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Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais

CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

MÓDULO III

PARTICIPANDO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM A PARTIR DO PROCESSO SAÚDE- DOENÇA,


ATUANDO NA RECUPERAÇÃO DA SAÚDE DO INDIVÍDUO GRAVE/CRÍTICO

UNIDADE 5
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS
EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

GUIA DO DOCENTE

Belo Horizonte, 2012


CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GE-
GERAIS RAIS
Unidade Sede Rod. Pref. Américo Gianetti, s/n° - Ed. Minas
Av. Augusto de Lima, 2.061 - Barro Preto /BH/MG Bairro Serra Verde - Belo Horizonte/MG
CEP: 30190-002 home page: www.saude.mg.gov.br

Unidade Geraldo Campos Valadão MINISTÉRIO DA SAÚDE


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ção na Saúde
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telefones: (31) 3295-7990 / 3295-5409

Elaboração
Érica Menezes dos Reis
Fabiana Gonçalves Santos Costa
João André Tavares Álvares da Silva
Jomara Aparecida Trant de Miranda
Luiza Lisboa - Coordenadora Técnica do Curso
Roberta Moriya Vaz

Editor Responsável: Harrison Miranda

Revisão e Diagramação: ASCOM ESP-MG

Impressão: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais

Minas Gerais. Escola de Saúde Pública


M6663c Curso técnico em enfermagem: módulo 3: participando dos cuidados de
enfermagem a partir do processo saúde-doença, atuando na recuperação da
saúde do indivíduo grave-crítico: unidade 5: cuidados de enfermagem na
assistência a crianças em estado grave-crítico: guia do docente/ Escola de
Saúde Pública do Estado de Minas Gerais. - Belo Horizonte: ESP-MG, 2012.

86 P.

ISBN: 978-85-62047-34-3

1. Enfermagem 2. Saúde Pública 3. Atenção integral I. Escola de Saúde Pública


do Estado de Minas Gerais. II. Título
NLM WY 18

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

APRESENTAÇÃO

Diante da evolução do sistema público de saúde e das mudanças no perfil de morbimortalidade da


população, é de fundamental importância investir na formação e qualificação dos profissionais de saúde,
dentre eles, os trabalhadores da enfermagem. A força de trabalho dessa categoria profissional representa
a grande maioria dos trabalhadores da saúde, o que reflete a fundamental importância da enfermagem no
cotidiano dos serviços de saúde. Esse curso possibilitará a formação de profissionais de nível técnico na área
da enfermagem, o que ampliará as possibilidades de atuação desses trabalhadores e contribuirá de maneira
significativa para melhoria da assistência prestada por esses importantes profissionais de saúde. Apresen-
tamos a última unidade do material didático-pedagógico do Curso de Complementação da Qualificação do
Auxiliar de Enfermagem para Habilitação em Técnico de Enfermagem.
Esperamos que vocês tenham aproveitado o curso e que realmente utilizem em seus locais de traba-
lho os conhecimentos e vivências adquiridas durante as aulas, para que possam contribuir ainda mais para a
melhoria do SUS.

Um abraço!
Direção Geral da ESP-MG

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ÍNDICE

Unidade 5 – Cuidados de Enfermagem na Assistência a Crianças em Estado Grave/Crítico

Atividade 1 – Apresentação.............................................................................................................................07
Atividade 2 – A Infância...................................................................................................................................07
Atividade 3 – O Recém-nascido.......................................................................................................................08
Atividade 4 – A Escala de APGAR.......................................................................................................................15
Atividade 5 – O Aleitamento Materno.............................................................................................................16
Atividade 6 – Principais Doenças Respiratórias em Pediatria..........................................................................19
Atividade 7 – Os Agravos à Saúde da Criança - Varicela..................................................................................28
Atividade 8 – Outras Doenças Comuns na Pediatria........................................................................................30
Atividade 9 – A Prevenção de Acidentes na Infância......................................................................................31
Atividade 10 – As Patologias Cardiovasculares Congênitas.............................................................................33
Atividade 11 – Malformações na Coluna Espinhal – A Mielomeningocele.......................................................36
Atividade 12 – Malformações Cerebrais – A Hidrocefalia................................................................................39
Atividade 13 – Sepse Neonatal........................................................................................................................41
Atividade 14 – A Icterícia Neonatal..................................................................................................................43
Atividade 15 – Avaliação do Aluno...................................................................................................................51
Atividade 16 – A UTI Neonatal e Pediátrica....................................................................................................51
Atividade 17 – O Impacto da Hospitalização da Criança.................................................................................59
Atividade 18 – O Acompanhante da Criança Hospitalizada............................................................................61
Atividade 19 – Júri Simulado...........................................................................................................................62
Atividade 20 – Admissão da Criança na Terapia Intensiva...............................................................................62
Atividade 21 – Os Agravos à Saúde da Criança na Terapia Intensiva.................................................................65
Atividade 22 - O Acesso Venoso no Recém-nascido........................................................................................72
Atividade 23 – A Higiene do Recém-nascido em Terapia Intensiva...................................................................72
Atividade 24 – A Parada Cardiorrespiratória em Pediatria...............................................................................75
Atividade 25– Ventilação Mecânica e Oxigenoterapia na Pediatria................................................................82
Atividade 26 – Despedida................................................................................................................................86
Atividade 27 – Avaliação do Aluno...................................................................................................................86

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

UNIDADE 5

COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS

Competência: Prestar cuidado de enfermagem ao indivíduo grave/crítico adulto e criança no processo de


recuperação da saúde, agindo com prontidão e presteza em situações imprevistas articulando os recursos
para seu pronto atendimento.

Habilidades Áreas de Conhecimento


• Reconhecer a importância da coleta de informa-
ções no auxílio ao diagnóstico e na intervenção te- • Estrutura e funcionamento da unidade de tera-
rapêutica do atendimento ao cliente grave/crítico. pia intensiva.

• Reconhecer os princípios da comunicação terapêu- • Admissão do paciente crítico.


tica, os direitos e deveres do cliente e da família
como estratégia para o cuidado. • Principais agravos à saúde encontrados na Uni-
dade de Terapia Intensiva.
• Reconhecer equipamentos, materiais e insumos
utilizados no atendimento de clientes em estado • Ventilação mecânica.
grave/crítico.
• Monitorização invasiva.
• Conhecer as condições de segurança e risco para a
equipe e para o cliente no ambiente de atendimen- • Monitorização não invasiva.
to e aplicar as medidas preventivas em relação aos
fatores de risco. • Máquinas, equipamentos e materiais utilizados
no Centro de Terapia Intensiva.
• Conhecer e saber aplicar normas de biossegurança.

