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Pró-Reitoria Acadêmica

Curso de Biomedicina
Trabalho de Conclusão de Curso

COBERTURA VACINAL NA POPULAÇÃO JOVEM


PARA INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Autoras: Ana Elizabeth Oliveira Lima


Araiane Izidro Gonçalves
Kamyla de Araujo Guimarães

Orientadora: Profa. Ma. Fabiana Nunes de Carvalho Mariz

Brasília - DF
2022
ANA ELIZABETH OLIVEIRA LIMA
ARAIANE IZIDRO GONÇALVES
KAMYLA DE ARAUJO GUIMARÃES

COBERTURA VACINAL NA POPULAÇÃO JOVEM PARA INFECÇÕES


SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Monografia apresentada ao curso de graduação


em Biomedicina da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Biomedicina.

Orientadora: Profa. Ma. Fabiana Nunes de


Carvalho Mariz

Brasília
2022
RESUMO

Referência: LIMA, Ana Elizabeth Oliveira; GONÇALVES, Araiane Izidro; GUIMARÃES,


Kamyla de Araujo. Cobertura vacinal na população jovem para infecções sexualmente
transmissíveis: uma revisão bibliográfica. 2022. 42 p. TCC (Graduação) - Curso de
Biomedicina, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2022.

Essa monografia teve como finalidade observar a cobertura vacinal da população brasileira
contra as infecções sexualmente transmissíveis (IST) causada pelo Papilomavírus Humano
(HPV) e pelo vírus da Hepatite B (HBV), e ainda descrever as principais informações acerca
dessas infecções. Foi elaborada segundo o modelo Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
Na introdução são apresentados os dados epidemiológicos das IST. O Papiloma Humano é
relatado como a IST de maior incidência no mundo, podendo ocasionar infecções agudas ou
persistentes, com potencial para desencadear vários tipos de câncer inclusive o de colo de
útero que acomete inúmeras mulheres. Em continuidade, também se discute a Hepatite B, que
se classifica como uma infecção hepática de elevada gravidade, potencialmente fatal onde os
índices de cirrose hepática e câncer hepático são altos principalmente em portadores
assintomáticos. No desenvolvimento relata-se as principais características do HPV e do HBV,
as formas de diagnóstico laboratorial, o tratamento e as principais formas de prevenção.
Destacam-se no trabalho as subseções sobre cobertura vacinal no Brasil a partir da análise dos
dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) do
Ministério da Saúde. Na conclusão, foi observada baixa cobertura vacinal para HPV e em
relação aos dados da vacinação da Hepatite B dos adultos jovens, foi percebido a falta de
continuidade da imunização desses indivíduos.

Palavras-chave: adultos jovens; vacina HPV; vacina hepatite B; cobertura vacinal; vírus da
Hepatite B; Papilomavírus humano.
ABSTRACT

This monograph had as main purpose to observe the vaccination coverage of the Brazilian
population against sexually transmitted infections (STI) caused by human papillomavirus
(HPV) and hepatitis B virus (HBV), and also to describe the main information about these
infections. It was elaborated according to the Introduction, Development and Conclusion
model. The introduction presents epidemiological data of STI. Human Papilloma is reported
as the most common incidence STI in the world, and may cause incisive or persistent
infections, with the potential to trigger various types of cancer, including cervical cancer that
affects countless women. In continuity, hepatitis B is also discussed, which is classified as a
severe liver disease, potentially fatal where liver cirrhosis and liver cancer rates are high
mainly in asymptomatic carriers. The main characteristics of HPV and HBV, the forms of
laboratory diagnosis, treatment and the main forms of prevention are reported in the
development. The subsections on vaccination coverage in Brazil stand out from the analysis
of data from the Information System of the National Immunization Program (SI-PNI) of the
Ministry of Health. In conclusion, low vaccination coverage for HPV was observed and in
relation to hepatitis B vaccination data of young adults, the lack of continuity of immunization
of these individuals was observed.

Keywords: young adult; HPV vaccine; hepatitis b vaccine; vaccination coverage; hepatitis b
virus; human papillomavirus.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................7
2 DESENVOLVIMENTO........................................................................................................9
2.1 PAPILOMAVÍRUS HUMANO...........................................................................................9

2.1.1 Estrutura e composição......................................................................................................9

2.1.2 Classificação....................................................................................................................10

2.1.3 Fatores de infecção..........................................................................................................10

2.1.4 Diagnóstico......................................................................................................................12

2.1.5 Tratamento.......................................................................................................................13

2.1.6 Epidemiologia..................................................................................................................14

2.1.7 Prevenção.........................................................................................................................14

2.1.7.1 Vacina contra HPV.......................................................................................................15

2.2 HEPATITE B (HBV)..........................................................................................................17

2.2.1 Estrutura e composição....................................................................................................17

2.2.2 Classificação....................................................................................................................18

2.2.3 Fatores de infecção..........................................................................................................18

2.2.4 Diagnóstico......................................................................................................................20

2.2.5 Tratamento.......................................................................................................................21

2.2.6 Epidemiologia..................................................................................................................22

2.2.8 Prevenção.........................................................................................................................23

2.2.8.1 Vacina contra Hepatite B..............................................................................................23

2.3 COBERTURA VACINAL.................................................................................................25

2.3.1 Cobertura Vacinal do HPV..............................................................................................25

2.3.1.1 Esquema Vacinal..........................................................................................................25

2.3.1.2 Métodos.........................................................................................................................26

2.3.1.3 Resultados.....................................................................................................................26

2.3.2 Cobertura Vacinal da Hepatite B.....................................................................................32


2.3.2.1 Esquema vacinal...........................................................................................................32

2.3.2.2 Métodos.........................................................................................................................32

2.3.2.3 Resultados.....................................................................................................................33

3 CONCLUSÃO......................................................................................................................37
ANEXO A – CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO SBIm CRIANÇA......................................38

ANEXO B – CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO SBIm ADOLESCENTE............................39

ANEXO C – CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO SBIm ADULTO........................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................41
7

1 INTRODUÇÃO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são frequentes e consideradas um


problema de saúde pública em todo o mundo. Causadas por vírus, bactérias ou outros
microrganismos, as IST são uma das principais razões de procura da população para o
atendimento em saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), diariamente, mais
de um milhão de IST são adquiridas em todo o mundo, sendo estimado 376 milhões de novos
casos ao ano (MIRANDA et al., 2020). A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada
em 2021, estimou que cerca de 1 milhão de pessoas tiveram diagnóstico médico de IST ao
longo do ano em todo o território nacional, o que corresponde a 0,6% da população com 18
anos de idade ou mais (BRASIL, 2021a).
Dentre as IST, cinco são citadas como as mais comuns: Herpes simplex 1 e 2, causada
pelo vírus denominado Human herpesvirus 1 e 2 (HSV); Papiloma Humano infecção causada
pelo Human papilomavirus (HPV); as hepatites virais B e C, Hepatitis B virus (HBV) e
Hepatitis C virus (HCV), respectivamente; sífilis, que é uma infecção bacteriana causada pelo
Treponema pallidum e principalmente a infecção causada pelo Human immunodeficiency
virus (HIV). No Brasil, as bases para prevenção, diagnóstico e tratamento das IST estão bem
estabelecidas, assim como seu modelo de vigilância epidemiológica, composto por
notificação compulsória, além de serviços sentinela e estudos transversais em determinados
grupos populacionais (BRASIL, 2020).
O método mais seguro para evitar a transmissão das IST é o uso da camisinha em
todas as relações sexuais, mas a PNS 2019 trouxe um dado preocupante quanto a este
cenário: entre os indivíduos com 18 anos ou mais de idade que tiveram relação sexual nos 12
meses anteriores à data da entrevista, apenas 22,8% (ou 26,6 milhões de pessoas) usaram
preservativo em todas as relações sexuais, 17,1% dos entrevistados afirmaram usar às vezes, e
59,0% em nenhuma vez (BRASIL, 2021a). Para além da proteção oferecida pelo uso da
camisinha, existem ainda vacinas com eficácia já comprovada contra duas destas infecções,
causadas pelos vírus HPV e HBV.
A infecção por papilomavírus humano é considerada a infecção sexualmente
transmissível de maior incidência mundial, estima-se cerca de 600 milhões de pessoas
infectadas pelo HPV no mundo e que 80% da população sexualmente ativa já tenha entrado
em contato com o vírus em algum momento da vida. Entre as doenças associadas à infecção
por HPV, destaca-se o câncer do colo de útero que, apesar dos programas de rastreamento,
continua a acometer muitas mulheres, principalmente nos países em desenvolvimento, como o
8

