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Globalização
VUCA (refere-se a um mundo em constante mudança, caraterizando-se pelos
seguintes elementos – volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade)
Trabalhadores com mais conhecimento
Conceito de Mudança:
A mudança trata-se de uma transição de uma situação para outra. Estamos perante uma
alteração, sendo possível efetuar uma comparação entre as duas situações (uma melhor e
outra pior). Por outro lado, a melhoria contínua diz respeito a uma alteração positiva
progressiva. É de carater contínuo e pode ser equiparada a inovação incremental. Por fim, a
inovação refere-se à criação de algo novo e original. Quando uma coisa é inovadora, não
existia e passa a existir, sendo que a comparação não é obrigatória.
Caraterização da mudança:
Frequência:
o Mudança contínua ou incremental
o Mudança disruptiva
o Mudança por fases
Modo como acontece:
o Mudança planeada
o Mudança reativa (situações de crise, adaptação a um determinado contexto)
Intensidade: Um processo de mudança é tanto mais intenso, quanto maior a sua área
de abrangência. Desta forma, a intervenção pode se verificar a nível de:
o Função ou processo: Mudança mais pequena
o Unidades orgânicas: Mudança a nível intermédio (Ex: num departamento)
o Organização: Tem uma intensidade maior, abrangendo toda a organização.
3-Step Model – Lewin, 1947: Modelo simples que prepara e consolida a mudança.
o Passo 1: Unfreezing – Alteração do estado de equilíbrio no qual assentam
comportamentos e atitudes. Este processo deve ter em consideração as ameaças
inerentes que a mudança representa para as pessoas e a necessidade de motivar
as pessoas afetadas a atingir o estado natural de equilíbrio, aceitando a mudança.
o Passo 2: Changing – Desenvolvimento de novas respostas com base com base nas
alterações verificadas. Envolve a construção de planos de mudança.
o Passo 3: Refreezing – Consolidação da mudança através da introdução de novas
respostas nas personalidades das pessoas envolvidas. Pretende-se estabilizar os
novos comportamentos e atitudes, por exemplo, através da criação de incentivos e
da institucionalização de novos processos.
5-7 Model - Kubler-Ross, 1969: Utilizado na área de gestão das pessoas. Engloba 5 a 7
fases pelas quais os indivíduos passam ao longo de um processo de mudança. Podem
ser criadas técnicas para minimizar o choque inicial que advém da introdução de uma
mudança e para reduzir o período de tempo que cada individuo necessita para
percorrer a curva.
o Choque: Surpresa ou choque face à introdução de uma alteração
o Negação: Descrença, procura por evidências que provam que a alteração não
é real
o Frustração: Reconhecimento da existência de uma alteração, às vezes
acompanhado por sentimentos de ira
o Depressão: Descida dos níveis de motivação, satisfação, engagement
o Experimentação: Envolvimento inicial com a nova situação
o Decisão: Aprendizagem acerca da forma como trabalhar no novo contexto,
acompanhada pela presença de sentimentos de maior positividade
o Integração: As mudanças são integradas. Assiste-se à renovação do indivíduo.
Teoria E Teoria O
Abordagem Hard Soft
Objetivo Criação de valor para os Desenvolvimento das competências
shareholders/acionistas organizacionais
Liderança Gerir do topo para a base (top Incentivar a participação da base
down) para o topo (bottom up)
Foco Ênfase na estrutura e no sistema Consolidar a cultura corporativa:
atitudes e comportamentos
Processo Planear e estabelecer programas Experimentar e evoluir
Sistema de Motivar através de incentivos Motivar através de compromissos
recompensas financeiros
Mudança Reativa
Abrangência organizacional
Agilização de estruturas e sistemas para rápido retorno financeiro
Mudança top-down, marcada por liderança centralizada
Ignorados os conflitos organizacionais
Despedimento de colaboradores e venda de unidades/operações
Outsoursing de funções não core
Atribuição de incentivos financeiros para a adoção da mudança
Os “sobreviventes” concordaram com a política instituída, resignando-se ao
cumprimento do principal objetivo da empresa
Utilização de consultores externos na implementação.