• Registrar as ações e procedimentos realizados com


o cliente, utilizando terminologia própria e princí-
pios éticos.

• Reconhecer a importância da coleta de informa-


ções no auxílio ao diagnóstico e na intervenção te-
rapêutica do atendimento ao cliente grave/crítico.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

UNIDADE 5

ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

Serão apresentadas a seguir as sugestões de atividades pedagógicas a serem realizadas em


sala de aula correspondentes a Unidade de Estudo 5 do Módulo III.

Essa Unidade de Estudo está articulada a um conjunto de atividades, de forma a propiciar o


engajamento dos alunos no processo de aquisição de novos conhecimentos que favoreçam a
reflexão sobre o contexto e o processo de trabalho.

Este guia contém descrição detalhada das atividades, incluindo dinâmicas e textos de estudo
para os alunos, além de atividades relacionadas ao conhecimento prévio e avaliações.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 1
APRESENTAÇÃO
..............................................................
Tempo estimado: 1 hora

Objetivos
• Conhecer os alunos;
• Avaliar os níveis de conhecimento que os alunos possuem dos temas estudados na última unidade.

Material
• Slides.

Desenvolvimento
• Pedir que a turma faça uma roda;
• Solicitar que um aluno comece a atividade se apresentando (nome e local de trabalho) e que diga um
tema que foi estudado na unidade anterior. O próximo aluno irá também se apresentar e relatar breve-
mente seus conhecimentos acerca do tema colocado anteriormente pelo colega;
• Seguir a atividade até que todos os alunos se pronunciem;
• Apresentar aos alunos os temas que serão abordados nesta unidade de estudo.

Fechamento
• Começar os estudos!

ATIVIDADE 2
A INFÂNCIA
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivo
• Compreender o conceito de infância, sua subdivisão em estágios e as principais características de cada
um.

Material
• Sugestão: slides.

Desenvolvimento
• Fazer uma exposição dialogada abordando os seguintes tópicos:
• Conceito de infância e sua subdivisão em estágios e as principais características de cada um.

Fechamento
• Sistematizar o tema e esclarecer as dúvidas.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 3
O RECÉM-NASCIDO
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Classificar o recém-nascido de acordo com a idade gestacional e com o peso ao nascer;
• Compreender o conceito de prematuridade;
• Identificar os parâmetros considerados normais dos sinais vitais do recém-nascido.

Materiais
• Textos:
• Caracterização e classificação do recém-nascido (RN);
• Classificação do recém-nascido - Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Solicitar que a turma reflita e exponha seus conhecimentos acerca das duas questões a seguir:
• Qual a importância de se classificar o recém-nascido? Como é feita essa classificação?
• Cite e explique os parâmetros considerados normais dos sinais vitais do recém-nascido que você
conhece;
• Faça uma exposição dialogada sobre o tema utilizando-se das informações contidas nos dois textos.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos

TEXTO PARA LEITURA


CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO
RECÉM-NASCIDO (RN)1
..............................................................

O cuidado com o recém-nascido começa na sala de parto, com a realização de vários procedimentos que vi-
sam a assegurar a sua integridade física e a prevenção de complicações nesses primeiros momentos de vida
extrauterina. Esse processo inclui a análise de duas importantes variáveis, que são a idade gestacional (IG)
e o peso, que possibilitam a avaliação e a classificação do recém-nascido. Idade gestacional (IG) é o tempo
transcorrido desde a concepção (último dia de menstruação – ciclos de 28 dias) até o momento do parto
(RUGOLO, 2000).
No nascimento, o recém-nascido pode ser classificado de acordo com a IG, em:

Recém-nascido Idade Gestacional


RN pré-termo Inferior a 37 semanas
RN maturo ou termo (RNT) 37 a 41 semanas e 6 dias

RN pós-maturo ou pós-termo Acima de 42 semanas

Curso de Especialização profissional de nível técnico em enfermagem – livro do aluno: neonatalogia de risco / coordenação técnica pedagógica Emilia Emi Kawa-
1

moto...[et al]. São Paulo: FUNDAP, 2011. 251 p.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Se considerarmos o peso ao nascer, o recém-nascido é classificado em:

Recém-nascido Peso
Baixo peso Igual ou inferior a 2.500g

Muito baixo peso ao nascimento (MBPN) Abaixo de 1.500g


Extremo baixo peso ao nascimento (LBPN) Abaixo de 1.000g
Fonte: World Health Organization (1980).

Ao associarmos o peso à idade gestacional, o recém-nascido pode ser classificado segundo o seu crescimento
intrauterino, em:

Recém-nascido Peso
Grande para a idade gestacional (GIG) Peso acima do percentil 90
Adequado para a idade gestacional (AIG) Peso entre o percentil 10 e 90

Pequeno para a idade gestacional (PIG) Peso abaixo do percentil 10

Para classificar o recém-nascido de acordo com o peso ao nascer e a idade gestacional, pode-se utilizar o
gráfico com as curvas de crescimento fetal.

PESO AO NASCER
4600
4400
4200
4000
3800
3600
3400
3200
3000
2800
2600
2400
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44

Idade gestacional

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Prematuridade

O termo prematuridade significa a interrupção da gravidez antes que o feto esteja amadurecido para vida
extrauterina. O grau de imaturidade dos diversos sistemas influenciará diretamente na evolução da criança.

Em 1969, a Organização Mundial de Saúde (OMS) introduziu o conceito de prematuridade, aplicando-o a


todo recém-nascido com menos de 37 semanas, independente do peso ao nascer. O limite inferior de prema-
turidade ainda não possui uma idade gestacional definida, varia de 20 a 28 semanas (WHO, 1980; DATASUS,
2008 apud MELO, 2009).

Classificação conforme a prematuridade

Recém-Nascido Prematuro Idade Gestacional (IG)

Pré-termo (RNPT) < 37 semanas

Levemente limítrote pré-termo (RNLPT) 36 a 36 6/7 semanas de gestação

Moderadamente pré-termo (RNMPT) 31 a 35 6/7 semanas de gestação

Extremamente pré-termo (RNEPT) < 30 6/7 semanas de gestação

Classificar o recém-nascido é importante, pois permite a antecipação de problemas relacionados ao peso e/


ou à IG; possibilita, ainda, o planejamento dos cuidados e tratamentos específicos, o que contribui para a
qualidade da assistência.

