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DESCRIÇÃO

Esse tema apresenta os métodos e as ferramentas que podem ser usadas para se gerenciar os riscos
ocupacionais nas empresas.

PROPÓSITO
Reconhecer os riscos ocupacionais e os perigos a eles relacionados, assim como as ferramentas e os
métodos de seu gerenciamento.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, certifique-se de estar com acesso à internet e à biblioteca
virtual do curso.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever os conceitos e as práticas de gerenciamento de riscos corporativos

MÓDULO 2

Conhecer as práticas de gerenciamento de riscos ocupacionais e o planejamento de gerenciamento de


riscos conforme a NR-1
MÓDULO 3

Distinguir as ferramentas de gerenciamento de riscos ocupacionais

INTRODUÇÃO

O IMPACTO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NOS


RESULTADOS DA EMPRESA

AVISO: Orientações sobre unidades de medida


ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km). No entanto, o
Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os
relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de
separação dos números e das unidades.

MÓDULO 1

 Descrever os conceitos e as práticas de gerenciamento de riscos corporativos

LIGANDO OS PONTOS
Já pensou como deve ser difícil administrar uma empresa? Tantos planejamentos são feitos, mas muitas
coisas diferentes do planejado podem ocorrer. Produtos e serviços, afinal, podem não ser vendidos tanto
pela falta de clientes quanto pela ausência de capacidade de atendimento a muitos daqueles que os
desejam.

Para entendermos os conceitos envolvidos, tomaremos por base uma situação prática. Por isso,
analisaremos o case desta empresa: ZPK Logística.

Case - empresa ZPK Logística

A ZPK Logística é uma empresa brasileira legalmente estabelecida que se instalou recentemente no
estado do Rio. Seus principais acionistas são grandes empresas de e-commerce brasileiras.
Especializada no transporte de cargas leves, ela apresenta como seu diferencial o alto nível de
automação de suas operações e a velocidade com que realiza o transporte de cargas, conseguida
graças a parcerias com empresas de aviação e de transporte rodoviário.

A organização se orgulha de operar com tamanha agilidade que suas cargas praticamente apenas
passam pelos centros de distribuição, quase sem esperas para o embarque. Já o volume de cargas em
espera é mínimo.

Para isso, ela mantém cinco centros regionais de distribuição próximo de grandes aeroportos brasileiros
e inúmeras parcerias com empresas locais de logística que fazem a entrega aos clientes. Esses centros
estão aparelhados com equipamentos de última geração. Robôs fixos e móveis e drones de solo e
voadores, além de outros recursos de tecnologia de ponta, funcionam e atuam com suas equipes
operacionais (humanas).

Cada centro de distribuição possui cerca de 2.000 metros quadrados, operando 24 horas por dia e 7
dias por semana. O trânsito de veículos e drones de solo é tão grande que se pensa em instalar
semáforos de trânsito. Pistas de rolamento, faixas de pedestres e sinalizações de trânsito já existem.

É importante observar que os robôs e os drones são programados para parar seus movimentos se os
seres humanos que circulam no ambiente chegarem muito perto deles. A aproximação permitida varia
conforme o movimento previsto para a máquina.

Cada centro de distribuição é dirigido a partir de um centro de comando e controle instalado junto à área
da produção. Ele não possui paredes, o que permite que seus controladores acompanhem a operação
apenas levantando a cabeça. Toda a movimentação dos robôs e drones é controlada por telemetria.

As figuras a seguir reproduzem parte das instalações do centro de distribuição do Rio de Janeiro:

 Figura: Layout 1 do centro de distribuição – controle.


 Figura: Layout 1 do centro de distribuição – linhas de produção.

Análise
A descrição da empresa mostra que a estrutura e a organização dela são fruto de muito planejamento,
investimento e dedicação de seu time.

Mas será que isso é o suficiente para garantir que a empresa desenvolva bem suas operações? Não!
Muitas coisas podem não funcionar como o esperado por mais bem planejadas elas tenham sido.

Vejamos alguns exemplos:

Os recursos de automação podem falhar ou ser insuficientes para atender à demanda. A eficiência
e a eficácia de sua produção dependem deles.

Podem faltar energia elétrica, água e outros insumos.

Podem faltar veículos de transporte.

Pessoas podem não desempenhar as suas funções adequadamente.

Acidentes podem ocorrer, atingindo algumas pessoas e interrompendo os processos de produção.

A empresa ainda pode ser afetada por frustrações de suas expectativas de mercado. Elencaremos
a seguir alguns exemplos disso:

O custo de toda essa tecnologia pode gerar custos altos que vão aumentar os preços, o que reduz
a competitividade da empresa.
Há muitos concorrentes no mercado que podem travar uma batalha de preços com a ZPK, visando
a acabar com seu fôlego.

Os impostos são muitos e variados, podendo ser bastante significativos.

A dependência de parcerias logísticas (transporte, armazenamento, financiamentos etc.) pode ser


custosa, ou elas podem falhar na hora de serem acionadas.

Os clientes podem não gostar da proposta de trabalho da empresa, preferindo seus operadores
logísticos tradicionais.

Esses desvios do esperado constituem os riscos das empresas, ou seja, os riscos corporativos. Para
sobreviver e crescer, elas precisam conhecer seus riscos e buscar formas de contorná-los. Sua
ocorrência, afinal, pode frustrar o atingimento dos riscos corporativos. Tal é o foco do estudo deste
módulo.

Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?

3. NO AMBIENTE DE TRABALHO ANALISADO, COMO


PODERIAM SER TRATADOS OS RISCOS DE TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO OU DA AUTOMAÇÃO, QUE SÃO UM
ELEMENTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA NESSE
CONTEXTO? RESPONDA CITANDO TRÊS EXEMPLOS DE
RISCOS E PROPONDO AO MENOS UMA FORMA DE EVITÁ-
LOS – OU DE ALIVIAR AS CONSEQUÊNCIAS DELES.

RESPOSTA
Você pode citar riscos e tratamentos de sua escolha, desde que eles façam sentido no contexto da tecnologia
da informação ou da automação. Podem ser citados riscos diversos, cujo espectro varia desde as questões
contratuais até a atualização tecnológica ou a simples falta de energia. No entanto, seguem os cinco
exemplos mais prováveis como referência:

Risco Tratamento

Falhas e quebras de robôs fixos ou móveis Manutenções preventivas constantes

Falhas de sistemas de planejamento e controle da Manutenção e teste de sistemas de


produção planejamento e controle

Falhas de parametrização de seus movimentos,


Revisão periódica das parametrizações
gerando erros de aplicação

Acidentes envolvendo robôs fixos e móveis Manutenções preventivas constantes

Disponibilidade de conjunto moto-gerador


Falta de energia
ou de energia solar

⇋ Utilize a rolagem horizontal

Elaborado por: Patrícia de Castro Moreira Dias.


O GERENCIAMENTO DOS RISCOS
CORPORATIVOS

ENTENDENDO OS RISCOS

Essa disciplina estuda os riscos nas empresas. Comecemos entendendo então o que eles são. Vejamos
dois exemplos:

EXEMPLO 1

Quando aposta na loteria (evento), você corre o risco de ganhar o sorteio do prêmio que ela oferece
(consequência). Mas você já jogou inúmeras vezes e sabe que a probabilidade de ganhar é baixa, já
que há milhões de jogadores e milhares de combinações possíveis de resultados do sorteio. Ainda
assim, você continua jogando, pois, para correr o risco de ganhar, você precisa fazê-lo, aceitando,
assim, o risco de perder.
EXEMPLO 2

Seu chefe lhe passou uma tarefa e perguntou se você poderia entregar os resultados até as 18 horas
desse mesmo dia (evento). Você aceitou o prazo, já que quase sempre resolve esse tipo de tarefa
praticamente no mesmo dia (probabilidade de ocorrência). Mas, como sempre ocorre, você ficou
preocupado em não atender ao prazo, pois não queria que o chefe se aborrecesse com você
(consequência). Além disso, já perdeu prazos algumas vezes! Contudo, você entende que, ao aceitar
prazos apertados como esse, está contribuindo para conseguir uma promoção futura.
Exibimos dois exemplos de decisões rotineiras que diariamente tomamos na nossa vida pessoal ou
profissional. Elas são tomadas com base nas nossas expectativas, experiências e conhecimentos – e
até em nossos temores pessoais. Essas decisões, portanto, podem resultar em sucesso ou fracasso.