Mudança planeada
Abrangência organizacional
Objetivo de implementar uma transformação cultural para aumentar o engagement e
a produtividade
Projeto longo-prazo: The Champion Way
Mudança incremental em 10 anos
Não houve despedimentos
Envolvimento de todos os colaboradores na reorganização e foco no cliente
Incentivos qualitativos, apenas mais tarde incentivos financeiros
Consultores externos funcionaram como facilitadores de grupos de trabalho internos
A combinação das abordagens Hard e Soft tem maior probabilidade de levar ao sucesso. No
entanto, é difícil para os colaboradores confiarem em líderes que oscilam em decisões hard e
soft. É preciso retirar o melhor de cada abordagem.
A aversão à perda é um dos principais motivos que explicam a resistência à mudança. Estamos
perante um fenómeno intrínseco ao ser humano, tendo em vista a sua preservação.
Valorizamos mais o que perdemos do que o que ganhamos. Temos medo de perder o nosso
conforto, aquilo que já fazemos bem.
Early majority (Indiferentes): Não são entusiastas da mudança, mas se forem bem guiados até
a podem aceitar. A sua falta de interesse pode resultar de um sentimento de
comprometimento ou de uma sensação de que a mudança está fora do seu propósito de
responsabilidade ou não está integrada diretamente nas suas métricas de desempenho.
Late majority (Cautelosos): Observam e esperam. Muitas vezes estão preocupados com as
consequências políticas de agir rápido demais. Tendem a procurar orientação junto dos seus
colegas ou a adiar a ação até que a maioria das pessoas aceite a mudança.
Céticos positivos: Resistem a uma mudança porque acreditam genuinamente que ela
tem falhas que precisam de ser corrigidas. Estas pessoas são essenciais para envolver e
ouvir, porque oferecem uma verificação da realidade sobre as mudanças propostas e a
implementação. Podem ser um catalisador para repensar os diferentes aspetos e,
muitas vezes, podem ajudar a descobrir complicações que podem causar problemas
ou criar reações.
Céticos negativos: Tendem a resistir à mudança por motivos mais pessoais e
emocionais. Estas pessoas lutam com medos e angústias latentes sobre como a
mudança os afetará pessoalmente, pelo que é fundamental trabalhar as suas
preocupações.
Economia Comportamental:
Racionalidade Limitada:
Aversão à perda: Somos muito mais sensíveis a perder do que a ganhar. Exemplo:
posição no pódio – A pessoa que fica em 3º lugar fica mais contente do que a pessoa
que fica em 2º lugar. A pessoa que fica em 2º lugar ficou mais perto de ganhar, mas
não ganhou, pelo que sente mais que perdeu – prende-se ao que perdeu e não ao que
ganhou. Outro exemplo: Quando nos dizem uma má noticia, mesmo que tenham
acabado de dar 100 boas, a má é a que irá prevalecer pelo seu impacto negativo.
Existe gap intenção-comportamento: Exemplo – As resoluções de ano novo tendem a
falhar devido a este enviesamento. Somos verdadeiros na intenção, mas o nosso
comportamento nem sempre se concretiza na mesma, isto porque não somos assim
tão lógicos e racionais para manter esse comportamento. Neste sentido, por exemplo,
quando no recrutamento se faz perguntas aos candidatos, não devemos fazer
perguntas hipotéticas. Devemos antes pedir exemplos de situações, ocasiões já
vivenciadas pela pessoa, de forma a antecipar comportamentos futuros.
Nem sempre agimos para maximizar o nosso benefício: Enquanto seres humanos
procuramos maximizar os nossos proveitos, mas nem sempre o fazemos. Temos a
possibilidade de fazer coisas pelas outras pessoas ou trabalhar em prol dos outros
(voluntariado). Não é totalmente racional nem promove sempre a maximização dos
ganhos como a teoria da racionalidade.
Procuramos o standard/normal: Exemplo – Formato dos copos com 3 tamanhos. O
mais escolhido é o médio. As pessoas tendem a querer comportar-se como a maior
parte dos outros, de modo a evitar a marginalização. Colocam-se duas alternativas em
perspetiva (uma maior e uma mais pequena) que fogem à normalidade, no sentido de
incentivarem as pessoas a irem para a normalidade.
O efeito da recompensa esgota-se: Se recebermos prémios constantemente,
eventualmente o efeito vai-se perdendo. Por exemplo, procurar que as pessoas adiram
a processos de mudança sempre através de recompensas financeiras, vai resultar na
perda do seu efeito.
