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SALÁRIO
SALÁRIO-UTILIDADE/
4.2 RETENÇÃO E DESCONTO
DO SALÁRIO
DEPARTAMENTO DE PESSOAL MANUAL DE PROCEDIMENTOS
SUMÁRIO
ASSUNTO PÁGINA
2 FASCÍCULO 4.2
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DEPARTAMENTO DE PESSOAL
4.2.2. SALÁRIO-UTILIDADE
O salário-utilidade, também denominado salário in natura, é o pagamento que a empresa faz em bens ou serviços a
seus empregados pela contraprestação dos serviços.
A legislação determina que se compreende no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, a habitação, ou outras
prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.
Assim, a prestação dos serviços poderá ser paga em dinheiro e em utilidades, sendo que estas devem atender às
necessidades individuais do empregado no trabalho e, principalmente, fora dele.
A utilidade não poderá ser fornecida através de bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
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DEPARTAMENTO DE PESSOAL MANUAL DE PROCEDIMENTOS
empregado, como férias, 13º salário, aviso prévio, indenização por tempo de serviço, quando for o caso, dentre
outros. A incorporação será com base no valor da utilidade.
A jurisprudência dos Tribunais do Trabalho não é uniforme na caracterização de que toda utilidade se incorpora ao
salário. Há decisões que entendem que a utilidade fornecida para suprir deficiências do Estado, como, por exemplo,
assistência médica, é um benefício que não se incorpora à remuneração, pois pode assumir o caráter de indenização.
A seguir transcreveremos algumas decisões dos tribunais trabalhistas sobre a caracterização ou não da utilidade
como salário:
à SALÁRIO – ALIMENTAÇÃO – NATUREZA JURÍDICA
A alimentação fornecida pelo empregador in natura, ou concedida por este de forma desonerada por meio de tickets
ou vale-refeição, via de regra, integra o salário do empregado, nos termos do artigo 458 da CLT e conforme
entendimento consubstanciado na Súmula nº 241 do C. TST. Quando fornecida a título gratuito, de forma habitual e
em função do contrato de trabalho, a utilidade integra o ganho do trabalhador. Por outro lado, se a concessão da
alimentação não é suportada apenas pelo empregador, implicando desconto no salário do empregado, afasta-se a
natureza salarial da utilidade prestada, sendo indevida sua integração na remuneração para os efeitos legais. Da
mesma forma, se a utilidade é concedida para atendimento do Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, ao
qual a empresa deve comprovar a adesão, não haverá caracterização do salário in natura. (TRT – 1ª Região –
Recurso Ordinário 944-02.2010.5.01.0033 – Relator Desembargador Flávio Ernesto Rodrigues Silva – DeJT de
17-7-2013);
à SALÁRIO UTILIDADE – FORNECIMENTO DE CELULAR – USO EXCLUSIVAMENTE PESSOAL
O fornecimento gratuito de aparelho celular, com o respectivo pagamento da franquia pela empregadora, para fins
eminentemente particulares do empregado, apresenta-se como benefício com nítida natureza de contraprestação.
Trata-se de um plus pela oferta dos serviços, configurando, portanto, salário utilidade. (TRT – 3ª Região – Recurso
Ordinário 648-2008-112-03-00-3 – Relator Desembargador Jorge Berg de Mendonça – DeJT de 25-10-2008);
à SALÁRIO-UTILIDADE – ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR – DESCONTO SIMBÓLICO –
CARACTERIZAÇÃO
Muito embora se admita que a participação do empregado no custeio da alimentação descaracteriza o salário in
natura, uma vez que aquela para assim ser considerada deve ser concedida a título gratuito, ou seja, como
benefício do contrato de trabalho, não há como prevalecer tal entendimento se o custeio em questão é feito de forma
simbólica como ocorreu no presente caso. O desconto sem qualquer representatividade equivale a concessão da
alimentação de forma gratuita, implicando entendimento diverso em amparo ao ultraje da norma insculpida no
artigo 458 da CLT. Recurso de revista conhecido e provido. (TST – 7ª Turma – Recurso de Revista 1494/2005-
444-02-00 – Relator Ministro Caputo Bastos – DeJT de 5-12-2008).