Brasil (MARTINS; FRIDMAN; MAGNO, 2021). Já a hepatite B é definida pela OMS como
uma doença hepática potencialmente fatal causada pelo vírus HBV, a sua infecção gera um
processo inflamatório no fígado, o portador pode ser sintomático ou assintomático, sendo este
último o responsável pelos altos índices de cirrose hepática e câncer hepático.
Aproximadamente um terço da população mundial já se expôs ao vírus e estima-se que 240
milhões de pessoas estejam infectadas cronicamente. A hepatite B é responsável por
aproximadamente 780.000 óbitos ao ano no mundo (BRASIL, 2017).
É notória a importância das vacinas na proteção à saúde. No Brasil, o Programa
Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza imunobiológicos para toda a população, com
calendário vacinal específico para cada faixa etária. Então levando em consideração que a
vacina é uma medida de prevenção eficaz contra o HPV e o HBV, capaz de interromper a
cadeia de transmissão das doenças, questiona-se qual a cobertura vacinal nos jovens para tais
IST.
Portanto, este estudo teve como objetivo analisar a cobertura vacinal dos jovens contra
HPV e HBV. Por ser um assunto de grande relevância científica, a cobertura vacinal, neste
caso, específica para as IST, possui aspectos importantes para a contribuição na prevenção
dessas infecções. Tratar da imunização, fornecida pelo Sistema Único de Saúde, não somente
incentiva a busca dos indivíduos para garantir proteção, mas também, aprimora o
conhecimento e o alcance do tema na sociedade, enfatizando a importância das vacinas.
Este estudo constitui uma revisão narrativa a respeito da vacinação de jovens contra
HPV e Hepatite B. Usando as palavras-chave “adultos jovens”, “vacina HPV”, “vacina
hepatite B”, “cobertura vacinal”, “vírus da Hepatite B”, “Papilomavírus humano”, o período
de pesquisa foi de setembro de 2021 a maio de 2022. Foram utilizadas para fins de pesquisas
as plataformas: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), SciELO Saúde Pública, Rede BiblioSUS,
repositórios digitais de universidades públicas e privadas, além de portais digitais e materiais
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e
Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta revisão teve como critério de exclusão artigos
datados anteriores a 2007.
O modelo utilizado para organização dessa monografia foi o IDC, constituído por
Introdução - que dá início a discussão e aborda o assunto de maneira geral -,
Desenvolvimento - dividido em subseções que especificam os vírus aqui estudados desde a
sua estrutura até a prevenção da doença que ele causa, assim como a cobertura vacinal para
HPV e HBV – e a Conclusão - procura discorrer, de forma clara, sobre as deduções tiradas
após a leitura dos estudos e análise dos dados do Sistema de Informação do Programa
9

Nacional de Imunizações (SI-PNI) do Ministério da Saúde do Brasil.


2 DESENVOLVIMENTO

2.1 PAPILOMAVÍRUS HUMANO

2.1.1 Estrutura e composição

O Papilomavírus Humano, sigla em inglês (HPV), membro da família


Papillomaviridae do gênero Papilomavirus, é uma partícula pequena, de capsídeo
icosaédrico, medindo, aproximadamente, 55 nm de diâmetro, e não possui envelope lipídico
(Figura 01). Seu genoma é composto por uma dupla hélice de DNA circular, com
aproximadamente 8 mil pares de bases (8 kb) (ROMANOS, 2015; SANTOS, 2018).

Figura 01 – Organização estrutural do vírus HPV

Fonte: Adaptado de University of Nebraska-Lincoln/ Angie Fox (2009)

O genoma viral (Figura 02) é dividido em região reguladora LCR (Long Control
Region), que contém a origem de replicação (ORI) e a maioria dos promotores de transcrição;
e as regiões codificadoras denominadas ORF (Open Reading Frames), que são divididas nas
sequências precoce e tardia. A região precoce (E – Early) contém três oncogenes (E5, E6 e
E7) os quais regulam o processo de transformação e, duas proteínas regulatórias (E1 e E2) as
quais regulam a transcrição e replicação. A região tardia (L – Late), codifica as duas proteínas
estruturais do capsídeo (L1 e L2), responsáveis pelas etapas finais da replicação do vírus
(ROSA et al., 2009; SANTOS, 2018).
10

Figura 02 – Representação estrutural do genoma do HPV

Fonte: Adaptado de Sağnıç (2021)

2.1.2 Classificação

A classificação do papilomavírus humano tem sido baseada na homologia de seu


genoma. Para serem considerados de um mesmo tipo não podem variar mais do que 2% na
região codificante ORF e 5% na região LCR. Sendo assim, pequenas variações no seu
genoma originam diferentes tipos de HPV (ROSA et al., 2009).
Atualmente, mais de 200 tipos já foram catalogados e registrados no International
Human Papillomavirus Reference Center, dos quais cerca de 40 infectam,
preferencialmente, o trato anogenital e 15 possuem potencial oncogênico, sendo responsáveis
por aproximadamente 98% dos casos de câncer do colo do útero (CALUMBY et al.,
2020; COSTA, 2019). Destes, quatro se destacam, os tipos HPV-6 e HPV-11, considerados
não oncogênicos, que estão associados a 90% dos condilomas acuminados e papilomatose
recorrente juvenil e os tipos HPV-16 e HPV-18, presentes em 70% dos cânceres de colo de
útero e frequentemente encontrados também em cânceres relacionados ao HPV de outros
sítios, como em vagina, vulva, ânus, orofaringe e pênis (MARTINS; FRIDMAN; MAGNO,
2021).

2.1.3 Fatores de infecção

A transmissão viral se faz principalmente por meio do contato sexual pele a pele ou
11

pele com mucosa, mas também com possibilidade de transmissão vertical (DENARDIN,
2021). Na maioria das pessoas, a infecção não produz qualquer manifestação clínica ou
subclínica, mas quando clinicamente detectáveis as manifestações induzidas pelo HPV são
polimórficas, podendo ser pontiagudas (condiloma acuminado), espiculadas, com
circunvoluções, ou mesmo planas. Seu tamanho varia de um milímetro a vários centímetros
(CARVALHO et al., 2021). As lesões podem localizar-se na glande, sulco bálano-prepucial,
região perianal, vulva, períneo, vagina, colo do útero e menos frequentemente, podem estar
presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas e mucosa nasal, oral e laríngea.
O HPV penetra no epitélio por meio de microfissuras ou no colo uterino pelas células
metaplásicas e atinge as células das camadas profundas, infectando-as (MARTINS;
FRIDMAN; MAGNO, 2021). As partículas virais se ligam a receptores específicos e sofrem
endocitose, uma vez no interior das células hospedeiras, o DNA do Papilomavírus é
duplicado, atingindo uma média de 50 cópias por célula que, ao sofrerem o processo de
diferenciação celular, disseminam o vírus por todo o tecido (ZIMMER et al., 2020). O
processo de replicação do HPV demora de 2 a 3 semanas, por estar associado à migração das
células epiteliais da membrana basal até a camada superficial. A liberação de novas partículas
no epitélio propicia a infecção de outras células, e associado a isso, células já infectadas
passam a produzir clones neoplásicos que podem evoluir a um câncer invasivo (Figura 03), e
a integração do DNA viral ao DNA do hospedeiro (SANTOS, 2018).

Figura 03 – Ilustração do ciclo replicativo do HPV em células do epitélio escamoso


12

Fonte: Santos (2018)


13

Com a ação viral, surgem lesões intraepiteliais escamosas (SIL), as quais, quando na
forma de lesão de alto grau (HSIL) ou neoplasia intraepitelial de alto grau (NIC 2 e 3), são
consideradas as lesões precursoras verdadeiras do câncer do colo de útero. As lesões HPV
induzidas tem altas taxas de remissão espontânea em até dois anos, especialmente aquelas de
baixo grau (LSIL) e em jovens, no entanto, é importante salientar que a infecção natural não
estimula a produção de anticorpos suficientes para proteger contra uma nova infecção
(MARTINS; FRIDMAN; MAGNO, 2021).
O HPV possui três tipos de infecção: latente, crônica e aguda. A latente é caracterizada
quando o genoma viral está presente nas células infectadas, porém de forma inativa. A
infecção crônica possui a condição de ser persistente, ou seja, fica ativa por longos períodos e
é a mais provável para o desenvolvimento do câncer. Já a aguda é aquela onde ocorre a
eliminação espontânea do vírus (MOTA, 2021; VONSKY et al., 2019).

