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HERMENÊUTICA

LIÇÃO I - A IMPORTÂNCIA DE SEU ESTUDO


1. Simplificadamente é "Arte de Interpretar textos".
2. Vem do grego HERMENEVEIN, Interpretar, fazendo parte da teologia exegética, tratando da reta
inteligência e interpretação das Escrituras Bíblicas.
3. Não havendo conhecimento hermenêutico, ocorre distorção da Palavra.
4. As circunstâncias em torno da produção da Bíblia:
a. os escritores foram sempre inspirados pelo Espírito Santo, tendo diversificada categoria de educação:
Esdras foi sacerdote; Salomão, poeta; Isaías, profeta; Davi guerreiro; Amós, pastor; Daniel, estadista; Paulo e
Moisés, Sábios; Pedro e João pescadores; Josué escreveu história; Davi escreveu Salmos; Salomão escreveu
Provérbios.
b. Moisés viveu 400 anos antes do cerco de Tróia e 300 anos antes de aparecerem sábios como Tales,
Pitágoras e Confúcio. João escreveu por último, cerca 1500 anos depois de Moisés.
c. Quanto ao lugar, os escritos provieram de pontos diversos como centro da Ásia, areias da Arábia, os
desertos da Judéia, os pórticos do templo, as escolas dos profetas em Betel e Jericó, nos palácios da Babilônia e
outros lugares, sempre inspirados pelo Espírito Santo.
5. Para entender melhor as Escrituras é preciso encarnar o invisível, pois tão somente deste modo po demos
conceber a existência do invisível operando sobre o visível". (Rm 1:20)

LIÇÃO II - DISPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O ESTUDO PROVEITOSO DAS


ESCRITURAS
O estudo das Escrituras exige um espírito respeitoso e dócil, amante da verdade, paciente no estudo e
dotado de prudência.
1. Espírito respeitoso (I Ts 2:13; Is 66:2; Sl 119:18)
2. Espírito dócil - sem teimosia, preocupações; opiniões preconcebidas e idéias favoritas (I Co 2:14; 2 Co
4:3,4; Sl 25:9)
3. Amante da verdade - coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3:19,20; I Pe 2:1,2; Ef 1:17; Sl 25:14)
4. Paciente no estudo - as Escrituras são como mina de ouro, que aguardam sua descoberta. É preciso ao
mineiro paciência e diligência nesta busca (At 17:11; Sl 119:103,129,162,127).
5. Espírito Prudente - começar do simples e prosseguir para ao mais difícil. Inicie-se com o N.T., ao invés do
V.T.; leia-se os Evangelhos, os 3 primeiros e depois o 4º, depois as cartas pastorais e escritos de Paulo (Mc
4:34; Lc 24:45; Tia 1:5; Sl 119:18,26,34,37,99,103).

LIÇÃO III - OBSERVAÇÕES GERAIS EM RELAÇÃO À LINGUAGEM BÍBLICA


1. É um livro acima de quaisquer suspeitas. Torna o homem "sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus"
(II Tim 3:15,16), por isso esperamos da Bíblia simplicidade e clareza.
2. Na Bíblia encontramos grandes princípios e deveres cristãos expressos em linguagem simples, clara,
evidente e palpável. O homem é tido como caído e corrupto, precisando de arrependimento. A vida eterna vem
da fé em Jesus, por sua obra e mérito, condenando à morte o que não tem a fé no salvador.
3. Assim como em outra literatura é normal encontrar pontos obscuros (palavras e passagens que requerem
estudo e cuidadosa interpretação, também na Bíblia são achados. A hermenêutica vai ajudar-nos nesta área.
4. Os pontos obscuros devem ser entendidos buscando explicação de seu autor, lendo e relendo o
documentos tomando suas palavras e frases no sentido usual e comum. Palavras obscuras devem ser aclaradas,
em 1º lugar pelas palavras próximas ou contíguas a elas. Caso não resolvesse, veríamos o contexto da narração;
seguido pelo parágrafo todo ou passagem; se ainda não bastasse, buscaríamos luz em outras partes do
documento para ver se haveria parágrafos ou frases semelhantes, porém mais explícitas que ocupassem do
mesmo assunto que a expressão obscura.

