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18 p. -- ( Percurso de Aprendizagem ; 1)
CDU 008:681.3:621.391
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Provavelmente você já deve ter ouvido falar
em ciberespaço e cibercultura.
Vamos iniciar a leitura do nosso primeiro
Percurso De Aprendizagem? Mas será
que você sabe o que essas expressões
de fato significam e o que elas têm a
ver com a sociedade em que vivemos?
Neste Percurso de Aprendizagem iremos
apresentar esses conceitos, identificando
a relação entre tecnologia e sociedade.
Muito se fala que vivemos num mundo Olá
conectado e que as pessoas estão,
cada vez mais, desempenhando suas
atividades por meio das tecnologias.
Porém, o que forma o ciberespaço e o que
a cibercultura representa? Responderemos
a essas e a outras perguntas, explorando as
transformações trazidas pelas tecnologias
de informação e de comunicação.
Antes de falar o que vem a ser cibercultura e ciberespaço, devemos entender que
essas expressões estão diretamente associadas à definição de tecnologia. Observando
rapidamente a palavra tecnologia, pode-se identificar que ela se relaciona ao “estudo da
técnica”. Ou seja, a palavra tem sua origem nos radicais gregos techné (técnica, arte,
o que é produzido pelo homem) e logos (estudo, conjunto de saberes) (ALVES, 1968;
LÉVY, 1999). Entretanto, há muito mais elementos que devemos apreender a partir do
significado desse termo. E é sobre isso que nos debruçamos agora.
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Figura 1 – Tecnologia: articulação entre história, cultura e sociedade:
Você deve estar se perguntando por que e como isso acontece. Bem, para compreender
adequadamente essa relação, devemos destacar que as técnicas que são criadas
visam atender às diversas necessidades que enfrentamos no cotidiano. Empreender
uma técnica, ou inventar um artefato, não é algo simples, e isso dependerá de
conhecimentos acumulados e recursos disponíveis (BATISTA; FREIRE, 2014).
Por esse motivo, cada ferramenta, artefato ou produto que existe estará associado
ao suprimento de uma necessidade, por meio da mobilização de recursos e saberes num
dado contexto histórico.
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a natureza (matéria, physis), extraindo, elaborando e criando condições que otimizem
tarefas e solucionem problemas do seu dia a dia. O que hoje nos parece um simples
instrumento, em tempos atrás introduziu profundas transformações nos modos de agir
de um dado grupo social. Foi assim com o arado, artefato utilizado nos primórdios da
agricultura, que contribuiu para o processo de sedentarização de sociedades inteiras, ao
promover o cultivo de alimentos (MUMFORD, 1967).
Por isso, não devemos esquecer que a revolução agrícola foi permeada pela
introdução de instrumentos como esse, exemplificando a relação articulada da tecnologia
com sociedade, cultura e contexto histórico.
Importa destacar que o termo techné (arte, técnica), a que nos referimos mais acima,
foi empregado para distinguir aquilo que era feito pelo homem do que não era, referindo-
se também ao sentido de “saber fazer de forma eficaz”1 (BATISTA; FREIRE, 2014, p. 25).
Para os gregos, tudo que não contasse com a manipulação humana era identificado como
physis (natureza), tendo desdobramentos tanto instrumentais e procedimentais – em sua
aplicação prática – quanto racionais e intelectuais. Vale ressaltar que as dimensões prática e
intelectual não devem ser concebidas de forma dicotomizada e polarizada, mas em interação
e complementaridade. Logo, todo ato humano é techné, expressão que remonta à habilidade
de transformar a natureza, produzindo artefatos e modos de agir os mais diversos (ALVES,
1968; LEMOS, 2002). Eis, em linhas gerais, a gênese da tecnologia, cujo entendimento não se
restringe aos produtos provenientes da digitalização e da informatização.
Por outro lado, a tecnologia não deve ser entendida sob um ponto de vista
excessivamente instrumental, reduzindo sua definição a uma coleção de objetos, produtos,
ferramentas e artefatos criados para auxiliar as atividades humanas. A esse respeito, de
acordo com Lucília Machado (2008 apud BATISTA; FREIRE, 2014), é fundamental sublinhar
os aspectos que envolvem o significado tanto teórico quanto prático da tecnologia, os
quais, necessariamente, dizem respeito a:
1. Concepção de techné, conforme Heródoto, pensador grego, considerado o pai da História (BATISTA; FREIRE, 2014).
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• um conjunto de processos de ação e de produção, decorrentes da diversidade de
saberes e da experiência acumulada das pessoas, assim como da aplicação do
conhecimento científico;
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Numa breve linha do tempo, podemos situar alguns dos principais momentos
em que as TIC foram evoluindo e incorporando-se às mais diversas atividades, desde
processamento de dados complexos e de interesse de grandes corporações e do
governo, aos videogames, telefones celulares e à internet (CASTELLS, 2003; SANTORO;
REVOREDO; BAIÃO, 2020):
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que incluíssem os protocolos TCP/IP em seus equipamentos. Logo, a grande
maioria dos computadores nos EUA, durante a década de 1990, já possuía
a tecnologia para entrar em rede. A ARPANET fica tecnicamente obsoleta e
o controle da internet passa para a National Science Foundation (NSF), que,
pouco tempo depois, a privatiza. A criação da “www”, pelo programador e físico
inglês Timothy Berners-Lee, será um fator determinante para a popularização
da internet no mundo, ainda nos anos 1990. É através do software “world wide
web” que acontece a interligação dos sistemas de informação da internet, os
hipertextos, acessíveis por qualquer computador conectado à rede.