ELAS SÃO OS RISCOS QUE ASSUMIMOS NO DIA A DIA.


Note que, nas duas situações, foi possível escolher entre correr ou não os riscos de cada decisão, não
havendo quaisquer certezas sobre o atingimento dos resultados esperados. Isso nem sempre, afinal, é
possível! Muitas vezes, é preciso tomar uma decisão, mesmo que o risco pareça alto.

Essas decisões, assim como seus riscos, estão presentes em todos os aspectos de nossas vidas. Elas
podem ser simples, como escolher o sapato que vai usar ou o almoço de hoje, ou complexas, como ter
um(a) filho(a), fazer um financiamento para comprar uma casa ou mudar de emprego.

A verdade é que corremos riscos diversos diariamente em casa, na rua ou no trabalho. Cada ação ou
decisão tomada por nós envolve riscos de sucesso ou insucesso de se atingir objetivos. As empresas
também passam por inúmeras situações nas quais as decisões que envolvem riscos variados precisam
ser tomadas.

Cada decisão envolve escolhas entre opções com diferentes probabilidades de sucesso ou de
insucesso, podendo, além disso, gerar consequências positivas ou negativas. Muitas dessas decisões
podem causar grandes perdas ou até comprometer o futuro da empresa! Veremos a seguir como isso
funciona.

DEFINIÇÃO DOS RISCOS NAS EMPRESAS

Pelo que vimos até agora, podemos definir os riscos como sendo...
A COMBINAÇÃO ENTRE A PROBABILIDADE DE UM EVENTO
OCORRER COM AS CONSEQUÊNCIAS DESSA OCORRÊNCIA
Assim, se tivermos acesso a estatísticas que viabilizem o cálculo dessa probabilidade e soubermos
quais são as suas possíveis consequências, teremos o risco, certo? Sim! Tomadas de decisão como as
que já vimos não dependem da sorte ou do acaso, e sim das probabilidades de sucesso ou insucesso,
assim como das suas consequências. Quanto mais informações tivermos, melhores serão as decisões.

 SAIBA MAIS

Agora complementaremos esse entendimento apresentando outra definição de risco bastante


empregada no mundo empresarial: “o risco é o efeito da incerteza nos objetivos”. Esse conceito foi
estabelecido pela ABNT NBR ISO 31000:2018, uma norma internacional que orienta os diversos tipos de
avaliação de riscos usados pelas empresas.

Precisamos compreender, então, os termos que compõem esse conceito, assim como a correlação
entre eles:

EFEITO
É definido como um resultado diferente do que se planejava obter de determinada atividade, processo
ou projeto. Trata-se de um desvio do que era esperado. Esse efeito foi gerado por algum evento
inesperado ou não previsto nesse planejamento.

Comparando com a primeira definição, observamos que as consequências da ocorrência desse evento
seriam o efeito. Tais efeitos podem trazer ganhos ou perdas para a empresa, os quais, por sua vez,
podem ter sido estimados ou não quando se decidiu correr o risco.

Vejamos alguns exemplos dessas situações:

O lançamento de um produto foi tão bem-sucedido que as vendas superaram o esperado.

Um novo equipamento teve um mal funcionamento, interrompendo uma linha de produção


inesperadamente.

Um supermercado viu suas vendas de refrigerantes e cervejas crescerem em pleno inverno devido
a uma onda de calor e de falta de umidade do ar em pleno inverno.

Dependendo do tipo de consequências que trazem para a empresa, esses efeitos podem representar
duas situações:
Oportunidades de melhoria de processos, produtos ou resultados.

Ameaças para a produção, os ativos ou a reputação.

INCERTEZA
Por definição, a incerteza envolve a ausência ou o desconhecimento parcial ou total de dados ou de
informações sobre algum evento. Com isso, torna-se difícil (ou até inviável) compor estatísticas de
ocorrência ou conhecer as suas consequências.

Note que esses dados e informações incluem, entre outros aspectos, os seguintes pontos:

Quantidades de ocorrências.

Consequências.

Responsáveis.

Duração.

Abrangência.

Expectativas de perdas.

Dessa maneira, pode-se dizer que, se existe incerteza, não há risco, já que ele não pode ser calculado.
Quanto maiores forem as incertezas, maiores serão os prejuízos para a tomada de decisão (como
veremos mais adiante).

OBJETIVOS
Um objetivo pode ser definido como determinado resultado que se pretende alcançar. As empresas
desenvolvem inúmeros objetivos dentro de seus planejamentos estratégico, tático e operacional.

Esses objetivos podem ser para:

Toda a empresa.

Determinado processo ou projeto.

Equipes ou profissionais dela.

Exemplo: eles são usados como instrumentos de controle de gestão, da produtividade e da


performance.
Os objetivos estratégicos são definidos durante a composição do planejamento estratégico corporativo
realizada pela administração da empresa. Eles são empregados para orientar as definições de ações e
as decisões táticas e operacionais a serem implementadas pelos gestores dos diversos processos e
projetos que compõem essa organização. A partir deles, também são traçados objetivos táticos e
operacionais, normalmente consolidados no orçamento corporativo e nos sistemas de gerenciamento
dela.

 ATENÇÃO

O risco, no contexto da empresa, pode ser entendido como a probabilidade de que determinado evento
possa causar impactos (positivos ou negativos) sobre um ou mais objetivos dela. Ele também pode ser
visto como a possibilidade de ocorrer algo diferente do esperado ou de um desvio em relação ao
planejado.

O PESO DO RISCO E DA INCERTEZA NAS


DECISÕES

Já sabemos que, quanto mais informações obtivermos sobre um assunto a ser decidido e sobre as
opções de decisões, melhores serão as chances de tal decisão obter o sucesso esperado. Isso ocorre
porque, com um volume suficiente de informações relevantes sobre o tema, se torna possível avaliar
adequadamente os vários riscos envolvidos em cada possível decisão.

Quanto maior for o entendimento desses riscos, menores serão as incertezas que cercam essas
decisões, o que aumenta a probabilidade de sucesso. Por outro lado, podemos considerar que, quanto
mais significativa for a ausência de dados ou informações disponíveis e confiáveis sobre um evento,
maior será a incerteza e menor o conhecimento sobre os riscos de uma decisão, como pode ser visto a
seguir.

 Risco x Incerteza.

Com isso, também cresce a probabilidade de se tomar uma decisão que não gere os melhores
resultados para a empresa. Na ausência de riscos que possam embasar a análise para a tomada de
decisão, resta apenas a incerteza.

Como se atua nesse caso? É possível se decidir na incerteza?

Sim! Em casos desse tipo, o tomador de decisão precisará definir premissas a serem assumidas para
tentar viabilizar a escolha do melhor curso de ação. Elas podem se basear em aspectos que vão desde
sua experiência pregressa até a análise de situações semelhantes.

 ATENÇÃO

Obviamente, os tomadores de decisão preferem decidir sobre informações que possam embasar o
cálculo de riscos, ao invés de assumir premissas devido à incerteza.

RISCOS NOS PROCESSOS DAS EMPRESAS


O termo “processo” tem sido tradicionalmente usado para se referir ao conjunto de atividades de
produção de bens e serviços. Mas há muito que os processos também vêm sendo usados para
descrever atividades de apoio à produção.

Exemplo I

Processo de desenvolvimento de sistemas (TI)

Processo de contratação de pessoas (RH)

Processo de Gestão Financeira (Admin), etc

Atualmente, tais processos são largamente usados para “decompor” logicamente a empresa com o
objetivo de analisar cada parte (processo) dela a fim de, por exemplo, definir responsabilidades,
controlar a alocação de recursos, planejar a produção e avaliar os riscos (foco de nosso estudo). As
empresas costumam detalhar a forma como eles são executados por meio de descrições apresentadas
em documentos padrões.

Exemplo II – Políticas, normas de procedimentos ou manuais operacionais.

