grandes resultados Me. Alessandro Trombeta, MBA Maintenance Manager and Engineering Professor
Prezados amigos da manutenção, temos vivenciando nos últimos
meses um cenário extremo de crise, que não é segredo para ninguém, e que está devorando a nossa indústria, está desacelerando a nossa economia, reduzindo os recursos financeiros e, infelizmente, gerando uma grande massa de pessoas desempregadas no nosso país.
O grande erro cometido pelos líderes políticos brasileiros na última
década foi focar demais no consumo e se esquecer da produtividade. “No Brasil, nos primeiros dez anos deste século, o salário real aumentou mais que a produtividade. Isso pode ser bom do ponto de vista da distribuição de renda, mas não é sustentável no longo prazo. Vários problemas foram se acumulando e resultaram na crise que estamos vivendo”, afirma Carlos Primo Braga, ex-diretor do Banco Mundial e professor adjunto da Fundação Dom Cabral.
Neste cenário de crise, sabemos que recursos para a manutenção
serão comprometidos. Porém, como gestores da manutenção, precisamos nos sobressair e garantir bons resultados, mesmo remando contra a maré. Mas, em meio a este difícil cenário, onde parece não haver uma luz no fim do túnel, como fazer isso? É POSSÍVEL? SIM, é possível... vamos lá!
Gosto muito da figura a seguir, que mostra a evolução da Qualidade.
E podemos fazer uma analogia com os nossos processos de
manutenção, nos 5 níveis. Se imaginarmos o nível 1, funcionamento básico, seria basicamente a aplicação de manutenção corretiva, o famoso "quebra conserta", que, infelizmente, ainda é aplicado em muitas organizações no Brasil!
Passando para o nível 2, podemos pensar nos nossos planos de
manutenção. Afinal, o objetivo da manutenção é evitar a ocorrência de falhas, mantendo a conformidade dos equipamentos em relação à limpeza, lubrificação, regulagem, ajustes e pequenos reparos, não esquecendo das manutenções preventivas programadas. Assim, cabe ao PCM definir as tarefas, planejar/programar, providenciar recursos e acompanhar a execução.
Mas isso não é suficiente, pois precisamos ter domínio do
equipamento e das tarefas de manutenção relacionadas ao mesmo. O nível 3 nos mostra que devemos fazer as tarefas certas, na hora certa e no componente ou equipamento certo! Só assim poderemos ser mais efetivos e assertivos quando o assunto é confiabilidade e disponibilidade do ativo.
Ao analisar o nível 4, observamos que precisamos ser mais
eficientes nos nossos processos. E o que é "ser mais eficiente"? A eficiência é definida como virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios. Só conseguiremos ser mais eficientes se medirmos o nosso desempenho. Os indicadores de desempenho são ferramentas básicas para o gerenciamento do sistema de manutenção e as informações que estes indicadores fornecem são fundamentais para o processo de tomada de decisão. Podemos associar os indicadores ao ciclo PDCA da manutenção, como mostra a figura a seguir, que também faz alusão aos níveis 2 e 3, ao abordar o planejamento e a execução da manutenção (P e D da figura). Ao entrar no nível 5, melhoria contínua - excelência na manutenção , muitas pessoas devem estar pensando: "lá vem novamente aquele monte de ferramentas complexas e complicadas, que as empresas tem dificuldade de implementar, que custa caro... lá vem o Lean Six Sigma, o TPM... o RCM...". Calma! Sabemos da importância da aplicação destas ferramentas na manutenção e dos resultados que podem ser obtidos com a sua implementação. Porém, muitas empresas ainda não se encontram neste nível de gestão da manutenção e até mesmo de maturidade. Então, como gerar resultados nesse cenário de crise a partir dos processos de manutenção? Como melhorar a manutenção?
É simples, pequenas ações no dia a dia podem gerar um grande
impacto no processo de Gestão da Manutenção. Muitas vezes pensamos em grandes projetos, ferramentas complexas, etc., e nos esquecemos de ferramentas simples e poderosas, que podem nos auxiliar na gestão e na obtenção de melhores resultados. Como exemplo, podemos citar o Gráfico de Pareto. O diagrama de Pareto é um gráfico de colunas que ordena as frequências das ocorrências, da maior para a menor, permitindo a priorização dos problemas, procurando levar a cabo o princípio de Pareto (80% das consequências advêm de 20% das causas), isto é, há muitos problemas sem importância diante de outros mais graves. Entretanto, atacando no lugar certo, o retorno é visível! A figura a seguir traz um exemplo de Gráfico de Pareto.
Outro ponto importante, aliado à técnica de Pareto, é buscar a causa
raiz (lembre-se, 80% das consequências advêm de 20% das causas). Assim, podemos aplicar uma ferramenta simples e muito efetiva nesta etapa: o Diagrama de Ishikawa, a famosa espinha de peixe, mostrado na figura a seguir (com um exemplo de aplicação). Sabendo o que está ocorrendo no processo e onde atacar (a partir da aplicação da técnica de Pareto) e a causa dessas ocorrências (por meio da aplicação do Diagrama de Ishikawa), basta tomar as ações necessárias para retomar o controle sobre o processo/manutenção. Aqui é possível utilizar um modelo básico de plano de ação, o 5W 2H, como o mostrado na figura abaixo.
Concluindo, a crise não é desculpa para fazer corpo mole na
manutenção. Sabemos da dificuldade que a falta de recursos causa, mas tenha certeza de que a simplicidade também pode gerar grandes resultados quando colocamos ferramentas (mesmo que simples) em prática. É possível fazer a diferença. A mudança depende de nós. Pense nisso, seja você o agende de mudança na manutenção da sua empresa!!!
Me. Alessandro Trombeta
MBA em Gerenciamento da Engenharia da Manutenção
Supervisor de Manutenção na Cocamar Cooperativa Agroindustrial