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Nos itens a seguir vamos relacionar as principais utilidades concedidas aos empregados.
4.2.6.1. ALIMENTAÇÃO
Das utilidades fornecidas aos empregados, a alimentação foi a mais regulamentada. Quando esta for
preparada pelo próprio empregador, o seu valor será apurado na base de até 25% do Salário-Mínimo,
aplicando-se aos trabalhadores em geral.
Quando o empregador fornecer alimentação, sem que esta seja preparada no estabelecimento do
mesmo, o valor será de até 20% do salário contratual do empregado. Em qualquer caso, deve ser
observado que, se o custo real da alimentação estiver abaixo dos percentuais definidos na legislação, o
empregador deverá considerar o custo real para fins de valor da utilidade.
Quanto ao fornecimento de Vale-Refeição, que é um benefício que o empregado pode utilizar para outros
fins que não só o de alimentação, pois ele pode se transformar em dinheiro, a jurisprudência entende que
o Vale integra o salário do empregado pelo seu valor total, deduzido da parte que venha a ser descontada
do mesmo.
4.2.6.2. HABITAÇÃO
A habitação fornecida ao empregado, que não seja indispensável ao trabalho, se constitui em utilidade,
sendo seu valor determinado pelo percentual de 25% do salário contratual.
Se a habitação for coletiva, o valor do salário-utilidade a ela correspondente será obtido mediante divisão
do justo valor da mesma pelo número de ocupantes.
É proibida, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família.
Se a empresa fornece a habitação, porém, celebra com o empregado contrato de locação, cobrando
aluguel, fica descaracterizada a utilidade, salvo se a fiscalização constatar que tal fato se constitui em
fraude.
O TST editou a Súmula 367 que tem o seguinte teor:
“A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis
para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo
empregado também em atividades particulares.”
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4.2.6.3. TRANSPORTE
O transporte fornecido ao empregado a título gratuito, em localidade servida ou não de transporte público,
não se caracteriza como utilidade.
4.2.6.3.1. Vale-Transporte
O Vale-Transporte é o benefício pelo qual o empregador antecipa e custeia parte das
despesas de seus empregados realizadas com o deslocamento residência-trabalho e
vice-versa.
A parcela do Vale-Transporte custeada pelo empregador, nas condições e limites estabele-
cidos na legislação, não tem natureza salarial, não se incorporando ao salário do emprega-
do para qualquer efeito.
4.2.6.5. VEÍCULO
O veículo fornecido para a execução do trabalho, utilizado somente para este fim, se constitui instrumento
de trabalho, não se caracterizando em utilidade, e, consequentemente, não se incorpora ao salário para
nenhum efeito.
A título de ilustração, transcrevemos, a seguir, algumas decisões sobre o tema:
à CONTRATO DE TRABALHO – LOCAÇÃO DE VEÍCULO – NATUREZA JURÍDICA – PRESTAÇÕES
DE NATUREZA INDENIZATÓRIA
Consoante o princípio jurídico da autonomia da vontade, que é compatível com o direito do trabalho –
artigo 444, caput, da CLT –, é lícito às partes celebrar contratos acessórios em relação ao contrato de
trabalho, tido como contrato principal. As prestações do contrato de locação remuneram a coisa locada e
não a prestação de serviços, de sorte que a utilização do veículo na prestação de serviços assume feição
indenizatória. (TRT – 3ª Região – Recurso Ordinário 1092-2012-022-03-00-8 – Relator Convocado Juiz
Milton V. Thibau de Almeida – DeJT de 4-3-2013);
à SALÁRIO IN NATURA – ALUGUEL DE VEÍCULO – NATUREZA
Ressaindo dos autos que o valor quitado a título de aluguel de veículo do empregado figurava como
verdadeira contraprestação pelo trabalho prestado, tendo sido, em certo período, superior ao salário
contratual e, em outra quadra, aproximado, tem-se por evidenciada a fraude aos direitos trabalhistas,
autorizando o reconhecimento de sua natureza salarial e incidência reflexa nas parcelas de direito.
