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Projeto Novo Ciclo

Instituição Responsável: Projeto Presente

Contato: Patricia Lima/ Leonardo Godinho/Mateus Freitas

E-mail: patricia.sanligo@gmail.com; leonardogod@gmail.com; projetopresente1@gmail.com

Telefone: (11) 93962-5881- (19) 98159-6696 -

Endereço: R. João Inacio, 193 – Parque Itajaí, Campinas - SP

Local de realização: Avenida Francisco Glicério, em frente a Agencia dos Correios Campinas SP

Data de início da prática: 10/01/2023

Fotos

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Aderência aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Caracterização da situação-problema

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa


com Deficiência e Direitos Humanos, divulgou nesta quarta-feira, dia 29, a nova contagem da
população em situação de rua no município. O número aumentou em 13,4%, de 822, em
2019, para 932 este ano. A íntegra do documento pode ser acessada aqui.
“Essa contagem é de grande importância para desenvolvermos políticas públicas eficazes
para essa população”, afirmou Vandecleya Moro, secretária municipal de Assistência Social,
Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos.

A pesquisa de campo ocorreu em 17 de novembro. Durante a manhã e na tarde desse dia, a


contagem ocorreu nos serviços públicos municipais e ambientes costumeiramente
frequentados pela população em situação de rua. À noite, das 18h à 0h, 15 equipes foram a
campo nas cinco regiões da cidade (Sul, Leste, Norte, Noroeste e Sudoeste) e um grupo ficou
concentrado no Centro POP Sares 1, na Rua Regente Feijó, para coordenar as atividades e
verificar os formulários preenchidos. Os pesquisadores adotaram um relatório padronizado
que foi aplicado em todas as pessoas encontradas em situação de rua. A metodologia adotou
o princípio da autodeclaração: os entrevistados se definiram quanto ao gênero, raça etc.

A contagem revelou que a maioria da população em situação de rua está situada na região
Leste de Campinas, que abrange o Centro, com 50,72% do total. A segunda colocação ficou
com a região Sul, com 22,97%. A região com menor número de pessoas em situação de rua
foi a Noroeste, com 3,34%. Em relação à contagem anterior, a região Leste já predominava
com 49%, a região Norte teve 24%, a Sul 22%, a Noroeste 3% e a Sudoeste 2%.

Em relação ao gênero, a contagem considerou a autodeclaração, do mesmo modo que nas


contagens anteriores. A maioria é de homens, com 81,5%; seguido de mulheres, com 16,2%.
Mulheres trans representam 0,9%, homens trans são 0,6%. Os que se definiram como
homossexuais foram 0,5% e travestis, 0,4%. A população LGBT representa 2,4% do total.

Na contagem de 2019 houve também predominância de pessoas que se declararam do


gênero masculino (82%), mulheres representaram 15%. A população LGBT, considerando-se
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homem cis, mulher cis, homem trans, mulher trans e travesti, somou 3%.

Em relação ao tempo de vivência nas ruas, a maioria (20,1%) está há mais de 10 anos. A
seguir há os que estão de 2 a 5 anos (19,9%) e de 5 a 10 anos (14,6%). Somados, os que
estão há 2 anos ou mais totalizam 54,6%.

Na contagem de 2019, os padrões foram semelhantes. A maioria também era de pessoas


com mais de 10 anos na rua (20,5%). O segundo grupo mais expressivo foi o que estava de 2
a 5 anos (18,8%), depois os de 5 a 10 anos (14,1%). O grupo dos que estavam há até 1 mês
(12,1%) superava o de 1 a 2 anos (11,8%); os que estavam de 6 meses a 1 ano totalizavam
7,3% e os de 3 meses a 6 meses, 5,4%.

Em relação à faixa etária, a maioria da população em situação de rua está entre 40 e 49 anos
(31,4%). O segundo grupo é o dos com 30 a 39 anos (26,4%). Há 9,1% de idosos (com mais de
60 anos).