2.1.4 Diagnóstico

Segundo informações do Ministério da Saúde, o diagnóstico das verrugas anogenitais


é tipicamente clínico. A biópsia para estudo histopatológico é indicada somente em situações
especiais, sendo realizada quando há dúvida diagnóstica (suspeita de neoplasias ou outras
doenças); na presença de lesões atípicas ou que não respondam adequadamente aos
tratamentos; e quando há lesões suspeitas em pessoas com imunodeficiências, caso em que tal
procedimento deve ser considerado com mais frequência e precocidade (BRASIL, 2020).
No caso de mulheres com verrugas anogenitais, é necessária a realização de um exame
ginecológico completo que inclua a citologia cervical para rastreamento do câncer de colo
uterino e, na presença de alterações citológicas, colposcopia e biópsia se necessário. Pacientes
com lesões anais, idealmente, devem ter um exame proctológico com anuscopia e toque retal
(ABREU et al., 2018; BRASIL, 2020).
Não são recomendados testes que identificam os diferentes tipos de HPV na rotina
clínica ou mesmo no rastreamento de pessoas assintomáticas com a finalidade de diagnosticar
a infecção pelo HPV (GUIMARÃES, 2020). Esses testes têm importância para o rastreio de
câncer genital, na dependência da organização e protocolo específico do sistema de saúde
(CARVALHO et al., 2021).
Portanto, para o diagnóstico da infecção, além de avaliar clinicamente os condilomas,
é fundamental diagnosticar as lesões pré-neoplásicas a partir da coleta citológica, do teste que
demonstra a presença do HPV por biologia molecular e, mediante indicação, da avaliação
14

colposcópica que define a localização das lesões. É importante destacar que o teste de HPV
como rastreamento primário das lesões pré-neoplásicas e sua implementação no Sistema
Único de Saúde (SUS) ainda permanecem em discussão (CARVALHO et al., 2021;
ZEFERINO et al., 2018).
Em relação à prevenção do câncer de colo uterino o rastreamento com citologia
oncótica é recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos e que já iniciaram atividade sexual.
A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolau a
cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um
ano. É importante ressaltar que a priorização de uma faixa etária não significa a
impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas (INCA,
2016).

2.1.5 Tratamento

O objetivo do tratamento das verrugas anogenitais é erradicar as lesões visíveis,


embora não haja evidência de que os tratamentos disponíveis até o momento modifiquem a
história natural da infecção por HPV (CARVALHO et al., 2021).
O tratamento deve ser individualizado, considerando as características das lesões, a
disponibilidade de recursos, os efeitos adversos e a experiência do profissional e consiste na
remoção das verrugas pelo emprego de agentes físicos e químicos. Entre os métodos físicos,
podem ser citados: remoção por crioterapia, eletrocauterização e exérese cirúrgica, que devem
ser realizados por profissional habilitado. Entre os métodos químicos, podem ser empregadas
substâncias como Ácido tricloroacético; Podofilina; Imiquimode e a Podofilotoxina, estes dois
últimos utilizados em tratamentos domiciliares, que podem ser realizados pelos próprios
pacientes (BRASIL, 2020; ROMANOS, 2015).
Independentemente da instituição de tratamentos, as lesões podem desaparecer
(resposta imunológica celular do hospedeiro), permanecer inalteradas ou aumentar em número
e/ou volume (BRASIL, 2020). Recidivas são frequentes em tempo bastante variável, podendo
ocorrer após meses ou anos, isto porque, o DNA viral que permanece nas células infectadas
pode se manter inativo (latente), por períodos prolongados. Assim, aqueles que não eliminam
o vírus também podem transmitir o HPV, mesmo após o tratamento ou remoção das lesões
(CHOW et al., 2015).
Em casos de carcinoma cervical, recomenda-se a remoção cirúrgica acompanhada de
quimioterapia e/ou radioterapia (ROMANOS, 2015).
15

As situações de imunodeficiência não modificam as recomendações terapêuticas,


sendo necessário lembrar, porém, que os pacientes nessas condições tendem a apresentar pior
resposta ao tratamento, requerendo maior atenção quanto à possibilidade de complicações
(BRASIL, 2020).

2.1.6 Epidemiologia

Estimativas epidemiológicas sugerem que a prevalência mundial da infecção pelo


HPV está em torno de 630 milhões de pessoas infectadas, o que a torna a IST mais prevalente.
Com aproximadamente 530 mil novos casos por ano, o câncer do colo de útero é o terceiro
tipo de câncer mais comum entre as mulheres, e é responsável pelo óbito de 275 mil por ano
(ROMANOS, 2015).
No Brasil, uma revisão sistemática realizada por Colpani et al. (2020) apontou as
seguintes prevalências de HPV em lesões de mucosas: 36,21% na região peniana; 25,68% na
região anal; 24,11% na região do colo uterino; e 11,89% na região bucal. O estudo incluiu
mais de 50.000 participantes de todas as idades. Outro estudo brasileiro multicêntrico de base
comunitária com jovens não vacinados encontrou HPV de alto risco em 35,2% dos
indivíduos, com predomínio de mulheres. No entanto, ao analisar jovens sexualmente ativos,
esse percentual chegou a 53,5% para todos os tipos de HPV, independentemente do sexo.
Estima-se que 75% dos adolescentes e adultos sexualmente ativos entre 15 e 49 anos terão
pelo menos uma infecção por HPV durante a vida (MAGALHÃES et al., 2021;
WENDLAND et al., 2020).
Já um estudo epidemiológico sobre a prevalência nacional de infecção pelo
Papilomavírus realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, em parceria com o
Ministério da Saúde e publicado em 2018, verificou a prevalência de HPV geral na população
feminina pesquisada de 54,6% e na masculina, de 51,8%. Os dados revelam que a prevalência
do HPV se mostra maior na Região Nordeste, com 58,09%, e na região Centro-Oeste com
56,46%. O estudo envolveu a participação de 217 profissionais, em 119 Unidades Básicas de
Saúde, em 27 capitais. Foram entrevistados 8.626 homens e mulheres de 16 a 25 anos
(BRASIL, 2018a).

2.1.7 Prevenção

Por se tratar de uma IST a infecção por HPV tem como forma de prevenção o uso de
16

preservativos em todas as relações sexuais, ter um número reduzido de parceiros sexuais


também pode contribuir para a redução do risco dessa infecção. Para além disso o exame
Papanicolau também é indicado como forma de prevenção e monitoramento, pois se realizado
periodicamente, este exame é capaz de detectar alterações celulares desencadeadas pelo
papilomavírus (NASCIMENTO et al, 2021; PANCERA; SANTOS, 2018).
A vacinação é uma opção segura e eficaz na prevenção da infecção pelo HPV e suas
complicações. Há evidências do benefício da vacinação, tanto para a proteção individual
como para a coletiva, com redução na ocorrência de lesões benignas e malignas
(CARVALHO et al, 2021).

2.1.7.1 Vacina contra HPV

As vacinas licenciadas são profiláticas e feitas por engenharia genética a partir de


partículas semelhantes ao capsídeo viral (virus like particles -VLP) construídas por proteínas
codificadas pela região tardia L1 do HPV (TEIXEIRA, 2022). O efeito da vacinação baseia-se
na produção de anticorpos contra o capsídeo viral após inoculação de VLP. A presença desses
anticorpos específicos e neutralizantes no líquido intercelular tem a capacidade de inativar o
HPV quando em contato com este, havendo assim bloqueio da infecção celular epitelial pelo
vírus (MARTINS; FRIDMAN; MAGNO, 2021).
Existem duas vacinas com diferentes características aprovadas pelos órgãos
regulatórios no Brasil, a vacina quadrivalente recombinante contra HPV tipos 6, 11, 16 e 18
(Gardasil®, MSD); e a vacina contra o HPV oncogênico tipos 16 e 18 (Cervarix ®, GSK)
(MARTINS; FRIDMAN; MAGNO, 2021).
Em 2014, a US Food and Drug Administration (FDA) aprovou a vacina nonavalente
HPV (Gardasil-9VR, da MSD), que inclui cinco tipos adicionais de HPV (31, 33, 45, 52 e 58)
à vacina quadrivalente, aumentando o potencial de prevenção de câncer de 70% para 90%.
Em território nacional, essa vacina foi aprovada pela Anvisa em 2017, mas aguarda
licenciamento para utilização (MARTINS; FRIDMAN; MAGNO, 2021).
O Ministério da Saúde, por intermédio do Programa Nacional de Imunizações (PNI),
implementou a vacina quadrivalente contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS) em
2014, disponibilizando-a para adolescentes nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), bem como
em escolas públicas e privadas (BUENO, 2020). O esquema nacional é composto de duas
doses, com intervalo de seis meses, estando indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos
17

de 11 a 14 anos (BRASIL, 2020).


