabelecer
sistema de mosaicos de áreas protegidas, associando às unidades
de conservação corredores ecológicos que garantam sua
conectividade e o fluxo gênico da biodiversidade; 5) propor,
coordenar e implementar programas e projetos na sua área de
competência; 6) acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de
projetos na sua área de atuação; 7) coordenar e executar as
políticas públicas decorrentes dos acordos e convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil na sua área de atuação; 8)
assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de
atuação; e 9) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.
Também no âmbito da Secretaria de Biodiversidade e
Florestas, funciona o Departamento do Patrimônio Genético, o qual,
por força do art. 22 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007,
compete exercer as atribuições estabelecidas no art. 7° do Decreto
n° 3.945, de 28.09.2001,[854] que define a composição do Conselho
de Gestão do Patrimônio Genético e estabelece as normas para o
seu funcionamento, mediante a regulamentação dos arts. 10, 11, 12,
14, 15, 16, 18 e 19 da Medida Provisória n° 2.186-16, de 23 de
agosto de 2001, que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético,
à proteção e ao acesso ao conhecimento tradicional associado, a
repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de
tecnologia para sua conservação e utilização.

6.6.17 Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano –


SRHAU do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Segundo o art. 23 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano –
SRHAU integra a estrutura administrativa do Ministério do Meio
Ambiente – MMA, e a ela compete o seguinte: 1) propor a
formulação da Política Nacional dos Recursos Hídricos, bem como
acompanhar e monitorar sua implementação, nos termos da Lei n°
9.433, de 08.01.1997 (institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos e regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Federal), e da Lei n° 9.984, de 17.07.2000 (dispõe sobre a criação
da Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal de
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de
coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos); 2) propor políticas, planos e normas e definir estratégias
nos temas relacionados com: 2.1) a gestão integrada do uso
múltiplo sustentável dos recursos hídricos; 2.2) a gestão de águas
transfronteiriças; 2.3) a gestão de recursos hídricos em fóruns
internacionais; 2.4) a implantação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH;[855] 2.5) o
saneamento e revitalização de bacias hidrográficas; e 2.6) a política
ambiental urbana; 2.7) a gestão ambiental urbana; 2.8) o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de instrumentos locais e
regionais de planejamento e gestão que incorporem a variável
ambiental; 2.9) a avaliação e a mitigação de vulnerabilidades e
fragilidades ambientais em áreas urbanas; 2.10) o controle e
mitigação da poluição em áreas urbanas; e 2.11) a gestão integrada
de resíduos sólidos urbanos; 3) acompanhar a implementação do
Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH;[856] 4) coordenar, em
sua esfera de competência, a elaboração de planos, programas e
projetos nacionais, referentes a revitalização de bacias
hidrográficas; 5) coordenar, em sua esfera de competência, a
elaboração de planos, programas e projetos nacionais, referentes a
águas subterrâneas, e monitorar o desenvolvimento de suas ações,
dentro do princípio da gestão integrada dos recursos hídricos; 6)
propor a formulação da Política Nacional de Combate à
Desertificação em conformidade com as diretrizes pré-estabelecidas
pelo Ministério e os compromissos da United Nations Convention to
Combat Desertification – UNCCD (Convenção das Nações Unidas
de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca);[857]
7) promover a integração da gestão de recursos hídricos com a
gestão ambiental; 8) monitorar o funcionamento do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH; 9)
planejar ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos das
secas e inundações no âmbito do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH; 10) desenvolver
ações de apoio aos Estados, na implementação do Sistema
Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos e na implantação
da Política Estadual de Recursos Hídricos; 11) desenvolver ações
de apoio à constituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica; 12)
promover, em articulação com órgãos e entidades estaduais,
federais e internacionais, os estudos técnicos relacionados aos
recursos hídricos e propor o encaminhamento de soluções; 13)
promover a cooperação técnica e científica com entidades nacionais
e internacionais na área de sua competência; 14) coordenar e
executar as políticas públicas decorrentes dos acordos e
convenções internacionais ratificadas pelo Brasil na área de sua
competência; 15) prestar apoio técnico ao Ministro de Estado no
acompanhamento do cumprimento das metas previstas no contrato
de gestão celebrado entre o Ministério e a Agência Nacional de
Águas – ANA e outros acordos de gestão relativos a recursos
hídricos; 16) exercer a função de secretaria-executiva do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos – CNRH; 17) propor, coordenar e
implementar programas e projetos na sua área de competência; 18)
acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de projetos na sua
área de atuação; e 19) executar outras atividades que lhe forem
atribuídas na área de sua atuação.
No âmbito da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano – SRHAU, funciona o Departamento de Recursos Hídricos,
o qual, por força do art. 24 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de
26.04.2007, compete o seguinte: 1) coordenar a elaboração e a
atualização, além de auxiliar no acompanhamento da implementação
do Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH; 2) articular a
implementação do Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH
com setores governamentais, segmentos usuários de recursos
hídricos e sociedade civil organizada com vistas à promoção do uso
múltiplo dos recursos hídricos; 3) apoiar os estados na
implementação de Sistemas Estaduais de Gerenciamento de
Recursos Hídricos e na implantação das Políticas Estaduais de
Recursos Hídricos; 4) apoiar a constituição e participação nos
Comitês de Bacias Hidrográficas; 5) desenvolver, monitorar e manter
atualizado o Sistema de Acompanhamento e Avaliação da
Implementação da Política de Recursos Hídricos, no Brasil –
SIAPREH, compartilhado com os demais sistemas das instituições
governamentais; 6) apoiar e monitorar o funcionamento do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH; 7)
realizar estudos para a formulação de diretrizes de gerenciamento
dos recursos hídricos fronteiriços e transfronteiriços; 8) coordenar,
em sua esfera de competência, a elaboração de planos, programas e
projetos nacionais, referentes a águas subterrâneas, e monitorar o
desenvolvimento de suas ações, dentro do princípio da gestão
integrada dos recursos hídricos; 9) planejar ações destinadas a
prevenir ou minorar os efeitos das secas e inundações no âmbito do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos –
SINGREH; 10) atuar na formulação da Política Nacional de Combate
à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca; 11) promover a
implementação do Programa de Ação Nacional de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca; 12) apoiar os
Estados da Federação na elaboração e implementação dos planos e
programas estaduais de combate à desertificação e mitigação dos
efeitos da secas; 13) desenvolver, monitorar e manter atualizado o
Sistema de Informação sobre Desertificação; 14) assessorar o
Secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano em sua
representação junto à United Nations Convention to Combat
Desertification – UNCCD (Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca) e
demais fóruns internacionais de combate à desertificação,
conduzindo a implementação das decisões da conferência das partes
da United Nations Convention to Combat Desertification – UNCCD;
15) exercer as atividades de secretaria-executiva do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos – CNRH; 16) promover a articulação
entre o Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH e o
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e demais
Conselhos que se relacionam com a gestão de recursos hídricos; 17)
colaborar com o funcionamento dos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos; 18) propor, coordenar e implementar programas e
projetos na sua área de competência; 19) coordenar e executar as
políticas públicas decorrentes dos acordos e convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil na sua área de atuação; e 20)
executar outras atividades que lhe forem atribuídas na área de sua
atuação.
Também no âmbito da Secretaria de Recursos Hídricos e
Ambiente Urbano – SRHAU funciona o Departamento de
Revitalização de Bacias Hidrográficas, o qual, por força do art. 25 do
Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, compete o seguinte: 1)
subsidiar a formulação de políticas e normas e a definição de
estratégias para a implementação de programas e projetos em
temas relacionados com a recuperação e revitalização de bacias
hidrográficas; 2) promover a articulação intra e intergovernamental e
com os atores sociais para a implementação do Programa de
Recuperação e Revitalização de Bacias Hidrográficas; 3)
supervisionar e articular as ações intergovernamentais relacionadas
à implementação do Programa de Recuperação e Revitalização de
Bacias Hidrográficas e do Programa de Conservação de Bacias
Hidrográficas com Vulnerabilidade Ambiental; 4) supervisionar e
articular as ações do Ministério relacionadas ao Programa de
Recuperação e Revitalização de Bacias Hidrográficas; 5) propor,
coordenar e implementar programas e projetos na sua área de
competência; 6) acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de
projetos na sua área de atuação; 7) assistir tecnicamente aos
órgãos colegiados na sua área de atuação; e 8) executar outras
atividades que lhe forem atribuídas na área de sua atuação.
Ainda no âmbito da Secretaria de Recursos Hídricos e
Ambiente Urbano – SRHAU funciona o Departamento de Ambiente
Urbano, o qual, por força do art. 26 do Anexo I do Decreto 6.101, de
26.04.2007, compete o seguinte: 1) subsidiar a formulação de
políticas e normas e a definição de estratégias para a
implementação de programas e projetos em temas relacionados
com: 1.1) a política ambiental urbana; 1.2) a gestão ambiental
urbana; 1.3) o desenvolvimento e aperfeiçoamento de instrumentos
locais e regionais de planejamento e gestão que incorporem a
variável ambiental; 1.4) a avaliação e a mitigação de vulnerabilidades
e fragilidades ambientais em áreas urbanas; 1.5) o controle e
mitigação da poluição em áreas urbanas; 1.6) a gestão integrada de
resíduos sólidos urbanos; e 1.7) o saneamento e revitalização de
bacias hidrográficas em áreas urbanas; 2) propor, coordenar e
implementar programas e projetos na sua área de competência; 3)
acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de projetos na sua
área de atuação; 4) assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na
sua área de atuação; e 5) executar outras atividades que lhe forem
atribuídas na área de sua atuação.

6.6.18 Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural


Sustentável do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Conforme dispõe o art. 27 do Anexo I do Decreto n° 6.101,


de 26.04.2007, à Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento
Rural Sustentável compete: 1) propor políticas, normas e estratégias
e promover estudos, visando ao desenvolvimento sustentável, nos
temas relacionados com: 1.1) a gestão e o ordenamento ambiental
do território; 1.2) o gerenciamento ambiental das áreas costeiras;
1.3) o agroextrativismo; 1.4) as experiências demonstrativas de
desenvolvimento sustentável; 1.5) as cadeias produtivas baseadas
nos recursos da sociobiodiversidade; 1.6) a recuperação de áreas
degradadas no meio rural; 1.7) aspectos ambientais da produção
sustentável de biocombustíveis; 1.8) o planejamento ambiental da
aquicultura; 1.9) as políticas de reposição florestal; e 1.10) a
sustentabilidade ambiental da atividade turística e com o
desenvolvimento do ecoturismo; 2) coordenar a elaboração do
Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE no território nacional e
promover os Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE das
unidades da federação; e 3) promover a adoção de tecnologias
sustentáveis, especialmente nas atividades relacionadas à
agricultura, ao agroextrativismo e à agroindústria e suas cadeias
produtivas; 4) promover o desenvolvimento de produtos e processos
derivados de recursos genéticos da biodiversidade, a partir da
bioprospecção e da caracterização técnico-econômica de cadeias
produtivas; 5) fomentar a gestão ambiental e o desenvolvimento
sustentável junto às populações tradicionais, aos povos indígenas,
aos assentamentos rurais e demais produtores familiares; 6) propor,
coordenar e implementar programas e projetos na sua área de
competência; 7) acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de
projetos na sua área de atuação; 8) promover a cooperação técnica
e científica com entidades nacionais e internacionais na área de sua
competência; 9) coordenar e executar as políticas públicas
decorrentes dos acordos e convenções internacionais ratificadas
pelo Brasil na área de sua competência; e 10) executar outras
atividades que lhe forem atribuídas na área de sua atuação.
No âmbito da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento
Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente – MMA, funciona
o Departamento de Extrativismo, o qual, por força do art. 28 do
Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, compete o seguinte: 1)
subsidiar a formulação de políticas e normas, a definição de
estratégias e a produção de estudos para a implementação de
programas e projetos voltados para os povos indígenas e
comunidades tradicionais em temas relacionados com: 1.1) o
agroextrativismo; 1.2) as experiências demonstrativas de
desenvolvimento sustentável; e 1.3) as cadeias produtivas
baseadas nos recursos da sociobiodiversidade; 2) promover a
gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável junto aos povos
indígenas e às comunidades tradicionais; 3) promover a adoção de
tecnologias sustentáveis, especialmente nas atividades relacionadas
ao agroextrativismo e às suas cadeias produtivas e uso sustentável
da biodiversidade; 4) promover o desenvolvimento de produtos e
processos derivados de recursos genéticos da biodiversidade, a
partir da bioprospecção e da caracterização técnico-econômica de
cadeias produtivas, valorizando os conhecimentos tradicionais
associados; 5) propor, coordenar e implementar programas e
projetos na sua área de competência; 6) acompanhar e avaliar
tecnicamente a execução de projetos na sua área de atuação; 7)
assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de
atuação; e 8) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.
Também no âmbito da Secretaria de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente
– MMA funciona o Departamento de Desenvolvimento Rural
Sustentável, o qual, por força do art. 29 do Anexo I do Decreto n°
6.101, de 26.04.2007, compete o seguinte: 1) subsidiar a formulação
de políticas e normas, a definição de estratégias e a produção de
estudos para a implementação de programas e projetos em temas
relacionados com: 1.1) a recuperação de áreas degradadas no meio
rural; 1.2) aspectos ambientais da produção sustentável de
biocombustíveis; 1.3) o planejamento ambiental da aquicultura; 1.4)
as políticas de reposição florestal; e 1.5) a sustentabilidade ambiental
da atividade turística e com o desenvolvimento do ecoturismo; 2)
promover a adoção de tecnologias sustentáveis, especialmente nas
atividades relacionadas à agricultura familiar e às suas cadeias
produtivas e uso sustentável da biodiversidade; 3) promover a
gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável junto aos
assentamentos de reforma agrária e aos produtores familiares; 4)
promover o desenvolvimento de produtos e processos derivados de
recursos genéticos da biodiversidade, a partir da bioprospecção e
da caracterização técnico-econômica de cadeias produtivas; 5)
fomentar sistemas de certificação e rastreabilidade socioambiental;
6) propor, coordenar e implementar programas e projetos na sua
área de competência; 7) acompanhar e avaliar tecnicamente a
execução de projetos na sua área de atuação; 8) assistir
tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de atuação; e 9)
executar outras atividades que lhe forem atribuídas na área de sua
atuação.
Ainda no âmbito da Secretaria de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente
– MMA, funciona o Departamento de Zoneamento Territorial, o qual,
por força do art. 30 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007,
compete o seguinte: 1) subsidiar a formulação de políticas e
normas, a definição de estratégias e a promoção de estudos para a
implementação de programas e projetos em temas relacionados
com: 1.1) a gestão e o ordenamento ambiental do território; e 1.2) o
gerenciamento ambiental das áreas costeiras; 2) coordenar a
elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE no território
nacional e promover os Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE
das unidades da federação; 3) promover processos e iniciativas de
transição agroecológica de sistemas de produção; 4) promover a
gestão ambiental associada à organização da produção, com ênfase
na estruturação de cadeias produtivas sustentáveis; 5) propor,
coordenar e implementar programas e projetos na sua área de
competência; 6) acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de
projetos na sua área de atuação; 7) assistir tecnicamente aos
órgãos colegiados na sua área de atuação; e 8) executar outras
atividades que lhe forem atribuídas na área de sua atuação.

6.6.19 Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania


Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – MMA

Já o art. 31 do Anexo do referido do Decreto n° 6.101, de


26.04.2007, prescreve que à Secretaria de Articulação Institucional
e Cidadania Ambiental compete o seguinte: 1) promover a
articulação e a integração intra e intergovernamental de ações
direcionadas a implementação das políticas públicas de meio
ambiente e a construção de agendas bilaterais ou multilaterais nas
áreas de responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente – MMA;
2) desenvolver articulação com as esferas federal, estadual e
municipal e organizações não-governamentais, sobre matéria
legislativa de interesse do Ministério do Meio Ambiente – MMA e de
suas entidades vinculadas; 3) articular e harmonizar a atuação das
unidades do Ministério do Meio Ambiente – MMA e das entidades
vinculadas nos órgãos colegiados; 4) promover a articulação
institucional para a implementação do processo de descentralização
e repartição de competências entre os 3 (três) níveis de governo; 5)
formular e implementar estratégias e mecanismos de fortalecimento
institucional dos órgãos e entidades que compõem o Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA; 6) gerir o Sistema Nacional
de Informações sobre Meio Ambiente – SINIMA; 7) promover o
desenvolvimento de estatísticas ambientais e indicadores de
desenvolvimento sustentável; 8) elaborar, coordenar e acompanhar
a implementação da Agenda 21 brasileira [858] e estimular a
implementação de Agendas 21 locais e regionais; 9) elaborar,
coordenar e acompanhar a implementação da Política Nacional de
Educação Ambiental – PNMA; 10) coordenar a organização da
Conferência Nacional do Meio Ambiente – CNMA;[859] 11) coordenar
a organização da Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio
Ambiente;[860] 12) prestar apoio administrativo à Comissão
Permanente do Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas –
CNEA [861] e desenvolver cadastro geral de interlocutores do
Ministério do Meio Ambiente – MMA; 13) promover a adoção pelas
empresas e órgãos públicos de códigos voluntários de conduta e de
tecnologias ambientalmente adequadas; 14) propor, coordenar e
implementar programas e projetos na sua área de competência; 15)
acompanhar e avaliar tecnicamente a execução de projetos na sua
área de atuação; 16) assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na
sua área de atuação; e 17) executar outras atividades que lhe forem
atribuídas na área de sua atuação.
No âmbito da Secretaria de Articulação Institucional e
Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – MMA
funciona o Departamento de Coordenação do Sistema Nacional do
Meio Ambiente, o qual, por força do art. 32 do Anexo I do Decreto n°
6.101, de 26.04.2007, compete o seguinte: 1) apoiar a Secretaria de
Articulação Institucional e Cidadania Ambiental nas seguintes ações:
1.1) promoção da articulação e a integração intra e
intergovernamental de ações direcionadas à implementação das
políticas públicas de meio ambiente e a construção de agendas
bilaterais ou multilaterais nas áreas de responsabilidade do
Ministério; 1.2) desenvolvimento da articulação com as esferas
federal, estadual e municipal e organizações não governamentais,
sobre matéria legislativa de interesse do Ministério e de suas
entidades vinculadas; 1.3) articulação e harmonização das unidades
do Ministério e das entidades vinculadas nos órgãos colegiados;
1.4) promoção da articulação institucional para a implementação do
processo de descentralização e repartição de competências entre os
três níveis de governo; 1.5) formulação e implementação de
estratégias e mecanismos de fortalecimento institucional dos órgãos
e entidades que compõem o Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA; 1.6) gestão do Sistema Nacional de Informações sobre
Meio Ambiente – SINIMA; 1.7) promoção do desenvolvimento de
estatísticas ambientais e indicadores de desenvolvimento
sustentável; 2) propor, coordenar e implementar programas e
projetos na sua área de competência; 3) acompanhar e avaliar
tecnicamente a execução de projetos na sua área de atuação; 4)
assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de
atuação; e 5) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.
Também no âmbito da Secretaria de Articulação Institucional e
Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – MMA
funciona o Departamento de Cidadania e Responsabilidade
Socioambiental, o qual, por força do art. 33 do Anexo I do Decreto
n° 6.101, de 26.04.2007, compete o seguinte: 1) apoiar a Secretaria
de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental nas seguintes
ações: 1.1) elaboração, coordenação e acompanhamento da
Agenda 21 brasileira e estimular a implementação de Agendas 21
locais e regionais; 1.2) coordenação da organização da Conferência
Nacional do Meio Ambiente; 1.3) coordenação da organização da
Conferência Nacional Infanto-Juvenil; 1.4) apoiar
administrativamente a Comissão Permanente do Cadastro Nacional
de Entidades Ambientalistas e desenvolver cadastro geral de
interlocutores do Ministério do Meio Ambiente – MMA; 1.5)
promoção da adoção pelas empresas e órgãos públicos de códigos
voluntários de conduta e de tecnologias ambientalmente adequadas;
2) propor, coordenar e implementar programas e projetos na sua
área de competência; 3) acompanhar e avaliar tecnicamente a
execução de projetos na sua área de atuação; 4) assistir
tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de atuação; e 5)
executar outras atividades que lhe forem atribuídas na área de sua
atuação.
Ainda no âmbito da Secretaria de Articulação Institucional e
Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – MMA,
funciona o Departamento de Educação Ambiental, o qual, por força
do art. 34 do Anexo I do Decreto 6.101, de 26.04.2007, compete o
seguinte: 1) apoiar a Secretaria de Articulação Institucional e
Cidadania Ambiental na elaboração, coordenação e
acompanhamento da implementação da Política Nacional de
Educação Ambiental; 2) propor, coordenar e implementar programas
e projetos na sua área de competência; 3) acompanhar e avaliar
tecnicamente a execução de projetos na sua área de atuação; 4)
assistir tecnicamente aos órgãos colegiados na sua área de
atuação; e 5) executar outras atividades que lhe forem atribuídas na
área de sua atuação.

6.6.20 Serviço Florestal Brasileiro – SFB

Inicialmente, lembramos que, conforme dispõem os incisos I


e III do art. 3° da Lei n° 11.284, de 02.03.2006 (dispõe sobre a
gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na
estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal
Brasileiro – SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Florestal – FNDF), serviços florestais são aqueles relacionados ao
turismo e outras ações ou benefícios decorrentes do manejo e
conservação da floresta, não caracterizados como produtos
florestais (produtos madeireiros e não madeireiros gerados pelo
manejo florestal sustentável).[862]
Vinculado ao Ministério do Meio Ambiente – MMA, funciona o
Serviço Florestal Brasileiro – SFB, o qual, por força do caput do art.
42 do Anexo I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007, e art. 55 da Lei
n° 11.284, de 02.03.2006, atua exclusivamente na gestão das
florestas públicas (florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos
diversos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos
Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da
administração indireta) e tem por competência o seguinte: 1) exercer
a função de órgão gestor (órgão ou entidade do poder concedente
com a competência de disciplinar e conduzir o processo de outorga
da concessão florestal) prevista no art. 53 da Lei n° 11.284, de
02.03.2006, no âmbito federal;[863] 2) gerir o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Florestal – FNDF (art. 41 da Lei n° 11.284, de
02.03.2006);[864] 3) apoiar a criação e gestão de programas de
treinamento, capacitação, pesquisa e assistência técnica para a
implementação de atividades florestais, incluindo manejo florestal,
processamento de produtos florestais e exploração de serviços
florestais; 4) estimular e fomentar a prática de atividades florestais
sustentáveis madeireira, não-madeireira e de serviços; 5) promover
estudos de mercado para produtos e serviços gerados pelas
florestas; 6) propor planos de produção florestal sustentável, de
forma compatível com as demandas da sociedade; 7) criar e manter
o Sistema Nacional de Informações Florestais – SNIF [865] integrado
ao Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente –
SINIMA; 8) estabelecer e gerenciar o Inventário Florestal Nacional –
IFN;[866] 9) gerenciar o Cadastro Nacional de Florestas Públicas –
CNFP,[867] organizar e manter atualizado o Cadastro-Geral de
Florestas Públicas da União – CGFPU,[868] e adotar providências
para interligar os cadastros estaduais e municipais ao Cadastro
Nacional; e 10) apoiar e atuar em parceria com os seus congêneres
estaduais e municipais.
Vale destacar que o Serviço Florestal Brasileiro – SFB é um
órgão colegiado do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA, Portanto, as decisões relativas às competências do
Serviço Florestal Brasileiro – SFB são tomadas em regime colegiado
pelo Conselho Diretor, formado por 1 (um) Diretor-Geral e 4 (quatro)
Diretores. Ademais, a Assessoria Jurídica do Serviço Florestal
Brasileiro – SFB, de que trata o art. 57 da Lei n° 11.284, de
02.03.2006,[869] vincula-se à Consultoria Jurídica do Ministério do
Meio Ambiente – MMA, nos termos do inciso II do art. 11 da Lei
Complementar n° 73, de 10.02.1993 (§§ 1° e 2° do art. 42 do Anexo
I do Decreto n° 6.101, de 26.04.2007).

6.6.21 Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de


Janeiro – JBRJ

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro surgi efetivamente


através do Regulamento n° 16, de 16.04.1838, o qual criou um
“Jardim Botânico no passeio público da corte imperial” de então.
Hoje, trata-se como visto de uma Autarquia Federal dotada de
personalidade jurídica de direito público, com autonomia
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio
Ambiente – MMA, com sede e foro na cidade do Rio de Janeiro,
criada pela Lei n° 10.316, de 06.12.2001.
Conforme previsto no art. 2.º da Lei n° 10.316, de
06.12.2001, o Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro – JBRJ tem como finalidade promover, realizar e divulgar o
ensino e as pesquisas técnico-científicas sobre os recursos
florísticos do Brasil, visando o conhecimento e a conservação da
biodiversidade, bem como manter as coleções científicas sob sua
responsabilidade, competindo-lhe, em especial, em consonância
com as diretrizes das políticas nacionais de meio ambiente fixadas
pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA: 1) subsidiar o Ministério
do Meio Ambiente na elaboração da Política Nacional de
Biodiversidade e de Acesso a Recursos Genéticos; 2) criar e manter
programas de apoio à implantação, estruturação e desenvolvimento
de jardins botânicos, nos âmbitos federal, estadual e municipal; 3)
manter a operacionalização e o controle do Sistema Nacional de
Registro de Jardins Botânicos; 4) desenvolver e difundir programas
de pesquisa científica, visando a conservação da flora nacional, e
estimular o desenvolvimento tecnológico das atividades de interesse
da botânica e de áreas correlatas; 5) manter e ampliar coleções
nacionais de referência, representativas da flora nativa e exótica, em
estruturas adequadas, carpoteca, xiloteca, herbário, coleção de
plantas vivas; 6) manter e ampliar o acervo bibliográfico,
especializado na área da botânica, meio ambiente e áreas afins; 7)
estimular e manter programas de formação e capacitação de
recursos humanos nos campos da botânica, ecologia, educação
ambiental e gestão de jardins botânicos; 8) manter banco de
germoplasma e promover a divulgação anual do index seminum no
Diário Oficial da União; 9) manter unidades associadas
representativas dos diversos ecossistemas brasileiros; e 10) analisar
propostas e firmar acordos e convênios internacionais, objetivando a
cooperação no campo das atividades de pesquisa e acompanhar a
sua execução, ouvido o Ministério do Meio Ambiente – MMA.
Vale destacar que o jardim botânico criado pela União,
Estado, Município, Distrito Federal ou pela iniciativa particular, deve
ser registrado no Ministério do Meio Ambiente – MMA, por
intermédio do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro – JBRJ. De maneira que o pedido de registro de jardim
botânico no Ministério do Meio Ambiente – MMA deve ser feito
mediante a solicitação ao Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro – JBRJ, instruído com os seguintes documentos:
I- cópia do ato de criação e da publicação no Diário Oficial; II-
memorial descritivo de área protegida; III- planejamento global
contendo proposta de funcionamento, projetos de pesquisa científica
e de educação ambiental.
Outrossim, integra o Instituto de Pesquisas do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ a sua presidência, a Diretoria de
Pesquisa Científica – DIPEQ, a Prefeitura do Jardim Botânico, a
Diretoria de Administração e Finanças – DIRAF e a Diretoria da
Escola Nacional de Botânica Tropical – ENBT.

6.6.22 Política Nacional de Educação Ambiental e o Programa


Nacional de Educação Ambiental – PRONEA

Em 27.04.1999 foi sancionada a Lei n° 9.795, dispondo


sobre educação ambiental, bem como instituindo a Política Nacional
de Educação Ambiental. Entendem-se por educação ambiental os
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (art. 1.º da Lei n° 9.795, de 27.04.1999).
Na verdade, tal como destacado no art. 3.º da Lei n° 9.795,
de 27.04.1999, como parte do processo educativo mais amplo,
todos têm direito à educação ambiental, incumbindo: 1) ao Poder
Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal,
definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental,
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o
engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria
do meio ambiente; 2) às instituições educativas, promover a
educação ambiental de maneira integrada aos programas
educacionais que desenvolvem; 3) aos órgãos integrantes do
Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, promover ações
de educação ambiental integradas aos programas de conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente; 4) aos meios de
comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente
na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio
ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
5) às empresas, entidades de classe, instituições públicas e
privadas, promover programas destinados à capacitação dos
trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o
ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do
processo produtivo no meio ambiente; 6) à sociedade como um
todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e
habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada
para a prevenção, a identificação e a solução de problemas
ambientais.
O art. 4.º da Lei n° 9.795, de 27.04.1999, enumera os
princípios básicos da educação ambiental, que são: 1) o enfoque
humanista, holístico, democrático e participativo; 2) a concepção do
meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência
entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque
da sustentabilidade; 3) o pluralismo de idéias e concepções
pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
4) a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas
sociais; 5) a garantia de continuidade e permanência do processo
educativo; 6) a permanente avaliação crítica do processo educativo;
7) a abordagem articulada das questões ambientais locais,
regionais, nacionais e globais; 8) o reconhecimento e o respeito à
pluralidade e à diversidade individual e cultural.
De maneira que, os objetivos fundamentais da educação
ambiental são os seguintes (art. 5.º da Lei n° 9.795, de 27.04.1999):
1) o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos; 2) a garantia de
democratização das informações ambientais; 3) o estímulo e o
fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental e social; 4) o incentivo à participação individual e coletiva,
permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio
ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um
valor inseparável do exercício da cidadania; 5) o estímulo à
cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade
ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade,
igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade; 6) o fomento e o fortalecimento
da integração com a ciência e a tecnologia; 7) o fortalecimento da
cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como
fundamentos para o futuro da humanidade.
Portanto, o Programa Nacional de Educação Ambiental –
PRONEA veio cumprir os desígnios da referida Lei n° 9.795, de
27.04.1999, que estabeleceu a Política Nacional de Educação
Ambiental – PRONEA, assim como, as recomendações incluídas
nos diversos documentos produzidos até o momento.
O programa de educação ambiental constante da Agenda 21
teve sua origem nos princípios fundamentais expressos na
Declaração e Recomendações da Conferência Intergovernamental
de Tbilisi sobre Educação Ambiental, realizada em 1977 pela United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization – UNESCO
(Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura)
e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA.
No capítulo 36 da Agenda 21, são propostas ações agrupadas
segundo 3 (três) focos principais de atuação: a) reorientação do
ensino no sentido do desenvolvimento sustentável; b) aumento da
consciência pública; c) promoção do treinamento.
Relatam WANDERLEY REBELLO FILHO e CHRISTIANNE
BERNARDO que o desenvolvimento de práticas de educação
ambiental destaca-se como uma estratégia para a reversão do
processo de degradação, e para a conservação e utilização racional
dos recursos naturais. No mesmo sentido, eles lembram que, na
Conferência da Organização das Nações Unidas – ONU, realizada
em 1977, em Tbilisi, chegou-se à conclusão de que é necessário,
como objetivo fundamental da educação ambiental, fazer com que
os indivíduos e as coletividades compreendam a natureza complexa
do meio ambiente natural e do criado pelo homem, resultante da
interação de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos
e culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os
comportamentos e as habilidades práticas para participar,
responsável e eficazmente, na preservação e na solução dos
problemas ambientais e na questão da qualidade do meio ambiente.
Inclusive, devemos acrescentar que a Constituição Federal de 1988,
no inciso VI do § 1.º do seu art. 225, consagra a promoção da
“educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.[870]
Em virtude do mandamento constitucional, o Programa
Nacional de Educação Ambiental – PRONEA foi instituído no
Ministério do Meio Ambiente – MMA vinculado ao Gabinete do
Ministro, por intermédio da Portaria 251, de 09.07.1999, que
regulamentou o Lei n° 9.795, de 27.04.1999, tendo por finalidade a
promoção da sensibilização, mobilização, conscientização e
capacitação dos diversos segmentos da sociedade para enfrentar os
problemas ambientais objetivando a construção de um futuro
sustentável. Segundo esclarecimentos do próprio Ministério do Meio
Ambiente – MMA, suas ações destinam-se a assegurar, no âmbito
educativo, a integração equilibrada das múltiplas dimensões da
sustentabilidade – ambiental, social, ética, cultural, econômica,
espacial e política – ao desenvolvimento do país, resultando em
melhor qualidade de vida para toda a população brasileira, por
intermédio do envolvimento e participação social na proteção e
conservação ambiental e da manutenção dessas condições ao
longo prazo. Nesse sentido, assume também as quatro diretrizes do
Ministério do Meio Ambiente – MMA.
A consolidação da Política Nacional de Educação Ambiental
vem caminhando a passos largos desde que tal política foi
devidamente incluída no Plano Plurianual – PPA (2000/2003). Vale
destacar que o Programa Nacional de Educação Ambiental – PNEA,
com a duração 40 (quarenta) meses, teve início em agosto de 2000
e o término ocorreu em dezembro de 2003. Este Programa conta
com recursos do Orçamento Geral da União Federal, conforme
estabelecido no Plano Plurianual – PPA (2000/2003). Acrescenta-se
que os empreendimentos nacionais, principalmente mas não
exclusivamente aqueles mais estreitamente relacionados com a
área ambiental, que estão incluídos no Avança Brasil para o período
2000/2003, têm no Programa Nacional de Educação Ambiental –
PRONEA, um forte aliado, uma vez que ações destinadas à
formação, capacitação e informação, têm (por natureza) um caráter
estruturante e, dessa maneira, contribuem decisivamente para a
sustentabilidade do conjunto das ações e programas orientados
para o desenvolvimento nacional.
Vale destacar que, segundo a Declaração Mundial de
Educação para Todos, firmada na Conferência de Jomtiem, a
educação é um instrumento eficaz de inclusão social. A educação é
o melhor meio de combater a pobreza e a miséria, em que mais do
que nunca, reverter o quadro de exclusão social, desemprego,
pobreza e miséria, é imperativo para um país que tem cerca de 60
milhões de pessoas nesta deplorável situação, às portas do século
XXI, com 37% (trinta e sete) da população vivendo abaixo da linha
da pobreza. A nosso ver, somente os não excluídos socialmente
podem ser sensibilizados, mobilizados, conscientizados e
capacitados para enfrentar os problemas ambientais objetivando a
construção de um futuro sustentável. O excluído socialmente, dado
o seu estado crítico de sobrevivência, não está preocupado com a
preservação ambiental, sua preocupação única e exclusiva é com a
possibilidade de sobreviver e, para mantê-la, está disposto a tudo,
até mesmo dizimar espécies em extinção, degradar o meio
ambiente etc. Miséria e preservação do meio ambiente são coisas
incompatíveis, se repelem irremediavelmente. Também, a nosso ver,
educação ambiental eficaz depende necessariamente das
condições válidas de viabilidade econômica das comunidades
humanas menos favorecidas. Portanto, cremos, categoricamente,
que um programa sério de educação ambiental deve estar
entrelaçado com abertura de frentes de trabalho para a população
menos favorecida (por exemplo, abrir frentes de trabalho
remunerado nas zonas de amortecimento[871] – colocação de cercas
nas unidades de conservação, replantio de espécies nativas nas
áreas desmatadas etc. – a fim de dar condições de sobrevivência e
de inclusão social à comunidade mais humilde, bem como submetê-
la a um programa adequado de educação ambiental).
Para que melhor se compreenda o Programa Nacional de
Educação Ambiental – PRONEA há que se conhecer os seus
objetivos imediatos, resultados e atividades previstas em tal
programa de cooperação técnica entre o Ministério do Meio
Ambiente e a United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization – UNESCO.
Três são os objetivos imediatos do programa: 1) Objetivo
imediato primeiro: implantar o Programa Nacional de Educação
Ambiental – PRONEA validado pelo Plano Plurianual – PPA
(2000/2003): a) 1.º Resultado: articulação e integração (interna e
externa) das atividades de educação ambiental com o Plano
Plurianual – PPA (2000/2003) promovida; atividades: a.1) identificar
as ações prioritárias nos programas do Ministério do Meio Ambiente
– MMA; a.2) identificar parceiros e viabilizar a articulação das ações
de Educação Ambiental com os programas (externos) do Plano
Plurianual – PPA (2000/2003); a.3) inserir o componente de
educação ambiental nos demais programas do Plano Plurianual –
PPA (2000/2003); a.4) fomentar/incentivar a realização de
programas integrados com outros Ministérios; b) 2.º Resultado:
Comissões Interinstitucionais de Educação Ambiental, instituídas e
atuantes nas unidades da Federação; atividades: b.1) mobilizar as
instituições estaduais para a formalização de 27 (vinte e sete)
Comissões; b.2) colaborar com a realização dos Fóruns Estaduais
de Educação Ambiental; b.3) assistir na elaboração e implantação
dos 27 (vinte e sete) Programas Estaduais de Educação Ambiental;
b.4) assistir tecnicamente na edição dos decretos estaduais; b.5)
acompanhar e avaliar a realização das ações inscritas nos
programas estaduais; b.6) apoiar a divulgação das ações dos 27
(vinte e sete) Programas Estaduais de Educação Ambiental; c) 3.º
Resultado: Polos e Núcleos de Educação Ambiental e Difusão de
Práticas Sustentáveis construídos e em operação; atividades: c.1)
promover ações de fomento à implantação de pólos estaduais com
seus respectivos núcleos regionais e sua articulação com as
Comissões Interinstitucionais e Estaduais; c.2) apoiar a construção
dos Planos Locais e Regionais de Desenvolvimento Sustentável;
c.3) articular e apoiar o estabelecimento de parcerias com demais
entidades da sociedade civil; c.4) disseminar as práticas
sustentáveis e ações desenvolvidas pelos Núcleos/Polos; 2)
Objetivo imediato segundo: constituir uma rede nacional de
formação de multiplicadores em educação ambiental; a) 1.º
Resultado: rede dos “Protetores da Vida” estruturada e consolidada;
atividades: a.1) identificação de parceiros das instituições
governamentais e não-governamentais; a.2) estruturação de
campanhas educativas, de capacitação de multiplicadores e
caravanas de protetores da vida; a.3) apoio ao Ministério da
Previdência e Assistência Social – MPAS na implementação
(conjunta com Ministérios da Saúde, Ministério da Justiça etc.), do
Projeto Agente Jovem; a.4) edição de publicações educativas
(cadernos, cartilhas, folders etc.); a.5) edição de periódico para os
Protetores da Vida; a.6) criar a Rede de Discussão na Internet para
os Protetores da Vida; a.7) articular e mobilizar com vistas à
construção de Agendas Ambientais nas Escolas; b) 2.º Resultado:
ações de formação e capacitação em educação ambiental
(presencial e a distância) implementadas; atividades: b.1) conceber
ementas, planejar e executar cursos de capacitação em educação
ambiental, presencial e a distância; b.2) colaborar na concepção e
planejamento de ementas de cursos de especialização, mestrado e
doutorado em educação ambiental presencial e à distância; b.3)
colaborar na identificação, seleção e instituição das entidades
parceiras nos projetos de formação de técnicos e professores em
educação ambiental; b.4) colaborar com a Rede de Formação
Ambiental para a América Latina e o Caribe do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA; b.5) colaborar com
a Fundação Universitária Ibero-Americana nos cursos a distância
para a área ambiental; b.6) assistir o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA no
estabelecimento de convênios com entidades da sociedade civil
para a implementação dos cursos de capacitação em gestão
ambiental (presencial e à distância); b.7) colaborar na articulação
IBAMA-MEC e outras instituições para a concepção e planejamento
dos cursos (a distância) de capacitação em Gestão Ambiental; c) 3.º
Resultado: Agenda Ambiental Institucional (interna e externa)
construída e em funcionamento; atividades: c.1) implementação de
ações de sensibilização e mobilização (vídeos, palestras, eventos
diversos etc.); c.2) identificação de focos de desperdício, diagnóstico
e elaboração de Agenda Ambiental Interna; c.3) concepção e
implementação de campanhas internas e execução das ações em
vários níveis (coleta seletiva, cursos etc.) e avaliações periódicas;
c.4) divulgação (interna e externa) das atividades e Agenda
Ambiental; 3) Objetivo imediato terceiro: captar, sistematizar e
divulgar informações sobre educação ambiental e práticas
sustentáveis: a) 1.º Resultado: Sistema Brasileiro de Informações de
Educação Ambiental e Práticas Sustentáveis concebido e
implantado; atividades: a.1) identificar as necessidades, elaborar os
Termos de Referência de Consultoria para construir e implantar o
Sistema Brasileiro de Informação de Educação Ambiental e Práticas
Sustentáveis; a.2) promover a integração do Sistema Brasileiro de
Informação em Educação Ambiental e Práticas Sustentáveis aos
sistemas estaduais, mantendo a estrutura lógica e as características
operacionais e funcionais comuns (por meio da estreita articulação
com a coordenação de informática do Ministério do Meio Ambiente –
MMA) de modo a assegurar estratégias comuns de informação de
educação ambiental; a.3) identificar sites, coletar e tratar
informações de educação ambiental e práticas sustentáveis que
deverão integrar o sistema; a.4) prover a manutenção do Sistema;
b) 2.º Resultado: Boletim Eletrônico editado; atividades: b.1)
conceber e definir o conteúdo, temas, periodicidade e público-alvo
do boletim, elaborar o projeto gráfico-visual e realizar edição-piloto;
b.2) editar o boletim e promover avaliações periódicas; b.3) definir e
implementar programa de avaliações periódicas; c) 3.º Resultado:
site de educação ambiental criado no Portal do Ministério do Meio
Ambiente – MMA; atividades: c.1) conceber o site (temática e
funcional-links etc.) e criar projeto gráfico-visual; c.2) implantar o site
e programar atualizações periódicas.

6.6.23 Agenda 21

Na atualidade muito se fala em “Agenda 21”. Mas o que ela


significa?
A expressão “Agenda 21” é a designação de um documento
internacional pelo qual os países signatários apontam os principais
temas ambientais a serem enfrentados pela Comunidade
Internacional no século XXI, que ora se inicia.
A Agenda 21 é considerada o mais importante resultado da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Humano, realizada em junho de 1992 no Rio de
Janeiro. Esta Conferência ficou muito conhecida também pela
designação genérica “Cúpula da Terra”, em virtude de ter
conseguido reunir o maior número de governantes de todos os
tempos e de toda a história das conferências da Organização das
Nações Unidas – ONU. Exatamente, 179 (cento e setenta e nove)
países firmaram o ambicioso programa de ações conjuntas, com a
finalidade precípua de promover, em escala mundial, um novo estilo
de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável.
Esta modalidade do desenvolvimento tem por fim conciliar as
diversas lógicas econômico-sociais com os processos de
sustentabilidade ecológica, bem como com a finalidade de
conservar e preservar os recursos naturais renováveis (aqueles,
uma vez aproveitados em um determinado lugar e num dado tempo,
são suscetíveis de serem aproveitados neste mesmo lugar, ao cabo
de um período de tempo relativamente curto, tal como o álcool
proveniente da cana-de-açúcar) e não-renováveis (aqueles sobre os
quais toda exploração traz consigo, inevitavelmente, sua irreversível
diminuição, como, por exemplo, o petróleo, a biodiversidade, as
florestas, entre outros). De maneira que a Agenda 21 propõe ser o
texto-chave para orientar os governos dos países que participaram
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Humano de 1992 e respectivas sociedades, nas
próximas décadas, rumo ao estabelecimento de um novo modelo de
desenvolvimento.
Muito embora o texto-chave produzido pela Agenda 21 tenha
por foco os países em desenvolvimento, a referida Agenda prevê
um pauta de relevantes ações para os países desenvolvidos, seja
recomendando mudanças nos padrões de consumo e na adoção de
processos que queiram reorientar a produção econômica, seja co-
responsabilizando estes mesmos países pelas políticas e ações de
controle da “crise ambiental global”. Inclusive, dentre tais ações
estão incluídas aquelas nas quais os países desenvolvidos devem
cumprir o papel de financiadores de parte dos custos do novo
modelo, bem como o papel de promotores do intercâmbio de
conhecimento e tecnologias de suporte aos países em
desenvolvimento. Nada mais justo que isto, pois, hoje, é corriqueira
a informação no sentido de que uma criança nascida em Nova York,
Londres ou Paris tem um impacto 50 (cinquenta) vezes mais forte
sobre os recursos naturais do que uma criança nascida nos países
mais pobres.
Vale destacar que a Agenda 21 não constitui apenas uma
declaração de princípios e intenções firmada entre os países
participantes, ela tem a forma de um guia, sugerindo atitudes,
ações, atores, metodologias para a obtenção de consensos,
mecanismos institucionais para implementação e monitoramento de
programas, estimando seus custos.
Portanto, a expressão “Agenda 21” diz respeito à construção
política das bases do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é
conciliar justiça social, equilíbrio ambiental e eficiência econômica.
De forma gradual e negociada, resultará ela em um plano de ação e
de planejamento participativo nos níveis global, nacional e local
capaz de permitir o estabelecimento do desenvolvimento
sustentável.
No âmbito nacional, somente nos últimos anos se tem
observado uma preocupação maior por parte dos governos dos
países, que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em junho de
1992, para a elaboração das Agendas 21 nacionais e um verdadeiro
impulso na elaboração das Agendas 21 locais.
No nosso país, verificou-se em pesquisa nacional,
coordenada por SAMYRA CRESPO, intitulada “O que o brasileiro
pensa do meio ambiente, do desenvolvimento e da
sustentabilidade”, que, em 1997, 95% (noventa e cinco por cento)
da população brasileira jamais ouviu falar em Agenda 21 e que
apenas 42% (quarenta e dois por cento) tinham alguma notícia do
que resultou da Rio-92. A conclusão desta importante pesquisa
sugere que se dê maior ênfase a um processo de elucidação das
pessoas a respeito do que constitui o programa da Agenda 21 e em
quais questões ele pode melhorar a qualidade de vida dos
brasileiros e dos seus descendentes.
É importante, ainda, frisar que, em 1992, foram
estabelecidas metas para os governos participantes da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Humano, que deveriam ser cumpridas até a primeira data de revisão
da Agenda 21. Tais metas eram: a) divulgar a Agenda 21; b) realizar
processos de consulta amplos e participativos, envolvendo os vários
níveis de governo, representantes do setor produtivo e das
organizações da sociedade civil; c) fazer diagnósticos e elaborar as
estratégias nacionais de implementação dos programas nas linhas
de ação recomendadas pela Agenda 21. Todavia, devemos alertar
que a Agenda 21 nunca teve por objetivo cultuar uma formulação
fundamentalista da sustentabilidade, em que a mesma aparece
como um valor supremo. Ela visa a formação das chamadas
“sociedades sustentáveis”, ou seja, sociedades orientadas para a
sustentabilidade, no sentido de redefinirem suas relações para com
o meio ambiente, respeitando seus processos metabólicos no que
se refere a contaminação, assim como a sua capacidade de repor
os denominados “recursos renováveis”. No caso dos “recursos não-
renováveis”, a alternativa é a substituição e o investimento em
tecnologias de uso menos intensivo, bem como fazer uso dos
processos de reciclagem. Outrossim, as “sociedades sustentáveis”
têm por características fundamentais o combate ao desperdício,
levando em conta o processo coletivo, e o bem comum sem violar
os direitos individuais do ser humano.
A Agenda 21 Brasileira tem por objetivo, pois, definir uma
estratégia de desenvolvimento sustentável para o país, a partir de
um processo de articulação e parceria entre o governo e a
sociedade. O Estado é o principal responsável pela definição desta
estratégia, todavia não se pode perder de vista que o fato de o
poder público ter esta responsabilidade não exclui a participação da
comunidade nesse processo, pois, como dito, ela deve ser
transformada em parceria essencial na promoção da ação educativa
e na formação da consciência da sociedade em favor da
preservação ambiental (que não se confunde com a conservação
ambiental)[872] para as presentes e as futuras gerações. Acrescenta-
se que a preservação ambiental contempla também a utilização dos
recursos da natureza com sustentabilidade, de modo que o acesso
a eles pelas gerações atuais permita igual acesso para as próximas
gerações. Em suma, o que se objetiva é que o uso dos bens
naturais seja feito com responsabilidade e consciência dos direitos
atuais e futuros da humanidade.
Sustentabilidade esta totalmente depurada do sentido
biológico de origem e agregada definitivamente a idéia de que não
pode haver sustentabilidade ambiental sem sustentabilidade social:
a indissociabilidade de ambas as sustentabilidades implica
inexoravelmente em uma ética na qual o processo de
sustentabilidade, para chegar satisfatoriamente ao seu termo, exige
estratégias em escala mundial de combate à pobreza, à intolerância
e à beligerância, bem como implica também o desenvolvimento de
novas formas de solidariedade, compatíveis com o projeto global da
sustentabilidade.
Por sinal, vale lembrar que o capítulo 2 da Agenda 21
brasileira trata das seguintes espécies de sustentabilidade: a)
sustentabilidade ecológica (diz respeito à base física do processo de
crescimento econômico e tem como objetivo a manutenção de
estoques de capital natural incorporado às atividades produtivas); b)
sustentabilidade ambiental (diz respeito à manutenção da
capacidade de sustentação dos ecossistemas, o que implica a
capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas em face
das interferências antrópicas); c) sustentabilidade social (diz
respeito ao desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida da
população; em países com desigualdades, implica a adoção de
políticas distributivas e/ou redistributivas e a educação, habitação e
seguridade social; vale destacar que não há como dissociar os
fatores sociais dos ambientais, assim como a necessidade de
enfrentar simultaneamente a degradação do meio ambiente com o
problema mundial da pobreza); d) sustentabilidade política (diz
respeito ao processo de construção da cidadania, e busca garantir a
plena incorporação dos indivíduos ao processo de
desenvolvimento); e) sustentabilidade econômica (implica uma
gestão eficiente dos recursos em geral e caracteriza-se pela
regularidade de fluxos do investimento público e privado – o que
quer dizer que a eficiência pode e precisa ser avaliada por
processos macrossociais); f) sustentabilidade demográfica (diz
respeito aos limites da capacidade de suporte de determinado
território e de sua base de recursos; implica cotejar os cenários ou
tendências de crescimento econômico, com as taxas demográficas
e sua composição etária e de contingentes de população
economicamente ativa; vale lembrar que a população urbana
brasileira, saltou de 30 milhões de pessoas em 1960 para 80
milhões duas décadas mais tarde, e para 136 milhões de pessoas
em 2000); g) sustentabilidade cultural (diz respeito a capacidade de
manter a diversidade de culturas, valores e práticas no planeta, no
país e/ou numa região, que compõem ao longo do tempo a
identidade dos povos); h) sustentabilidade institucional (implica em
criar e fortalecer instituições que considerem critérios de
sustentabilidade em seus processos); e i) sustentabilidade espacial
(implica na busca de maior equidade nas relações inter-regionais).
Nesse sentido, o processo de elaboração da Agenda 21
Brasileira vem sendo conduzido pela Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 – CPDS, a partir de
critérios e premissas específicas, que privilegiam uma abordagem
multisetorial da realidade brasileira e um planejamento em longo
prazo do desenvolvimento do país.
Segundo informações tornadas públicas pelo próprio
Ministério do Meio Ambiente – MMA, a metodologia de trabalho para
a Agenda 21 Brasileira, selecionou as áreas temáticas que refletem
a nossa problemática sócio-ambiental e definiu a necessidade de
proposição de novos instrumentos de coordenação e
acompanhamento de políticas públicas para o desenvolvimento
sustentável. A escolha dos 6 (seis) temas centrais da Agenda 21
Brasileira foi feita de forma a abarcar a complexidade do país, dos
Estados, municípios e regiões dentro do conceito da
sustentabilidade ampliada permitindo planejar os sistemas e
modelos ideais: 1) Agricultura Sustentável (em relação ao campo, a
construção da sustentabilidade na agricultura implica
transformações profundas no modelo de desenvolvimento e nas
políticas de ocupação do solo, de produção, de novos modelos e
prioridades para a comercialização, investimentos em crédito rural e
em produção de conhecimento); a noção de agricultura sustentável
contém a visão de um sistema produtivo de alimentos e fibras que
garanta: a) a manutenção, em longo prazo, dos recursos naturais e
da produtividade agrícola; b) mínimo de impactos adversos ao meio
ambiente; c) retornos adequados aos produtores; d) otimização da
produção com um mínimo de insumos externos; e) satisfação das
necessidades humanas de alimentos e renda; f) atendimento das
necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais; 2)
Cidades Sustentáveis (em relação ao meio urbano, a
sustentabilidade nas cidades implica em fazer dos espaços a ela
inerentes um lugar adequado para o desenvolvimento integral das
atividades humanas, melhorar as condições de moradia, de
transporte e de lazer, entre outras); em outras palavras, a Agenda
21 brasileira assinala que para a construção da sustentabilidade nas
cidades é necessário o seguinte: a) buscar o equilíbrio dinâmico
entre uma determinada população e a sua base ecológica-territorial,
diminuindo significativamente a pressão sobre os recursos
disponíveis; b) ampliar a responsabilidade ecológica, aumentando a
capacidade dos atores sociais de identificar as relações de
interdependência dos fenômenos e aceitar o princípio da co-
responsabilidade de países, grupos e comunidades na gestão dos
recursos e dos ecossistemas compartilhados, como o ar, oceanos,
florestas e bacias hidrográficas; c) buscar a eficiência energética, o
que implica na redução significativa nos níveis de consumo atual,
sobretudo dos combustíveis fósseis e busca de fontes energéticas
renováveis; d) buscar o desenvolvimento e utilização de tecnologias
brandas e/ou compatíveis, alterando progressiva e
significativamente os padrões atuais do setor produtivo; e) promover
a alteração dos padrões de consumo e diminuição significativa na
produção de resíduos e uso de bens ou materiais não recicláveis; f)
recuperar as áreas degradadas e reposição do estoque dos
recursos estratégicos – solo, água, cobertura vegetal; e g) manter a
biodiversidade existente; 3) Infraestrutura e integração regional (em
relação aos setores estratégicos de transportes, energia e
comunicações, a sustentabilidade implica a necessidade inadiável
de revisão da matriz energética brasileira, ineficiente e
desperdiçadora, a aplicação de novos recursos e tecnologias para
gerar energias limpas; em outras palavras, a construção da
sustentabilidade na infra-estrutura e na integração regional exige
transformações importante no planejamento das infra-estruturas
necessárias e avançar nos processos de integração regional, o que
significa: “atender às exigências impostas pelas diversas dimensões
da sustentabilidade exclui um estilo de desenvolvimento que seja
conduzido e orientado exclusivamente pelas forças cegas do
mercado, já que estas tendem a favorecer a concentração e
utilização do capital e das atividades econômicas – em parte, pela
preferência que o mercado, por motivos de eficiência econômica e
rentabilidade privada, concede às economias de escala e de
aglomeração; o que conduz a deseconomias sociais e à
concentração funcional, regional e interpessoal da renda, que
devem ser evitadas); 4) Gestão dos recursos naturais (para a
proteção e uso sustentável dos recursos naturais); 5) Redução das
desigualdades sociais (para reduzir as disparidades sociais e
construir o desenvolvimento sustentável no Brasil, há que se
satisfazer as condições básicas de diminuir a pobreza extrema,
aumentar o acesso aos recursos por parte da maioria da população,
hoje excluída, e, ao mesmo tempo, diminuir o consumismo
desenfreado das camadas privilegiadas; destacamos que, no Brasil,
os 50% mais pobres da população, que tinham 18% da renda em
1960, tiveram sua parcela reduzida para 11,6% em 1995,
consequentemente, os 10% mais ricos passaram de 54% da renda
nacional em 1960 para 63% em 1995, conforme informa o Relatório
do Desenvolvimento Humano de 1998, ou seja, os 10% de maior
renda recebem trinta vezes mais que os 40% de menor renda;
outrossim, acrescentamos que essa desigualdade de renda
corresponde a índices semelhantes na expectativa de vida ao
nascer, na educação e na saúde, no acesso à habitação e ao
saneamento; a disparidade entre segmentos sociais e a disparidade
entre regiões do território brasileiro têm forte influência na geração
de problemas sócio-ambientais); e 6) Ciência e Tecnologia para o
desenvolvimento sustentável (em relação à ciência e tecnologia
voltada ao desenvolvimento sustentável, a construção da
sustentabilidade econômica, social e ambiental do Brasil exige fortes
investimentos em produção de ciência e tecnologias
ambientalmente sustentáveis; a ciência brasileira terá ainda que
construir as tecnologias limpas adequadas ao seu desenvolvimento;
os indicadores ambientais apropriados para acompanhar sua
evolução; um sistema de contabilidade ambiental abrangente, capaz
de apontar os custos a serem apropriados em todas as atividades e
projetos, a fim de dar respostas socialmente responsáveis aos
desafios presentes; tudo isto somente poderá ser feito na medida
em que sejam priorizados os investimentos em educação e em
pesquisa); em outras palavras, a construção da ciência e tecnologia
para o desenvolvimento sustentável implica a construção de novos
paradigmas e de uma nova forma de racionalidade ambiental e um
entendimento mais profundo sobre: a) as inter-relações entre
conhecimento científico, inovações técnicas e saber tradicional e
mudanças sociais, em favor da sustentabilidade econômica, social e
ecológica; b) as inter-relações da política pública de ciência e
tecnologia com um projeto nacional de desenvolvimento; c) os
aportes institucionais necessários para tornar efetivas as políticas
públicas de ciência e tecnologia, a serviço do desenvolvimento
sustentável; d) estabelecimento de prioridades para que o sistema
nacional de ciência e tecnologia possa integrar-se e responder as
características complexas do mundo contemporâneo.
Como se vê, não se pode perder de vista que nas resoluções
da Agenda 21 se incorpora e reconhece a necessidade de
considerar as questões educacionais, de disparidades sociais e de
pesquisa científica como fundamentais para a preservação dos
recursos naturais e criar uma nova ética ambiental do
desenvolvimento.
Segundo, ainda, o Ministério do Meio Ambiente – MMA, a
necessidade de ampliar a participação dos diversos setores da
sociedade brasileira no processo de construção da Agenda 21
Brasileira fez com que a Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável e Agenda 21 – CPDS gerasse um documento básico,
para subsidiar uma rodada de debates estaduais, deflagrada em
setembro de 2000. Esse documento-síntese, denominado “Bases
para Discussão”, foi publicado e distribuído pelas 27 (vinte e sete)
unidades da federação pelas secretarias de estado de meio
ambiente às entidades e instituições dos setores governamentais,
civil organizado e produtivo. No período de setembro de 2000 a
maio de 2001, o Ministério do Meio Ambiente – MMA e a Comissão
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 – CPDS
promoveram 26 (vinte e seis) debates estaduais, durante os quais
foram apresentadas e consensuadas 5.839 propostas referentes
aos 6 (seis) eixos temáticos da Agenda 21 Brasileira. 3.880
representantes de instituições e entidades dos setores
governamentais, civil organizado e produtivo participaram dos
debates estaduais da agenda. No Estado do Amapá não foi possível
promover o referido debate. Após a conclusão da rodada dos
debates estaduais, foram realizados 5 (cinco) Encontros Regionais
da Agenda 21 Brasileira, durante os quais foram consolidadas as
propostas por região. Consultores e especialistas renomados
participaram dessa etapa auxiliando nos trabalhos de consolidação.
Os encontros regionais foram reuniões de trabalho fechadas, com
duração de 2 (dois) dias por região. Foram convidadas cerca de dez
entidades e instituições por estado para participar dos encontros,
cabendo a definição dos participantes às secretarias de Estado de
Meio Ambiente e dos apoiadores do processo de elaboração da
Agenda 21 Brasileira, sendo eles: Banco do Brasil S/A, Caixa
Econômica Federal, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia S/A,
Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul,
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE e
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM. Ao
final dos 5 (cinco) encontros regionais, foi concluído o processo de
elaboração da agenda.
Todo esse esforço produziu diagnósticos que apresentaram
um panorama da situação nacional, em que são apontadas as
potencialidades e as fragilidades do país, com o objetivo de
identificar os possíveis entraves à sustentabilidade (como por
exemplo, a dificuldades na gestão de recursos naturais, o reduzido
percentual de áreas ocupadas por unidades de conservação
federais, por biomas, diversificação na competência para conceder
licença ambiental etc.
Quanto à Agenda 21 Local, o Ministério do Meio Ambiente –
MMA esclarece que, sendo a Agenda 21 um processo de
planejamento estratégico que visa atingir o desenvolvimento
sustentável, o que se verifica é que a Agenda 21 é um instrumento
que pode ser utilizado por quaisquer instâncias de governo, sejam
elas nacional, estadual ou municipal, e mesmo em empresas e
instituições. O que importa não é a escala territorial, mas o
envolvimento dos diferentes atores sociais num planejamento
estratégico fundamentado no marco da sustentabilidade, ou seja,
que aborde os aspectos econômicos, sociais e ambientais. Portanto,
a Agenda 21 Local é um processo participativo multisetorial de
construção de um programa de ação estratégico dirigido às
questões prioritárias para o desenvolvimento sustentável local.
Como tal, deve aglutinar os vários grupos sociais na promoção de
uma série de atividades no nível local, que impliquem mudanças no
atual padrão de desenvolvimento, integrando as dimensões sócio-
econômicas, político-institucionais, culturais e ambientais da
sustentabilidade.

6.6.24 Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA

O Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA foi instituído


pelo art. 1.º da Lei n° 7.797, de 10.07.1989, com o objetivo de
desenvolver os projetos que visem ao uso racional e sustentável de
recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação
da qualidade ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da
população brasileira.
Constituem recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente –
FNMA seguinte: 1) dotações orçamentárias da União Federal; 2)
recursos resultantes de doações, contribuições em dinheiro, valores,
bens móveis e imóveis, que venha a receber de pessoas físicas e
jurídicas; 3) rendimentos de qualquer natureza, que venha a auferir
como remuneração decorrente de aplicações do seu patrimônio; e
4) outros, destinados por lei.
Vale lembrar que os recursos do Fundo Nacional de Meio
Ambiente – FNMA devem ser aplicados por meio de órgãos públicos
dos níveis federal, estadual e municipal ou de entidades privadas
cujos objetivos estejam em consonância com os objetivos deste
Fundo, desde que não possuam, as referidas entidades, fins
lucrativos. Todavia, o Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA é
administrado pela Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República, de acordo com as diretrizes fixadas pelo Conselho de
Governo, sem prejuízo das competências do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA (arts. 3.º e 4.º da Lei n° 7.797, de
10.07.1989, com a redação dada pelo art. 37 da Lei n° 8.028 de
12.04.1990).
Outrossim, devem ser consideradas prioritárias as aplicações
de recursos financeiros do Fundo Nacional do Meio Ambiente –
FNMA, em projetos nas seguintes áreas: I- Unidade de
Conservação; II- Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico; III-
Educação Ambiental; IV- Manejo e Extensão Florestal; V-
Desenvolvimento Institucional; VI- Controle Ambiental; VII-
Aproveitamento Econômico Racional e Sustentável da Flora e
Fauna Nativas.

6.6.25 Conselho Nacional de Recursos Hídricos

Os arts. 1.º e ss da Lei 9.433, de 08.01.1997, instituiu a


Política Nacional de Recursos Hídricos levando em conta a
participação de todos os segmentos da sociedade que estão
ligados, de alguma forma, ao uso e à conservação dos recursos
hídricos, à integração e à descentralização. Inclusive, devemos
ressaltar que tais disposições normativas foram de certa forma
inovadoras na medida em que ela institucionalizou a chamada
“gestão participativa”, não só entre as esferas de governos estadual
e federal, mas também na base da sociedade brasileira. Entre os
seus princípios estão: a) a adoção da bacia hidrográfica como
unidade de planejamento; b) a garantia dos usos múltiplos da água;
e c) o seu reconhecimento como bem econômico. Além disso, entre
as diretrizes gerais traçadas para a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos está a necessidade de sua
integração e articulação do planejamento regional, estadual e
nacional, considerando a gestão ambiental, o ordenamento do uso
do solo e a gestão de sistemas estuarinos e de zonas costeiras.
O Ministério do Meio Ambiente – MMA esclarece que a
legislação brasileira ainda criou um arcabouço institucional para a
área de recursos hídricos que enseja a participação de todos os
agentes sociais interessados nas decisões sobre o uso da água. Tal
arranjo de instituições tem na figura do comitê de bacia a unidade
de ação e, ao mesmo tempo, o seu centro de articulação. Porém, o
ápice do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
ao qual todas as demais instâncias do sistema se subordinam, é o
Conselho Nacional de Recursos Hídricos que atua em uma
dimensão verdadeiramente nacional no sistema de gerenciamento
de nossos recursos hídricos. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente – MMA, essa dimensão nacional garante o gerenciamento
abrangente, capaz de superar os interesses locais e regionais em
busca dos objetivos nacionais.
Por força do art. 34 da Lei n° 9.433, de 08.01.1997, o
Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por: 1)
representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da
República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos
hídricos; 2) representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos; 3) representantes dos usuários dos recursos
hídricos; 4) representantes das organizações civis de recursos
hídricos.
A esse respeito, deve ser mencionado ainda que o número
de representantes do Poder Executivo Federal não pode exceder à
metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (parágrafo único do art. 34).
Outrossim, conforme dispõe o art. 35 da Lei n° 9.433, de
08.01.1997, com os acréscimos determinados pela Lei n° 9.984, de
17,07.2000, e Lei n° 12.334, de 20.09.2010, compete ao Conselho
Nacional de Recursos Hídricos: 1) promover a articulação do
planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional,
regional, estaduais e dos setores usuários; 2) arbitrar, em última
instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos; 3) deliberar sobre os projetos de
aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem
o âmbito dos Estados em que serão implantados; 4) deliberar sobre
as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia
Hidrográfica; 5) analisar propostas de alteração da legislação
pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos
Hídricos; 6) estabelecer diretrizes complementares para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação
de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos; 7) aprovar propostas de
instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios
gerais para a elaboração de seus regimentos; 8) acompanhar a
execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as
providências necessárias ao cumprimento de suas metas (redação
dada pelo art. 31 da Lei n° 9.984, de 17.07.2000); 9) acompanhar a
execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e
determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas
metas; 10) estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de
uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso; 11) zelar
pela implementação da Política Nacional de Segurança de
Barragens –PNSB; 12) estabelecer diretrizes para implementação
da Política Nacional de Segurança de Barragens –PNSB, aplicação
de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens - SNISB; 13) apreciar o
Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário,
recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como
encaminhá-lo ao Congresso Nacional.
Além disso, dispõe o art. 36 da referida lei que o Conselho
Nacional de Recursos Hídricos deve ser gerido por: 1) um
presidente, que será o Ministro titular do Ministério do Meio
Ambiente – MMA; 2) um secretário executivo que deve ser o titular
do órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente –
MMA, responsável pela gestão dos recursos hídricos.

6.6.26 Agência Nacional de Águas – ANA

A Agência Nacional de Águas – ANA foi criada pelo art. 3.º


da Lei n° 9.984, de 17.07.2000, na forma de autarquia federal sob
regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente – MMA,
com autonomia administrativa e financeira e com a finalidade de
implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de
Recursos Hídricos integrando o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. A Agência Nacional de Águas
– ANA, inclusive, tem sede e foro no Distrito Federal, bem como
unidades administrativas regionais instaladas nos Estados.
Acrescenta-se que, por força do art. 4.º da Lei n° 9.984, de
17.07.2000, a atuação da Agência Nacional de Águas – ANA deve
obedecer aos fundamentos, aos objetivos, às diretrizes e aos
instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, bem como
deve ser desenvolvida em articulação com órgãos e entidades
públicas e privadas integrantes do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, cabendo-lhe: a)
supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes
do cumprimento da legislação federal pertinente aos recursos
hídricos; b) disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a
operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da
Política Nacional de Recursos Hídricos (na execução de tais
competências devem ser considerados os respectivos acordos e
tratados, nos casos de bacias hidrográficas compartilhadas com
outros países); c) outorgar, por intermédio de autorização, o direito
de uso dos recursos hídricos em corpos de água de domínio da
União Federal, observando o disposto nos arts. 5.º, 6.º, 7.º e 8.º da
Lei n° 9.984, de 17.07.2000[873] (nos atos administrativos de outorga
de direito de uso de recurso hídricos de cursos de água que banham
o semi-árido nordestino, expedidos conforme tal dispositivo, deverão
constar, explicitamente, as restrições decorrentes dos incisos III e V
do art. 15 da Lei n° 9.433, de 08.01.1997);[874] d) fiscalizar os usos
de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União
Federal; e) elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição,
pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, dos valores a serem
cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União
Federal, com base nos mecanismos e quantitativos sugeridos pelos
Comitês de Bacia Hidrográfica, na forma do inciso VI do art. 38 da
Lei n° 9.433, de 8.01.1997;[875] f) estimular e apoiar as iniciativas
voltadas para a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica; g)
implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica,
a cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União
Federal; h) arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por
intermédio da cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da
União Federal, na forma do disposto no art. 22 da Lei n° 9.433, de
8.01.1997[876] (a aplicação dessas receitas deve ser feita de forma
descentralizada, por meio das agências de água previstas nos arts.
41 e segs. da Lei n° 9.433, de 8.01.1997,[877] e, na ausência ou
impedimento destas, por outras entidades pertencentes ao Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos); i) planejar e
promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de
secas e inundações, no âmbito do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, em articulação com o órgão
central do Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados
e Municípios (quando envolverem a aplicação de racionamentos
preventivos, essas ações somente podem ser promovidas mediante
a observância de critérios a serem definidos em decreto do
Presidente da República); j) promover a elaboração de estudos para
subsidiar a aplicação de recursos financeiros da União Federal em
obras e serviços de regularização de cursos de água, de alocação e
distribuição de água, e de controle da poluição hídrica, em
consonância com o estabelecido nos planos de recursos hídricos; k)
definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por
agentes públicos e privados, visando a garantir o uso múltiplo dos
recursos hídricos, conforme estabelecido nos planos de recursos
hídricos das respectivas bacias hidrográficas (para os fins de tais
disposições, a definição de condições de operação de reservatórios
de aproveitamentos deve ser efetuada em articulação com o
Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONSE); l) promover a
coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da rede
hidrometerológica nacional, em articulação com órgãos e entidades
públicas ou privadas que a integram, ou que dela sejam usuárias;
m) organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações
sobre Recursos Hídricos; n) estimular a pesquisa e a capacitação de
recursos humanos para a gestão de recursos hídricos; o) prestar
apoio aos Estados na criação de órgãos gestores de recursos
hídricos; p) propor ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos o
estabelecimento de incentivos, inclusive financeiros, à conservação
qualitativa e quantitativa de recursos hídricos.
É importante mencionar ainda que a Agência Nacional de
Águas – ANA é dirigida por uma Diretoria Colegiada, composta por
5 (cinco) membros, nomeados pelo Presidente da República, com
mandatos não coincidentes de quatro anos, admitida uma única
recondução consecutiva, e conta com uma procuradoria. Inclusive, o
diretor-presidente da Agência Nacional de Águas – ANA deve ser
escolhido pelo Presidente da República entre os membros da
Diretoria Colegiada, e investido na função por 4 (quatro) anos ou
pelo prazo que restar de seu mandato. Em caso de vaga no curso
do mandato, este deve ser completado por sucessor investido na
forma prevista para os membros da Diretoria Colegiada, que deve
exercer o referido cargo pelo prazo remanescente (caput e §§ 1.º e
2.º do art. 9.º da Lei n° 9.984, de 17.07.2000).

6.7 O INSTITUTO BRASILEIRO DO


MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA
COMO ÓRGÃO EXECUTOR
Como visto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA é o órgão executor do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA e nessa condição
está encarregado de promover, disciplinar e avaliar a
implementação dessa política; em outras palavras, aquele órgão é
uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente –
MMA e, segundo o Anexo I (“Estrutura Regimental do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA”) da Decreto n° 6.099, de 26.04.2007, tem as seguintes
finalidades precípuas: a) exercer o poder de polícia ambiental de
âmbito federal; b) executar ações das políticas nacionais de meio
ambiente, referentes às atribuições federais, relativas ao
licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à
autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização,
monitoramento e controle ambiental, observadas as diretrizes
emanadas do Ministério do Meio Ambiente; c) executar as ações
supletivas da União, de conformidade com a legislação ambiental
vigente (art. 1.º da Estrutura Regimental do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
aprovada pelo Decreto n° 6.099, de 26.04.2007).
Inclusive, por força do art. 2.º da Estrutura Regimental do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, no cumprimento de suas finalidades e,
ressalvadas as competências das demais entidades que integram o
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, cabe ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA, de acordo com as diretrizes fixadas pelo Ministério do Meio
Ambiente – MMA, desenvolver as seguintes ações federais: 1)
proposição de normas e padrões de qualidade ambiental; 2)
zoneamento ambiental; 3) avaliação de impactos ambientais; 4)
licenciamento ambiental de atividades, empreendimentos, produtos
e processos considerados efetiva ou potencialmente poluidores,
bem como daqueles capazes de causar degradação ambiental, nos
termos da legislação em vigor; 5) implementação dos Cadastros
Técnicos Federais de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental e de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras dos Recursos Ambientais; 6) fiscalização e aplicação de
penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação
ambiental, nos termos da legislação em vigor; 7) geração,
integração e disseminação sistemática de informações e
conhecimentos relativos ao meio ambiente; 8) disciplinamento,
cadastramento, licenciamento, monitoramento e fiscalização dos
usos e acessos aos recursos ambientais, florísticos e faunísticos; 9)
análise, registro e controle de substâncias químicas, agrotóxicos e
de seus componentes e afins, conforme legislação em vigor; 10)
assistência e apoio operacional às instituições públicas e à
sociedade, em questões de acidentes e emergências ambientais e
de relevante interesse ambiental; 11) execução de programas de
educação ambiental; 12) fiscalização e controle da coleta e
transporte de material biológico; 13) recuperação de áreas
degradadas; 14) Auxiliar na implementação do Sistema Nacional de
Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA; 15) aplicação, no
âmbito de sua competência, dos dispositivos e acordos
internacionais relativos à gestão ambiental; 16) monitoramento,
prevenção e controle de desmatamentos e queimadas e incêndios
florestais; 17) elaboração do sistema de informação para a gestão
do uso dos recursos faunísticos, pesqueiros e florestais; 18)
elaboração e estabelecimento de critérios, padrões e proposição de
normas ambientais para a gestão do uso dos recursos pesqueiros,
faunísticos e florestais; e 19) elaboração do Relatório de Qualidade
do Meio Ambiente.

6.7.1 Criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis – IBAMA

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis – IBAMA, entidade autárquica federal de
regime especial, dotada de personalidade jurídica de direito público,
autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do
Meio Ambiente – MMA, foi criada pelo art. 2.º da Lei n° 7.735, de
22.02.1989, lei esta resultante da aprovação da Medida Provisória
n° 34, de 1989.
Na opinião de PAULO DE BESSA ANTUNES, a criação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA teve o mérito de congregar, em um único
organismo, diversas entidades que não conseguiram jamais atuar
em conjunto. Antes da existência do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA existiam
pelo menos 4 (quatro) órgãos voltados para as questões ambientais
(Superintendência da Borracha – SUDHEVEA, Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal – IBDF, Superintendência do
Desenvolvimento da Pesca – SUDEPE e Secretaria Especial do
Meio Ambiente – SEMA). Deve ser ressaltado, entretanto, que
nenhum deles possuía força política ou econômica para
desempenhar adequadamente as suas tarefas. O Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
sem dúvida, foi um grande progresso em relação à situação anterior.
É lógico, contudo, que remanescem problemas muito graves e de
difícil solução. Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, o mais
importante destes problemas é a falta de uma definição clara quanto
às tarefas a serem desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, pois existe
uma evidente superafetação de atribuições. É de se condenar,
ademais, que as competências de planejamento, gestão,
fiscalização e execução são muito diferenciadas entre si e, não
poucas vezes, geram conflitos muito graves no interior de um
mesmo órgão.[878]

6.7.2 Estrutura organizacional do Instituto Brasileiro do Meio


Ambiente e dos Recursos Naturais – IBAMA

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis – IBAMA tem a seguinte estrutura
organizacional: 1) órgão colegiado: 1.1) Conselho Gestor (integram
o Conselho Gestor, colegiado de caráter consultivo: i) o Presidente
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, que o presidirá; ii) os Diretores; e iii) o
Procurador-Chefe. Integram também o Conselho Gestor, na
condição de membros convidados, sem direito a voto: i) o Chefe de
Gabinete; ii) o Auditor-Chefe; e iii) os demais assessores da
Presidência. A critério do Presidente do Conselho Gestor, poderão
ser convidados a participar das reuniões do colegiado
Superintendentes, Gerentes Executivos e Chefes dos Centros
Especializados, gestores e técnicos do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e do
Ministério do Meio Ambiente – MMA e de outros órgãos e entidades
da administração pública federal, estadual e municipal, bem como
representantes de entidades não-governamentais, sem direito a
voto); 2) órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente: 2.1)
Gabinete; 3) órgãos seccionais: 3.1) Procuradoria Federal
Especializada; 3.2) Auditoria Interna; 3.3) Corregedoria; e 3.3)
Diretoria de Planejamento, Administração e Logística; 4) órgãos
específicos singulares: 4.1) Diretoria de Qualidade Ambiental; 4.2)
Diretoria de Licenciamento Ambiental; 4.3) Diretoria de Proteção
Ambiental; 4.4) Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e
Florestas; 5) órgãos descentralizados: 5.1) Superintendências; 5.2)
Gerências Executivas; 5.3) Centros Especializados; e 5.4) Unidades
Avançadas – Bases Operativas.
Portanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA é dirigido por um
presidente e por 5 (cinco) diretores. As nomeações para os cargos
em comissão e funções gratificadas integrantes da estrutura
regimental do IBAMA serão efetuadas em conformidade com a
legislação vigente. Todavia, os cargos em comissão devem ser
providos, preferencialmente, por servidores públicos dos quadros de
pessoal dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio
Ambiente – SISNAMA (arts. 4.º e 5° do Decreto n° 6.099, de
26.04.2007).
O patrimônio, os recursos orçamentários, extra-
orçamentários e financeiros, a competência, as atribuições, o
pessoal, inclusive inativos e pensionistas, os cargos, funções e
empregos da antiga Superintendência da Borracha – SUDHEVEA e
do antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF,
extintos pela Lei n° 7.732, de 14 de fevereiro de 1989, bem assim os
da antiga Superintendência do Desenvolvimento da Pesca –
SUDEPE (criada pela Lei Delegada n° 10, de 11.10.1962, e
originalmente vinculada ao Ministério da Agricultura) e da antiga
Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA (criada pelo Decreto
73.030, de 30.10.1973) foram efetivamente transferidos para o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, em 22.02.1989, que os sucedeu, ainda, nos
direitos, créditos e obrigações, decorrentes de lei, ato administrativo
ou contrato, inclusive nas respectivas receitas.
Acrescenta-se que a estrutura organizacional do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA determinada pelo Decreto n° 6.099, de 26.04.2007, é
composta dos seguintes órgãos: 1) Órgão Colegiado, que é: 1.1) o
Conselho Gestor (art. 7.º), com competência para: 1.1.1) assessorar
o Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA na tomada de decisões
relacionadas à gestão ambiental federal; e 1.1.2) apreciar propostas
de edição de normas específicas de abrangência nacional; 1.1.3)
opinar sobre propostas referentes ao processo de acompanhamento
e avaliação da execução das agendas de gestão ambiental; 1.1.4)
apreciar planos específicos para as ações do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
1.1.5) manifestar-se sobre processos de licenciamento ambiental
em andamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; 1.1.6) manifestar-se sobre
parâmetros técnicos, econômicos e sociais para a definição das
ações; 1.1.7) analisar processos de identificação e negociação de
fontes de recursos internos e externos para viabilização das ações
planejadas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA; e 1.1.8) manifestar-se sobre os
assuntos que lhe forem submetidos pelo Presidente do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA; 2) Órgãos de assistência direta e imediata ao presidente:
2.1) o gabinete (art. 8°), com competência para: 2.1.1) assistir ao
Presidente em sua representação política e social e incumbir-se do
preparo e despacho de seu expediente pessoal; 2.1.2) planejar,
coordenar e supervisionar as atividades de comunicação social,
apoio parlamentar e internacional, e ainda a publicação, divulgação
e acompanhamento das matérias de interesse do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; e
2.1.3) supervisionar e coordenar as atividades de assessoramento
ao Presidente; 3) Órgãos Seccionais: 3.1) a Procuradoria Federal
Especializada, órgão de execução da Procuradoria-Geral Federal
(art. 9°), com competência, em âmbito nacional, para: 3.1.1)
representar judicial e extrajudicialmente o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; 3.1.2)
exercer as atividades de consultoria e assessoramento jurídicos aos
órgãos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, aplicando-se, no que couber, o
disposto no art. 11 da Lei Complementar n° 73, de 10.02.1993;[879]
3.1.3) promover a apuração da liquidez e certeza dos créditos, de
qualquer natureza, inerentes às atividades do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
inscrevendo-os em dívida ativa, para fins de cobrança amigável ou
judicial; e 3.2) a Auditoria Interna compete (art. 10): 3.2.1)
assessorar o Conselho Gestor para o cumprimento dos objetivos
institucionais; 3.2.2) prestar apoio aos órgãos de controle interno da
União no campo de suas atribuições; 3.2.3) acompanhar, orientar,
fiscalizar e avaliar os resultados quanto à eficiência, eficácia e a
efetividade da gestão orçamentária, financeira, contábil, patrimonial
e dos recursos humanos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; e 3.2.4) a execução
das atividades de ouvidoria, no que pertine ao recebimento, análise
e encaminhamento das demandas da sociedade para orientação
das ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA; 3.3) a Corregedoria compete (art.
11): 3.3.1) acompanhar o desempenho dos servidores e dirigentes
dos órgãos e unidades do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, fiscalizando e
avaliando sua conduta funcional; 3.3.2) analisar a pertinência de
denúncias relativas à atuação dos dirigentes e servidores do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA; 3.3.3) promover a instauração de sindicâncias
e processos administrativos disciplinares; 3.3.4) promover estudos
para a elaboração de normas, em sua área de atuação; 3.3.5)
encaminhar à Diretoria de Planejamento, Administração e
Logística processos para tomada de contas especial; 3.3.6) propor
ao Presidente o encaminhamento à Procuradoria-Geral Federal e à
Advocacia-Geral da União de pedido de correição na Procuradoria
Federal Especializada ou apuração de falta funcional praticada, no
exercício de suas atribuições, por seus membros; e 3.3.7) propor ao
Presidente a criação de comissões de ética no âmbito das unidades
descentralizadas, bem como promover a administração, instalação e
coordenação dos assuntos pertinentes a essas; 3.4) a Diretoria de
Planejamento, Administração e Logística compete (art. 12): 3.4.1)
elaborar e propor o planejamento estratégico do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
supervisionar e avaliar o desempenho das suas atividades,
normatizar, executar e acompanhar o orçamento, promover a
articulação institucional e a gestão da tecnologia da informação
ambiental; e 3.4.2) coordenar, executar, normatizar, controlar,
orientar e supervisionar as atividades inerentes aos sistemas
federais de gestão da administração pública federal, referentes a
recursos humanos, materiais, patrimoniais, contabilidade, execução
financeira e serviços gerais, bem como promover o gerenciamento
da arrecadação; 4) Órgãos específicos singulares: 4.1) a Diretoria
de Qualidade Ambiental (art. 13), com competência para, de acordo
com as diretrizes definidas pelo Ministério do Meio Ambiente –
MMA, coordenar, controlar, supervisionar, normatizar, monitorar e
orientar a execução das ações federais referentes à proposição de
critérios, padrões, parâmetros e indicadores de qualidade ambiental,
ao gerenciamento dos Cadastros Técnicos Federais de Atividades e
Instrumentos de Defesa Ambiental e de Atividades Potencialmente
Poluidoras ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais e à elaboração
do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente; 4.2) Diretoria de
Licenciamento Ambiental (art. 14), com competência para, de acordo
com as diretrizes definidas pelo Ministério do Meio Ambiente –
MMA, coordenar, controlar, supervisionar, normatizar, monitorar,
executar e orientar a execução das ações referentes ao licenciamento
ambiental, nos casos de competência federal; 4.3) Diretoria
de Proteção Ambiental (art. 15), com competência para, de acordo
com as diretrizes definidas pelo Ministério do Meio Ambiente –
MMA, coordenar, controlar, supervisionar, normatizar, monitorar e
orientar a execução das ações federais referentes à fiscalização, ao
zoneamento e às emergências ambientais; 4.4) Diretoria de Uso
Sustentável da Biodiversidade e Florestas (art. 16), com
competência para, de acordo com as diretrizes definidas pelo
Ministério do Meio Ambiente – MMA, coordenar, controlar,
supervisionar, normatizar, monitorar, orientar e avaliar a execução
das ações federais referentes à autorização de acesso, manejo e
uso dos recursos florestais, florísticos e faunísticos; 5) Órgãos
descentralizados: 5.1) Superintendências (art. 18), com competência
para a coordenação, o planejamento, a operacionalização e a
execução das ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em âmbito estadual, bem
como a supervisão técnica e administrativa das Gerências
Executivas e das Unidades Avançadas localizadas nas áreas de sua
jurisdição; 5.2) Gerências Executivas (art. 19), com competência
para a operacionalização e a execução das ações do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA, em suas respectivas áreas de abrangência, das atividades
relacionadas à gestão ambiental federal, bem como a supervisão
técnica e administrativa das Unidades Avançadas localizadas no
âmbito de sua atuação; 5.3) Centros Especializados (art. 20), com
competência para produzir e difundir conhecimentos, prestar
serviços de apoio, executar ações, programas, projetos e atividades
relacionados às atribuições do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; 5.4) Unidades
Avançadas – Bases Operativas (art. 21), com competência para
executar as atividades finalísticas do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, no âmbito
de sua competência.

6.8 O INSTITUTO CHICO MENDES DE


CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE – INSTITUTO
CHICO MENDES COMO ÓRGÃO
EXECUTOR
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
é uma autarquia brasileira, vinculada ao Ministério do Meio
Ambiente – MMA, integrando o Sistema Nacional do Meio Ambiente
– SISNAMA. Foi criado pela Lei n° 11.516, de 28.08;2007, e tem sua
estrutura regimental aprovada pelo Decreto nº 7.515, de 08.07.2011.
O nome do Instituto é homenagem ao seringueiro ativista mais
famoso do mundo, o acreano Chico Mendes, que foi um importante
ultrarrevolucionário ambiental nos anos 1980 no Acre, e no Brasil,
que foi reconhecido mundialmente pela Organização das Nações
Unidas – ONU, recebendo inúmeros prêmios, sendo um dos mais
importantes o Global 500, por sua luta em defesa do meio ambiente.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
é responsável pela administração das unidades de conservação
federais, além de fomentar e executar programas de pesquisa,
proteção e conservação da biodiversidade em todo o Brasil. Surgiu
de uma reestruturação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, anteriormente
responsável por tais atribuições. Portanto, a principal missão
institucional do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade é administrar as Unidades de Conservação – UC
federais, que são áreas de importante valor ecológico. Nesse
sentido, cabe ao instituto executar as ações da política nacional de
Unidades de Conservação – UC, podendo propor, implantar, gerir,
proteger, fiscalizar e monitorar as Unidades de Conservação – UC
instituídas pela União Federal. No entanto, o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade tem também a função de
executar as políticas de uso sustentável dos recursos naturais
renováveis e de apoio ao extrativismo e às populações tradicionais
nas Unidades de Conservação federais de uso sustentável. As suas
outras missões institucionais são fomentar e executar programas de
pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e
exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades
de conservação federais.
Com efeito, o art. 1° da Lei n° 11.516, de 28.08.2007,
estabelece que se trata de autarquia federal dotada de
personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e
financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente – MMA, com a
finalidade de: I- executar ações da política nacional de unidades de
conservação da natureza, referentes às atribuições federais
relativas à proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e
monitoramento das unidades de conservação instituídas pela União;
II- executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos
naturais renováveis e ao apoio ao extrativismo e às populações
tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável
instituídas pela União; III- fomentar e executar programas de
pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e
de educação ambiental; IV- exercer o poder de polícia ambiental
para a proteção das unidades de conservação instituídas pela União
(esta competência não exclui, porém, o exercício supletivo do poder
de polícia ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; e V- promover e executar,
em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos,
programas recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas
unidades de conservação, onde estas atividades sejam permitidas.
Por força do art. 1° da Lei n° 11.516, de 28.08.2007, o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é
administrado por 1 (um) Presidente e 4 (quatro) Diretores, ou seja, o
referido Instituto tem a seguinte estrutura organizacional: I- Órgãos
Colegiados: Comitê Gestor (composto: o Presidente do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que o presidirá; e
os pelos Diretores; no entanto, participam das reuniões do Comitê
Gestor: o Procurador-Chefe; o Chefe de Gabinete da Presidência do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; e o
Auditor-Chefe; a critério do Presidente do Comitê Gestor, poderão
ser convidados a participar das reuniões do colegiado os titulares
dos órgãos e técnicos do Instituto Chico Mendes); II- Órgãos de
Assistência Direta e Imediata ao Presidente: Gabinete; III- Órgãos
seccionais: a) Procuradoria Federal Especializada; b) Diretoria de
Planejamento, Administração e Logística; e c) Auditoria Interna; IV-
Órgãos Específicos Singulares: a) Diretoria de Criação e Manejo de
Unidades de Conservação; b) Diretoria de Ações Socioambientais e
Consolidação Territorial em Unidades de Conservação; e c) Diretoria
de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade; e V-
Unidades Descentralizadas: a) Coordenações Regionais; b) Centros
Nacionais de Pesquisa e Conservação; c) Centro de Formação em
Conservação da Biodiversidade; d) Unidades Avançadas de
Administração e Finanças; e e) Unidades de Conservação I e II.
Acrescenta-se que a estrutura organizacional do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade determinada pelo
Decreto nº 7.515, de 08.07.2011, é composta dos seguintes órgãos:
1) Órgão Colegiado, que é: 1.1) o Comitê Gestor (art. 8.º), com
competência para: 1.1.1) assessorar o Presidente do Instituto e
propor alternativas para a tomada de decisão nos assuntos
relacionados à gestão ambiental federal, no âmbito de suas
competências; e 1.1.2) analisar, discutir e manifestar sobre as
matérias relativas: a) ao planejamento estratégico e operacional do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; b) ao
acompanhamento e à avaliação do desempenho dos resultados da
gestão institucional e proposição de diretrizes do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade; c) às políticas
administrativas internas e de recursos humanos e de seu
desenvolvimento; d) ao regimento interno e à matriz de
responsabilidade dos órgãos e unidades do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade; e) às normas sobre matérias de
competência do Instituto Chico Mendes; f) à nomeação, exoneração,
contratação e promoção de pessoal, nos termos da legislação em
vigor; e g) aos parâmetros técnicos, econômicos e sociais para a
definição das ações; 2) Órgãos de Assistência Direta e Imediata ao
Presidente, que é: 2.1) o Gabinete (art. 11), com competência para:
2.1.1) assistir ao Presidente do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade em sua representação política e
social e incumbir-se do preparo e despacho de seu expediente
pessoal; 2.1.2) planejar, coordenar e executar as atividades de
apoio parlamentar e internacional de interesse do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade; 2.1.3) exercer a função
de secretaria-executiva do Comitê Gestor, provendo os meios
necessários ao seu funcionamento; e 2.1.4) coordenar e
acompanhar a representatividade e atuação dos colegiados internos
e externos na área de atuação do Instituto Chico Mendes; 3) Órgãos
Seccionais, que são: 3.1) a Procuradoria Federal Especializada (art.
12), na qualidade de órgão de execução da Procuradoria-Geral
Federal, em âmbito nacional, com competência para: 3.1.1) prestar
consultoria e assessoramento jurídicos aos órgãos do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade, aplicando-se, no que
couber, o disposto no art. 11 da Lei Complementar n° 73, de
10.02.1993; 3.1.2) fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos
tratados e dos demais atos normativos a ser uniformemente seguida
em sua área de atuação, especialmente em matéria afeta às
atividades finalísticas da autarquia, quando não houver orientação
normativa da Advocacia-Geral da União; 3.1.3) examinar, prévia e
conclusivamente, no âmbito do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade: a) os textos de editais de licitação,
bem como os dos respectivos contratos ou instrumentos
congêneres, a serem publicados e celebrados; e b) os atos pelos
quais se reconheça a inexigibilidade, ou se decida a dispensa de
licitação; 3.1.4) representar judicial e extrajudicialmente o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, na forma
disciplinada pela Advocacia-Geral da União; 3.1.5) apurar a liquidez
e certeza de créditos, de qualquer natureza, inerentes às atividades do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
inscrevendo-os na dívida ativa, para fins de cobrança administrativa
ou judicial; e 3.1.6) propor instrumentos, meios, técnicas e normas
para aperfeiçoamento da atuação da autarquia, no cumprimento de
suas funções e competências; 3.2) a Diretoria de Planejamento,
Administração e Logística (art. 13), com competência para
coordenar, executar, normatizar, controlar, orientar e supervisionar
as atividades inerentes aos sistemas federais de planejamento e
orçamento, de administração financeira, de contabilidade, de
pessoal civil, de serviços gerais, de organização e inovação
institucional, de administração dos recursos da informação e
informática, de gestão de documentos e arquivos, no âmbito do
Instituto, assim como promover o gerenciamento da arrecadação;
3.3) a Auditoria Interna (art. 14), com competência para verificar a
conformidade às normas vigentes dos procedimentos de natureza
contábil, financeira, orçamentária, patrimonial, de recursos humanos
e operacional, e especificamente: 3.3.1) elaborar, submeter à
aprovação do Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade e executar adequadamente os planos anuais de
atividades de auditoria interna, na forma das normas em vigor, bem
como os pertinentes relatórios anuais de atividades de auditoria
interna; 3.3.2) prestar apoio aos órgãos de controle interno e externo
da União na sua área de competência; 3.3.3) zelar pela qualidade,
eficiência e efetividade dos controles internos, visando à garantia da
regularidade dos atos administrativos, assim como pelo adequado
atendimento às recomendações emanadas do Tribunal de Contas
da União e da Controladoria-Geral da União; 3.3.4) orientar ou
proceder, quando determinado pelo Presidente do Instituto Chico
Mendes, ao exame prévio dos atos administrativos de sua
competência, sem prejuízo daquele eventualmente realizado pelo
órgão jurídico, de modo a garantir a conformidade dos mesmos em
relação à legislação específica e normas correlatas; 3.3.5) orientar
os gestores de bens e ordenadores de despesas, quando
determinado pelo Presidente do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade; 3.3.6) examinar e emitir parecer
sobre a Prestação de Contas Anual e Tomadas de Contas Especiais
realizadas no âmbito do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade; 3.3.7) acompanhar, orientar, fiscalizar e avaliar os
resultados quanto à eficiência, à eficácia e à efetividade da gestão
orçamentária, financeira, contábil, patrimonial e dos recursos do
Instituto Chico Mendes; e 3.3.8) solicitar apuração de
responsabilidade, quando em sua atividade de auditoria e controle
interno for observada irregularidade passível de exame, indicando com
clareza o fato irregular; 4) Órgãos Específicos Singulares, que são:
4.1) as Diretorias (art. 15), com competência para planejar,
coordenar, acompanhar, avaliar e gerenciar a execução das
atividades relativas a um grupamento de processos organizacionais
de trabalho estabelecidos para o Instituto nas suas inter-relações
técnico-finalísticas e administrativas; 5) Unidades Descentralizadas,
que são: 5.1) as Coordenações Regionais (art. 16), com
competência para: 5.1.1) executar atividades administrativas e
técnico-finalísticas em sua área geográfica de abrangência; 5.1.2)
articular, integrar e coordenar as ações desenvolvidas nas unidades
de conservação federais e, quando autorizadas pela Direção, nas
demais unidades descentralizadas; e 5.1.3) apoiar o planejamento,
a execução, o monitoramento e a avaliação de programas, projetos
e ações técnicas de competência do Instituto Chico Mendes; 5.2) os
Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação (art. 17), com
competência para: 5.2.1) realizar pesquisas necessárias à
conservação da biodiversidade, do patrimônio espeleológico e da
sóciobiodiversidade; e 5.2.2) executar as ações de manejo para
conservação e recuperação das espécies ameaçadas, para
conservação do patrimônio espeleológico, para conservação da
sóciobiodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais nas
unidades de conservação federais de uso sustentável; 5.3) o
Centro de Formação em Conservação da Biodiversidade (art. 18),
com competência para organizar, coordenar e realizar atividades de
formação e aperfeiçoamento dos servidores, assim como apoiar
ações de educação ambiental e corporativa do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade; 5.4) as Unidades
Avançadas de Administração e Finanças (art. 19), com competência
para executar, no seu âmbito de atuação, as atividades de suporte
administrativo, orçamentário, financeiro e operacional para as
unidades de conservação, Centros e Coordenações Regionais,
obedecidas as orientações emanadas da sede do Instituto Chico
Mendes; 5.5) as Unidades de Conservação – UC federais (art. 20),
com competência para gerir, manter a integridade e promover o
desenvolvimento sustentável dos espaços territorialmente
protegidos de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC.

6.9 ÓRGÃOS SETORIAS DO SISNAMA


Os órgãos considerados “setoriais” do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA são aqueles órgãos ou entidades
integrantes da administração federal direta e indireta, bem como as
fundações e entidades instituídas pelo poder público, com atividades
associadas às de proteção da qualidade ambiental ou àquelas de
disciplinamento do uso de recursos ambientais.
Os órgãos setoriais do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA (ou órgãos seccionais federais, conforme o Decreto n°
99.274, de 06.06.1990 prefere denominar), são coordenados, no
que se referir à Política Nacional do Meio Ambiente, pelo Ministro do
Meio Ambiente (art. 12 do Decreto n° 99.274, de 06.06.1990).
São órgãos setoriais do Sistema Nacional do Meio Ambiente
– SISNAMA (órgãos seccionais federais): 1) o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (sendo o órgão
central do governo federal relacionado com as atividades agrárias,
evidentemente encontra-se diretamente ligado à proteção do meio
ambiente, especialmente à utilização adequada dos recursos
naturais disponíveis, ao controle da utilização de agrotóxicos,
conforme prescrito na Lei n° 7.802, de 11.07.1989, e no Decreto n°
98.816, de 11.01.1990 etc.); 2) o Ministério da Fazenda (sendo o
órgão central do governo federal relacionado com a política
econômica, evidentemente encontra-se diretamente ligado à
degradação dos recursos naturais e o meio ambiente,
principalmente a questão dos incentivos fiscais para atividades
agropecuárias e projetos que impliquem desmatamento de áreas de
floresta primária, destruição de ecossistemas primários e
degradação ambiental); 3) o Ministério da Defesa (sendo o órgão
central do governo federal relacionado com as atividades marítimas,
evidentemente encontra-se diretamente ligado à preservação da
fauna marítima, à flora aquática e à pesca praticada no litoral
brasileira; inclusive, o seu papel no Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA é importantíssimo, pois cumpre ao Ministério
da Defesa a fiscalização da costa brasileira e o patrulhamento dos
grandes rios brasileiros, em especial os da região amazônica;
também, por meio da Capitania dos Portos, exerce o controle da
poluição causada por navios e outras embarcações); 4) o Ministério
de Minas e Energia (sendo o órgão central do governo federal
relacionado com as atividades energéticas e de mineração em
território nacional, evidentemente também se encontra diretamente
ligado à preservação ambiental; a todas as formas de produção de
energia dependem diretamente da utilização dos recursos naturais,
daí o papel de grande importância do Ministério de Minas e Energia
nas questões ambientais); 5) o Ministério da Saúde (sendo ele o
órgão central do governo federal relacionado com a saúde humana
certo é que se encontra diretamente ligado à proteção ao meio
ambiente; inclusive, o inciso VIII do art. 200 da Constituição Federal
de 1988 prescreve competir ao Sistema Único de Saúde – SUS
colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o meio
ambiente do trabalho; acrescenta-se que compete ao Ministério da
Saúde a regulamentação da utilização de agrotóxicos - Lei n° 7.802,
de 11.07.1989, e Decreto n° 98.816, de 11.01.1990, que dispõe
sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e
rotulagem o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, exportação, o
destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação,
o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins); 6) as fundações e entidades instituídas pelo
poder público ligadas à proteção da qualidade ambiental e ao
regulamento do uso de recursos ambientais (como por exemplo:
Conselho Nacional da Amazônia Legal – CONAMAZ, Conselho
Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, Conselho Deliberativo do
Fundo Nacional do Meio Ambiente – CDFNMA, Companhia de
Desenvolvimento de Barcarena – CODEBAR, Agência Nacional de
Águas – ANA, Secretaria de Recursos Hídricos – SRH, Secretaria
de Biodiversidade e Florestas – SBF, Secretaria de Políticas para o
Desenvolvimento Sustentável – SPDS, Secretaria de Qualidade
Ambiental nos Assentamentos Humanos – SQA, Secretaria de
Coordenação da Amazônia – SCA, Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro – IPJBRJ etc.).

6.10 ÓRGÃOS SECCIONAIS DO


SISNAMA
Os órgãos seccionais são os órgãos, entidades e fundações
estaduais, responsáveis pelo planejamento e execução das ações
de controle ambiental (programas, projetos e pelo controle e
fiscalização de atividades capazes de provocar degradação
ambiental).
Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, os órgãos
seccionais são de extraordinária importância para o Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, pois a eles compete a
maior parte da atividade de controle ambiental. Informa ele que cada
Estado deve organizar sua agência de controle ambiental de acordo
com as suas realidades, de acordo com o seu interesse peculiar.
Todavia, a grande dificuldade dos órgãos seccionais reside no fato
de quase sempre serem destituídos de recursos necessários para o
seu adequado funcionamento.[880]

6.11 ÓRGÃOS LOCAIS DO SISNAMA


Os órgãos locais são, justamente, os órgãos e entidades
municipais, responsáveis, em suas áreas de jurisdição, pelo controle
e fiscalização das atividades modificadoras do meio ambiente nas
respectivas áreas. Todavia, os órgãos locais de proteção ao meio
ambiente somente foram instituídos em municípios de maior
destaque econômico e que disponham de mais recursos financeiros.
Por isso, na maior parte das vezes, o controle ambiental local acaba
sendo realizado por órgão estadual ou federal, face à inexistência
do equivalente municipal.
CAPÍTULO 7 –
LICENCIAMENTO E
ZONEAMENTO AMBIENTAL

7.1 O PODER DE POLÍCIA DO


ESTADO
7.1.1 Noções gerais de poder de polícia

É necessária a supremacia do interesse coletivo sobre o


interesse individual, para que possa existir uma sociedade, uma
organização social, uma comunidade, uma empresa ou qualquer
outro tipo de organização por menor que seja. Trata-se de um
princípio fundamental de qualquer organização humana. Não sendo
observado tal princípio, tende-se sempre ao caos e à ruptura do
sistema organizacional. Portanto, uma organização está
intimamente ligada e dependente de uma determinada ordem,
constituída de normas e regras de conduta impostas aos indivíduos
que a ela estão integrados, visando impedir abusos, atividades
contrárias e nocivas ao bem-estar social ou atos incompatíveis com
a vida comunitária. Evidentemente, a ordem vigente numa
determinada organização implica em restrições ou perda de
liberdade dos indivíduos a ela subordinados. Essas restrições fazem
parte de um acordo ou transigência entre os indivíduos que integram
a organização: perde-se parte da liberdade e se ganha
tranquilidade, segurança, salubridade e outros direitos impossíveis
de serem exercidos fora do âmbito organizacional. Todavia, a fim de
que se cumpram satisfatoriamente as determinações existentes nas
normas e regras que compõem a ordem, necessário é a atribuição
de algum poder de polícia (police power) à organização, ou seja,
atribuir a faculdade de a organização condicionar ou restringir o uso
e gozo de bens, atividades e direitos dos indivíduos a ela
subordinados, desde que tal faculdade seja exercida em benefício
da organização ou dos próprios indivíduos integrados a ela.
Visto isto, podemos dizer que o Estado (União Federal,
Estados-membros, Distrito Federal e municípios) exerce o poder de
polícia administrativa sobre todas as atividades que afetam ou
podem afetar a coletividade. Lembrando que, segundo THOMAS
COOLEY, o poder de polícia em sentido amplo compreende um
sistema total de regulamentação interna, pelo qual o Estado busca
não só preservar a ordem pública, senão também estabelecer para
a vida de relações dos cidadãos aquelas regras de boa conduta e
de boa vizinhança que se supõem necessárias para evitar conflito
de direitos e para garantir a cada um o gozo ininterrupto de seu
próprio direito, até onde for razoavelmente compatível com o direito
dos demais.[881] CAIO TÁCITO esclarece que poder de polícia é o
conjunto de atribuições concedidas à administração pública para
disciplinar e restringir, em favor do interesse público adequado,
direitos e liberdades individuais.[882]
Já CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO menciona que
o poder de polícia é atividade negativa no sentido de que sempre
impõe uma abstenção ao particular, uma obrigação de fazer, como
exibir uma planta para licenciamento de construção, fazer exame de
habilitação para motorista, colocar equipamento contra incêndio nos
prédios. O poder público não quer estes atos. Quer, sim, evitar que
as atividades ou situações pretendidas pelos particulares sejam
efetuadas de maneira perigosa ou nociva, o que ocorreria se
realizadas fora destas condições. Por outras palavras, mesmo
quando se exige prática de um ato pelo particular, o objetivo é
sempre uma abstenção: evitar um dano oriundo do mau exercício do
direito individual.[883]
Também nossa legislação tratou de conceituar poder de
polícia, tanto é que o art. 78 do Código Tributário Nacional
prescreve que “considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de
fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

7.1.2 Polícia administrativa

Segundo HELY LOPES MEIRELLES, para esse


policiamento, há competências exclusivas e concorrentes das 4
(quatro) entidades estatais, dada a descentralização político-
administrativa decorrente do nosso regime federativo. Em princípio,
tem competência para policiar a entidade que dispõe do poder de
regular a matéria. Assim sendo, os assuntos de interesse nacional
ficam sujeitos à regulamentação e policiamento da União Federal;
as matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia
estadual; as matérias de interesse da região onde está localizada a
capital do país sujeitam-se à regulamentação e ao policiamento do
Distrito Federal; e os assuntos de interesse local subordinam-se aos
regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo municipal.
Todavia, como certas atividades interessam simultaneamente às
três entidades estatais, pela extensão a todo o território nacional
(por exemplo, saúde pública, trânsito, transportes, meio ambiente,
recursos naturais etc.) o poder de regular e de policiar difunde-se
entre todas as administrações públicas interessadas, provendo cada
qual nos limites de sua competência territorial. A regra, entretanto, é
a exclusividade do policiamento administrativo; a exceção é a
concorrência desse policiamento.[884]
Ainda a esse respeito, acrescenta HELY LOPES MEIRELLES
que o ato de polícia administrativa é um simples ato administrativo,
[885]
apenas com algumas peculiaridades. Como todo ato
administrativo, o ato de polícia administrativa subordina-se ao
ordenamento jurídico que rege as demais atividades da
administração pública, sujeitando-se inclusive ao controle de
legalidade pelo Pode Judiciário. No entanto, não se deve fazer
confusão entre polícia administrativa (que é o condicionamento e
restrição do uso e gozo dos bens, direitos e atividades dos
indivíduos; função inerente e difundida por toda a administração
pública), polícia judiciária (aquela que atua sobre as pessoas,
consideradas individualmente; função privativa de determinados
órgãos: polícias civis) e polícia de manutenção da ordem pública
(aquela que atua sobre as pessoas, consideradas
indiscriminadamente; função privativa de corporações: polícias
militares).[886]
Neste nosso trabalho sobre direito do meio ambiente e dos
recursos naturais, a respeito do poder de polícia interessa, ainda, a
razão e fundamento, o objeto e finalidade, a extensão e seus limites,
os atributos e os meios de atuação da polícia administrativa.

7.1.3 Razão do poder de polícia

Quanto à razão do poder de polícia, ela é o interesse social e


o seu fundamento reside na supremacia geral que o Estado exerce
em seu território sobre todas as pessoas, bens e atividades,
supremacia que se revela nos mandamentos constitucionais e nas
normas de ordem pública, que a cada passo opõem
condicionamentos e restrições aos direitos individuais em favor da
coletividade, incumbindo ao poder público o seu policiamento
administrativo.

