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A educação em um contexto de cibercultura

ADRIANO CANABARRO TEIXEIRA*

Resumo
Uma das premissas básicas para a compreensão dos diferentes momentos
socio-históricos é a análise das tecnologias que estão no centro da dinâmica
social de cada época. É importante atentar para o fato de que a educação, por
ser um produto social e que usa a comunicação como veículo básico de
efetivação, também está virtualmente suscetível às transformações inerentes
aos aparatos tecnológicos que povoam a existência dos indivíduos. Este
artigo desenvolve a ideia de que as tecnologias afetam diretamente a forma
como nos comunicamos e como aprendemos e que, a cibercultura, marcada
pelas tecnologias da inteligência, autoriza o estabelecimento de processos
educativos mais ricos, criativos e inovadores.
Palavras-chave: Processos Educativos, Tecnologias Digitais de Rede
Abstract
One of the basic premises for understanding the different socio-historical
moments is the analysis of the technologies that are central to the social
dynamics of each period. It's important to be attentive to the fact that
education, for being a product that uses communication as a basic vehicle for
activation, is also virtually susceptible to changes inherent in technological
devices that populate the existence of individuals. This article develops the
idea that technologies affect directly the way we communicate and learn, and
that cyberculture, marked by intelligence technologies, authorizes the
establishment of richer, more creative and innovative educational processes.
Key words: Educational Processes, Digital Technologies Network

*
ADRIANO CANABARRO TEIXEIRA é Doutor em Informática na Educação pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Pós-doutor em EAD pela UFRGS e Professor da
Universidade de Passo Fundo.
Algumas questões iniciais pessoas que, fatalmente, não são
capazes de resgatar toda a riqueza de
O conhecimento enquanto fruto da detalhes do discurso ou do diálogo
inteligência, ou de processos ocorrido. Tal dinâmica impacta
inteligentes, se manifesta diretamente na impossibilidade de
essencialmente na comunicação. Ainda, complexificação dos discursos e,
aponto que conhecimento, inteligência e consequentemente, dos debates, na
comunicação são potencializados em velocidade de disseminação de
diferentes níveis e perspectivas pelas informações, elemento base para a
tecnologias, nos diversos momentos sistematização e posterior construção do
sócio-histórico-tecnológicos da conhecimento. Consequentemente, para
humanidade. o avanço da ciência.
A inteligência pode ser entendida como
A escrita, por sua vez, ao tempo em que
a capacidade dos indivíduos de abstrair,
amplia o alcance do conhecimento e
representar, analisar, argumentar,
suporta a complexificação dos
decidir, perceber o mundo, projetar-se
discursos, retarda o processo de diálogo,
no mundo, refletir, etc. Da mesma
uma vez que os interlocutores estão em
forma, é importante que se explicite a
espaços e tempos diferentes. Ainda,
concepção de tecnologia neste texto,
limita a plasticidade do discurso oral,
como qualquer aparato não orgânico
violentando a hipertextualidade do
que o intelecto humano produziu para
pensamento humano. As tecnologias,
realizar suas atividades. Neste sentido,
em especial aquelas que estabelecem e
podem ser considerados como
suportam processos de conexão, ao
tecnologia: processos, técnicas, sinais,
mesmo tempo em que rompem
objetos, aparatos, etc.
definitivamente com as limitações
Dentre as principais tecnologias que de espaço-temporais, possibilitam o
alguma forma impulsionaram alcance global e imediato de
sobremaneira o conhecimento, enquanto determinado conhecimento,
processo inteligente que se manifesta na sistematizado em um texto, imagem,
comunicação e se cristaliza na vídeo, etc. Ainda, abrem espaço para o
aprendizagem, podemos destacar a estabelecimento de uma comunicação
oralidade, a escrita e a informática, mais imediata, de contraposição teórica, de
precisamente as redes, não de aprofundamento e de estabelecimento
computadores, mas de sujeitos (LÉVY, de relações dialógicas entre as pessoas.
1993).