Para PVHIV, pessoas transplantadas de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes
oncológicos, a faixa etária indicada para imunização é de 9 a 26 anos para homens (BRASIL,
2018b) e de 9 a 45 anos para mulheres, sendo o esquema de vacinação composto por três
doses: 0, 2 e 6 meses (BRASIL, 2021b).
Em relação à segurança, após mais de 200 milhões de doses distribuídas
mundialmente, até o final de 2015, não foi documentado efeito adverso grave, como causa-
efeito da vacinação. As vacinas contra HPV apresentam mínimos efeitos adversos (10% a
20%) que, em geral, são dor, edema e eritema no local da injeção (OMS, 2015).
No que se refere à duração das vacinas, é provável que elas forneçam proteção a longo
prazo (até 20 anos), mas ainda não se sabe por quanto tempo as pessoas estarão, de fato,
protegidas após receber o esquema vacinal completo. Até o momento, não se faz necessário a
dose de reforço, mas o tempo indicará a necessidade ou não no futuro. Estudos com mais de
dez anos com a vacina bivalente demonstraram a manutenção da imunogenicidade e níveis de
anticorpos com ausência de falhas vacinais registradas (MARTINS; FRIDMAN; MAGNO,
2021).
18

2.2 HEPATITE B (HBV)

2.2.1 Estrutura e composição

O vírus da hepatite B (hepatitis B virus, HBV) pertence à família Hepadnaviridae,


cujas variações genéticas permitem reconhecer dez diferentes genótipos, aspecto de
importância epidemiológica, clínica e terapêutica (DUARTE et al., 2021). De acordo com o
Manual Técnico sobre Hepatites Virais do Ministério da Saúde (BRASIL, 2018b), além de ser
o único vírus dentre as Hepatites virais cujo material genético é composto por DNA, o HBV é
revestido por duas camadas, uma externa (envelope) constituída pelo HBsAg - antígeno "s"
(de superfície) e outra camada, sendo interna e constituída pelo HBcAg - antígeno "c" ou
core. Ainda, o HBV possui outra proteína associada ao seu core, o HBeAg - antígeno "e"
(Figura 04).

Figura 04 - Representação gráfica do vírus da hepatite B

Fonte: Adaptado de MedPage Today (2021)

O HBV possui tropismo pela célula hepática e, ao se ligar a receptores presentes na


superfície celular, é internalizado e perde seu envoltório. Em seguida, o conteúdo viral migra
para o núcleo e replica-se por meio de um sistema semelhante ao dos retrovírus (BRASIL,
2017).
19

2.2.2 Classificação

O vírus da Hepatite B é de 50 a 100 vezes mais infeccioso que o vírus da


imunodeficiência humana, ele é capaz de permanecer viável por até uma semana exposto no
ambiente (ARAÚJO, 2017). Atualmente, oito genótipos (A-H) são bem definidos para o
HBV, entretanto, dois novos genótipos foram identificados (I-J). Alguns genótipos do HBV
são classificados em sub-genótipos. Os genótipos F e H são encontrados quase que
exclusivamente nas Américas Central e do Sul (KIM et al., 2011; SOUSA, 2018).

2.2.3 Fatores de infecção

O HBV é capaz de infectar, primariamente, células hepáticas. Após o reconhecimento


dos receptores, a partícula viral é internalizada por endocitose, o envelope viral é removido e
o capsídeo é liberado no citoplasma. Após ser transportado para o poro nuclear, o capsídeo
libera o genoma no interior do núcleo celular. Uma vez no núcleo, o genoma viral se liga a
fatores de reparo de DNA celulares e é maturado na forma de DNA circular covalentemente
fechado (cccDNA, do inglês circular covalently closed DNA). Essas moléculas se mantêm de
forma epissômica no núcleo celular e são usadas pela RNA polimerase II celular para
transcrever RNA mensageiros pré-genômicos e subgenômicos, que são transportados ao
citoplasma para ser traduzidos em proteínas virais e serão usadas para a produção de novas
partículas virais, ou são encapsuladas nas partículas nascentes junto à polimerase viral para,
então, serem submetidas a retrotranscrição, gerando assim novos genomas virais (BRASIL,
2015).
Após a continuidade da replicação viral, os indivíduos contaminados podem transmitir
o vírus por várias vias distintas. Segundo Duarte et al. (2021) os meios mais frequentes de
transmissão do HBV são a exposição parenteral ou percutânea, vertical e sexual. Além dos
fluidos biológicos como sêmen e conteúdo vaginal, o sangue também é um veículo de
transmissão do vírus do HBV, sendo este o mais importante. Porém, as rotas de transmissão
predominantes variam de acordo com a prevalência da infecção pelo vírus. Áreas com alta
prevalência, possuem a via perinatal e a horizontal por contato próximo na infância como
principais formas de transmissão. Em áreas de baixa prevalência, a via percutânea e o contato
sexual são as formas de maior risco de contaminação.
20

Figura 05 – Casos de Hepatite B segundo provável fonte ou mecanismo de infecção e ano de notificação

Fonte: BRASIL (2019)

Sendo assim, analisando dados do Ministério da Saúde (Figura 05) publicados em


2019, durante o período de 2008 a 2018, a distribuição de prováveis fontes de infecção não
teve alterações significativas, sendo que em todos os anos a transmissão por via sexual se
manteve como a mais notificada.
De acordo com Silva et al. (2012) quando a apresentação clínica da hepatite B passa
por intensa evolução, ocorre a insuficiência hepática fulminante, sendo marcada por alta taxa
de letalidade. A infecção pode variar de quadros assintomáticos, ou oligossintomáticos e na
maioria dos casos, a infecção aguda e crônica são pouco sintomáticas. O tempo de incubação
da doença pode variar de 30 a 180 dias, com média de 70 dias. Inicialmente, os pacientes
apresentam quadro semelhante à gripe, surgindo astenia, mal-estar, anorexia, náuseas e/ou
vômitos e febre baixa, durando de três a dez dias. Outras manifestações, incluindo artralgias,
artrites, mialgias e exantemas cutâneos rubeoliformes ou semelhantes a urticária, são
frequentemente descritas nos casos de hepatite pelo VHB1.
A hepatite pelo HBV pode mostrar-se como doença aguda ou crônica. Na forma
aguda, cerca de 70% dos casos apresentam a forma subclínica e 30% a forma ictérica,
eventualmente um curso mais grave da doença. Na fase aguda, as manifestações clínicas
como anorexia, astenia, mal-estar, náusea, icterícia, colúria e dor no quadrante superior direito
do abdome são indistinguíveis de outras hepatites virais. Na hepatite pelo HBV, a proporção
de progressão de infecção aguda para crônica em indivíduos imunocompetentes é determinada
21

principalmente pela idade em que a infecção ocorre, sendo de 90% na transmissão vertical, de
20% a 50% entre 1 e 5 anos de idade e de 0 a 10% após a adolescência. Na sua forma crônica,
a hepatite B é frequentemente assintomática, mas pode evoluir para insuficiência hepática
crônica, cirrose e hepatocarcinoma (DUARTE et al., 2021).

2.2.4 Diagnóstico

O diagnóstico da hepatite viral B baseia-se na detecção de marcadores sorológicos


(antígenos virais e anticorpos específicos) e molecular (ácido nucleico viral) no sangue, soro,
plasma ou fluido oral da pessoa infectada, por meio de imunoensaios ou de técnicas de
biologia molecular (DUARTE et al., 2021).
Além da história e exame físico cuidadosos é importante estar à disposição do médico,
todas as provas de função hepática (aminotransferases (ALT, AST), fosfatase alcalina,
gamaglutamiltransferase, albumina sérica, provas de coagulação, bilirrubinas) e sorologias
para o VHB (AgHbs, AgHbe/anti-Hbe, anti Hbc (total e IgM), anti-Hbs), VHC e HIV, estes
últimos para documentar possíveis coinfecções. Também, é fundamental, hoje, incluir-se nas
provas laboratoriais, a quantificação do DNA-VHB sérico, realizada através de técnicas de
PCR (FERREIRA et al., 2007).
De acordo com o Manual Técnico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde (2018),
os imunoensaios possuem especificidade acima de 99% e sensibilidade acima de 98% para a
detecção de marcadores sorológicos circulantes no soro, plasma ou sangue de pacientes
infectados. O HBsAg pode ser detectado por imunoensaios empregados estritamente em
laboratório e também através de testes rápidos (TR), porém, o anti-HBc é detectado somente
por imunoensaio laboratorial.
Conforme informações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2018), no curso da infecção
pelo HBV, o HBsAg pode ser detectado no sangue da maioria dos indivíduos infectados cerca
de 30 dias após a infecção e a presença do HBsAg por mais de seis meses pode definir a
cronificação da infecção. O anti-HBc total, isoladamente, indica contato prévio com o vírus.
O resultado reagente do anti-HBc não pode ser interpretado sem a realização de outros
marcadores diretos da presença do vírus, pois esse marcador isoladamente, indica contato
prévio com o vírus. Além disso, a janela imunológica para os anticorpos contra o core viral é
de aproximadamente 45 dias, posterior ao aparecimento do HBsAg (Tabela 01).
22

Tabela 01 - Interpretação dos resultados sorológicos (Ag-Ab) para hepatite B

Testes Sorológicos Resultado Interpretação


HBsAg Não reagente
Anti-HBc IgM Não reagente Ausência de contato prévio com o HBV
Anti-HBc total Não reagente Susceptível à infecção pelo HBV
Anti-HBs Não reagente
HBsAg Não reagente
Anti-HBc IgM Não reagente
Anti-HBc total Reagente Imune após infecção pelo HBV
Anti-HBs Reagente
HBsAg Não reagente
Anti-HBc IgM Não reagente
Anti-HBc total Não reagente Imune após vacinação contra o HBV
Anti-HBs Reagente
HBsAg Reagente
Anti-HBc IgM Reagente Infecção recente pelo HBV (menos de seis
Anti-HBc total Reagente/Não reagente meses)
Anti-HBs Não reagente
HBsAg Reagente
Anti-HBc IgM Não reagente
Anti-HBc total Reagente/Não reagente Infecção pelo HBV
Anti-HBs Não reagente