LIÇÃO IV - REGRA FUNDAMENTAL


"A Bíblia explica a Bíblia, ou seja, ela é sua própria intérprete". (I Co 2:13)
1. Exemplos de pessoas que tiraram a Bíblia do seu contexto a fim de apoiar seus interesses: O Diabo; a
Igreja Católica e a Santa Inquisição; Espíritas e reencarnação; Wilson e Roosevelt e o Militarismo.
2. O forçar da Escritura acarretará em punição divina e juízo (nenhuma profecia - II Pe 2:20).
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3. Quando a Bíblia é estudada à luz do seu conceito, não só se adquire o verdadeiro sentido das palavras e
textos derterminados, mas também a certeza de todas as doutrinas cristãs, quanto à fé e à moral.
4. "Não se pronuncia sentença antes de haver ouvido as partes". É preciso ler o todo, com suas partes, e
assim poder-se-á pronunciar sentença.

LIÇÃO V - PRIMEIRA REGRA


"É preciso, o quanto seja possível, tomar as palavras em seu sentido usual e comum".
1. Nem sempre tudo na Bíblia é tomado ao "pé da letra". Cada idioma tem modos próprios e peculiares de
expressão. Se formos tomar tudo ao pé da letra, perder-se-á ou destruir-se-á o sentido real e verdadeiro. Esse é
um fato típico da Bíblia.
2. Os escritores sagrados, normalmente se dirigiram ao povo, usando uma linguagem figurada e popular e
não científica ou seca, provendo-se de liberdade, variedade e vigor em sua comunicação. Nesse sentido entende-
se o uso abundante de figuras retóricas, símiles, parábolas e expressões simbólicas. Além destes fatores também
deve ser lembrado das expressões peculiares do idioma hebreu, chamados hebraísmos.
3. Exemplos:
a. Gn 6:12 (VRC - carne e caminho, significando: pessoa; costumes ou modo de proceder ou religião,
respectivamente). Paulo fala direto em Rm 3:12.
b. Mulher - dracmas (Cristo é a mulher; o trabalho dele é levado a cabo; uma moeda perdida - homem
perdido). Cristo fala direto em Lc 19:10).
c. Lc 1:69 (casa de Davi - família de Davi ou descendência. Pedro foi direto em At 5:31).
d. Lc 14:26 (aborrecer aos pais entraria em contradição com amar os inimigos, mas essa frase é um
hebraísmo e expressa comparação e preferência entre duas pessoas ou coisas. Jesus quis dizer o que está escrito
em Mt 10:37).

LIÇÃO VI - SEGUNDA REGRA


1. Palavras podem variar de significado, dependendo do texto em que estão sendo empregadas. É preciso
determinar esse significado para entendermos o que querem dizer.

"É de todo necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase".

2. Exemplos:
a. Fé - normalmente significa confiança, mas é empregada como doutrina do Evangelho em Gl 1:23;
como convicção em Rm 14:23.
b. Salvação, salvar - uso freqüente como salvação do pecado com suas conseqüências em At 7:25
significando liberdade temporal; vinda de Cristo em Rm 13:11; toda a revelação do Evangelho em Hb 2:3.
c. Graça - o significado comum é favor, mas é usada como misericórdia e bondade de Deus em Ef 2:8;
pregação do Evangelho em At 14:3; a bem-aventurança o Cristo trará em sua vinda em I Pe 1:13; ensino do
Evangelho em Tt 2:11; doutrinas do Evangelho em oposição às que tratam de alimentos relacionados com as
práticas judaicas (Hb 13:9).
d. Carne: em Ez 36:26 significa disposição terna e dócil; em Ef 2:3 significa nossos desejos sensuais; em
I Tim 3:16 significa forma humana; em Gl 3:3 significa observância de cerimônias judaicas, como a circuncisão
que se faz na carne.
e. Sangue em Mt 27:25 significa culpa e suas conseqüências por matar 1 inocente; Ef 1:7 e Rm 5:9
significa morte expiatória de Cristo na cruz.
3. O pensamento do escritor deve ser respeitado
a. corpo em Mt 26:26 não é corpo literal de Jesus, mas figurado, simbolizando-o pelo uso do pão.
b. as chaves de Mt 16:19 não são literais, mas significam autoridade espiritual (Jo 2:23; Mt 18:18).

