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Apostila Fruticultura Geral
Apostila Fruticultura Geral
FRUTICULTURA GERAL
2
0
MATERIAL DIDÁTICO
1
APRESENTAÇÃO
4
FRUTICULTURA GERAL
AUTORES
Apresentação
Sumário
CAP. 1 - INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA .................................................................. 11
1. DEFINIÇÃO ............................................................................................................. 11
2. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA .............................................................. 11
2.1.Importância econômica .......................................................................................... 11
2.2. Importância social ............................................................................................. 18
2.3. Importância nutricional ................................................................................... 18
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................... 20
1. DEFINIÇÃO
A fruticultura pode ser conceituada como sendo o conjunto de técnicas e práticas
aplicadas adequadamente com o objetivo de explorar plantas que produzam frutas
comestíveis, comercialmente (FACHINELLO, 2008).
A fruticultura é um ramo da agricultura convencional e difere da mesma por necessitar
do tratamento individual de cada planta. Enquanto na agricultura, as plantas recebem um
tratamento coletivo, isto é, semeia-se e colhe-se como um todo, na fruticultura, para chegar à
colheita, além da semeadura, são necessárias operações como: repicagem, transplante,
enxertia, condução, poda desbaste, controle fitossanitário e colheita individual, isto é, fruto a
fruto, conservação e embalagem (SIMAO, 1998).
2. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA
2.1. Importância econômica
A produção mundial de frutas e vegetais tem tido grande avanço nos últimos anos. Só
na última década a produção demonstra crescimento a um ritmo anual da ordem de 3 % (três
por centos ano-1). Em 2011, quase 640 milhões de toneladas de frutas foram coletadas em
todo o mundo. O crescimento da produção mundial foi em grande parte impulsionado pela
expansão da área na Ásia, especialmente a China, que emergiu como o maior produtor de
frutas do mundo, responsável por 20 % da produção mundial. Altas taxas de crescimento de
frutas também foram registradas em regiões de deficiência alimentar e de baixa renda como a
África Subsaariana e no Sul da Ásia. A produção frutícola promove altos rendimentos por
unidade de terra (kg.ha-1), assegurando perspectivas promissoras de receita, especialmente
para pequenos agricultores, sobretudo em áreas onde o valor da terra é alto e a quantidade,
escassa. Ademais, a fruticultura pode contribuir para a redução da pobreza, fornecendo
oportunidades de postos de trabalho (FAO, 2013).
A importância econômica da fruticultura no mundo pode ser verificada nas figuras
abaixo (1 e 2).
toneladas produzidas por ano, o que representa 6 % da produção mundial, ficando atrás da
China que produz 139,6 milhões de toneladas e da Índia com produção anual de 71 milhões
de toneladas.
Considerando dados do IBGE de 2012 (Tabela 1), o Brasil produz anualmente
(incluindo-se melão) cerca de 40,9 milhões de toneladas de frutas. Da figura 2, constata-se
que os continentes América, Oceania e Europa experimentaram ligeira queda da produção per
capita (kg/pessoa) entre os anos de 2000 a 2010, enquanto a produção de frutas nos
continentes africano e asiático, bem como no mundo, apresentou suave aumento no mesmo
período.
No Brasil, a fruticultura é praticada em todas as regiões, desde o clima mais temperado
da região Sul até o Semiárido Nordestino. A cadeia produtiva da fruticultura brasileira é
responsável por boa parte das exportações comerciais, contribuindo para promoção de postos
de trabalho e divisas ao país. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(MDIC) revelam que, em 2013, o volume brasileiro de exportações foi de 778 mil toneladas
de frutas (incluindo nozes e castanhas), gerando um montante de mais de 800 milhões de
dólares. Observando a evolução das exportações brasileiras de frutas entre os anos de 2003 e
2013, nota-se que a partir do ano de 2008 houve uma queda do volume exportado (Gráfico 1).
Essa queda foi decorrente da eclosão da grave crise econômica que atingiu o comércio
mundial e persistiu até 2011, onde é possível observar uma discreta elevação das exportações
neste e em anos que seguem, reflexo de uma lenta recuperação da economia global.
Frutas (inclui
nozes e 910 765 878 778
castanhas)
Frutas frescas
582 595 621 611
e secas
Fonte: AgroStat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC.
1.100.000
1.000.000
900.000
800.000
Mil US$
700.000
Toneladas
600.000
500.000
400.000
300.000
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Segundo recentes dados do IBGE (Tabela 1), no Brasil a laranja lidera o ranking de
produção anual nacional (18.012.560 ton.), sendo seguida pela produção de banana
(6.902.184 ton.) e melancia (2.079.547 ton.). A citricultura é desenvolvida principalmente no
estado de São Paulo, que produziu em 2012, mais de 13 milhões de toneladas da fruta.
Analisando-se a produção na região semiárida do Nordeste (Tabela 2), a posição de destaque
é ocupada pela banana, como principal frutífera cultivada (1.279.937 ton. ano-1),
acompanhada da mangicultura (714.184 ton. ano-1) e do melão (545.027 ton. ano-1). Nesta
região a fruticultura é fortemente desenvolvida nos perímetros irrigados, a exemplo da
Chapada do Apodi (RN), Várzeas de Sousa (PB), Tabuleiro de Russas (CE), Vale do São
Francisco (PE e BA) e Vale do Açu (RN), onde se produz frutas de excelência, que ganham
cada vez mais o mercado internacional.
Abaixo, estão relacionados os dados que dimensionam a cadeia produtiva da
fruticultura a nível nacional, regional e local.
Tabela 1 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das
principais frutas no Brasil – 2012.
Quantidade Valor da
Área colhida Rendimento
Cultura produzida produção (Mil
(Hectares) (kg/ha)
(Toneladas) Reais)
Abacate 9.568 159.903 123.057 16.712,27
Abacaxi* 65.502 1.697.734 1.727.858 25.918,81
Tabela 2 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das
principais frutas no Semiárido Nordestino do Brasil – 2012.
Quantidade Valor da
Área colhida Rendimento
Cultura produzida produção (Mil
(Hectares) (kg/ha)
(Toneladas) Reais)
Abacate 464 2.555 2.107 5.506,47
Abacaxi* 9.245 229.635 209.799 24.838,83
Banana (cacho) 102.812 1.279.937 738.510 12.449,30
Cacau 35.286 10.736 52.871 304,26
Caqui 8 32 26 4.000,00
Castanha de caju 493.852 49.255 70.181 99,74
Coco-da-baía* 34.038 337.525 146.590 9.916,12
Tabela 3 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das
principais frutas no estado da Paraíba – 2012.
Quantidade Valor da
Área colhida Rendimento
Cultura produzida produção (Mil
(Hectares) (kg/ha)
(Toneladas) Reais)
Abacate 89 617 366 6.932,58
Abacaxi* 9.847 294.640 320.799 29.921,80
Banana (cacho) 12.830 141.974 85.701 11.065,78
Castanha de caju 5.412 818 1.266 151,15
Coco-da-baía* 9.817 57.456 32.122 5.852,70
Tabela 4 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das
principais frutas no município de Pombal, estado da Paraíba – 2012.
Quantidade Valor da
Área colhida Rendimento
Cultura produzida produção (Mil
(Hectares) (kg/ha)
(Toneladas) Reais)
Banana (cacho) 60 900 430 15.000,00
Coco-da-baía* 20 80 37 4.000,00
Goiaba 5 20 11 4.000,00
Manga 15 45 23 3.000,00
TOTAL 100 1.045 501
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.)
(*) Quantidade produzida (Mil frutos)
Quadro 2: Ranking dos 10 maiores municípios produtores de frutas (exceto abacaxi e coco
da baía) do Brasil – 2012.
Município Quantidade produzida (Toneladas)
Casa Branca - SP 724.546
Mogi Guaçu - SP 457.607
Petrolina - PE 449.278
Rio Real - BA 432.710
Itapetininga - SP 398.087
Itápolis - SP 377.827
Águas de Santa Bárbara - SP 364.100
Brotas - SP 340.829
Bebedouro - SP 328.646
Botucatu - SP 318.240
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.)
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
(MAPA). Estatísticas e Dados Básicos de Economia Agrícola. Brasília: MAPA, 2014.
Disponível em:
<http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Pasta%20de%20Abril%20%202014.pdf>. Acesso
em: 13 jun. 2014.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. The world report 2002: reducing risks, promoting
healthy life. Geneva: World Health Organization, 2002.
CAP. 2 – PROPAGAÇÃO DE
FRUTÍFERAS E PRODUÇÃO DE MUDAS
1. INTRODUÇÃO
A propagação vegetativa ou assexuada é um processo de reprodução onde não ocorre a
fusão de gametas, deferindo da propagação sexuada, baseando-se na multiplicação e
regeneração de partes da planta matriz. A propagação vegetativa é um processo de
multiplicação e regeneração de partes da planta-mãe, ocorrendo por processos de divisão e
diferenciação celular, baseando-se no princípio de que todas ás células vegetais contém
informação genética para a regeneração da planta, a partir de qualquer órgão, processo
denominado totipotência (SASSO, 2009).
Enquanto que a propagação sexuada ou por sementes, é o principal mecanismo de
multiplicação das plantas superiores e de, praticamente, todos os angiospermas. É o processo
onde ocorre a fusão dos gametas masculinos e femininos para formar uma só célula,
denominada zigoto, no interior do ovário, após a polinização. Esses gametas podem ser
provenientes de uma mesma flor, ou de flores diferentes de uma mesma planta
(autopolinização) ou, ainda, de flores pertencentes a plantas diferentes (polinização cruzada).
A população proveniente da reprodução sexuada apresenta variabilidade genética, devido à
segregação e à recombinação de genes (FACHINELLO; HOFFMANN; NACHTIGAL,
2015).
Uma característica marcante sobre as sementes é a mono ou a poliembrionia,
geralmente observada nas sementes de manga, como se pode observar na figura 1 (SANTOS;
PINHEIRO, 2015).
2. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA
2.1. Estaquia
A estaquia e um processo de propagação assexuada, onde ocorre a indução do
enraizamento adventício em segmentos destacado da planta matriz (planta mãe), que quando
condicionado a condições ambientais favoráveis dar-se origem a uma nova planta. A estaquia
é um processo simples, podendo ser utilizada para obtenção de porta-enxertos ou as próprias
mudas, entretanto, impossibilita a capacidade deformação de raízes das espécies ou cultivares
utilizadas (FACHINELO, NACHTIGAK e KERSTEN, 2008).
Estaquia é o termo utilizado para a propagação por meio de estacas, utilizando
qualquer parte da planta (ramos, raízes ou folhas), que quando colocadas em meio adequado
são capazes de formar raízes adventícias e dar origem a uma nova planta (EMBRAPA, 2010).
O princípio do método de estaquia baseia-se na regeneração de partes da planta,
podendo ser utilizadas ramos, raízes, caules e até mesmo fascículos.
Figura 3. Ciclo de propagação das plantas (Fonte: XAVIER, WENDING, SILVA, 2009).
Vantagens da propagação:
Obtenção de muitas mudas originária de uma única planta – mãe;
Técnica de baixo custo e fácil de ser realizada;
Não ocorre problemas com incompatibilidade como no caso de enxertia;
As plantas originadas de um porta-enxerto possuem maior uniformidade.
Desvantagens:
Maior risco de contaminação, ao utilizar partes da planta infectada;
As mudas obtidas possuem menor longevidade;
Sistema radicular fasciculado;
Poe se tornar inviável: algumas espécies podem apresentar baixo potencial de
enraizamento.
b. Aplicações da enxertia
A enxertia pode ser utilizada em diversas aplicações, como:
de vegetação, podendo ser cultivadas no próprio viveiro. O tamanho das estacas varia
de 20 à 30 cm de comprimento e com diâmetro de 1,5 à 2,5 cm, devendo ser
cultivadas em substrato à base de solo e requerem irrigação controlada. As estacas
levam de 5 à 10 semanas para enraizarem, por isso devem ficar do plantio até a
formação completa da muda no substrato, este estando devidamente nutrido.
d) Estacas de raiz: em algumas espécies possuem grandes dificuldades para enraizarem
por estacas, possuindo alto potencial de enraizamento e brotações por meio das estacas
do tipo raiz. A melhor idade para colher as estacas é quando a planta matriz estiver
com três a quatro anos. A época ideal para retirar as estacas é no fim do inverno e
início da primavera, período em que as raízes estarão com maiores reservas, como
pode-se observar na figura 3. O tamanho das estacas de raiz varia de 6 à 15 cm, sendo
colocados no sentido horizontal no leito contendo substrato, onde enraízam e brotam,
dando origem a uma nova planta.
Figura 4. Lesão na base de estacas de figueira e de goiabeira (à esquerda e à direita, lenhosa e semilenhosa,
respectivamente).
d. Anelamento
A prática de anelamento consiste na retirada de um anel de casca da estaca a ser
propagada ou por meio do estrangulamento com um fio de cobre. Isso permite que a seiva
elaborada não retorne às raízes, fazendo com que ela seja produzida no local do anelamento
(FACHINELLO; LUCCHESI; GUTIRREZ, 1988).
raízes a serem formadas na estaca serão resultado do traumatismo produzido pelo corte, diante
disso exista dois aspectos fundamentais para o enraizamento das estacas:
a) Diferenciação: é a capacidade das células maduras retornarem as condições
meristemáticas e desenvolverem um novo ponto de crescimento.
b) Totipotência: é a informação genética que cada célula possui para a reconstrução de
uma planta e as suas funções, portanto, as células da planta são responsáveis por
conter todas as informações genéticas necessárias para que ocorra a perpetuação das
espécies.
