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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

ALUNO: GUILHERME DIAS DOS SANTOS


TURMA: E1 CURSO: ENGENHARIA ELÉTRICA 2022.2
PROFESSOR: JOÃO PAULO FERNANDES

AVALIAÇÃO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

A comunicação dialógica e as alterações do espaço associadas à figura do


engenheiro eletricista

A comunicação é indissociável a nossa espécie enquanto “animal essencialmente


sociável por natureza” –nas palavras de Aristóteles-, portanto ela está relacionada a
todos os aspectos do desenvolvimento humano. O processo comunicativo, no entanto,
é complicado, porque as pessoas, na medida que estão sujeitas a condicionamentos
socioculturais distintos, possuem uma maneira particular de pensar e expressar o
mundo ao seu redor, sendo, portanto, crucial para a perfeita comunicação, um diálogo
que busque aproximar os sujeitos comunicantes do objeto cognoscível de maneira
mutuamente engajada, e mais colaborativa. Da mesma forma que a comunicação
dialógica, a relação indivíduo-espaço-sociedade demonstra certas complexidades. A
percepção subjetiva dos indivíduos com relação ao espaço onde se encontra é tão
importante quanto o ato de comunicar, pois é através dessa subjetividade que se pode
abstrair os objetos que nos rodeiam, compreender a composição do espaço onde
estamos inseridos, e na tentativa melhorá-lo, construir alguma coisa, produzindo
efeitos no meio social. No sentido oposto dessa mesma relação observa-se que os
elementos físicos espaciais resultantes da manipulação antrópica da natureza,
colocados na sociedade e defronte a subjetividade humana, são também
responsáveis por moldar a visão de mundo dos indivíduos. Nesse contexto a
comunicação dialógica é muito importante para o engenheiro eletricista, enquanto
personagem simbólica do conhecimento tecnocientífico. Da mesma forma, é crucial
para o engenheiro desenvolver uma noção refinada de espaço e das transformações
que nele vai operar em prol da sociedade.
O engenheiro é um profissional cuja função é atender às demandas da sociedade
com soluções concretas para seus problemas, necessitando em toda a amplitude do
seu trabalho, análises e obtenções de dados com o fim de criar a solução ideal para
os problemas com que se depara. Todavia, a função dos engenheiros não deve se
limitar à simples tarefa de remediar ou sanar problemas, como se fosse um
medicamento para enxaqueca, mas ir além disso, permitindo, através da comunicação
dialógica, se tornar uma ferramenta elucidativa dos objetos que pertencem ao seu
domínio de conhecimento, colaborando com a melhor compreensão do seu
coparticipante comunicativo e consequentemente enriquecendo-o com novas
competências e capacidades.
Aprofundando nas nuances da comunicação dialógica dentro do papel de
engenheiro, vale ressaltar o aspecto sígnico do ato comunicativo. Paulo Freire enfatiza
em seu ensaio “Extensão ou Comunicação?” que a linguagem utilizada deve abarcar
um quadro significativo comum a todos os sujeitos comunicantes. Haverá momentos
no exercício da profissão que será necessário a função instrutiva do engenheiro, e
nesses casos o uso de uma linguagem exaustivamente técnica do nicho da
engenharia, talvez, pudesse caracterizar um risco para o êxito do ato comunicativo.
Exemplificando numa situação concreta: supondo que, eu, como engenheiro
eletricista responsável por uma equipe de obra, precisasse explicara a ela os detalhes
da execução de um projeto de iluminação predial e a fizesse utilizando termos ainda
não tão familiares aos trabalhadores, poderia eu estar comprometendo o resultado do
projeto, com grande probabilidade, ao não considerar o alcance do escopo de
significação dos meus subordinados. Em situações como a do exemplo é preciso
garantir a compreensão plena de toda a equipe sobre o objeto da explicação,
conduzindo a instrução em termos mais significativos e palpáveis àquelas pessoas,
caso contrário haveria confusões acerca do real propósito do que se pretendia e
poderia vir a prejudicar o andamento da obra.
Colocando agora o engenheiro eletricista em um contexto fora do âmbito
profissional, é possível atribuí-lo o papel de professor, pois como um indivíduo
conhecedor dos porquês, da técnica e que utiliza a ciência como ferramenta de
trabalho, ele tem total condições de educar os que estão em seu convívio social,
valendo-se das suas capacidades e competências somadas ao seu conhecimento de
mundo. Para isso, entender a comunicação dialógica é imprescindível. A pessoa do
engenheiro, por ser naturalmente um ente inserido no meio social, poder ser alvo de
perguntas, dúvidas e questionamentos em seu cotidiano (e quando não for, deve se
predispor a isso), por parte de leigos, em relação às transformações no mundo que
são resultantes da aplicação tecnológica. Num palco desses, o engenheiro, que detém
conhecimento de causa especializado, tem a oportunidade de “conectar” aqueles
estão a sua volta com os fatos e as tendências sociais ligados ao contexto
tecnocientífico, atuando, de certa forma, como um educador, que usufrui da sua
casualidade para aproximar as pessoas de conceitos complexos da engenharia
envolvidos na transformação da sociedade.