LIÇÃO VII - TERCEIRA REGRA

"É necessário tomar as palavras no sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que precedem e
seguem ao texto que se estuda".
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1. Pode achar, no contexto, expressões, versículos ou exemplos que esclarecem e definem o significado da
palavra obscura.
a. Em Ef 3:4 a palavra mistério só é esclarecida como sendo a participação dos gentios no corpo de Cristo
nos versos anteriores e posteriores.
b. Em Gl 4:3,9-11 rudimentos são esclarecidos pelo contexto como práticas judaicas.
2. Às vezes encontra-se uma palavra obscura aclarada no contexto por sinônimo ou ainda por palavra oposta
e contrária à obscura.
a. Sl 3:17 - "alianças" se explica pelo vocábulo "promessa".
b. Col 2:7 - "radicados e edificados" pela expressão "confirmados na fé".
c. "O salário do pecado é a morte" tem sua explicação na seqüência do verso pois diz "mas o dom gratuito
de Deus é a vida eterna (Rm 6:23).
d. Jo 3:36 "crer" em oposição a "manter-se rebelde".
3. As vezes uma palavra que expressa uma idéia geral e absoluta, deve ser tomada num sentido restritivo, 2º
determine alguma circunstância especial do contexto ou melhor, o conjunto das declarações das Escrituras em
assuntos de doutrina.
a. Em Sl 7:8 a integridade e retidão de Davi são lançadas em oposição às calúnias de Cuxe, o Benjamita.
b. O administrador infiel de Lc 16:1-13 é elogiado por causa da prudência.
c. Quando Jesus diz que nenhum da família pecou (Jo 9:3), ele quer dizer que não pecaram no contexto do
filho nascer cego.
d. Tia 5:14 é usado para apoiar a extrema-unção católica, mas a cura ali é física e não espiritual.
e. OBS.: Os originais bíblicos não são divididos em versículos e capítulos, e assim sendo, um parênteses
pode ser muito longo e fazer com que o contexto não pareça ser fácil de achá-lo, por isso devemos ter um trecho
mais longo para considerar.
(1) Ef 3 (parênteses no vs. 2 até o último. O assunto reata no 1º versículo do cap. 4).
(2) Fil 1:27 até 2:16
(3) Rm 2:13 até 16
(4) Ef 2:14 até 18
4. O Contexto pode determinar se 1 expressão deve ser tomada ao pé da letra ou em sentido figurado:
a. Mt 26:27,29 - vinho = sangue - é figurado. Não há transubstanciação.
b. Jo 6:48-63 (Comida e bebida aplicados a carne e sangue não é literal, mas uma apropriação pela fé do
sacrifício de Cristo na Cruz.
c. I Co3:12 (Edificando feno, palha, prata significa doutrinas legítimas e falsas com suas conseqüências.
d.. I Co 3:5-15 [católicos dizem que se refere ao purgatório. Salvação não é de alma, mas de servos de
Deus; o fogo recai sobre a construção deles; esse é o dia de Cristo (rigoroso). Salvo através do fogo e não pelo
fogo].
e. Ef 5:32 (União entre Cristo e a igreja e não o sacramento do casamento, conforme a igreja Católica.

LIÇÃO VIII - QUARTA REGRA

É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as


palavras ou expressões obscuras.
1.O objetivo ou desígnio é adquirido lendo, repetidas vezes, com atenção, levando em consideração a ocasião
e a que pessosas foi escrito. Há livros que constam o seu próprio desígnio, inclusive o da Bíblia toda (Rm 15:4;
2 Tim 3:16,17); o dos Evangelhos (Jo 20:31), o de 2 Pe, no cap. 3;2 e o de Provérbios, no capítulo 1:1,4.
2. Com o estudo diligente, pontos obscuros são aclarados.
3. Exemplos:
a. Gálatas foi escrito para combater os judaizantes, que queriam introduzir erro nas igrejas apostólicas.
Nesse sentido também entedemos melhor Sl 3,18,34 e 51 e os Salmos 120-134 chamados "cânticos dos
degraus". Usados para serem cantados pelos judeus em suas viagens anuais para Jerusalém.
b. Em Mt 19:16; Lc 18:18 - parece que Jesus manda guardar o decálogo. O que queria era mostrar ao rico
a sua cegueira material.
c. A aparente contradição de Paulo e Tiago (Rm 3:28; Tia 2:24) se explica da seguinte maneira: as
pessoas são justificadas diante de Deus mediante a fé, porém nossa fé é justificada diante dos homens mediante
as obras.
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d. "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado... esse não pode viver pecando" (I
Jo 3:9). Não significa que não pecamos, mas apelo contexto, combatia o erro dos filhos do Diabo que pecavam
ao bel prazer e achavam que isso era normal. O crente verdadeiro odeia o pecado, por isso não pode pecar.
e. Em Rm 14:5,6 Paulo parece apoiar a guarda dsa tradições judaicas e já em Gl 4:10,11 ele se opõe.
Como explicar isto. Em Gálatas o problema sõs os judaizantes e já em Romanos o problema é não escandalizar
os jaudeus fracos. Paulo quer pacificar os ânimos (Rm 15:13).