Esses padrões apresentam:


I. OBJETIVOS

II. PROCEDIMENTOS.

III. CRITÉRIOS.

IV. RECURSOS A SEREM USADOS.


V. RESPONSABILIDADES.

VI. RESULTADOS ESPERADOS DE CADA PROCESSO.

 VOCÊ SABIA?

É por intermédio desses documentos que, por exemplo, ações e decisões operacionais são
padronizadas. Com eles, as empresas podem apresentar para suas equipes como os trabalhos devem
ser realizados e estabelecer mecanismos de controle que monitoram e garantem que essa execução
ocorreu conforme esperado.

Isso inclui, a título de exemplo, os seguintes itens:

Indicadores de desempenho.

Sistemas automatizados.

Certificação de processos.

Supervisão constante de gestores.

Ação da auditoria interna.

Mas será tudo isso o suficiente para garantir que os processos vão funcionar corretamente e para gerar
os resultados esperados?

A resposta correta para essa pergunta, infelizmente, é não! Acontece que, conforme já estudamos,
podem haver diversos tipos de desvios em relação ao esperado em cada atividade ou processo.
Listaremos alguns exemplos a seguir:

EQUIPES NÃO SEGUEM OS PROCEDIMENTOS
PADRONIZADOS.


FALTAM RECURSOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO
DOS TRABALHOS.


PRAZOS NÃO SÃO SEGUIDOS.


MÁQUINAS PODEM QUEBRAR.

De forma resumida, esses desvios podem comprometer ou até inviabilizar o atingimento dos objetivos
dos processos da empresa, o que impacta inclusive os objetivos gerais dela. Desse modo, é preciso
que, quando possível, os riscos sejam identificados e tratados – e esse é justamente o foco do
gerenciamento de riscos.

GERENCIAMENTO DE RISCOS

Você já viu como os riscos podem afetar profundamente as operações de uma empresa, gerando
consequências potencialmente positivas ou negativas para essas operações. É por isso que eles
precisam ser identificados, analisados, respondidos e tratados. É necessário, assim, conduzir o
chamado gerenciamento de riscos.

Gerenciamento de riscos envolve a aplicação de métodos, critérios, responsabilidades e objetivos que a


empresa estabelece para avaliar e tratar os riscos de seus processos. Esse gerenciamento é percebido
como um esforço permanente que mobiliza administradores e gestores, sendo eles apoiados por
consultores ou equipes internas especializadas no tema.

Suas principais etapas podem incluir os seguintes pontos:

IDENTIFICAÇÃO E DETALHAMENTO DOS PRINCIPAIS


RISCOS DE CADA PROCESSO
Identificar os principais riscos de cada atividade de processo. Descrever cada risco, incluindo as suas
fontes e causas. Incluir bases de dados de suas ocorrências, e informações sobre seus possíveis
impactos.

ANÁLISE DOS RISCOS


Ocorre o cálculo da probabilidade de sua ocorrência e de seus impactos para a operação, além das
classificações quanto à sua severidade e à sua prioridade.
RESPOSTA AOS RISCOS
As respostas mais adequadas para os riscos são avaliadas. Essa avaliação pode considerar, por
exemplo, os seguintes aspectos:

Aceitar os riscos: Trata-se de conviver com eles. Essa decisão ocorre devido a fatores, como a
baixa probabilidade de ocorrência e/ou impacto desse risco ou a inexistência de tratamentos
viáveis.

Evitar os riscos: O risco estará presente enquanto a origem ou fonte dele existir na empresa ou
puder afetá-la. Assim, se essa fonte for eliminada, ele não poderá mais afetá-la.

Controlar (mitigar) os riscos: Envolve a aplicação de tratamentos que reduzam a probabilidade


ou o impacto deles até um nível aceitável. Isso inclui a aplicação de uma ou mais ações que
promovam essas reduções.

Compartilhar os riscos: Etapa em que eles podem ser divididos com terceiros mediante um
acordo entre as partes.

TRATAMENTO PARA OS RISCOS CONFORME A RESPOSTA


Envolve a implantação dos chamados controles nos processos, que podem ser preventivos, detectivos
ou corretivos.

CONTROLES PREVENTIVOS
São os preferidos no tratamento dos riscos, já que evitam que o desvio ocorra, reduzindo as
probabilidades de ocorrência ou seus impactos.

CONTROLES DETECTIVOS
Identificam os desvios quando eles ocorrem, permitindo, assim, ações imediatas que reduzam as
perdas.

CONTROLES CORRETIVOS
São aplicados após a ocorrência dos desvios e buscam minimizar as consequências dos riscos.

 ATENÇÃO

Um aspecto importante do gerenciamento dos riscos é a identificação das causas dos eventos que
geram os riscos. Note que várias delas podem atuar em conjunto para que determinado risco se torne
um evento real. Muitos tratamentos definidos envolvem ações diretas sobre tais causas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Conhecer as práticas de gerenciamento de riscos ocupacionais e o planejamento de


gerenciamento de riscos conforme a NR-1

LIGANDO OS PONTOS
Agora é hora de enfocar os riscos ocupacionais. Você sabe defini-los? Seria capaz de realizar um
levantamento dos riscos ocupacionais em um ambiente de trabalho? Conseguiria ainda identificar e
estabelecer a situação de exposição para determinado agente de risco?

Para entendermos os conceitos envolvidos, tomaremos por base uma situação prática. Desse modo,
continuaremos a análise do case visto no módulo 1: ZPK Logística.

Case - empresa ZPK Logística

A figura a seguir reproduz parte do layout do centro de distribuição do Rio de Janeiro e ilustra um de
seus principais processos de produção: o processo de separação e distribuição de cargas.

 Figura: Layout do centro de distribuição.


Um relatório dos engenheiros de segurança responsáveis pela avaliação da exposição ocupacional
constatou uma condição de insalubridade no ambiente de produção do processo de separação e
distribuição de cargas. Após terem identificado algumas fontes de risco ou perigo, eles já estão
atualizando o inventário de riscos e buscando definir planos de ação com os gestores responsáveis pela
área.

Vejamos as cinco fontes identificadas pelos engenheiros:

Diversos equipamentos eletrônicos em operação são fontes de energia calorífica ou elétrica.

Há uma falta geral de cadeiras no ambiente, o que, por exemplo, obriga os trabalhadores a
atuarem e se curvarem para operar computadores.

Robôs industriais fixos e móveis estão em movimento constante e sem nenhum tipo de proteção
coletiva que impeça a presença de trabalhadores perto dessas máquinas.

Veículos transitam constantemente junto ao ambiente analisado, liberando monóxido de carbono.


Como ele é parcialmente fechado, ocorre uma concentração dessa substância próximo das
equipes, exigindo uma ventilação mecânica já instalada e em funcionamento.

No ambiente acima, junto aos caminhões, o nível de ruído se mostrou elevado, ficando próximo
dos 85DB limítrofes para uma jornada de oito horas diárias.

Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?

3. O AMBIENTE DE TRABALHO ANALISADO APRESENTA


TRABALHADORES ATUANDO MUITO PRÓXIMO DAS
MÁQUINAS. NO ITEM 3, A EQUIPE DE ENGENHEIROS
APONTOU ISSO COMO UM RISCO DE ACIDENTES,
DESTACANDO AINDA A FALTA DE PROTEÇÕES COLETIVAS,
O QUE SERIA UM PROBLEMA. MAS OS GESTORES
RESPONSÁVEIS ESCLARECERAM QUE NÃO HÁ RISCO, JÁ
QUE OS ROBÔS ESTÃO PROGRAMADOS PARA PARAR DE
TRABALHAR SE ALGUÉM SE APROXIMAR. ALÉM DISSO,
NUNCA HOUVE ACIDENTE NOS SEIS MESES DE
EXISTÊNCIA DESSE CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO. AFINAL,
QUEM ESTÁ COM A RAZÃO? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.

RESPOSTA

Os engenheiros estão com a razão, pois o fato de haver uma programação que interrompa a operação dos
robôs em caso de aproximação não elimina o risco, já que, se essa programação falhar, o robô pode não
parar a tempo. Por outro lado, mesmo que o equipamento funcione, as circunstâncias do acidente podem
levar a lesões ou agravos à saúde da mesma forma.