O homem como um ser consciente e capaz de amarrar sentimentos com aquilo


que está a sua volta, mediante subjetividade e impressões adquiridas pelos sentidos
do corpo físico, é completamente influenciado pelos espaços onde se encontra,
conferindo qualidades negativas e positivas aos elementos desses lugares conforme
sua concepção, e isso vai além da relação entre as pessoas e o ambiente em que se
inserem, afetando também as relações sociais em geral. Atualmente, numa sociedade
tão dependente da tecnologia para uma vida mais dinâmica, não é difícil perceber a
nossa ligação íntima aos inventos e obras concebidos pela engenharia elétrica que
permeiam nossa rotina, costumes e hábitos, atribuindo a esses objetos até mesmo
valores culturais. As máquinas e ferramentas que usamos para trabalhar, os
dispositivos eletrônicos que usamos para nos comunicar, entreter e aprender, os
eletrodomésticos que servem ao nosso bem-estar, os meios de transporte com os
quais nos deslocamos, as linhas de transmissão de energia e tantas outras criações
da quais dependemos e que nasceram da aplicação da engenharia elétrica, compõem
as paisagens do espaço e hoje estão substancialmente presentes em toda e qualquer
atividade humana. Diante dessa realidade, é razoável concluir que a engenharia
elétrica é um propulsor de transformações na sociedade por meio da modelação do
espaço físico.
A noção de espaço, em engenharia elétrica, pode ser estendida para as
tecnologias de telecomunicações, que possibilitam às pessoas, através da
conectividade, experimentar e perceber o espaço e as distâncias de uma forma
divergente da noções geográficas. Antes do nascimento dessas tecnologias, a
comunicação entre pessoas distantes era limitada a recursos como cartas e
telegramas, levando muito mais tempo no câmbio de informações. No entanto, com o
advento de avanços científicos no campo do eletromagnetismo e os empreendimentos
inovadores da engenharia elétrica, originou-se as telecomunicações. Então, a partir
do aperfeiçoamento desta, vieram os serviços de telefonia, a internet e as redes
sociais afetando massivamente as relações e os fenômenos sociais. Portanto, a
interatividade e a dinamicidade que marcam a sociedade dos tempos modernos,
podem ser compreendidas como resultados da contribuição do engenheiro eletricista.
Em suma, o engenheiro eletricista prova ser uma peça fundamental no
desenvolvimento da sociedade, sendo extremamente necessário que ele valorize a
comunicação dialógica e a considere uma ferramenta para espalhar o conhecimento
de forma socialmente comprometida. Fica claro também a sua importância para a
promoção do bem-estar social e melhoria da nossa qualidade de vida, por meio da
distribuição de soluções inteligentes baseadas na busca pela reforma e conversão do
espaço físico em nosso entorno. No entanto, para otimizar o que esse profissional tem
a oferecer, algumas medidas podem ser tomadas por parte dele. É uma medida
pertinente a elaboração de workshops e palestras, onde o engenheiro eletricista, de
posse do seu conjunto de habilidades e especialidades, pode compartilhar exemplos
práticos, projetos e aplicações reais da engenharia, dando oportunidade de contato
com conceitos mais técnicos e teóricos, e nesse movimento estimular o interesse das
pessoas a explorar o mundo da ciência e tecnologia. Assim o engenheiro eletricista
reforça ainda mais seu comprometimento social coma disseminação do
conhecimento. Sob o viés do aprimoramento próprio, no sentido de desejar enxergar
melhor no espaço as potenciais aplicações do seu conhecimento, o profissional deve
se dispor a atividades variadas, como exercitar a observação, analisar
minuciosamente os ambientes, procurar instigar sua percepção espacial e
desenvolver a criatividade. Bem como deve, com coragem para reinventar-se e inovar,
buscar participação em diferentes tipos de projetos que abracem outras áreas e
especializações da engenharia. Numa visão panorâmica, o engenheiro eletricista,
como fornecedor dos recursos para ultrapassar os obstáculos da natureza, ajuda a
humanidade a dar passos na jornada da sua evolução, sendo assim um grande
responsável pelo nosso futuro.
Referências bibliográficas:
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Rocco, 2006.

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