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Paraciclismo

Professor Responsável
Prof. Claudio Roberto Araújo DIEGUES

• Graduado pela Faculdade de Educação Física de Santos;


• Pós Graduado em Treinamento Desportivo (UNIP-CEFIT);
• Especialização em Recreação Infantil e Voleibol (FEFISA);
• Técnico da Seleção Brasileira de Paraciclismo de Estrada em Campeonatos Mundiais;
• Técnico da nos Jogos Paralímpicos de Tokyo 2020 e Jogos Parapan-americanos;
• Diretor de Esportes da Memorial-Santos
• Contato: cclaudiodiegues@gmail.com
Roteiro

AULA TEÓRICO PRÁTICA


• Histórico da modalidade
• Deficiências Elegíveis
• Sistema de classificação
• Especificidades e regras
• Equipamentos e Materiais para a Prática
• Desenvolvendo Práticas e Habilidades
• Como ensinar Paraciclismo
História
• Internacional
O Paraciclismo é uma das modalidades presentes no Esporte Paralímpico, tratando-se de uma
prática realizada por pessoas com deficiência (visual, físico-motora ou paralisia cerebral), sobre
a bicicleta.

1984 No ano de 1984, teve a sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos, em Nova
York. Nesta edição participaram apenas pessoas com paralisia cerebral.
1988 Nas Paralímpiadas de Seul em 1988, sua participação entrou oficialmente para o
programa do evento e incluiu a classe para atletas amputados.
1992 nas Paralímpiadas de Barcelona, foram incluídas as provas de contra-relógio e a classe
para atletas com deficiência visual.
1996 Nos jogos Paralímpicos de Atlanta, em 1996, tiveram início as provas em velódromo
(provas de velocidade).
2004 Jogos Paralímpicos de Atenas, a bicicleta Handbike passa a ser inserida no programa de
provas em Jogos Paralímpicos.
História
• Nacional
1992 Primeira participação em Jogos Paralímpicos que ocorreram em Barcelona.

1998 Primeiro campeonato de Paraciclismo realizado no Brasil.

2004 O CPB realizou os Jogos Paralímpicos do Brasil, evento usado como seletiva dos atletas
que participariam dos Jogos Paralímpicos de Atenas no mesmo ano.

2007 O CPB cria oficialmente o Campeonato Brasileiro Paralímpico de Ciclismo.

2007 O IPC e a UCI, assinam, em 07 de fevereiro de 2007, um acordo definitivo de


transferência internacional da modalidade para a UCI.

2008 A gestão do paraciclismo passa a ser de inteira responsabilidade da CBC, no qual passa
a fazer parte das entidades reconhecidas pelo CPB.
Paraciclismo

VAMOS APRESENTAR UM VÍDEO QUE RESUMO DO QUE É O


MARAVILHOSO MUNDO DO PARACICLISMO
Classificação Esportiva: Exemplos Deficiência Física
Deficiências Elegíveis
DEFICIÊNCIA FÍSICA DEFICIÊNCIA VISUAL
• Déficit de Força Muscular; • B1 - Cegueira Total;
• Déficit de Amplitude de Movimento Passivo; • B2 - Baixa Visão;
• Diferença entre o comprimento das pernas; • B3 - Baixa Visão.
• Deficiência de Membros;
• Ataxia;
• Atetose;
• Hipertonia.
Classificação Esportiva
Os nomes das classes esportivas no Ciclismo consistem em um prefixo “C” (Ciclismo), “H”
(Handbike), “T” (Triciclo) e “B” (Blind), seguidas de um número. Os prefixos representam a classe
e o número indica o grau da lesão dentro das classes esportivas.

13 classes do Paraciclismo: DEFICIÊNCIA ELEGÍVEL BICICLETA UTILIZADA


CLASSE NO
PARA-CICLISMO
Deficiência Visual Tandem B

Amputados e/ou com diferença de membros. Bicicleta individual C1, C2, C3, C4 e C5

Disfunção locomotora grave (atetose /distonia


/espasticidade e/ou ataxia), que impedem o uso
Triciclo T1 e T2
seguro de uma bicicleta convencional devido à
falta de equilíbrio.

Cadeirantes ou atletas que atendem aos Critérios


de Prejuízo Mínimo para Deficiência de Membros
Inferiores que têm deficiências adicionais que
Handbike H1, H2, H3, H4 e H5
impedem o uso seguro de uma bicicleta
convencional, mas são capazes de usar a posição
de rebaixamento em um ciclo de mão.

Quanto menor o número da classe, mais severa é a limitação do atleta.