O GERENCIAMENTO DE RISCOS
OCUPACIONAIS
RISCOS OCUPACIONAIS

No módulo 1, estudamos os riscos sob o ponto de vista empresarial. Com isso, pudemos:

Conhecer as definições de riscos.

Entender sua importância para a tomada de decisão pessoal e corporativa.

Aprender que eles devem ser gerenciados.

Compreender que há diversos tipos de riscos e várias respostas que podem ser definidas para
eles.

Como nosso conteúdo enfoca a segurança do trabalho, aprofundaremos agora nossos conhecimentos
sobre os riscos diretamente relacionados ao trabalho. Eles são conhecidos como riscos ocupacionais.
Comecemos nosso estudo compreendendo seu significado:
Os riscos ocupacionais são aqueles aos quais os trabalhadores estão expostos ao desempenharem
suas funções normais nas empresas. Todos os trabalhos, por mais simples que pareçam, podem trazer
riscos para a saúde, a segurança e a própria vida deles. As fontes desses riscos, que passaremos a
chamar de perigos, fazem parte dos processos de trabalho e geram seus efeitos durante sua execução.

Vejamos alguns exemplos de perigos:

A emissão de gases tóxicos em determinados processos de produção fabril.


A grande vibração gerada por uma britadeira ao perfurar o asfalto.

O peso excessivo de objetos que precisam ser movidos em um depósito.


A exposição a doenças transmissíveis em um hospital.

O frio intenso de um frigorífico.


O manuseio de material tóxico utilizado como insumo da produção.

A radiação de equipamentos de raios-X.

Como você pode observar nesses exemplos, os perigos fazem parte dos inúmeros tipos de processos
de produção de bens e de serviços que movimentam a economia. Eles são causados por máquinas,
equipamentos, ferramentas e materiais empregados nas diversas etapas dos processos de produção.

 DICA

Tais perigos podem atingir tanto os trabalhadores que atuam diretamente com esses recursos quanto
quem estiver apenas próximo deles ou transitando no mesmo ambiente.
Alguns perigos são facilmente detectáveis, como é o caso do frio intenso ou do peso excessivo.
Outros podem expor o trabalhador a seus impactos sem que ele sequer os perceba, como é o
caso do raios-X, das doenças transmissíveis e de alguns tipos de gases industriais. Nesses casos, os
danos podem ser percebidos após a instalação de suas consequências no corpo humano, ou seja, as
chamadas doenças ocupacionais.

Mas será que essa exposição ao risco, se não pode ser evitada, não poderia ser ao menos contornada
ou mitigada?

A RESPOSTA É SIM! E ESSE É O FOCO DO NOSSO ESTUDO DOS


RISCOS OCUPACIONAIS.

DEFINIÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS


Nesse ponto, é interessante apresentar e analisar uma definição formal dos riscos ocupacionais. Para
isso, a melhor referência é a Norma Regulamentadora nº 1 (2020a) emitida pela Secretaria de
Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência.

A NR-1 (2020a, p. 13) os define como a “combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à
saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de
trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”.

 DICA

Você deve ter percebido que essa definição afirma que o risco resulta da combinação entre a
probabilidade de ocorrência e sua severidade (impacto para o trabalhador). Ela se concentra
diretamente nas ocorrências que possam representar perigos para os trabalhadores expostos a ela, ou
seja, que estiverem próximo o bastante para sofrerem seus efeitos. Trata-se de uma definição muito
semelhante da que já estudamos.

A NR-1 (2020a) apresenta o termo “perigo” como uma “fonte com o potencial de causar lesões ou
agravos à saúde”. Isso quer dizer que, no nosso contexto, o perigo é um elemento que faz parte do
processo de trabalho que venha a causar a exposição dos trabalhadores aos riscos de danos à sua
saúde e à sua segurança. Trata-se, portanto, do “evento perigoso” citado na definição de risco
ocupacional acima.

CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS


Como já pontuamos, as fontes dos riscos ocupacionais são muito diversificadas. Elas estão presentes,
por exemplo, em:

AMBIENTES DE PRODUÇÃO DE INDÚSTRIAS.

LOJAS COMERCIAIS.

HOSPITAIS.
ESCRITÓRIOS DE SERVIÇOS.

FAZENDAS.

 ATENÇÃO

Até ambientes abertos, como fazendas, canteiros de obras, estádios esportivos, praias ou vias públicas,
apresentam fontes de riscos ocupacionais. Toda essa diversidade de fontes de riscos, de tipos de
processos de produção e de ambientes deve dificultar muito o tratamento desses riscos, não é? A
verdade é que não é tão difícil assim!

Inicialmente, é preciso estabelecer um critério para a separação e classificação deles. Agrupá-los por
suas características comuns viabiliza a análise deles e a proposição de ações de prevenção.

Um critério a ser utilizado na análise dos riscos ocupacionais foi proposto pelo governo federal no
lançamento da Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. A “tabela de classificação dos principais
riscos ocupacionais em grupos” dessa portaria será reproduzida na tabela adiante.

Os riscos dos ambientes de trabalho foram classificados em cinco grupos que representam sua
natureza:

Riscos físicos.

Riscos químicos.

Riscos biológicos.
Riscos ergonômicos.

Riscos de acidentes.

Cada grupo apresenta diversos tipos de agentes a representarem cada risco. O estudo de cada agente
nos permite entender como ele se propaga nos ambientes de trabalho e prever as ações de prevenção
necessárias para tratá-lo.

Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos de acordo com sua natureza e a
padronização das cores correspondentes

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Riscos Riscos Riscos Riscos


Acidentes
físicos químicos biológicos ergonômicos

Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul

Esforço físico Arranjo físico


Ruídos Poeiras Vírus
intenso inadequado

Levantamento e Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias transporte equipamentos sem
manual de peso proteção

Exigência de Ferramentas
Radiações
Névoas Protozoários postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas

Radiações Controle rígido


Iluminação
não Neblinas Fungos de
adequada
ionizantes produtividade

Frio Gases Parasitas Imposição de Eletricidade


ritmos
Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos de acordo com sua natureza e a
padronização das cores correspondentes

excessivos

Probabilidade de
Trabalho em
Calor Vapores Bacilos incêndio ou
turno e noturno
explosão

Jornadas de
Pressões Substâncias Armazenamento
trabalho
anormais compostas ou inadequado
prolongadas
produtos
químicos em
Monotonia e Animais
Umidade geral
repetitividade peçonhentos

Outras Outras situações


situações de risco que
causadoras de podem contribuir
estresse físico para a ocorrência
e/ou psíquico de acidentes

⇋ Utilize a rolagem horizontal

Quadro: Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos.


Extraído de PORTARIA nº 25, 1994, tabela I, adaptado por Ronaldo Augusto Granha.

 ATENÇÃO

As cores de cada grupo da tabela facilitam sua representação, sendo usadas em mapas de risco.
Representação dos riscos de cada ambiente de trabalho na Norma Regulamentadora Nº 5 (NR-5) -
COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA (2019).

RISCOS AMBIENTAIS
Riscos ou agentes físicos, químicos e biológicos também são conhecidos como riscos ambientais. Parte
do processo de produção, eles são liberados nos ambientes de trabalho durante a operação normal de
alguns recursos alocados a esse processo. Elencaremos alguns desses recursos a seguir:

Máquinas

Equipamentos

Ferramentas

Materiais

Procedimentos manuais

Infraestrutura

Pode parecer estranho que o processo de produção libere agentes com potencial de colocar em risco a
saúde e a segurança dos trabalhadores, porém isso, às vezes, é mesmo inevitável! A verdade é que eles
podem ser insumos necessários para a produção ou resultar dos processos de transformação de
matérias-primas em bens ou do desenvolvimento de serviços.

Como esses processos são bem conhecidos nas empresas, é possível conhecer antecipadamente o
momento e a forma como tais agentes se propagam nos ambientes, viabilizando, dessa maneira, a
criação ou a implantação de proteções para o trabalhador. Algumas proteções muito conhecidas para os
riscos ambientais são os equipamentos de proteção individual (EPI).

