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30ª Reunião da CTCONF – Maio de 2021

Item 4 – Registro de Despesa/Receita Intraorçamentária x Descentralização Financeira

Objetivo

Incluir no MCASP orientações sobre os registros das operações intraorçamentárias com a


definição das situações que ensejam registros de despesa e receita intraorçamentárias e as
situações em que deve ocorrer descentralização financeira.

O MCASP trata somente da codificação a ser utilizada em caso de despesas e receitas


intraorçamentárias, sem estabelecer conceitos abrangentes e exemplificar situações. O tema
ganha especial importância no caso dos repasses de duodécimos, que devem ser realizados por
meio de descentralização, mas alguns entes registram receita e despesa intraorçamentárias, e
nos casos de cobertura do déficit financeiro do RPPS. Há ainda impactos tributários em virtude
do entendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRFB quanto à incidência de
PIS/PASEP sobre as receitas intraorçamentárias.

Esses exemplos mostram a necessidade de inclusão dessas definições no MCASP para que ocorra
a padronização da forma de contabilização, o que possibilita a correta consolidação das contas
públicas.

Legislação e MCASP

A Portaria Interministerial STN/SOF nº 338/2006 definiu como intraorçamentárias “as operações


que resultem de despesas de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais
dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social
decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pagamento de impostos, taxas e
contribuições, quando o recebedor dos recursos também for órgão, fundo, autarquia, fundação,
empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da
mesma esfera de governo”.

Essa Portaria incluiu no Anexo I da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001 as


classificações em nível de categoria econômica destinadas ao registro das receitas decorrentes
de operações intraorçamentárias.

Antes disso, a Portaria Interministerial STN/SOF nº 688/2005 já havia incluído no Anexo II da


Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001, a modalidade de aplicação 91 - Aplicação Direta
Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e
da Seguridade Social, apresentando a mesma definição utilizada na Portaria Interministerial
STN/SOF nº 338/2006, ou seja, para utilização nas “despesas de órgãos, fundos, autarquias,
fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal
e da seguridade social decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pagamento de
impostos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o recebedor dos recursos
também for órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade
constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de Governo”.

A Portaria Interministerial STN/SOF nº 688/2005 definiu também que a modalidade de aplicação


“91” não se aplica às descentralizações de créditos orçamentários efetuadas no âmbito do
respectivo ente da Federação para execução de ações de responsabilidade do órgão, fundo ou
entidade descentralizadora.

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Atualmente, a Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001 apresenta as classificações das
receitas e das despesas intraorçamentárias da forma a seguir:

Art. 2º A classificação da receita, a ser utilizada por todos os entes da Federação, consta
do Anexo I desta Portaria, ficando facultado o seu desdobramento para atendimento das
respectivas peculiaridades.

(...)

§ 13 A natureza de receita intraorçamentária deve ser constituída substituindo-se o


dígito referente às categorias econômicas 1 ou 2 pelos dígitos 7, se receita
intraorçamentária corrente, ou 8, se receita intraorçamentária de capital, mantendo-se
o restante da codificação. (69)(I) (79)(R) (82)(R)

ANEXO II

NATUREZA DA DESPESA

II - DOS CONCEITOS E ESPECIFICAÇÕES

C - MODALIDADES DE APLICAÇÃO
91 - Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades
Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social (22)(I)

O MCASP trata do tema nos capítulos relacionados à receita e à despesa orçamentárias e no


capítulo relacionado ao RPPS, conforme trechos destacados a seguir:
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3. RECEITA ORÇAMENTÁRIA
3.2. CLASSIFICAÇÕES DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA
3.2.1. Classificação da Receita Orçamentária por Natureza
3.2.1.1. Categoria Econômica
Receitas de Operações Intraorçamentárias:
Operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades
da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade
social do mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos
nos cofres públicos do ente, mas apenas movimentação de receitas entre seus órgãos.
As receitas intraorçamentárias são a contrapartida das despesas classificadas na
Modalidade de Aplicação “91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos,
Fundos e Entidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade
Social” que, devidamente identificadas, possibilitam anulação do efeito da dupla
contagem na consolidação das contas governamentais.
Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos valores financeiros objeto de
operações intraorçamentárias na consolidação das contas públicas, a Portaria
Interministerial STN/SOF nº 338/2006, incluiu as “Receitas Correntes
Intraorçamentárias” e “Receitas de Capital Intraorçamentárias”, representadas,
respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas. Essas
classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas

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categorias econômicas de receita, mas apenas especificações das Categorias Econômicas
“Receita Corrente” e “Receita de Capital”.
Categoria Econômica da Receita
1. Receitas Correntes 2. Receitas de Capital
7. Receitas Correntes 8. Receitas de Capital Intraorçamentárias
Intraorçamentárias

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4. DESPESA ORÇAMENTÁRIA
4.2. CLASSIFICAÇÕES DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA
4.2.4. Classificação da Despesa Orçamentária por Natureza
4.2.4.4. Modalidade de Aplicação
91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades
Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social
Despesas orçamentárias de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais
dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social
decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pagamento de impostos, taxas e
contribuições, além de outras operações, quando o recebedor dos recursos também for
órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade
constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de Governo.

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4. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPPS)
4.2. ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E PATRIMONIAIS
4.2.1. Consolidação das Contas
De acordo com a Parte I – Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO) deste manual,
operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades
da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social (OFSS)
do mesmo ente federativo. Por isso, não representam novas entradas de recursos nos
cofres públicos do ente, mas apenas movimentação de recursos entre seus órgãos. As
receitas intraorçamentárias são a contrapartida das despesas classificadas na
Modalidade de Aplicação “91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos,
Fundos e Entidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade
Social” que, devidamente identificadas, possibilitam anulação do efeito da dupla
contagem na consolidação das contas governamentais. Na classificação da receita
orçamentária por natureza, as “Receitas Correntes Intraorçamentárias” e as “Receitas
de Capital Intraorçamentárias” são representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8
em suas categorias econômicas.
Dessa forma, a contribuição previdenciária patronal, de ônus do próprio ente, constitui
uma despesa intraorçamentária para o ente e uma receita intraorçamentária para o
RPPS.

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Definições Propostas:

Deve ocorrer o registro de receita e despesa intraorçamentárias quando envolver aquisição de


materiais, bens e serviços ou pagamento de impostos, taxas e contribuições entre órgãos,
fundos e entidades que integram o mesmo orçamento fiscal e da seguridade.

Alguns exemplos são:

• Contratações de empresas estatais para publicações em Diário Oficial, para prestação


de serviços de treinamento, realização de concursos públicos ou para fornecimentos de
bens.
• Recolhimento de contribuições patronais ao RPPS.
• Aportes mensais com valores preestabelecidos definidos em plano de amortização
instituído para o equacionamento do déficit atuarial do RPPS.
• Recolhimento de contribuições patronais ao RGPS pelas empresas estatais da União.
• Recolhimento de tributos do próprio ente por empresas estatais dependentes.

Por outro lado, não deve ocorrer o registro de receita e despesa intraorçamentárias nas
descentralizações financeiras para execução do orçamento, inclusive nas descentralizações de
créditos orçamentários efetuadas no âmbito do respectivo ente da Federação para execução de
ações de responsabilidade do órgão, fundo ou entidade descentralizadora.

São exemplos:

• Repasses financeiros em duodécimos aos órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário, do


Ministério Público e da Defensoria Pública dos recursos correspondentes às dotações
orçamentárias desses órgãos.
• Repasses financeiros ao RPPS destinados à cobertura de insuficiências financeiras do
respectivo regime próprio, decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários .
• Demais descentralizações financeiras para execução do orçamento.

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