(TRT – 3ª Região – Recurso Ordinário 211-2011-033-03-00-8 – Relatora Convocada Juíza Maria Cristina
Diniz Caixeta – DeJT de 1-2-2012);
à SALÁRIO-UTILIDADE – VEÍCULO – NÃO CONFIGURAÇÃO
Se o veículo é fornecido pelo empregador para a prestação dos serviços, ainda que também seja utilizado
pelo empregado para atividades particulares, não terá natureza salarial, não configurando, pois, salário in
natura – Súmula 367 do TST. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. (TST – 5ª Turma –
Recurso de Revista 4435/2005-004-22-00 – Relator Ministro Emmanoel Pereira – DeJT de 8-8-2008).
4.2.6.6. VALE-CULTURA
É importante ressaltar, que somente receberão o benefício do vale-cultura os empregados de empresas
que aderirem ao Programa de Cultura do Trabalhador, de modo que o valor será de R$ 50,00 mensais,
fornecido ao trabalhador com vínculo empregatício e que perceba até 5 salários-mínimos, sendo
descontado de sua remuneração entre 2% a 10% do valor do vale-cultura, e para aqueles que ganham
mais de 5 salários-mínimos, o desconto de sua remuneração será entre 20% e 90% do valor do vale, de
acordo com a respectiva faixa salarial.
Os créditos inseridos no cartão magnético do vale-cultura não possuem prazo de validade e sua
utilização é exclusiva na aquisição de produtos e serviços culturais.
O fornecimento do vale-cultura dependerá de prévia aceitação pelo trabalhador, podendo este reconsi-
derar a qualquer tempo.
A inscrição da empresa beneficiária optante pelo Programa será feita no Ministério da Cultura e deverá
observar, entre outros, requisitos: inscrição regular no CNPJ; indicação de empresa operadora possui-
dora de Certificado de Inscrição no Programa; e indicação do número de trabalhadores com vínculo
empregatício, conforme a faixa de renda mensal.
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ou serviço, que seja de interesse do segundo. Assim, o empregador poderá, dentre outros, assumir as
despesas de táxi que o empregado tenha para o deslocamento de casa para o trabalho, poderá assumir a
mensalidade de um clube recreativo, a assinatura de uma revista ou jornal.
Nestas situações, em que os bens ou serviços não são instrumentos de trabalho, a empresa deverá
apurar o valor real da utilidade fornecida e incorporá-lo ao salário do empregado para todos os efeitos
legais.
4.2.7.1. ALIMENTAÇÃO
A alimentação fornecida ao empregado como um benefício, para que ele não tenha tal despesa, tem
natureza salarial e se constitui em fato gerador do INSS e FGTS. A referida parcela não tem incidência do
IR/Fonte.
Já a alimentação fornecida através do PAT ou em frentes de trabalho não gera a incidência das
contribuições para o INSS e FGTS, bem como do IR/Fonte.
4.2.7.2. HABITAÇÃO
A habitação fornecida ao empregado de forma graciosa é fato gerador da contribuição para o INSS, do
FGTS e IR/Fonte.
Entretanto, a habitação fornecida em frentes de trabalho ou a que esteja sujeita ao contrato de locação
não gera encargos sociais.
4.2.7.3. TRANSPORTE
O transporte fornecido ao empregado, que não é necessário para execução do serviço, se constitui
utilidade, gerando a incidência da contribuição para o INSS e do FGTS. Não havendo incidência do
IR/Fonte. Fornecendo o transporte através do sistema do Vale-Transporte, ou para local de trabalho
servido ou não por transporte público regular, a empresa não estará sujeita ao pagamento de encargos
sociais.