Avaliamos as situações de acordo com os nossos pontos de referência: Por exemplo,
na avaliação de desempenho, muitas vezes as pessoas não ficam chateadas com as
suas avaliações, ficam chateadas é que as avaliações dos colegas sejam melhores que
as deles.
Procuramos evidências confirmatórias: Tendemos a enviesar a informação no sentido
de confirmação, ou seja, procuramos dados que confirmem o que achamos e o que
sentimos. Por exemplo, quando um supervisor tem uma perspetiva negativa acerca de
um colaborador tende a considerar mais as evidências que confirmam as suas crenças.
Utilizamos a informação mais disponível: Temos alguma preguiça de procurar
informação, tendemos a utilizar a informação mais saliente/mais presente na nossa
memória. Exemplo: Estudos realizados sugerem que quando cai um avião, no mês
seguinte à queda do avião, a tendência é que se perguntarmos às pessoas se
consideram o avião um meio de transporte seguro, a maioria diz que não e que há
uma forte probabilidade de este cair. No entanto, se perguntarmos a mesma coisa
cerca de 6 meses depois, numa altura em que não já não se fala de quedas de avião, a
tendência é que as pessoas digam que é um meio de transporte seguro e que há uma
baixa probabilidade do mesmo cair.
As nossas decisões são muitas vezes inconsistentes: Nem sempre são as mais lógicas,
dependem do contexto.
Estratégias de nudging em RH
Comparação (Perda vs ganho): Sabemos que as pessoas têm aversão à perda, logo
quando queremos implementar uma mudança devemos salientar os aspetos positivos,
o que é que as pessoas ganham. Vender sempre a nossa estratégia de mudança numa
perspetiva positiva. Exemplo: maior percentagem de pessoas adere a uma nova regra
se indicarmos a taxa de sucesso em organizações equivalentes ou de referência e não
a taxa de insucessos;
Normas sociais (Informação): As pessoas gostam de se comportar como a maioria
(comportamento típico), querem pertencer a determinados grupos sociais. Neste
sentido, se quisermos incentivar o uso de normas de segurança, podemos dizer “a
maior parte dos colaboradores cumpre as normas de segurança” ou “os colaborados
mais bem avaliados cumprem as normas de segurança”. Assim, as pessoas olham para
o exemplo da maioria e tentam encaixar-se para não ficar à margem;
Ação por defeito (Utilização de automatismos): Sabemos que as pessoas gostam de
poupar energia e que são inundadas de informação, acabando por selecionar aquilo
que é mais urgente para elas. Desta forma, se recorrermos a automatismos, estamos a
facilitar-lhes a vida. Exemplo: Inscrever automaticamente os colaboradores nas
formações ao invés de esperar que se inscrevam;
Simplificação ou Facilitação da ação: Tornar a ação mais conveniente, mais simples.
Por exemplo, se quisermos promover hábitos alimentares saudáveis na cantina da
organização, podemos colocar os alimentos saudáveis ao nível dos olhos, destacados.
Outro exemplo seria construir formulários de avaliação de desempenho em formato
digital que sejam muito fáceis/intuitivos de utilizar;
Pré-compromisso (Evitar o gap intenção-comportamento): As pessoas tendem a
esbater o seu compromisso. Temos a intenção de nos comportar de determinada
maneira, mas ao longo do tempo vamos perdendo energia e motivação para cumprir.
Por exemplo, muitas vezes os colaboradores inscrevem-se na formação, mas deixam
de a frequentar a meio, então para promover a assiduidade da formação podemos
pedir o pagamento de uma caução inicial que será devolvida caso se verifique o
cumprimento da formação, caso contrário, as despesas ficarão ao encargo do
colaborador. O objetivo é aumentar e garantir o comprometimento com aquilo a que
se propôs;
Lembretes (Oportunos): Enviar e-mails, passar comunicação recorrente, afixar
informação com reminders de algo. Por exemplo, enviar emails a relembrar os prazos
para avaliação, para entregar trabalhos da formação, etc.
Analisar a situação/contexto;
Selecionar uma amostra;
Construir os nudges;
Realizar um teste-piloto (existência de um grupo de controlo e de um grupo
experimental);
Avaliar os resultados;
Introduzir alterações aos nudges;
Implementar.