Os EPIs são distribuídos pelas empresas para uso exclusivo de cada trabalhador. Seu uso é regulado
pela Norma Regulamentadora Nº 6 (NR-6) - Equipamento de Proteção Individual - EPI. Alguns exemplos
deles são:
Capacetes

Luvas

Máscara

Óculos de segurança
Protetor facial

Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPCs incluem proteções no ambiente ocupacional e que


afetam aos trabalhadores que atuam nele. Eles são citados principalmente na norma regulamentadora
Nº 4 (NR-4) Serviços Especializados em Engenharia De Segurança e em Medicina Do Trabalho -
SESMT. Alguns exemplos são:

GRADES DE RESTRIÇÃO DE ACESSO.

SINALIZAÇÃO.

FILTROS.
EXAUSTORES.

VENTILADORES.

EXTINTORES DE INCÊNDIO.

Os EPI-s e os EPCs devem ser certificados por entidades como Inmetro ou ABNT, entre outros. Eles
devem ser sempre utilizados conforme as suas aplicações, especificações, validade e orientações para
uso seguro.
Quanto à disseminação de agentes dos riscos ambientais citados, pode-se afirmar que:

AGENTES FÍSICOS
São formas de energia (calor, frio, umidade, ruído, vibração ou radiação) transmitidas ao ser humano
pelo contato físico direto ou indireto com sua fonte e pelo ar, por exemplo.

AGENTES QUÍMICOS
Estão presentes em inúmeros processos de transformação de matérias-primas em bens pela indústria.
Eles são liberados na forma liquida, sólida ou gasosa. Esses agentes podem ser, por exemplo, inalados,
ingeridos ou absorvidos pela pele.

AGENTES BIOLÓGICOS
Contaminam os ambientes, podendo ser inalados, ingeridos ou absorvidos pela pele. Observe que essa
transmissão pode ocorrer tanto entre pessoas quanto entre elas e recursos contaminados.

RISCOS ERGONÔMICOS

A ERGONOMIA É UMA CIÊNCIA HUMANA APLICADA QUE OBJETIVA


TRANSFORMAR A TECNOLOGIA PARA ADAPTÁ-LA AO SER
HUMANO, APONTAM MATTOS E MÁSCULO
(2019, P. 371).
Essa ciência tem sido largamente aplicada na gestão da produção a fim de adaptar ao ser humano:
Máquinas.

Equipamentos.

Ferramentas.

Layout do ambiente de trabalho.

Métodos de trabalho.

Mesas e cadeiras para o uso confortável e seguro pelo ser humano.

A inadequação desses recursos para o uso humano pode gerar desconforto ou danos ao corpo, devido à
aplicação de esforços físicos elevados ou inapropriados pelos trabalhadores para executar suas tarefas.
Com o tempo, é possível haver doenças ocupacionais graves, gerando o afastamento temporário ou
permanente do trabalhador. Também há riscos de acidentes – como veremos no próximo subitem – e
prejuízos à sua produtividade.

 Equipamentos inadequados ao trabalhador geram problemas.

Eis alguns exemplos dessas inadequações:


EQUIPAMENTOS ALTOS OU BAIXOS DEMAIS PARA O USO
CONFORTÁVEL DO TRABALHADOR.


FERRAMENTAS SEM A EMPUNHADURA ADEQUADA.


CADEIRAS RÍGIDAS E DESCONFORTÁVEIS.


EXCESSO DE PESO DE OBJETOS A SEREM MOVIDOS
MANUALMENTE.
Mas os riscos ergonômicos também envolvem a forma como o trabalhador usa os recursos colocados
à sua disposição. Nesta imagem, é possível perceber que, uma postura inadequada diante do
computador, promove efeitos nocivos ao corpo, como dores na região do pescoço e na lombar. Tais
inadequações – tanto dos recursos quanto da forma de seu uso – constituem perigos para o trabalhador
e representam riscos ergonômicos.

RISCOS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Os acidentes de trabalho decorrem do exercício da atividade profissional, apesar de não fazerem parte
dela. Eles são consequências, na verdade, de algum evento não previsto ou de um desvio do processo
de produção. Esses acidentes até podem ser causados por fatores externos e não relacionados ao
ambiente ou ao processo de produção, mas eles afetam os trabalhadores que participam dele.
Trata-se de eventos perigosos para o trabalhador que ocorrem durante o exercício de sua atividade
profissional, podendo gerar nele lesões ou agravos à sua saúde. Por isso, tais acidentes são
considerados riscos ocupacionais.

 VOCÊ SABIA?

Esse entendimento está claramente suportado pelo conteúdo do artigo 19 da Lei nº 8.213, de 24 de
julho de 1991: “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou
de empregador doméstico [...], provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte
ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. O mesmo artigo
ainda estabelece a responsabilidade da empresa pela aplicação de medidas de prevenção de acidentes
que protejam a segurança e a saúde do trabalhador.

GERENCIAMENTO DE RISCO OCUPACIONAL


AS NORMAS REGULAMENTADORAS E O
GERENCIAMENTO DE RISCOS

DESDE A CRIAÇÃO DELAS EM 1978, AS NORMAS


REGULAMENTADORAS (NRS) TÊM SIDO AS PRINCIPAIS
REFERÊNCIAS PARA A PREVENÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS
NO BRASIL.
Elas complementam o capítulo V (da segurança e da medicina do trabalho) do título II da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) com alterações definidas pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Ao
longo dos anos, já foram publicadas 37 NRs. Sua adoção, tanto por parte das empresas quanto dos
trabalhadores, é obrigatória.

 SAIBA MAIS

A criação e a manutenção dessas normas estão hoje sob a gestão da Secretaria de Trabalho do
Ministério do Trabalho e Previdência.

No que tange ao gerenciamento de riscos, vale destacar a NR-9 (2020c), que estabeleceu o Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) com o objetivo de efetuar a “antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir
no ambiente de trabalho”.

O PPRA trata exclusivamente de riscos ambientais (físicos, químicos e biológicos). Os ergonômicos e de


acidentes de trabalho são tratados isoladamente em outras normas.
A partir da entrada em vigor da nova versão da NR-9 (2020b) a denominação da norma mudou para
“Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos”. Seu título
já revela a principal mudança dela: a extinção do PPRA.

Entrará em vigor a nova versão da NR-1. Suas mudanças foram muito mais profundas e abrangentes,
variando desde a denominação dessa norma, que muda para “Disposições gerais e gerenciamento de
riscos ocupacionais”, até a introdução do conceito de gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO)
e do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

O PGR é uma evolução de um programa similar previsto na NR-22 - Segurança e saúde ocupacional na
mineração. Sua introdução substitui – e com vantagens – o antigo PPRA, como veremos mais adiante.
As empresas de todos os setores de negócio passam a ser obrigadas a adotar o GRO e o PGR a partir
da entrada em vigor da norma.

GERENCIAMENTO DE RISCO OCUPACIONAL


(GRO)

O GRO estabelecido pela NR-1 não é uma metodologia de trabalho. Quem cumpre essa função é o
PGR.

TRATA-SE DE UM PROCESSO OU DE UM SISTEMA DE


GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS A SER IMPLANTADO
EM CADA ESTABELECIMENTO DA EMPRESA.
O GRO registra a filosofia, as diretrizes e os requisitos para a execução desse gerenciamento, além das
responsabilidades por sua condução e supervisão. Tais diretrizes e requisitos podem incluir definições
da NR-1 e da própria empresa.

A partir do conteúdo da NR-1, essas diretrizes podem:


I. Estabelecer o processo de GRO por estabelecimento de seus objetivos.

II. Afirmar seu alinhamento à legislação e à regulamentação do trabalho.

Definir se o GRO fará parte da estrutura de gestão corporativa (opção concedida à


III.
empresa).

IV. Estabelecer o PGR e definir seus objetivos específicos.

V. Definir as responsabilidades sobre o GRO e o PGR em toda a empresa.

Definir os critérios para a construção e a aplicação do PGR, incluindo a definição sobre


VI. sua implantação por unidade operacional, setor ou atividade de cada estabelecimento
(opção concedida à empresa).

Autorizar a alocação de recursos para o PGR (sistemas de informação, estrutura de


VII.
gestão, profissionais etc.).

⇋ Utilize a rolagem horizontal

Adaptado da Norma Regulamentadora nº 1 (2020a), por Ronaldo Augusto Granha.