Fonte: Ferreira (2019)
Classificação Esportiva

CLASSE NO PARACICLISMO ELEGIBILIDADE

Deficiência Física
T1 e T2
Força muscular prejudicada; Atetose; Amplitude de movimento
C1, C2, C3, C4 e C5 passiva prejudicada; Hipertonia; Deficiência de membros; Ataxia;
Diferença de comprimento de perna.
H1, H2, H3, H4 e H5

Fonte: Ferreira (2019)


Classificação Esportiva: Exemplos Deficiência Física

Classe – H1 Classe – H3 Classe – H5

Classe – H2 Classe – H4 Classe – T1


Classificação Esportiva: Exemplos Deficiência Física

Classe – C1 Classe – C2 Classe – C3

Classe – C5 Classe – C4 Classe – T2


CLASSIFICAÇÃO
ESPORTIVA:
Exemplo Deficiência Visual
Classificação Esportiva

CLASSE NO PARACICLISMO ELEGIBILIDADE

Deficiência Visual
B1 Cegueira - Acuidade visual menor que 2.6 LogMAR
Deficiência visual (baixa visão) - Acuidade visual entre 1.5 a 2.6
B2 LogMAR, e/ou campo visual entre 0 a 10°.
Deficiência visual (baixa visão) - Acuidade visual entre de 1.0 a
B3
1.4 LogMAR, e/ou campo visual definido entre 10° e 40°.

Fonte: Ferreira (2019)


Especificidades e Regras
Regras
As regras aderidas tanto no Ciclismo quanto no Paraciclismo, servem para nortear e
fundamentar as provas disputadas para que se desenvolvam de maneira mais justa.

Quem participa
Provas são divididas nas categorias masculina e feminina, considerando ainda a
classificação esportiva de cada paraciclista.

Provas
Estrada e Pista.

Caracterizadas por um percurso com meta de chegada, tomando como vencedor


quem chega primeiro ou em melhor tempo.

Bicicletas
Algumas adaptações podem ser encontradas na bicicleta, para que as pessoas com
deficiências possam praticar esta modalidade.

Capacetes
As cores dos capacetes são diferentes para cada classe.
Especificidades e Regras: Provas de Estrada

TIPOS DE PROVA CATEGORIAS E CLASSES


CARACTERÍSTICA/OBJETIVO
EM ESTRADA FUNCIONAIS
Todas as classes do
Longa distância, onde, vence o atleta que chegar
Resistência gênero masculino
primeiro.
e feminino
Todas as classes do Prova individual, onde os ciclistas largam de 1 em
Contra-relógio genêro masculino 1 minuto, vencendo o ciclista que fizer o percurso
e feminino em menor tempo.
Tomada de tempo de 3 (três) voltas em um
percurso de aproximadamente 2 (dois) km. É
Classes do handbike nos
realizada por equipes de 3 (três) Handbikers (com
Team Relay (TR) genêros masculino e
diferentes classes funcionais), onde um atleta
feminino
realiza cada volta em revezamento com outro da
mesma equipe.

Fonte: Ferreira (2019)


Especificidades e Regras: Provas de Pista

• As Provas de Pista são direcionadas à todas as classes C e B.

• Pista de formato oval chamada de velódromo.


• A pista varia de 133 a 500 metros, sendo definida conforme o tipo de campeonato.
• O tamanho da pista não altera o percurso que compõe cada prova.
• As bicicletas utilizadas para as provas no velódromo não devem possuir marchas e freios.
Especificidades e Regras: Provas de Pista
TIPOS DE PROVAS EM CATEGORIAS E
CARACTERÍSTICA/OBJETIVO
VELÓDROMO CLASSES FUNCIONAIS

Perseguição Individual Sobre lados opostos, larga um atleta de cada equipe, com o objetivo de fazer as voltas em
Masculino: C4, C5 e B.
(4.000 metros : 16 voltas) menor tempo que o adversário.
Masculino: C1, C2, C3.
Perseguição individua Sobre lados opostos, larga um atleta de cada equipe, com o objetivo de fazer 3.000 metros (12
Feminino: C1, C2, C3, C4, C5
(3.000 metros : 12 voltas) voltas), em menor tempo.
e B.
Masculino: C1, C2, C3, C4, C5
1 Km Time Trial e B. Realizada, individualmente, uma tomada de tempo à distância alvo.
(1.000 metros : 4 voltas)
Feminino: B.
500m Time Trial
Feminino: C1, C2, C3 C4 e C5. Realizada, individualmente, uma tomada de tempo na distância de 500 metros (2 voltas).
(500 metros : 2 voltas)

Scratch race Masculino: C1, C2, C3, C4 e


Larga todas as equipes juntas, vencendo quem terminar primeiro.
(15Km : 60 voltas) C5.