QUINTA REGRA - 1ª Parte

1. "É necessário consultar as passagens paralelas" (I Co 2:13)


a. passagens paralelas são as que tratam do mesmo assunto.
b. elas ajudam a evitar heresias e aclaram o contexto
c. há paralelos de palavras, de idéias e de ensinos gerais.
2. Paralelos de palavras: quando o conjunto da frase ou contexto não esclarece, busca-se referências onde a
Palavra aparece.
3. Exemplos:
a. Gl 6:17: "trago no corpo as marcas de Jesus". Quais marcas? Em 2 Co 4:10 fala de perseguição física.
Em 2 Co 11:23,25 fala dos açoites, da varas que o marcaram permanentemente.
b. Gl 3:27 diz o apóstolo dos batizados:"De Cristo vos revestistes". Em que consiste ser revestido de
Cristo? Rm 13:13,14 e Col 3:12,14 esclarece que consiste em deixar práticas carnais como luxúria, dissoluções,
contendas, ciúmes. Não é roupa simples (ainda que os cristãos devam usá-la).
c. At 13:32 - 2º o coração de Deus significa perfeição? I Sm 2;35 quer um sacerdote fiel; já em I Sm
13:14 vemos que Saul era rebelde e tinha má conduta. Nas Escrituras vemos referência à vida piedosa de Davi.
d. Balaão foi profeta (Nm 22,24). II Pe 2:15,16 e Jd 11 diz que ele foi um falso-profeta e que do seu
engano, 23.000 pessoas foram destruídas (Ap 2;14).
e. I Crô 21:11 fala em 3 anos e II Sm 24;13 fala de 7. II Sm 21:1 esclarece que já havia passado 3 anos e
que transcorria o 4º, restando 3 ainda.

4. OBS.: Para se aclarar a palavra obscura devemos consultar a palavra no livro do mesmo autor, depois nos
demais da mesma época e, finalmente em qualquer livro da Escritura.
a. Obras em Romanos e Gálatas significa as práticas da Lei antiga como fundamento para salvação. Obras
em Tia significa obediência e santidade que a verdadeira fé em Cristo produz (aqui vemos que, de preferência,
paralelos devem ser buscados no mesmo autor, mas nem sempre servirão para todas as expressões - veja Gn
48:8,10 - o "ver" ali não era "ver" como pensamos).
b. Em At 9:7 diz que os companheiros ouviram a voz do Senhor. No cap. 22:9 diz que "não perceberam o
sentido da voz", ou outra versão "não ouviram a voz". Explicação: os Gregos, na verdade, não entenderam
(sentido do ouviram) o que foi falado.
c. A palavra "arrepender-se" no N.T. é usada para mudança de mente do pecador, de opinião, de
convicção íntima, de sentimento, enquanto que no V.T. é muito diversificada, de modo que só o contexto pode
aclarar. "Deus se arrependeu" nunca é empregada no N.T., com exceção quando menciona o V.T.; já no V.T. é
comum.

QUINTA REGRA - 2ª Parte


5. Paralelos de Idéias
a. O paralelo de idéias seria a busca de um texto correlacionado ao texto obscuro, para aclarar sua
passagem problemática.
Exemplos:
(1) Quando Jesus, na Ceia disse: "Bebei dele todos", estaria dizendo: só os ministros? I Cor 11:22-29
há 6 versículos falando em "comer do pão e beber do vinho" a todos os membros da Igreja.
(2) Quando Jesus disse: "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" - teria ele constituído Pedro
alicerce dela? Em Mt 21:42,44 Jesus é chamado de Pedra fundamental ou "Pedra angular". Pedro chama Jesus
de "Pedra que vive, a principal pedra angular" (I Pe 2:4,8). Leia-se também Ef 2:20 e I Co 3:10,11.
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b. O Objetivo desse tipo de paralelos é de aclarar passagens obscuras, mediante paralelos mais claros:
expressões figurativas, mediante textos paralelos próprios e sem figura, e as idéias sumariamente expressas,
mediante os paralelos mais extensos e explícitos.
(1) I Pe 4:8 (porque o amor cobre multidão de pecados). De acordo com I Co 13 e Col 1:4, isso
significa amor fraternal. Em que sentido significa cobrir. Rm 4:8 e Sl 32:1 vemos pecado perdoado sob figura
de "pecado coberto", "sepultado no esquecimento". Pv 10:12, citado por Pedro nos faz compreender que
significa perdoar as ofensas dos irmãos (não significa merecer o perdão ou dissimuladamente perdoar a si
mesmo e outros que pecaram).
(2) Gl 6:15 - O que é de valor para Cristo é a nova criatura. 2 Co 5:17 diz que a nova criatura é a
pessoa que "está em Cristo". Gl 5:6; I Co 7:19 nova criatura é a pessoa que tem fé e observa os mandamentos de
Deus.
(3) Fil 3:9 Paulo diz que quer ser achado em Cristo, "não tendo justiça própria que procede de Lei..."
Para aclarar, deve-se ler Rm 3,4,5 e Gálatas 3 e 4.