Essa classificação, chamada de avaliação de risco perinatal, visa a antecipar a possibilidade de afecções mais
frequentes, problemas clínicos, detectar anomalia congênita não aparente e o prognóstico do crescimento e
desenvolvimento (RUGOLO, 2000).

Em relação ao peso ao nascer, o recém-nascido é considerado prematuro com peso entre 1.250 e 1.500 gra-
mas; estima-se que tenha 90% de sobrevida. Para os que nascem com peso entre 750 e 1.000 gramas, a taxa
de sobrevida é de aproximadamente 60%. A possibilidade de sobrevivência do recém-nascido extremamente
prematuro, com peso ao nascer menor de 750 gramas e IG de 25 semanas, pode chegar a 20%. Contudo, o
limite de viabilidade tende a cair devido à melhoria da assistência perinatal e ao investimento em recursos
tecnológicos.

Quanto menor a IG e o peso ao nascimento, maior o risco de morte e aparecimento de complicações. O RN


com peso ao nascer < de 500 gramas e IG < de 24 semanas não teria sobrevida.

Antropometria

A antropometria tem relação direta com a qualidade do crescimento fetal e compreende a verificação do
peso, comprimento/estatura, os perímetros cefálico, torácico e abdominal (FALCÃO, 1999).

Ao nascer, a estatura média do recém-nascido varia de 48 a 50/53 cm; e o crescimento, nos três primeiros
meses, de 3 a 4 cm por mês. O peso gira em torno de 2.700 a 3.800 g. Devido à perda excessiva de líquidos
extracelulares, fezes e urina, o recém-nascido perde 10% do peso corporal até o 5º dia de vida, recuperando-
-o nas próximas duas semanas. Passa a ganhar 700g mês; aos cinco meses, o peso dobra; e aos doze meses,
triplica.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

O ideal é que a mensuração seja realizada na sua admissão, diariamente, e sempre que houver necessidade
de nova avaliação, servindo de base para o controle da curva ponderal. O recém-nascido com oferta nutricio-
nal adequada cresce de 20 g a 40 g por dia (RAMOS, 1983 apud FALCÃO, 2011).

O perímetro cefálico (PC) é a medida da circunferência da cabeça, cujo valor varia entre 32 a 36 cm. O ideal
é que seja realizada entre 6 e 12 horas de vida e após a acomodação dos ossos do crânio, que ocorre de 48
a 72 horas após o nascimento. É realizada com o recém-nascido em decúbito dorsal; passa-se a fita métrica
(inelástica) partindo da saliência do osso occipital e acima das sobrancelhas. Espera-se crescimento de 1cm
por semana, conforme a comparação com as curvas de crescimento intrauterino.

O perímetro torácico (PT) é a medida da circunferência do tórax, sendo verificado também com fita métrica
(inelástica), variando em torno de 33 cm, 2 cm menor ou igual ao PC. O recém-nascido deve estar posiciona-
do em decúbito dorsal, sem roupa. Passa-se a fita ao redor do tórax na altura dos mamilos e realizar a leitura.

A medida da circunferência do abdome é chamada de perímetro abdominal (Pab), sendo verificada com fita
métrica (inelástica); o valor normal fica em torno de 35 cm, 2 cm menor que o PT. Posicionar o recém-nascido
em decúbito dorsal, sem roupa. Medir passando-se a fita em torno do abdome e sobre o coto umbilical.

Medido na linha dos mamilos


Perímetro cefálico medido
do topo da sombrancelha
à parte mais ampla do corpo

Medido no umbigo

Perímetro abdominal
Perímetro torácico

0 25cm 50 cm 75cm

Sinais vitais

• Frequência respiratória (FR)

É caracterizada por movimento abdominal irregular ou diafragmática, sincronizado ao movimento do tórax.


Para a verificação da FR, observamos os movimentos abdominais e não os torácicos, por um minuto.

Sinais de cansaço, cianose, retração do tórax na região das vértebras e do externo ao inspirar, alargamento
nasal ou ruídos semelhantes a gemidos durante a respiração são indicativos de sofrimento. Alguns recém-
-nascidos podem ficar agitados ou chorosos ao serem manipulados pelos profissionais de saúde, e isso pode
alterar os valores da respiração e da frequência cardíaca (pulso apical).

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

A respiração normal de um recém-nascido inicia-se espontaneamente nos primeiros 30 segundos após o


parto e mantém a FR de 40/50 incursões respiratórias por minuto. O ideal é verificar a FR antes de qualquer
procedimento.

• Frequência cardíaca (FC)

É indicado o pulso apical para a avaliação da FC, posicionando-se o estetoscópio sobre o tórax, entre o ester-
no e o mamilo esquerdo do recém-nascido. É considerada normal, imediatamente após o parto, a frequência
cardíaca maior que 100 batimentos por minuto (bpm) e acima de 120 bpm após os primeiros minutos de
vida. A palpação do pulso no cordão umbilical é outro meio utilizado para verificar a FC em recém-nascido.

• Temperatura (T)

Os recém-nascidos perdem calor e temperatura ao sair do útero da mãe, podendo haver queda de 2ºC a 4ºC,
tendo maior perda entre 10 a 20 minutos de vida. Essa perda de calor é decorrente da evaporação do líquido
amniótico do seu corpo e continuará a perder mais calor nos minutos seguintes, pelo contato com superfícies
frias ou exposição a ambientes frios, caso não seja recepcionado adequadamente na sala de parto.

O centro termorregulador ainda não está maduro e seu corpo se resfria devido à temperatura do ambiente.
O recém-nascido é incapaz de manter ou elevar a temperatura corporal pelo mecanismo de calafrios ou tre-
mores. O recém-nascido de risco deve ser colocado em um ambiente térmico controlado e com monitoriza-
ção da frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura. A temperatura neutra adequada é aquela
que propicia ao recém-nascido o menor consumo de calorias e oxigênio, portanto menor taxa metabólica,
para manter a temperatura estável (BRASIL, 2002).

• Pressão arterial (PA)

A monitorização da pressão arterial é um componente do cuidado, particularmente de recém-nascido em


estado grave como em caso de choque, com cardiopatia congênita sintomática, pós-operatório imediato de
cirurgia cardíaca, dentre outros.