Fonte: Adaptado de BRASIL (2018)

2.2.5 Tratamento

De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e


Coinfecções, após o resultado positivo e confirmação, o tratamento será realizado com
antivirais específicos, disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS). Os tratamentos
disponíveis atualmente não curam a infecção pelo vírus da hepatite B, mas podem retardar a
progressão da cirrose, reduzir a incidência de câncer de fígado e melhorar a sobrevida em
longo prazo (BRASIL, 2017).
Para o tratamento da hepatite crônica pelo vírus da hepatite B duas classes de agentes
terapêuticos estão aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): o
interferon convencional, os interferons peguilados α2a, α2b e os análogos
23

nucleosídeos/nucleotídeos lamivudina, adefovir, entecavir, tenofovir e telbivudina. A


indicação de tratamento é realizada de acordo com as duas formas de evolução da hepatite
crônica, a hepatite crônica HBeAg positivo e hepatite crônica HBeAg negativo (STRAUSS et
al., 2009).
Ainda de acordo com a pesquisa de Strauss et al. (2009), atualmente, realizar a
supressão máxima da replicação viral é uma das atuais estratégias de tratamento, juntamente
com a estimulação da resposta de células T para obtenção do controle imune da replicação
viral e remissão da lesão histológica.

2.2.6 Epidemiologia

A prevalência da infecção pelo HBV é consideravelmente variável no mundo. A


intensidade da presença do vírus em dada população é considerada alta quando o somatório
dos casos novos e antigos ultrapassa 7% da população, intermediária quando se mantém entre
2% e 7% e baixa somente quando inferior a 2% (RODRIGUES, 2017).
No Brasil, apesar da introdução da vacina na Amazônia Ocidental, em 1989, e dos
esforços progressivos em imunização e prevenção no Sistema Único de Saúde (SUS), a
transmissão da hepatite B ainda é uma realidade. Aproximadamente 17.000 novos casos são
detectados e notificados anualmente, o que contribui para evidenciar o impacto da doença em
solo brasileiro (BRASIL, 2017).
Quando comparadas as taxas de detecção por faixa etária em um período de dez anos,
pode-se observar que a detecção de hepatite B diminuiu entre indivíduos de até 39 anos. A
taxa entre indivíduos de 40 a 44 anos sofreu poucas variações no período, e praticamente
coincidiu nos anos de 2008 e 2018 (11,8 casos em 2008 e 11,7 casos em 2018 a cada 100.000
habitantes) (BRASIL, 2019).
De acordo com o boletim de Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a taxa de
detecção de casos de HBV no Brasil, entre adultos jovens de 20 a 24, teve uma queda
considerável do ano de 2008 para 2018, pela análise da figura 06 a taxa em 2008 apresentou
8,4 casos a cada 100.000 habitantes, enquanto dez anos depois, o registro de casos foi de 5 a
cada 100.000 habitantes (BRASIL, 2019).
24

Figura 06 - Taxa de detecção de casos de hepatite B por faixa etária. Brasil, 2008 e 2018.

Fonte: BRASIL (2019)

2.2.8 Prevenção

Frente a problemática da infecção pela Hepatite B, existem medidas necessárias e de


muita importância para a prevenção adequada da população. De acordo com Silva et al.
(2012), essas medidas incluem o uso de preservativos, a abstenção do uso de drogas injetáveis
ilícitas ou não realizar o compartilhamento de seringas, agulhas ou outros objetos, o uso
criterioso de transfusão de sangue e hemoderivados, além das precauções básicas com sangue
e secreções corporais (uso de luvas, óculos, descarte adequado de material contaminado,
dentre outras).
Outra forma de realizar a prevenção da população é através de imunização. Incluída no
Programa Nacional de Imunização (PNI) a vacina é uma medida de prevenção eficaz,
utilizada para interromper a cadeia de transmissão da doença, com ampla cobertura garantida
pelo SUS e está disponível para a população geral menor de 50 anos e para grupos
vulneráveis à infecção (SANTANA, 2019).

2.2.8.1 Vacina contra Hepatite B

De acordo com o Calendário vacinal da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm,


2022d) o esquema vacinal é composto pela administração de três ou quatro doses a partir do
25

nascimento, até os seis meses de idade, ou a vacinação adequada a partir dos sete meses para
todos aqueles que não foram vacinados anteriormente. As vacinas estão disponíveis na rede
pública, em clínicas privadas e nos Centros de referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIEs). Conforme informações da Organização Mundial da Saúde a primeira dose contra
hepatite B deve ser administrada o mais rápido possível após o nascimento, de preferência
dentro de 24 horas (ONU, 2020).
Segundo Savoy (2021), a partir de uma tecnologia recombinante de DNA, a vacina da
hepatite B é produzida, mediante um plasmídeo contendo o gene para o antígeno de superfície
da hepatite B (HBsAg) que após ser inserido na levedura comum de padeiro, produz HBsAg
que será posteriormente coletado e purificado. De forma a evitar equívocos, vale ressaltar que
a vacina é impossibilitada de causar infecção por vírus da hepatite B, pois não há o uso de
nenhuma partícula viral de DNA potencialmente infecciosa durante esse processo.
Existem duas vacinas de antígeno único, Engerix-B ® e Recombivax HB. O
cronograma habitual de aplicação para adultos é uma série de 3 doses, com a segunda
separada por 4 semanas da primeira e a terceira dose 4 a 6 meses após a segunda dose
(SAVOY, 2021).
Os estudos clínicos estabeleceram que, quando injetada no músculo deltoide, a vacina
induziu níveis de anticorpos em 96% dos 1.213 adultos sadios que receberam a dose
recomendada no esquema de três doses. A resposta de anticorpos variou de acordo com a
idade: um nível protetor de anticorpos foi induzido em 98% dos 787 adultos jovens entre 20-
29 anos de idade, em 94% dos 249 adultos entre 30-39 anos de idade e em 89% dos 177
adultos com idade de 40 anos ou mais.
Em relação a revacinação, a duração do efeito protetor de Recombivax® HB em
vacinados saudáveis é desconhecida até o momento e a necessidade de doses de reforço não
está definida (RECOMBIVAX HB®, 2018). De acordo com informações da bula Engerix®,
não foi estabelecida a necessidade da dose de reforço para indivíduos sadios que tenham
recebido um ciclo de vacinação primária completo de forma adequada. Já para pacientes em
hemodiálise e outros imunocomprometidos, recomendam-se doses de reforço a fim de
assegurar um nível de anticorpos 10 UI/L (ENGERIX® B, 2020)
A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada,
principalmente pelo pouco tempo em que é comercializada no mundo (2007). Até o momento,
só se tem convicção de 9,4 anos de proteção (FIOCRUZ, 2022)
26

2.3 COBERTURA VACINAL

2.3.1 Cobertura Vacinal do HPV

2.3.1.1 Esquema Vacinal

Como já apontado anteriormente, em 2014 o Ministério da Saúde iniciou a


implementação no SUS da vacinação gratuita contra o HPV em meninas de 11 a 13 anos de
idade, com a vacina quadrivalente. Em 2015, houve ampliação dessa oferta para as meninas
na faixa etária de 9 a 13 anos de idade. No entanto, apesar da ampliação, parte da população
ainda não se beneficiava, como é o caso de mulheres não virgens e o sexo masculino, mesmo
com a existência de estudos mostrando benefícios na vacinação desses grupos (SANTOS;
DIAS, 2018).
Foi então no ano de 2017 que uma importante mudança ocorreu nas estratégias do
PNI, a vacinação foi ampliada para a população feminina de 9 a 14 anos e introduzida para a
população masculina de 11 a 14 anos e também para a população em geral de nove a 26 anos
de idade vivendo com HIV/Aids, além de indivíduos submetidos a transplantes de órgãos e
medula óssea e pacientes oncológicos (MOURA et al., 2021). Em 2021 mulheres
imunossuprimidas de 26 a 45 anos também foram incluídas.
Quando introduzida no calendário nacional, a vacina HPV foi adotada através de
esquema vacinal estendido, sendo utilizada através de três doses, com administração da
segunda dose após seis meses da aplicação da primeira, e a terceira dose administrada 60
meses (5 anos) após o uso da segunda. No entanto, estudos revelaram que apenas duas doses
já são suficientes e apresentam a mesma eficácia, conferindo a mesma imunidade encontrada
em meninas que tomaram as três doses da vacina (DOBSON et al., 2013). Além disso,
administrar duas doses traria vantagens para o governo, reduzindo o gasto com vacinas e
possibilitando maior cobertura do público feminino, além da inclusão do sexo
masculino. Nesse contexto, com a redução de três para duas doses no esquema vacinal das
meninas em 2016 e o quantitativo de vacinas mantido, o que mantém o mesmo investimento
do Ministério da Saúde, possibilitou-se a vacinação dos meninos (SANTOS; DIAS, 2018).
Atualmente, segundo o calendário nacional de vacinação do adolescente (10 a 19
anos): se o esquema de vacinação não foi iniciado aos 9 anos, aplicar a vacina o mais
precocemente possível. O esquema de vacinação para meninas e meninos menores de 15 anos
27

é de duas doses com intervalo de seis meses (0 - 6 meses). Para adolescentes com idade ≥ 15
anos, não imunizados anteriormente, o esquema é de três doses (0 - 1 a 2 - 6 meses), mesmo
esquema indicado para adultos (20 a 59 anos). Adultos mesmo que previamente infectados
podem ser vacinados. A meta de vacinação estabelecida pelo Programa Nacional de
Imunizações é de 80%.