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS


(PGR)
Para a aplicação prática do GRO, a nova NR-1 introduziu o PGR. Desenvolvido individualmente para
cada estabelecimento da empresa, esse programa abrange os riscos ambientais, os ergonômicos e os
de acidentes de trabalho.

 ATENÇÃO

O antigo PPRA só abrangia os riscos ambientais.

O PGR apresenta a forma de execução do gerenciamento de riscos. A NR-1 descreve a metodologia a


ser empregada para seu desenvolvimento e sua gestão. Tal programa deve incluir as ações e os
documentos relativos aos programas, planos, além de outros instrumentos previstos na normatização do
trabalho em vigor.

A NR-1 estabelece as etapas do planejamento de risco a serem implementadas pela empresa:

Evitar Os riscos ocupacionais do ambiente de trabalho.

Os perigos e suas consequências (possíveis lesões ou agravos à


Identificar
saúde).

Avaliar Os riscos ocupacionais e seu nível de risco ocupacional.

Classificar e
Os riscos ocupacionais e estabelecer as medidas de prevenção.
priorizar

Implantar As medidas de prevenção definidas.


O controle dos riscos ocupacionais, efetuando ajustes quando
Monitorar
necessário.

⇋ Utilize a rolagem horizontal

Adaptado da Norma Regulamentadora nº 1 (2020a), por Ronaldo Augusto Granha.

Um aspecto-chave no Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR é o chamado processo de


identificação de perigos e a avaliação de riscos ocupacionais descrito na NR-1. Suas etapas serão
ilustradas na figura adiante. Ela revela que o processo segue um ciclo contínuo, pois se baseia no ciclo
PDCA (sigla de plan, do, check e act), revelando, assim, seu foco na melhoria contínua desse processo.

Tal formato esclarece que o processo de gerenciamento de riscos, portanto, funciona continuamente,
viabilizando a identificação e o tratamento contínuo das causas dos riscos. Com isso, esses riscos
tenderão a não ocorrer ou causarem pouco impacto caso ocorram.

É importante observar que os processos estão sempre em evolução e sofrendo mudanças, o que leva
ao surgimento de novos perigos, ou a maior recorrência de perigos que já estavam mitigados.

 Processo de identificação de perigos e avaliação de riscos ocupacionais.


Adaptado da Norma Regulamentadora nº 1 (2020a).

Para o desenvolvimento de tais atividades, são aplicadas as ferramentas de gerenciamento de riscos


apresentadas no próximo módulo. Dois documentos citados pela NR-1 como necessários para o PGR
são o inventário de riscos ocupacionais e o plano de ação. Ambos também serão debatidos no módulo
3.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Distinguir as ferramentas de gerenciamento de riscos ocupacionais

LIGANDO OS PONTOS
O desenvolvimento do gerenciamento dos riscos corporativos e ocupacionais é uma atividade
trabalhosa. Para facilitar e agilizar essa tarefa, foram desenvolvidas ao longo do tempo várias
ferramentas que auxiliam na identificação, na avaliação e na análise de riscos.

Há inclusive outras ferramentas adaptadas ou introduzidas pela nova redação da NR-1. Mas você sabe
quais são essas ferramentas? Compreende como elas são usadas?

Para entendermos os conceitos envolvidos, tomaremos por base uma situação prática. Por conta disso,
continuaremos a análise do case visto nos outros módulos: o da ZPK Logística.

Case - empresa ZPK Logística

A ZPK Logística é uma empresa brasileira legalmente estabelecida que se instalou recentemente no
estado do Rio. Seus principais acionistas são grandes empresas de e-commerce brasileiras.
Especializada no transporte de cargas leves, ela apresenta como seu diferencial o alto nível de
automação de suas operações e a velocidade com que realiza o transporte de cargas, conseguida
graças a parcerias com empresas de aviação e de transporte rodoviário.

A organização se orgulha de operar com tamanha agilidade que suas cargas praticamente apenas
passam pelos centros de distribuição, quase sem esperas para o embarque. Já o volume de cargas em
espera é mínimo.

Conforme vimos nos cases dos módulos 1 e 2, a empresa é altamente informatizada e robotizada.
Porém, apesar disso, suas linhas de produção apresentam diversos profissionais atuando em meios a
esses robôs e demais equipamentos.

Esta figura reproduz parte desse ambiente de produção para servir de referência:
 Figura: Layout do centro de distribuição.

Como verificamos no case do módulo 2, a proximidade dessas pessoas com as máquinas em


movimento apresenta vários riscos ocupacionais, ou seja, diversos fatores de risco ou perigos aos quais
os trabalhadores estão expostos no seu dia a dia. Também vimos cinco exemplos:

Diversos equipamentos eletrônicos em operação são fontes de energia calorífica ou elétrica.

Há uma falta geral de cadeiras no ambiente, o que, por exemplo, obriga os trabalhadores a
atuarem e se curvarem para operar computadores.

Robôs industriais fixos e móveis estão em movimento constante e sem nenhum tipo de proteção
coletiva que impeça a presença de trabalhadores perto dessas máquinas.

Veículos transitam constantemente junto ao ambiente analisado, liberando monóxido de carbono.


Como ele é parcialmente fechado, ocorre uma concentração dessa substância próximo das
equipes, exigindo uma ventilação mecânica já instalada e em funcionamento.

No ambiente acima, junto aos caminhões, o nível de ruído se mostrou elevado, ficando próximo
dos 85DB limítrofes para uma jornada de oito horas diárias.

Também já apontamos que os riscos 1, 3, 4, 5 são ambientais, enquanto o 2 é um risco


ergonômico. A análise de riscos após o início da vigência da nova NR-1 será executada dentro do
programa de gerenciamento de riscos (PGR) que essa empresa vanguardista já adotou.

Dentro das etapas do PGR, esses riscos já identificados serão registrados e detalhados por meio de
ferramentas de identificação de fontes de riscos. Serão inseridos nelas todos os demais riscos
ocupacionais identificados no ambiente em análise. Essa também será a base para a alimentação do
inventário de riscos citado pela nova redação da NR-1, o qual, aliás, já pode ir sendo preenchido.
Empregaremos a seguir a ferramenta (ou mais de uma) de análise e avaliação de riscos que se mostrar
mais adequada. Nela serão avaliados a resposta e o tratamento a ser aplicado para evitar ou mitigar o
risco ocupacional.

Essas ferramentas podem ser usadas no PGR proposto pela nova redação da NR-1 para efetuar a
análise dos riscos. Seus resultados vão compor o inventário de riscos. As ações que vierem a ser
definidas para o tratamento deles serão registradas como planos de ação.

Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?

3. VIMOS QUE O AMBIENTE DE TRABALHO ANALISADO


APRESENTA DIVERSOS RISCOS OCUPACIONAIS.
OBSERVAMOS ATÉ UMA LISTA COM CINCO DELES, SENDO,
PORTANTO, DEVIDAMENTE IDENTIFICADOS. DESCREVA
COMO DEVE SER FEITO O PROCESSO DE
GERENCIAMENTO DESSES RISCOS, ESCLARECENDO AS
ETAPAS RESTANTES DE FORMA SUSCINTA. UTILIZE O
PROCESSO DE GERENCIAMENTO PROPOSTO PELA NR-1:
O PGR. SE PREFERIR, VOCÊ TAMBÉM PODERÁ USAR UM
DOS RISCOS IDENTIFICADOS PARA APOIAR SUA
NARRATIVA.

RESPOSTA

O PGR apresenta: atividades de identificação dos perigos e suas consequências (possíveis lesões ou
agravos à saúde); avaliação dos riscos ocupacionais e seu nível de risco ocupacional; classificação e
priorização dos riscos ocupacionais e estabelecimento de medidas de prevenção; implantação das medidas
de prevenção definidas; e monitoração do controle dos riscos ocupacionais, efetuando ajustes quando
necessário.

O QUE SÃO ESSAS FERRAMENTAS DE


GERENCIAMENTO DE RISCOS?

A NORMA REGULAMENTADORA Nº 1 – NR1


O módulo 2 mostrou o funcionamento e a importância do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais –
GRO e do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR. Neste módulo vamos estudar métodos e
ferramentas usadas nesse gerenciamento.