No momento do preparo das estacas ocorre uma lesão nos tecidos, tanto nas células do
xilema quanto do floema, causada pelo corte. O traumatismo causado pelo corte é seguido de
uma cicatrização, ocorrendo a formação de uma camada de suberina reduzindo a desidratação
da área danificada. Na região danificada ocorre a formação de uma massa de células
parenquimatosas, constituindo um tecido pouco diferenciado, desorganizado e em diferentes
etapas de lignificação, chamado de calo. O calo é um tecido cicatricial que pode surgir a partir
do câmbio vascular, córtex ou da medula, dando início ao processo de regeneração. As células
que se tornaram meristemas dando origem aos primórdios radiculares. Logo após as células
adjacentes ao câmbio e ao floema iniciam a formação das raízes adventícias. A formação das
raízes adventícias ocorre em duas fases, a primeira fase é de iniciação, onde ocorre a divisão
celular, e em seguida uma segunda fase em que ocorre a diferenciação das células em um
primórdio radicular, resultando no crescimento da raiz adventícia. O processo de iniciação
das raízes ocorre basicamente, seguidas de quatro etapas de modificações morfológicas:
Diferenciação de algumas células adultas;
Formação de iniciais de raízes próximos aos feixes vasculares;
Formação de primórdios radiculares;
Desenvolvimento dos primórdios e emergência, através do córtex e da epiderme da
estaca, das raízes adventícias, acompanhado da sua conexão com sistema vascular da
estaca.
Ácido abscísico
O ácido abscísico é um hormônio que ainda está sendo estudado com relação ao seu
efeito no enraizamento, mas a princípio ele atua como inibidor do crescimento das raízes
adventícias.
Etileno
O etileno em baixas concentrações próximas a 10 ppm estimula a formação e o
desenvolvimento das raízes, isso pode ocorrer através da interação com a auxina onde o
etileno sintetizado quando com a aplicação de auxina explica esse efeito de enraizamento das
estacas. O etileno é o hormônio mais dependente entra as interações complexas do que a
concentração simples do regulador.
Outras substâncias de ocorrência natural atuam no sinergismo com a auxina, sendo
necessária para que ocorra o enraizamento, substâncias essas denominadas cofatores do
enraizamento. Esses cofatores são sintetizados em gemas e folhas jovens e em maiores
concentrações em estacas originadas de plantas jovens, sendo transportados pelo xilema e
floema. Devido a isso em algumas espécies deve-se manter as folhas e gemas vegetativas,
esses órgãos vão atuar como um laboratório na produção de reguladores de crescimento e
nutrientes. As folhas são importantes para a formação das raízes, pois esta atua na síntese de
carboidratos.
Inicialmente Bouillenne e Went em 1933 adotaram o termo “rizocalina”, que
englobava o conjunto de substâncias, além dos reguladores de crescimento que atuam no
estimulo do enraizamento, muitas ainda não são conhecidas totalmente. Em 1955 propuseram
que a rizocalina era um complexo constituída por três componentes:
a) Um orto-dihidroxifenol, atuando como fator específico transporta a partir das folhas;
b) A auxina, considerado um fator não específico;
c) Uma enzima especifica do tipo polifenoxidase, encontrada em alguns tecidos, com
periciclo, floema e câmbio. As reações entre esses três componentes dão origem a
rizocalina.
i. Fatores que afetam a formação das raízes
O conhecimento sobre os fatores que afetam o enraizamento das estacas é de grande
importância, para que possa explicar-se por que uma espécie possui facilidade ou ou
dificuldade para enraizar, como também, o manejo adequado propicia sucesso na produção de
mudas. Esses fatores são classificados em fatores internos e externos:
Fatores internos
deve ser realizada a nebulização nas estacas folhosas. As folhas que são mantidas na parte
superior da estaca podem ser cortadas ao meio, como meio de reduzir a perda de água e
facilitar seu manejo.
O corte superior da estaca deve ser feito logo acima de uma gema e o corte inferior
logo abaixo. Essa recomendação é mais viável com o número baixo de estacas, onde um
número grande de estacas torna-se inadequado. É possível realizar o armazenamento de
estacas lenhosas durante o inverno, podendo ocorrer a formação de calo ou iniciais de raízes.
As estacas podem ser armazenadas em leitos aquecidos ou em substrato umedecido.
Em algumas espécies cortes realizados na lateral na base da estaca, favorecem o
enraizamento, especialmente em espécies em que o esclerêquima constitui uma barreira física
a emissão das raízes. A exposição do câmbio, proporcionados por cortes, podem favorecer ao
enraizamento, devido a absorção de substâncias promotoras de enraizamento.
Estaqueamento
O plantio das estacas pode ser feito em recipientes (sacos plásticos, vasos, caixa,
baldes, etc.), aplicado para as estacas folhosas (semilenhosas e herbáceas), estas que
necessitam de alta umidade sobre as folhas. Já as estacas lenhosas podem ser plantadas em
estruturas de propagação ou diretamente no viveiro, especialmente em espécies cauducífolias,
quando a umidade é propiciada pela chuva ou por irrigações esporádicas. Essa prática é
denominada de enviveiramento, destinado principalmente para produção de mudas em larga
escala e multiplicação de espécies que possuem facilidade para enraizarem. Neste caso, deve-
se realizar em solos profundos, com boa drenagem e com viabilidade de uso para irrigação.
A profundidade de plantio varia de acordo com o tipo de estaca, para estacas de ramos
aconselha-se que dois terços sejam enterrados no substrato. Para estacas de raiz é importante
mante-las enterradas a uma profundidade de 2,5 à 5 cm, na posição horizontal, de modo a
manter sua correta polaridade. Com relação a prevenção de doenças recomenda-se à imersão
das estacas em solução fungicida. Para aumentar a sobrevivência das estacas pode fazer a
mistura de fungicidas e AIA (ácido indobulrítico).
No momento do plantio, é importante que a estaca tenha uma boa aderência ao
substrato, uma vez que a presença de grandes espaços porosos pode fazer com que ocorra um
aumento na desidratação das estacas.
Substrato
O substrato é um dos fatores que exerce maior influência no enraizamento, sendo
necessário atenção especial na escolha do substrato a ser utilizado. Deve-se levar em
consideração no momento da escolha do substrato a espécie que vai ser plantada, observando
qual substrato é melhora para determinada espécie, especialmente aquelas que possuem maior
dificuldade para enraizamento.
Um bom substrato deve ter características desejáveis, como proporcionar retenção de
água suficiente, de forma que previna a dessecação da base da estaca e, quando saturado
mantenha uma quantidade adequada de espaços porosos para facilitar a entrada de oxigênio,
indispensáveis para que se inicie o desenvolvimento radicular e prevenir contra o
desenvolvimento de patógenos nas estacas. Deve-se utilizar substratos que não seja inóculos
de patógenos saprófitos, evitando assim que ocorra infecção das mudas por estes organismos.
Existe vários tipos de substrato utilizados, os mais comuns são areia, vermiculita e
solo, e uma diversidade de outros que podem ser utilizados na produção de mudas. Além dos
substratos já citados existe outros tipos, como o musgo turfoso, musgo esfagnineo e a água,
são bastante utilizados. Na utilização da água é necessário possuir um bom sistema de
oxigenação para que permita o desenvolvimento das raízes.
Técnicas de condicionamento
Estratificação: é uma técnica que consiste na adição de camadas alternadas de areia grossa
e/ou solo, em condições úmidas, visando proporcionar a prévia formação do calo, além de
propiciar a conservação da estaca. A intensidade da formação do calo pode ser aumentada, a
partir da elevação da umidade e temperatura a certos limites. Devem ser tomados cuidados
com para evitar o desenvolvimento de fungos e bactérias, a acumulação de água e o
dessecamento, essenciais a formação das raízes. Assim que os calos ou as brotações são
formadas é necessário a retirada da estratificação.
Lesões na base da estaca: é uma técnica utilizada especialmente em estacas que apresentam
madeira velha na sua base, onde os cortes favorecem a formação do calo e das raízes nas
bordas da lesão. Nessa região a divisão celular é estimulada pelo aumento na taxa respiratória
e nos teores de auxinas, carboidratos e etileno na área lesionada. As lesões permitem que haja
uma maior absorção de água e de reguladores de crescimento, aumentando a sua eficiência.
Em contrapartida, as lesões permitem que ocorra o rompimento da barreira física, barreira esta
formada por anéis de esclerênquima, o que é um fator indesejado, pois, pode impedir que
ocorra a emergência das raízes. Recomenda-se nessa técnica realizar apenas um ou dois cortes
de 2,5 à 5 cm na base da estaca.
Uso de nebulização: A nebulização é a aplicação de água em forma de névoa, sobre as
estacas, com a finalidade de criar uma atmosfera que propicie menor perda de água pelas
folhas. A redução das taxas de transpiração e respiração e a redução da temperatura das folhas
é obtida a partir da formação de uma película de água sobre as folhas, proporcionada pela
nebulização intermitente, assegurando a destinação dos fotosintatos e nutrientes para a
formação das raízes. Deve-se manter intervalos durante as aplicações de água, durante o
período diurno, evitando a aplicação em excesso, podendo ser dispensada a nebulização
durante a noite. A nebulização pode ser instalada em telados, estufas plásticas ou mesmo em
ambiente externo. O ambiente protegido é o mais indicado para utilização dessa técnica,
permitindo uma aplicação controlada da água e evitando a ação do vento e solo. O controle
dos intervalos de acionamento do sistema de nebulização pode ser feito através de alguns
mecanismos, como:
- Folha úmida, na qual há uma superfície de tela que simula a superfície de uma folha.
Quando esta superfície perde água a um nível pré-estabelecido, é acionado o mecanismo
de nebulização;
- O temporizador, aparelho que aciona o sistema de nebulização em intervalos regulares
de tempo;
- controlador eletrônico de umidade, constituído de um sistema computadorizado de
acionamento da irrigação, com base na temperatura e umidade relativa do ar.
A B
2.2. Enxertia
A enxertia é o método de propagação assexuada que consiste em se unir duas ou mais
porções de tecido de modo que a união destas partes venha a constituir-se em uma nova
PET - Agronomia UFCG 40
FRUTICULTURA GERAL
genéticas nos descendentes. Além disso, a enxertia é utilizada em espécies que apresentam
dificuldade de formar raízes.
Obter benefícios do porta-enxerto
Embora os porta-enxertos sejam responsáveis apenas pela formação do sistema
radicular e sustentação das novas plantas, em muitos casos, podem determinar características
importantes como, por exemplo, conferir maior ou menor vigor à copa, como nos casos da
macieira, da pereira, da videira e de citros, ou conferir melhor qualidade aos frutos. Além
disso, muitos porta-enxertos são tolerantes a condições desfavoráveis, como solos pesados -
com excesso ou falta de umidade - ataque de pragas ou doenças, entre outras.
Substituir cultivares de plantas estabelecidas
Muitas vezes, em pomares estabelecidos com uma determinada cultivar, surgem
problemas, como a baixa produtividade, frutos de qualidade inferior, hábito de crescimento
inadequado, ou mesmo, suscetibilidade a pragas e doenças. Essas dificuldades podem ser
solucionadas com a enxertia de uma nova cultivar mais adequada, sem necessidade de se
implantar um novo pomar.
Outra situação muito comum de uso da enxertia em plantas já estabelecidas é aquela
em que se têm pomares com cultivares que necessitam de polinização cruzada eque, por morte
ou número insuficiente de plantas polinizadoras, podem ter a produção comprometida e
requerem a presença de plantas ou ramos de uma cultivar polinizadora.
Em pequenos pomares domésticos, a enxertia possibilita que, numa mesma planta,
tenha-se mais de uma cultivar ou mais de uma espécie. Isso é possível, enxertando-se uma
cultivar ou espécie diferente em cada ramo principal. Contudo, nesse caso, deve-se ter o
cuidado para que as cultivares enxertadas tenham o mesmo vigor, para evitar a dominância de
um ramo sobre outro.
Evitar problemas de juvenilidade
Muitas plantas frutíferas, quando propagadas por sementes, necessitam de um período
de 5 a 10 anos para superarem o período juvenil e entrarem em produção. Esse período
improdutivo pode ser reduzido, enxertando-se segmentos de plantas que já estejam
produzindo ou que foram propagadas por métodos assexuados, pois essas plantas já
superaram o período de juvenilidade.
Recuperar partes danificadas de plantas
Geralmente, espécies que perdem folhas em determinada época do ano não podem ser
enxertadas sobre espécies que mantém as folhas durante todo o ano.
Afinidade anatômica dos tecidos
É importante que as partes envolvidas, enxerto e porta-enxerto, apresentem células
com tamanho, forma e consistência semelhantes.
3. EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
Diversos são os equipamentos usados na enxertia. A seguir, são descritos os mais
importantes e indispensáveis na realização dessa prática.
Canivete
Existe grande variedade de tipos de canivetes que podem ser
usados na enxertia. Contudo, o importante é que esses apresentem
lâminas de boa qualidade, que possam ser afiadas e que mantenham o
fio por maior tempo possível. Essas características são importantes,
porque aumentam o rendimento do enxertador e permitem a realização
de cortes, com um mínimo de dano às células dos tecidos cortados, o que facilita o processo
de cicatrização. As lâminas de aço inoxidável diminuem os riscos de oxidação.
Tesoura de poda
A tesoura é um equipamento utilizado para coleta dos ramos
fornecedores das gemas, preparo dos porta-enxertos e dos garfos, corte
final da copa ou aparação do sistema radicular no momento de
arranquio da muda. Por isso, deve ser de boa qualidade e estar sempre
limpa e bem afiada.
Máquina de enxertar
Quando o enxerto e o porta-enxerto apresentam diâmetros semelhantes, os cortes
poderão ser feitos com máquinas manuais ou acionadas por motores. Essas máquinas
executam cortes na forma de bisel ou de encaixes, no enxerto e no porta-enxerto.
Pedra de afiar
É um acessório importante para manter tesouras e canivetes afiados. A pedra de afiar
deve apresentar uma textura fina, devendo-se colocar água ou azeite na superfície onde será
afiada a lâmina, para impedir um desgaste excessivo da mesma.
Fitas de polietileno
As fitas de polietileno são os materiais mais utilizados, pois mantêm a união, impedem
a entrada de água, a desidratação da gema, as trocas gasosas e a entrada de microrganismos.
A fita de polietileno n° 8 é a mais indicada para fazer a amarração, em função da
espessura e da elasticidade, mas pode-se utilizar qualquer fita de polietileno disponível, até
mesmo aquelas provenientes de embalagens vazias (sacos de plástico).
Filme de PVC
Utilizado para amarração das enxertias, principalmente enxertia de garfagem em
videira, e para embalagem de alimentos. Esse material apresenta boa aderência e, por isso,
não é necessário darmos, para fixar as extremidades. Dependendo do número de voltas
envolvendo o material, também não é necessário retirar o filme, que se decompõe após 2 ou 3
meses.