4.2.7.5. VEÍCULOS
Os veículos que não sejam fornecidos como instrumento de trabalho, por se caracterizarem como
utilidade, geram a incidência da contribuição para o INSS, do FGTS e IR/Fonte.
Já o veículo cedido exclusivamente para execução dos serviços não sofre incidência de encargos
sociais.
4.2.7.6. VALE-CULTURA
Aderindo o empregador ao Programa, o valor correspondente ao vale-cultura não tem natureza salarial,
não se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos, não integra o salário de contribuição, é isento do
Imposto de Renda e não pode ser revertido em dinheiro.
A parcela do valor do vale-cultura, cujo ônus seja da empresa beneficiária, não constitui base de
incidência de contribuição previdenciária ou do FGTS.
Executando adequadamente o Programa, o vale-cultura não se constitui como salário-utilidade.
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Apesar de o salário-utilidade dado com habitualidade não poder ser suprimido, entende-se que, se for de interesse
das partes, ele poderá ser substituído pelo salário em dinheiro.
A legislação e a jurisprudência não definem o período em que se pode caracterizar a habitualidade. A justiça
entende que para ser habitual não é necessário que seja diário, basta que seja concedido com frequência.
Assim, se durante alguns anos vem sendo fornecida ao empregado a utilidade do transporte de táxi e se a empresa
deseja suprimir este benefício, ela terá que incorporar o valor do mesmo à remuneração do empregado. Como o
valor da despesa com táxi é variável, a incorporação deve ocorrer pela média dos valores recebidos. Como não há
previsão de como se apura esta média, entendemos que deve se aplicar, por analogia, a média aritmética dos
últimos 12 meses, salvo se houver previsão de período inferior em acordo ou convenção coletiva.
Portanto, supondo que a média mensal resultou na importância de R$ 440,00, e que o salário do empregado é de
R$ 1.610,00, a sua remuneração depois da incorporação passará a ser de R$ 2.050,00 (R$ 1.610,00 + R$ 440,00).
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4.2.10.1. ADIANTAMENTOS
Os adiantamentos são aqueles efetuados em dinheiro ao empregado, para serem descontados do
salário. Como adiantamento, temos também os chamados “Vales” que os empregados comumente
fazem junto à empresa, para satisfazer suas necessidades mais urgentes. A legislação não estabelece
limite do adiantamento, portanto o empregador poderá limitá-lo, o que é aconselhável, pois se for
adiantado todo o salário antes do prazo de vencimento do mesmo, não será possível efetuar os demais
descontos que porventura existam.
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FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: Lei 3.030, de 19-12-56 (Portal COAD); Lei 12.761, de 27-12-2012 (Fascículo 01/2013); Decreto-Lei
368, de 19-12-68 (Portal COAD); Decreto-Lei 5.452, de 1-5-43 – Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – artigos 82, 458, 462 e
468 (Portal COAD); Decreto 3.048, de 6-5-99 – RPS – Regulamento da Previdência Social – artigo 214 (Portal COAD); Decreto
8.084, de 26-8-2013 (Fascículo 35/2013); Decreto 95.247, de 17-11-87 (Portal COAD); Portaria 19, de 31-1-52 (DO-U de 5-2-52);
Portaria 3 SIT, de 1-3-2002 (Informativo 10/2002); Instrução Normativa 15 SRF, de 6-2-2001 (Informativo 06/2001); Instrução
Normativa 99 SIT, de 23-8-2013 (Fascículo 35/2012); Parecer Normativo 18 CST, de 23-12-85 (Informativo 53/85); Resolução 121
TST, de 28-10-2003 – Súmulas 241, 258 e 342 (Informativos 47 e 48/2003); Resolução 129 TST, de 5-4-2005 – Súmula 367
(Informativo 17/2005).
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