O desenvolvimento desse gerenciamento exige a reunião e análise de um grande volume de


informações sobre o processo e seus riscos. Ademais, tudo precisa ficar documentado de forma
organizada e facilmente recuperável a fim de suprir novas ações de gerenciamento futuras. Seu fluxo,
portanto, será contínuo.

É por isso que as empresas costumam alocar equipes especializadas no apoio aos gestores para o
gerenciamento de riscos e muni-las com sistemas especializados, metodologias estruturadas e outros
recursos de suporte à execução e à documentação do trabalho.

A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA E DA
DOCUMENTAÇÃO
As empresas precisam dispor de formas organizadas que definam:

I. O QUE SERÁ FEITO.

II. POR QUE SERÁ FEITO.

III. QUEM O FARÁ.

IV. QUANDO DEVE SER FEITO.


V. COMO SERÁ FEITO.

VI. EM QUE SERÁ FEITO

VII. QUANTO CUSTARÁ.

Essa é a missão das metodologias de trabalho. Elas são roteiros do que deve ser feito, apresentando,
para tal, as orientações, os critérios, os documentos e outras informações necessárias para o
desenvolvimento dos trabalhos.

Uma metodologia de trabalho bem estruturada é um guia para a realização do trabalho. Ela serve tanto
de material de treinamento quanto de orientação das questões que surgem na prática. Além dos
métodos de trabalho, essa metodologia apresenta formatos para o registro de:
REUNIÕES

ENTREVISTAS
LEVANTAMENTOS

ANÁLISES

 ATENÇÃO
Um conteúdo importante que as metodologias de trabalho mostram são as ferramentas de
gerenciamento de riscos que veremos a seguir.

As empresas também costumam alocar sistemas automatizados. Desenvolvidos internamente ou


adquiridos no mercado, eles são projetados para auxiliar os gestores e as equipes da empresa a
desenvolver as etapas e as atividades do gerenciamento. Esses sistemas apresentam telas e bases
de dados que registram todas as informações que vimos no módulo 2 e outras mais que se
façam necessárias. As empresas registram o conteúdo de documentos-chaves do gerenciamento.

Apontaremos alguns documentos e ferramentas levantados nesse processo:

Inventário de riscos

Planos de ação

Cronograma dos trabalhos

Definições de responsabilidade

Todos esses instrumentos permitem que as informações levantadas sejam rapidamente recuperadas e
analisadas. Claro que todo o trabalho pode ser desenvolvido com editores de textos e planilhas, assim
como a guarda de documentos gerados numa pasta da rede de computadores. No entanto, várias
dificuldades podem surgir. Entre elas, se destaca a de manusear um volume muito grande de arquivos
ou falhas de tecnologia capazes de comprometer dados e informações mantidos nesses arquivos.

Você talvez esteja se perguntando se a nova NR-1 pode ser considerada uma metodologia de trabalho,
já que ela parece apresentar tudo o que deve ser feito no processo de gerenciamento de riscos. Essa
norma, na verdade, descreve sumariamente o Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR e define
alguns de seus quesitos, critérios, registros e responsabilidades. Entretanto, ela não mostra, por
exemplo, as ferramentas de gerenciamento de riscos a serem usadas ou os métodos de registro das
informações obtidas e dos resultados das análises realizadas.

FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DE
RISCOS OCUPACIONAIS
Há várias ferramentas que podem – e devem – ser usadas no desenvolvimento dos trabalhos de
gerenciamento de riscos. Todas elas representam técnicas de levantamento de dados e/ou análise. Tais
ferramentas foram desenvolvidas separadamente ao longo dos anos, muitas vezes com o objetivo de
atender a objetivos não relacionados ao gerenciamento de riscos.

Elas, contudo, apresentam características próprias que, ao serem agrupadas e organizadas dentro do
processo de gerenciamento de riscos, permitem que seus objetivos sejam plenamente atendidos.
Observe que a maioria delas apresenta uma forma de aplicação e/ou conteúdo flexível ou adaptável às
necessidades ou às possibilidades de cada empresa. Há inclusive ferramentas que são técnicas de
entrevistas e organização de reuniões.

É IMPORTANTE OBSERVAR SE O CONTEÚDO DESSAS


FERRAMENTAS ATENDE ADEQUADAMENTE AS NECESSIDADES DO
PGR (NR-1).
Note ainda que todas essas ferramentas podem ser usadas para levantar riscos químicos, físicos,
biológicos, ergonômicos ou de acidentes. Por conta disso, tenha em mente que, ao falarmos de riscos
nas descrições realizadas a seguir, faremos uma referência a todo esse conjunto. Tendo isso em vista,
apresentaremos agora as ferramentas agrupadas conforme seu objetivo, assim como as descrições
sobre a aplicação delas.

Veja ainda que algumas utilizam planilhas para o registro dos resultados a serem preenchidos:

FERRAMENTAS DE IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE


RISCOS (PERIGOS)

A1. TÉCNICA DO INCIDENTE CRÍTICO (TIC)


A TIC é utilizada para levantar e detalhar as fontes de riscos ou perigos. Ela está baseada em
entrevistas e/ou reuniões com membros selecionados (por amostragem) das equipes envolvidas com o
processo de produção em análise. A equipe de gerenciamento começa a reunião apresentando seus
objetivos e esclarecendo o que são os riscos ocupacionais (com exemplos), nivelando, assim, o
entendimento dos presentes.

Os participantes apresentam sumariamente, entre outros exemplos, os seguintes pontos:

O processo de produção

As fontes de risco/perigos que já conhecem

As ocorrências de doenças ou acidentes de que se lembram

Os resultados devem ser registrados em ata (formato em aberto) e guardados para referências. Durante
a reunião, podem ser solicitados aos participantes dados e informações documentadas sobre as fontes
de perigo e de ocorrências recentes que causaram ou poderiam causar lesões ou agravos à saúde.

A entrevista ou reunião não deve levar mais de duas horas ou reunir mais de 10 pessoas. Isso ocorre
devido às dificuldades de se conduzir reuniões longas e/ou com muitos participantes.

A2. WALKTHROUGH DO PROCESSO


Esta técnica complementa a do TIC, pois permite “entrevistar” o processo. Ela envolve visitas
autorizadas e guiadas pela equipe de produção aos ambientes de trabalho que se pretende analisar.

Com isso, é possível:

Observar e entender o funcionamento do processo.

Conhecer as fontes de riscos citadas no TIC.

Identificar outras fontes não citadas.

As informações obtidas devem ser documentadas. Também se pode registrar a visita com fotos e
filmagens, desde que haja prévia autorização da gestão da área, e a informação prévia aos
colaboradores que estarão sendo filmados.

A3. WHAT-IF ANALYSIS

Essa técnica envolve a realização de reuniões (dinâmicas de grupo) com representantes da equipe de
produção, objetivando a análise e o debate (brainstorm) acerca das possíveis consequências de erros e
falhas que podem ocorrer em cada etapa do processo, e que representam um perigo para a equipe.
Além da identificação desses perigos potenciais, a equipe precisa identificar as causas, como
circunstâncias e eventos, que levaram a essas falhas. As recomendações de tratamento das causas
também devem ser registradas.
O registro das informações levantadas pode seguir este modelo:

 Quadro: Modelo de What-if analysis.


Elaborado por Ronaldo Augusto Granha

A4. OS 5 PORQUÊS

Essa é uma técnica simples e muito usada para identificar a causa raiz de perigos. Ela pode ser usada
em conjunto com a What-if Analysis, ou mesmo em entrevistas individuais. Para cada situação de risco
observada, ou mesmo de um evento ou ocorrência conhecido, busca-se o “porquê” de sua ocorrência,
ou seja, suas causas.

Para cada causa apontada, busca-se o seu “porquê”, ou seja, as suas causas. E esse ciclo vai se
repetindo até o quinto “porquê”. É comum que esses questionamentos sucessivos não passem do 5º
“porquê”. Para cada causa identificada, são avaliadas as respostas e aplicados tratamentos preventivos

O método consiste em buscar a causa raiz de problemas reais ou potenciais já identificados. Ele ocorre
preferencialmente com o apoio do brainstorm, mas também pode se dar por meio de entrevistas. A
equipe busca identificar o porquê de um evento e segue repetindo tal pergunta para cada causa
identificada até não ser mais possível aprofundar o questionamento.
É comum que esses questionamentos sucessivos não passem do 5º “porquê”. Para cada causa
identificada, avaliam-se as respostas e aplicam-se os tratamentos preventivos.