Para o procedimento, coloque o manquito do monitor eletrônico de pressão arterial diretamente sobre a
artéria braquial ou poplítea para garantir uma leitura acurada. Caso você utilize o método manquito – este-
toscópio, observe o tamanho da braçadeira adequada.

Denominação Circunferência Bolsa de borracha


do braço

Recém-nascido menor ou 4 cm de 8 cm de
igual a 10 largura comprimento

Fonte: YAMADA, 2011

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

É considerada hipertensão arterial em recém-nascido (BEN DEL, 2000):

Recém-nascido Pressão arterial Pressão arterial


sistólica (PAS) diastólica (PAD)

Termo > 90 mmHg > 60 mmHg

Prematuro > 80 mmHg > 50 mmHg

TEXTO PARA LEITURA 2


CLASSIFICAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO

..............................................................
Melissa de Fátima França2

O peso do lactente ao nascer também está relacionado à incidência da morbidade e mortalidade. Entretanto,
o peso do nascimento sozinho é um indicador insuficiente para avaliação da idade gestacional e da maturida-
de fetal. A maturidade implica a capacidade funcional – o grau ao qual o sistema de órgãos do RN está apto
a se adaptar às necessidades da vida extra-uterina. Logo, a idade gestacional está mais intimamente ligada à
maturidade fetal do que ao peso de nascimento (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

A classificação dos lactentes ao nascer tanto por peso ao nascer quanto por idade gestacional proporciona
um método satisfatório para prevenir os riscos de mortalidade e proporcionar uma melhor orientação para
o cuidado com o RN do que quando se estima isoladamente a idade gestacional ou o peso de nascimento
(WONG E HOCKENBERRY, 2006).
Os RN podem ser classificados:

1) Quanto ao tamanho (peso ao nascer):


-Recém-nascido de baixo peso ao nascimento (RNBP):
Um recém-nascido cujo peso ao nascimento é menor que 2.500 g apesar da idade gestacional.
-Recém-nascido de peso extremamente baixo (RNPEB):
Um recém-nascido cujo peso ao nascimento é menor que 1.000 g.
-Recém-nascido de peso muito baixo ao nascimento (RNPMB):
Um recém-nascido cujo peso ao nascimento é menor que 1.500 g.
-Recém-nascido de peso moderadamente baixo ao nascimento (RNPmB):
Um recém-nascido cujo peso ao nascimento é de 1501 a 2500 g.
- Crescimento intra-uterino retardado (CIUR):
Encontrado em recém-nascidos cujo crescimento intra-uterino é retardado (algumas vezes usado como um
termo mais descritivo para o RN PIG).
(WHALEY E WONG, 1999).
Há também a classificação do RN de tamanho excessivamente grande: - Recém Nascido com PN ≥ 4.500g.

2- Quanto a Idade Gestacional:


_ Recém-nascido pré-termo ou prematuro:
- RN com IG < 37 semanas (a prematuridade é fator de risco para síndromes asfíxicas, imaturidade pulmonar,
hemorragia peri-intraventricular, encefalopatia bilirrubinêmica, infecções, distúrbios metabólicos e nutricio-
nais, retinopatia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e outros);
-a CID-10 classifica dois subgrupos: _ imaturidade extrema: IG < 28 semanas de gestação; _ outros RN pré-
2
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

-termo: RN de 28 a 36 semanas de gestação.


_ Recém-nascido a termo:
- RN com IG entre 37 e 41 semanas.
_ Recém-nascido pós-termo:
- RN com IG ≥ 42 semanas de idade gestacional; - os eventos indesejáveis associados ao nascimento pós-ter-
mo decorrem da possibilidade da ocorrência de insuficiência placentária, principalmente síndromes asfíxicas.
(MINAS GERAIS, 2005).

3- Quanto à relação peso e idade gestacional:


Para cada época da gestação, existe uma variação de peso considerada normal, entre os percentis de peso 10
e 90, para uma dada população. A partir daí, o RN pode ser classificado como:
_ grande para a idade gestacional – GIG: acima do percentil 90:
Presumidamente pode ter se desenvolvido em um padrão acelerado durante a vida fetal.
_ apropriado para a idade gestacional – AIG: entre o percentil 10 e 90:
Cresceu em uma velocidade normal, independente do tempo de nascimento – pré-termo, a termo ou pós-
-termo.
_ pequeno para a idade gestacional – PIG: abaixo do percentil 10:
Presumidamente teve um retardo ou atraso no desenvolvimento da vida intra-uterina (MINAS GERAIS, 2005;
WONG, 2006).

OBS: 1- O RN pode ser PIG em conseqüência de constituição genética, infecções crônicas durante a gravidez,
hipertensão materna, disfunções placentárias, malformações congênitas, síndromes cromossômicas, entre
outras. O grupo de RN PIG, conforme denominação do CID-10, compreende 2 subgrupos: _ RN PIG com PN
abaixo do percentil 10, porém com estatura acima do percentil 10 para a IG; - RN PIG com peso e estatura ao
nascer abaixo do percentil 10 (MINAS GERAIS, 2005).
2- O RN pode ser GIG por constituição genética ou em conseqüência de diabetes materna. O RN de mãe dia-
bética apresenta um risco aumentado para mortalidade perinatal, prematuridade, asfixia, hipoglicemia pre-
coce e outros distúrbios metabólicos, distúrbios respiratórios, tocotraumatismos, infecções e malformações
congênitas (MINAS GERAIS, 2005).

REFERÊNCIAS

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Assistência Hospitalar ao Neonato - Protocolo. Belo Hori-
zonte, 2005. 296p.

WHALEY, L F.; WONG, D.L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 1118 p.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 4
A ESCALA DE APGAR
..............................................................
Tempo estimado: 40 minutos

Objetivos
• Compreender a importância da utilização da escala de Apgar;
• Identificar os parâmetros utilizados na avaliação do recém-nascido pela escala de Apgar.

Material
• Texto: Escala de apgar – Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Perguntar aos alunos seus conhecimentos sobre a Escala de Apgar.
• Promover a leitura do texto e fazer comentários acerca dos seus principais aspectos.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas.

TEXTO PARA LEITURA


ESCALA DE APGAR

..............................................................
Melissa de Fátima França3

O método comumente utilizado para avaliar o ajuste imediato do RN à vida extra-uterina é o Indice de Apgar.
O índice é baseado na observação da frequência cardíaca, do esforço respiratório, do tônus muscular, da
irritabilidade reflexa e da cor da pele.