2.3.1.2 Métodos

Calculou-se a cobertura vacinal (CV) em idades simples de meninas e meninos na


faixa etária indicada para imunização no PNI, os anos escolhidos para a projeção da cobertura
vacinal se referem a datas importantes já destacadas no esquema vacinal. Para o cálculo da
cobertura vacinal a fórmula é o número de doses aplicadas dividida pela população alvo,
multiplicado por 100, obtendo assim o valor em porcentagem (%).
Os dados de vacinação são do Sistema de Informação do Programa Nacional de
Imunizações (SI-PNI) do Ministério da Saúde. Foram obtidos os números de doses aplicadas
nos anos 2014, 2015, 2016, 2017, 2020 e 2021 por idade simples, considerando-se
separadamente primeira e segunda dose; que também foram separadas levando em
consideração as populações feminina e masculina. O número de meninas e meninos residentes
com nove, dez, onze, doze, treze e quatorze anos, é proveniente da Projeção da População do
Brasil por sexo e idade simples, da Coordenação de População e Indicadores Sociais do
IBGE. Todos estes dados foram disponibilizados pelo Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022).
A cobertura vacinal por idade simples e acumulada por faixa etária foi categorizada
em baixa (< 80%) e adequada (≥ 80%), conforme classificação estabelecida pelo PNI, e
calculada separadamente para a primeira e segunda dose.

2.3.1.3 Resultados

A cobertura alcançada em 2014 com a primeira dose (D1), no âmbito nacional, foi de
96,70% da população feminina de 11 a 13 anos. A meta foi alcançada para as três idades,
porém, a cobertura mais alta foi para as meninas de 11 anos, com 105,15%, seguida daquelas
de 13 anos com 92,64% e as de 12 anos com 92,45% (Tabela 02). Ainda em 2014, foi
oferecida a segunda dose (D2) da vacina para o grupo que havia recebido a D1, ao final do
ano foi observada a cobertura nacional de 51,19% na população de 11 a 13 anos. A idade com
28

maior cobertura da D2 foi de 13 anos, com 59,13% (Tabela 03). Como o esquema vacinal
inicial indicava a terceira dose 60 meses após a segunda dose, os dados não constam nesta
época.
A partir de março de 2015, a vacina HPV quadrivalente passou a ser ofertada para as
meninas de 09 a 13 anos de idade. Foi contemplada também, a população feminina de 9 a 26
anos de idade, vivendo com HIV/Aids. Para este grupo diferenciado, não são formuladas
estimativas de coberturas vacinais por não haver população alvo definida.
Em 2015, a cobertura vacinal para a D1 da vacina HPV quadrivalente, na faixa etária
de 9 a 13 anos de idade, ficou em 42,45%. A cobertura vacinal foi alcançada somente para as
meninas de 9 anos de idade, com 83,06% (Tabela 02). No mesmo ano, a cobertura nacional
com a segunda dose da vacina ficou em 26,94%. Para a faixa de 11 anos de idade foi
registrada a maior cobertura, 45,14% (Tabela 03).
Em 2016, permaneceu para vacinação a mesma população alvo do ano anterior. Neste
ano os dados mostraram uma cobertura nacional muito baixa de 15,31% para D1. A maior
cobertura foi para as meninas de 9 anos, com 46,48%. Os números para a D2 em 2016 foram
ainda mais baixos, foi atingida uma cobertura de apenas 12,78% em todo o território nacional,
sendo que a maior cobertura, ainda muito baixa para os valores estabelecidos pelo PNI, foi na
população de 10 anos com 18,10% de cobertura (Tabela 03).
Segundo o Boletim Informativo do PNI-02/2016, os resultados apurados com a vacina
HPV quadrivalente mostraram que do início de 2013 até o mês de maio de 2016 a cobertura
nacional com a primeira dose (D1), foi de 74,5% para as meninas de 9 a 15 anos. Em relação
aos estados brasileiros, nesse período, a meta para D1 foi obtida em sete, iniciando pelo Acre
com 80,3% até o Distrito Federal com maior cobertura de 92,0%. Em relação à segunda dose,
a cobertura nacional na faixa de 9 a 15 anos, foi de 45,1%. Na segunda etapa, o Distrito
Federal e o Espírito Santo registraram maiores coberturas nas unidades federadas com 70,2%
e 59,2%, respectivamente (Gráfico 01).
29

Tabela 02 – Cobertura Vacinal (CV) com primeira dose (D1) da vacina quadrivalente na população feminina, segundo a idade.

2014* 2015 2016


Idade Doses População Cobertura Doses População Cobertura Doses População Cobertura
Aplicadas por idade Vacinal (%) Aplicadas por idade Vacinal (%) Aplicadas por idade Vacinal (%)
09 anos - - - 1 319 562 1 588 751 83,06 727 672 1 565 458 46,48
10 anos - - - 1 126 827 1 611 522 69,92 225 214 1 588 432 14,18
11 anos 1 741 478 1 656 104 105,15 802 743 1 633 905 49,13 133 436 1 611 180 8,28
12 anos 1 550 717 1 677 321 92,45 140 862 1 655 721 8,51 96 875 1 633 558 5,93
13 anos 1 573 399 1 698 360 92,64 77 123 1 676 936 4,60 49 763 1 655 372 3,00
Total 4 865 594 5 031 785 96,70 3 467 117 8 166 835 42,45 1 232 960 8 054 000 15,31

* O Programa Nacional de Imunizações (PNI) definiu como público alvo no ano de 2014 os mulheres de 11 a 13 anos, os dados aqui colocados referem a este público.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)

Tabela 03 – Cobertura Vacinal (CV) com segunda dose (D2) da vacina HPV quadrivalente na população feminina, segundo a idade.

2014* 2015 2016


Idade Doses População Cobertura Doses População Cobertura Doses População Cobertura
Aplicadas por idade Vacinal (%) Aplicadas por idade Vacinal (%) Aplicadas por idade Vacinal (%)
09 anos - - - 300 787 1 588 751 18,93 255 345 1 565 458 16,31
10 anos - - - 622 206 1 611 522 38,61 287 595 1 588 432 18,10
11 anos 594 008 1 656 104 35,87 737 635 1 633 905 45,14 223 562 1 611 180 13,87
12 anos 977 935 1 677 321 58,30 343 225 1 655 721 20,72 176 275 1 633 558 10,79
13 anos 1 004 187 1 698 360 59,13 196 754 1 676 936 11,73 86 915 1 655 372 5,25
Total 2 576 130 5 031 785 51,19 2 200 607 8 166 835 26,94 1 029 692 8 054 000 12,78

* O Programa Nacional de Imunizações (PNI) definiu como público alvo no ano de 2014 os mulheres de 11 a 13 anos, os dados aqui colocados referem a este público.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)
30

Gráfico 01 - Cobertura vacinal acumulada com a primeira e a segunda dose (D1 e D2) da vacina HPV quadrivalente, para coorte de meninas na faixa etária de 9 a 15 anos de
idade. Brasil, 2013 a 2016

%
100
92 90.7
90
84.2 82.8
82 80.5 80.3 79.2 78.9
80 78.3 77.3 76.4 76.3
75.9 74.7 73.9 74.5
73.2 72.4 71.6 71.6
70.2 70.4 69.4
70 67.4 66.1 65.7 65.5
64.9
58.5 59.2
60
54.2 52.7 53.1
49.8 49.9 49.6 49.1 48.8
50 45.5 43.5 45.9 45.1
44 43.1 43.5
42 41.2 40.8 40.5 40.1 39
40 35 35.5
31.6
28.4
30

20

10

0
DF RR MS ES CE PE AC SP GO AL AP SC TO MG SE AM MA RO RJ MT PB RS PR PI RN PA BA BR

D1 D2

Fonte: Adaptado de Brasil (2016)