Na contagem de 2019, o percentual de pessoas entre 25 e 39 anos foi de 42%, seguido de


29% entre 40 a 49 anos, em terceiro lugar, havia os de 50 a 59 anos, com 17% e, os de 18 a
24 anos somavam 6%. A porcentagem de idosos foi menor em 2019: ficou em 5% e o
número de jovens em situação de rua de 18 a 24 anos foi de 6%, percentagem semelhante à
atual, que foi de 5,7%.

Quanto ao nível de escolaridade, a maioria (42%) tem o ensino fundamental incompleto.


Mesmo representando a maioria, nota-se uma queda no percentual em relação às contagens
anteriores. Em seguida há os que têm ensino médio completo (17,8%). O terceiro grupo mais
comum são os com ensino médio incompleto (14,3%). No quarto grupamento, estão os com
ensino fundamental completo (13,2%) e, a seguir, os não alfabetizados (4,9%). Os que têm
ensino superior, seja completo (2,8%), seja incompleto (3,1%), chegam a 5,9% dos casos, um
aumento em relação a 2019, pois o grupo somava 4%, entre os que terminaram e os que não
concluíram.

Em relação à raça, a contagem apontou 45,1% de pessoas em situação de rua pardos, 29,2%
de brancos, 23,9% de pretos, 1% de amarelos e 0,8% de indígenas. Se juntarmos pardos e
negros, esse contingente populacional passa a representar 69% da população em situação
de rua. O critério de classificação foi autodeclaratório.

O último levantamento da prefeitura aponta 932 pessoas em situação de rua em Campinas.


Durante a pesquisa, foi constatado que que 37,6% nasceram em outros estados e 20,1% em
outras cidades do estado de São Paulo.

Foi após a morte da mãe, em 2015, que a jovem Isis Reys Gonzaga saiu da capital São Paulo e
foi morar com o pai em Cosmópolis. O abuso de álcool e cocaína, no entanto, a levou, em
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uma noite de 2018, a dormir aos pés da Catedral, no Centro de Campinas, pela primeira vez.
“Me apaixonei por uma pessoa que estava nessa situação e fiquei. É horrível estar na rua,
mas é mais horrível lutar contra o vício do álcool. Se eu voltar, meu pai me recebe, mas
ninguém quer ser essa vergonha para a família”, afirmou na quinta-feira (7), aos 25 anos,
enquanto tragava um cigarro de tabaco envolto em uma folha de caderno.

Como ela, a maior parte da população de rua de Campinas não é local. Segundo o relatório
Contagem da População em Situação de Rua, lançado em dezembro de 2021 pela Secretaria
Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, com dados do
biênio, 37,6% dessa população vem de outros Estados, 20,1% de outra cidade do Estado de
São Paulo, 6,9% da capital paulista, 5% de cidades da Região Metropolitana de Campinas
(RMC) e 1,3% de outro país. Nesse quadro, moradores de Campinas representam 29,1%.

A existência de um número tão grande de pessoas em situação de rua no Brasil é fruto do


agravamento de questões sociais. Diversos fatores colaboraram para esse agravamento e,
consequentemente, para o crescimento da quantidade de indivíduos nessa situação, entre
eles: a rápida urbanização ocorrida no século 20, a migração para grandes cidades, a
formação de grandes centros urbanos, a desigualdade social, a pobreza, o desemprego, o
preconceito da sociedade com relação a esse grupo populacional e, muitas vezes, a ausência
de políticas públicas.

Maria Lúcia Lopes aprofunda o estudo sobre o tema e considera que o fenômeno “situação
de rua” é consequência de diversos condicionantes, como: fatores estruturais – ausência
de moradia, trabalho e renda; fatores biográficos relacionados à vida particular do indivíduo
– por exemplo, a quebra de vínculos familiares, doenças mentais e uso abusivo de álcool ou
drogas; e fatos da natureza – como terremotos ou inundações (LOPES,2006).

O Projeto Presente é um incentivador da pratica de reciclagem e da sustentabilidade, com a


experiencia do nosso vice presidente, prof° Leonardo Godinho, com trabalho e
processamento de materiais reciclaveis, mas apenas realizar uma forma de ganho financeiro
para essa população em situação de vulnerabilidade social, não vai resolver seus problemas
como um todo.