QUINTA REGRA - 3ª Parte


6. Paralelos de Ensinos Gerais
Se os paralelos de idéias e palavras não resolvem a dúvida, busca-se o teor geral, ou seja, os ensinos
gerais das Escrituras (I Co 15:3,14; At 3:18; Rm 12:6).
Exemplos:
(1) Concluir pelo texto de "o homem é justificado pela fé sem as obras de Lei" que o homem de fé fica
livre das obrigações de viver uma vida santa e de conformidade com os preceitos divinos.
(2) Há textos na Bíblia que dão a impressão de ser Deus um ser humano, limitado ao tempo ou lugar,
diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria. Isso se deve a linguagem
figurada bíblica e a incapacidade da mente humana de abraçar a mente divina em sua totalidade.
(3) Pv 16:4 diz: "o Senhor fez todas as cousas para determinados fins, e até o perverso para o dia da
calamidade". Deus teria criado o ímpio para condená-lo? Não! Deus quer o arrependimento de todos. No dia
mau, o Senhor valer-se-á inclusive do ímpio para levar a cabo seus adoráveis desígnios.

7. Paralelos Aplicados à Linguagem Figurada


Certos textos mostram Deus com uma cálice na mão, dando de beber aos que quer castigar, caindo estes
por terra, embriagados a aturdidos (Naum 3:11; Hab. 2:16; Sl 75:8; etc.). Is 51:17,22,23. Diz que o cálice é o
furor da ira ou justa indignação de Deus e o aturdimento ou embriaguez, assolações e quebrantamentos
insuportáveis.
Chama-se discípulos de ovelhas; Cristo se apresenta como cordeiro; redenção vem em termos de
pagamento da dívida; homem morto no pecado não significa que não possa se arrepender e que está sem culpa.

FIGURAS DE RETÓRICA (1ª Parte)


1. Metáfora: semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que é próprio do outro
(ordem subjetiva).
Exemplos:
a. Jesus disse "eu sou a videria verdadeira" e vós sois as varas", querendo dizer que ele é a fonte da seiva
da vida e os discípulos objetos de frutificação, estando ligados a Cristo.
b. "Eu sou a porta; eu sou o caminho, eu sou o pão vivo; vós sois a luz, o sal; edifício de Deus, etc. (Jo
15:11; 10:9; 14;6; 6:51; Mt 5:13,14; I Co 3:9: Lc 13:32; Mt 6:22; Gn 49:9; Sl 71:3; 84:11; Obadias 18)
c. A luz alagava a clareira (fig. para água).
2. Sinédoque: "quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero pela
espéicie, ou vice-versa".
Exemplos:
a. Sl 16:9 ("minha carne repousará segura", ou seja, meu corpo ou ser)
b. I Cor 11:26: ("todos as vezes que beberdes o cálice", em lugar de dizer do cálice).
c. At 24:5 (todo o mundo era a região, local dos judeus e não o mundo todo).
d. Ganharás o pão (alimento) com o suor do teu rosto.
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3. Metonímia: "Quando sem emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo pela relaidade que indica
o símbolo" ou "o emprego de um termo em lugar de outro; havendo entre ambos estreita afinidade ou
contigüidade de sentido".
a. Ganharás o pão com o suor (trabalho) do teu rosto.
b. Lc 16:29 - eles têm Moisés (escritos de) e os profetas; ouçam-nos.
c. Jo 13:8 - "se eu não te lavar (purificar a alma) não tens parte comigo".
d. I Jo 1:7 - "O Sangue (paixão e morte expiatória de Jesus) de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o
pecado".

FIGURA DE PENSAMENTO

4. Prosopopéia: "quando se personifica as cousas inanimadas, atribuindo-se-lhes os feitos e ações de


pessoas".
Exemplos:
a. I Cor 15:15 - "onde está, ó morte, o teu aguilhão?"
b. I Pe 4:8 - "o amor cobre multidão de pecados".
c. Is 55:12
d. Sl 85:10,11 - "encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a
verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar".