31

A vacinação da população masculina se mostrou de suma importância, isto porque, a


vacina é capaz de proteger contra os tipos de câncer que atingem homens e estão diretamente
relacionados ao HPV, como o de pênis, boca e ânus - quase todos os casos de cânceres
anorretais estão associados ao papilomavírus humano, revelando-se mundialmente crescente a
incidência dessa neoplasia (SANTOS; DIAS, 2018). Além disso, uma vez vacinado, o homem
terá menos chances de transmitir o vírus para a mulher, ampliando a eficácia geral da vacina.
Apesar disto, a vacina ainda é pouco difundida entre os homens, o que explica os baixos
números de cobertura vacinal em tal população (SILVA et al., 2022).
Com a ampliação da vacinação em 2017 os dados passaram a apresentar resultados
também para a população masculina (Tabela 04). Neste ano a cobertura vacinal para ambos
sexos ficaram longe de alcançar a meta estabelecida pelo PNI, na população feminina a
cobertura vacinal para a D1 foi de 17,87% e a cobertura da segunda dose foi de 14,15%. Já
na população masculina os números da primeira dose foram melhores 37,51%, enquanto a
cobertura vacinal da D2 foi de apenas 8,82%. É importante salientar que a faixa etária da
população alvo difere entre as meninas (9 a 14 anos) e os meninos (11 a 14 anos).
Os números para a cobertura vacinal da população feminina em 2020 são de 15,17%
para a primeira dose e 12,22% para a D2, na população masculina a cobertura não ultrapassou
os 15% em nenhuma dose aplicada, os dados colhidos mostram 14,26% na D1 e 11,17% na
D2. Já em 2021 a cobertura alcançada na população masculina foi maior que a alcançada na
população feminina novamente na primeira dose, 12,90% e 10,07% respectivamente para as
doses D1 e D2 nos meninos e para as meninas 12,74% na primeira dose e 10,50% na segunda
dose (Tabela 05).
Diversos são os fatores relacionados à baixa adesão da vacina contra o HPV. São eles:
fatores de acessibilidade e fatores individuais, como a falta de confiança e de conhecimento
dos benefícios e da necessidade da vacina, além da acessibilidade à vacinação, por vezes
muito difícil em algumas regiões. Além desses fatores, em 2020 e 2021, a pandemia pela
COVID-19, interferiu nos índices de cobertura vacinal em todo o Brasil (CAVALCANTE et
al., 2021).
32

Tabela 04 – Cobertura Vacinal (CV) com primeira dose (D1) e segunda dose (D2) da vacina HPV quadrivalente na população brasileira, segundo a idade. 2017.

Feminina Masculina*
Idade População Doses D1 Cobertura Doses D2 Cobertura População Doses D1 Cobertura Doses D2 Cobertura
por idade aplicadas Vacinal D1 aplicadas Vacinal D2 por idade aplicadas Vacinal D1 aplicadas Vacinal D2
(%) (%) (%) (%)
09 anos 1 542 294 855 783 55,49 372 370 24,14 - - - - -
10 anos 1 565 174 293 589 18,76 402 593 25,72 - - - - -
11 anos 1 588 126 179 923 11,33 193 729 12,20 1 657 200 568 587 34,31 29 364 1,77
12 anos 1 610 870 182 470 11,33 182 470 11,33 1 679 593 969 694 57,73 164 998 9,82
13 anos 1 633 242 144 559 8,85 144 809 8,87 1 701 496 736 788 43,30 259 739 15,26
14 anos 1 655 052 58 154 3,51 75 934 4,59 1 722 737 261 296 15,17 146 924 8,53
Total 9 594 758 1 714 478 17,87 1 357 507 14,15 6 761 026 2 536 365 37,51 601 025 8,89
* O Programa Nacional de Imunizações (PNI) define como público alvo os homens de 11 a 14 anos, os dados aqui colocados referem a este público.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)

Tabela 05 – Cobertura Vacinal (CV) com primeira dose (D1) e segunda dose (D2) da vacina HPV quadrivalente na população brasileira, segundo a idade.

Feminina Masculina*
2020 2021 2020 2021
Idade Cobertura Cobertura Cobertura Cobertura Cobertura Cobertura Cobertura Cobertura
Vacinal D1 Vacinal D2 Vacinal D1 Vacinal D2 Vacinal D1 Vacinal D2 Vacinal D1 Vacinal D2
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
09 anos 55,32 22,27 50,63 20,85 - - - -
10 anos 12,89 21,44 11,44 19,90 - - - -
11 anos 14,33 13,73 9,40 11,45 38,57 15,41 37,75 14,46
12 anos 5,73 8,77 3,73 6,24 10,85 15,91 8,75 14,91
13 anos 3,04 4,81 1,97 3,35 5,26 7,95 3,73 6,94
14 anos 1,91 3,38 1,24 2,26 3,15 5,65 2,18 4,25
Total 15,17 12,22 12,74 10,50 14,26 11,17 12,90 10,07
* O Programa Nacional de Imunizações (PNI) define como público alvo os homens de 11 a 14 anos, os dados aqui colocados referem a este público.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)
33

2.3.2 Cobertura Vacinal da Hepatite B

2.3.2.1 Esquema vacinal

A vacinação contra a hepatite B é considerada o principal método de prevenção contra


a doença. Inicialmente a vacina foi oferecida no Brasil, em 1989 em residentes (crianças
menores que dez anos de idade) de áreas endêmicas por infecção pelos vírus da hepatite B na
região Amazônica. Entre 1990 e 1992, a vacina foi integrada nos diversos estados que
compreende a região Amazônica. Em 1994, ampliada para profissionais de saúde, militares e
estudantes da área de saúde. Somente em 1998, a vacina para hepatite B entrou no Calendário
de Vacinação da Criança para menores de 1 ano (FONSECA, 2010). A ampliação da
vacinação para pessoas com até 20 anos de idade, ocorreu em 2001 e, em 2011 para a
população de até 24 anos. A vacinação continuou avançando e atingiu a população de até 29
anos em 2012 e, em 2013 atingiu a pessoas de 49 anos e grupos mais vulneráveis. Em 2016,
foi oferecida, de forma universal, para população brasileira, independentemente de idade ou
vulnerabilidade (BRASIL, 2018).
Jovens adultos podem ser vacinados pela vacina da hepatite B quando não possuem
comprovação vacinal, recebendo as 3 doses com intervalo de 30 dias entre a primeira e a
segunda dose e 180 dias entre a primeira e a terceira dose. Com o calendário vacinal
incompleto, não é necessário reiniciar o esquema vacinal novamente, apenas completá-lo de
acordo com a situação do cartão de vacinação do indivíduo (BRASIL, 2022b).
A faixa etária entre 15 a 39 anos foi escolhida para avaliar a cobertura vacinal de
hepatite B. Essa população possui vida sexual ativa, sendo mais vulnerável à infecção pelo
vírus. Um fator importante para a eficácia da cobertura vacinal é diminuir a ocorrência de
casos para a prevenção da doença. O Brasil assumiu o compromisso de eliminar as hepatites
virais até 2030 (BRASIL, 2017).

2.3.2.2 Métodos

Os dados de vacinação são do Sistema de Informação do Programa Nacional de


Imunizações (SI-PNI) do Ministério da Saúde. Foram obtidos os números de doses aplicadas
nos anos 2018, 2019, 2020 e 2021 por idade entre 15 a 39 anos, levando em conta
separadamente a primeira, segunda e terceira dose. O número de acordo com a faixa etária e
população nas regiões do Brasil, é proveniente da Projeção da População do Brasil por região
34

e idade entre 15 a 39 anos, da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.


Todos estes dados foram disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (BRASIL, 2022).
A cobertura vacinal é dada a partir de 0 anos até os 45 anos e foi categorizada em
baixa (< 95%) e adequada (≥ 95%), conforme classificação estabelecida pelo PNI, e calculada
separadamente para a primeira e segunda dose.

2.3.2.3 Resultados

No ano de 2018, o total da primeira dose (D1) na população entre 15 e 39 anos, foi de
3.403.727, sendo a faixa etária de 25 a 29 anos com o maior número de doses aplicadas,
registrando 1 143 748. Em 2019, os dados de doses aplicadas que foram obtidos, tiveram
declínio em todas as faixas etárias, consequentemente, no resultado total com 1 560 070.
Seguindo para 2020, a redução dos números prosseguiu, atingindo 1 123 134 doses aplicadas,
resultado consideravelmente baixo em comparação com os dois anos anteriores. Em 2021, os
números para a D1 foram ainda mais baixos, com um total de 732 594 doses aplicadas, onde
na população de 30 a 39 anos foi obtido o menor resultado desde 2018 (Tabela 06).
A administração da segunda dose (D2) em 2018, na população entre 15 a 39 anos, teve
o maior registro comparado com os três anos seguintes, com 1 501 648 doses aplicadas.
Observando esse resultado total, é possível destacar a diminuição desse número em
comparação com a administração da D1 em 2018, o que poderia ser explicado pela não
continuidade de vacinação dos indivíduos que receberam a primeira dose. Em 2019, esse total
reduziu para 1 0 48 546 doses e na faixa etária entre 25 a 29 anos, o resultado marcou 379 416
onde apesar de ser o maior em comparação com os dois anos seguintes, essa população
específica ainda se manteve com os maiores números de doses aplicadas em relação as outras
faixas etárias. Continuando a análise em 2020, o total de doses que foram administradas nesse
mesmo ano foi de 809 803, pouco maior que o ano seguinte, em 2021, que obteve resultado
de 507 933 doses totais (Tabela 07).
35

Tabela 06 – Doses aplicadas (D1) da vacina da Hepatite B na população brasileira, segundo faixa etária.