A ideia de tratar o ser humano como um todo, em todos os seus aspectos, se faz necessario
para garantir seus direitos fundamentais.

Objetivos da prática
Promover acessibilidade da população em situação de rua no sistema público de sáude,
visando: promoção, prevenção e recuperação da saúde.
Objetivos Específicos:
• Promover ações de promoção de saúde;
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• Garantir acesso às Unidades Básicas de Saúde;
• Promover cuidados curativos "in loco" quando necessário;
• Contribuir para a percepção do autocuidado;
• Assegurar o acesso ao tratamento das doenças infectocontagiosas;
• Trabalhar a auto estima como desencadeador de projetos de vida.

Descrição da implantação da prática


O projeto Novo Ciclo iniciou-se com a premissa do tratamento clinico médico gratuito para
essa populção. Dentro desse contexto a Instituição buscou promover a aproximação social
dessas pessoas, uma vez que possibilitou ganhar a confiança destes moradores de rua e
possibilidade derealização de um projeto de vida para essa camada da população.
A partir desse princípio, tem sido feitas visitas semanais, aos fins de semana, para essa
população para conversar, avaliar, diagnosticar e tratar essas pessoas. Com isso alcançamos
diversos moradores ja foram atendidos e estão em inicio de tratamento.
O " Novo Ciclo " iniciou nos Centro de Campinas, em frente a um dos pontos mais
conhecidos e tradicionais da cidade.
Nessa localização os membros que atuam na ponta do projeto, iniciaram uma
territorialização, ou seja, um mapeamento dos locais de circulação da população de rua,
assim como as potencialidades do local, equipamentos sociais do território, possíveis
parceiros para trabalhar-se em rede, barreiras geográficas presentes nos locais, com o
objetivo da construção do mapa territorial.

Após a territorialização, iniciou-se os cadastros da população em situação de rua local e o


acompanhamento dessas no âmbito da saúde e das questões sociais.
Fazia parte também o acompanhamento dos cadastrados para serviços de saúde, tais como:
hospitais, ambulatórios de especialidades, exames, etc. - quando necessário.

Recursos financeiros

Origem dos Recursos Realizado em 2022 Estimado para 2023

Recursos próprios da instituição 5.375,00 100.000,00


responsável pela gestão da prática

De parcerias:

• Instituições privadas nacionais 00 100.000,00

• Instituições públicas nacionais 00 00

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• Instituições internacionais

Outros

Total R$ 5.375,00 R$ 200.000,00

Equipe da prática

Origem da equipe Número de pessoas

Entidade responsável pela gestão da 12


prática

Entidades parceiras 24

Voluntários/outros 15

Total 51

Instituições parceiras
ONG Instituto Renove-Se
Associação de Radio Transmissão
Campo Grande

Participação dos beneficiários


Os usuários participantes dos projetos "Novo Ciclo" têm sido muito impactados pelos
resultados aos quais cada projeto em si se propõe. Destacamos como fator preponderante a
ressignificação social e os cuidados de saúde, considerando a especificidade dessa população.

Projeto Geração de renda: busca empoderar tecnicamente a população em situação de rua e


recolocá-las no mercado de trabalho.

Resultados alcançados
Considerando que o projeto " Novo Ciclo " precisa ser transformado em política pública em
2023,a realidade passou a nos apresentar desafios que estrapolaram o atendimento voltado
somente ao cuidado da promoção, prevenção e recuperação da saúde, suscitando no Projeto
" Novo Ciclo " e seus trabalhadores, a inquietude de buscarem propostas que fossem ao
encontro das necessidades encontradas no território. Com isso nascem os projetos " Novo
Ciclo ". Uma vez que nosso trabalho visa atender uma população que vem de um processo
de exclusão e discriminação social significativo, quando algo lhe é proposto estas enxergam
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com desconfiança a possibilidade de mudanças, logo, mesmo falando do cuidado em saúde,
foi necessário desenvolver ações de cunho social e de fortalecimento de vínculo, nos quais os
Projetos " Novo Ciclo " assumem um papel fundamental nesse processo do cuidado.