Nesta perspectiva, na cibercultura as
Cada uma delas possui características Tecnologias Digitais de Rede ampliam
que influenciam diretamente na forma sobremaneira a possibilidade de
como aprendemos e, por consequência, construção de conhecimento, de
construímos conhecimento. A oralidade, manifestações inteligentes e de avanço
extremamente localizada no tempo e no da ciência, em qualquer área, inclusive
espaço, ao tempo em que proporciona as humanas. Faço este destaque uma
aos processos comunicacionais uma vez que é evidente que as ciências que
dinâmica altamente interativa, está tratam da psique humana, do
restrita ao espaço geográfico que os pensamento, do cognitivo, do social e
interlocutores dividem, e qualquer coletivo, do filosófico e do histórico,
pessoa que não estiver presente fica a sentem-se à vontade quando os
mercê da interpretação de outras movimentos intelectuais se dão na
oralidade ou na escrita, mas um lucro a ser obtido
demonstram claro desconforto quando universalmente (SANTOS, 2002).
se trata de Tecnologias Digitais de
As reflexões apresentadas por Santos
Rede.
também apontam para o fato de que as
Feita esta breve contextualização acerca tecnologias influenciam diretamente as
da forma como as diferentes tecnologias grandes transformações pelas quais a
influenciam diretamente a produção do humanidade passou. Foi assim na era
conhecimento humano, tenho por agrícola, ou Revolução Neolítica, onde
objetivo neste texto avançar nas ferramentas de transformar e cultivar a
reflexões específicas das formas como a terra foram determinantes para a
cibercultura pode contribuir com a passagem de uma cultura nômade para
educação. uma cultura sedentária, bem como na
Revolução Industrial, onde o
Dando consistência ao argumento maquinário substituiu o trabalho braçal
A partir de uma análise mais detalhada humano, acelerando o desenvolvimento
de algumas das grandes revoluções mundial. Nos dias de hoje não é
pelas quais a humanidade passou, é diferente, a tecnologia determina a
possível notar claramente que tais forma como podemos ser e estar no
momentos históricos tiveram especial mundo, transformando profundamente
influência de artefatos criados para nossa noção de tempo e espaço, fortes
potencializar uma determinada tarefa ou referenciais de percepção e projeção
processo. Esta leitura auxilia no do/no mundo.
necessário clareamento acerca de uma
Existem várias formas de nos referirmos
possível neutralidade das tecnologias,
à sociedade contemporânea, entretanto,
uma vez que a intenção motivadora de
a denominação e as conceituações de
sua concepção por si só já a direciona
cibercultura trazidas por Lemos (2003)
para a realização artificial de
e Lévy (1999) parecem adequadas para
determinada tarefa, aniquilando
o escopo do que se deseja neste texto.
qualquer traço de neutralidade. Santos
Analisadas em conjunto, podem
aponta que todo aparato tecnológico
representar uma complementação da
possui duas características básicas que
primeira pela segunda.
repelem a ideia de neutralidade: a
artificialidade e a racionalidade. Para Lemos, cibercultura é a “[...] forma
A artificialidade do objeto técnico é sociocultural que emerge da relação
a garantia de sua eficácia para a simbiótica entre a sociedade, a cultura e
tarefa para que foi concebido. [...] A as novas tecnologias”. (2003). Marcada
partir desta artificialidade que a pelas Tecnologias Digitais de Rede, a
característica de racionalidade se cibercultura permeia o cotidiano das
constrói. A técnica alimenta a pessoas, que convivem e se fundem
estandardização, apoia a produção com as tecnologias disponíveis, fazendo
de protótipos e normas, atribuindo destes aparatos extensões de seus
aos métodos apenas a sua dimensão próprios corpos. Dessa forma,
lógica, cada intervenção técnica
independentemente do acesso,
sendo uma redução (de fatos, de
instrumentos, de forças e de meios), consolida-se um processo de imersão
servida por um discurso. A individual e coletiva numa configuração
racionalidade resultante se impõe às social repleta de tecnologias, que
expensas da espontaneidade e da modifica continuamente a dinâmica
criatividade, porque ao serviço de cotidiana dos indivíduos ao mesmo
tempo em que também são modificadas tecnológica de conexão de
nessa interação, porém em intensidades computadores, tablets, smartphones e
e formas diversas. um sem número de equipamentos que,
em última análise, conectam pessoas no
Para melhor caracterizar este momento
ciberespaço. Nas palavras de Lévy, este
sócio-histórico, Lemos propõe três leis:
é um “[...] espaço de comunicação
Na primeira, denominada lei da
aberto pela interconexão mundial de
reconfiguração, o autor aponta para a
computadores e das memórias dos
necessidade de reconfigurar práticas,
computadores” (1999). Compreender a
modalidades mediáticas, espaços, sem a
lógica do ciberespaço nos possibilitará
substituição de seus respectivos
refletir sobre seu papel estrutural na
antecedentes. A lei subsequente,
cibercultura e seu potencial para a
caracterizada como liberação dos polos
educação. Para tanto, o conceito de
de emissão, sugere que as diversas
redes pode ser especialmente útil uma
manifestações socioculturais
vez que aponta para a ligação entre a
contemporâneas representam vozes e
dinâmica reticular e a estrutura social
discursos anteriormente reprimidos pela
contemporânea.