Etiquetas
A identificação dos porta-enxertos, mudas prontas e ramos fornecedores das gemas é
uma prática importante, pois a mistura de cultivares poderá causar sérios problemas, muitas
vezes só notados quando as plantas entram em produção. As etiquetas podem ser de madeira,
de metal, de plástico ou de outro material resistente às intempéries, devendo constar, no
mínimo, a cultivar copa e o porta-enxerto utilizados.
4. PROCESSOS DE ENXERTIA
4.1. Borbulhia
Figura 2: Borbulhia “T” normal (a); Borbulhia “T” invertido (b); Borbulhia em placa ou janela aberta(c);
Borbulhia janela fechada (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002).
4.2. Garfagem
Garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada e transferência de um
pedaço de ramo da planta matriz (copa), também denominado garfo, que contenha uma ou
mais gemas para outra planta que é o porta-enxerto. O garfo pode ser cortado em forma de
bisel ou de cunha, e conter um número variável de gemas
A garfagem difere da borbulhia por possuir, normalmente, mais de uma gema e também
porque o porta-enxerto tem a sua parte superior decapitada. O enxerto de garfagem é feito
aproximadamente a 20cm acima do nível do solo. Para o sucesso da enxertia, é essencial que
a região cambial do garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo.Entre as técnicas
de garfagem mais conhecidas, podem ser citadas:
Figura 3: Garfagem fenda cheia (a); Garfagem meia fenda (b); Garfagem inglês simples (c); Garfagem inglês
complicado (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002).
Quando iniciar a brotação do enxerto, retira-se o saquinho plástico o que deve ocorrer
por volta de 30 dias, dependendo da espécie. Já o fitilho plástico será retirado após 60 dias,
para garantir a união das partes enxertadas. Então é só esperar o desenvolvimento da brotação
para que as mudas possam ser plantadas em campo.
4.3. Encostia
A enxertia de encostia, também chamada de enxertia de aproximação, consiste na
união lateral de duas plantas com sistemas radiculares independentes, de modo que enxerto e
porta-enxerto sejam mantidos, por seus sistemas radiculares, até que a união esteja
completamente formada. É o método mais simples de enxertia, mas é pouco utilizado na
propagação comercial de plantas frutíferas.
Esse tipo de enxertia pode ser feita em qualquer época do ano, embora seja mais
conveniente fazê-la na época de crescimento vegetativo, o que facilitará a cicatrização ea
união entre as partes.
Há diversas técnicas de encostia, podendo ser citadas as seguintes:
Lateral simples
É feito um corte na superfície da casca do enxerto e do porta-enxerto, unindo-se, após,
as superfícies com fita de polietileno, ráfia, barbante ou outro material. Quando a união
estiver completamente formada, faz-se o corte da parte aérea do porta-enxerto e do sistema
radicular do enxerto, de tal maneira que a nova planta fiqueconstituída do sistema radicular e
da copa das cultivares desejadas.
Lateral inglesa
Semelhante a anterior, porém é feito um segundo corte em ambas as partes, de forma
a proporcionar um encaixe entre o porta-enxerto e o enxerto.
No topo simples
Semelhante à encostia lateral simples, porém, neste caso, o porta-enxerto é cortado em
bisel no seu ápice.
No topo inglesa:
Figura. A) Lateral simples; B) Lateral inglesa; C) No topo simples; D)No topo inglesa
Sobre enxertia
Nesse caso o porta-enxerto é uma planta adulta, já previamente formada. A sobre
enxertia é útil em casos em que a copa foi seriamente danificada por pragas ou doenças, em
caso de necessidade de troca da cultivar-copa e quando da falta de plantas polinizadoras em
um pomar. Normalmente é feita por garfagem (fenda cheia ou fenda dupla), substituindo total
ou parcialmente a copa. Desta forma, é possível produzir-se, em uma mesma planta,
diferentes cultivares. Normalmente, é feita numa ou em todas as pernadas principais, onde se
elimina toda a copa por meio de uma poda drástica e enxerta-se a cultivar desejada.
5. Mergulhia
Método de propagação assexuada no qual a planta a ser originada só é destacada da
planta-mãe após ter formado seu próprio sistema radicular. Baseia-se no princípio de que,
pelo sombreamento parcial ou total do ramo ou de outra parte da planta, são proporcionadas
condições de umidade, aeração e ausência de luz, que favorecem a emissão de raízes.
Os fatores que favorecem a regeneração de plantas através da mergulhia são a
ausência de luz (que provoca estiolamento do ramo e, por conseqüência, acúmulo de auxinas
e redução dos teores de lignina e de compostos fenólicos), cobertura com solo úmido e
poroso, nutrição adequada e elevada atividade fisiológica da planta mãe, pouca idade dos
ramos, aplicação de fitorreguladores e prática de anelamento.
Figura a) Mergulhia simples normal; b) Mergulhia simples de ponta; c) Mergulhia contínua chinesa; d)
Mergulhia contínua serpentada; e) Mergulhia de cepa.
Figura 2.1. Mergulhia aérea ou alporquia. (Fonte: NACHTIGAL; FACHINELLO; KERSTEN, 2015).
6. Estruturas especializadas
Por estruturas especializadas entende-se como sendo os órgãos (caules ou raízes
modificados) que podem também atuar como órgãos de reserva de nutrientes e assimilados.
Em muitos casos, estes órgãos podem ser utilizados na propagação vegetativa.
Embora existam vários tipos de estruturas especializadas que podem ser utilizadas na
propagação de plantas, no caso das plantas frutíferas, as principais estruturas utilizadas são:
estolões, rebentos e rizomas.
Estolões: utilizados na propagação do morangueiro, são definidos caules aéreos
especializados, mais ou menos horizontais. Os estolões surgem em plantas com caules
em roseta, nas bases ou na coroa. Estas estruturas são emitidas em fotoperíodos longos
(12 horas ou mais). No segundo nó do estolão há formação de uma nova planta,
seguida da formação do seu sistema radicular. Esta planta poderá ser utilizada como
muda. A propagação através destas estruturas é bastante utilizada em morangueiro
(figura 2.2).
Rebentos: são brotações que surgem em alguma região da planta, como por exemplo,
dos rizomas. A propagação através destas estruturas é bastante utilizada em
abacaxizeiro e amoreira-preta (figura 2.3).
Figura 2.4. Diferentes tipos de mudas propagadas por rizoma. A-chifrinho, B-chifre, C-chifrão, D-guarda-chuva,
E-muda adulta, F-rizoma com filho, G-pedaço de rizoma, H-muda micropropagada.
Viveiros temporários
Destinam-se à produção de mudas apenas durante certo período e, uma vez cumpridas
suas finalidades, são desativados. Embora menos comuns que os viveiros permanentes na
produção de mudas frutíferas, esses viveiros podem representar menor custo, já que não é
necessária uma infraestrutura muito tecnificada como se pode observar na figura 2.8.
9. PREPARO DA ÁREA
9.1. Viveiro de raiz nua
No momento que antecede a instalação dos canteiros, deve-se preparar a área a fim de
melhorar as propriedades físicas do solo. Por isto, deve-se arar e gradear até uma
profundidade de pelo menos 25 cm. O emprego de enxada rotativa é, na maioria das vezes,
indispensável para se destorroar os torrões maiores.
Neste período também se efetua a correção da acidez do solo e a aplicação de adubos,
onde a quantidade a ser aplicada dependerá da análise de solo que antecede essa prática. O
fertilizante, bem como a matéria orgânica são aplicados a lanço sobre toda a área do viveiro e
incorporados, por ocasião da aração e gradagem.
Período de rotação, que se refere ao tempo que a muda permanece desde o início da
sua produção até o seu replantio ou comercialização. Também é dependente da
espécie, além de depender do método de propagação e do manejo da muda;
Dimensões dos canteiros e carreadores, que dependem da espécie a ser propagada e do
grau de mecanização adotado. Viveiros com maior grau de mecanização requerem
canteiros mais longos, maiores distâncias entre linhas e carreadores mais largos.
Dimensões das instalações, que são determinadas principalmente, pela quantidade de
mudas que são produzidas, pelo método de propagação adotado e pelo grau de
tecnologia empregado;
Áreas para rotação, fundamentais para a produção de mudas sadias, especialmente se a
produção de mudas for feita diretamente no solo. O dimensionamento do viveiro
deverá considerar a disponibilidade de áreas para rotação, de modo que uma mesma
área não seja utilizada para produção de mudas por mais de 2 anos.
11. INSTALAÇÕES
A necessidade de instalações depende de diversos fatores e deve considerar a máxima
eficiência no uso das mesmas, economicidade para construção e facilidade no manejo para
produção das mudas. O grau de sofisticação das instalações depende da interação entre fatores
como a espécie a ser propagada, quantidade de mudas a serem produzidas, o poder aquisitivo
do viveirista e cumprimento da legislação vigente. As principais instalações necessárias no
viveiro são:
Casa do viveirista;
Casa para higiene pessoal;
Escritório: onde são armazenadas todas as informações referentes à produção de
mudas, bem como a centralização das operações de comercialização, contratação de
mão-de-obra e comunicação com clientes e outros viveiristas;
12. QUEBRA-VENTOS
A ação direta dos ventos sobre as plantas pode acarretar torção e inclinação, trazendo
prejuízos no desenvolvimento das mudas. A proteção vegetal deve ficar a uma distância
razoável, para evitar o sombreamento excessivo.
Os ventos dominantes danificam as plantas, principalmente os ramos novos, aumentando
os riscos de doenças pela facilidade na disseminação das mesmas. Durante o período de
floração, o vento pode dificultar o trabalho de insetos polinizadores, como, por exemplo, das
abelhas, diminuindo a polinização e, consequentemente, a frutificação.
As plantas utilizadas para a formação do quebra-vento devem ser de preferência
melíferas, que apresentem crescimento rápido, boa ramificação, folhas perenes e sistema
radicular pouco agressivo, devendo ser dispostas em filas duplas ou triplas para fornecer
melhor proteção.
O quebra-vento será mais eficiente quanto maior o número de espécies envolvidas e o
arranjo que se dá para a barreira, a exemplo da figura 2.10.
Figura 2.10: Diversos efeitos conseguidos com diferentes tipos de quebra-ventos. A - Quebra-vento impermeável,
protegendo uma área de 15 a 20 vezes a sua altura; B - Quebra-vento impermeável, a área protegida é menor e; C -
Quebra-vento sem proteção na base.
13. RECIPIENTES
Entende-se por recipiente todo e qualquer material destinado a acondicionar o
substrato durante a produção de mudas. O uso de recipientes tem acompanhado a evolução
tecnológica dos sistemas de propagação, pois são ferramentas indispensáveis na produção
intensiva de mudas.
Embora, em diversos casos a produção de mudas diretamente no viveiro, dispensando
o uso de recipientes, possa ser mais econômica, cada vez mais a produção de mudas
embaladas vem sendo adotada.
Operacionalmente
Redução da utilização de tratores e carretas na área de viveiro;
Redução do tempo necessário para a produção das mudas (em mudas cítricas, no
sistema de sementeira, são necessários 18 a 24 meses para produção das mudas, enquanto
que, com uso de bandejas ou tubetes, são necessários 12 a 15 meses);
Redução da área necessária de viveiro;
Aumento da facilidade no transporte das mudas;
14. SUBSTRATOS
Entende-se por substrato qualquer material usado com a finalidade de servir de base
para o desenvolvimento de uma planta até sua transferência para o viveiro ou área de
produção, podendo ser compreendido não apenas como suporte físico, mas também como
fornecedor de nutrientes para a muda em formação.
Geralmente, o termo substrato refere-se a materiais dispostos em recipientes, mas pode
incluir, também, o solo da sementeira ou do viveiro, onde muitas vezes se dá o
desenvolvimento inicial da muda. O substrato é um dos muitos fatores que condicionam o
sucesso na propagação de plantas. Na opção por um determinado material como substrato,
objetiva-se otimizar as condições ambientais, para o desenvolvimento da planta numa ou mais
etapas da propagação.
Inúmeros materiais podem ser usados como substratos na produção de mudas
frutíferas. A escolha do substrato - ou mistura de substratos mais adequada para uma
determinada situação - é função da técnica de propagação, da espécie (em alguns casos), da
cultivar, das características do substrato, do custo e da facilidade de obtenção de cada
material.
14.1.2. Estrutura
Trata do modo como as partículas são unidas, arranjadas com os poros, em forma de
agregados, no substrato. A forma e dimensões dos agregados determinam a estrutura, tendo as
funções de assegurar boas condições de drenagem, oxigenação e penetração das raízes.
Espaços entre os agregados constituem meios de movimentação, por força da gravidade, do
excesso de água no substrato.
14.1.3. Porosidade
São os espaços ocupados por ar, água, organismos e raízes. A porosidade é
determinada pelo arranjo das partículas sólidas. Substratos porosos são comuns na presença
de altos conteúdos de matéria orgânica. Níveis de umidade no substrato:
a) Saturação: todos os poros estão repletos de água;
b) Capacidade de campo: umidade retida pelo substrato em resistência à força da gravidade;
c) Ponto de murcha: é dita temporária se a umidade retida pelo substrato ocasiona murcha,
mas as mudas recuperam a turgidez durante a noite. Caso contrário, o ponto de murcha passa
a ser permanente.
14.2.4. pH
Muitas reações físicas, químicas e biológicas do substrato e, consequentemente, o
desenvolvimento das mudas, dependem do pH.O valor do pH é resultado da atividade dos
íons de H+ no substrato, não sendo um valor fixo. Depende do complexo coloidal e seus íons
associados, CTC, conteúdo de umidade, concentração de dióxido de carbono, etc.
O pH talvez seja a mais importante propriedade química do substrato. A acidez
influencia a disponibilidade dos elementos nutritivos e também exerce um efeito direto na
população microbiana do substrato. Valores de pH podem ser alterados com calagem, uso de
certos fertilizantes e aplicações de enxofre.
14.2.5. Matéria orgânica e relação carbono/nitrogênio (C/N)
Caso o substrato possua baixa concentração de N, irá ocorrer uma competição entre as
mudas e os microorganismos que necessitam do N para o seu metabolismo. Geralmente, os
materiais orgânicos ainda não decompostos são ricos em C, apresentando elevada relação
C/N, causando deficiência deste elemento para as mudas. Neste caso, uma adição suplementar
de fontes nitrogenadas torna-se necessária.
