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BIM, Eduardo Fortunato.

A possibilidade de cumulação dos crimes de


responsabilidade (impeachment) e da improbidade administrativa dos agentes
políticos por distinção de suas naturezas jurídicas. Revista de Direito do
Estado, Rio de Janeiro, ano 2, nº 5, p. 197-241, jan./mar. 2007.

O autor Eduardo Fortunato Bim apresenta o impeachment como um


sistema de responsabilização que pode ser dividido em monofásico/bifásico e
legislativo/judiciário, o primeiro leva em consideração o número de fases do
processo, o segundo leva em consideração o órgão julgador. 1
O processo monofásico seria aquele que não dependeria de uma
decisão da Câmara dos Deputados para definir a admissibilidade, ficando o
julgamento exclusivamente a cargo do Senado Federal ou de um tribunal. O
art. 380, do Regimento Interno do Senado Federal, por exemplo, dispõe que
em se tratando de Ministros do Supremo Tribunal Federal, membros do
Conselho Nacional de Justiça, Conselho Nacional do Ministério Público, o
Procurador Geral da República ou o Advogado-Geral da União, a necessidade
do exame pela Câmara está afastado.
O processo bifásico é aquele definido para o julgamento do Presidente
da República, do Vice-presidente ou dos Ministros de Estado e Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
conexos com o do Presidente e Vice, e que envolve a votação para a
admissibilidade do processo de impeachment na Câmara dos Deputados
(primeira fase) e o julgamento pelo Senado Federal 2.
A divisão de acordo com o órgão julgador é feita em legislativo e
judiciário. O processo movido pelo Poder Legislativo quando é monofásico é
feito somente pelo Senado Federal contra as autoridades citadas no art. 380 do
RISF. Se o processo for movido pelo judiciário ele sempre será monofásico, e
poderá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal quando realizar-se em face
1
BIM, Eduardo Fortunato. A possibilidade de cumulação dos crimes de responsabilidade
(impeachment) e da improbidade administrativa dos agentes políticos por distinção de suas
naturezas jurídicas. Revista de Direito do Estado, Rio de Janeiro, ano 2, nº 5, p. 197-241,
jan./mar. 2007, p. 206.
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Apesar desta análise, hoje é possível que se fale em um processo trifásico, pois o Supremo
Tribunal Federal quando da análise da ADPF nº 378, determinou que depois do exame da
admissibilidade o Senado ainda vota pelo recebimento da denúncia e afastamento do/da
Presidenta da República ou Vice.
dos Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, membros dos Tribunais Superiores, Tribunal de Contas da União
e chefes de missões diplomáticas3, ou pelo Superior Tribunal de Justiça
quando envolver desembargadores dos Tribunais de Justiça, membros dos
tribunais de contas estaduais, dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais Eleitorais e do Trabalho e membros do Ministério Público da União
que atuem nos tribunais4, pelos Tribunais Regionais Federais quando envolver
juízes federais, militares e do trabalho 5, ou por Tribunal de Justiça quando
forem envolvidos os juízes estaduais ou membros do Ministério Público 6.

Eduardo Fortunato Bim, também defensor da natureza política do


impeachment, relembra ainda que o impeachment no direito brasileiro possui
uma tipificação constitucional direta através de artigos da constituição que
definem os casos de crime de responsabilidade (art. 29, §§2º e 3º, art. 50,
caput e §2º, art. 100, §6º e art. 167, §1º, da CF) e indireta (art. 85, parágrafo
único) por prever a tipificação em lei especial, e, sendo assim, o processo de
impeachment julgado pelo Senado necessariamente estaria vinculado à
previsão legal e constitucional sobre a tipificação do crime 7.
Entretanto, para o autor essa tipificação não descaracterizaria a
natureza política do impeachment (que é baseada na sanção política para
alguém que ocupe o cargo político), pois a previsão dos tipos de crime de
responsabilidade apenas torna o julgamento menos arbitrário e discricionário 8.

3
Art. 102, inciso I, alínea “c”, da Constituição Federal.
4
Art. 105, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal.
5
Art. 108, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal.
6
Art. 96, inciso III, da Constituição Federal.
7
BIM, Eduardo Fortunato. A possibilidade de cumulação dos crimes de responsabilidade
(impeachment) e da improbidade administrativa dos agentes políticos por distinção de suas
naturezas jurídicas. Revista de Direito do Estado, Rio de Janeiro, ano 2, nº 5, p. 197-241,
jan./mar. 2007, p. 213-214.
8
BIM, Eduardo Fortunato. A possibilidade de cumulação dos crimes de responsabilidade
(impeachment) e da improbidade administrativa dos agentes políticos por distinção de suas
naturezas jurídicas. Revista de Direito do Estado, Rio de Janeiro, ano 2, nº 5, p. 197-241,
jan./mar. 2007, p. 217-218.

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