edição da informação pelos complexos
comunicacionais de massa. Por fim, a Redes são estruturas abertas
terceira lei, da conexão generalizada, capazes de expandir-se de forma
destaca a evolução do computador ilimitada, integrando novos nós
pessoal desconectado (CP), para o desde que consigam comunicar-se
computador conectado à rede (CC) e, dentro desta rede, ou seja, desde
finalmente, para o computador que compartilhem os mesmos
conectado móvel (CCm) (2003). códigos de comunicação. [...] As
conexões que ligam as redes
Ao analisar tais propostas de representam os instrumentos
compreensão do mundo, é possível privilegiados do poder. [...] Uma
explorar a relação existente entre as leis vez que as redes são múltiplas, os
da conexão generalizada que impulsiona códigos interoperacionais e as
e suporta o processo crescente de conexões entre as redes tornam-se
liberação dos polos de emissão. as fontes fundamentais da
formação, orientação e
Fundada em características reticulares, a
desorientação das sociedades. [...] A
cibercultura libera os polos de emissão, convergência da evolução social e
possibilitando que cada indivíduo seja das tecnologias da informação criou
um potencial e permanente emissor e uma nova base material para o
receptor de informações, desempenho de atividades em toda
independentemente do local onde se a estrutura social. Essa base
encontre. Em razão da (re)significação material construída em redes define
dos conceitos de tempo e espaço, a os processos sociais predominantes,
cibercultura rompe com a lógica de consequentemente dando forma à
distribuição broadcast das mídias de própria estrutura social
massa (presentes também na Educação), (CASTELLS, 1999).
potencializando as trocas “todos para
A compreensão desta essência reticular
todos”, na medida em que se constrói a
do ciberespaço possibilita retomar a
partir de um dos conceitos-chave da
reflexão sobre a cibercultura com o
sociedade contemporânea, o conceito de
auxílio de Lévy, o qual aponta que ela
rede.
“[...] dá forma a um novo tipo de
Tal interação se dá em uma estrutura universal: o universal sem totalidade”
(1999). Ou seja, quanto mais utilizados durante o processo de
heterogêneo a composição do aprendizagem.
ciberespaço, menos sujeito ao controle,
à imposição e à homogenização de Dentre as várias perspectivas de análise
indivíduos, grupos, saberes ou ideias. O propostas pelo autor para auxiliar na
ciberespaço também potencializou o compreensão dos complexos e
surgimento das tecnologias da reticulares caminhos para aprender,
inteligência que “[...] reorganizam, de Pozo aponta que existem diferentes
uma forma ou de outra, a visão de níveis de análise da aprendizagem:
mundo de seus usuários e modificam conexão entre unidades de informação;
seus reflexos mentais. [...] Na medida aquisição e mudança de representações;
em que a informatização avança, certas consciência reflexiva como processo de
funções são eliminadas, novas aprendizagem; e a construção social do
habilidades aparecem, a ecologia conhecimento, sobre a qual deveremos
cognitiva se transforma [...]” (LÉVY, refletir mais extensamente. Sobre os
1993). três primeiros níveis, cabe sintetizar:

A partir desta articulação de conceitos A conexão entre unidades de


coexistentes e basilares da sociedade informação […] implicaria adquirir
contemporânea, buscou-se apresentar novas pautas de ativação conjunta
ou conexão dessas unidades
alguns elementos que possam colaborar
neuroniais, formando redes. […] A
na reflexão sobre o potencial da aquisição e mudança de
cibercultura para a educação, em representações aponta que a
especial para os processos de conexão entre essas unidades de
aprendizagem, cada vez mais informação gera representações do
descentralizados e dessincronizados. mundo, que são as que a mente
Antes porém, gostaria de explicitar a humana manipula e com as quais
concepção de educação que adoto neste trabalha para executar suas tarefas.
texto, a fim de apresentar um possível […] A consciência reflexiva como
ponto de orientação para a leitura e a processo de aprendizagem que
devida interpretação das questões considera processos de reflexão
consciente, a suas próprias
levantadas.
representações e modificá-las
De forma deliberadamente aligeirada, (2002).
mas alinhada com o objetivo do texto,
Com relação ao nível de construção
educação é o processo pelo qual os
social do conhecimento, Pozo aponta
indivíduos constroem conhecimento a
que diferentemente dos três níveis
partir de processos de aprendizagem.