Scratch race Feminino: C1, C2, C3, C4 e


Larga todas as equipes juntas, vencendo quem terminar primeiro.
(10Km : 40 voltas) C5.

Tandem Sprint Masculino e Feminino: B.


A prova é dividida em 2 fases: Fase de Qualificação e Fase de Torneio. Na fase de qualificação
as equipes percorrem 3 voltas no velódromo, individualmente. O resultado dos oito melhores
Masculino: C1, C2, C3, C4 e tempos nessa fase são classificados para a fase de torneio. A fase de torneio consiste em
Team Sprint confrontos entre as equipes, classificando os melhores resultados dentro da seguinte chave:
C5.
(velocidade por quartas de final, semi final e final. Durante os confrontos as equipes percorrem 03 voltas.
equipes) Feminino: C1, C2, C3, C4 e
Avança de fase a equipe que chegar na frente.
C5.

Fonte: Ferreira (2019)


Equipamentos e Materiais para Prática
Óculos
Luvas

Bandeirola para
Handbike

Capacete

Sapatilhas Roupa apropriada


Desenvolvendo Práticas e Habilidades
O desenvolvimento de práticas e habilidades podem ser seguidos através de
modelos de orientação.
As propostas a seguir são delineadas com base na Política de Desenvolvimento de
Atletas de Longo Prazo. A partir desse modelo é possível maximizar todas as
oportunidades de prática diante do Paraciclismo.

IMPORTANTE: No caso os alunos/atletas que tenham a deficiência de causa adquirida, é importante


considerar a idade em que esta pessoa adquiriu a deficiência, pois deverá passar por todas as etapas
de desenvolvimento considerando sua atual condição física (BALYI, WAY e HIGGS, 2013).
Desenvolviment Jogos e
Etapa Descoberta,
o de habilidades brincadeiras de
aprendizagem e 0 a 7 anos
1 fundamentais do interação social
brincadeira
movimento e diversão

8 a 13 anos ou Conhecer os
Etapa Conhecimento Prática
Descobrindo o dado a principais
de vários
CONGÊNITA OU ADQUIRIDA

2 esporte consciência da fundamentos do Esportiva


esportes
modalidade esporte

8 a 17 anos ou
Desenvolver Aprender sobre Desenvolver
Etapa dado a
habilidades da as habilidades habilidades do
3 consciência da
modalidade do para-ciclismo para-ciclismo
modalidade

>13 anos ou Iniciação


Etapa Explorar opções dado a Refinar as Oferecimento de
4 de treinamento consciência da habilidades desafios
ao alto
modalidade rendimento

>16 anos ou
Etapa Desafio do
Treinamento e dado a Treinamento
desenvolviment
5 competição consciência da Específico
o e desempenho
modalidade

Fonte: Ferreira (2022, no prelo), adaptado de Adaptado Balyi, Way e Higgs (2013)
VAMOS PARA A PRÁTICA!
Como ensinar Paraciclismo?
Etapa 1: Descoberta, aprendizagem e brincadeira (0 meses a 7 anos).

• Materiais: Fita adesiva (crepe), giz, forma assadeira (ou alguma outra plataforma leve) e outros objetos
como: bolas, potes pequenos e médios, brinquedos pequenos e médios, tapetes.

• Objetivo: Gerar manifestações positivas que privilegiam a criatividade, espontaneidade, prazer e a


motivação das crianças despertando o interesse pela atividade física adaptada;

• Sugestão de atividade
o Saltos: Cortar um pedaço (2,5 metros) de fita adesiva (crepe) e colar no chão. Em seguida, formar
par com a criança, de mãos dadas e parados do lado da fita. Quando estiverem prontos, fazer um
sinal (sonoro – voz, ou físico – com o movimento da cabeça, por exemplo) e os dois saltam para o
outro lado da fita.
o Recriar:
Pensar possíveis adaptações das atividades considerando cada tipo de deficiência.

Fonte: Ferreira (2022, no prelo), adaptado de Adaptado Balyi, Way e Higgs (2013)
Como ensinar Paraciclismo?
Etapa 2: Descobrindo do esporte (8 a 13 anos).

• Materiais: Bicicleta adaptada, capacete, garrafas pet com água (ou cones) e giz;
• Objetivo: Desenvolver as habilidades esportivas fundamentais e o desenvolvimento motor usadas no para-
ciclismo: velocidade, força, poder anaeróbico, energia aeróbica. 2. Desenvolvimento de força e equilíbrio através
da bicicleta.

