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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCANTARA GOMES


CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Disciplina Ecologia Teoria e Prática

ECOLOGIA EVOLUTIVA

Crystal Candido Breves


Matrícula 202020491111

Prof. Aliny Patrícia Flauzino

Rio de Janeiro, 2022


A evolução ocorre em um ambiente diverso considerando as pressões existentes para diferentes
organismos. Diferentes respostas emergem desta profusão de interações, culminando no arranjo
que observamos hoje. Escolha qualquer interação na Natureza, representada por dois indivíduos da
mesma espécie ou de espécies diferentes e explique como esta relação é resultado de um processo
evolutivo, considerando o sucesso observado.

O parasitismo de ninhos (ou nidoparasitismo) pode ser descrito como um comportamento que
ocorre geralmente entre duas espécies distintas de aves, mas pode também acontecer entre indivíduos da
mesma espécie. O nidoparasitismo interespecífico (entre espécies distintas) refere-se a uma estratégia
reprodutiva na qual determinados indivíduos colocam seus ovos em ninhos de indivíduos de outras
espécies, as quais dedicam-se ao cuidado parental dos filhotes. Os primeiros são denominados parasitas
de ninho, enquanto os outros são nomeados como hospedeiros. Esse comportamento representa um
enorme sucesso evolutivo, que existe há milhares de anos e somente foge do controle se houver alguma
interferência externa. Os resultados dessa interação foram tão benéficos para o parasita, a fim de diminuir
o gasto de energia com os cuidados da própria prole, que diversas espécies já não possuem mais
capacidade de construir seus próprios ninhos, contando unicamente com os hospedeiros.
Alguns exemplares da família Icteridae são as principais espécies a apresentarem esse hábito na
América do Sul, sendo um destaque dentre todas elas o Chupim (Molothrus bonariensis). Uma ave
bastante generalista, contendo mais de 200 espécies parasitadas por ele, o Chupim escolhe ninhos dos
mais diversos tamanhos e formas para a postura de seus ovos. A fêmea, que apresenta o hábito de colocar
de 4 a 5 ovos, normalmente desova um em cada ninho que encontra, a fim de aumentar as chances de
sobrevivência de ao menos um filhote por período reprodutivo. Existem diversas adaptações evolutivas
que propiciaram seu êxito, dentre elas estão o espessamento da casca de seus ovos (para que quebrem os
ovos do hospedeiro que ficam por baixo no momento em que a fêmea de Chupim os põe), o encurtamento
do período de incubação dos ovos (para que nasçam e joguem para fora do ninho os ovos ou ninhegos do
hospedeiro) e o mimetismo de seus ovos (para que não haja rejeição por parte do hospedeiro).
Em contrapartida, a coevolução das espécies também ocasionou adaptações por parte dos
hospedeiros, como o ato de esconderem cada vez mais os seus ninhos e o aumento da percepção de ovos
não-miméticos (diferentes dos seus próprios). Vale ressaltar que uma das maiores vítimas dessa interação,
o Tico-tico (Zonotrichia capensis), apresenta um tamanho bastante reduzido em comparação com o
Chupim, o que ocasiona um gasto energético muito maior para os pais adotivos, pois ele necessita de mais
forragem. De acordo com o que foi dito, os impactos sobre o sucesso reprodutivo do hospedeiro são
enormes, mas conforme a passagem do tempo, mais especializações devem surgir para diminuir os efeitos
negativos do nidoparasitismo.

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