anteriores, que pressupõe a ativação de
Neste sentido, o conceito de
diferentes processos dentro do aprendiz,
aprendizagem, formal ou não, passa a
este nível sugere que, mais importante
ser o elemento central e fundamental da
do que as construções intelectuais
educação.
internas, da capacidade de interconexão
Para Juan Ignácio Pozo, embora de informações armazenadas ou da
reconheça que “[...] a paleta de cores da consciência e controle dos processos
aprendizagem humana é infinitamente necessários à aprendizagem, são os “[...]
variada e matizada está, além disso, formatos da interação social que
continuamente se ampliando” (2002), é originas as mudanças observadas em
possível explorar algumas todos os níveis” (84). Ou seja, a
características básicas dos mecanismos aprendizagem não teria motor interno,
mas seria continuamente alimentada Cognitivismo, foram desenvolvidas em
pelo contexto social onde o aprendiz se um tempo distante da influência das
encontra. Tecnologias Digitais de Rede, portanto
insuficientes para que, sozinhas, sirvam
Embora o autor argumente que a
de modelo para toda a complexidade
aprendizagem é um processo interno,
que envolve a aprendizagem na
que estes níveis não são estanques nem
atualidade.
estão dentro de um esquema evolutivo
do indivíduo e assuma sua opção pelos Assim, existem alguns conceitos-chave
níveis 2 e 3, julga-se que em um que norteiam o Conectivismo e que são
contexto de abundância de informações, fundamentais para compreendermos o
de possibilidades de troca entre os processo de aprendizagem a partir desta
indivíduos, de possibilidades de teoria. Segundo Siemens (2004), estas
percepção e projeção dos sujeitos do/no premissas são: aprendizagem e
mundo, a construção social do conhecimento apoiam-se na diversidade
conhecimento, mesmo reconhecendo a de opiniões; aprendizagem é um
importância dos demais níveis, trazem processo de conectar nós especializados
em si um potencial revolucionário à ou fontes de informação; aprendizagem
aprendizagem, e por conseguinte, à pode residir em dispositivos não
educação. humanos; a capacidade de saber mais é
Dentro deste contexto de aprendizagem mais crítica do que aquilo que é
social potencializada pela cibercultura, conhecido atualmente; é necessário
que impõe à educação um contexto em cultivar e manter conexões para facilitar
que o modelo convencional já não dá as a aprendizagem contínua; a habilidade
respostas adequadas ao cidadão do de enxergar conexões entre áreas, ideias
século XXI, alguns autores já apontam e conceitos é uma habilidade
para o nascimento de teorias específicas fundamental; atualização (currency –
para a era digital, como é o caso de conhecimento acurado e em dia) é a
George Siemens, que tem sistematizado intenção de todas as atividades de
uma teoria denominada Conectivismo. aprendizagem conectivistas; a tomada
Segundo o autor, o conectivismo de decisão é, por si só, um processo de
aprendizagem.
[...] é a integração de princípios
explorados pelo caos, rede, e teorias Diariamente, muitas informações nos
da complexidade e auto- cercam, e já não podemos internalizar
organização. […] A aprendizagem tudo aquilo que recebemos e que
(definida como conhecimento poderia servir a processos de
acionável) pode residir fora de nós aprendizagem. Por isso, a capacidade de
mesmos (dentro de uma
valorar a informação, bem como de
organização ou base de dados), é
focada em conectar conjuntos de
estabelecer conexões entre elas são
informações especializados, e as fundamentais para a aprendizagem na
conexões que nos capacitam a era digital. Assim, uma experiência em
aprender mais são mais importantes rede torna-se o foco principal da
que nosso estado atual de aprendizagem, pois na interação com
conhecimento. (2004). outras pessoas, e partindo da sua própria
Dentro desta perspectiva, considera-se experiência, pode-se aprender mais e
que algumas das principais teorias de potencializar a construção de novos
aprendizagem, como por exemplo, o conhecimentos. Nesta linha, Mota
Construtivismo, o Behaviorismo e o acrescenta:
A nossa capacidade de aprender o todos, a produção é
que precisamos para amanhã é mais necessariamente coletiva. (2004).