Cada item possui uma pontuação de zero, 1 ou 2. A avaliação em todas estas cinco categorias é feita nos
primeiro e quinto minutos após o nascimento e repetida até que a condição do lactente se estabilize. A pon-
tuação total de zero a 3 representa sofrimento grave, uma pontuação entre 4 e 6 significa sofrimento mo-
derado e a pontuação de 7 a 10 indica ausência de dificuldade na adaptação à vida extra-uterina. Quando a
nota de cinco minutos for inferior a 7, novas avaliações devem ser realizadas a cada cinco minutos, por até 20
minutos, e adequadamente registradas no prontuário. O índice de Apgar é afetado pelo grau de imaturidade
fisiológica, infecção, malformação congênita, sedação ou analgesia materna e distúrbios neuromusculares
(WONG E HOCKENBERRY, 2006).

O índice de Apgar reflete as condições gerais do lactente no primeiro e quinto minutos baseados nos cinco
parâmetros descritos acima. Vale ressaltar que o índice de Apgar não é um instrumento que sirva para in-
terpretar eventos passados ou predizer eventos futuros que estejam relacionados ao estado neurológico e
fisiológico atual do lactente. A avaliação pelo índice de Apgar também não é empregada para determinar se
existe a necessidade ou não de se realizar ressuscitação neonatal.

Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.


3

15
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Quadro – Boletim de Apgar

Escore
Sinal
0 1 2
Frequência cardíaca Ausente < 100 bpm > 100 bpm
Respiração Ausente Lenta e irregular Regular, chorando
Tônus muscular Flácido Alguma flexão Movimentos ativos
Irritabilidade reflexa Sem resposta Careta Tosse, espirro, choro
Cor Corpo rosado
Cianótico ou pálido Completamente rosado
e acrocianose

Fonte: Assistência Hospitalar ao Neonato / SESMG / 2005.

REFERÊNCIAS

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Assistência Hospitalar ao Neonato - Protocolo. Belo Horizon-
te, 2005. 296p.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.

ATIVIDADE 5
O ALEITAMENTO MATERNO
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivo
• Compreender a importância e os benefícios da amamentação para a mãe e para a criança.

Material
• Papel A4.
• Texto: O aleitamento materno.

Desenvolvimento
• Pedir que cada aluno reflita e responda as questões a seguir, antes da leitura do texto:
• Quais são as contribuições do aleitamento materno para a saúde do bebê e da mãe?
• Quais são as recomendações da Organização Mundial de Saúde relativas à amamentação?
• Para você o que contribui para o desmame precoce?
• Solicitar que 3 alunos coloquem suas respostas para a turma.
• Dividir a turma em grupos para leitura do texto.
• Pedir que cada grupo construa um teatro-dialogado em que haja pelo menos duas pessoas: uma irá re-
presentar uma pessoa grávida e a outra um profissional que irá falar da importância da amamentação a
fim de incentivá-la e orientá-la para essa prática.
• Apresentação dos grupos em plenária.

Fechamento
• Sistematizar a atividade.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


O ALEITAMENTO MATERNO4

..............................................................

A amamentação tem se mostrado uma importante ação de promoção da saúde e prevenção de uma série
de agravos para a criança, mãe e família. É uma ferramenta das mais úteis e de mais baixo custo que se pode
utilizar para o crescimento e desenvolvimento saudáveis das crianças.

Considera-se em aleitamento materno exclusivo o bebê que se alimenta apenas de leite humano, sem qual-
quer outro complemento, inclusive chás ou sucos. Atualmente é preconizado até os seis meses de vida. Ao
se introduzir qualquer outro alimento, inicia-se o processo de desmame. O conceito de aleitamento materno
predominante, também reconhecido internacionalmente, é utilizado quando a fonte predominante da nutri-
ção da criança é o leite humano, mas recebe também sucos de frutas, chás ou outros líquidos. A criança que
suga o seio apenas uma vez ao dia é, ainda assim, considerada em aleitamento materno.

As evidências epidemiológicas demonstram os efeitos benéficos do aleitamento materno para a criança, a


mãe, a família e mesmo para a sociedade. A dimensão desses benefícios é modificada por diversos fatores,
como o socioeconômico, o ambiental e o dietético.

Os efeitos positivos do aleitamento materno proporcionam:

• Redução da mortalidade infantil, principalmente por diarréia e por infecções respiratórias. Lactentes me-
nores, exclusivamente amamentados, que residem em locais de pobreza, sem acesso à água potável, e
que recebem alimentos de má qualidade são os que mais se beneficiam;
• Redução do número de internações hospitalares. O aleitamento materno, além de proteger, também
diminui a incidência e a gravidade das doenças. Nos prematuros, em que a imaturidade imunológica é
maior, essa função é essencial, especialmente contra a enterocolite necrosante;
• Redução de manifestações alérgicas, especialmente durante a amamentação exclusiva;
• Redução da incidência de doenças crônicas, tais como aterosclerose, hipertensão arterial, diabetes, do-
ença de Crohn, colite ulcerativa, doença celíaca, doenças auto-imunes e linfoma;
• Melhora do desenvolvimento neuropsicomotor, especialmente nos prematuros, tendo uma relação dire-
ta com o tempo de amamentação;
• Proteção à nutriz contra o câncer de mama pré-menopausa e de ovário em qualquer idade. Na amamen-
tação exclusiva, ocorre o rápido retorno ao peso pré-gestacional e há um efeito contraceptivo, principal-
mente na que se mantém amenorréica;
• Promoção da vinculação afetiva entre mãe e filho;
• Proteção contra problemas de oclusão dentária, síndrome do respirador bucal e distúrbios dos órgãos
fono-articulatórios;
• Economia familiar, pois a alimentação artificial é onerosa para a maioria da população;
• Benefício para a sociedade como um todo, pois a criança, ao adoecer menos, reduz o número de falta dos
pais ao trabalho, necessita de menos atendimento médico, medicações e hospitalizações e se torna mais
saudável nos aspectos psíquico e social.

Nesses últimos anos, têm ocorrido várias ações de incentivo à amamentação exclusiva até os seis meses de
vida e com outros alimentos até dois anos de idade ou mais, se possível, tais como investimento nos profis-
sionais da saúde e a veiculação de informações ao público pelos diferentes meios de comunicação: revistas
leigas, rádio e televisão. Entretanto, os índices de aleitamento ainda estão bem aquém do desejado.