7.1.4 Objeto do poder de polícia

Em relação ao objeto do poder de polícia administrativa, ele é


todo bem, direito ou atividade individual que possa afetar a
coletividade ou pôr em risco a segurança dessa coletividade,
exigindo, por isso mesmo, regulamentação, controle e contenção.
Esclarece HELY LOPES MEIRELLES que, com esse propósito a
administração pode condicionar o exercício de direitos individuais,
pode delimitar a execução de atividades, como pode condicionar o
uso de bens que afetem a coletividade em geral, ou contrariem a
ordem jurídica estabelecida ou se oponham aos objetivos
permanentes da nação. Já a finalidade do poder de polícia diz
respeito à proteção ao interesse público ou interesse superior da
comunidade (valores materiais, patrimônio moral e espiritual do
povo, expresso na tradição, nas instituições e nas aspirações
nacionais da maioria que sustenta o regime político adotado e
consagrado na Constituição e na ordem jurídica vigente).[887]

7.1.5 Extensão do poder de polícia

Quanto à extensão do poder de polícia, ela se refere à


proteção da moral e dos bons costumes, a preservação da saúde
pública, a segurança das construções e dos transportes, à proteção
ao meio ambiente, ao controle do uso dos recursos naturais
renováveis etc. Daí muitas vezes se falar em polícia administrativa
de costumes, polícia administrativa sanitária, polícia administrativa
das construções, polícia administrativa das águas, polícia
administrativa da atmosfera, polícia administrativa ambiental, polícia
administrativa florestal, polícia administrativa do trânsito, polícia
administrativa dos meios de comunicação, polícia administrativa das
profissões, polícia administrativa da defesa do consumidor e outras
que atuam sobre atividades particulares que afetam ou possam
afetar os superiores interesses da comunidade a que incumbe o
Estado velar e proteger. No que diz respeito aos limites do poder de
polícia administrativa, tal poder só deve ser exercido para atender
ao interesse público em conciliação com os direitos fundamentais do
indivíduo, assegurados na Constituição Federal. Esclarece MARIA
SYLVIA ZANELLA DI PIETRO que, se o seu fundamento é
precisamente o princípio da predominância do interesse público
sobre o particular, o exercício desse poder perderá a sua justificativa
quando utilizado para beneficiar ou prejudicar pessoas
determinadas; a autoridade que se afastar da finalidade pública
incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato
administrativo de polícia com todas as consequências nas esferas
civil, penal e administrativa.[888]

7.1.6 Atributos do poder de polícia

Quanto aos atributos do poder de polícia, eles são: 1) a


discricionariedade: é a livre escolha, pela administração pública, da
oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, bem
como de aplicar as sanções e empregar os meios conducentes a
atingir um fim colimado, que é a proteção de algum interesse
público, desde que o ato de polícia administrativa se contenha nos
limites legais e a autoridade se mantenha na faixa de opção que lhe
é atribuída; 2) a auto-executoriedade: é a faculdade de a
administração pública decidir e executar diretamente a sua decisão
por seus próprios meios, sem intervenção do judiciário; no uso do
poder de polícia, a administração pode impor diretamente as
medidas ou sanções do exercício do poder de polícia administrativa,
necessárias à contenção da atividade anti-social, que ela visa
obstar; no entanto, não se pode confundir auto-executoriedade das
sanções de polícia com punição sumária e sem defesa, pois a
administração só pode aplicar sanção sumariamente e sem defesa –
principalmente as de interdição de atividade, apreensão ou
destruição de coisas –, nos casos urgentes que ponham em risco a
segurança ou a saúde pública ou quando se tratar de infração
instantânea surpreendida na sua flagrância, aquela ou esta
comprovada pelo respectivo auto de infração, lavrado regularmente,
e, em todos os casos, desde que esteja autorizada expressamente
em lei; nos demais casos se exigem a tramitação de processo
administrativo regular, com plenitude da defesa ao acusado, para
validade da sanção imposta; outrossim, é de se esclarecer que se
excluem da auto-executoriedade as multas, ainda que decorrentes
do poder de polícia, em virtude de só poderem ser executadas por
via judicial, como as demais prestações pecuniárias devidas pelos
administrados à administração pública; e 3) a coercibilidade
(imposição coativa das medidas adotadas pela administração
pública; todo ato de polícia administrativa é imperativo – obrigatório
para o seu destinatário –, admitindo até mesmo o emprego da força
pública para o seu cumprimento, quando resistido pelo
administrado; não há ato de polícia facultativo para o particular, pois
todos eles admitem a coerção estatal para torná-lo efetivo, e essa
coerção também independe de autorização judicial).[889]

7.1.7 Meios de atuação da administração pública

Finalmente, em relação aos meios de atuação da


administração no exercício do poder de polícia, MARIA SYLVIA
ZANELLA DI PIETRO ensina que os meios de que se utiliza o
Estado para o exercício deste poder são os seguintes: 1) atos
normativos em geral (pela lei, criam-se as limitações administrativas
ao exercício dos direitos e das atividades individuais,
estabelecendo-se normas gerais e abstratas dirigidas
indistintamente às pessoas que estejam em idêntica situação;
disciplinando a aplicação da lei aos casos concretos, pode o Poder
Executivo baixar decretos, resoluções, portarias, instruções
normativas etc.); 2) atos administrativos e operações materiais de
aplicação da lei ao caso concreto, compreendendo: a) medidas
preventivas (fiscalização, vistoria, ordem, notificação, autorização,
licença etc.), com o objetivo de adequar o comportamento individual
à lei; e b) medidas repressivas (dissolução de reunião, interdição de
atividade, apreensão de mercadorias deterioradas, apreensão de
animais da fauna silvestre, internação de pessoa com doença
contagiosa, apreensão de moto-serra etc.), com a finalidade de
coagir o infrator a cumprir a lei.[890]

7.1.8 Polícia administrativa ambiental

Destacamos que, para nosso trabalho, importa mais a


denominada “polícia administrativa do meio ambiente”, que tem por
função fazer com que os administrados mantenham a ordem pública
do meio ambiente, cumprindo as determinações legais e
obedecendo aos parâmetros normativos capazes de estabelecer um
patamar mínimo de salubridade ambiental (padrões ambientais). A
esse respeito, PAULO DE BESSA ANTUNES esclarece que a
ordem pública do meio ambiente é, justamente, o cumprimento e a
manutenção de tais padrões ambientais. Segundo ele, se os níveis
ambientais legalmente estabelecidos estiverem sendo observados,
a ordem pública ambiental estará sendo cumprida. A polícia
administrativa do meio ambiente, no intuito de assegurar a
obediência às normas ambientais pode agir de forma preventiva ou
de forma repressiva. Como visto, a atuação preventiva (fiscalização,
vistoria, ordem, notificação, autorização, licença etc.) ou atuação
repressiva (interdição de atividade poluidora, apreensão de cargas
transportadas sem os cuidados mínimos exigidos por lei, apreensão
de animais da fauna silvestre, apreensão de moto-serra, embargo
de obra que agride o meio ambiente legalmente protegido etc.), se
faz mediante a utilização de medidas de polícia administrativa
ambiental.[891]

7.2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL


7.2.1 Conceito de licença

Como vimos, umas das formas de atuação preventiva do


poder público no âmbito da polícia administrativa ambiental é
justamente a licença.
Por licença (permit ou licence, em inglês; permit, em francês;
permiso ou licencia, em espanhol), segundo HELY LOPES
MEIRELLES, deve ser entendido o ato administrativo vinculado e
definitivo, pelo qual o poder público, uma vez verificando que o
interessado atendeu a todas as exigências legais, faculta-lhe o
desempenho de atividades ou a realização de fatos materiais antes
vedados ao particular como, por exemplo, o exercício de uma
determinada atividade econômica, a construção de um determinado
projeto em área de interesse ecológico etc. Na opinião de HELY
LOPES MEIRELLES, a licença resulta de um direito subjetivo do
interessado, razão pela qual a administração pública não pode
negá-la quando o requerente satisfaz todos os requisitos legais,
exigidos para sua obtenção e, uma vez expedida a licença, traz a
presunção de definitivo. Sua invalidação só pode ocorrer por
ilegalidade na expedição do alvará, por descumprimento do titular
na execução da atividade, ou por interesse público superveniente,
caso em que se impõe a correspondente indenização.[892] Outrossim,
vale destacar que a licença não se confunde com a autorização,[893]
nem com a admissão,[894] nem com a permissão.[895]

7.2.2 Conceito de licença ambiental

Como se vê, a licença administrativa caracteriza-se pelo seu


caráter definitivo, somente podendo ser revogada em virtude de
interesse público ou de violação às normas legais, mediante
indenização, enquanto a autorização é concedida a título precário,
discricionário e revogável a qualquer momento pelo poder
autorizante. Portanto, a licença ambiental não pode ser reduzida à
condição jurídica de simples autorização; primeiro porque os
investimentos econômicos que se fazem necessários para a
implantação de uma atividade utilizadora de recursos ambientais,
em geral, são elevados; segundo porque a intervenção do poder
público, realizada por meio dela, visa à prevenção de dano
determinada pelo art. 225 da Constituição Federal.
De maneira que, a nosso ver, a licença ambiental não se
confunde com a licença administrativa ordinária ou licença
tradicional. Em matéria ambiental, a licença é intervenção do poder
público realizada de forma complexa e sucessiva. Ela impõe que as
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras ou degradadoras do
meio ambiente sejam realizadas por etapas (projeto, instalação e
operação), sendo que para cada etapa se deve obter outorga
específica e prévia por meio de ato autorizativo vinculado e não,
discricionário. Cada outorga específica e prévia constitui pré-
requisito para a expedição do ato autorizativo vinculado
subsequente. Outrossim, em vista de a razão de ser de tal
policiamento administrativo ambiental ser fundamentalmente a
prevenção de danos ao meio ambiente, obviamente, se, depois de
expedido o ato autorizativo vinculado, houver indícios de que,
mesmo licenciado, o empreendimento está causando danos ou
ameaça causar danos ao meio ambiente, a lei (inciso IV do art. 9.º
da Lei n° 6.938, de 31.08.1981)[896] não só autoriza mas obriga o
poder público a proceder à revisão deste ato autorizativo vinculado
(revisão do licenciamento da atividade efetiva ou potencialmente
poluidora). No entanto, destacamos que o fato de se tratar de ato
sempre passível de revisão, o que implica na sua não definitividade,
não quer dizer que o ato autorizativo vinculado se transforma em
discricionário, principalmente porque a revisão somente é admitida
no caso de haver indícios de danos ou de ameaça de danos,
provocados pelo empreendimento regularmente licenciado.
“A expedição dos alvarás não resultou, em favor dos
impetrantes, ato jurídico perfeito ou mesmo direito
adquirido. Em primeiro lugar porque foram expedidos
irregularmente, uma vez que já estava em plena
vigência a legislação estadual que disciplinou a
ocupação do solo; em segundo, o alvará, como ensina
Hely Lopes Meirelles, é ato administrativo sempre
revogável e ninguém adquire direitos contra o interesse
público que prevalece sempre sobre o interesse privado
e pode a administração pública, a todo tempo, fazer
cessar as atividades ou obras particulares licenciadas,
que se apresentem em desacordo com as normas
legais ou regulamentares, ou que, por motivos
supervenientes, passem a prejudicar o interesse
coletivo”.[897]

Por outro lado, lembra PAULO DE BESSA ANTUNES que a


concessão de licenças com prazos fixos e determinados demonstra
que o sentido de tais documentos é o de impedir a perenização de
padrões que, sempre, são ultrapassados tecnologicamente. Em
outras palavras, enquanto uma licença ambiental for vigente, a
eventual modificação de padrões ambientais não pode ser
obrigatória para aquele que esteja regularmente licenciado segundo
os padrões vigentes à época da concessão da licença. No entanto,
segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, o poder público pode
negociar com o empreendedor a adoção voluntária de novos
parâmetros de proteção ambiental. Uma vez encerrado o prazo de
validade de uma licença ambiental, os novos padrões são
imediatamente exigíveis. Alerta ele que este fato, em si mesmo, é
importante mas não é suficiente para que os novos padrões sejam
imediatamente adotados. Para ele, a questão não é legal, é
econômica. Nem sempre o capital para os investimentos
necessários estão disponíveis e, evidentemente, existem diversos
fatores que impedem o fechamento devant la court (diante da corte)
de uma atividade produtiva. Resulta, deste conjunto de
circunstâncias, que a negociação para o atendimento de novos
padrões é o único caminho que pode, de fato, assegurar o
aprimoramento dos padrões efetivos de proteção ambiental.[898]
Todavia, é oportuno esclarecer que a autoridade ambiental pode,
perfeitamente, prescrever prazos de análise diferenciados para cada
modalidade de licença, em função das peculiaridades da atividade
ou empreendimento que está sendo licenciado.[899] De uma forma ou
de outra, a não utilização da licença ambiental no prazo estipulado
por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
acarreta, uma vez vencido tal prazo, o cancelamento definitivo do
licenciamento.
No mesmo sentido, DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA
NETO menciona que licença é o ato administrativo negocial, que
representa a concordância da administração pública com atividades
particulares, depois de devidamente preenchidos os requisitos
legais.[900]

7.2.3 Licenciamento ambiental

Segundo ADRIANA DE OLIVEIRA VARELLA MOLINA, as


licenças ambientais, em geral, são atos administrativos de controle
preventivo ou prévio de atividades de particulares ou da própria
administração publica direta ou indireta que são fruto de um
procedimento administrativo denominado “licenciamento ambiental”.
[901]
Portanto, o termo “licenciamento” deve ser entendido como o
ato ou o efeito de a administração pública licenciar (conceder
licença), enquanto o termo “licenciamento ambiental” diz respeito ao
procedimento administrativo necessário para a obtenção da licença
ambiental.
Para ADRIANA DE OLIVEIRA VARELLA MOLINA, o
procedimento administrativo do licenciamento ambiental tem cunho
autorizativo e por conteúdo o controle de atividades utilizadoras de
recursos naturais ou que, sob qualquer forma, sejam efetiva ou
potencialmente causadoras de poluição ou degradação ambiental.
Acrescenta ela que, embora a doutrina administrativa somente se
refira ao particular, em matéria ambiental, há situações em que o
particular ou a própria administração pública direta ou indireta é
titular de um direito relativamente à exploração ou ao uso de um
bem ambiental, porém, o exercício desse direito depende do
cumprimento de requisitos legais tendo em vista a proteção
ambiental. Desse modo, a instalação de obra ou de
empreendimento, ou, ainda, o desenvolvimento de atividade efetiva
ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente, sob
qualquer forma, na referida hipótese, fica condicionado à obtenção
da licença a ser expedida pela autoridade competente, pois, o
licenciamento destas atividades, empreendimentos ou obras
consiste em exigência legal expressa.[902]
De fato, no campo do direito do meio ambiente e dos
recursos naturais, um dos principais instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente é o licenciamento ambiental. O
licenciamento ambiental está instituído em âmbito nacional na Lei n°
6.938, de 31.08.1981, e regulamentado pela Resolução/CONAMA
n° 237 de 19.12.1997, e consiste num procedimento administrativo
pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização,
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma,
possam causar degradação ambiental, considerando as disposições
legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso
(inciso I do art. 1º). De maneira que o licenciamente ambiental é
instrumento governamental através do qual se condiciona a
construção, a instalação, o funcionamento e a ampliação de
estabelecimento de atividades poluidoras ou que utilizem recursos
ambientais ao prévio licenciamento, por autoridade ambiental
competente.
Inclusive, a fixação dos critérios gerais a serem adotados no
procedimento de licenciamento ambiental de atividades
potencialmente causadoras de degradação ambiental e utilizadoras
de recursos naturais está a cargo do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA. Este órgão consultivo e deliberativo do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, na fixação de tais
critérios básicos para concessão de licenciamento ambiental, deve
considerar o seguinte: a) o diagnóstico ambiental; b) a descrição da
ação proposta e suas alternativas; e c) a identificação, análise e
previsão dos impactos significativos, positivos e negativos.
Tomando por base os instrumentos obrigatórios que devem
integrar o procedimento de concessão do licenciamento, ÉDIS
MILARÉ e ANTÔNIO HERMANN DE VASCONCELOS BENJAMIN
definem licenciamento ambiental como um procedimento do qual
fazem parte o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, o Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA, o Relatório de Ausência de Impacto
Ambiental Significativo – RAIAS e a licença ambiental propriamente
dita.[903]
No mesmo sentido, ELIDA SÉGUIN menciona que o
licenciamento ambiental é uma manifestação do poder de polícia
administrativa. É o procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores e
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e
as normas técnicas aplicáveis ao caso.[904]
Portanto, verificamos que não há divergência na doutrina em
considerar o licenciamento ambiental como sendo procedimento
administrativo que é colocado à disposição dos interessados em
desenvolver atividades utilizadoras de recursos ambientais ou que,
sob qualquer forma, sejam efetiva ou potencialmente poluidoras ou
degradadoras do meio ambiente, que culmina com a concessão da
licença ambiental, em que o poder público, mediante controle prévio,
constata a regularidade técnica e jurídica destas, de forma a atender
o princípio constitucional do desenvolvimento sustentável, insculpido
nos arts. 170 e 225 da Constituição Federal, ou seja,
compatibilizando o desenvolvimento econômico com a proteção ou
preservação dos recursos naturais para o atendimento das
necessidades da presente geração sem comprometimento do
atendimento das necessidades das futuras gerações.[905]
No Rio de Janeiro, a legislação estadual do meio ambiente
prevê a concessão de licença ambiental, ou seja, de certificado
expedido pela Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA
ou por delegação desta, pela Fundação Estadual de Engenharia do
Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro – FEEMA, a
requerimento do interessado. Esta licença ambiental é o certificado
atestatório de que, do ponto de vista da proteção do meio ambiente,
o empreendimento ou atividade está em condições de ter
prosseguimento. Tem sua vigência subordinada ao estrito
cumprimento das condições de sua expedição. É oportuno destacar
no momento que o licenciamento é basicamente um ato
administrativo da administração pública estadual, expedido por meio
dos seus órgãos ambientais. As autoridades federais somente
podem atuar em casos definidos por lei ou supletivamente à
autoridade estadual e, mesmo assim, todo o processo de
licenciamento que tramita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA é feito ouvindo-se os
órgãos estaduais de meio ambiente. As autoridades municipais, por
sua vez, podem, perfeitamente, complementar, no que couber, as
exigências dos órgãos estaduais do meio ambiente para atender as
necessidades locais. Portanto, a principal autoridade competente
para conceder licenças ambientais para instalação e funcionamento
de atividades potencialmente causadoras de degradação do meio
ambiente é o órgão estadual do meio ambiente, que integra
oficialmente o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.
Porém, não se pode perder de vista que, em casos previstos por
Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, o
licenciamento ambiental realizado por órgão estadual do meio
ambiente depende da competente homologação do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA.
Em suma, a construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimento de atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental, dependem,
obrigatoriamente, de prévio licenciamento ambiental (art. 10 da Lei
n° 6.938, de 31.08.1981,[906] com redação dada pela Lei
Complementar n° 140, de 08.12.2011, e do art. 2.º da
Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997).[907]
Todavia, como havíamos mencionado antes, há que se dar
destaque ao fato de as obras públicas também dependerem da
obtenção do competente licenciamento ambiental. Inclusive,
lembramos que no caso de processo de licitação pública para a
realização da obra pública, o inciso IX do art. 6.º da Lei n° 8.666, de
21.06.1993, com as alterações determinadas pela Lei n° 8.883, de
08.06.1994, e pela Lei n° 9.648, de 27.05.1998, define Projeto
Básico como o conjunto de elementos necessários e suficientes,
com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou
serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação,
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos
preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e
do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: a)
desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão
global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos
com clareza; b) soluções técnicas globais e localizadas,
suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de
reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do
projeto executivo e de realização das obras e montagem; c)
identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e
equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações
que assegurem os melhores resultados para o empreendimento,
sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; d)
informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos
construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais
para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra,
compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos,
as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada
caso; f) orçamento detalhado do custo global da obra,
fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
propriamente avaliados. Além disso, o inciso X do referido art. 6.º da
Lei n° 8.666, de 21.06.1993, com as alterações determinadas pela
Lei n° 8.883, de 08.06.1994, e pela Lei n°9.648, de 27.05.1998,
define Projeto Executivo o conjunto dos elementos necessários e
suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas
pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Acrescenta ELIDA SÉGUIN que o licenciamento ambiental é
um meio de controle preventivo de atividades potencialmente
poluidoras. Ele já se encontrava previsto no art. 10 da Lei n° 6.938,
de 31.08.1981, que condicionou a exploração ou uso de um bem
ambiental ao cumprimento de requisitos de proteção do meio
ambiente. Na sua opinião, a legislação federal, ao estabelecer
normas gerais para o licenciamento ambiental, torna sua aplicação
obrigatória pelos estados. Inclusive, vale destacar que o
licenciamento ambiental não pode contrariar as regras (quando
existentes) que estabelecem o zoneamento ambiental para
determinado espaço territorial. Segundo ELIDA SÉGUIN, o
licenciamento ambiental não pode permitir que os padrões de
qualidade previstos para o meio receptor sejam ultrapassados pelo
lançamento da nova carga poluidora. As licenças ambientais não
são concedidas por prazo indeterminado. A falta de licenciamento
ambiental pode implicar na interdição da atividade e corte de
financiamento na forma dos incisos III e IV do art. 14 da Lei n°
6.938, de 31.08.1981,[908] e do art. 23 do Decreto n° 99.274, de
06.06.1990,[909] o que nem sempre ocorre ante a falta de
sensibilidade ambiental dos operadores de direito.[910]

7.2.4 Espécies de licença ambiental

O art. 8.º da Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997, que


dispõe a respeito do sistema de licenciamento ambiental, prevê que
tal licenciamento pode ser efetivado pelo Poder Público, no
exercício de sua competência de controle, pela expedição de 3
(três) diferentes espécies de licença ambiental (cada uma
correspondente a possíveis fases de implantação dos projetos),
porém todas obrigatórias e independentes de outras licenças ou
autorizações exigíveis pelo poder público. São tipos de licença
ambiental: 1) Licença prévia (LP); 2) Licença de instalação (LI); e 3)
Licença de operação (LO).
As licenças ambientais podem ser expedidas isolada ou
sucessivamente, de acordo com a natureza, característica e fase do
empreendimento ou atividade (parágrafo único do art. 8.º).
Temos ainda as chamadas licenças intercambiáveis ou
licenças negociáveis. Segundo a Organization for Economic Co-
operation and Development – OECD (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), licenças
intercambiáveis ou licenças negociáveis constituem instrumento
econômico de política ambiental, pelo qual o poder público autoriza
os poluidores a operar segundo alguns limites de emissão (de
poluentes) por múltiplas fontes, permitido-lhes que negociem as
licenças até que se alcancem os limites estabelecidos. Tais sistemas
podem operar também no caso de licenças para uma única fonte de
emissão. Se um poluidor emitir menos poluição que o permitido, a
firma pode vender ou negociar as diferenças entre suas descargas
reais e as descargas autorizadas, com outra firma que, então, passa
a ter o direito de emitir mais do que aquele limite o qual lhe foi
imposto. O intercâmbio pode ser dentro da própria fábrica, entre
fábricas da mesma firma ou entre diferentes firmas.[911]
Ainda a respeito dessa espécie de licença ambiental, S.
MARGULIS e J. BERNSTEIN esclarecem que, depois que as
autoridades responsáveis estabelecem níveis de qualidade
ambiental (traduzidos pelo número total de emissões permitidas), os
direitos de descarregar são atribuídos às firmas em forma de
licenças que podem ser transferidas de uma fonte de poluição para
outra.[912]
Outrossim, merece ainda que seja comentado a respeito das
exigências complementares previstas para a atividade de extração
mineral, cujo cumprimento é necessário ao licenciamento ambiental
desta categoria. Trata-se, pois, da necessidade de ser apresentado,
em tais casos, o denominado “Plano de Controle Ambiental – PCA”,
o “Relatório de Controle Ambiental – RCA” e o “Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD”. Nesse sentido, o art.
5.º da Resolução/CONAMA n° 9, de 06.12.1990, dispõe que a
Licença de Instalação – LI deve ser requerida ao órgão do meio
ambiente competente, ocasião em que o empreendedor deve,
obrigatoriamente, apresentar o Plano de Controle Ambiental – PCA,
o qual deve conter os projetos executivos de minimização dos
impactos ambientais avaliados na fase da Licença Prévia – LP,
acompanhado dos demais documentos necessários. O art. 3.º da
Resolução/CONAMA n° 10, de 06.12.1990, dispõe que, a critério do
órgão ambiental competente, o empreendimento, em função de sua
natureza, localização, porte e demais peculiaridades, pode ser
dispensado da apresentação dos Estudos de Impacto Ambiental –
EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Todavia,
na hipótese da dispensa de apresentação do EIA/RIMA, o
empreendedor deve apresentar um Relatório de Controle Ambiental
– RCA, elaborado de acordo com as diretrizes a serem
estabelecidas pelo órgão ambiental competente. E a apresentação
do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD é
regulamentada pela NBR 13.030, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT.
Também o art. 6.º da Lei n° 7.661, de 16.05.1988,[913] que
trata do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, prevê uma
modalidade especial de licença ambiental, denominada
“licenciamento para parcelamento e remembramento do solo,
construção, instalações das características naturais da Zona
Costeira”. Também neste procedimento especial exige-se a
apresentação por parte do interessado de Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA, devidamente aprovado. Todavia, PAULO DE BESSA
ANTUNES informa que esta licença não tem sido muito observada,
pois muitas vezes as autoridades navais se limitam a afirmar a
inexistência de perigo para a navegação na atividade a ser
licenciada. Segundo ele, o fato se deve a inexistência de uma real
integração dos diversos órgãos envolvidos no licenciamento
ambiental.[914]
Quanto às sanções aplicáveis à inobservância do
licenciamento obrigatório, deve-se destacar que a polícia
administrativa ambiental tem a sua disposição para fazer valer o
cumprimento das exigências previstas na legislação ambiental uma
boa variedade de sanções administrativas, a serem aplicadas
conforme o grau de gravidade da infração cometida, já que no
exercício regular do poder de polícia exige-se, além da legalidade
da sanção, a sua proporcionalidade à infração cometida ou ao dano
que a atividade causa ao meio ambiente, à coletividade ou ao
próprio Estado. Sem tais sanções administrativas o poder de polícia
ambiental seria inócuo e ineficiente, frente à desobediência às
determinações legais. Assim é que são sanções administrativas
ambientais: a) a multa (é a pena pecuniária de natureza
administrativa, imposta como reparação de danos causados à
Fazenda Pública ou repressão administrativa a quem infringe leis ou
regulamentos ambientais); b) a interdição de atividade (é a
suspensão temporária do exercício de certa atividade sujeita a
licença da autoridade pública); c) o fechamento do estabelecimento
(é a medida de segurança que pode ser decretada pela autoridade
pública se o estabelecimento é meio ou pretexto para degradação
do meio ambiente); d) a demolição de construção (é o desfazimento
de obra ou construção já feita ou em curso; ato de deitar abaixo uma
construção, um edifício ou parte dele); e) o embargo administrativo
de obra (é o meio preventivo de que se utiliza a autoridade
ambiental, para impedir a feitura de obra ou prosseguimento de obra
nova levantada pelo proprietário, pelo possuidor ou por outrem, que
causa ou ameaça causar danos ao meio ambiente); f) a destruição
de objetos (é a inutilização de coisa que está causando ou ameaça
causar danos ao meio ambiente); g) a inutilização de gêneros (é a
destruição de efeitos comerciais, mercadorias ou produtos
especialmente agrícolas, que se encontram deteriorados ou
ameaçam degradar o meio ambiente); h) a proibição de fabricação
ou comércio de certos produtos; i) a vedação de localização de
indústrias ou comércio em determinadas áreas; e j) a proibição de
tudo o mais que houver de ser impedido em defesa da saúde e do
meio ambiente e dos recursos naturais renováveis, desde que
estabelecidas em lei ou regulamento.

7.2.5 Licença Prévia – LP

A primeira fase do procedimento de licenciamento abrange a


obtenção da Licença Prévia – LP. Por Licença Prévia – LP entende-
se a licença ambiental concedida e expedida na fase preliminar
(inicial) do planejamento do empreendimento ou atividade
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação (inciso I
do art. 8.º da Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997). A
Licença Prévia – LP deve ser fundamentada em informações
formalmente prestadas pelo interessado, especifica as condições
básicas a serem atendidas durante a instalação e funcionamento do
equipamento ou atividade poluidora. Sua concessão implica
compromisso da entidade poluidora de manter o projeto final
compatível com as condições do deferimento. Em outras palavras, a
licença prévia deve ser expedida na fase preliminar do planejamento da
atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de
localização, instalação e operação, observados os planos municipais,
estaduais ou federais de uso do solo.
Portanto, a Licença Prévia – LP é um documento que deve
ser solicitado na fase preliminar de planejamento da atividade,
correspondente à fase de estudos para definição da localização do
empreendimento.
Os requisitos para obtenção da Licença Prévia – LP são os
seguintes: 1) apresentação de requerimento de Licença Prévia – LP,
em formulário de “Pedido de Licença”; 2) cópia da publicação de
pedido de Licença Prévia – LP: 2.1) por força do art. 1.º da
Resolução n° 281, de 12.07.2001, de acordo com modelo previsto
no item 1 da Resolução/CONAMA n° 6, de 24.01.1986,[915] somente
para os seguintes empreendimentos e atividades: 2.1.1) Estradas de
rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 2.1.2) Ferrovias;
2.1.3) Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
2.1.4) Aeroportos, conforme definidos pelo inciso I do art. 48 do
Decreto-Lei n° 32, de 18.11.1966; 2.1.5) Oleodutos, gasodutos,
minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;
2.1.6) Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV;
2.1.7) Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais
como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de
saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação,
drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de
barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; 2.1.8)
Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 2.1.9)
Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código
de Mineração; 2.1.10) Aterros sanitários, processamento e destino
final de resíduos tóxicos ou perigosos; 2.1.11) Usinas de geração de
eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de
10 MW; 2.1.12) Complexo e unidades industriais e agro-industriais
(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool,
hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); 2.1.13) Distritos
Industriais e Zonas Estritamente Industriais – ZEI; 2.1.14)
Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de
100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
2.1.15) Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas
consideradas de relevante interesse ambiental a critério da Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA. e dos órgãos municipais e estaduais competentes; 2.1.16)
Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade
superior a dez toneladas por dia; ou 2.2) por força do art. 2.º da
Resolução/CONAMA n° 281, de 12.07.2001, de acordo com
modelos simplificados de publicação dos pedidos de licenciamento,
de sua renovação e concessão, a ser feita em jornal oficial, bem
como em periódico regional ou local de grande circulação, nos
demais casos (caso o órgão competente se omita, no que se refere
a esta sua faculdade, permanecera exigíveis as normas
estabelecidas na Resolução/CONAMA n° 6, de 24.01.1986); 3)
apresentação de estudos ambientais (Estudo de Impacto Ambiental
– EIA/Relatório de Impacto Ambiental – RIMA).
Nesta etapa o órgão licenciador deve providenciar o
seguinte: a) elaborar o termo de referência para a realização dos
estudos ambientais (Estudo de Impacto Ambiental – EIA/Relatório
de Impacto Ambiental – RIMA); c) analisar os estudos ambientais; d)
vistoriar o local do empreendimento; e) promover a audiência
pública (quando couber). Antes da concessão da licença o
empreendedor deve, ainda, pagar, por meio de Documento de
Arrecadação de Receitas Federais – DARF, taxa de análise de
estudos ambientais (conforme fórmula oficial de cálculo do tributo) e
taxa de emissão de Licença Prévia – LP (conforme tabela divulgada
pelo órgão licenciador). Vale lembrar que a concessão da Licença
Prévia – LP não autoriza a execução de quaisquer obras ou
atividades destinadas à implantação do empreendimento.
Sintetizando tal procedimento, ELIDA SÉGUIN explica que o
licenciamento se inicia com o pedido do empreendedor
acompanhado do recolhimento de percentual da taxa de licença, de
projetos e estudos ambientais, que, em obediência ao princípio da
publicidade, deve ser publicado. Este pedido é objeto de análise
pelo órgão ambiental, que pode exigir esclarecimentos. Segundo
ela, quando couber, deve ser realizada audiência pública e após isto
o órgão competente emite Parecer Técnico Conclusivo. Se o
parecer for favorável será emitida a Licença Prévia – LP, que é
concedida como uma fase preliminar, quando são realizados os
estudos e os planejamentos para provar a viabilidade do
empreendimento ou atividade. A Licença Prévia – LP de um
empreendimento aprova sua localização e concepção, atesta a
viabilidade ambiental e estabelece os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas etapas de
implementação e licenciamento. Informa, ainda, ELIDA SÉGUIN que
nela ocorre, quando necessário, a elaboração e discussão do
Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA/Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA e a realização de audiência pública. A expedição
da Licença Prévia – LP não permite o início de obras para instalação
das atividades, apenas declara que os planos são viáveis. O prazo
de validade da Licença Prévia – LP deve ser, no mínimo, o
estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas
e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo
ser superior a 5 (cinco) anos.[916] De maneira que, se a Licença
Prévia – LP for concedida no prazo máximo, não pode haver
renovação.
Visto isto, conclui-se que a Licença Prévia – LP abrange o
seguinte procedimento: 1) Informação inicial sobre o projeto a ser
licenciado; 2) Definição do conteúdo do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA (termo de referência); 3) Aceitação e revisão do
Estudo de Impacto Ambiental – EIA e do Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA; 4) Publicação da disponibilidade do Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA aos possíveis interessados; 5)
Realização de audiências públicas (quando cabível) e demais
publicações e divulgações relativas ao projeto a ser licenciado; 6)
Fixação dos critérios de revisão dos estudos e relatórios; 7)
Estipulação dos meios de proceder a incorporação das opiniões dos
interessados que atenderam a convocação em audiências públicas;
8) Tomada da decisão da autoridade ambiental licenciadora (federal,
estadual ou municipal); 9) Emissão da competente Licença Prévia –
LP; 10) Cobrança dos custos de tramitação do processo administrativo; 11)
Acompanhamento e monitoração do início das obras para instalação
das atividades previstas no projeto licenciado.

7.2.6 Licença de Instalação – LI

A segunda fase do procedimento de licenciamento abrange a


obtenção da Licença Instalação – LI. Essa licença ambiental é
expedida com base no projeto executivo final. Tal licença ambiental
autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo
com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo medidas de controle ambiental e demais
condicionantes, da qual constituem motivo determinante (inciso II do
art. 8.º da Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997).
A Licença de Instalação – LI é, pois, o documento que deve
ser solicitado antes da implantação do empreendimento. Nesta fase
o órgão licenciador deve analisar os documentos solicitados na
Licença Prévia – LP (projeto técnico, programas ambientais e plano
de monitoramento). Os requisitos para obtenção da Licença de
Instalação – LI são os seguintes: a) requerimento de Licença de
Instalação – LI; b) cópia da publicação da concessão da Licença
Prévia – LP; c) cópia de autorização de desmatamento expedida
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA (quando couber); d) Licença da prefeitura
municipal; e) Plano de Controle Ambiental – PCA; f) cópia da
publicação do pedido de Licença de Instalação – LI. Antes da
concessão da licença o empreendedor deve pagar, por meio de
Documento de Arrecadação de Receitas Federais – DARF, taxa de
análise de estudos ambientais (conforme fórmula oficial de cálculo
do tributo) e taxa de emissão de Licença (conforme Tabela
divulgada pelo órgão licenciador). A concessão da Licença de
Instalação – LI implica no compromisso do interessado em manter o
projeto final compatível com as condições de seu deferimento.
Sintetizando o procedimento de obtenção da Licença de
Instalação – LI, ELIDA SÉGUIN esclarece, ainda, que depois de
obtida a Licença Prévia – LP o empresário solicita a Licença de
Instalação – LI, que autoriza a instalação do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos,
programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes previstos na Licença Prévia –
LP, da qual constituem motivo determinante. Segundo ela, nesta
fase do licenciamento a indústria realiza obras que permitem sua
futura instalação no local, mas não o começo da fase produtiva, o
que só acontece com a expedição da Licença de Operação – LO. O
prazo de validade da Licença de Instalação – LI deverá ser, no
mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis)
anos.[917] De maneira que, se a Licença de Instalação – LI for
concedida no prazo máximo, não pode haver renovação.

7.2.7 Licença de Operação – LO

A terceira fase do procedimento de licenciamento abrange a


obtenção da Licença de Operação – LO. A Licença de Operação –
LO é a licença ambiental expedida com base em vistoria, teste de
operação ou qualquer outro meio técnico de verificação. Ela autoriza
a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do
efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as
medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para
a operação (inciso III do art. 8.º da Resolução/CONAMA n° 237, de
19.12.1997), ou seja, a concessão da Licença de Operação – LO
para a continuidade do empreendimento ou atividade está
subordinada ao cumprimento das condições de concessão da
Licença Prévia – LP e da Licença de Instalação – LI. Em outras
palavras, tal tipo de licença ambiental, após as verificações
necessárias e uma vez expedida, autoriza o início da atividade
licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de
poluição, de acordo com o previsto na Licença Prévia – LP e na
Licença de Instalação – LI.
Portanto, a Licença de Operação – LO constitui documento
que deve ser solicitado antes da operação do empreendimento.
Nesta fase o órgão licenciador deve providenciar o seguinte: a)
analisar os documentos solicitados na Licença de Instalação – LI; b)
Vistoria as instalações e os equipamentos de controle ambiental. Os
requisitos para obtenção da Licença de Operação – LO são os
seguintes: a) requerimento de Licença de Operação – LO; b) cópia
da publicação da concessão da Licença de Instalação – LI; c) cópia
da publicação do pedido da Licença de Operação – LO. A
concessão da Licença de Operação – LO implica no compromisso
do interessado em manter o funcionamento dos equipamentos de
controle da poluição, de acordo com as condições de seu
deferimento.
Sintetizando o procedimento de obtenção da Licença de
Operação – LO, ELIDA SÉGUIN ensina que é, justamente, tal
licença ambiental que finalmente autoriza o início das operações ou
da atividade do empreendimento. Ela só é concedida por prazo
determinado de no mínimo 4 (quatro) anos e no máximo 10 (dez)
anos, após a verificação do efetivo cumprimento das exigências
formuladas nas licenças anteriores, que são como pressupostos
para constatação de que as medidas de controle ambiental e as
condicionantes determinadas foram realmente atendidas. Os termos
de concessão da Licença de Operação – LO podem ser revistos
sempre que ocorrer: a) uma mudança na legislação, provocando
uma desconformidade legal; b) uma situação de vulnerabilidade,
tornando prejudicial a continuação da atividade; e c) uma
desconformidade com o avanço da técnica. Portanto, na renovação
podem ser formuladas exigências não previstas na Licença de
Operação – LO anterior. Além disso, com a expedição da Licença de
Operação – LO inicia-se a fase de monitoramento pelo poder
público das atividades licenciadas e de vigilância pela comunidade
de efeitos ambientais negativos. Em tais casos o poder público pode
perfeitamente firmar um termo de ajustamento em que estipulará
prazo para adequação da nova situação. Inclusive, o Poder
Judiciário já tem pacificado o entendimento no sentido de que o
termo de compromisso de ajustamento de conduta firmado com o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, que prevê multa diária se o recorrido não
recuperar áreas degradadas pela sua atividade, é título executivo
extrajudicial, podendo embasar processo de execução, mesmo não
assinado por testemunhas.[918] Outrossim, ELIDA SÉGUIN destaca
que 120 (cento e vinte) dias antes do término do prazo previsto na
Licença de Operação – LO inicial, o empresário deve solicitar sua
renovação, quando o órgão ambiental pode, mediante decisão
motivada, estabelecer prazo de validade diferente do inicial, bem
como formular novos estudos, exigências de adaptação às novas
técnicas e realidade social local.[919]

7.2.8 Licenças especiais para fins científicos

Como vimos, são várias as espécies de licenças


administrativas a serem concedidas no âmbito ambiental,
especialmente em relação às atividades poluidoras e em relação à
flora silvestre. Todavia, em relação à fauna silvestre, o caput do art.
14 da Lei n° 5.197, de 03.01.1967 (Código de Caça), que dispõe
sobre a proteção a fauna, prevê licença especial para fins
científicos. É nesse sentido que o mencionado art. 14 estabelece
que “poderá ser concedida a cientistas, pertencentes a instituições
científicas, oficiais ou oficializadas, ou por estas indicadas, licença
especial para a coleta de material destinado a fins científicos, em
qualquer época”. Trata-se, pois, de licença concedida
extraordinariamente, visando a realização de estudos e
experimentos sobre a vida dos animais, direcionados a melhor
conhecer suas características biológicas etc. Tais estudos e
experimentos tem por objetivo a descoberta de remédios, de meios
científicos de proteção a fauna, sobrevivência fora do habitat
natural, reprodução de espécies em extinção etc. Portanto, para ter
direito a esta espécie de licença necessário tão-somente cumprir os
seguintes requisitos: a) ser comprovadamente cientista; b) estar
vinculado profissionalmente a uma instituição científica oficial
(instituições criadas por lei) ou oficializada (por exemplo, as
universidades particulares, os institutos de pesquisas científicas não
governamentais, laboratórios privados etc., desde que estejam sob
a fiscalização ou controle oficial); e c) a coleta de material zoológico
ser destinado a fins científicos ou didáticos. Uma vez cumpridas
estas exigências legais e regulamentares, as autoridades
ambientais competentes não podem negar a licença requerida pelos
cientistas interessados, pois o direito à licença especial para fins
científicos é um direito subjetivo público.
Regulamentando este dispositivo, o caput do art. 1.º da
Portaria/IBAMA n° 332, de 13.03.1990, prescreve que “a licença
para coleta de material zoológico, destinado a fins científicos ou
didáticos, poderá ser concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA em qualquer
época, a cientistas e profissionais devidamente qualificados,
pertencentes a instituições científicas brasileiras públicas e privadas
credenciadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA ou por elas indicadas”. Além disto, as
atividades de coleta, que são objeto da licença, podem, segundo o §
1º do art. 1º da referida Portaria, ser executadas por pessoas da
equipe de cientistas identificadas no termo de licenciamento e
aprovadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, no qual o cientista assume
a responsabilidade pelas atividades executadas pelos apresentados.
Vale lembrar que se entende como cientista o profissional
que exerce atividade de pesquisa, utilizando-se de método científico
(§ 2.º do art. 1.º da Portaria/IBAMA n° 332, de 13.03.1990).
Os pedidos para a concessão da licença especial para fins
científicos devem ser acompanhados de: I- nome, endereço e
qualificação do interessado; II- nome da instituição a que pertence e
cargo que ocupa; III- declaração da instituição indicado o
interessado, no caso deste não manter vínculo com ela e
justificando a solicitação na licença com base no projeto a ser
desenvolvido; IV- curriculum vitae; V- descrição sucinta das
atividades que pretende desenvolver; VI- projeto de pesquisa ou de
atividades a serem desenvolvidas (somente para os pedidos de
licença temporária) contendo no mínimo os seguintes dados: a)
finalidade do projeto; b) descrição das atividades a serem
desenvolvidas; c) indicação dos grupos zoológicos que serão
coletados, bem como o destino previsto para o material coletado; d)
metodologia de coleta ou captura; e) indicação das áreas e épocas
escolhidas para a coleta ou captura; f) indicação do destino previsto
para os resultados obtidos (art. 8.º da Portaria/IBAMA n° 332, de
13.03.1990). Alerta-se que o exercício de atividades não previstas
no programa e no projeto apresentados, quando devidamente
comprovado, sem a autorização explícita ou implícita do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA, bem como a desatualização ou inveracidade dos dados
fornecidos pelo cientista resultará na cassação da licença (art. 13 da
Portaria/IBAMA n° 332, de 13.03.1990).
A licença especial para fins científicos deve ser concedida
em caráter temporário, aos cientistas brasileiros ou estrangeiros
pertencentes a departamento ou unidade administrativa de
instituições não oficiais nacionais que tenham, por lei, a atribuição
de coletar material zoológico, para fins científicos em instituição na
qual mantenham vínculo empregatício (§ 3.º do art. 1.º da
Portaria/IBAMA n° 332, de 13.03.1990). Ressalta-se que a
instituição científica deve comunicar ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, o eventual
desvinculamento do cientista ou perda da indicação por meio da
qual ele obteve a licença (art. 6.º da Portaria/IBAMA n° 332, de
13.03.1990).
Da mesma forma, deve ser concedido em caráter temporário,
a licença para cientista estrangeiros, que estejam a serviço de
instituição científica brasileira ou integrando expedições científicas
devidamente autorizadas (§ 4.º do art. 1.º), ou seja, quando se tratar
de cientistas estrangeiros, devidamente credenciados pelo país de
origem, deve o pedido de licença especial temporária para fins
científicos ser aprovado e encaminhado ao órgão público federal
competente, por intermédio de instituição científica oficial do país (§
1.º do art. 14 da Lei n° 5.197, de 03.01.1967). Estas instituições
científicas oficiais do país, para efeito da renovação anual da licença
especial temporária para fins científicos, devem dar ciência ao órgão
público federal competente das atividades dos cientistas licenciados
temporariamente no ano anterior (§ 2.º do art. 14). Acrescenta-se
que, quando o interessado for cientista estrangeiro, não vinculado a
instituição brasileira, deve apresentar prova de seu credenciamento
por entidade oficial do país de origem, para execução do projeto
proposto (art. 10 da Portaria/IBAMA n° 332, de 13.03.1990).
Em relação às licenças temporárias, é importante ainda
mencionar que a renovação destas licenças, bem como a
concessão de novas licenças estão condicionadas à apresentação
de relatório das atividades, que devem ser encaminhadas ao
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA. Inclusive, os relatórios de atividades devem
ser apresentados até 60 (sessenta) dias após a conclusão dos
trabalhos (caput e § 1.º do art. 11 da Portaria/IBAMA n° 332, de
13.03.1990).
Outrossim, vale destacar que as licenças especiais para fins
científicos, previstas no caput do art. 14 do Código de Caça, não
podem ser utilizadas para fins comerciais ou esportivos (§ 3.º do art.
14 da Lei n° 5.197, de 03.01.1967), ou seja, a licença somente pode
ser utilizada para a coleta de material zoológico, sendo vedada para
as seguintes hipóteses: a) fins comerciais, esportivos ou quaisquer
outros que não tenham objetivos didático-científicos, sob pena das
cominações previstas no art. 27 da Lei n° 5.197, de 03.01.1967,
modificada pela Lei n° 7.653 de 12.02.1988; b) nas Unidades de
Conservação de Proteção Integral, Federais, Estaduais e
Municipais, sem o prévio consentimento da autoridade competente
(nas Unidades de Conservação sob jurisdição do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, o
pedido de licença deve levar em conta os dispositivos legais em
vigor); c) em qualquer estabelecimento ou área de domínio privado
sem o consentimento expresso ou tácito do proprietário; d) coleta de
animais que constem da Lista Oficial de Espécies da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção (art. 3.º da Portaria/IBAMA n° 332,
de 13.03.1990). Sendo que, para as hipóteses previstas nas letras b
e d acima, podem ser expedidas licenças especiais temporárias
devendo, neste último caso, constar expressamente espécies e
quantidades autorizadas (art. 4.º da Portaria/IBAMA n° 332, de
13.03.1990). Outrossim, as licenças especiais para coleta de
material zoológico com fins científicos não são necessárias para
coleta de invertebrados para fins didático-científicos, exceto nas
situações previstas nas letras b e d acima, quando se deve exigir a
licença especial temporária, devendo constar expressamente
espécies e quantidades autorizadas (art. 15 da Portaria/IBAMA n°
332, de 13.03.1990).
Em razão destas exigências, a licença para coleta de
material zoológico deve ser concedida somente após ter sido
demonstrada a sua finalidade científica ou didática e que não deve
afetar as populações das espécies ou grupos zoológicos objeto de
pesquisa (caput do art. 2.º da Portaria/IBAMA n° 332, de
13.03.1990).
Aos cientistas das instituições oficiais nacionais, devidamente
criadas por lei, que tenham por também por lei, a atribuição de
coletar material zoológico, para fins científicos, devem ser
concedidas licenças especiais permanentes para fins científicos (§
4.º do art. 14 da Lei n° 5.197, de 03.01.1967). Todavia, os
portadores de licença permanente, em caso de alteração no vínculo
institucional devem, num prazo não superior a 30 (trinta) dias, enviar
ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA documentação comprobatória de que é
cientista ou profissional devidamente qualificado, pertencente a
instituição científica brasileira pública ou privada credenciada pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA ou por ela indicada.
Até mesmo em relação aos portadores de licenças
permanentes, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA deve solicitar,
periodicamente, para compor Banco de Dados, relatórios sucintos
de suas atividades (§ 2.º do art. 11 da Portaria/IBAMA n° 332, de
13.03.1990).
Há que se esclarecer que, a critério do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, as
licenças de caráter temporário podem ter abrangência local, regional
ou nacional. As licenças de caráter permanente terão abrangência
nacional (§§ 1.º e 2.º do art. 2.º da Portaria/IBAMA n° 332, de
13.03.1990).
Também é importante consignar que, no caso de o material
zoológico coletado necessitar manutenção em cativeiro,
dependendo dos objetivos e tempo de retenção, se deve cumprir as
disposições legais e regulamentares específicas para o registro de
criadouros com finalidades científicas (art. 12 da Portaria/IBAMA n°
332, de 13.03.1990).

7.3 ZONEAMENTO
7.3.1 Noções de zona

Por zona (zone, em inglês; zone, em francês; e zona, em


espanhol) pode ser entendida a região que se caracteriza por certas
particularidades (de temperatura, de vegetação, de população,
econômicas, sociais etc.) ou a designação genérica de área que
apresenta limites ou características nítidas, como por exemplo: a)
zona da mata; b) zona desértica; c) zona rural; etc.
Portanto, várias são as espécies de zona, sendo que
algumas delas têm importância acentuada para os nossos estudos e
outras não. Dentre as que se afiguram de indiscutível importância na
temática do presente capítulo, podemos citar: 1) zona costeira (o
espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo
seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e
outra terrestre – parágrafo único do art. 2.º da Lei n° 7.661, de
16.05.1988); 2) zona de vida silvestre (aquela na qual é proibido ou
regulado o uso dos sistemas naturais de vida silvestre); a zona de
vida silvestre se divide em: a) zona de preservação da vida silvestre
(aquela situada em Área de Proteção Ambiental – APA nas quais
“serão proibidas as atividades que importem na alteração antrópica
da biota” ou do conjunto dos componentes vivos - bióticos - de um
ecossistema, ou seja, proibidas as atividades que podem causar
impactos no meio ambiente gerados por ações do homem); b) zona
de conservação da vida silvestre (aquela situada em Área de
Proteção Ambiental – APA “nas quais poderá ser admitido o uso
moderado e auto-sustentado da biota, regulado de modo a
assegurar a manutenção dos ecossistemas naturais”); c) zona de
uso agro-pecuário (nas Áreas de Proteção Ambiental – APA onde
existam ou possam existir atividades agrícolas ou pecuárias, deve
haver Zona de Uso Agropecuário, nas quais serão proibidos ou
regulados os usos ou práticas capazes de causar sensível
degradação do meio ambiente; não é admitida nessas zonas a
utilização de agrotóxicos e outros biocidas que ofereçam riscos
sérios na sua utilização, inclusive no que se refere ao seu poder
residual; o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA deve relacionar as classes de
agrotóxicos de uso permitido nas Áreas de Proteção Ambiental –
APA; em tais zonas, o cultivo da terra deve ser feito de acordo com
as práticas de conservação do solo recomendadas pelos órgãos
oficiais de extensão agrícola; outrossim, não pode ser admitido o
pastoreio excessivo nas Zonas de Uso Agro-pecuário – ZUA,
considerando-se como tal aquele capaz de acelerar sensivelmente
os processos de erosão ); d) zona de uso especial (são espaços
existentes em Áreas de Proteção Ambiental – APA, com uso pelo
poder público anterior a decretação desta; em outras palavras,
qualquer que seja a situação dominial de uma determinada área, a
mesma poderá fazer parte de uma Área de Proteção Ambiental –
APA, porém, se houver na área decretada como Área de Proteção
Ambiental – APA outra unidade de conservação, de manejo, ou
outras situações especiais de proteção ambiental, administradas
efetivamente pelo poder público, as mesmas serão consideradas
como zonas de usos especiais; acrescenta-se que, em relação às
atividades antrópicas realizadas nas zonas de usos especiais, a
administração da Área de Proteção Ambiental – APA terá sempre
ação supletiva, para assegurar que os objetivos previstos na Lei n°
6.902, 27.04.1981, que dispõe sobre a criação de Estações
Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental, sejam mantidos); 3) zona
de processamento de exportação – ZPE (aquelas sujeitas ao regime
jurídico instituído pelo Lei n° 11.508, de 20.07.2007, com a
finalidade de reduzir desequilíbrios regionais, bem como fortalecer o
balanço de pagamentos e promover a difusão tecnológica e o
desenvolvimento econômico e social do país – art. 1º; a zona de
processamento de exportação – ZPE se caracteriza como área de
livre comércio com o exterior, destinada à instalação de empresas
voltadas para produção de bens a serem comercializados
exclusivamente no exterior, sendo considerada zona primária para
efeito de controle aduaneiro – parágrafo único do art. 1º –; ainda
segundo o § 1.º do art. 2.º do Decreto n° 6.814, de 06.04.2009, a
área da zona de processamento de exportação – ZPE deve ser
delimitada e fechada de forma a garantir o seu isolamento e
assegurar o controle fiscal das operações que ali são realizadas); 4)
zona de uso diversificado – ZUD (aquela destinada à localização de
estabelecimentos industriais, cujo processo produtivo seja
complementar das atividades do meio urbano ou rural em que se
situem, e com eles se compatibilizem, independente do uso de
métodos especiais de controle de poluição, não ocasionando em
qualquer caso inconvenientes à saúde, ao bem‑estar e à segurança
das populações vizinhas – art. 4.º da Lei n° 6.803, de 02.07.1980);
[920]
5) zona comercial (aquela destinada ao comércio varejista ou
atacadista, sendo conveniente que o comércio varejista permaneça
nas proximidades das áreas residenciais ou mesmo em
determinados setores destas, para abastecimento das moradias, e o
comércio atacadista fora e recuado dos bairros de habitação, pelos
inconvenientes que oferece em razão do transporte a granel com
tráfego pesado, constante e ruidoso; por isso, tais zonas devem
situar-se na periferia da cidade, próximas das rodovias e ferrovias
que favorecem as suas atividades);[921] 6) zona industrial (aquela
reservada para as fábricas ou atividades conexas, devendo situar-se
distanciadas dos bairros residenciais pelos naturais inconvenientes
que acarretam às moradias, com o ruído de suas máquinas, com as
emanações de seus produtos, com o despejo de seus resíduos e
demais consequências do trabalho fabril; atualmente as prefeituras
vêm instituindo o denominado “distrito industrial”, “núcleo industrial”,
“pólo industrial” etc., fora do perímetro da cidade, mas erigidos em
área urbana para nela concentrar as indústrias locais, segundo as
conveniências da comunidade e os interesses do desenvolvimento
econômico e social do município; segundo HELY LOPES
MEIRELLES, é a solução indicada para aliviar a cidade dos
incômodos da indústria; mas esse “distrito industrial” ou “pólo
industrial” deve ser corretamente localizado em áreas adequadas à
sua função e tecnicamente planejadas para receber as fábricas e as
atividades complementares que integram todo parque industrial;
sem essa adequada localização, sem a obtenção da competente
licença ambiental e sem o plano da infra-estrutura específica do
complexo industrial, aprovado por lei, não pode o município instituir
“distrito industrial” ou “pólo industrial” nem desapropriar áreas para
esse fim, pois lhe falta o fundamento legal, que é precisamente, o
plano de urbanização – alínea i do art. 5.º do Decreto-Lei n° 3.365,
de 21.06.1941, que dispõe sobre a desapropriação por utilidade
pública, com as alterações determinadas pela Lei n° 9.785, de
29.01.1999;[922] nem lhe será lícito alienar lotes às empresas sem
que a lei tenha autorizado essas alienações e estabelecido as
imposições urbanísticas para a formação do núcleo, distrito ou pólo
e as condições de implantação de cada indústria, para que tais
requisitos constem como encargo dos adquirentes de lote, com
cláusula resolutória para inadimplência; com essas cautelas legais
podem ser implantados os núcleos, distritos ou pólos industriais,
atribuindo-se até mesmo alguns encargos da urbanização –
abertura de ruas, pavimentação, canalizações etc. – às próprias
indústrias interessadas, mediante compromisso com o município,
concomitante com a aquisição de lotes; somente nestas condições
será legitima e amparável pelo judiciário a desapropriação e a
alienação de lotes aos particulares, para a formação dessas áreas
industriais);[923] as zonas industriais se classificam em: a) zona de
uso estritamente industrial – ZEI (aquela destinada
preferencialmente à localização de estabelecimentos industriais
cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações,
emanações e radiações possam causar perigo à saúde, ao
bem‑estar e à segurança das populações, mesmo depois da
aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de
efluentes nos termos da legislação vigente – art. 2.º da Lei n° 6.803,
de 02.07.1980);[924] b) zona de uso industrial – ZUI (aquela
constituída por uma área definida, dentro de uma área urbana, onde
institucionalmente podem se localizar indústrias que atendam a
pré‑requisitos urbanísticos bem determinados);[925] a zona de uso
industrial – ZUI, quanto à situação crítica de poluição, pode ser: b.1)
zona de uso industrial não saturada; b.2) zona de uso industrial em
vias de saturação; b.3) zona de uso industrial saturada; c) zona de
uso predominantemente industrial – ZUPI (aquela destinada
preferencialmente à instalação de indústrias cujos processos,
submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de
efluentes, não causem incômodos sensíveis às demais atividades
urbanas e nem perturbem o repouso das populações – art. 3.º da
Lei 6.803, de 02.07.1980);[926] 7) zonas mistas (aquelas de ocupação
promíscua – residência, comércio, indústria e outras – para as quais
não há indicação de utilizações específicas e excludentes pelas
normas edilícias; segundo HELY LOPES MEIRELLES, uma vez que
em tais zonas quase tudo é admitido face a omissão da lei, a
prefeitura ou vizinho, para impedir ou fazer cessar qualquer
atividade em zona mista, deve demonstrar a sua nocividade ou
prejudicialidade anormal ou abusiva, pois não pode invocar a
desconformidade de uso; em tais zonas, a pré-ocupação atua como
agravante dos incômodos a serem suportados pelos novos vizinhos,
mas nem por isso legitima o mau uso da propriedade);[927] 8) zona
residencial (aquela destinada à moradia e, por isso, devem
apresentar requisitos especiais de salubridade, segurança e
tranquilidade para o bem-estar de seus habitantes; com esse
desiderato as normas edilícias impõem condições favoráveis à
habitação, desde a localização dos bairros, o seu traçado e a sua
arborização, até alguns detalhes funcionais e estéticos das
edificações, visando assegurar a harmonia do conjunto e o conforto
individual das residências; a preservação da moradia contra todas
as interferências molestas da vizinhança, principalmente os ruídos
incômodos e os maus odores da indústria e do comércio, é dever do
poder público atento a que a habitação tem preferência sobre os
demais usos urbanos, como de há muito nos advertiu ERNST
FREUND: “o direito de habitação é superior as exigências do
comércio”;[928] no mesmo sentido, ALCIDES GRECA, ao discorrer
sobre as funções familiares e sociais da residência em nossos dias,
destaca que “a casa moderna não é só um refúgio, como o fora nas
sociedades primitivas; é um local onde se educam os filhos, onde se
trabalha e se descansa; nela vivem, gozam e, não poucas vezes,
sofrem os seres humanos que a habitam; ali nascem as crianças, se
cuida do enfermo e entra no eterno repouso o vencido pelos males
físicos incuráveis; nela se festejam os acontecimentos felizes da
família, se recebem os amigos e se ampliam os horizontes do
espírito mediante a leitura, a música e a contemplação de belos
adornos”;[929] daí, segundo HELY LOPES MEIRELLES, a
conveniência da fixação de zonas residências, separadas das outras
que possam perturbar a moradia, porém a realidade é que na
maioria das cidades os bairros são mistos, com pré-ocupações
prejudiciais à habitação mas que não podem ser afastadas
sumariamente por constituírem direito adquirido de seus titulares;
em tais casos, os conflitos de vizinhança se resolvem pelo uso
normal da propriedade de cada um (normal é o exercício do uso da
residência sem lesão para a vizinhança; anormal é toda utilização
ou atividade que lese o vizinho na segurança do prédio, ou no
sossego ou na saúde dos que o habitam; a normalidade abrange a
destinação, extensão, intensidade e oportunidade, aferíveis pelos
padrões locais e comuns de utilização do imóvel e de ocupação do
bairro; o ruído de uma fábrica pode ser considerado normal numa
zona industrial e anormal numa zona residencial; poderá ainda ser
normal para o dia e anormal para a noite; assim podemos multiplicar
os exemplos em que a peculiaridade do bairro, a destinação do
prédio, as condições de lugar e tempo, a natureza da atividade ou
da emissão é que indicariam o que é uso normal ou anormal da
propriedade).[930]

7.3.2 Noções de zoneamento

Zoneamento (zoning, em inglês; zonage ou zoning, em


francês; zonificación, em espanhol), basicamente, trata-se da
divisão racional de uma área em setores sujeitos a normas
específicas para o desenvolvimento de certas atividades, para a
conservação do meio ambiente, ou para a preservação de
patrimônio cultural etc. A bem da verdade, as diversas formas de
zoneamento que podem ser disponibilizadas constituem métodos e
técnicas de planejamento destinado a regular o uso e a ocupação
do solo.
EROS ROBERTO GRAU conceitua zoneamento, de maneira
singela, como a divisão de um dado território a partir de
determinados critérios.[931] Todavia, nas palavras mais precisas e
completas de DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, é a
destinação, factual ou jurídica, da terra a diversas modalidades de
uso humano. Segundo ele, como instituto jurídico, o conceito se
restringe à destinação administrativa fixada ou reconhecida. Em
outras palavras, zoneamento não é mais que uma divisão física do
solo em microrregiões ou zonas em que promovem usos uniformes;
há, para tanto, indicação de certos usos, exclusão de outros e
tolerância de alguns. A exclusão pode ser absoluta ou relativa.[932]
JOSÉ AFONSO DA SILVA, por sua vez, define zoneamento como
um procedimento urbanístico, que tem por objetivo regular o uso da
propriedade do solo e dos edifícios em áreas homogêneas no
interesse coletivo do bem-estar da população.[933] Já GALLION
sustenta ser o instrumento legal que regula o uso do solo no
interesse do bem‑estar coletivo, protegendo o investimento de cada
indivíduo no desenvolvimento da comunidade urbana.[934]
Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, é o zoneamento
que estabelece os critérios e parâmetros, a partir dos quais deverá
ser procedida a delimitação de espaços territoriais com objetivos de
utilização especificamente definida. Para ele, o zoneamento, ao
definir as atividades possíveis em determinados espaços territoriais
é uma atividade que ordena o território e molda-o para um
determinado padrão de desenvolvimento e ocupação. Portanto,
zoneamento é função de um determinado objetivo a ser atingido
mediante a adoção de um Plano de Ocupação do Solo – POS. O
zoneamento é, enfim, a tentativa de impedir a ocupação anárquica
dos espaços territoriais, fazendo com que os mesmos se
enquadrem em um determinado padrão de racionalidade.[935]
Na Carta dos Andes encontramos a definição de zoneamento
no sentido de ser o instrumento legal de que dispõe o poder público
para controlar o uso da terra e do solo povoado, as densidades de
população, a localização, a dimensão, o volume dos edifícios e suas
utilizações específicas, em prol do bem‑estar social. Para o sistema
jurídico norte-americano zoning (zoneamento) é a divisão de uma
cidade ou vila em bairros, por regulamentos legais, e a
determinação e a aplicação, em cada bairro, de normas
concernentes à estrutura e à arquitetura dos prédios e de normas
prescrevendo o uso que os prédios podem ter dentro dos bairros.
Em outras palavras, é a divisão da terra em zonas, e dentro destas
zonas, regulamentação da natureza do uso da terra e as dimensões
físicas do uso, incluindo altura, recuos e áreas mínimas.[936] Já no
direito urbanístico francês, zoneamento é a técnica consistente em
determinar nos documentos de planificação urbana o destino da
utilização do solo segundo a natureza das atividades dominantes,
definindo aquelas que serão permitidas.[937]
Numa rápida analise histórica, facilmente concluímos que o
urbanismo certamente surgiu muito antes do zoneamento. O
zoneamento somente apareceu com a necessidade de haver um
planejamento mínimo das cidades com vocação industrial,
reservando-se áreas urbanas para atender a esta finalidade.
Segundo GASTON BARDET, foi exatamente na Inglaterra do século
XIX, berço da grande indústria, onde a miséria dos guetos dos
trabalhadores amedrontou os mais realistas, que se multiplicaram
normalmente as “reações contra a cidade monstruosa”. Acrescenta
ele que, desde 1816, o industrial Robert Owen reclamava que se
consagrava muita atenção à máquina morta, em detrimento à
máquina viva. Todavia, as oposições, que ele sofreu e enfrentou,
fizeram com que compreendesse ser as grandes cidades e a sua
economia um mal, não somente para a classe operária, como
também para toda a sociedade e que a moradia sã e barata não era
um produto normal da sociedade capitalista, muito pelo contrário, se
não houvesse intervenção firme do poder estatal isto jamais seria
alcançado.[938] Assim, havia necessidade de se separar a área de
intensa industrialização da área de moradia dos operários. De fato,
segundo YVES PRATS, as zonas industriais resultantes da
intervenção estatal ocorreram pela primeira vez em 1897, na região
de Manchester (Inglaterra). Tardiamente, na França isto somente foi
ocorrer em 1950, após o fim da Segunda Guerra Mundial, na região
de Chalons-sur-marne.[939] No Brasil, a primeira vez que se colocou
em prática o zoneamento urbano foi no final da década de 50, na
construção de Brasília. Inclusive, merece citação que, na década
seguinte, foi expedida a Lei n° 5.027, de 14.06.1966, que instituiu o
Código Sanitário do Distrito Federal, na qual se tratava de
zoneamento urbano. Assim é que o seu art. 5.º determinava a
divisão do território do Distrito Federal em 3 (três) áreas distintas: a)
a área metropolitana; b) as áreas dos núcleos satélites; e c) a área
rural. Esta divisão integrante de um zoneamento urbano planejado
do Distrito Federal visava à racionalização das atividades de saúde
pública e de proteção à comunidade local. De maneira que para
cada uma dessas áreas, as políticas de saúde pública teriam um
conteúdo diferenciado e adequado para as peculiaridades locais,
com metas previamente determinadas a fim de atingir
satisfatoriamente objetivos e resultados.
Como se vê, o zoneamento é uma efetiva e importante
intervenção do Estado no domínio econômico, já que, conforme
destaca PAULO DE BESSA ANTUNES, ele organiza a relação
espaço-produção, aloca recursos, interdita áreas, destina outras
para estas e não para aquelas atividades, incentiva e reprime
condutas etc. O zoneamento é, segundo ele, de certa forma, o
reconhecimento da evidente impossibilidade das forças produtivas
ocuparem o território sem um mínimo de planejamento prévio e
coordenação.[940] De maneira que, na repartição de uso e ocupação
do solo, o zoneamento estabelece normalmente as áreas
destinadas à residência, ao comércio, à indústria e à preservação
ambiental; delimita os locais de utilização específica; dispõe sobre
as construções, a ocupação humana e usos admissíveis; ordena a
circulação, o trânsito e o tráfego, disciplina as atividades coletivas ou
individuais que de qualquer modo afetem a vida urbana, a vida rural, o
meio ambiente e os recursos naturais.
Levando em conta estas especificações, na opinião de
PAULO DE BESSA ANTUNES, existe zoneamento quando são
estabelecidos critérios legais e regulamentares para que
determinadas parcelas do solo, ou mesmo de cursos d’água doce
ou do mar, sejam utilizadas ou não utilizadas, segundo critérios
preestabelecidos. Tais critérios, uma vez firmados se tornam
obrigatórios, seja para o particular, seja para a administração
pública, constituindo-se em limitação administrativa incidente sobre
o direito de propriedade. Acrescenta ele que os critérios a serem
utilizados para o zoneamento são fixados unilateralmente pela
administração pública. Entretanto, uma vez estabelecidos tais
critérios, toda e qualquer atividade a ser exercida nas zonas
submetidas a uma norma de zoneamento passa a ser vinculada, isto
é, não poderão ser admitidas pela administração pública atividades
que contrariem às normas de zoneamento. Somente por mecanismo
legal de hierarquia superior ou igual àquele que tenha estabelecido
o zoneamento é que se poderá alterá-lo.[941] Obviamente, não
podemos deixar de mencionar o caso tão comum de ocupação
desordenada do solo e a tendência das autoridades públicas
tolerarem as violações de normas de zoneamento, frente ao
argumento de haver “fato consumado” ou “ameaça de crise social
em bolsões de miséria”. Esta tolerância condenável chega a ponto
de se permitir, ostensivamente, que áreas de proteção ambiental, áreas
de preservação permanente e outras unidades de conservação sejam
ocupadas e totalmente descaracterizadas.
Certo é que, no início, o zoneamento surgiu especificamente
para atender ao urbanismo. Todavia, na atualidade ele é um
instrumento que abrange um número muito maior de áreas. Desta
forma, além do zoneamento urbano, hoje em dia, é comum se falar
também em zoneamento ambiental, zoneamento ecológico-
econômico, zoneamento rural, zoneamento agrícola, zoneamento
costeiro etc.

7.3.3 Zoneamento ambiental

A proteção ambiental, que compreende não só a preservação


da natureza em todos os seus elementos essenciais à vida humana
mas, também, a manutenção do equilíbrio ecológico exige
minucioso planejamento das atividades humanas e da ocupação do
solo, que se viabiliza pelo zoneamento da área a ser protegida.
Assim, por zoneamento ambiental deve ser entendido o zoneamento
que abrange a integração sistemática e interdisciplinar da análise
ambiental ao planejamento dos usos do solo, com o objetivo de
definir a melhor gestão dos recursos ambientais identificados.
Lembramos que a gestão dos recursos ambientais identificados vai
desde o controle da poluição (alteração das propriedades naturais
do meio ambiente, prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar
da população sujeita aos seus efeitos) até a preservação dos
recursos naturais (os elementos da natureza que mantêm o
equilíbrio ecológico e a vida em nosso planeta) e a restauração dos
elementos destruídos ou degradados pelo homem ou pelos próprios
fenômenos da natureza (reflorestamento das áreas desmatadas
com espécimes nativas, a recomposição dos terrenos erodidos ou
escavados, a recuperação das águas poluídas, a regeneração das
terras exauridas, a recriação de espécies silvestres e aquáticas em
vias de extinção e tantas outras medidas de restauração do meio
ambiente para o reencontro do equilíbrio ecológico e renascimento
da vida animal e vegetal, de que depende a sobrevivência da
humanidade).
Assim, o zoneamento ambiental, tanto quanto a articulação e
gerenciamento de unidades espaciais de importância para a
biodiversidade e para a conservação de recursos naturais
(corredores ecológicos, unidades de conservação, ecossistemas
terrestres, costeiros e marinhos e as bacias hidrográficas)
constituem método e técnica de planejamento ambiental destinado a
regular o uso e a ocupação do solo.
Vale destacar que a Lei n° 9.985, de 18.06.2000, define
zoneamento ambiental como definição de setores ou zonas em uma
unidade de conservação com objetivos de manejo (todo e qualquer
procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade
biológica e dos ecossistemas) e normas específicos, com o
propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos
os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica
e eficaz (inciso XVI do art. 2º).
Como vimos em capítulos anteriores, o zoneamento
ambiental foi declarado como um dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente (inciso II do art. 9.º da Lei n° 6.938, de
31.08.1981). Acompanhando esta política a nível nacional, o art. 263
da Constituição do Estado do Rio de Janeiro de 1989 determina que
o Estado deve promover, com a participação dos municípios e da
comunidade, o zoneamento ambiental de seu território. Todavia, a
previsão em texto constitucional estadual não se restringe ao Estado
do Rio de Janeiro, o zoneamento ambiental está presente na
maioria das constituições dos demais estados brasileiros. Inclusive,
destaca-se que o zoneamento ambiental tem sido utilizado como
parte dos planos diretores de manejo das áreas de proteção
ambiental, criadas a partir de 1981.
RUY C. FEUERSCHUETTE, a seu turno, ensina que o
objetivo do zoneamento ambiental é o planejamento adequado do
espaço territorial visando compatibilizar a convivência dos seres que
o habitam com as atividades nele exercidas.[942]
Algumas normas gerais de zoneamento ambiental podem ser
encontradas na própria Constituição Federal de 1988, a saber: 1)
zoneamento geoeconômico e social: o art. 43 do texto constitucional
dispõe que, para efeitos administrativos, a União Federal pode
articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social,
visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades
regionais; 2) competência estadual para instituir zoneamento: o § 3.º
do art. 25 do texto constitucional prescreve que os Estados podem,
mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização,
o planejamento e a execução de funções públicas de interesse
comum; 3) zoneamento ambiental: o inciso III do § 1.º do art. 225 do
texto constitucional estabelece que, para assegurar a efetividade do
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, incumbe ao
poder público definir, em todas as unidades da Federação, espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente por meio de
lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção.

7.3.4 Zoneamento ecológico-econômico

Além do zoneamento ambiental, fala-se também em


zoneamento ecológico-econômico. Tal forma de zoneamento
constitui instrumento de gestão ambiental de um determinado
território, integrado a uma política de ordenamento territorial,
visando à proteção especial dos ecossistemas e a biodiversidade. A
realização de um eficiente Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE
exige estudos de campo e atualização dos mapeamentos do
território objeto de zoneamento.
Tal expressão surgiu pela primeira vez no art. 2.º da
Resolução/CONAMA n° 10, de 14.12.1988, o qual dispunha que,
visando atender aos seus objetivos, as Áreas de Proteção Ambiental
– APA devem ter sempre um Zoneamento Ecológico-Econômico –
ZEE (caput). Além disso, segundo o parágrafo único do referido art.
2.º, o zoneamento ecológico-econômico deve estabelecer normas
de uso, conforme as condições locais bióticas, geológicas,
urbanísticas, agro-pastoris, extrativistas, culturais e outras.
Todavia, foi em 1990 que tal expressão ganhou força nos
órgãos ambientais do governo federal, mais especificamente por
ocasião da sua instituição pelo Decreto n° 99.540, de 21.09.1990
(posteriormente alterado pelo Decreto n° 707, de 22.12.1992 e
finalmente substituído pelo Decreto s/n., de 28.12.2001), bem como
do grupo de trabalho encarregado de examinar o Zoneamento
Ecológico‑Econômico – ZEE da Amazônia Legal, realizado por
iniciativa do Programa Nossa Natureza, criado desde 1988.
Inclusive, vale consignar que, até 1995, o grupo de trabalho
encarregado de examinar o Zoneamento Ecológico‑Econômico –
ZEE da Amazônia Legal preparou o diagnóstico ambiental completo
da Amazônia, após o que foram desenvolvidas propostas de
zoneamento que deveriam ser detalhadas pelos estados da região
amazônica (Amazonas, Acre, Pará, Amapá, Roraima, Rondônia,
Maranhão, Piauí, Tocantins e Mato Grosso); definiram-se ainda
outros estudos, a serem desenvolvidos nas áreas consideradas
críticas em termos ambientais.
O Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, inicialmente
instituído apenas para a Amazônia Legal, em 1992, foi estendido
para as demais regiões do território nacional.
Segundo SARITA ALBAGLI, o Zoneamento Ecológico-
Econômico – ZEE enfrentou, desde o início, grande dificuldade para
sua implementação, devido: a) falta de clareza quanto ao seu
significado e metodologia; b) incompatibilidades entre as diferentes
políticas setoriais do governo federal envolvidas; e c)
principalmente, fortes resistências políticas de interesses contrários
a um tal ordenamento territorial das atividades econômicas na
Amazônia.[943]
De maneira que o Decreto n° 99.540, de 21.09.1990, e o
Decreto n° 707, de 22.12.1992, acabaram ambos revogados pelo
Decreto federal s/n., de 28.12.2001, que dispõe sobre a Comissão
Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território
Nacional e o Grupo de Trabalho Permanente para a Execução do
Zoneamento Ecológico-Econômico, que institui o Grupo de Trabalho
Permanente para a Execução do Zoneamento Ecológico-
Econômico, denominado de Consórcio ZEE – Brasil.
A referida Comissão Coordenadora do Zoneamento
Ecológico-Econômico do Território Nacional, instituída pelo Decreto
n° 99.540, de 21.09.1990 e hoje regulamentada pelo Decreto s/n.,
de 28.12.2001, tem as seguintes atribuições: I- planejar, coordenar,
acompanhar e avaliar a execução dos trabalhos de zoneamento
ecológico-econômico; II- articular com os Estados, apoiando-os na
execução dos seus respectivos trabalhos de zoneamento ecológico-
econômico, compatibilizando seus trabalhos com aqueles
executados pelo governo federal.
Além disso, por força do art. 2.º do Decreto s/n., de
28.12.2001, com redação dada pelo Decreto de 19.08.2008, a
Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do
Território Nacional deve ser integrada por um representante: I- de
cada Ministério a seguir indicado: a) da Justiça; b) da Defesa; c) da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento; d) do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior; e) de Minas e Energia; f) dos
Transportes; g) do Desenvolvimento Agrário; h) do Planejamento,
Orçamento e Gestão; i) da Ciência e Tecnologia; j) do Meio
Ambiente; l) da Integração Nacional; m) do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome; e n) das Cidades; e II- da Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Outrossim, compete ao representante do Ministério do Meio
Ambiente coordenar os trabalhos da referida Comissão. O
coordenador da Comissão Coordenadora do Zoneamento
Ecológico-Econômico do Território Nacional pode convidar
representantes de entidades governamentais ou de outras
instituições para participarem das reuniões, sem direito a voto, ou
dos trabalhos de zoneamento. Os governos estaduais devem ser
convidados para integrar a Comissão Coordenadora do Zoneamento
Ecológico-Econômico do Território Nacional, na condição de
membros, quando áreas de seus respectivos territórios serem objeto
de zoneamento. A mencionada Comissão Coordenadora deve ser
assessorada tecnicamente pelo Grupo de Trabalho Permanente
para a Execução do Zoneamento Ecológico-Econômico,
denominado de Consórcio ZEE – Brasil (art. 2.º do Decreto s/n., de
28.12.2001).
O Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional,
no nível macrorregional e regional, deve ser realizado pelo governo
federal, observados os limites de sua competência. O Zoneamento
Ecológico-Econômico do Território Nacional deve nortear a
elaboração dos planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social. Ademais, os
trabalhos de zoneamento devem ser conduzidos de acordo com os
seguintes princípios: I- abordagem interdisciplinar visando à
integração de fatores e processos para possibilitar a elaboração de
zoneamento, levando-se em conta a estrutura e a dinâmica
ambiental e econômica, bem como os valores histórico-evolutivos do
patrimônio biológico e cultural do país; e II- visão sistêmica que
propicie a análise de causa e efeito, permitindo estabelecer as
relações de interdependência entre os subsistemas físico-biótico e
sócio-econômico (art. 3.º do Decreto s/n., de 28.12.2001). No
entanto, as atividades de zoneamento ecológico-econômico devem
ser exercidas pelo Ministério do Meio Ambiente, em conjunto com os
Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ministério da
Integração Nacional (art. 4.º). Por outro lado, a Comissão
Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território
Nacional deve examinar e aprovar as programações e aplicações
anuais de recursos referentes às dotações previstas nos planos
plurianuais e às consignadas nas leis orçamentárias para o
zoneamento ecológico-econômico, a fim de compatibilizar a
execução e os resultados dos correspondentes trabalhos com a
referida competência conjunta. Devem ser igualmente analisadas e
aprovadas pela Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-
Econômico do Território Nacional: I- as propostas de ampliação ou
de redução de dotações relacionadas ao zoneamento ecológico-
econômico; e II- as diretrizes para negociações e entendimentos
com órgãos e entidades nacionais ou estrangeiras, objetivando a
obtenção de financiamentos para o zoneamento ecológico-
econômico (art. 5.º).
O art. 6.º do Decreto s/n., de 28.12.2001, também instituiu o
Grupo de Trabalho Permanente para a Execução do Zoneamento
Ecológico-Econômico, denominado de Consórcio ZEE – Brasil, com
as seguintes atribuições: I-executar trabalhos de zoneamento
ecológico-econômico a cargo do governo federal; II- servir como
órgão de assessoria técnica à Comissão Coordenadora do
Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional; III-
elaborar a linha metodológica do zoneamento ecológico-econômico
do país em plano nacional; IV- elaborar as linhas metodológicas
para o zoneamento ecológico-econômico em nível nacional, levando
em consideração todos os indicadores, tais como biomas, bacias
hidrográficas e eixos nacionais de integração e desenvolvimento; V-
orientar a elaboração do termo de referência do zoneamento
ecológico-econômico em nível nacional; VI-coordenar o intercâmbio
técnico e metodológico junto aos Estados, com vistas à elaboração
e acompanhamento dos seus respectivos zoneamentos ecológico-
econômico; e VII- prestar assessoria técnica aos Estados
da Federação.
O Grupo de Trabalho Permanente para a Execução do
Zoneamento Ecológico-Econômico deve ser integrado por um
representante de cada órgão e entidade a seguir indicados: I-
Ministério do Meio Ambiente; II- Ministério da Integração Nacional;
III- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA; IV-
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM; V-
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; VI-
Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA; VII-
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA; VIII- Agência Nacional de Águas – ANA; IX-
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE; X- Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba -
CODEVASF; XI- Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - INCRA; e XII- Centro Gestor e Operacional do Sistema de
Proteção da Amazônia – CENSIPAM; XIII- Agência de
Desenvolvimento do Nordeste - ADENE; XIV- Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia - INPA; e XV- Petróleo Brasileiro S.A. –
PETROBRÁS. As atividades do Grupo de Trabalho Permanente
para a Execução do Zoneamento Ecológico-Econômico devem ser
executadas na respectiva área de atuação de cada órgão ou
entidade nele representado. A coordenação dos trabalhos do Grupo
de Trabalho Permanente para a Execução do Zoneamento
Ecológico-Econômico deve ser exercida pelo representante do
Ministério do Meio Ambiente – MMA (art. 7.º do Decreto s/n°, de
28.12.2001, com os acréscimos determinados pelo Decreto de
12.02.2004 e pelo Decreto de 14.09.2006).
Além disso, a participação na Comissão Coordenadora do
Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional e no
Grupo de Trabalho Permanente para a Execução do Zoneamento
Ecológico-Econômico é considerada como de relevante interesse
público e não enseja qualquer tipo de remuneração (art. 9.º do
Decreto s/n., de 28.12.2001).
Todavia, a bem da verdade, o Zoneamento Ecológico-
Econômico – ZEE foi retomado, recentemente, nos Estados, com
recursos do Programa das Florestas Tropicais Brasileiras – PPG-7 e
a partir de uma nova proposta metodológica, que o define como
“instrumento capaz de romper as posições polarizadas”, entre
preservação ambiental e crescimento econômico, e como
“instrumento técnico e político do planejamento das diferenças,
segundo critérios de sustentabilidade, de absorção de conflitos e de
temporalidade”, de modo à “regular o uso do espaço e otimizar as
políticas públicas”.[944]
Por meio do Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE,
pretende-se, então, não apenas ordenar e delimitar territorialmente
as distintas formas de proteção e exploração dos recursos naturais
da Amazônia, aí incluída a biodiversidade, mas sobretudo contribuir
para gerar informação pertinente sobre o território amazônico e para
criar um ambiente favorável à negociação e à parceria entre os
diferentes atores com respeito ao uso desse território. Na opinião de
SARITA ALBAGLI, o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE
passa a ser visto não como um fim em si, mas principalmente como
processo. Persistem, no entanto, fortes dúvidas sobre quais
resultados práticos ele irá, de fato, alcançar.[945]
7.3.5 Zoneamento urbano

O zoneamento urbano consiste na repartição da cidade e das


áreas urbanizáveis segundo a sua precípua destinação de uso e
ocupação do solo. Portanto, zoneamento urbano é o instrumento
legal de que dispõem as municipalidades para controlar o uso do
solo povoado, as densidades de população, a localização, a
dimensão, o volume dos edifícios e seus usos específicos, em prol
do bem-estar da comunidade urbana. Segundo HELY LOPES
MEIRELLES, embora não caiba ao município o zoneamento rural,
compete-lhe regular o uso e ocupação das áreas destinadas à
urbanização, ainda que localizadas fora do perímetro urbano,
porque estes núcleos irão constituir as novas cidades ou a
ampliação das existentes, e por isso devem ser ordenados
urbanisticamente desde o seu nascedouro, para que não venham a
prejudicar a futura zona urbana. Todavia, alerta HELY LOPES
MEIRELLES que o zoneamento urbano, embora seja um eficiente
instrumento urbanístico de ordenação da cidade, há que ser
utilizado com prudência e respeito aos direitos adquiridos, pois é
sabido que a simples mudança de destinação de um bairro ou de
uma rua produz profundas alterações econômicas e sociais,
valorizando ou desvalorizando substancialmente as propriedades
atingidas e as de suas adjacências, consoante os novos ônus ou
vantagens que acarrete para o local. Por isso, as normas edilícias
devem evitar o quanto possível essas súbitas e frequentes
modificações de uso, que afetam instantaneamente a propriedade e
as atividades particulares, gerando instabilidade no mercado
imobiliário urbano e intranquilidade na população citadina. Além
disso, destaca HELY LOPES MEIRELLES que toda vez que o
zoneamento urbano ofende direitos adquiridos, expõe o município a
demandas e vultuosas indenizações. O município só deve impor ou
alterar zoneamento urbano quando essa medida for exigida pelo
interesse público, com real vantagem para a cidade e seus
habitantes.[946]
Acrescenta HELY LOPES MEIRELLES que a divisão da
cidade em zonas visa atribuir a cada setor um uso específico,
compatível com a sua destinação. Mas como as cidades nem
sempre nascem planejadas, seus bairros são mistos e promíscuos
em usos e atividades. Daí o zoneamento urbano superveniente
repartindo a área urbana em zonas residenciais, comerciais,
industriais, áreas de preservação ambiental e outras, com a
indicação dos usos conformes, tolerados e desconformes.[947]
Por usos conformes devem ser entendidos aqueles
permitidos para o local pelas normas legais pertinentes. Os titulares
de tais usos gozam de direitos subjetivos e não podem ser
impedidos pela prefeitura, nem negado o respectivo alvará de
licença quando dependentes dessa formalidade. Aqueles que
exercem os usos conformes podem, a todo tempo, aumentar a
atividade, ampliar o estabelecimento, reformar a construção até o
limite admitido por lei. Tais usos, uma vez iniciados, geram direito
adquirido e mesmo que se altere posteriormente o zoneamento
urbano, podem continuar na situação em que se encontravam no
momento de vigência da nova lei. Assim, uma edificação, uma
indústria ou um comércio conforme em determinada zona, mesmo
que venha a ser proibido pelo novo zoneamento urbano, pode
prosseguir nos moldes da legislação precedente, mas fica impedido
de alteração ou ampliação daí por diante. Para HELY LOPES
MEIRELLES, os usos tolerados são aqueles que o zoneamento
urbano não reconhece como conforme nem repudia como
desconforme, mas os admite por liberalidade e precariamente em
condições especiais. Tais usos são exercidos mediante simples
alvará de autorização (não confundir com licença), dado o caráter
precário que enseja revogação sumária e a qualquer tempo. Por
isso mesmo não geram direito subjetivo ao seu exercício nem à sua
continuidade, que dependerão sempre do juízo de conveniência
exclusivo e discricionário da prefeitura. Por fim, os usos
desconformes são aqueles que a lei considera incompatíveis com o
local. Se sobrevierem ao zoneamento urbano poderão ser
impedidos sumariamente e sem qualquer indenização; se
antecederem, constituem pré-ocupação com direito adquirido à sua
permanência e continuidade nas condições originárias, isto é, sem
possibilidades de ampliação da atividade ou de renovação das
construções, instalações ou equipamentos desconformes, ou de
transferência voluntária a terceiros. Se a prefeitura pretender a
imediata cessação de qualquer atividade desconforme, mas com
pré-ocupação na zona, deverá indenizar cabalmente o seu
exercente, amigavelmente ou mediante desapropriação. Assim, uma
indústria instalada anteriormente em zona que veio a ser declarada
estritamente residencial, não poderá ser compelida a mudar-se ou a
cessar suas atividades desconformes, mas também não poderá ela
ampliar-se ou renovar-se naquele local: seu direito restringe-se à
permanência onde e como está. Por outro lado, os vizinhos em uso
conforme nem por isso poderão impugnar o uso desconforme
proveniente de pré-ocupação em relação ao zoneamento urbano.
Segundo HELY LOPES MEIRELLES, a prefeitura, entretanto, pode
impor tributação agravada para os usos desconformes
(extrafiscalidade).[948]
Ademais, hoje em dia, não há como se falar de zoneamento
urbano sem abordar a questão da estética urbana, já que todas as
sociedades civilizadas atuais, além das obras utilitárias, se
preocupam constantemente em cuidar dos aspectos artísticos,
panorâmicos, paisagísticos, ambientais, monumentais e históricos,
bem como de interesse cultural, recreativo e turístico da
comunidade.
Menciona HELY LOPES MEIRELLES que a proteção estética
da cidade e de seus arredores enseja as mais diversas limitações
ao uso da propriedade particular. Desde a forma, altura e disposição
das construções até a apresentação das fachadas e o levantamento
de muros sujeitam-se a imposições edilícias, destinadas a compor
harmoniosamente o conjunto e a dar boa aparência às edificações
urbanas.[949] No mesmo sentido, RAFAEL BIELSA afirma que
cumpre ao poder público fixar critérios estéticos válidos aptos a
conseguir na edificação urbana certa harmonia e uniformidade
dentro da variedade.[950]

“PROTEÇÃO PAISAGÍSTICA. PAINEL DE


PROPAGANDA. REGULAMENTAÇÃO E
AUTORIZAÇÃO MUNICIPAL. O município visa e obtém
a proteção paisagística do Monte Serrat, obrigando a
retirada de painel de propaganda da encosta daquele
morro, embora levantado em terreno particular. I –
Cabe ao município a proteção estética da cidade e para
tanto pode e deve policiar a afixação de anúncios no
perímetro urbano e seus arredores; II – A publicidade
urbana abrangendo os painéis e letreiros expostos ao
público sob qualquer modalidade, é assunto de peculiar
interesse do município e, como tal, fica sujeita à
regulamentação e autorização da prefeitura; III – A
ação cominatória é adequada para o poder público
compelir o particular a desfazer painel de propaganda
afixado sem autorização municipal, ainda que
localizado na propriedade privada”.[951]

Dúvida não resta que a mesma preservação estética deve


estender-se aos arredores da cidade, para preservação das vistas
panorâmicas, das paisagens naturais e dos locais de particular
beleza. Para HELY LOPES MEIRELLES, nessa proteção
compreende-se a manutenção de tais ambientes no seu estado
original, sem obstáculos à visibilidade e ao acesso, a proibição de
desmatamento e demais medidas de interesse da comunidade local,
para mantê-los como reservas naturais ou sítios de lazer. Enquanto
essas limitações urbanísticas não afetarem a normal destinação
econômica de tais áreas, podem ser impostas gratuitamente pelo
município, mas se interditarem ou restringirem o uso da propriedade
particular, exigem indenização por via amigável ou expropriatória. A
preservação paisagística, monumental e histórica da cidade se
insere, também, na competência municipal, admitindo
regulamentação edilícia e administração da prefeitura nos limites do
peculiar interesse local, para recreação espiritual e fato cultural da
população. Sob todos esses aspectos impõe-se a atuação da
municipalidade para a preservação dos recantos naturais,
especialmente da vegetação nativa que caracteriza a nossa flora,
bem como dos ambientes antigos e das realizações históricas que
relembram o passado e conservam o primitivo que o tempo, o
progresso e o próprio homem vão inexoravelmente destruindo.[952]
Segundo ERNESTO ROGERS, o urbanismo não despreza a
natureza, nem relega a tradição; e tanto mais seremos capazes de
realizá-lo quanto mais soubermos harmonizar a obra humana com a
preexistência ambiental.[953]

7.3.6 Zoneamento agrário

O zoneamento agrário constitui uma extensão determinada


de território homogêneo do ponto de vista sócio-econômico das
características da estrutura agrária (caput do art. 43 da Lei n° 4.504,
de 30.11.1964, que dispõe sobre o Estatuto da Terra).
O zoneamento agrário disposto, originariamente, pelo
Estatuto da Terra, tem por objetivo principal a definição de: 1) as
regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva
eliminação dos minifúndios e dos latifúndios; 2) as regiões em
estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em
que não ocorrem tensões nas estruturas demográficas e agrárias; 3)
as regiões já economicamente ocupadas em que predomine
economia de subsistência e cujos lavradores e pecuaristas careçam
de assistência adequada; e 4) as regiões ainda em fase de
ocupação econômica, carentes de programa de desbravamento,
povoamento e colonização de áreas pioneiras.
Conforme prescreve o § 1.º do art. 43 da Lei n° 4.504, de
30.11.1964, para a elaboração do zoneamento agrário e
caracterização das áreas prioritárias, devem ser levados em conta,
essencialmente, os seguintes elementos: 1) a posição geográfica
das áreas, em relação aos centros econômicos de várias ordens,
existentes no país; 2) o grau de intensidade de ocorrência de áreas
em imóveis rurais acima de mil hectares e abaixo de 50 (cinquenta)
hectares; 3) o número médio de hectares por pessoa ocupada; 4) as
populações rurais, seu incremento anual e a densidade específica
da população agrícola; e 5) a relação entre o número de
proprietários e o número de rendeiros, parceiros e assalariados em
cada área.
Os objetivos do zoneamento agrário, previsto no Estatuto da
Terra (art. 44) são os seguintes: 1) estabelecer as diretrizes da
política agrária a ser adotada em cada tipo de região; 2) programar
a ação dos órgãos governamentais, para desenvolvimento do setor
rural, nas regiões delimitadas como de maior significação
econômica e social.
Segundo o art. 45 do Estatuto da Terra (Lei n° 4.504, de
30.11.1964), a fim de completar os trabalhos de zoneamento
agrário, devem ser elaborados pelos órgãos governamentais
levantamentos e análises para: 1) orientar as disponibilidades
agropecuárias nas áreas sob o controle dos órgãos do governo
federal quanto a melhor destinação econômica das terras, adoção
de práticas adequadas segundo as condições ecológicas,
capacidade potencial de uso e mercados interno e externo; 2)
recuperar, diretamente, mediante projetos especiais, as áreas
degradadas em virtude de uso predatório e ausência de medidas de
proteção dos recursos naturais renováveis e que se situem em
regiões de elevado valor econômico.
Ainda sobre zoneamento agrário, o inciso III do art. 19 da Lei
n° 8.171, de 17.01.1991, dispõe que o poder público deve realizar
zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios
para o disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial pelas
diversas atividades produtivas, bem como para a instalação de
novas hidrelétricas.

7.3.7 Zoneamento costeiro

Vimos que a Zona Costeira constitui patrimônio nacional, e


sua utilização deve ser feita, na forma da lei, dentro de condições
que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto
ao uso dos recursos naturais (§ 4.º do art. 225 da Constituição
Federal). Em vista disso, criou-se um sistema de gerenciamento
costeiro, visando ordenar a utilização nacional dos recursos na Zona
Costeira, de forma a contribuir para elevar a qualidade da vida de
sua população, e a proteção do seu patrimônio natural, histórico,
étnico e cultural (art. 2.º da Lei n° 7.661, de 16.05.1988).
Vale destacar que o art. 3.º da Lei n° 7.661, de 16.05.1988,
determina que o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro –
PNGC (elaborado e, quando necessário, atualizado por um Grupo
de Coordenação, dirigido pela Secretaria da Comissão
Interministerial para os Recursos do Mar – SECIRM) deve prever o
zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar prioridade
à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens: 1)
recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e
bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais,
estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias; promontórios,
costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas,
manguezais e pradarias submersas; 2) sítios ecológicos de
relevância cultural e demais unidades naturais de preservação
permanente; 3) monumentos que integrem o patrimônio natural,
histórico, paleontológico, espeleológico, arqueológico, étnico,
cultural e paisagístico.
CAPÍTULO 8 –
RESPONSABILIDADE
AMBIENTAL

8.1 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL


8.1.1 Definição de responsabilidade

A vida em sociedade implica necessariamente atividades


contínuas dos indivíduos, sejam atividades de uma pessoa física, de
uma agremiação civil, de uma sociedade comercial, de uma
indústria ou de um organismo estatal de natureza pública ou
privada. As atividades dos indivíduos constituem um conjunto de
fenômenos vitais à existência dos seres organizados. Todavia, são
muito variadas a capacidade, a possibilidade, a habilidade e a
agilidade com que os indivíduos praticam as mais diversas espécies
de atos. Inclusive, justamente em virtude disso, é que os indivíduos
se distinguem um dos outros. O conjunto de atitudes, as reações em
face do meio social, o modo de conduzir-se, o juízo que se forma
sobre pessoa ou coisa, tudo que se faz ou se pode fazer e os
sentimentos são os pontos que tornam os indivíduos distintos um
dos outros. Por outro lado, a vida em sociedade exige que os
indivíduos respondam por seus atos, atitudes e reações ou por atos
de terceiros a que possam estar ligados moralmente como seus
auxiliares ou prepostos. Portanto, todo indivíduo tem o dever de não
praticar atos nocivos, danosos ou prejudiciais a outro indivíduo, dos
quais resultem ou possam resultar-lhes prejuízos, pouco importa
que se originem de seu estado doentio, em função da sua
personalidade confusa, revoltada ou desordenada, do princípio do
livre-arbítrio etc.[954]
Em outras palavras, todo indivíduo tem o dever de não
praticar atos ilícitos, apesar de a caracterização desses atos não ser
fácil. Certo é que o termo “ilícito” significa contrário à lei, porém nem
todo ato contrário à lei é ilícito. Portanto, ato contrário à norma legal
é um fato antijurídico caracterizado pela desconformidade entre o
ato e a norma legal, ou seja, caracteriza-se pela desobediência às
exigências estabelecidas na lei para a validade do ato. Em tais
casos, a ordem jurídica reage, declarando a nulidade desse ato, isto
é, negando-lhe eficácia. No entanto, sempre que a desconformidade
jurídica se manifesta como infração de uma regra que disciplina a
atuação estritamente jurídica de alguém, o ato é antijurídico, a
princípio, sem lesar diretamente direito subjetivo de quem quer que
seja. Por outro lado, lembra ORLANDO GOMES que uma situação
diferente apresenta-se quando, do ato infringente de norma jurídica,
resulta dano a outra pessoa. A violação implica, nesse caso, lesão a
um direito subjetivo, provocando reação diferente. Quem causou o
dano fica obrigado a repará-lo, se capaz de entender e querer.
Segundo ele, esse é o domínio da ilicitude, um dos aspectos mais
importantes da antijuridicidade. Chama-se, pois, ato ilícito o
praticado nessas condições.[955] Por isso CLÓVIS BEVILÁQUA
escreve que “ato ilícito é aquele que, praticado sem direito, causa
dano a outrem, seja uma omissão ou uma comissão”.[956]
Lembra, ainda, ORLANDO GOMES, que os fatos
antijurídicos não se esgotam, porém, nessas duas espécies de
antijuridicidade subjetiva (ato ilegal e ato ilícito praticado com culpa
do sujeito ativo). Há situações consideradas desfavoravelmente pela
lei, resultantes de fatos jurídicos “stricto sensu” (todo evento
independente da vontade do homem que produz efeitos jurídicos –
fato jurídico acidental, fato natural, fato da natureza, “fato de Deus”
etc.) ou de atos jurídicos (manifestação da vontade humana, ou
seja, todo acontecimento capaz de produzir, conservar, modificar ou
extinguir direitos, provocado tão-somente pela vontade humana –
fato jurídico voluntário, fato do homem etc.). São acontecimentos
naturais (por exemplo, a avulsão etc.) ou atos de que resulte dano
sem culpa do agente. Lembrando que o termo “agente” corresponde
ao responsável ou pessoa que tem capacidade civil e penal, e
responde pelo dano, obrigação ou crime. Em tais circunstâncias diz-
se, então, que a antijuridicidade é objetiva ou indireta. Da mesma
forma que ocorre em relação aos atos ilícitos, a lei determina que o
dano seja indenizado. Por isso ORLANDO GOMES destaca a
confusão sem cabimento que, não raras vezes, se faz entre tais
situações e os atos ilícitos. Ou seja, em virtude de as consequências
serem iguais, escritores têm sido levados a incluir essas situações
entre os atos ilícitos. Todavia, para ORLANDO GOMES, a
antijuridicidade objetiva distingue-se nitidamente da antijuridicidade
subjetiva. Para que se configure a antijuridicidade subjetiva, é, pois,
necessário que o ato seja imputável ao agente, isto é, a quem tenha
procedido culposamente. Na antijuridicidade objetiva, muito pelo
contrário, a reação da ordem jurídica não leva em conta o
comportamento do agente. Ademais, a antijuridicidade objetiva pode
ser provocada nada menos que por um fato jurídico “stricto sensu”,
enquanto a antijuridicidade subjetiva sempre é consequência de um
fato jurídico voluntário, um fato do homem ou ato jurídico. Portanto,
o ato antijurídico é ato ilícito apenas quando pessoa capaz de
entender e querer, violando norma jurídica, por sua própria ação ou
omissão culposa, efetivamente lesa direito subjetivo de outrem,
causando-lhe dano suscetível de avaliação pecuniária.[957]
No mesmo sentido, CLÓVIS BEVILÁQUA esclarece que o
indivíduo não responde, civilmente, só por seus atos dolosos ou
culposos, que determinem dano a outrem; responde também por
atos de pessoas, que estão sob sua guarda, autoridade e direção.
Por exemplo, o pai é responsável pelos danos causados por seus
filhos menores, que habitarem com ele. A mesma responsabilidade
pesa sobre a mãe, quando, pela morte do marido, separação ou
divórcio, se acha investida do pátrio poder. O tutor, igualmente,
responde pelos atos danosos do pupilo, que reside em sua casa; os
patrões, amos e comitentes respondem pelos danos causados pelos
empregados, serviçais e prepostos, no exercício das respectivas
funções.[958] E isto estava claro no art. 1.521 do antigo Código Civil
de 1916 (Lei n° 3.071, de 01.01.1916),[959] bem como da mesma
forma está no art. 932 do atual Código Civil de 2002 (Lei n° 10.406,
de 10.01.2002).[960] Ademais, em virtude do que dispõe o § 6.º do
art. 37 da Constituição Federal de 1988[961] e do que dispunha o art.
1.522 do Código Civil de 1916,[962] que não tem correspondência no
Código Civil de 2002, aplica-se às pessoas jurídicas (entre as quais
se acham a União, os Estados e os municípios) o regime da
responsabilidade objetiva ou indireta, no qual arcam elas pelos atos
praticados pelos prepostos, empregados ou representantes.
Não é demais lembrar que a responsabilidade objetiva ou
indireta tem origem na obrigação de indenizar os danos resultantes
do chamado quase-delito, previsto no antigo direito romano. As
hipóteses de quase-delitos, apontadas pelas Institutas,[963] são as
seguintes: a) o juiz profere uma sentença manifestamente injusta ou
contrária à lei, por dolo ou imperícia; b) alguém atira,
imprudentemente, à rua, algum objeto, que vai, em sua queda,
ofender um transeunte, ou suspende, sobre quaisquer lugares de
passagem, um móvel, que venha ou não a tombar sobre
desprecavidos passeantes; c) o capitão do navio e o dono do hotel
ou de cavalariça não impedem que seus empregados causem
prejuízos aos passageiros, hóspedes ou viajantes.
O Código Suíço das Obrigações, segundo CLÓVIS
BEVILÁQUA, condensava, numa síntese feliz, as várias
modalidades de atos ilícitos, praticados por terceiro, mas cuja
responsabilidade recai sobre aqueles que os deviam evitar, por sua
posição em relação aos agentes. Dizia o art. 61 do citado Código
que “aquele, a quem incumbe, legalmente, a guarda de uma pessoa
de sua casa, é responsável pelo dano que esta causar, a menos que
justifique ter exercido a necessária vigilância da maneira usada e
com a atenção, que as circunstâncias exigiam”. Esse artigo, porém,
desapareceu da nova edição, substituído pelo art. 333 do Código
Civil suíço, o qual responsabiliza somente o chefe de família. O art.
55 do Código Suíço das Obrigações atende à responsabilidade do
patrão por atos dos seus empregados.[964]
Não se pode perder de vista que, apesar de a
responsabilidade objetiva implicar, obrigatoriamente, a eliminação
da culpa como seu fundamento, ou seja, apesar de em tais casos a
culpa do agente, do dono da coisa ou do responsável pelos atos dos
prepostos, empregados ou representantes ser efetivamente
presumida, isto não quer dizer que é impossível ao agente, ao
proprietário ou ao responsável por ato de terceiro se exonerar da
responsabilidade de indenizar o dano. O julgamento equivocado que
se poderia ter é que a responsabilidade objetiva gera a presunção
generalizada do dever de indenizar, isto é, não importa quais as
circunstâncias em que ocorreu o dano, havendo qualquer vínculo
entre o dano e determinada pessoa ou entre o dano, o ato do
preposto, empregado ou representante e o responsável, é
indiscutível o dever de indenizar. Entretanto, a nosso ver, mesmo na
responsabilidade objetiva, uma vez estabelecida presunção de
culpa, o responsável pode, perfeitamente, exonerar-se do dever de
indenizar quando o dano provém de caso fortuito,[965] força maior[966]
ou fato de terceiro.[967] A presunção de culpa, oriunda da
responsabilidade objetiva, constitui presunção “juris tantum” (apenas
de direito), presunção legal condicionada ou presunção relativa, ou
seja, aquela que, tida como verdadeira por lei, pode ser destruída
pelas provas que se lhe oponham (ela existe de direito, até que se
prove em contrário).[968]

“OCORRENDO CASO FORTUITO NÃO TEM


CABIMENTO A EXIGÊNCIA DE PERDAS E DANOS.
Em recurso, a que deu provimento, unanimemente,
decidiu o Tribunal: ‘Com efeito, a ação visa a reparar
estragos no carro Dodge, estacionado na garagem da
firma apelante, onde inúmeros outros veículos eram
guardados. Por infelicidade, certo dia, pesada chuva,
com causticante ventania, abateu sobre a cidade, fato
que ali era corriqueiro. Duas telhas de uma das
garagens se desprenderam e abateram sobre o
questionado veículo, cujos estragos são pedidos em
reparação. Nos autos, de positivo, existe o fato a se
inferir das testemunhas e um orçamento que objetiva o
preço que o autor teria pago. O veículo não foi
vistoriado, não se colhendo o alcance de tais danos, a
bel-prazer do autor. O defendente réu, com
testemunhas, procura minorar o alcance de tais
estragos, sobrelevado no seu valor por reparos outros.
Por outro, não lhe cabe parcela de culpa no evento, por
se tratar de caso fortuito. Ponderáveis se nos afiguram
suas razões. Realmente, não podia prever aquelas
consequências da chuva, quando a cidade foi ainda
açoitada pelos fortíssimos ventos. Para que se pudesse
carregar qualquer culpa ao apelante, mister, sem
dúvida, se fizesse uma perícia no local a fim de
aquilatar-se das condições precárias e de insegurança
da garagem. Nada disso, se cuidou, de modo a não
poder condená-lo por dano, para o qual não deu causa’
”.[969]

“COLISÃO DE VEÍCULO COM POSTE DE


CONCRETO DA CESP. PRESUNÇÃO NATURAL DE
CULPA DO MOTORISTA. FATO DE TERCEIRO.
CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO EXCLUI A OBRIGAÇÃO
DE INDENIZAR. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS
PROCEDENTE. Na colisão de veículo com poste de
concreto da CESP presume-se a culpa do motorista,
devendo portanto, o proprietário do veículo responder
pelos danos provocados, não o eximindo de tal
responsabilidade a alegação de fato de terceiro, contra
o qual tem assegurado o direito de regresso. Propondo-
se a ação com base na presunção natural de culpa, o
natural se presume e o extraordinário se prova.
Sabendo-se a identificação do terceiro responsável,
deve-se proceder a oportuna denunciação à lide, o que
não foi feito. Logo, é aplicável na hipótese dos autos o
disposto no art. 1.520 do CC. Preleciona Carvalho
Santos: ‘O autor do dano responde pelo prejuízo que
causou, ainda que o seu procedimento venha
legitimado pelo estado de necessidade. Mas seria
imposição da mais clamorosa injustiça fazê-lo suportar
as consequências desse ato, defraudando o seu
patrimônio, como castigando-o do ato que praticou em
estado de necessidade, sem proporcionar-lhe uma via
de compensação. E acrescenta de forma que ao autor
do dano fica assegurado o regresso contra o terceiro,
de cuja culpa decorreu o prejuízo que aquele teve de
indenizar’. E ainda esse ilustre Jurista, invocando a
opinião de Pontes de Miranda, que, para esses casos,
sugere uma solução hábil, ad instar, do chamamento à
autoria (Comentários, v. 20/210 e 211). O fato de
terceiro não exclui a responsabilidade; mas, contra ele
fica ressalvada a ação regressiva, que pode ser
ajuizada por quem pagou o dano, também é o
magistério de Washington de Barros Monteiro (Direito
das obrigações, v. 2, p. 423)”;[970]

“PRESUNÇÃO DE CULPA. RUPTURA DE REDE DE


ÁGUA. AGENTE QUE SE CONDUZ FORA DOS
PADRÕES DE NORMALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA. DIREITO DE VIZINHANÇA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CASO FORTUITO.
CARACTERIZAÇÃO. Não se pode presumir culpa
quando a conduta do agente se desenvolve dentro da
normalidade. Mas, se foge do padrão normal, impõe-se
reconhecer faltas virtuais, cuja prova direta e especial
não se exige do autor. Desde que a obra ou suas
atividades conexas causem lesão ao vizinho, tem este
o direito de ser indenizado dos prejuízos,
independentemente da demonstração de culpa do
agente do dano, vigorando no relacionamento de
vizinhança o princípio da responsabilidade objetiva. O
caso fortuito não se caracteriza apenas pela
indeterminação da causa do evento, mas, para sua
configuração, exige que se demonstre claramente esta
causa para determinar-lhe, com precisão, o caráter de
acontecimento inevitável, bem como sua conexão com
o prejuízo da vítima.”[971]

Procurando definir o termo responsabilidade, ULDERICO


PIRES DOS SANTOS escreve que tal termo deve ser entendido
como a causa determinante do dever de não violar o direito alheio,
seja por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência.[972]
Todavia, tal definição é incompatível com a abrangência da
responsabilidade, uma vez que não exprime de maneira integral o
estado, a ação ou a noção absoluta da responsabilidade porque
esta existe também sem culpa (em razão da antijuridicidade
objetiva). Por isso JOSÉ DE AGUIAR DIAS afirma que a
responsabilidade é, portanto, resultado da ação pela qual o homem
expressa o seu comportamento, em face desse dever ou obrigação.
[973]
Grosso modo, constitui a obrigação de responder pelas ações
próprias ou dos outros. Nesse mesmo sentido, RENÉ SAVATIER,
por sua vez, define responsabilidade como a obrigação que pode
incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato
próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam.[974] A
nosso ver, RENÉ SAVATIER foi, certamente, muito feliz e preciso
em sua definição de responsabilidade.
Ainda assim, admite-se, em princípio, que um dos
pressupostos do dever de indenizar venha a ser a culpa do
responsável pelo dano, seja ela em grau leve ou levíssimo, se bem
que, como vimos, o dever de reparar o dano não está circunscrito ao
conceito de culpa, ou de procedimento contrário à lei, estendendo-
se a qualquer comportamento a latere (ao lado) da virtude, do bem,
da indulgência e dos bons costumes em geral, predicados que
alicerçam as bases do estado social em que vivemos. E tal se dá
porque o que importa é a reparabilidade, isto é, a satisfação do dano
material ou moral.[975] Por isso é que se diz que o dever de indenizar
não se restringe à configuração do ilícito civil, porque o dano
causado a alguém pode ser reparado por determinação legal, sem
que a pessoa obrigada a repará-lo tenha cometido, em sentido
estrito, ato ilícito. Esta consideração é fundamental para se
compreender com exatidão a teoria da responsabilidade civil,
especialmente a chamada responsabilidade objetiva ou indireta, a
qual nada mais é do que a responsabilidade oriunda da
antijuridicidade objetiva.[976]
De qualquer forma, o problema maior é saber quando
alguém deve ser indenizado, em que condições e de que maneira.
Vale lembrar que a responsabilidade penal e a
responsabilidade civil tomam caminhos opostos. É certo que, tanto
na responsabilidade penal como na civil, podemos encontrar a
infração ligada a um dever por parte do agente como causa
fundamental. Todavia, enquanto a responsabilidade penal se
preocupa mais em punir a pessoa do delinquente, a
responsabilidade civil reserva sua atenção para o dano causado;
tem, pois, a finalidade de satisfazer a necessidade de ressarcimento
dos prejuízos sofridos e de equilíbrio patrimonial e espiritual. Em
outras palavras, a responsabilidade penal decorre do chamado
delito penal, que consiste na violação de preceito instituído em
defesa da sociedade e que é reprimida pela pena, enquanto a
responsabilidade civil decorre do chamado delito civil (ato ilícito),
que consiste na infração de norma de tutela de interesse privado.
Acrescenta ORLANDO GOMES que, no caso de delito civil, a
sanção imposta ao transgressor visa a restituir a integridade do
direito lesado, consistindo no dever de reparar o dano causado.[977]

“RESPONSABILIDADE CIVIL. INDEPENDÊNCIA DE


ILÍCITO PENAL. O direito penal exige, para aplicar
suas sanções, a integração de condições mais
rigorosas, e, além disso, compreendidas em padrões
taxativos – nulla poena sine lege. São essas condições
examinadas com maior prudência e até – por que não
dizê-lo? – com parti pris pelo acusado, dado o princípio
de presumi-lo inocente. É natural que assim aconteça,
porque a sanção penal atinge a liberdade e a honra do
indivíduo. O direito civil já parte de pressupostos
diversos. Considera precipuamente o dano, e aquele
estado de espírito apriorístico se volta em favor da
vítima do prejuízo. A decisão proferida só atinge o
patrimônio do responsável, no mesmo passo que
protege a vítima, podendo, pois, ter eficácia em bases
muito mais amplas. Não quer isso dizer que o
patrimônio não seja digno de proteção. O que faz certo
é que o direito não lhe atribui tanto apreço como o que
concede à liberdade, à vida e à honra. É preciso
observar, depois disso, que ser um fato previsto como
crime é apenas confirmação de sua ilicitude. Em outros
termos, não há necessidade de se apresentar o
elemento criminal em um fato para que se possa admitir
como ilícito civil aquela circunstância; no que interessa
à reparação do dano, só tem efeito confirmador,
robustecedor, possibilitando, ao lado da ação civil, o
exercício da ação penal. O direito à reparação é
consequência imediata e direta da verificação do dano”.
[978]

Esclarece o professor catedrático de Direito Civil da


Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, SILVIO
RODRIGUES, que, no caso de crime, o delinquente perturba a
ordem social; por conseguinte, seu ato provoca uma reação do
ordenamento jurídico, que não pode se compadecer com uma
atitude individual dessa ordem. A reação da sociedade é
representada pela pena. É, pois, indiferente para a sociedade a
existência ou não de prejuízo experimentado pela vítima. Porém, no
caso de ilícito civil, ao contrário, o interesse diretamente lesado em
vez de ser o interesse público é o privado. O ato do agente pode
não ter infringido norma de ordem pública; não obstante, como seu
procedimento causou dano a alguma pessoa, o causador do dano
deve repará-lo. A reação da sociedade é representada pela
indenização a ser exigida pela vítima do agente causador do dano.
Todavia, como a matéria é de interesse apenas do prejudicado, se
este se resignar a sofrer o prejuízo e se mantiver inerte, nenhuma
consequência advirá para o agente causador do dano.[979]
No mesmo sentido GABRIEL MARTY e PIERRE RAYNAUD
mencionam que a distinção chega a uma oposição clássica que
pode ser resumida da seguinte maneira: “a repressão penal
organizada pelo Estado no interesse social visa à punição dos atos
repreensíveis pelo pronunciamento de uma pena. Ao contrário, a
responsabilidade civil, organizada em função do interesse particular
da vítima de perdas e danos, visa à reparação desse prejuízo em
proveito da pessoa lesada”.[980]
Por sinal, as hipóteses de atos ilícitos, que não se acham
sob a sanção do direito penal (delito exclusivamente civil) são
inúmeras e, muitas vezes, de difícil caracterização. Por isso, alerta
CLÓVIS BEVILÁQUA que “cabe ao juiz, apreciando os casos
emergentes, por seus móveis, pelas circunstâncias que os
acompanham, pelo alcance que tiveram, decidir se, realmente, o
ato, que lhe é apresentado, deve ser classificado entre os ilícitos”.
[981]
Acrescenta SILVIO RODRIGUES que é possível, entretanto,
que o ato ilícito, pela sua gravidade e suas consequências,
repercuta tanto na ordem civil como na penal. De um lado porque
ele infringe norma de direito público, constituindo crime ou
contravenção; de outro, porque acarreta prejuízo a terceiro. Neste
caso haverá uma dupla reação do ordenamento jurídico, impondo a
pena ao delinquente, e acolhendo o pedido de indenização
formulado pela vítima. Assim, por exemplo, em caso de homicídio. O
assassino, no campo penal, será condenado à pena corporal
constante do art. 121 do Código Penal, o qual estabelece que para o
crime de matar alguém a pena é a reclusão de seis a vinte anos. E
na órbita civil poderá ser condenado a reparar o prejuízo
experimentado pela família da vítima, que consistirá no pagamento
das despesas com o tratamento daquele, seu funeral e luto da
família, bem como na prestação de alimentos às pessoas a quem o
defunto os devia,[982] conforme prescrito no art. 1.537 do Código Civil
de 1916, o qual dispunha que “a indenização, no caso de homicídio,
consiste: I- no pagamento das despesas com o tratamento da
vítima, seu funeral e o luto da família; II- na prestação de alimentos
às pessoas a quem o defunto os devia”, bem como no art. 948 do
Código Civil de 2002, o qual prescreve que “no caso de homicídio, a
indenização consiste, sem excluir outras reparações: I- no
pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e
o luto da família; II- na prestação de alimentos às pessoas a quem o
morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima”. Inclusive a súmula 490 do Supremo Tribunal Federal – STF
estipula que “a pensão correspondente à indenização oriunda de
responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário
mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às alterações
ulteriores”.
A esse respeito CLÓVIS BEVILÁQUA também acrescenta
que os crimes e as contravenções estão incluídos entre os atos
ilícitos. Eles podem determinar uma consequência dupla,
repercutindo no direito penal e no direito civil, acarretando a
aplicação da pena e a satisfação do dano. O inciso I do art. 91 do
Código Penal brasileiro estabelece que a condenação produzirá a
obrigação de indenizar o dano resultante do crime.[983] Inclusive,
houve tempo em que a pena pecuniária foi larga e
preponderantemente aplicada. Assim é que o fredus e o Wehrgeld,
que eram espécies de pena pecuniária, tiveram aplicação à massa
geral dos crimes. Todavia, hoje, a pena está circunscrita às multas e
às indenizações, que aparecem nos atuais sistemas penais, como
uma parte complementar e acessória.[984] Mas há quem pense, como
SPENCER VAMPRÉ, que, na satisfação do dano causado pelo
crime, se ache o único meio repressivo racionalmente aplicável.[985]
A indenização do mal causado será regulada pelo direito civil
(arts. 1.518 e ss do Código Civil de 1916 e arts. 942 e segs. do
Código Civil de 2002), conforme mencionado no próprio inciso I do
art. 91 do Código Penal e, para garanti-la, concedia o inciso VI do
art. 827 do Código Civil de 1916[986] e atualmente concede o inciso
III do art. 1489 do Código Civil de 2002,[987] a hipoteca legal sobre
os imóveis do criminoso, em favor do ofendido ou seus herdeiros.
Esta ação, para pedir reparação dos danos (ação de
responsabilidade civil) cometidos por delinquente, a nosso ver,
prescrevia em 20 (vinte) anos, a contar do dia em que poderia ter
sido proposta, conforme estava previsto no art. 177 do Código Civil
de 1916,[988] mas reduzindo-se este prazo para 10 (dez) anos,
quando da vigência do art. 205 do Código Civil de 2002.[989] Todavia,
a prescrição vintenária do Código Civil de 1916 não se aplica a
todos os casos de reparação de dano. A jurisprudência dominante
tem entendido que o direito de ação de reparação de danos contra a
Fazenda Pública prescreve em 5 (cinco) anos, entre a ocorrência do
fato danoso e o ajuizamento do feito, em face da aplicação do art.
1.º do Decreto n° 20.910, de 06.01.1932,[990] bem como, em
virtude de a ação de responsabilidade civil por danos nucleares,
prescrever, conforme o caso, em 10 (dez) ou 20 (vinte) anos, em
face da aplicação do art. 12 da Lei n° 6.453, de 17.10.1977, que
dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a
responsabilidade criminal por atos relacionados com atividade
nucleares.[991]

“SENTENÇA CONDENATÓRIA CRIMINAL. Preposto.