• A partir dos anos 2000 – convenciona-se que a sociedade vive a Era Digital.
Computadores e dispositivos móveis passam a ocupar espaços em diversos
setores da sociedade (comércio, serviços, entretenimento, política, informação e
comunicação). As tecnologias digitais criam novas possibilidades à transmissão,
ao armazenamento e ao acesso à informação, assim como permitem realizar
transações comerciais, financeiras e sociais numa nova escala.
DICA:
Para saber mais, consulte o livro “A galáxia da internet: reflexões
sobre a internet, os negócios e a sociedade”. Manuel Castells explora
de maneira aprofundada os eventos e inovações tecnológicas que
ocorreram para a criação da internet como a conhecemos hoje.
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Percebe-se que as mudanças ocorridas nas tecnologias de comunicação
resultam de um processo socioeconômico e, ao mesmo tempo, técnico e social.
Pessoas, instituições e sociedade em geral apropriam-se da tecnologia, modificando-a e
experimentando-a. A produção histórica de um determinado recurso tecnológico acaba
por moldar seu contexto e seus usos, numa relação mútua. Isso é especialmente notável
no caso do ciberespaço e da internet (CASTELLS, 2003).
Fonte: elaborada pela autora, com base em Santoro, Revoredo e Baião (2020) e Castells (2002).
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Figura 3 – Ciberespaço e cibercultura
2. A expressão ciberespaço foi usada pela primeira vez em 1984 pelo escritor de ficção científica William Gibson, em seu livro
Neuromancer.
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Dessa maneira, acrescentamos que Pierre Lévy (1999), importante estudioso da
dimensão e dos efeitos culturais trazidos pelas tecnologias emergentes na segunda
metade do século XX, conclui que a cibercultura resulta de um processo, ao mesmo
tempo técnico, político, cultural e social. De acordo com ele, existem três condições
fundamentais para compreender a cibercultura, quais sejam:
É pertinente notar que entre as condições que o autor estabelece para entender
a noção de cibercultura está justamente o desenvolvimento do ciberespaço, o qual
é fruto da relação entre técnica, cultura e sociedade – como frisamos anteriormente.
Independentemente da profissão em que você atua ou das atividades cotidianas que
realiza, desde as últimas décadas do século XX, somos impactados pelas transformações
trazidas por esses três eixos (Figura 4), que incidem de maneira simultânea no corpo
social.
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Realçamos, de maneira proposital, o trecho “relação humana desterritorializada”, na
definição trazida por Pierre Lévy (1999). Devemos, portanto, nos deter brevemente
sobre essa expressão, que nos auxilia a entender um importante aspecto das
relações advindas e potencializadas com o ciberespaço: a desterritorialização.
Discutiremos essa questão de forma mais detalhada no próximo Circuito de Estudo.
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2.
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Princípios de comunicação no ciberespaço
Que tipo de
Situação/tecnologia e
interação Por quê?
recursos utilizados
promove?
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Se quem ligou não teve sua chamada
atendida, aparelhos com recurso de
Ligação telefônica, com
gravação do recado podem ser utilizados
recado de voz gravado na Assíncrona
para posterior escuta, acontecendo uma
secretária eletrônica
relação desterritorializada e assíncrona,
isto é, sem a partilha de espaço e de tempo
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Quando falamos de ciberespaço, o que há de diferente, então? A principal
mudança é que as tecnologias trazidas pelo desenvolvimento da internet impactarão
significativamente a escala, o volume, a velocidade e a complexidade das informações
e dados partilhados digitalmente, borrando as coordenadas de espaço e de tempo de
forma inédita. Acrescente-se seu caráter híbrido, uma vez que permite a convergência
dos meios de comunicação analógicos, como o rádio e a televisão, por exemplo.
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interação direta, além da produção de conteúdos e partilha de informações. Nesse
sentido, o chamado “receptor” – aquele que recebe a informação – pode, a qualquer
tempo, interagir com o “emissor” – o que produz e/ou difunde a informação –, tanto
através de e-mails, como fóruns, listas de discussão e, mais recentemente, pelas redes
sociais digitais, como Facebook, Instagram, Twitter3 , dentre outras (ROCHA, 2010).
Resumo:
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Referências:
ALVES, Rubem. Tecnologia e humanização. In: Revista Paz e Terra: homem, ciência e
tecnologia. ano. 2, n.8. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
BATISTA, Sueli Soares dos Santos; FREIRE, Emerson. Sociedade e tecnologia na era
digital. São Paulo: Érica, 2014.
MUMFORD, Lewis. Technics and human development: the myth of the machine, vol 1.
New York: Harcourt Brace, 1967.
SANTORO, Flávia Maria; REVOREDO, Kate Cerqueira; BAIÃO, Fernanda Araújo. Impacto
social das novas tecnologias. In: MACIEL, C.; VITERBO, J. Computação e sociedade: a
sociedade. v. 2. Cuiabá: EdUFMT, 2020.
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 7 ed. Petrópolis:
Vozes, 2005.
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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR)
Presidência
Lenise Queiroz Rocha
Vice-Presidência
Manoela Queiroz Bacelar
Reitoria
Fátima Maria Fernandes Veras
Diretoria de Tecnologia
José Eurico de Vasconcelos Filho
RESPONSABILIDADE TÉCNICA
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