15. IRRIGAÇÃO
É o recurso mais importante que deve ser observado para o funcionamento do viveiro,
em todas as etapas de produção. Quanto mais próximo da fonte de água estiver, menores
serão os custos de implantação, manutenção e funcionamento.
Na irrigação dos canteiros de semeadura e das mudas em estágio inicial de
desenvolvimento, as regas devem ser mais frequentes do que para as mudas já desenvolvidas.
Em geral, a irrigação deve ser executada no início da manhã e/ou no fim da tarde. O substrato
deve ser mantido úmido, mas não encharcado.
O excesso de rega costuma ser mais prejudicial do que a falta. O excesso de rega
dificulta a circulação de ar no solo e/ou no, impedindo o crescimento das raízes, lixivia os
nutrientes e propicia o aparecimento de doenças. É interessante ressaltar que a rega eficiente é
obtida quando o substrato fica suficientemente umidificado, sem apresentar sinais de
encharcamento (poças ou água escorrendo).
Pode ser efetuado com regadores ou mangueiras. O regador, quando utilizado, deve ter
crivo fino para evitar erosão dos canteiros.
16.3. Viveirista
Todo viveirista deverá estar registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA) como produtor de mudas e/ou comerciante, conforme Lei
10.711/2003 e Decreto 5.153/2004.
Toda muda deverá ser comercializada dentro de padrões estabelecidos para a espécie,
de acordo com normas elaboradas pelo MAPA ou pelas comissões estaduais para produção de
mudas fiscalizadas ou certificadas.
A muda fiscalizada é a que mantém todas as características necessárias a uma boa
muda com relação à sanidade e vigor, porém não possui autenticidade quanto a sua origem
genética, o que a distingue da muda certificada.
Toda pessoa física ou jurídica que pretenda produzir material de propagação e/ou
mudas fiscalizadas deverá requerer anualmente o seu credenciamento na Entidade
Fiscalizadora ou Certificadora, mediante a apresentação dos seguintes documentos:
a) Requerimento solicitando credenciamento;
b) Comprovante de registro de produtor de mudas junto ao MAPA;
c) Termo de compromisso do Responsável Técnico;
d) Projeto técnico de produção de muda fiscalizada ou certificada, com croqui de
localização da propriedade, da área destinada ao viveiro e/ou campo de plantas matrizes;
e) Compromisso de produzir mais de 10.000 mudas fiscalizadas de duas ou mais espécies
ou, no caso do morangueiro, mais de 200.000 mudas.
de plantas: produção industrial de plantas in vitro. 1 Ed. São Paulo: ANTIQUA, 2011, p.
379-393.
CAP. 3 - PLANEJAMENTO E
INSTALAÇÃO DE POMARES
1. INTRODUÇÃO
O Agronegócio no Brasil tem uma expressiva participação na economia do país e
representa aproximadamente 22,15% do PIB em 2012 (ECOAGRO, 2015). Atualmente o país
ocupa notável posição mundial na produção agroindustrial.
O Brasil é um país com vocação natural para o agronegócio devido às suas
características e diversidades, principalmente encontradas no clima favorável, no solo, na
água, no relevo e na luminosidade.
Com seus 8,5 milhões de km o Brasil é o país mais extenso da América do Sul e o
quinto do mundo com potencial de expansão de sua capacidade agrícola sem necessidade de
agredir o meio ambiente.
A instalação de um pomar é, como várias outras, uma prática agrícola que deve ser bem
planejada, pois uma vez instalado, será explorado por vários anos. Antes da instalação de um
pomar deve-se fazer um estudo do mercado local e regional para verificar a possibilidade de
escoar a produção. Do mesmo modo, devem-se verificar as condições climáticas, a
disponibilidade de mão-de-obra, assistência técnica, disponibilidade de água para a irrigação e
pulverizações, e, se possível, a aquisição de tratores e equipamentos para mecanização das
operações culturais.
A escolha do local não pode ser feito com descaso, pois questões como histórico da
área, quais as espécies antes cultivadas, produções e produtividades obtidas, necessidade de
adubação, ocorrência de pragas e doenças e práticas de preparo do solo podem influenciar no
desenvolvimento do seu pomar (NEVES, 2014) (ver figura 3.1).
Além disso, o custo inicial para a instalação de um pomar pode ser elevado. Isso faz
com que o produtor se veja na obrigação de planejar da melhor forma o seu pomar, evitando
gastos desnecessários.
No que se refere à agregação de valor ao produto, a verticalização surge como um
atrativo a mais na hora de se implantar um pomar, ou seja, ter o direito de dominar todas as
etapas da produção (plantar, criar, colher, transformar, embalar e vender o próprio produto).
Esses processos agregam valor ao produto final e evita que o atravessador fique com parte
desses lucros.
Após instalado, as plantas precisaram de um tempo para desenvolver suas partes
vegetativas e darem frutos, assim, gerando renda para o produtor. Muitas vezes esse tempo até
a colheita e comercialização demora, e quando acontece, não paga de uma só vez a dinheiro
aplicado, sendo necessário manter o ciclo de produção e se obter lucro.
3. Planejamento
3.1. Requisitos básicos
De acordo com Neves (2014), é necessário obter informações a cerca de temperatura,
precipitação, vento, ocorrência de geada e luminosidade para se determinar a cultura a ser
implantada e a necessidade de irrigação e outros tratos culturais. O pomar deve estar próximo
a uma fonte de água de qualidade capaz de fornecer quantidades suficientes para a realização
dos tratos culturais.
A declividade do terreno vai influenciar em fatores como a necessidade de adoção de
práticas para conservação do solo e da água, como plantio em curvas de nível, construção de
terraços, etc. Baseado na declividade do terreno, o pomar deve ser instalado em terrenos mais
expostos ao sol, proporcionando alta produtividade e frutos de qualidade (SIMÕES;
FENNER, 2010).
O bom desenvolvimento das plantas depende muito do seu crescimento radicular, que
necessita de solos profundos para se desenvolver e fornecer nutrientes às plantas. Em suma,
solos profundos e bem drenados são mais propícios ao desenvolvimento de espécies
frutíferas.
O espaçamento adotado para a cultura é função da necessidade de luminosidade,
disponibilidade hídrica, competição por nutrientes, entre outros fatores, sendo que cada
cultura possui um espaçamento determinado. Deve-se levar em consideração o sistema de
cultivo a ser usado, se mecanizado, deve possuir espaçamentos maiores que facilitem o
trabalho das máquinas nas entrelinhas, assim como, plantas de porte alto necessitam de
maiores espaçamentos, do mesmo modo, em solos mais férteis pode-se usar espaçamentos
maiores e, ainda, de acordo com o destino da produção, pois plantas destinadas ao consumo in
natura necessitam de espaçamentos maiores do que produtos destinados à indústria (NEVES,
2014).
4. INSTALANDO O POMAR
Primeiro faz-se necessário a limpeza da área (a depender da cobertura vegetal
existente). Essa limpeza deve seguir alguns procedimentos, como:
a) Derrubar a vegetação existente;
b) Encoivarar;
c) Fazer os aceiros;
d) Fazer as coivaras;
e) Queimar as coivaras;
f) Destocar a área.
Deve-se tomar cuidado com a incidência de pragas como formigas e cupins, que
podem ser controlados com a aplicação de formicidas em pó e granulados ou pelo processo de
termonebulização.
5. ARAÇÃO E GRADAGEM
A prática de aração e gradagem é uma das atividades agrícolas que, dependendo da cultura a
ser empregada, só será empregada uma vez (antes da instalação do pomar). A aração consiste
em revolver o solo com o arado e permite um maior arejamento do solo, enquanto que a
gradagem é feita com grade niveladora de discos ou de dentes com a finalidade de destorroar
e “aplainar” o solo arado (NEVES, 2007). A função básica da grade é complementar a aração
embora, em algumas situações, possa substituir o trabalho do arado.
6. INSTALAÇÃO DE QUEBRA-VENTOS
O conceito de quebra-ventos está relacionado a um sistema aerodinâmico, artificial ou
natural, que serve como anteparo para atenuar o padrão de velocidade média e da turbulência
do vento, proporcionando melhorias às condições ambientais através do controle do
microclima da área protegida.
De acordo com França e Oliveira (2010), algumas funções derivadas dos quebra-
ventos arbóreos, são a proteção quanto à erosão eólica, a conservação da umidade do solo, a
diminuição da evapotranspiração, a produção de madeira para lenha ou benfeitoria, a
conservação da flora e da fauna, a produção de néctar e pólen para abelhas e, finalmente, a
melhoria e embelezamento da paisagem.
Na instalação dos quebra-ventos deve-se observar a direção dos ventos predominantes,
sendo que no semiárido ocorrem no sentido Leste-Oeste e provocam grandes prejuízos aos
agricultores. A altura das plantas a serem usadas como quebra-vento deve ser, pelo menos,
duas a três vezes mais alta do que o cultivo a ser protegido (figura 3.3). A distância entre
quebra-ventos é proporcional à declividade do terreno e a sua altura. O comprimento deve ser
de, no mínimo, vinte vezes a sua altura, acompanhando a direção perpendicular à direção dos
ventos predominantes. Um fator importante a ser observado é a porosidade dos quebra-ventos
que deve ser de 40% em filas duplas, visando a possibilidade de alguma planta morrer e
deixar um espaço maior que o necessário (FRANÇA; OLIVEIRA, 2010).
8. COLETA DE SOLO
As amostras de solo darão informações a respeito da fertilidade do solo e devem ser
coletadas de forma aleatória e representativa, sempre seguindo as orientações técnicas para tal
procedimento.
A área deve ser dividida de acordo com a cobertura vegetal, a inclinação e a cor do
terreno. A coleta do solo deve ser feita em vários pontos da área, caminhando-se em
ziguezague, utilizando enxadão, cavadeira de boca ou trado (figura 3.2). As amostras devem
10. MÃO-DE-OBRA
Todas essas práticas culturais, para serem realizadas, precisam de mão-de-obra a
depender do tamanho do pomar. De acordo com Nachtigal, Fachinello e Kersten (2014),
normalmente são necessários de um a três homens por hectare, pois, praticamente todas as
atividades que envolvem o manejo da planta, são realizadas manualmente. Para tanto, é
necessário que se faça uma pesquisa com antecedência da disponibilidade de mão-de-obra na
região, com isso evita-se prejuízos devido a não realização de uma atividade por falta de
pessoal, ou mesmo a má realização desta devido à falta de experiência.
Figura 3.3: Efeito do aumento do número de plantas/ área, no vigor do tronco das mesmas.
A B
Figura 3.4: Pomares implantados em alta (A) e baixa densidade (B).
Dessa forma, a alta densidade de plantas por área aumenta a competição por nutrientes
e luz, fazendo com que o tronco seja mais fino e menos vigoroso.
Poda: Ato de se retirar parte de plantas, arbustos, árvores, cortando-se ramos, rama ou
braços inúteis, o que pode ser periódico e que favorece o seu crescimento. Os tipos de
poda mais comuns são: poda de formação, poda de renovação e poda de frutificação;
Capinas: a função desse trato cultural é eliminar a concorrência entre as ervas
daninhas e a cultura plantada, ocorrendo com relação à água, aos nutrientes e à luz;
Irrigações: devem ser frequentes, seguindo a orientação de um profissional
qualificado, com base em dados de evaporação e com os devidos sistemas de
irrigação.
De acordo com dados da AESA (2009), a quantidade de chuva que cai no estado da
Paraíba, principalmente entre os meses de Março e Junho, é de 1400 mm. Sendo que na maior
parte do ano as chuvas são escassas, fazendo-se necessário armazenar essa água para que ela
possa ser utilizada na irrigação ao longo do ano.
(Ca); Magnésio (Mg) e Enxofre (S). Já os micronutrientes são aqueles requeridos em menor
quantidade pela planta. São eles Cobre (Cu); Zinco (Zn); Manganês (Mn); Boro (B); Ferro
(Fe); Cloro (Cl) e Molibdênio (Mo). Na tabela abaixo estão inseridos os macro e
micronutrientes bem como a forma disponível no solo para planta e em quais tipos de adubos
estão contidos(MARENCO; LOPES, 2009).
possam ser bem distribuídos, horizontal e verticalmente, no solo. A adubação de plantio pode
ser aplicada em toda a área, na faixa de plantio ou em covas.
Quando a adubação for realizada em toda a área, não é necessário realizá-la nas covas
de plantio. No caso da área não ter sido corrigida totalmente, aplica-se o calcário e os demais
corretivos de acordo com análise de solo, levando-se em conta o volume de solo a ser
adubado, ou seja, a quantidade de adubos depende do tamanho da cova. Na fase de plantio
deve-se ter o cuidado com a adubação na cova, principalmente adubos potássicos (salinidade).
As fontes de fósforo utilizadas devem ser, de preferência, naturais ou parcialmente aciduladas,
para que o nutriente possa ser aproveitado à medida que for sendo liberado (EMBRAPA.,
2008).
Levando-se em consideração a cultura do cajueiro a adubação em cova realizada da
seguinte forma no fundo da cova aplicar 100 g de calcário dolomítico e misturar com a terra
de lá retirada. As dimensões das covas vão depender da textura do solo, a exemplo da figura
3.5. Nos solos com textura leve ou arenosa, as covas devem ter as seguintes dimensões: 0,30
m x 0,30 m x 0,30 m: em solos com textura argilosa, as dimensões das covas devem ser de
0,40m x 0,40m x 0,40m a 0,50m x 0,50m x 0,50m. Em seguida, encher a cova com uma
mistura de terra superficial + superfosfato simples, de acordo com a análise do solo, mais 100
g de FTE BR (formulação de adubo contendo em sua composição micronutriente) + 10 litros
de esterco animal bem curtido. Deixar a cova assim preparada, por um período de 30 dias
antes do transplante da muda, e posteriormente efetuar o transplante seguida da irrigação.
Veja a imagem abaixo.
Disponível em:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Citros/CitrosNEPequenosProdut
ores/coeficientestecnicos.htm>. Acesso em: 21 maio 2015.
NUNES FILHO, JOSÉ; SÁ, VITAL ARTUR DE LIMA. Irrigação e Drenagem. 2008.