FERRAMENTAS DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE


RISCOS (PERIGOS)

B1. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR)

A APR apresenta os perigos identificados no processo de produção. Ela apresenta detalhes sobre esse
perigo, incluindo causas, impactos, respostas e gravidade, entre outros quesitos, conforme indica o
modelo da tabela a seguir. Observe que todo esse conteúdo precisa necessariamente já ter sido
levantado pelas ferramentas de identificação de riscos apresentadas.

 DICA

Você pode desenvolver um checklist com essas informações a ser preenchido com a equipe de
produção durante as entrevistas ou as reuniões tão logo seja identificado um perigo. Sua principal
aplicação ocorre antes da entrada em operação do processo de produção e serve para projetar as
proteções para ele (por isso, há o termo “preliminar” em seu nome). A APR, no entanto, também pode
ser usada para as avaliações periódicas de seus riscos.
 Quadro: Modelo de APR.
Adaptado da Tabela 7.1 APR - Análise Preliminar de Riscos de Cardella (2016, p. 139), por Ronaldo
Augusto Granha.

B2. HAZARD AND OPERABILITY STUDIES (HAZOP)

Traduzido como estudo de perigo e operabilidade, o Hazop é uma ferramenta muito usada para
identificar os perigos de cada atividade e registrar as causas, os efeitos, as respostas e as
recomendações delas.

Conforme aponta o modelo a seguir, essa ferramenta é comumente usada por equipes de produção. Ela
as mantém atualizadas para apoiar sua gestão da produção:

 Quadro: Modelo de Hazop.


Adaptado da Tabela 7.3 HAZOP – aplicado a processos contínuos de Cardella (2016, p. 144), por
Ronaldo Augusto Granha.

B3. FAILURE MODE AND EFFECT ANALYSIS (FMEA)

A FMEA (ou análise de modos de falha e seus efeitos) é uma ferramenta voltada para o registro de
falhas operacionais, como processo, máquinas e equipamentos, e de suas causas.
Ela serve de apoio para a composição de estatísticas de produção e/ou de acionamento da manutenção,
por exemplo. A FMEA ainda pode ser usada na análise das causas de perigos e na proposição de
soluções.

 Quadro: Modelo de FMEA.


Adaptado da FIGURA 4.13 Exemplo de FMEA.de Esmeralda (2019, p. 239), por Ronaldo Augusto
Granha.

FERRAMENTAS DO PROCESSO DE
GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS DA
NR-1

Todas as ferramentas já apresentadas – e outras similares disponíveis no mercado – podem ser usadas
para cumprir todas as fases do Programa de Gerenciamento de Risco – PGR proposto pela NR-1. Mas
essa norma cita duas especificamente, afirmando que tal programa deve contar, ao menos, com ambas.
Isso quer dizer que elas são obrigatórias, mesmo que suas informações já constem em outras
ferramentas. A NR-1 não ofereceu um modelo padrão, o que nos deixa livres para criar um documento
ou um sistema para seu registro.
No entanto, esse registro precisa conter, no mínimo, as seguintes informações requeridas pela
NR-1:

INVENTÁRIO DE RISCOS OCUPACIONAIS


É um documento ou registro que, como o nome sugere, reúne todas as avaliações de riscos
ocupacionais efetuadas sobre ambientes, processos e atividades. Instrumento operacional do
gerenciamento de riscos, ele deve ficar acessível para os trabalhadores da empresa.

Esse inventário deve apresentar:

Detalhes sobre atividades, processos e ambiente de trabalho.

Detalhes sobre os perigos e as possíveis lesões ou agravos à saúde dos trabalhadores.

Identificação das fontes de riscos ou perigos, dos riscos correlacionados e dos grupos de
trabalhadores que podem ser afetados.

Resultados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a riscos ambientais e


ergonômicos.

Avaliação e classificação dos riscos para os planos de ação.

Critérios adotados para a avaliação dos riscos e a tomada de decisão.

Como se pode observar, o preenchimento das ferramentas de análise e de avaliação de riscos que
acabamos de estudar preenche todos os quesitos relacionados de alguma forma. Por outro lado, reza a
norma que esse documento precisa ser disponibilizado para todos os trabalhadores de cada
estabelecimento, indicando os grupos afetados por cada risco. Além da inclusão dessa informação
adicional, os inventários de riscos devem conter uma apresentação e um conteúdo de fácil compreensão
para todos.

PLANOS DE AÇÃO
Este documento registra as ações de prevenção ou tratamento de riscos a serem executados para
evitar, mitigar ou controlá-los. Muitas organizações os mantêm como registros em sistemas que emitem
avisos periódicos para os responsáveis sobre o seu cumprimento.

Eles devem conter minimamente:

O que será feito.

O cronograma de execução.

O plano de monitoramento.

Os resultados esperados.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, apresentamos o conceito de risco no contexto corporativo, detalhando sua aplicação na
tomada de decisão. Em seguida, elencamos as etapas do gerenciamento de riscos corporativos.

Vimos ainda os conceitos de riscos ocupacionais, de perigo e de gerenciamento desses riscos, assim
como o papel desempenhado pelas normas reguladoras do trabalho no gerenciamento daqueles de
cunho ocupacional. Além disso, apontamos como esse processo deve ser desenvolvido nas
organizações a partir da entrada em vigor do texto da nova NR1.
Por fim, destacamos as principais ferramentas de mercado usadas no gerenciamento de riscos
ocupacionais. Também citamos os documentos mínimos exigidos pela NR-1 para a composição do PGR
proposto por tal norma.

 PODCAST
Confira o podcast preparado especialmente para enriquecer o seu conhecimento sobre as ferramentas
de gerenciamento de riscos.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 31000:2009. Gestão de riscos -
princípios e diretrizes. Publicado em: 30 nov. 2009. Consultado na internet em: 20 jul. 2021.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 31000:2018. Gestão de riscos -
Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência
Social e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União.

BRASIL. Norma Regulamentadora nº 01 (NR-1). Disposições gerais. Publicado em: 22 out. 2020a.
Consultado na internet em: 20 jul. 2021.

BRASIL. Norma Regulamentadora nº 04 (NR-4). Serviços especializados em engenharia de segurança


e em medicina do trabalho. Publicado em: 02 mai. 2016. Consultado na internet em: 20 jul. 2021.

BRASIL. Norma Regulamentadora nº 05 (NR-5). Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.


Publicado em: 31 jul. 2019a. Consultado na internet em: 20 jul. 2021.

BRASIL. Norma Regulamentadora nº 06 (NR-6). Equipamento de proteção individual - EPI. Publicado


em: 26 out. 2018. Consultado na internet em: 20 jul. 2021.
BRASIL. Norma Regulamentadora nº 09 (NR-9). Programa de Riscos Ambientais. Publicado em: 22
out. 2020b. Consultado na internet em: 20 jul. 2021.

BRASIL. Norma Regulamentadora nº 22 (NR-22). Segurança e saúde ocupacional na mineração.


Publicado em: 12 abr. 2019b. Consultado na internet em: 20 jul. 2021.

BRASIL. Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Aprova a Norma Regulamentadora nº 9 – riscos


ambientais, e dá outras providências.

BRASIL. Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras – NR do


capítulo V, título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à segurança e à medicina do
trabalho.

CARDELLA, B. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes. 2ª edição. Rio de Janeiro: Grupo


GEN, 2016. Consultado na internet em: 01 set. 2021.

Esmeralda, B. M. Gestão de Qualidade, Produção e Operações. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019.
Consultado na internet em: 01 set. 2021.

MATTOS, U. A. O.; MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2019.

EXPLORE+
Para ampliar seu estudo, pesquise as normas regulamentadoras na página da secretaria do trabalho
localizada no site do Ministério do Trabalho e Previdência.

CONTEUDISTA
Ronaldo Augusto Granha

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