Força executória no cível. Necessidade de demanda
contra o preponente. Prova emprestada. Dano estético.
Morte de filho menor que não exerça atividade lucrativa.
Indenização. Ação pessoal. Prescrição. A indenização
por danos materiais decorrentes de ato ilícito tem a
prescrição regulada pelo art. 177 do Código Civil (ação
pessoal) e não pelo art. 178, § 10, I, que trata da ação
de alimentos”.[992]

“DANO. Responsabilidade extracontratual. Prescrição.


Ato de motorista do caminhão de antiga autarquia. O
ressarcimento do dano nascido da responsabilidade
extracontratual não tem natureza alimentar, sendo,
portanto, prescritível. Se assim é, nenhum o direito do
apelado, ante a arguição da prescrição da Fazenda
Pública, de inarredável acolhimento, face ao transcurso
de mais de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato
danoso e o ajuizamento deste feito”.[993]

8.1.2 Noções de responsabilidade ambiental

A responsabilidade por danos causados ao meio ambiente,


ou simplesmente “responsabilidade ambiental”, diz respeito à
obrigação de determinada pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, responder por um fato ou ato omissivo ou
comissivo que causa dano ou lesão ao meio ambiente e reparar tal
dano de maneira in natura ou pecuniária.
A responsabilização das pessoas que causam danos
ambientais foi reconhecida no início dos anos 70, durante a I
Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
realizada pela Organização das Nações Unidas, em Estocolmo, de 5
a 16 de junho de 1972. Desta Conferência resultou o Princípio 4 da
denominada “Declaração sobre o Ambiente Humano”, emanada da
Assembléia Geral das Nações Unidas, no qual enuncia-se que “o
homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar
judiciosamente o patrimônio representado pela flora e fauna
silvestres, bem assim o seu habitat, que se encontram atualmente
em grave perigo, por uma combinação de fatores adversos. Em
consequência, ao planificar o desenvolvimento econômico, deve ser
atribuída importância à conservação da natureza, incluídas a flora e
a fauna silvestres”.
A aprovação de tal Declaração significa que os
representantes dos diversos países participantes da I Conferência
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento reconheceram
expressamente que a preservação e o cuidado com o meio
ambiente e a manutenção do equilíbrio ecológico são obrigações de
todos e de cada um. Portanto, sempre que não cumprida esta
obrigação, deve surgir o fenômeno da responsabilidade ambiental
especial, em suas diversas modalidades e com os efeitos que lhe
são inerentes. Segundo FRANCISCO JOSÉ MARQUES SAMPAIO,
houve um reconhecimento internacional no sentido de que a
responsabilização das pessoas que causam danos ou lesões ao
meio ambiente é um dos mais importantes instrumentos de
compatibilização das necessidades e atividades humanas com a
manutenção eficaz do equilíbrio ecológico, a conservação da
natureza e dos recursos naturais renováveis e não renováveis, bem
como com a preservação da saúde das populações.[994]
Posteriormente, mais exatamente em 1983, a Assembléia
Geral das Nações Unidas solicitou à Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento a realização de “uma agenda global
para mudança”, com vista a conhecer e enumerar os problemas que
afligem a humanidade em relação à degradação ambiental
progressiva por que passa o nosso planeta, suas graves
consequências de ordem econômica e social, como a miséria de
crescentes segmentos da população mundial, bem como apresentar
alternativas e propostas para o melhor equacionamento e a solução
futura desses problemas em escala mundial. De fato, por conta
deste trabalho aconteceram várias reuniões, sendo a primeira em
outubro de 1984 e a última em outubro de 1987, ocasião em que se
publicou o relatório final da Comissão. Este relatório final tomou a
denominação oficial de “Súmula dos princípios legais propostos para
a proteção ambiental e ao desenvolvimento sustentável adotados
pelo grupo de especialistas em Direito Ambiental da Comissão
Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU”, cujo art.
11, que trata da “Responsabilidade Estrita”, recomenda que “os
Estados devem tomar todas as medidas de precaução razoáveis
para limitar os riscos ao exercerem ou autorizarem certas atividades
perigosas mas benéficas. Devem também garantir a devida
indenização no caso de ocorrerem danos consideráveis além-
fronteiras, mesmo que se desconhecesse a periculosidade das
atividades à época em que foram iniciadas”.
Certamente influenciado por esta tendência dos organismos
internacionais, o legislador ordinário brasileiro editou o art. 14 da Lei
6.938, de 31.08.1981, cujo caput determina que, “sem prejuízo das
penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal,
o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da
qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I- à multa simples
ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no
máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
– ORTN’s, agravada em casos de reincidência específica, conforme
dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já
tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos
municípios; II- à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais
concedidos pelo poder público; III- à perda ou suspensão de
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos
oficiais de crédito; IV- à suspensão de sua atividade”. Além disso, o
§ 1.º deste artigo prescreve que, “sem obstar a aplicação das
penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar
os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal,
por danos causados ao meio ambiente”. O § 2.º, por sua vez,
menciona que, “no caso de omissão da autoridade estadual ou
municipal, caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das
penalidades pecuniárias previstas neste artigo”. E o § 3.º estabelece
que, “nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato
declaratório da perda, restrição ou suspensão será atribuição da
autoridade administrativa ou financeira que concedeu os benefícios,
incentivos ou financiamento, cumprindo resolução do CONAMA”.
Como se vê, a principal novidade deste texto legal é a
determinação no sentido de que a responsabilidade ambiental deve
ser objetiva, ou seja, independentemente de culpa, obviamente
desde que seus atos ou sua atividade causem danos ao meio
ambiente e a terceiros. Em outras palavras, a responsabilidade
ambiental é do tipo objetiva, bastando comprovar o nexo de
causalidade entre o autor e o dano causado ao meio ambiente ou a
terceiros, para que surja a obrigação de reparação dos prejuízos.
Além disso, o causador do dano ambiental responde indireta ou
objetivamente também por atos de pessoas, que estão sob sua
guarda, autoridade e direção, conforme prescreve a legislação civil
(responsabilidade por risco).

“MEIO AMBIENTE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POLUIÇÃO


DE CÓRREGO: RESÍDUOS LÍQUIDOS DE VINHOTO.
DANOS GRAVES A ICTIOFAUNA. AÇÃO
PROCEDENTE. APELAÇÃO IMPROVIDA. (1) A
vinhaça ou vinhoto produzido pela destilação do álcool,
quando depositada em leito do rio, sofre ação
bacteriológica, provocando decomposição por meio de
bactérias aeróbias cujos efeitos alteram o equilíbrio
ecológico, causando sérios prejuízos à vida aquática,
devendo a empresa causadora dos danos daí
decorrentes ser responsabilizada civilmente. (2)
Comprovada a lesão ao meio ambiente e à ictiofauna,
inclusive pela morte de milhares de peixes, em razão
da atividade poluente exercida pela fabricante de
álcool, a sua responsabilidade civil é patente, eis que
objetiva, desnecessário sendo tecer quaisquer
considerações acerca do caráter culposo dos atos
causadores do dano ambiental. Apelo improvido”.[995]

“INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS


CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE. ALEGADA
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO.
INADMISSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DA
ATIVIDADE POLUIDORA DA APELANTE. DESPEJOS
INDUSTRIAIS E DOMÉSTICOS LANÇADOS IN
NATURA AO CÓRREGO. COMPROVAÇÃO DE QUE A
MORTE DOS PEIXES FOI CAUSADA PELA
ELEVAÇÃO DO PH DA ÁGUA OCASIONADA PELOS
DESPEJOS DA REQUERIDA. RÉ, ADEMAIS, QUE
ERA A ÚNICA FONTE CAPAZ DE ELEVAR O PH DA
ÁGUA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RÉ,
FIRMADA NO ARTIGO 14, PARÁGRAFO 1.º DA LEI
6.938/81. RECURSO NÃO PROVIDO. Independe da
existência de culpa o dever de indenizar decorrente de
responsabilidade objetiva firmada no parágrafo 1.º do
artigo 14 da Lei 6.938/81”.[996]

Todavia, a nosso ver, isto não quer dizer que a


responsabilidade ambiental gera a presunção generalizada do dever
de indenizar, ou seja, não importa quais circunstâncias em que
ocorreu o dano ao meio ambiente e a terceiros, havendo qualquer
vínculo entre o dano e determinada pessoa ou entre o dano, o ato
do preposto, empregado ou representante e o responsável, é
indiscutível o dever de indenizar. Da mesma forma que sustentamos
no início deste capítulo, mesmo na responsabilidade ambiental, uma
vez estabelecida a presunção de culpa, o responsável pode,
perfeitamente, exonerar-se do dever de indenizar quando o dano
provém de caso fortuito (acontecimento decorrente de fatos
extraordinários da natureza, como a inundação), força maior
(acontecimento que resulta diretamente da ação ou omissão do
homem, mas, embora previsível, não pode ser evitado, como por
exemplo, a guerra, a greve etc.) ou fato de terceiro (acontecimento
resultante da ação desempenhada por outrem, que não esteja sob a
guarda, a autoridade ou a direção do inicialmente responsabilizado).
Nesse mesmo sentido HUGO NIGRO MAZZILLI opina que,
em regra, tanto caso fortuito como força maior podem excluir a
responsabilidade, fundada ou não na culpa, até porque podem
eliminar o nexo causal entre a ação ou omissão de quem se
pretende responsabilizar e o resultado lesivo independente. Afigure-
se um raio que provoque um incêndio em floresta natural: como
responsabilizar pelo dano o proprietário do imóvel?[997] Entretanto,
segundo ele, certas atividades de risco supõem responsabilidade de
quem as explora, mesmo no caso de força maior ou de caso fortuito.
Para ele, ainda que a indústria tenha tomado todas as precauções
para evitar acidentes danosos ao meio ambiente, se mesmo assim o
dano ocorre por caso fortuito ou força maior, pelo simples fato de
existir a atividade há o dever de indenizar.[998]
A respeito da responsabilidade objetiva adotada pelo
legislador ambiental brasileiro, PAULO DE BESSA ANTUNES
informa que nem todos os países adotam o sistema de
responsabilização ambiental indireta. Segundo ele, neste particular,
a legislação brasileira está muito mais adiantada do que a de
diversos países europeus. Na verdade, a responsabilidade por
danos causados ao meio ambiente, em muitos países europeus, por
exemplo, está fundada na culpa, sendo, portanto, subjetiva ou
direta.[999]
Repetindo o conteúdo da legislação ordinária anterior, o
legislador constituinte de 1988 fez inserir no texto constitucional a
responsabilização das pessoas causadoras de lesões ao meio
ambiente, quando dispõe no § 3.º do art. 225, que “as condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos”. Portanto, o legislador constituinte estendeu a
responsabilidade ambiental tanto às pessoas físicas como às
pessoas jurídicas. E, além disso, desdobrou em 3 (três) esferas tal
responsabilização: a) a administrativa (responsabilidade
administrativa); b) a penal (responsabilidade penal); e c) a civil
(responsabilidade civil).
Na década seguinte, durante a realização da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio
de Janeiro, em 1992, foi elaborada e aprovada a “Declaração do Rio
de Janeiro”, cujo Princípio 13 recomenda que cada Estado deverá
estabelecer sua legislação nacional no tocante a responsabilidades
e indenizações de vítimas da poluição e de outras formas de
agressão ao meio ambiente. Além disso, os Estados deverão
cooperar na busca de uma forma expedita e mais determinada de
desenvolver a legislação internacional adicional referente a
responsabilidades e indenizações por efeitos adversos de dano
ambiental causado por atividades dentro de sua jurisdição ou
controle a áreas fora de sua jurisdição.
É importante mencionar ainda que a competência para
estabelecer normas gerais a respeito de responsabilidade por dano
ao meio ambiente é da União Federal, ficando a cargo dos Estados,
do Distrito Federal e dos municípios apenas as providências
suplementares.

8.2 RESPONSABILIDADE
ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
A responsabilidade administrativa ambiental, na opinião de
JOSÉ AFONSO DA SILVA, resulta da infração ambiental a normas
administrativas, sujeitando-se o infrator a uma sanção de natureza
também administrativa.[1000] Lembrando que, por força do caput do
art. 70 da Lei n° 9.605, de 12.02.1999, e do art. 1.º do Decreto n°
6.514, de 22.07.2008, considera-se infração administrativa
ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. A
responsabilidade administrativa ambiental é imputada, a nosso ver,
pelo poder administrativo ambiental (faculdade para condicionar e
restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em
benefício do meio ambiente, dos recursos naturais, da coletividade
ou do próprio Estado) exercido pela administração pública (federal,
distrital, estadual ou municipal), por meio dos seus órgãos
ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente –
SISNAMA. De maneira que, qualquer pessoa, constatando infração
ambiental, poderá dirigir representação às autoridades ambientais,
para efeito do exercício do seu poder de polícia administrativa
ambiental (§ 2.º do art. 70 da Lei n° 9.605, de 12.02.1999).
Destaca-se que a responsabilidade administrativa ambiental
do infrator, quando indevidamente tolerada, implica em co-
responsabilidade da autoridade ambiental que dela tiver
conhecimento e não venha promover a sua apuração imediata,
mediante processo administrativo ambiental próprio (§ 3.º do art.
70). Aliás, todas as infrações ambientais devem ser apuradas em
processo administrativo próprio, pelos agentes que exercem o poder
de polícia administrativa ambiental, assegurando-se o direito de
ampla defesa do infrator e o contraditório (§ 4.º do art. 70).
Em relação à tramitação do processo administrativo para
apuração de infração ambiental, devem ser observados os
seguintes prazos máximos (art. 71 da Lei n° 9.605, de 12.02.1999):
a) 20 (vinte) dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação
contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;
b) 30 (trinta) dias para a autoridade competente julgar o auto de
infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a
defesa ou impugnação; c) 20 (vinte) dias para o infrator recorrer da
decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do
Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; e d) 5
(cinco) dias para o pagamento de multa, contados da data do
recebimento da notificação.
Vale acrescentar que as infrações administrativas ambientais
e as respectivas sanções administrativas devem, obrigatoriamente,
estar previstas em lei, para que o infrator possa ser
responsabilizado e penalizado com tal ônus. Todavia, admite-se
que, em alguns casos, as infrações ambientais e as sanções
administrativas correspondentes possa vir especificada em
regulamentos. Sendo legitima a decisão que impõe uma sanção
administrativa ambiental, prescinde aquela de ordem judicial para
ser executada. Por isso mesmo, fica aumentada substancialmente a
responsabilidade das autoridades ambientais no caso de omissão
na aplicação de sanções administrativas.
Conforme previsto no caput do art. 72 da Lei n° 9.605, de
12.02.1999, as infrações administrativas ambientais são punidas
com as seguintes sanções administrativas: a) advertência (a
advertência deve ser aplicada pela inobservância da legislação
ambiental em vigor ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo
das demais sanções administrativas); b) multa simples (a multa
simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente); acrescenta-se que a
multa simples deve ser aplicada sempre que o agente, por
negligência ou dolo (§ 4.º do art. 72): i) advertido por irregularidades
que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado
por órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; ii)
opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do
Ministério da Marinha; c) multa diária (a multa diária deve ser
aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no
tempo, até a sua efetiva cessação ou regularização da situação
mediante a celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de
reparação de dano ou, simplesmente, “termo de compromisso”[1001]
(§ 5.º do art. 72 da Lei n° 9.605, de 12.02.1999, e inciso III do art.
3.º do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008); d) apreensão dos animais,
produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na
infração (os animais, produtos, subprodutos, instrumentos,
petrechos, equipamentos, veículos e embarcações de pesca, objeto
de infração administrativa devem ser apreendidos, lavrando-se os
respectivos autos de infração e termo de apreensão); os animais
apreendidos devem ter a seguinte destinação: i) libertados em seu
habitat natural, após verificação da sua adaptação às condições de
vida silvestre; ii) entregues a jardins zoológicos, fundações
ambientalistas ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a
responsabilidade de técnicos habilitados; iii) na impossibilidade de
atendimento imediato das condições previstas nas alíneas
anteriores, o órgão ambiental autuante pode confiar os animais a
algum fiel depositário, na forma dos arts. 1.265 a 1.287 do Código
Civil de 1916 e arts. 627 a 652 do Código Civil de 2002, até
implementação dos termos antes mencionados; os produtos e
subprodutos perecíveis ou madeira apreendidos pela fiscalização
devem ser avaliados e doados pela autoridade competente às
instituições científicas, hospitalares, penais, militares, públicas e
outras com fins beneficentes, bem como às comunidades carentes,
lavrando-se os respectivos termos; os produtos e subprodutos da
fauna não perecíveis devem ser doados a instituições científicas,
culturais ou educacionais;[1002] é proibida a transferência a terceiros,
a qualquer título, dos animais, produtos, subprodutos, instrumentos,
petrechos, equipamentos, veículos e embarcações de pesca,
entregues, doados ou confiados a título de depósito, salvo na
hipótese de autorização da autoridade competente; os
equipamentos, os petrechos e os demais instrumentos utilizados na
prática da infração devem ser vendidos pelo órgão responsável pela
apreensão, garantida a sua descaracterização por meio da
reciclagem; caso os instrumentos a que se refere o inciso anterior
tenham utilidade para uso nas atividades dos órgãos ambientais e
de entidades científicas, culturais, educacionais, hospitalares,
penais, militares, públicas e outras entidades com fins beneficentes,
serão doados a estas, após prévia avaliação do órgão responsável
pela apreensão – art. 72, combinado com o caput e §§ 1.º, 2.º, 3.º e
4.º do art. 25, ambos da Lei n° 9.605, de 12.02.1999, bem como
inciso IV do art. 3.º do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008); e)
destruição ou inutilização do produto (verificada a infração, devem
ser apreendidas tais produtos e instrumentos, lavrando-se os
respectivos autos; somente podem ser objeto de tal sanção os
produtos e subprodutos da fauna não perecíveis, que devem ser
destruídos; tratando-se de apreensão de substância ou produtos
tóxicos, perigosos ou nocivos à saúde humana ou ao meio
ambiente, as medidas a serem adotadas, seja destinação final ou
destruição, devem ser determinados pelo órgão competente e
correm às expensas do infrator; os instrumentos utilizados na prática
da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por
meio da reciclagem; caso os instrumentos a que se refere o inciso
anterior tenham utilidade para uso nas atividades dos órgãos
ambientais e de entidades científicas, culturais, educacionais,
hospitalares, penais, militares, públicas e outras entidades com fins
beneficentes, serão doados a estas, após prévia avaliação do órgão
responsável pela apreensão – art. 72, combinado com o caput e §§
3.º e 4.º do art. 25, ambos da Lei n° 9.605, de 12.02.1999, bem
como inciso V do art. 3.º do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008); f)
suspensão de venda e fabricação do produto (tal sanção deve ser
aplicada quando o produto não estiver obedecendo às prescrições
legais ou regulamentares – § 7.º do art. 72); g) embargo de obra ou
atividade (tal sanção deve ser aplicada quando a obra ou a atividade
não estiver obedecendo às prescrições legais ou regulamentares –
§ 7.º do art. 72); h) demolição de obra (tal sanção deve ser aplicada
quando a obra não estiver obedecendo às prescrições legais ou
regulamentares – § 7.º do art. 72; a determinação da demolição
deve ser de competência da autoridade do órgão ambiental
integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, a
partir da efetiva constatação pelo agente autuante da gravidade do
dano decorrente da infração – inciso VIII do art. 3.º do Decreto n°
6.514, de 22.07.2008); i) suspensão parcial ou total de atividades
(tal sanção deve ser aplicada quando a atividade não estiver
obedecendo às prescrições legais ou regulamentares – § 7.º do art.
72); j) restritiva de direitos (as sanções administrativas ambientais
restritivas de direito são: 1. suspensão de registro, licença ou
autorização; 2. cancelamento de registro, licença ou autorização; 3.
perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 4. perda ou
suspensão da participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito; 5. proibição de contratar com a
administração pública, pelo período de até três anos – § 8.º do art.
72).
Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais
infrações, devem ser aplicadas, cumulativamente, as sanções
administrativas ambientais a elas cominadas (§ 1.º do art. 72).
Em relação à multa, lembramos que ela tem por base a
unidade, hectare, metro cúbico, quilograma, metro de carvão-mdc,
estéreo, metro quadrado, dúzia, estipe, cento, milheiros ou outra
medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado. O órgão
ou entidade ambiental pode especificar a unidade de medida
aplicável para cada espécie de recurso ambiental objeto da infração
(art. 8° do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008). Por sinal, o valor da
referida multa deve ser corrigido, periodicamente, com base nos
índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de
R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00
(cinquenta milhões de reais). Tal multa diária deve ser aplicada
sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo. Uma
vez constatada a situação prevista no caput, o agente autuante deve
lavrar auto de infração, indicando, além dos requisitos constantes do
art. 97 do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008, o valor da multa-dia, o
qual deve ser fixado de acordo com os critérios estabelecidos no do
Decreto n° 6.514, de 22.07.2008, não podendo ser inferior ao
mínimo estabelecido no seu art. 9° nem superior a 10 (dez) por
cento do valor da multa simples máxima cominada para a infração.
Seja como for, uma vez lavrado o auto de infração, deve ser aberto
prazo de defesa. Todavia, a multa diária deixa de ser aplicada a
partir da data em que o autuado apresentar ao órgão ambiental
documentos que comprovem a regularização da situação que deu
causa à lavratura do auto de infração. Caso o agente autuante ou a
autoridade competente verifique que a situação que deu causa à
lavratura do auto de infração não foi regularizada, a multa diária
deve voltar a ser imposta desde a data em que deixou de ser
aplicada, sendo notificado o autuado, sem prejuízo da adoção de
outras sanções previstas no referido Decreto. Por ocasião do
julgamento do auto de infração, a autoridade ambiental deve, em
caso de procedência da autuação, confirmar ou modificar o valor da
multa-dia, decidir o período de sua aplicação e consolidar o
montante devido pelo autuado para posterior execução. Ademais, o
valor da multa deve ser consolidado e executado periodicamente
após o julgamento final, nos casos em que a infração não tenha
cessado. No entanto, a celebração de termo de compromisso de
reparação ou cessação dos danos encerra a contagem da multa
diária (art. 8° do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008, com as
modificações e acréscimos determinados pelo Decreto n° 6.686, de
10.12.2008).
Outrossim, no caso de cometimento de nova infração
ambiental pelo mesmo infrator, no período de 5 (cinco) anos,
contados da lavratura de auto de infração anterior devidamente
confirmado no julgamento de que trata o art. 124 do Decreto n°
6.514, de 22.07.2008, implica: I- aplicação da multa em triplo, no
caso de cometimento da mesma infração; ou II- aplicação da multa
em dobro, no caso de cometimento de infração distinta. O
agravamento será apurado no procedimento da nova infração, do
qual se deve fazer constar, por cópia, o auto de infração anterior e o
julgamento que o confirmou. Antes do julgamento da nova infração,
a autoridade ambiental deve verificar a existência de auto de
infração anterior confirmado em julgamento, para fins de aplicação
do agravamento da nova penalidade. Após o julgamento da nova
infração, não deve ser efetuado o agravamento da penalidade (mas
isto não se aplica para fins de majoração do valor da multa,
conforme previsão contida nos arts. 123 e 129, ambos do Decreto n°
6.514, de 22.07.2008). Uma vez constatada a existência de auto de
infração anteriormente confirmado em julgamento, a autoridade
ambiental deve: I- agravar a pena; II- notificar o autuado para que se
manifeste sobre o agravamento da penalidade no prazo de 10 (dez)
dias; e III- julgar a nova infração considerando o agravamento da
penalidade (art. 11 do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008, com as
modificações e acréscimos determinados pelo Decreto n° 6.686, de
10.12.2008).
Ainda em relação às multas, o pagamento de multa por
infração ambiental imposta pelos Estados, Municípios, Distrito
Federal ou Territórios substitui a aplicação de penalidade pecuniária
pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato, respeitados os
limites estabelecidos no Decreto n° 6.514, de 22.07.2008. Somente
o efetivo pagamento da multa deve ser considerado para efeito da
referida substituição, não sendo admitida para esta finalidade a
celebração de termo de compromisso de ajustamento de conduta ou
outra forma de compromisso de regularização da infração ou
composição de dano, salvo se deste também participar o órgão
ambiental federal (art. 12 do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008, com
as modificações e acréscimos determinados pelo Decreto n° 6.686,
de 10.12.2008).
Ademais, lembramos que, conforme dispõe o art. 73 da Lei
n° 9.605, de 12.02.1999, os valores arrecadados em pagamento de
multas por infração ambiental devem ser revertidos: 1) ao Fundo
Nacional do Meio Ambiente – FNMA, criado pela Lei n° 7.797, de
10.07.1989 (20% dos valores arrecadados em pagamento de multas
aplicadas pelo órgão ambiental federal, podendo o referido
percentual ser alterado, a critério dos órgãos arrecadadores – art. 13
do Decreto n° 6.514, de 22.07.2008); 2) Fundo Naval, criado pelo
Decreto n° 20.923, de 08.01.1932; 3) fundos estaduais ou
municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o
órgão arrecadador.
Tais multas devem ter por base a unidade, hectare, metro
cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o
objeto jurídico lesado (art. 74 da Lei n° 9.605, de 12.02.1999). Além
disso, os valores das multas encontram-se fixados no Decreto n°
6.514, de 22.07.2008, que dispõe sobre a especificação das
sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, ao regulamentar a Lei n° 9.605, de 12.02.1999, e devem
ser corrigidos periodicamente, com base nos índices estabelecidos
na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta
reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais)
– art. 75 da Lei n° 9.605, de 12.02.1999. Por fim, o pagamento de
multas impostas pelos Estados, municípios, Distrito Federal substitui
a aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em
decorrência do mesmo fato, respeitado os limites estabelecidos em
lei (art. 76 da Lei n° 9.605, de 12.02.1999).

8.3 RESPONSABILIDADE PENAL


AMBIENTAL
A responsabilidade penal, de um modo geral, ocorre quando
alguém comete um crime (violação voluntária imputável, dolosa ou
culposa, da norma penal, por ação ou omissão) ou uma
contravenção penal (mínimo de ameaça ou de agressão, voluntária
ou culposa, ao direito ou à paz e convivências sociais, que o Estado
considera infração punível e sanciona com pena diversa da que
aplica às infrações mais graves, que são os crimes),[1003] ficando o
indivíduo infrator, conforme previsto no art. 32 a 52 do Código Penal,
sujeito à: 1) pena privativa de liberdade: a) detenção,[1004] que deve ser
cumprida em regime semi-aberto (execução da pena em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar) ou regime aberto (execução da pena
em casa de albergado ou estabelecimento adequado), salvo necessidade de
transferência a regime fechado (execução da pena em estabelecimento
de segurança máxima ou média); ou b) reclusão,[1005] que deve ser
cumprida em regime fechado, regime semi-aberto ou regime aberto,
conforme o caso; 2) pena restritiva de direitos: a) prestação
pecuniária; b) perda de bens e valores; c) prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas, tais como entidades
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou
estatais (tal prestação diz respeito à atribuição de tarefas gratuitas
ao condenado, conforme as suas aptidões, fixadas de modo a não
prejudicar a jornada normal de trabalho); d) interdição temporária de
direitos (tais como proibição do exercício de cargo, função ou
atividade pública, bem como de mandato eletivo; proibição do
exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo; e
proibição de frequentar determinados lugares); e) limitação de fim
de semana (obrigação de permanecer, aos sábados e domingos,
por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado); 3) pena pecuniária (multa).
A responsabilidade penal ambiental ocorre quando alguém,
de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes ambientais
previstos na Lei n° 9.605, de 12.02.1998, incide nas penas a estes
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor,
o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que,
sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
prática, quando podia agir para evitá-la (art. 2.º da Lei n° 9.605, de
12.02.1998).
A respeito dos delitos ambientais, ELIDA SÉGUIN esclarece
que, em matéria penal, o direito do meio ambiente e dos recursos
naturais andou a passos lentos, pois a gravidade da pena e a
incompreensão da importância do bem jurídico protegido faziam
com que a impunidade fosse a tônica, aplicando o magistrado o
princípio da insignificância.[1006] Segundo ela, os delitos ambientais
são pluriofensivos, justificando um tratamento especial para sua
punição que abandona as tradicionais penas restritivas de liberdade,
considerado que o perfil do delinquente ambiental é diferente,
tornando-o sensível a gravames à sua imagem. Durante muito
tempo os ambientalistas discutiram se as normas penais deveriam
ser inseridas no Código Penal ou serem em leis especiais. Todavia,
as autoridades legislativas preferiram aprovar mesmo uma lei
especial: a Lei de Crimes Ambientais. Inclusive, segundo ELIDA
SÉGUIN, esta lei especial vem sendo considerada divisor de águas,
em virtude das inovações que introduziu no ordenamento jurídico
ambiental. Atendendo ela boa parte das reivindicações dos
ambientalistas de sistematizar os crimes ambientais.

8.4 RESPONSABILIDADE CIVIL


AMBIENTAL
De um modo geral, a responsabilidade civil diz respeito à
obrigação imposta pela legislação civil ao infrator de reparar o
prejuízo causado por sua conduta ou atividade irregular, por meio de
indenização (no caso de dano material) ou compensação (no caso
de dano imaterial). Em outras palavras, significa a obrigação de
responder pelas ações próprias (responsabilidade civil por ato
próprio, subjetiva ou direta) ou dos outros (responsabilidade civil por
ato de terceiro, objetiva ou indireta), quando estas resultam em
dano, direto ou indireto, causado ao patrimônio material ou imaterial
de terceiros, voluntariamente, por imprudência, por negligência, por
imperícia ou, ainda, por falta de exação de dever funcional, e que
deve ser pronta e integralmente ressarcido. Acrescenta-se que a
responsabilidade civil pode ter como causa a atividade danosa do
poder público (responsabilidade civil pública) ou do particular
(responsabilidade civil privada).
A responsabilidade civil ambiental foi introduzida no
ordenamento ambiental brasileiro com a vigência do § 1.º do art. 14
da Lei n° 6.938, de 31.08.1981, o qual dispõe que “sem obstar a
aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados
por sua atividade. O Ministério Público da União Federal e dos
Estados tem legitimidade para propor ação de responsabilidade civil
e criminal, por danos causados ao meio ambiente”.
Posteriormente, o § 3.º do art. 225 da Constituição Federal
de 1988 também passou a tratar da responsabilidade civil ambiental,
ao prescrever, como vimos, que “as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
O Princípio 13 da Declaração do Rio, o qual resultou da
ECO-92, por sua vez, menciona que cada Estado deverá
estabelecer sua legislação nacional no tocante a responsabilidades
e indenizações de vítimas de poluição e de outras formas de
agressão ao meio ambiente. Além disso, os Estados deverão
cooperar na busca de uma forma expedita e mais determinada de
desenvolver a legislação internacional adicional referente a
responsabilidades e indenizações por efeitos adversos de dano
ambiental causado por atividade dentro de sua jurisdição ou controle
a áreas fora de sua jurisdição.
Vale mencionar que também em relação à responsabilidade
civil ambiental aplica-se a dualidade de teorias: a) a da
responsabilidade subjetiva; e b) a da responsabilidade objetiva.
Como vimos em outra oportunidade, na responsabilidade subjetiva a
vítima tem de provar a existência do nexo entre o dano ambiental e
a atividade danosa e, especialmente, a culpa do agente causador
deste dano, enquanto na responsabilidade objetiva é suficiente
apenas existir dano ambiental e nexo entre este e a fonte poluidora
ou degradadora. No mesmo sentido, ELIDA SÉGUIN explica que,
independentemente do aspecto subjetivo de seu proceder, o agente
poluidor responde pelas lesões ambientais que causou, bastando
para sua comprovação a indicação do autor, do nexo de causalidade
entre a ação lesiva e os resultados causados por esta, invertendo-se
também o ônus da prova.[1007]

“Para o reconhecimento da responsabilidade civil da


indústria poluente é irrelevante a circunstância de estar
ela funcionando com autorização das autoridades
municipais, ou o fato de nunca ter sofrido autuação dos
órgãos públicos encarregados do controle do meio
ambiente. Mesmo sem levar em conta a notória
deficiência dos serviços públicos, nesse particular,
forçoso é concluir que, demonstrada a relação de causa
e efeito entre a exagerada emissão de poluentes e os
danos experimentados pelo autor, emerge clara e
inafastável a responsabilidade civil a ré”.[1008]

Ainda sobre a responsabilidade civil ambiental objetiva, o


inciso XXIII do art. 21 da Constituição Federal de 1988 dispõe que
compete à União Federal explorar os serviços e instalações
nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda
atividade nuclear em território nacional somente será admitida para
fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob
regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de
radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas,
industriais e atividades análogas; e c) a responsabilidade civil por
danos nucleares independe da existência de culpa.
Já o § 6.º do art. 37 da Constituição Federal de 1988 trata de
responsabilidade civil ambiental objetiva do Estado e de suas
concessionárias de serviço público, ao determinar que “as pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

“Ação civil pública. Dano ambiental. Responsabilidade


objetiva. Responsabilidade solidária. Responsabilidade
civil do estado. Laudo parcial. Assistente técnico do
Estado. Art. 131. Art. 436. Procedência da Ação.
Demolição de Aterro”.[1009]

É evidente que o disposto no § 6.º do art. 37 da Constituição


aplica-se aos danos ambientais causados pelo Estado e as
concessionárias de serviços públicos. Inclusive, não é demais
consignar que eles são justamente os maiores degradadores do
meio ambiente, seja por suas ações seja por omissões em fiscalizar
as atividades potencialmente poluidoras. A esse respeito, ELIDA
SÉGUIN ensina que a responsabilidade estatal engloba a
assistência técnica, a divulgação de informação, os incentivos
fiscais ou de mercado, as linhas de crédito para indústrias
ecologicamente corretas, entre outras coisas, permitindo
compartilhar entre um número significativo de empresas o custo
empresarial. Segundo ela, frequentemente, a empresa trata de seus
resíduos líquidos e o Estado, por falta de equipamentos, mistura as
águas tratadas pelas indústrias com as águas servidas das
residências. A comunidade implanta serviço de coleta seletiva, para
reciclar materiais e o Estado ao recolher o lixo mistura o que havia
sido previamente separado. Em sua opinião, esses são exemplos de
uma omissão estatal que prejudica o meio ambiente e vitimiza o
empresariado, que é tratado como vilão ecológico.[1010]
Outrossim, a responsabilidade civil ambiental é aferida pelo
Poder Judiciário pelos meios processuais disponíveis, como a ação
civil pública, a ação popular ambiental, o mandato de segurança e
as medidas cautelares.
Por último, devemos citar um instituto que envolve a
responsabilidade civil ambiental que, se ainda não é utilizado no
Brasil, vem ganhando destaque em outros países: o seguro
ambiental ou pollution liability (seguro de responsabilidade civil por
poluição). Segundo ROBERTO DURÇO, tal espécie de seguro
guarda em si, de forma equilibrada, o atendimento das obrigações
reparatórias e indenizatórias de parte do agente poluidor, e ao
mesmo tempo possibilita, com as devidas correções, a continuidade
da atividade empresarial. De maneira que a finalidade principal do
seguro ambiental é justamente prevenir e pulverizar o risco de ser
responsabilidade por poluição. Informa, ainda, ROBERTO DURÇO
que existem 2 (dois) tipos de seguro ambiental (pollution liability): a)
o limited coverage form (que cobre apenas os danos corporais
materiais); e b) o coverage form (que abrange também os custos de
limpeza das regiões afetadas).[1011]
O seguro ambiental é adotado em vários países
desenvolvidos. Por exemplo, na França existe uma convenção de
co-seguro, a Assurpol, que cobre danos corporais, materiais,
imateriais e despesas com a defesa civil/penal e com a despoluição.
Na Holanda e na Inglaterra, o seguro ambiental somente cobre
danos ambientais decorrentes de evento súbito e inesperado, em
apólices de responsabilidade civil geral. A Alemanha, por sua vez,
não dispõe de seguro especial contra poluição ambiental, apenas os
de responsabilidade civil comum. Além disso, ROBERTO DURÇO
relata que, desde novembro de 1995, após o lançamento pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA da
declaração de Compromisso Ambiental para a Indústria de Seguros,
existe uma associação em formação, a qual já foi assinada por mais
de 70 (setenta) seguradoras de 25 (vinte e cinco) países.[1012]

8.5 DO DANO AMBIENTAL


8.5.1 Definição de dano

Na responsabilidade civil, crucial para a sociedade é a


existência ou não de prejuízo experimentado pela vítima. Portanto, o
dano é o principal elemento daqueles necessários à configuração da
responsabilidade civil. De fato, a unanimidade dos autores, entre
eles HENRI MAZEAUD e LÉON MAZEAUD, entende que não pode
haver responsabilidade civil sem a existência de um dano, e é
verdadeiro truísmo sustentar esse princípio, porque, resultando a
responsabilidade civil em obrigação de ressarcir, logicamente não
pode concretizar-se onde nada há que reparar.[1013] Ressalta-se que,
quando se fala em dano, o que se quer significar é o resultado da
lesão ou da injúria sobre o patrimônio moral ou material.
A propósito, lembramos que são pressupostos do ato ilícito:
a) a lesão de um direito personalíssimo; b) a lesão de um direito
real; e/ou c) a violação de um preceito legal de tutela de certos
interesses (injúria a todo e qualquer direito não derivado de
preexistente vínculo jurídico). A principal categoria dos direitos que
podem ser violados por ato ilícito é constituída pelos direitos
absolutos, que compreendem os direitos da personalidade e os
direitos reais, principalmente o de propriedade. Para ORLANDO
GOMES, entre os bens jurídicos, considerados objeto dos direitos
personalíssimos, enumeram-se a vida, a liberdade, a saúde e a
honra. Situam-se no mesmo plano, dentre outros, os direitos ao
nome, à própria imagem, ao crédito comercial. Também inclui-se
nessa espécie o trabalho, cuja lesão gera para o prejudicado a
pretensão de indenização. No âmbito do direito personalíssimo do
trabalho está compreendida a liberdade profissional e a liberdade de
iniciativa ou exercício de qualquer atividade industrial ou comercial.
Dentro dos direitos absolutos inclui-se o direito de propriedade, mas,
para que a violação configure ato ilícito, é preciso que seu objeto
seja unificado.[1014] Segundo HEDEMANN, do campo da ilicitude
excluem-se as situações que pressupõem a concorrência de
pretensões sobre a mesma coisa.[1015] Na verdade, nem toda lesão
ao direito de propriedade constitui, pois, ato ilícito, senão somente a
que cause dano à coisa objeto da propriedade, se não preexiste
relação jurídica entre o proprietário e quem a danificou. Assim,
exemplifica ORLANDO GOMES, que, se o condutor de um veículo
danifica outro por imperícia, comete ato ilícito consistente na lesão
causada no direito de propriedade da vítima, ficando obrigado a
reparar o prejuízo que causou. Para ele, os direitos reais limitados
(usufruto, uso, habitação etc.) também podem ser agredidos pela
conduta culposa de outrem.[1016]
Nem todos os autores definem lesão ou dano na mesma
amplitude e da mesma forma. Por exemplo, UGO ENRICO PAOLI
opina que o dano, em sentido jurídico, quer dizer “abolição ou
diminuição, mesmo parcial ou temporária, de um bem da vida”.
Todavia, quando UGO ENRICO PAOLI define o dano, cede à
concepção de dano ressarcível, uma vez que considera dano o
prejuízo real, ao passo que nega esse significado ao prejuízo
meramente espiritual.[1017] FRANCESCO CARNELUTTI mostra o seu
equívoco, definindo o dano como lesão de interesse. Mas explica
que o direito não se insurge contra toda e qualquer lesão de
interesse, mas somente contra a que, de acordo com a ordem
jurídica, deva ser evitada ou reparada, isto é, contra o dano
antijurídico.[1018] Também ALBERTO TRABUCCHI define dano como
a lesão de um interesse.[1019] Neste mesmo sentido, J. M. ANTUNES
VARELA destaca que “o dano, para o efeito da responsabilidade
civil, é toda lesão nos interesses de outrem tutelados pela ordem
jurídica, quer os interesses sejam de ordem patrimonial, quer sejam
de caráter não patrimonial”.[1020] Como se vê, a tendência da
doutrina é no sentido de considerar aceitável o dano moral (imaterial
ou não patrimonial) ao lado do dano material, que é eminentemente
patrimonial.
Ainda assim, para nós, não é possível exigir que a noção de
dano se restrinja à idéia de prejuízo, isto é, ao resultado da lesão.
Por isso, mostra-se mais adequada do que a colocação de
CARNELUTTI a definição apresentada por HANS ALBRECHT
FISCHER, o qual considera o dano nas suas duas acepções: a) a
vulgar, de prejuízo que alguém sofre, na sua alma, no seu corpo ou
seus bens, sem indagação de quem seja o autor dessa lesão de que
resulta; b) a jurídica, que, embora partindo da mesma concepção
fundamental, é delimitada pela sua condição de pena ou de dever
de indenizar, e vem a ser o prejuízo sofrido pelo sujeito de direitos
em consequência da violação destes por fato alheio.[1021]
A colocação de HANS ALBRECHT FISCHER é mais exata.
Não há menor dúvida disso, uma vez que não se pode restringir,
com efeito, a noção de dano ao só prejuízo material. Inclusive, esta
acepção encontra respaldo até no texto do Evangelho de São
Mateus, que se refere expressamente ao dano da alma (16, 26).
Também, apresenta-se harmônica com a linguagem do Código
prussiano, que define dano como “a lesão ou ofensa que o homem
sofre no seu corpo, liberdade, honra ou patrimônio”.[1022] Idêntica
posição adotou LUDWIG ENNECCERUS, o qual escreveu que
“dano é toda desvantagem que sofremos em nossos bens jurídicos
(patrimônio, corpo, vida, saúde, honra, crédito, bem-estar,
capacidade de aquisição etc.)”.[1023] No mesmo sentido, GIOVANNI
FORMICA sustenta que dano constitui a diminuição ou subtração de
um bem jurídico.[1024]
De qualquer forma, temos que o dano é o principal instituto
no estudo da responsabilidade civil, uma vez que ele é requisito
fundamental da obrigação de indenizar. Em vista disso, apresenta-
se com significativa importância a distinção entre as espécies de
dano, tal como feita pelo legislador do Código Civil de 2002, no seu
art. 186:[1025] a) dano patrimonial ou dano material; e b) dano
moral, dano imaterial ou dano não patrimonial.
Para obtermos uma boa noção do dano patrimonial, é
necessário partir do conceito de patrimônio. Para HANS ALBRECHT
FISCHER, em sentido jurídico, o patrimônio define-se como o
conjunto dos direitos apreciáveis em dinheiro de que é titular uma
pessoa, ou que correspondem a uma entidade patrimonial ativa.
Idêntica unidade é constituída pelos deveres jurídicos ou obrigações
que sobre determinado indivíduo recaem, podendo assim opor-se
ao patrimônio ativo um passivo patrimonial; as duas unidades
reunidas vêm a formar o patrimônio em sentido amplo. O patrimônio
jurídico não contém senão direitos: toda idéia de coisa material lhe
repugna. Todavia, o exame econômico do patrimônio leva-nos a
conclusões bastante diferentes daquelas em que nos induz o seu
conceito jurídico. Para o economista, o patrimônio é o conjunto de
bens econômicos, não de direitos. Considerado deste ponto de
vista, poderíamos defini-lo como a totalidade dos bens
economicamente úteis que se acham dentro do poder de disposição
de uma pessoa. Em tal sentido, o direito sobre uma coisa só tem
importância na medida em que assegura ao titular do patrimônio o
poder de disposição sobre os objetos que compreende. Se, de fato,
essa virtude lhe vem a faltar, embora a relação jurídica como tal
nada sofra com isso, o objeto não figura no patrimônio econômico
do sujeito, pois não implica um aumento dos seus haveres efetivos:
aquele que possuísse todos os bens nestas condições (assistido de
plena proteção jurídica, mas desprovido do poder material de
disposição) careceria, a bem da verdade, de patrimônio no sentido
econômico.[1026]
Visto isto, é de se destacar que a aplicação do conceito
jurídico de patrimônio ao problema da patrimonialidade dos danos
suscita graves inconvenientes, porque este conceito é apropriado à
exposição sistemática de normas jurídicas que nada têm que ver
com o direito da indenização dos danos. A idéia do patrimônio
jurídico não se enquadra, pois, nas finalidades do estudo a respeito
do dano. A característica essencial dessa idéia, que é agrupar todos
os elementos integrantes do patrimônio em torno da pessoa que lhe
serve de centro, ressalta também, com toda a nitidez, o problema
dos danos patrimoniais. O conceito jurídico do dano apresenta um
cunho declaradamente subjetivo. Ainda que um objeto seja
destruído ou deteriorado, não haverá dano (em sentido jurídico) se
não houver um sujeito interessado a quem o prejuízo afete: a existência e
quantidade do dano patrimonial só podem fixar-se, relacionando-se
com a pessoa que o experimenta.[1027] Daí, a nosso ver, deduz-se
que, para se configurar a obrigação de indenizar, a antijuridicidade deve
atender a três requisitos: a) a existência do elemento objetivo ou
material que é, justamente, o dano; b) a existência do elemento
subjetivo que se biparte nas figuras do sujeito ativo (quem causou o
dano ou é responsável por sua reparação sem ter culpa) e do sujeito
passivo (a vítima que sofreu a lesão em um dos seus direitos); e c) o
nexo causal que deve vincular os sujeitos ativo e passivo ao dano
efetivamente ocorrido.
Na realidade, o dano patrimonial pressupõe sempre ofensa
ou diminuição de certos valores econômicos. Portanto, deve-se
considerar patrimônio como uma pluralidade concreta de bens
economicamente valiosos, cuja lesão constitui um dano patrimonial.
Assim, segundo a teoria diferencial (ou teoria da diferença), a idéia
de interesse (id quod interest – aquilo que interessa), em parte,
atende, no sistema da indenização, à noção de patrimônio como
unidade valor. Daí, o dano patrimonial ser avaliado em dinheiro e
aferido pelo critério diferencial. Entende-se por tal critério que o
dano se estabeleça mediante o confronto entre o patrimônio
realmente existente após o dano e o que possivelmente existiria, se
o dano não se tivesse produzido: o dano é expresso pela diferença
negativa encontrada nessa operação.[1028] Todavia, nunca se pode
perder de vista que a idéia de interesse vincula-se diretamente à
idéia de valor afetivo, que é diferente do valor geral. Valor geral,
valor corrente, valor ordinário ou valor de troca, é aquele que
subsiste para quem quer que possua a coisa a que ele se refere, ou
seja, é o valor estimado por qualquer pessoa em relação à coisa; é
o valor da coisa praticado em seu comércio. O valor afetivo ou valor
estimativo, muito pelo contrário, é o que tem a coisa para o seu
proprietário, em função de reações absolutamente íntimas. O valor
geral distingue-se do interesse propriamente dito, porque este é o
valor extraordinário, isto é, valor de uso, apreciado em face de
determinadas circunstâncias e relações. O valor afetivo ou valor
estimativo distingue-se do valor geral ou valor corrente, porque opõe
ao conceito puramente objetivo deste um conteúdo nitidamente
subjetivo. Portanto, quando a avaliação que a sua representação
individual atribui ao objeto coincide com a estimação alheia, perde
interesse a questão do valor afetivo, que só tem importância quando
há essa divergência entre o proprietário da coisa e o avaliador
estranho, a respeito do seu valor.[1029] Daí resulta que o valor
estimativo não se inclui na espécie dos danos patrimoniais, já que a
reparação do dano patrimonial deve corresponder ao valor do
prejuízo efetivo, sem acréscimos relativos a porção afetiva atribuída
exclusivamente pela estimativa pessoal da vítima do dano. Tanto é
que a regra essencial da reparação é justamente que o prejuízo
deve ser certo. Com isto, alerta JOSÉ DE AGUIAR DIAS, se
estabelece que o dano hipotético não justifica a sua reparação.[1030]
Inclusive, partindo da teoria da diferença, V. POLACCO
define dano como a efetiva diminuição do patrimônio e consiste na
diferença entre o valor atual do patrimônio do credor e aquele que
teria se a obrigação fora exatamente cumprida.[1031] PONTES DE
MIRANDA, por sua vez, preceitua que, para se entender o dano,
tem-se de considerar o patrimônio do ofendido no momento em que
ocorreu a ofensa, mais o que seria se o ato ou fato não houvesse
ocorrido e o que é no momento da indenização. Tal é id quod
interest.[1032] No mesmo sentido, VON TUHR esclarece que dano
consiste na diferença entre o estado atual do patrimônio que o sofre
e o anterior se o fato danoso não se tivesse produzido.[1033]
No conceito de PAUL ERNST WILHELM OERTMANN[1034] e
HANS WALSMANN,[1035] a idéia do interesse é relegada a um plano
insignificante. Entretanto, as suas objeções contra a teoria
diferencial carecem de base. Para eles, o princípio a atender, na
determinação do conceito do dano, é o de sua avaliação concreta,
fórmula que defendem precisamente porque partem da definição de
que o dano é “prejuízo concreto sofrido por uma pessoa no seu
patrimônio, sob a forma de perda ou lesão de determinados
elementos patrimoniais”.[1036] Eles atribuem ao critério do interesse o
defeito de ser inconciliável com a consagração legal dos danos
morais, que não admitem avaliação abstrata, não sendo tampouco
com o sistema da reparação natural ou efetiva, em virtude de seu
caráter definitivo. Além disso, segundo HANS WALSMANN, a teoria
da diferença constitui um sistema que é pouco prático em relação às
indenizações em dinheiro, pois origina complicações inúteis, sempre
que se trate de danos de menor relevância.[1037] E ainda, segundo
eles, contradiz o regime de liquidação dos danos prescrito pelo
direito processual geralmente aceito.
Em parte as críticas de PAUL ERNST WILHELM
OERTMANN e HANS WALSMANN têm procedência, mas, por outro
lado, há erros. Certamente, em toda a apreciação do dano se deve
partir de uma lesão concreta. Se a ação danosa estende a sua
eficácia causal sobre outros bens, somos forçados a considerar que
não poderão conceber-se como um só dano geral enquanto os
diferentes bens lesados e, por consequência, os diversos danos
concretos não se deixem reduzir a um mesmo denominador comum
valorativo. Tal sucede com os danos não patrimoniais ou imateriais,
em virtude da orientação legal seguida, que, em princípio, não
admite a redução em dinheiro dos bens imateriais nem estabelece
para estes uma geral indenização pecuniária (para viabilizar a
reparação dos danos morais), e não porque essa redução seja
impossível juridicamente. Se, porém, nos restringimos aos danos
patrimoniais ou materiais, isso não ocorre, uma vez que os bens que
integram o patrimônio podem perfeitamente reduzir-se a uma
unidade de valor, a um valor pecuniário. Outrossim, é infundada a
alegação no sentido de que seja necessário proceder à avaliação de
todo o patrimônio, diante do dano de mínima importância, porque a
questão, aqui, é de simples operação matemática para se apurar o
valor do objeto danificado ou valor do prejuízo relativo às despesas
para se colocar o objeto no estado em que se encontrava antes de
ocorrer o dano.[1038]
No entanto, o cálculo abstrato é necessário no campo das
reparações pecuniárias, uma vez que todo dano patrimonial implica
uma diminuição de patrimônio. A simples alteração do patrimônio
não é dano. Para haver dano, obrigatoriamente deve ter ocorrido
diminuição patrimonial. O jurisconsulto romano originário de Tiro
(Fenícia) DOMITIUS ULPIANUS (fim do século II e começo do
século III d. C.) formulou claramente este princípio, ao descrever
que a castração de um escravo não provocava lesão alguma no
patrimônio do seu possuidor, por isso não havia lugar para a ação
indenizatória.[1039] Idêntica é a doutrina adotada pelo Supremo
Tribunal alemão, ao proferir sentença no sentido de que “toda a
ação de indenização de perdas e danos, qualquer que seja o seu
fundamento, pressupõe um dano real sofrido pelo autor. Não basta
que se haja produzido mera alteração do patrimônio”.[1040]
Da diminuição patrimonial obrigatória para se caracterizar o
dano patrimonial extrai-se o princípio segundo o qual o dano só tem
relevância jurídica como fato consumado, isto é, como resultado
final de um processo cujas circunstâncias benéficas (atenuantes) ou
prejudiciais (agravantes) foram levadas em conta. Esta idéia
corresponde exatamente à expressão compensatio lucri cum damno
(compensação do lucro com o dano), que é usada em matéria de
responsabilidade civil, quando o autor do dano pretende diminuir a
indenização que tem de pagar, sob a alegação de que o fato trouxe,
por sua vez, a oportunidade, para a vítima ou sua família, de obter
vantagens pecuniárias que não ocorreriam sem o evento. Em outras
palavras, a expressão compensatio lucri cum damno refere-se ao
instituto da compensação de vantagens, que é aplicado quando o
prejudicado por um dano ficaria em situação melhor, pela reparação,
do que antes que ele ocorresse. Nestas condições, deve compensar
a vantagem que resulte diretamente do dano, com a indenização
que lhe é devida, e que não constitua proveito para o responsável
por ele.[1041]
De qualquer forma é indiscutível que o dano patrimonial
implica, de uma forma ou de outra, uma diminuição de patrimônio,
ou seja, dano patrimonial significa que o patrimônio de alguém foi
efetivamente prejudicado. Por outro lado, por 2 (dois) modos pode
um patrimônio ser prejudicado: a) sofrendo efetiva diminuição (dano
positivo ou damnum emergens); ou b) privando-o de valores que
seriam incorporados se a ação de outrem não houvesse criado o
obstáculo ao ganho (dano negativo ou lucrum cessans).[1042]
O caso de a perda consistir em efetiva diminuição do
patrimônio é designada por dano positivo ou damnum emergens
(dano emergente). Encontramos essa espécie de diminuição
patrimonial quando ocorre a destruição de um valioso objeto de
adorno. Este fato, esclarece HANS ALBRECHT FISCHER, não
provocará coisa mais grave do que um simples dano positivo, desde
que o continuar ele intacto não teria sido causa, para o seu
proprietário, num concreto benefício, a apurar dentro do período de
tempo compreendido entre o momento da produção do dano e o da
sua liquidação. Segundo ele, danos positivos são também os
representados pelos pagamentos feitos a terceiras pessoas a fim de se obter
a prestação que o devedor não satisfez (negócios jurídicos visando o
preenchimento, a integração de uma lacuna ou falha patrimonial –
Deckungsgeschaft).[1043]
A perda, sendo representada pela frustração do ganho, é
designada pela expressão dano negativo ou lucrum cessans (lucro
cessante). Constitui mero lucrum cessans o prejuízo que para o
credor deriva da demora culposa do cumprimento da obrigação,
quando a inexistência do objeto da prestação devida no seu
patrimônio o prive de determinados lucros (juros de mora). Os juros
de mora representam uma compensação geral pelos lucros
frustrados.[1044]
Todavia, pode suceder coincidência nas 2 (duas)
modalidades de dano, ou seja, do mesmo fato lesivo podem resultar
dano positivo ou damnum emergens e dano negativo ou lucrum
cessans.
Quanto ao ressarcimento do dano, ele pode se processar de
duas formas: a) pela reparação natural ou específica; ou b) pela
indenização pecuniária.
HANS ALBRECHT FISCHER escreve que o sistema da
reparação natural ou específica corresponde melhor ao fim de
restaurar, mas a indenização em dinheiro se legitima,
subsidiariamente, pela consideração de que o dano patrimonial
acarreta diminuição do patrimônio e este é um conceito aritmético. A
reparação natural, de seu lado, pode ser material ou econômica.
Quando coincidem, não há dificuldade na restauração do statu quo
alterado pelo dano. A reparação, no caso, pode consistir na entrega,
seja pelo próprio objeto, seja de objeto da mesma espécie, em troca
do objeto deteriorado. Por exemplo, no caso do criado que permitiu
o furto de uma jóia, mas a recupera, entregando-a ao dono; ou no
caso de, em virtude de o objeto comprado se deteriorar
prematuramente dentro do prazo de garantia, entrega-se outro da
mesma espécie ao prejudicado. Se bem que não se deva tomar
essa regra em sentido absoluto, tem-se como certo que a reparação
natural é impossível quando o fato danoso importar na destruição do
objeto.[1045]
O ressarcimento do dano pela indenização pecuniária tem
caráter nitidamente subsidiário. Não obstante essa subsidiariedade
da indenização em dinheiro, ela é mais frequente, em virtude das
dificuldades opostas, na prática, à reparação natural pelas
circunstâncias e, notadamente, em face do dano, pela
impossibilidade de restabelecer a rigor a situação anterior ao evento
danoso. HANS ALBRECHT FISCHER esclarece que toda reparação
se efetiva no sentido da restauração do estado anterior à lesão e
isto é especialmente certo em relação à reparação natural. Todavia,
pode ocorrer de não ser possível, quando não proporcione ao
prejudicado a compensação suficiente,[1046] é quando tem lugar a
reparação por meio da indenização pecuniária.
Em hipótese contrária, pode, porém, a reparação natural
exceder, com proveito para o queixoso, a situação anterior ao dano,
o que sucede toda vez que, por haver destruído coisa velha,
consista a prestação do demandado na substituição daquela por
uma nova. Caso em que o desequilíbrio toma caminho contrário, em
direção não mais ao prejudicado pelo dano, mas ao próprio
responsável pela indenização deste. JOSÉ DE AGUIAR DIAS
exemplifica esta situação relatando o caso do indivíduo que danifica
ou destrói roupa ou móvel usado, ou encadernação de um livro: a
reparação natural trará ao prejudicado a vantagem representada
pela roupa, móvel ou encadernação novos, em relação aos objetos
substituídos. Se se admitir a substituição em termos absolutos,
ocorrerá, muitas vezes, que a vítima se locupletará à custa do autor
do dano, o que ofende os princípios da reparação do dano, que se
destinam a restaurar e não são, pois, normas autorizadoras de
proventos. Duas soluções se deparam aqui ao julgador: a) ou repele
a reparação natural, como incompatível, no caso, com a índole da
obrigação, que tem o caráter de reconstituição e, sendo assim, não
pode a vítima do dano obter objeto novo em troca do velho, nem
mesmo indenizando o responsável pelo dano com valor –
correspondente à diferença entre um e outro objeto, com o que fica
obrigada a aceitar a indenização pecuniária; ou b) decreta a
reparação natural, mas impõe ao prejudicado a obrigação de, por
sua vez, repetir ao indenizante a vantagem auferida em virtude da
diferença do objeto novo sobre o velho.[1047] Tanto se adotando uma
ou outra solução, não se deve perder de vista a aplicação do
princípio da equidade, mesmo que sua aplicação implique a redução
da indenização de acordo com as posses do responsável. Em
resumo, jus est ars boni et aequi (o direito não pode nunca perder
de vista a equidade).
Apesar de, até pouco tempo atrás, não se admitir a
possibilidade da existência do dano extrapatrimonial, essa posição
tende a se reverter. No próprio Brasil, a doutrina e a jurisprudência
relutaram em aceitar a reparabilidade do dano extrapatrimonial, mas
acabaram por consagrá-lo após o advento do inciso X do art. 5.º da
Constituição Federal de 1988 (“são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”) e do já mencionado art. 186 do Código Civil de 2002.
Explica ORLANDO GOMES que, se o atentado ao direito
personalíssimo de alguém não produz qualquer prejuízo de ordem
patrimonial, mesmo assim aquele que o sofreu deve ter direito a uma
satisfação de cunho compensatório. Segundo ele, as razões de equidade
que a justificam levam a se admitir a inclusão do dano
extrapatrimonial (ou ainda, dano moral, dano imaterial ou dano não
patrimonial) ao lado do dano patrimonial.[1048] De maneira que, além
do damnum corpore corpori datum (dano material), a pessoa pode
sofrer também o dano moral (dano imaterial).

8.5.2 Noções de dano ambiental

Por dano ambiental (environmental damage, em inglês;


dommage environnemental, em francês; daño ambiental, em
espanhol; e dànno ambiental, em italiano) deve ser entendido os
prejuízos diretos ou indiretos causados pelas diversas formas de
agressões ao meio ambiente cometidas pelo homem ou pela própria
natureza (na hipótese de caso fortuito, ou seja, quando os prejuízos
ao meio ambiente são causados por acontecimento decorrente de
fatos extraordinários da natureza, por exemplo, a inundação, a
tempestade etc.).
Inclusive, a respeito dos prejuízos indiretos causados ao
meio ambiente, MICHEL PRIEUR esclarece que eles se
manifestam, segundo se supõe, no atual estágio da ciência, pelos
efeitos reflexos que o dano causado a qualquer dos elementos que
integram o meio ambiente provoca nos demais, em virtude da
interdependência que entre eles existe.[1049]
ROLAND DRAGO menciona simploriamente que dano
ambiental é “aquele causado às pessoas ou às coisas pelo meio em
que vivem”.[1050] PATRICK GIROD, adotando a expressão dano
ecológico, opina, de maneira mais precisa, no sentido de que ela
serve para designar o dano causado pela poluição e abrange todos
os danos que contribuem para a degradação dos elementos
naturais, como a água, o ar e o nível de ruído, ou seja, diz respeito
ao dano causado pelo homem ao meio ambiente.[1051] CABALLERO,
por sua vez, também preferindo se valer da expressão dano
ecológico, escreve que ele é todo dano causado diretamente ao
meio ambiente assim considerado, independentemente de suas
repercussões sobre as pessoas e sobre os bens.[1052]
MICHEL PRIEUR define dano ambiental como “aquele que
se constitui em um atentado ao conjunto dos elementos de um
sistema e que por sua característica indireta e difusa não permite,
enquanto tal, que se abra direito a sua reparação”.[1053] Já ANTÔNIO
INAGÊ ASSIS DE OLIVEIRA considera dano ambiental qualquer
lesão ao meio ambiente causado por ação de pessoa, seja ela física
ou jurídica, de direito público ou privado. Segundo ele, o dano
ambiental pode resultar na degradação da qualidade ambiental
(alteração adversa das características do meio ambiente), como na
poluição, que a lei define como a degradação da qualidade
ambiental resultante de atividade humana.[1054]
Durante a realização da Convenção sobre a
Responsabilidade Civil por Danos Resultantes do Exercício de
Atividades Perigosas para o Meio Ambiente, realizado pelo
Conselho da Europa, estipulou-se que o dano ambiental é todo
prejuízo ou dano resultante da alteração do meio ambiente, sendo o
meio ambiente composto de todos os recursos naturais abióticos e
bióticos, tais como o ar, a água, o solo, a fauna e a flora, bem como
a interação entre os mesmos fatores, os bens que compõem a
herança cultural e os aspectos característicos da paisagem.
Também o art. 2.7 do texto final adotado pela Convenção de
Lugano apresenta definição de dano ambiental. Tal texto menciona
que dano ambiental significa: a) a morte ou lesões corporais; b)
qualquer perda ou qualquer prejuízo causado a bens outros que a
instalação ela mesma ou os bens que se achem no local da
atividade perigosa e situados sob controle de quem a explora; c)
qualquer perda ou prejuízo resultante da alteração do meio
ambiente, na medida em que não seja considerada como dano no
sentido das mencionadas alíneas a ou b, desde que a reparação a
título de alteração do meio ambiente, excetuada a perda de ganhos
por esta alteração, seja limitada ao custo das medidas de
restauração que tenham sido efetivamente realizadas ou que serão
realizadas; d) o custo das medidas de salvaguarda, assim como
qualquer perda ou qualquer prejuízo causado por essas medidas, na
medida em que a perda ou o dano previsto nas ditas alíneas a e c
originem-se ou resultem das propriedades de substâncias
perigosas, de organismos geneticamente modificados ou de
microrganismos, ou originem-se ou resultem de rejeitos.[1055]
FRANCISCO JOSÉ MARQUES SAMPAIO apresenta
algumas restrições ao conceito de dano ambiental aprovado pela
Convenção de Lugano. Segundo ele, depreende-se da sua alínea c
que a reparação de qualquer perda ou prejuízo resultante da
alteração do meio ambiente, isto é, de danos ecológicos
propriamente ditos, deve limitar-se ao custo das medidas de
restauração efetivamente adotadas, ou que deverão ser adotadas
para a recuperação ambiental, com exceção da “perda de ganhos”
decorrentes da alteração ambiental verificada. Na opinião de
FRANCISCO JOSÉ MARQUES SAMPAIO, essa limitação não é
correta no que se refere à exclusão, do âmbito de bens e direitos
que devem ser indenizados, do chamado “dano social” decorrente
do dano ambiental. O dano social refere-se ao impacto negativo
causado ao bem-estar da coletividade pela degradação do meio
ambiente e pela impossibilidade de fruição dos bens ambientais
durante o tempo necessário para que a integral restauração
ambiental se perfaça, com o retorno à situação em que se
encontrava antes da ocorrência do fato danoso, de modo que possa
voltar a ser fruído por todos. Alerta FRANCISCO JOSÉ MARQUES
SAMPAIO que é preciso compreender que o ato que provoca dano
ambiental também provoca dano social, ou seja, o tempo durante o qual a
coletividade fica privada da fruição do bem ou recurso ambiental afetado pela
atividade danosa e do benefício que ele proporcionava ao equilíbrio
ecológico.[1056]
PAULO DE BESSA ANTUNES, por sua vez, diz que não é
difícil conceituar dano ambiental, já que ele nada mais é do que o
dano ao meio ambiente, ou seja, dano ao bem jurídico meio
ambiente. Difícil mesmo é definir o que seja o bem jurídico meio
ambiente. Nesse sentido, acrescenta PAULO DE BESSA ANTUNES
que o meio ambiente é um bem jurídico autônomo e unitário que
não se confunde com os diversos bens jurídicos que o integram. O
bem jurídico meio ambiente não é um simples somatório de flora e
fauna, de recursos hídricos e recursos minerais. O bem jurídico
meio ambiente resulta da supressão de todos os componentes que,
isoladamente, podem ser identificados, tais como florestas, animais,
ar etc. Este conjunto de bens adquire uma particularidade jurídica
que é derivada da própria integração ecológica de seus elementos
componentes. Tal qual ocorre com o conceito de ecossistema, que
não pode ser compreendido como se fosse um simples aglomerado
de seus componentes, o bem jurídico meio ambiente não pode ser
decomposto, sob pena de desaparecer do mundo jurídico. Os
múltiplos bens jurídicos autônomos que se agregam e transfiguram
para a formação do bem jurídico meio ambiente encontram tutela
seja por meio do direito público, seja pelo direito privado. O bem
jurídico meio ambiente, por igual, encontra tutela seja por institutos
de Direito Público, seja por aqueles do Direito Privado. Não obstante
esta peculiaridade, o Direito Público brasileiro, de há muito, tem
oferecido ao cidadão a ação popular como instrumento de defesa
ambiental. Portanto, segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, meio
ambiente é um res communes omnium (coisa comum a todos), que
pode ser composta por bens pertencentes ao domínio público ou ao
domínio privado. A propriedade do bem jurídico meio ambiente,
quando se tratar de coisa apropriável, pode ser pública ou privada.
Segundo ele, a fruição do bem jurídico meio ambiente é sempre de
todos, da sociedade. Por outro lado, o dever jurídico de proteger o
meio ambiente é de toda a coletividade e pode ser exercido por um
cidadão, pelas associações, pelo Ministério Público ou pelo próprio
Estado contra o proprietário dos bens ambientais que sejam
propriedade de alguém.[1057]
Todavia, em relação aos bens jurídicos (tutelados pelo direito
público ou pelo direito privado), não se pode perder de vista que
devemos fazer pronta distinção entre os danos que são suportados
pelas pessoas, em seus patrimônios jurídicos individuais, que não
configuram danos ecológicos propriamente ditos, e os que atingem
o meio natural em seus elementos inapropriáveis, afetando o
equilíbrio ecológico enquanto patrimônio coletivo. Daí se poder falar
em bem jurídico ambiental (que pode sofrem dano ambiental) e em
bem jurídico não ambiental (que não é suscetível de sofrer dano
ambiental, somente sujeito a danos comuns, sejam materiais ou
imateriais). Nesse mesmo sentido, MICHEL PRIEUR explica que um
mesmo evento (fato ou acontecimento) pode acarretar os 2 (dois)
tipos de dano (dano ambiental e dano comum). Daí conclui-se que o
dano ambiental é autônomo e específico, isto é, distinto de outras
espécies de danos (dano comum, dano à imagem etc.) que um
mesmo evento possa acarretar. De fato, o dano ambiental pode
atingir bens privados (um bem privado pode apresentar um
interesse coletivo, como por exemplo, uma floresta, um corpo
d’água etc.) ou bens públicos. Portanto, nessas circunstâncias,
temos que admitir que o dano ambiental pode acarretar um atentado
a um patrimônio e a interesses coletivos que concernem tanto às
gerações presentes quanto às gerações futuras.[1058]
A respeito da valoração do dano ambiental, GILLES MARTIN
sustenta que ela deriva do princípio de que se a natureza e o meio
ambiente não têm preço, suas degradações têm custo. Todavia, o
caráter específico e autônomo do dano ambiental justifica, por si só,
que o legislador nacional lhe conceda tratamento peculiar. Tal
tratamento decorre do fato de os instrumentos jurídicos clássicos
não eram, com efeito, muito adequados ao tratamento do dano
ecológico, mas, sim, à aplicação a danos economicamente
mensuráveis, e completa seu raciocínio acrescentando que a
modificação dessa errônea interpretação somente foi possível a
partir do reconhecimento da natureza específica e autônoma do
dano ambiental. Outrossim, pelo fato de o dano ambiental poder
acarretar um atentado a um patrimônio e a interesses coletivos que
concernem tanto às gerações presentes quanto às gerações futuras,
exige ele, evidentemente, um tratamento específico tanto no que
concerne à avaliação do prejuízo quanto no que concerne às
pessoas legitimadas para agir e, ainda, no que concerne às
modalidades de reparação.[1059]
Independentemente dos danos causados diretamente à
natureza, a atividade efetivamente poluidora ou degradadora do
meio ambiente quase sempre provoca, concomitantemente,
prejuízos econômicos a cuja reparação o causador está igualmente
obrigado. Nas palavras de FRANCISCO JOSÉ MARQUES
SAMPAIO, a pessoa natural ou jurídica que sofre prejuízos
patrimoniais e morais decorrentes da degradação ambiental
causada por outrem tem direito a postular imediata cessação dos
efeitos negativos decorrentes da atividade que a atinge, assim como
de ser integralmente indenizada pelos prejuízos que já sofreu e pelo
que deixou de lucrar em virtude de tal ocorrência. Todavia, segundo
ele, esses direitos, de cunho patrimonial e moral, são distintos,
embora, juridicamente, possam ser considerados outra face da
mesma moeda, dos de que é titular a coletividade, de viver em meio
ambiente ecologicamente equilibrado, como previsto no art. 225 da
Constituição Federal de 1988.[1060]
Frente a tal argumentação, coerente é a classificação dos
danos ambientais em: 1) dano ambiental propriamente dito ou dano
ambiental difuso e coletivo (qualquer perda ou prejuízo resultante da
alteração do meio ambiente); os danos ambientais propriamente
ditos se dividem em: a) danos materiais ambientais difusos ou
coletivos (custos das medidas de restauração efetivamente
adotadas, como por exemplo, a limpeza das águas e o
repovoamento de lagoa com espécies peixes nativas, após grande
mortandade decorrente do despejo de agente tóxico); b) danos
morais ambientais difusos ou coletivos (o dano social ou impacto
negativo causado ao bem-estar da coletividade – bem-estar difuso –
ou de um determinado grupo social – bem-estar coletivo – pela
degradação do meio ambiente, como por exemplo o dano social
decorrente de dano ao meio ambiente quando uma floresta é
devastada); 2) danos ambientais individuais correlatos ou reflexos,
os quais podem ser: a) danos ambientais patrimoniais individuais
(quando a pessoa sofre um prejuízo patrimonial, caso em que a
lesão ao interesse patrimonial pode, por exemplo, ser representada
pelas despesas – dano emergente – com o tratamento e pela sua
incapacidade de trabalho – l ucro cessante);[1061] b) danos morais
ambientais individuais (quando a pessoa sofre um prejuízo
extrapatrimonial, hipótese em que se terá uma lesão ao interesse à
incolumidade física que esse direito pressupõe e que sofreu, por
exemplo, uma imperfeição em razão de dano estético que pode
provocar complexos provenientes das deformações).[1062]

8.5.3 Dano moral ambiental difuso ou coletivo

Recentemente surgiu corrente doutrinária advogando o


entendimento no sentido de que é perfeitamente possível o
reconhecimento do dano moral difuso ou coletivo, ao lado do dano
patrimonial ou material. Eles não se excluem. Se tal posicionamento
é correto, também é possível o reconhecimento do dano moral
difuso ou coletivo, ao lado do dano moral individual. Na verdade,
muitos vêm entendendo que o dano ambiental é sempre coletivo; o
que ocorre são reflexos individuais e, também, reflexos difusos do
dano ambiental coletivo.
Entre os integrantes da corrente doutrinária que separa dano
moral difuso ou coletivo do dano moral individual, citamos JOSÉ
RUBENS LEITE, MARCELO BUZALO DANTAS e DANIELE CANA
VERDE FERNANDES, os quais sustentam que, assim como o dano
moral individual, também o dano moral difuso ou coletivo é passível
de reparação. Segundo eles, isto pode ser depreendido do próprio
texto constitucional, no qual não faz qualquer espécie de restrição
que leve à conclusão de que somente a lesão ao patrimônio moral
do indivíduo isoladamente considerado é que seria passível de ser
reparado.[1063]
Tal posicionamento, inclusive, é coerente com o que dispõe o
art. 1.º da Lei n° 7.347, de 24.07.1985 (Lei da Ação Civil Pública),
com as alterações e acréscimos determinados pelo art. 117 da Lei
n° 12.529, de 30.11.2011 (Lei Antitruste) e pela Medida Provisória n°
2.180-35, de 24.08.2001, o qual prescreve que “regem-se pelas
disposições desta lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: I- ao
meio ambiente; II- ao consumidor; III- a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV- a qualquer
outro interesse difuso ou coletivo; V- por infração da ordem
econômica; VI- à ordem urbanística”. Além disso, o seu parágrafo
único estabelece que “não será cabível ação civil pública para
veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS
ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem
ser individualmente determinados”.
Vimos que os danos morais ambientais difusos ou coletivos
não têm qualquer repercussão no mundo físico, ao contrário dos
danos materiais ambientais difusos ou coletivos. O dano moral
ambiental difuso ou coletivo é de cunho subjetivo, à semelhança dos
danos morais ambientais individuais. Nos danos morais ambientais
difusos ou coletivos também se repara o sofrimento, a dor, o
desgosto do ser humano. Só que o dano moral ambiental difuso ou
coletivo é o sofrimento ou sentimento negativo suportado por
diversas pessoas dispersadas em certa coletividade (dano moral
ambiental difuso, em virtude de dor difusa) ou grupo social (dano
moral ambiental coletivo, em virtude de dor coletiva), em vista de
certa agressão ao meio ambiente.[1064]
O dano moral ambiental difuso ou coletivo também não se
confunde com os danos materiais ambientais difusos ou coletivos.
Os danos materiais ambientais difusos ou coletivos são aqueles que
repercutem físicamente ao ser humano e aos demais elementos do
meio ambiente, ou seja, dizem respeito à diminuição da qualidade
de vida da população, ao desequilíbrio ecológico, à lesão a um
determinado espaço protegido (danos materiais a uma determinada
paisagem ou ao patrimônio paisagístico; lesão material a um
patrimônio histórico ou cultural; supressão de um espaço público de
lazer; etc.), aos incômodos físicos ou lesões à saúde da população,
em vista de qualquer tipo de poluição. Já os danos morais
ambientais difusos ou coletivos são aqueles que,
independentemente da repercussão física no patrimônio ambiental,
decorrem da ofensa ao sentimento difuso ou coletivo, ou seja,
quando a agressão ao meio ambiente constituir dor, sofrimento ou
desgosto de uma comunidade e não apenas de um único indivíduo.
Podemos citar como exemplo de danos morais ambientais difusos
ou coletivos, o fato de o dano a uma determinada paisagem causar
impacto no sentimento da comunidade (sentimento difuso) da região
onde ele ocorreu; o fato de haver supressão de certas árvores na
zona urbana, ou de mata próxima ao perímetro urbano, quando tais
áreas forem objeto de especial apreço pela coletividade etc.[1065]
De maneira que, quando falamos de danos morais
ambientais difusos ou coletivos, nos referimos à violação do
sentimento difuso ou coletivo, isto é, ao sofrimento da comunidade
ou grupo social, em vista de certa lesão ao meio ambiente. Todavia,
não podemos perder de vista que nem sempre a degradação ao
meio ambiente caracterizará o dano moral ambiental difuso ou
coletivo; algumas agressões ao meio ambiente não comportam o
dano moral ambiental difuso ou coletivo. Quando uma área de mata
nativa ou de um parque, situados na zona urbana, objeto de
especial admiração e gozo por considerável número de cidadãos,
for destruída, no todo ou em parte, fica evidenciado a ocorrência de
dano material ambiental difuso ou coletivo e, também, dano moral
ambiental difuso ou coletivo, em vista de haver sofrimento difuso ou
coletivo (porque disperso em considerável número de cidadãos), em
decorrência da perda do espaço público e da observação da área
degradada. Todavia se tal área de mata nativa ou de parque, não é
situado na zona urbana, ou se é, não está acessível ao público de
um modo geral, não há que se falar em sofrimento difuso ou
coletivo, consequentemente inexiste dano moral ambiental difuso ou
coletivo. Portanto, o requisito da existência do dano moral ambiental
difuso ou coletivo é, justamente, haver comoção popular localizada
ou identificável, bem como ofensa ao sentimento coletivo causada
pela agressão ao meio ambiente. Outrossim, a unanimidade da
comunidade ou do grupo social não é condição sine qua non para
caracterização do dano moral ambiental difuso ou coletivo; basta,
pois, que a agressão ambiental provoque sentimento negativo
disperso em considerável número de pessoas.[1066]
8.6 REPARAÇÃO DO DANO
AMBIENTAL
8.6.1 Conceito e generalidades da reparação

Os pontos fundamentais que trazem o equilíbrio necessário à


sobrevivência da sociedade humana são, entre outros, harmonia,
ordem e tranquilidade, os quais regem as relações e atividades dos
indivíduos. Quaisquer percalços que ameaçam este estado de
equilíbrio devem ser contornados. Também os atos individuais que
venham prejudicar essa ordem, harmonia e tranquilidade devem ser
corrigidos ou remediados. Portanto, usando as palavras de JOSÉ
DE AGUIAR DIAS, toda e qualquer lesão que transforma e
desassossega a própria ordem social ou individual, quebrando a
harmonia e a tranquilidade que deve reinar entre os homens,
acarreta o dever de corrigir ou remediar.[1067] Os indivíduos têm, pois,
o dever de não praticar certos atos nocivos, danosos ou prejudiciais
a outro ou a outros indivíduos, dos quais resultem ou possam
resultar-lhes prejuízos materiais e/ou morais.
A reparação nada mais é do que isto: fazer reparo no que foi
danificado, fazer conserto, fazer restauração etc. A reparação
constitui o ato pelo qual alguém está obrigado a restabelecer o
status quo ante; é restabelecer as coisas conforme o seu estado
original (restitutio in integro – restituição integral – dever de quem
lesa a outrem de reparar o dano). Todavia, muitas vezes é
impossível se restabelecer as coisas ou as pessoas ao status quo
ante (reparação natural ou in natura). Em tais hipóteses se diz que
reparação deve ser entendida como o ato de indenizar, compensar
ou ressarcir.[1068]
Para IEDO BATISTA NEVES, a reparação (ação ou efeito de
reparar) constitui a satisfação que se dá à pessoa ofendida ou
injuriada. Podemos dizer também que reparação refere-se à
indenização exigível a que alguém é obrigado, em virtude de
violação do direito de outrem, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência.[1069]
Como se vê, a reparação de algum ato que prejudica outra
pessoa deve se inspirar, antes de tudo, na preocupação com a
harmonia e o equilíbrio que orienta o direito e lhe constitui o
elemento animador.[1070]
Assim, o ato de reparar não pode se distanciar do ato de
ressarcir um prejuízo causado a alguém, ou seja, como bem se
exprime SILVIO RODRIGUES, reparar ou indenizar é tornar indene
a vítima, cobrindo todo o dano por ela experimentado. Esta é a
obrigação imposta ao autor do ato ilícito, em favor da vítima.
Segundo ele, a idéia de tornar indene a vítima se confunde com o
anseio de devolvê-la ao estado em que se encontrava antes do ato
ilícito. No mesmo sentido, esclarece ele que tal idéia não raras
vezes é utópica, já que em numerosíssimos casos é impossível
obter tal resultado, porque do acidente resultou consequência
irremovível. Nesta hipótese há que se recorrer a uma situação
postiça, representada pelo pagamento de uma indenização em
dinheiro. Acrescenta SILVIO RODRIGUES que é um remédio nem
sempre ideal, mas o único de que se pode lançar mão em tal caso.
Ele lembra que, assim, é irremovível o mal causado à vítima do
homicídio ou à mulher menor e virgem que foi deflorada, pois não se
pode devolver a vida ao primeiro, nem a castidade à segunda. A lei,
entretanto, procura remediar, impondo ao autor do homicídio a
obrigação de pagar as despesas de tratamento da vítima, seu
funeral e luto da família e ainda o encargo de prestar alimentos às
pessoas a quem o defunto os devia (art. 1.537 do Código Civil de
1916 e art. 948 do Código Civil de 2002); e impõe ao autor do
defloramento, se não puder ou não quiser reparar o mal pelo
casamento (reparação natural), um dote correspondente a sua
própria condição e estado. Conclui dizendo que tais soluções não
são ideais, pois ideal seria que o ato ilícito não tivesse ocorrido ou
que o efeito danoso não houvesse sobrevindo. Mas, depois que
ocorreram um e outro, a indenização é a única solução adequada.
[1071]
Nesse mesmo sentido ORLANDO GOMES esclarece que a
reparação pode se dar de duas formas: a) reposição natural; e b)
reparação pecuniária ou indenização propriamente dita. Segundo
ele, sempre que a situação possa ser recomposta, restituindo-se ao
lesado o que perdeu, atende-se, com maior exatidão, ao fim da lei
que regula as obrigações por atos ilícitos. Se a coisa usurpada é
devolvida a seu dono, tal como se encontrava antes da usurpação,
terá sido satisfeito por forma de maior conveniência do que com o
pagamento do seu valor em dinheiro. Se o objeto é danificado em
consequência de ato ilícito, a sua substituição por outro constitui
modo de reparação mais interessante e, por assim dizer, mais
autêntico do que o embolso do equivalente. No entanto, concorda
ele com o fato de que, infelizmente, a reposição natural não é
possível na maioria dos casos. Por isso, alerta que se tornou mais
comum a indenização propriamente dita, que consiste justamente no
pagamento de uma prestação pecuniária. Uma vez que o dinheiro é
o denominador comum de todos os valores, facilita o ressarcimento.
[1072]
Nesse momento, devemos consignar que nem sempre o
dano causado por alguém é indenizável. Daí dizer-se que a
reparação somente se vincula aos danos indenizáveis. De fato,
harmonizando-se as disposições antigas ao texto constitucional de
1988, podemos dizer que aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar
prejuízo, fica obrigado a reparar o dano material e moral, devendo
ser a verificação da culpa, a avaliação da responsabilidade e a
consequente reparação de cada um procedida conforme as
disposições legais que as regulam.[1073]
Todavia, como vimos, o próprio art. 160 do Código Civil de
1916 citava hipóteses em que o dano produzido não é indenizável.
Prescrevia o referido art. 160 que “não constituem atos ilícitos: I- os
praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido; II- a deterioração ou destruição da coisa alheia, a fim
de remover perigo iminente (arts. 1.519 e 1.520)”. Da mesma forma,
o art. 188 do Código Civil de 2002, enumera casos em que o dano
produzido não é considerado indenizável. De fato, o caput deste
artigo menciona que “não constituem atos ilícitos: I- os praticados
em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido; II- a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a
lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente”.
Completam esta disposição os arts. 1.519 e 1.520 também
do Código Civil de 1916. Prescrevia o art. 1.519 que “se o dono da
coisa, no caso do art. 160, II, não for culpado do perigo, assistir-lhe-
á o direito à indenização do prejuízo, que sofreu”; o caput do art.
1.520 estabelecia que “se o perigo ocorrer por culpa de terceiro,
contra este ficará com ação regressiva, no caso do art. 160, II, o
autor do dano, para haver a importância, que tiver ressarcido ao
dono da coisa”; e o parágrafo único do referido art. 1.520
determinava que “a mesma ação competirá contra aquele em
defesa de quem se danificou a coisa (art. 160, I)”.
Também os arts. 929 e 930 do Código Civil de 2002
completam tal disposição. Estabelece o referido art. 929 que, “se a
pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188,
não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização
do prejuízo que sofreram”; o caput do art. 930 dispõe que, “no caso
do inciso II do art. 188 se o perigo ocorrer por culpa de terceiro,
contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a
importância que tiver ressarcido ao lesado”; e o parágrafo único do
art. 930 prescreve que “a mesma ação competirá contra aquele em
defesa de quem se causou o dano (art. 188, I)”.
Mesmo assim, o parágrafo único do art. 160 do Código Civil
de 1916 em relação à deterioração ou destruição da coisa alheia, a
fim de remover perigo iminente, imputava responsabilidade a quem
exerce este direito de maneira anormal. Dispunha o mencionado
parágrafo único que “neste último caso, o ato será legítimo, somente
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário,
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo”. Tal regra é repetida no parágrafo único do art. 188 do
Código Civil de 2002, o qual prescreve que, “no caso do inciso II, o
ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo”.
ULDERICO PIRES DOS SANTOS esclarece que o parágrafo
único do transcrito art. 160 do Código Civil de 1916 e o parágrafo
único do citado art. 188 do Código Civil de 2002, que cuidam da
exoneração de responsabilidade dos que exercem anormalmente o
direito, não lhes dá carta de alforria para cometerem excessos
intencionais, uma vez que aferrolha as comportas em que poderão
extrapolar as medidas de seus direitos, deles abusando
propositalmente, com a intenção preconcebida ou não de prejudicar
o próximo dolosa ou culposamente, isto é, confinam-os dentro dos
limites da lei, por isso que só ratificam aqueles atos, legitimando-os,
quando as circunstâncias os tornam absolutamente necessários,
não indo um milímetro sequer além do que for natural, justo,
conveniente ou necessário. Isto se dá, segundo ele, porque a ordem
jurídica não tolera a falta de moderação, os excessos, a malícia, os
atos que não são fundados numa razão jurídica legítima, séria,
positiva, clara e que se apresente destituída da mínima intenção de
prejudicar, bem como porque, a contrário senso, o que haverá é
abuso de direito e este está sujeito a sanção legal, pois obriga a
quem o comete a reparar os danos, uma vez que ele se pauta pelo
exercício anti-social do direito subjetivo. Em verdade, consigna
ULDERICO PIRES DOS SANTOS que só não comete abuso de
direito quem exerce os poderes que lhe são atribuídos pela lei
rigorosamente jungidos aos limites que ela lhe traça para tornar real
o interesse legítimo que possa ter ao praticar determinado ato.[1074] A
respeito do abuso do direito, OROZIMBO NONATO diz que o
elemento psíquico se encontra na noção, embora ligado,
indiscutivelmente, ao elemento material da anormalidade. O que se
pode concluir é que a anormalidade no exercício do direito revela o
dolo ou a imprudência do agente, que, então, não precisam ser
pesquisados.[1075] Portanto, tal anormalidade legitima o direito de se
exigir a reparação natural ou pecuniária dos seus efeitos.
Apesar de o Código Penal vigente excluir a ilicitude, os
crimes praticados em legítima defesa e em caso de necessidade, o
raciocínio acima exposto em relação ao abuso de direito deve ser
aplicado tão-somente aos casos da legítima defesa. Apenas o dano
causado pelo ofensor em repulsa à agressão do ofendido (dano
justificável) não é indenizável. Assim, em caso de dano causado por
ato praticado em estado de necessidade, o ofensor deve, a despeito
disso, prontamente repará-lo; já o dano causado por ato praticado em
legítima defesa, o ofensor está liberado de repará-lo.[1076]
A esse respeito, SILVIO RODRIGUES esclarece que a regra
talvez seja supérflua, pois, se a lei autoriza a repulsa de agressão
injusta, achando legítimo o dano causado em tais circunstâncias
(inciso I, art. 160, Código Civil de 1916, e inciso I do art. 188, Código
Civil de 2002), não há ato ilícito gerador da obrigação de indenizar.
Isto confere com o disposto no art. 1.540 do Código Civil de 1916, o
qual dispunha que “as disposições precedentes aplicam-se ainda no
caso em que a morte, ou lesão, resulte de ato considerado crime
justificável, se não foi perpetrado pelo ofensor em repulsa de
agressão do ofendido” e o art. 951 do Código Civil de 2002
menciona que “o disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda
no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de
atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia,
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou
inabilitá-lo para o trabalho”. Todavia, é de se ressaltar que, se no
exercício de seu direito de defesa a pessoa causa dano a terceiro, o
qual não é o autor da agressão injusta, seu dever de reparar o
prejuízo se configura. Assim, se o agredido reagiu contra o agressor,
e atirando contra ele feriu terceiro, atrás de quem aquele se
abrigava, deve reparar o dano causado.