Disponível em: <http://www.ipa.br/resp54.php>. Acesso em: 12 dez. 2014.
1. INTRODUÇÃO
A expansão da fruticultura no Brasil, especialmente na Região Nordeste, vem
provocando uma crescente demanda por tecnologias na área de irrigação voltadas para o
manejo de solo, água, planta e nutrientes. O potencial existente para a exploração da
fruticultura faz desta atividade um ótimo negócio para o desenvolvimento da agricultura no
Nordeste brasileiro e consequentemente para a economia do país.
A irrigação na fruticultura visa, sobretudo, suprir as necessidades hídricas das plantas.
Não funciona em separado, mas integrada a outras práticas agrícolas de forma a beneficiar a
cultura e o produtor em particular. É necessária em regiões onde o regime pluvial não atende
às necessidades das plantas durante todo o seu ciclo ou em parte dele, permitindo ampliar o
tempo de exploração, o número de colheitas ou ainda melhorar a produção já existente
(SIMÃO; MANTOVANI; SIMÃO 2015).
No fornecimento da água para irrigação das frutíferas é necessário que se conheça os
métodos de manejo da irrigação que será utilizado para cada cultura. As escolhas corretas irão
refletir na produtividade das culturas. Compreende-se que a água se torna um fator limitante
para o desenvolvimento das culturas, visto que sua falta ou excesso pode afetar as suas
atividades metabólicas a sanidade e a produção.
Caruso (1998) relata que a água doce disponível o mundo para consumo humano e
produção de alimentos não passa de 1% do total de água líquida encontrada (97% é água
salgada e 2% gelo). Atualmente a atividade agrícola utiliza mais de 70% do volume de água
doce consumida no mundo, dessa forma, observa-se a grande necessidade do uso racional da
água para produção de alimento.
A irrigação é uma tecnologia imprescindível no processo de ampliação da produção de
bens agrícolas, sendo a sua adoção dependente da disponibilidade hídrica de cada região. Em
regiões desérticas e áridas, onde a precipitação anual é inferior a 250 mm, ou seja, muito
baixa ou nenhuma, a irrigação é tida como obrigatória, pois nenhum tipo de cultura pode se
desenvolver sem receber água. É o caso de países no Golfo Pérsico, na África subsaariana e
de algumas regiões do México, Chile e Argentina, e outras zonas desérticas do globo terrestre
(TESTEZLAF, 2011).
Para que aja um uso eficiente da água disponível é necessário um adequado manejo
das irrigações, que tem por objetivo maximizar a produção agrícola racionalizando o uso de
2. MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO
Segundo Pires (1999) a irrigação pode ser desempenhada por diferentes métodos:
aspersão, localizada, superfície e subsuperficial. Com relação à escolha do método de
irrigação, não existe um melhor que o outro, e sim o que mais se adapta a cada situação em
particular. Existem vantagens e limitações no emprego de cada um deles. Para escolha do
método adequado de irrigação, alguns aspectos devem ser considerados, como a
disponibilidade e qualidade da água, energia e mão-de-obra despendida, a topografia e o tipo
de solo, o custo de implantação, o clima e a cultura.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2009), mostra que Brasil tem cerca de
4,6 milhões de hectares irrigados em 2009, o que corresponderia a 6 % da área agrícola
explorada com lavoura no país.
Figura 4.3. Sistema de aspersão convencional. Figura 4.4. Sistema de aspersão mecanizado
1. INTRODUÇÃO
A história da poda em plantas é tão antiga quanto à existência da humanidade e nos
leva a um passado bem distante e os curiosos fatos. Há relatos antigos de que na Grécia nos
indicam ser um ano, e suas dentadas em ramos os “inventores” da poda. Outras versões
indicam serem ovelhas e cabras as responsáveis pela descoberta. Há quem diga também que
foram eventos naturais como chuvas de granizo que naturalmente “podaram” os ramos das
árvores. A partir de observações no campo, os agricultores da época puderam notar que as
plantas que apresentavam os ramos cortados, seja por mordida de animal ou por evento
natural, tinham um incremento singular, diferente das plantas não podadas. Posteriormente,
procurando imitar tais eventos, o homem passou a fazer uso de tesouras e facas, estabelecendo
assim a prática da poda, sendo que cada povo desenvolveu em sua diversidade de plantas, um
estilo próprio de realizar a poda (SCARPARE FILHO et al. 2011).
Para que a poda seja bem executada, é importante conhecer alguns princípios básicos.
Da fisiologia e morfologia das plantas. A poda irá influenciar de forma marcante algumas
funções como crescimento, absorção de água e nutrientes, entre outras (SCARPARE FILHO
et al. 2011).
2. IMPORTÂNCIA DA PODA
A importância de se podar modifica de espécie para espécie, portanto poderá ser
decisiva para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à
importância, as espécies podem ser agrupadas em:
Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira, nespereira.
Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira.
Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, nogueira.
3. OBJETIVO DA PODA
A poda tem como objetivo alterar a forma natural das plantas, modificar a arquitetura
da planta a fim de torná-la de menor porte, proporcionando melhor iluminação e arejamento
no interior da copa. Regularizar a produção, com a obtenção de produções regulares
anualmente, com frutos de boa qualidade. Manter a forma, a sanidade e o vigor das plantas,
que é realizada principalmente após a colheita em plantas adultas para controlar seu vigor e
sanidade (SCARPARE FILHO et al. 2011).
4. FISIOLOGIA DA PODA
O desenvolvimento da planta ocorre pela retirada de água e sais minerais do solo
através de suas raízes. Essa seiva (bruta) é transportada até as folhas onde é transformada em
seiva elaborada pelo processo da fotossíntese. Outra parte da água retirada do solo é utilizada
na respiração realizada nas folhas. A seiva elaborada é utilizada nos processos vitais de
crescimento e frutificação. O crescimento vegetativo das plantas, de ramos e folhas é
proporcional ao crescimento de suas raízes. À medida que a planta cresce, aumenta o número
de ramos e folhas, e consequentemente a fotossíntese e, com isso, há maior produção de seiva
elaborada.
Quando a planta acumula reserva suficiente, entra em frutificação, reduzindo seu
crescimento e direcionando a seiva para a formação dos frutos. Parte dessa reserva é
armazenada em outros órgãos, como as raízes.
Após a colheita, a planta volta a crescer normalmente, aumentando seus ramos e
folhas ao mesmo tempo em que aumenta suas raízes. Quando as reservas são novamente
acumuladas, uma nova frutificação ocorre. Um dos princípios fisiológicos fundamentais é que
o excesso de crescimento vegetativo reduz a quantidade de frutos e o excesso de frutos reduz
a qualidade dos mesmos, ou seja, existe uma relação inversa entre vigor e produtividade.
Outros princípios fisiológicos da poda são citados na literatura:
Os ramos geralmente apresentam dominância apical;
O vigor dos brotos depende de sua posição e quantidade no ramo;
Há uma relação direta entre o desenvolvimento da copa e do sistema radicular. O
equilíbrio entre estes, afeta o vigor e a longevidade;
As condições de clima e solo afetam o vigor e a fertilidade das gemas;
Ramos que recebem mais luz são mais produtivos e apresentam maior circulação de
seiva;
Há espécies que frutificam em ramos do ano e outra em ramos de um ou mais anos;
A poda drástica retarda a frutificação, pois exige crescimento vegetativo que é
antagônico às funções reprodutivas;
A redução da área foliar pode debilitar a planta;
Ramos posicionado verticalmente propicia o crescimento vegetativo, enquanto que
ramos horizontais favorecem as gemas reprodutivas.
Para a prática de poda é interessante conhecer a classificação das gemas com relação
às suas funções, que são: vegetativa, florífera e mista. Denomina-se gema vegetativa (Figura
5.1 A e B) aquela que se desenvolve e forma ramos, folhas e outras estruturas, sem formar
flores. A gema florífera, quando se desenvolve, forma uma flor ou inflorescência e a gema
mista é aquela que se desenvolve e forma ramos que trazem botões florais.
A B
Vegetativa
Florífera
Florífera
Figura 5.1: Gemas de pessegueiro, que produz em ramos do ano anterior, antes (A) e após a brotação (B)
2. Plantas com ramos mistos são geralmente aquelas que, além de frutificarem sobre
esporões, frutificam também sobre os ramos do ano anterior. Estas fruteiras possuem,
consequentemente, ramos mistos, já que seus ramos dão flores e frutos, como também
crescimento vegetativo. Este é o caso dos pessegueiros e das ameixeiras japonesas.
3. Plantas em que as flores nascem sobre os ramos da brotação nova isso é o fato das
cítricas em geral. Nelas, o ramo frutífero, ao oposto de ser formado no inverno, nasce
na primavera e floresce mais ou menos abundantemente, conforme as condições que
lhe são mais ou menos propícias.
Os ramos especializados se originam, como todos os ramos de uma gema vegetativa,
onde um da origem ao o outro. Para que se forme um Dardo é necessário que uma gema se
alongue e encomprida-se em um eixo pontiagudo, na ponta do qual se forma outra gema
foliar. Geralmente para um dardo virar lamburda, leva, entorno de um ano com boas
condições ambientais, o dardo deixa de ser pontiaguda e torna-se robusta e gorducha.
Jamais poderá podar as lamburdas, pois elas representam a safra em potencial.
Entretanto, com as frutificações sucessivas, as lamburda vão se enchendo de tortuosidade,
pela acumulação de pedúnculos donde se inserem os frutos. Essa tortuosidade constituem
obstáculos à livre circulação da seiva, circunstância que, com o andar do tempo, determina a
formação nas velhas lamburdas de engrossamento bojudos, os quais atingem por vezes
consideráveis tamanhos e forma globulosa, tomando então o nome de Bolsas.
6. TIPOS DE PODAS
6.1. Poda de formação
Tem por fim, orientar a planta de modo a notificar uma maior resistência aos agentes
atmosféricos (principalmente o vento) e proporcionar boas produções, diminuindo as
possibilidades de tombamentos ou quebras dos ramos. Estes, pela poda, adquirem posição
simétrica, beneficiando, pela sua melhor distribuição, o arejamento interno da copa e
reduzindo, em consequência, os focos de infecção (Figura 5.2).
A poda de formação além de reduzir o porte da árvore, favorece os tratos culturais do
solo, o controle fitossanitário, o ensacamento, e a colheita dos frutos, além de possibilitar o
plantio de um maior número de árvores por unidade de área.
Figura 5.2. Poda de formação vista de cima: a) pernada; B) braços; C) ramos. (Fonte: Simão, 1998).
Figura 5.3: Sistemas de condução: Líder central no cultivo da macieira (Foto: J. C.Fachinello)
PET - Agronomia UFCG 108
FRUTICULTURA GERAL
8. ÉPOCA DE PODA
8.1. Poda seca ou hibernal
Realiza-se no período de baixa atividade fisiológica da planta, no final do outono e
início do inverno. Em grandes pomares ela se prolonga até o início da brotação. A melhor
época de poda, para o pessegueiro, é 15 dias antes da floração. Após o início da floração e
especialmente após a plena floração há uma queda na produção, não só no total de quilos
produzidos por planta, como também no peso médio das frutas. Principalmente em pomares
grandes, é recomendável iniciar a poda logo após a queda das folhas até o início da floração.
9. INTENSIDADE DE PODA
Estar sujeito à idade da planta, número de pernadas, vigor e hábito de vegetação, da
distância entre as gemas e do estado nutricional da planta. Quanto à amplitude a poda pode
ser classificada em:
Poda longa: quando o ramo, depois de podado, ainda permanece com mais de cinco
gemas ou olhos;
Poda média: quando o ramo, depois de podado, permanece com três ou cinco olhos;
Poda curta: quando o ramo podado fica com uma ou duas gemas apenas.
Geralmente, inicia-se o procedimento de poda pela eliminação dos ramos secos, doentes,
quebrados ou mal posicionados. Depois, eliminam-se os ramos dispostos para cima ou para
baixo, os ramos “ladrões”, ramos cruzados, colaterais ou muito próximos, os ramos que estão
em forquilha ou que formam um ângulo muito unido com o tronco. Como última operação,
faz-se o desponte dos ramos que permaneceram. Este desponte depende muito da cultivar,
uma vez que, principalmente, a distância entre as gemas floríferas e a frutificação efetiva são
atributos determinantes da produção e próprias de cada cultivar.
É importante que se dê ao ramo esse período de repouso de pelo menos trinta dias, par
que haja acumulo de reservas, tanto nutritivas quanto hormonais, necessárias a uma brotação
e frutificação adequada.
Na poda total, todos os ramos são podados de uma só vez, de forma que a produção
ocorra ao mesmo tempo. Essa poda deve ser feita em duas etapas. Na primeira é deixado um
ramo pulmão por planta, para a finalidade de manter a transpiração, assegurando a
uniformidade da brotação e a produção de maior número de ramos frutíferos. Na segunda com
inicio da brotação resultante da primeira poda, é feita a poda do ramo pulmão.
Em lavouras irrigadas, a época de poda define a época de colheita, sendo possível
planejar a safra para qualquer mês do ano (6 a 7 meses após a poda ocorrem à maturação dos
frutos).
Na execução da poda de frutificação, podem-se adotar certas regras úteis, por
estabelecerem uma sequência lógica para a operação:
Remova os ramos quebrados, mortos, e doentes;
- Remova os ramos “ladrões”, os ramos que, por estarem encostados, se atritam com o
movimento da planta, removam os ramos que crescem em direção ao centro da planta ou que
cruzam na copa, os ramos que crescem para baixo, pois, geralmente são improdutivos,
execute a poda dos ramos remanescentes com o objetivo de manter o equilíbrio entre as
funções reprodutivas e vegetativas da planta, baseando, dentro dos limites do possível, realçá-
las ao máximo.
- Nos pomares destinados à produção de goiabas de mesa, após as intervenções
anteriormente relacionadas, devem-se submeter os ramos remanescentes a uma poda de
diminuição. Esta diminuição, que depende do vigor dos ramos, é realizados em ramos
normais deixando de 2 a 3 pares de folhas. A intensa brotação que ocorre após a poda, deve
ser reduzida através de sucessivas desbrotas, deixando-se em média dois brotos, em posições
distintas, por ramos podados. Os frutos que se desenvolvem nestes brotos devem ser
desbastados, quando apresentam de 2 a 3cm de diâmetro, deixando-se em média 2 frutos por
broto.