Os projetos " Novo Ciclo " visam a identificar quais são as principais dificuldades encontradas
pelas equipes e, a partir dessas, irem em busca de parcerias junto a Comunidade local,
iniciativa Privada e terceiro setor, no intuito de descontruir os paradigmas que afastam a
população em situação de rua no que se refere a inclusão e cuidado social.

Nas regiões da Centro e oeste temos a presença de pessoas em situção de rua, com uso
abusivo de substâncias psicoativas, logo há os projetos voltados para arte, cultura e lazer, que
se fazem fundamental visando primeiramente o cuidado em saúde, redução de danos e acesso
ao mercado de trabalho, tais como: Projeto Oficina geração de renda, Futebol solidário; Cine
pop rua e Oficina de Arte.

Uma vez que a experiência do projeto " Novo Ciclo " passar a ser política pública, o Núcleo "
Novo Ciclo " do Projeto Presente, fez jus a sua vocação de ser referência na construção de
valores humanitários e solidários, possibilitando a inclusão da população atendida na
sociedade, com dignidade e cidadania, sendo um canal para aqueles que não têm voz no
processo de resgate de auto estima e cidadania.

O " Novo Ciclo " passa a ser não só gerenciador dos Consultórios na Rua da cidade de
Campinas, mas também um pontente mobilizador social, visando aproximar a população de
rua a sociedade em que habita, lutando pela quebra de estigmas referente a população em
situaçãode rua.

Outra ferramenta importante do núcleo consiste na captação de parcerias e organização dos


projetos " Novo Ciclo ", os quais estão a serviço dos Consultórios na Rua. Esses projetos
visam atender as necessidades sociais e de saúde, ultrapassando os horizontes que a parceria:
Projeto Presente e Secretária Municipal de Saúde, têm como premissa. Contudo os projetos "
Novo Ciclo " vêm demostrando um importante dispositivo para alcançar resultados eficazes
nos quesitos saúde, tais como: adesão ao acompanhamento de doenças crônicas, pré-natal
seguro (com estatísticas epidemiológicas positivas: diminuição da transmição vertical do HIV,
sífilis congênita), contribuindo assim para a inserção social na comunidade, família e
mercado de trabalho.

Lições aprendidas

Desafios encontrados

A população em situação de rua no contexto geral é considerada a população indesejada por


estar geralmente associada ao uso de substâncias psicoativas, com comorbidades mentais e
geradora de violência onde se encontra. A maior dificuldade enfrentada inicialmente foi o
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envolvimento da comunidade local e ao entorno, promovendo discussões sobre a convivência
harmoniosa e conciliadora com essa população.
Quanto a Intersetorialidade, o envolvimento dos demais órgãos governamentais quando se
trata de população em situação de rua, o envolvimento e participação ainda é visto com certa
indiferênça.
A relação com a Segurança Pública é ainda um desafio a ser enfrentado com mais afinco, para
que haja um olhar humanizado e desmitificado a respeito das vunerabilidades extermas.

Fatores críticos de sucesso

Os fatores positivos são: envolvimento de todos os profissionais que, independente da


categoria, se empenham para realizar as ações no território, envolvendo a rede local, seja no
sentido de olhar a população alvo como pessoas que também fazem parte da comunidade e
que por vezes encontram-se em situação vulnerável devido a diversas exclusões do próprio
sistema público, isto é, estar na rua é a cristalização do acesso negado a educação de
qualidade, moradia, segurança, trabalho, etc. As barreiras a serem vencidas serão:
oportunidade das pessoas em usufruírem dos espaços públicos em comum, possibilidade de
realizações das atividades culturais e de cidadania, inclusão das pessoas em vulnerabilidade
em roteiros culturais e sociais da cidade e a possibilidade de falar e cuidar da saúde de
maneira ampliada.

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