“É pacífica a tese de que no caso de legítima defesa o


agente não está obrigado a reparar os danos sofridos
pela vítima, nos termos do art. 1.540 do mesmo Código
[de 1916]. Quando, porém, no uso regular de um direito
é ofendido ‘bem jurídico’ de terceiro, tem este direito à
indenização”.[1077]

Muitas vezes o dever de reparação é polêmico, em face da


natureza do prejuízo, mas, ainda assim, geralmente, se tem imposto
o dever de indenizar para não perder a idéia de tornar a vítima
incólume e, mesmo no caso de dano transitório, tentar devolvê-la ao
estado em que se encontrava antes do ato ilícito ser cometido ou
compensá-la de alguma forma.[1078]

“A autora, formosa mulher, ao submeter-se a uma


ondulação permanente em seu cabeleireiro, teve seus
cabelos queimados pelo empregado que a atendia;
após tal fato os cabelos começaram a cair com o mero
passar do pente. A moça propôs ação de indenização
contra o dono do salão de beleza e lhe foi reconhecido
o direito a indenização, embora o réu houvesse alegado
a ausência de prejuízos e a transitoriedade da lesão,
posto que os cabelos dela iriam crescer como de fato
cresceram ... Os prejuízos são patentes. A autora tem
vinte e dois anos (fls...); está em sua idade núbil e,
pelas fotografias de fls... vê-se a grande transformação
por que passou seu físico, depois da permanente. Vem
a pêlo o rifão: mais vale casar com velha endinheirada
do que com moça descabelada. Não é só: a autora
exerce a profissão de enfermeira. Ora, uma enfermeira
de aspecto inestético influi sobremaneira sobre os
doentes a seu cargo. Daí a concluir-se, pelos dois
aspectos figurados, quão extensos são os seus
prejuízos”.[1079]

Assim, todos os prejuízos causados injustamente a alguém


devem ser reparados; in natura ou pecuniariamente, mas sempre
reparados.
Acrescenta, ainda, ORLANDO GOMES que, nos casos de
reparação pecuniária, a primeira dificuldade é a determinação do
quantum. Muitas vezes há elementos concretos para fixá-lo, mas,
frequentemente, não existem. Na sua falta, a indenização há de ser
calculada por aproximação, mediante arbitramento. Para ele, não
faltam, aliás, elementos para a avaliação, até quando se trata da
estimação de um bem como a vida humana. A forma da reparação,
isto é, a forma de pagamento da indenização varia, distribuindo-se a
preferência das legislações entre os seguintes sistemas: a)
pagamento de capital; b) pagamento de renda. Pelo sistema de
pagamento de capital, o ofensor entrega, ao ofendido, determinada
soma de dinheiro, extinguindo-se, com a entrega, a obrigação. É o
que ocorre, por exemplo, quando se dá a destruição de uma coisa.
O autor do dano de uma só vez paga a quantia arbitrada, como
indenização. Pelo sistema do pagamento de renda, a obrigação de
indenizar desdobra-se em prestações periódicas. Em vez de pagar
certa importância para extingui-la de pronto, instantaneamente, o
ofensor é condenado ao pagamento, durante certo tempo, de uma
renda. Na opinião de ORLANDO GOMES, ambos os sistemas têm
vantagens e desvantagens. O do pagamento em capital é preferível
em algumas situações, porque permite ao lesado aplicá-lo à sua
vontade, como, por exemplo, em negócio que permita o exercício de
atividade sucedânea, mas se o dano se produz de modo contínuo,
como nos casos de lesão com reflexos na capacidade de trabalho, o
sistema do pagamento em renda é mais adequado.[1080] Por outro
lado, este sistema, como observa G. P. CHIRONI, oferece menor
garantia, pois, pode acontecer que, com o tempo, o devedor fique
impossibilitado de pagar a renda devida.[1081]
Todavia, ORLANDO GOMES ressalta que, considerado de
maior utilidade, tem-se procurado eliminar suas desvantagens. Com
esse objetivo, ideou-se um sistema de pagamento misto, pelo qual o
ofensor outorga o capital necessário à produção de renda satisfatória para o
ofendido.[1082]
O nosso direito vem adotando o sistema de pagamento
misto. Assim é que o caput do art. 602 do Código de Processo Civil
prescreve que “toda vez que a indenização por ato ilícito incluir
prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, condenará o
devedor a constituir um capital, cuja renda assegure o seu cabal
cumprimento”. O § 1.º do referido art. 602 dispõe que “este capital,
representado por imóveis ou por títulos da dívida pública, será
inalienável e impenhorável: I- durante a vida da vítima; II- falecendo
a vítima em consequência do ato ilícito, enquanto durar a obrigação
do devedor”. Já o § 2.º estabelece que “o juiz poderá substituir a
constituição do capital por caução fidejussória, que será prestada na
forma dos arts. 829 e seguintes”. O seu § 3.º determina que “se,
fixada a prestação de alimentos, sobrevier modificação nas
condições econômicas, poderá a parte pedir ao juiz, conforme as
circunstâncias, redução ou aumento do encargo”. E, finalmente, o §
4.º prescreve que “cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz
mandará, conforme o caso, cancelar a cláusula de inalienabilidade e
impenhorabilidade ou exonerar da caução o devedor”.
Entretanto, alerta ORLANDO GOMES que a reparação com
base no art. 602 do Código de Processo Civil só se aplica em
relação aos lucros cessantes. Outrossim, segundo ele, é discutível
se o prejudicado pode preferir, em lugar da indenização sob forma
de renda, a que é paga em capital. Em sua opinião, em se tratando
de disposição legal que ordena ao juiz a conversão da indenização
em prestação de renda, poderá parecer, à primeira vista, que é
inadmissível a variação na forma de reparação. Todavia, nada
impede que a vontade do ofendido seja atendida pelo juiz. O
pagamento sob forma de pensão constitui garantia que a lei lhe
oferece, a que, evidentemente, pode renunciar. Necessário, apenas
que a exigência do prejudicado seja feita por motivo importante, isto
é, se apresente aos olhos do juiz como preferência razoável.[1083]
Deve ser admitida, segundo KARL LARENZ, como uma faculdade
de substituição do credor, que só se lhe atribui, justificando-a
devidamente. O devedor não pode, porém, exigir a substituição. Só
a requerimento do credor cabe, ou se concorda com o desejo do
devedor.[1084]
Vimos que a reparação pode ser natural ou pecuniária e a
reparação pecuniária pode ser por meio de pagamento em capital,
pagamento em renda e pagamento misto. Além desse aspecto,
outro deve ser objeto de nossas considerações: o modo de fixar a
reparação.
A reparação de danos decorrentes de atos ilícitos pode ser
fixada de 3 (três) maneiras diferentes: a) por acordo entre o ofensor
e ofendido, ou por quem tem a obrigação de indenizar e o ofendido
(reparação convencional – reparação cujo quantum é fixado pela
vontade dos interessados); b) em alguns casos, por determinação
da lei (reparação legal – reparação cujo quantum é fixado pela lei); e
c) por arbitramento admitido em sentença judicial (reparação judicial
– reparação cujo quantum é fixado por sentença judicial).
Há reparação legal nos casos taxativos em que a prestação
de indenizar é delimitada na própria lei. Lembra ORLANDO GOMES
que não se trata de determinação do montante da indenização pelo
preceito legal. Não é sequer a indicação do modo pelo qual a
indenização deve ser calculada, como ocorre, por exemplo, nos
domínios da responsabilidade contratual, com a reparação devida
em consequência do inadimplemento de obrigação pecuniária, que
deve consistir no pagamento de juros moratórios a uma taxa
estabelecida na lei. Segundo ORLANDO GOMES, em matéria de
responsabilidade extracontratual não é possível estabelecer regras
atinentes ao modo de calcular a indenização. Contudo a lei declara
em que deve consistir a indenização quando o dano decorre de
determinados fatos, estabelecendo, desse modo, os elementos
constitutivos da composição.[1085]
Por exemplo, em caso de homicídio, a indenização consiste,
a princípio, no pagamento das despesas com o tratamento da
vítima, seu funeral e o luto da família, bem como na prestação de
alimentos às pessoas a quem o defunto os devia, levando-se em
conta a duração provável da vida da vítima. Já no caso de lesão
corporal simples (ferimento de que não resulta deformidade nem
incapacidade para o trabalho), a indenização consiste apenas no
pagamento das despesas do tratamento, dos lucros cessantes até o
fim da convalescença e algum outro prejuízo que o ofendido prove
haver sofrido, além de lhe pagar a importância da multa no grau
médio da pena criminal[1086] correspondente (arts. 1.537 e 1.538 do
Código Civil de 1916, e arts. 948 e 949 do Código Civil de 2002). No
caso de lesão de que resulta aleijão ou deformidade (lesão
aparente, irreparável, indelével e permanente), a indenização
consistia na soma duplicada prevista para a lesão simples (§ 1.º do
art. 1.538 do Código Civil de 1916 sendo omisso o Código Civil de
2002). No caso de lesão que se verifica em mulher solteira ou viúva,
ainda capaz de casar, a indenização consistia em dotá-la, segundo
as posses do ofensor, as circunstâncias da ofendida e a gravidade
do defeito (§ 2.º do art. 1.538 do Código Civil de 1916 sendo omisso
Código Civil de 2002). No caso de lesão de que resulta
incapacidade do ofendido para o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua o valor do trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá
uma pensão correspondente à importância do trabalho, para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu (art. 1.539 do Código
Civil de 1916 e art. 950 do Código Civil de 2002).
Portanto, como se vê, estas são algumas das normas para a
avaliação dos danos. Daí se conclui que, quando o prejuízo consistir
na ofensa aos direitos personalíssimos e patrimoniais
especificamente nomeados na lei, o valor da indenização deve ser
fixado em função dos elementos constitutivos da composição que a
lei discrimina para cada caso. Por isso é que em tais casos se fala
em reparação legal do dano.[1087]
Há reparação convencional nos casos em que a prestação
de indenizar é delimitada por acordo entre os interessados. Lembra
ORLANDO GOMES que a reparação delitual opera-se, geralmente,
mediante composição amigável. No propósito de evitarem um litígio,
os interessados harmonizam seus interesses mediante transação.
Nada impede que os regulem pela forma e sob as condições que
entenderem convenientes. Segundo ORLANDO GOMES, na
reparação convencional a correspondência entre o dano e a
reparação verifica-se subjetivamente. Uma vez que a indenização é
determinada por acordo, o ofendido pode receber importância
inferior ao valor do prejuízo, desde que a considere satisfatória, sem
que, por isso, se desnature o teor da obrigação contraída pelo
ofensor.[1088] LEONARDO A. COLOMBO destaca que, no caso de
haver seguro, aumentam as possibilidades da reparação
convencional. Em regra, a companhia seguradora toma a iniciativa
de promovê-la. Mas se a vítima não concordar com a estimativa a
que procede habitualmente o segurador, ou preferir dirigir-se ao
ofensor, outro recurso não tem que a via judicial.[1089]
Há reparação judicial nos casos em que a prestação de
indenizar é delimitada por sentença judicial, ou seja, se as partes
interessadas na fixação em função dos elementos constitutivos da
composição não chegam a um acordo e têm de recorrer ao
arbitramento judicial para tornar líquida a prestação.
Esclarece ORLANDO GOMES que o arbitramento judicial é
feito por peritos no curso da ação de indenização. Não obstante sua
realização por especialistas, o laudo não vincula o juiz. Por outras
palavras, o laudo dos peritos (exame, vistoria ou avaliação) não é
conclusivo, podendo ser alterado, em suas conclusões, na sentença
judicial.[1090] O laudo é um mero documento para auxiliar a formação
da convicção do juízo, porém não restringe a liberdade de se formar
a convicção e julgar. Estabelece o art. 436 do Código de Processo
Civil que “o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a
sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos”.
O professor catedrático de Direito Judiciário Civil da
Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo e livre-docente de Direito Judiciário Penal da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo, JOSÉ FREDERICO
MARQUES, reforça isto, alertando que o perito, como auxiliar do
juízo, colabora com o magistrado que dirige o processo, ou
comprovando a existência de determinado fato, ou emitindo sua
apreciação técnica sobre questões do litígio. Em um caso e outro,
porém, o juiz não fica preso às conclusões do laudo. O juiz é o
peritus peritorum (perito em dar parecer decisivo sobre todas as
coisas) por força mesmo das funções de que está investido. Se o
magistrado tivesse que ficar preso e vinculado às conclusões do
laudo pericial, o experto acabaria transformado em verdadeiro juiz
da causa, sobretudo nas lides em que o essencial para a decisão
depende do que se apurar no exame pericial.[1091]
A desvinculação do juízo em relação ao laudo é tão evidente
que o art. 437 do Código de Processo Civil faculta que “o juiz poderá
determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de
nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente
esclarecida”.
Como se vê, pelo que dispõe o art. 437 do Código de
Processo Civil, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode substituir o
perito que realizou a primeira perícia, toda vez que a condução dos trabalhos
periciais e a elaboração do laudo não corresponderem ao que dele se
deseja. Em outras palavras, toda vez que os elementos informativos
do laudo não permitirem que se chegue a uma conclusão
satisfatória, o juiz pode substituir o perito, nomeando outro para que
seja realizada uma segunda perícia.
Destaca ULDERICO PIRES DOS SANTOS que é justamente
por isso que se exige que o perito possua conhecimentos técnico-
científicos a respeito da matéria sobre a qual é chamado a opinar.
[1092]
Pelo que dispõe a letra c do art. 7.º da Lei n° 5.194, de
24.12.1966, que regula o exercício das profissões de engenheiro,
arquiteto e engenheiro-agrônomo, se a perícia versar sobre trabalho
relativo a Engenharia, ela deverá ser feita por engenheiro, arquiteto
ou agrônomo habilitado perante o Conselho Regional de
Engenharia, sob pena de nulidade.[1093] Esta é a regra geral, com
exceção da hipótese de na Comarca, na qual tramita a ação
indenizatória e onde deva ser feita a perícia, não existirem
profissionais dessa especialidade devidamente habilitados.
Esclarece ULDERICO PIRES DOS SANTOS que um engenheiro
civil pode, naturalmente, ser perito em causas cujos pedidos
envolvam aspectos arquitetônicos, e arquitetos podem funcionar
como técnicos nas perícias que versem sobre engenharia civil. Os
médicos podem atuar como peritos em qualquer causa que envolva
conhecimentos científicos relativos à Medicina, sem que haja
inconveniente algum, uma vez que a lei não exige especialização
profissional para cada tipo de perícia.[1094] Todavia, há de se cumprir
o prescrito no art. 17 da Lei n° 3.268, de 30.09.1957.[1095]
Ainda a respeito da segunda perícia, o art. 438, também do
Código de Processo Civil, dispõe, por sua vez, que “a segunda
perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira
e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos
resultados a que esta conduziu”; e o parágrafo único do art. 439
prescreve que “a segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao
juiz apreciar livremente o valor de uma e outra”.
No entanto, se, por um lado, o juiz não se vincula ao laudo
do perito e pode decidir a latere (livre, não vinculado) do que ele
informar, por outro, para ele discordar da conclusão do laudo, deve
lançar os fundamentos de sua divergência, “por não lhe ser lícito
pura e simplesmente alegar conhecimentos pessoais privados sobre
a matéria”.[1096]

“O juiz não está adstrito ao laudo, consoante dispõe o art. 436


do CPC. Entretanto, como determina esse dispositivo, há de
formar sua convicção às expensas de outros elementos e
fatos provados nos autos. Portanto, só com argumentos
convincentes, inferidos das provas diretas, é possível repudiar
a prova técnica”.[1097]

A esse respeito, acrescenta ULDERICO PIRES DOS


SANTOS que, realmente, conquanto não esteja subordinado às
conclusões do perito, deve o juiz, em princípio, amparar-se nos
trabalhos técnicos que o seu louvado apresentar. Salvo – é claro –
se eles não se ajustarem ao conjunto probatório existente nos autos,
desviando-se desarrazoadamente do mesmo. Nesse caso pode
rejeitá-lo inteiramente e valer-se dos outros elementos de convicção
constantes do processo. Segundo ULDERICO PIRES DOS
SANTOS, em caso contrário não, porque, como se sabe, há
hipóteses em que a complexidade técnica da matéria debatida nos
autos eleva a perícia à condição de único elemento capaz de dar ao
juiz os esclarecimentos científicos ou técnicos de que precisa para
decidir a causa.[1098]
Vale consignar que, mesmo quando os elementos
constitutivos para composição da reparação se acham previstos na
lei, é necessário, ainda assim, o cálculo para a determinação do seu
valor. Acrescenta ORLANDO GOMES que, em tais casos, o
arbitramento judicial é bastante simplificado e a tarefa dos peritos é
preordenada. Quando, porém, a liquidação deve ser feita sem
submissão a regras que indicam o conteúdo da prestação de
indenizar, o arbitramento judicial é feito com maior liberdade e a
missão dos peritos fica mais complexa. É, inclusive, nesse sentido
que a lei fala em arbitramento ao ordenar que a indenização seja
fixada por esse modo nos casos em que não estabelece seus
elementos constitutivos.[1099] O art. 1.553 do Código Civil de 1916,
inserido no capítulo II (“Da liquidação das obrigações resultantes de
atos ilícitos”) do Título VIII (“Da liquidação das obrigações”),
dispunha que “nos casos não previstos neste capítulo, se fixará por
arbitramento a indenização”. Tal prescrição não foi repetida no
Código Civil de 2002.
Ainda a respeito dos modos de fixar a reparação, o mestre
baiano ORLANDO GOMES conclui que, definido dessa maneira, o
arbitramento é um indicativo da modalidade de reparação judicial.
Portanto, a avaliação do dano na ação própria faz-se mediante essa
prova pericial, mas, afinal, depende do arbítrio do juiz, mormente
quando há lucros cessantes a serem ressarcidos, ou preço de
afeição a ser estimado, e, com maior razão, se cabe a indenização
de dano moral. Todavia, aconselha ORLANDO GOMES que, no
exercício desse poder, o juiz não deve esquecer que a indenização
não pode ser superior ao prejuízo e não está subordinada à situação
precária ou de penúria em que se encontre o ofendido.[1100] Quanto
ao primeiro conselho, não há dúvida de que a indenização não pode
ser superior ao prejuízo, pois, do contrário, haveria locupletamento
indevido do ofendido, em virtude do benefício exagerado. A
prevalecer isto, as pessoas desejariam, e até mesmo pediriam, para
que outras lhe causassem danos, principalmente aquelas de
maiores recursos – enriquecimento por meio do dano e do
sofrimento desejado. Quanto ao segundo conselho, não podemos
concordar absolutamente. De nada adiantam as condenações
judiciais utópicas. O que adianta condenar uma pessoa, que recebe
apenas um salário mínimo e mora num “barraco quase vazio no alto
de um morro”, a pagar a outra uma indenização, pelo sistema de
pagamento em renda, equivalente a um salário mínimo mensal? Isto
seria a desmoralização do Poder Judiciário, que não teria como
executar suas próprias decisões. À vista dos implacáveis olhos da
sociedade, o sacrifício tributário se mostraria injusto, ineficiente e
inócuo, já que se sustentaria um Poder Judiciário cujas decisões
não teriam qualquer aplicação. Portanto, a nosso ver, a reparação
real e eficaz deve se subordinar à situação precária ou de penúria
em que se encontre o ofendido.

8.6.2 Reparação do dano ambiental

Vimos que o § 3.º do art. 225 da Constituição Federal de


1988, ao mencionar que o infrator, titular de condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente, deve se sujeitar a: a)
sanções penais (de caráter punitivo); sanções administrativas
(também de caráter punitivo); e c) reparação do dano causado por
ele (com finalidade de recompor o que foi destruído, inutilizado ou
prejudicado). Tal comando constitucional encontra-se evidenciado
no art. 14 da Lei n° 6.938, de 31.08.1981, o qual determina que,
sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias
à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados
pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores
à multa simples ou diária, à perda ou restrição de incentivos e
benefícios fiscais concedidos pelo poder público, à perda ou
suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito e à suspensão de sua atividade,
bem como, sem obstar a aplicação dessas penalidades, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa
(responsabilidade objetiva), a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade (caput e § 1.º).
Inclusive, em relação à questão da reparação ambiental e a
aplicação de sanções administrativa, os Tribunais Regionais
Federais já vêm firmando o entendimento no seguinte sentido: a) o §
1.º do art. 14 da Lei n° 6.938, de 31.08.1981, somente impõe a
indenização quando comprovada a existência de danos passíveis de
resgate; b) uma vez cumprida, prontamente, a obrigação de fazer
(repristinação do status quo ante) cessa a responsabilidade do
poluidor, pela retratação; e c) é inaplicável a multa administrativa
pela retratação do procedimento lesivo ao meio ambiente, já que a
sanção administrativa, a princípio, visa punir o não cumprimento da
obrigação de reparar o dano causado, sendo vedada a cumulação
de ambas. Todavia, a não cumulatividade da sanção administrativa
com reparação compulsória do dano ao meio ambiente constitui
tese contrária às disposições constitucionais, pois o § 3.º do art. 225
da Constituição Federal é claro: as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar o dano.
Evidentemente, a reparação in natura (recuperação do meio
ambiente) e a indenização pura e simples são os meios mas
frequentes e adequados para reparar os prejuízos causados ao
meio ambiente e a terceiros, porém devemos esclarecer que
existem outras formas de reparação ambiental (compensação
pecuniária, compensação in natura, demolição etc.).

“PROCESSO. EXTINÇÃO. INÉPCIA DA INICIAL.


INCOMPATIBILIDADE DO PEDIDO DE
RESTAURAÇÃO DO MEIO AMBIENTE COM O DE
INDENIZAÇÃO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
INADMISSIBILIDADE. CUMULAÇÃO AUTORIZADA
PELO ARTIGO 292 DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL. APELO PROVIDO. DECRETO JUDICIAL
EXTINTIVO AFASTADO. Se a parte dos danos
ambientais não é passível de reparação in natura, é
evidente que a lesão invocada comporta ressarcimento
pela via indenizatória, tendo presente a necessidade de
se recompor, totalmente, o meio ambiente degradado,
dado o interesse tutelado, que é de ordem pública. Tal
acumulação reputa-se, assim, perfeitamente admissível
certo que não sofre restrições, neste capítulo, na
legislação vigente”.[1101]

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR


PREVISTO EM LEI (CF, LEI 7.347/85, ART. 12,
CAPUT). FLORESTA. DERRUBADA SEM
AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE.
Obrigação de não fazer, consistente na interrupção da
derrubada, obrigação de fazer, correspondente à
completa reposição florestal, e indenização em dinheiro
por danos ao meio ambiente, a reverter para o fundo
especial (CF, art. 30 e art. 225, § 3.º). Provimento das
apelações do Ministério Público e do ITCF e
desprovimento do apelo do réu”.[1102]

Dentro deste enfoque, LUIS HENRIQUE PACCAGNELLA


opina no sentido de que o dano ambiental material deve ser
reparado, genericamente por meio da reconstituição do meio
ambiente degradado, às custas do responsável (replantio de uma
floresta cortada ou queimada, com espécies nativas; limpeza de
uma lagoa poluída; etc.). Todavia, nas hipóteses em que a
reconstituição é parcial ou totalmente impossível de ser realizada,
principalmente em virtude da indisponibilidade de tecnologia para
tanto, o dano ambiental material deve ser reparado por meio da
indenização pecuniária (total ou parcialmente, conforme a dimensão
da irreversibilidade do dano ambiental). Dessa forma, o dano
ambiental material, naquilo em que for insuscetível de restauração
ao estado anterior, deverá ser objeto de avaliação, em termos
econômicos. Para tanto devem ser adotados critérios técnicos, de
acordo com o caso concreto. Deve se levar em conta, aqui, o valor
estimado do ambiente definitivamente perdido (servem de
referência, por exemplo, a dimensão dos prejuízos ao equilíbrio
ecológico do local e região; a extensão da diminuição da qualidade
de vida da população; a existência de ambientes similares em
outros locais; o prejuízo temporário ao meio ambiente; até a
eventual recomposição; etc.).[1103]
Inclusive, ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELOS
BENJAMIN alerta que o prejuízo temporário ou dano ambiental
interino é indenizável, já que mesmo que haja efetiva recomposição,
a demora dos seus efeitos caracteriza prejuízo ao meio ambiente.
[1104]
No mesmo sentido, RICARDO KOCHINSKI e DARLAN
RODRIGUES BITTENCOURT argumentam que a sociedade deve
ser ressarcida da impossibilidade de desfrutar, durante o tempo em
que se verificou a poluição e do necessário à sua completa
restauração, de um meio ambiente ecologicamente equilibrado e
propício à sadia qualidade de vida.[1105]
A respeito da reparação do dano ambiental material, JOSÉ
AFONSO DA SILVA explica que o lançamento de poluente no rio
causando a morte dos peixes é um grave dano ecológico que não
se satisfaz com a mera indenização monetária.[1106] Em tais casos,
PAULO AFFONSO LEME MACHADO, por sua vez, relata que, às
vezes, não se sabe sequer qual o montante que deve ser pago.[1107]
Acrescenta JOSÉ AFONSO DA SILVA que a devastação de uma
floresta ou de uma Área de Proteção Ambiental – APA, por exemplo,
requer a recomposição ou reconstituição, tanto quanto possível, da
situação anterior (§ 2.º do art. 9.º da Lei n° 6.902, de 27.04.1981).
[1108]
Segundo ele, a Constituição Federal de 1988, no § 2.º do seu
art. 225, impõe a obrigação de recuperar o meio ambiente
degradado àquele que explore recursos minerais. Em tais casos não
é satisfatória a simples indenização monetária do dano. Exige-se
sua recomposição, de acordo com solução técnica determinada pelo
órgão público competente. Uma das finalidades do Estudo de
Impacto Ambiental – EIA há de se traçar solução técnica adequada
à recomposição do ambiente impactado por atividade licenciada.[1109]
Para PAULO DE BESSA ANTUNES, não existe um critério
para a fixação do que, efetivamente, se constitui no dano ambiental
e como este deve ser reparado. A primeira hipótese a ser
considerada é a da repristinação do meio ambiente agredido ao seu
status quo ante. Todavia, sabe-se, perfeitamente, que não é simples
a reconstrução de um local degradado. Muitas vezes, a degradação
de um determinado local implicou na extinção de uma espécie
vegetal, por exemplo. Evidentemente que, no caso, não será
possível a cultivo de novas plantas semelhantes àquelas que foram
destruídas. Mas como proceder a compensação da morte de um
animal ou de uma planta? Talvez pela compensação pecuniária.
Todavia, segundo PAULO DE BESSA ANTUNES, a adoção de um
valor arbitrado para significar a espécie destruída tem a
desvantagem de estabelecer um macabro sistema pelo qual aqueles
que possuem recursos financeiros poderão pagar uma soma para
compensar a área ou espécie prejudicada. Por outro lado, este
mecanismo tem como lado positivo a fixação de algum critério
objetivo que é imposto ao poluidor. Outro critério que se costuma
adotar é o da compensação in natura, ou seja, à degradação de
uma área deve corresponder à recuperação de outra. Para PAULO
DE BESSA ANTUNES, também aí o critério não parece ser bom, já
que muitas vezes as áreas são extremamente diversas e não se
pode restabelecer o ecossistema afetado. Daí ele conclui que
qualquer critério de reparação do dano ambiental se afigura falho e
insuficiente. Segundo ele, fundamentalmente, a atividade ambiental
deve ser regida pelos critérios preventivos. A prevenção, contudo,
implica no ataque a diversos interesses econômicos bastante fortes
seja daqueles que pretendam promover a degradação ambiental,
seja daqueles que atuam na própria indústria da “recuperação” do
meio ambiente (venda de equipamentos antipoluição etc.). Dessa
forma, finaliza PAULO DE BESSA ANTUNES no sentido de que,
diante das diversas realidades ambientais e da própria diversidade
das situações concretas que são levadas a juízo ou aos próprios
órgãos fiscalizadores para exame, é necessário que se estabeleça
um critério aberto para a apuração dos danos ambientais. Desta
forma, pelo menos em tese, é possível que sejam criados
mecanismos, caso a caso, capazes de estabelecer uma reparação
adequada.[1110]157
Quanto à reparação do dano moral ambiental difuso ou
coletivo, tanto quanto o dano material ambiental irrecuperável, deve
ser ela consumada por intermédio de compensação pecuniária; não
pode tal reparação ser feita por meio de uma prestação de fazer ou
não fazer, ainda que de interesse ambiental, exatamente
equivalente ao prejuízo causado pelo infrator. Todavia, admite-se a
possibilidade de prestação de fazer ou não fazer, em ambos os
casos, por meio da transação extrajudicial ou judicial ou, ainda, do
arbitramento extrajudicial ou judicial puro e simples, visando a
proporcionar alguma satisfação à comunidade ou ao grupo social
afetado moralmente. Esta solução somente é adequada em razão
de a avaliação econômica do dano moral ambiental difuso ou
coletivo, tal como ocorrer no caso do dano moral ambiental
individual, ser absolutamente impossível e sua reparação somente
poder ser realizada por intermédio do acordo ou do arbitramento,
visando uma compensação pelos sofrimentos causados pelo
infrator. No entanto, não se pode perder de vista que a
jurisprudência brasileira vem estipulando critérios básicos para o
arbitramento do dano moral individual, os quais servem
perfeitamente para o caso de dano moral ambiental individual e de
dano moral ambiental difuso ou coletivo, a saber: a) intensidade da
culpa ou dolo do infrator (responsabilidade por ação ou omissão),
inclusive pelo exame do proveito do agente com a degradação ao
meio ambiente por ele perpetrada; b) capacidade econômica e
cultural do infrator responsável pelo dano ambiental; c) necessidade
de a reparação ser um verdadeiro desestímulo a reiteração de atos
ilícitos ambientais (caráter punitivo), ou seja, valor suficientemente
pesado, o qual possa gerar prevenção de futuros danos ambientais;
e d) extensão do dano ambiental, analisando-se, por sinal, a
eventual reversibilidade, bem como, conforme o caso (quando
caracterizado o dano moral ambiental temporário), eventual prejuízo
moral interino.

8.7 A AÇÃO CIVIL PÚBLICA


8.7.1 Aspectos da Lei n° 7.347, de 24.07.1985

A complexidade da vida atual exige novos mecanismos de


defesa dos interesses da sociedade. A intervenção e o controle dos
órgãos públicos, na maior parte das vezes, não é suficiente para
defender tais interesses. Questões como a poluição atmosférica, a
degradação do meio ambiente, o desmatamento das matas e
florestas, a caça e a captura de animais da fauna silvestre etc. são
fenômenos comuns nas sociedades contemporâneas que não
podem mais ser tratados por métodos tradicionais. Estas questões
exigem novos e mais eficazes instrumentos jurídicos.
De maneira que a Lei n° 7.347, de 24.07.1985 (Lei da Ação
Civil Pública), que disciplina a ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico,
foi colocada em vigor justamente visando suprir esta lacuna
ocasionada em virtude dos novos fenômenos emergidos com o
desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Esta Lei não só
criou a ação civil pública propriamente dita, mas também previu e
disciplinou o chamado “inquérito civil”.
ISABELLA FRANCO GUERRA menciona que a Lei n° 7.347,
de 24.07.1985, trouxe em seu bojo uma série de inovações técnico-
processuais, permitindo um alargamento no direito processual e
estabelecendo alterações consideráveis capazes de delinear uma
mudança na ótica privatística do processo civil. Segundo ela, as
novas técnicas processuais nascem com a finalidade de
democratizar o direito, buscando promover o ideal de justiça e de
solução pacífica dos conflitos sociais.[1111]
Para o professor ÉDIS MILARÉ, a Lei n°7.347, de
24.07.1985, significou, sem dúvida alguma, uma “revolução” na
ordem jurídica brasileira, já que o processo judicial deixou de ser
visto como mero instrumento de defesa de interesses individuais,
para servir de efetivo mecanismo de participação da sociedade na
tutela de situações fático-jurídicas de diferentes naturezas, vale
dizer, daqueles conflitos que envolvem interesses supra-individuais
– difusos, coletivos e individuais homogêneos. Inclusive, a
promulgação do Código de Defesa do Consumidor (CDC), com sua
parte processual aplicando-se à tutela dos interesses difusos
coletivos e individuais, fez a Lei que disciplina a ação civil pública de
responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico, mais uma vez inovar o sistema jurídico
brasileiro com a denominada “ação coletiva para a defesa de
interesses individuais homogêneos”.[1112] De fato, o art. 21 da Lei n°
7.347, de 24.07.1985, com a redação dada pela Lei 8.078, de
11.9.1990, prescreve expressamente que “aplicam-se à defesa dos
direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for
cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de
Defesa do Consumidor”.
Outrossim, não podemos deixar de destacar que o
surgimento dos instrumentos jurídicos previstos na Lei 7.347, de
24.07.1985, certamente veio dar, também, uma nova dimensão na
atuação do Ministério Público. A esse respeito, ANTÔNIO
HERMANN DE VASCONCELOS BENJAMIN afirma que o Ministério
Público atua em todas as formas de implementação: a) na
preventiva e na administrativa; e b) na judicial. Nas formas
preventiva e administrativa, exerce suas funções por meio da
fiscalização dos estudos de impacto ambiental e da instauração do
inquérito civil preventivo. Na forma judicial, exerce suas funções por meio
do ajuizamento da ação civil pública, de natureza reparatória, ou da ação
penal pública incondicionada, de natureza repressiva.[1113] Tanto é que a
maior parte das ações civis públicas ajuizadas têm como autor o Ministério
Público.
Acrescenta WANDERLEY REBELLO FILHO e
CHRISTIANNE BERNARDO que a participação da sociedade na
proteção jurídica do meio ambiente, por meio do ajuizamento da
ação civil pública, ainda é muito tímida. Essa atuação pode também
se dar por meio de provocação na área institucional (denunciando a
ocorrência de danos ambientais, ou a ameaça de eles ocorrem, aos
órgãos públicos ambientais federais, estaduais ou municipais), do
direito/dever de informação, da participação em audiências públicas
ou mesmo por meio de outro tipo de ação judicial.[1114]

8.7.2 Alcance da Lei da Ação Civil Pública

O art. 1.º da Lei n° 7.347, de 24.07.1985, com a redação


determinada pelo art. 117 da Lei n° 12.529, de 30.11.2011 (Lei
Antitruste), dispõe que se regem pelas disposições daquela lei, sem
prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos
morais e patrimoniais causados: a) ao meio ambiente (inciso I do
art. 1.º); b) ao consumidor (inciso II do art. 1.º); c) a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (inciso III
do art. 1.º com a redação dada pela Medida Provisória 2.180-35, de
24.08.2001); d) qualquer outro interesse difuso ou coletivo (inciso IV
do art. 1.º com redação dada pela Lei n° 8.078, de 11.09.1990); e)
por infração da ordem econômica (inciso V do art. 1.º com a redação
dada pela Lei n° 12.529, de 30.11.2011); e f) à ordem urbanística (
inciso VI do art. 1.º com a redação dada pela Medida Provisória n°
2.180-35, de 24.08.2001).

8.7.3 Do foro competente

O art. 2.º da mencionada Lei n° 7.347, de 24.07.1985, com


os acréscimos determinados pela Medida Provisória n° 2.180-35, de
24.08.2001, é claro ao determinar que as ações previstas na Lei da
Ação Civil Pública deverão ser propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional (fundada no
interesse público) para processar e julgar a causa. Inclusive, a
propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as
ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de
pedir ou o mesmo objeto.
Há que se destacar que a competência funcional é absoluta
e inderrogável. Portanto, qualquer das partes envolvidas no ato
danoso objeto da demanda não podem optar por foro de eleição.
Todavia, quando União Federal, entidade autárquica ou
empresa pública federal integrarem alguns dos pólos (ativo ou
passivo) da ação civil pública o foro competente é o da Justiça
Federal, por força do art.109, I, da Constituição Federal.[1115]

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES CIVIS


PÚBLICAS. JUÍZO ESTADUAL E FEDERAL.
CONEXÃO. OBRAS ÀS MARGENS DE RIO FEDERAL
REALIZADAS POR MUNICÍPIO. EVENTUAIS DANOS
AO MEIO AMBIENTE. INTERESSE DA UNIÃO E DE
AUTARQUIA FEDERAL (IBAMA). ART. 109, I, CF.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
PRECEDENTES. 1. Consoante o disposto no art. 109,
I, da Carta Magna, a competência para processar e
julgar as ações é da Justiça Federal, uma vez que as
aludidas obras estão sendo realizadas em rio federal,
pertencente à União (CF, art. 20, III), tendo esta
manifestado o interesse em integrar a lide, bem assim o
IBAMA, autarquia federal. 2. Conflito conhecido para
declarar competente a Justiça Federal”.[1116]

8.7.4 Do objeto da ação civil pública

Quanto ao objeto da ação civil pública, o art 3.º da Lei 7.347,


de 24.07.1985, dispõe que ela poder ter por objeto a condenação
em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBJETIVO. OBRIGAR A


FAZENDA DO ESTADO A CONTROLAR O
EXTRATIVISMO VEGETAL NA MATA ATLÂNTICA,
BEM COMO PROMOVER CAMPANHA DE
DIVULGAÇÃO SOBRE A DEGRADAÇÃO.
INADMISSIBILIDADE. Não-comprovação de dano
efetivo ao meio ambiente. Existência, ademais, de
órgãos competentes para a fiscalização e educação
ambiental. Falta de interesse de agir. Recurso não
provido”.[1117]

Daí conclui-se que após o trânsito em julgado da sentença


de mérito e do procedimento de sua liquidação, podemos ter um
procedimento de execução único ou misto. Procedimento de
execução único, quando a condenação for ou apenas em relação ao
pagamento de dinheiro (execução por quantia certa) ou apenas em
relação ao cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer
(execução das obrigações de fazer e de não fazer). Procedimento
de execução misto, quando o procedimento de execução tiver que
cumprir tanto o rito próprio para a execução por quantia certa como
o rito adequado para o cumprimento da obrigação de fazer ou de
não fazer.

8.7.5 Do procedimento cautelar especial

O art 4.º da Lei n° 7.347, de 24.07.1985, prescreve que pode


ser ajuizada ação cautelar (medida processual de caráter provisório
para assegurar o resultado útil do processo) para os fins previstos
nesta Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem urbanística, aos bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, cuja ameaça
requer medida rápida e eficaz.

“MEDIDA CAUTELAR INOMINADA. LIMINAR.


SUSPENSÃO DE OBRAS. RISCOS AO MEIO
AMBIENTE. ADMISSIBILIDADE. Face os elementos
preliminares existentes, indicativos de danos ao meio
ambiente, melhor se torna sua preservação até a
correta apuração dos elementos necessários”.[1118]

ISABELLA FRANCO GUERRA comenta que o art. 4.º da Lei


da Ação Civil Pública estabelece a tutela preventiva, em razão da
importância dos bens e valores que visa proteger. Segundo ela, o
procedimento cautelar pode ensejar a outorga da medida liminar.[1119]
Para tanto, o mencionado art. 4.º deve ser utilizado observando-se o
que se encontra disposto no art. 12, caput, da Lei 7.347, de
24.07.1985: “Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo”. Destaca-se que a
orientação do legislador especial é a mesma contida no art. 804 do
Código de Processo Civil.[1120]
Todavia, quando o dano ambiental já foi causado, a tutela
jurisdicional preventiva perde muito de sua relevância ou função.[1121]

8.7.6 Da legitimidade ativa

O art. 5.º da Lei n° 7.347, de 24.07.1985, com redação


determinada pela Lei n° 11.448, de 2007, dispõe que têm
legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I- o
Ministério Público; II- a Defensoria Pública; III- a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios; IV- a autarquia, empresa pública,
fundação ou sociedade de economia mista; V- a associação que,
concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano
nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais,
a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico.
Contra a tendência verificada em muitos outros países do
mundo ocidental, o direito brasileiro restringiu a competência para
ajuizar a ação civil pública. Por exemplo, em Portugal, é
reconhecida a competência dos cidadãos de um modo geral, das
Organizações Não-Governamentais – ONG (pessoa jurídica), dos
Indivíduos Não-Governamentais – ING (pessoa física) e das
comunidades para exercer o direito de agir, por meio da ação civil
pública. Todavia, a legislação de alguns outros países é, ainda, mais
restritiva do que a do Brasil. Evidentemente, nos referimos à
legislação alemã. Naquele país europeu, a legislação atualmente
em vigor não admite reparação do dano ambiental de modo
genérico, ou seja, somente admite reparação de dano ambiental
ocorrido em propriedade de alguém. Portanto, na Alemanha,
somente o proprietário está autorizado a ajuizar a ação civil pública.
Outrossim, o Ministério Público, se não intervier no processo
como parte, deve atuar obrigatoriamente como fiscal da lei (§ 1.º do
art. 5.º da Lei n° 7.347, de 24.07.1985).
A esse respeito ISABELLA FRANCO GUERRA esclarece
que as ações coletivas tutelam interesses metaindividuais. Aí está,
entre outras justificativas, a razão da necessidade de o Ministério
Público atuar como fiscal da lei,[1122] quando ele próprio não integrar
o pólo ativo da ação civil pública.
Ademais, o poder público, outras entidades públicas ou
privadas e associações devidamente legitimadas (que estejam
constituídas há pelo menos um ano, nos termos da lei civil e que
incluam entre suas finalidades institucionais a proteção ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência,
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico)
têm a faculdade de se habilitar como litisconsortes de qualquer das
partes (§ 2.º do art. 5.º). No entanto, em caso de desistência ou
abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público
ou outro legitimado deve assumir a titularidade ativa (§ 3.º).
Um dos principais motivos para o legislador exigir que o
Ministério Público atue como fiscal da lei reside, justamente, na
possibilidade de ocorrer hipótese de um órgão público, uma
fundação, uma sociedade de economia mista ou uma associação
exercer o direito de ação para tutela de determinado interesse difuso
e depois decidir, pura e simplesmente, desistir ou abandonar a
demanda. Em tais casos, como vimos, o Ministério Público deve
integrar o pólo ativo da ação.
Também uma vez decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito
em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora
lhe promova a execução, o Ministério Público deve obrigatoriamente
fazê-lo (art. 15 da Lei n° 7.347, de 24.07.1985).
Todavia, pode ocorrer de o Ministério Público não se
interessar pelo prosseguimento da ação. E se, de fato, ele não
assumir, quando devia tê-lo feito? O que se pode fazer? HUGO
NIGRO MAZZILLI responde esta indagação escrevendo que se
deve aplicar por analogia a solução prevista no art. 9.º: o órgão do
Ministério Público que entender de não assumir a ação, deve
declarar fundamentadamente nos autos a sua posição e requerer a
remessa dos autos ao Conselho Superior do Ministério Público da
sua Instituição, para ser ratificada ou não sua manifestação.[1123]
Acrescenta-se que o requisito da pré-constituição
(legitimação da entidade interessada) pode ser dispensado pelo juiz,
quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão
ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser
protegido (§ 4.º do art. 5.º da Lei n° 7.347, de 24.07.1985,
acrescentado pela Lei n° 8.078, de 1990). Outrossim, o litisconsórcio
facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal
e dos Estados deve ser admitido na defesa dos interesses e direitos
de que cuida a referida Lei n° 7.347, de 24.07.1985.

8.7.7 Do compromisso de ajustamento de conduta


O § 6.º do art. 5.º da Lei n° 7.347, de 24.07.1985,
acrescentado pela Lei n° 8.078, de 1990, dispõe que os órgãos
públicos legitimados podem tomar, dos interessados, compromisso
de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Havendo renúncia recíproca e concedendo-se parte das
pretensões de cada parte, temos, pois, uma permissão legal para as
partes transigirem na ação civil pública. Lembrando que a transação
é um meio de terminar amigavelmente um determinado litígio, ou
seja, é um acordo expresso, ajustado nos próprios autos judiciais,
por meio do qual as partes, mediante concessões recíprocas,
previnem a lide ou lhe põem termo. A transação era disciplinada
pelos arts. 1025 a 1.036 do Código Civil de 1916,[1124] e, hoje, é
tratada pelos arts. 840 a 850 do Código Civil de 2002 (Lei n° 10.406,
de 10.01.2002).[1125]
No entanto, não havendo renúncia recíproca, mas tão-
somente por parte de uma das partes, a fim de por fim ou restringir o
litígio, ela espontaneamente concorda em atender as pretensões da
outra parte, temos aí o instituto do “compromisso”, previsto nos arts.
851 a 853 do Código Civil de 2002.[1126]
ISABELLA FRANCO GUERRA, por sua vez, opina que o
instituto denominado “compromisso de ajustamento” não se
confunde com o instituto da “transação”. Segundo ela, o
“compromisso de ajustamento de conduta” é um meio pelo qual há
um acordo em que uma parte se compromete a ajustar sua conduta
conforme as exigências legais. Nem sempre este acordo põe fim ao
litígio, fato que demonstra uma distinção entre os dois institutos.[1127]
No mesmo sentido, HUGO NIGRO MAZZILLI escreve que,
versando interesses metaindividuais, o compromisso terá o valor de
garantia mínima em prol do grupo, classe ou categoria de pessoas
atingidas; não pode ser considerado como garantia máxima de
responsabilidade do causador do dano, sob pena de admitirmos que
lesados, fragmentariamente dispersos na comunidade, fiquem sem
acesso jurisdicional. Entender-se o contrário seria dar ao
compromisso extrajudicial que versa interesses difusos ou coletivos
a mesma concepção privatista que tem a transação no direito civil,
campo em que a disponibilidade é a característica principal. A
admitir esse entendimento, segundo ele, graves prejuízos adviriam à
defesa social.[1128]

8.7.8 Da obrigação de prestar informações

Qualquer pessoa pode provocar a iniciativa do Ministério


Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam
objeto da ação civil pública e indicando-lhe os elementos de
convicção. No caso do servidor público (federal, distrital, estadual ou
municipal), deve este provocar a iniciativa do Ministério Público,
ministrando-lhe, sem esperar requisição, informações sobre fatos
que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de
convicção (art. 6.º da Lei 7.347, de 24.07.1985).
O servidor que possua informações sobre fatos ou que tenha
conhecimento de uma situação que constituam objeto da ação civil
pública e não vir a comunicar o fato ou transmitir o conhecimento da
situação espontaneamente ao Ministério Público, comete o crime de
prevaricação (art. 319 do CP).
Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da
ação civil, devem remeter, obrigatoriamente, peças ao Ministério
Público, para estes possam tomar as providências cabíveis (art. 7.º
da Lei n° 7.347, de 24.07.1985).
Para instruir a inicial, o interessado pode requerer às
autoridades competentes as certidões e informações que julgar
necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.
Todavia, somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser
negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser
proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz
requisitá-los (caput e § 2.º do art. 8.º da Lei n° 7.347, de
24.07.1985).

8.7.9 Do inquérito civil e das peças de informação

O Ministério Público pode instaurar, sob sua presidência,


inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou
particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que
assinalar, o qual não pode ser inferior a 10 (dez) dias úteis (§ 1.º do
art. 8.º Lei n° 7.347, de 24.07.1985).
Lembramos que o inquérito civil é um processo
administrativo que tramita exclusivamente no âmbito do próprio
órgão do Ministério Público, com o objetivo exclusivo de fornecer os
meios suficientes para fundamentar a ação civil pública.
Inclusive, o inciso III do art. 129 da Constituição Federal
prevê que o inquérito civil é um procedimento da competência do
Ministério Público, cabendo somente a ele instaurá-lo e presidi-lo.
[1129]
Todavia, a instauração do inquérito civil não é obrigatória. Na
hipótese de o órgão do Ministério Público já ter em seu poder as
informações de dados que demonstram cabalmente a existência de
dano ou perigo de dano, pode ajuizar diretamente a ação civil
pública, sem necessidade de abertura de inquérito civil.
Por sinal, constitui crime, punido com pena de reclusão de 1
(um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil)
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN, a recusa, o
retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério
Público (art. 10).
Uma vez colhidas informações e dados indispensáveis para
a propositura da ação civil pública, por meio do inquérito civil, o
Ministério Público deve proceder a avaliação da necessidade ou não
de ajuizar a medida judicial. No entanto, se o órgão do Ministério
Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da
inexistência de fundamento para a propositura da ação civil
(inexistência de dano ou perigo de que este venha a ocorrer), pode
promover o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
informativas, fazendo-o fundamentadamente. Os autos do inquérito
civil ou das peças de informação arquivadas devem ser remetidos
ao Conselho Superior do Ministério Público, no prazo de 3 (três)
dias, sob pena de se incorrer em falta grave. Até que, em sessão do
Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou
rejeitada a promoção de arquivamento, podem as associações
legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que devem
ser juntados aos autos do inquérito civil ou anexados às peças de
informação. A promoção de arquivamento deve ser submetida a
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
conforme dispuser o seu Regimento Interno. Deixando o Conselho
Superior do Ministério Público de homologar a promoção de
arquivamento, deve designar, desde logo, outro órgão do Ministério
Público para o ajuizamento da ação civil pública (art. 9.º).
É importante acrescentar que o arquivamento do inquérito
civil não impede a legitimidade das demais entidades (União
Federal, Estados, municípios etc.) para o exercício da ação civil
pública, assim como nada impede que o inquérito civil seja reaberto
com o surgimento de novas provas. Nesta hipótese, se uma das
entidades públicas ou privadas legitimadas decidir ingressar em
juízo e depois desistir da ação, não há motivo para impor ao órgão
do Ministério Público o ônus de prosseguir no feito.
Outrossim, no curso do inquérito civil, pode, perfeitamente, o
causador da lesão reconhecer expressamente o seu erro e resolver
cessar a conduta que se revela nociva aos bens e interesses
protegidos, restaurando a situação de equilíbrio (status quo ante),
sem necessidade de chegar à via judicial.[1130] Pode também o
causador do dano ambiental se comprometer a ajustar sua conduta
conforme as exigências legais, firmando com o órgão do Ministério
Público o denominado “Termo de Ajustamento de Conduta – TAC”
ainda na fase do inquérito civil.
Portanto, uma vez aberto o inquérito civil, este procedimento
administrativo pode tomar 3 (três) caminhos distintos: a) o
arquivamento do inquérito civil; b) o ajuste de um Termo de
Ajustamento de Conduta; ou c) o ajuizamento da ação civil pública.

8.7.10 A execução da obrigação de fazer ou não fazer

Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação


de fazer ou não fazer, o juiz deve determinar o cumprimento da
prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva,
sob pena de execução específica ou de cominação de multa diária,
se esta for suficiente ou compatível, independentemente de
requerimento do autor (art. 11 da Lei n° 7.347, de 24.07.1985).
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL. OBRIGAÇÃO DE
NÃO FAZER. VISA A RESPONSABILIDADE CIVIL E A
INDENIZAÇÃO POR DANOS ECOLÓGICOS.
ADMISSIBILIDADE. Se a autorização era de fato
irregular, nenhum direito dela pode se originar, uma vez
que não se adquire direitos perante a administração
pública fundamentados em atos ilegais, não restando
outra solução se não julgar a ação procedente, nos
termos do pedido inicial, apurado o valor da
indenização em regular processo de liquidação.
Recurso provido”;[1131]

“MEIO AMBIENTE. POLUIÇÃO. OBRIGAÇÃO DE


FAZER. INDENIZAÇÃO PELOS DANOS CAUSADOS.
O agente poluidor só é obrigado a indenizar ou reparar
os danos causados ao meio ambiente ou a terceiros, se
resultar cumpridamente provada nos autos a existência
do prejuízo. Cessada a atividade poluidora pelo
cumprimento de obrigação de fazer no correr do
processo sem prova do prejuízo, fica, no entanto, o
agente sujeito à multa diária que for estipulada para
caso de reinício dos atos degradados”.[1132]

8.7.11 A concessão de mandado liminar

Pode o juiz conceder mandado liminar, com ou sem


justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. A requerimento de
pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave
lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, pode o
Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo
recurso suspender a execução da liminar, em decisão
fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas
julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
A multa cominada liminarmente só deve ser exigível do réu após o
trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida
desde o dia em que se houver configurado o descumprimento (art.
12 da Lei n° 7.347, de 24.07.1985).
“AÇÃO PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR
DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE. LIMINAR
REQUERIDA PARA O EFEITO DE DETERMINAR O
FECHAMENTO DE UMA UNIDADE DA EMPRESA.
INDEFERIMENTO. A concessão de medida liminar que
implique o fechamento repentino de uma fábrica, na
qual trabalham centenas de empregados, deve ser
analisada com prudência, mesmo considerando-se que
o pedido restringe-se a apenas uma unidade do
complexo industrial, ou seja, a fábrica velha. Somente
depois de concluída a instrução da ação pública de
responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente, onde será analisado o conjunto probatório,
especialmente a prova pericial, é que se saberá com a
precisão necessária se ocorreram os danos causados
ao meio ambiente pela empresa, e as providências a
serem tomadas, podendo, inclusive, se necessário for,
ocorrer o fechamento da unidade. Improvimento do
recurso”;[1133]

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMINAR. CESSAÇÃO.


ADMISSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
CONSISTENTE NA ABSTENÇÃO DE UTILIZAÇÃO DO
FOGO PARA LIMPEZA DO SOLO EM PLANTIO DE
CANA-DE-AÇÚCAR. DECRETO FEDERAL 97.635, DE
1989, E LEI FEDERAL 4.771, DE 1965. Ausência de
comprovação científica de prejuízo ao meio ambiente
que justifique a concessão da liminar. Cinzas e gazes
liberados na queima que não causam dano à saúde, ao
ar ou ao meio ambiente. Segurança concedida. A
política ambiental não se deve constituir em obstáculo
ao desenvolvimento, mas sim em um de seus
instrumentos, ao proporcionar a gestão racional dos
recursos naturais, os quais constituem a sua base
material”;[1134]
“MANDADO DE SEGURANÇA. DANO IRREPARÁVEL.
LIMINAR DEFERIDA. No Estado do Rio de Janeiro, é a
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente o órgão
competente para licenciar qualquer atividade potencialmente
poluidora (art. 10 da Lei 6.938, de 31.08.1981, e art. 18 do
Decreto 88.351, de 01.06.1983). Havendo sido por ela
aprovada a execução de dois loteamentos, a pretexto de
alegado risco ao meio ambiente, não podem licenças
regularmente expedidas serem cassadas por medida liminar
concedida em ação civil pública, principalmente quando veio
esta precedida do indispensável inquérito civil previsto no
parágrafo 1.º do artigo 8.º da Lei 7.347/85. O dano irreparável
para o direito da impetrante emerge evidente da simples
paralisação das obras licenciadas. Segurança concedida”.[1135]

8.7.12 Destinação das indenizações pelo dano causado

Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano


causado deve reverter a um fundo gerido por um Conselho Federal
ou por Conselhos Estaduais de que devem participar
necessariamente o Ministério Público e representantes da
comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos
bens lesados. Havendo acordo ou condenação com fundamento em
dano causado por ato de discriminação étnica, a prestação em
dinheiro deve ser revertida diretamente ao referido fundo e deve ser
utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme
definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial,
na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção
de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos
com extensão regional ou local, respectivamente. Portanto, as
indenizações pelo dano causado ficam, obrigatoriamente, afetadas a
uma finalidade social específica: possibilitar a reconstituição dos
bens lesados. Todavia, enquanto o fundo não for regulamentado, o
dinheiro deve ficar depositado em estabelecimento oficial de crédito,
em conta com correção monetária (art. 13 da Lei n° 7.347, de
24.07.1985, com os acréscimos determinados pela Lei n° 12.228, de
20.07.2010).
8.7.13 Efeito dos recursos

Nas ações civis públicas, o juiz pode conferir efeito


suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte (art.
14 da Lei n° 7.347, de 24.07.1985).

8.7.14 Da coisa julgada da sentença civil

Nos limites da competência territorial do órgão prolator, a


sentença civil faz coisa julgada erga omnes, exceto se o pedido for
julgado improcedente por deficiência de provas, hipótese em que
qualquer legitimado pode intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova (art. 16 da Lei n° 7.347, de
24.07.1985, com a redação determinada pelo art. 2.º da Lei n°
9.494, de 10.09.1997).

8.7.15 Da litigância de má-fé

O juiz deve condenar a associação autora a pagar ao réu os


honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4.º do art.
20 da Lei n° 5.869, de 11.01.1973 (Código de Processo Civil),
quando reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.
Inclusive, em caso de litigância de má-fé, a danos, a associação
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação devem
ser solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo
da responsabilidade por perdas e danos (art. 17 da Lei n° 7.347, de
24.07.1985, com redação dada pela Lei n° 8.078, de 11.09.1990).

8.7.16 Das custas judiciais

Nas ações principais (ação civil pública) e nas ações


cautelares reguladas pela Lei n° 7.347, de 24.07.1985, não deve
haver adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas (art. 18), nem condenação das entidades
públicas ou privadas legitimadas que ingressaram na demanda
como autoras, exceto na hipótese de comprovada litigância de má-
fé.

“PROCESSUAL CIVIL. LEI 7.347/85. DANOS AO MEIO


AMBIENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO FIGURANDO
COMO AUTOR DA DEMANDA. IMPROCEDÊNCIA. É
descabido fazer com que o órgão ministerial
experimente a sucumbência em se tratando de ação
civil pública julgada improcedente por insuficiência
probatória”.[1136]

8.7.17 Da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil

Finalmente, por força do art. 19 da Lei n° 7.347, de


24.07.1985, aplica-se à ação civil pública, disciplinada por esta lei, o
Código de Processo Civil naquilo em que não contrarie suas
disposições.
Portanto, nas ações civis públicas aplica-se o rito especial
previsto na Lei n° 7.347, de 24.07.1985, e, subsidiariamente, no que
couber, as disposições do Código
de Processo Civil.
BIBLIOGRAFIA
AAROUS, Gisele. “Questões Ambientais”. In: Boletim Informativo
Oliveira Neves e Associados, São Paulo, julho – 2001, p. 4.
ABBOTT, Lawrence, Quality and Competition: An Essay in Economic
Theory, New York: Columbia. University Press. Andersen
Consulting, 1996.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – ACIESP.
Glossário de termos usuais em ecologia. ACIESP, n. 24, São
Paulo, Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia,
1980.<bib>AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Conjuntura dos
Recursos Hídricos do Brasil: informe 2011. Brasília, ANA, 2011.
Disponível no site: <http://conjuntura.ana.gov.br/ conjuntura/>.
Acesso em 25.03.2012.
________________. Portal da Qualidade das Águas. Indicadores de
qualidade – Índice de Qualidade das Águas. Artigo disponível no
site: <http://pnqa.ana.gov.br/ IndicadoresQA/IndiceQA.aspx>.
Acesso em 20.07.2012.
AGUSTINI, Carlos Alberto di. Concessão de crédito e risco
ambiental. Dinheiro Vivo Agência de Informações, Guia
Financeiro: Cartilha do Investidor, 1 a 15 jun. 2002.
ALMEIDA, Luciana Togeiro de. “As interações entre comércio e meio
ambiente”. In: Comércio & meio ambiente: uma agenda positiva
para o desenvolvimento sustentável, Brasília: Ministério do Meio
Ambiente – MMA, 2002.
ALBAGLI, Sarita. Geopolítica da biodiversidade. Brasília: Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
– IBAMA, 1998.
ALMEIDA, Josimar Ribeiro de e TERTULIANO, Marcos Faria.
Subsídios para avaliação econômica de impactos ambientais. In:
CUNHA, Sandra Batista da e GUERRA, Antônio José Teixeira
(orgs.). Avaliação e perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1999.
ALTVATER, Elmar. O preço da riqueza: pilhagem ambiental e a nova
(des)ordem mundial. Trad. Wolfgang Leo Maar. São Paulo:
UNESP, 1995. (original: Der preis des wohlstands oder
umweltplunderung und neue welt (um)ordnung.)
ÁLVAREZ-GENDÍN, Sabino. Tratado generale de derecho
administrativo. Barcelona: Bosch, 1958. t. I.
ANDRADE, Sueli Amália de. Considerações gerais sobre a
problemática ambiental. In: LEITE, Ana Lúcia Tostes de Aquino e
MININNI-MEDINA, Naná (coords.). Educação Ambiental – Curso
básico a distância: questões ambientais: conceitos, história,
problemas e alternativas. 2. ed., Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2001. v. 2.
________________. Crise civilizatória e o surgimento da questão
ambiental. In: LEITE, Ana Lúcia Tostes de Aquino e MININNI-
MEDINA, Naná (coords.). Educação ambiental – Curso básico a
distância: questões ambientais: conceito, história, problemas e
alternativas. 2. ed., Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001. v.
2.
________________. Fundamentos de ecologia básica. In: LEITE,
Ana Lúcia Tostes de Aquino e MININNI-MEDINA, Naná (coords.).
Educação ambiental – Curso básico a distância: questões
ambientais: conceito, história, problemas e alternativas. 2. ed.,
Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001. v. 2.
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 2. ed., Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 1998.
________________. Jurisprudência ambiental brasileira. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.
Poluição das águas. Rio de Janeiro, 1973.
AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. 3.
ed. São Paulo: Delta, 1978.
BALLESTEROS, Raúl Brañes. El derecho ambiental en América
Latina. Opiniones – Fascículos sobre medio ambiente, n. 1,
Madrid, Centro Internacional de Formación en Ciencias del
Ambiente, 1982.
BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Alcance e objetivo da revisão
do pacto federativo. Informativo Forense, edição especial da IX
Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, abril 1999.
BARBOSA, Sônia Regina da Cal Seixas. Ambiente, qualidade de
vida e cidadania: algumas reflexões sobre regiões urbano-
industriais. In: HOGAN, D. J. e VIEIRA, P. F. (orgs.). Dilemas
sócio-ambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas:
UNICAMP, 1992.
BARDET, Gaston. O urbanismo. Campinas: Papirus, 1990.
BAZERMAN, Charles & SANTOS, René Agustin De Los. “Measuring
Incommensurability: Are toxicology and ecotoxicology blind to
what the other sees?”. In:,Rhetoric and Incommensurability,
coordenação Randy Allen Harris, West Lafayette Ind.: Parlor
Press, 2005, p. 424 e segs.
BASTOS, Anna Christina Saramago & FREITAS, Antônio Carlos de.
Agentes e processos de interferência, degradação e dano
ambiental. In: CUNHA, Sandra Baptista da e GUERRA, Antônio
José Teixeira (orgs.). Avaliação e perícia ambiental. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
BATALHA, Ben-Hur. Glossário de engenharia ambiental. Rio de
Janeiro: NUCLEBRAS, 1987.
BATEMAN, Ian, PEARCE, David & TURNER, R. Kerry.
Environmental economics. Baltimore: The John Hopkins University
Press, 1993.
BECKE, Vera Luise. “Auditoria Ambiental”. In: Revista Técnicas do
Conselho Regional Contabilidade do Rio Grande do Sul, Rio
Grande do Sul, nº 112, p. 31-49.
BECKER, Bertha Koiffman. Amazônia. São Paulo: Ática, 1990 (Série
Princípios).
BENJAMIM, Antônio Herman de Vasconcelos. A implementação da
legislação ambiental: o papel do Ministério Público. In: –––––
(org.). Dano ambiental: prevenção, reparação e repressão. São
Paulo: RT, 1993.
________________. Manual prático da Promotoria de Justiça do
Meio Ambiente. São Paulo: Procuradoria Geral de Justiça de São
Paulo/IMESP, 1997.
________________. Os princípios do estudo de impacto ambiental
como limite da discricionariedade administrativa. Revista Forense,
n. 317, Rio de Janeiro.
________________ & MILARÉ, Édis. Estudo prévio de impacto
ambiental. São Paulo: RT, 1993.
BERNARDO, Christianne e REBELLO FILHO, Wanderley. Guia
prático de direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998.
BERNSTEIN, J. & MARGULIS, S. National environmental strategies:
learning from experience. Washington D.C.: The World Bank,
1995.
BERON, Laura. La contaminación: factor de desequilibrio ecológico.
Buenos Aires: Subsecretaria de Medio Ambiente, 1981.
BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das obrigações. Edição histórica. Rio de
Janeiro: Rio – Sociedade Cultural/Faculdades Integradas Estácio
de Sá, 1977.
BIAZIN, Celestina Crocetta & GODOY, Amália Maria Goldberg. “O
Brasil frente às questões ambientais: a criação do selo verde
brasileiro”, In: A produção integrada do centro de Ciências Sociais
Aplicadas frente ao novo milênio: Anais do Workshop 2000, de 16
a 19.05.2000, Maringá: Universidade Estadual de Maringá – UEM
(publicação em CD).
BIELSA, Rafael. Derecho administrativo. 5. ed. Buenos Aires:
Depalma, 1955-1957. v. 2.
–––––. Restricciones y servidumbres administrativas. Buenos Aires:
Bosch, 1923.
BITTENCOURT, Darlan Rodrigues & KOCHINSKI, Ricardo.
Lineamentos da responsabilidade civil ambiental. Revista de
Direito Ambiental, v. 3, São Paulo, RT, set. 1996.
BLACKS LAW DICTIONARY. 6. ed., St. Paul: West Publishing, 1991.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho.
Rio de Janeiro: Campus, 1992.
________________; MATTEUCCI, N. & PASQUINO, G. Dicionário
de política. Brasília: UNB, 1992.
BOFF, Leonardo. Ecologia, grito da terra, grito dos pobres. 2. ed. São
Paulo: Ática, 1996.
________________. Ecologia, mundialização, espiritualidade: a
emergência de um novo paradigma. 2. ed., São Paulo: Ática,
1996.
BOLLA, Giangestone. Scritti di diritto agrario. Milano: Giuffrè, 1963.
BOLSANELLO, Aurélio. Biologia. Curitiba: Editora Educacional, 1976
(A ecologia moderna, v. 3).
________________ & BROOCKE FILHO, José Daniel Van Der.
Dicionário geral de ciências biológicas. Curitiba: Editora
Educacional, 1976. v. 2 e 3.
BOULANGER, PLANIOL, Marcel & RIPERT, Georges. Traité
élémentaire de droit civil. Paris: Librairie Générale de Droit et de
Jurisprudence, 1942. v. 1.
BRAILE, P. M. Dicionário inglês/português de termos técnicos de
ciências ambientais. Rio de Janeiro: CNI/SESI, 1992.
________________. Dicionário inglês-português de poluição
industrial. Rio de Janeiro: Serviço Social da Indústria, 1983.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal. Primeiro relatório nacional para a Convenção
sobre Diversidade Biológica. Brasília/DF, MMA, [s.d.].
BROOCKE FILHO, J. D. Van Der & BOLSANELLO, Aurélio.
Dicionário geral de ciências biológicas. Curitiba: Editora
Educacional, 1976. v. 2 e 3.
BROWN, Lester R. & FLAVIN, Christopher. Uma nova economia para
um novo século. Trad. Henry J. Mallett. Estado do mundo 1999.
Salvador: UMA, 1999.
BUARQUE, Cristóvam. O pensamento em um mundo terceiro
mundo. In: BURSZTYN, M. (org.). Para pensar o desenvolvimento
sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes & MOREIRA, Vital. Constituição
da República Portuguesa anotada. 2. ed. Coimbra: Coimbra Ed.,
1984. v. 1.
CANTER, Larry W. Environmental impact assessment. Oklahoma:
McGraw-Hill, 1977.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos
sistemas vivos. Trad. Newton Roberval Eichemberg. São Paulo:
Cultrix, 1998. (original: The web of life: a new scientifc
understanding of living systems.)
CARNEIRO, Ricardo. Direito ambiental: uma abordagem econômica.
Rio de Janeiro: Forense, 2001.
CARNELUTTI, Francesco. Il damno e il reato. Padova: Cedam, 1930.
CARSON, Rachel Louise, Primareva Silenciosa, São Paulo: Editora
Gaia, 2010.
CARVALHO, Afrânio de. Águas interiores. São Paulo: Saraiva, 1986.
CARVALHO, Benjamin de Araujo. Glossário de saneamento e
ecologia. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental, 1981.
CARVALHO, Carlos Gomes de. Introdução ao direito ambiental.
Cuiabá: Verde Pantanal, 1990.
CARVALHO, Luis Gustavo Gradinetti Castanho de. O processo penal
em face da Constituição. 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1998.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação civil pública. 2. ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 1999.
________________. Processo Administrativo Federal: Comentários
à Lei nº 9.784 de 29/1/1999, Rio de Janeiro, Editora Lumen Juris,
2001, p. 185-186)
CHARBONNEAU, Jean-Pierre. Enciclopédia de ecologia. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 1979.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1997.
CHENOT, Bernard. Organisation économique de l’état. Paris: Dalloz,
1965.
CHIRONI, G. P. La colpa nel diritto civile odierno – Colpa extra-
contrattuale. 2. ed., Torino: Fratelli Bocca, 1903. v. 2.
CHOAY, F. & MERLIN, Pierre. Dictionaire de l’urbanisme et de
l’amenagement. Paris: PUF, 1988.
CLARK, Brian. A AIA e o Banco Mundial. In: PARTIDÁRIO, Maria do
Rosário e JESUS, Júlio de (orgs.). Avaliação do impacto
ambiental. Lisboa: CEPGA, 1994.
CLARK, Ray. Cumulative effects assessment: a tool for sustainable
development. Impact Assessment, v. 12, n. 3, 1994.
COCCARO FILHO, Celso Augusto. Aplicação de instrumentos do
direito ambiental na solução de conflitos de vizinhança. In:
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de (org.). Temas de direito
ambiental e urbanístico. São Paulo: Max Limonad, 1998.
COIMBRA FILHO, Adelmar F., HOUAISS, Antonio e RIZZINNI,
Carlos Toledo. Brazilian ecosystems. Rio de Janeiro: Index, 1991.
COLOMBO, Leonardo A. Culpa aquiliana (cuasidelitos). 2. ed.,
Buenos Aires: TEA, 1947.
COMPANHIA DE DISTRITOS INDUSTRIAIS – CODIN. Os distritos
industriais do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: CODIN,
[s/d].
COMPARATO, Fábio Konder. Indispensável direito econômico. RT, v.
353, São Paulo.
COMUNE, Antônio
Evaldo. Contabilização econômica do meio ambiente: uma visão
geral. Contabilização econômica do meio ambiente. São Paulo:
Secretaria de Estado de Meio Ambiente, 1992 (Série Seminários e
Debates).
CONY, Carlos Heitor. As viagens de Marco Polo. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2001.
COOLEY, Thomas. Constitutional limitations. vol. I, 8ª ed., Boston,
Little Brown and Company, 1927.
CORREA, Leonilda. BCGD – Comércio e Meio Ambiente: atuação
diplomática brasileira em relação ao selo verde , Brasília: Instituto
Rio Branco, 1998.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia para uma geração
consciente. São Paulo: Saraiva, 1991.
COUSILLAS, Marcelo J. Evaluación del impacto ambiental.
Montevideo: IEEM, 1994.
CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição de 1988. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 1991. v. 4.
CROSBY, Philip Bayard. Quality is free, New York: McGraw-Hill Book
Company, 1979.
DAJOZ, Roger. Ecologia geral. Trad. Francisco M. Guimarães.
Petrópolis: Vozes e Universidade de São Paulo, 1973.
DANSEREAU, PIERRE. Ecologia aplicada ao ordenamento. Lisboa:
Centro de Engenharia Biológica, 1978.
DANTAS, Marcelo Buzalo, FERNANDES, Daniele Cana Verde &
LEITE, José Rubens. O dano moral ambiental e sua reparação.
Revista de Direito Ambiental, v. 4, São Paulo, RT, dez. 1997.
DEJEANT-PONS, Maguelonne. L’insertion du droit de l’homme à
environnement dans les systèmes regionaux de protection des
droits de l’homme. Revue Universelle des Droits de l’Homme,
Strasbourg-Khel, v. 3, n. 11, 1991.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA –
DNAEE. Glossário de termos hidrológicos. Brasília: Ministério de
Minas e Energia, 1976.
DIAS, José de Aguiar. Dano. In: CARVALHO SANTOS, J. M.
(coord.). Repertório do direito brasileiro. Rio de Janeiro: Borsoi,
1962. v. 14.
________________. Da responsabilidade civil. Rio de Janeiro:
Forense, 1944. v. 1.
DICCIONARIO DE LA NATURALEZA, HOMBRE, ECOLOGIA,
PAISAJE. Madrid: Espasa-Calpe, 1987.
DICIONÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS. São Paulo:
Melhoramentos, 1998.
DIEFFY, P. J. B. The development and practice of EIA concepts in
Canada. Ottawa: Environment Canada, 1985.
DINERSTEIN, Eric; OLSON, David M.; GRAHAM, D .J.; WEBSTER,
A. L.; PRIMM, S. A.; BOOKBINDER, M. P. & LEDEC, G. A
Conservation Assessment of the terrestrial ecoregions of Latin
America and the Caribbean. Washington: WWF, World Bank,
1995.
DINIZ, Maria Helena. A responsabilidade civil por dano moral.
Revista Literária do Direito, São Paulo, Jurídica Brasileira, jan.-fev.
1996.
DÓRIA, Dylson. Curso de direito comercial. 13. ed. São Paulo:
Saraiva, 1998. v. 1.
DUMONT, René. Ecologia Socialista, Barcelona, Martinez Roca,
1980.
DURÇO, Roberto. Seguro ambiental. In: FREITAS, Vladimir Passos
de (org.). Direito ambiental em evolução. Curitiba: Juruá, 1998.
DUTRA, Luiz Eduardo Duque, GUERRA, Antônio José Teixeira &
SILVA, Pedro Paulo de Lima e. Diagnose dos sistemas
ambientais: métodos e indicadores. In: CUNHA, Sandra Batista da
e GUERRA, Antônio José Teixeira (orgs.). Avaliação e perícia
ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
EHRLICH, Anne Howland & EHRLICH, Paul Ralph. População,
recursos, ambiente. São Paulo: Polígono/Universidade de São
Paulo, 1974.
EHRLICH, Paul Ralph & EHRLICH, Anne Howland. População,
recursos, ambiente. São Paulo: Polígono/Universidade de São
Paulo, 1974.
ENCICLOPÉDIA ABRIL. 2. ed., São Paulo: Victor Civita, 1976. vols.
1, 2, 4, 5, 6, 8, 9 e 10.
ENCICLOPÉDIA DELTA JÚNIOR. Trad. e ampl. Golden Book Inc.,
coord. Irene de Albuquerque. Rio de Janeiro: Delta, 1964. vols. 3,
5, 8 e 9.
ENCICLOPÉDIA DO MAR. São Paulo: Istituto Geografico de Agostini
S.p.A/Novara/Editora Abril, 1975. v. 2.
ENNECCERUS, Ludwig, KIPP, Theodor & WOLFF, Martin. Derecho
de obligaciones. Trad. González y Alguer. Barcelona: Bosch, 1948
(Tratado de derecho civil, v. 2).
FEIGENBAUM, Armand V. Total Quality Control, 3ª ed., New York:
Mcgraw-Hill Trade, 1988.
FERNANDES, Daniele Cana Verde, DANTAS, Marcelo Buzalo &
LEITE, José Rubens. O dano moral ambiental e sua reparação.
Revista de Direito Ambiental, v. 4, São Paulo, RT, dez. 1997.
FERRARI, C. Curso de planejamento municipal integrado. 2. ed.,
São Paulo: Pioneira, 1979.
FERRAZ, Sérgio. Direito ecológico, perspectivas e sugestões.
Revista da Consultoria-Geral do Estado, v. 2, n. 4, Porto Alegre,
1972.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua
portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, [s.d.].
FERREIRA, José Inácio. Revista Bio, n. 3, 1977.
FERREIRA SOBRINHO, José Wilson. Metodologia do ensino jurídico
e avaliação em direito. Porto Alegre: Fabris, 1997.
FEUERSCHUETTE, Ruy C. Política e legislação de proteção
ambiental no Brasil. 2. ed., São Paulo: Maia, 1993.
FINDLEY, Roger W. Legal protection for biodiversity in the United
States and Brazil. Anais do Congresso Internacional de Direito
Ambiental. São Paulo: Instituto O Direito por um Planeta Verde,
1997.
FISCHER, Hans Albrecht. Reparação dos danos no direito civil. Trad.
Antonio Arruda Férrer Correia. São Paulo: Saraiva, 1938.
FLAVIN, Christopher & BROWN, Lester R. Uma nova economia para
um novo século. Trad. Henry J. Mallett. Estado do mundo 1999.
Salvador: UMA, 1999.
FOLHA DE S. PAULO. Cotidiano: Odor de ovo podre de rio pode
causar enjoo e dor de cabeça. São Paulo: 08.04.2012, p. C3.
FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Direito econômico. Rio de
Janeiro: Forense, 1995.
FORATTINI, Oswaldo Paulo. Ecologia, epidemiologia e sociedade.
São Paulo: Artes Médicas/EDUSP, 1992.
FORGIONI, Paula A. Os fundamentos do antitruste. São Paulo: RT,
1998.
FORMICA, Giovanni. Dizionario pratico del diritto privado. Coord.
Scialoja. Milano: Giuffrè, [s.d.].
FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Processo legislativo. Brasília/DF:
Senado Federal, 1982.
FRANCO, Ary Azevedo. Dicionário de Jurisprudência. Rio de
Janeiro: Livraria e Editora Freitas Bastos, 1940. n. 5.
FREITAS, Antônio Carlos de & BASTOS, Anna Christina Saramago.
Agentes e processos de interferência, degradação e dano
ambiental. In: CUNHA, Sandra Baptista da e GUERRA, Antônio
José Teixeira (orgs.). Avaliação e perícia ambiental. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
FREITAS, Vladimir Passos de. Direito administrativo e meio
ambiente. Curitiba: Juruá, 1993.
FREUND, Ernst. Administrative powers over persons and property.
Chicago: University of Chicago Press, 1939.
FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE –
FEEMA. Derrame de óleo ascarel no Rio Paraíba do Sul em
04.08.1988. Rio de Janeiro: FEEMA, 1988.
GARRIDO FILHA. Irene Braga de Miguez. “Projetos Governamentais
para a exploração florestal na Amazônia Brasileira”. In: Anais do X
Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de
2005 – Universidade de São Paulo, p. 5943-5960 (Digital em CD).
GARRIGUES, Joaquín. Tratado de derecho mercantil. Madri: Revista
de Derecho Mercantil, 1947. v. 1.
GASPAR, Walter, 1000 perguntas de Direito Administrativo, Rio de
Janeiro: Editora Lumen Juris, 1995.
GIORDANI, Mário Curtis. Iniciação ao direito romano. Rio de Janeiro:
Liber Juris, 1986.
GIROD, Patrick. La réparation du dommage écologique. Paris:
Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, 1974.
GOMES, Orlando. Obrigações. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1978.
GOODLAND, Robert. Glossário de ecologia brasileira. Manaus:
Imprensa Oficial do Estado, 1975.
GORZ, André. Ecology as politics. London: Pluto Press, 1987.
GRAU, Eros Roberto. Direito urbano. São Paulo: RT, 1983.
GRECA, Alcides. Régimen legal de la construcción. Buenos Aires:
EJEA, 1956.
GUERRA, Antônio José Teixeira, DUTRA, Luiz Eduardo Duque &
SILVA, Pedro Paulo de Lima e. Diagnose dos sistemas
ambientais: métodos e indicadores. In: CUNHA, Sandra Batista da
e GUERRA, Antônio José Teixeira (orgs.). Avaliação e perícia
ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário geológico-geomorfológico. 8.
ed., Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1978.
GUERRA, Isabella Franco. Ação civil pública e meio ambiente
(doutrina, comentários à Lei 7.347/85 e tradução das class
actions). Rio de Janeiro: Forense, 2000.
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Processo constitucional e direitos
fundamentais. São Paulo: Celso Bastos, 1999.
GUTBERLET, Jutta. Produção industrial e política ambiental:
experiência de São Paulo e Minas Gerais. São Paulo: Fundação
Konrad Adenauer Stiftung, 1996.
HAIGH, Nigel. Direito comunitário do ambiente. Direito do ambiente.
Lisboa: INA, 1994.
HAUSER, Philip Morris. The Population Dilemma. Prentice-Hall,
Englewood: Cliffs, N.J. 1969, p. 145 – 166.
HEPBURN, Ronald. Philosophical ideas of nature. In: EDWARDS, P.
(org.). The encyclopedia of philosophy. New York/London:
MacMillan/Free Press, 1964. v. 5.
HOGAN, D. J. Migração, ambiente e saúde nas cidades brasileiras.
In: HOGAN, D. J. e VIEIRA, P. F. (orgs.). Dilemas sócio-
ambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas: UNICAMP,
1992.
HOMBEECK JÚNIOR, Charles Van. Preservação e uso dos recursos
de água e solo (aspectos legais que regem a política brasileira
para o setor). Brasília: Ministério do Interior, 1977.
HORBERRY, John. Status and application of EIA for development.
Gland: Conservation for Development Centre, 1984.
HOUAISS, Antonio, COIMBRA FILHO, Adelmar F. & RIZZINNI,
Carlos Toledo. Brazilian ecosystems. Rio de Janeiro: Index, 1991.
HOWARD, Albert e HOWARD, Gabrielle Louise Caroline. “The
Development of Indian Agriculture”. In: India of Today, Vol. VIII
(2nd ed.), London: Humphrey Milford and Oxford University Press,
1929, p. 27-96..
HOYOS, J. L. B. Amazônia e meio ambiente: contexto ecológico,
ocupação antrópica e impactos. In: MAIMON, D. (coord.). Ecologia
e desenvolvimento. [s.l.]: APED, 1992.
HURTUBIA, Jaime. Ecología y desarrollo: evolución y perspectivas
del pensamiento ecólogico. Estilos de desarrollo y medio
ambiente. México: Fondo de Cultura Económica, 1980.
HYNES, Hugh Bernard Noel. The Ecology of Running Waters.
Toronto: University of Toronto Press, 1960.
INTERIM MEKONG COMMITTEE. Environmental impact
assessment guidelines of application to tropical river basin
development. Bangkok: Mekong Secretariat, 1982.
JOLLIVET, M. & PAVÉ, A. O meio ambiente: questões e perspectivas
para a pesquisa. Gestão de recursos naturais renováveis e
desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa ambiental. São
Paulo: Cortez, 1996.
JURAN, Joseph M. Quality Control Handbook, New York: Mcgraw-Hill
Trade, 1988.
KIPP, Theodor, ENNECCERUS, Ludwig & WOLFF, Martin. Derecho
de obligaciones. Trad. González y Alguer. Barcelona: Bosch, 1948
(Tratado de derecho civil, v. 2).
KOCHINSKI, Ricardo & BITTENCOURT, Darlan Rodrigues.
Lineamentos da responsabilidade civil ambiental. Revista de
Direito Ambiental, v. 3, São Paulo, RT, set. 1996.
LACAMBRA, Luíz Legaz y. Filosofía del derecho. Barcelona: Ariel,
1972.
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia
das Letras, 1988.
LARANJEIRA, Raymundo. Propedêutica do direito agrário. São
Paulo: LTr, 1975.
LARENZ, Karl. Derecho de obligaciones. Trad. J. Santos Britz.
Madrid: Revista de Derecho Privado, 1959. t. II.
LASO, Enrique Sayagués. Tratado de derecho administrativo.
Montevideo: Martin Bianchi Altina, 1953. v. 1.
LEGGET, Jeremy. Aquecimento global: o relatório do Greenpeace.
Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1992.
LEITE, José Rubens, DANTAS, Marcelo Buzalo e FERNANDES,
Daniele Cana Verde. O dano moral ambiental e sua reparação.
Revista de Direito Ambiental, v. 4, São Paulo, RT, dez. 1997.
LEMAIRE, Emily & LEMAIRE, F. C. Dictionnaire de l’environnement.
Verviers: Marabout, 1975.
LIMA, Celso Piedemonte de. Evolução humana. São Paulo: Ática,
1990.
LIRA FILHO, José Augusto de. Paisagismo: elementos de
composição e estética, Viçosa: Editora Aprenda Fácil, 2001.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1992.
MAGALHÃES, Juraci Perez. A evolução do direito ambiental no
Brasil. São Paulo: Oliveira Mendes, 1998.
MAINON, Dalia. Mudança da política ambiental. In: MACIEL, Tânia
(coord.). O ambiente inteiro: a contribuição crítica da universidade
à questão ambiental. Rio de Janeiro: UFRJ, 1992.
MALTHUS, Thomas Robert. An Essay on the Principle of Population,
Oxford: Oxford University Press, 1999.
MARGALEFF, Ramón. Ecologia. Barcelona: Omega SIA, 1980.
MARGULIS, S. & BERNSTEIN, J. National environmental strategies:
learning from experience. Washington D.C.: The World Bank,
1995.
MARIENHOFF, Miguel S. Responsabilidad extracontractual del
Estado por las consecuencias de su actitud omisiva en el ámbito
del derecho público. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1996.
MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil –
Processo de conhecimento. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 1977. v. 2.
MARTIN, Gilles. Le dommage écologique dans la communauté
européenne. In: WALCACER, Fernando Cavalcanti (coord.).
Conferência internacional de direito ambiental – Anais: o dano
ambiental e sua reparação. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura –
Exped, 1992.
MARTINE, George. População, meio ambiente e desenvolvimento: o
cenário global e nacional. In: ––––– (org.). População, meio
ambiente e desenvolvimento: verdades e contradições. Campinas:
UNICAMP, 1993.
MARTINS, Celso. Biogeografia e ecologia. 3. ed., São Paulo: Nobel,
1918.
MARTY, Gabriel & RAYNAUD, Pierre. Droit civil – Les obligations.
Paris: Sirey, 1962. v. 1, t. II.
MATTEUCCI, N., BOBBIO, Norberto e PASQUINO, G. Dicionário de
política. Brasília: UNB, 1992.
MAZEAUD, Henri & MAZEAUD, Léon. Traité théorique et pratique de
la responsabilité civile délictuelle et contractuelle. 4. ed., Paris:
Recueil Sirey, 1948. t. I.
MAZEAUD, Léon & MAZEAUD, Henri. Traité théorique et pratique de
la responsabilité civile délictuelle et contractuelle. 4. ed., Paris:
Recueil Sirey, 1948. t. I.
MAZZILLI, Hugo Nigro. Defesa dos interesses difusos em juízo.
Revista do Ministério Público do Rio Grande do Sul, edição
especial, v. 19, Porto Alegre.
________________. Defesa dos interesses difusos em juízo. 7. ed.,
São Paulo: Saraiva, 1995.
MAY, P. & MOTTA, R. Seroa da. Valorando a natureza: uma análise
econômica para o desenvolvimento sustentável. Org. R. Seroa da
Motta. Campos: [s.e.], 1994.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 5. ed. São
Paulo: RT, 1977.
________________. Direito de construir. 3. ed., São Paulo: RT,
1979.
________________. Direito municipal brasileiro. 3. ed., São Paulo:
RT, 1977.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Poder de polícia. Revista de
Direito Público, n. 9, São Paulo, RT, jul.-set. 1969.
MENDONÇA, José Xavier Carvalho de. Tratado de direito comercial
brasileiro. 4. ed., Atual. Achilles Bevilaqua e Roberto Carvalho de
Mendonça. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1945. v. 1.
MENDONÇA, Manoel Ignácio Carvalho. Rios e águas. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 1939.
MENEZES, Aderson de. Teoria geral do Estado. 3. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1972.
MERLIN, Pierre & CHOAY, F. Dictionaire de l’urbanisme et de
l’amenagement. Paris: PUF, 1988.
MIKESSEL, Raymond F. & WILLIAMS, Lawrence. International banks
and the environment. From growth to sustainability: an unfinished
agenda. San Francisco: Sierra Club Books, 1992.
MILARÉ, Édis. A ação civil pública em defesa do ambiente. Ação civil
pública – Lei 7.347/85: reminiscências e reflexões após dez anos
de aplicação. São Paulo: RT, 1995.
________________. Direito do ambiente. São Paulo: RT, 2000.
________________ & BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcelos.
Estudo prévio de impacto ambiental. São Paulo: RT, 1993.
MININNI-MEDINA, Naná. Educação ambiental em centros urbanos: a
problemática da incorporação de valores éticos. Congresso
Habitat II, Florianópolis, 1998.
________________. Relaciones históricas entre sociedad, ambiente
y educación. Apuentes de Educación Ambiental, n. 4, Montevideo,
1989.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA/Secretaria de
Coordenação Amazônica. Agenda Amazônica 21: bases para
discussão. Brasília, mar. 1997.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA, Rotulagem Ambiental:
Documento base para o Programa Brasileiro de Rotulagem
Ambiental, Brasília: MMA/SPDS, 2002.
MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Fundamentos do direito ambiental no
Brasil. RT, v. 706, São Paulo, ago. 1994.
MOLINA, Adriana de Oliveira Varella. Comentários sobre a natureza
jurídica do licenciamento ambiental e do ato administrativo
originário do licenciamento ambiental. Anais do 6.º Congresso
Internacional de Direito Ambiental: 10 anos da ECO-92: O direito e
o desenvolvimento sustentável, 3-6 jun. 2002, org. Antônio
Herman de Vasconcelos Benjamin, São Paulo, IMESP, 2002.
MONCADA, Luis S. Cabral de. Direito econômico. Coimbra: Coimbra
Ed., 1986.
MONTOYA, Carizosa Julian. Guia para la preparación de
diagnósticos de la situación ambiental a nivel nacional. In:
Opiniones – Fascículos de Medio Ambiente, n. 7, Madrid, Centro
Internacional de Formación en Ciencias del Ambiente, 1981.
MORÁN, Emilio Frederico. A ecologia humana das populações da
Amazônia. Rio de Janeiro: Vozes, 1990.
MOREIRA, Iara Verocai Dias. Vocabulário básico de meio ambiente.
4. ed., Rio de Janeiro: FEEMA, 1992.
MOREIRA, Vital & CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Constituição
da República Portuguesa anotada. 2. ed., Coimbra: Coimbra Ed.,
1984. v. 1.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito
administrativo. 3. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1976.
________________. Introdução ao direito ecológico e ao direito
urbanístico. Rio de Janeiro: Forense, 1977.
MOTTA, Ronaldo Seroa da. Manual de valoração econômica de
recursos ambientais. Brasília: IBAMA, 1998.
________________ & MAY, Peter Herman. Valorando a natureza:
uma análise econômica para o desenvolvimento sustentável. Org.
Ronaldo Seroa da Motta. Campos: [s.e.], 1994.
MUHRINGER, Sônia Marina & OLIVA, Jaime Tadeu. Os parâmetros
em ação do tema transversal meio ambiente. In: LEITE, Ana Lúcia
Tostes de Aquino e MININNI-MEDINA, Naná (coords.). Educação
ambiental – Curso básico a distância: questões ambientais:
conceito, história, problemas e alternativas. 2. ed., Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2001. v. 2.
MUKAI, Toshio. Direito ambiental sistematizado. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1992.
MUNN, R. E. Environmental impact assessment. Toronto: John Wiley
& Sons, 1979.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito: de acordo com a
Constituição de 1988. 11. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995.
NATHANSON, J. A. Basic environmental technology: water supply,
waste disposal and pollution control. New York: John Wiley &
Sons, 1986.
NEGRET, Rafael. Ecossistema: unidade básica para planejamento
da ocupação territorial. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas,
1982.
NEVES, Iedo Batista. Vocabulário prático de tecnologia jurídica e de
brocardos latinos. Rio de Janeiro: APM, 1987.
NOGUEIRA, Rubem. Revogada a Constituição de 1967. Revista de
Informação Legislativa, n. 82, Brasília/DF, Senado Federal, 1984.
NUNES, Antônio de Pádua. Código de Águas: Decreto 24.643, de
10.07.1934. 2. ed., São Paulo: RT, 1980. v. 1 (preâmbulo e arts.
1.º a 138).
NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito
econômico. São Paulo: RT, 1997.
ODUM, Eugene Plesants. Ecologia. 3. ed., Trad. Carlos Ottenwalder.
México: Interamerica, 1972.
OLIVA, Jaime Tadeu & MUHRINGER, Sônia Marina. Os parâmetros
em ação do tema transversal meio ambiente. In: LEITE, Ana Lúcia
Tostes de Aquino e MININNI-MEDINA, Naná (coords.). Educação
ambiental – Curso básico a distância: questões ambientais:
conceito, história, problemas e alternativas. 2. ed., Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2001. v. 2.
OLIVEIRA, Antônio Inagê Assis de. Meio ambiente: legislação
vigente no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Sindibrita,
[s.d.].
________________. O dano ambiental e sua reparação. Rio de
Janeiro: Forense, 1995.
ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND
DEVELOPMENT – OECD. Managing the environment: the role of
economic instruments. Paris: OECD, 1994.
PACCAGNELLA, Luis Henrique. Dano moral ambiental. Revista de
Direito Ambiental, v. 4, n. 13, São Paulo, RT, jan.-mar. 1999.
PAIVA, Mario Antonio Lobato de. Direitos Humanos e Tributação.
<http://www.ambito-juridico.com.br/aj/dtrib0001.html>.
PAOLI, Ugo Enrico. Il reato, il risarcimento, la riparazione. Bologna: Il
Mulino, 1925.
PAPADAKIS, Juan. Ecologia de los cultivos. Buenos Aires: Ministério
de Agricultura y Ganaderia, 1954.
PASQUINO, G., BOBBIO, Norberto & MATTEUCCI, N. Dicionário de
política. Brasília: UNB, 1992.
PATRÍCIO, José Simões. Curso de direito econômico. 2. ed., Lisboa:
Associação Acadêmica da Faculdade de Direito de Lisboa, 1981.
PAULA, João Antônio. Biodiversidade, população e economia: uma
região de Mata Atlântica. Belo Horizonte: UFMG/CEDEPLAR,
1997.
PAVÉ, A. & JOLLIVET, M. O meio ambiente: questões e perspectivas
para a pesquisa. Gestão de recursos naturais renováveis e
desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa ambiental. São
Paulo: Cortez, 1996.
PEARCE, David, BATEMAN, Ian & TURNER, R. Kerry.
Environmental economics. Baltimore: The John Hopkins University
Press, 1993.
PEARCE, Fred. O efeito de estufa. Rio de Janeiro: Edições 70, 1989.
PEDROSA, Paulo. “Óptica hidrológica. A 'cor' das águas naturais”.
In: Revista Ciência Hoje, vol. 43, n° 255, des. 2008, p. 32-37.
PHILIPPI, Luiz Sérgio. A construção do desenvolvimento sustentável.
In: LEITE, Ana Lúcia Tostes de Aquino e MININNI-MEDINA, Naná
(coords.). Educação ambiental – Curso básico a distância:
questões ambientais: conceito, história, problemas e alternativas.
2. ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001. v. 2.
________________ & ROSA, Antônio Carlos Machado da.
Problemas e potencialidades ambientais globais, regionais,
estaduais e locais. In: LEITE, Ana Lúcia Tostes de Aquino e
MININNI-MEDINA, Naná (coords.). Educação ambiental – Curso
básico a distância: questões ambientais: conceito, história,
problemas e alternativas. 2. ed., Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2001. v. 2.
PIERANGELI, José Henrique. A Constituição e a responsabilidade
penal das pessoas jurídicas. In: ARAÚJO JÚNIOR, João Marcello
de (org.). Ciência e política criminal em honra de Heleno Fragoso.
Rio de Janeiro: Forense, 1992.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito administrativo. 3. ed., São
Paulo: Atlas, 1992.
PIGRETTI, Eduardo Andrés. Derecho ambiental. Buenos Aires:
Depalma, 1997.
PLANIOL, Marcel, RIPERT, Georges & BOULANGER. Traité
élémentaire de droit civil. Paris: Librairie Générale de Droit et de
Jurisprudence, 1942. v. 1.
PODER CIUDADANO. Manejando conflitos y mejorando la
transparencia a través de la participación ciudadana: El caso del
Puente La Serna en Argentina. Disponível no site:
<http://www.poderciudadano.org.ar/prog05E.htm>. Acessado em
09.07.2002.
POLACCO, V. Le obbligazioni nel diritto civile italiano. 2. ed., Roma:
La Libreria dello Stato, 1915. v. 1.
PONTES DE MIRANDA, F. C. Tratado de direito privado. 2. ed., Rio
de Janeiro: Borsoi, 1958. t. XXII
POPE, J. G. “The ICES Multispecies Working Group Evolution,
insights, and future problems”. In: Proceedings of a Symposium
held in the Hague, October 2–4, 1989. ICES, Copenhagen,
Denmark. ICES, 1991, Vol. 193, p. 22–33.
POUTREL, Jean-Marie & WASSERMAN, Francis. Prise en compte
de l’environnement dans les procedures d’amenagement. Paris:
Ministère de l’Environnement et du Cadre de Vie, 1977 (Collection
Recherche Environnement, n. 10).
PRIEUR, Michel. Droit de l’environnement. Paris: Dalloz, 1984.
PROJECT APPRAISAL FOR DEVELOPMENT CONTROL – PADC.
Objectives and principles of environmental impact assessment.
Aberdeen: University of Aberdeen, 1980.
QUINTAS, J. S. Educação ambiental e desenvolvimento sustentável.
Congresso de Educação Ambiental, Santos, Litoral Paulista e
Mata Atlântica-1, 1996.
RÁO, Vicente. O direito e a vida dos direitos. São Paulo: Max
Limonad, 1952. v. 1.
RAYNAUD, Pierre & MARTY, Gabriel. Droit civil – Les obligations.
Paris: Sirey, 1962. v. 1, t. II.
REBELLO FILHO, Wanderley & BERNARDO, Christianne. Guia
prático de direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998.
RIBEIRO, Maurício Andrés. Ecologizar: pensando o ambiente
humano. Belo Horizonte: Rona, 1998.
RICKLEFS, Robert Eric. A economia da natureza. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1996.
RIPERT, Georges, BOULANGER & PLANIOL, Marcel. Traité
élémentaire de droit civil. Paris: Librairie Générale de Droit et de
Jurisprudence, 1942. v. 1.
RIVERA, Jean. Corrientes y problemas en filosofía del derecho.
Anales de la cátedra Francisco Suárez, n. 25, Madri, 1985.
RIZZINNI, Carlos Toledo, COIMBRA FILHO, Adelmar F. & HOUAISS,
Antonio. Brazilian ecosystems. Rio de Janeiro: Index, 1991.
ROBERT, Cinthia. Manual de organização judiciária: acesso à justiça.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999.
ROBINSON, Edward. Effects of air pollution in visibility. Air pollution.
Ed. Arthur C. Stern. New York: Academic Press, 1962.
RODGERS JUNIOR, William Henry. Environmental law. St. Paul:
West Publishing, 1977.
RODRIGUES, Silvio. Responsabilidade civil. 10. ed., São Paulo:
Saraiva, 1986 (Direito civil, v. 4).
ROGERS, Ernesto. Verifica culturale dell’azione urbanística. Rivista
Urbanistica dell’Istituto Nazionale di Urbanistica, v. 22, n. 1.058,
Roma, maio 1957.
ROSA, Antônio Carlos Machado da. Aspectos históricos da evolução
do pensamento ambiental e o conhecimento científico na
agricultura. In: LEITE, Ana Lúcia Tostes de Aquino e MININNI-
MEDINA, Naná (coords.). Educação ambiental – Curso básico a
distância: questões ambientais: conceito, história, problemas e
alternativas. 2. ed., Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001. v.
2.
________________ & PHILIPPI, Luiz Sérgio. Problemas e
potencialidades ambientais globais, regionais, estaduais e locais.
In: LEITE, Ana Lúcia Tostes de Aquino e MININNI-MEDINA, Naná
(coords.). Educação ambiental – Curso básico a distância:
questões ambientais: conceito, história, problemas e alternativas.
2. ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001. v. 2.
ROVERE, Emilio Lèbre. A convenção do clima: instrumento para o
desenvolvimento sustentável ou de dominação norte-sul? In:
VIEIRA, Paulo Freire et al (colab. Ignacy Sachs) (org.).
Desenvolvimento e meio ambiente no Brasil. Porto Alegre:
Pallotti/ADEP, 1998.
SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São
Paulo: Vértice, 1986.
________________. Ecodesenvolvimento e hábitat. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1976.
SALES, Rodrigo. Auditoria ambiental: aspectos jurídicos. São Paulo:
LTr, 2001.
SAMPAIO, Francisco José Marques. O dano ambiental e a
responsabilidade. Revista Forense, v. 317, Rio de Janeiro, 1992.
________________. Responsabilidade civil e reparação de danos
ao meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998.
SANTOS, Ulderico Pires dos. A responsabilidade civil na doutrina e
na jurisprudência. Rio de Janeiro: Forense, 1984.
SANZ-JARQUE, Juan José. Conservación de la naturaleza. Derecho
agrario. Madrid: Fundación Juan March, 1975.
SAVATIER, René. Traité de la responsabilité civile en droit français. 2.
ed., Paris: Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, 1951. t.
I.
SECRETARIA DE ASENTAMIENTOS HUMANOS Y OBRAS
PÚBLICAS – SAHOP. Glosario de términos sobre asentamientos
humanos. México, 1978.
SÉGUIN, Elida. O direito ambiental: nossa casa planetária. Rio de
Janeiro: Forense, 2000.
SILVA, Américo Luís Martins da. O dano moral e sua reparação civil.
São Paulo: RT, 1999.
SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento. Direito ambiental
internacional. Rio de Janeiro: Thex, 1995.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 13.
ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
________________. Direito ambiental constitucional. São Paulo:
Malheiros, 1994.
________________. Direito urbanístico brasileiro. São Paulo: RT,
1981.
SILVA, Nilvo Luiz Alves da. Auditoria e licenciamento ambiental como
instrumentos dos sistemas de meio ambiente. Anais do 6.º
Congresso Internacional de Direito Ambiental: 10 anos da ECO-
92: O direito e o desenvolvimento sustentável, 3-6 jun. 2002, org.
Antônio Herman de Vasconcelos Benjamin, São Paulo, IMESP,
2002.
SILVA, Paulo de Castro Moreira da. O mar: direito e ecologia. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1973.
SILVA, Pedro Paulo de Lima e. Dicionário brasileiro de ciências
ambientais. Rio de Janeiro: Thex, 1999.
________________; GUERRA, Antônio José Teixeira & DUTRA, Luiz
Eduardo Duque. Diagnose dos sistemas ambientais: métodos e
indicadores. In: CUNHA, Sandra Batista da e GUERRA, Antônio
José Teixeira (orgs.). Avaliação e perícia ambiental. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
SOARES, Orlando. Comentários à Constituição da República
Federativa do Brasil (promulgada em 05.10.1988). 8. ed., Rio de
Janeiro: Forense, 1995.
SOUTO, Marcos Juruena Villela. Desestatização: privatização,
concessões e terceirizações. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997.
SPALING, Harry. Cumulative effects assessment: concepts and
principles. Impact Assessment, v. 12, n. 3, 1994.
SPERLING, Marcos Von. Estudos e modelagem da qualidade da
água de rios. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia
Sanitária e Ambiental – UFMG, 2007.
________________. Introdução à qualidade das águas e ao
tratamento de esgotos. 2ª ed., Belo Horizonte: Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG, 1996.
SUNKEL, Oswaldo. “Dívida, desenvolvimento e meio ambiente”. In:
Espaço e Debates,
Vol. 5, n° 16. 1985, p. 211-301.
TÁCITO, Caio. Poder de polícia e seus limites. Revista de Direito
Administrativo, v. 27, Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas.
TERTULIANO, Marcos Faria & ALMEIDA, Josimar Ribeiro de.
Subsídios para avaliação econômica de impactos ambientais. In:
CUNHA, Sandra Batista da e GUERRA, Antônio José Teixeira
(orgs.). Avaliação e perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1999.
ALTVATER, Elmar. O preço da riqueza: pilhagem ambiental e a nova
(des)ordem mundial. Trad. Wolfgang Leo Maar. São Paulo:
UNESP, 1995. (original: Der preis des wohlstands oder
umweltplunderung und neue welt (um)ordnung.)
THE ASPEN INSTITUTE. As Américas num mundo novo. Relatório
de 1990 do Diálogo Interamericano. [s.l.]: The Aspen Institute,
1990.
THE WORLD BANK. Environmental considerations for the industrial
development sector. Washington D.C.: The World Bank, 1978.
________________. Environmental auditing. Environmental
Assessment Sourcebook Update: Environment Department, n. 11,
Washington D.C., The World Bank, ago. 1995.
TIBOR, Tom & FELDMAN, Ira. ISO 14000. Um guia para as novas
normas de gestão ambiental. São Paulo: Futura, 1996.
TORRES, Hernán. Biological diversity in South America. Gland: IUCN
Special Survival Commission, 1992.
TRABUCCHI, Alberto. Istituzioni di diritto civile. 4. ed., Padova:
Cedam, 1948.
TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1977.
TRUHAUT, René. “Ecotoxicology: Objectives, Principles and
Perspectives”.In: Ecotoxicology and Environmental Safety, vol. 1,
[s.n.], New York: Butler, G.C., September/1977, p. 151-173,
TUCHMAN, Bárbara W. “The Decline of Quality”. In: New York Times
Magazine, 02.11.2002, p. 38-42.
TURNBULL, Rodolfo G. H. EIA and transfrontier pollution.
Symposium papers. Creta: Project Appraisal for Development
Control, 1983.
TURNER, R. Kerry, PEARCE, David & BATEMAN, Ian.
Environmental economics. Baltimore: The John Hopkins University
Press, 1993.
UNITED STATES DEPARTMENT OF TRANSPORTATION – USDT.
Highway and wetlands. Washington D.C.: USDT, 1980. v. 2.
USEROS, Garcia Oviedo-Martínez. Derecho administrativo. 7. ed.,
Madrid-Murcia: EISA, 1959. v. 1.
VAMPRÉ, Spencer. Manual de direito civil brasileiro. Rio de Janeiro:
F. Briguiet, 1920. v. 3.
VARELA, J. M. Antunes. Direito das obrigações. Rio de Janeiro:
Forense, 1977.
VIEIRA, Vanderson Roberto. “A possibilidade de gestão direta do
manejo florestal sustentável pelo Serviço Florestal Brasileiro
(SFB) em Florestas Nacionais (FLONA)”. In: Jus Navigandi,
Teresina, ano 16, n° 2780, 10.02.2011. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/18463>. Acesso em: 10.05.2011.
VIOLA, Eduardo J. O movimento ecológico no Brasil: do
ambientalismo à ecopolítica. In: PÁDUA, J. (org.). Ecologia e
política no Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1987.
VIVEIROS, Mariana. Ambiente: nunca houve condenação de
grandes empresas pela Lei de Crimes Ambientais; Processos civis
se arrastam por anos: justiça deixa maiores poluidores impunes.
Folha de São Paulo, Cad. Folha Cotidiano, 14 out. 2001.
VON TUHR. Tratado de las obligaciones. Trad. W. Roces. Madrid:
Reus, 1942. v. 1.
WANDESFORDE-SMITH, G. et alii. Environmental impact
assessment. The European Community. Zeitschrift vor
Umveltpolitik, v. 1, 1979.
WASSERMAN, F. & POUTREL, J. M. Prise en compte de
l’environnement dans les procedures d’amenagement. Paris:
Ministère de l’Environnement et du Cadre de Vie, 1977 (Collection
Recherche Environnement, n. 10).
WEBSTER’S THIRD NEW INTERNATIONAL DICTIONARY. Chicago:
G. & C. Merriam Co., 1976. v. 3.
WHITTAKER, Robert Harding. “On the broad classification of
organisms”. In: The Quarterly Review of Biology, sep.-1959, 34
(3): 210-226.
WICKERSHAM, S. KIRK et alii. “A land use decision methodology for
environmental control”. In: Socioeconomic Environmental Studies
Series, EPA 600/5-75-008, Washington D.C.: Environmental
Protection Agency, march./1975.
WILHEIM., Jorge & DEAK, K. Maximização da Qualidade de Vida em
Conjuntos Habitacionais. São Paulo: COHAB, 1970.
WILLIAMS, Lawrence e MIKESSEL, Raymond F. International banks
and the environment. From growth to sustainability: an unfinished
agenda. San Francisco: Sierra Club Books, 1992.
WOLFF, Martin, ENNECCERUS, Ludwig & KIPP, Theodor. Derecho
de obligaciones. Trad. González y Alguer. Barcelona: Bosch, 1948
(Tratado de derecho civil, v. 2).
WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT.
Our common future. Oxford: Oxford University Press, 1987.
WTO, World Trade Organization. Trade and Environment at the WTO:
background document. 2004. Disponível em 25.05.2011 no site:
<http://www.wto.org/
english/tratop_e/envir_e/envirbackgrnd_e/trade_env_e.pdf>.