4
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Linha guia de Atenção à saúde da criança. Belo Horizonte, 2005. Disponível em <http://www.saude.mg.gov.br/
publicacoes/linha-guia/linhas-guia/Atencao%20a%20Saude%20da%20Crianca.pdf>. Acesso em 10 agosto 2012.

17
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Para a saúde pública, o incentivo ao aleitamento materno continua sendo um grande desafio, considerando
o elevado índice de desmame precoce e o grande número de mortes infantis por causas evitáveis.

A técnica adequada da amamentação

• A posição deve ser confortável para a mãe, observando que é o bebê que vai à mama e não a mama que
vai ao bebê.
• Mostrar à mãe como segurar a criança:
• Alinhar a cabeça da criança e o corpo em direção ao peito;
• O nariz da criança em frente ao bico do seio;
• O corpo da criança perto do corpo da mãe (estômago do bebê - barriga da mãe);
• A mãe deve sustentar todo o corpo da criança, não somente o pescoço e ombro.

• Mostrar à mãe como ajudar a criança na pega. Ela deve:


• Antes de dar o peito, tentar esvaziar a aréola para amolecer o bico e facilitar a saída do leite;
• Tocar os lábios da criança no bico do peito;
• Esperar que a boca da criança esteja completamente aberta;
• Mover rapidamente a criança em direção à mama, colocando seu lábio inferior bem abaixo do bico
do peito.

18
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 6
PRINCIPAIS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM
PEDIATRIA
..............................................................
Tempo estimado: 3 horas

Objetivo
• Compreender as características dos principais agravos respiratórios da infância.

Materiais
• Papel kraft , pincel atômico e fita crepe.
• Textos: Asma; Bronquite; Pneumonia - Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Dividir a turma em grupos.
• Cada grupo deverá fazer a leitura do texto referente a seu tema conforme sugestão a seguir e colocar
em papel kraft os principais aspectos:
• Asma;
• Bronquite;
• Pneumonia.
• Apresentar em plenária os trabalhos.
• Fazer uma sistematização da atividade apresentando conhecimentos e informações adicionais a respei-
to dos temas.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

TEXTO PARA LEITURA


ASMA

..............................................................
Melissa de Fátima França5

A asma é uma desordem inflamatória crônica caracterizada por obstrução, inflamação e hiper-responsivida-
de de vias aéreas. A mais recente definição de asma enfatiza o componente inflamatório da doença e sempre
inclui aspectos imuno-histopatológicos. São considerados como tendo asma grave os que apresentam sinto-
mas contínuos com risco de vida ou necessitando de internações ou cursos frequentes de corticosteróides
(CARVALHO et al, 2004). É considerada a doença crônica mais comum na infância, caracterizando-se como
uma doença de alta morbidade e interferindo de forma significativa na vida da criança e de sua família.

De acordo com Alves e Viana (2003) a anamnese do paciente asmático tem algumas especificidades que
merecem ser abordadas, tais como: - tosse: observar época de início, duração, freqüência, horário de maior
ocorrência e característica (úmida ou seca); - dispnéia: observar presença e intensidade (em repouso ou com
exercício, para falar, para alimentar-se); - chieira no peito: tentar diferenciar sibilâncias e roncos de obstrução
nasal; - outros sintomas associados: obstrução e secreção nasal, espirros, prurido nasal ou ocular, vômitos,
febre, palidez, cianose e prostração.

A asma pode estar associada a doenças como a sinusite ou contribuir para exacerbação aguda de outras
como otite média aguda e infecção de vias aéreas superiores. Os sinais e sintomas da asma variam ampla-
mente e os pacientes com quadro grave podem se apresentar com nível alterado de consciência ou cianóti-
cos indicando falência respiratória e manejo terapêutico imediato. Os achados de exame físico mais comuns
na asma fatal ou quase fatal incluem: taquicardia, taquipnéia, sibilos, hiperinsuflação do tórax, uso da mus-
5
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

culatura acessória e pulso paradoxal. Em lactentes o uso da musculatura acessória é predominante, os sibilos
são grosseiros e podem ser confundidos com os produzidos na obstrução de vias aéreas altas (CARVALHO et
al, 2004).
Quadro – Exame físico da criança asmática
Fora da crise, observar:
• Repercussão da doença: déficit de crescimento e alterações musculoesqueléticas;
• Condições associadas responsáveis pelo desencadeamento de crises: rinites, sinusites;
• Possíveis diagnósticos diferenciais: bronquiolite, cardiopatias congênitas, fibrose cística, tuberculo-
se.
Durante a crise, observar:
• Agitação intensa, sonolência ou confusão indicam hipoxemia e são sinais de gravidade da crise. Pali-
dez e/ou cianose podem estar presentes;
• Avaliar o estado de hidratação, pois a taquipnéia pode levar à desidratação e agravar o quadro;
• Frequência respiratória: pode estar aumentada para a idade, embora não seja um achado frequente
nas crises leves;
• Tempo expiratório está prolongado;
• Dsipnéia em graus variados. A dificuldade para falar, chorar, sugar, alimentar-se ou locomover-se e a
preferência pela posição sentada são indicativos da gravidade da dispnéia.
• Murmúrio vesicular diminuído;
• Síbilos expiratórios difusos bilaterais. Com o agravamento da crise, a sibilância passa a ser inspirató-
ria e expiratória, podendo chegar ao “silêncio” respiratório, condição de extrema gravidade. Podem
ser auscultadas crepitações grosseiras móveis e roncos expiratórios.
Fonte: Atenção a Saúde da Criança / SESMG / 2005

A classificação da asma utiliza os seguintes termos: intermitente (leve), persistente leve, persistente mode-
rada e persistente severa (grave). É importante salientar que qualquer paciente pode evoluir com severo
quadro de asma, falência respiratória aguda e óbito.

