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Gestão da Mudança na

Manutenção
 Publicado em 18 de setembro de 2016

Me. Alessandro Trombeta, MBA


Maintenance Manager and Engineering Professor

Ao falar de Gestão da Mudança, tenho certeza que alguém já ouviu


algum ou alguns dos termos abaixo:

- Já tentamos isso antes...

- É muito caro...

- Não tem nada a ver conosco...

- Não é minha função...

- Não acontecerá aqui...


- Não temos tempo...

- Não podemos fazer nada, as decisões já foram tomadas...

- Não há apoio suficiente...

- Você está certo, mas...

- Vamos ser realistas...

- Não está no orçamento...

- Não temos autoridade...

- Vamos pensar mais um pouco...

- Eu sempre fiz assim...

- Não vai compensar...

- Vamos deixar amadurecer...

- Isso não vai dar certo...

- Alguém já tentou?

- Não temos gente para isso...

É característico do ser humano permanecer na sua zona de conforto,


isso ajuda a justificar os termos acima. Entretanto, precisamos promover
melhorias na manutenção, criar equipes de alto desempenho, reduzir
custos, melhorar a produtividade, aumentar a confiabilidade e a
disponibilidade da planta. Como conseguir isso?

É preciso mudar! Mas concordo com você, que deve estar pensando:
mas mudar não é fácil! Muitas pessoas, ao se depararem com a definição
de gestão da mudança - "conjunto de processos, técnicas e ferramentas
para gerenciar as mudanças sob a perspectiva das pessoas, com o
objetivo de atingir os resultados de negócio esperados" - logo pensam
em mais burocracia, mais ferramentas de gestão que não conseguirão
colocar em prática, mais cobrança da chefia...

A figura a seguir mostra os possíveis pontos de partida de uma


mudança (mudança por antecipação, mudança reativa e mudança por crise)
e o desempenho estratégico de cada uma.

Fonte: Nick Fry and Peter Killing. Strategic Analysis and Action. Fourth
Edition, Prentice Hall Canada, 2000.

E na manutenção não é diferente. Precisamos mudar este cenário!


Como mostra a figura a seguir, não podemos aguardar a manutenção entrar
em crise para darmos início a uma mudança. Para isso, precisamos
entender melhor este processo de gestão da mudança e colocá-lo em
prática.
Fonte: Nick Fry and Peter Killing. Strategic Analysis and Action. Fourth
Edition, Prentice Hall Canada, 2000.

O primeiro passo é entender a situação atual da manutenção,


conhecer sua estrutura, sistemas, bem como a forma de trabalho e as
interações entre as pessoas e os demais departamentos. Com uma boa
ferramenta de Análise e Diagnóstico da Manutenção é possível entender
como a manutenção se vê e também como os outros departamentos vêem a
manutenção. Esta avaliação, como mostra a figura abaixo, irá oferecer uma
visão sistêmica dos problemas e oportunidades e, assim, um entendimento
mais sofisticado das exigências e restrições, e das razões para a mudança.
O segundo passo é estabelecer uma direção comum. Onde a empresa
quer chegar? Neste ponto é muito importante entender quais são as
ambições e a visão da empresa, e como a manutenção pode contribuir para
o atingimento deste objetivo. Com certeza mudanças serão necessárias
para atender aos novos desafios!

O terceiro passo é desligar-se parcialmente do passado. Não vamos


abandonar as coisas boas que temos, mas não podemos achar que já
estamos na excelência. É preciso inovar, trazer novas técnicas, novas
metodologias, novas ferramentas e até mesmo novos procedimentos.
Considerando que as inovações são capazes de gerar vantagens
competitivas a médio e longo prazo, inovar torna-se essencial para a
sustentabilidade das empresas e dos países no futuro. Não se trata de
reinventar a roda, mas de não se contentar com as mesmices!

O quarto passo é focar na liderança. Um esforço de mudança exige


uma força diretiva:

- Reestruturar sistemas e políticas;


- Oferecer exemplos de comportamento e comunicar porque isso é
necessário;

- Endossar e apoiar novas atividades propostas por outros;

- Mudar pessoal específico ou os critérios pelos quais as pessoas são


recrutadas e promovidas;

- Buscar um sucesso rápido, mas sustentável;

- Obter resultados positivos que reforçam novos comportamentos e


valores.

O quinto passo para o sucesso da gestão da mudança é buscar apoio


político, ou seja, campanhas, negociações, barganhas e colaboração. É
importante estabelecer relações com aqueles que se opõem a mudança e
também a conquista dos inimigos potenciais.

O sexto passo é colocar a mudança em prática. Para isso, um bom


plano de implementação é de grande valia. Nessa etapa, colocar a mudança
em prática passa pela transformação de uma visão em tarefas concretas e
factíveis. Dentre estas tarefas concretas, podemos exemplificar:

- Cronograma diário;
- Objetivos específicos em bases mensais;

- Roteiro com forma de atuação futura.

O sétimo passo consiste no desenvolvimento de estruturas de


capacitação e reforço. É preciso uma atenção especial para este item:

- Reuniões semanais;

- Implantação de um programa de comunicação, reconhecimento e


qualidade. É importante comunicar a mesma mensagem mais de uma vez e
de forma diferente;

- Implementação de planejamento estratégico. Gerentes e


colaboradores não podem conduzir ou participar de mudanças a menos que
entendam os objetivos da mudança, as motivações que estão por trás dela e
o que representará para a empresa;

- Treinamento para formação de equipes;

- Estabelecimento de um comitê de gestão da mudança.

O último passo para uma boa gestão da mudança consiste e


monitorar, aprimorar e institucionalizar a mudança. Os processos de
mudança exigem um cuidadoso monitoramento do seu progresso e das
adaptações necessárias. Desvios de percurso são comuns, geralmente
causados por cansaço, prioridades conflitantes, estagnação e até mesmo
mudança da liderança. É fundamental estar sempre atento às atividades,
cronogramas, prazos, comportamentos e, principalmente, aos resultados,
tomando as medidas corretivas e de ajuste o mais breve possível.

É importante entender que o processo de gestão da mudança é


sistêmico e ocorre em diversas dimensões, como mostrado na figura a
seguir.
Mudar não é simples, não é fácil, mas é fundamental para o
crescimento. O mundo empresarial tem se tornado cada vez mais dinâmico
e competitivo, exigindo que as empresas sejam capazes de se adaptar às
transformações externas para alcançar as metas. Espero que estas
informações sejam úteis e possam ajudar os nossos amigos da manutenção
a melhorarem os seus processos e resultados.

Me. Alessandro Trombeta

MBA em Gerenciamento da Engenharia da Manutenção

Supervisor de Manutenção na Cocamar Cooperativa Agroindustrial

Professor de Engenharia na UniCesumar

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