importante do que aquilo que
sabemos hoje e é por isso o É possível identificar claramente que
verdadeiro desafio para qualquer tanto Siemens quanto Serpa apresentam
teoria da aprendizagem, é ativar o traços de uma pedagogia que possa dar
conhecimento do ponto de respostas ao contexto da cibercultura,
aplicação (2009). mas que em linhas gerais contempla
Na mesma linha de Siemens e Mota, e aquilo que se espera de um verdadeiro
explicitamente ancorado no conceito de processo de aprendizagem,
redes, Felippe Serpa apresenta alguns independente da infra-estrutura
indicadores do que seria essa nova tecnológica e do nível de interação e
modalidade pedagógica de interatividade que esta possibilite.
aprendizagem neste contexto da Entretanto, é incoerente não estabelecer
cibercultura: relações diretas entre o potencial das
tecnologias contemporâneas para a
Não há centro: os processos, educação, uma vez que possuem
conforme as condições, têm uma características que vão ao encontro do
centralidade instável. Ora o nível de aprendizagem social de Pozo,
professor é o centro, ora o aluno,
são base da teoria conectivista e que
ora outro ator diferente de professor
e aluno. sustentam a pedagogia proposta por
Serpa.
Processos horizontais: a hierarquia
e a verticalidade, próprias da Algumas questões finais
cultura pedagógica, são
incompatíveis com a lógica e a A cibercultura, especialmente em
pedagogia das novas tecnologias, função da situação de conexão
pois estas funcionam em rede. generalizada e de liberação dos polos de
emissão, potencializa as condições para
Participação necessária: todo
aprendizagem uma vez que amplia de
sujeito, para vivenciar o processo
pedagógico, tem que participar na forma única na história da humanidade
rede, sendo impraticável um mero as possibilidades dos indivíduos
assistir. perceberem o mundo e nele se
projetarem.
Sincronicidade de atenção a várias
coisas na aprendizagem: a Esta percepção ampliada do mundo
profundidade não se dá através de valoriza o processo de aprendizagem e
um conceito de verticalidade, mas enfraquece o papel da escola e da
sim em um conceito espaço- universidade como templos de saber,
temporal. Na verdade, é o espaço
uma vez que podemos aprender em
sincrônico e o tempo espacializado.
diferentes formatos e momentos sobre
Ambiguidade entre a oralidade e a absolutamente qualquer argumento.
escrita: as dinâmicas
comunicacionais na rede, mesmo A cibercultura possibilita um processos
com o uso da escrita, expressa-se de desterritorialização e
com uma alta dimensão de dessincronização dos processos de
oralidade, incluindo-se nessa aprender, liberando cada sujeito das
expressividade as imagens. amarras espaço temporais, típicas da
Processos coletivos necessários: educação formal, em especial. Esta
sendo uma dinâmica de rede e situação de conexão ignora as paredes
necessitando da participação de físicas da escola, instituindo um
processo permanente de possibilidades sociedade marcada pelo
de aprendizagem, independentemente desenvolvimento das Tecnologias
de onde se esteja. Digitais de Rede, pela abundância de
Aponta-se para a necessária transição de informações e de espaços de
uma concepção de educação baseada na aprendizagem.
definição prévia do que e quando
devemos aprender alguma coisa, para Referências
uma educação baseada na aprendizagem
CASTELLS, M. A sociedade em rede. Editora
sob demanda e contextualizada, onde se Paz e Terra, 1999.
busca aprender quando determinado
conhecimento é necessário. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. O
futuro do pensamento na era da informática. Rio
Ainda, ao democratizar os canais de de Janeiro: Editora 34, 1993.
manifestação, possibilitando que LÉVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora
qualquer pessoa possa ser emissor de 34, 1999.
informações sobre qualquer assunto, MOTA, J. Da Web 2.0 ao e-Learning 2.0:
amplia-se de forma exponencial a Aprender na Rede. Dissertação de Mestrado,
possibilidade de criação de coletivos Versão Online, Universidade Aberta. Disponível
inteligentes baseados em focos de em: <http://orfeu.org/weblearning20>. Acesso
em: 19 mai. 2011.
interesse e valorizando os diferentes
saberes, habilidades e perspectivas, o POZO, J. I.; MORTIMER, E. F. (Rev.).
que virtualmente qualifica e Aprendizes e mestres: a nova cultura da
aprendizagem. Porto Alegre: ARTMED, 2002.
complexifica o conhecimento 296 pág.
construído.
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e
Por fim, a partir destas reflexões é tempo, razão e emoção. São Paulo, Editora de
fundamental que se reconheça que a Universidade de São Paulo, 2002.
educação deve ser repensada em um SERPA, F. Rascunho digital: diálogos com
contexto de cibercultura, a fim de que Felippe Serpa. Salvador: Udufba, 2004.
possa dar respostas às demandas de uma

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