5. Ironia: ressaltando o sentido verdadeiro, usa-se o mesmo em contrário, ou seja, faz-se ironia, desprezo:
Exemplos:
a. 2 Co 11:5; 12:11; 11:13 - chama os falsos mestres de apóstolos.
b. I Rs 18:27 (Elias debocha dos profetas de Baal)

6. Hipérbole: é a expressão intencionalmente exagerada como ato de realçar o pensamento.


Exemplo:
a. "Meu rapaz, és um outro Rui Barbosa"
b. Nm 13:33; Dt 1:28 ("vimos ali gigantes ...e éramos como gafanhotos... cidades ...fortificadas até aos
céus.
c. "Já lhe avisei mil vezes".
d. Jo 21:25 ("... nem no mundo inteiro")

FIGURAS DE RETÓRICA (2ª Parte)


1. Alegoria: é uma figura retórica (de efeito), que geralmente consta de várias metáforas unidas,
representando cada uma realidade peculiar. Uma interpretação ao pé da letra pode até ser impossível. Às vezes
pode vir acompanhada de uma parábola, que a interpreta.
Ex.: a. Jo 6:51-65
b. Sl 80:8-13
c. Isa 5:1-7
2. Fábula: é uma alegoria histórica contada em forma de narrativa, onde se personificam coisas ou animais.
Pouco achada na Bíblia.
Ex.: 2 Rs 14:9
3. Enigma: É um tipo de alegoria, porém de evolução difícil
Ex.: a. Juízes 14:14
b. Pv. 30:24
4. Tipo: Palavras, fatos, ou objetos do presente que se visualizam em palavras, fatos ou objetos no porvir. A
Bíblia chama isso de "sombra dos bens vindouros".
Ex.: a. Jo 3:14 - Tipo da serpente no deserto
b. Mt 12:40 - Jonas e a ressurreição
c. Rm 5:14; I Cor. 5:7 - 1º e último Adão; Cordeiro
d. Hb 9:11-18; 10:8-10
a. Aceita-se como tipo assim como o N.T. aceita;
b. O tipo é inferior ao seu correspondente real, ou seja, nem tudo nele pode corresponder à realidade;
c. O tipo pode apresentar coisas diferentes
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d. Não serve de base e fundamento para as doutrinas cristãs (ilustra apenas)
5. Símbolo: É uma espécie de tipo, o qual tem uma certa significação em paralelo a uma realidade
considerada ou verdade importante.
Ex.: a. Ap. 5:5; 6:2; Mt 10:16 - Leão, Rei dos Animais; Cavalo - força; Serpente - Astúcia.
b. Mat. 16:19 - Chaves - autoridade
c. Mt 16:18 - Portas - força e domínio
d. Rm 6:3,4; I Co 11:23-26
6. Parábola: É um tipo de história apresentada sob forma de narração, a qual serve para ilustrar verdades
importantes.
a. Lc 18:1-7. A importância da oração
b. Mt 13:3-8. O Semeador
c. Mt 13:24-30 e 36-43. O Joio e o Trigo
d. Lc 15; 18:10-14
Como usar a Parábola corretamente:
a. Deve-se buscar seu objetivo
b. Devemos levar em conta os traços principais e tomar cuidado com os adornos que nele estão (Lc 11:5-
8)
c. Não confunda parábolas com doutrinas. Parábolas não produzem doutrinas, mas as ilustram.

FIGURAS DE RETÓRICA (3ª Parte)


1. Símile: "Do latim 'Símilis', que significa semelhante ou parecido a outro.
Ex.: Jesus chama Herodes de aquela raposa (metáfora). Se dissesse Herodes era como uma raposa ('símile').
A palavra "como" tem um bom lugar de uso nesta figura.
(ler outros exemplos no livro - página 85,86)
2. Interrogação: do latim, que significa pergunta. A pergunta é considerada figura quando encerra uma
conclusão evidente. O orador que a usa já sabe a resposta.
Ex.: "Não fará justiça o juiz de toda a terra? (Gn 18:25)
Hb 1:14 - "Não são ... dos que hão de herdar a salvação?
Livro - página 88
3. Apóstrofe: Assemelha-se muito a personificação ou prosopopéia. Apostrophe, termo latino, oriundo do
grego Apo, que significa "de" e Strepho, que significa "volver-se". O orador se "volve de" seus ouvintes
imediatos para dirigir-se a uma pessoa ou cousa ausente ou imaginária. A interrupção é súbita!
Ex.: "Que tens, ó mar, que assim foges? e tu, Jordão, para tornares atrás? Montes, por que saltais como
carneiros? e vós colinas, como cordeiros do rebanho? ... manancial" (Sl 114:5-8).
"Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! quem me dera que eu morrera por ti, Absalão,
meu filho, meu filho!" (2 Sam 18:33)
LIVRO - PÁGINA 90,91
4. Antítese: Colocar 1 coisa contra a outra, ou seja, o contraste de duas palavras ou dois pensamentos.
Ex.: Dt 30:15 - "vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal".
LIVRO - PG. 91,92
5. Clímax ou Gradação: Significa escala, no sentido figurado da palavra. Apresenta idéias em progressão
ascendente ou descendente. Pode consistir de poucas palavras ou pode estender-se por todo o discurso ou livro.
Ex.: Hebreus 11
Romanos 8 (LIVRO - PG. 94-96)