[1]
Hábitat de um organismo, na opinião do zoólogo e ecólogo norte-americano
EUGENE PLEASANTS ODUM é o lugar onde vive ou o lugar onde pode ser
encontrado. O hábitat pode referir-se também ao lugar ocupado por uma
comunidade inteira. Por analogia, pode-se dizer que o hábitat é o endereço do
organismo e o nicho ecológico é, biologicamente falando, sua profissão (Ecologia,
p. 41). Segundo a SECRETARIA DE ASENTAMIENTOS HUMANOS Y OBRAS
PÚBLICAS DO MÉXICO – SAHOP, o conceito de hábitat é oriundo das ciências
biológicas, mas foi adotado pelas ciências sociais. Neste sentido, tende a
converter-se na categoria fundamental e unificadora das disciplinas que se
ocupam da modificação e organização do espaço e de sua valoração e uso no
tempo, com o fim de torná-lo habitável pelo homem, entendendo o homem como
parte de um modelo social, em um determinado momento histórico (Glosario de
términos sobre asentamientos humanos, verbete Habitat). Podemos dizer, ainda,
que hábitat constitui a soma total das condições ambientais de um lugar
específico, que é ocupado por um organismo uma população ou uma comunidade
(The World Bank, Environmental considerations for the industrial development
sector, p. 12). É, segundo o agrônomo e biologo canadense PIERRE
DANSEREAU, o espaço ocupado por um organismo ou mesmo uma população. É
termo mais específico e restritivo que meio ambiente. Refere-se sobretudo à
permanência de ocupação (Ecologia aplicada ao ordenamento, p. 9). Trata-se do
conjunto de todos os fatores e elementos que cercam uma dada espécie de ser
vivo (C. Martins, Biogeografia e ecologia, p. 18). Enfim, é o local físico ou lugar
onde um organismo vive e onde obtém alimento, abrigo e condições de
reprodução (United States Department of Transportation – USDT, Highway and
wetlands, p. 37).
[2]
Apud Elida Séguin, O direito ambiental: nossa casa planetária, p. 7.
[3]
Evolução humana, p. 5.
[4]
Ramón Margaleff, Ecologia, p. 54.
[5]
Sueli Amália Andrade, Fundamentos de ecologia básica, Educação ambiental –
Curso básico a distância: questões ambientais: conceito, história, problemas e
alternativas, v. 2, p. 147-148.
[6]
WICKERSHAM, S. Kirk. et alii. “A land use decision methodology for
environmental control”. In: Socioeconomic Environmental Studies Series, EPA
600/5-75-008, Washington D.C., Environmental Protection Agency, march./1975,
p. 21.
[7]
Op.cit., p. 172.
[8]
Ecologia geral, p. 34.
[9]
Op.cit., p. 13.
[10]
Volume 3, verbete Ecology.
[11]
Novo Dicionário da Língua Portuguesa, p. 497, verbete Ecologia.
[12]
Biótica são os componentes vivos de um determinado ecossistema; refere-se
ao bioma ou conjunto dos seres vivos de uma determinada área.
[13]
Abiótica são os componentes não-vivos de um determinado ecossistema, ou
seja, são componentes caracterizados pela ausência de vida. Abiótica também
pode ser entendida como o lugar ou processo sem seres vivos (Roberto
Goodland, Glossário de ecologia brasileira, verbete Abiótica). Substâncias
abióticas são compostos inorgânicos e orgânicos básicos, como água, dióxido de
carbono, oxigênio, cálcio, nitrogênio e sais de fósforo, aminoácidos e ácidos
húmicos etc. Vale destacar que o ecossistema inclui tanto os organismos
(comunidade biótica) como um ambiente abiótico (Eugene Pleasants Odum,
op.cit., p. 53). Abiótica é o mesmo que azoico, isto é, período da história física da
Terra, sem organismos vivos (Antônio Teixeira Guerra, Dicionário
geológico‑geomorfológico, verbete Abiótica).
[14]
United States Department of Transportation – USDT, op. cit., p. 41.
[15]
Fundamentos da ecologia... cit., Educação ambiental, p. 147.
[16]
Aurélio Bolsanello, Biologia, p. 15.
[17]
Idem, p. 16.
[18]
Op.cit., verbete Ecología humana.
[19]
Op.cit., p. 19.
[20]
Elida Séguin, op.cit., p. 8.
[21]
Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, verbete Ambiente.
[22]
Aurélio Bolsanello, op.cit., p. 23.
[23]
Plancto: da palavra grega “planktos” (errante); matéria marítima, microscópica,
composta de plantas e animais microscópicos (ovos de caranguejos e de
lagostas, de muitas espécies de peixes etc.) e que flutua passivamente, servindo
de alimentação a um grande número de peixes (Aurélio Bolsanello e José Daniel
Van Der Broocke Filho, Dicionário geral de ciências biológicas, v. 3, p. 648,
verbete Plancto).
[24]
Aurélio Bolsanello, op.cit., p. 37.
[25]
Idem, ibidem.
[26]
Robert Eric Ricklefs, A economia da natureza, p. 35.
[27]
Emilio Frederico Morán, A ecologia humana das populações da Amazônia, p.
29.
[28]
POPE, J. G. “The ICES Multispecies Working Group Evolution, insights, and
future problems”. In: Proceedings of a Symposium held in the Hague, October 2–
4, 1989. ICES, Copenhagen, Denmark. ICES, 1991, Vol. 193, p. 22–33.
[29]
Ben-Hur Batalha, Glossário de engenharia ambiental, p. 41.
[30]
Volume 3, verbete Environment.
[31]
Prise en compte de l’environnement dans les procedures d’amenagement, p.
15.
[32]
Prise en compte de l’environnement dans les procedures d’amenagement.
Paris: Ministère de l’Environnement et du Cadre de Vie, 1977 (Collection
Recherche Environnement, n. 10)., p. 37.
[33]
“Dívida, desenvolvimento e meio ambiente”. In: Espaço e Debates, Vol. 5, n°
16. 1985, p. 211-301.
[34]
“Guia para la preparación de diagnósticos de la situación ambiental a nivel
nacional”. In: Opiniones – Fascículos de Medio Ambiente, n. 7, Madrid, Centro
Internacional de Formación en Ciencias del Ambiente, 1981, p. 29.
[35]
Ecologia Socialista, Barcelona, Martinez Roca, 1980. p. 43.
[36]
Contabilização econômica do meio ambiente: uma visão geral, Contabilização
econômica do meio ambiente, p. 13-28.
[37]
Interim Mekong Comitee, Environmental impact assessment guidelines of
application to tropical niver basin development, p. 17.
[38]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 23.
[39]
M. Jollivet e A. Pavé, O meio ambiente: questões e perspectivas para a
pesquisa, Gestão de recursos naturais renováveis e desenvolvimento: novos
desafios para a pesquisa ambiental, p. 52.
[40]
Sueli Amália de Andrade, Fundamentos de ecologia... cit., Educação
ambiental, p. 151.
[41]
Nána Mininni-Medina, Relaciones históricas entre sociedad, ambiente y
educación, Apuentes de educación ambiental, n. 4, p. 35.
[42]
ISO 14001: é a norma internacionalmente reconhecida que define o que deve
ser feito para estabelecer um efetivo Sistema de Gestão Ambiental – SGA. A
norma é desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da
rentabilidade e a redução do impacto ambiental, com o comprometimento de toda
a organização. Com ela é possível que sejam atingidos ambos objetivos. A ISO
14001 contém o seguinte: 1) requisitos gerais; 2) política ambiental; 3)
planejamento da implementação e operação; 4) verificação e ação corretiva; 5)
análise crítica pela administração. Isto significa que devem ser identificados os
aspectos do negócio que impactam o meio ambiente e compreender a legislação
ambiental relevante à sua situação. O próximo passo é preparar objetivos para
melhoria e um programa de gestão para atingi-los, com análises críticas regulares
para melhoria contínua. Impactos ambientais estão se tornando um tema cada
vez mais importante no mundo, com pressão para minimizar este impacto oriunda
de uma série de fontes: autoridades governamentais locais e nacionais,
reguladores, associações comerciais, clientes, colaboradores e acionistas. As
pressões sociais também aumentam em função da crescente gama de partes
interessadas, tais como consumidores, órgãos ambientais, Organizações Não-
Governamentais – ONG de minorias, universidades e vizinhos. Então, a ISO
14001 é relevante para todas as organizações e empresas, incluindo desde: 1)
sites únicos até grandes companhias multinacionais; 2) companhias de alto risco
até organizações de serviço de baixo risco; 3) indústrias de manufatura, de
processo e de serviço; incluindo governos locais; 4) todos os setores da indústria
incluindo setores públicos e privados; 5) montadoras e seus fornecedores
[43]
A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos, p. 151.
[44]
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, op.cit., p. 497, verbete Ecologia.
[45]
O conceito de natureza estende-se desde “a fatalidade das coisas, isto é, tudo
que devesse aparecer num inventário do universo” (Ronald Hepburn,
Philosophical ideas of nature, The encyclopedia of philosophy, p. 191), até noções
mais restritas como “força produtiva” (André Gorz, Ecology as politics, p. 19).
Todavia, preferimos adotar 2 (dois) de seus melhores conceitos: a) um mais
amplo, no sentido de ser a existência de um complexo planetário de processos
orgânicos e inorgânicos, que engloba todas as formas de vida em surgimento,
evolução, interação, transformação e extinção, inclusive a vida humana; e b) outro
mais restrito, no sentido de serem diversos processos biológicos humanos e não-
humanos em interação cuja conservação garante as condições de vida no planeta
e cujo uso e aplicações ganham crescente valor material e econômico (Sarita
Albagli, Geopolítica da biodiversidade, p. 18, nota de rodapé).
[46]
Dicionário de ecologia e ciências ambientais, verbete Natureza.
[47]
Elida Séguin, op.cit., p. 17-18.
[48]
Idem, p. 326.
[49]
Ionizante: é o que produz íons (átomo ou grupamento de átomos com excesso
ou com falta de carga elétrica negativa).
[50]
Fundamentos da ecologia... cit., Educação ambiental, p. 153-154.
[51]
Fotosíntese: do grego “phos” (luz) + “synthesis” (composição): é a síntese de
compostos químicos, realizada por ação de energia radiante, e especialmente da
luz; nas plantas verdes, a propriedade de fazer a síntese da matéria orgânica, sob
a influência da luz, a partir do gás carbônico do ar e dos nitrogenados das raízes;
pela decomposição do gás carbônico, formam-se hidratos de carbono nas folhas
que contêm clorofila, e pela síntese dos nitrogenados, em presença destes
hidratos, inicia-se a composição das matérias albuminóides (Aurélio Bolsanello e
José Daniel Van Der Broocke Filho, op.cit., v. 2, p. 368, verbete Fotossíntese).
[52]
Fundamentos da ecologia... cit., Educação ambiental, p. 160.
[53]
Enciclopédia Abril, v. 4, p. 137, verbete Ecossistema.
[54]
Sueli Amália de Andrade, Fundamentos da ecologia... cit., Educação
ambiental, p. 156.
[55]
Enciclopédia Abril, v. 4, p. 137, verbete Ecossistema.
[56]
Op.cit., p. 231.
[57]
Biomassa: é o peso vivo, conjunto constituído pelos componentes bióticos de
um ecossistema: produtores, consumidores e desintegradores (cf. Eugene
Pleasants Odum, op.cit., p. 41); é a quantidade máxima de material vivo, em peso,
tanto de vegetais quanto de animais, em um hábitat, em determinada época do
ano (cf. Rafael Negret, Ecossistema: unidade básica para planejamento da
ocupação territorial, p. 34); a quantidade (por exemplo, o peso seco) de matéria
orgânica presente, a um dado momento, numa determinada área (cf. Goodland,
op.cit., verbete Biomassa); é o peso total de todos os organismos vivos de uma ou
várias comunidades, por uma unidade de área. É a quantidade de matéria viva
num ecossistema (Benjamin de Araujo Carvalho, Glossário de saneamento e
ecologia, verbete Biomassa).
[58]
Enciclopédia Abril, v. 4, p. 137, verbete Ecossistema.
[59]
Fóton: partícula associada ao campo eletromagnético, com massa em repouso
nula, carga elétrica nula, spin (número quântico associado a uma partícula, e que
lhe mede o momento angular intrínseco) igual à unidade, estável, e cuja energia é
igual ao produto da constante de Planck pela frequência do campo (Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira, op.cit., p. 650, verbete Fóton).
[60]
Cadeia alimentar ou cadeia trófica (food chain, no inglês; chaîne alimentaire ou
chaîne trophique, no francês; cadena alimentaria, no espanhol): em ecologia,
cadeira alimentar é uma sequência de organismos relacionados por meio do
alimento, ou seja, diz respeito à sequência de transferência de energia, de
organismo para organismo, em forma de alimentação. As cadeias alimentares se
entrelaçam, num mesmo ecossistema, formando redes alimentares, uma vez que
a maioria das espécies consome mais de um tipo de animal ou planta. Segundo
EUGENE PLESANTS ODUM, a transferência de energia alimentícia desde a
origem, nas plantas, por meio de uma série de organismos, com as reiteradas
atividades alternadas de comer e ser comido, chama-se cadeia alimentar (op.cit.,
p. 81). Já ROBERT GOODLAND menciona que é o canal de transferência de
energia entre os organismos; cada conexão (elo) alimenta-se do organismo
precedente e, por sua vez, sustenta o próximo organismo (op.cit., verbete Cadeia
alimentar). Em outras palavras, é a sequência simples de transferência de energia
entre organismos em uma comunidade, em que cada nível trófico é ocupado por
uma única espécie (ACADEMIA DE CIÊNCIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO –
ACIESP, Glossário de termos usuais em ecologia, n. 24, verbete Cadeia
alimentar).
[61]
Enciclopédia Abril, v. 4, p. 137-138, verbete Ecossistema.
[62]
Idem, p. 138.
[63]
Fundamentos da ecologia... cit., Educação ambiental, p. 187.
[64]
Environmental economics, p. 290.
[65]
Bioma é a unidade biótica de maior extensão geográfica, compreendendo
várias comunidades em diferentes estágios de evolução, porém denominada de
acordo com o tipo de vegetação dominante: mata tropical, campo etc. É, segundo
EUGENE PLESANTS ODUM, uma unidade de comunidade biótica, facilmente
identificável, produzida pela atuação recíproca dos climas regionais com a biota e
o substrato, na qual a forma de vida da vegetação climática clímax é uniforme. O
bioma inclui não somente a vegetação climática clímax, como também o clímax
edáfico e as etapas de desenvolvimento, os quais estão dominados, em muitos
casos, por outras formas de vida (op.cit., p. 45). É, na opinião de ROGER DAJOZ,
um grupamento de fisionomia homogênea e independente da composição
florística. Estende-se por uma área bastante grande e sua existência é controlada
pelo macroclima. Na comunidade terrestre, os biomas correspondem às principais
formações vegetais naturais (op.cit., p. 21). Para BENJAMIN DE ARAUJO
CARVALHO, é uma comunidade maior composta de todos os vegetais, animais e
comunidades, incluindo os estágios de sucessão da área. As comunidades de um
bioma possuem certa semelhança e análogas condições ambientais. É a unidade
ecológica imediatamente superior ao ecossistema (op.cit., verbete Bioma).
Segundo divulgação da Academia de Ciências do Estado de São Paulo –
ACIESP, bioma constitui um ecossistema em larga escala que cobre grande área
do continente, em que prevalece um tipo de vegetação e habita certo tipo de clima
ou determinado segmento de um gradiente de clima (op.cit., verbete Bioma).
[66]
Hérnan Torres, Biological diversity in South America, p. 21.
[67]
Biodiversidade, população e economia: uma região de Mata Atlântica, p. 246.
[68]
Os parâmetros em ação do tema transversal meio ambiente, Educação
Ambiental – Curso básico a distância: questões ambientais: conceito, história,
problemas e alternativas, v. 4, p. 123.
[69]
Idem, ibidem.
[70]
Idem, ibidem.
[71]
O termo nicho é usado para expressar a relação da espécie com seu
ambiente. Descreve a variedade de condições e a qualidade de recursos dentro
das quais a espécie funciona. Dessa forma inclui não apenas espaço físico
ocupado por um organismo, como também o seu papel funcional na comunidade
(a sua posição trófica) e a sua posição em gradientes de umidade, temperatura,
pH, solo e outras condições de existência. Por exemplo, o nicho de uma
determinada espécie estende-se entre as temperaturas de 20°C e 40°C, do
amanhecer ao anoitecer, e alimentação de frutas e néctar. Naturalmente, o nicho
de uma espécie inclui muito mais variáveis do que estas, mas o que é importante
perceber é que ela não será a única espécie a viver nesta faixa de temperatura,
neste período do dia e com estes hábitos alimentares. Essa semelhança na
demanda de recursos e na tolerância das condições ecológicas entre as espécies
é denominado sobreposição de nichos. Quanto maior a sobreposição dos nichos
maior a competição entre as espécies.
[72]
Competição é o uso ou disputa de um recurso por mais de um consumidor
individual. Quando eles pertencem a espécies diferentes, ela é chamada
“competição interespecífica”. Esta é expressada como uma redução das
capacidades de suporte das populações em competição e, no extremo, pode levar
à exclusão de espécies. Chama-se de “competição intra específica” aquela que
ocorre entre organismos da mesma espécie. Esse tipo de competição pode ser
por alimento, por espaço ou por fêmeas (R. E. Riklefs, op.cit., p. 39). A
competição pode ainda ser subdividida, de acordo com a forma como se
manifesta nos organismos, em: a) competição por recursos (ocorre quando um
certo número de organismos de uma dada espécie ou de espécie diferentes usam
um recurso que esteja sendo limitante); e a competição por interferência ou
explorativa (ocorre quando os organismos envolvidos na interação causam algum
tipo de malefício ou prejuízo mesmo que o recurso disputado não esteja
necessariamente em falta).
[73]
As espécies podem ser classificadas em especialistas ou generalistas de
acordo com o tamanho de seus nichos. Espécies generalistas têm nichos amplos:
eles podem viver em muitos locais diferentes, comer uma variedade de alimentos,
e tolerar as variações das condições ambientais (ratos, pombos, baratas etc.).
Espécies especialistas têm nichos estreitos: eles estão aptos a viver em um único
tipo de hábitat, não toleram grandes mudanças no ambiente e comem um ou
poucos tipos de alimento. Quando as condições do meio são constantes, tal como
na floresta tropical, espécies especialistas possuem a vantagem de evitar
competidores, isto é, evitar ou minimizar a sobreposição de nichos. Quando as
condições do meio variam bruscamente, como nas altas latitudes, a
adaptabilidade das espécies generalistas é favorecida.
[74]
Fundamentos de ecologia... cit., Educação ambiental, p. 187-188.
[75]
Op.cit., p. 290.
[76]
Agentes e processos de interferência, degradação e dano ambiental,
Avaliação e perícia ambiental, p. 37.
[77]
Brasil, Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal, Primeiro relatório nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica,
p. 12-13.
[78]
Espécies biológicas podem ser: a) espécies nativas ou endógenas (espécies
que normalmente vivem e prosperam em um ecossistema); b) espécies não-
nativas, exóticas ou alienígenas (espécies que são deliberadas ou acidentalmente
introduzidas por humanos); c) espécies endêmicas (espécies que vivem em um
único lugar e não são encontradas em nenhum outro); d) espécies indicadoras
(espécies que, por serem suscetíveis às variações ambientais, podem servir para
alertar que o ecossistema está sendo danificado); e) espécies pioneiras ou
espécies de sucessão ecológica inicial (espécies que ocuparam inicialmente os
hábitats assim que eles se formaram); f) espécies de sucessão ecológica
intermediária (espécies que ocupam os hábitats ainda estão em formação ou em
fase de sucessão intermediária ente a primária e o clímax – última instância que a
associação de espécie pode atingir); g) espécies de clímax (espécies que ocupam
os hábitats cuja formação atingiram seu desenvolvimento máximo).
[79]
Brasil, op.cit., p. 12-13.
[80]
Site de divulgação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, no endereço da Internet:
<http://www.ibama.gov.br>.
[81]
A Conservation Assessment of the terrestrial ecoregions of Latin America and
the Caribbean. Washington: WWF, World Bank, 1995, p. 82.
[82]
Brazilian ecosystems, p. 28.
[83]
Fundamentos da filosofia para uma geração consciente, p. 41.
[84]
Convite à filosofia, p. 79.
[85]
Educação ambiental em centros urbanos: a problemática da incorporação de
valores éticos, Congresso Habitat II, p. 12.
[86]
Idem, ibidem.
[87]
O pensamento em um mundo terceiro mundo, Para pensar o desenvolvimento
sustentável, p. 132.
[88]
Considerações gerais sobre a problemática ambiental, Educação Ambiental –
Curso básico a distância: questões ambientais: conceitos, história, problemas e
alternativas, p. 97.
[89]
Op.cit., p. 133.
[90]
Educação ambiental... cit., Congresso Habitat II, p. 13.
[91]
Diccionario de la Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete
Desenvolvimiento economico.
[92]
Maximização da Qualidade de Vida em Conjuntos Habitacionais. São Paulo:
COHAB, 1970, p. 15.
[93]
“The Development of Indian Agriculture”. In: India of Today, Vol. VIII (2nd ed.),
London, Humphrey Milford and Oxford University Press, 1929, p. 35.
[94]
World Commission on Environment and Development, Our common future, p.
219.
[95]
Op.cit., p. 38.
[96]
Ecologia de los cultivos, p. 121.
[97]
Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir, p. 17.
[98]
Ecodesenvolvimento e hábitat, p. 7.
[99]
Op.cit., verbete Ecodesenvolvimiento.
[100]
Apud Jaime Hurtubia, Ecología y desarrollo: evolución y perspectivas del
pensamiento ecólogico, Estilos de desarrollo y medio ambiente, p. 27.
[101]
Environmental impact assessment, p. 32.
[102]
Ronaldo Seroa da Motta, Manual de valoração econômica de recursos
ambientais, p. 13.
[103]
Peter Herman May e Ronaldo Seroa da Motta, Valorando a natureza: uma
análise econômica para o desenvolvimento sustentável, p. 35.
[104]
Idem, p. 37.
[105]
Ronaldo Seroa da Motta, op.cit., p. 23.
[106]
Op.cit., verbete Recurso natural.
[107]
Op.cit., verbete Recursos naturais.
[108]
Giangestone Bolla, Scritti di diritto agrario, p. 1-3 e 865-888.
[109]
Propedêutica do direito agrário, p. 53.
[110]
Amazônia, p. 27.
[111]
Amazônia e meio ambiente: contexto ecológico, ocupação antrópica e
impactos, Ecologia e desenvolvimento, p. 137-159.
[112]
Diccionario de la Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete Recurso
natural renovable.
[113]
Op.cit., p. 51.
[114]
Diccionario de la Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete Recurso
natural agotable.
[115]
Verbete Recursos não-renováveis.
[116]
Enciclopédia Abril, v. 1, p. 343, verbete Atmosfera.
[117]
Idem, p. 343-344, verbete Atmosfera.
[118]
Polarização: fenômeno apresentado por uma radiação eletromagnética em
que o plano de vibração permanece constante; estabelecimento duma diferença
de potencial elétrico entre dois eletrodos (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,
op.cit., p. 1.106, verbete Polarização).
[119]
Enciclopédia Abril, v. 1, p. 91, verbete Água.
[120]
Op.cit., p. 8-9, verbete Água.
[121]
Enciclopédia Abril, v. 1, p. 92, verbete Água.
[122]
Idem, p. 93, verbete Águas continentais.
[123]
O mar: direito e ecologia, p. 29.
[124]
Iedo Batista Neves, Vocabulário prático de tecnologia jurídica e de brocardos
latinos, verbete II – Águas artificiais; IV – Águas comuns; V – Águas escolatícias;
VI – Águas estagnadas; X – Águas minerais; XII – Águas nascentes; XIII – Águas
nocivas; XV – Águas pluviais; XVII – Águas remanescentes; XVIII – Águas
selvagens; XXI – Águas vertentes ou colaticias; e XXII – Águas vivas.
[125]
Paulo de Castro Moreira da Silva, op.cit., p. 30.
[126]
Iedo Batista Neves, op.cit., verbete VII – Águas exteriores.
[127]
Águas Interiores, p. 121.
[128]
Manoel Ignácio Carvalho Mendonça, Rios e Águas, n. 49.
[129]
Antônio de Pádua Nunes, Código de Águas: Decreto 24.643, de 10.07.1934,
p. 7-8.
[130]
Manoel Ignácio Carvalho Mendonça, op.cit., n. 2.
[131]
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, op.cit., p. 889, verbete Margem.
[132]
Manoel Ignácio Carvalho Mendonça, op.cit., n. 2.
[133]
Op.cit., p. 9.
[134]
Manoel Ignácio Carvalho Mendonça, op.cit., n. 18.
[135]
Mário Tavarela Lobo, A destinação do pai de família: servidões e águas, n.
111, p. 238, apud Antônio de Pádua Nunes, op.cit., p. 11-12.
[136]
Op.cit., n. 2, p. 9.
[137]
Vocabulário básico de meio ambiente, p. 35.
[138]
Antônio Teixeira Guerra, op.cit., verbete Talvegue.
[139]
Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, Glossário de
termos hidrológicos, verbete Talvegue.
[140]
Diccionario de la Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete Talvegue.
[141]
Op.cit., n. 2.
[142]
Art. 89. Consideram-se “nascentes” para os efeitos deste Código, as águas
que surgem naturalmente ou por indústria humana, e correm dentro de um só
prédio particular, e ainda que o transponham, quando elas não tenham sido
abandonadas pelo proprietário do mesmo.
[143]
Art. 563. O dono do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm
naturalmente do superior. Se o dono deste fizer obras de arte, para facilitar o
escoamento, procederá de modo que não piore a condição natural e anterior do
outro.
Art. 564. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior,
correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou
se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Art. 565. O proprietário de fonte não captada, satisfeitas as necessidades de
seu consumo, não pode impedir o curso natural das águas pelos prédios
inferiores.
[144]
Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as
águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que
embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não
pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí
colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se
desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais,
satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o
curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.
[145]
Iedo Batista Neves, op.cit., verbete XI – Águas mortas.
[146]
Idem, verbete III – Águas comuns.
[147]
Idem, verbete XIV – Águas particulares ou privadas.
[148]
Condição de qualidade: qualidade apresentada por um segmento de corpo
d'água, num determinado momento, em termos dos usos possíveis com
segurança adequada, frente às Classes de Qualidade (inciso XII do art. 2° da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[149]
Padrão: valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de
qualidade de água ou efluente (inciso XXVI do art. 2° da Resolução/CONAMA n°
357, de 17.03.2005).
[150]
Classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de qualidade de água
necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros (inciso IX
do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[151]
Enquadramento: estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água
(classe) a ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento de corpo
de água, de acordo com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo
(inciso XX do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[152]
Metas: é o desdobramento do objeto em realizações físicas e atividades de
gestão, de acordo com unidades de medida e cronograma preestabelecidos, de
caráter obrigatório (inciso XIII do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de
17.03.2005).
[153]
Efetivação do enquadramento: alcance da meta final do enquadramento
(inciso XIX do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[154]
Condições de lançamento: condições e padrões de emissão adotados para o
controle de lançamentos de efluentes no corpo receptor (inciso XIII do art. 2° da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[155]
Desinfecção: remoção ou inativação de organismos potencialmente
patogênicos (inciso XVI do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[156]
Tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e
correção de pH quando necessário (inciso XXXIV do art. 2° da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[157]
Recreação de contato primário: contato direto e prolongado com a água (tais
como natação, mergulho, esqui-aquático) na qual a possibilidade do banhista
ingerir água é elevada (inciso XXX do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de
17.03.2005).
[158]
“Art. 2°. As águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade
(recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias
própria e imprópria.
§1°. As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes
categorias: a) Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras
obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,
houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia
coli ou 25 enterococos por l00 mililitros; b) Muito Boa: quando em 80% ou mais de
um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores,
colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 500 coliformes fecais
(termotolerantes) ou 400 Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros; c)
Satisfatória: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em
cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no
máximo 1.000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli ou 100
enterococos por 100 mililitros.
§2°. Quando for utilizado mais de um indicador microbiológico, as águas terão as
suas condições avaliadas, de acordo com o critério mais restritivo.
§3°. Os padrões referentes aos enterococos aplicam-se, somente, às águas
marinhas.
§4°. As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for
verificada uma das seguintes ocorrências: a) não atendimento aos critérios
estabelecidos para as águas próprias; b) valor obtido na última amostragem for
superior a 2500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou
400 enterococos por 100 mililitros; c) incidência elevada ou anormal, na Região,
de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicada pelas autoridades
sanitárias ; d) presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive
esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos
à saúde ou tornar desagradável a recreação; e) pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas
doces), à exceção das condições naturais; f) floração de algas ou outros
organismos, até que se comprove que não oferecem riscos à saúde humana; g)
outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente, o exercício
da recreação de contato primário.
§5°. Nas praias ou balneários sistematicamente impróprios, recomenda-se a
pesquisa de organismos patogênicos.
Art. 3°. Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão
de controle ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual ou
federal), constatar que a má qualidade das águas de recreação de contato
primário justifica a medida.
§1°. Consideram-se ainda, como passíveis de interdição os trechos em que
ocorram acidentes de médio e grande porte, tais como: derramamento de óleo e
extravasamento de esgoto, a ocorrência de toxicidade ou formação de nata
decorrente de floração de algas ou outros organismos e, no caso de águas doces,
a presença de moluscos transmissores potenciais de esquistossomose e outras
doenças de veiculação hídrica.
§2°. A interdição e a sinalização, por qualquer um dos motivos mencionados no
caput e no § 1° deste artigo, devem ser efetivadas, pelo órgão de controle
ambiental competente.
Art. 4°. Quando a deterioração da qualidade das praias ou balneários ficar
caracterizada como decorrência da lavagem de vias públicas pelas águas da
chuva, ou em consequência de outra causa qualquer, essa circunstância deverá
ser mencionada no boletim de condição das praias e balneários, assim como
qualquer outra que o órgão de controle ambiental julgar relevante.
Art. 5°. A amostragem será feita, preferencialmente, nos dias de maior
afluência do público às praias ou balneários, a critério do órgão de controle
ambiental competente.
Parágrafo único. A amostragem deverá ser efetuada em local que apresentar a
isóbata de um metro e onde houver maior concentração de banhistas.
Art. 6°. Os resultados dos exames poderão, também, abranger períodos
menores que cinco semanas, desde que cada um desses períodos seja
especificado e tenham sido colhidas e examinadas, pelo menos, cinco amostras
durante o tempo mencionado, com intervalo mínimo de 24 horas entre as
amostragens.
Art. 7°. Os métodos de amostragem e análise das águas devem ser os
especificados nas normas aprovadas pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Normatização e Qualidade Industrial - INMETRO ou, na ausência destas, no
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater-APHA-AWWA-
WPCF, última edição.
Art. 8°. Recomenda-se aos órgãos ambientais a avaliação das condições
parasitológicas e microbiológicas da areia, para futuras padronizações.
Art. 9°. Aos órgãos de controle ambiental compete a aplicação desta
Resolução, cabendo-lhes a divulgação das condições de balneabilidade das
praias e dos balneários e a fiscalização para o cumprimento da legislação
pertinente.
Art. 10. Na ausência ou omissão do órgão de controle ambiental, o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA atuará,
diretamente, em caráter supletivo.
Art. 11. Os órgãos de controle ambiental manterão o IBAMA informado sobre
as condições de balneabilidade dos corpos de água.
Art. 12. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios articular-se-ão
entre si e com a sociedade, para definir e implementar as ações decorrentes
desta Resolução.
Art. 13. O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os
infratores às sanções previstas nas Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981;
9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto no 3.179, de 21 de setembro de
1999”.
[159]
Tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e
floculação, seguida de desinfecção e correção de pH (inciso XXXIII do art. 2° da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[160]
Aquicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em
condições naturais, ocorre total ou parcialmente em meio aquático (inciso VI do
art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[161]
Tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes
refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à
água características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica
(inciso XXXII do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[162]
Pesca amadora: exploração de recursos pesqueiros com fins de lazer ou
desporto (inciso XXVIII do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[163]
Recreação de contato secundário: refere-se àquela associada a atividades
em que o contato com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade de
ingerir água é pequena, como na pesca e na navegação (tais como iatismo)
(inciso XXXI do art. 2° da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[164]
Dessedentação: é onde os animais mitigam a sede em qualquer local onde se
acumula água; pode ser bebedouros, lagos, ribeirões, açudes, etc. Em outras
palavras é suprir necessidades de água para contingentes animais.
[165]
Harmonia paisagística: trata-se de um dos princípios da composição
paisagística. Os princípios da composição paisagística são os seguintes: a)
mensagem; b) equilíbrio; c) escala; d) dominância; e) harmonia; e f) clímax da
paisagem. A análise de tais princípios implica a compreensão dos elementos de
comunicação de um jardim. Dentre os mais significativos temos as linhas, formas,
texturas e cores, além dos invisíveis como sons, cheiros, etc. As linhas podem ser
retas, curvas ou mistas. Elas têm o poder de oferecer impressões diversas ao
observador e bem exploradas conferem significado ao jardim da seguinte
maneira: a) linhas horizontais: transmitem calma, paz, descanso; b) linhas
verticais: sugerem ascensão, grandiosidade, força, permanência. Quem nunca
teve esta sensação perante uma imponente palmeira ou um grande cipreste
italiano?; c) linhas curvas: relacionadas com graça, movimento e dinamismo, caso
típico de caminhos sinuosos por entre o jardim. Este planejamento de linhas serve
para fazer a divisão dos espaços, de acordo com a função de cada ambiente. Em
relação às formas, cada planta possui a sua , como também cada conjunto delas,
as copas das árvores possuem formas diferentes, os arbustos, as palmeiras e as
flores, não é difícil imaginar este maravilhoso jogo de formas em um jardim. A
textura está relacionada diretamente com as nossas sensações, com o aspecto.
Olhar um cacto e uma rosa, cada um passa sensações diferentes e deve-se
diretamente à textura de cada um. Este conjunto de texturas no jardim, bem
explorado, cria fantásticos efeitos. As cores têm importância e poder de
comunicação tão significativos, que seu uso deve ser extremamente estudado
antes de se compor qualquer projeto junto aos seus respectivos usuários. Isto se
deve ao poder das cores transmitirem sensações. Tomemos 2 (duas) cores
totalmente opostas; azul e vermelho. O vermelho causa sensação de euforia,
excitação, ação, calor, além de dar a impressão de recuo, portanto causando a
impressão de diminuição do espaço onde está sendo usado, portanto podemos
dizer que se tomarmos grandes áreas e quisermos causar o efeito de diminuição,
o uso do vermelho é extremamente recomendado. O vermelho também causa
aumento da pressão arterial e tensão muscular, se tornado extremamente
estressante quando mal usado.
O azul por sua vez é o oposto, a sensação de paz, frescor ,calma e ao contrario
do vermelho confere ao jardim o sentimento de amplitude, portanto recomendado
para pequenos espaços. Visto isto, finalmente podemos entender melhor os
princípios da composição paisagística: 1) mensagem: não basta o jardim estar
“arrumadinho”, ele tem que dar o recado, tem que falar com o usuário, deve ter
sentido em cada planta colocada; 2) equilíbrio: como em uma balança de dois
pratos, funciona também nosso jardim. É como se houvesse um eixo central e de
cada lado o peso dos componentes deste jardim deve ser igual ao outro; 3)
escala: diz sobre o aproveitamento dos espaços, suas distâncias corretas e no
caso das plantas o fator tempo nunca deve ser esquecido, pois o desenvolvimento
de algumas espécies pode interferir na escala antes prevista; 4) dominância: algo
sempre dominará o espaço, nem sempre em quantidade, mas as vezes por
expressão conforme cada elemento de comunicação; 5) harmonia: sempre
lembrada, a harmonia é a primeira coisa que pensamos que um jardim deve ter, e
a chave para o sucesso normalmente é a simplicidade. Quando olhamos para o
jardim e não conseguimos conceber que nada pode ser tirado nem colocado, aí
sim, ele está harmônico, ou seja, tudo vira uma coisa só; 6) climax: em qualquer
jardim algo nos chama a atenção em primeiro lugar, aquele objeto que prende
nosso olhar por alguns segundos, este é o clímax do jardim. Podem ser usados
um ou mais, cuidado com os exageros que podem causar uma poluição visual
devido a causar uma confusão para o observador. O jardim é uma forma de arte,
classificado nas “Belas Artes”, que requer do paisagista conhecimentos de
diversas áreas como botânica, geologia entre outras. Mas o paisagismo é arte no
seu poder de causar emoções e estas emoções causadas dependem do íntimo de
cada profissional, basta lembrar dos grandes artistas que ficaram para a história ,
eles colocavam sua alma no que se propunham a fazer. Como em uma tela, como
numa escultura ,assim deve ser também no jardim. O artista tem a teoria em sua
alma e só aperfeiçoa seus conhecimentos no desenvolvimento de seu trabalho
(LIRA FILHO, José Augusto de. Paisagismo: elementos de composição e estética,
Viçosa, Editora Aprenda Fácil, 2001, p. 41 e segs.).
[166]
Ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito
deletério de agentes físicos ou químicos a diversos organismos aquáticos (inciso
XXI do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[167]
Ensaios toxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério
de agentes físicos ou químicos a diversos organismos visando avaliar o potencial
de risco a saúde humana (inciso XXII do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357,
de 17.03.2005).
[168]
Vazão de referencia: vazão do corpo hídrico utilizada como base para o
processo de gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas e a necessária
articulação das instancias do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGRH (inciso
XXXVI do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[169]
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO: corresponde à quantidade de
oxigênio necessária para ocorrer a oxidação da matéria orgânica biodegradável
sob condições aeróbicas. Essa unidade de medida avalia a quantidade de
Oxigênio Dissolvido – OD em miligramas (mg), equivalente à quantidade que será
consumida pelos organismos aeróbicos ao degradarem a matéria orgânica. Por
sinal, entende-se por biodegradável a matéria que pode ser consumida como
alimento, ela vai alimentar e ser fonte de energia aos microorganismos que
existem na água. Sendo assim, a Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO pode
ser considerada como parâmetro para avaliar a qualidade da água, onde a
poluição orgânica é quantificada. O processo ocorre da seguinte forma:
inicialmente os microorganismos utilizam o Oxigênio Dissolvido – OD para
transformar o carbono em CO2 e, depois, para transformar os compostos
nitrogenados em nitratos (NO3) e nitritos (NO2). Essas transformações são
essenciais na determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO, que se
divide em: 1) Demanda Bioquímica de Oxigênio Carbonácea – DBOC (com
presença de CO2); e 2) Demanda Bioquímica de Oxigênio Nitrogenada – DBON
(com presença de nitratos e nitritos). O valor da Demanda Bioquímica de Oxigênio
– DBO é usado para estimar a carga orgânica dos efluentes e dos recursos
hídricos, e com esses valores é possível calcular qual a necessidade de aeração
(oxigenação) para degradar essa matéria orgânica nas Estações de Tratamento
de Esgoto – ETE.
[170]
Autodepuração: a autodepuração de um curso d'água é a sua capacidade de
promover a estabilização de determinada carga poluidora nele lançada. Em um
sentido mais amplo, a autodepuração esta associada à capacidade de um corpo
d'água retornar às condições ecológicas iniciais, na prática, entretanto, isso não
ocorre, porque haverá a formação de compostos estáveis em concentrações
diferentes das anteriormente existentes, ainda que a estabilização seja completa e
o oxigênio consumido seja totalmente recuperado. Do ponto de vista sanitário, no
entanto, a água estará depurada quando suas características não forem
conflitantes com os seus usos preponderantes. A autodepuração é decorrente da
associação de vários processos de natureza física (diluição, sedimentação e
reaeração atmosférica), química e biológica (oxidação e decomposição) (HYNES,
Hugh Bernard Noel. The Ecology of Running Waters. Toronto, University of
Toronto Press, 1960, p. 271; SPERLING, Marcos Von. Introdução à qualidade das
águas e ao tratamento de esgotos. 2ª ed., Belo Horizonte, Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG, 1996, p. 97). No processo de
autodepuração, há um balanço entre as fontes de consumo e de produção de
oxigênio (SPERLING, Marcos Von. Estudos e modelagem da qualidade da água
de rios. Belo Horizonte, Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental –
UFMG, 2007, p. 173). Os principais fenômenos interagentes no consumo de
oxigênio são: 1) oxidação da matéria orgânica: é o processo nos quais elétrons
são removidos de uma substância, aumentando o seu estado de oxidação, ou
seja, a oxidação é uma forma de transformar poluentes em compostos menos
indesejáveis ao meio ambiente. A oxidação total da matéria orgânica, também
conhecida como mineralização, gera produtos finais, simples e estáveis (como.
por exemplo, CO2, H2O, NO3-). Os organismos decompositores, principalmente as
bactérias heterotróficas aeróbias, são capazes de oxidar a Matéria Orgânica –
MO; 2) nitrificação: é o processo pelo qual bactérias autotróficas (Nitrosomonas e
Nitrobacter), utilizam o oxigênio dissolvido para transformar formas nitrogenadas
de Matéria Orgânica – MO em nitritos (NO2-) e nitratos (NO3). As Nitrosomonas
são responsáveis pela oxidação da amônia a nitrito e as Nitrobacter pela oxidação
do nitrito a nitrato; e 3) demanda bentônica: o consumo de oxigênio por estas
reações é denominado demanda nitrogenada ou demanda de segundo estágio,
por ocorrer numa fase posterior a das reações de oxidação da Matéria Orgânica
Carbonácea – MOC. Isso ocorre porque as bactérias nitrificantes, autotróficas,
possuem uma taxa de crescimento menor que as bactérias heterotróficas
(SPERLING, Marcos Von. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. 2ª ed., Belo Horizonte, Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – UFMG, 1996, p. 98). A Matéria Orgânica Decantada – MOD também
pode consumir Oxigênio Dissolvido – OD, e nesse caso, essa demanda é
denominada demanda bentônica ou demanda de oxigênio pelo sedimento.
Grande parte da conversão dessa Matéria Orgânica – MO se dá em condições
anaeróbias, em virtude da dificuldade de penetração do oxigênio na camada de
lodo. Esta forma de conversão, por ser anaeróbia, não implica, portanto, em
consumo de oxigênio. Porém, a camada superficial do lodo em contato direto com
a água geralmente sofre decomposição aeróbia, resultando no consumo de
oxigênio (SPERLING, Marcos Von. Introdução à qualidade das águas e ao
tratamento de esgotos. 2ª ed., Belo Horizonte, Departamento de Engenharia
Sanitária e Ambiental – UFMG, 1996, p. 99). Na maioria das vezes, a
sedimentação dessa matéria orgânica implica na diminuição de Demanda
Bioquímica de Oxigênio – DBO da massa líquida, porém, quando a massa
decantada é ressuspendida, devido, por exemplo, a turbulências ou a altas
velocidades de escoamento do líquido, ocorre o contrário. Os principais
fenômenos interagentes na produção de oxigênio são: 1) reaeração atmosférica: é
principal processo responsável pela introdução de oxigênio no corpo hídrico. Esse
processo se dá por meio da transferência de gases, que é um fenômeno físico no
qual moléculas de gases são trocadas entre o meio líquido e gasoso pela sua
interface. Esse intercâmbio resulta num aumento da concentração do oxigênio na
fase líquida, caso esta não esteja saturada com o gás. Esta transferência do meio
gasoso para o meio líquido se dá basicamente por meio de dois mecanismos: a
difusão molecular e a difusão turbulenta (SPERLING, Marcos Von. Introdução à
qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2ª ed., Belo Horizonte,
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG, 1996, p. 99); 2)
fotossíntese: este processo de produção pode representar a maior fonte de
Oxigênio Dissolvido – OD em lagos e rios de movimento lento. A fotossíntese é o
principal processo utilizado pelos seres autotróficos para a síntese da matéria
orgânica, sendo característica dos organismos clorofilados, particularmente algas.
De acordo com MARCOS VON SPERLING (cf. Introdução à qualidade das águas
e ao tratamento de esgotos. 2ª ed., Belo Horizonte, Departamento de Engenharia
Sanitária e Ambiental – UFMG, 1996, p. 101), os seres autótrofos realizam muito
mais síntese do que oxidação, gerando sempre um superávit de oxigênio.
[171]
Corpo receptor: corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um
efluente (inciso XV do art. 2.º da Resolução/CONAMA 357, de 17.03.2005).
[172]
Oxigênio Dissolvido – OD: é um fator limitante para manutenção da vida
aquática e de processos de autodepuração em sistemas aquáticos naturais e
estações de tratamento de esgotos. Durante a degradação da Matéria Orgânica –
MO, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios,
podendo vir a causar redução de sua concentração no meio. Uma das causas
mais frequentes de mortandade é a queda na concentração de oxigênio nos
corpos d’água. O valor mínimo de Oxigênio Dissolvido – OD para a preservação
da vida aquática, estabelecido pela Resolução/CONAMA 357, de 17.03.2005, é
de 5,0 mg/L, mas existe variação na tolerância de espécie para espécie. As
carpas, por exemplo, conseguem suportar concentrações de Oxigênio Dissolvido
– OD de 3,0 mg/L, sendo que a carpa comum chega até mesmo a sobreviver por
até 6 (seis) meses em águas frias e sem nenhum Oxigênio Dissolvido – OD,
(anoxia). Tais valores seriam fatais para as trutas, que necessitam de
concentração maior de Oxigênio Dissolvido – OD para sobreviverem, em torno de
8,0 mg/L de Oxigênio Dissolvido – OD. O peixe Dourado sobrevive por até 22
horas em águas anóxicas a 20°C, enquanto que as larvas destes peixes são
menos tolerantes que os adultos. Isto porque os valores letais dependem do
estágio de vida dos organismos, sendo geralmente mais exigentes os estágios
mais jovens. De maneira geral, valores de Oxigênio Dissolvido – OD menores
que 2 mg/L pertencem a uma condição perigosa, denominado hipoxia, ou seja,
baixa concentração de Oxigênio Dissolvido – OD na água. A concentração de
oxigênio presente na água vai variar de acordo com a pressão atmosférica
(altitude) e com a temperatura do meio. Águas com temperaturas mais baixas têm
maior capacidade de dissolver oxigênio; já em maiores altitudes, onde é menor a
pressão atmosférica, o Oxigênio Dissolvido – OD apresenta menor solubilidade.
[173]
Zona de mistura: região do corpo receptor, estimada com base em modelos
teóricos aceitos pelo órgão ambiental competente, que se estende do ponto de
lançamento do efluente, e delimitada pela superfície em que é atingido o equilíbrio
de mistura entre os parâmetros físicos e químicos, bem como o equilíbrio
biológico do efluente e os do corpo receptor (corpo hídrico superficial que recebe
o lançamento de um efluente), sendo específica para cada parâmetro (inciso XIV
do art. 4.º da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[174]
Eutrofização ou eutroficação: fenômeno causado pelo excesso de nutrientes
(compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água,
provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o
desenvolvimento dos conumidores primários e eventualmente de outros
elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode
levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e consequente
decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e
eventualmente a alteração profunda do ecossistema (FONSECA, Krukemberghe.
Eutrofização. Artigo divulgado no site: <http://www.brasilescola.com/
biologia/eutrofizacao.htm>. Acesso em 12.10.2009). O excesso de nitratos
lixiviados também promove a ocupação por plantas superiores onde estas
geralmente não ocorriam e dessa forma também sufocando ambientes
anteriormente equilibrados. O termo vem do grego “eu”, que significa bom,
verdadeiro e “trophein”, nutrir. Assim, eutrófico significa bem nutrido e opõe-se a
oligotrófico, a situação contrária em que existem poucos nutrientes na água, como
acontece, em geral, nas águas oceânicas. Estes processos podem ocorrer
naturalmente, como consequência da lixiviação da serrapilheira acumulada numa
bacia de drenagem por fortes chuvas, ou por ação do homem, através da
descarga de efluentes agrícolas, urbanos ou industriais no que se chama
“eutrofização cultural”. As principais fontes de eutrofização são as atividades
humanas industriais, domésticas e agrícolas (por exemplo, os fertilizantes usados
nas plantações podem escoar superficialmente ou dissolver-se e infiltrarem-se
nas águas subterrâneas e serem arrastados até aos corpos de água
mencionados). Ao aumento rápido de algas relacionado com a acumulação de
nutrientes derivados do azoto (nitratos), do fósforo (fosfatos), do enxofre
(sulfatos), mas também de potássio, cálcio e magnésio, dá-se o nome de
“florescimento” ou bloom – dando uma coloração azul-esverdeada, vermelha ou
acastanhada à água, consoante as espécies de algas favorecidas pela situação.
Estas substâncias são os principais nutrientes do fitoplâncton (as “algas”
microscópicas que vivem na água), que se pode reproduzir em grandes
quantidades, tornando a água esverdeada ou acastanhada. Quando estas algas
(e o zooplâncton que delas se alimenta) começam a morrer, a sua decomposição
pode tornar aquela massa de água pobre em oxigênio, provocando a morte de
peixes e outros animais e a formação de gases tóxicos ou de cheiro
desagradável. Além disso, algumas espécies de algas produzem toxinas que
contaminam as fontes de água potável. Em suma, muitos efeitos ecológicos
podem surgir da eutroficação, mas os três principais impactos ecológicos são:
perda de biodiversidade, alterações na composição das espécies (invasão de
outras espécies) e efeitos tóxicos. Quando esta situação ocorre, a eliminação das
causas da poluição pode levar o ecossistema de novo a uma situação saudável
mas, se for um sistema fechado onde antes havia espécies que desapareceram
por causa deste problema, será necessária a reintrodução dessas espécies para
tornar o sistema semelhante ao que era antes. Estes problemas ocorreram em
muitos rios da Europa e ainda não estão totalmente sanados. Certos sistemas
aquícolas promovem a eutrofização dos seus tanques para mais facilmente
cultivarem espécies que se alimentam do fitoplâncton. Esta prática deve ser
extremamente bem controlada (e os residuos ou efluentes da instalação tratados
de modo a evitar a poluição do ambiente em redor). Ambientes eutróficos podem
estar também relacionados a processos naturais sem intervenção antrópica, como
ambientes pantanosos, por exemplo.
[175]
Ambiente lêntico: ambiente que se refere a água parada, com movimento
lento ou estagnado (inciso IV do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de
17.03.2005).
[176]
Ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes (inciso V do
art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[177]
Ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito
deletério de agentes físicos ou químicos a diversos organismos aquáticos (inciso
XXI do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[178]
Materiais flutuantes: a observação de materiais flutuantes na água, como
blocos de espuma, por exemplo, pode indicar a presença de detergente
proveniente do despejo de efluentes ou esgotos domésticos e industriais. É
importante observar se há materiais flutuando, ou sendo arrastados pela
correnteza, e a sua quantidade. Por exemplo: a) espumas na água: ausentes,
quantidade baixa (espumas finas, somente em pontos localizados), quantidade
alta (espumas finas espalhadas), quantidade muito alta (placas espessas de
espumas); b) outros materiais flutuantes: ausentes, quantidade baixa (somente
alguns), quantidade alta (muitos), quantidade muito alta (superfície do rio coberta).
[179]
Virtualmente ausentes: que não é perceptível pela visão, olfato ou paladar
(inciso XXXVII do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[180]
Odor: a água, com características naturais, não apresenta cheiro. Por isso, a
presença de cheiro pode ser um parâmetro de avaliação da qualidade da água,
pois pode indicar a presença de substâncias ‘estranhas’ à composição da água. O
cheiro de “ovos podres”, característico do gás Sulfídrico, por exemplo, indica que
está havendo decomposição de matéria orgânica nas águas. Este cheiro pode
estar misturado ao de ‘cebola estragada’, característico de compostos de enxofre
presentes em esgotos e lodos orgânicos depositados no fundo de rios poluídos. E,
ainda, pode haver cheiro de inseticida (por exemplo: BHC). O odor de “ovo podre”
do gás Sulfídrico pode, inclusive, causar dor de cabeça e náuseas em pessoas
que moram, trabalham ou circulam nas proximidades das margens de rios muito
poluídos, como é o caso do rio Pinheiros, em São Paulo (FOLHA DE S. PAULO.
Cotidiano: Odor de ovo podre de rio pode causar enjoo e dor de cabeça. São
Paulo, 08.04.2012, p. C3).
[181]
Balneabilidade: é a qualidade das águas destinadas à recreação de contato
primário, sendo este entendido como um contato direto e prolongado com a água
(natação, mergulho, esqui-aquático, etc.), onde a possibilidade de ingerir
quantidades apreciáveis de água é elevada. Para sua avaliação é necessário o
estabelecimento de critérios objetivos. Estes critérios devem se basear em
indicadores a serem monitorados e seus valores confrontados com padrões pré-
estabelecidos, para que se possa identificar se as condições de balneabilidade
em um determinado local são favoráveis ou não; pode-se definir, inclusive,
classes de balneabilidade para melhor orientação dos usuários. Fatores que
influem na balneabilidade: o parâmetro indicador básico para a classificação das
praias quanto a sua balneabilidade em termos sanitários é a densidade de
coliformes fecais. Diversos são os fatores que condicionam a presença de
esgotos nas praias: 1) existência de sistemas de coleta e disposição dos despejos
domésticos gerados nas proximidades; 2) existência de córregos afluindo ao mar;
3) afluência turística durante os períodos de temporada; 4) fisiografia da praia; 5)
ocorrência de chuvas; 6) condições da maré. Aspectos de saúde pública: corpos
d'água contaminados por esgoto doméstico ao atingirem as águas das praias
podem expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários. Crianças e idosos, ou
pessoas com baixa resistência, são as mais suscetíveis a desenvolver doenças
ou infecções após terem nadado em águas contaminadas. As doenças
relacionadas ao banho, em geral, não são graves. A doença mais comum
associada à água poluída por esgoto é a gastroenterite. Ela ocorre numa grande
variedade de formas e pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:
enjoo, vômitos, dores de estômago, diarreia, dor de cabeça e febre. Outras
doenças menos graves incluem infecções de olhos, ouvidos, nariz e garganta. Em
locais muito contaminados os banhistas podem estar expostos a doenças mais
graves, como disenteria, hepatite A, cólera e febre tifoide. Cuidados que devem
ser tomados: Considerando-se as diversas variáveis intervenientes na
balneabilidade das praias e sua relação com a possibilidade de riscos à saúde
dos frequentadores, é recomendável: 1) não tomar banho nas águas das praias
que forem classificadas como “impróprias”; 2) evitar o contato com os cursos
d’água que afluem às praias; 3) evitar o uso das praias que recebem corpos
d’água cuja qualidade é desconhecida; após a ocorrência de chuvas de maior
intensidade; 4) evitar a ingestão de água do mar, com redobrada atenção para
com as crianças e idosos, que são mais sensíveis e menos imunes do que os
adultos; 5) não levar animais à praia.
[182]
Coliformes termotolerantes (fecais): Bactérias gram-negativas, em forma de
bacilos, oxidase-negativas, pertencentes ao grupo dos coliformes totais
caracterizadas pela presença da enzima ß-galactosidade e pela capacidade de
fermentar a lactose com produção de gás em 24 horas à temperatura de 44-45°C
em meios contendo sais biliares ou outros agentes tenso-ativos com propriedades
inibidoras semelhantes, Podem crescer em meios contendo agentes tenso-ativos
e fermentar a lactose nas temperaturas de 44º - 45ºC, com produção de ácido,
gás e aldeído. Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais
homeotérmicos, ocorrem em solos, plantas ou outras matrizes ambientais que não
tenham sido contaminados por material fecal (inciso XXXVII do art. 2.º da
Resolução/CONAMA 357, de 17.03.2005).
[183]
Escherichia Coli (E.Coli): bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae,
caracterizada pela presença das enzimas ß-galactosidade e ß-glicuronidase. É a
única espécie do grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é o
intestino humano e de animais homeotérmicos, onde ocorre em densidades
elevadas. Cresce em meio complexo a 44-45°C, fermenta lactose e manitol com
produção de ácido e gás e produz indol a partir do aminoácido triptofano. A
Escherichia Coli é abundante em fezes humanas e de animais, tendo, somente,
sido encontrada em esgotos, efluentes, águas naturais e solos que tenham
recebido contaminação fecal recente (inciso XXIII do art. 2.º da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005, e alínea “e” do art. 1° da
Resolução/CONAMA n° 274, de 29.11.2000).
[184]
Turbidez ou turvação: é uma propriedade física dos fluídos que se traduz na
redução da sua transparência devido à presença de materiais em suspensão que
interferem com a passagem da luz através do fluido. A complexidade das
interações óticas entre a luz incidente, as propriedades óticas dos materiais
dissolvidos e em suspensão e as características do fluido, em particular o seu
índice de refração e cor, torna a turbidez numa propriedade visual essencialmente
subjectiva, não se comportando como uma grandeza física diretamente
mensurável. CAUSAS E IMPORTÂNCIA: Por definição, a turbidez é causada pela
presença de materiais em suspensão, isto é de materiais que não estão
dissolvidos no fluido, cuja presença altera as suas propriedades ópticas. A
turvação pode assim ser causada por uma enorme variedade de matérias em
suspensão, de origem orgânica ou inorgânica, variando em dimensão desde
particulas coloidais até sólidos de dimensões macroscópicas. Nos produtos
alimentares e em lagos e albufeiras ou noutras massas de água lênticas
(paradas), a maior parte da turvação é devida a partículas coloidais. Pelo
contrário, em fluidos em movimento, especialmente em condições de escoamento
turbulento, como sejam rios em condições de cheia onde exista forte
hidrodinamismo, a maior parte da turvação é devida a sólidos suspensos de
dimensão apreciável (areia e silte) que em condições de menor dinamismo
sedimentariam rapidamente. O parâmetro assume grande importância em
limnologia e em oceanografia, por ser o principal factor na determinação da
espessura da zona eufótica, e no estudo da qualidade das águas, em especial
das águas para consumo humano. Também na indústria alimentar, em particular
na produção de bebidas destiladas, cervejas, vinhos e sumos, a turvação é
considerada uma característica importante no controle de qualidade e na fixação
das características finais do produto. Na indústria farmacêutica e na distribuição
de medicamentos e de soluções e solventes destinadas a uso humano ou
veterinário, a turvação dos produtos é também estritamente controlada, pois o seu
aumento pode indicar a presença de contaminantes ou outros sólidos em
suspensão, como os resultantes da precipitação a partir da solução, ou de
colônias de microorganismos em suspensão. Tipicamente o crescimento de
bactérias e leveduras em suspensão traduz-se num rápido aumento da turvação,
razão pela qual este parâmetro é excelente indicador da presença destes
microorganismos em soluções aquosas, em particular em produtos alimentares.
MEDIÇÃO: Não sendo uma grandeza física, a turvação não pode ser medida
directamente recorrendo a uma única propriedade do fluido ou dos materiais nele
suspensos, sendo antes avaliada pela comparação com padrões arbitrariamente
estabelecidos por normas técnicas, os quais em geral diferem consoante o setor
de atividade e o objetivo da medição. As primeiras técnicas de medição da
turvação, desenvolvidas na indústria cervejeira, consistiam de uma escala com
números progressivamente aumentados, semelhante às escalas optométricas
usadas para determinar a acuidade visual, que se colocava por detrás de um
recipiente transparente que continha o fluido a avaliar: o menor dos números
discerníveis correspondia à turbidez do fluido. O método era subjetivo,
dependendo da acuidade visual do observador, da cor e espessura do fluido e da
cor e intensidade da iluminação, sendo apenas repetível pelo mesmo observador
e nas mesmas condições de iluminação. Face às dificuldades colocadas pela
aplicação da escala de medição direta, foram desenvolvidos métodos baseados:
a) na atenuação devido à absorção da luz pelo material em suspensão ao
atravessar o fluido que o contém; e b) no espalhamento da luz causado pela
presença de material em suspensão no fluido a testar. Estas 2 (duas)
metodologias deram origem a um conjunto alargado de instrumentos, com
destaque para as variantes do disco de Secchi e para os nefelómetros. Embora os
métodos de determinação da turbidez por atenuação estejam hoje na quase
totalidade obsoletos, deram origem, entre outras, às seguintes escalas, algumas
das quais ainda aparecem rotineiramente referidas na literatura e nas
especificações técnicas e regulatórias de alguns setores de atividade económica,
em particular na indústria agroalimentar e das bebidas: a) Jackson Turbidity Unit –
JTU (Unidade de Turvação de Jackson – UJT): método da vela de Jackson
(Jackson Candle Method); b) Densidade ótica. Para permitir a comparabilidade
das medições em 1926 foi desenvolvido o padrão constituído por diluições de
formazina líquida em água destilada. A partir desse padrão foram construídas
diferentes escalas, adaptadas à técnica de medição e às características dos
produtos a testar. As escalas mais comuns são as seguintes: a) Nephelometric
Turbidity Unit – NTU (Unidades Nefelométricas de Turbidez – UNT): medição a
90° (noventa graus), em conformidade com as disposições dos Estados Unidos, o
mesmo que Formazine Turbidity. Unit – FTU; b) Formazine Turbidity. Unit – FTU
(Unidades de Turbidez Formazina – NTU): usadas no tratamento de água,
semelhante à anterior; c) Formazin Attenuation Unit – FAU (Unidades de
Atenuação de Formazina – UAF): medição da transmissão de luz (ângulo de 0°)
de acordo com os requisitos da Norma ISO 7027 de 1999 (Qualidade da Água –
Determinação da Turbidez); d) Formazin Nephelometric Unit – FNU (Unidades
Nefelométricas de Formazina – UNF): medição da luz difusa (90°) de acordo com
os requisitos da Norma ISO 7027 de 1999 (Qualidade da Água – Determinação da
Turbidez). A turbidez é em geral medida comparando o espalhamento de um feixe
de luz ao atravessar a amostra com o espalhamento obtido, com o mesmo feixe e
em iguais condições, ao atravessar a suspensão padrão, sendo em geral
expresso em Nephelometric Turbidity Unit – NTU (Unidades Nefelométricas de
Turbidez – UNT), por vezes convertidas no seu equivalente em mg/l de Si02,
considerando para tal a turbidez que seria provocada pela presença daquela
quantidade de sílica em suspensão.
[185]
Cor das águas: a cor das águas varia conforme a constituição do solo, das
rochas, da vegetação que nela cai e se decompõe, dentre outros elementos que
fazem parte do seu contexto ambiental e que afetam as interações entre a luz e a
água (“ótica hidrológica”). Na caracterização ótica das águas, destaca-se
particularmente a importância da matéria orgânica dissolvida. Há águas
popularmente denominadas cristalinas, claras, transparentes, escuras, negras,
barrentas, brancas, azuis, verdes, amareladas, acinzentadas, marrons, limpas,
sujas, etc. Tanto as substâncias dissolvidas quanto as em suspensão afetam
conjuntamente a coloração das águas, sendo que as partículas em suspensão
referem-se à turbidez da água. Pode haver alterações na coloração natural das
águas, por causa também de atividades humanas como, por exemplo: “a)
desmatamentos, que contribuem para a erosão de solos e, em consequência,
para o aumento da carga de partículas em suspensão e depositadas nos corpos
d’água b) disposição inadequada de lixos e “lixões”; c) uso e manejo inadequados
de substâncias orgânicas e inorgânicas, oriundas de dejetos animais, pesticidas e
fertilizantes; e d) lançamentos de esgotos urbanos e efluentes industriais não
tratados e/ou clandestinos.” (PEDROSA, Paulo. “Óptica hidrológica. A ‘cor’ das
águas naturais”. In: Revista Ciência Hoje, vol. 43, n° 255, des. 2008, p. 33). O
despejo de certas substâncias por indústrias, residências e outras atividades,
podem, pois, prejudicar a qualidade sanitária das águas. Modificações na cor das
águas podem indicar a presença de despejo de produtos químicos, provenientes,
por exemplo, de tintas de tingimento de tecidos, couros e componentes
industriais. Assim, a percepção da coloração das águas influencia a sua estética e
contribui na avaliação de sua qualidade e nos cuidados para a conservação de
recursos hídricos e ecossistemas aquáticos. É importante observar se há variação
de cor ao longo do rio, e, caso haja, identificar e registrar a fonte de lançamento
de efluentes que estejam alterando a cor natural do rio (por exemplo: indústria).
Cabe ressaltar a necessidade de uma avaliação adequada da qualidade das
águas, de modo a não se cometerem equívocos ao avaliá-las somente pela sua
aparência. Águas coloridas não significam que estejam poluídas, assim como
águas com aparência transparente não quer dizer que estejam livres de
contaminação, de poluição.
[186]
Cianobactérias: microorganismos procarióticos autotróficos, também
denominados como cianofíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer
manancial superficial especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes
(nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos a saúde
(inciso VIII do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[187]
Tributário (ou curso de água afluente): corpo de água que flui para um rio
maior ou para um lago ou reservatório (inciso XXXV do art. 2.º da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[188]
Efeito tóxico agudo: efeito deletério aos organismos vivos causado por
agentes físicos ou químicos, usualmente letalidade ou alguma outra manifestação
que a antecede, em um curto período de exposição (inciso XVII do art. 2.º da
Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[189]
Temperatura da água: a temperatura da água afeta praticamente todos os
processos (físicos, químicos, biológicos) que ocorrem na água, tais como, por
exemplo: 1) “A quantidade de oxigênio que pode ser dissolvido na água”; 2 “A
taxa de fotossíntese por algas e plantas aquáticas maiores”; 3) “Taxas
metabólicas de organismos aquáticos”; 4) “Sensibilidade de organismos a dejetos
tóxicos, parasitas e doenças”. Todos os organismos aquáticos são adaptados a
uma determinada faixa de temperatura, conseguindo suportar oscilações até
certos limites, especialmente no caso de aumentos de temperatura, acima dos
quais eles sofrem morte térmica (organismos superiores) ou inativação (processo
de pasteurização de microorganismos). A temperatura dos cursos d’água,
incluindo a dos rios, varia ao longo do ano, influenciada pelo clima de cada época.
Além disso, ela sofre influência de uma série de outros fatores, inclusive
humanos. “Um dos modos mais sérios com que os humanos mudam a
temperatura dos rios é por meio da poluição térmica. [...] Indústrias, tais como as
plantas de energia nuclear, podem causar poluição térmica, mediante o despejo
de água utilizada para resfriar o maquinário. Poluição térmica pode também
originar-se de água de chuva que corre de superfícies urbanas aquecidas, tais
como ruas, calçadas e áreas de estacionamento”. As pessoas também afetam a
temperatura da água cortando árvores que ajudam a sombrear os rios, expondo a
água diretamente à luz solar”. pH, a condutividade elétrica, a quantidade de
oxigênio consumido na degradação biológica da matéria orgânica (DBO) e de
oxigênio dissolvido são influenciados pela temperatura (MITCHELL, Mark K.;
STAPP, William B. Field Manual for water quality monitoring. 12ª ed., Dubuque,
Kendall/Hunt Publishing Co., 2000. p. 40).
[190]
Turbidez da água: como vimos, é o grau de claridade relativa da água, que
varia, dependendo da quantidade de matéria em suspensão ou coloidal (mistura
heterogênea). Quanto maior a turbidez, mais escura é a água, e vice e versa. A
turbidez pode ser causada por: erosão do solo, despejo de efluentes, abundância
de animais aquáticos que agitem sedimentos do fundo do rio (por exemplo:
carpas), crescimento de algas, dentre outros fatores. A temperatura das águas
tende a elevar-se com o aumento da turbidez, porque as partículas suspensas
absorvem calor do sol, ocasionando, por outro lado, a queda de níveis de oxigênio
dissolvido. Isto porque o aumento do calor reduz a retenção de oxigênio dissolvido
na água. Também há redução de fotossíntese, na medida em que menos luz
penetra na água, o que também causa redução de níveis de oxigênio dissolvido.
O conjunto de consequências da turbidez inclui a elevação da temperatura da
água, a redução da luz e do oxigênio dissolvido, sendo que níveis elevados de
turbidez podem prejudicar a qualidade das águas a ponto de impossibilitar a
sustentabilidade da vida de certos organismos aquáticos, além de prejudicar a
qualidade das águas para consumo humano, em termos de sabor (desagradável),
aparência (redução da transparência), dentre outros fatores. Além das
consequências mencionadas, a presença de matérias sólidas suspensas pode
obstruir a guelra de peixes, interromper o desenvolvimento de larvas e ovos,
reduzir a resistência a doenças, dentre outras.
[191]
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Portal da Qualidade das Águas.
Indicadores de qualidade – Índice de Qualidade das Águas. Artigo disponível no
site: <http:// pnqa.ana.gov.br/IndicadoresQA/IndiceQA.aspx>. Acesso em
20.07.2012.
[192]
Efluente: é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes
de diversas atividades ou processos (inciso V do art. 4° da Resolução/CONAMA
n° 430, de 13.05.2011).
[193]
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Conjuntura dos Recursos Hídricos do
Brasil: informe 2011. Brasília, ANA, 2011. Disponível no site:
<http://conjuntura.ana.gov.br/ conjuntura/>. Acesso em 25.03.2012.
[194]
O Índice de Qualidade das Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público
– IAP é calculado nos pontos de amostragem dos rios e reservatórios que são
utilizados para o abastecimento público. O Índice de Qualidade das Águas Brutas
para Fins de Abastecimento Público – IAP é o produto da ponderação dos
resultados atuais do Índice de Qualidade de Águas – IQA e do Índice de
Substâncias Tóxicas e Organolépticas – ISTO, que é composto pelo grupo de
substâncias que afetam a qualidade organoléptica da água, bem como de
substâncias tóxicas. Assim, o índice será composto por três grupos principais de
variáveis: Índice de Qualidade de Águas – IQA – grupo de variáveis básicas
(Temperatura da Água, pH, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de
Oxigênio, Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio Total, Fósforo Total, Resíduo
Total e Turbidez); Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas – ISTO, – a)
Variáveis que indicam a presença de substâncias tóxicas (Potencial de Formação
de Trihalometanos – PFTHM, Número de Células de Cianobactérias,Cádmio,
Chumbo, Cromo Total, Mercúrio e Níquel); b) Grupo de variáveis que afetam a
qualidade organoléptica (Ferro Dissolvido, Manganês, Alumínio Dissolvido, Cobre
Dissolvido e Zinco).
[195]
Efeito tóxico crônico: efeito deletério aos organismos vivos causado por
agentes físicos ou químicos que afetam uma ou varias funções biológicas dos
organismos, tais como a reprodução, o crescimento e o comportamento, em um
período de exposição que pode abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou
parte dele (inciso XVIII do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[196]
Efluente: é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes
de diversas atividades ou processos (inciso V do art. 4° da Resolução/CONAMA
n° 430, de 13.05.2011).
[197]
Lançamento indireto: quando ocorre a condução do efluente, submetido ou
não a tratamento, por meio de rede coletora que recebe outras contribuições
antes de atingir o corpo receptor (inciso X do art. 4° da Resolução/CONAMA n°
430, de 13.05.2011).
[198]
Esgotos sanitários: denominação genérica para despejos líquidos
residenciais, comerciais, águas de infiltração na rede coletora, os quais podem
conter parcela de efluentes industriais e efluentes não domésticos(inciso VII do
art. 4° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[199]
Lançamento direto: quando ocorre a condução direta do efluente ao corpo
receptor (inciso IX do art. 4° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[200]
Carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou
lançado em um corpo de água receptor, expressa em unidade de massa por
tempo (inciso VII do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[201]
Capacidade de suporte do corpo receptor: valor máximo de determinado
poluente que o corpo hídrico pode receber, sem comprometer a qualidade da
água e seus usos determinados pela classe de enquadramento (inciso I do art. 4°
da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[202]
Montante: todo ponto referencial ou seção de rio que se situa antes deste
ponto referencial qualquer de um curso de água. Sendo assim, a foz de um rio é o
ponto mais a jusante deste rio, assim como a nascente é o seu ponto mais a
montante. Este ponto referencial pode ser uma cidade às margens do rio, uma
barragem, uma cachoeira, um afluente, uma ponte, um dique, uma régua
linimétrica, um linímetro, etc. Tudo que está acima do ponto de referência subindo
a correnteza do rio diz-se que se situa a montante (águas acima), enquanto tudo
que se situa abaixo diz-se que se situa a jusante do ponto de referência.
[203]
Zona de mistura: região do corpo receptor, estimada com base em modelos
teóricos aceitos pelo órgão ambiental competente, que se estende do ponto de
lançamento do efluente, e delimitada pela superfície em que é atingido o equilíbrio
de mistura entre os parâmetros físicos e químicos, bem como o equilíbrio
biológico do efluente e os do corpo receptor, sendo específica para cada
parâmetro (inciso XIV do art. 4° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[204]
Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT: primeiro pesticida moderno, tendo sido
largamente usado após a Segunda Guerra Mundial para o combate aos
mosquitos vetores da malária e do tifo. Sintetizado em 1874, suas propriedades
inseticidas contra vários tipos de artrópodes só foram descobertas em 1939 pelo
químico suíço Paul Hermann Muller, que, por essa descoberta,recebeu o Prêmio
Nobel de Medicina de 1948. O pesticida é sintetizado pela reação entre o cloral e
o clorobenzeno, usando-se o ácido sulfúrico como catalisador. O estado químico
do Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT é sólido em condições de temperatura
entre 0° a 40 °C. É insolúvel em água, mas solúvel em compostos orgânicos como
a gordura e o óleo e tem um odor suave. Trata-se de inseticida barato e altamente
eficiente a curto prazo, mas a longo prazo tem efeitos prejudiciais à saúde
humana, como demonstrou a zoologa, bióloga e escritora norte-americana
RACHEL LOUISE CARSON (1907-1964), em seu livro Silent Spring (“Primavera
Silenciosa”). De acordo com RACHEL LOUISE CARSON, o Dicloro-Difenil-
Tricloroetano – DDT pode ocasionar cancer em seres humanos e interfere com a
vida animal, causando, por exemplo, o aumento de mortalidade entre os
pássaros. Por este e outros estudos, o Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT foi
banido de vários países na década de 1970 e tem seu uso controlado pela
Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes (cf.
Primareva Silenciosa, São Paulo, Editora Gaia, 2010, p. 91). No Brasil, só em
2009 o Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT teve sua fabricação, importação,
exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso proibidos pela Lei nº
11.936 de 14.05.2009, que proibe a fabricação, a importação, a exportação, a
manutenção em estoque, a comercialização e o uso de diclorodifeniltricloretano
(DDT). Como o Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT é facilmente transportado pelo
ar e pela chuva, pode ser encontrado em lagos, por exemplo, mas quase sempre
em níveis aceitáveis. A substância tem uma meia vida de vários dias em lagos e
rios e se acumula na cadeia alimentar, pois os animais são contamidados por ele
e depois ingeridos por seus predadores, que absorvem o Dicloro-Difenil-
Tricloroetano – DDT. O acúmulo de Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT na cadeia
alimentar causa uma mortalidade maior do que o habitual nos predadores naturais
das pragas, tornando questionável a utilidade do inseticida a longo prazo, uma
vez que pode levar ao descontrole dos insetos. Além disso, o acúmulo da
substância em peixes pode contaminar os seres humanos. O Dicloro-Difenil-
Tricloroetano – DDT apresenta grande eficiência no combate a mosquitos. Com
ajuda do Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT, a malária foi banida da Florida, da
Itália e da Espanha, entre outros. No Brasil, houve erradicação da malária em
estados como Ceará, Minas Gerais e Piauí. Em 1950, o então presidente Eurico
Gaspar Dutra chegou a anunciar a erradicação da dengue no Brasil, graças ao
Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT. Não existem pesquisas que demonstrem
como seria o prisma de doenças como a dengue hoje se o Dicloro-Difenil-
Tricloroetano – DDT jamais tivesse existido, visto que ele combateu o inseto
causador da dengue e ao mesmo tempo combateu pássaros e predadores
naturais do inseto. Com a proibição do Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT,
estima-se que centenas de milhões de pessoas (principalmente na África) tenham
morrido por malária e outras doenças transmitidas por mosquitos. A partir de 31
de dezembro de 2009 com a execução global do Codex Alimentarius (“código
alimentar”, ou “livro sobre alimentos”) pela Food and Agriculture Organization –
FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e
International Trade Organization – ITO (Organização Mundial do Comércio –
OMC), organizações subordinadas a Organização das Nações Unidas – ONU, o
Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT está para ser autorizado novamente no
comércio mundial de alimentos, onde será liberada margens mínimas de
concentração do Dicloro-Difenil-Tricloroetano – DDT nos alimentos.
[205]
A aldrina e a dieldrina são inseticidas sintéticos do grupo dos organoclorados.
A aldrina transforma-se em dieldrina quando exposta no ambiente ou no
organismo vivo. A dieldrina acumula-se na gordura à medida que se sobe na
cadeia trófica (cadeia alimentar). Estas substâncias são um dos Poluentes
Orgânicos Persistentes – POP, listados na Convenção de Estocolmo. Foi nos
anos 1950 do século XX que este inseticida começou a ser usado na agricultura e
na veterinária. Seu uso é para o combate de vermes, escaravelhos e cupins que
habitam o solo. Seu uso ainda é considerável no combate aos cupins. Já está
proibido e restringido em vários países por meio da Convenção de Estocolmo. A
forma mais comum de exposição ocorre via consumo dos frutos do mar e
produtos ricos em gordura, como o leite e a carne. São especialmente nocivas
entre os animais aquáticos. Ambas as formas são nocivas, aldrina ou dieldrina,
animais expostos a estas substâncias apresentam alterações no fígado, no
sistema nervoso, imunológico ou hormonal, também provocam anormalidade nos
fetos e são prováveis substâncias cancerígenas. Na agricultura podemos citar
como exemplo de alternativa o emprego de técnicas de controle integrado e
rotação de culturas que podem favorecer a proliferação de insetos benéficos que
combatam estas pragas.
[206]
O toxafeno é um inseticida composto por mais de 670 (sescentos e setenta)
compostos químicos de moléculas relacionadas e produto de sua síntese. Era um
dos pesticidas mais amplamente usados na década de 1970. Caracteriza-se pela
sua toxicidade, persistência e capacidade de se bioacumular nos animais. Devido
a sua baixa solubilidade em água encontra-se mais facilmente no ar, solos ou nos
sedimentos dos leitos de rios e lagos. Encontra-se actualmente banido em 58
(cinquenta e oito) países e fortemente restrito em outros 12 (doze), mas na África
ainda são aplicadas grandes quantidades, onde se localiza a maior parte da sua
produção.
[207]
Bifenilos Policlorados, em geral conhecidos por Policlorobifenilos – PCB
(polychlorinated biphenyl): constituem uma classe de compostos organoclorados
resultantes da adição de átomos de cloro ao bifenilo, composto esse formado por
anéis aromáticos ligados por uma ligação simples carbono-carbono.Como pode
ser visualizado na figura ao lado, os Policlorobifenilos – PCB apresentam diversas
substituições possíveis dos átomos de cloro, que variam de 1 (um) a 10 (dez)
átomos, assim gerando 709 (setecentos e nove) moléculas diferentes. Os
Policlorobifenilos – PCB podem ser produzidos industrialmente através da
cloração do bifenilo anidro na presença de cloro férrico ou de ferro metálico como
catalisadores. As propriedades físico-químicas dos Policlorobifenilos – PCB
influenciam tanto a sua dinâmica nos compartimentos ambientais bem como a sua
utilização pela indústria.
[208]
Cone Inmhoff: é um recipiente de vidro graduado utilizado para medir os
sólidos depositados em corpo hídrico, visando testar a composição das águas
residuais.
[209]
Cianobactérias: microorganismos procarióticos autotróficos, também
denominados como cianofíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer
manancial superficial especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes
(nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos a saúde
(inciso VIII do art. 2.º da Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005).
[210]
Ecotoxicologia: este termo foi cunhado por René Truhaut em 1969, que o
definiu como sendo “o ramo da toxicologia preocupado com o estudo de efeitos
tóxicos causados por poluentes naturais ou sintéticos, sobre quaisquer
constituintes dos ecossistemas: animais (incluindo seres humanos), vegetais ou
microorganismos, em um contexto integral” (TRUHAUT, René. “Ecotoxicology:
Objectives, Principles and Perspectives”.In: Ecotoxicology and Environmental
Safety, vol. 1, [s.n.], New York, Butler, G.C., September/1977, p. 151-173). A
ecotoxicologia, um dos ramos da ecologia, estuda os efeitos e as influências de
agentes tóxicos sobre diversos níveis de organização biológica: celular, individual,
populacional, da comunidade e do ecossistema, compreendendo três áreas
fundamentais de estudo: a) Estudo das emissões e ingresso dos poluentes no
ambiente, assim como sua distribuição e destino; b) Estudos qualitativos e
quantitativos dos efeitos tóxicos dos poluentes no ecossistemas e no homem; c)
Estudo do ingresso e destino dos poluentes na biosfera, enfatizando a
contaminação das cadeias alimentares. A publicação em 1962 do livro Silent
Spring (“Primavera Silenciosa”), de RACHEL LOUISE CARSON (1907-1964),
catalisou a separação da ecotoxicologia da toxocologia clássica. O elemento
revolucionário introduzido por Rachel Carson foi a extrapolação dos efeitos sobre
um único organismo para todo um ecossistema (BAZERMAN, Charles &
SANTOS, René Agustin De Los. “Measuring Incommensurability: Are toxicology
and ecotoxicology blind to what the other sees?”. In:,Rhetoric and
Incommensurability, coordenação Randy Allen Harris, West Lafayette Ind., Parlor
Press, 2005, p. 424). Este estudo sistêmico é diferente da natureza
antropocêntrica da toxicologia clássica, e, portanto, a ecotoxicologia é uma
disciplina bem mais ampla, porque incorpora aspectos de ecologia, toxicologia,
fisiologia, biologia molecular, química analítica e outras ainda para estudar os
efeitos de xenobióticos em um ecossistema. A finalidade desta abordagem é ser
capaz de predizer os efeitos dos poluentes, de tal forma que se um incidente
ocorrer, será possível definir ações eficientes e efetivas para remediar os efeitos
deletérios causados pelos poluentes. Em ecossistemas que já estão impactados
pela poluição, estudos ecotoxicológicos podem informar qual é o melhor modo de
ação para que o ecossistema seja capaz de recuperar seus serviços e funções.
[211]
Nível trófico: posição de um organismo na cadeia trófica (inciso IX do art. 4°
da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[212]
Concentração do Efluente no Corpo Receptor – CECR, expressa em
porcentagem: a) para corpos receptores confinados por calhas (rio, córregos, etc):
1. CECR = [(vazão do efluente) / (vazão do efluente + vazão de referência do
corpo receptor)] x 100. b) para áreas marinhas, estuarinas e lagos a
Concentração do Efluente no Corpo Receptor – CECR é estabelecida com base
em estudo da dispersão física do efluente no corpo hídrico receptor, sendo a
CECR limitada pela zona de mistura definida pelo órgão ambiental (inciso III do
art. 4° da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[213]
Concentração de Efeito Não Observado – CENO: maior concentração do
efluente que não causa efeito deletério estatisticamente significativo na
sobrevivência e reprodução dos organismos, em um determinado tempo de
exposição, nas condições de ensaio (inciso II do art. 4° da Resolução/CONAMA
n° 430, de 13.05.2011).
[214]
Testes de ecotoxicidade: métodos utilizados para detectar e avaliar a
capacidade de um agente tóxico provocar efeito nocivo, utilizando bioindicadores
dos grandes grupos de uma cadeia ecológica (inciso XIII do art. 4° da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[215]
Concentração Letal Mediana – CL50 ou Concentração Efetiva Mediana –
CE50: é a concentração do efluente que causa efeito agudo (letalidade ou
imobilidade) a 50% (cinquenta por cento) dos organismos, em determinado
período de exposição, nas condições de ensaio (inciso IV do art. 4° da
Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[216]
Fator de Toxicidade – FT: número adimensional que expressa a menor
diluição do efluente que não causa efeito deletério agudo aos organismos, num
determinado período de exposição, nas condições de ensaio (inciso VIII do art. 4°
da Resolução/CONAMA n° 430, de 13.05.2011).
[217]
Emissário submarino: tubulação provida de sistemas difusores destinada ao
lançamento de efluentes no mar, na faixa compreendida entre a linha de base e o
limite do mar territorial brasileiro (inciso VI do art. 4° da Resolução/CONAMA n°
430, de 13.05.2011).
[218]
Lixiviados (conjugação do verbo lixiviar): diz-se da ação de limpar ou lavar
alguma coisa com o auxílio de lixívia (produto químico semelhante ao detergente).
Em outras palavras, lixiviação é o processo de extração de uma substância
presente em componentes sólidos através da sua dissolução num líquido. É termo
utilizado em vários campos da ciência, tal como a geologia, ciências do solo,
metalurgia e química. O termo original refere-se a ação solubilizadora de água
misturada com cinzas dissolvidas (lixívia) constituindo uma solução alcalina eficaz
na limpeza de objetos, mas, em geoquímica ou geologia de modo geral, usa-se
para indicar qualquer processo de extração ou solubilização seletiva de
constituintes químicos de uma rocha, mineral, depósito sedimentar, solo, etc. pela
ação de um fluído percolante.. Nas regiões equatoriais e nas áreas de clima
úmido, com abundantes precipitações sazonais, verifica-se, com maior facilidade,
os efeitos da lixiviação do solo. Dentre os componentes que são extraídos
constam minerais solúveis, como fósforo, cálcio, nitrogênio, etc. Em metalurgia e,
a lixiviação é utilizada na separação de metais com valor comercial de um outro
minério associado, por meio de solução aquosa de maneira barata por dispensar
o beneficiamento do minério e, em outros casos, é usada a chamada “lixiviação
inversa” para se fazer a remoção de impurezas.
[219]
Aterro sanitário: é um espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos
gerados pela atividade humana. Nele são dispostos resíduos domésticos,
comerciais, de serviços de saúde, da indústria de construção, e também resíduos
sólidos retirados do esgoto. Condições e características: a base do aterro
sanitário deve ser constituída por sistema de drenagem de chorume [líquido
percolado, ou seja, líquido poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de
processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos]
acima de uma camada impermeável de Polietileno de Alta Densidade – PEAD,
sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material
líquido para o solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos. O
chorume deve ser tratado e/ou recirculado (reinserido ao aterro) causando assim
uma menor poluição ao meio ambiente. Seu interior deve possuir sistema de
drenagem de gases que possibilite a coleta do biogás, que é constituído por
metano, gás carbônico (CO2) e água (vapor), entre outros, e é formado pela
decomposição dos resíduos. Este efluente deve ser queimado ou beneficiado.
Estes gases podem ser queimados na atmosfera ou aproveitados para geração
de energia. No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, a utilização do
biogás pode ter como recompensa financeira a compensação por créditos de
carbono [Redução Certificada de Emissões – RCE, ou seja, certificados emitidos
para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de Gases do Efeito
Estufa – GEE] ou Carbono Equivalente Reduzido – CER [carbono equivalente é
uma medida empregada para medir as emissões de todos os gases de efeito
estufa, que variam do dióxido de carbono (resultado da queima de combustíveis
fósseis) ao metano, liberado no desmatamento e em processos agrícolas, por
exemplo] do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL [um dos mecanismos
de flexibilização para auxiliar o processo de redução de emissões de Gases do
Efeito Estufa – GEE, o processo de captura de carbono ou o sequestro de
carbono por parte dos países signatarios], conforme previsto no Protocolo de
Quioto. Sua cobertura é constituída por um sistema de drenagem de águas
pluviais, que não permita a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro.
No Brasil, usa-se normalmente uma camada de argila compactada. O aterro
sanitário deve também possuir sistema de monitoramento ambiental (topográfico
e hidrogeológico) e pátio de estocagem de materiais. Para aterros sanitários que
recebem resíduos de populações acima de 30.000 (trinta mil) habitantes é
desejável também muro ou cerca limítrofe, sistema de controle de entrada de
resíduos (por exemplo, balança rodoviária), guarita de entrada, prédio
administrativo, oficina e borracharia. Quando atinge o limite de capacidade de
armazenagem, o aterro é alvo de um processo de monitorização especifico, e se
reunidas as condições, pode albergar um espaço verde ou mesmo um parque de
lazer, eliminando assim o efeito estético negativo. Existem critérios de distância
mínima de um aterro sanitário e um curso de água, uma região populosa e assim
por diante (cf. “Aterro sanitário de Ipatinga deve aguentar mais 25 anos”. In: Jornal
Vale do Aço, 12.09.2008. Artigo divulgado no site:
<http://www.jvaonline.com.br/novo_site/ ler_noticia.php?id=58657>. Acesso em
09.06.2013). No Brasil, recomenda-se que a distância mínima do aterro sanitário
para o curso de água deve ser de 200 (duzentos) metros. No Brasil, o aterro
sanitário é definido como aterro de resíduos sólidos urbanos, ou seja, adequado
para a recepção de resíduos de origem doméstica, varrição de vias públicas e
comércios. Os resíduos industriais devem ser destinados a aterro de resíduos
sólidos industriais (enquadrado como classe II quando não perigoso e não inerte e
classe I quando tratar-se de resíduo perigoso, de acordo com a norma técnica da
ABNT 10.004/04 – “Resíduos Sólidos – Classificação”). A produção de lixo
aumenta continuamente e por isso novas soluções são procuradas para
desafogar os aterros. Em Contagem, Minas Gerais, tem sido usado o fosfogesso
para redução de 30% (trinta por cento) a 35% (trinta e cinco por cento) do volume
de resíduo sólido. Antes da implantação, a alternativa foi testada pelo laboratório
do Florida Industrial and Phosphate Research Institute – FIPR, nos Estados
Unidos (cf. “Aterros sem lixo”. In: Blog da Agência Minas. 02.02.2001. Artigo
divulgado no site: <http://www.agenciaminas.mg.gov.br/ duvidas-frequentes>.
Acesso em 02.03.2010).
[220]
Desarenação: 1. Ato ou efeito de desarenar; 2. Remoção de areia e de
outros detritos sólidos minerais (por exemplo, desarenação de esgotos). Em
outras palavras, é a retenção e remoção de material inorgânico grosseiro, através
de sedimentação, sem que haja remoção conjunta de sólidos orgânicos. Os
objetivos da desarenação é evitar abrasão e obstrução do corpo hídrico, de
equipamentos ou de dispositivos. Os tipos de desarenadores são os seguintes: a)
limpeza manual ou mecanizada; b) quadrados, retangulares ou tipo ciclone; c)
velocidade controlada ou tipo sedimentação simples; d) com by-pass em descarga
livre ou descarga submersa; e) aerados ou não. Princípio: sedimentação. Uso: pré
ou pós-tratamento. O sistema de desarenação mecânica é composto por lâminas
raspadoras, que trabalham em velocidade constante, direcionando os sólidos
sedimentados para a periferia da caixa de areia [etapa no processo de tratamento
onde é proporcionado um ambiente favorável à sedimentação dos sólidos com
diâmetro igual ou maior a 0,2mm] e em seguida para o poço de coleta que contém
uma rosca transportadora que removerá os sólidos da caixa de areia e
direcionando-os para uma caçamba externa, esteira ou qualquer outro
compartimento que seja necessário; toda a movimentação é feita por sistemas de
motoredutores com devidos sistemas de proteção contra torques altos.
[221]
Iedo Batista Neves, op.cit., verbete Estuário.
[222]
Op.cit., p. 589, verbete Estuário.
[223]
Aluvião, aluvio (alluvium, em latim; alluvial deposit, em inglês; alluvions, em
francês; aluvión, em espanhol): trata-se de sedimentos, geralmente de materiais
finos, depositados no solo por uma correnteza (B. de A. Carvalho, op.cit., verbete
Aluvião). Em outras palavras, diz-se dos detritos ou sedimentos clásticos de
qualquer natureza, carregados e depositados pelos rios (Antônio Teixeira Guerra,
op.cit., verbete Aluvião). Pode, ainda, ser definido como o detrito depositado
transitória ou permanentemente por uma corrente (Secretaria de Asentamientos
Humanos y Obras Públicas do México – SAHOP, op.cit., verbete Aluvión). Argila,
areia, silte, cascalho, seixo ou outro material detrítico depositado pela água
(Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, op.cit., verbete
Aluvião). A definição legal de aluvião é no sentido de ser acréscimos que
sucessiva e imperceptivelmente se formarem para a parte do mar e das correntes
aquém do ponto a que chega o preamar médio das enchentes ordinárias, bem
como a parte do álveo que se descobrir pelo afastamento das águas (vide Decreto
n° 24.643, de 10.07.34; porém esta definição legal serve apenas para efeito do
respectivo decreto, uma vez que engloba o conceito de terrenos acrescidos de
marinha, não abrangendo, entretanto, a parte do aluvião além das margens
naturais do curso d’água).
[224]
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, op.cit., p. 429, verbete Delta.
[225]
Enciclopédia do mar, p. 298, verbete Delta.
[226]
Trufeira: quantidade mais ou menos considerável de trufas dispostas
proximamente entre si. Trufa, por sua vez, é um cogumelo subterrâneo, da família
das entuberáceas, que produz corpos esporíferos tuberosos, comestíveis pelo
sabor e pelo aroma agradáveis; há várias espécies, todas européias e do gênero
Tuber (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, op.cit., p. 1.416, verbetes Trufa e
Trufeira).
[227]
Enciclopédia do Mar, p. 298, verbete Delta.
[228]
Idem, ibidem.
[229]
Idem, p. 308, verbete Mar territorial.
[230]
Idem, ibidem.
[231]
Silte: material sedimentar; pequenas partículas de minerais diversos, de
tamanho compreendido entre a areia e a greda (entre 0,05 mm e 0,005 mm de
diâmetro), que normalmente constituem mantos situados no solo.
[232]
Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, op.cit.,
verbete Solo.
[233]
Rámon Margaleff, op.cit., p. 75.
[234]
Secretaria de Asentamientos Humanos y Obras Públicas do México –
SAHOP, op.cit., verbete Solo.
[235]
Enciclopédia Abril, v. 11, p. 349, verbete Solos.
[236]
Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, op.cit.,
verbete Solo.
[237]
Antônio Teixeira Guerra, op.cit., p. 137.
[238]
Rámon Margaleff, op.cit., p. 83.
[239]
Eugene Plesants Odum, op.cit., p. 91.
[240]
Enciclopédia Abril, v. 11, p. 349, verbete Solos.
[241]
Op.cit., p. 1.332, verbete Subsolo.
[242]
Elida Séguin, op.cit., p. 322.
[243]
Fundamentos de ecologia... cit., Educação ambiental, p. 154-155.
[244]
Problemas e potencialidades ambientais globais, regionais, estaduais e
locais, Educação ambiental – Curso básico a distância: questões ambientais:
conceito, história, problemas e alternativas, p. 206.
[245]
Fundamentos de ecologia... cit., Educação ambiental, p. 158.
[246]
Idem, p. 159-160.
[247]
“On the broad classification of organisms”. In: The Quarterly Review of
Biology, sep.-1959, 34 (3): 210-226.
[248]
Sueli Amália de Andrade, Fundamentos de ecologia... cit., Educação
ambiental, p. 175.
[249]
Idem, p. 177.
[250]
Idem, p. 176-179.
[251]
Idem, p. 176-177.
[252]
Idem, p. 177.
[253]
Os vertebrados se dividem no seguinte: a) protocordados; b) ciclostômatas; c)
elasmobrânquias; d) peixes; e) mamíferos; f) aves; g) répteis; e h) anfíbios.
[254]
Os invertebrados se dividem no seguinte: a) protozoários; b) espongiários ou
poríferos; c) celenterados; d) anelídeos; e) ctenóforos; f) platelmintes; g) moluscos
(que, por sua vez, se dividem em gasterópodos, bivalves, e cefalópodes); h)
artrópodos (que, por sua vez, se dividem em miriápodos, aracnídeos, insetos e
crustáceos); i) anelídeos; j) acantocéfalos; k) equinodermos e l) nematelmintos.
[255]
Enciclopédia Delta Júnior, v. 5, p. 726, verbete Fauna.
[256]
Idem, p. 754, verbete Flora.
[257]
Idem, p. 726, verbete Flora.
[258]
Idem, ibidem.
[259]
Idem, ibidem.
[260]
Idem, ibidem.
[261]
Direito ambiental, p. 165-166.
[262]
Environmental impact assessment, Oklahoma, p. 135.
[263]
The development and practice of EIA concepts in Canada, p. 4.
[264]
Op.cit., p. 76
[265]
Status and application of EIA for development, p. 31.
[266]
Direito ambiental, p. 161.
[267]
Idem, p. 163-164.
[268]
Cumulative effects assessment: concepts and principles, Impact Assessment,
p. 231-252.
[269]
Cumulative effects assessment: a tool for sustainable development, Impact
Assessment, p. 231-252.
[270]
Segundo a Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e
Natural, realizada em Paris, em 1972, são patrimônios culturais: a) os
monumentos: obras arquitetônicas, de escultura, ou de pintura monumentais,
elementos ou estruturas de natureza arqueológica, inscrições, cavernas e grupos
de elementos, que tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da
história, da arte ou da ciência; b) os conjuntos: grupos de construções isoladas ou
reunidas que, em virtude de sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem,
tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte e da
ciência; c) os lugares notáveis: obras do homem ou obras conjugadas do homem
e da natureza, bem como as zonas, inclusive lugares arqueológicos, que tenham
valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou
antropológico. Segundo o art. 216 da Constituição Federal brasileira, constituem
patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
incluem: I- as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e viver; III- as
criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV- as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V-
os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
[271]
“Art. 2°. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes
diretrizes gerais: I- garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o
direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as
presentes e futuras gerações; II- gestão democrática por meio da participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas
e projetos de desenvolvimento urbano; III- cooperação entre os governos, a
iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização,
em atendimento ao interesse social; IV- planejamento do desenvolvimento das
cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do
Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as
distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
ambiente; V- oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e
serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às
características locais; VI- ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos
incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso
excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; d) a instalação
de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores
de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; e) a retenção
especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;
f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental;
h) a exposição da população a riscos de desastres (incluído pela Lei n° 12.608, de
10.04.2012); VII- integração e complementaridade entre as atividades urbanas e
rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do
território sob sua área de influência; VIII- adoção de padrões de produção e
consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da
sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob
sua área de influência; IX- justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do
processo de urbanização; X- adequação dos instrumentos de política econômica,
tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento
urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a
fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; XI- recuperação dos
investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis
urbanos; XII- proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e
construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;
XIII- audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos
processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos
potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto
ou a segurança da população; XIV- regularização fundiária e urbanização de
áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de
normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação,
consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;
XV- simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das
normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da
oferta dos lotes e unidades habitacionais; XVI- isonomia de condições para os
agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e atividades
relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social; XVII- estímulo à
utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas
operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a
redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais (incluído pela
Lei n°12.863, de 24.10.2013)”.
[272]
Crise civilizatória e o surgimento da questão ambiental, Educação Ambiental
– Curso básico a distância: questões ambientais: conceito, história, problemas e
alternativas, v. 2, p. 17.
[273]
O movimento ecológico no Brasil: do ambientalismo a ecopolítica, Ecologia e
política no Brasil, p. 43.
[274]
Sueli Amália de Andrade, Crise civilizatória... cit., v. 2, p. 18.
[275]
Op.cit., p. 33.
[276]
Crise civilizatória... cit., v. 2, p. 18-21.
[277]
População, meio ambiente e desenvolvimento: o cenário global e nacional,
População, meio ambiente e desenvolvimento: verdades e contradições, p. 142.
[278]
Ambiente, qualidade de vida e cidadania: algumas reflexões sobre regiões
urbano-industriais, Dilemas sócio-ambientais e desenvolvimento sustentável, p.
95.
[279]
Migração, ambiente e saúde nas cidades brasileiras, Dilemas sócio-
ambientais e desenvolvimento sustentável, p. 33.
[280]
O efeito de estufa, p. 59.
[281]
Idem, p. 73.
[282]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 10, verbete Poluição.
[283]
Op.cit., p. 41.
[284]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 32.
[285]
EIA and transfrontier pollution, Symposium Papers, p. 11.
[286]
Poluente (pollutant, em inglês; polluant, em francês; contaminante, em
espanhol): é a substância, meio ou agente que provoque, direta ou indiretamente,
qualquer forma de poluição. Em outras palavras, entende-se por poluente
qualquer substância, que pode ser líquida, sólida ou gasosa, introduzida em um
recurso natural, e que o torne impróprio para uma finalidade específica (The World
Bank, Environmental considerations... cit., p. 35).
[287]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 11, verbete Poluição.
[288]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 33.
[289]
Op.cit., p. 229-230.
[290]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 11, verbete Poluição.
[291]
Benjamin de Araújo Carvalho, op.cit., verbete Poluente biodegradável.
[292]
Idem, verbete Poluente não-biodegradável.
[293]
Aeróbio e anaeróbio: aeróbios são organismos para os quais o oxigênio livre
do ar é imprescindível à vida. Os anaeróbios, ao contrário, não requerem ar ou
oxigênio livre para manter a vida; aqueles que vivem somente na total ausência
do oxigênio livre são os anaeróbios estritos ou obrigatórios; os que vivem tanto na
ausência quanto na presença de oxigênio livre são os anaeróbios facultativos.
Segundo ROGER DAJOZ, denomina-se “aeróbio” o organismo que não pode
viver em ausência do oxigênio (op.cit., p. 231). Já respiração aeróbia é toda
oxidação biótica na qual o oxigênio gasoso (molecular) é o receptor de hidrogênio
(oxidante); respiração anaeróbia, por sua vez, é a oxidação biótica na qual o
oxigênio gasoso não intervém. O elétron absorvente (oxidante) é um composto
diferente do oxigênio (Eugene Plesants Odum, op.cit., p. 72).
[294]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 11, verbete Poluição.
[295]
Idem, ibidem.
[296]
Op.cit., p. 231.
[297]
Aeração (aeration, em inglês; aération, em francês; aeración, em espanhol): é
a reoxigenação da água com a ajuda do ar. A taxa de oxigênio dissolvido,
expressa em porcentagem de saturação, é uma característica representativa de
certa massa de água e de seu grau de poluição. Para restituir a uma água poluída
a taxa de oxigênio dissolvido ou para alimentar o processo de biodegradação das
matérias orgânicas consumidoras de oxigênio, é preciso favorecer o contato da
água e do ar. A aeração pode também ter por fim a eliminação de um gás
dissolvido na água: ácido carbônico, hidrogênio sulfurado (F. C. Lemaire e E.
Lemaire, Dictionnaire de l’environnement, verbete Aération).
[298]
Agrotóxicos ou agroquímicos (agrochemicals, em inglês; agrochimiques ou
agrotoxiques, em francês; agroquímicos, em espanhol): são produtos e agentes
de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de
produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros
ecossistemas, e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja
alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa
de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de
crescimento (inciso IV do art. 1.º do Decreto 4.074, de 04.01.2002).
[299]
Bifenilas policloradas (Pentaclorobifenila – PCB, ASCAREL): são substâncias
orgânicas que consistem em uma molécula bifenila, com ou sem substituinte
alquila ou arila, na qual mais de um átomo de cloro é substituído no núcleo
bifenila. Os produtos comerciais são misturas de compostos clorados em vários
graus, de acordo com o uso pretendido, também podendo conter baixos teores de
impurezas altamente tóxicas como clorobenzotioxinas e policlorodibenzofuranos.
Os óleos que contêm Pentaclorobifenila – PCB são conhecidos, sob
denominações comerciais, como Ascarel, Aroclor, Clophen, Phenoclor, Kaneclor,
Pyroclor, Inerteen, Pyranol, Pyralene e outros. São óleos que apresentam
Pentaclorobifenila – PCB em sua composição química combinados com solventes
orgânicos. O Pentaclorobifenila – PCB pode se apresentar como óleo ou sólido
branco cristalino, tendendo a sedimentar-se quando em mistura com água, em
função de seu maior peso específico. Os efeitos tóxicos do Pentaclorobifenila –
PCB nos seres humanos, a partir da ingestão ou do contato, passaram a ser
observados através do acompanhamento de inúmeros acidentes, o pior deles
ocorrido em 1968, no Japão, quando mais de 1500 pessoas foram afetadas com
óleo de arroz contaminado (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
do Rio de Janeiro – FEEMA, Derrame de óleo ascarel no Rio Paraíba do Sul em
04.08.1988, p. 9).
[300]
Biodegradação ou biodegradabilidade (biodegradation ou biodegradability, em
inglês; biodégradation ou biodégradabilité, em francês; biodegradación ou
biodegradabilidad, em espanhol): é a decomposição por processos biológicos
naturais. Em outras palavras, é o processo de decomposição química, como
resultado da ação de microorganismos (The World Bank, Environmental
considerations... cit., p. 53). Biodegradação pode também ser conceituada como a
destruição ou mineralização de matéria orgânica natural ou sintética por
microorganismos existentes no solo, na água ou em sistema de tratamento de
água residuária (Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP,
op.cit., verbete Biodegradação).
Biodegradável (biodegradable, em inglês; biodégradable, em francês;
biodegradable, em espanhol): é a substância que pode ser decomposta por
processos biológicos naturais. Diz-se dos produtos suscetíveis de se decompor
por microorganismos (Emily Lemaire & F. C. Lemaire, op.cit., verbete
Biodegradação). Segundo JEAN-PIERRE CHARBONNEAU, constitui um grande
número de substâncias dispersas no meio ambiente são instáveis. Em muitos
casos, os microorganismos (bactérias) edáficos ou aquáticos desempenham um
papel ativo nessa decomposição; diz-se então que a substância é biodegradável
(Enciclopédia de ecologia, São Paulo, Universidade de São Paulo, 1979, p. 276).
[301]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 11-12, verbete Poluição.
[302]
Água bruta (raw water, no inglês; eau sans traitement, no francês; agua
cruda, no espanhol): é a água de uma fonte de abastecimento, antes de receber
qualquer tratamento (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, Poluição
das Águas, p. 5).
[303]
Água potável (potable water, em inglês; eau potable, em francês; agua
potable, em espanhol): É aquela cuja qualidade a torna adequada ao consumo
humano, ou seja, do tipo classe especial, nos limites e/ou condições seguintes: 1.
para o uso de abastecimento sem prévia desinfecção os coliformes totais deverão
estar ausentes em qualquer amostra; 2. virtualmente ausentes materiais
flutuantes, inclusive espumas não naturais, os óleos e graxas, as substâncias que
comuniquem gosto ou odor, corantes artificiais, substancias que formem depósitos
objetáveis . Água que satisfaz aos padrões de potabilidade. No Brasil, definidos
pela Resolução/CONAMA n° 357, de 17.03.2005. Para BENJAMIN DE ARAUJO
CARVALHO, água destinada ao consumo humano. Deve ser incolor e
transparente a uma temperatura entre 8 e 11°C, não devendo também conter
germes patogênicos (nem) nenhuma substância que possa prejudicar a saúde
(op.cit., verbete Água potável).
[304]
Água tratada (treated water, em inglês; eau traité, em francês; agua tratada,
em espanhol): é a água a qual tenha sido submetida a um processo de
tratamento, com o objetivo de torná-la adequada a um determinado uso (Ben-Hur
Batalha, op.cit., verbete Água tratada).
[305]
Poluentes atmosféricos: constituem qualquer forma de matéria ou energia
com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em
desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: I-
impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; II- inconveniente ao bem-estar público; III-
danoso aos materiais, à fauna e flora; IV- prejudicial à segurança, ao uso e gozo
da propriedade e às atividades normais da comunidade (incisos I a IV do
parágrafo único do art. 1.º da Resolução/CONAMA 3, de 28.06.1990).
[306]
Antônio Carlos Machado da Rosa, Aspectos históricos da evolução do
pensamento ambiental e o conhecimento científico na agricultura, Educação
Ambiental – Curso Básico a Distância: questões ambientais: conceito, história,
problemas e alternativas, v. 2, p. 124-125.
[307]
Visibilidade (visibility, em inglês; visibilité, em francês; visibilidad, em
espanhol): termo utilizado em meteorologia e poluição do ar. Segundo EDWARD
ROBINSON, nos Estados Unidos, na prática de observações atmosféricas, é a
maior distância, numa direção dada, em que é possível ver e identificar a olho nu:
a) durante o dia, um objeto proeminente e escuro contra o céu, no horizonte; e b)
à noite, uma fonte de luz conhecida, moderadamente intensa e,
preferencialmente, sem foco (Effects of air pollution in visibility, Air Pollution, p.
222-254). Em paisagismo e planejamento territorial, visibilidade significa a
distância ou zona de visão física entre o observador e a paisagem.
[308]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 12-13, verbete Poluição.
[309]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 54.
[310]
STJ – 2.ª T. – REsp 4.608 – rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro – v.u. – DJU
29.10.1990, p. 12.134.
[311]
Op.cit., p. 233.
[312]
Idem, ibidem.
[313]
Idem, ibidem.
[314]
Diccionario De La Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete Aérosol.
[315]
Op.cit., p. 21.
[316]
Op. cit., p. 267.
[317]
Direito ambiental: uma abordagem econômica, p. 17-18.
[318]
Op.cit., p. 268-269.
[319]
As Américas num mundo novo, Relatório de 1990 do Diálogo Interamericano,
p. 34.
[320]
Antônio Carlos Machado da Rosa e Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 236.
[321]
A Convenção do Clima: instrumento para o desenvolvimento sustentável ou
de dominação norte-sul?, Desenvolvimento e meio ambiente no Brasil, p. 307.
[322]
Op.cit., p. 19.
[323]
A Organisation de coopération et de développement économiques – OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) foi criada em
1960, contando hoje com 30 (trinta) membros da Europa, América do Norte, Ásia
e Oceania: a saber: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Coréia,
Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda,
Islândia, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países
Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Eslovaca, República Tcheca,
Suécia, Suíça e Turquia. Além disso, mantém relações com mais de 70 países
não membros. A Organisation de coopération et de développement économiques
– OCDE é estruturada em diversos Diretórios, subdivididos em Comitês que se
reúnem periodicamente em sua sede, Paris. Estes atuam principalmente na área
social e econômica, abordando temas como macroeconomia, comércio,
desenvolvimento, educação e ciência e inovação. Entre seus objetivos estão
fomentar a boa governança estatal e empresarial, o desenvolvimento social e o
crescimento econômico por meio de cooperação institucional e política, assim
como a utilização de mecanismos de monitoramento. Para a consecução de tais
objetivos, utiliza mecanismos como a negociação de textos multilaterais, a
realização de pesquisas e estatísticas, reuniões periódicas, intercâmbio de
experiências e best practice, bem como a realização de peer reviews (revisão por
pares). Em relação à concorrência, o órgão responsável por ela é o Directorate for
Financial and Enterprise Affairs – DAF (Diretório para Assuntos Financeiros e
Empresariais), sob o qual funciona o Comitê de Concorrência – COMP. Este
Comitê conta com 2 (dois) Grupos de Trabalho: 1) Working Party nº. 2 on
Competition and Regulation – WP2 (Grupo de Trabalho n° 2 sobre Concorrência e
Regulação); e 2) Working Party nº. 3 on Co-operation and Enforcement – WP3
(Grupo de Trabalho n° 3 sobre Cooperação e Implementação). Foi estabelecido,
ainda, um Grupo Conjunto de Comércio e Concorrência, sob égide do Diretório de
Comércio – TD. Em relação ao Comitê de Concorrência – COMP, ele foi criado
em 1961 e desde então teve seu mandato periodicamente renovado, sendo que o
atual tem vigência até 2008. Está aberto a todos os países membros e a alguns
não-membros, cuja participação é reconhecida enquanto observadores: Africa do
Sul, Brasil, Eslovênia, Indonésia, Israel, Lituânia, Romênia, Rússia e Taiwan.
Entre os objetivos do Comitê de Concorrência – COMP podemos citar: a)
monitorar e revisar o desenvolvimento de políticas e legislação de concorrência
em países e organizações internacionais; b) examinar e analisar temas de política
e legislação de concorrência levando em conta a interação entre concorrência e
outras políticas governamentais; c) promover a cooperação entre membros na
elaboração e implementação de políticas e legislação de concorrência; d)
cooperar com outros comitês da organização em temas relacionados à
concorrência; e) trocar informações sobre temas de concorrência surgidos em
outros foros; f) relatar e fazer recomendações ao Conselho diretor da Organisation
de coopération et de développement économiques – OCDE (composto de
representantes dos países membros) sobre temas dentro das competências do
Comitê de Concorrência – COMP. O Comitê de Concorrência – COMP reúne-se 3
(três) vezes por ano, em fevereiro, junho e outubro, em eventos denominados
“Semana da Concorrência”. Nestas, além das reuniões do Comitê de
Concorrência – COMP, ocorrem também os encontros dos Grupos de Trabalhos e
do Grupo Conjunto, como ainda, no encontro de fevereiro, do Global Forum on
Competition – Global Forum. Participam do Global Fórum autoridades de
concorrência de países membros, não-membros, observadores e organizações
não-governamentais (totalizando cerca de 150 a 180 entidades). São tratados
tópicos de interesse específico de países em desenvolvimento, sugeridos
antecipadamente nas reuniões do Comitê de Concorrência – COMP. O Comitê de
Concorrência – COMP realiza, ainda, o Latin American Forum on Competition, em
cooperação com o Inter-American Development Bank – IADB (Banco
Interamericano de Desenvolvimento). O encontro ocorre anualmente na sede do
Inter-American Development Bank – IADB em Washington, DC. O Foro trata de
temas de interesse dos países participantes e discute o peer review realizado em
um país da região. Em 2005, o Brasil passou por este processo de revisão. Em
relação ao Working Party nº. 2 on Competition and Regulation – WP2
(Concorrência e Regulação), ele foi criado em 1994 para tratar de concorrência e
regulação. Participam os países membros e os seguintes observadores:
Argentina, Brasil, Israel, Lituânia, Rússia, Taipei, United Nations Conference on
Trade and Development – UNCTAD e World Trade Organization – WTO
(Organização Mundial do Comércio – OMC). Os objetivos do Working Party nº. 2
on Competition and Regulation – WP2 são revisar, analisar e fazer
recomendações em temas de concorrência relacionados à criação, operação,
reforma e desmantelamento de regimes regulatórios setoriais ou de alcance
econômico geral. No que tange ao Working Party nº. 3 on Co-operation and
Enforcement – WP3 (Cooperação e Implementação), ele foi criado em 1964 para
tratar de temas relacionados à cooperação e sua implementação (enforcement).
Participam os países membros e os seguintes observadores: Argentina, Brasil,
Israel, Lituânia, Rússia, Taipei, United Nations Conference on Trade and
Development – UNCTAD e World Trade Organization – WTO. Seus objetivos são
relacionados a 2 (dois) tópicos principais: 1) procedimentos de controle de fusões:
a) aumentar a efetiva cooperação na revisão de fusões transnacionais; b)
identificar áreas de diferença, convergência e possível desenvolvimento; c)
identificar e buscar reduzir custos regulatórios desnecessários para empresas e
autoridades regulatórias; d) cartéis clássicos (Hard Core Carteis): e) aumentar a
cooperação e troca de informação entre agências de implementação de legislação
de concorrência; f) desenvolver e promover práticas e instrumentos efetivos de
implementação; e 2) aumentar o conhecimento público sobre os danos causados
por cartéis. Ademais, promove fóruns para revisar e discutir outras áreas de
cooperação e implementação de legislação de concorrência, assim como revisar
periodicamente as recomendações existentes do Conselho dentro de seu
mandato e identificar áreas em que essas possam ser fortalecidas. Deve também
cooperar com outras instituições internacionais que visem temas de concorrência
similares. A última reunião, realizada em Paris em 18.10.2005, discutiu sobre
“Cartéis: cooperação com promotores públicos investigações criminais de cartel”.
Por fim, vale ressaltar que o Conselho da Organisation de coopération et de
développement économiques – OCDE aprovou em 23.03.2005 o texto da
“Recomendação sobre Revisão de Atos de Concentração”, elaborado pelo
Working Party nº. 3 on Co-operation and Enforcement – WP3 durante o ano de
2004. O texto consolida bestpractices reconhecidas internacionalmente na revisão
de atos de concentração, incluindo cooperação entre autoridades da
concorrência. Quanto ao Grupo Conjunto de Comércio e Concorrência, ele foi
criado em 1996, com duração prevista até 2006. E composto pelos países
membros, e ainda, pelos observadores, Argentina, Brasil, Chile, Hong Kong,
European Free Trade Association – EFTA, World Bank – WB (Banco Mundial),
World Trade Organization – WTO e United Nations Conference on Trade and
Development – UNCTAD. Os trabalhos estão sob coordenação da Comissão