As medidas gerais para o tratamento da crise aguda de asma são: - hidratação: oferta de líquidos via oral ou,
se houver impedimento da via oral, usar via venosa; oxigênio: em casos de esforço respiratório moderado ou
grave ou quando a saturação de oxigênio estiver abaixo de 95%; - posicionamento: cabeceira elevada com a
criança confortável e ambiente tranqüilo (ALVES E VIANA, 2003).
O manejo de emergência baseia-se em: oxigenoterapia (oxigênio por cânula nasal ou máscara facial não
reinalante), terapia broncodilatadora, drogas anticolinérgicas (ex.: magnésio) e administração de corticoste-
róides.
- Broncodilatadores β2-agonistas: salbutamol, fenoterol ou terbutalina: A via preferencial é a inalatória, por
apresentar início de ação mais rápido e menos efeitos colaterais. A criança deve ser reavaliada antes de cada
nova dose de broncodilatador, pois a crise pode ter sido revertida;
- Corticóides: prednisona ou prednisolona: São os indicados, por via oral, para o tratamento da crise. Quan-
do há impedimento da via oral (vômitos, dispnéia intensa e/ou torpor), pode-se utilizar metilprednisolona
ou hidrocortisona. As indicações para o uso de corticóide na crise são: resposta parcial a β2-agonistas; crise
grave; relato de crises prévias com risco de vida e/ou uso freqüente de corticóide sistêmico (pelo menos 1 vez
nos últimos 3 meses ou mais de 4 vezes nos últimos 12 meses). A demora na prescrição do corticóide nessas
situações está associada a um maior risco de internação e morte (MINAS GERAIS, 2005).

A importância da educação para a saúde deve ser abordada com os familiares da criança asmática, enfatizan-
do-se o início precoce do broncodilatador na pré-crise; a necessidade de medidas preventivas de controle
de alérgenos ambientais; o esclarecimento de dúvidas e preocupações do paciente e seus familiares, princi-
palmente quanto às medicações, à técnica inalatória e ao prognóstico da doença; a promoção do bem-estar
físico, social e emocional da criança, evitando-se restrições desnecessárias e estimulando atividades físicas
e lúdicas.
A seguir serão apresentados os fluxogramas de atendimento da crise asmática leve ou moderada e da asma
severa:
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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Fluxograma – Abordagem da criança com crise asmática leve ou moderada


CRISE ASMÁTICA
LEVE OU MODERADA

2
-AGONISTA POR VIA INALATÓRIA

- Spray com espaçador - Salbutamol spray: 1ª FASE:


• 2 a 4 jatos 60 - 90 min.
• 20 - 20 minutos (máximo 4 vezes)
- Micronebulização - Salbutamol sol. 0,5%:
• 1 gota/2kg/dose (máximo 10 gotas/dose)
• 20 - 20 minutos (máximo 3 vezes)

Avaliar resposta

BOA RESPOSTA RESPOSTA PARCIAL RESPOSTA INSATISFATÓRIA

Corticóide oral:
-Aguardar 1 hora após
a estabilização - prednisona ou prednisolona, 2ª FASE:
-Prescrever salbutamol 1 a 2 mg/kg - dose única 4 - 6 horas
(spray ou oral) e
-Manter corticóide 2
agonista - Salbutamol:
inalatório, se estiver - 1/1 ou 2/2 horas
em uso - Spray: 2 a 4 jatos ou
-Marcar retorno em 24 - Micronebulização: 1 gota/
a 48 horas 2kg a 1 gota/1,5kg/ dose

Avaliar resposta

SATISFATÓRIA INSATISFATÓRIA

- Aguardar 1 hora após a estabilização.


AVALIAR INTERNAÇÃO
- Prescrever salbutamol (spray ou Oral).
- Prescrever corticóide oral por 3 - 5 dias.
- Manter 2 -agonista até a transferência.
- Manter corticóide inalatório por 3 - 5 dias.
- Manter O2 até chegar ao hospital.
- Marcar retorno em 24 a 48 horas.

ALTA AMBULATORIAL

Fonte: Linha-guia de Atenção a Saúde da Criança. SES-MG, 2005


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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Frequencia respiratória (FR) e frequencia cardíaca (FC) aumentadas, uso de musculatura acessória,
presença de pulso paradoxal, taquidispnéia, cianose e alteração do nível de consciência.

Nota: em pacientes que não aceitam a nebu-


lização, administras Terbutalina/Adrenalina
(0,01 mg/kg) subcutânea

Manter SatO² maior que 95, O² umidificado com cateter nasal ou máscara não reinalante.
Inalação com Fenoterol (Berotec 0,1mg/kg/dose a 5 mg/dose [1 gota = 3g]) a cada 20 minutos até 1 hora
(fluxo mínimo de O² 6L/min).
Associar brometo de ipratópio 3 doses de 250mg (20 gotas) na primeira hora.
Iniciar após a segunda inalação, corticóide (Metilprednisolona) na dose de 1 a 2 mg/kg/dose.

Reavaliação da FR, FC, ausculta, uso da musculatura acessória,


pulso paradoxal, dispnéia, Sat O² em intervalos de 15 minutos

RESPOSTA MÍNIMA RESPOSTA MODERADA RESPOSTA AUSENTE


Aumento da FR e FC Redução da FR e FC Aumento da FR e FC
Sibilância moderada/acentu- Sibilância leve/moderada Sibilância intensa ou tóraz
ada Musculatura acessória uso silencioso
Musculatura acessória uso moderado Musculatura acessória uso
acentuado Dispnéia: moderada acentuado (exaustão)
Dispnéia: acentuada Pulso paradoxal entre 10 e Dispnéia: intensa (cianose)
Pulso paradoxal > 10mm Hg 15mm Hg Alteração no nível de consci-
Sat O² entre 91 e 95% em ar Sat O² entre 91 e 95% em ar ência (confusão)
ambiente ambiente Bradicardia ou hipotensão
Pulso paradoxal > 15mm HG
Sat O² < 91% em ar ambiente

Após as 3 (três) inalações Após as 3 (três) inalações


intermitentes iniciar: Inalação intermitentes:
continua na dose de 0,5mg/ Paciente apresentou boa res-
kg/hora (máx 15 mg) posta após 30-60 minutos da Monitorização na UCIP
No fluxo de O² umidificado10 terapia instituída, considerar Uso de Brycanil IV, Heliox® etc.
a 15 L/min alta hospitalar Ventilação pulmonar mecânica
Considerar o uso de sulfato
de magnésico da dose de 2 g
IV de 10 a 15 min

Boa resposta: internação


hospitalar

Má resposta: Monitoramento
na UCIP

Fig. 24.1 - Algaritmo de asma severa.

Fonte: CARVALHO et al. Emergência e Terapia Intensiva Pediátrica. 2004.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

REFERÊNCIAS

ALVES. C.R.L.; VIANA, M.R.A. Saúde da Família: Cuidando de Crianças e Adolescentes. Belo Horizonte: COO-
PMED, 2003. 282 p.