FIGURAS DE RETÓRICA (4ª Parte)


1. PROVÉRBIO: do latim Pro (antes) + Verbum (palavra). É um dito comum ou adágio. No provérbio há
paralelismo, normalmente divididos em antitéticos ou sintéticos. Alguns provérbios são parábolas abreviadas ou
condensadas; outros metáforas; outros, símiles; e outros se têm estendido até formar alegorias (Jo 10:6;
16:25,29).
O Objetivo do Provérbio (1:2-6)
Exemplos:
a. Médico, cura-te a ti mesmo (Lc 4:23)
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b. Não há profeta sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua casa (Mc 6:4: Mt 13:57; I
Rs 17,18 (Elias); II Rs 5:1-14 (Eliseu)
c. "O cão voltou ao seu próprio vômito; e a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal" (2 Pe 2:22; Pv.
26:11)
ADVERTÊNCIAS:
(1) Há fatos e costumes que se perderam para nós, portanto devemos observar bem;
(2) É preciso determinar a classe do Provérbio. Poderá ser símiles, metáforas, parábolas ou alegorias. Ex.:
Pv 1:20-33 (a sabedoria - parábola); Ec 9:13-18.
(3) Estude o contexto para esclarecer
(4) Se não esclarecer, ficar na expectativa de ainda achar resposta suficiente.
(5) Não usar provérbio ou outro texto como prova doutrinária, se não pode ser determinado precisamente,
embora pareça ajudar.
(6) Consultar os eruditos bíblicos
(7) Acima de tudo orar por iluminação

2. ACRÓSTICO: Oriundo de termos grego e que significa extremidade ou verso.


Ex.: Sl 119 tem 176 versos; contém 22 estrofes e cada uma delas com letra do alfabeto hebraico. Há 8
linhas duplas em cada estrofe. Em cada uma das 8 linhas, inicia-se com Aleph (a primeira letra do alfabeto
hebreu). Na 2ª estrofe, cada linha dupla se inicia com Beth (a 2ª letra do alfabeto) e assim sucessivamente até o
fim.
Sl 25 e 34 têm 22 versículos em português, e o mesmo nº em hebraico. Para cada um, uma letra do
alfabeto.
Sl 111, 112 - cada um dos versículos ou estrofes está dividido em duas partes, seguindo a ordem do
alfabeto.
Os últimos 22 versículos do capítulo final de Provérbios começam com cada letra do alfabeto hebraico em
ordem alfabética.
A maior parte das Lamentações de Jeremias estão escritas como acróstico.

3. PARADOXO: É uma declaração oposta à opinião comum, sendo ela contrária a todas aparências e à
primeira vista absurda, impossível, mas que após estudada, bastante lógica. Paradoxo vem do latim Para
(contra) + Doxa (opinião ou crença).
Exemplos:
a. Vede, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus (Mt 16:6; Mc 8:14-21; Lc 12:1) - Não era
pão, mas influência hipócrita.
b. "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos" (Mt 8:22; Lc 9:60).
c. "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" (Mt 12:46-50).
d. "Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai... (Mt 14:26)
e. Mc 8:35
f. "Coais um mosquito e engolis um camelo" (Mt 23:24)
g. Mt 19:24
h. "Quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Co 12:10; Ef 6:10)

HEBRAÍSMOS
Certas expressões e maneiras peculiares do idioma hebreu que ocorrem em nossas traduções da Bíblia,
originalmente escritas em hebraico e em grego.
Exemplos:
a. Era costume entre hebreus chamar as pessoas pela característica ou atividade principal em que era
conhecido. Filho da paz; Filho da luz; Filhos da desobediência (Lc 106; Ef 2:2; 5:6,8)
b. Comparações eram usadas por meio de negações. "Qualquer que a mim me receber, não recebe a mim,
mas ao que me enviou". "Trabalhai, não (só) pela comida que prece, mas pela que subsiste para a vida eterna
(Mc 9:37; Jo 5:30; 6:27; At 5:4; I Co 1:17 e Ef 6:12)
O amar e o Aborrecer usados para expressar preferência de uma cousa a outra: "Amei a Jacó, porém me
aborreci de Esaú (Rm 9:13; Dt 21:15; Jo 12:25; Lc 14:26; Mt 10:37)
c. Para indicar uma pessoa ou cousa, os hebreus usavam o plural: "a Arca repousou sobre as Montanhas
do Ararate" (um dos montes Ararate) (Gn 8:4; Jz 12:7; Mt 24:1; Mc 13:1; Lc 23:36; Mt 27:48)
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d. Era usual o hebreu usar o nome dos pais para denotar seus descendentes: "Maldito seja Canaã (Gn
9:25), ou seja, maldito sejam os descendentes de Canaã (Gn 49:7; Sl 14:7; I Rs 18:17,18).
e. "Filho" usado para expressar descendência remota. Levitas, filhos de Levi; Mefibosete, filho de Saul,
embora fosse neto. A palavra "Pai" é usada para designar um ascendente qualquer. "Irmão" - Ló se chama irmão
de Abraão, embora fosse sobrinho (Gn 14:12-16)