• Sugestão de atividade
o Aviãozinho: Com o giz, marcar um percurso com uma linha de partida e a uma distância de 10 metros à
frente marcar uma linha de chegada. Em seguida, orientar o aluno a realizar o percurso (ida e volta) somente
impulsionando a bicicleta com os pés no chão.
o Recriar:
Pensar possíveis adaptações das atividades considerando cada tipo de deficiência.

Fonte: Ferreira (2022, no prelo), adaptado de Adaptado Balyi, Way e Higgs (2013)
Como Ensinar Paraciclismo?
Etapa 3: Desenvolvimento de habilidades da modalidade (08 a 17 anos).

• Materiais: Bicicleta adaptada, capacete, luvas.


• Objetivo: Desenvolver as habilidades usadas no para-ciclismo: velocidade; força; potência anaeróbico; potência
aeróbica. 2. Identificar os conceitos de aquecimento e resfriamento.

• Sugestão de atividade
o Contrarrelógio: Marcar um percurso em ponto A (partida) e ponto B (chegada), ou um percurso em volta
(círculos) e, registrar o tempo que a pessoa com deficiência é capaz de percorrer. Em seguida, adicione alguns
obstáculos como uma garrafa pet com água no meio do percurso para que seja realizado uma volta em torno
dela, antes de chegar no ponto final do percurso. Por fim, realize o percurso como na primeira vez, sem os
obstáculos, e veja se foi mais rápido nesta última vez.
o Recriar:
Pensar possíveis adaptações das atividades considerando cada tipo de deficiência.

Fonte: Ferreira (2022, no prelo), adaptado de Adaptado Balyi, Way e Higgs (2013)
Como Ensinar Paraciclismo?
Etapa 4: Explorar opções de treinamento (>13 anos).

• Etapa de iniciação no alto rendimento:


o Etapa de treinamento;
o Identificar se o aluno/atleta pode ter uma das 8 deficiências elegíveis para o esporte paraciclismo e começar
a refinar as habilidades mais avançadas exigidas na modalidade;

o Iniciar um programa de periodização, treinamentos específicos de velocidade e força específicos para o


paraciclismo;

o Direcionar o atleta/indivíduo para uma competição a fim de passar passar por uma banca de classificadores e
confirmar ou não sua elegibilidade para a modalidade e, a partir disso, começar a competir.

Fonte: Ferreira (2022, no prelo), adaptado de Adaptado Balyi, Way e Higgs (2013)
Como Ensinar Paraciclismo?
Etapa 5: Treinamento e Competição (> 16 anos).

o O atleta domina as habilidades mais avançadas exigidas pela modalidade;


o Participa de competições nacionais e/ou internacionais;
o Tem equipamentos e suporte técnico e físico especializados;
o Tem suporte financeiro;
o Possui apoio de uma equipe de profissionais multidisciplinares (médico,
nutricionista, fisioterapeuta, etc.);

o Planejamento com base em um programa de periodização, focado no alcance


dos resultados das competições alvo.

Fonte: Ferreira (2022, no prelo), adaptado de Adaptado Balyi, Way e Higgs (2013)
Como Ensinar Paraciclismo?
Treinando para a vida (Etapa 3).

Prática do Paraciclismo como estilo de vida, para a manutenção da saúde e outros


motivos sem estar focado no alto rendimento.
REFERÊNCIAS
BALYI, I.; WAY, R.; HIGGS, C. Long-term athlete development. Human Kinetics, 2013.

FERREIRA, Mariane. O desenvolvimento do Paraciclismo no Brasil. 2019. 81 p. Dissertação


(mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, Campinas, SP.

MISHIN, Yekaterina et al. Promoting health through biking programs for youth with developmental disabilities.
Therapeutic Recreation Journal, v. 49, n. 2, p. 183-186, 2015.

MUNSTER, Mey Van; ALMEIDA, J.J.G. Atividade física e deficiência visual. In: Atividade Física Adaptada.
São Paulo: Manole, 2005. p. 28-76.
GOVERNADOR
Rodrigo Garcia

SECRETÁRIO DE ESTADO DE ESPORTES


Thiago Milhim

SECRETÁRIA DE ESTADO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


Aracelia Costa

COORDENAÇÃO TÉCNICA
PPR Live Digital

RESPONSÁVEL PELO CONTEÚDO


Prof. Me. Mariane Ferreira

PROFESSOR
Prof. Claudio Roberto Araújo DIEGUES

/paralimpico.sp
SITE: www.paralimpico.com.br

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