Européia. Seus objetivos são analisar o seguinte: a) políticas relacionadas a
acesso de mercados como escopo e cobertura, assim como implementação de
legislação de defesa da concorrência; b) opções internacionais para aumentar a
coerência de políticas de comércio e concorrência; c) efeitos de medidas e
políticas de concorrência no comércio; d) efeitos da regulamentação de acesso a
mercados e do processo concorrencial. A última reunião foi realizada em Paris no
dia 21.10.2005. Foram discutidas provisões de concorrência em acordos regionais
e bilaterais de comércio.
[324]
Op.cit., p. 307.
[325]
Idem, p. 309.
[326]
Op.cit., p. 20-21.
[327]
Op.cit., p. 312-313.
[328]
Op.cit., p. 21-22.
[329]
Op.cit., p. 229.
[330]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 13, verbete Poluição.
[331]
Aurélio Bolsanello, Biologia, p. 55.
[332]
Idem, ibidem.
[333]
Idem, ibidem.
[334]
Idem, p. 55-56.
[335]
Idem, p. 56-57.
[336]
Hibernação: ocorre quando o metabolismo se reduz durante o inverno,
período em que o ambiente se torna muito frio. Muitos animais poiquilotermos
hibernam em fendas, sobre as pedras e no barro. Da mesma maneira, as plantas
hibernam durante o estado de repouso hibernal. Na hibernação dos mamíferos, a
temperatura inferior do corpo desce a 1°C abaixo da reinante no ambiente onde
estes se encontram. Sabe-se também que o morcego hiberna, assim como o
beija-flor, o lagarto e a cobra (Idem, p. 57).
[337]
Estivação: é o letargo causado por temperaturas altas, secas e falta de
alimentação. É comum entre os insetos. Outro exemplo é o esquilo terrestre da
região meridional da Califórnia, o qual fica abrigado por vários meses nas tocas
durante o verão, superando assim o período de falta de água e alimento (Idem, p.
57-58).
[338]
Diapausa: é um estado do inseto, em que o crescimento e desenvolvimento
param ou sofrem grande atraso. Se não fosse isso, os gafanhotos austroícetes,
que vivem no sul da Austrália, se extinguiriam (Idem, p. 58).
[339]
Diccionario de la Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete Poluição
térmica.
[340]
Paisagem (landscape, em inglês; paysage, em francês; paisaje, em
espanhol): é o território em seu contexto histórico, a manifestação sintética das
condições e circunstâncias geológicas e fisiográficas que ocorrem em uma região
(país), o agregado de todas as características que, em interação, aparecem em
um território (Idem, verbete Paisagem). A paisagem pode ser paisagem cultural ou
antrópica (aquela resultante de intervenção antrópica, quer dizer, paisagem
natural modificada por ação humana) ou paisagem natural (aquela resultante da
interação dos fatores físicos e bióticos do meio ambiente, sem que tenha sido
transformada sensivelmente pelas atividades humanas).
[341]
Antrópico (anthropic, em inglês; anthropique, em francês; antrópico, em
espanhol): relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação do homem. Termo
de criação recente, empregado por alguns autores para qualificar um dos setores
do meio ambiente, o meio antrópico, compreendendo os fatores políticos, éticos e
sociais (econômicos e culturais); um dos subsistemas do sistema ambiental, o
subsistema antrópico.
[342]
Antônio Carlos Machado da Rosa e Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 238.
[343]
O direito ambiental cit., p. 325.
[344]
Op.cit., p. 239.
[345]
Enciclopédia Abril, v. 11, p. 354, verbete Som.
[346]
Idem, p. 355.
[347]
Op. cit., p. 325.
[348]
TJSP – 5.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 81.789-1 – j. 14.08.1987 – v.u. – publicado
em audiência – Paulo de Bessa Antunes, Jurisprudência Ambiental Brasileira, p.
117.
[349]
1.º TACivSP – Ap. Civ. 299.196 – j. 30.11.1982 – v.u. – JTACivSP, v. 79, p.
91-93.
[350]
“I- A emissão de ruídos, em decorrência de qualquer atividades industriais,
comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política.
obedecerá, no interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e
diretrizes estabelecidos nesta Resolução. II- São prejudiciais à saúde e ao
sossego público, para os fins do item anterior aos ruídos com níveis superiores
aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10.152 - Avaliação do Ruído em
Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT. III- Na execução dos projetos de construção ou de
reformas de edificações para atividades heterogêneas, o nível de som produzido
por uma delas não poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBR l0.152 -
Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. IV- A emissão de ruídos
produzidos por veículos automotores e os produzidos no interior dos ambientes de
trabalho, obedecerão às normas expedidas, respectivamente, pelo Conselho
Nacional de Trânsito - CONTRAN, e pelo órgão competente do Ministério do
Trabalho. V- As entidades e órgãos públicos (federais, estaduais e municipais)
competentes, no uso do respectivo poder de política, disporão de acordo com o
estabelecido nesta Resolução, sobre a emissão ou proibição da emissão de
ruídos produzidos por qualquer meios ou de qualquer espécie, considerando
sempre os local, horários e a natureza das atividades emissoras, com vistas a
compatibilizar o exercício das atividades com a preservação da saúde e do
sossego público. VI- Para os efeitos desta Resolução, as medições deverão ser
efetuadas de acordo com a NBR 10.151 - Avaliação do Ruído em Áreas
Habitadas visando o conforto da comunidade, da ABNT. VII- Todas as normas
reguladoras da poluição sonora, emitidas a partir da presente data, deverão ser
compatibilizadas com a presente Resolução”.
[351]
Antônio Carlos Machado da Rosa e Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 238.
[352]
Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP, op.cit., verbete
Radiação.
[353]
P.M. Braile, Dicionário inglês‑português de poluição industrial, verbete
Radiação.
[354]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 53.
[355]
Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP, op.cit., verbete
Radioatividade.
[356]
B. de A. Carvalho, op.cit., verbete Radioatividade.
[357]
Mrem é a unidade de medida da radiação.
[358]
Antônio Carlos Machado da Rosa & Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 239-240.
[359]
Idem, p. 240.
[360]
Idem, ibidem.
[361]
Idem, ibidem.
[362]
Idem, ibidem.
[363]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 13, verbete Poluição.
[364]
TJSP – 5.ª Câm. – Ap. Civ. 96.536-1 – j. 07.04.1988 – v.u. – publicado em
audiência – Paulo de Bessa Antunes, Jurisprudência ambiental... cit., p. 115.
[365]
Enciclopédia Abril, v. 10, p. 13, verbete Poluição.
[366]
Idem, ibidem.
[367]
Ozônio (ozone, em inglês; ozone, em francês; e ozono, em espanhol): é a
forma do oxigênio em que a molécula está formada por três átomos (O3). Nas
partes superiores da estratosfera e, em menor medida, nas baixas camadas da
mesosfera, em alturas compreendidas entre 20 e 35.000 metros (estendendo-se
para além dos 50.000 metros), os raios ultravioletas da radiação solar produzem
ozônio, agindo sobre a molécula ordinária do oxigênio. Embora a concentração de
ozônio seja sempre pequena, realiza duas funções importantes, pois evita que
cheguem à Terra altas doses de raios ultravioletas (letais para os seres vivos) e
faz papel importante no seu equilíbrio térmico (Diccionario de la Naturaleza,
Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete Ozônio). É uma forma alotrópica do oxigênio,
a qual pode ser obtida de lâmpadas ultravioletas, ou, ainda, por descargas
elétricas no ar atmosférico comum ou em atmosfera de oxigênio puro (Ben-Hur
Batalha, op.cit., verbete Ozônio). É um gás irritante, sem cor e tóxico. O ozônio é
um dos componentes do smog fotoquímico (o fenômeno de poluição atmosférica,
no qual os contaminantes se misturam à névoa, dificultando a dispersão – mistura
de névoa com fumaça) e é considerado o principal poluente atmosférico (P. M.
Braile, Dicionário inglês/português de termos técnicos de ciências ambientais,
verbete Ozônio).
[368]
Camada de ozônio: camada de gás O3, com aproximadamente 20 (vinte) km
de espessura situada a 30 (trinta) km ou 40 (quarenta) km de altura, concentrando
cerca de 90% (noventa por cento) do ozônio da atmosfera. Atua como um
verdadeiro escudo de proteção, filtrando os raios ultravioletas emitidos pelo sol,
protegendo os seres vivos dos efeitos nocivos dessa radiação. Sua diminuição
aumenta a radiação ultravioleta, o que provoca uma maior taxa de mutações nos
seres vivos, acarretando distúrbios na formação de proteínas vegetais, com
comprometimento do crescimento das plantas e redução de safras agrícolas e
doenças de pele em animais (Elida Séguin, op. cit., p. 322).
[369]
Radiação ultravioleta (UV): é a radiação eletromagnética ou os raios
ultravioleta com um comprimento de onda menor que a da luz visível e maior que
a dos raios X, de 380 nm a 1 nm. O nome significa mais alta que (além do) violeta
(do latim ultra), pelo fato de que o violeta é a cor visível com comprimento de onda
mais curto e maior frequência. A radiação UV pode ser subdividida em UV
próximo (comprimento de onda de 380 até 200 nm - mais próximo da luz visível),
UV distante (de 200 até 10 nm) e UV extremo (de 1 a 31 nm). No que se refere
aos efeitos à saúde humana e ao meio ambiente, classifica-se como UVA (400 –
320 nm, também chamada de “luz negra” ou onda longa), UVB (320–280 nm,
também chamada de onda média) e UVC (280 - 100 nm, também chamada de UV
curta ou "germicida"). A maior parte da radiação UV emitida pelo sol é absorvida
pela atmosfera terrestre. A quase totalidade (99%) dos raios ultravioleta que
efetivamente chegam a superfície da Terra são do tipo UV-A. A radiação UV-B é
parcialmente absorvida pelo ozônio da atmosfera e sua parcela que chega à Terra
é responsável por danos à pele. Já a radiação UV-C é totalmente absorvida pelo
oxigênio e o ozônio da atmosfera. As faixas de radiação não são exatas. Como
exemplo, o UVA começa em torno de 410 nm e termina em 315 nm. O UVB
começa em 330 nm e termina em 270 nm aproximadamente. Os picos das faixas
estão em suas médias. Seu efeito bactericida a torna utilizável em dispositivos
que mantêm a assepsia de certos estabelecimentos. Outro uso é a aceleração da
polimerização de certos compostos. Também é utilizada para apagar dados
escritos em uma memória eletrônica Erasable Programmable Read-Only Memory
– EPROM (“memória programável apagável somente de leitura”, ou seja, é um
tipo de chip de memória de computador que mantém seus dados quando a
energia é desligada). Muitas substâncias, quando expostas à radiação UV, se
comportam de modo diferente de quando expostas à luz visível, tornando-se
fluorescentes. Este fenômeno se dá pela excitação dos elétrons nos átomos e
moléculas dessa substância ao absorver a energia da luz invisível. Ao retornar a
seus níveis normais (níveis de energia), o excesso de energia é reemitido sob a
forma de luz visível.
[370]
Op.cit., p. 283-299.
[371]
Antônio Carlos Machado da Rosa e Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 237.
[372]
Op. cit., p. 229.
[373]
Dicionário inglês‑português de poluição... cit., verbete Chuva ácida.
[374]
O pH de uma substância neutra é 7 (sete), abaixo deste valor é ácida e
acima, básica.
[375]
Diccionario de la Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete Lluvia acida.
[376]
Op. cit., p. 322.
[377]
Op.cit., p. 53.
[378]
Hernán Torres, op.cit., p. 79.
[379]
Op.cit., p. 290.
[380]
Op.cit., p. 246.
[381]
Ecologia, mundialização, espiritualidade: a emergência de um novo
paradigma, p. 22-23.
[382]
Uma nova economia para um novo século, Estado do mundo 1999, p. 14.
[383]
Op.cit., p. 25.
[384]
Legal protection for biodiversity in the United States and Brazil, Anais do
Congresso Internacional de Direito Ambiental, p. 151.
[385]
Direito ambiental internacional, p. 114.
[386]
Op.cit., p. 246.
[387]
Lixão: é forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se
caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao
meio ambiente ou à saúde humana. É o mesmo que descarga a céu aberto ou
vazadouro. Esses locais acarretam problemas à saúde humana, como
proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc.),
geração de maus odores e poluição do solo e das águas subterrânea e superficial.
Acrescenta-se a esta situação o total descontrole dos tipos de resíduos recebidos,
verificando-se até mesmo a disposição de resíduos de serviços de saúde e
industriais. É comum, ainda, a criação de animais e a presença de catadores,
muitas vezes menores.
[388]
Coleta seletiva: coleta de resíduos previamente segregados conforme sua
constituição ou composição (inciso V do art. 3° da Lei 12.305, de 02.08.2010).
[389]
Transbordo: é o nome que se dá a intermediação entre o serviço de coleta e o
ponto de destinação final, pela qual os resíduos são transferidos de um veículo a
outro meio de transporte, que podem ser: a) caminhões de maior capacidade; b)
barcaças; ou c) vagão ferroviário.
[390]
Tratamento: é o processo que pode ser aplicado ao resíduo sólido com a
finalidade de atender às exigências sanitárias, econômicas, sociais e outras.
Destacam-se os processos de incineração, trituração, compostagem e reciclagem.
[391]
Reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua
transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os
padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA e, se couber, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária –
SNVS e do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária – SUASA
(inciso XVIII do art. 3° da Lei 12.305, de 02.08.2010).
[392]
Reciclagem: processo de transformação dos resíduos o qual envolve a
alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à
transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os
padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA e, se couber, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária –
SNVS e do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária – SUASA
(inciso XIV do art. 3° da Lei 12.305, de 02.08.2010).
[393]
Compostagem: é o processo biológico de decomposição da matéria orgânica
contida em restos de origem animal ou vegetal. Esse processo tem como resiltado
final um produto - o composto orgânico - que pode ser aplicado ao solo para
melhorar suas características, sem ocasionar riscos ao meio ambiente. As
vantagens da compostagem são: 1) redução do lixo destinado ao aterro, com a
consequente economia com os custos de aterro e aumento de sua vida útil; 2)
aproveitamento agrícola da matéria orgânica; 3) reciclagem de nutrientes para o
solo; 4) processo ambientalmente seguro; 5) eliminação de patógenos; 6)
economia de tratamento de efluentes.
[394]
Rejeitos: resíduos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada (inciso XV do art. 3° da Lei 12.305, de
02.08.2010).
[395]
Decomposição (decomposition, em inglês; décomposition, em francês;
descomposición, em espanhol): em biologia, constitui o processo de conversão de
organismos mortos, ou parte destes, em substâncias orgânicas e inorgânicas, por
meio da ação escalonada de um conjunto de organismos – necrófagos,
detritóvoros, saprófagos decompositores e saprófitos propriamente ditos
(Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP, op.cit., verbete
Decomposição). Segundo O. P. FORATTINI, a decomposição da matéria orgânica
dá-se mediante sua transformação química em compostos simples, com
resultante liberação de energia (Ecologia epidemiologia e sociedade, p. 234).
[396]
O preço da riqueza: pilhagem ambiental e a nova (des)ordem mundial, p. 245.
[397]
Jornal O Globo, 20 abr. 1995.
[398]
TST – 4.ª T. – Rec. de Rev. 254.320/1 – rel. Min. Milton de Moura França –
v.u. – DJ 12.06.1998.
[399]
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro –
FEEMA, Comissão Permanente de Normalização Técnica – PRONOL, PRONOL
DZ 1311.
[400]
Op.cit., p. 237-238.
[401]
A classificação dos resíduos é regulamentada pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, através da sua NBR 10.004, de 05.2004 (“RESÍDUOS
SÓLIDOS – CLASSIFICAÇÃO”), a qual classifica os resíduos, quanto aos seus
riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos
possam ter manuseio e destinação adequados. Tal classificação é a seguinte: 1)
resíduos classe I (“resíduos perigosos”): apresentam periculosidade ou uma
das seguintes características: a) inflamabilidade; b) corrosividade; c) reatividade;
d) toxicidade; e e) patogenicidade. São exemplos de tal modalidade de resíduo,
as baterias, os produtos químicos, etc. 2) resíduos classe II (“resíduos não
inertes ou não perigosos”): não se enquadram como resíduos classe I (“resíduos
perigosos”) ou resíduos classe III (“resíduos inertes”) e podem ter as seguintes
propriedades: a) combustibilidade; b) biodegradabilidade; ou c) solubilidade em
água. Os resíduos da classe II se subdsividem em: a) resíduos classe IIA:
residuos não inertes (são biodegradáveis, combustíveis, solúveis em água); como
exemplo de resíduos desta subclasse podemos citar o “lixo” comum gerado em
qualquer unidade industrial (proveniente de restaurantes, escritórios, banheiros,
etc.); b) resíduos classe IIB: resíduos inertes (não são solúveis na água, na
temperatura ambiente, ou solúveis até concentrações máximas do Anexo G da
sua NBR 10.004; podem alterar a cor, turbidez, dureza e sabor). Portanto, para
determinar com precisão o enquadramento nesta categoria, o resíduo não deve
constar nos Anexos da NBR 10.004, nem pode estar contaminado com nenhuma
substância dos Anexos “C”, “D” ou “E” da referida NBR, bem como deve ser
testado de acordo com todos os métodos analíticos indicados. São exemplos de
tais resíduos a matéria orgânica e o papel; 3) resíduos classe III (“resíduos
inertes”): todo resíduo ou mistura de resíduos que, submetidos ao teste de
solubilidade previsto na NBR 10006 (“Solubilização de Resíduos Sólidos - Método
de Ensaio”), não tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados em
concentrações superiores aos padrões definidos, ou seja, concentrações
superiores ao padrão de potabilidade de águas (não se decompõem
prontamente). São exemplos de tal modalidade de resíduo rochas, tijolos, vidros e
certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente.
[402]
Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente, através de sua
Resolução/CONAMA n° 358, de 2005, e a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, através de sua Resolução/ANVISA/RDC n° 306, de 2004, os resíduos
de serviços de saúde são classificados nos seguintes grupos: 1) Grupo A:
resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
características, podem apresentar riscos de infecção (subdividido em cinco
grupos); 2) Grupo B: resíduos contendo substâncias químicas que podem
apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxidade; 3) Grupo
C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites da isenção especificadas
nas normas da Comissão nacional de Energia Nuclear – CNEN e para os quais a
reutilização é imprópria; 4) Grupo D: resíduos que não apresentem risco
biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser
equiparados aos resíduos domiciliares; 5) Grupo E: materiais perfurocortantes e
escarificantes.
[403]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 51.
[404]
Ecologizar: pensando o ambiente humano, p. 99.
[405]
1.º TACivSP – Ap. Civ. 328.525 – v.u. – JTACivSP, v. 89, p. 153-158.
[406]
Op.cit., p. 228.
[407]
Produção industrial e política ambiental: experiência de São Paulo e Minas
Gerais, p. 26-27.
[408]
Op.cit., p. 248.
[409]
Op.cit., p. 119.
[410]
Biodegradável (biodegradable, em inglês; biodégradable, em francês;
biodegradable, em espanhol): é a substância que pode ser decomposta por
processos biológicos naturais. Diz‑se dos produtos suscetíveis de se decompor
por microorganismos (Emily Lemaire & F. C. Lemaire, op.cit., verbete
Biodegradable). Constitui um grande número de substâncias dispersas no meio
ambiente que são instáveis. Em muitos casos, os microorganismos – bactérias –
edáficos ou aquáticos desempenham um papel ativo nessa decomposição; diz‑se
então que a substância é biodegradável (Jean-Pierre Charbonneau, op.cit., p.
132).
[411]
Biodegradação ou biodegradabilidade (biodegradation ou biodegradability, em
inglês; biodégradation ou biodégradabilité, em francês; biodegradación ou
biodegradabilidad, em espanhol): é a decomposição por processos biológicos
naturais. Processo de decomposição química, como resultado da ação de
microorganismos (The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 72).
Destruição ou mineralização de matéria orgânica natural ou sintética por
microorganismos existentes no solo, na água ou em sistema de tratamento de
água residuária (Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP,
op.cit., verbete Biodegradação).
[412]
Idem, verbete Despejos industriais.
[413]
Idem, verbete Tratamento de água.
[414]
Benjamin de Araújo Carvalho, op.cit., verbete Tratamento aeróbio.
[415]
Idem, verbete Tratamento anaeróbio.
[416]
Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP, op.cit., verbete
Tratamento biológico.
[417]
Idem, verbete Tratamento completo.
[418]
Benjamin de Araújo Carvalho, op.cit., verbete Tratamento preliminar.
[419]
Idem, verbete Tratamento primário.
[420]
P. M. Braile, Dicionário inglês/português de termos técnicos... cit., verbete
Tratamento primário.
[421]
Academia de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP, op.cit., verbete
Tratamento químico.
[422]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 165.
[423]
B. de A. Carvalho, op.cit., verbete Tratamento secundário.
[424]
P. M. Braile, Dicionário inglês/português de termos técnicos... cit., verbete
Tratamento secundário.
[425]
The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 166.
[426]
B. de A. Carvalho, op.cit., verbete Tratamento terciário.
[427]
Aterro sanitário: é a técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem
causar danos ou riscos à saúde humana e a sua segurança, minimizando os
impactos ambientais. Utiliza-se de princípios de engenharia para confinar os
resíduos à menor área possível, reduzindo o seu volume a níveis favoráveis á
biodegradação, cobrindo-os com uma camada de terra ou material inerte, na
conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores. O aterro
sanitário sem qualquer processo prévio de tratamento é para a grande maioria
dos casos a forma mais prática e econômica.
[428]
Chorume: é a substância líquida resultante do processo de putrefação
(apodrecimento) de matérias orgânicas. Este líquido é muito encontrado em lixões
e aterros sanitários. É viscoso e possui um cheiro muito forte e desagradável
(odor de coisa podre). O processo de tratamento do chorume é muito importante
para o meio ambiente. Caso não seja tratado, ele pode atingir lençóis freáticos,
rios e córregos, levando a contaminação para estes recursos hídricos. Neste
caso, os peixes podem ser contaminados e, caso a água seja usada na irrigação
agrícola, a contaminação pode chegar aos alimentos (frutas, verduras, legumes,
etc). Em função da grande quantidade de matéria orgânica presente no chorume,
este costuma atrair moscas que também podem trazer doenças aos seres
humanos. Existe também o necrochorume que é o líquido resultante do processo
de decomposição de cadáveres. Há também, neste caso, a necessidade do
tratamento desta substância nos cemitérios.
[429]
Lençol freático (phreatic water, em inglês; nappe phréatique, em francês;
agua subterránea libre, em espanhol): é o lençol d’água subterrâneo limitado
superiormente por uma superfície livre, com a pressão atmosférica normal
(Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, op.cit., verbete
Lençol freático). Trata-se da superfície superior da água subterrânea (Academia
de Ciências do Estado de São Paulo – ACIESP, op.cit., verbete Lençol freático).
Segundo BENJAMIN DE ARAUJO CARVALHO, é um lençol d’água subterrâneo
que se encontra em pressão normal e que se formou em profundidade
relativamente pequena (op.cit., verbete Lençol freático).
[430]
Diagnose dos sistemas ambientais: métodos e indicadores, Avaliação e
perícia ambiental, p. 156.
[431]
Eutroficação ou eutrofização (eutrophication, em inglês; eutrophisation, em
francês; eutroficación, em espanhol): O processo normalmente de ação vagarosa
pelo qual um lago evolui para um charco ou brejo, e, ao final, assume condição
terrestre e desaparece. Durante a eutroficação o lago fica tão rico em compostos
nutritivos, especialmente nitrogênio e fósforo, que as algas e outros microvegetais
se tornam superabundantes, desse modo “sufocando” o lago e causando sua
eventual secagem. A eutroficação pode ser acelerada por muitas atividades
humanas (The World Bank, Environmental considerations... cit., p. 75). De acordo
com RUSSELL C. HASTLER, o termo eutroficação significa a adição em excesso
de um ou mais compostos orgânicos ou inorgânicos aos ecossistemas naturais,
causando uma elevação anormal nas suas concentrações (apud Paul Ralph
Ehrlich e Anne Howland Ehrlich, População, recursos, ambiente, p. 197). Para P.
M. BRAILE, constitui um processo de envelhecimento dos lagos. Durante a
eutroficação, o lago torna‑se tão rico em compostos nutritivos, especialmente o
nitrogênio e o fósforo, que há uma superabundância de algas (Dicionário
inglês/português de termos técnicos... cit., verbete Eutroficação). Na opinião de
LAURA BERON, é o enriquecimento da água com nutrientes por meio de meios
criados pelo homem, produzindo uma abundante proliferação de algas (La
contaminación: factor de desequilibrio ecólogico, p. 31).
[432]
Subsídios para avaliação econômica de impactos ambientais, Avaliação e
perícia ambiental, p. 229.
[433]
Op.cit., p. 229-230.
[434]
Op.cit., p. 30.
[435]
Efluente (effluent, em inglês; effluent, em francês; efluente, em espanhol): é
qualquer tipo de água, ou outro líquido que flui de um sistema de coleta, de
transporte, como tubulações, canais, reservatórios, elevatórias, ou de um sistema
de tratamento ou disposição final, como estações de tratamento e corpos d’água
(Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, op.cit., p. 13). Em outras
palavras, é a descarga de poluentes no meio ambiente, parcial ou completamente
tratada ou em seu estado natural (The World Bank, Environmental
considerations... cit., p. 53). Trata-se das águas servidas que saem de um
depósito ou estação de tratamento (Departamento Nacional de Águas e Energia
Elétrica – DNAEE, op.cit., verbete Efluentes). Para P. M. BRAILE, constitui uma
substância líquida, com predominância de água, contendo moléculas orgânicas e
inorgânicas das substâncias que não se precipitam por gravidade. Água residuária
lançada na rede de esgotos ou nas águas receptoras (Dicionário inglês/português
de termos técnicos de ciências ambientais, verbete Efluente).
[436]
Op.cit., p. 120-121.
[437]
Vem aí mais um racionamento: agência admite que falta água para irrigação
no Nordeste e que torneiras do país podem secar em 2 anos se nada for feito,
Jornal do Brasil, Cad. Economia, 28 maio 2001, p. 9.
[438]
Op.cit., p. 209.
[439]
Idem, ibidem.
[440]
Environmental considerations... cit., p. 34, verbete Erosion.
[441]
Op.cit., verbete Erosão
[442]
Colmatagem (clogging, em inglês; colmatage, em francês; obstrucción, em
espanhol): é a deposição de partículas finas, como argila ou silte, na superfície e
nos interstícios de um meio poroso permeável, por exemplo, o solo, reduzindo-lhe
a permeabilidade (Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE,
op.cit., verbete Colmatagem). É o trabalho de atulhamento ou enchimento
realizado pelos agentes naturais ou pelo homem, em zonas deprimidas (Antônio
Teixeira Guerra, op.cit., verbete Colmatagem).
[443]
Op.cit., verbete Erosão.
[444]
Op.cit., p. 209-210.
[445]
Antônio Teixeira Guerra, op.cit., verbete Erosão.
[446]
J. Tricart, Ecodinâmica, p. 27.
[447]
Antônio Teixeira Guerra, op.cit., verbete Erosão.
[448]
Op.cit., p. 217-218.
[449]
Benjamin de Araújo Carvalho, op.cit., verbete Desmatamento.
[450]
Op.cit., p. 212.
[451]
Antônio Carlos Machado da Rosa e Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 210-211.
[452]
Diccionario de la Naturaleza, Hombre, Ecologia, Paisaje, verbete
Desertificación.
[453]
Secretaria de Asentamientos Humanos y Obras Públicas – SAPO, op.cit.,
verbete Desertificación.
[454]
A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-
92, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. É um documento que estabeleceu
a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre
a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os setores da
sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-
ambientais. Cada país desenvolve a sua Agenda 21 e no Brasil as discussões são
coordenadas pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável –
CPDS e da Agenda 21 Nacional. A Agenda 21 se constitui num poderoso
instrumento de reconversão da sociedade industrial rumo a um novo paradigma,
que exige a reinterpretação do conceito de processo, contemplando maior
harmonia e equilíbrio holístico entre o todo e as partes, promovendo a qualidade,
não apenas a quantidade do crescimento. Com a Agenda 21 criou-se um
instrumento aprovado pela Overseas Missionary Fellowship – OMF,
internacionalmente, que tornou possível repensar o planejamento. Abriu-se o
caminho capaz de ajudar a construir politicamente as bases de um plano de ação
e de um planejamento participativo em âmbito global, nacional e local, de forma
gradual e negociada, tendo como meta um novo paradigma econômico e
civilizatório. As ações prioritárias da Agenda 21 brasileira são os programas de
inclusão social (com o acesso de toda a população à educação, saúde e
distribuição de renda), a sustentabilidade urbana e rural, a preservação dos
recursos naturais e minerais e a ética política para o planejamento rumo ao
desenvolvimento sustentável. Mas o mais importante ponto dessas ações
prioritárias, segundo este estudo, é o planejamento de sistemas de produção e
consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício. A Agenda 21 é um plano
de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do
sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas
em que a ação humana impacta o meio ambiente.
[455]
Desertificação se agrava no mundo, alerta ONU, Jornal do Brasil, Cad.
Internacional/Ciência, 18 jun. 2001, p. 7.
[456]
Op.cit., p. 215.
[457]
The Population Dilemma. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J., 1969. p. 145.
[458]
Enciclopédia Abril, v. 4, p. 2, verbete Demografia.
[459]
Idem, p. 3-4, verbete Demografia.
[460]
Idem, p. 5, verbete Demografia.
[461]
An Essay on the Principle of Population, Oxford, Oxford University Press;
1999 , p. 31.
[462]
Op.cit., p. 228-229.
[463]
Ecologia, grito da terra, grito dos pobres, p. 174.
[464]
Op.cit., p. 32-33.
[465]
Op.cit., p. 283.
[466]
Op.cit., p. 28.
[467]
A International Union for Conservation of Nature – IUCN (União Internacional
para a Conservação da Natureza) adota as seguintes definições na sua lista
vermelha: 1) Espécie com Baixo Risco – EBR (Least Concern – LC): aquela
quase ameaçada ou próxima de ser qualificada em uma categoria no futuro
próximo; 2) Espécie Vulnerável – EV (Vulnerable – VU): aquela cujas evidências
indicam estar próxima de ser considerada de risco de extinção; 3) Espécie Quase
Ameaçada – EQA (Near Threatened – NT): aquela cujas evidências demonstram
já estar quase ameaçada de extinção; 4) Espécie em Perigo – EP (Endangered –
EN): aquela cujas evidências demonstram já estar ameaçada de risco de
extinção; 5) Espécie Criticamente em Perigo – ECP (Critically Endangered – CR):
aquela cujas evidências demonstram já seriamente ameaçada de extinção; 6)
Espécie Extinta na Natureza – EEN (Regionally Extinct – RE): aquela cujas
evidências demonstram só existirem exemplares em cativeiro ou em populações
naturalizadas; 7) Espécie Extinta – EE (Extinct – EX): aquela cujas evidências
demonstram não haver dúvidas de que o último exemplar já morreu; 8) Dados
Deficientes – DD (Data Deficient – DD): os dados a respeito de determinada
espécie não são suficientes para saber a real situação em que se encontra.
[468]
Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação
de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais
e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (inciso I do art. 1° da
Resolução/CONAMA 237, de 19.12.1997).
[469]
Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental
que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para
localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras
dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (inciso II
do art. 1° da Resolução/CONAMA 237, de 19.12.1997).
[470]
Raymond F. Mikessel e Lawrense Williams, International banks and the
enviroment. From, growth to sustainability: un unfinished agenda, p. 165 e ss.
[471]
Brian Clark, A AIA e o Banco Mundial, Avaliação do impacto ambiental, p.
575.
[472]
Apud Project Appraisal for Development Control – PADC, Objectives and
principles of environmental impact assessment, p.13.
[473]
Op.cit., p. 79.
[474]
Environmental impact assessment, The European Community, Zeitschrift vor
Umveltpolitik, p. 35‑76.
[475]
Op.cit., p. 42.
[476]
“Art. 9º. São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I- o
estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II- o zoneamento ambiental;
III- a avaliação de impactos ambientais; IV- o licenciamento e a revisão de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V- os incentivos à produção e
instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para
a melhoria da qualidade ambiental; VI- a criação de espaços territoriais
especialmente protegidos pelo poder público federal, estadual e municipal, tais
como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas
extrativistas (inciso VI com a redação dada pelo inciso VI do art. 1.º da Lei 7.804,
de 18.07.1989); VII- o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII- o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental; IX- as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação
ambiental; X- a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA (incisos X acrescido pelo inciso VI do art. 1.º da Lei
7.804, de 18.07.1989); XI- a garantia da prestação de informações relativas ao
Meio Ambiente, obrigando-se o poder público a produzi-las, quando
inexistentes(inciso XI acrescido pelo inciso VI do art. 1.º da Lei 7.804, de
18.07.1989); XII- o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente
poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais (inciso XII acrescido pelo
inciso VI do art. 1.º da Lei 7.804, de 18.07.1989); XIII- instrumentos econômicos,
como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros (inciso
XIII incluído pela Lei 11.284, de 02.03.2006).”
[477]
“Art. 2º. Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto ambiental – RIMA, a serem submetidos à
aprovação do órgão estadual competente, e do Instituto Brasilerio do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: I-
Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II- Ferrovias; III-
Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV- Aeroportos,
conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-lei 32, de 18.11.1966
(revogado pela Lei 7.565, de 19.12.1986); V- Oleodutos, gasodutos, minerodutos,
troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI- Linhas de transmissão
de energia elétrica, acima de 230KV; VII- Obras hidráulicas para exploração de
recursos hídricos, tais como: barragem para quaisquer fins hidrelétricos, acima de
10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação,
drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e
embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII- Extração de combustível fóssil
(petróleo, xisto, carvão); IX- Extração de minério, inclusive os da classe II,
definidas no Código de Mineração; X- Aterros sanitários, processamento e destino
final de resíduos tóxicos ou perigosos; XI- Usinas de geração de eletricidade,
qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII- Complexo e
unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos,
destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios); XIII- Distritos
industriais e zonas estritamente industriais – ZEI; XIV- Exploração econômica de
madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando
atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de
vista ambiental; XV- Projetos urbanísticos, acima de 100 hectares. ou em áreas
consideradas de relevante interesse ambiental a critério do Instituto Brasilerio do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA , dos órgãos
estaduais e municipais competentes ; XVI- Qualquer atividade que utilizar carvão
vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas
por dia (com redação dada pela Resolução/CONAMA n° 11, de 18.03.1986); XVII-
projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 hectares, ou
menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de
proteção ambiental (acrescido pela Resolução/CONAMA n° 11, de 18.03.1986);
XVIII- nos casos de empreendimentos potencialmente lesivas ao patrimônio
espeleológico nacional (inclusão por determinação da Resolução/CONAMA n° 5,
de 06.08.1987).
Art. 3º. Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e
respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de
atividades que, por lei, seja de competência federal (artigo revogado pela
Resolução/CONAMA n° 237, de 19.12.1997)”.
[478]
TJMG – 5.ª Câm. – Ap. Civ. 62.043/5 – rel. Des. Campos Oliveira – j.
22.08.1996 – v.u. – RT 738/376.
[479]
§ 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I-
preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas; II- preservar a diversidade e a integridade
do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético; III- definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente por meio de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção; IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V-
controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente; VI- promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII- proteger a
fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
[480]
Direito ambiental cit., p. 181.
[481]
“Art. 8º. Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e
custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta
e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises
de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento
dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco)
cópias”.
[482]
Op.cit., p. 189.
[483]
Direito ambiental cit., p. 203
[484]
Op.cit., p. 190.
[485]
Direito ambiental cit., p. 190.
[486]
Direito ambiental cit., p. 193.
[487]
TRF 4.ª R. – 3.ª T. – MAS 9804084872/SC – rel. Juiz Silvio Dobrowolski – j.
17.12.1991 – v.u. – DJ 15.04.1992, p. 9.532.
[488]
TRF 4.ª R. – 4.ª T. – MAS 52036/SC – rel. Juiz Alcides Vettorazzi – j.
12.09.2000 – v.u. – DJ 22.11.2000, p. 391.
[489]
STJ – 2.ª T. – REsp 194.617/PR – rel. Min. Franciulli Netto – j. 16.04.2002 –
v.u. – DJ 01.07.2002, p. 278.
[490]
STJ – 1.ª T. – AgRgMC 4124/PR – rel. Min. José Delgado – j. 04.12.2001 –
v.u. – DJ 04.03.2002, p. 182.
[491]
STJ – 2.ª T. – REsp 295.797/SP – rel. Min. Eliana Calmon – j. 18.09.2001 –
v.u. – DJ 12.11.2001, p. 140.
[492]
“Art. 2°. É criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, autarquia federal dotada de personalidade jurídica
de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério
do Meio Ambiente, com a finalidade de (redação dada pela Lei n° 11.516, de
28.08.2007): I- exercer o poder de polícia ambiental (incluído pela Lei n° 11.516,
de 28.08.2007); II- executar ações das políticas nacionais de meio ambiente,
referentes às atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao
controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à
fiscalização, monitoramento e controle ambiental, observadas as diretrizes
emanadas do Ministério do Meio Ambiente (incluído pela Lei n° 11.516, de
28.08.2007); e III- executar as ações supletivas de competência da União, de
conformidade com a legislação ambiental vigente (incluído pela Lei n° 11.516, de
28.08.2007)”.
[493]
Direito ambiental cit., p. 188.
[494]
Comentários à Constituição de 1988, p. 1.740-1.741.
[495]
Alcance e Objetivo da Revisão do Pacto Federativo, Informativo Forense.
[496]
Área de Preservação Permanente – APP: área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas
(inciso II do art. 3° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
[497]
A utilidade pública diz respeito ao seguinte: a) as atividades de segurança
nacional e proteção sanitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às
concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele
necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios,
saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão,
instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais,
nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a
extração de areia, argila, saibro e cascalho; c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das
funções ambientais referidas no inciso II do art. 3° da Lei n°12.651, de 25.05.2012
[“área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas”]; e) outras atividades similares
devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio,
quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto,
definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal (inciso VIII do art. 3° da Lei
n° 12.651, de 25.05.2012) .
[498]
O interesse social diz respeito ao seguinte:a) as atividades imprescindíveis à
proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e
controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de
plantios com espécies nativas; b) a exploração agroflorestal sustentável praticada
na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades
tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não
prejudique a função ambiental da área; c) a implantação de infraestrutura pública
destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em
áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas
nesta Lei; d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados
predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas
consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei n° 11.977, de
07.07.2009; e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de
água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes
integrantes e essenciais da atividade; f) as atividades de pesquisa e extração de
areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; g) outras
atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade
proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal (inciso IX do art.
3° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
[499]
Atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: a) abertura de pequenas
vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à
travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção
de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal
sustentável; b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de
água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da
água, quando couber; c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do
ecoturismo; d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno
ancoradouro; e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes
de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em
áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos
moradores; f) construção e manutenção de cercas na propriedade; g) pesquisa
científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na
legislação aplicável; h) coleta de produtos não madeireiros para fins de
subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos,
respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; i) plantio de
espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos
vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem
prejudique a função ambiental da área; j) exploração agroflorestal e manejo
florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos
florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal
nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; k) outras ações ou
atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental
em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA ou dos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente (inciso X do art. 3° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
[500]
Nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e
dá início a um curso d’água (inciso XVII do art. 3° da Lei n° 12.651, de
25.05.2012).
[501]
Restinga: depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente
alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram
diferentes comunidades que recebem influência marinha, com cobertura vegetal
em mosaico, encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e depressões,
apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e
arbóreo, este último mais interiorizado (inciso XVI do art. 3° da Lei n° 12.651, de
25.05.2012).
[502]
Manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à
ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se
associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com
influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com
dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e
de Santa Catarina (inciso XIII do art. 3° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
[503]
Área urbana consolidada: aquela de que trata o inciso II do caput do art. 47
da Lei n° 11.977, de 07.07.2009, ou seja, a parcela da área urbana com
densidade demográfica superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare e malha
viária implantada e que tenha, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos de
infraestrutura urbana implantados (inciso XXVI do art. 3° da Lei n° 12.651, de
25.05.2012, incluído pela Lei 12.727, de 17.10.2012).
[504]
Leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso
d’água durante o ano (inciso XIX do art. 3° da Lei 12.651, de 25.05.2012).
[505]
Olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente
(inciso XVIII do art. 3° da Lei 12.651, de 25.05.2012).
[506]
Relevo ondulado: expressão geomorfológica usada para designar área
caracterizada por movimentações do terreno que geram depressões, cuja
intensidade permite sua classificação como relevo suave ondulado, ondulado,
fortemente ondulado e montanhoso (inciso XXIII do art. 3° da Lei n° 12.651, de
25.05.2012).
[507]
Vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos,
usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa - buriti emergente, sem
formar dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas (inciso
XII do art. 3° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
[508]
“Art. 3°. Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e
empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural,
atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I- não detenha, a
qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II- utilize
predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do
seu estabelecimento ou empreendimento; III- tenha percentual mínimo da renda
familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou
empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo (redação dada pela Lei
n° 12.512, de 14.10.2011); IV- dirija seu estabelecimento ou empreendimento com
sua família.
§1°. O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de
condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração
ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.
§2°. São também beneficiários desta Lei: I- silvicultores que atendam
simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo, cultivem
florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles
ambientes; II- aquicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de
que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície
total de até 2 ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros
cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede; III-
extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II,
III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio
rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores; IV- pescadores que atendam
simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV do caput deste
artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente; V- povos indígenas que
atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput
do art. 3º (incluído pela Lei n° 12.512, de 14.10.2011); VI- integrantes de
comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais povos e comunidades
tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e IV do caput do art.
3º (incluído pela Lei n° 12.512, de 14.10.2011).
§3°. O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e
condições adicionais de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito
destinadas aos agricultores familiares, de forma a contemplar as especificidades
dos seus diferentes segmentos (incluído pela Lei n° 12.058, de 13.10.2009).
§4°. Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e
associações que atendam a percentuais mínimos de agricultores familiares em
seu quadro de cooperados ou associados e de matéria-prima beneficiada,
processada ou comercializada oriunda desses agricultores, conforme disposto
pelo CMN (incluído pela Lei n° 12.058, de 13.10.2009)”.
[509]
Áreas úmidas: pantanais e superfícies terrestres cobertas de forma periódica
por águas, cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetação
adaptadas à inundação (inciso XXV do art. 3° da Lei 12.651, de 25.05.2012,
incluído pela Lei 12.727, de 17.10.2012).
[510]
Manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de
benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de
múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e
serviços (inciso VII do art. 3° da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
[511]
Deposição: processo sedimentar que consiste na acumulação de matéria
mineral ou prgânica, transportada pela água, vento ou gelo.
[512]
Erosão marinha ou abrasão marinha: erosão provocada pela ação das águas
do mar. Elas atuam sobre os materiais do litoral (linha de costa) desgastando-os
através da sua ação química e da sua ação mecânica. O aspecto da linha de
costa é variável de acordo com a natureza dos materiais rochosos que a
constituem. De um modo em geral podemos detectar 2 (dois) tipos de costa: a) a
costa de arriba (de natureza alta e escarpada); b) a costa de praia (baixa e
arenosa). A água do mar reage quimicamente com alguns materiais rochosos
desgastando-os. A ação mecânica das águas faz-se sentir quando o mar atira
contra a costa rochas de dimensões variáveis originando fraturas nas rochas do
litoral. A ação que o mar exerce sobre os continentes faz-se sentir aos seguintes
níveis: a) desgaste; b) transporte; e c) deposição. A ação de desgaste está
condicionada pelos seguintes fatores: a) reações químicas entre a água e os
materiais; b) ação mecânica da água; c) força e direção das rochas; d) natureza
das rochas (dureza, constituição química e coesão). O desgaste origina materiais
soltos, de dimensões muito variáveis que as correntes marítimas transportam, por
vezes, a grandes distâncias. Quando a velocidade e força das correntes diminuem
os materiais transportados são depositados.
[513]
Arriba ou costa alta: é o contato direto do mar com a parede rochosa.
Coincide com os locais de rocha dura (como, por exemplo, granito, xisto e
calcário), sendo mais alta quando o material dominante é o calcário.
[514]
Maré vermelha: aglomeração de micro-plânctons que raramente acontece em
alguns determinados locais na superfície das águas. São seres unicelulares
aglomerados em número suficiente para produzir uma mudança de cor na água
que se torna amarela, alaranjada, vermelha ou marrom porque são
microorganismos caracterizados pela presença de vários pigmentos como azul
celeste e azul escuro (a) e (c) de cor verde, pigmento beta-caroteno que é
amarelo e várias outras xantofilas que são alaranjadas e vermelhas, esses
pigmentos estão sempre localizados em cromatóforos. Em todos os gêneros de
vida livre e nos seus zoósporos, sempre existem dois flagelos. A maioria são
seres autótrofos mas existem também algumas espécies sem pigmentos porque
não fazem fotosíntese. As pirrófitas, do grego “pyrrhos”, que em português
significa fogo, ou cor de fogo, mais “phyta” que em português significa planta, no
caso se referindo a plantas algas do mar portanto, literalmente “pirrófita” significa
algas com cor de fogo, nome esse que se aplica às algas pirrófitas que realmente
possuem essa “cor de fogo” e causam essas marés vermelhas; por outro lado
existem também pirrófitas Noctilucas que não são vermelhas mas são algas que
possuem bioluminescência e brilham à noite nas ondas das praias e já foram
chamadas de “algas de fogo” ou algas que brilham como fogo. O fenômeno da
maré vermelha pode acontecer tanto em água doce quanto em água salgada.
[515]
Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Costeira – ZEEZOC ou
Zoneamento Costeiro: é o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE aplicado à
Zona Costeira – ZC. Lembramos que o art. 2º do Decreto n° 4.297, de
10.07.2002, define Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE como: “Instrumento
de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de
planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de
proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos
hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população”.
[516]
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA esta previsto no inciso IV do
§1° do art. 225 da Constituição Federal, o qual estabelece que incumbe ao Poder
Público “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”. A função do Estudo
Prévio de Impacto Ambiental – EPIA é a prevenção e monitoramento de impactos
ambientais, sendo um documento com linguagem técnica, resumido pelo Relatório
de Impacto Ambiental – RIMA (relatório de forma objetiva, para propiciar a
compreensão do cidadão que será afetado pelo projeto). Assim, somente
empreendimentos que tenham significativa degradação ambiental se sujeitam ao
Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA. Para definir “significativa
degradação”, cabe acrescentar que a Resolução/CONAMA 01, de 1986,
estabelece rol exemplificativo (já que podem haver mais, em vista do fato de que
a evolução tecnológica e social vão aumentando) de atividades que se presumem
ser assim caracterizadas. Podemos citar apenas alguns exemplos, dada a
extensão do rol: estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
oleodutos; gasodutos; troncos coletores e emissários de esgoto sanitário; linhas
de transmissão de energia com mais de 230 kv; usinas de geração de
eletricidade, acima de 10 MW; etc. Em assim sendo, pode-se definir impacto
ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetam a (saúde,
segurança, bem-estar da população , as atividades sociais e econômicas, a biota,
as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, a qualidade dos recursos
ambientais). As custas do Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA e do
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA são de responsabilidade do
empreendedor da obra, sendo responsável penal e administrativamente pelo
conteúdo. Há a entrega de cópias do relatório ao órgão ambiental, ocorrendo
edital na imprensa oficial e em jornal de grande circulação.
[517]
“Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram
supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal
previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são
dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os
percentuais exigidos nesta Lei.
§1°. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas
situações consolidadas por documentos tais como a descrição de fatos históricos
de ocupação da região, registros de comercialização, dados agropecuários da
atividade, contratos e documentos bancários relativos à produção, e por todos os
outros meios de prova em direito admitidos.
§2°. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais, na Amazônia Legal, e
seus herdeiros necessários que possuam índice de Reserva Legal maior que 50%
(cinquenta por cento) de cobertura florestal e não realizaram a supressão da
vegetação nos percentuais previstos pela legislação em vigor à época poderão
utilizar a área excedente de Reserva Legal também para fins de constituição de
servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental - CRA e outros instrumentos
congêneres previstos nesta Lei”.
[518]
Programa de Reforma Agrária – PRA: programa que aglutina ações voltadas
para a sustentabilidade de comunidades que se encontram em assentamentos
rurais, realizadas por meio de apoio técnico-científico a produtores e às
comunidades rurais. Já o Programa de Infraestrutura e Reforma Agrária – PIRA
oferece as condições necessárias para o desenvolvimento socioeconômico e o
assentamento das comunidades nas áreas destinadas à reforma agrária. Os
compradores são representados por municípios e entidades civis sem fins
lucrativos. Com recursos do Orçamento Geral da União – OGU, o Programa de
Infraestrutura e Reforma Agrária – PIRA leva infraestrutura e serviços úteis aos
assentamentos rurais espalhados pelo Brasil.
[519]
“Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na
matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e a
localização da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao órgão
ambiental as informações relativas à Reserva Legal previstas no inciso III do § 1°
do art. 29.
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos termos do caput,
deverá apresentar ao órgão ambiental competente a certidão de registro de
imóveis onde conste a averbação da Reserva Legal ou termo de compromisso já
firmado nos casos de posse”.
[520]
A Lei n° 12.651, de 25.05.2012 (atual Código Florestal) permite a
regularização da Reserva Legal – RL de 3 (três) formas distintas, mesmo sem
adesão ao Programa de Regularização Ambiental – PRA: 1) recompor: a
recomposição pode ser feita pelo proprietário com o plantio de espécies nativas
ou plantio de espécies nativas conjugado com a regeneração natural; o prazo é de
até 20 (vinte) anos, segundo critérios do órgão ambiental, porém as exóticas não
podem ocupar mais de 50% (cinquenta por cento) do total da área; 2) regenerar
naturalmente: na regeneração natural, qualquer atividade econômica deve ser
interrompida; ou 3) compensar a área desmatada: a compensação ambiental, por
sua vez, é o mecanismo pelo qual o proprietário pode recuperar sua Reserva
Legal – RL comprando área coberta com vegetação natural em outro local, ao
invés de arrancar suas plantações para fazê-lo dentro do seu imóvel. As áreas
usadas para compensar devem estar localizadas no mesmo bioma da reserva,
ainda que em outro estado. Para compensar a área desmatada, o proprietário tem
3 (três) instrumentos à sua disposição: a) arrendamento: pode ser feito por meio
da servidão ambiental (quando o proprietário de um imóvel rural destina o
excedente da vegetação além do exigido para reserva legal a um imóvel rural de
terceiro), desde que no mesmo bioma. Na Amazônia Legal, é permitido usar como
servidão ambiental o percentual de vegetação que exceder a 50% (cinquenta por
cento) nas áreas de floresta e a 20% (vinte por cento), nas de Cerrado; b) compra
de Cota de Reserva Ambiental – CRA: trata-se de título representativo de
vegetação nativa sob regime de servidão ambiental, de Reserva Particular do
Patrimônio Natural – RPPN ou Reserva Legal – RL instituída voluntariamente
sobre a vegetação que exceder os percentuais estabelecidos. A Cota de Reserva
Ambiental – CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal – RL de
imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. A
Cota de Reserva Ambiental – CRA deve representar o mesmo tamanho da área
que deveria ser recomposta. Para poder ser usada com essa finalidade, deve
representar a mesma quantidade de terra. O proprietário deve ser responsável
pela preservação, podendo fazer plano de manejo florestal sustentável para
explorar a área; ou c) doação: esta forma de compensação ambiental deve ser
efetivada com a transferência gratuita ao poder público de área localizada no
interior de unidade de conservação, pendente de regularização fundiária, ou uma
contribuição para fundo público que tenha essa finalidade.
[521]
Área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica
preexistente a 22.07.2008, com edificações, benfeitorias ou atividades
agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio
[prática de interrupção temporária de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou
silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, para possibilitar a recuperação da
capacidade de uso ou da estrutura física do solo] (inciso IV do art. 3° da Lei n°
12.651, de 25.05.2012).
[522]
Corredores Ecológicos ou corredor de biodiversidade: é a faixa de vegetação
que liga grandes fragmentos florestais ou unidade de conservação separados pela
atividade humana (estradas, agricultura, clareiras abertas pela atividade
madeireira, etc.), proporcionando à fauna o livre trânsito entre as áreas protegidas
e, consequentemente, a troca genética entre as espécies. Em outras palavras,
são áreas que possuem ecossistemas florestais biologicamente prioritários e
viáveis para a conservação da biodiversidade na Amazônia e na Mata Atlântica,
compostos por conjuntos de Unidades de Conservação – UC, terras indígenas e
áreas de interstício. É um conceito surgido na década de 1990 e uma das
principais estratégias utilizadas na conservação da biodiversidade de determinado
local. A eficiência dos corredores Ecológicos, porém, é um assunto controverso,
pois há poucos estudos, em geral feitos no hemisfério norte, que confirmam a
adoção dos corredores pelos animais. Sua função é a efetiva proteção da
natureza, reduzindo ou prevenindo a fragmentação de florestas existentes, por
meio da conexão entre diferentes modalidades de áreas protegidas e outros
espaços com diferentes usos do solo. A implemetação de reservas e parques não
tem garantido a sustentabilidade dos sistemas naturais, seja pela descontinuidade
na manutenção de sua infra-estrutura e de seu pessoal, seja por sua concepção
em ilhas, ou ainda pelo pequeno envolvimento dos atores residentes no seu
interior ou no seu entorno. Daí a necessidade de criação de corredores
Ecológicos entre tais reservas e parques.
[523]
Cota de Reserva Ambiental – CRA: é o título nominativo representativo de
área com vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação, deve ser
intituída quando: I- sob regime de servidão ambiental, instituída na forma doart.
9°-A da Lei n° 6.938, de 31.081981; II- correspondente à área de Reserva Legal –
RL instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais
exigidos no art. 12 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012; III- protegida na forma de
Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, nos termos do art. 21 da Lei
9.985, de 18 de julho de 2000; IV- existente em propriedade rural localizada no
interior de Unidade de Conservação de Domínio Público que ainda não tenha sido
desapropriada (art. 44 da Lei n° 12.651, de 25.05.2012).
[524]
Metas nacionais de proteção à biodiversidade: Metas das Convenção sobe
Diversidade Biológica – CDB são importantes instrumentos para avaliação de um
compromisso. No caso da Convenção sobe Diversidade Biológica – CDB, um
primeiro conjunto de metas foi estabelecido para o período 2002-2010. Um plano
estratégico foi criado para guiar a implementação da Convenção em nível
nacional, regional e global com o propósito de parar a perda da biodiversidade e
assegurar a continuidade de seus benefícios e sua repartição equitativa.
Infelizmente, as avaliações apontam que o Plano Estratégico 2002-2010 não foi
efetivo. De acordo com o Panorama da Biodiversidade Global, elaborado pelo
Secretariado da Convenção sobe Diversidade Biológica – CDB, a meta acordada
pelos governos do mundo em 2002, “atingir até 2010 uma redução significativa da
taxa atual de perda de biodiversidade em níveis global, regional e nacional como
uma contribuição para a diminuição da pobreza e para o benefício de toda a vida
na Terra” não foi alcançada. Ao contrário, o panaorama atual é o seguinte: 1) as
espécies antes apontadas com risco de extinção estão, em geral, mais próximas
da extinção; 2) a abundância de espécies de vertebrados, com base nas
populações avaliadas, caiu quase 1/3 (um terço), entre 1970 e 2006, e continua
caindo, especialmente nas regiões neotropicais; 3) áreas de habitat naturais
continuam a diminuir em extensão e integridade, apesar de alguns sucessos em
diminuir o ritmo da destruição; 4) a agrobiodiversidade continua sendo perdida; 5)
as 5 (cinco) principais pressões que causam diretamente a perda de
biodiversidade continuam no mesmo nível ou estão ficando piores; e 6) a pegada
ecológica da humanidade excede a capacidade biológica da Terra e tem
aumentado desde que a meta de biodiversidade para 2010 foi traçada. Por que
então metas e planos estratégicos? Apesar de o mundo ter fracassado no alcance
da meta principal, a ação global resultou em uma menor perda da biodiversidade
do que ocorreria na sua ausência. Porém, não há ações para implementar a
Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB em número suficiente para
enfrentar as pressões sobre a biodiversidade na maioria dos lugares. Tem havido
integração insuficiente das questões de biodiversidade em políticas, estratégias e
programas mais amplos, e, como consequência, as causas subjacentes da perda
de biodiversidade não têm sido abordadas de forma significativa. O Brasil definiu,
em 2006, 51 (cinquenta e uma) metas nacionais de biodiversidade para 2010
relacionadas às metas globais da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB,
algumas das quais mais ambiciosas que aquelas da Convenção. As metas
nacionais foram aprovadas pela Comissão Nacional de Biodiversidade –
CONABio em 2006, e publicadas por meio da Resolução/CONABio nº 3. Apesar
de ter havido avanços muito significativos, como o aumento da área sob proteção
de unidades de conservação e a queda do desmatamento. Das 51 metas
nacionais para 2010, pelo menos 34 (67%) tiveram 25% (vinte ecinco por cento)
ou menos de êxito. Tivemos 2 (duas) metas nacionais totalmente alcançadas:
redução de 25% (vinte e cinco por cento) dos focos de calor e disponibilização de
listas de espécies em bancos de dados permanentes. Brasil teve um papel
importante na definição das Metas de Aichi, ambiciosas, mas com uma
preocupação com sua factibilidade. Agora, é importante que, ao se discutir e
planejar novas metas nacionais para 2020, a experiência frustrada das metas
nacionais de 2010 seja avaliada e metas realistas sejam propostas, inclusive com
submetas para datas intermediárias e avaliações ao longo do caminho. Reunidas
em Nagoya, no Japão, durante a 10ª Convenção das Partes da Convenção sobre
Diversidade Biológica – CDB, as partes concordaram em trabalhar juntas para
implementar 20 (vinte) metas globais até 2020. O Plano Estratégico tem os
seguintes elementos: 1) base lógica: relaciona a biodiversidade ao bem estar
humano, aos Objetivos do Milênio e à redução da pobreza; 2) visão: vai além de
2020, definindo a situação desejada para 2050, com a biodiversidade valorizada,
conservada, restaurada e utilizada com sabedoria; 3) missão: declara a intenção
urgente de agir para alcançar os objetivos de 2020; 4) Objetivos Estratégicos e as
Metas de Biodiversidade de Aichi: 20 (vinte) metas globais organizadas em 5
(cinco) objetivos; 5) execução, acompanhamento, análise e avaliação: incluem
meios de implementação, programas de trabalho, busca por apoio político,
parcerias, relatos pelas partes, e análise pela conferência das partes; 6)
mecanismos de apoio: incluem capacitação para implementação nacional efetiva,
transferência e intercâmbio de conhecimentos e tecnologia, recursos financeiros,
parcerias e iniciativas de fortalecimento da cooperação e mecanismos de apoio
para a pesquisa, monitoramento e avaliação. O Plano Estratégico 2020 da
Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB está organizado em 5 (cinco)
objetivos: 1) tratar das causas fundamentais de perda de biodiversidade fazendo
com que preocupações com biodiversidade permeiem governo e sociedade; 2)
reduzir as pressões diretas sobre biodiversidade e promover o uso sustentável; 3)
melhorar a situação de biodiversidade protegendo ecossistemas, espécies e
diversidade genética; 4) aumentar os benefícios de biodiversidade e serviços
ecossistêmicos para todos; 5) aumentar a implementação por meio de
planejamento participativo, gestão de conhecimento e capacitação.
[525]
Metas de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa – GEE: diante das
evidências científicas das causas do aquecimento global e dos riscos climáticos
decorrentes do problema, autoridades de mais de 160 (cento e sessenta) países
criaram em 1997 o Protocolo de Quioto, tratado internacional que determina
metas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa – GEE e estimula o
desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Pelo acordo, que entrou em vigor
em 2005, os países industrializados devem reduzir as emissões de Gases de
Efeito Estufa – GEE, durante o período de 2008 a 2012, em média de 5,2% em
relação aos níveis de 1990. Isso representa conter 5 bilhões de toneladas de CO2.
Cada país tem uma meta nacional, calculada com base na contribuição de cada
um para as emissões totais de Gases de Efeito Estufa – GEE lançadas na
atmosfera desde a revolução industrial. Por isso, os países pobres e em
desenvolvimento não possuem metas, pois passaram por um processo de
industrialização tardio e apenas nos últimos anos aumentaram significativamente
as emissões. O Protocolo de Quioto ganhou este nome porque foi criado durante
a terceira Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas -
COP 3 realizada na cidade de Quioto, no Japão, e é um complemento à
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento – ECO
92, realizada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro. Os países integrantes do
Anexo 1 da Convenção devem seguir os compromissos de redução listados no
Anexo B do protocolo, com exceção dos países em desenvolvimento, como Brasil,
China e Índia. O principal papel destas nações é diminuir as emissões ou mitigá-
las através de projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL. Daí
vem a pergunta: Mas isto é suficiente para reduzir o aquecimento global? O
percentual é considerado pouco para resolver o problema. Ainda que as emissões
caíssem pela metade, não seria suficiente para que a temperatura da Terra
deixasse de aumentar, alertam muitos cientistas. No entanto, este foi o único
acordo a que os países conseguiram chegar em 1997 e, mesmo assim, já foi
difícil. Imagine mais de 160 (cento e sessenta) grupos de pessoas, cada qual
defendendo um interesse, buscando um consenso? Justamente por isso, hoje as
Convenções das Partes avançam pouco na discussão pelo acordo que substituirá
o Protocolo de Quioto, após 2012. Em razão da demora para definir algum tipo de
acordo para limitar as emissões, a Organização das Nações Unidas – ONU
reconhece que após término do Protocolo de Quioto, deve haver um período em
que o planeta ficará sem nenhum tratado de continuidade ou extensão do
Protocolo. Mesmo se acontecer um consenso sobre um texto legal, seria preciso
realizar alterações no Protocolo de Quioto, o que requere a ratificação de três
quartos dos signatários e não há mais tempo para isso entre Durban e o fim de
2012. Na tentativa de encurtar esta brecha, a Conferência das Partes de 2011,
realizada em Durban (África do Sul), resolveu prolongar o Protocolo de Quioto até
no mínimo 2017, com a promessa de que todas as nações serão obrigadas a
limitar a liberação de Gases de Efeito Estufa – GEE a partir da próxima
década. Na ocasião, mais de 35 das chamadas nações industrializadas
prometeram assinar uma segunda meta de Quioto nas negociações climáticas da
Organização das Nações Unidas – ONU. O novo acordo obrigaria legalmente
esses países a cortarem emissões a partir de 2013 até 2017 ou 2020. China, Índia
e Estados Unidos, os 3 (três) maiores emissores do mundo, não têm metas
vinculantes sob Quioto, mas prometeram assinar um novo acordo que entre em
vigor após 2020, depois que suas metas voluntárias de redução de emissões
expirarem. As negociações climáticas seguem 3 (três) caminhos ou trilhos: 1) o
primeiro define as metas para as nações sob o Protocolo de Quioto; 2) o segundo
objetiva definir o que as nações fora de Quioto devem cumprir; e 3) o terceiro diz
respeito à Plataforma de Durban, que será a base do novo acordo climático.
[526]
Plano de Manejo – PM: é o documento técnico que, usando como base os
objetivos gerais de uma unidade de conservação, estabelece o seu zoneamento e
as normas que devem nortear e regular o uso que se faz da área e o manejo dos
recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à
gestão da UC (inciso XVII do art. 2° da Lei nº 9.985, de 2000). Os objetivos do
Plano de Manejo – PM são os seguintes: 1) contribuir para que a Reserva Legal –
RL cumpra com os objetivos estabelecidos na sua delimitação; 2) definir objetivos
específicos de manejo para cada Reserva Legal – RL, de maneira a orientar e
subsidiar a sua gestão; 3) promover o manejo da Reserva Legal – RL, orientado
pelo conhecimento disponível e/ou gerado; 4) dotar a Reserva Legal – RL de
diretrizes para o seu desenvolvimento; 5) definir ações específicas para o manejo
da Reserva Legal – RL; 6) estabelecer a diferenciação e a intensidade de uso
mediante o zoneamento, visando à proteção de seus recursos naturais e culturais;
7) destacar a representatividade da Reserva Legal – RL diante dos atributos de
valorização dos seus recursos como biomas, convenções e certificações
internacionais; 8) orientar a aplicação de recursos na Reserva Legal – RL; 8)
contribuir para a captação de recursos e a divulgação da Reserva Legal – RL; 9)
fortalecer a figura das Reservas Legais – RL no Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA. O Plano de Manejo – PM para uma Reserva Legal – RL
deve abranger 3 (três) níveis distintos, que são: a) Área de Reserva Legal – ARL
propriamente dita; b) área da propriedadeem que a Reserva Legal – RL está
inserida; c) área do entorno, compreendida neste roteiro como aquela dos
municípios de inserção da Reserva Legal – RL e/ou que influenciam o seu
funcionamento.
[527]
O processo de recomposição vegetal de áreas degradadas da Reserva Legal
– RL, com espécies arbóreas nativas de ocorrência regional, fundamenta-se no
emprego do método que visa assegurar a harmonia da dinâmica de sucessão,
consequentemente assegurando também a perenização do ecossistema.
Pretende-se com programa dessa natureza garantir a regularização hidrológica,
controle de erosão, assoreamento, contaminação de recursos hídricos, a
conservação de espécies vegetais e animais, bem como a manutenção da
diversidade genética nas áreas de influência da Reserva Legal – RL. Através da
interligação dos remanescentes vegetais, busca-se manter e/ou recompor o fluxo
gênico nas populações envolvidas, reduzindo a endogamia e favorecendo os
fenômenos de dispersão de espécies de flora e fauna, possibilitando o aporte de
nutrientes às cadeias alimentares dos ecossistemas aquáticos eventualmente
adjacentes, além de ampliar a oferta de nichos e recursos tróficos à comunidade.
processo de recomposição vegetal de áreas degradadas da Reserva Legal – RL
abrange o seguinte: 1) método adequado: a recomposição vegetal com espécies
nativas procura, como utopia, reconstituir a estrutura e composição originais da
vegetação anterior, resguardando a diversidade de espécies, bem como a
representatividade genética das populações; 2) caracterização da área: a
caracterização da área a ser recomposta é levada a efeito mediante os seguintes
aspectos: a) avaliação quantitativa e qualitativa do banco de sementes do solo,
respectivamente com o número de sementes viáveis por unidade de amostra e
número de espécies com sementes viáveis. Esta avaliação tem importância na
identificação das espécies pioneiras; b) identificação de eventuais inibidores de
germinação (luz. água, temperatura, etc...); c) análise da vegetação
remanescente, quanto à identificação taxonômica, "status" sucessional e
capacidade de colonização da área; d) identificação de polos de dispersão e
processos reprodutivos em áreas adjacentes, com possibilidades de dispersão; e)
determinação do nível de degradação ecológica da área, conseguida mediante a
comparação com uma área de referência, quanto aos parâmetros críticos, a
saber: caracterização de solo, sementes de espécies viáveis no banco; 3)
levantamento das espécies a serem introduzidas; 4) coleta de sementes e
produção de mudas: as sementes que darão origem às mudas necessárias à
implementação do programa de recomposição vegetal, com espécies de
ocorrência regional, são obtidas em coletas, respeitando-se alguns princípios
biológicos que garantam a representatividade genética das populações. Assim,
tem-se um mínimo de 12 (doze) matrizes como suficientes para garantir uma
diversidade genética razoável, consequentemente representando a população. As
mudas necessárias ao programa são produzidas em viveiro, por via sexuada,
através da germinação de sementes, mediante às técnicas da semeadura direta e
repicagem; 5) implantação: o plantio propriamente dito é precedido das etapas
sequenciais, a saber: a) práticas de conservação do solo, como terraceamento; b)
alinhamento e marcação de covas em nível; c) coveamento; d) calagem a lanço e
adubação na cova; e) irrigação e replantio quando necessários; e f) combate às
formigas permanente até ao 2º (segundo) ano após implantação; 6) manutenção:
uma vez concluído o plantio, a manutenção do mesmo é realizada até o 2º
(segundo) ano. Esta manutenção consta de uma limpeza mecânica em volta da
muda (coroamento) e uma adubação em cobertura. A partir de então toda a
limpeza da área passa a ser seletiva (principalmente retirada de colonião), para
proporcionar condições de germinação do banco de sementes.
[528]
Entre as diversas funções ou serviços ambientais prestados pelas Áreas de
Preservação Permanente Urbanas – APPU, vale mencionar: a) a proteção do solo
prevenindo a ocorrência de desastres associados ao uso e ocupação
inadequados de encostas e topos de morro; b) a proteção dos corpos d'água,
evitando enchentes, poluição das águas e assoreamento dos rios; c) a
manutenção da permeabilidade do solo e do regime hídrico, prevenindo contra
inundações e enxurradas, colaborando com a recarga de aquíferos e evitando o
comprometimento do abastecimento público de água em qualidade e em
quantidade; d) a função ecológica de refúgio para a fauna e de corredores
ecológicos que facilitam o fluxo gênico de fauna e flora, especialmente entre áreas
verdes situadas no perímetro urbano e nas suas proximidades; e) a atenuação de
desequilíbrios climáticos intra-urbanos, tais como o excesso de aridez, o
desconforto térmico e ambiental e o efeito “ilha de calor”. A manutenção das
Áreas de Preservação Permanente Urbanas – APPU possibilita a valorização da
paisagem e do patrimônio natural e construído (de valor ecológico, histórico,
cultural, paisagístico e turístico). Esses espaços exercem, do mesmo modo,
funções sociais e educativas relacionadas com a oferta de campos esportivos,
áreas de lazer e recreação, oportunidades de encontro, contato com os elementos
da natureza e educação ambiental (voltada para a sua conservação),
proporcionando uma maior qualidade de vida às populações urbanas, que
representam 84,4% da população do país. Os efeitos indesejáveis do processo de
urbanização sem planejamento, como a ocupação irregular e o uso indevido
dessas áreas, tende a reduzi-las e degradá-las cada vez mais. Isso causa graves
problemas nas cidades e exige um forte empenho no incremento e
aperfeiçoamento de políticas ambientais urbanas voltadas à recuperação,
manutenção, monitoramento e fiscalização das Áreas de Preservação
Permanente Urbanas – APPU, tais como: a) articulação de estados e municípios
para a criação de um sistema integrado de gestão de Área de Preservação
Permanente Urbana – APPU, incluindo seu mapeamento, fiscalização,
recuperação e monitoramento; b) apoio a novos modelos de gestão de Área de
Preservação Permanente Urbana – APPU com participação das comunidades e
parcerias com entidades da sociedade civil; c) definição de normas para a
instalação de atividades de esporte, lazer, cultura e convívio da população,
compatíveis com a função ambiental dessas áreas. Além disso, a Secretaria de
Recursos Hídricos e Ambiente Urbano contratou a Universidade de Brasília –
UNB para fazer o levantamento, em 700 (setecentos) municípios brasileiros, do
percentual de áreas verdes e dos corpos d'água existentes nas áreas
efetivamente urbanizadas e no seu entorno imediato, onde são exercidas as
maiores pressões do processo de expansão urbana. O estudo visa conhecer a
proporção de área urbanizada coberta por vegetação e o estado de conservação
das Áresa de Preservação Permanente Urbanas – APPU em suas faixas
marginais. A partir do conhecimento dessa realidade será possível subsidiar: a
formulação de normas e parâmetros legais sobre o tema; o monitoramento e a
definição de ações e estratégias da política ambiental urbana; os processos de
decisão a fim de preservar as Áreas de Preservação Permanente Urbanas –
APPU e evitar a sua ocupação inadequada; o apoio aos programas de prevenção
de desastres; a avaliação de potencialidades e necessidades na recuperação e
preservação das Áreas de Preservação Permanente Urbanas – APPU situadas
em áreas efetivamente urbanizadas e de expansão urbana.
[529]
Parque urbano: é uma área verde com função ecológica, estética e de lazer,
no entanto, com uma extensão maior que as praças e jardins públicos.
[530]
“Art. 3°. Constitui Área de Preservação Permanente a área situada: I- em
faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com
largura mínima, de: a) trinta metros, para o curso d’água com menos de dez
metros de largura; b) cinquenta metros, para o curso d’água com dez a cinquenta
metros de largura; c) cem metros, para o curso d’água com cinquenta a duzentos
metros de largura; d) duzentos metros, para o curso d’água com duzentos a
seiscentos metros de largura; e) quinhentos metros, para o curso d’água com
mais de seiscentos metros de largura; II- ao redor de nascente ou olho d’água,
ainda que intermitente, com raio mínimo de cinquenta metros de tal forma que
proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte; III- ao redor de lagos e
lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de: a) trinta metros, para os que
estejam situados em áreas urbanas consolidadas; b) cem metros, para as que
estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água com até vinte hectares de
superfície, cuja faixa marginal será de cinquenta metros; IV- em vereda e em faixa
marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de cinquenta metros, a
partir do limite do espaço brejoso e encharcado; V- no topo de morros e
montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a dois
terços da altura mínima da elevação em relação a base; VI- nas linhas de
cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois
terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da cumeada, fi xando-se a
curva de nível para cada segmento da linha de cumeada equivalente a mil metros;
VII- em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou
quarenta e cinco graus na linha de maior declive; VIII- nas escarpas e nas bordas
dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa nunca inferior a
cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa; IX- nas
restingas: a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de
preamar máxima; b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por
vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues; X- em
manguezal, em toda a sua extensão; XI- em duna; XII- em altitude superior a mil e
oitocentos metros, ou, em Estados que não tenham tais elevações, a critério do
órgão ambiental competente; XIII- nos locais de refúgio ou reprodução de aves
migratórias; XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna
ameaçados de extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público
Federal, Estadual ou Municipal; XV- nas praias, em locais de nidifi cação e
reprodução da fauna silvestre.
Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais morros ou montanhas cujos
cumes estejam separados entre si por distâncias inferiores a quinhentos metros, a
Área de Preservação Permanente abrangerá o conjunto de morros ou montanhas,
delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura em
relação à base do morro ou montanha de menor altura do conjunto, aplicando-se
o que segue: I- agrupam-se os morros ou montanhas cuja proximidade seja de até
quinhentos metros entre seus topos; II- identifi ca-se o menor morro ou montanha;
III- traça-se uma linha na curva de nível correspondente a dois terços deste; e IV-
considera-se de preservação permanente toda a área acima deste nível.
[531]
“Art 3º. Constitui Área de Preservação Permanente a área com largura
mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a
partir do nível máximo normal de: I- trinta metros para os reservatórios artificiais
situados em áreas urbanas consolidadas e cem metros para áreas rurais; II-
quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de energia
elétrica com até dez hectares, sem prejuízo da compensação ambiental; III-
quinze metros, no mínimo, para reservatórios artificiais não utilizados em
abastecimento público ou geração de energia elétrica, com até vinte hectares de
superfície e localizados em área rural.
§1º. Os limites da Área de Preservação Permanente, previstos no inciso I,
poderão ser ampliados ou reduzidos, observando-se o patamar mínimo de trinta
metros, conforme estabelecido no licenciamento ambiental e no plano de recursos
hídricos da bacia onde o reservatório se insere, se houver.
§2º. Os limites da Área de Preservação Permanente, previstos no inciso II,
somente poderão ser ampliados, conforme estabelecido no licenciamento
ambiental, e, quando houver, de acordo com o plano de recursos hídricos da
bacia onde o reservatório se insere.
§3º. A redução do limite da Área de Preservação Permanente, prevista no § 1º
deste artigo não se aplica às áreas de ocorrência original da floresta ombrófila
densa - porção amazônica, inclusive os cerradões e aos reservatórios artificiais
utilizados para fins de abastecimento público.
§4º. A ampliação ou redução do limite das Áreas de Preservação Permanente, a
que se refere o § 1º, deverá ser estabelecida considerando, no mínimo, os
seguintes critérios: I- características ambientais da bacia hidrográfica; II- geologia,
geomorfologia, hidrogeologia e fisiografia da bacia hidrográfica; III- tipologia
vegetal; IV- representatividade ecológica da área no bioma presente dentro da
bacia hidrográfica em que está inserido, notadamente a existência de espécie
ameaçada de extinção e a importância da área como corredor de biodiversidade;
V- finalidade do uso da água; VI- uso e ocupação do solo no entorno; VII- o
impacto ambiental causado pela implantação do reservatório e no entorno da Área
de Preservação Permanente até a faixa de cem metros.
§5º. Na hipótese de redução, a ocupação urbana, mesmo com parcelamento do
solo através de loteamento ou subdivisão em partes ideais, dentre outros
mecanismos, não poderá exceder a dez por cento dessa área, ressalvadas as
benfeitorias existentes na área urbana consolidada, à época da solicitação da
licença prévia ambiental.
§6º. Não se aplicam as disposições deste artigo às acumulações artificiais de
água, inferiores a cinco hectares de superfície, desde que não resultantes do
barramento ou represamento de cursos d`água e não localizadas em Área de
Preservação Permanente, à exceção daquelas destinadas ao abastecimento
público”.
[532]
“Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal
preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre
particulares.
§1°. Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o
direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos,
renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.
§2°. O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado
na forma do § 1o, independentemente do número de alienações referentes ao
mesmo imóvel.
Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público
necessitar de áreas para: I- regularização fundiária; II- execução de programas e
projetos habitacionais de interesse social; III- constituição de reserva fundiária; IV-
ordenamento e direcionamento da expansão urbana; V- implantação de
equipamentos urbanos e comunitários; VI- criação de espaços públicos de lazer e
áreas verdes; VII- criação de unidades de conservação ou proteção de outras
áreas de interesse ambiental; VIII- proteção de áreas de interesse histórico,
cultural ou paisagístico; IX- (VETADO).
Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25 desta Lei deverá
enquadrar cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais das
finalidades enumeradas por este artigo.
Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para
que o Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu
interesse em comprá-lo.
§1°. À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra
assinada por terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão
preço, condições de pagamento e prazo de validade.
§2°. O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local
ou regional de grande circulação, edital de aviso da notificação recebida nos
termos do caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da proposta
apresentada.
§3°. Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o
proprietário autorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da
proposta apresentada.
§4°. Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar ao
Município, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de alienação do
imóvel.
§5°. A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é
nula de pleno direito.
§6°. Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá adquirir o imóvel pelo
valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada,
se este for inferior àquele”.
[533]
“Art. 33. As pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria-prima florestal
em suas atividades devem suprir-se de recursos oriundos de: I- florestas
plantadas; II- PMFS de floresta nativa aprovado pelo órgão competente do
Sisnama; III- supressão de vegetação nativa autorizada pelo órgão competente do
Sisnama; IV- outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão competente
do Sisnama.
§1°. São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que
utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou que
detenham autorização para supressão de vegetação nativa.
§2°. É isento da obrigatoriedade da reposição florestal aquele que utilize: I-
costaneiras, aparas, cavacos ou outros resíduos provenientes da atividade
industrial; II- matéria-prima florestal: a) oriunda de PMFS; b) oriunda de floresta
plantada; c) não madeireira.
§3°. A isenção da obrigatoriedade da reposição florestal não desobriga o
interessado da comprovação perante a autoridade competente da origem do
recurso florestal utilizado.
§4°. A reposição florestal será efetivada no Estado de origem da matéria-prima
utilizada, mediante o plantio de espécies preferencialmente nativas, conforme
determinações do órgão competente do Sisnama”.
[534]
Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS: é o conjunto de
planejamentos e técnicas de colheita florestal, adaptadas às condições da floresta
e aos objetivos sociais e econômicos do seu aproveitamento. O objetivo deste
plano, exigido pela legislação florestal, é orientar a produção madeireira da
floresta, assegurar um melhor aproveitamento dos recursos, aumentar a
rentabilidade da atividade, reduzir o impacto da exploração, diminuir os riscos de
trabalho e promover a sustentabilidade. O Plano de Manejo Florestal Sustentável
– PMFS permite sintetizar o ambiente físico (clima, topografia, hidrografia,
geologia, solo), socioeconômico (população, economia, infra-estrutura) e biológico
(vegetação e fauna). Esses dados são obtidos através de: a) literatura; b) trabalho
de cartografia com zoneamento da floresta em áreas exploráveis (identificação
dos tipos florestais) e áreas não exploráveis (Áreas de Preservação Permanentes
– APP, áreas inacessíveis à exploração, etc.); c) levantamento de campo com
avaliação do potencial madeireiro, bem como das características da topografia,
hidrografia e infra-estrutura da área. O levantamento de campo consiste num
inventário amostral único, sistema de amostragem estratificado baseado na
tipologia florestal, com unidades de amostra distribuídas aleatoriamente e uma
taxa de sondagem de aproximadamente 0,01 a 0,02%. O Plano de Manejo
Florestal Sustentável – PMFS apresenta todas as características da exploração e
do manejo florestal: ciclo de corte, volume de produção, atividades pré-
exploratórias, exploratórias e pós-exploratórias, impactos ambientais e medidas
compensatórias. Esses dados permitem projetar a rede de estradas e delimitar as
Unidades de Produção Anual durante todo o ciclo de corte.
[535]
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 412 e ss.
[536]
Óleo: qualquer forma de hidrocarboneto (petróleo e seus derivados), incluindo
óleo cru, óleo combustível, borra, resíduos de petróleo e produtos refinados
(inciso VIII do art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[537]
Substância nociva ou perigosa: qualquer substância que, se descarregada
nas águas, é capaz de gerar riscos ou causar danos à saúde humana, ao
ecossistema aquático ou prejudicar o uso da água e de seu entorno (inciso X do
art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[538]
Porto organizado: porto construído e aparelhado para atender às
necessidades da navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias,
concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam
sob a jurisdição de uma autoridade portuária, ou seja, uma autoridade
responsável pela administração do porto organizado, competindo-lhe fiscalizar as
operações portuárias e zelar para que os serviços se realizem com regularidade,
eficiência, segurança e respeito ao meio ambiente (incisos XII e XXIII do art. 2° da
Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[539]
Instalação portuária ou terminal: instalação explorada por pessoa jurídica de
direito público ou privado, dentro ou fora da área do porto organizado, utilizada na
movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou provenientes de
transporte aquaviário (inciso XIII do art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[540]
Plataformas: instalação ou estrutura, fixa ou móvel, localizada em águas sob
jurisdição nacional, destinada a atividade direta ou indiretamente relacionada com
a pesquisa e a lavra de recursos minerais oriundos do leito das águas interiores
ou de seu subsolo, ou do mar, da plataforma continental ou de seu subsolo (inciso
VI do art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[541]
Instalações de apoio: quaisquer instalações ou equipamentos de apoio à
execução das atividades das plataformas ou instalações portuárias de
movimentação de cargas a granel, tais como dutos, monoboias, quadro de bóias
para amarração de navios e outras (inciso VII do art. 2° da Lei n° 9.966, de
28.04.2000).
[542]
Incidente: qualquer descarga (qualquer despejo, escape, derrame,
vazamento, esvaziamento, lançamento para fora ou bombeamento de substâncias
nocivas ou perigosas, em qualquer quantidade, a partir de um navio, porto
organizado, instalação portuária, duto, plataforma ou suas instalações de apoio)
de substância nociva ou perigosa, decorrente de fato ou ação intencional ou
acidental que ocasione risco potencial, dano ao meio ambiente ou à saúde
humana (incisos XI e XIV do art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[543]
Navio: embarcação de qualquer tipo que opere no ambiente aquático,
inclusive hidrofólios, veículos a colchão de ar, submersíveis e outros engenhos
flutuantes (inciso V do art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[544]
Órgão regulador da indústria do petróleo: órgão do poder executivo federal,
responsável pela regulação, contratação e fiscalização das atividades econômicas
da indústria do petróleo, sendo tais atribuições exercidas pela Agência Nacional
do Petróleo – ANP (inciso XXIV do art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[545]
Autoridade marítima: autoridade exercida diretamente pelo Comandante da
Marinha, responsável pela salvaguarda da vida humana e segurança da
navegação no mar aberto e hidrovias interiores, bem como pela prevenção da
poluição ambiental causada por navios, plataformas e suas instalações de apoio,
além de outros cometimentos a ela conferidos pela Lei n° 9.966, de 28.04.2000
(inciso XXII do art. 2° da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
[546]
Órgão ambiental ou órgão de meio ambiente: órgão do poder executivo
federal, estadual ou municipal, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente
– SISNAMA), responsável pela fiscalização, controle e proteção ao meio ambiente
no âmbito de suas competências (inciso XXI do art. 2° da Lei n° 9.966, de
28.04.2000).
[547]
Os princípios do estudo de impacto ambiental como limite da
discricionariedade administrativa, Revista Forense, n. 317, p. 25 e ss.
[548]
Direito ambiental cit., p. 197.
[549]
Op.cit., p. 190.
[550]
Direito administrativo e meio ambiente, p. 62.
[551]
Direito ambiental cit., p. 197.
[552]
Idem, p. 200.
[553]
Os princípios do estudo de impacto ambiental... cit., Revista Forense, p. 27.
[554]
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
[555]
Direito ambiental cit., p. 198.
[556]
Op.cit., p. 193.
[557]
Art. 6º. Para os fins desta Lei, considera-se: (...) IX. Projeto Básico – conjunto
de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para
caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da
licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a
avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
devendo conter os seguintes elementos: a) desenvolvimento da solução escolhida
de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos
constitutivos com clareza; b) soluções técnicas globais e localizadas,
suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação
ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de
realização das obras e montagem; c) identificação dos tipos de serviços a
executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento,
sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; d) informações que
possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações
provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter
competitivo para a sua execução; e) subsídios para montagem do plano de
licitação e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de
suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada
caso; f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em
quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados; (...)
[558]
Direito ambiental cit., p. 207-208.
[559]
Idem, p. 211.
[560]
Direito ambiental cit., p. 209.
[561]
Direito ambiental cit., p. 214.
[562]
Meio Ambiente: legislação vigente no Estado do Rio de Janeiro, p. 38.
[563]
Direito ambiental cit., p. 218.
[564]
Idem, p. 216.
[565]
Idem, p. 216-217.
[566]
“EIR”, “EIS”, “ER”, siglas usadas de acordo com a legislação de cada país de
língua inglesa. O mesmo ocorre com as expressões em espanhol.
[567]
“Art. 18. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimento de atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio
licenciamento do órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, sem
prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
§1º. Caberá ao CONAMA fixar os critérios básicos, segundo os quais serão
exigidos estudos de impacto ambiental para fins de licenciamento, contendo, entre
outras, os seguintes itens: a) diagnóstico ambiental da área; b) descrição da ação
proposta e suas alternativas; c) identificação, análise e previsão dos impactos
significativos, positivos e negativos.
§2º. O estudo de impacto ambiental será realizado por técnicos habilitados, e
constituirá Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), correndo as despesas por
conta do proponente do projeto.
§3º. Respeitada a meteria de sigilo industrial, assim expressamente caracterizada
a pedido do interessado, o RIMA, devidamente fundamentado, será acessível ao
público.
§4º. Resguardado o sigilo industrial, os pedidos de licenciamento, em qualquer
das suas modalidades, sua renovação e a respectiva concessão da licença, serão
objeto de publicação resumida, paga pela interessado, no jornal oficial do Estado
e em um periódico de grande circulação, regional ou local, conforme modelo
aprovado pela IBAMA”.
[568]
Direito ambiental cit., p. 218.
[569]
“Art. 4°. Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos: I-
planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de
desenvolvimento econômico e social; II- planejamento das regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões; III- planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor; b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c)
zoneamento ambiental; d) plano plurianual; e) diretrizes orçamentárias e
orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa; g) planos, programas e
projetos setoriais; h) planos de desenvolvimento econômico e social; IV- institutos
tributários e financeiros: a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
– IPTU; b) contribuição de melhoria; c) incentivos e benefícios fiscais e
financeiros; V- institutos jurídicos e políticos: a) desapropriação; b) servidão
administrativa; c) limitações administrativas; d) tombamento de imóveis ou de
mobiliário urbano; e) instituição de unidades de conservação; f) instituição de
zonas especiais de interesse social; g) concessão de direito real de uso; h)
concessão de uso especial para fins de moradia; i) parcelamento, edificação ou
utilização compulsórios; j) usucapião especial de imóvel urbano; l) direito de
superfície; m) direito de preempção; n) outorga onerosa do direito de construir e
de alteração de uso; o) transferência do direito de construir; p) operações urbanas
consorciadas; q) regularização fundiária; r) assistência técnica e jurídica gratuita
para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos; s) referendo popular e
plebiscito; t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária (incluído
pela Lei n° 11.977, de 07.07.2009); u) legitimação de posse (incluído pela Lei n°
11.977, de 07.07.2009); VI- estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo
prévio de impacto de vizinhança (EIV).
§1°. Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes
é própria, observado o disposto nesta Lei.
§2°. Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social,
desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração Pública com atuação
específica nessa área, a concessão de direito real de uso de imóveis públicos
poderá ser contratada coletivamente.
§ 3°. Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos
por parte do Poder Público municipal devem ser objeto de controle social,
garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade
civil”.
[570]
“Art. 73. Empreendimentos de impacto são aqueles, públicos ou privados, que
venham a sobrecarregar a infra-estrutura urbana ou a ter repercussão ambiental
significativa”.
[571]
“Art. 74. A instalação, a construção, a ampliação ou o funcionamento dos
empreendimentos de impacto, sem prejuízo de outras licenças legalmente
exigíveis, ficam sujeitos a: I- licenciamento ambiental pelo COMAM, nos termos
da legislação específica, nos casos em que o empreendimento implique
repercussões ambientais significativas; II- licenciamento urbanístico pelo
COMPUR, nos casos em que o empreendimento implique repercussões
preponderantemente urbanísticas (com redação dada pelo art. 69 da Lei Municipal
n° 9.959, de 20.07.2010).
§1º. Os órgãos da administração municipal somente aprovarão projeto de
implantação ou ampliação dos empreendimentos de impacto após o licenciamento
a que se refere o caput, sob pena de responsabilização administrativa e nulidade
dos seus atos.
§2º. O licenciamento das atividades a que se refere o inciso I do caput deste
artigo dependerá da prévia elaboração de estudos que contenham a análise de
impactos no meio ambiente e as medidas destinadas a minimizar as
consequências indesejáveis e a potencializar os seus efeitos positivos, inclusive a
elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA - e o respectivo Relatório de
Impacto Ambiental - RIMA -, quando for o caso (com redação dada pelo art. 69 da
Lei Municipal n° 9.959, de 20.07.2010).
§3º. Lei específica disporá sobre a regulamentação do licenciamento de que trata
este artigo.
§4º. O licenciamento das atividades a que se refere o inciso II do caput deste
artigo dependerá da elaboração de estudos que contenham a análise de impactos
nas condições funcionais, paisagísticas e urbanísticas e as medidas destinadas a
minimizar as consequências indesejáveis e a potencializar os seus efeitos
positivos, inclusive a elaboração de Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV -,
conforme o disposto no Capítulo XI da Lei nº 7.165/96, quando for o caso (com
redação dada pelo art. 69 da Lei Municipal n° 9.959, de 20.07.2010).
§5º. O funcionamento de empreendimento de impacto já instalado poderá ficar
condicionado ao licenciamento urbanístico, quando convocado pelo COMPUR
(com redação dada pelo art. 69 da Lei Municipal n° 9.959, de 20.07.2010)”.
[572]
“Art. 74-A. Submetem-se a licenciamento ambiental pelo COMAM as
seguintes atividades e os seguintes empreendimentos de impacto: I- extração ou
tratamento de minerais; II- barragens para contenção de rejeitos ou resíduos; III-
indústrias com repercussão ambiental significativa; IV- usina de asfalto; V-
terminais rodoviários, ferroviários e aeroviários; VI- terminais de minério, de
produtos químicos e petroquímicos; VII- oleodutos, gasodutos, minerodutos; VIII-
interceptores de esgoto; IX- aterros sanitários e usinas de reciclagem de resíduos
sólidos e estação de transbordo de resíduos; X- unidades de incineração de
resíduos; XI- autódromos, hipódromos e estádios esportivos; XII- cemitérios e
crematórios; XIII- matadouros e abatedouros; XIV- estabelecimentos prisionais;
XV- ferrovias, subterrâneas ou de superfície; XVI- linhas de transmissão de
energia elétrica, acima de 230 kV (duzentos e trinta quilovolts); XVII- usinas de
geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima 10
MW (dez megawatts); XVIII- intervenções em corpos d’água - tais como
barragens, canalizações, retificações de coleções de água - e em diques; XIX-
estações de tratamento de água; XX- estações de tratamento de esgotos
sanitários; XXI- garagem de empresas de transporte de passageiros e de cargas;
XXII- postos de abastecimento de veículos e de revenda de combustíveis; XXIII-
loteamentos; XXIV- parcelamentos destinados a uso industrial; XXV- obras de arte
compreendidas por viadutos, túneis e trincheiras; XXVI- hospitais; XXVII-
tipologias de atividades e empreendimentos arrolados pelo Conselho Estadual de
Política Ambiental – COPAM –, como modificadoras do meio ambiente, sujeitas ao
licenciamento ambiental ou à autorização ambiental de funcionamento.
Parágrafo único - O COMAM estabelecerá, com base em critérios que conjuguem
o porte e o potencial poluidor ou degradador do meio ambiente, quais as
atividades e os empreendimentos arrolados neste artigo que estarão sujeitos a
licenciamento simplificado perante o órgão municipal de meio ambiente, e quais
os procedimentos específicos aplicáveis a cada modalidade de licenciamento
(com redação dada pelo art. 70 da Lei Municipal n° 9.959, de 20.07.2010)”.
[573]
“Art. 74-B - Submetem-se a licenciamento urbanístico pelo COMPUR os
seguintes empreendimentos de impacto: I- os edifícios não residenciais com área
de estacionamento maior que 10.000 m² (dez mil metros quadrados) ou com mais
de 400 (quatrocentas) vagas [, inciso I do art. 15 do Decreto Municipal n° 14.594,
de 30.09.2011: a área de estacionamento citada corresponde à soma das áreas
destinadas às vagas para estacionamento de veículos e das áreas destinadas a
acesso, circulação e manobra necessárias para alcançá-las. Inciso II do art. 15 do
Decreto Municipal n° 14.594, de 30.09.2011: o número de vagas previsto diz
respeito àquelas destinadas a estacionamento de veículos]; II- os destinados a
uso residencial que tenham mais de 300 (trezentas) unidades; III- os destinados a
uso misto com mais de 20.000 m² (vinte mil metros quadrados); IV- os destinados
a serviço de uso coletivo com área maior que 6.000 m² (seis mil metros
quadrados); V- casas de show, independentemente da área utilizada [inciso III do
art. 15 do Decreto Municipal n° 14.594, de 30.09.2011: a referência para aplicação
do disposto nos itens 3 e 4 será a área total edificada -construída- ou a área
utilizada pela atividade, inclusive áreas descobertas, prevalecendo aquela que for
maior]; VI- centro de convenções, independentemente da área utilizada; VII- casa
de festas e eventos com área utilizada superior a 360 m² (trezentos e sessenta
metros quadrados); VIII- hipermercados com área utilizada igual ou superior a
5.000 m² (cinco mil metros quadrados); IX- os parcelamentos vinculados, na figura
de desmembramento, que originem lote com área superior a 10.000 m² (dez mil
metros quadrados) ou quarteirão com dimensão superior a 200 m (duzentos
metros); X- as intervenções em áreas urbanas consolidadas, compreendidas por
modificações geométricas significativas de conjunto de vias de tráfego de
veículos; XI- os helipontos; XII- outros empreendimentos sujeitos a EIV definidos
por lei municipal.
Parágrafo único - Mediante definição de padrões e procedimentos, o COMPUR
poderá delegar ao Executivo a análise de licenciamentos de empreendimentos
que sejam considerados de baixa repercussão negativa para a vizinhança (com
redação dada pelo art. 70 da Lei Municipal n° 9.959, de 20.07.2010)”.
[574]
Direito ambiental cit., p. 219.
[575]
Direito ambiental cit., p. 220.
[576]
Idem, ibidem.
[577]
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA, Rotulagem Ambiental:
Documento base para o Programa Brasileiro de Rotulagem Ambiental, Brasília,
MMA/SPDS, 2002, p. 11.
[578]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 14.
[579]
Qualidade: a definição de qualidade pode ser obtida sob 5 (cinco) aspectos
distintos: 1) Qualidade transcendente (avaliação do produto, do processo
produtivo e da percepção do consumidor): sob este aspecto, a qualidade constitui
“uma condição de excelência que implica em ótima qualidade, distinta de má
qualidade (...) Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de se
contentar com o mal feito ou fraudulento”. A qualidade neste sentido não é
mensurável, pois se trata algo subjetivo (TUCHMAN, Bárbara W. “The Decline of
Quality”. In: New York Times Magazine, 02.11.2002, p. 38-42); 2) Qualidade
baseada no produto (avaliação comparativa do produto): sob este aspecto, a
qualidade diz respeito às “diferenças de Qualidade correspondem a diferenças de
quantidade de algum ingrediente ou atributo desejado”. A qualidade neste sentido
também não é mensurável, pois se trata algo subjetivo (ABBOTT, Lawrence,
Quality and Competition: An Essay in Economic Theory, New York, Columbia.
University Press. Andersen Consulting, 1996, p. 39-40); 3) Qualidade baseada no
usuário (avaliação da aplicabilidade do produto): sob este aspecto, a qualidade
constitui “Qualidade é adequação ao uso”. A qualidade neste sentido não é
igualmente mensurável, pois se trata algo subjetivo (JURAN, Joseph M. Quality
Control Handbook, New York, Mcgraw-Hill Trade, 1988, p. 2-16); 4) Qualidade
baseada no valor (avaliação da aplicabilidade e percepção do consumidor): sob
este aspecto, a qualidade refere-se “ao melhor para certas condições do cliente.
Essas condições são as seguintes: a) o verdadeiro uso; e b) o preço de venda do
produto”. A qualidade neste sentido não é mensurável, pois se trata algo subjetivo
(FEIGENBAUM, Armand V. Total Quality Control, 3ª Ed., New York, Mcgraw-Hill
Trade, 1988, p. 51);.5) Qualidade baseada na produção (avaliação da adequação
a normas ou regulamentos): sob este aspecto, a qualidade significa “conformidade
com as exigências”. A qualidade neste sentido é mensurável e, por isso mesmo,
integrante do processo de avaliação de conformidade (CROSBY, Philip Bayard.
Quality is free, New York, McGraw-Hill Book Company, 1979, p. 38-39).
[580]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 14-15.
[581]
International Organization for Standardization – IOS (Organização
Internacional de Normalização, em português, ou L'Organisation internationale de
normalisation, em francês): embora popularmente se acredite que a expressão
“ISO” é um acrónimo de "International Standards Organization", na realidade o
nome originou-se da palavra grega " ἴ σος" ("isos"), que significa igualdade. Evita-
se com isso que a organização possua diferentes acrônimos em diferentes
idiomas, já que em inglês, o acrônimo seria IOS (International Organization for
Standardization), em francês OIN (Organisation Internationale de Normalisation),
e assim por diante. A escolha do nome “ISO” reflete assim o objetivo da
organização, ou seja, a padronização entre as diversas culturas. A International
Organization for Standardization é uma entidade que atualmente congrega os
grêmios de padronização/normalização de 170 (cento e setenta) países. Foi
fundada em 23.02.1947, em Genebra, na Suíça. A International Organization for
Standardization aprova normas internacionais em todos os campos técnicos.
Entre os tipos de classificações da International Organization for
Standardization,encontram-se: 1) Normas Técnicas, como, por exemplo, as
normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT; 2)
Classificações, como, por exemplo, os códigos de países (PT/PRT/620 para
Portugal; BR/BRA/076 para Brasil; etc.); 3) Normas de Procedimento, como, por
exemplo, as normas de procedimento de gestão da qualidade, de acordo com a
ISO 9000. Entre as entidades responsáveis pelas International Organization for
Standardization – ISO, por país, apenas a título de exemplo, podemos citar as
seguintes: a) Alemanha: Deutsches Institut fur Normung e. V – DIN; b) Angola:
Instituto Angolano de Normalização e Qualidade – IANORQ; c) Brasil: Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT; d) Estados Unidos da América: American
National Standards Institue – ANSI; e) Moçambique: Instituto Nacional de
Normalização e Qualidade – INNOQ; f) Portugal: Instituto Português da Qualidade
– IPQ.
[582]
O “Blue Angel Mark” é uma marca alemã de teste ambiental apresentado
como primeiro rótulo ecológico do mundo em 1977, marcando seu 25º aniversário
em 2002. O “Anjo Azul” promove o respeito tanto da proteção ambiental e defesa
do consumidor e é concedido aos produtos e serviços que são particularmente
benéfica para o ambiente de uma consideração toda a volta e que também
cumprir os elevados padrões de segurança e saúde ocupacional e aptidão para o
uso. O uso econômico de matérias-primas, a produção, o uso, a vida útil e a
eliminação do produto - todos esses fatores são designados como de elevada
importância, para que os produtos possam ser aprovados e ostentar diretamente
sobre eles o logomarca do programa de rotulagem ambiental “Blue Angel”
Também as empresas de serviços podem ostentar este logomarca em materiais
utilizados para oferecer os seus serviços.Cerca de 90 (noventa) produtos, tais
como máquinas de copiar, baterias de lítio e máquinas de industriais de baixo
ruído estão dentro do escopo da marca. A “Blue Ângulo Mark” é aplicada ao
Reichsausschuss fur Lieferbedingungen – RAL (Instituto Alemão para a Qualidade
e Rotulagem), que publica, anualmente, a “lista de produtos” que podem ostentar
esta marca
[583]
Eco Mark Program foi fundado pela Japan Environment Association – JEA em
1989, com o objetivo de sugerir para sugerir alternativas de produtos mais
adequados ao estilo de vida ecologicamente sustentável e, em última análise,
mais adequados para uma sociedade ambientalmente correta. Ao Eco Mark
Program indicar em um determinado produto que é certificado por ele como sendo
útil para a preservação ambiental, a informação de produto é fornecida em vista
da perspectiva ambiental. Também para os consumidores, que desejam viver em
meio ambiente mais saudável e condições razoáveis de sua preservação, possam
fazer a escolha de tais produtos com mais facilidade. Portanto, os critérios de
certificação do Eco Mark Program são os seguintes: 1) em comparação com
outros produtos semelhantes, os impactos ambientais são relativamente poucos
durante o ciclo de vida do produto certificado, o qual vai desde a sua produção até
o seu descarte; ao usar o produto certificado, o efeito do uso contribui
significativamente para a preservação ambiental, ou seja, o impacto ambiental
que é produzido a partir de outras causas pode ser reduzido consideravelmente.
Eco Mark Program destina-se a ser meio de oferecer escolha de produtos com
menor impacto ambiental, uma vez que o uso em excesso de produtos sem
certificação do Eco Mark Program não conduz a uma sociedade ambientalmente
correta. No entanto, não se pode perder de vista que o Eco Mark Program não se
destina a proteger os consumidores em relação aos benefícios diretos, tais como
a qualidade e segurança do produto.
[584]
A Green Seal, Inc. é uma organização independente, sem fins lucrativos que
utiliza padrões de base científica e do poder do mercado para criar um mundo
mais sustentável. A Green Seal, Inc. não tem qualquer interesse financeiro nos
produtos que certifica nem em qualquer fabricante ou da empresa. Assim, os
produtos certificados pela Green Seal. Inc. são portadores de certificações
confiáveis, objetivas e imparciais, cuja única finalidade é orientar o comprador de
produtos e serviços ambientalmente corretos ou sustentáveis. Somente produtos
que são certificados pela Green Seal. Inc. podem exibir a logomarca e certificado
Green Seal (Selo Verde).
[585]
A Rainforest Alliance é uma Organização Não-Governamental – ONG com o
objetivo publicar trabalhos com a conservação da biodiversidade e assegurar
subsistência sustentável, transformando as práticas de uso da terra, as práticas
de negócios e o comportamento do consumidor. A Rainforest Alliance lançou, em
1989, o programa SmartWood, primeiro programa mundial de certificação florestal
sustentável para, impulsionada pelo mercado, incentivar, em fazendas floretais, a
gestão de florestas e dos recursos florestais ambiental e socialmente responsável.
Por sinal, o programa SmartWood ajudou a fundar, em 1993, o Forest
Stewardship Council – FSC, organização sem fins lucrativos que promove a
gestão florestal responsável a nível mundial. O programa SmartWood é
credenciado para certificar as operações florestais que cumprem as normas
ambientais e sociais do Forest Stewardship Council – FSC. As operações
florestais que ganham certificação podem usar um selo nos produtos feitos a partir
de madeira para que os consumidores saibam que a madeira que está comprando
vem de florestas geridas de forma a preservar a biodiversidade e assegurar os
direitos dos trabalhadores e da população local. O programa SmartWood já
certificou mais de 108 milhões de acres (43,8 milhões de hectares) de floresta em
todo o mundo, tornando-se assim a maior certificadora do Forest Stewardship
Council – FSC de florestas no mundo. O programa SmartWood da Rainforest
Alliance foi classificado como “melhor de sua classe”, segundo o relatório
independente “Wood Products Legality Verification Systems: An Assessment",
elaborado pelo Greenpeace, uma das mais famosas organizações mundiais do
meio ambiente,
[586]
Outras normas ou standards importantes da International Organization for
Standardization (ISO) são as seguintes: 1) ISO 31 (“Tamanhos e unidades”); 2)
ISO 1000 (“Unidades SI e recomendações para o uso de seus múltiplos e de
algumas outras unidades”); 3) ISO 216 (“Formatos e dimensões de papel - série A
e B”); 4) ISO 269 (“Formatos e dimensões de envelopes.”); 5) ISO 639 (“Códigos
para representação de nomes de línguas”); 6) ISO 1337 (“Padronização para
linguagem de internet”); 7) |ISO 2108 (“Sistema internacional de identificação de
livros, ISBN”); 8) ISO 3166 (“Códigos de países e subdivisões”); 9) ISO 4217
(“Códigos de moeda”); 10) ISO 5218 (“Convenção numérica para representação
de sexos”); 11) ISO 5800 (“Sensibilidade das películas fotográficas”); 12) ISO
7810 (“Normas para cartões ID-1,ID-2 e ID-3 (de identificação, bancários,
passaporte, carta de condução”); 13) ISO 7811 (“Métodos de gravação em cartões
ID1”); 14) ISO 7813 (“Características adicionais de cartões ID-1”); 15) ISO 7816
(“Cartões ID-1 com micro circuitos integrados”); 16) ISO 8601 (“International
Standard Date and Time Notation”); 17) ISSO 8859 (“Codificação de caracteres
em fontes, as quais incluem o ASCII (por exemplo, ISO 8859-1, ISO 8859-2”); 18)
ISO 8879 (“Standard Generalized Markup Language – SGML”); 19) ISSO 9000
(“Sistema de gestão da qualidade em ambientes de produção”); 20) ISO 9660
(“Sistema de ficheiros para CD-ROMs”); 21) ISO 9899 (“A linguagem de
programação C”); 22) ISO 10006 (“Gestão da qualidade (aplicada em gestão de
projetos”); 23) IS/IEF 10179:1996 (“Semânticas de Estilo de Documentos e
Linguagem de Especificações - DSSSL”); 24) ISO/TEC 10646 (“Universal
Character Set - equivalente ao Unicode”); 25) ISO 14000–ISO 13064 (“Normas de
gestão do ambiente em ambientes de produção”); 26) ISO 14772 (“Virtual Reality
Modelling Language VRML”); 27) ISO/IEC 14882 (“A linguagem de programação
C++”); 27) ISO/IEC 15504 (“SPICE ISO sobre as necessidades e os requisitos de
um padrão internacional para avaliação de processos de SW”); 28) ISO/IEC
17024 (“Avaliação de conformidade para estabelecer requisitos gerais para
organismos que realizam certificação de pessoas”); 30) ISO/IEC 17799
(“Tecnologia da informação: código de conduta para a gestão da segurança da
informação”); 31) ISO/IEC 12207 (“Tecnologia da informação: define processo de
desenvolvimento de software”); 31) ISO 20000–ISO/IEC 20000 (“Tecnologia da
informação: define processos de gerenciamento de serviços de TI”); 32) ISO/IEC
26300 (“Open Document Format, ODF”).
[587]
Avaliação do Ciclo de Vida – ACV, em jargão técnico, é uma forma que tende
a examinar o impacto total de um produto através de cada etapa de sua vida,
desde a obtenção de matéria prima , a forma de como é fabricado, a venda no
mercado , o uso em casa , e seu descarte. As opções de descarte incluem
incineração, depósito em aterros, ou recliclagem.
[588]
Scientific Certification Systems – SCS oferece uma ampla gama de
certificações de produtos ecológicos, incluindo Single Claim Attribute (Atributo de
Única Reivindicação), Multiple-Attribute Claims (Atributo de Múltiplas
Reivindicações) e Comprehensive Cradle-to-grave Life Cycle Assessment Based
Claims (Avaliação das Reivindicações Baseadas no Ciclo de Vida Global do Berço
ao Túmulo), Por mais de 25 anos, Scientific Certification Systems – SCS
desenvolveu padrões internacionalmente reconhecidos e programas de
certificação em busca do mais alto nível de desempenho ambiental e
responsabilidade social. Muitas certificações são baseadas em metodologia
inovadora de avaliação do ciclo de vida. Todos os padrões de certificação estão
disponíveis para consulta pública para assegurar a transparência. Quando as
normas exigem testes de laboratório, Scientific Certification Systems – SCS
trabalha com laboratórios independentes para garantir ainda mais as decisões
imparciais de certificação.
[589]
O Federal Insecticide, Fungicide, and Rodenticide Act – FIFRA [(PL 75-717) 7
USC § 136 e segs.] é uma lei dos Estados Unidos federal que criou o sistema