Quase-hebraísmos: certos números, palavras que expressam fatos realizados ou supostos e nomes próprios.
Exemplos:
a. Certos números usados para expressar quantidades indeterminadas:
(1) dez: significa vários, como também nº exato (Gn 31:7; Dn 1:20)
(2) 40: significa muitos; Persépolis chamada 'a cidade das 40 torres', embora o nº fosse muito maior. (2
Rs 8:9; Eze 29:11-13
(3) "7" e "70" se usam para expressar um número grande e completo, ainda que indeterminado (Pv
26:16,25; Sl 119:164; Lev. 26:24)
b. Números redondos podem expressar quantidades inexatas. Jz 11:26 usa-se 300 no lugar de 293 (cap.
20:46,35).
c. Às vezes aparece alguém anunciando algo feito, atribuindo-o a si, quando na verdade, foi apenas seu
porta-voz
Exemplos:
(1) Lv 13:13 (no original) dá a impressão que o leproso é purificado pelo sacerdote, quando ele apenas o
declara limpo.
(2) 2 Co 3:6 - "a letra mata".
(3) Jo 4:1,2 - "Jesus" batizava
(4) Judas adquiriu um campo (At 1:16-19; Mt 27:4-10)
(5) A dureza do coração de faraó - foi por causa da misericórdia de Deus, resistindo a ela (Êx. 8:15;
9:12; Rm 9:17)
(6) Jr 1:10; Is 6:10
Em alguns casos dá-se a impressão de que Deus consente com coisas aparentemente contraditórias.
(7) Eze 20:39; Nm 22:20; Jo 13:27
d. Usos de diferentes nomes, singular, mesma pessoa.
(1) pessoas diferentes designadas com um mesmo nome.
(a) Faraó significa regente- nome comum de todos os reis egípcios, usado comumente de Abraão
até a invasão dos Persas; depois passou a chamar-se Ptolomeu
(b) Abimeleque - meu Pai é rei - usado comumente para reis filisteus, amalequitas e Ben-Hadade
dos Siros.
(c) César era usado para os imperadores romanos; Tomé é e Dídimo são uma só pessoa.
(2) Lugares diferentes designados com um mesmo nome:
(a) há duas Cesaréias: a de Filipe, na Galiléia e a situada na costa do Mediterrâneo. A última era
portuária, constantemente citada no livro de Atos.
(b) Antioquia: da Síria (onde Paulo e Barnabé iniciaram seus trabalhos e a da Pisídia, à qual se faz
referência em At 13:14; 2 Tim 3:11
(c) Vária Mispas, como o de Galeede, de Moabe, o de Gibeá e o de Judá (Gn 31:47-49; I Sam 22:3;
7:11; Josué 15:38)
(3) Um mesmo nome que designa a uma pessoa e a um lugar. Magogue é o nome de um filho de Jafé,
sendo também o nome do País ocupado pela gente chamada Gogue (Ez 38; Ap. 20:8)
(4) Uma mesma pessoa e um mesmo lugar com nomes diferentes.
(a) Horebe ou Sinai
(b) Etiópia ou Cuxe (Is 66:19; Zac. 9:13; Dn 8:21)
(c) Lago de Genesaré ou Mar de Quinerete ou Mar da Galiléia ou Mar de Tiberíades (Mt 4:18; Jo
21:11)
(d) Mar Morto ou Mar da Planície ou mar do Este (2 Rs 14:25; Gn 14:3; Jos 12:3)
(e) M. Mediterrâneo ou dos Filisteus; ou Ocidental; ou Mar Grande (Êx 23:31; Dt 11:24; Nm
34:6,7)
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"A importância deste conhecimento é fazer desaparecer a ignorância e as aparentes contradições
Escriturísticas."

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