2018 2019 2020 2021


Faixa Doses População Doses População Doses População Doses População
Etária Aplicadas por idade Aplicadas por idade Aplicadas por idade Aplicadas por idade
15 a 19 anos 992 010 17 089 362 490 686 16 983 733 344 748 16 481 311 235 792 16 623 017
20 a 24 anos 955 555 17 035 512 459 186 17 041 319 299 418 17 040 111 222 815 17 068 581
25 a 29 anos 1 143 748 16 973 092 528 653 16 954 854 333 574 16 935 971 230 010 16 923 258
30 a 39 anos 312 414 34 408 072 81 545 34 503 246 145 394 34 516 847 43 977 34 445 992
Total 3 403 727 85 506 038 1 560 070 85 483 152 1 123 134 85 334 240 732 594 85 060 848

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)

Tabela 07 – Doses aplicadas (D2) da vacina da Hepatite B na população brasileira, segundo faixa etária.

2018 2019 2020 2021


Faixa Doses População Doses População Doses População Doses População
Etária Aplicadas por idade Aplicadas por idade Aplicadas por idade Aplicadas por idade
15 a 19 anos 478 880 17 089 362 304 390 16 983 733 217 256 16 481 311 148 618 16 623 017
20 a 24 anos 417 117 17 035 512 303 245 17 041 319 210 083 17 040 111 147 869 17 068 581
25 a 29 anos 472 902 16 973 092 379 416 16 954 854 267 851 16 935 971 175 562 16 923 258
30 a 39 anos 132 749 34 408 072 61 495 34 503 246 114 613 34 516 847 35 884 34 445 992
Total 1 501 648 85 506 038 1 048 546 85 483 152 809 803 85 334 240 507 933 85 060 848

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)
36

Em 2018, a aplicação total da terceira dose (D3) foi de 824 001, e na população entre
25 a 29 anos o resultado foi de 304 763, faixa etária que permanece obtendo o maior número
de doses aplicadas ao longo dos anos (Tabela 08). Em 2019, o valor total de doses apontou
832 164, pouco maior que 2020, que marcou um total de 675 695 doses. Os números para a
D3 em 2021, observando o total de sua aplicação, reduziram para 409 811 doses, o menor
valor registrado dentre os quatro anos analisados. Na faixa etária escolhida, 15 a 39 anos, a
população recebeu as doses da vacina por não terem desenvolvido imunidade protetora (anti-
HBs); ou estarem com o calendário vacinal incompleto; ou porque não foram previamente
vacinados na infância. Observou-se que existe a diminuição doses aplicadas, a falta de
continuidade no das doses da vacinação, uma parte dos indivíduos que tomaram a D1 não
retornarem aos locais de vacinação para receber a D2 e uma parcela menor ainda recebeu a
D3.
Examinando os resultados totais da cobertura vacinal, por região, abrangendo toda a
população do Brasil e levando em consideração a administração das três doses, a porcentagem
em 2018 foi a maior dentre os quatro anos abordados, com 88,53%, porém, não atingindo a
meta estabelecida pelo PNI (≥ 95%). Com redução da cobertura total para 70,77% em 2019, o
Sudeste marcou a cobertura mais baixa em comparação com as outras regiões, com 69,07%
em contraposto com o ano anterior onde teve como porcentagem 92,37. Em 2020, o Brasil
registrou cobertura vacinal de 77,15%, pouco maior que o ano anterior, mas ainda sem atingir
os valores estabelecidos pelo PNI. Nos quatro anos analisados, 2021 foi o ano com menor
resultado de vacinação, marcando 69,88%, onde todos os valores das cinco regiões também
regrediram em comparação ao ano anterior (Tabela 09).
Diversas razões podem ser destacadas para explicar a queda na vacinação contra o
HBV. Uma delas é a percepção enganosa da sociedade de que a vacinação não é mais
essencial porque muitas doenças acabam desaparecendo, e além da falta de informação entre a
população dos benefícios e necessidade da vacina, a pandemia pela COVID-19 comprometeu
os índices de cobertura vacinal em todo o Brasil (ZORZETTO, 2018; CAVALCANTE et al.,
2021).
37

Tabela 08 – Doses aplicadas (D3) da vacina da Hepatite B na população brasileira, segundo faixa etária.

2018 2019 2020 2021


Faixa Doses População Doses População Doses População Doses População
Etária Aplicadas por idade Aplicadas por idade Aplicadas por idade Aplicadas por idade
15 a 19 anos 203 362 17 089 362 203 964 16 983 733 152 056 16 481 311 103 566 16 623 017
20 a 24 anos 238 443 17 035 512 246 650 17 041 319 173 110 17 040 111 114 659 17 068 581
25 a 29 anos 304 763 16 973 092 332 416 16 954 854 248 152 16 935 971 159 234 16 923 258
30 a 39 anos 77 433 34 408 072 49 134 34 503 246 102 377 34 516 847 32 352 34 445 992
Total 824 001 85 506 038 832 164 85 483 152 675 695 85 334 240 409 811 85 060 848

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)

Tabela 09 – Cobertura Vacinal (CV) da vacina da hepatite B na população brasileira, segundo região

2018 2019 2020 2021


Região Cobertura vacinal (%)
Norte 71,30 70,27 63,51 60,87
Nordeste 89,52 71,36 68,93 67,00
Sul 89,58 74,70 87,48 79,54
Sudeste 92,37 69,07 82,59 70,47
Centro-Oeste 87,49 71,07 79,69 73,09
Brasil (Total) 88,53 70,77 77,15 69,88

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2022)
38

3 CONCLUSÃO

No presente trabalho, foi possível abordar a definição das IST, assim como detalhar as
características dos vírus HPV e HBV, abordando suas estruturas e composições, além da
classificação e principais fatores de infecção. Ademais, o diagnóstico, tratamento,
epidemiologia e prevenção também foram retratados, enfatizando a vacinação e os resultados
obtidos das coberturas vacinais. A partir dos dados, foi observada baixa cobertura vacinal
tanto para HPV quanto para Hepatite B.
Por ser uma IST de grande relevância clínica e de maior incidência, a infecção
pelo HPV requer a necessidade de priorizar as medidas profiláticas, tornando a vacinação
principal meio para a proteção individual e coletiva, além das prevenções usuais e rotineiras.
Porém, por diversos fatores, os dados da cobertura vacinal contra a infecção pelo
Papilomavírus Humano ainda apresentaram resultados insatisfatórios em relação a meta
estabelecida pelo PNI, de acordo com os anos retratados e faixa etária indicada para receber a
imunização.
A hepatite B é um importante desafio para a medicina atual principalmente
pelo desenvolvimento de cronificação da infecção, pois não existe tratamento curativo, o que
confirma a importância das medidas preventivas. Com os resultados de doses aplicadas
encontrados em jovens adultos entre 15 a 39 anos, se revela um quadro preocupante,
enfatizando a necessidade de mais atenção para a população abordada, maior administração
da cobertura vacinal e exames sorológicos para controle e acompanhamento dessa população,
onde por meio desse estudo, observou-se parte significativa desses indivíduos sem
imunização adequada contra hepatite B.
Os resultados desta monografia revelam um cenário alarmante nos últimos
anos que indica baixa cobertura vacinal para HPV e Hepatite B, onde os indivíduos deixam de
completar o calendário vacinal contra essas infecções ou até mesmo nem começam a
vacinação. Sendo assim, promover o conhecimento da população quanto às formas de
transmissão, tratamento e principalmente prevenção das infecções sexualmente transmissíveis
é um dos principais pontos de partida para evitar a contaminação e disseminação das IST.
Dessa forma, além de priorizar campanhas de vacinação para uma maior abordagem do tema
dentre a sociedade, é importante ressaltar que a administração da vacina não substitui ações de
promoção à saúde e os demais cuidados preventivos existentes contra essas infecções.
39

ANEXO A – CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO SBIm CRIANÇA


40

ANEXO B – CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO SBIm ADOLESCENTE


41

ANEXO C – CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO SBIm ADULTO


42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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