Com o objetivo de se obter uma sobre colheita que irá prolongar o período de safra,
muitos produtores costumam despontar estes ramos deixando no mínimo 6 pares de folhas
acima dos frutos. Deste desponte, que possibilita nova brotação na extremidade dos ramos,
deixam-se apenas dois brotos localizados em posições opostas por ramo, para que frutifiquem.
de brotos laterais que serão conduzidos para os dois lados do arame. Posteriormente estes
brotos deverão ser despontados a fim de forçar o desenvolvimento das gemas laterais que
formarão os ramos produtivos. As ramificações que aparecem dos dois ramos laterais em
direção ao solo devem ficar livres para facilitar o arejamento e a penetração de luz, fatores
muito importantes no processo produtivo e na diminuição do ataque de pragas e doenças.
A poda de limpeza é realizada de leve com a tesoura de punho, que consisti na retirada
de eventuais ramos doentes, quebrados, secos, praguejados, mal localizados ou
inconvenientes da planta. Geralmente, todas as fruteiras necessitam deste tipo de poda, sendo
executada normalmente em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja, durante
o inverno ou logo após sua colheita como se pode observar nas figuras 5.4 e 5.5. Após a poda
de limpeza, geralmente se faz um tratamento químico (normalmente cúprico) das partes
cortadas para reduzir a aparecimento de doenças (MENDONÇA; MEDEIROS, 2011).
Figura 5.4: Poda de formação no maracujazeiro Figura 5.5: Poda de limpeza no maracujazeiro
Figura 5.6. Poda de formação da mangueira (1ª poda). Desenho: EMBRAPA Semiárido.
13.1. Raleio
Entende-se como a intervenção que elimina parte das frutas ou até mesmo das flores,
tendo em vista melhorar a qualidade das frutas remanescentes e evitar a alternância de
produção. Presentemente, não se pode pensar em comercializar frutas, principalmente para
consumo “in natura”, sem que se disponha de um produto de boa qualidade. Por sua vez, a
qualidade é determinada por um conjunto de características, principalmente pelo tamanho,
cor, estado fitossanitário e sabor. Muitas destas características são específicas da cultivar,
porém algumas delas são afetadas diretamente pela operação do raleio. O raleio é uma das
operações fundamentais para a maioria das espécies frutíferas e é, também, uma das
operações mais delicadas e que exige uma grande quantidade de mão-de-obra, o que
representa uma elevação considerável nos custos de produção.
O raleio tem como objetivo evitar alternância de produção, melhorar a coloração e
qualidade da fruta, evitar o rompimento dos ramos, reduzir o numero de frutas com defeitos
graves, melhora a resistência da planta, reduz o custo da colheita, são a parti dessas
características que o raleio se torna essencial parle a que obtenha um ótimo rendimento no
pomar.
Ao pensarmos em que época deve-se fazer o raleio, vale lembrar que a época de raleio
varia de espécie para espécie, porem pode se considerar de 30 a 40 após a plena floração.
Então quanto mais cedo for efetuado o raleio maiores serão os benefícios obtidos, assim
sendo, os resultados será melhores se ralearmos flores ao invés de frutas ou botões florais ao
invés de flores. Porém, isso é inviável economicamente em grandes pomares, além de que os
riscos com perdas posteriores são muito grandes nesse caso.
É importante salientar que, quando o raleio é realizado dentro do período de divisão
celular da fruta, ocorre formação de um maior número de células, com consequente maior
tamanho da fruta, comparado com o raleio realizado após a fase de divisão celular, na qual o
tamanho da fruta é dado somente pelo aumento do volume das células. Assim, os efeitos
benéficos do raleio serão tanto maiores quanto mais cedo for realizada esta operação.
Em relação à intensidade do releio vai depender do destino final do produto. Se a
objetivo é obter frutos de bem vigorosos e grandes, o número de frutos por gemas tem que ser
menor e a intensidade do raleio é bem maior, caso a necessidade é obter uma quantidade
maior de frutos a intensidade do raleio é menor. Vale ressaltar que a intensidade pode varia de
acordo com a espécie. Para a cultura do pessegueiro, é de acordo com superfície foliar por
frutas, ou seja, deixando uma fruta para cada 30-35 folhas, Deixando-se uma distância
mínima de 8 a 10 cm entre as frutas em ramos vigorosos e de 12 a 15 cm, em ramos forem de
menor vigor.
Existem três tipos de raleio o mecânico e químico. O raleio manual consiste na
eliminação do excesso de frutas da planta manualmente ou através de tesouras apropriadas. O
raleio manual é, sem dúvida, o que permite uma melhor quantificação e seleção das frutas que
devem permanecer na planta. O raleio mecânico pode ser efetuado através de diversas formas,
porém o mais utilizado é o jato de água que consiste em aplicar um jato de água com alta
pressão, produzido por um pulverizador turbinado, durante a floração ou logo após. Já no
raleio químico consiste na aplicação de substâncias que causam queda de flores e/ou de frutas.
FURTINI NETO, A.E.; VALE, F.R.; RESENDE, A.V.; GUILHERME, L.R.G.; GUEDES,
G.A.A. Fertilidade do solo. Lavras: Universidade Federal de Lavras/Fundo de Amparo ao
Ensino, Pesquisa e Extensão, 2001. 261 p.
SCARPARE FILHO, J. A.; MEDINA R. B.; SILVA S. R.. Poda de árvores frutíferas,
Piracicaba: USP/ESALQ/Casa do Produtor Rural, 54 p. 2011.
SOUZA, J. S. I. A poda das plantas frutíferas. São Paulo, Nova editora revista e atualizada,
Nobel, 191 p. 2005.
1. INTRODUÇÃO
Colheita é a retirada dos produtos do campo, em níveis adequados de maturidade, com
o mínimo de danos ou perdas (figura 6.1). As operações de pós-colheita envolvem uma série
de etapas importantes como transporte, recepção, beneficiamento, embalagem e
armazenamento. Para reduzir o índice de perdas e obter um produto de alto valor comercial,
desde o transporte até o armazenamento, algumas medidas devem ser consideradas.
(FONSECA; SILVA, 2006).
Os frutos podem ser colhidos por torções do pedúnculo arranquio ou por meio de
tesouras ou alicates de colheita recomendados. O arranquio é o método mais rápido, mas o
que promove maior grau de danos aos frutos principalmente na região peduncular,
favorecendo a entrada de patógenos e a perda de água. A colheita com tesoura é a mais
delicada e recomendada na PIC, exatamente por causar menos danos aos frutos e ampliado a
possibilidade de frutos com melhor classificação (PEREIRA et al., 2006). Apesar dos
esforços realizados no sentido de reduzir as perdas um resultado só será favorável quando
grande maioria dos responsáveis pela produção, pelo transporte e pela armazenagem conhecer
os fatores biológicos e ambientais envolvidos na deterioração, passando a utilizar técnicas de
pós-colheita que permitam manter a qualidade por um tempo mais prolongado. (PEREIRA et
al., 2006).
3. COLHEITA MANUAL
A colheita manual baseia-se na sensibilidade do colhedor principalmente em termos de
visão e tato (figura 6.2). Possui vantagens e desvantagens. Apresenta como vantagens: a
possibilidade de o ser humano bem treinado utilizar bem os sentidos (visão, tato, olfato), com
melhor sucesso da tarefa; a de colhedores mais cuidadosos, em campo ocasionar menos
injúrias aos produtos; a de a seleção e empacotamento serem realizados no campo, portanto
com menor número de etapas.
diversos podem auxiliar na colheita manual, por exemplo, carriolas (Figura 6.3) e sacolas de
colheita (Figura 6.4).
A colheita pode ser manual ou realizada por meio de equipamentos dependendo do
país. No Brasil, a colheita das folhosas (alface, repolho, etc) é realizada manualmente pelo
fato de o cultivo dessas culturas ocorrerem em pequenas propriedades, com uso intensivo de
mão-de-obra. Nos Estados Unidos, a colheita de alface ocorre predominantemente com o uso
de plataformas móveis de auxílio à colheita (CALBO et al., 2008).
Figura 6.3. Colheita manual, por carriolas Figura 6.4. Colheita com uso de sacolas
As variações na colheita podem ocorrer devido ao: 1) tipo de cultivar utilizada, por
exemplo, cultivares mais enfolhadas de tomate dificultam a colheita; 2) período de colheita,
muitas frutas e hortaliças são submetidas a colheitas múltiplas durante um período em que
ocorrem alterações na qualidade do produto relacionadas ao clima e ao desenvolvimento,
nutrição e senescência da planta; 3) acessórios de colheita como sacolas, cestos e embalagens
determinam o rendimento da colheita. Transposição de produtos de uma embalagem para
outra, como normalmente ocorre com o tomate de mesa e algumas frutas, ocorrência em que o
produto é colhido em cestas de bambu e transferido para caixas plásticas, além de aumentar o
tempo de realização da colheita, inflige danos físicos (FERREIRA et al., 2004; FERREIRA et
al., 2005a, FERREIRA et al., 2005b; FERREIRA et al., 2006).
4. ÍNDICE DE MATURIDADE
Segundo Sañudo et al. (1997) as perdas em quantidade e qualidade ocorrem nos
produtos agrícolas desde a colheita até o consumo, especialmente pela alta perceptibilidade.
Para determinar o grau de maturação, utilizam-se vários métodos, nos quais, devem-se levar
em conta as características próprias de cada variedade de Frutas.
5. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE
5.1. Métodos Subjetivos
i. Formato do fruto
De acordo com Lima (2007) O reconhecimento do início da maturação a partir do
formato e do aspecto do fruto tem importância prática bastante considerável já que depende
simplesmente de uma observação visual. Contudo, assim como outros indicadores de colheita,
o formato do fruto não pode ser usado isoladamente. O emprego de mais de um indicador
fornece uma informação mais segura e reduz o risco de problemas decorrentes da aplicação de
tratamentos pós-colheita ou do armazenamento de frutos imaturos.
6. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE
6.1. Textura
A firmeza da polpa dos frutos pode ser determinada através de um penetrômetro
manual. Por este equipamento é possível medir a resistência da polpa à penetração, o que, do
ponto de vista prático, representa seu grau de resistência à movimentação, a danos e ao
desenvolvimento de microrganismos.
Uma vez que esta avaliação consiste na retirada da casca e na introdução da ponteira
do equipamento na polpa, destruindo o fruto, há a necessidade de que se faça uma
amostragem da área cuja colheita está próxima. Nos frutos amostrados, são realizadas as
determinações de firmeza (Figuras 6.7 e 6.8). Porém, para a escolha dos frutos que
constituirão a amostra, deve-se observar que uma mesma planta geralmente apresenta frutos
em diferentes estádios de maturação. Portanto, para que a avaliação seja confiável, é
fundamental a observação de outras características, principalmente visuais, como forma de
garantir que os frutos integrantes da amostra tenham praticamente o mesmo grau de
maturidade.
Quando os frutos colhidos são destinados a mercados mais distantes, a colheita deve
ser realizada quando ainda estão firmes. Dependendo da variedade, a firmeza que caracteriza
o ponto de colheita ideal pode ser bastante diferente (LIMA, 2007).
Figura 6.7. medição da firmeza da polpa. Figura 6.8. Durômetro para medir a firmeza da polpa.
aumenta. Esta resposta pode ser acompanhada para fins de determinação do momento da
colheita.
Como indicador de maturidade do fruto, o teor de sólidos solúveis pode ser
determinado através de equipamento denominado refratômetro (Figuras 6.9 e 6.10), que
fornece os valores em ºBrix. Dependendo do intervalo de tempo entre a colheita e o
consumo, algumas recomendações podem ser feitas a cerca do teor de sólidos solúveis da
manga.
Quando o consumo do fruto ocorrer em intervalo de tempo reduzido, a colheita pode
ser realizada quando o teor de sólidos solúveis for de aproximadamente 10ºBrix. Mas quando
o objetivo é o armazenamento para posterior comercialização para mercados distantes, a
manga deve ser colhida com teor de sólidos solúveis em torno de 7ºBrix. Indicadores
químicos, como o teor de sólidos solúveis, podem ser mais precisos para a caracterização dos
estádios de maturação e posterior definição do ponto de colheita. Porém, à semelhança da
firmeza e da cor da polpa são utilizados em sistema de amostragem, o que implica na
destruição dos frutos (LIMA, 2007).
MAcLLISTER, 1980; TING, 1983; KIMBALL, 1991; DAVIES & ALBRIGO, 1994;
AGUSTÍ et al, 1994).
torno do galpão para evitar a contaminação dos frutos sadios. Os frutos devem ser recebidos
em superfícies acolchoadas para reduzir os danos mecânicos
7.6.1. Calibração
A calibração é feita por tamanho ou peso. Em geral são usadas mesas calibradoras
com balanças. Conforme o calibre, os melões vão sendo colocados nas caixas. Os tipos de
melão são definidos de acordo com o tamanho ou peso, e esses tipos correspondem ao número
de melões que uma caixa comporta.
Por exemplo, na classificação por tamanho, o Tipo 5 identifica os melões de tamanho
tal que em uma caixa cabem cinco frutos, e assim sucessivamente até 14 como na caixa com
capacidade para 10 kg (figura 6.19). Essa linguagem comercial, em que os melões são
identificados por tipo, facilita as operações comerciais, já que cada mercado tem preferência
por frutos de determinado tamanho (FILGUEIRAS, 2000).
Aspectos internos
Químicos:
SS= 7-8º Brix (mercado distante)
SS = 10º Brix (consumo rápido)
Acidez: 0,65-0,70% acido cítrico
Figura 6.21. Colheita de manual de manga Figura 6.22. Armazenamento do fruto pós-retirado da árvore
9.2.2. Lavagem
Os contentores devem ser esvaziados manualmente, em água tratada com hipoclorito
de sódio ou hipoclorito de cálcio, na concentração de 100ppm de Cloro. Se forem utilizados
detergentes, deve-se usar água sem clorar antes do tratamento hidrotérmico, já que os
detergentes neutralizam a ação germicida do cloro.