básico regulação de pesticidas norte-americano, para proteger os aplicadores, os
consumidores e omeio ambiente. O Federal Insecticide, Fungicide, and
Rodenticide Act – FIFRA é administrado pela United States Environmental
Protection Agency – USEPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
da América) e os órgãos ambientais competentes dos respectivos estados. A
versão atual do Federal Insecticide, Fungicide, and Rodenticide Act – FIFRA
sofreu grande revisão em 1972 e substituiu a Lei Federal de Inseticidas de 1910 e
Lei Federal dos Inseticidas, Fungicidas e Raticidas de 1947. Em 1988, foi alterada
para mudar as leis de registro de pesticidas e de exigir recadastramento de
determinados pesticidas que haviam sido registrados antes de 1984. O ato foi
novamente alterado em 1996 pelo Food Quality Protection Act (Ato de proteção
da Qualidade Alimentar”. Todavia, a distribuição e o uso de agrotóxicos são
regulamentados pela United States Environmental Protection Agency – USEPA.
Quando Federal Insecticide, Fungicide, and Rodenticide Act – FIFRA foi aprovado
em 1947, atribuiu ao United States Departament of Agriculture – USDA a
responsabilidade pela regulação de pesticidas. Em 1972, quando Federal
Insecticide, Fungicide, and Rodenticide Act – FIFRA sofreu grande revisão,
transferiu a responsabilidade de regulamentação dos pesticidas para a United
States Environmental Protection Agency – USEPA, com isto também transferiu a
ênfase da normatização à proteção do meio ambiente e à saúde pública. A sua
versão de 1972 está em grande parte ainda em vigor. Federal Insecticide,
Fungicide, and Rodenticide Act – FIFRA estabeleceu um conjunto de
regulamentos de pesticidas, a saber: 1) o Federal Insecticide, Fungicide, and
Rodenticide Act – FIFRA regulamentou o registro de todos os pesticidas, o que só
é feito após um período de coleta de dados para determinar a eficácia de seu uso,
dosagem apropriada e os riscos do material particular. Quando registrado, um
rótulo é criado para instruir o usuário final a respeito do uso adequado do
material.Se as instruções são ignoradas, os usuários são responsáveis por
quaisquer consequências negativas. As instruções contidas no rótulo são
projetadas para maximizar a eficácia do produto, protegendo o aplicador, os
consumidores e o meio ambiente. Os críticos do processo apontam, por um lado,
que a pesquisa para elaborar o rótulo é inteiramente feita pelo fabricante e não
muito é feita a verificação sobre a sua precisão. Por outro lado, alguns
consideram o processo muito rigoroso. Custa milhões de dólares a produção de
tais produtos e, frequentemente, levam muitos anos para se conseguir registrar
um novo agrotóxico, o que limita a produção apenas para grandes indústrias. Da
mesma forma muitos produtos menos usados ou voltados para determinada
especialidade nunca são registrados, pois as empresas não consideram o
potencial de vendas suficiente grande para justificar o investimento; 2) apenas
poucos pesticidas são disponibilizados ao público em geral. A maioria dos
pesticidas são considerados muito perigosos para uso geral, e restritos aos
aplicadores certificados. O Federal Insecticide, Fungicide, and Rodenticide Act –
FIFRA estabeleceu um sistema de controle e certificação, tanto a nível privado
como a nível comercial, para os aplicadores que desejam adquirir e usar
pesticidas de uso restrito. A distribuição dos pesticidas restrito também é
monitorada; 3) United States Environmental Protection Agency – USEPA tem
processos de revisão diferentes para 3 (três) categorias de pesticidas: a)
antibióticos; b) bioinseticidas; e c) inseticidas convencionais. Essas três categorias
têm um processo de pedido de registro semelhante, mas cada qual tem
exigências diferentes, dados e políticas de revisão próprias. Dependendo da
categoria do pesticida, o processo de revisão pode demorar vários anos. Depois
que um determinado pesticida é registrado na United States Environmental
Protection Agency – USEPA, pode também haver inscrição estadual, mas nesse
caso outros requisitos podem vir a ser considerados.
[590]
O Surgeon General of the United States é o escritporio operacional do Public
Health Service Commissioned Corps – PHSCC (Corpo de Comissionados do
Serviço de Saúde Pública) e, portanto, o principal porta-voz em questões de
saúde pública no governo federal norte-americano. O Chefe-geral do escritório e
funcionários são conhecidos como o Office of the Surgeon General – OSG.
[591]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 16.
[592]
Norma: é o documento técnico estabelecido por consenso entre as partes
interessadas (produtores, consumidores, governo, etc.), que fixa as características
mínimas que atividades e produtos devem cumprir, buscando o benefício da
comunidade, através da facilitação do comércio, aumento da produtividade e
segurança, proteção do meio ambiente, melhora da comunicação e entendimento
entre as partes, etc. As Normas também eliminam o desperdício de tempo,
matéria-prima e mão-de-obra, o que resulta em crescimento do mercado, melhoria
da qualidade e redução de preços e custos, fatores que alimentam o ciclo motor
do desenvolvimento social. A utilização do princípio de “referência a normas” nos
regulamentos nacionais ou nas disposições regionais permite que ao se
harmonizar as normas, através dos correspondentes organismos regionais ou
internacionais de normalização, se harmonizem também os diferentes
regulamentos nacionais, eliminando assim as barreiras técnicas ao comércio que
estes criam.
[593]
International Electrotechnical Commission – IEC (Comissão Eletrotécnica
Internacional): é uma organização internacional de padronização de tecnologias
elétricas, eletrônicas e relacionadas. Alguns dos seus padrões são desenvolvidos
juntamente com a International Organization for Standardization – ISO
(Organização Internacional para Padronização). A sede da International
Electrotechnical Commission – IEC, fundada em 1906, é localizada em Genebra,
Suíça. Entre as normas de padronização elaboradas por este órgão podemos citar
as seguintes: 1) NBRIEC60439-1: conjunto de manobra e comando de baixa
tensão em conformidade com um tipo ou sistema estabelecidos, sem desvios que
influenciem significativamente o desempenho em relação àquele conjunto típico
verificado que está em conformidade com os ensaios prescritos nas normas; 2)
NBRIEC60947-1: dispositivos de manobra e comando destinados a serem
conectados a circuitos onde a tensao nominal nao exceda 1 000 V Dc ou 1 500 V
Ac; 3) NBRIEC60947-2: disjuntores cujos contatos principais sao previstos para
serem conectados a circuitos com tensao nominal inferior a 1 000 V Ac. ou 1 500
V Dc, contém também requisitos adicionais para disjuntores com fusíveis
incorporados. Aplica-se a disjuntores, quaisquer que sejam suas correntes
nominais, métodos de construção ou aplicaçoes previstas; 4) NBRIEC60947-7-2:
especifica os requisitos para os conectores elétricos de condutores de proteção
com função PE e conectores elétricos de proteção com função PEN igual ou
superior a 10 mm, com dispositivos de aperto com ou sem parafuso, destinados
principalmente a usos industriais; 5) NBRIEC60269-1: condiçoes exigíveis para
dispositivos-fusíveis limitadores de corrente, com capacidade de interrupção não
inferior a 6 kA, destinados proteção de circuitos de potência Ac, cuja tensão
nominal não exceda 1 000 V, ou de circuitos Dc, cuja tensão nominal não
ultrapasse 1 500 V; 6) IEC 60898: disjuntores de baixa tensão, tensão máxima
440V; 7) IEC 60934: disjuntores para equipamento.
[594]
Comisión Panamericana de Normas Técnicas – COPANT (Comissão
Panamericana de Normas Técnicas): é uma organização privada sem fins
lucrativos que opera com plena autonomia e sem prazo de duração. Compreende
os Organismos Nacionales de Normalización – ONN (Organismos Nacionais de
Normalização) das Américas, que atualmente somam 25 (vinte e cinco) membros
ativos e 9 (nove) membros aderentes. A Comisión Panamericana de Normas
Técnicas – COPANT tem por missão a promoção do desenvolvimento da
normalização técnica e atividades correlatas nos seus países membros para
aumentar a sua capacidade industrial, científica e tecnológica, bem como o
desenvolvimento comercial. A Comisión Panamericana de Normas Técnicas –
COPANT serve também como centro de pesquisa para seus membros, bem como
meio de benefíciar da integração econômica e comercial, intercâmbio de bens e
serviços e facilitar a cooperação no domínio público, científico, econômico e social
e no desenvolvimento intelectual.
[595]
Asociación Mercosur de Normalización – AMN (Associação Mercosul de
Normalização): é uma associação civil, sem fins lucrativos, não governamental,
reconhecida pelo Grupo Mercado Comum – GMC. É o único organismo
responsável pela gestão da normalização voluntária no âmbito do Mercosul. Na
reunião do Subgrupo 3 realizada de 30.10.1991 até 01.11.1991, em Montevidéu, a
qual assistiram oficialmente convidados representantes dos organismos de
normalização dos quatro países membros, se decidiu pela criação do Comitê
Mercosul de Normalização – CMN como associação civil sem fins lucrativos, não
governamental, a qual foi reconhecida através do Grupo Mercado Comum – GMC
por sua Resolução/GMC nº 2, de 1992. A partir de 04.04.2000, através de
convênio firmado com o Grupo Mercado Comum – GMC, o Comitê Mercosul de
Normalização – CMN passou a se chamar Asociación Mercosur de Normalización
– AMN e se transformou no único organismo responsável pela gestão da
normalização voluntária no âmbito do Mercosul. A Asociación Mercosur de
Normalización – AMN possui um Conselho Diretivo formado por representantes
dos Organismos Nacionales de Normalización – ONN (Organismos Nacionais de
Normalização) dos países membros do Mercosul que constitui Comitês Setoriais
de Normalização para desenvolver suas tarefas nos âmbitos de interesse
específico setoriais.
[596]
Global Ecolabelling Network – GEN (Rotulagem Ecológica Global Network): é
um grupo de interesse sem fins lucrativos, composto por 25 (vinte e cinco)
organizações de rotulagem econlógica em todo o mundo. Foi criado em 1994 e
seu precursor, o alemão Blue Angel (Anjo Azul) foi criado em 1978. O objetivo do
grupo de interesse é promover a troca de informações entre as actividades
nacionais de rótulo ecológico. Membros da Global Ecolabelling Network – GEN
são os seguintes: 1) Austrália: Good Environmental Choice Australia Ltd.; 2)
Brasil: Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT; 3) Croácia: Ministry of
Environmental Protection and Physical Planning (Ministério Croata da Proteção
Ambiental e Ordenamento do Território); 4) Checa: Ministry of the Environment
(Ministério Checo do Meio Ambiente); 5) União Européia - European Commission
- DG ENVIRONMENT (G2); 6) Alemanha: Federal Environmental Agency – FEA;
7) Hong Kong: Green Council – GC (Conselho Verde); 8) Hong Kong: Hong Kong
Federation of Environmental Protection – HKFEP Limited (Federação de Hong
Kong de Proteção Ambiental); 9) Índia: Central Pollution Control Board – CPCB
(Conselho Central de Controle da Poluição); 10) Indonésia: Ministry of
Environment (Ministério Indonésio do Meio Ambiente); 11) Japão: Japan
Environment Association – JEA (Associação do Ambiente do Japão); 12) Coreia:
Korea Environmental Industry & Technology Institute – KEITI (Instituto Coreano da
Indústria e Tecnologia Ambiental); 13) Nova Zelândia: Environmental Choice New
Zealand (Programa de Rotulagem Ambiental da Nova Zelândia); 14) 5 (cinco)
aíses nórdicos: Nordic Ecolabelling Board (Conselho Nórdico do Rótulo
Ecológico); 15) Canadá: Terra Choice Environmental Service Inc, Environment
Canada (Programa de Rotulagem Ambiental do Ministério Canadense do Meio
Ambiente); 16) América do Norte (EUA): Green Seal, Inc. (Selo Verde); 17)
Filipinas: Philippine Center for Environmental Protection and Sustainable
Development, Inc. – PCEPSDI (Centro de Proteção Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável da Filipina); 18) Rússia: Saint-Petersburg Ecological Union (União
Ecológica de São Petersburgo); 19) Taiwan: Environment and Development
Foundation – EDF (Fundação para o Desenvolvimento do Meio Ambiente de
Taiwan); 20) Singapura: Singapore Environment Council (Conselho do Ambiente
de Singapura); 21) Suécia: Swedish Society for Nature Conservation – SSNC
(Sociedade Sueca para a Conservação da Natureza); 22) Suécia:
Tjänstemannens Centralorganisation – TCO Certification (Órgão de Certificação
da Confederação Sueca de Empregados Profissionais); 23) Tailândia: Thailand
Environment Institute – TEI (Instituto do Meio Ambiente da Tailândia); 24) Ucrânia:
Living Planet (Planeta Vivo); 25) Reino Unido: Department for Environment, Food
and Rural Affairs – DEFRA (Departamento do Meio Ambiente, da Alimentação e
dos Assusntos Rurais do Reino Unido).
[597]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 28.
[598]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 29.
[599]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 23-24.
[600]
O ISO/TC 207 diz respeito ao Comitê Técnico 207 International Organization
Standardization – ISO que cuida da Gestão Ambiental. Este Comitê é responsável
pelo desenvolvimento da série de normas técnicas e documentos de orientação
ISO 14000. O secretariado do ISO/TC 207 é mantido pelo Standards Council of
Canada – SCC e administrado pela Canadian Standards Association – CSA.
[601]
O Planeta Vivo é uma empresa dedicada à edição e investigação ambiental
aplicada. É uma editora dedicada à elaboração e publicação de obras de
divulgação científica na área das ciências naturais, em particular na edição de
guias de campo de observação da natureza, publicações de carácter técnico, e
trabalhos científicos, numa linguagem acessível ao grande público. Trabalha na
editoração da obra integral de Charles Darwin (Coleção Planeta Darwin).
[602]
Em 1961, quando foi fundado, a sigla WWF significava “World Wildlife Fund”
o que foi traduzido como “Fundo Mundial da Natureza” em português. No entanto,
com o crescimento da organização ao redor do planeta nas décadas seguintes, a
atuação da instituição mudou de foco e as letras passaram a simbolizar o trabalho
de conservação da organização de maneira mais ampla. Com isso, a sigla ganhou
sua segunda tradução: "World Wide Fund For Nature" ou “Fundo Mundial para a
Natureza”. Atualmente, porém, a sigla WWF tornou-se tão forte
internacionalmente que, para evitar confusão ou mensagens equivocadas, não se
faz mais tradução para qualquer significado literal. Ou seja, agora a organização é
conhecida simplesmente como WWF, uma organização de conservação global. A
única exceção é a América do Norte, onde o antigo nome de “Fundo Mundial para
a Natureza” continua a ser usado. Em 30 de agosto de 1996 foi criado
oficialmente o WWF-Brasil, uma organização nacional que integra a Rede WWF,
uma das maiores organizações de conservação da natureza no mundo.
[603]
Swedish Environmental Research Institute – IVL (Instituto de Pesquisa do
Meio Ambiente da Suècia): é uma organização sem fins lucrativos voltada desde
1966 para a investigação independente no âmbito do desenvolvimento de
soluções para os problemas ambientais em nome do setor empresarial e da
comunidade sueca, sendo considerada uma das instituições mais capacitadas em
questões de pesquisa ecológica, no continente europeu. Portanto, tem mais de 30
anos de experiência em investigação e cooperação com instituições da indústria e
do governo sueco. Swedish Environmental Research Institute – IVL apresenta
soluções para as questões ambientais a partir de uma perspectiva holística, com o
objetivo de contribuir para o crescimento sustentável. Atualmente conta com cerca
de 140 empregados, na sua maioria profissionais que possuem pós-graduação
acadêmica, para realizarem os trabalhos institucionais em escritórios elocalizados
em Estocolmo e em Gotemburgo, sendo, por isso mesmo, líder dos serviços de
consulta para a indústria da Suécia. Além disso, contribue para o desenvolvimento
de projetos através da experiência na coordenação de iniciativas semelhantes e
aconselha sobre questões relacionadas com processos de investigação e efeitos
ambientais, planejamento de gestão de resíduos, projetos de reciclagem, aterro
sanitário e monitoramento, classificação resíduos perigosos, entre outros. No
entanto, as áreas de pesquisa em que atua são amplas, abrangendo desde a
análise e avaliação de impacto ambiental, para a criação de estratégias de
controle e prevenção, até trabalhos baseados no conhecimento e experiência
global em outras áreas, tais como cultura, economia e pesquisa. Através da
cooperação com instituições internacionais, a Swedish Environmental Research
Institute – IVL favorece a disseminação das novas tecnologias suecas de proteção
ambiental e do intercâmbio de resultados de investigação para empresas e
governos locais.
[604]
ABNT NBR ISO IEC 17000 (“Avaliação de conformidade – Vocabulário e
princípios gerais”): Especifica termos gerais e as definições relativas à avaliação
de conformidade, incluindo a acreditação de organismos de avaliação de
conformidade e o uso da avaliação de conformidade para facilitar o comércio. O
anexo A inclui uma descrição da abordagem por função da avaliação de
conformidade, como uma ajuda adicional para compreensão entre os usuários da
avaliação de conformidade, organismos de avaliação de conformidade e seus
organismos de acreditação, tanto nos contextos voluntários quanto
regulamentares.
[605]
ABNT ISO IEC Guia 2, de 2004, adotada pelo Comitê Brasileiro da Qualidade
– CBQ, prevê disposições gerais e definições relativas à normalização e
atividades correlatas. Visa contribuir fundamentalmente para a compreensão
mútua entre os membros da ABNT, do ISO e do IEC, as várias agências
governamentais e não-governamentais envolvidas no processo de normalização a
nível internacional, regional e nacional. Visa também a fornecer uma fonte
adequada para o ensino e para a referência, cobrindo brevemente os princípios
básicos teóricos e práticos da normalização, certificação e acreditação de
laboratórios. Todavia, não é o objetivo da ABNT ISO IEC Guia 2 duplicar as
definições de termos adequadamente elaborados para fins gerais de outros
vocabulários expedidos por organizações internacionais.
[606]
Declaração do Fornecedor: é o procedimento pelo qual um fornecedor dá
garantia escrita de que um produto, processo ou serviço está em conformidade
com os requisitos especificados.
[607]
Organismo de acreditação, organismos de certificação ou organismo de
reconhecimento de excelência: organismo que administra um sistema de
acreditação isto é, o procedimento pelo qual um organismo autorizado reconhece
formalmente que um organismo ou pessoa é competente para desenvolver tarefas
específicas. e concede acreditação. No âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação
da Conformidade – SBAC, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – INMETRO é o organismo de acreditação.
[608]
Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC: sistema criado
pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –
CONMETRO, como um sub-sistema do Sistema Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – SINMETRO, destinado ao desenvolvimento
e coordenação das atividades de avaliação da conformidade no seu âmbito. O
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO
é o órgão gestor do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC. O
Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC foi concebido de modo
a operar de forma descentralizada, dentro de um mesmo padrão técnico utilizável
por todos os agentes, públicos ou privados, com interesse na certificação de
conformidade, respeitando-se as particularidades e legislações pertinentes a cada
área de atividade. O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC
tornou-se um poderoso instrumento para o desenvolvimento industrial e para a
defesa do consumidor. Através da avaliação objetiva do desempenho perante
padrões de referência estabelecidos, a certificação induz à busca contínua da
melhoria da qualidade. As empresas que se engajam nesse movimento orientam-
se para assegurar a qualidade de seus produtos, processos e serviços,
beneficiando-se tanto pelo aspecto mercadológico como pelo aumento da
competitividade, através da redução de custos e desperdícios. A certificação é,
também, uma referência para os consumidores de que o produto, o processo ou o
serviço atende a padrões mínimos de qualidade.
[609]
Organismo de Avaliação da Conformidade – OAC: organismo que conduz
pelo menos um dos mecanismos de avaliação da conformidade.
[610]
Marca de Conformidade: marca registrada, aposta ou emitida de acordo com
as regras de um sistema de certificação, indicando existir um nível adequado de
confiança de que o correspondente produto, processo ou serviço está em
conformidade com uma norma específica ou outro documento normativo.
[611]
BIAZIN, Celestina Crocetta & GODOY, Amália Maria Goldberg. “O Brasil
frente às questões ambientais: a criação do selo verde brasileiro”, In: A produção
integrada do centro de Ciências Sociais Aplicadas frente ao novo milênio: Anais
do Workshop 2000, de 16 a 19.05.2000, Maringá, Universidade Estadual de
Maringá – UEM, p. 185 (publicação em CD).
[612]
Production and Process Methods – PPM: essa expressão inglesa significa
“Métodos e Processos de Produção” e é utilizada para definir os meios pelos
quais um produto é feito, seus ingredientes, aditivos, enfim sua composição,
incluindo requisitos relativos à embalagem para comercialização, ou ainda, os
equipamentos e materiais utilizados em sua fabricação, conforme o Glossário
Icone/Brasil.
[613]
Uma medida restritiva seria injustificável se fosse pautada em requisitos
baseados em métodos e processos de produção não-relacionados ao produto
(Non Product Related Production and Process Methods Requeriments –
NPR/PPM). Um exemplo de barreira injustificável se daria caso fossem proibidas
as importações de papel não-reciclado: em sendo os impactos ambientais do
consumo do papel reciclado iguais ao do papel convencional, não haveria porque
o país importador proibir a importação, alegando proteção ao meio ambiente
(ALMEIDA, Luciana Togeiro de. “As interações entre comércio e meio ambiente”.
In: Comércio & meio ambiente: uma agenda positiva para o desenvolvimento
sustentável, Brasília, Ministério do Meio Ambiente – MMA, 2002, p. 46). Também
as exigências relacionadas a procedimentos de pesca foram classificadas como
Non Product Related Production and Process Methods Requeriments –
NPR/PPM, ou seja, não interferiam nas características finais do produto. Frente à
prática emergente de protecionismo dissimulado de preocupações sanitárias,
fitossanitárias ou ambientais, o emprego de rotulagem ambiental seria uma
maneira de reduzir a vulnerabilidade dos produtos agrícolas. Nas discussões da
World Trade Organization – WTO (Organização Mundial do Comércio – OMC)
sobre medidas ambientais que afetam o comércio, entende-se que os rótulos
ambientais em produtos causam menores impactos no comércio internacional do
que as restrições de importação (WTO, World Trade Organization. Trade and
Environment at the WTO: background document. 2004. Disponível em 25.05.2011
no :<http://www.wto.org/english/tratop_e/envir_e/envir_backgrnd_e/
trade_env_e.pdf>). Em sendo mecanismos voluntários, apresentam ainda a
vantagem de poder fazer referência tanto a requisitos Product Related Production
and Process Methods Requirements – PR/PPM (métodos e processos de
produção relacionados aos produtos) quanto Non Product Related Production and
Process Methods Requeriments – NPR/PPM (métodos e processos de produção
não relacionados aos produtos).
[614]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 35-36.
[615]
O Agreement Techinical Barriers to Trate – TBT (Acordo de Barreiras
Técnicas ao Comércio) da World Trade Organization – WTO (Organização
Mundial do Comércio – OMC) foi criado na Rodada Uruguai e regula a aplicação
de barreiras técnicas ao comércio. Exigência quanto ao “tamanho das bananas”
ou requerimento que dite a “fórmula a ser utilizada na fabricação de cerveja” são
exemplos de barreiras técnicas ao comércio, que podem funcionar como arma
protecionista eficaz. Nesse sentido, o Agreement Techinical Barriers to Trate –
TBT estabelece que os regulamentos e as normas técnicas não devem ser mais
restritivos ao comércio do que o necessário para atingir os seguintes objetivos
legítimos: a) segurança nacional; b) prevenção de práticas enganosas; c)
proteção da saúde ou segurança humana; d) vida e saúde animal e vegetal; e e)
meio ambiente. Para tanto, a verificação dos riscos deve considerar as
informações técnicas e científicas disponíveis, tecnologias de processamento e a
destinação final dos produtos.
[616]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 37-38.
[617]
Cf. ISO 14000. Um guia para as novas normas de gestão ambiental. São
Paulo, Futura, 1996, p. 75 e 77.
[618]
CORREA, Leonilda. BCGD – Comércio e Meio Ambiente: atuação diplomática
brasileira em relação ao selo verde, Brasília, Instituto Rio Branco, 1998, p. 58.
[619]
General Agreement on Tariffs and Trade – GATT (Acordo Geral sobre Tarifas
e Comércio): após a 2ª Guerra Mundial, inicia-se uma nova era. Encerrada as
hostilidades, com a Alemanha arrasada, a estrutura política e econômica européia
em crise aberta e o Japão combalido pela guerra e pelos ataques atômicos, os
EUA despontaram como potência dominante na cena mundial, posição
hegemônica só contestada pela URSS, único país realmente fora da esfera norte
americana. No imediato pós-guerra, começou a ficar claro que o sistema colonial
vinha chegando ao final com graves repercussões para as posições das ex.
grandes potências. O conflito mundial desorganizou a macroestrutura
internacional vigente até 1939 fazendo com que o problema da reorganização
política da comunidade dos Estados assumisse muita importância para os novos
governos dos países desenvolvidos, principalmente o dos EUA que pretendia
liderá-la. Com isso verificou-se que a necessidade da criação de um mecanismo
para manutenção da paz e da segurança e a criação de tal mecanismo se fazia
urgente. A luta para influenciar os novos sistemas político e econômico dos países
do terceiro mundo, principalmente das nações recém independentes, era motivo
de rivalidade entre as superpotências. A partir desta fase, o terceiro mundo deixa
de ter, no cenário internacional uma importância inferior. É nesse diapasão que,
em 1945, surge a Organização das Nações Unidas – ONU, substituindo a antiga
Liga das Nações. Uma das exigências fundamentais do período da Guerra Fria foi
justamente a reorganização econômica do mundo ocidental, que havia sido
abalado pelos anos de conflito com o nazi-facismo. Sob a liderança dos Estados
Unidos, os países industrializados de estrutura capitalista buscaram definir as
novas regras do jogo econômico no cenário mundial. Foi estabelecido o General
Agreement on Tariffs and Trade – GATT, onde os países mais ricos promoveram a
intensificação do comércio entre eles, com o objetivo de intensificar as relações
econômicas entre eles. Mas o General Agreement on Tariffs and Trade – GATT
não era justo. Os países em desenvolvimento pouca voz tiveram em sua criação e
poucos benefícios também. A operação dos mecanismos, então criados, provocou
o descompasso do crescimento econômico, criando insatisfações. Prevista na
Declaração de Marrakesh, foi criada a World Trade Organization – WTO
(Organização Mundial de Comercio – OMC) que entrou em vigor em 01.01.1995.
No período de transição General Agreement on Tariffs and Trade – GATT/ World
Trade Organization – WTO, o diretor era o mesmo, Peter Sutherland. O General
Agreement on Tariffs and Trade – GATT não desaparece, seus participantes
passam a pertencer aos dois. Alguns países que não estavam no General
Agreement on Tariffs and Trade – GATT passaram a integrar a World Trade
Organization – WTO. Os 28 (vinte e oito) acordos celebrados pelo General
Agreement on Tariffs and Trade – GATT serviram de acervo de fonte de direito
para a World Trade Organization – WTO. Esta é o aprimoramento daquela, e é ela
quem tem a voz. A sua sede é em Genebra. Ela garante grande aumento nas
garantias de acesso dos mercados nacionais através de vinculações tarifarias dos
produtos industrializados. E seu objetivo é eliminar 100% (cem por cento) das
restrições não-tarifarias de produtos agrícolas.
[620]
Cf. Ministério do Meio Ambiente – MMA, op. cit., p. 38-39.
[621]
BECKE, Vera Luise. “Auditoria Ambiental”. In: Revista Técnicas do Conselho
Regional Contabilidade do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, nº 112, p. 32
[622]
A primeira versão da norma técnica BS 7750 foi publicada em 1992. Esta
norma técnica especifica os requisitos para o desenvolvimento, implantação e
manutenção de sistemas de gestão ambiental que visem garantir o cumprimento
de políticas e objetivos ambientais definidos e declarados. A norma não
estabelece critérios de desempenho ambiental específicos, mas exige que as
organizações formulem políticas e estabeleçam objetivos, levando em
consideração a disponibilização das informações sobre efeitos ambientais
significativos. A norma técnica BS 7750 aplica-se a qualquer organização que
deseje: a) garantir o cumprimento a uma política ambiental estabelecida; b)
demonstrar este cumprimento a terceiros. A elaboração da norma técnica
britânica BS 7750 foi confiada pelo Comitê Normativo de Gerenciamento
Ambiental a um Comitê Técnico Especial (ESS/1), ligado ao British Standard
Institution – BSI, no qual inúmeras organizações empresariais, técnicas,
acadêmicas e governamentais estavam representadas. A norma técnica BS 7750
foi formulada de forma a permitir que qualquer organização, independente do seu
porte, atividade ou localização, estabeleça um sistema de gerenciamento efetivo,
como alicerce para um desempenho ambiental seguro e para os procedimentos
de auditoria ambiental. A norma técnica BS 7750 declara que os aspectos da
gestão de saúde ocupacional e segurança não foram abordados. Entretanto, não
visa impedir que uma organização os inclua ou integre em seu Sistema de Gestão
Ambiental – SGA. Vale observar que a norma foi formulada com o propósito de
que o Sistema de Gestão Ambiental – SGA não precise ser implementado de
forma independente, mas sim através da adaptação dos componentes do
gerenciamento de uma organização.
[623]
Cf. Vera Luise Becke, op. cit., p. 33.
[624]
O Strategic Advisory Group on Environment - SAGE foi formalmente
estabelecido, em 1991, pelo Business Council for Sustainable Development, para
encorajar uma abordagem comum de gerenciamento ambiental, como forma de
forçar habilidades empresariais para melhorar e medir sua performance
ambiental, de facilitar o comércio internacional e de remover barreiras. Certo é
que o Strategic Advisory Group on Environment – SAGE é anterior ao lançamento
da série ISO 14000 em 1997, ou seja, a série de documentos e normas
relacionadas com o aspecto do meio ambiente, mas se podemos afirmar que esta
norma internacional, elaborada com a participação de uma centena de países
tornou ampla a necessidade de uma maior responsabilidade no trato da questão
ambiental. Ao mesmo tempo, estas normas promovem uma aproximação a um
consenso voluntário do controle de aspectos ambientais e a visão de prevenção.
A bem da verdade, o Strategic Advisory Group on Environment – SAGE, após
avaliar a necessidade de normalização na área de gerenciamento ambiental,
reconheceu que qualquer abordagem deveria incluir negócios, performance
ambiental e comércio. Posteriormente, foi realizada a Rio-92, e neste mesmo ano
é publicada a norma técnica britânica de Strategic Advisory Group on Environment
– SAGE, conhecida como BS 7750. Já, em janeiro de 1993 foi criado pela
International Organization for Standardization – ISO um novo comitê técnico, o
TC-207, para desenvolver normas internacionais de gerenciamento ambiental,
que se tornaram conhecidas como ISO 14000 (LAWRENCE, Linda. “Lead Auditor
Course”. In: ISO 14000 Environmental Management Systems,do Quality
Management Institute – OMI/Canada, Canada, QMI, 1997, p. 137).
[625]
ZAAROUS, Gisele. “Questões Ambientais”. In: Boletim Informativo Oliveira
Neves e Associados, São Paulo, julho – 2001, p. 4.
[626]
The World Bank, Environmental auditing, Environmental Assessment
Sourcebook Update: Environment Department, n. 11, p. 1.
[627]
International Chamber of Commerce – ICC (Câmara de Comércio
Internacional): organização internacional que trabalha para promover e assessorar
o comércio internacional e a globalização da economia. A International Chamber
of Commerce – ICC é porta-voz do comércio internacional, o qual defende a
consagração da economia global como força para o crescimento econômico
mundial, para a criação de empregos e a prosperidade no ramo comercial. Como
as economias nacionais estão agora bem mais entrelaçadas, as decisões dos
governos nacionais têm mais repercussão internacional do que no passado. Esta
organização tem necessariamente abrangência global para poder ser considerada
autoridade em questões ligadas ao comércio internacional. As atividades do
International Chamber of Commerce – ICC abrange desde arbitragem
internacional até resoluções que digam respeito ao livre mercado e ao sistema
financeiro internacional, regulação de negócios, luta contra corrupção e combate
ao crime comercial. A International Chamber of Commerce – ICC tem ainda
acesso aos governos de países através de seus comitês nacionais. A organização
é baseada em Paris e oferece uma visão internacional do panorama de negócios
mundiais, afetando diretamente suas operações.
[628]
Direito do ambiente, p. 650.
[629]
Auditoria Ambiental: aspectos jurídicos, p. 25.
[630]
Poluidores: os maiores casos de contaminação ambiental nos últimos 17
anos: 1.º) fev./1984 – o vazamento de 700 mil litros de gasolina de um duto da
Petrobrás provoca um incêndio na favela de Vila Socó, em Cubatão (SP), e a
morte de 93 pessoas; ninguém foi culpado, a favela foi reconstruída, mas ainda
está sobre dutos; 2.º) ago./1984 – a Rhodia é acusada de ter jogado mais de 12
mil toneladas de resíduos tóxicos em São Vicente (SP); a empresa admite ter
jogado 2.700 (duas mil e setecentas) toneladas e assina compromisso de
recuperação ambiental, ainda não concluída; uma ação civil pública tramita na
justiça; 3.º) o Ministério Público e a ONG Oikos propõem uma ação civil pública
contra 24 (vinte e quatro) empresas de Cubatão, por danos à vegetação da Serra
do Mar, o que acarretava, entre outros, risco de avalanches; a ação civil pública
ainda está em fase de perícia; 4.º) set./1987 – uma cápsula de Césio 137 (Cs) é
achada onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia; ela é aberta e o
material radiativo é manipulado; neste episódio, 4 (quatro) pessoas morrem e
outras 706 (setecentas e seis) pessoas são expostas à radiação; só em 1996, 5
(cinco) são condenados; 5.º) 1988 – descoberto HCH, produto cancerígeno usado
no combate à febre amarela, a céu aberto, em Duque de Caxias (RJ); o material
vinha de uma fábrica do Ministério da Saúde, fechada desde 1956; só em 1988 o
Ministério Público abre inquérito; 6.º) jul./1998 – a indústria Solvay é acusada de
ter contaminado um depósito de cal com substâncias cancerígenas em Santo
André (SP); é assinado um compromisso de recuperação da área, que, segundo a
CETESB, está sendo cumprido; não há ação judicial; 7.º) mar./1999 – o IBAMA
embarga, em Paranaguá (PR), quase 4.000 (quatro mil) toneladas de acrilato de
butila, inflamável e tóxico, sob responsabilidade da Catallini Terminais Marítimos,
que não tinha licença; a Polícia Federal abre inquérito com base na Lei de Crimes
Ambientais; 8.º) jan./2000 – vazamento de 1.292 toneladas de óleo provocado por
uma falha em um dos dutos da Reduc da Petrobrás, na Baía de Guanabara (RJ);
a Petrobrás foi multada em R$ 51 milhões, pagou e é alvo de ação civil pública
movida pelo Ministério Público Federal; 9.º) jul./2000 – cerca de 4 milhões de litros
de óleo cru vazam da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no rio Iguaçu, em
Araucária (PR); a Petrobrás é multada; os Ministérios Públicos Federal e Estadual
pedem indenização de R$ 2,3 bilhões; é o único processo criminal de uma grande
empresa em curso; 10.º) maio/2000 – é tornado público que fornecedoras da
montadora FIAT despejaram ilegalmente 1.500 (uma mil e quinhentas) toneladas
de lixo industrial em Formiga (MG); foi proposta ação civil pública, e as
fornecedoras foram multadas em R$ 250 mil; 11.º) mar./2001 – exames feitos em
moradores do Recanto dos Pássaros, em Paulínia (SP), mostram contaminação
por metais pesados; o bairro fica onde, até 1994, funcionou uma unidade da Shell,
que já havia admitido a contaminação do solo e do aquífero da área por
pesticidas; há 3 (três) inquéritos civis na Justiça; ainda não há ação; 12.º)
jun./2001 – solventes vazam do aterro industrial desativado Mantovani, em Santo
Antônio de Posse (SP), contaminando o lençol freático; há uma ação civil pública
de 1993 já julgada, mas o valor da indenização ainda não foi estabelecido; em
setembro, as empresas que usavam o local fecham acordo com a Promotoria
para sua recuperação; 13.º) ago./2001 – é anunciada a contaminação do subsolo
do condomínio Barão de Mauá (SP) por 44 (quarenta e quatro) substâncias
tóxicas; o terreno foi da Cofap e serviu como “lixão” clandestino; as empresas
envolvidas na construção têm os bens imóveis arrestados, e uma ação civil
pública está parada em razão da greve no Judiciário (Mariana Viveiros, Ambiente:
nunca houve condenação de grandes empresas pela Lei de Crimes Ambientais;
Processos civis se arrastam por anos: justiça deixa maiores poluidores impunes,
Folha de São Paulo, Cad. Folha Cotidiano, 14 out. 2001, p. C 1).
[631]
Art. 9º. As entidades exploradoras de portos organizados e instalações
portuárias e os proprietários ou operadores de plataformas e suas instalações de
apoio deverão realizar auditorias ambientais bienais, independentes, com o
objetivo de avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental em suas unidades.
[632]
Auditoria e licenciamento ambiental como instrumentos dos sistemas de meio
ambiente, Anais do 6.º Congresso Internacional de Direito Ambiental: 10 anos da
ECO-92: O direito e o desenvolvimento sustentável, p. 226.
[633]
Idem, p. 227.
[634]
Idem, ibidem.
[635]
Em virtude da co-responsabilidade do financiador da atividade poluidora ou
degradadora do meio ambiente, atualmente os credores vêm avaliando o
desempenho corrente das empresas (potenciais tomadoras de crédito) em relação
a uma estratégia ambiental moderna. Alguns indicadores podem auxiliar na
formação de um rating com esse propósito: a) certificações da série ISO 14.000,
que organiza, padroniza e sistemática o gerenciamento ambiental nas empresas;
b) ações que demonstrem que a questão ambiental está na agenda da alta
administração e nos vários níveis organizacionais, inclusive o “chão de fábrica”, se
houver; c) análise do processo produtivo ¯ produção limpa; d) licenciamento
ambiental decorrente da atividade da empresa; e) licença de instalação e
funcionamento; f) Relatório de Impacto Ambiental – RIMA; e g) cobertura de
danos ambientais por meio de seguro específico (seguro ambiental): este é um
mercado ainda não muito desenvolvido no Brasil. Em relação ao item seguro
ambiental para cobertura de danos ambientais, esclarecemos que, de fato, não
existe ainda no Brasil mercado dinâmico para cobertura de danos ambientais
contra solo, águas (rios, lagos e oceanos), atmosfera, florestas etc., no sentido de
recuperar ou reparar, quando possível, prováveis impactos provocados
diretamente contra a natureza, até porque os recursos necessários para essa
atividade são muito elevados, sem mensurar os danos indiretos e decorrentes no
futuro. As empresas interessadas nesse tipo de cobertura precisam formular
propostas que são encaminhadas diretamente ao IRB – Brasil Resseguros S/A,
que atuará junto ao mercado de resseguros, ou seja, repasse às seguradoras
internacionais. O IRB – Brasil Resseguros S/A define, para fins de
responsabilidade civil de poluição ambiental as seguintes coberturas: 1 – poluição
ambiental: a) a emissão, dispersão ou depósito de substância ou produto que
venha prejudicar as condições existentes da atmosfera, das águas e do solo, tais
como se apresentavam antes do fato poluente; e/ou b) a produção de odores,
ruídos, vibrações, ondas, radiações, emanações ou variações de temperatura que
ultrapassem os limites de tolerância legalmente admitidos, excluídos, contudo, os
danos relacionados com as radiações ionizantes ou com energia nuclear; 2 –
dano material: o dano físico à propriedade tangível, inclusive todas as perdas
financeiras relacionadas com o uso dessa propriedade; 3 – dano pessoal: a
doença, a lesão corporal, a invalidez ou a morte, inclusive todas as perdas
financeiras decorrentes; 4 – terceiro: qualquer pessoa física ou jurídica, exceto
algumas situações previstas. Em tese, dado o preceito da co-responsabilidade do
agente financiador, se têm recomendado que, em todo projeto/financiamento
sujeito à variável risco ambiental, o analista de crédito deve condicionar a
aprovação mediante a cobertura de risco ambiental por seguro ambiental.
Considerar também o credor como beneficiário da apólice (total ou parcial) tem
sido altamente recomendado. Todavia, não podemos perder de vista que esta
prática pode restringir bastante a geração de negócios (Carlos Alberto di Agustini,
Concessão de crédito e risco ambiental, Dinheiro Vivo Agência de Informações,
Guia Financeiro: Cartilha do Investidor, 1 a 15 jun. 2002, p. 7).
[636]
A NBR/ISO 14010 (“Diretrizes para auditoria ambiental - Principios gerais”)
recomenda como requisitos para a realização de uma auditoria ambiental o
seguinte: 1) que o objeto enfocado para ser auditado e os responsáveis por tal
objeto devem estar claramente definidos e documentados; 2) que a auditoria só é
realizada se o auditor-líder estiver convencido da existência de informações
suficientes e apropriadas, de recursos adequados de apoio ao processo de
auditoria e de cooperação ao auditado.
[637]
Direito ecológico, perspectivas e sugestões, Revista da Consultoria-Geral do
Estado, v. 2, n. 4, p. 43-52.
[638]
Introdução ao direito ecológico e ao direito urbanístico, p. 23.
[639]
Direito ambiental cit., p. 6-9.
[640]
Environmental law, p. 1.
[641]
El derecho ambiental en América Latina. Opiniones – Fascículos sobre medio
ambiente, n° 1, p. 5
[642]
Direito urbanístico brasileiro, p. 434.
[643]
Evaluación del impacto ambiental, p 48.
[644]
Derecho Ambiental, p. 52.
[645]
Apud Toshio Mukai, Direito ambiental sistematizado, p. 9.
[646]
Introdução ao direito ambiental, p. 140.
[647]
Apud Toshio Mukai, op.cit., p. 10.
[648]
Curso de direito econômico, p. 76-77.
[649]
Indispensável direito econômico, RT 353/22.
[650]
Direito econômico, p. 17.
[651]
Curso de economia: introdução ao direito econômico, p. 395-396.
[652]
Idem, p. 396.
[653]
Idem, p. 397.
[654]
Direito ambiental cit., p. 15-16.
[655]
Idem, p. 17.
[656]
A era dos direitos, p. 1-5.
[657]
Idem, p. 5-6.
[658]
Mario Antonio Lobato de Paiva, Direitos Humanos e Tributação,
<http://www.ambito-juridico.com.br/aj/dtrib0001.html>.
[659]
L’insertion du droit de l’homme à environnement dans les systemes regionaux
de protection des droits de l’homme, Revue Universelle des Droits de l’Homme, v.
3, n. 11, p. 461.
[660]
Corrientes y problemas em filosofia del derecho, Anales de la cátedra
Francisco Suárez, n. 25, p. 193.
[661]
A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de
Hannah Arendt, p. 131.
[662]
“Art. 5.º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; (...)”.
[663]
Direito ambiental cit., p. 20.
[664]
Álvaro Luiz Valery Mirra, Fundamentos do direito ambiental no Brasil, RT
706/7.
[665]
A Evolução do direito ambiental no Brasil, p. 4.
[666]
Aplicação de instrumentos do direito ambiental na solução de conflitos de
vizinhança, Temas de direito ambiental e urbanístico, p. 81.
[667]
Curso de direito constitucional... cit., p. 38.
[668]
O direito ambiental... cit., p. 29.
[669]
Idem, p. 24.
[670]
Op.cit., p. 29.
[671]
Idem, p. 59.
[672]
Idem, ibidem.
[673]
Manual de Organização Judiciária: acesso à justiça, p. 19.
[674]
Metodologia do ensino jurídico e avaliação em direito, p. 31.
[675]
Op.cit., p. 60.
[676]
Curso de direito constitucional... cit., p. 82.
[677]
Constituição da República Portuguesa anotada, v. 1, p. 41.
[678]
Introdução ao estudo do direito: de acordo com a Constituição de 1988, p.
234.
[679]
Op.cit., p. 42.
[680]
Op.cit., p. 1.
[681]
Direito ambiental cit., p. 25.
[682]
O processo penal em face da Constituição, p. 7.
[683]
Direito ambiental cit., p. 25.
[684]
“Preâmbulo: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar
o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos: I- a soberania; II- a cidadania; III- a dignidade
da pessoa humana; IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V- o
pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
[685]
Op.cit., p. 61.
[686]
Aquecimento Global: o relatório do Greenpeace, p. 425.
[687]
Direito ambiental cit., p. 29.
[688]
Op.cit., p. 61.
[689]
Direito ambiental cit., p. 28.
[690]
Parte da sentença proferida pelo juiz federal Clodomir Sebastião Reis, da
subseção judiciária de Imperatriz/seção judiciária do Maranhão, proferida, em
20.09.1999, na Ação Civil Pública 1999.37.01.1435-7, reqte. Ministério Público
Federal vs. reqdo. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA e outros.
[691]
Direito ambiental cit., p. 29-30.
[692]
Paulo de Bessa Antunes, idem, p. 30.
[693]
Idem, ibidem.
[694]
Responsabilidad extracontractual del Estado por las consecuencias de su
actitud omisiva em el ámbito del derecho público, p. 14.
[695]
“Art. 2.º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
previstas nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de
órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica,
que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática,
quando podia agir para evitá-la.
Art. 3.º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das
pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato”.
[696]
Direito ambiental cit., p. 32.
[697]
Op.cit., p. 62.
[698]
“Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a
necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para: I
– produção de prova; II – exame de objetos e lugares; III – informações sobre
pessoas e coisas; IV – presença temporária da pessoa presa, cujas declarações
tenham relevância para a decisão de uma causa; V – outras formas de assistência
permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
§ 1.º. A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da Justiça,
que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a
seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.
§ 2.º. A solicitação deverá conter: I – o nome e a qualificação da autoridade
solicitante; II – o objeto e o motivo de sua formulação; III – a descrição sumária do
procedimento em curso no país solicitante; IV – a especificação da assistência
solicitada; V – a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for
o caso.
Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a
reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de
comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com
órgãos de outros países”.
[699]
ISO (International Organization for Standardization) 14.000: são normas
internacionais de gestão ambiental, quase obrigatórias, principalmente para quem
exporta. O Comitê Técnico 207 da International Organization for Standardization
criou normas de gestão ambiental para induzir as empresas a criarem ferramentas
e sistemas de gestão ambiental, visando facilitar o comércio mundial e contribuir
para o desenvolvimento sustentável (série ISO 14.000); o ISO/TC 207 abrange os
seguintes membros: 61 (sessenta e um) países participantes, 15 (quinze) países
observadores e 42 (quarenta e dois) liaison organisations (organizações ligadas
ao sistema). O Sistema de Gestão Ambiental da ISO abrange, em relação a
empresa: a avaliação de desempenho ambiental (série ISO 14.030); a auditoria
ambiental (série ISO 14.011). Em relação ao produto em si, o Sistema de Gestão
Ambiental abrange: a avaliação do ciclo de vida (série ISO 14.040); avaliação do
projeto para o meio ambiente (ISO 14.062); e a avaliação da rotulagem ambiental
e marketing – selos de qualidade (série ISO 14.020). O Sistema de Gestão
Ambiental da ISO trabalha, atualmente, com novos itens: a avaliação da
comunicação ambiental, incluindo relatório anual de desempenho ambiental
(ISO/TR 14.063); terminologia ambiental (ISO 14.050). Vale acrescentar que a
sigla NBR significa a tradução e transformação da ISO em normas brasileiras de
gestão ambiental, realizadas pelo Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental,
vinculado à Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Desde 1996 até o
presente momento 370 (trezentos e setenta) empresas brasileiras foram
certificadas pela ISO 14.001. Após pesquisas realizadas com empresas
interessadas, o Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental enumerou os seguintes
motivos que levam as empresas brasileiras a buscarem a certificação ISO 14.000:
a) competir melhor nos mercados interno e externo; b) promover a imagem
ambiental; c) melhorar o desempenho ambiental; e d) reduzir os custos, aumentar
competitividade e minimizar riscos.
[700]
Op.cit., p. 63.
[701]
Direito comunitário do ambiente, Direito do ambiente, p. 175.
[702]
Direito ambiental brasileiro, p. 207.
[703]
“Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente visará: (...) VII – à imposição,
ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais
com fins econômicos.
(...)
Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação
ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade
ambiental sujeitará os transgressores: I – à multa simples ou diária, nos valores
correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN’s, agravada em casos de reincidência
específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União
se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos
Municípios; II – à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos
pelo poder público; III – à perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV – à suspensão de sua
atividade.
§1º. Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
§2º. No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao
Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias previstas
neste artigo.
§3º. Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da
perda, restrição ou suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou
financeira que concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo
resolução do CONAMA.
§4°. (revogado pelo art. 35 da Lei n° 9.966, de 28.04.2000).
§5°. A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das
obrigações de indenização e reparação de danos previstas no § 1o deste artigo
(incluído pelo art. 84 da Lei n° 11.284, de 02.03.2006)”.
[704]
“Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima
ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz,
não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a
que for condenado o infrator.
(...)
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2.º do art. 78 do Código
Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições
a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio
ambiente.
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se
revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada
até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.
(...)
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da
Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que
tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da
mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade”.
[705]
Direito tributário e meio ambiente, Rio de Janeiro, Renovar, 1995, p. 14.
[706]
Direito ambiental cit., p. 63-64.
[707]
Idem, p. 64.
[708]
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (...)”
[709]
Op.cit., p. 64.
[710]
Direito ambiental cit., p. 28.
[711]
Idem, p. 26-27.
[712]
“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I-
plebiscito; II- referendo; III- iniciativa popular”.
[713]
“§ 2.º. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três
décimos por cento dos eleitores de cada um deles”.
[714]
Tratado de direito comercial brasileiro, p. 127.
[715]
Traité élémentaire de droit civil, p. 108.
[716]
Dylson Dória, Curso de direito comercial, p. 31.
[717]
Direito e a vida dos direitos, p. 278.
[718]
Direito ambiental cit., p. 115-116.
[719]
Extrativismo é o sistema de exploração, baseado na coleta e na extração de
recursos naturais renováveis, realizado de modo sustentável (art. 2.º, XII, da Lei
n° 9.985, de 18.06.2000).
[720]
Direito ambiental cit., p. 33.
[721]
“Art. 1º. A distribuição e comercialização, no território do Estado do Rio
Grande do Sul, de todo e qualquer produto agrotóxico e outros biocidas, estão
condicionadas a prévio cadastramento dos mesmos, perante o Departamento de
Meio Ambiente, da Secretaria Estadual de Saúde e do Meio Ambiente.
§1º. Definem-se como agrotóxicos e outros biocidas as substâncias, ou misturas
de substâncias e, ou, processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso
do setor de produção, armazenamento e beneficiamento de alimentos e à
proteção de florestas nativas ou implantadas, bem como a outros ecossistemas e
ambientes doméstico, urbano, hídrico e industrial, cuja finalidade seja alterar a
constituição faunística e florística dos mesmos, a fim de preservá-los da ação
danosa de seres vivos considerados nocivos.
§2º. Vetado.
§3º. A indústria produtora ou manipuladora de agrotóxicos ou biocidas, postulante
do cadastramento previsto nesta lei, deverá apresentar obrigatoriamente, ao
cadastrá-los, mediante requerimento dirigido ao Secretário da Saúde e do Meio
Ambiente, os seguintes documentos: a) prova de constituição da empresa; b)
certidão de classificação toxicológica, expedida pela Divisão Nacional de
Vigilância de Produtos Saneantes Domissanitários, do Ministério da Saúde,
obedecendo, no mínimo, às normas e parâmetros estabelecidos no anexo I, da
presente lei; c) relatório técnico, contendo, no mínimo, os dados constantes do
anexo II, desta lei; d) exemplares de publicação, no órgão de imprensa oficial do
Estado e em órgão de circulação diária, do sumário constante no anexo II desta
lei.
§4º. A indústria produtora ou manipuladora de agrotóxicos e biocidas deverá
apresentar ao Departamento do Meio Ambiente, no prazo de 90 (noventa) dias, a
contar da presente lei, prova de classificação toxicológica e relatório técnico,
conforme os termos do parágrafo terceiro deste artigo, de cada um dos produtos
de sua comercialização já existentes no mercado estadual.
§5º. Vetado.
Art. 2º. As Secretarias da Saúde e do Meio Ambiente e da Agricultura – Vetado
– ficam obrigadas a rigoroso controle de rotulagem dos produtos agrotóxicos e
biocidas, regulada na legislação federal.
Art. 3º. Nas bulas, etiquetas, anúncios ou quaisquer publicações, escritas ou
faladas, referentes à agrotóxicos, deverá constar, obrigatoriamente, a expressão
“cadastrada na Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente, sob n. ....., em ...... de
..... de ......”, a ser preenchida pela indústria produtora ou manipuladora.
Parágrafo único. Cada revendedor de produto agrotóxico e biocida, deverá
colocar na embalagem rótulo legível contendo a indicação da firma comercial,
endereço, nome do técnico que o prescreveu e número de seu registro no órgão
competente.
Art. 4º. Vetado.
Art. 5º. Fica mantida, no território estadual, a proibição do uso de agrotóxicos
organoclorados, estabelecida pelo Decreto 30.787, de 22 de julho de 1982.
Art. 6º. Mantém-se também a exigência do receituário agronômico, instituído
pelo Decreto 30.811, de 23 de agosto de 1982 (no DOE consta erroneamente
Decreto 30.811, de 20 de agosto de 1982).
Art. 7º. Para os produtos biocidas – Vetado – utilizados em zootecnia, pecuária
e silvicultura, serão exigidos os respectivos receituários expedidos pelos
profissionais legalmente habilitados, entendendo-se como tais os zootecnistas,
médicos-veterinários e engenheiros florestais.
Parágrafo único. Os receituários citados neste artigo só terão validade se
expedidos por técnicos não vinculados, de qualquer forma, a estabelecimentos
produtores, manipuladores ou comercializadores de agrotóxicos e outros biocidas.
Art. 8º. Vetado.
Art. 9º. Vetado.
Art. 10. O descumprimento das disposições da presente lei sujeita o infrator,
além da responsabilidade funcional, em se tratando de servidor público, às
penalidades previstas na Lei Federal 6.437, de 20 de agosto de 1977.
Art. 11. Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará em vigor na
data de sua publicação”.
[722]
Idem, p. 34.
[723]
Idem, p. 33-34.
[724]
Tratado de Derecho Mercantil, p. 130.
[725]
Iedo Batista Neves, op.cit., verbete Equidade.
[726]
Idem, verbetes VI – Fontes derivadas do direito e X– Fontes originárias do
direito.
[727]
José Xavier Carvalho de Mendonça, op.cit., p. 132-133.
[728]
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I-
preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas; II- preservar a diversidade e a integridade
do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético; III- definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente por meio de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção; IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V-
controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente; VI- promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII- proteger a
fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
§ 2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º. São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º. As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas”.
[729]
“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
§ 1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e
afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório
nacional.
§ 2º. A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação
para os diferentes segmentos étnicos nacionais”.
[730]
“Art. 554. O proprietário, ou inquilino de um prédio tem o direito de impedir
que o mau uso da propriedade vizinha possa prejudicar a segurança, o sossego e
a saúde dos que o habitam”.
[731]
“Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer
cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o
habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da
utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as
edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da
vizinhança”.
[732]
“Art. 557. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do
solo onde caíram, se este for de propriedade particular”.
[733]
“Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono
do solo onde caíram, se este for de propriedade particular”.
[734]
“Art. 559. O dono do prédio rústico, ou urbano, que se achar encravado em
outro, sem saída pela via pública, fonte ou porto, tem direito a reclamar do vizinho
que lhe deixe passagem, fixando-se a esta judicialmente o rumo, quando
necessário”.
[735]
“Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou
porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a
lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
§ 1º. Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se
prestar à passagem.
§ 2º. Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o
acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a
passagem.
§ 3º. Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da
alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário
deste constrangido, depois, a dar uma outra”.
[736]
“Art. 588. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar, ou tapar de
qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, conformando-se com estas
disposições.
§ 1º. Os tapumes divisórios entre propriedades presumem-se comuns, sendo
obrigados a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e
conservação, os proprietários dos imóveis confinantes.
§ 2º. Por “tapumes” entendem-se as sebes vivas, as cercas de arame ou de
madeira, as valas ou banquetas, ou quaisquer outros meios de separação dos
terrenos, observadas as dimensões estabelecidas em posturas municipais, de
acordo com os costumes de cada localidade, contanto que impeçam a passagem
de animais de grande porte, como sejam gado vacum, cavalar e muar.
§ 3º. A obrigação de cercar as propriedades para deter nos seus limites aves
domésticas e animais, tais como cabritos, porcos e carneiros, que exigem
tapumes especiais, cabe exclusivamente aos proprietários e detentores.
§ 4º. Quando for preciso decotar a cerca viva ou reparar o muro divisório, o
proprietário terá o direito de entrar no terreno do vizinho, depois de o prevenir.
Este direito, porém, não exclui a obrigação de indenizar ao vizinho todo o dano,
que a obra lhe ocasione.
§ 5º. Serão feitas e conservadas as cercas marginais das vias públicas pela
administração, a quem estas incumbirem, ou pelas pessoas, ou empresas, que as
explorarem”.
[737]
“Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de
qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante
a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos
apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.
§ 1º. Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas,
cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em
contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados,
de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais,
para as despesas de sua construção e conservação.
§ 2º. As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco
divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre
proprietários.
§ 3º. A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de
pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a
necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as
despesas”.
[738]
“Art. 563. O dono do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm
naturalmente do superior. Se o dono deste fizer obras de arte, para facilitar o
escoamento, procederá de modo que não piore a condição natural e anterior do
outro.
Art. 564. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior,
correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou
se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Art. 565. O proprietário de fonte não captada, satisfeitas as necessidades de
seu consumo, não pode impedir o curso natural das águas pelos prédios
inferiores.
Art. 566. As águas pluviais que correm por lugares públicos, assim como as
dos rios públicos, podem ser utilizadas por qualquer proprietário dos terrenos por
onde passem, observados os regulamentos administrativos.
Art. 567. É permitido a quem quer que seja, mediante previa indenização aos
proprietários prejudicados, canalizar, em proveito agrícola ou industrial, as águas
a que tenha direito, através de prédios rústicos alheios, não sendo chácaras ou
sítios murados, quintais, pátios, hortas, ou jardins.
Parágrafo único. Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste o
direito de indenização pelos danos, que de futuro lhe advenham com a infiltração
ou a irrupção das águas, bem como a deterioração das obras destinadas a
canalizá-las.
Art. 568. Serão pleiteadas em ação sumária as questões relativas à servidão
de águas e às indenizações correspondentes”.
[739]
“Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as
águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que
embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não
pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí
colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se
desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais,
satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o
curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas
indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis
inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que
estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial
das águas.
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras
obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas
invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido,
deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização
aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para
receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades
da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria,
bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a
drenagem de terrenos.
§ 1º. Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a
ressarcimento pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção
das águas, bem como da deterioração das obras destinadas a canalizá-las.
§ 2.º. O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que
atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.
§ 3º. O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos
proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem
também as despesas de conservação.
Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e
1.287.
Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis
e construam sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os
proprietários dos imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras
necessidades da vida.
Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-
las, para os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos
proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às
despesas que então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto
de derivação.
Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo
aqueduto”.
[740]
Processo constitucional e direitos fundamentais, p. 111.
[741]
“Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental –
TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e
utilizadoras de recursos naturais.
Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aquele que exerça as atividades
constantes do Anexo VIII desta Lei.
§ 1º. O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o dia 31 de março de
cada ano relatório das atividades exercidas no ano anterior, cujo modelo será
definido pelo IBAMA, para o fim de colaborar com os procedimentos de controle e
fiscalização.
§ 2º. O descumprimento da providência determinada no § 1.º sujeita o infrator a
multa equivalente a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuízo da exigência
desta.
Art. 17-D. A TCFA é devida por estabelecimento e os seus valores são os
fixados no Anexo IX desta Lei.
§ 1º. Para os fins desta Lei, consideram-se: I – microempresa e empresa de
pequeno porte, as pessoas jurídicas que se enquadrem, respectivamente, nas
descrições dos incisos I e II do caput do art. 2.º da Lei 9.841, de 5 de outubro de
1999; II – empresa de médio porte, a pessoa jurídica que tiver receita brutal anual
superior a R$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e igual ou inferior a
R$12.000.000,00 (doze milhões de reais); III – empresa de grande porte, a
pessoa jurídica que tiver receita bruta anual superior a R$12.000.000,00 (doze
milhões de reais).
§ 2º. O potencial de poluição (PP) e o grau de utilização (GU) de recursos naturais
de cada uma das atividades sujeitas à fiscalização encontram-se definidos no
Anexo VIII desta Lei.
§ 3º. Caso o estabelecimento exerça mais de uma atividade sujeita à fiscalização,
pagará a taxa relativamente a apenas uma delas, pelo valor mais elevado.
Art. 17-E. É o IBAMA autorizado a cancelar débitos de valores inferiores a
R$40,00 (quarenta reais), existentes até 31 de dezembro de 1999.
Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas
federais, distritais, estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aquele que
praticam agricultura de subsistência e as populações tradicionais.
Art. 17-G. A TCFA será devida no último dia útil de cada trimestre do ano
civil, nos valores fixados no Anexo IX desta Lei, e o recolhimento será efetuado
em conta bancária vinculada ao IBAMA, por intermédio de documento próprio de
arrecadação, até o quinto dia útil do mês subsequente.
Art. 17-H. A TCFA não recolhida nos prazos e nas condições estabelecidas
no artigo anterior será cobrada com os seguintes acréscimos: I- juros de mora, na
via administrativa ou judicial, contados do mês seguinte ao do vencimento, à
razão de um por cento; II- multa de mora de vinte por cento, reduzida a dez por
cento se o pagamento for efetuado até o último dia útil do mês subsequente ao do
vencimento; III- encargo de vinte por cento, substitutivo da condenação do
devedor em honorários de advogado, calculado sobre o total do débito inscrito
como Dívida Ativa, reduzido para dez por cento se o pagamento for efetuado
antes do ajuizamento da execução.
§ 1º-A. Os juros de mora não incidem sobre o valor da multa de mora.
§ 1º. Os débitos relativos à TCFA poderão ser parcelados de acordo com os
critérios fixados na legislação tributária, conforme dispuser o regulamento desta
Lei.
Art. 17-I. As pessoas físicas e jurídicas que exerçam as atividades
mencionadas nos incisos I e II do art. 17 e que não estiverem inscritas nos
respectivos cadastros até o último dia útil do terceiro mês que se seguir ao da
publicação desta Lei incorrerão em infração punível com multa de: I- R$50,00
(cinquenta reais), se pessoa física; II- R$150,00 (cento e cinquenta reais), se
microempresa; III- R$900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno porte;
IV- $1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de médio porte; V- R$9.000,00
(nove mil reais), se empresa de grande porte”.
[742]
Op.cit., p. 33.
[743]
A Constituição e a Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas, Ciência e
Política Criminal em Honra de Heleno Fragoso, p. 336.
[744]
“Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5o
desta Lei: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal humana, zigoto
humano ou embrião humano: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Art. 26. Realizar clonagem humana: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco)
anos, e multa.
Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com as
normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e
fiscalização: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§1°. (VETADO).
§ 2°. Agrava-se a pena: I– de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se resultar dano à
propriedade alheia; II– de 1/3 (um terço) até a metade, se resultar dano ao meio
ambiente; III– da metade até 2/3 (dois terços), se resultar lesão corporal de
natureza grave em outrem; IV– de 2/3 (dois terços) até o dobro, se resultar a
morte de outrem.
Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias
genéticas de restrição do uso: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa.
Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou exportar
OGM ou seus derivados, sem autorização ou em desacordo com as normas
estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa”.
[745]
Op.cit., p. 34.
[746]
Imunobiológico: trata-se do estudo da resposta resposta imunológica ou
efeitos patogênicos no hospedeiro invadido pelo microrganismo invasor e os
aspectos biológicos de imunidade à doença são sensíveis a agentes físicos como
a luz e o calor, especialmente por conterem na sua formulação antígeno e
adjuvantes, que não podem ser submetidos a congelamento, nem a calor, pois
estes aceleram a inativação das substâncias que entram na composição dos
produtos (ARANDA, Maria Sarmento de Souza et al, Manual de Procedimentos
para Vacinação, 4ª. ed., Brasília, Ministério da Saúde/Fundação Nacional de
Saúde, 2001, p. 13).
[747]
Hemoderivados; são proteínas extraídas do plasma humano por processos
físico-químicos industrializados, utilizadas como medicamentos essenciais no
combate a Hemofilia tipo A e tipo B, Doença de Von Willebrand, queimaduras,
Varíola, Raiva, Caxumba, Sarampo, Coqueluche, Tétano, picada de cobra,
imunodeficiências genéticas, AIDS, entre outras aplicações
[748]
Vigilância Sanitária – VISA: é a parcela do poder de polícia do Estado
destinado à defesa da saúde, que tem como principal finalidade impedir que a
saúde humana seja exposta a riscos ou, em última instância, combater as causas
dos efeitos nocivos que lhe forem gerados, em razão de alguma distorção
sanitária, na produção e na circulação de bens, ou na prestação de serviços de
interesse à saúde. No Brasil, a definição legal de Vigilância Sanitária – VISA é
concentida pela Lei nº 8.080, de 19.09.1990 (Lei Orgânica da Saúde): “Entende-
se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou
prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse da saúde, abrangendo: o controle de bens de consumo que, direta ou
indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que
se relacionam direta ou indiretamente com a saúde”. A Vigilância Sanitária – VISA
de portos,aeroportos e fronteiras não é um dever exclusivo ao Sistema Único de
Saúde – SUS podendo ser executada juntamente com a participação cooperativa
da União. A Vigilância Sanitária – VISA é uma área da Saúde Pública, uma prática
de saúde coletiva. Como atividade de saúde, a Vigilância Sanitária – VISA integra
o Sistema Único de Saúde – SUS e como tem poder de polícia só pode ser
exercida pelo Estado. A Vigilância Sanitária – VISA é uma atividade de caráter
intersetorial, pois a qualidade do seu trabalho depende: a) da integração entre
vários setores (saneamento, abastecimento de água, agricultura, polícia,
Ministério Público, defesa do consumidor, etc.; b) do envolvimento de diferentes
esferas de governo (poderes executivo, legislativo e judiciário); c) da cooperação
de organizações da sociedade civil (organizações de defesa do consumidor ou de
portadores de enfermidades, associações, igrejas, etc.). Além disso, precisa da
parceria da sociedade, tanto para desenvolver suas tarefas cotidianas de
fiscalização e controle quanto para alcançar junto aos gestores municipais,
estaduais e nacionais a atenção correspondente a sua importância. Qual a missão
e o objetivo da Vigilância Sanitária – VISA? A Lei nº 8.080, de 19.09.1990 (Lei
Orgânica da Saúde), que regulamentou o Sistema Único de Saúde – SUS, definiu
a vigilância sanitária como “conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou
prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse da saúde”. A missão da Vigilância Sanitária – VISA, portanto, é
promover e proteger a saúde da população, garantindo os direitos constitucionais
do cidadão e defendendo a vida. Seu objetivo é proteger e promover a saúde,
evitando incapacidades e doenças. No que se baseia a ação da Vigilância
Sanitária – VISA? As ações de Vigilância Sanitária – VISA estão baseadas no
seguinte: a) avaliação do risco: estabelece a relação entre o risco e os benefícios
de produtos e serviços de saúde ou de interesse da saúde. É uma atividade de
caráter estatístico, realizada em diversas etapas. Na maioria das vezes, é um
processo, complexo, de alto custo, e que envolve pessoal altamente qualificado,
metodologias específicas e equipamentos sofisticados. Por tudo isso, a avaliação
do risco é quase inviável nos países mais pobres. Nos países ricos, é realizada
sob a supervisão das agências regulatórias, como a Food and Drug Administration
– FDA, nos Estados Unidos, ou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA, no Brasil; b) gerenciamento do risco: depois de avaliado, o risco precisa
ser administrado e monitorado. É preciso tomar decisões sobre o controle do
risco, confrontando-se os dados técnicos da avaliação com inúmeros fatores
conjunturais de ordem cultural, econômica e política. É nesse momento que a
Vigilância Sanitária – VISA deve decidir se precisa atuar com maior ou menor
rigidez; c) comunicação do risco: é obrigação dos órgãos de Vigilância Sanitária –
VISA divulgar informações que melhorem a consciência sanitária do setor
regulado e da população. A comunicação do risco aumenta a capacidade de os
cidadãos escolherem, dentre as opções existentes, aquela que oferece menores
riscos; exigirem seus direitos; e atuarem como parceiros do poder público no
âmbito da Vigilância Sanitária – VISA. Que instrumentos a Vigilância Sanitária –
VISA utiliza para realizar seu papel? O principal instrumento de ação da Vigilância
Sanitária – VISA é a norma sanitária, ou seja, a legislação que especifica o que
está certo e errado, o que pode e o que não pode ser feito pelo setor regulado, se
adequando a realidade de cada estado e município, onde cada um pode criar seu
próprio código sanitário. Nesse sentido, a Vigilância Sanitária – VISA desenvolve
uma função normativa e regulatória, e uma função educativa. Em sua função
normativa e regulatória, a Vigilância Sanitária – VISA faz o seguinte: a) cria
normas e padrões sanitários para: i) a produção, fabricação, transporte,
armazenagem, distribuição e comercialização de produtos de interesse sanitário;
ii) o funcionamento de serviços; b) fiscaliza o cumprimento dessas normas e pune
os infratores quando necessário.
[749]
Vigilância Epidemiológica: as primeiras intervenções estatais no campo da
prevenção e controle de doenças, desenvolvidas sob bases científicas modernas,
datam do início do século XX e foram orientadas pelo avanço da era
bacteriológica e pela descoberta dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças
infecciosas e parasitárias. A expressão “Vigilância Epidemiológica” passou a ser
aplicada ao controle das doenças transmissíveis na década de 50. Naquele época
ainda se tratava de vigilância de pessoas, com base em medidas de isolamento
ou quarentena, aplicadas não de forma coletiva. No Brasil, o marco para
institucionalização das ações de Vigilância Epidemiológica foi a Campanha de
Erradicação da Varíola em 1973. A Lei nº 8.080, de 19.09.1990 (Lei Orgânica da
Saúde) define, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, Vigilância
Epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a
detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Além de
ampliar o conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser
operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de saúde
brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades e
integralidade da prestação de serviços. Por propósito, a Vigilância Epidemiológica
deve fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde que
têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de
doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas
sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a
condicionam, numa área geográfica ou população definida. Subsidiariamente, a
Vigilância Epidemiológica constitui-se importante instrumento para o
planejamento, organização e operacionalização dos serviços de saúde, bem como
a normatização das atividades técnicas correlatas. A operacionalização da
vigilância epidemiológica compreende um ciclo de funções específicas e
intercomplementares, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer, a
cada momento, o comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo
das ações, de forma que as medidas de intervenção pertinentes possam ser
desencadeadas com oportunidade e eficácia. São funções da vigilância
epidemiológica: a) coleta de dados; b) processamento dos dados coletados; c)
análise e interpretação dos dados processados; d) recomendação das medidas de
controle apropriadas; e) promoção das ações de controle indicadas; f) avaliação
da eficácia e efetividade das medidas adotadas; g) divulgação de informações
pertinentes. As competências de cada nível do sistema de saúde (municipal,
estadual e federal) abarcam todo o espectro das funções de Vigilância
Epidemiológica, porém com graus de especificidade variáveis. As ações
executivas são inerentes ao nível municipal e seu exercício exige conhecimento
analítico da situação de saúde local, mas cabe aos níveis nacional e estadual
conduzir as ações de caráter estratégico e longo alcance. Nesse contexto, as
intervenções oriundas dos níveis estadual e federal tenderão a tornar-se seletivas,
voltadas para questões emergenciais ou que, por sua transcendência, requerem
avaliação complexa e abrangente, com participação de especialistas e centros de
referência. Desta forma, uma das características dos Sistemas de Vigilância
Epidemiológica é estar permanentemente acompanhando o desenvolvimento
científico e tecnológico por meio da articulação com a sociedade científica e
formação de comitês técnicos assessores. Essa articulação é importante por
possibilitar a atualização dinâmica das suas práticas mediante a incorporação de
novas metodologias de trabalho, avanços científicos e tecnológicos de prevenção
(imunobiológicos, fármacos, testes diagnósticos, etc.) e aprimoramento das
estratégias operacionais de controle..
[750]
Vigilância Ambiental em Saúde – VAS: é um conjunto de ações que
proporciona o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde
humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos
fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde.
Destacam-se os seguintes objetivos da Vigilância Ambiental em Saúde – VAS: a)
produzir, integrar, processar e interpretar informações, visando a disponibilizar ao
Sistema Único de Saúde – SUS,instrumentos para o planejamento e execução de
ações relativas às atividades de promoção da saúde e de prevenção e controle de
doenças relacionadas ao meio ambiente; b) estabelecer os principais parâmetros,
atribuições, procedimentos e ações relacionadas à Vigilância Ambiental em Saúde
– VAS nas diversas instâncias de competência; c) identificar os riscos e divulgar
as informações referentes aos fatores ambientais condicionantes e determinantes
das doenças e outros agravos à saúde; d) intervir com ações diretas de
responsabilidade do setor ou demandando para outros setores, com vistas a
eliminar os principais fatores ambientais de riscos à saúde humana; e) promover,
junto aos órgãos afins ações de proteção da saúde humana relacionadas ao
controle e recuperação do meio ambiente; e f) conhecer e estimular a interação
entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento, visando ao fortalecimento da
participação da população na promoção da saúde e qualidade de vida. Após a
Conferência Pan-Americana sobre Saúde, Ambiente e Desenvolvimento –
COPASAD, realizada em 1995, e o processo conduzido pelo Ministério da Saúde
– MS de elaboração da Política Nacional de Saúde Ambiental ocorrido no período
1998-1999, tratou-se de promover a implementação da Vigilância Ambiental em
Saúde – VAS, através de instrumentos legais criados no âmbito do Sistema Único
de Saúde – SUS,, os quais foram definidos por meio de leis, decretos e portarias,
principalmente a Lei nº 8.080, de 19.09.1990 (Lei Orgânica da Saúde), que nos
seus arts. 3º, 6º, 7º, 15º e 16º, se refere à organização do Sistema Único de
Saúde – SUS, e as atribuições relacionadas à área de saúde ambiental
[751]
Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ: é uma instituição localizada na cidade
do Rio de Janeiro, Brasil. É ligada ao governo federal brasileiro, e tem como
objetivo promover pesquisas na área da saúde. As origens da fundação remontam
ao início do século XX com a criação do Instituto Soroterápico Federal em
25.05.1900 (cujo objetivo inicial era o de fabricar soros e vacinas contra a peste).
Em 1901, passou para o governo federal, com o nome modificado para Instituto
Soroterápico Federal. Em 12.12.1907, passou a denominar-se Instituto de
Patologia Experimental de Manguinhos (referência ao nome do bairro carioca
onde fica sua sede) e, em 19.03.1918, em homenagem a Oswaldo Cruz, passou a
chamar-se Instituto Oswaldo Cruz. Em maio de 1970, tornou-se Fundação
Instituto Oswaldo Cruz, adotando a sigla “FIOCRUZ”, que continua a ser utilizada
mesmo depois de maio de 1974, quando recebeu a atual designação de
Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. Seu principal objetivo é a pesquisa e o
tratamento das doenças tropicais. Seu trabalho não se limitou ao Rio de Janeiro
nem à pesquisa e produção de vacinas. Nas campanhas de saneamento das
cidades assoladas por surtos e epidemias de febre amarela, varíola e peste
bubônica, teve que enfrentar uma cerrada oposição e um levante popular — a
Revolta da Vacina. Ao se ocupar de condições de vida das populações do interior,
deu origem a debates que resultaram na criação do Departamento Nacional de
Saúde Pública, em 1920. Em 1970, o instituto e outros órgãos federais foram
congregados na Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, mais conhecida como
“Fiocruz”, atualmente considerada uma das mais importantes instituições
brasileiras de pesquisa na área da saúde. Além do desenvolvimento de novas
tecnologias para a fabricação em larga escala das vacinas contra a febre amarela
e a varíola, devem ser citadas outras importantes contribuições relativas à
descoberta da vacina contra o carbúnculo do gado, ou peste da manqueira, por
Alcides Godoy; os estudos de micologia de Olympio Oliveira Ribeiro da Fonseca
(1895-1978) e Arêa Leão; a descrição completa do fungo responsável pela
paracoccidiomicose, mais conhecida por mal de Lutz, por Adolfo Lutz (1855-
1940); as pesquisas sistemáticas de helmintos, de Lauro Pereira Travassos
(1890-1970); a descrição do ciclo do Schistosoma mansoni (Esquistossomose); a
causa do tifo exantemático — o germe bacteriforme Rickettsia prowasecki — por
Rocha Lima; e o isolamento do vírus da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
– SIDA em circulação no Brasil, por Bernardo Galvão. A Fundação Oswaldo Cruz
- FIOCRUZ tem 17 unidades técnico-científicas, sendo 11 localizadas no Rio de
Janeiro, 5 localizadas em outros Estados brasileiros e uma unidade em Maputo,
capital do Moçambique. As unidades técnico-científicas localizadas no Rio de
Janeiro são as seguintes: 1) Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos –
BIOMANGUINHOS; 2) Centro de Criação de Animais de Laboratório – CECAL; 3)
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde –
ICICT; 4) Casa de Oswaldo Cruz – COC; 5) Escola Nacional de Saúde Pública
Sergio Arouca – ENSP; 6) Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio –
EPSJV; 7) Instituto de Tecnologia em Fármacos – FARMANGUINHOS; 8) Instituto
Fernandes Figueira – IFF; 9) Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas –
IPEC; 10) Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde – INCQS; 11)
Instituto Oswaldo Cruz – IOC. As unidades técnico-científicas localizadas fora do
Rio de Janeiro são as seguintes: 1) Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães –
CpqAM/Fiocruz Pernambuco; 2) Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz –
CPqGM/Fiocruz Bahia; 3) Centro de Pesquisa Leônicas e Maria Deane –
CPqLMD/Fiocruz Amazônia; 4) Centro de Pesquisa René Rachou –
CPqRR/Fiocruz Minas Gerais; 5) Instituto Carlos Chagas – ICC/Fiocruz Paraná; 6)
Escritório Internacional em Maputo/Fiocruz África. Também existe mais 4
unidades administrativas todas ligadas a presidência da Fiocruz: 1) Diretoria de
Administração do Campus – DIRAC: realiza toda a infraestrutura do campus
“FioCruz”; 2) Diretoria de Administração – DIRAC; 3) Diretoria de Recursos
Humanos – DIREH; 4) Diretoria de Planejamento – DIPLAN.
[752]
Instituto Vital Brazil – IBV: foi criado em 03.06.1919, pelo médico Vital Brazil
Mineiro da Campanha. Fica no bairro de Vital Brasil, na cidade de Niterói/RJ. O
Instituto Vital Brazil – IBV (campus Niterói) possui um terreno de 190 mil m²,
sendo que dentro dos muros ocupa uma área de 32 mil m². O prédio principal tem
4.126 m² e as outras construções da instituição somam 9.099m², o que totaliza em
13.225m² de área construída do Instituto Vital Brazil – IBV. É uma sociedade por
ações, de economia mista, dotada de personalidade jurídica de direito privado,
constituída com base na Lei Estadual n° 2.284, de 10.07.1956. É um órgão da
Administração Indireta do Estado do Rio de Janeiro vinculado à Secretaria de
Estado de Saúde com objetivos, definidos na Lei Estadual n° 942, de 18.12.1985.
O Instituto Vital Brazil – IBV é um dos laboratórios oficiais existentes no Brasil.
Atende a todo o setor público, com a produção de medicamentos, produtos
biológicos, quimioterápicos e imunobiológicos de uso humano. Realiza estudos e
pesquisas no campo farmacêutico, biológico, econômico e social. Serviços que
vão dos diagnósticos laboratoriais e epidemiológicos a programas de controle de
doenças que ameacem a saúde pública do Estado do Rio de Janeiro. Desde
2001, o Instituto Vital Brazil – IBV é o único a produzir soro contra picadas da
aranha viúva negra, cujo veneno é muito tóxico e que pode levar à morte. A
demanda é nacional. O soro antilatrodéctico faz parte da linha de produção do
Instituto Vital Brazil – IBV e é distribuído regularmente ao Ministério da Saúde –
MS.
[753]
“Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados
para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.
§1º. As dúvidas sobre o enquadramento dos agentes de que trata o caput, para
efeito do disposto nesta Subseção, serão resolvidas pelo Ministério do Trabalho e
Emprego e pelo Ministério da Previdência e Assistência Social.
§2°. A avaliação qualitativa de riscos e agentes nocivos será comprovada
mediante descrição (redação dada pelo Decreto N° 8.213, DE 16.10.2013): I- das
circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou
associação de agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a
jornada (incluído DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013); II- de todas as fontes e
possibilidades de liberação dos agentes mencionados no inciso I (incluído pelo
DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013); e III- dos meios de contato ou exposição
dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da exposição, a frequência
e a duração do contato (incluído pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013).
§3°. A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será
feita mediante formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em
laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (redação dada pelo DECRETO
N° 8.213, DE 16.10.2013).
§4°. A presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser
apurada na forma dos §§ 2° e 3°, de agentes nocivos reconhecidamente
cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, será
suficiente para a comprovação de efetiva exposição do trabalhador (redação dada
pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013).
§5°. No laudo técnico referido no § 3°, deverão constar informações sobre a
existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual, e de sua eficácia, e
deverá ser elaborado com observância das normas editadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego e dos procedimentos estabelecidos pelo INSS (redação dada
pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013).
§6°. A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos
agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que
emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o
respectivo laudo estará sujeita às penalidades previstas na legislação (redação
dada pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013).
§7°. O INSS estabelecerá os procedimentos para fins de concessão de
aposentadoria especial, podendo, se necessário, confirmar as informações
contidas nos documentos mencionados nos § 2° e 3°.
§8°. A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico do
trabalhador, contemplando as atividades desenvolvidas durante o período laboral,
documento que a ele deverá ser fornecido, por cópia autêntica, no prazo de trinta
dias da rescisão do seu contrato de trabalho, sob pena de sujeição às sanções
previstas na legislação aplicável (redação dada pelo DECRETO N° 8.213, DE
16.10.2013).
§9°. Considera-se perfil profissiográfico, para os efeitos do § 8°, o documento com
o históricolaboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre
outras informações, deve conter o resultado das avaliações ambientais, o nome
dos responsáveis pela monitoração biológica e das avaliações ambientais, os
resultados de monitoração biológica e os dados administrativos correspondentes
(redação dada pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013).
§10. O trabalhador ou seu preposto terá acesso às informações prestadas pela
empresa sobre o seu perfil profissiográfico, podendo inclusive solicitar a
retificação de informações quando em desacordo com a realidade do ambiente de
trabalho, conforme orientação estabelecida em ato do Ministro de Estado da
Previdência Social (redação dada pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013).
§11. A cooperativa de trabalho e a empresa contratada para prestar serviços
mediante cessão ou empreitada de mão de obra atenderão ao disposto nos §§ 3°,
4° e 5° com base nos laudos técnicos de condições ambientais de trabalho
emitidos pela empresa contratante, quando o serviço for prestado em
estabelecimento da contratante (redação dada pelo DECRETO N° 8.213, DE
16.10.2013).
§12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no
Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho –
FUNDACENTRO (incluído pelo DECRETO N° 8.213, DE 16.10.2013).
§13. Na hipótese de não terem sido estabelecidos pela FUNDACENTRO a
metodologia e procedimentos de avaliação, cabe ao Ministério do Trabalho e
Emprego definir outras instituições que os estabeleçam (incluído pelo DECRETO
N° 8.213, DE 16.10.2013)”.
[754]
“Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213,
ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade
expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa
variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$
63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco
centavos), conforme a gravidade da infração, aplicando-se-lhe o disposto nos arts.
290 a 292, e de acordo com os seguintes valores (redação dada pelo Decreto n°
4.862, de 21.10.2003 - Nota: Valores atualizados, a partir de 1º de junho 2003,
pela Portaria/MPS n° 727, de 30.05.2003, para R$ 991,03 à R$ 99.102,12): I- a
partir de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) nas
seguintes infrações (nota: valores atualizados, a partir de 1º de junho 2003, pela
Portaria/MPS n° 727, de 30.05.2003, para R$ 991,03): a) deixar a empresa de
preparar folha de pagamento das remunerações pagas, devidas ou creditadas a
todos os segurados a seu serviço, de acordo com este Regulamento e com os
demais padrões e normas estabelecidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social;
b) deixar a empresa de se matricular no Instituto Nacional do Seguro Social,
dentro de trinta dias contados da data do início de suas atividades, quando não
sujeita a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; c) deixar a empresa
de descontar da remuneração paga aos segurados a seu serviço importância
proveniente de dívida ou responsabilidade por eles contraída junto à seguridade
social, relativa a benefícios pagos indevidamente; d) deixar a empresa de
matricular no Instituto Nacional do Seguro Social obra de construção civil de sua
propriedade ou executada sob sua responsabilidade no prazo de trinta dias do
início das respectivas atividades; e) deixar o Titular de Cartório de Registro Civil
de Pessoas Naturais de comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social, até o
dia dez de cada mês, a ocorrência ou a não-ocorrência de óbitos, no mês
imediatamente anterior, bem como enviar informações inexatas, conforme o
disposto no art. 228; f) deixar o dirigente dos órgãos municipais competentes de
prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social as informações concernentes aos
alvarás, habite-se ou documento equivalente, relativos a construção civil, na forma
do art. 226; e g) deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuições
devidas pelos segurados a seu serviço (redação dada pelo Decreto n° 4.862, de
21.10.2003); h) deixar a empresa de elaborar e manter atualizado perfil
profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e de
fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste
documento (incluída pelo Decreto n° 4.862, de 21.10.2003); e II- a partir de R$
6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas
seguintes infrações (Nota: valor atualizado para R$ 9.910,20, a partir de 1º de
junho de 2003, por força do reajuste de 19,71% concedido aos benefícios da
Previdência Social pelo Decreto n° 4.709, de 29.05.2003): a) deixar a empresa de
lançar mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma
discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das
quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; b)
deixar a empresa de apresentar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à
Secretaria da Receita Federal os documentos que contenham as informações
cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles
estabelecida, ou os esclarecimentos necessários à fiscalização; c) deixar o
servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial de exigir
documento comprobatório de inexistência de débito, quando da contratação com
o poder público ou no recebimento de benefício ou de incentivo fiscal ou creditício;
d) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial
de exigir o documento comprobatório de inexistência de débito, quando da
alienação ou oneração, a qualquer título, de bem imóvel ou direito a ele relativo;
e) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial
de exigir a apresentação do documento comprobatório de inexistência de débito
na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem móvel incorporado ao ativo
permanente da empresa, de valor superior a R$ 15.904,18 (quinze mil novecentos
e quatro reais e dezoito centavos) (nota: valor atualizado, a partir de 1º de junho
de 2003, pela Portaria/MPS n° 727, de 30.05.2003, para R$ 24.775,29 (vinte
quatro mil setecentos e setenta e cinco reais e vinte e nove centavos); f) deixar o
servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial de exigir
documento comprobatório de inexistência de débito no registro ou arquivamento,
no órgão próprio, de ato relativo a baixa ou redução de capital de firma individual,
redução de capital social, cisão total ou parcial, transformação ou extinção de
entidade ou sociedade comercial ou civil e transferência de controle de cotas de
sociedades de responsabilidade limitada; g) deixaro servidor, o serventuário da
Justiça ou o titular de serventia extrajudicial de exigir documento comprobatório
de inexistência de débito do proprietário, pessoa física ou jurídica, de obra de
construção civil, quando da averbação de obra no Registro de Imóveis; h) deixar o
servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial de exigir
documento comprobatório de inexistência de débito do incorporador, quando da
averbação de obra no Registro de Imóveis, independentemente do documento
apresentado por ocasião da inscrição do memorial de incorporação; i) deixar o
dirigente da entidade da administração pública direta ou indireta de consignar as
dotações necessárias ao pagamento das contribuições devidas à seguridade
social, de modo a assegurar a sua regular liquidação dentro do exercício; j) deixar
a empresa, o servidor de órgão público da administração direta e indireta, o
segurado da previdência social, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia
extrajudicial, o síndico ou seu representante, o comissário ou o liquidante de
empresa em liquidação judicial ou extrajudicial, de exibir os documentos e livros
relacionados com as contribuições previstas neste Regulamento ou apresentá-los
sem atender às formalidades legais exigidas ou contendo informação diversa da
realidade ou, ainda, com omissão de informação verdadeira; l) deixar a entidade
promotora do espetáculo desportivo de efetuar o desconto da contribuição
prevista no § 1° do art. 205; m) deixar a empresa ou entidade de reter e recolher a
contribuição prevista no § 3° do art. 205; n) deixar a empresa de manter laudo
técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de
trabalho de seus trabalhadores ou emitir documento de comprovação de efetiva
exposição em desacordo com o respectivo laudo (redação dada pelo Decreto n°
6.722, de 30.12.2008); o) (revogado pelo Decreto n° 4.882, de 18.11.2003).
§1°. Considera-se dirigente, para os fins do disposto neste Capítulo, aquele que
tem a competência funcional para decidir a prática ou não do ato que constitua
infração à legislação da seguridade social.
§2º. A falta de inscrição do segurado sujeita o responsável à multa de R$
1.254,89 (mil, duzentos e cinquenta e quatro reais e oitenta e nove centavos), por
segurado não inscrito (redação dada pelo Decreto n° 6.722, de 30.12.2008 - Nota:
Valor atualizado, a partir de 1º de junho de 2003, pela Portaria/MPS n° 727, de
30.05.2003, para R$ 991,03 (novecentos e noventa e um reais e três centavos).
§3°. As demais infrações a dispositivos da legislação, para as quais não haja
penalidade expressamente cominada, sujeitam o infrator à multa de R$ 636,17
(seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) (nota: valor atualizado, a
partir de 1º de junho de 2003, pela Portaria/MPS n° 727, de 30.05.2003, para R$
991,03)”.
[755]
Op.cit., p. 36-37.
[756]
Direito ambiental cit., p. 190-191.
[757]
Idem, p. 191.
[758]
Conservación de la naturaleza, Derecho Agrario, p. 479.
[759]
Revista BIO, n. 3.
[760]
Apud J. S. Quintas, Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, p.
55.
[761]
A construção do desenvolvimento sustentável, Educação ambiental – Curso
Básico a Distância: questões ambientais: conceito, história, problemas e
alternativas, p. 314-316.
[762]
Idem, p. 316.
[763]
Estudos recentes da Organização das Nações Unidas – ONU sobre a
qualidade de vida entre os diversos países no mundo denunciam que 15,8% da
população brasileira (26 milhões de pessoas) não têm acesso às condições
mínimas de saúde, educação e serviços básicos. No que se refere a distribuição
de renda, o Brasil apresenta dados alarmantes e está classificado como o pior da
América Latina: isto porque os 20% mais pobres ficam com apenas 2,5% da
renda produzida no país, enquanto os 20% mais ricos detêm 63,4% dela. Por
outro lado, os referidos estudos da ONU denunciam também que o crescimento
econômico no Brasil não favorece a população pobre: o Produto Interno Bruto –
PIB (medido pelo conjunto das riquezas de um país dividido pelo seu número de
habitantes) per capita dos 20% mais ricos é 32 (trinta e duas) vezes maior do que
o dos 20% mais pobres; a renda dos mais pobres cresce menos que o Produto
Interno Bruto – PIB per capita.
[764]
Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 322.
[765]
Apud Luiz Sérgio Philippi, op.cit., p. 319.
[766]
Op.cit., p. 59 e 73-74.
[767]
João Bosco Leopoldino da Fonseca, op.cit., p. 27.
[768]
Luis S. Cabral de Moncada, Direito econômico, p. 15-18.
[769]
Idem, p. 21.
[770]
João Bosco Leopoldino da Fonseca, op.cit., p. 27-28.
[771]
Gestão ambiental: administração do uso dos recursos ambientais, por meio
de ações ou medidas econômicas, investimentos e providências institucionais e
jurídicas, com finalidade de manter ou recuperar a qualidade do meio ambiente,
assegurar a produtividade dos recursos e o desenvolvimento social.
[772]
Filosofia del derecho, p. 402.
[773]
Op.cit., p. 77-78.
[774]
Sociedade civil: a esfera das relações entre indivíduos, entre grupos, entre
classes sociais que se desenvolvem à margem das relações de poder que
caracterizam as instituições estatais. Em outras palavras, sociedade civil é
representada como o terreno dos conflitos econômicos, ideológicos, sociais e
religiosos que o Estado tem ao seu encargo resolver, intervindo como mediador
ou suprimindo-os (Norberto Bobbio, N. Matteucci, e G. Pasquino, Dicionário de
Política, verbete Sociedade civil).
[775]
Op.cit., p. 279.
[776]
Educação Ambiental: processo de aprendizagem e comunicação de
problemas relacionados à interação dos homens com seu ambiente natural. É o
instrumento de formação de uma consciência, por meio do conhecimento e da
reflexão sobre a realidade ambiental (Fundação Estadual de Engenharia do Meio
Ambiente – FEEMA/RJ, Assessoria de Comunicação, Cadernos FEEMA, Série
Técnica 17/81, 1986). O processo de formação e informação social orientado
para: I- o desenvolvimento de consciência crítica sobre a problemática ambiental,
compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução
dos problemas ambientais, tanto em relação aos seus aspectos biofísicos, quanto
sociais, políticos, econômicos e culturais; II- o desenvolvimento de habilidades e
instrumentos tecnológicos necessários à solução dos problemas ambientais; III- o
desenvolvimento de atitudes que levem à participação das comunidades na
preservação do equilíbrio ambiental.
[777]
Unidades de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais,
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo poder público com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção.
[778]
Reciclagem: Recuperação, reprocessamento ou reutilização de materiais
descartados como alternativa à sua disposição final em forma de resíduo (J. A.
Nathanson, Basic environmental technology: water supply, waste disposal and
pollution control, p. 213).
[779]
Op.cit., p. 257.
[780]
Carlos Heitor Cony, As viagens de Marco Polo, p. 115.
[781]
Op.cit., p. 113.
[782]
Armadilha em que o caçador se disfarça em boi.
[783]
Charles Van Hombeeck Júnior, Preservação e Uso dos Recursos de Água e
solo, p. 11.
[784]
Cesto com que se apanham peixes em rio.
[785]
Armadilhas para peixes. Cesto de pescar, afunilado, feito de vime.
[786]
Rede oblonga (que tem mais comprimento do que largura) retesada com
vime.
[787]
Tipo de rede de pesca.
[788]
Rede de malha fina dobrada.
[789]
Árvore de cortiça.
[790]
Soveiro em crescimento.
[791]
Planta venenosa usada para matar peixe.
[792]
Planta alcalóide. Designação comum a diversas plantas das famílias das
compostas e das escrofulariáceas, gênero Pterocaulon e Verbascum.
[793]
Charles Van Hombeeck Júnior, op.cit., p. 13.
[794]
Idem, p. 16.
[795]
Op.cit., p. 117.
[796]
Idem, p. 118.
[797]
Aderson de Menezes, Teoria geral do Estado, p.122-123.
[798]
Organisation économique de l’état, p. 52.
[799]
Op.cit., p. 50-51.
[800]
Anderson de Menezes, op.cit., p. 124-125.
[801]
Comentários à Constituição da República Federativa do Brasil (promulgada
em 05.10.1988), p. 26.
[802]
Op.cit., p. 234.
[803]
Desestatização: privatização, concessões e terceirizações, p. 29-30.
[804]
Os fundamentos do antitruste, p. 104-105.
[805]
Op.cit., p. 80-81.
[806]
Orlando Soares, op.cit., p. 83-84.
[807]
Processo Legislativo, p. 93.
[808]
Rubem Nogueira, Revogada a Constituição de 1967, Revista de Informação
Legislativa, n. 82, p. 40.
[809]
“Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) XXIII- a propriedade atenderá a sua
função social; (...) LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania; (...) LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência; (...)”.
[810]
“Art. 20. São bens da União: I- os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
vierem a ser atribuídos; II- as terras devolutas indispensáveis à defesa das
fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III- os lagos, rios e
quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais
de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais; IV- as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II (com redação
dada pela Emenda Constitucional n° 46, de 2005); V- os recursos naturais da
plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI- o mar territorial; VII- os
terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII- os potenciais de energia hidráulica;
IX- os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X- as cavidades naturais
subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI- as terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º. É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no
resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins
de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
compensação financeira por essa exploração.
§ 2º. A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das
fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
reguladas em lei”.
[811]
“Art. 21. Compete à União: (...) XIX- instituir sistema nacional de
gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de
seu uso; XX- instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive
habitação, saneamento básico e transportes urbanos; (...) XXIII- explorar os
serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos
os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território
nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do
Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a
comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos,
agrícolas e industriais (redação dada pela Emenda Constitucional 49 de 2006); c)
sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas (redação
dada pela Emenda Constitucional 49 de 2006); d) a responsabilidade civil por
danos nucleares independe da existência de culpa (incluída pela Emenda
Constitucional 49 de 2006); (...) XXV- estabelecer as áreas e as condições para o
exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa”.
[812]
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV- águas,
energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; (...) XII- jazidas, minas,
outros recursos minerais e metalurgia; (...) XXVI – atividades nucleares de
qualquer natureza (...)”.
[813]
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios: I- zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
democráticas e conservar o patrimônio público; (...) III- proteger os documentos,
as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV- impedir a evasão, a
destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural; (...) VI- proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas; VII- preservar as florestas, a fauna e a
flora; (...) IX- promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico; (...) XI- registrar, acompanhar e
fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
e minerais em seus territórios.; (...)”.
[814]
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: (...) VI- florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição; VII- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico; VIII- responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico; (...)”.
[815]
“Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em
um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à
redução das desigualdades regionais.
(...)
§ 2º. Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei: (...)
IV- prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de
água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas
periódicas.
§ 3º. Nas áreas a que se refere o § 2.º, IV, a União incentivará a recuperação de
terras áridas e cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o
estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena irrigação”.
[816]
“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) XIV-
aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; (...) XVI-
autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos
hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; (...)”.
[817]
“Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente
da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
Estado democrático, e dele participam como membros natos: I- o Vice-Presidente
da República; II- o Presidente da Câmara dos Deputados; III- o Presidente do
Senado Federal; IV- o Ministro da Justiça; V- o Ministro de Estado da Defesa; VI-
o Ministro das Relações Exteriores; VII- o Ministro do Planejamento; VIII- os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
§ 1º. Compete ao Conselho de Defesa Nacional: I- opinar nas hipóteses de
declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição; II-
opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da
intervenção federal; III- propor os critérios e condições de utilização de áreas
indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso,
especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a
exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; IV- estudar, propor e
acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a
independência nacional e a defesa do Estado democrático.
§ 2º. A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa
Nacional”.
[818]
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: (...) III- promover o
inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; (...)”.
[819]
“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o
setor privado.
(...)
§ 3º. O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas,
levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social
dos garimpeiros.
§ 4º. As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na
autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de
minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de
acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei”.
[820]
“Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os
potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para
efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao
concessionário a propriedade do produto da lavra.
§1º. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais
a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante
autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração
no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando
essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
§2º. É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na
forma e no valor que dispuser a lei.
§3º. A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as
autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.
§4º. Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial
de energia renovável de capacidade reduzida”.
[821]
“Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
seus habitantes.
§1º. O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades
com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.
§2º. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§3º. As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa
indenização em dinheiro.
§4º. É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I- parcelamento ou edificação
compulsórios; II- imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo; III- desapropriação com pagamento mediante títulos da
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo
de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais”.
[822]
“Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos: I- aproveitamento racional e adequado; II- utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III-
observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV- exploração
que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”.
[823]
“Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,
nos termos da lei: (...) VII- participar do controle e fiscalização da produção,
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos; VIII- colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o
do trabalho”.
[824]
“Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem: (...) V – os conjuntos urbanos e sítios
de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico.
§1º. O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá
o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação.
(...)
§3º. A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e
valores culturais.
§4º. Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
(...)”.
[825]
“Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.
§1º. São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-
estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições.
§2º. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e
dos lagos nelas existentes.
§3º. O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos,
a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser
efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades
afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma
da lei.
§4º. As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os
direitos sobre elas, imprescritíveis.
§5º. É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad
referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que
ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após
deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno
imediato logo que cesse o risco.
§6º. São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham
por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo,
ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas
existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que
dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a
indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.
§7º. Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3.º e § 4º”.
[826]
“Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas
para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o
Ministério Público em todos os atos do processo”.
[827]
“Art. 43. Na data da promulgação da lei que disciplinar a pesquisa e a lavra
de recursos e jazidas minerais, ou no prazo de um ano, a contar da promulgação
da Constituição, tornar-se-ão sem efeito as autorizações, concessões e demais
títulos atributivos de direitos minerários, caso os trabalhos de pesquisa ou de lavra
não hajam sido comprovadamente iniciados nos prazos legais ou estejam
inativos”.
[828]
“Art. 44. As atuais empresas brasileiras titulares de autorização de pesquisa,
concessão de lavra de recursos minerais e de aproveitamento dos potenciais de
energia hidráulica em vigor terão quatro anos, a partir da promulgação da
Constituição, para cumprir os requisitos do art. 176, § 1.º.
§1º. Ressalvadas as disposições de interesse nacional previstas no texto
constitucional, as empresas brasileiras ficarão dispensadas do cumprimento do
disposto no art. 176, § 1.º, desde que, no prazo de até quatro anos da data da
promulgação da Constituição, tenham o produto de sua lavra e beneficiamento
destinado a industrialização no território nacional, em seus próprios
estabelecimentos ou em empresa industrial controladora ou controlada.
§2º. Ficarão também dispensadas do cumprimento do disposto no art. 176, § 1.º,
as empresas brasileiras titulares de concessão de energia hidráulica para uso em
seu processo de industrialização.
§3º. As empresas brasileiras referidas no § 1.º somente poderão ter autorizações
de pesquisa e concessões de lavra ou potenciais de energia hidráulica, desde que
a energia e o produto da lavra sejam utilizados nos respectivos processos
industriais”.
[829]
Direito ambiental cit., p. 41.
[830]
Dicionário brasileiro de ciências ambientais, p. 182.
[831]
Manejo (management, em inglês; aménagement; em francês; e manejo, em
italiano): Ação de manejar, administrar, gerir. Termo aplicado ao conjunto de ações
destinadas ao uso de um ecossistema ou de um ou mais recursos ambientais, em
certa área, com finalidade conservacionista e de proteção ambiental.
[832]
Direito ambiental cit., p. 64-65.
[833]
Direito ambiental cit., p. 65.
[834]
Direito ambiental constitucional, p. 78.
[835]
Política e legislação de proteção ambiental no Brasil, p. 35.
[836]
Idem, p. 36.
[837]
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, op.cit., p. 1039, verbete Parque/Parque
nacional.
[838]
Idem, p. 798, verbete Jardim/Jardim botânico.
[839]
Idem, verbete Jardim/Jardim zoológico.
[840]
Idem, p. 734, verbete Horto/Horto florestal.
[841]
R. E. Munn, op.cit., p. 79.
[842]
Estudo Prévio de Impacto Ambiental, p. 57.
[843]
Direito ambiental cit., p. 53.
[844]
Mudança da política ambiental, O ambiente inteiro: a contribuição crítica da
universidade à questão ambiental, p. 266.
[845]
Direito ambiental cit., p. 68.
[846]
Direito ambiental cit., p. 69-70.
[847]
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL: é um dos mecanismos de
flexibilização criados pelo Protocolo de Quioto para auxiliar o processo de redução
de emissões de Gases do Efeito Estufa – GEE ou de captura de carbono (ou
sequestro de carbono) por parte dos países do Anexo I. O propósito do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL é prestar assistência às Partes
Não Anexo I da United Nations Framework Convention on Climate Change –
UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima –
CONUMC) para que viabilizem o desenvolvimento sustentável através da
implementação da respectiva atividade de projeto e contribuam para o objetivo
final da Convenção e, por outro lado, prestar assistência às Partes Anexo I para
que cumpram seus compromissos quantificados de limitação e redução de
emissões de gases do efeito estufa. Países em desenvolvimento podem
implementar projetos que contribuam para a sustentabilidade e apresentem uma
redução ou captura de emissões de gases causadores do efeito estufa, obtendo
como resultado os Certified Emission Reductions – CER (Certificados de
Reduções de Emissões – RCE). Os Certified Emission Reductions – CER
emitidos pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo –
CEMDL, podem ser negociados no mercado global. Como os países
industrializados (Partes Anexo I) possuem cotas de redução de emissões de
gases causadores do efeito estufa, estes podem adquirir os Certified Emission
Reductions – CER de desenvolvedores de projetos em países em
desenvolvimento para auxiliar no cumprimento de suas metas. O Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL visa ao alcance do desenvolvimento sustentável
em países em desenvolvimento (país anfitrião), a partir da implantação de
tecnologias mais limpas nestes países. Para os Países do Anexo I, o mecanismo
facilita que cumpram suas reduções de emissão. Os projetos de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL podem ser baseados em fontes renováveis e
alternativas de energia, eficiência e conservação de energia ou reflorestamento.
Existem regras claras e rígidas para aprovação de projetos no âmbito do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL. Estes projetos devem utilizar
metodologias aprovadas, devem ser validados e verificados por Entidades
Operacionais Designadas – EOD, e devem ser aprovados e registrados pelo
Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL. Os
projetos devem ser aprovados pelo governo do país anfitrião através da
Autoridade Nacional Designada – AND, assim como pelo governo do país que
comprará os Certified Emission Reductions – CER. No Brasil, a Comissão
Interministerial de Mudança Global do Clima, estabelecida em 1999, atua como a
Autoridade Nacional Designada – AND Brasileira. O primeiro projeto de
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, aprovado pela Organização das
Nações Unidas – ONU, no mundo, foi o do aterro sanitário “Nova Gerar”, no Rio
de Janeiro, Brasil, que utiliza tecnologias bem precisas de engenharia sanitária. O
aterro sanitário “Bandeirantes” do bairro Perus, na zona norte da capital do estado
de São Paulo, realizou o primeiro leilão de Certified Emission Reductions – CER
através de bolsa de valores no mundo, cuja empresa vencedora foi a Fortis Bank
NV/SA, da Holanda. Hoje, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL conta
com 3.534 projetos registrados e emitiu mais de 750 milhões de Certified
Emission Reductions – CER. O Conselho Executivo do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – CEMDL numerou os seguintes setores onde projetos
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL podem ser desenvolvidos. O
Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – CEMDL baseou-
se no Anexo A do Protocolo de Quioto para elaboração da mesma. Uma atividade
de projeto Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL pode estar relacionada
a mais de um setor: 1) Setor 1. Geração de energia (renovável e não-renovável);
2) Setor 2. Distribuição de energia; 3) Setor 3. Demanda de energia (projetos de
eficiência e conservação de energia); 4) Setor 4. Indústrias de produção; 5) Setor
5. Indústrias químicas; 6) Setor 6. Construção; 7) Setor 7. Transporte; 8) Setor 8.
