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Cristino Wapichana – Primeiro, essa crise terrível que a gente está passando e
que parece que não vai acabar, já que vai aumentar depois da eleição. É difícil
entrar nesse mercado literário e permanecer nele, já que a distribuição não é
tão abrangente; os estados mais distantes dos grandes centros sofrem um
pouco com a dificuldade de receber e conhecer essa literatura. Então, entra o
papel importante dos autores desses estados, de escrita indígena, para divulgar
seu próprio trabalho, divulgar o trabalho dos outros. Não é fácil estar neste
mercado. Não é fácil ter uma divulgação. Com essas premiações, senti que
melhorou um pouco, mas ainda não está legal. Depois que o livro recebeu esses
prêmios, eu não assinei nenhum contrato. Tem alguns em andamento, em
conversa, mas não aconteceu ainda. Pode ser resultado da crise.
Ainda há uma resistência, principalmente nas universidades, de trabalhar a
literatura indígena, porque não consideram essa literatura, a escrita por
indígenas, como alto padrão, mas as premiações respondem isso.
• A Constituição Brasileira de 1988 oficializou a existência das línguas e das
escolas indígenas no Brasil e garantiu aos povos originários o direito a uma
educação que os assistisse.
• Professores indígenas produziram os materiais didáticos, estes começaram
a circular fora da escola e configurava-se a literatura indígena, através da qual
o indígena-sujeito expressa seus costumes, suas formas de pensar e enxergar
o mundo e a realidade.