9.4. Embalagem
As exigências básicas do material de embalagem para manga são: proteger contra
danos mecânicos; dissipar os produtos da respiração, ou seja, permitir ventilação para evitar
acúmulo de gás carbônico e calor; ajustar-se às normas de manejo, tamanho, peso e ser fácil
de abrir; ser de custo compatível com o do produto (ASSIS, 2004), a exemplo da figura 6.25.
A embalagem deve ter conteúdo homogêneo, com frutos da mesma origem, variedade,
qualidade e tamanho. A parte visível da embalagem deve ser representativa de todo o
conteúdo. Na caixa devem vir descritos, no mesmo lado, por extenso e de forma legível a
identificação comercial, natureza e origem do produto (ASSIS, 2004).
como teor de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), relação SSS/ATT,
firmeza da polpa (textura), densidade do fruto e cor da casca Entre os métodos físicos, tem-se
a medida de textura da polpa, com auxílio de penetrômetro. Através do valor indicado, pode
se avaliar se o fruto está fisiologicamente desenvolvido isto é, com maturação suficiente para
atingir o seu completo amadurecimento após a colheita. A densidade também pode ser
utilizada para determinar a fase de maturação da goiaba, cujo peso específico deve estar entre
0,980 e 1,00 g/cm3, por ocasião da colheita (BLEINROTH, 1996).
b) Cor
Importante para definir o estádio de maturação;
Mudanças na coloração: Degradação de clorofila Síntese de pigmentos: carotenóides e
antocianinas. Cuidado ao se utilizar a cor como índice de maturação: Raios solares
coloração intensa: falsa indicação do estádio de maturação.
1 – Totalmente verde
2 – Verde-claro
3 – Verde-amarelo
4 – Mate
5 – Amarelo
c) Vitamina C
O teor de vitamina C em goiaba é influenciado por:
Condições climáticas;
Temperatura;
Umidade do solo;
Manejo de nutrientes;
Variedades.
Danos mecânicos, apodrecimento e senescência oxidação do ácido ascórbico (Durigan
et al., 2006) Aumento: estádios iniciais de desenvolvimento do fruto até a maturação total.
Redução: fruto completamente maduro até a senescência.
e) Acidez titulável
Ácidos orgânicos;
Tendem a diminuir com a maturação;
Consumo: ciclo dos ácidos tricarboxílicos
Fundamentais na síntese de: compostos fenólicos, lipídios e aromas voláteis
CLASSIFICAÇÃO:
Branca Vermelha
Classe ou calibre
São toleradas 20% das embalagens do lote que estejam fora das especificações acima.
Tipos ou categoria
*Acima de 10% de podridão a goiaba não deverá ser reclassificada. (Fonte: CEAGESP)
Defeitos graves
Defeitos leves
10.5. EMBALAGEM
Comercialização in natura
Papelão: 3,0 a 3,5 Kg
Frutos: Envolvidos em papel de seda, fitas de papel ou redes de polietileno, acondicionados
na caixa em uma só camada (figura 6.28). Podem ser comercializados em embalagem a vácuo
(figura 6.29).
10.6. ROTULAGEM
Deve ser feita da seguinte forma:
10.7. ARMAZENAMENTO
Varia em função do estádio de maturação e da cultivar.
Sob condições ambiente:
Paluma: Coloração externa verde-escura: 8 dias
Coloração externa verde-amarelada: 2 a 3 dias
PET - Agronomia UFCG 150
FRUTICULTURA GERAL
A colheita deve ser feita nas horas de temperatura mais amenas. Para que o fruto seja
colhido corretamente, deve ser feita uma leve torção para que o pedúnculo se solte do ramo da
panícula. Caso o pedúnculo ofereça resistência para soltar-se, ainda não alcançou o estádio de
maturação para colheita. O contato direto com a palma da mão também deve ser evitado por
elevar a temperatura da polpa, acelerando a deterioração. Ainda no campo, pode ser feita uma
pré-seleção, para separar os cajus destinados ao mercado de mesa daqueles que serão
destinados a indústria, inclusive fazendo o descastanhamento. Estas operações devem ser
realizadas à sombra e no menor tempo possível. Os cajus devem ser acondicionados, em uma
única camada, nas caixas plásticas de colheita (47 cm x 30,5 cm x 12 cm), revestidas
internamente por uma camada de espuma de aproximadamente 1 cm de espessura, para não
danificar o pedúnculo.
O caju deve ser colhido diretamente na planta com o máximo cuidado para que não
sejam derrubados frutos jovens, flores e botões florais. Devem ser retirados os
pedúnculos que apresentem doenças, deformações, defeitos ou ferimentos, formato ou cor não
característicos do clone, tamanhos inadequados, verdes ou demasiadamente maduros. São
11.1. Classificação
No galpão, será observada a seguinte sequência de operações: seleção e classificação,
embalagem, paletização e armazenamento refrigerado. A classificação é feita com base no
número de cajus por bandeja (variando de quatro a oito). Os tipos quatro e cinco (4 ou 5 cajus
por bandeja, respectivamente) são os que alcançam os melhores preços. (MONTENEGRO;
CARBAJAL; MESQUITA, 2003).
11.2. Embalagem
Os cajus devem ser dispostos em bandejas de 21 cm x 14 cm, envolvidas com filme
plástico flexível e autoaderente de PVC. A colocação em bandejas diminui os danos por
manuseio excessivo nos locais de comercialização.As bandejas devidamente etiquetadas, em
número de três ou quatro, variando de acordo com a exigência do mercado consumidor,
devem ser acondicionadas em caixas de papelão tipo peça única, sem tampa, que favoreçam o
encaixe e a paletização. Cada bandeja deve conter entre 550 g a 800 g.
FERREIRA, M.D.; CALBO, A.G. Avaliação para a incidência de danos mecânicos em frutas
e hortaliças. Capítulo 9. In: Ferreira, M.D. (Org.). Colheita e beneficiamento de frutas e
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TING, S. V. Citrus fruits In: CHA, H. T. J. Handbook of tropical foods. New York: Marcel
Dekker, 1983. chap. 5, p. 201-253.
1. INTRODUÇÃO
A produção mundial de frutas está em torno de 540,0 milhões de ton, correspondendo
ao montante de US$162,0 bilhões. O Brasil com 43 milhões t, depois da China e Índia (55,6
milhões e 48,1 milhões de toneladas, respectivamente), é o 3° maior produtor de frutas do
mundo. A Produção Integrada teve seus primórdios na década de 70. A partir de 1980 é que
tomou impulso em alguns países da Comunidade Europeia com base nos preceitos da
Organização Internacional para o Controle Biológico e Integrado Contra os Animais e Plantas
Nocivas – OILB. No Brasil, por imposição do mercado Europeu (movimento dos
consumidores e das cadeias de distribuidores e de supermercados na busca de alimentos
seguros) mobilizou, inicialmente, a cadeia produtiva da maçã na busca de elevar os padrões
de qualidade e competitividade da fruticultura brasileira ao patamar de excelência requerido
pelo mercado internacional, em bases voltadas para o sistema de produção integrada
(PORTOCARRERO, 2014).
Neste sentido, a Produção Integrada é apontada como uma alternativa para a produção
de frutas de qualidade, pois utiliza práticas de manejo do solo e da planta de forma integrada,
procurando equacionar os problemas através de uma visão multidisciplinar e não na aplicação
de práticas isoladas, como ocorre na fruticultura convencional (FACHINELLO et al., 2001).
No Brasil, técnicos da Embrapa Uva e Vinho perceberam a necessidade brasileira de
também responder aos apelos da sociedade para se obter produtos agrícolas dentro dos
critérios de sustentabilidade, o que fundamentou a decisão de propor um processo para a
maçã. Para isto, convidaram no fim de 1996 instituições públicas e privadas para desenvolver
no Brasil este sistema e ofereceram à Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) e
a quatro empresas e uma cooperativa de pequenos produtores a parceria para implantar, em
cada uma delas, a primeira versão de um sistema de Produção Integrada no Brasil
(SANHUEZA, 2007).
O conceito de Produção Integrada foi criado na Europa na década de 70. Nesta época,
manifestaram-se nos círculos científicos preocupações quanto ao alcance restrito do manejo
integrado de pragas, como estratégia utilizada para racionalização e redução de uso de
agroquímicos e de sustentabilidade da atividade frutícola. Nessa ocasião, visualizou-se a
necessidade de adequar todos os componentes do sistema produtivo para diminuir a demanda
de uso dos agroquímicos de maior risco, preservando a produção e a produtividade da cultura
para se obter produtos de alta qualidade de consumo. Como consequência dessa proposta,
criaram-se grupos de trabalho, com especialistas de diferentes países, visando obter a
definição, alcance e organização dos Sistemas de Produção Integrada de Frutas, o primeiro
alvo desses estudos. Assim, em 1989, estabeleceu-se um regulamento e este foi aceito e
reconhecido pela Organização Internacional de Luta Biológica de pragas (IOBC).
2. DEFINIÇÃO
A produção integrada de frutas é definida pela IOBC, como “o sistema de produção
que gera alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante a aplicação de recursos
naturais, a regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes e a garantia da
sustentabilidade da produção agrícola; enfatiza o enfoque do sistema holístico, envolvendo a
totalidade ambiental como unidade básica; o papel central do agroecossistema; o equilíbrio do
ciclo de nutrientes; a preservação e o desenvolvimento da fertilidade do solo e a diversidade
ambiental como componentes essenciais; métodos e técnicas biológicas e químicas
cuidadosamente equilibradas, levando-se em conta a proteção ambiental, o retorno econômico
e os requisitos sociais” (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Assim, a PIF procura reduzir o uso de agroquímicos, eliminar outros produtos
considerados perigosos para a saúde humana ou prejudicial para o meio ambiente, e ao
mesmo tempo, fomentar as boas práticas de manejo agrícola. Este sistema viabiliza a
produção de frutas com qualidade alimentar e segurança ambiental, consequentemente, à
certificação, permitindo, desta forma, que as mesmas possam competir no mercado externo.
Esta visão diferenciada da PIF, com tecnologias que não contaminam o ambiente, colocará os
produtores em condições de competir com comércio mundial. (FARIAS; MARTINS, 2002).
bem como atender o crescente anseio da população brasileira – mercado interno – por frutas
mais saudáveis e produzidas com base em boas práticas agrícolas. O programa foi expandido
para além da fruticultura e transformou-se em Sistema Agropecuário de Produção integrada –
SAPI, abrangendo 56 projetos e incorporando culturas e criações diversas (CRUZ, 2008).
Nesse sentido, a produção integrada foi uma excelente alternativa para a produção de
frutas de qualidade (tabela 1), pois preconiza o uso de práticas de cultivo de forma integrada,
procurando equacionar os problemas pela visão multidisciplinar e não na aplicação de práticas
isoladas como ocorre na fruticultura convencional. Este sistema de produção está em uso em
vários países, com resultados animadores e com o reconhecimento do consumidor por este
tipo de fruta diferenciada (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
4. DESAFIOS
Todo o arcabouço legal e organizacional da Produção Integrada está estruturado e
encontrasse em plena expansão. A consolidação dos produtores que optaram pela adesão ao
sistema deverá ser coroada com a aprovação do selo de certificação. Como na PI não existe
uma certificação para transição do sistema convencional, a adesão deve se completar com a
plena adequação ao sistema, em todos os seus quesitos, exigindo esforço adicional dos
produtores rurais, o que será plenamente compensado pelo posterior ganho em termos de
controle e das demais vantagens relatadas neste artigo. Portanto, o momento atual baseia-se
na centralização de esforços na expansão do número de produtores efetivamente certificados,
gerando volume expressivo de produtos de qualidade aos consumidores, sem perder o foco na
inserção de novas culturas ao sistema, inclusive para o atendimento da demanda crescente e
estratégica em setores como o da agroenergia.
Pode-se citar como aspectos positivos da adoção de Sistema de Produção Integrada de
frutas o ganho de competitividade, a agregação de valor aos produtos e o desenvolvimento
social. No entanto, sob a ótica da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável, o
maior beneficiário com a melhoria do sistema produtivo, respeitando os aspectos ambientais,
sociais e outros da produção agropecuária, sem dúvida nenhuma, será o próprio homem.
Conforme o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (GOMES JUNIOR, 2007), a
“assimetria de renda e preços dos alimentos à segurança e qualidade e sanidade dos
produtos, ao manejo adequado na produção, ao emprego de culturas e meios não hostis ao
ambiente, à manutenção da diversidade cultural” são fatores que necessariamente devem ser
abordados para o pleno estabelecimento da segurança alimentar das populações. Esses fatores
estão contemplados nos princípios e nas práticas adotadas pelo SAPI.
Existe a necessidade da formulação e, principalmente, da implementação de políticas
públicas que possibilitem o estabelecimento da Segurança Alimentar e do Desenvolvimento
Sustentável, em particular do Sistema Agropecuário de Produção Integrada, no âmbito das
atribuições das diversas instituições federais, estaduais e municipais, envolvendo a iniciativa
privada em suas mais diversas representações e comprometendo as forças sociais para a
satisfação das necessidades básicas no seu sentido mais amplo. A atuação conjunta e
concomitante desses órgãos governamentais associados aos organismos particulares em áreas
7. CERTIFICAÇÃO
Trata-se de um processo de certificação voluntária no qual o produtor interessado tem
um conjunto de normas técnicas específicas (NTE) a seguir, as quais são auditadas nas
propriedades rurais por certificadoras acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (Inmetro).Ao certificar, os produtores rurais têm a chancela oficial do
MAPA e do Inmetro de que seus produtos estão de acordo com práticas sustentáveis de
produção e consequentemente mais saudáveis para o consumo, garantindo ainda menor
impacto ambiental do que produtos convencionais e a valorização da mão de obra rural
(MAPA, 2014).
modelo que garanta a saúde do trabalhador, respeito ao ambiente e que traga retornos
econômicos, é uma proposta que será prontamente aceita pelos produtores e terá,
principalmente, um respaldo da sociedade com a valorização e aceitação dos produtos
(FACHINELLO, 2008).
Ainda de acordo com Fachinello (2008), os resultados destas ações de pesquisa estão
contribuindo para avaliar e demonstrar ao setor e à sociedade, a possibilidade de produzir
frutas de caroço com o mínimo uso de agroquímicos, mantendo a qualidade e a rentabilidade
desta atividade agrícola. Frutas comercializadas com garantia de origem, com níveis
aceitáveis de resíduos tóxicos e com controle quanto ao manejo correto da água de irrigação,
do solo e das plantas, contribuem para que o Brasil possa competir com vantagens, tanto no
mercado interno como no externo.