Mineração e produção de minerais; 9) Setor 9. Produção de metais; 10) Setor 10.
Emissões de gases fugitivos de combustíveis; 11) Setor 11. Emissões de gases
fugitivos na produção e consumo de halocarbonos e hexafluorido de enxofre; 12)
Setor 12. Uso de solventes; 13) Setor 13. Gestão e tratamento de resíduos; 14)
Setor 14. Reflorestamento e florestamento; 15) Setor 15. Agricultura. Etapas dos
projetos Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL: 1) concepção do projeto
(preparo da Nota de Ideia do Projeto); 2) preparo do Documento de Concepção do
Projeto – DCP; 3) validação; 4) obtenção da aprovação do país anfitrião; 5)
registro; 6) implementação do projeto; 7) monitoramento; 8) verificação e
certificação; 9) emissão dos Certified Emission Reductions – CER (créditos de
carbono). As Partes Anexo I são os países que tem metas em relação ao
Protocolo de Quioto. São divididos em dois subgrupos: 1) aqueles países que
necessitam diminuir suas emissões e portanto podem tornar-se compradores de
créditos provenientes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, como a
Alemanha, Japão, Países Baixos; e 2) os países que estão em transição
econômica e por isso podem ser anfitriões de projetos do tipo Implementação
conjunta (que é outro mecanismo de flexibilização do Protocolo de Quioto), como
a Ucrânia, Rússia, Romênia, etc. Tipos de projetos Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL: 1) captura de gás em aterro sanitário; 2)
tratamento de dejetos suínos e reaproveitamento de biogás; 3) troca de
combustível; 4) geração de energia por fontes renováveis (biomassa, energia
eólica, pequenas e médias hidroelétricas, energia solar); 5) compostagem de
resíduos sólidos urbanos; 6) geração de metano a partir de resíduos orgânicos
(biogasificação); 7) pirólise de resíduos; 8) florestamento e reflorestamento em
áreas degradadas. Por sinal, lembramos que a proteção de áreas de florestas ou
desmatamento evitado não são projetos Mecanismo de Desenvolvimento Limpo –
MDL e portanto não podem requerer Certified Emission Reductions – CER.
[848]
A segurança química é um conceito global, desenvolvido para assegurar a
proteção da saúde, da vida e das condições normais do ambiente, frente aos
riscos decorrentes das atividades compreendidas no ciclo de vida das substâncias
químicas. A segurança química consiste na utilização racional e consciente das
substâncias e produtos químicos com vistas à proteção da saúde humana e do
meio ambiente. A segurança química é operacionalizada por meio de dispositivos
legais e voluntários, bem como de instrumentos, mecanismos e práticas, que são
aplicados ao longo de todo o ciclo de vida da substância, em busca de um
equilíbrio entre os aspectos sociais, econômicos e ambientais. A definição de
estratégias tangíveis para o controle e a prevenção dos riscos potenciais do uso
de substâncias e produtos químicos constitui um ponto fundamental para
compatibilizá-lo aos recursos disponíveis. Efeitos adversos ao meio ambiente e às
diferentes formas de vida ocasionados por agentes químicos dependem, dentre
outras, das suas propriedades físicas e químicas, características toxicológicas e
ecotoxicológicas, da forma de uso, via e intensidade de exposição, bem como das
especificidades dos seres vivos submetidos a tal exposição. Inúmeros estudos
têm comprovado a estreita relação entre agravos à saúde humana e danos aos
ecossistemas naturais e urbanos decorrentes da exposição aos produtos
químicos, com consequências sócio-econômicas negativas para a sociedade
como um todo. Os riscos associados aos produtos químicos são de natureza
complexa, devido, dentre outros, aos seguintes aspectos: 1) podem ser globais
em escala; 2) envolvem emissões que podem cruzar fronteiras; 3) podem gerar
efeitos a curto, médio e longo prazo, com possibilidade de afetar tanto as atuais
quanto as futuras gerações; 4) podem exigir decisões emergenciais, dependendo
da natureza e gravidade do problema; 5) exigem decisões compatíveis com o
nível de complexidade dos impactos; 6) exigem abordagem interdisciplinar em
virtude das ações e funções dos diversos aspectos envolvidos (produção,
tecnologia, organização social e cultural, entre outros); 7) envolvem múltiplos
setores governamentais, grupos sociais e econômicos na gestão e controle da
poluição ambiental; 8) o alto grau de variabilidade social, ambiental e biológica
dificulta a extrapolação direta de determinados resultados de estudos científicos e
aplicações tecnológicas para outros contextos ou realidades; 9) a incerteza
científica no estabelecimento de correlações causa efeito decorrentes de
exposições aos produtos e as substancias químicas; 10) vulnerabilidade de
regiões ou grupos, que são os mais prejudicados por habitarem em locais sem
saneamento, em moradias inadequadas, com baixo grau de educação e com
condições de saúde debilitada e/ou sem acesso aos serviços de saúde, isto em
regiões com maior escassez de recursos e com maior precariedade. Como
questão de interesse público, a segurança química envolve vários níveis e setores
governamentais, em especial os que atuam em questões relativas ao ambiente,
trabalho, saúde, transporte e o desenvolvimento econômico e tecnológico. Além
de estabelecer normas, fiscalizar o cumprimento da legislação, tratar dos
instrumentos punitivos, orientar o setor produtivo bem como a própria população,
os órgãos públicos têm papel fundamental na elaboração e implementação da
política de segurança química. A questão da segurança química tem para o Brasil
inequívoca relevância, tendo em vista o país estar entre os dez maiores
produtores mundiais do setor e de ser o maior produtor e importador, no gênero,
da América Latina. Em conformidade com o Capítulo 19 da Agenda 21, uma
estratégia nacional de segurança química deverá levar em conta outros marcos,
tais como: 1) Benefício Social; 2) Fator Estratégico; 3) Responsabilidade
Governamental; 4) Ação Coordenada; 5) Disponibilidade de Recursos; 6)
Cooperação Internacional. O Capítulo 19 da Agenda 21 incorpora propostas
destinadas a reforçar estas ações organizadas em 6 (seis) áreas programáticas:
1) Área A: Expansão e Aceleração da Avaliação dos Riscos dos Produtos
Químicos à Saúde e Meio Ambiente; 2) Área B: Harmonização da Classificação e
Rotulagem de Substâncias Químicas; 3) Área C: Intercâmbio de Informações
sobre Riscos dos Produtos Químicos; 4) Área D: Organização de Programas de
Redução de Riscos e Promoção de Alternativas; 5) Área E: Fortalecimento das
Capacidades e dos Meios Nacionais para a Gestão de Produtos Químicos; 6)
Área F: Prevenção do Tráfico Internacional Ilícito dos Produtos Tóxicos e
Perigosos. Ademais, a Agenda 21 propôs a organização de um Foro
Intergovernamental para gerenciar o desenvolvimento das ações previstas no
Capítulo 19. Em 1994 durante a Conferência Internacional de Segurança Química,
realizada em Estocolmo, Suécia foi criado o Fórum Intergovernamental sobre
Segurança Química – FISQ. O Fórum Intergovernamental sobre Segurança
Química – FISQ conta com a participação de agências internacionais, como a
Organização Mundial de Saúde – OMS, Organização Internacional do Trabalho –
OIT, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, United
Nations Institute for Training and Research – UNITAR (Instituto para Treinamento
e Pesquisa das Nações Unidas), Food and Agriculture Organization of the United
Nations – FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura),
United Nations Industrial Development Organization – UNIDO e outras, assim
como dos países membros das Nações Unidas, de organizações privadas, do
meio científico e da sociedade civil. O Fórum Intergovernamental sobre
Segurança Química – FISQ é um instrumento de cooperação e fomento, singular
e abrangente, voltado para o desenvolvimento de estratégias e parcerias entre os
governos dos países, instituições intergovernamentais e organismos não
governamentais, na avaliação dos riscos, do ponto de vista ecológico e na gestão
segura dos produtos químicos. A Comissão Nacional de Segurança Química –
CONASQ: se caracteriza por ser um mecanismo de articulação intersetorial de
integração para a promoção adequada das substâncias químicas, que visa criar
oportunidades para o fortalecimento, a divulgação e o desenvolvimento de ações
intersetoriais relacionadas à segurança química, promovendo a transversalidade.
[849]
Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima – CIMGC (Autoridade
Nacional Designada): De acordo com o Despacho Telegráfico nº 612, de
19.09.2002, enviado pelo Ministério da Relações Exteriores – MRE à Embaixada
do Brasil em Berlim, o Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima foi oficialmente comunicado pelo Governo Brasileiro que
a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima – CIMGC é a Autoridade
Nacional Designada para aprovação de projetos no âmbito do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL do Protocolo de Quioto, conforme disposto no
inciso IV do art. 3º do Decreto Presidencial de 07.07.1999 que instituiu a referida
Comissão. perspectiva de entrada em vigor do Protocolo de Quioto, com o seu
potencial de mobilização de recursos da ordem de muitas dezenas de bilhões de
dólares por ano, uma fração dos quais poderá ser orientada para o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL, assinalou a importância da formalização de um
mecanismo dentro do Governo que pudesse direcionar esse potencial para as
prioridades de desenvolvimento nacionais. Acresce-se a isso a necessidade de
intensificar as ações que já vêm sendo tomadas pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia, em articulação com os Ministérios das Relações Exteriores; de Minas
e Energia; e do Meio Ambiente, no que diz respeito ao cumprimento dos
compromissos em vigor para o Brasil, assumidos por força da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Tendo em vista a relevância que o
tema vem adquirindo no cenário das relações internacionais, a complexidade e o
aspecto multifacetado dos assuntos relacionados com clima, o tratamento do
assunto requer a articulação de ações de diversos órgãos governamentais
setoriais. Uma vez que não existia uma instância específica na estrutura da
Administração Pública Federal para realizar a coordenação e a articulação
julgadas adequadas para implementação das ações necessárias, foi proposta a
criação de uma Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima – CIMGC.
Assim, buscando-se atingir este objetivo, em 07 de julho de 1999, o Presidente da
República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso II, da
Constituição, fez promulgar um decreto criando a Comissão Interministerial de
Mudança Global do Clima – CIMGC. Tendo em vista que o Ministério da Ciência e
Tecnologia já vinha exercendo as atividades nacionais voltadas ao cumprimento
do compromisso inicial do Brasil relativo à Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima, coube a esse órgão a presidência e as funções de
Secretaria-Executiva da Comissão, uma vez que os aspectos científicos da
mudança global do clima continuarão, no futuro previsível, a dominar as
negociações políticas e o conhecimento científico necessário para subsidiar as
discussões poderá ser viabilizado por meio dos instrumentos de fomento do
Ministério. Devido ao caráter horizontal da atividade científica - que perpassa
todos os setores de atividade envolvidos no tema da mudança climática – o
Ministério da Ciência e Tecnologia pode atuar na conciliação dos diferentes
interesses setoriais. O tratamento das emissões de gases de efeito estufa nas
atividades humanas, por força da Convenção, deve incluir os setores de energia,
transportes, indústria, agricultura, silvicultura e tratamento de resíduos, razão pela
qual foi integram igualmente a Comissão os Ministérios de Minas e Energia, dos
Transportes, do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, da Agricultura e do
Abastecimento e do Meio Ambiente (a quem coube a Vice-Presidência da
Comissão), que tenham tais áreas sob sua responsabilidade. O então Ministério
Extraordinário de Projetos Especiais (atualmente incorporado parcialmente ao
Ministério da Ciência e Tecnologia), o Ministério do Orçamento e Gestão, bem
como a Casa Civil da Presidência da República, também foram incluídos por suas
competências relativas à visão do Brasil em longo prazo, bem como, o Ministério
das Relações Exteriores, pelas negociações internacionais que continuarão a
ocorrer. Além disso, o Decreto faculta à Comissão solicitar a colaboração de
outros órgãos públicos ou órgãos privados e entidades representativas da
sociedade civil na realização de suas atribuições. São atribuições da Comissão
Interministerial de Mudança Global do Clima – CIMGC: a) emitir parecer, sempre
que demandado, sobre propostas de políticas setoriais, instrumentos legais e
normas que contenham componente relevante para a mitigação da mudança
global do clima e para a adaptação do País aos seus impactos; b) fornecer
subsídios às posições do Governo nas negociações sob a égide da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e instrumentos subsidiários
de que o Brasil seja parte; c) definir critérios de elegibilidade adicionais aos
considerados pelos Organismos da Convenção, encarregados do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL, previsto no Artigo 12 do Protocolo de Quioto da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conforme
estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável; d) apreciar pareceres
sobre projetos que resultem em reduções de emissões e que sejam considerados
elegíveis para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, e aprová-los, se
for o caso; e) realizar articulação com entidades representativas da sociedade
civil, no sentido de promover as ações dos órgãos governamentais e privados, em
cumprimento aos compromissos assumidos pelo Brasil perante a Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e instrumentos subsidiários
de que o Brasil seja parte. A Comissão Interministerial de Mudança Global do
Clima – CIMGC representa, assim, um esforço no sentido de articular as ações de
governo relacionadas à Mudança Global do Clima.
[850]
“§6°. Cabe aos Ministérios da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente, em
conjunto e sob a coordenação do primeiro, nos aspectos relacionados ao uso
sustentável dos recursos pesqueiros (redação dada pela Lei n° 11.958, de
26.06.2009): I- fixar as normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento do
uso sustentável dos recursos pesqueiros, com base nos melhores dados
científicos e existentes, na forma de regulamento (redação dada pela Lei n°
11.958, de 26.06.2009); e II- subsidiar, assessorar e participar, em interação com
o Ministério das Relações Exteriores, de negociações e eventos que envolvam o
comprometimento de direitos e a interferência em interesses nacionais sobre a
pesca e aquicultura (redação dada pela Lei n° 11.958, de 26.06.2009)”.
[851]
Clearing-House Mechanism: trata-se de um mecanismo de intermediação de
informações, em ambiente de internet, com padrões tecnológicos avançados de
intercâmbio de informações para facilitar a troca de dados entre as partes
signatárias da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB.
[852]
“Art. 2°. O PNF tem os seguintes objetivos: I- estimular o uso sustentável de
florestas nativas e plantadas; II- fomentar as atividades de reflorestamento,
notadamente em pequenas propriedades rurais; III- recuperar florestas de
preservação permanente, de reserva legal e áreas alteradas; IV- apoiar as
iniciativas econômicas e sociais das populações que vivem em florestas; V-
reprimir desmatamentos ilegais e a extração predatória de produtos e subprodutos
florestais, conter queimadas acidentais e prevenir incêndios florestais; VI-
promover o uso sustentável das florestas de produção, sejam nacionais,
estaduais, distrital ou municipais; VII- apoiar o desenvolvimento das indústrias de
base florestal; VIII- ampliar os mercados interno e externo de produtos e
subprodutos florestais; IX- valorizar os aspectos ambientais, sociais e econômicos
dos serviços e dos benefícios proporcionados pelas florestas públicas e privadas;
X- estimular a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas florestais”.
[853]
“Art. 1º. A Comissão Brasileira do Programa sobre o Homem e a Biosfera,
instituída pelo Decreto nº 74.685, de 14 de outubro de 1974, passa a denominar-
se Comissão Brasileira para o Programa ‘O Homem e a Biosfera’ - COBRAMAB,
exercendo suas atividades no âmbito do Ministério do Meio Ambiente.
Art. 2º. A COBRAMAB tem por finalidade precípua planejar, coordenar e
supervisionar no País as atividades relacionadas ao Programa ‘O Homem e a
Biosfera’, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura - UNESCO.
Art. 3º. Compete à COBRAMAB: I- estimular a cooperação internacional; II-
apreciar as estratégias adotadas e promover a articulação interinstitucional e
intersetorial, visando a implementação do Programa ‘O Homem e a Biosfera’; III-
harmonizar a pesquisa científica em relação ao Programa; IV- apreciar relatórios
de gestão; V- criar câmaras técnicas, temporárias ou permanentes, com vistas ao
atingimento de suas finalidades; VI- divulgar amplamente as atividades
desenvolvidas pela Comissão; VII- elaborar e aprovar o seu regimento interno; e
VIII- apreciar outros assuntos correlatos à sua finalidade.
Art. 4º. A COBRAMAB será integrada por: I- um representante de cada um
dos seguintes órgãos: a) do Ministério do Meio Ambiente, que a presidirá; b) do
Ministério das Relações Exteriores; c) do Ministério da Ciência e Tecnologia; d) do
Ministério da Educação; e) do Ministério da Cultura;
f) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; e g) do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; II- dois
representantes de cada um dos seguintes segmentos: a) da comunidade científica
e acadêmica; b) de entidades ambientalistas da sociedade civil; e
c) do setor privado.
Parágrafo único. Os membros da COBRAMAB, juntamente com os seus
respectivos suplentes, serão designados pelo Ministro de Estado do Meio
Ambiente, para mandato de dois anos, permitida uma recondução, mediante a
indicação dos titulares dos órgãos mencionados no inciso I e, no caso do inciso II,
por livre escolha da autoridade designante.
Art. 5º. A Comissão reunir-se-á com a presença da maioria dos seus
membros, mediante convocação do seu Presidente, ordinariamente, duas vezes
ao ano, e extraordinariamente, na hipótese de relevante interesse, a juízo do seu
Presidente, ou sempre que requerido pela maioria de seus membros.
Parágrafo único. A COBRAMAB decidirá pela maioria de votos dos presentes,
cabendo ao Presidente, além do voto ordinário, o voto de qualidade, no caso de
empate.
Art. 6º. A Comissão terá um Vice-Presidente, eleito dentre os seus membros,
e um Secretário-Executivo, designado pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente.
Art. 7º. O Presidente da Comissão será substituído em suas faltas e
impedimentos pelo Vice-Presidente ou pelo Secretário-Executivo, nessa ordem.
Art. 8º. O Ministério do Meio Ambiente prestará apoio técnico e administrativo
à COBRAMAB.
Art. 9º. Os trabalhos prestados à COBRAMAB são considerados de relevante
serviço público, não ensejando, porém, direito a qualquer tipo de remuneração.
Parágrafo único. As eventuais despesas com passagens e diárias serão
custeadas pelos órgãos e setores nela representados”.
[854]
“Art. 7°. Fica criada, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o
Departamento do Patrimônio Genético, que exercerá a função de Secretaria-
Executiva do Conselho de Gestão, e terá as seguintes atribuições, dentre outras:
I- implementar as deliberações do Conselho de Gestão; II- promover a instrução e
a tramitação dos processos a serem submetidos à deliberação do Conselho de
Gestão; III- dar suporte às instituições credenciadas; IV- emitir, de acordo com
deliberação do Conselho de Gestão e em seu nome, Autorização de Acesso e de
Remessa de amostra de componente do patrimônio genético existente no
território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva, bem
como Autorização de Acesso a conhecimento tradicional associado; V-emitir, de
acordo com deliberação do Conselho de Gestão e em seu nome, Autorização
Especial de Acesso e de Remessa de amostra de componente do patrimônio
genético, e Autorização de Acesso a conhecimento tradicional associado, com
prazo de duração de até dois anos, renovável por iguais períodos, a instituição
pública ou privada nacional que exerça atividade de pesquisa e desenvolvimento
nas áreas biológicas e afins e a universidade nacional, pública ou privada; VI-
acompanhar, em articulação com os demais órgãos federais, as atividades de
acesso e de remessa de amostra de componente do patrimônio genético e de
acesso a conhecimento tradicional associado; VII- promover, de acordo com
deliberação do Conselho de Gestão e em seu nome, o credenciamento de
instituição pública nacional de pesquisa e desenvolvimento, ou instituição pública
federal de gestão, para autorizar instituição nacional, pública ou privada, a
acessar amostra de componente do patrimônio genético e de conhecimento
tradicional associado, e bem assim a enviar amostra de componente do
patrimônio genético a instituição nacional, pública ou privada, ou para instituição
sediada no exterior, respeitadas as exigências do art. 19 da Medida Provisória n°
2.186-16, de 2001; VIII- promover, de acordo com deliberação do Conselho de
Gestão e em seu nome, o credenciamento de instituição pública nacional para ser
fiel depositária de amostra de componente do patrimônio genético; IX-
descredenciar instituições, de acordo com deliberação do Conselho de Gestão e
em seu nome, pelo descumprimento das disposições da Medida Provisória n°
2.186-16, de 2001, e deste Decreto; X- registrar os Contratos de Utilização do
Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios, após anuência do Conselho
de Gestão; XI- divulgar lista de espécies de intercâmbio facilitado constantes de
acordos internacionais, inclusive sobre segurança alimentar, dos quais o País seja
signatário, de acordo com o § 2° do art. 19 da Medida Provisória n° 2.186-16, de
2001; XII- criar e manter: a) cadastro de coleções ex situ, conforme previsto no
art. 18 da Medida Provisória n° 2.186-16, de 2001; b) base de dados para registro
de informações obtidas durante a coleta de amostra de componente do patrimônio
genético; c) base de dados relativos às Autorizações de Acesso e de Remessa de
amostra de componente do patrimônio genético e de acesso a conhecimento
tradicional associado, aos Termos de Transferência de Material e aos Contratos
de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios; XIII- divulgar,
periodicamente, lista das Autorizações de Acesso e de Remessa, dos Termos de
Transferência de Material e dos Contratos de Utilização do Patrimônio Genético e
de Repartição de Benefícios”.
[855]
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH:
criado pela Lei n° 9.433, de 08.01.1997, estabeleceu um arranjo institucional claro
e baseado em novos princípios de organização para a gestão compartilhada do
uso da água. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos –
SINGREH é composto pelos seguintes órgãos: 1) Conselho Nacional de Recursos
Hídricos – CNRH (órgão mais expressivo da hierarquia do Sistema, de caráter
normativo e deliberativo); 2) Ministério do Meio Ambiente – MMA (compete
formular a Política Nacional de Recursos Hídricos e subsidiar a formulação do
Orçamento da União) 3) Agência Nacional de Águas – ANA (autarquia sob regime
especial com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do
Meio Ambiente – MMA, responsável pela implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos); 4) Órgão Estadual (compete outorgar e fiscalizar o uso de
recursos hídricos de domínio do Estado); 5) Comitê de Bacias Hidrográficas –
CBH (órgão colegiado, inteiramente novo na realidade institucional brasileira,
contando com a participação dos usuários, da sociedade civil organizada, de
representantes de governos municipais, estaduais e federal, bem como destinado
a atuar como “parlamento das águas”, posto que é o fórum de decisão no âmbito
de cada bacia hidrográfica); 6) Agências de Águas em rios de domínio da União
Federal, previstas na Lei n° 9.433, de 08.01.1997, atuarão como secretarias
executivas do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; a criação das Agências de
Águas está condicionada, em cada bacia, à prévia existência do respectivo
Comitê de Bacia Hidrográfica e à sua viabilidade financeira).
[856]
Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH: estabelecido pela Lei n°
9.433, de 08.01.1997, é um dos instrumentos que orienta a gestão das águas no
Brasil. O conjunto de diretrizes, metas e programas que constituem o Plano
Nacional de Recursos Hídricos – PNRH foi construído em amplo processo de
mobilização e participação social. O documento final foi aprovado pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos – CNRH em 30.01.2006. O objetivo geral do Plano
Nacional de Recursos Hídricos – PNRH é “estabelecer um pacto nacional para a
definição de diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de
água, em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser
a água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais,
sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social”. Os “objetivos
específicos são assegurar: 1) a melhoria das disponibilidades hídricas, superficiais
e subterrâneas, em qualidade e quantidade; 2) a redução dos conflitos reais e
potenciais de uso da água, bem como dos eventos hidrológicos críticos e 3) a
percepção da conservação da água como valor socioambiental relevante”. O
Ministério do Meio Ambiente – MMA é responsável pela coordenação do Plano
Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, sob acompanhamento da Câmara
Técnica do Plano Nacional de Recursos Hídricos – CTPNRH/CNRH. Contudo,
para que o instrumento seja implementado, deve antes ser pactuado entre o
Poder Público, o setor usuário [o que se utiliza da água para fins econômicos
(atividades da indústria, de irrigação, do setor de abastecimento de água, de
geração de energia, etc.)] e a sociedade civil. Devido a seu caráter nacional, o
Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH é adequado periodicamente às
realidades das Regiões Hidrográficas, por revisões que aperfeiçoam e
aprofundam temas a partir de análises técnicas e de consultas públicas. Assim, a
elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH configura um
processo de estudo, diálogo e pactuação contínuos, o que resulta em “retratos” da
situação dos recursos hídricos em diferentes momentos históricos.
[857]
United Nations Convention to Combat Desertification – UNCCD (Convenção
das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da
Seca): junto com outros 192 países, o Brasil é signatário da referida Convenção.
Esse compromisso estabelece padrões de trabalho e metas internacionais
convergentes em ações coordenadas na busca de soluções qualitativas que
atendam às demandas socioambientais nos espaços áridos, semiáridos e
subúmidos secos, particularmente onde residem as populações mais pobres do
planeta. A United Nations Convention to Combat Desertification – UNCCD é
reconhecida como o instrumento fundamental para erradicar a pobreza e
promover o desenvolvimento sustentável nas áreas rurais das terras secas, que
incluem as Areas Susceptible to Desertification – ASD (Áreas Suscetíveis de
Desertificação) brasileiras. O tema da desertificação no país encontra-se no
centro da formulação política, seja pelo marco legal, por ser o objeto de Projeto de
Lei, em tramitação, seja pelo significado estratégico, por ser reflexo do novo
enfoque de qualificação do uso sustentável dos recursos naturais como elemento
transformador da relação sociedade e meio ambiente. A histórica existência de
práticas locais embasadas em conhecimentos étnicos e tradicionais das
populações nas zonas semiáridas do Brasil, aliadas às intervenções oficiais do
Estado que remontam à época do império, produziram as condições e a massa
crítica necessárias à base da organização cultural e social no sentido de
possibilitar a convivência com as secas, fenômenos que são mais comuns às
certas áreas do que a outras dependendo de diversos fatores ambientais, e de
vetores quase sempre antrópicos. Neste contexto, o Brasil é tido como um dos
Países-Parte com maior liderança global no processo e atua a nível internacional
construindo parcerias bi e multilaterais, a exemplo da cooperação realizada dentre
a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP e no Grupo dos Países
Latino-americanos e do Caribe – GRULAC. A desertificação é definida como um
processo de degradação ambiental causada pelo manejo inadequado dos
recursos naturais nos espaços áridos, semiáridos e subúmidos secos, que
compromete os sistemas produtivos das áreas susceptíveis, os serviços
ambientais e a conservação da biodiversidade. No Brasil são 1.480 municípios
susceptíveis a esse processo que pode ser causado pelo homem ou pela própria
natureza e agravados pelas questões climáticas. Atinge, particularmente, os
estados do Nordeste, além de Minas Gerais e Espírito Santo. Os estudos
realizados pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA em parceria com os governos
dos 11 (onze) Estados demonstram que as áreas suscetíveis a desertificação
representam 16% (dezesseis por cento) do território brasileiro e 27% (vinte e sete
por cento) do total de municípios envolvendo uma população de 31.663.671
habitantes, onde se concentra 85% (oitenta e cinco por cento) da pobreza do país.
Logo, representa um contexto que demanda políticas públicas específicas
importantes para o combate à pobreza e a melhoria das condições de vida de
parte significativa da população brasileira. Com a realização da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92, foi definida a
necessidade de uma convenção específica para o tema que estabelecesse
diretrizes e compromissos para os países. Um dos principais resultados da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio
92 foi o início do processo de negociação para a elaboração de três convenções:
a Convenção Quadro sobre Mudança Climática, a Convenção sobre Diversidade
Biológica e a United Nations Convention to Combat Desertification – UNCCD
(Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação nos Países
Afetados por Seca Grave e/ou Desertificação), particularmente na África. No
Brasil, o processo de desertificação é consequência do uso inadequado dos
recursos florestais principalmente da Caatinga e Cerrado para o fornecimento de
biomassa florestal no atendimento de considerável percentual da matriz
energética do Nordeste e de outras regiões, por meio de desmatamentos; pelas
praticas agropecuárias sem manejo adequado dos solos, provocando os
processos erosivos e esgotando os solos; pelo sobrepastejo na pecuária
extensiva comprometendo a textura dos solos e com isso a regeneração da
vegetação; e pelo manejo inadequado dos sistemas de irrigação, com a
consequente salinização da terra.
[858]
Agenda 21 Brasileira: processo e instrumento de planejamento participativo
para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a
sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o
crescimento econômico. O documento é resultado de uma vasta consulta à
população brasileira, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 global.
Trata-se, portanto, de um instrumento fundamental para a construção da
democracia participativa e da cidadania ativa no país. A primeira fase foi a
construção da Agenda 21 Brasileira. Esse processo que se deu de 1996 a 2002,
foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da
Agenda 21 Nacional – CPDS e teve o envolvimento de cerca de 40 mil pessoas
de todo o Brasil. O documento Agenda 21 Brasileira foi concluído em 2002. A
partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira não somente entrou na fase de
implementação assistida pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável e da Agenda 21 Nacional – CPDS, como também foi elevada à
condição de Programa do Plano Plurianual – PPA (2004-2007), pelo atual
governo. Como programa, ela adquire mais força política e institucional, passando
a ser instrumento fundamental para a construção do Brasil Sustentável, estando
coadunada com as diretrizes da política ambiental do Governo, transversalidade,
desenvolvimento sustentável, fortalecimento do Sistema Nacional de Meio
Ambiente – SISNAMA e participação social e adotando referenciais importantes
como a Carta da Terra. Portanto, a Agenda 21, que tem provado ser um guia
eficiente para processos de união da sociedade, compreensão dos conceitos de
cidadania e de sua aplicação, é hoje um dos grandes instrumentos de formação
de políticas públicas no Brasil. Implementação da Agenda 21 brasileira (a partir de
2003): 1) a posse do Governo Luiz Inácio Lula da Silva coincidiu com o início da
fase de implementação da Agenda 21 Brasileira. A importância da Agenda como
instrumento propulsor da democracia, da participação e da ação coletiva da
sociedade foi reconhecida no Programa Lula, e suas diretrizes inseridas tanto no
Plano de Governo quanto em suas orientações estratégicas; 2) outro grande
passo foi a utilização dos princípios e estratégias da Agenda 21 Brasileira como
subsídios para a Conferência Nacional de Meio Ambiente, Conferência das
Cidades e Conferência da Saúde. Esta ampla inserção da Agenda 21 remete à
necessidade de se elaborar e implementar políticas públicas em cada município e
em cada região brasileira; 3) para isso, um dos passos fundamentais do atual
governo foi transformá-la em programa no Plano Plurianual Anual – PPA do
Governo (2004/2007), o que lhe confere maior alcance, capilaridade e importância
como política pública. O Programa Agenda 21 é composto por 3 (três) ações
estratégicas que estão sendo realizadas com a sociedade civil: a) implementar a
Agenda 21 Brasileira; b) elaborar e implementar as Agendas 21 Locais; e c) a
formação continuada em Agenda 21; 4) a prioridade é orientar para a elaboração
e implementação de Agendas 21 Locais com base nos princípios da Agenda 21
Brasileira que, em consonância com a Agenda global, reconhece a importância do
nível local na concretização de políticas públicas sustentáveis. Atualmente,
existem mais de 544 processos de Agenda 21 Locais em andamento no Brasil,
quase 3 (três) vezes o número levantado até 2002. Em resumo, são estes os
principais desafios do Programa Agenda 21: 1) implementar a Agenda 21
Brasileira. Passada a etapa da elaboração, a Agenda 21 Brasileira tem agora o
desafio de fazer com que todas as suas diretrizes e ações prioritárias sejam
conhecidas, entendidas e transmitidas, entre outros, por meio: a) da atuação da
Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 Brasileira –
CPDS; b) da implementação do Sistema da Agenda 21; c) dos mecanismos de
implementação e monitoramento; d) da integração das políticas públicas; e) da
promoção da inclusão das propostas da Agenda 21 Brasileira nos Planos das
Agendas 21 Locais; 2) orientar para a elaboração e implementação das Agendas
21 Locais. A Agenda 21 Local é um dos principais instrumentos para se conduzir
processos de mobilização, troca de informações, geração de consensos em torno
dos problemas e soluções locais e estabelecimento de prioridades para a gestão
de desde um estado, município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, até
um bairro, uma escola. O processo deve ser articulado com outros projetos,
programas e atividades do governo e sociedade, sendo consolidado, dentre
outros, a partir do envolvimento dos agentes regionais e locais; análise,
identificação e promoção de instrumentos financeiros; difusão e intercâmbio de
experiências; definição de indicadores de desempenho; 3) implementar a
formação continuada em Agenda 21. Promover a educação para a
sustentabilidade através da disseminação e intercâmbio de informações e
experiências por meio de cursos, seminários, workshops e de material didático.
Esta ação é fundamental para que os processos de Agendas 21 Locais ganhem
um salto de qualidade, através da formulação de bases técnicas e políticas para a
sua formação; trabalho conjunto com interlocutores locais; identificação das
atividades, necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de
metodologias apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21 Local em
questão está. As ações da Agenda 21 brasileira são as seguintes: 1) no âmbito do
Programa Agenda 21, as principais atividades realizadas em 2003 e 2004 refletem
a abrangência e a capilaridade que a Agenda 21 está conquistando no Brasil.
Estas atividades estão sendo desenvolvidas de forma descentralizada, buscando
o fortalecimento da sociedade e do poder local e reforçando que a Agenda 21 só
se realiza quando há participação das pessoas, avançando, dessa forma, na
construção de uma democracia participativa no Brasil. Destacamos as seguintes
atividades: a) ampliação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável e Agenda 21 Brasileira – CPDS: criada no âmbito da Câmara de
Políticas dos Recursos Naturais, do Conselho de Governo, a nova constituição da
Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 Brasileira –
CPDS se deu por meio de Decreto Presidencial de 03.02.2004. Os novos
membros que incluem 15 (quinze) ministérios, a Associação Nacional de Órgãos
Municipais de Meio Ambiente – ANAMMA e Associação Brasileira de Entidades
Estaduais de Meio Ambiente – ABEMA e 17 (dezessete) da sociedade civil
tomaram posse no dia 01.06.2004. A primeira reunião da nova composição
aconteceu no dia 01.07.2004, e a segunda em 15.09.2004; b) realização do
primeiro Encontro Nacional das Agendas 21 Locais, nos dias 07 e 08.11.2003, em
Belo Horizonte, com a participação de cerca de 2.000 pessoas de todas as
regiões brasileiras. O II Encontro das Agendas 21 Locais foi realizado em janeiro
de 2005, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre-RS; c) Programa de
Formação em Agenda 21, voltado para a formação de cerca de 10 mil professores
das escolas públicas do país que, através de cinco programas de TV, discutiram a
importância de se implementar a Agenda 21 nos municípios, nas comunidades e
na escola. Esse programa, veiculado pela TVE em outubro de 2003, envolveu,
além dos professores, autoridades governamentais e não governamentais, e
participantes dos Fóruns Locais da Agenda 21, da sociedade civil e de governos;
d) participação na consolidação da Frente Parlamentar Mista para o
Desenvolvimento Sustentável e Apoio às Agendas 21 Locais. Esta frente,
composta de 107 deputados federais e 26 senadores, tem como principal objetivo
articular o poder legislativo brasileiro, nos níveis federal, estadual e municipal,
para permitir uma maior fluência na discussão dos temas ambientais,
disseminação de informações relacionadas a eles e mecanismos de comunicação
com a sociedade civil; e) elaboração e monitoramento, em conjunto com o Fundo
Nacional do Meio Ambiente – FNMA, do Edital 02/2003 - Construção de Agendas
21 Locais, que incluiu a participação ativa no processo de capacitação de
gestores municipais e de Organização Não Governamental – ONG, em todos os
estados brasileiros, para a confecção de projetos para o edital. Ao todo foram
cerca de 920 pessoas capacitadas em 25 eventos. No final do processo, em
dezembro de 2003, foram aprovados, com financiamento, 64 projetos de todas as
regiões brasileiras; f) publicação da Série Cadernos de Debate Agenda 21 e
Sustentabilidade com o objetivo de contribuir para a discussão sobre os caminhos
do desenvolvimento sustentável no país. São 6 (seis) os Cadernos publicados até
o presente: i) Agenda 21 e a Sustentabilidade das Cidades; ii) Agenda 21: Um
Novo Modelo de Civilização; iii) Uma Nova Agenda para a Amazônia; iv) Mata
Atlântica o Futuro é Agora; v) Agenda 21 e o Setor Mineral; vi) Agenda 21, o
Semiárido e a Luta contra a Desertificação; g) publicação de mil exemplares da
segunda edição da Agenda 21 Brasileira: Ações Prioritárias e Resultado da
Consulta Nacional, contendo apresentação da ministra Marina Silva e a nova
composição da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda
21 Brasileira – CPDS; 2) ainda, foram efetivadas parcerias e convênios com o
Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério das Cidades, Ministério
da Cultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, Ministério da Integração Nacional, Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Ministério de Minas e Energia; Fórum
Brasileiro das Organizações Não Governamentais – ONG para o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento; Conselho Federal de Engenharia e Agronomia –
CONFEA/Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA, Caixa
Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e prefeituras brasileiras.
[859]
Conferência Nacional do Meio Ambiente – CNMA: voz e voto para contribuir
de forma efetiva na elaboração de políticas públicas ambientais. Isso se tornou
possível com a realização da Conferência Nacional do Meio Ambiente, um fórum
que fez história ao tornar realidade o chamado “empoderamento social” aos
diferentes setores da sociedade que assumem sua responsabilidade com o meio
ambiente. Afinal, a definição de políticas públicas para um Brasil sustentável
depende de mudanças na forma de atuação das esferas governamentais, do setor
produtivo, das organizações da sociedade, chegando ao cotidiano de cada
cidadão. Para isso, é preciso rever e ampliar a nossa noção de desenvolvimento e
entendê-lo como uma construção coletiva capaz de gerar qualidade de vida nas
dimensões ambiental, econômica, social, cultural e ética. Em suas edições, a
conferência coloca para a sociedade temas estratégicos para o País, que visam a
conservação da biodiversidade, da água, do clima e dos recursos energéticos,
com vistas ao desenvolvimento sustentável, levando em consideração que é
possível sim crescer sem degradar a natureza. “Vamos Cuidar do Brasil”. Com
este lema, a Conferência Nacional do Meio Ambiente – CNMA convoca o Brasil
para debater problemas e soluções, diretrizes, ações e políticas públicas e é com
a realização de conferências locais, que podem ser municipais, regionais e
estaduais, que grande parte dos atores sociais podem participar da Conferência
Nacional do Meio Ambiente – CNMA. Da etapa estadual saem os delegados da
Conferência Nacional, o que constitui um processo de baixo para cima,
respeitando equidade de gênero, 30% (trinta por cento) de delegados do setor
empresarial, 5% (cinco por cento) para povos indígenas, 5% (cinco por cento)
para comunidades tradicionais, 40% (quarenta por cento) de Organizações Não
Governamentais – ONG e Movimentos Sociais e 20% de representantes de
governos. Acima de tudo, a conferência é um instrumento de Educação Ambiental
e Democracia Participativa orientada pelas diretrizes do Ministério do Meio
Ambiente – MMA: 1- Desenvolvimento Sustentável; 2- Transversalidade; 3-
Fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente; 4- Controle e Participação
Social.
[860]
Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente: esta Conferência é
promovida pelo Ministério da Educação – MEC, sob a coordenação da Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI/MEC,
em parceria com o Ministério do Meio Ambiente – MMA, por meio da Secretaria
de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental – SAIC/MMA. A Conferência
tem como tema “Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis”, constituindo-
se em um processo pedagógico que traz a dimensão política da questão
ambiental para os debates realizados nas escolas e comunidades, na construção
coletiva de conhecimento e no empenho nas resoluções de problemas
socioambientais, respeitando e valorizando a opinião e o protagonismo dos
adolescentes e jovens. Ela é voltada para as escolas com pelo menos uma turma
do 6° ao 9° ano (5ª a 8ª série) do Ensino Fundamental, cadastradas no Censo
Escolar – INEP, públicas e privadas, urbanas e rurais, da rede estadual ou
municipal, assim como escolas de comunidades indígenas, quilombolas e de
assentamento rural. Todos os estabelecimentos escolares com esse perfil
receberão material didático para subsidiar suas conferências1. A adesão ao
processo de Conferência é voluntária.
[861]
Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA: criado pela
Resolução/CONAMA n° 006/89, o Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas
– CNEA foi instituído com o objetivo de manter em banco de dados o registro das
Entidades Ambientalistas não governamentais atuantes no país, cuja finalidade
principal seja a defesa do meio ambiente. O Cadastro é hoje acessado por
inúmeros organismos governamentais e não governamentais, nacionais e
internacionais, que servem-se das informações disponibilizadas para o
estabelecimento de parcerias, habilitação em projetos, convênios e divulgações
em geral. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, em particular, o
utiliza como pré-requisito para a eleição dos representantes das cinco regiões
geográficas que ocupam a vaga de Conselheiro representante das Entidades
Ambientalistas Civis no Plenário do CONAMA pelo período de dois anos, sendo
que as Entidades candidatas e votantes deverão estar inscritas no Cadastro
Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA por igual período. As Resoluções
que descrevem e regulamentam o processo de cadastro junto ao Cadastro
Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA: 1) Resolução/CONAMA n° 006/89,
de 15.06.1989 (institui o Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA);
2) Resolução/CONAMA n° 292/02, de 21.03.2002 (disciplina o cadastramento e
recadastramento das Entidades Ambientalistas no Cadastro Nacional de
Entidades Ambientalistas – CNEA).
[862]
Manejo florestal sustentável: administração da floresta para a obtenção de
benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos
produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e
serviços de natureza florestal (inciso VI do art. 3° da Lei n° 11.284, de
02.03.2006).
[863]
“Art. 53. Caberá aos órgãos gestores federal, estaduais e municipais, no
âmbito de suas competências: I- elaborar proposta de Paof, a ser submetida ao
poder concedente; II- disciplinar a operacionalização da concessão florestal; III-
solicitar ao órgão ambiental competente a licença prévia prevista no art. 18 desta
Lei; IV- elaborar inventário amostral, relatório ambiental preliminar e outros
estudos; V- publicar editais, julgar licitações, promover os demais procedimentos
licitatórios, inclusive audiência e consulta pública, definir os critérios para
formalização dos contratos e celebrá-los com concessionários de manejo florestal
sustentável, quando delegado pelo poder concedente; VI- gerir e fiscalizar os
contratos de concessão florestal; VII- dirimir, no âmbito administrativo, as
divergências entre concessionários, produtores independentes e comunidades
locais; VIII- controlar e cobrar o cumprimento das metas fixadas no contrato de
concessão; IX- fixar os critérios para cálculo dos preços de que trata o art. 36
desta Lei e proceder à sua revisão e reajuste na forma desta Lei, das normas
pertinentes e do contrato; X- cobrar e verificar o pagamento dos preços florestais
e distribuí-los de acordo com esta Lei; XI- acompanhar e intervir na execução do
PMFS, nos casos e condições previstos nesta Lei; XII- fixar e aplicar as
penalidades administrativas e contratuais impostas aos concessionários, sem
prejuízo das atribuições dos órgãos do Sisnama responsáveis pelo controle e
fiscalização ambiental; XIII- indicar ao poder concedente a necessidade de
extinção da concessão, nos casos previstos nesta Lei e no contrato; XIV-
estimular o aumento da qualidade, produtividade, rendimento e conservação do
meio ambiente nas áreas sob concessão florestal; XV- dispor sobre a realização
de auditorias florestais independentes, conhecer seus resultados e adotar as
medidas cabíveis, conforme o resultado; XVI - disciplinar o acesso às unidades de
manejo; XVII- atuar em estreita cooperação com os órgãos de defesa da
concorrência, com vistas em impedir a concentração econômica nos serviços e
produtos florestais e na promoção da concorrência; XVIII- incentivar a
competitividade e zelar pelo cumprimento da legislação de defesa da
concorrência, monitorando e acompanhando as práticas de mercado dos agentes
do setor florestal; XIX- efetuar o controle prévio e a posteriori de atos e negócios
jurídicos a serem celebrados entre concessionários, impondo-lhes restrições à
mútua constituição de direitos e obrigações, especialmente comerciais, incluindo a
abstenção do próprio ato ou contrato ilegal; XX- conhecer e julgar recursos em
procedimentos administrativos; XXI- promover ações para a disciplina dos
mercados de produtos florestais e seus derivados, em especial para controlar a
competição de produtos florestais de origem não sustentável; XXII- reconhecer
em ato administrativo as entidades que poderão realizar auditorias florestais;
XXIII- estimular a agregação de valor ao produto florestal na região em que for
explorado.
§1o. Compete ao órgão gestor a guarda das florestas públicas durante o período
de pousio entre uma concessão e outra ou, quando por qualquer motivo, houver
extinção do contrato de concessão.
§2o. O órgão gestor deverá encaminhar ao poder concedente, ao Poder
Legislativo e ao conselho de meio ambiente, nas respectivas esferas de governo,
relatório anual sobre as concessões outorgadas, o valor dos preços florestais, a
situação de adimplemento dos concessionários, os PMFS e seu estado de
execução, as vistorias e auditorias florestais realizadas e os respectivos
resultados, assim como as demais informações relevantes sobre o efetivo
cumprimento dos objetivos da gestão de florestas públicas.
§3°. O relatório previsto no § 2o deste artigo relativo às concessões florestais da
União deverá ser encaminhado ao Conama e ao Congresso Nacional até 31 de
março de cada ano.
§4°. Caberá ao Conama, considerando as informações contidas no relatório
referido no § 3o deste artigo, manifestar-se sobre a adequação do sistema de
concessões florestais e de seu monitoramento e sugerir os aperfeiçoamentos
necessários.
§5°. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disporão sobre o órgão
competente para exercer as atribuições de que trata este Capítulo nas respectivas
esferas de atuação”.
[864]
“Art. 41. Fica criado o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF,
de natureza contábil, gerido pelo órgão gestor federal, destinado a fomentar o
desenvolvimento de atividades sustentáveis de base florestal no Brasil e a
promover a inovação tecnológica do setor.
§1°. Os recursos do FNDF serão aplicados prioritariamente em projetos nas
seguintes áreas: I- pesquisa e desenvolvimento tecnológico em manejo florestal;
II- assistência técnica e extensão florestal; III- recuperação de áreas degradadas
com espécies nativas; IV- aproveitamento econômico racional e sustentável dos
recursos florestais; V- controle e monitoramento das atividades florestais e
desmatamentos; VI- capacitação em manejo florestal e formação de agentes
multiplicadores em atividades florestais; VII- educação ambiental; VIII- proteção
ao meio ambiente e conservação dos recursos naturais.
§2°. O FNDF contará com um conselho consultivo, com participação dos entes
federativos e da sociedade civil, com a função de opinar sobre a distribuição dos
seus recursos e a avaliação de sua aplicação.
§3°. Aplicam-se aos membros do conselho de que trata o § 2° deste artigo as
restrições previstas no art. 59 desta Lei.
§4°. Adicionalmente aos recursos previstos na alínea c do inciso II do caput e na
alínea d do inciso II do § 1°, ambos do art. 39 desta Lei, constituem recursos do
FNDF a reversão dos saldos anuais não aplicados, doações realizadas por
entidades nacionais ou internacionais, públicas ou privadas, e outras fontes de
recursos que lhe forem especificamente destinadas, inclusive orçamentos
compartilhados com outros entes da Federação.
§5°. É vedada ao FNDF a prestação de garantias.
§6°. Será elaborado plano anual de aplicação regionalizada dos recursos do
FNDF, devendo o relatório de sua execução integrar o relatório anual de que trata
o § 2° do art. 53 desta Lei, no âmbito da União.
§7°. Os recursos do FNDF somente poderão ser destinados a projetos de órgãos
e entidades públicas, ou de entidades privadas sem fins lucrativos.
§8°. A aplicação dos recursos do FNDF nos projetos de que trata o inciso I do § 1°
deste artigo será feita prioritariamente em entidades públicas de pesquisa.
§9°. A aplicação dos recursos do FNDF nos projetos de que trata o § 1° deste
artigo poderá abranger comunidades indígenas, sem prejuízo do atendimento de
comunidades locais e outros beneficiários e observado o disposto no § 7° deste
artigo”.
[865]
Sistema Nacional de Informações Florestais – SNIF: o Serviço Florestal
Brasileiro – SFB tem como uma de suas competências criar e manter o Sistema
Nacional de Informações Florestais – SNIF, integrado ao Sistema Nacional de
Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA. A questão florestal compreende
uma diversidade de dados e informações que são associados ao conhecimento
das formações florestais, ao entendimento das diversas formas de uso desses
recursos pela sociedade, envolvendo o desenvolvimento da pesquisa e tecnologia
associada ao setor, e à formação dos recursos humanos e a capacidade
institucional e legal instalada para gerir esses recursos no país. Neste complexo
contexto de conhecimentos associados às florestas, cujo desafio se amplia diante
da extensão das florestas brasileiras, a criação e operação de um sistema de
informações que permita a correta obtenção, tratamento, organização,
armazenamento, recuperação e análise de uma ampla base de dados e
informações, constituem-se em atividades essenciais à consecução da política
florestal brasileira e ao consequente uso sustentável e conservação dos recursos
florestais em benefício coletivo. Outrossim, O Serviço Florestal Brasileiro – SFB
tem trabalhado para a implementação do Sistema Nacional de Informações
Florestais – SNIF como um sistema de identificação, registro e análise de
informações associadas às florestas naturais e plantadas do Brasil. Esse trabalho
está no seu início e a sua ampliação e domínio pela sociedade brasileira
demandará a participação e contribuição de todos, especialmente das entidades
produtoras de informações florestais. Objetivo geral do Sistema Nacional de
Informações Florestais – SNIF: colecionar e produzir, organizar, armazenar,
processar e disseminar dados, informações e conhecimentos sobre as florestas e
o setor florestal, de modo a subsidiar projetos e políticas que conciliem o uso e a
conservação das florestas do Brasil. Objetivos específicos do Sistema Nacional de
Informações Florestais – SNIF: 1) constituir uma base nacional de informações
sobre: a) as florestas brasileiras, seus estoques, estrutura, riqueza, distribuição e
dinâmica; b) a gestão florestal governamental nos aspectos políticos,
institucionais, legais, de controle e fiscalização, participação social na tomada de
decisão, planos e programas; c) o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento
florestal; d) as estatísticas de produção florestal nas diferentes cadeias produtivas
de base florestal; e) as políticas florestais; f)_informações e documentos técnicos
gerados pelos órgãos atuantes na área florestal; 2) garantir o acesso rápido e
preciso a informações atualizadas e de qualidade sobre os temas relacionados às
florestas; 3) permitir a interação e a análise de dados sobre diversos temas
relacionados às florestas; 4) subsidiar a elaboração de relatórios nacionais e
internacionais sobre temas florestais; 5) divulgar as melhores práticas e
tecnologias na área florestal; 6) informar a sociedade sobre os recursos florestais
brasileiros e a sua conservação. Impactos e aplicações esperadas: 1) políticas
públicas para o setor florestal definidas e implementadas com base em
informações relevantes, acuradas e atuais; 2) gestão de recursos florestais
realizada com base em informações que considerem características,
peculiaridades e potencialidades regionais; 3) identificação de estudos e
pesquisas prioritários para ampliar a base de informações e conhecimentos sobre
as florestas; 4) identificação de oportunidades relacionados ao desenvolvimento
do setor florestal. Estratégia de atuação: 1) identificar temas e informações
relevantes sobre a temática florestal nacional; 2) estabelecer parcerias com
instituições que produzem informações florestais; 3) promover e apoiar a melhoria
da qualidade da informação desde a sua origem; 4) desenvolver estudos para a
produção de informações identificadas como lacunas; 5) constituir bases de dados
sobre o tema; 6) disponibilizar as informações florestais de forma estruturada e
em linguagem acessível pela sociedade; 7) produzir informações e análises
estratégicas a partir de sua base de dados; 8) intercambio e cooperação com
outros sistemas de informações florestais nacionais e internacionais. Estágio
Atual: 1) o Serviço Florestal Brasileiro – SFB já reuniu diversas informações sobre
os temas florestais ao longo dos seis anos de sua existência, para a produção de
relatórios nacionais e internacionais e para a produção de estudos temáticos; 2)
ao longo desse trabalho foi possível identificar as principais fontes relevantes de
informações sobre o tema e reunir e organizar as informações já disponíveis; 3)
está construindo um sistema de informações que se constituirá em uma base de
dados que permitirá consultas mais avançadas e análises on line, para atender as
demandas dos usuários do sistema; 4) este site é a primeira iniciativa de
disponibilização das informações por meio da Rede Mundial de Computadores
(Internet), e representa o compromisso da instituição em disponibilizar
informações e consolidar um Sistema Nacional de Informações Florestais – SNIF
que atenda as necessidades da sociedade brasileira.
[866]
Inventário Florestal Nacional – IFN: é um inventário florestal que abrange todo
um país, periodicamente, utilizando técnicas de amostragem, de modo a
possibilitar o monitoramento contínuo dos seus recursos florestais, tendo como
principal propósito fornecer informações para subsidiar a definição de políticas
florestais, a gestão dos recursos florestais e a elaboração de planos de uso e
conservação dos recursos florestais. Inventários Florestais Nacionais – IFN tem
sido conduzidos por diversos países. Alguns deles iniciaram os seus inventários
no início do século passado, como é o caso dos Estados Unidos, Finlândia e
Suécia, dentre outros. Para saber mais sobre Inventários Florestais Nacionais –
IFN em outros países visite a nossa página de links para Inventários Florestais
Nacionais – IFN. No início, os Inventários Florestais Nacionais – IFN visavam
principalmente o monitoramento de estoques de madeira, mas a partir da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Humano, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro (Rio 92) e do
desenvolvimento de novas tecnologias, os Inventários Florestais Nacionais – IFN
tem ampliado o seu escopo, valorizando a produção de informação sobre outros
temas. Dentre os temas de interesse em monitoramento dos Inventários Florestais
Nacionais – IFN atualmente estão os estoques de biomassa e carbono, a
biodiversidade, a saúde e a vitalidade das florestas, o manejo florestal e a
importância social que as florestas desempenham nos dias de hoje.
[867]
Cadastro Nacional de Florestas Públicas – CNFP: é um instrumento de
planejamento da gestão florestal, que reúne dados georreferenciados sobre as
florestas públicas brasileiras, de modo a oferecer aos gestores públicos e à
população em geral uma base confiável de mapas, imagens e dados com
informações relevantes para a gestão florestal. Os dados do Cadastro Nacional de
Florestas Públicas – CNFP auxiliam os processos de destinação das florestas
públicas para uso comunitário, criação de unidades de conservação e realização
de concessões florestais. O Cadastro contribui para a transparência, a
participação social e unificação das informações sobre as florestas públicas. O
Cadastro Nacional de Florestas Públicas – CNFP é formado pelo Cadastro-Geral
de Florestas Públicas da União – CGFPU, pelos Cadastros de Florestas Públicas
dos Estados, Distrito Federal e Municípios e está em processo de interligação ao
Sistema Nacional de Cadastro Rural – SNCR do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária – INCRA. As informações são consolidadas à medida que
novos dados são disponibilizados pelas instituições parceiras - isto faz do
Cadastro um banco de dados dinâmico. Ele foi instituído pela Lei n° 11.284, de
02.03.2006, regulamentado pelo Decreto n° 5.063, de 20.03.2007 e tem seus
procedimentos fixados pela Resolução/SFB n° 02, de 06.07.2007 (Regulamenta o
Cadastro Nacional de Florestas Públicas, define os tipos de vegetação e as
formações de cobertura florestal, para fins de identificação das florestas públicas
federais, e dá outras providências).
[868]
Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União – CGFPU: este cadastro
identifica as Florestas Públicas Federais – FPF que correspondem às florestas
naturais ou plantadas nas terras de domínio da União e da administração indireta.
O Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União – CGFPU inclui: 1) Áreas
inseridas no Cadastro de Terras Indígenas; 2) Unidades de Conservação Federais
– UCF (por exemplo, Parque Nacional – PARNA, Reserva Extrativista – RESEX,
Florestas Nacionais – FLONA) com exceção das áreas privadas localizadas em
categorias de unidade que não exijam a desapropriação (por exemplo, Áreas de
Proteção Ambiental – APA); 3) Florestas localizadas em imóveis urbanos ou
rurais, matriculados ou em processo de arrecadação em nome da União,
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.
[869]
“Art. 57. O SFB terá, em sua estrutura, unidade de assessoramento jurídico,
observada a legislação 7pertinente”.
[870]
Guia prático de direito ambiental, p. 3.
[871]
Zona de amortecimento é o entorno de uma unidade de conservação, onde
as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o
propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade (art. 2.º, XVIII, da
Lei 9.985, de 18.07.2000).
[872]
A Lei n° 9.985, de 18.07.2000, define “conservação da natureza” como “o
manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação a
manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente
natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às
atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e
aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em
geral” (art. 2.º, II), “preservação” como “conjunto de métodos, procedimentos e
políticas que visem a proteção em longo prazo das espécies, habitats e
ecossistema além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a
simplificação dos sistemas naturais” (art. 2.º, V).
[873]
“Art. 5º. Nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da
União, serão respeitados os seguintes limites de prazos, contados da data de
publicação dos respectivos atos administrativos de autorização: I- até dois anos,
para início da implantação do empreendimento objeto da outorga; II- até seis
anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado; III- até trinta
e cinco anos, para vigência da outorga de direito de uso.
§1º. Os prazos de vigência das outorgas de direito de uso de recursos hídricos
serão fixados em função da natureza e do porte do empreendimento, levando-se
em consideração, quando for o caso, o período de retorno do investimento.
§2º. Os prazos a que se referem o incisos I e II poderão ser ampliados, quando o
porte e a importância social e econômica do empreendimento o justificar, ouvido o
Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
§3º. O prazo de que trata o inciso III poderá ser prorrogado, pela ANA,
respeitando-se as prioridades estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos.
§4º. As outorgas de direito de uso de recursos hídricos para concessionárias e
autorizadas de serviços públicos e de geração de energia hidrelétrica vigorarão
por prazos coincidentes com os dos correspondentes contratos de concessão ou
ato administrativo de autorização.
Art. 6º. A ANA poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos,
com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos,
observado o disposto no art. 13 da Lei 9.433, de 1997.
§1º. A outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos e se
destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o
planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos.
§2º. O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a
complexidade do planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de
três anos, findo o qual será considerado o disposto nos incisos I e II do art. 5º.
Art. 7º. Para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia
hidráulica em corpo de água de domínio da União, a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL deverá promover, junto à ANA, a prévia obtenção de declaração
de reserva de disponibilidade hídrica.
§1º. Quando o potencial hidráulico localizar-se em corpo de água de domínio dos
Estados ou do Distrito Federal, a declaração de reserva de disponibilidade hídrica
será obtida em articulação com a respectiva entidade gestora de recursos
hídricos.
§2º. A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada
automaticamente, pelo respectivo poder outorgante, em outorga de direito de uso
de recursos hídricos à instituição ou empresa que receber da ANEEL a concessão
ou a autorização de uso do potencial de energia hidráulica.
§3º. A declaração de reserva de disponibilidade hídrica obedecerá ao disposto no
art. 13 da Lei n° 9.433, de 1997, e será fornecida em prazos a serem
regulamentados por decreto do Presidente da República.
Art. 8º. A ANA dará publicidade aos pedidos de outorga de direito de uso de
recursos hídricos de domínio da União, bem como aos atos administrativos que
deles resultarem, por meio de publicação na imprensa oficial e em pelo menos um
jornal de grande circulação na respectiva região”.
[874]
“Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser
suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas
seguintes circunstâncias: I- não cumprimento pelo outorgado dos termos da
outorga; II- ausência de uso por três anos consecutivos; III- necessidade
premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as
decorrentes de condições climáticas adversas; IV- necessidade de se prevenir ou
reverter grave degradação ambiental; V- necessidade de se atender a usos
prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes
alternativas; VI- necessidade de serem mantidas as características de
navegabilidade do corpo de água”.
[875]
“Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área
de atuação: I- promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e
articular a atuação das entidades intervenientes; II- arbitrar, em primeira instância
administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; III- aprovar o Plano
de Recursos Hídricos da bacia; IV- acompanhar a execução do Plano de
Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao
cumprimento de suas metas; V- propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e
lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de
outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios
destes; VI- estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos
e sugerir os valores a serem cobrados; VII- (vetado); VIII- (vetado); IX-
estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de
interesse comum ou coletivo.
Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso
ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de
acordo com sua esfera de competência”.
[876]
“Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos
hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram
gerados e serão utilizados: I- no financiamento de estudos, programas, projetos e
obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; II- no pagamento de despesas
de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
§ 1º. A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete
e meio por cento do total arrecadado.
§ 2º. Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo
perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à
coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de
água.
§ 3º. (vetado)”.
[877]
“Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do
respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica.
Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais
Comitês de Bacia Hidrográfica.
Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos
seguintes requisitos: I- prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de
Bacia Hidrográfica; II- viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos
recursos hídricos em sua área de atuação.
Art. 44. Compete às Agências de Água no âmbito de sua área de atuação: I-
manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de
atuação; II- manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; III- efetuar,
mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; IV-
analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com
recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à
instituição financeira responsável pela administração desses recursos; V-
acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a
cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação; VI- gerir o
Sistema de Informações obre Recursos Hídricos em sua área de atuação; VII-
celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de
suas competências; VIII- elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à
apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; IX-
promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua
área de atuação; X- elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do
respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; XI- propor ao respectivo ou respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica: a) o enquadramento dos corpos de água nas
classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes; b)
os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; c) o plano de
aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos
hídricos; d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou
coletivo”.
[878]
Direito ambiental cit., p. 75-76.
[879]
“Art. 11. Às Consultorias Jurídicas, órgãos administrativamente subordinados
aos Ministros de Estado, ao Secretário-Geral e aos demais titulares de
Secretarias da Presidência da República e ao Chefe do Estado-Maior das Forças
Armadas, compete, especialmente: I- assessorar as autoridades indicadas no
caput deste artigo; II- exercer a coordenação dos órgãos jurídicos dos respectivos
órgãos autônomos e entidades vinculadas; III- fixar a interpretação da
Constituição, das leis, dos tratados e dos demais atos normativos a ser
uniformemente seguida em suas áreas de atuação e coordenação quando não
houver orientação normativa do Advogado-Geral da União; IV- elaborar estudos e
preparar informações, por solicitação de autoridade indicada no caput deste
artigo; V- assistir a autoridade assessorada no controle interno da legalidade
administrativa dos atos a serem por ela praticados ou já efetivados, e daqueles
oriundos de órgão ou entidade sob sua coordenação jurídica; VI- examinar, prévia
e conclusivamente, no âmbito do Ministério, Secretaria e Estado-Maior das Forças
Armadas: a) os textos de edital de licitação, como os dos respectivos contratos ou
instrumentos congêneres, a serem publicados e celebrados; b) os atos pelos
quais se vá reconhecer a inexigibilidade, ou decidir a dispensa, de licitação”.
[880]
Direito ambiental cit., p. 80.
[881]
Constitucional Limitations, vol. I, 8ª ed. Boston, Little Brown and Company,
1927, p. 139..
[882]
Poder de polícia e seus limites, Revista de Direito Administrativo, v. 27, p. 1.
[883]
Poder de polícia, Revista de Direito Público, n. 9, p. 55 e ss.
[884]
Direito administrativo brasileiro, p. 103.
[885]
Segundo SABINO ÁLVAREZ-GENDÍN, ato administrativo é a declaração de
vontade de órgão administrativo, geralmente escrito, em matéria administrativa,
do qual emergem efeitos jurídicos (Tratado generale de derecho administrativo, p.
184). Para GARCIA OVIEDO-MARTÍNEZ USEROS, ato administrativo é a
declaração especial de vontade de órgão público, de preferência administrativo,
encaminhada a produzir, por via de autoridade, efeito de direito, para a satisfação
de interesse administrativo (Derecho administrativo, p. 231). Na opinião de
ENRIQUE SAYAGUÉS LASO, trata-se de toda declaração unilateral de vontade
da administração, que produz efeitos subjetivos (Tratado de derecho
administrativo, v. 1, p. 388). E, finalmente, segundo RAFAEL BIELSA, ato
administrativo constitui a decisão, geral ou especial, da autoridade administrativa,
no exercício de suas próprias funções, e que se refere a direitos, deveres e
interesses das entidades administrativas ou dos particulares relativamente a elas
(Derecho Administrativo, p. 3).
[886]
Direito administrativo brasileiro cit., p. 104.
[887]
Idem, p. 106-107.
[888]
Direito administrativo, p. 92-93.
[889]
Hely Lopes Meirelles, Direito administrativo brasileiro cit., p. 110-111.
[890]
Op.cit., p. 90.
[891]
Direito ambiental cit., p. 95.
[892]
Direito administrativo brasileiro cit., p. 157-159.
[893]
Autorização: é ato administrativo discricionário e precário pelo qual o poder
público torna possível ao interessado a realização de certa atividade, serviço, ou a
utilidade de determinados bens particulares ou públicos que a lei condiciona à
aquiescência prévia da administração, tais como o uso especial de bem público, o
porte de arma, o trânsito por determinados locais etc.
[894]
Admissão: é o ato administrativo vinculado pelo qual o poder público,
verificando a satisfação de todos os requisitos legais pelo particular, defere-lhe
determinada situação jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como
ocorre no ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso de
habilitação.
[895]
Permissão: é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o poder
público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo ou o uso
especial a título gratuito ou remunerado de bens públicos, nas condições
estabelecidas pela administração.
[896]
Art. 9.º. São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I- o
estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II- o zoneamento ambiental;
III- a avaliação de impactos ambientais; IV- o licenciamento e a revisão de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V- os incentivos à produção e
instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para
a melhoria da qualidade ambiental; VI- a criação de espaços territoriais
especialmente protegidos pelo poder público federal, estadual e municipal, tais
como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas
extrativistas (com a redação dada pelo inciso VI do art. 1.º da Lei n° 7.804, de
18.07.1989); VII- o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII-
o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX- as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; X- a
instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA; XI- a garantia da prestação de informações relativas ao
Meio Ambiente, obrigando-se o poder público a produzi-las, quando inexistentes;
XII- o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou
utilizadoras dos recursos ambientais.
[897]
STF – rel. Min. Sydney Sanches – v.u. – Lex JSTF 131/131.
[898]
Direito ambiental cit., p. 98-99.
[899]
Elida Séguin, O direito ambiental... cit., p. 185.
[900]
Curso de direito administrativo, p. 215.
[901]
Comentários sobre a natureza jurídica do licenciamento ambiental e do ato
administrativo originário do licenciamento ambiental, Anais do 6.º Congresso
Internacional de Direito Ambiental: 10 anos da ECO-92: O direito e o
desenvolvimento sustentável, p. 51.
[902]
Idem, ibidem.
[903]
Op.cit., p. 53.
[904]
Op.cit., p. 182.
[905]
Adriana de Oliveira Varella Molina, op.cit., p. 51-52.
[906]
“Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. (redação
dada pela Lei Complementar n° 140, de 08.12.2011).
§1º. Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão
publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande
circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental
competente (redação dada pela Lei Complementar n° 140, de 08.12.2011).
§2º. (Revogado pela Lei Complementar n° 140, de 08.12.2011).
§3º. (Revogado pela Lei Complementar n° 140, de 08.12.2011).
§4º. (Revogado pela Lei Complementar n° 140, de 08.12.2011)”.
[907]
“Art. 2º. A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os
empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem
prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
§1º. Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as
atividades relacionadas no Anexo 1, parte integrante desta Resolução.
§2º. Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigibilidade, o
detalhamento e a complementação do Anexo 1, levando em consideração as
especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do
empreendimento ou atividade”.
[908]
“Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação
ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade
ambiental sujeitará os transgressores: I- à multa simples ou diária, nos valores
correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN’s, agravada em casos de reincidência
específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União
se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos
municípios; II- à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos
pelo poder público; III- à perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV- à suspensão de sua
atividade.
§1º. Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
§2º. No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao
Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias previstas
neste artigo.
§3º. Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da
perda, restrição ou suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou
financeira que concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo
resolução do CONAMA.
§4°. (Revogado pela Lei n° 9.966, de 26.04.2000).
§5°. A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das
obrigações de indenização e reparação de danos previstas no § 1° deste artigo
(incluído pela Lei n° 11.284, de 02.03.2006)”.
[909]
“Art. 23. As entidades governamentais de financiamento ou gestoras de
incentivos, condicionarão a sua concessão à comprovação do licenciamento
previsto neste decreto”.
[910]
Op.cit., p. 183.
[911]
Managing the environment: the role of economic instruments, p. 47.
[912]
National environmenal strategies: learning from experience, p. 28.
[913]
Art. 6.º. O licenciamento para parcelamento e remembramento do solo,
construção, instalações das características naturais da Zona Costeira, deverá
observar, além do disposto nesta lei, as demais normas específicas federais,
estaduais e municipais, respeitando as diretrizes dos Planos de Gerenciamento
Costeiro.
§1.º. A falta ou o descumprimento, mesmo parcial, das condições do
licenciamento previsto neste artigo serão sancionados com interdição, embargo
ou demolição, sem prejuízo da cominação de outras penalidades previstas em lei.
§2.º. Para o licenciamento, o órgão competente solicitará ao responsável pela
atividade a elaboração do estudo de impacto ambiental e a apresentação do
respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, devidamente aprovado, na
forma da lei.
[914]
Direito ambiental cit., p. 102.
[915]
“1- Aprovar os modelos de publicação de pedidos de licenciamento em
quaisquer de suas modalidades, sua renovação e a respectiva concessão e
aprova os novos modelos para publicação de licenças, conforme instruções
abaixo especificadas:
Instruções para publicação em periódicos
A publicação dos pedidos de licenciamento, em quaisquer de suas
modalidades, sua renovação e a respectiva concessão de licença deverá ser
encaminhada para publicação, no primeiro caderno do jornal, em corpo 07 ou
superior, no prazo de até 30 (trinta) dias corridos, subsequentes à data do
requerimento e/ou da concessão da licença.
Instruções para publicação em Diário Oficial do Estado
A publicação dos pedidos de licenciamento em quaisquer de suas
modalidades, sua renovação e a respectiva concessão de licença, deverá ser feita
no Diário Oficial do Estado ou no da União, obedecendo aos critérios constantes
da Portaria 011/69, de 30.06.1983, da Diretoria Geral do Departamento de
Imprensa Nacional, e publicada até 30 (trinta) dias corridos, subsequentes à data
do requerimento e/ou da concessão da licença.
Instruções quanto aos itens que deverão constar na publicação
Para publicação dos Pedidos de Licenças, renovação e respectivas
concessões, em quaisquer de suas modalidades, deverão constar: a) nome da
empresa e sigla (se houver); b) sigla do órgão onde requereu a licença; c)
modalidade da licença requerida; d) finalidade da licença; e) prazo de validade de
licença (no caso de publicação de concessão da licença); f) tipo de atividade que
será desenvolvida; g) local de desenvolvimento da atividade.
1. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE REQUERIMENTO DE LICENÇA EM
PERIÓDICO (Nome da empresa – sigla)torna público que requereu à (nome do
órgão onde requereu a Licença), a (tipo da Licença), para (atividade e local)Foi
determinado estudo de impacto ambiental e/ou não foi determinado estudo de
impacto ambiental.
2. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE REQUERIMENTO DE LICENÇA EM
DIÁRIO OFICIAL (Nome da empresa – sigla) torna público que requereu à (nome
do Órgão onde requereu a licença), a Licença (tipo de licença), para atividade e
local.Foi determinado estudo de impacto ambiental e/ou não foi determinado
estudo de impacto ambiental.
3. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE CONCESSÃO DE LICENÇA EM
PERIÓDICO (Nome da empresa – sigla) torna público que recebeu do (a) (nome
do órgão que concedeu a Licença), para (finalidade de Licença), com validade de
(prazo de validade) para (atividade e local).
4. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE CONCESSÃO DE LICENÇA EM DIÁRIO
OFICIAL (Nome da empresa – sigla) torna público que recebeu do (a) (nome do
Órgão que concedeu a licença), a Licença (tipo da licença), com validade de
(prazo de validade) para (atividade e local).
5. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE REQUERIMENTO PARA RENOVAÇÃO DE
LICENÇA EM PERIÓDICO (Nome da empresa – sigla) torna público que requereu
à (nome do órgão que concedeu a licença) a renovação de sua Licença (tipo de
Licença) até a data x, para (atividade e local).
6. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE REQUERIMENTO PARA RENOVAÇÃO DE
LICENÇA DE DIÁRIO OFICIAL (Nome da empresa. – sigla) torna pública que
requereu à (nome do órgão onde requereu a licença) a renovação de sua Licença
(tipo de licença) pelo prazo de validade, para (atividade e local).
7. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE CONCESSÃO DE RENOVAÇÃO DE
LICENÇA EM PERIÓDICO (Nome da empresa – sigla) torna público que recebeu
do (a) (nome do Órgão que concedeu) a renovação da Licença (tipo de licença)
até a data x, para (atividade e local).
8. MODELO PARA PUBLICAÇÃO DE CONCESSÃO DE RENOVAÇÃO DE
LICENÇA EM DIÁRIO OFICIAL (Nome da empresa. – sigla) torna público que
recebeu do(a) (nome do Órgão que concedeu) a renovação da licença (tipo de
Licença) até a data x, para (atividade e local).
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Com o objetivo de expor e discutir com os interessados e à população
envolvida as características e os prováveis impactos ambientais dos
empreendimentos, buscando subsídios para sua análise técnica, o órgão
licenciador determinará, sempre que necessário, a realização de uma ou mais
audiências públicas. Nesse evento o empreendedor e a consultora ambiental
contratada para a realização dos estudos apresentam o Relatório de Impacto
Ambiental do projeto. A realização das audiências públicas poderá acontecer
também a pedido de Entidade Civil, do Ministério Público, ou de 50 (cinquenta) ou
mais cidadãos interessados”.
[916]
Op.cit., p. 185.
[917]
Idem, ibidem, p. 185.
[918]
Ação civil pública – Compromisso de ajustamento – Execução – Título
executivo. O compromisso firmado perante o IBAMA e o Ministério Público
constitui título executivo, nos termos do art. 5.º, § 6.º, da Lei 7347/85, que está em
vigor. Recurso conhecido e provido (STJ – 4.ª T. – REsp n ° 213.947-MG – reg.
1999/0041500-0 – rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar – j. 06.12.1999 – v.u. – DJ
21.02.2000, p. 132 – RSTJ 134, p. 401).
[919]
Op.cit., p. 186.
[920]
“Art. 4º. As zonas de uso diversificado destinam-se à localização de
estabelecimentos industriais, cujo processo produtivo seja complementar das
atividades do meio urbano ou rural que se situem, e com elas se compatibilizem,
independentemente do uso de métodos especiais de controle da poluição, não
ocasionando, em qualquer caso, inconvenientes à saúde, ao bem-estar e à
segurança das populações vizinhas”.
[921]
Hely Lopes Meirelles, Direito municipal brasileiro, p. 635-636.
[922]
“Art. 5.º. Consideram-se casos de utilidade pública: (...) i) a abertura,
conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de
planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de
distritos industriais; (...)”.
[923]
Direito municipal brasileiro cit., p. 636-637.
[924]
“Art. 2.º. As zonas de uso estritamente industrial destinam-se,
preferencialmente, à localização de estabelecimentos industriais cujos resíduos
sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações, emanações e radiações possam
causar perigo à saúde, ao bem-estar e à segurança das populações, mesmo
depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de
efluentes, nos termos da legislação vigente.
§1º. As zonas a que se refere este artigo deverão: I- situar-se em áreas que
apresentem elevadas capacidade de assimilação de efluentes e proteção
ambiental, respeitadas quaisquer restrições legais ao uso do solo; II- localizar-se
em áreas que favoreçam a instalação de infra-estrutura e serviços básicos
necessários ao seu funcionamento e segurança; III- manter, em seu contorno,
anéis verdes de isolamento capazes de proteger as zonas circunvizinhas contra
possíveis efeitos residuais e acidentes.
§2º. É vedado, nas zonas de uso estritamente industrial, o estabelecimento de
quaisquer atividades não essenciais às suas funções básicas, ou capazes de
sofrer efeitos danosos em decorrência dessas funções.
[925]
Companhia de Distritos Industriais – CODIN, Os distritos industriais do Estado
do Rio de Janeiro, p. 76”.
[926]
“Art. 3.º. As zonas de uso predominantemente industrial destinam-se,
preferencialmente, à instalação de indústrias cujos processos, submetidos a
métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, não causem
incômodos sensíveis às demais atividades urbanas e nem perturbem o repouso
noturno das populações.
Parágrafo único. As zonas a que se refere este artigo deverão: I- localizar-se em
áreas cujas condições favoreçam a instalação adequada de infra-estrutura de
serviços básicos necessária a seu funcionamento e segurança; II- dispor, em seu
interior, de áreas de proteção ambiental que minimizem os efeitos da poluição, em
relação a outros usos”.
[927]
Direito municipal brasileiro cit., p. 637-638.
[928]
Administrative powers over persons and property, § 529.
[929]
Régimen legal de la construcción, p. 126.
[930]
Direito municipal brasileiro cit., p. 634-635; Direito de construir, p. 15-16.
[931]
Direito urbano, p. 98.
[932]
Introdução ao direito ecológico... cit., p. 86-87.
[933]
Direito urbanístico... cit., p. 291.
[934]
Apud C. Ferrari, Curso de planejamento municipal integrado, p. 312.
[935]
Direito ambiental cit., p. 121.
[936]
Blacks law dictionary, p. 1114.
[937]
Pierre Merlin e F. Choay, Dictionaire de L’urbanisme et de L’amenagement, p.
715.
[938]
O urbanismo, p. 18.
[939]
Apud Pierre Merlin e e F. Choay, op.cit., p. 715.
[940]
Direito ambiental cit., p. 125.
[941]
Idem, p. 123.
[942]
Op.cit., p. 135.
[943]
Geopolítica da biodiversidade, Brasília, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, 1998, p. 235.
[944]
Ministério do Meio Ambiente – MMA/Secretaria de Coordenação Amazônica,
Agenda Amazônica 21: bases para discussão, mar. 1997, p. 7.
[945]
Op.cit., p. 236.
[946]
Direito municipal brasileiro cit., p. 630-632.
[947]
Idem, p. 632.
[948]
Idem, p. 633-635.
[949]
Idem, p. 647.
[950]
Restricciones y servidumbres administrativas, p. 141.
[951]
1.º TACivSP – Ap. Civ. 63.393/Santos – v.u. – RDPG 14/192.
[952]
Direito municipal brasileiro cit., p. 647-648.
[953]
Verifica culturale dell’azione urbanistica, Rivista Urbanistica dell’Istituto
Nazionale di Urbanistica, n. 1058, v. 22, p. 118.
[954]
Américo Luís Martins da Silva, O dano moral e sua reparação civil, p. 13.
[955]
Obrigações, p. 309-310.
[956]
Direito das obrigações, p. 14.
[957]
Op.cit., p. 310.
[958]
Op.cit., p. 211.
[959]
“Art. 1.521. São também responsáveis pela reparação civil: I- os pais, pelos
filhos menores que estiverem sob seu poder e em sua companhia; II- o tutor e o
curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III-
o patrão, amo ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou por ocasião dele; IV- os donos de
hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos, onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V-
os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até à
concorrente quantia”.
[960]
“Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I- os pais, pelos
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II- o tutor
e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III- o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV- os donos de hotéis,
hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V- os que
gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia”.
[961]
“§6.º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa (art. 37, Constituição Federal)”.
[962]
“Art. 1.522. A responsabilidade estabelecida no artigo antecedente, n. III,
abrange as pessoas jurídicas que exercerem exploração industrial”.
[963]
Ainda antes da conclusão do Digesto, Justiniano designou três membros da
mesma comissão, Triboniano, Doroteu e Teófilo, para a redação de um breve
tratado elementar de direito, as Institutas. Mais simples que o Digesto e mais
teóricas que o Código, as Institutas de Justiniano apresentam noções gerais,
definições e classificações que tornam o estudo do direito fácil e atraente. As
Institutas se dividem em quatro livros subdivididos por sua vez em títulos: a) o
primeiro livro trata das pessoas; b) o segundo da divisão das coisas da
propriedade, dos demais direitos reais, das doações e dos testamentos; c) o
terceiro versa sobre a sucessão ab intestato (sem testamento), as obrigações
oriundas de contratos e de quase-contratos; e d) o quarto livro trata das
obrigações ex delicto e quasi ex delicto, das ações. As Institutas foram publicadas
em 21.11.533 e entraram em vigor na mesma data que o Digesto, em 30.12.533
(Mário Curtis Giordani, Iniciação ao direito romano, p. 201).
[964]
Op.cit., p. 211-212.
[965]
Caso fortuito: é o acontecimento possível e imprevisível, mas estranho à ação
e à vontade humana, ou seja, é o acontecimento decorrente de fatos
extraordinários da natureza, que estão fora da capacidade de previsão e de
controle do homem.
[966]
Força maior: é o acontecimento que, mesmo possível e previsível, não pode
ser evitado pela vontade ou pela ação do homem, ou seja, é o acontecimento que
resulta diretamente da ação ou omissão do homem, mas, embora previsível, não
pode ser evitado.
[967]
Fato de terceiro: é o acontecimento resultante da ação desempenhada por
outrem. Diz-se, também, que se refere não ao fato próprio, ou que deva ser
praticado por quem a ele se obrigou, mas ao fato que deve ser cumprido por uma
pessoa, conforme compromisso assumido por um dos contratantes. Diz-se, ainda,
que se refere ao fato praticado por pessoa estranha à relação jurídica, mas que
irradiou efeitos sobre ela, mesmo que não tenha sido solicitado ou querido pelas
partes (Iêdo Batista Neves, op.cit., verbete XXXIX – Fato de terceiro).
[968]
Américo Luís Martins da Silva, op.cit., p. 17-18.
[969]
TAMG – 1.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 7.520/Poços de Caldas – pres. Des. Oliveira
Leite – rel. Des. Ottogamiz de Oliveira – j. 27.08.1975 – v.u. – DOMG 11.03.1976,
p. 3 – INCOLA – Anuário de Jurisprudência 1976/107.
[970]
1.º TACivSP – 8.ª Câm. – Ap. Civ. 302.128 – rel. Juiz Pereira da Silva – j.
30.11.1982 – v.u. – RT 569/114.
[971]
TAMG – 2.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 19.658 – rel. Juiz Humberto Theodoro – j.
16.10.1981 – v.u. – RT 564/217.
[972]
A Responsabilidade civil na doutrina e na jurisprudência, p.1.
[973]
Da responsabilidade civil, p. 7.
[974]
Traité de la responsabilité civile en droit français, n. 1, p. 9.
[975]
Ulderico Pires dos Santos, op.cit., p. 3.
[976]
Américo Luís Martins da Silva, op.cit., p. 20.
[977]
Op.cit., p. 319.
[978]
1.º TACivSP – Ap. Civ. 259.837 – j. 15.08.1979 – v.u. – Silvio Rodrigues,
Direito civil (Responsabilidade civil, v. 4), p. 5-6, nota de rodapé.
[979]
Op.cit., p. 5.
[980]
Droit Civil – Les obligations, n. 359, p. 83.
[981]
Op.cit., p. 210.
[982]
Op.cit., p. 6.
[983]
“Art. 91. São efeitos da condenação: I – tornar certa a obrigação de indenizar
o dano causado pelo crime; II – a perda em favor da União, ressalvado o direito
do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que
consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato
ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso (com redação dada pela Lei
n° 7.209, de 11.07.1984, publicada no DOU 13.07.1984)”.
[984]
Op.cit., p. 209-210.
[985]
Manual de direito civil brasileiro, p. 273.
[986] “Art. 827. A lei confere hipoteca: (...) VI- Ao ofendido, ou aos seus
herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para satisfação do dano causado pelo
delito e pagamento das custas; VII- À Fazenda Pública Federal, Estadual e
Municipal, sobre os imóveis do delinquente, para o cumprimento das penas
pecuniárias e o pagamento das custas; (...)
Art. 829. Quando os bens do criminoso não bastarem para a solução integral
das obrigações enumeradas no art. 827, VI e VII, a satisfação do ofendido e seus
herdeiros preferirá às penas pecuniárias e custas judiciais”.
[987] “Art. 1.489. A lei confere hipoteca: I- às pessoas de direito público interno
(art. 41) sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou
administração dos respectivos fundos e rendas; II- aos filhos, sobre os imóveis do
pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal
anterior; III- ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente,
para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais
(...)”.
[988] “Art. 177. As ações pessoais prescrevem ordinariamente em 20 (vinte)
anos, as reais em 10 (dez) entre presentes e, entre ausentes, em 15 (quinze),
contados da data em que poderiam ter sido propostas”.
[989]
“Art. 205. A prescrição ocorre em 10 (dez) anos, quando a lei não lhe haja
fixado prazo menor”.
[990] “Art. 1.º. As dívidas passivas da União, dos Estados e dos municípios, bem
assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual e
Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 (cinco) anos contados
da data do ato ou fato do qual se originarem”.
[991]
“Art. 12. O direito de pleitear indenização com fundamento nesta Lei prescreve
em 10 (dez) anos, contados da data do acidente nuclear.
Parágrafo único. Se o acidente for causado por material subtraído, perdido ou
abandonado, o prazo prescricional contar-se-á do acidente, mas não excederá a
20 (vinte) anos contados da data da subtração, perda ou abandono”.
[992]
TAMG – 1.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 18.645 – rel. Juiz Bady Curi – j. 21.10.1981 –
v.u. – RT 568/194 – Julgados dos Tribunais de Alçada de MG 13/126.
[993]
TJRJ – 6.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 7.414 – rel. Des. Vivalde Couto – j.
19.12.1978 – v.u – Revista de Jurisprudência do TRJ 46/75.
[994]
O dano ambiental e a responsabilidade, Revista Forense, v. 317, p. 116.
[995]
TJPR – 1.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 37.866 – rel. Des. Oto Sponholz – v.u. – DJ
27.09.1991 – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 9, 3.º Trimestre 1997.
[996]
TJSP – 4.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 216.131-1 – rel. Des. Orlando Pistoresi – j.
13.10.1994 – v.u. – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 9, 3.º Trimestre 1997.
[997]
Defesa dos interesses difusos em juízo, Revista do Ministério Público do Rio
Grande do Sul, v. 19, p. 86.
[998]
A defesa dos interesses difusos em juízo, p. 503.
[999]
Direito ambiental cit., p. 138.
[1000]
Direito ambiental... cit., p. 209.
[1001]
O “termo de compromisso” encontra-se previsto no art. 60 do Decreto 3.179,
de 21.09.1999, o qual dispõe que “as multas previstas neste Decreto podem ter a
sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por termo de compromisso
aprovado pela autoridade competente, obrigar-se à adoção de medidas
específicas, para fazer cessar ou corrigir a degradação ambiental”. Além disso o
seu § 1.º prescreve que “a correção do dano de que trata este artigo será feita
mediante a apresentação de projeto técnico de reparação do dano”. Já o § 2.º
menciona que “a autoridade competente pode dispensar o infrator de
apresentação de projeto técnico, na hipótese em que a reparação não o exigir”. O
§ 3.º do art. 60 determina, a seu turno, que, uma vez “cumpridas integralmente as
obrigações assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em noventa por cento
do valor atualizado, monetariamente”. Na hipótese de interrupção do cumprimento
das obrigações de cessar e corrigir a degradação ambiental, quer seja por
decisão da autoridade ambiental ou por culpa do infrator, o valor da multa
atualizado monetariamente será proporcional ao dano não reparado (§ 4.º). Por
fim, o § 5.º estabelece que “os valores apurados nos §§ 3.º e 4.º serão recolhidos
no prazo de cinco dias do recebimento da notificação”.
A natureza jurídica do “termo de compromisso”, a primeira vista, pode parecer
um acordo firmado entre o órgão público ambiental e aquele que cometeu a
infração administrativa ambiental, quando na realidade é ato jurídico unilateral
quanto à manifestação volitiva, e bilateral somente quanto à formalização (José
dos Santos Carvalho Filho, Ação civil pública, p. 191).Todavia, não se pode
confundir o “termo de compromisso”, previsto no art. 60 do Decreto 3.179, de
21.09.1999, a ser ajustado pelas autoridades ambientais no caso de infração
administrativa, com o “termo de ajustamento de conduta”, previsto na Lei 7.347 de
24.07.1985, que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico, ajustado entre o órgão público
legitimado para a ação civil pública (Ministério Público, União Federal, Estados e
municípios, autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista
ou por associação) e aquele que está vulnerando o interesse difuso ou coletivo
protegido por lei.
[1002]
Os produtos e subprodutos não retirados pelo beneficiário no prazo
estabelecido no documento de doação, sem justificativas, devem ser objeto de
nova doação ou leilão, a critério do órgão ambiental, revertendo os recursos
arrecadados para a preservação, melhoria e qualidade do meio ambiente,
correndo os custos operacionais de depósito, remoção, transporte,
beneficiamento e demais encargos legais à conta do beneficiário (art. 2.º, § 6.º, IV,
do Decreto n° 3.179, de 21.09.1999).
[1003]
Iedo Batista Neves, op.cit., verbete Contravenção.
[1004]
A detenção é, entre as penas privativas de liberdade, a de menor gravidade.
Ela impõe ao condenado encarceramento temporário, conforme a natureza ou a
espécie do delito, em penitenciária, ou, à sua falta, em seção especial de prisão
comum, com trabalho obrigatório, que é remunerado. O detento é submetido a
isolamento, durante o repouso noturno, com separação dos reclusos, ficando,
entretanto, livre do isolamento diurno, no período inicial da pena (Idem, verbete
Detenção).
[1005]
A reclusão é a pena mais rigorosa das penas principais, aplicada aos delitos
comuns que consiste na privação da liberdade pessoal do condenado por tempo
que varia, segundo a natureza, ou a espécie de infração, para o cumprimento da
qual é ele recolhido a penitenciária ou, na falta desta, a seção especial de prisão
comum, sujeito a trabalho remunerado, bem como a isolamento durante o
repouso noturno e, em certos casos, a isolamento diurno (Idem, verbete
Reclusão).
[1006]
Fauna – Princípio da insignificância – Crime de bagatela – Exclusão da
tipicidade. O fato de o denunciado ter abatido somente um tatu, animal da fauna
silvestre, apresenta-se como indiferente para o direito penal. Aplicável o princípio
da insignificância, por se tratar de crime de bagatela, devendo ser excluída a
tipicidade (TFR 4.ª R. – 2.ª T. – Ap. Crim. 95.04.25939-1-PR – rel. Juiz Vilson
Darós – v.u. – DJU 18.09.1996 – Jurisprudência Criminal RJ 230, dez. 1996, p.
135).
[1007]
O direito ambiental... cit., p. 295.
[1008]
1.º TACivSP – 6.ª Câm. – Ap. Civ. 283.777 – rel. Juiz Nelson Altemani – j.
25.05.1982 – v.u. – Elida Séguin, idem, p. 295.
[1009]
TJRJ – 15.ª Câm. Cível – Ap. Civ. 153446/1998-Capital – rel. Des. Bernardo
Garcez – j. 03.03.1999 – v.u. – Reg. 2 jun. 1999, fl. 43349-43372 – Elida Séguin,
idem, p. 295.
[1010]
Op.cit., p. 298-299.
[1011]
Seguro ambiental, Direito ambiental em evolução, p. 313.
[1012]
Idem, ibidem.
[1013]
Traité théorique et pratique de la responsabilité civile délictuelle et
contractuelle, p. 260.
[1014]
Op.cit., 315.
[1015]
Tratado de derecho civil, v. 3, p. 527, apud Orlando Gomes, op.cit., p. 316.
[1016]
Op.cit., p. 316.
[1017]
Il reato, il risarcimento, la riparazione, p. 120-124.
[1018]
Il damno e il reato, p. 10 e ss.
[1019]
Istituzioni di diritto civile, p. 341.
[1020]
Direito das obrigações, p. 241.
[1021]
Reparação dos danos no direito civil, p. 7-9.
[1022]
Idem, p. 9, nota de rodapé.
[1023]
Ludwig Enneccerus, Theodor Kipp e Martin Wolff, Derecho de obligaciones,
p. 332 (Tratado de derecho civil, v. 2).
[1024]
Dizionario pratico del diritto privado, verbete Danno.
[1025]
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito”.
[1026]
Op.cit., p. 13-17.
[1027]
Idem, p. 18.
[1028]
José de Aguiar Dias, Dano, Repertório do direito brasileiro, p. 221.
[1029]
Hans Albrecht Fischer, op.cit., p. 34-46.
[1030]
Dano cit., Repertório de direito brasileiro, p. 221.
[1031]
Le obbligazioni nel diritto civile italiano, n. 126, p. 203.
[1032]
Tratado de direito privado, p. 573.
[1033]
Tratado de las obligaciones, p. 58.
[1034]
Vorteilsausgleichung, p. 6 e ss, apud Hans Albrecht Fischer, op.cit., p. 24-25.
[1035]
Compensatio lucri cum damno, p. 10 e ss, apud Hans Albrecht Fischer,
op.cit., p. 24-25.
[1036]
Walsmann, op.cit., p. 16, apud Hans Albrecht Fischer, op.cit., p. 25.
[1037]
Op.cit., p. 11 e ss, apud Hans Albrecht Fischer, op.cit., p. 25.
[1038]
Hans Albrecht Fischer, op.cit., p. 25-28.
[1039]
Digesto de Justiniano (libri ad Sabinum) fr. 9, § 2, II, 28: Et si puerum quis
castraverit et preciosiorem fecerit, Vivianus scribit cessare Aquiliam sed injuriarum
erit agendum aut ex edicto aedilium aut in quadruplum, apud Hans Albrecht
Fischer, op.cit., p. 28.
[1040]
Revue ab Gerichts., XVII, p. 112, apud Hans Albrecht Fischer, op.cit., p. 29.
[1041]
Iêdo Batista Neves, op.cit., verbetes Compensação de vantagens e
Compensatio lucri cum damno.
[1042]
Orlando Gomes, op.cit., p. 332.
[1043]
Op.cit., p. 47.
[1044]
Idem, ibidem.
[1045]
Idem, p. 139.
[1046]
Idem, p. 151.
[1047]
Dano cit., Repertório de direito brasileiro, p. 224.
[1048]
Op.cit., p. 332.
[1049]
Droit de l’environnement, p. 1.036.
[1050]
Apud Patrick Girod, La réparation du dommage écologique, p. 13.
[1051]
Op.cit., p. 13.
[1052]
Apud Michel Prieur, op.cit., p. 1.037.
[1053]
Op. cit., p. 1.036.
[1054]
O dano ambiental e sua reparação, p. 17.
[1055]
Apud Paulo Affonso Leme Machado, Direito ambiental brasileiro cit., p. 244.
[1056]
Responsabilidade civil e reparação de danos ao meio ambiente, p. 106-107.
[1057]
Direito ambiental cit., p. 147-148.
[1058]
Op.cit., p. 1.038.
[1059]
Le dommage écologique dans la communauté européenne, Conferência
internacional de direito ambiental – Anais: o dano ambiental e sua reparação, p.
301.
[1060]
Responsabilidade civil... cit., p. 111-112.
[1061]
Maria Helena Diniz, A responsabilidade civil por dano moral, Revista Literária
do Direito, p. 8.
[1062]
Idem, ibidem.
[1063]
O dano moral ambiental e sua reparação, Revista de Direito Ambiental, p.
61.
[1064]
Luis Henrique Paccagnella, Dano Moral Ambiental, Revista de Direito
Ambiental, p. 45-46.
[1065]
Idem, p. 46.
[1066]
Idem, p. 46-47.
[1067]
Da responsabilidade civil cit., p. 25.
[1068]
Américo Luís Martins da Silva, op.cit., p. 296.
[1069]
Op.cit., verbete Reparação.
[1070]
José de Aguiar Dias, Da responsabilidae civil cit., p. 25.
[1071]
Op.cit., p. 202.
[1072]
Op.cit., p. 386.
[1073]
Américo Luís Martins da Silva, op.cit., p. 297-298.
[1074]
Op.cit., 1984, p. 6.
[1075]
Apud Ary Azevedo Franco, Dicionário de Jurisprudência, n. 5, p. 37.
[1076]
Américo Luís Martins da Silva, op.cit., p. 299.
[1077]
RT 206/238.
[1078]
Américo Luís Martins da Silva, op.cit., p. 300.
[1079]
TJSP – j. 07.04.1949 – v.u. – RT 180/653.
[1080]
Op.cit., p. 387.
[1081]
La colpa nel diritto civile odierno – Colpa extra-contrattuale, p. 407.
[1082]
Ibid., p. 387.
[1083]
Ibid., p. 387-388.
[1084]
Derecho de obligaciones, p. 635.
[1085]
Op.cit., p. 382.
[1086]
Por força da Lei 7.209, de 11.07.1984, que alterou dispositivos do Decreto-lei
2.848, de 07.12.1940 (Código Penal brasileiro), quanto à multa criminal em si, o
caput do art. 49 do referido Código passou a dispor que “a pena de multa consiste
no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada
em dias-multa. Será, no mínimo, de dez e, no máximo, de trezentos e sessenta
dias-multa”. O § 1.º desse artigo, por sua vez, passou a prescrever que “o valor do
dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse
salário”. E o § 2.º passou a estabelecer que “o valor da multa será atualizado,
quando da execução, pelos índices de correção monetária”.
Quanto ao pagamento da multa, o art. 50 do Código Penal passou a
prescrever que “a multa deve ser paga dentro de dez dias depois de transitada em
julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias,
o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais”. O § 1.º
desse artigo, a seu turno, passou a dispor que “a cobrança da multa pode efetuar-
se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: a)
aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de
direitos; c) concedida a suspensão condicional da pena”. E o seu § 2.º passou a
determinar que “o desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao
sustento do condenado e de sua família”.
Quanto à conversão da multa, sua revogação e sua suspensão, o art. 51 do
Código Penal passou a dispor que “a multa converte-se em pena de detenção,
quando o condenado solvente deixa de pagá-la ou frustra a sua execução”. O §
1.º desse artigo passou a prescrever que “na conversão, a cada dia-multa
corresponderá um dia de detenção, não podendo esta ser superior a um ano”. A
seu turno, o § 2.º do art. 51 passou a estabelecer que “a conversão fica sem efeito
se, a qualquer tempo, é paga a multa”. E, finalmente, o art. 52 passou a
determinar que “é suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao
condenado doença mental”.
Quanto aos critérios especiais da pena de multa, o art. 60 do Código Penal
passou a dispor que “na fixação da pena de multa o juiz deve atender,
principalmente, à situação econômica do réu”, e o seu § 1.º a prescrever que “a
multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo”.
[1087]
Américo Luís Martins da Silva, op.cit., p. 304-305.
[1088]
Ibid., p. 385.
[1089]
Culpa aquiliana (cuasidelitos), p. 793.
[1090]
Op.cit., p. 385.
[1091]
Manual de direito processual civil – Processo de conhecimento, 1.ª parte, p.
230.
[1092]
Op.cit., p. 59.
[1093]
Lei 5.194, de 24.12.1966:
“Art. 7.º. As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e
do engenheiro-agrônomo consistem em: a) desempenho de cargos, funções e
comissões em entidades estatais, paraestatais, autárquicas, de economia mista e
privada; b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras,
da produção industrial e agropecuária; c) estudos, projetos, análises, avaliações,
vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica; d) ensino, pesquisas,
experimentação e ensaios; e) fiscalização de obras e serviços técnicos; f) direção
de obras e serviços técnicos; g) execução de obras e serviços técnicos; h)
produção técnica especializada, industrial ou agropecuária (...)
Art. 8.º. As atividades e atribuições enunciadas nas alíneas a, b, c, d e f do
artigo anterior são da competência de pessoas físicas, para tanto legalmente
habilitadas. Parágrafo único – As pessoas jurídicas e organizações estatais só
poderão exercer as atividades discriminadas no art. 7.º, com exceção das
contidas na alínea a, com a participação efetiva e autoria declarada de
profissional legalmente habilitado e registrado pelo Conselho Regional,
assegurados os direitos que esta lei lhe confere (...)
Art. 13. Os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de
engenharia, de arquitetura e de agronomia, quer público, quer particular, somente
poderão ser submetidos ao julgamento das autoridades competentes e só terão
valor jurídico quando seus autores forem profissionais habilitados de acordo com
esta lei.
Art. 14. Nos trabalhos gráficos, especificações, orçamentos, pareceres, laudos
e atos judiciais ou administrativos, é obrigatória além da assinatura, precedida do
nome da empresa, sociedade, instituição ou firma a que interessarem, a menção
explícita do título do profissional que os subscreve e o número da carteira referida
no art. 56”.
[1094]
Op.cit., p. 59.
[1095]
Lei 3.268, de 30.09.1957:
“Art. 17. Os médicos só poderão exercer legalmente a medicina, em qualquer
de seus ramos ou especialidades, após o prévio registro de seus títulos, diplomas,
certificados ou cartas no Ministério da Educação e Cultura e de sua inscrição no
Conselho Regional de Medicina, sob cuja jurisdição se achar o local de sua
atividade.
Art. 18. Aos profissionais registrados de acordo com esta Lei será entregue
uma carteira profissional que os habilitará ao exercício da medicina em todo o
País (...)”.
[1096]
5.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 14.118 – rel. Des. José Carlos Barbosa Moreira –
v.u. –, apud Ulderico Pires dos Santos, op.cit., p. 58.
[1097]
TARJ – 2.º Grupo de Câm. Civ. – Emb. Inf. na Ap. Civ. 53.305 – v.u. – apud
Ulderico Pires dos Santos, op.cit., p. 58.
[1098]
Ulderico Pires dos Santos, op.cit., p. 58.
[1099]
Ibid., p. 385-386.
[1100]
Ibid., p. 386.
[1101]
TJSP – 5.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 160.626-1 – rel. Des. Marcio Bonilha – j.
07.02.1992 – v.u. – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 8, 2.º trim. 1997.
[1102]
TJPR – 2.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 37.122 – rel. Des. Sydney Zappa – v.u. – DJ
11.09.1991 – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 8, 2.º trim. 1997.
[1103]
Op.cit., p. 48.
[1104]
Manual prático da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, p. 35.
[1105]
Lineamentos da responsabilidade civil ambiental, Revista de Direito
Ambiental, p. 108.
[1106]
Direito ambiental... cit., p. 218.
[1107]
Direito ambiental brasileiro cit., p. 91.
[1108]
“Art. 9.º. Em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos princípios
constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, o Poder
Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo: a) a implantação e o
funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar
mananciais de água; b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de
canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições
ecológicas locais; c) o exercício de atividades capazes de provocar uma
acelerada erosão das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções
hídricas; d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as
espécies raras da biota regional.
§ 1º. A Secretaria Especial do Meio Ambiente, ou órgão equivalente no âmbito
estadual, em conjunto ou isoladamente, ou mediante convênio com outras
entidades, fiscalizará e supervisionará as Áreas de Proteção Ambiental.
§ 2º. Nas Áreas de Proteção Ambiental, o não cumprimento das normas
disciplinadoras previstas neste artigo sujeitará os infratores ao embargo das
iniciativas irregulares, à medida cautelar de apreensão do material e das
máquinas usadas nessas atividades, à obrigação de reposição e reconstituição,
tanto quanto possível, da situação anterior e a imposição de multas graduadas de
Cr$200,00 (duzentos cruzeiros) a Cr$2.000,00 (dois mil cruzeiros), aplicáveis,
diariamente, em caso de infração continuada, e reajustáveis de acordo com os
índices das ORTN’s – Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
§ 3º. As penalidades previstas no parágrafo anterior serão aplicadas por iniciativa
da Secretaria Especial do Meio Ambiente ou do órgão estadual correspondente e
constituirão, respectivamente, receita da União ou do Estado, quando se tratar de
multas.
§ 4º. Aplicam-se às multas previstas nesta Lei as normas da legislação tributária e
do processo administrativo fiscal que disciplinam a imposição e a cobrança das
penalidades fiscais”.
[1109]
Direito ambiental... cit., p. 218.
[1110]
Direito ambiental cit., p. 152-153.
[1111]
Ação civil pública e meio ambiente, p. 9.
[1112]
A ação civil pública em defesa do ambiente, Ação civil pública – Lei 7.347/85:
reminiscências e reflexões após dez anos de aplicação, p. 243.
[1113]
A implementação da legislação ambiental: o papel do Ministério Público, Dano
Ambiental: prevenção, reparação e repressão, p. 132.
[1114]
Op.cit., p. 34.
[1115]
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I- as causas em
que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II- as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e município ou
pessoa domiciliada ou residente no País; III- as causas fundadas em tratado ou
contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV- os
crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral; V- os crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido
no estrangeiro, ou reciprocamente; VI- os crimes contra a organização do trabalho
e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira; VII- os habeas corpus, em matéria criminal de sua
competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não
estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII- os mandados de segurança e
os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais; IX- os crimes cometidos a bordo de navios ou
aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X- os crimes de ingresso
ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes
à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI- a disputa
sobre direitos indígenas.
§1º. As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde
tiver domicílio a outra parte.
§2º. As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou
fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no
Distrito Federal.
§3º. Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos
segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de
previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do
juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras
causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§4º. Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o
Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau”.
[1116]
STJ – 1.ª Seç. – CComp 33061/RJ – rel. Min. Laurita Vaz – j. 27.02.2002 –
v.u. – DJ 08.04.2002, p. 120 – RSTJ 154, p. 23.
[1117]
TJPR – Ap. Civ. 217.103-1/Santos – rel. Des. G. Pinheiro Franco – j.
02.03.1995 – v.u. – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 5, 3.º trim. 1996.
[1118]
TJSP – 4.ª Câm. Civ. – AgIn 268.049-1 – rel. Des. Barbosa Pereira – j.
28.09.1995 – v.u. – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 8, 2.º trim. 1997.
[1119]
Op.cit., p. 33.
[1120]
“Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a
medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá
torná-la ineficaz, caso em que poderá determinar que o requerente preste caução
real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer”.
[1121]
Wanderley Rebello Filho e Christianne Bernardo, op.cit., p. 37.
[1122]
Op.cit., p. 42.
[1123]
Defesa dos interesses difusos... cit., Revista do Ministério Público do Estado
do Rio Grande do Sul, p. 44.
[1124]
“Art. 1.025. É lícito aos interessados prevenirem, ou terminarem o litígio
mediante concessões mútuas.
Art. 1.026. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.
Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados e
não prevalecer em relação a um, fica, não obstante, válida relativamente aos
outros.
Art. 1.027. A transação interpreta-se restritivamente. Por ela não se
transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.
Art. 1.028. Se a transação recair sobre direitos contestados em juízo, far-se-á: I
– por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz; II –
por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou particular, nas em
que ela o admite.
Art. 1.029. Não havendo ainda litígio, a transação realizar-se-á por aquele dos
modos indicados no artigo antecedente, n. II, que no caso couber.
Art. 1.030. A transação produz entre as partes o efeito de coisa julgada, e só
se rescinde por dolo, violência, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa
controversa.
Art. 1.031. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela
intervieram, ainda que diga respeito a coisa indivisível.
§ 1º. Se for concluída entre o credor e o devedor principal, desobrigará o fiador.
§ 2º. Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste
para com os outros credores.
§ 3º. Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em
relação aos co-devedores.
Art. 1.032. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou
por ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação;
mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo
direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá de
exercê-lo.
Art. 1.033. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não
perime a ação penal da justiça pública.
Art. 1.034. É admissível, na transação, a pena convencional.
Art. 1.035. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a
transação.
Art. 1.036. É nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença
passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou quando,
por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum deles tinha direito
sobre o objeto da transação”.
[1125]
“Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio
mediante concessões mútuas.
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a
transação.
Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a
lei o exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre
direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos
autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se
transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.
Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela
intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível.
§1º. Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.
§2º. Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste
para com os outros credores.
§3º. Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em
relação aos co-devedores.
Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por
ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; mas
ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo
direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá de
exercê-lo.
Art. 846. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não
extingue a ação penal pública.
Art. 847. É admissível, na transação, a pena convencional.
Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.
Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados,
independentes entre si, o fato de não prevalecer em relação a um não prejudicará
os demais.
Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à
pessoa ou coisa controversa.
Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das
questões que foram objeto de controvérsia entre as partes.
Art. 850. É nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença
passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou quando,
por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum deles tinha direito
sobre o objeto da transação”.
[1126]
“Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver
litígios entre pessoas que podem contratar.
Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de estado, de
direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente
patrimonial.
Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver
divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial”.
[1127]
Op.cit., p. 55.
[1128]
Defesa dos Interesses Difusos... cit., p. 343.
[1129]
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I- promover,
privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II- zelar pelo efetivo respeito
dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua
garantia; III- promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos; IV- promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins
de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V- defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI-
expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência,
requisitando informações e documentos para instrui-los, na forma da lei
complementar respectiva; VII- exercer o controle externo da atividade policial, na
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII- requisitar
diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os
fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX- exercer outras
funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
públicas.
§1º. A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo
não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta
Constituição e na lei.
§2º. As funções de Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da
carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação.
§3º. O ingresso na carreira far-se-á mediante concurso público de provas e títulos,
assegurada participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, e
observada, nas nomeações, a ordem de classificação.
§4º. Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93, II e VI”.
[1130]
Isabella Franco Guerra, op.cit., p. 44.
[1131]
TJSP – 7.ª Câm. – Ap. Civ. 248.901-1/5 – j. 1996 – v.u. – apud Wanderley
Rebello Filho e Christianne Bernardo, op.cit., p. 73.
[1132]
TJPR – 3.ª Câm. Civ. – Ap. Civ. 34.055 – rel. Des. Nunes do Nascimento –
v.u. – DJ 04.02.1991 – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 9, 3.º trim. 1996.
[1133]
TJPR – 1.ª Câm. Civ. – AgIn 40.065 – rel. Des. Osíris Fontoura – v.u. – DJ
20.05.1992 – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 9, 3.º trim. 1997.
[1134]
TJSP – MS 201.205-1 – rel. Des. Rebouças de Carvalho – j. 27.10.1993 –
v.u. – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 5, 3.º trim. 1996.
[1135]
TRF 2.ª R. – MS 0214455 – rel. Des. federal Silvério Cabral – j. 05.04.1994 –
v.u. – DJ 14.02.1995 – Jurisprudência Informatizada dos Tribunais Regionais
Federais, 9. ed.
[1136]
STJ – 1.ª T. – REsp 1.523 – rel. Min. José Delgado – j. 02.09.1996 – v.u. –
DJ 14.10.1996, p. 38.930 – Jurisprudência Informatizada Saraiva, n. 8, 2.º trim.
1997.

Você também pode gostar