11. RASTREABILIDADE
A rastreabilidade é a capacidade de recuperar o histórico da aplicação ou da
localização e da utilização de um produto, por meio de identificações registradas (Figura 7.1).
Figura 7.1 – Esquema mostrando a rastreabilidade das frutas, desde o pomar até o consumidor. (FONTE:
FACHINELLO, 2008).
FACHINELLO, J.C.; GRUTZMACHER, A.D.; FARIA, J.L.; HERTER, F.G.; FORTES, J.F.;
AFONSO, A.P.S.; TIBOLA, C.S. Avaliação agronômica de um pomar de pessegueiro
conduzido no sistema de produção integrada. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, SP, v. 23, n.1, p.138-142, 2001.
1. INTRODUÇÃO
A segurança da saúde do consumidor de produtos vegetais, em especial os consumidos
crus, está diretamente relacionada com a presença de contaminantes, principalmente os de
natureza química e biológica. As indústrias enfrentam maiores dificuldades para garantir a
segurança do produto final, sempre e quando a produção primária não é conduzida cumprindo
as Boas Práticas Agrícolas (BPA).
Ainda assim, várias práticas agrícolas, como manejo, armazenamento e secagem
inadequadas de grãos (café, especiarias, milho, amendoim e outros), podem facilitar
contaminação e, em especial, a produção de micotoxinas.
O efeito potencial das atividades da produção primária na segurança do alimento e na
adequação para seu consumo deve ser uma preocupação constante. Inclui a identificação de
qualquer etapa específica na qual existe grande probabilidade de contaminação e a tomada de
medidas que minimizem esta probabilidade.
A segurança dos alimentos é consequência do controle de todas as etapas e de cada elo
da cadeia produtiva, desde a produção primária (campo), até à mesa do consumidor. A
identidade e qualidade é também o objetivo de produtores conscientes. Entretanto, a técnica
de produção usada e os respectivos parâmetros de avaliação devem ser estruturados, visando à
garantir a qualidade do produto.
Os produtos agrícolas são cultivados e colhidos sob uma variedade de sistemas e
condições climáticas e geográficas, com o uso de vários insumos agrícolas e tecnologias e em
fazendas de diferentes dimensões. Os procedimentos usados na produção primária devem ser
conduzidos sob boas práticas de higiene e devem minimizar os perigos potenciais à saúde pela
presença e ocorrência de contaminantes.
a) Riscos Microbianos
As boas práticas agrícolas são indispensáveis para se obter matérias prima com
qualidade, visando principalmente do ponto de vista de contaminações por produtos químicos
e de natureza biológica (SCHENEIDER, 2013).
A contaminação microbiana pode acontecer facilmente no momento das atividades de
pré-colheita e colheita, principalmente pelo contato com o solo, os fertilizantes, a água, os
trabalhadores e os equipamentos utilizados na colheita. Esses fatores podem atuar como fonte
de microrganismos patógenos ou deterioradores, afetando diretamente a qualidade dos
produtores, resultando em prejuízos.
Microrganismos deterioradores são aqueles capazes de deteriorar os alimentos, eles
produzem compostos voláteis que resulta em desagradáveis características sensoriais nos
produtos (EMBRAPA, 2006).
Cenci (2006), afirma que a contaminação biológica pode ocorrer com facilidade
durante a etapa de colheita, onde o trabalhador possui contato direto com o produto, como
Vegetais Contaminantes
Café Ochratoxina-OTA
Tomate Escheria coli.
3.2. Agravantes
Os patógenos possuem grande capacidade de internalização em frutas. Ex: Salmonela
spp. em mamão e tomate.
Capacidade de multiplicação de patógenos (Salmonela spp, Listeria monocytogenes),
em fruas que possuem acidez reduzida (pH > 4,5), como no caso do melão, melancia e
mamão papaya.
Alguns patógenos podem contaminar através da dispersão por água (Escheriaspp,
Salmonela spp, Shigellaspp), contaminando frutos como tomate, manga e vegetais
crus.
Evitar encher em excesso as caixas com frutos evitando danos mecânicos que
possam servir de entrada para patógenos;
Eliminar recipientes que estejam danificados e de difícil limpeza, visando a
redução da possibilidade de contaminação por microrganismos;
Garantir que os produtos que estão sendo lavados no campo, estejam livres de
contaminação;
Antes da remoção dos hortifruticolas do campo, deve-se remover a terra e lama.
2) Manutenção de equipamentos
Utilizar equipamentos e embalagens para colheita de maneira adequada,
mantendo-os limpos e higienizados, antes e após ouso para eventuais usos
posteriores;
Não utilizar equipamentos para o transporte de hortifruticolas, equipamentos que
são usados para o transporte de estercos, lixo e outros entulhos, sem que estejam
cuidadosamente limpos e sanitizados;
Manter os equipamentos de colheita sempre limpos evitando contaminação
cruzada;
Limpar os equipamentos após cada carregamento e antes de serem reutilizados
para a colheita;
Não utilizar equipamento que são usados no transporte de substâncias tóxicas;
Equipamentos utilizados para lixo, subprodutos, produtos estragados e substâncias
perigosas devem ser devidamente identificados e construídos com materiais
apropriados,
Os veículos abertos utilizar lonas de cor clara para cobrir os produtos, deixando
espaço livre para ventilação;
No empilhamento das caixas evitar que o fundo da caixa tenha contato com os frutos
da caixa de baixo;
Retirar os produtos impróprios para consumo antes de transportá-los para a casa de
embalagem;
Retirar ao máximo o excesso de materiais (solo, pedaços de madeira, pedras, etc.), que
possam causar sujeira na casa de embalagem, antes do transporte;
Realizar o transporte em horários frios pela manhã cedo ou a tardinha e fazer em um
intervalo de tempo menor possível;
Minimizar ao máximo danos mecânicos no momento do transporte;
Evitar colocar produtos que estão com temperatura elevada no interior do veículo.
Figura 1: Etapas de limpeza e sanitização dos produtos Hortifruticolas (remoção de resíduos sólidos, lavagem,
enxague, sanitização e secagem).
a) Tratamentos especiais
Quaternária: é utilizado principalmente em frutos destinados à exportação, como
manga melão e mamão. Onde é feita a imersão em água quente a 55 °C por cinco
minutos ou em 46 °C por 75 minutos, podendo adicionar fungicida anágua de
tratamento, com a finalidade de combater a mosca das frutas.
5. EMBALAMENTO
Após realizada a higienização e classificação dos produtos hortifruticolas, devem ser
acondicionadas em embalagens apropriadas, de forma que suas qualidades sejam preservadas.
O embalamento é uma etapa importante, está ligado diretamente ligado com o setor de vendas
e com o controle de estoque, após a chegada de cada lote no embalamento os produtos já
passaram por uma pré-classificação sendo definias definidos o calibre e a categoria dos
produtos (BEM, 2012).
a) Tipos de embalagem
A uma diversidade de matérias primas para confecção das embalagens, podendo ser de
origem natural ou sintética, com características importantes no momento de escolha da
embalagem correta para cada produto, como forma, variedade e tamanho.
As embalagens vão das mais simples como caixas, caixotes, engradados, bandejas,
cestas e sacos, até as mais sofisticadas utilizadas principalmente para longas distâncias e
exportação como caminhões, trailers, vagões, entre outros.
As embalagens podem ser:
Descartável: como embalagens de madeira e papelão, uma forma viável de minimizar
e controlar o rico de contaminação. Tendo como desafio formas de reciclagem desses
materiais;
Retornável: como as embalagens de plástico, são uma boa opção para o produtor,
minimizando custos e preservando o meio ambiente. É imprescindível que essas
embalagens passem por um processo rígido de limpeza, preservando a qualidade dos
produtos e as etapas anteriores de higiene;
Reutilizável: como as embalagens de madeira, importante para os produtores em
razão da diminuição dos custos com embalagens. Deve-se seguir as normas da portaria
127.
b) Rotulagem
O rótulo é uma parte importante no processo de embalagem, é nele que está contendo
informações que chegarão até os consumidores. No rótulo devem vir exposta informações
sobre o produtor, como o nome, endereço e inscrição do produtor ou CNPJ, informações
sobre o produto como o nome e data de embalamento (exemplo abaixo) e informações sobre a
quantidade do produto, no caso, peso liquido. Essas informações estão contidas na legislação
para embalagens, a partir das instruções normativas da SARC/ANVISA/IMETRO 09, de
dezembro de 2002.
Exemplo de rótulo
a) Riscos microbianos
A contaminação por microrganismo patogênicos, pode ocorrer no momento de
embalamento dos produtos, a partir de patógenos encontrados nos pisos e ralos das
instalações, como também, na superfície dos equipamentos utilizados na classificação e
embalamento dos produtos, constituindo-se como uma fonte de contaminação quando em
contato com os produtos a serem embalados, sendo necessário que seja feita limpeza e
higienização desses ambientes evitando posteriores contaminações dos produtos.
A adoção dessas práticas tem um grande impacto na qualidade microbiológica dos
produtos, mostrando a preocupação do produtor com o bem-estar do consumidor e com o
meio ambiente (HENRIQUE, et al, 2014).
3) Controle de pragas
Manter os terrenos em boas condições, fazendo com que estejam livres de resíduos e
restos de lixo evitando a existência de pragas no ambiente;
Realizar monitoramento e manutenção periodicamente das instalações contra o ataque
de pragas, insetos e roedores, visando controlar a contaminação dos produtos;
Bloquear o acesso de pragas as instalações internas;
Usar um controle de pragas.
c) Condições de saneamento
Deve ser realizado limpeza e higienização nas câmaras de armazenamento, onde é
utilizado soluções a base de hipoclorito ou fosfato trissódico realizando a remoção com o
enxague com a água, em seguida realiza-se pulverizações com lisol a uma concentração de
5% ou com formol a 2%, com o intuito de eliminar microrganismos patógenos. As caixas e os
equipamentos levados ao campo, devem ser limpos utilizando hipoclorito de cálcio a uma
concentração de 0,25% ou pela exposição a vapor super-aquecido por dois minutos.
7. TRANSPORTE
Sabe-se das grandes dificuldades de transporte de produtos agrícolas, devido as
estradas que muitas vezes se encontram em condições precárias e quando não é possível
dispor de insumos necessários para manter a qualidade dos produtos obtidos no campo,
tornando o trabalho árduo realizado nas etapas anteriores, no monitoramento da produção em
campo, na colheita, na lavagem e embalagem tornam-se irrelevantes se não existirem
condições apropriadas para o transporte dos produtos (MORETTI, 2003).
O transporte adequado dos produtos hortifruticolas para o mercado é de fundamental
importância para a manutenção da qualidade dos produtos e redução do potencial de
contaminação microbiana. Vários fatores podem influenciar na qualidade dos produtos
hortifruticolas durante o transporte, como:
Injúrias e danos mecânicos por amassamento no momento de empilhamento dos
produtos;
Abrasões ou vibrações contra superfícies ásperas durante o transporte;
Manuseio inadequado no carregamento e descarregamento dos produtos;
Variações de temperatura, umidade e gases.
A partir desses fatores é importante ter cuidados essenciais, que visam a manutenção da
qualidade dos produtos e redução da potencial contaminação microbiana, tais cuidados como:
Minimizar a frequência do manuseio dos produtos;
Disponibilizar proteção continua de temperatura e umidade relativa;
Assegurar boas condições de higiene ao produto;
Os trabalhadores devem ter cuidados no manuseio minimizando as perdas por danos
mecânicos;
Utilizar veículos refrigerados para o transporte dos produtos;
Retirar os produtos dos armazém e depósitos o mais rápido possível.
a) Riscos microbianos
Os riscos de contaminação microbiana pelo contato dos trabalhadores com os produtos
hortifruticolas, aumentam quando esses trabalhadores estão infectados por alguma doença,
sendo indispensável que eles estejam livres de infecções para que não ocorra contaminação
dos produtos. Doenças infecciosas servem de fonte para microrganismo que contaminam os
produtos, onde trabalhadores que apresentem sintomas como vômitos, diarreias ou lesões
abertas não devem ter contato com os produtos, evitando que ocorra contaminação e preserve
a qualidade dos produtos.
9. TREINAMENTO
O treinamento dos funcionários que executam atividades nas várias etapas de
produção é de grande importância. O produtor deve se responsabilizar por passar
treinamentos que enfatiza os cuidados com higiene e sanitização, visando a aprendizagem dos
trabalhadores sobre o assunto e a partir daí evitar a contaminação dos produtos hortifruticolas.
Os trabalhadores devem compreender a importância de se ter uma boa higiene no
ambiente de trabalho, onde práticas simples como lavar as mãos antes de começar o trabalho
ou após usar o sanitário, fazem com que os riscos de contaminação sejam minimizados, onde
a não limpeza pessoal pode causar impactos na segurança alimentar.
O incentivo de boas práticas de manuseio e processamento atingindo os consumidores
também é de grande importância, onde a conscientização dos clientes sobre atitudes simples
como lavar minunciosamente as frutas e hortaliças que vão ser consumidas cruas, evitando
que ao consumir esses produtos in natura os consumidores acabem se contaminando.
10. RASTREAMENTO
Rastreamento é a capacidade de identificar a fonte de um determinado produto, como
produtor, embaladores etc., servindo como um complemento das boas práticas agrícolas, onde
as informações que são obtidas a partir de uma fonte de rastreamento poder ser de grande
utilidade para identificar e eliminar uma serie de riscos.
A rastreabilidade é fundamental especialmente em casos que ocorre impacto causado
por incidentes que envolve a segurança dos produtos, além de possíveis danos que podem ser
causados aos consumidores (TIBOLA; FACHINELO, 2004).
Os produtores de hortifruticolas tem a obrigação de manter os dados atualizado sobre as
práticas de produção, colheita e distribuição de seus produtos, onde esses dados devem ser
mantidos por um período superior ao de comercialização ou de vida útil de prateleira de seus
produtos, dando credibilidade ao produtor e facilitando a condução de um programa de
segurança alimenta (MORETTI, 2003).
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