CARVALHO, W.B.; SOUZA, N.; SOUZA, R.L. Emergência e Terapia Intensiva Pediátrica. 2 ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança – Linha Guia. Belo Horizonte:
SAS/DNAS, 2005. 224p. : il.

TEXTO PARA LEITURA 2


BRONQUITE

..............................................................
Melissa de Fátima França6

A bronquite (traqueobronquite) é uma inflamação das grandes vias aéreas (traquéia e brônquios) que fre-
quentemente está associada a uma IRA. Os agentes virais constituem a causa primária da doença, conquanto
o Mycoplasma pneumoniae seja um agente comum nas crianças com mais de seis anos de idade (WONG E
HOCKENBERRY, 2006). Ocorre, predominantemente, na idade de 6 meses a 3 anos. Algumas crianças, por
razões desconhecidas, parecem ser mais susceptíveis que outras, podendo contribuir para isso a presença de
certos fatores – como alergia, clima, poluição do ar e infecção crônica do aparelho respiratório, particular-
mente a sinusite (LEÃO et al, 2005).

Altos níveis de poluição global do ar causam ou agravam as doenças pulmonares em crianças. Os poluentes
do ar também agravam uma doença pulmonar preexistente e comprometem a função pulmonar de crianças
e adolescentes durante o exercício (NELSON et al, 1997).

Os achados físicos variam com a idade do paciente e o estágio da doença (NELSON et al, 1997). A tosse é a
principal manifestação. Pode ocorrer como único sintoma ou, às vezes, se manifesta três a quatro dias após
outros sintomas de resfriado comum. Inicialmente, é seca; com a evolução, torna-se produtiva. Vômitos po-
dem ocorrer associados a paroxismos de tosse. A ausculta pulmonar é normal nessa fase. A seguir, o proces-
so inflamatório da mucosa traqueobrônquica produz muco espesso e em quantidade moderada e a ausculta
pulmonar revela, então, roncos e crepitações, que podem desaparecer ou apresentar variações de locali-
zação e intensidade durante e após episódios de tosse. Em alguns casos, sobretudo em crianças menores,
a ausculta revela sibilos expiratórios e pode ser notada dificuldade respiratória. Esse quadro deve-se a um
componente broncoespástico induzido pelo próprio processo infeccioso, em indivíduos que já apresentam
hiper-reatividade brônquica (LEÃO et al, 2005).

O diagnóstico diferencial com asma brônquica, por vezes, é difícil durante o episódio agudo, podendo ser fei-
to em definitivo com o acompanhamento da criança a médio ou longo prazos. Nas crianças que apresentam
episódios repetidos de bronquite aguda, devem ser investigadas causas de pneumopatia recorrente (LEÃO
et al, 2005).

A bronquite é uma doença branda e autolimitada que exige tratamento sintomático, incluindo analgésicos,
antipiréticos e umidade. Os sedativos da tosse podem ser úteis para permitir repouso, mas podem interferir
com a eliminação das secreções. A maior parte dos pacientes se recupera sem intercorrências em cinco a
dez dias (WONG E HOCKENBERRY, 2006). Segundo Leão et al (2005), em caso de broncoespasmo indica-se
B2 agonista.
6
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.

23
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Na evolução da doença, após o quadro inicial agudo, habitualmente de pequena duração, segue-se uma
melhora progressiva em cerca de sete dias, com resolução completa em 21 dias. A persistência dos sintomas
além desse período sugere infecção bacteriana secundária ou complicações como pneumonia e atelectasia
ou, ainda, uma condição crônica ainda não diagnosticada (LEÃO et al, 2005).

REFERÊNCIAS

LEÃO, E.; CORRÊA, E.J.; VIANA, M.B.; MOTA, J.A.C. Pediatria Ambulatorial. 4 ed. Belo Horizonte: COOPMED,
2005.

NELSON, W.E.; BEHRMAN, R.E.; KLIEGMAN, R.; ARVIN, A.M. Tratado de Pediatria. 15. ed. Rio de Janeiro: Gua-
nabara Koogan, c1997. 2v.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.

TEXTO PARA LEITURA 3


PNEUMONIA

..............................................................

É a inflamação do parênquima pulmonar comprometendo brônquios, bronquíolos, alvéolos e interstício.


Pode ter etiologia infecciosa ou não, como nos casos de aspirações de alimentos, suco gástrico ou corpo
estranho, sendo vários os agentes infecciosos responsáveis pelas pneumonias nas crianças. O diagnóstico de
pneumonia deve ser feito, preferencialmente, através da história clínica, exame físico completo e radiografia
de tórax.

Segundo Wong e Hockenberry (2006), a pneumonia é comum na infância, mas ocorre com mais freqüência
entre os lactentes e no início da infância. Pode ocorrer como uma doença primária ou como uma complica-
ção de outra enfermidade.

Pneumonia Viral

As pneumonias virais ocorrem com mais freqüência do que as bacterianas, sendo observadas em crianças
de todas as idades e estando frequentemente associadas às IRAS. O prognóstico das pneumonias virais ge-
ralmente é bom, embora as infecções virais do trato respiratório tornem a criança afetada mais susceptível
à invasão bacteriana secundária. O tratamento é sintomático adotando-se medidas como: administração de
oxigênio com nebulização fria, fisioterapia respiratória e drenagem postural, antipiréticos para controle da
febre e ingestão de líquidos (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

Pneumonia Bacteriana

A pneumonia bacteriana em crianças ocorre geralmente após quadro de infecção viral ou quando há doença
crônica subjacente. As crianças com pneumonia bacteriana têm um aspecto prostrado, apresentado sinto-
mas de febre, mal estar, respiração rápida e superficial, tosse, dor torácica e distensão abdominal.

As crianças maiores com pneumonia pneumocócica podem ser tratadas em casa se a condição for diagnosti-
cada e o tratamento instituído de forma precoce. O uso de antibióticos, repouso, ingesta líquida aumentada
e administração de antitérmicos para febre são as principais medidas terapêuticas. Indica-se a hospitalização
quando ocorre derrame pleural ou empiema. Já no caso de lactentes ou crianças pequenas, a pneumonia é
melhor tratada no hospital, uma vez que o curso da doença é variável e as complicações tornam-se muito
mais comuns. O uso da terapia intravenosa é utilizado com freqüência e, se a criança apresentar angústia

24
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

respiratória, faz-se necessário o uso de oxigênio.

Quanto às manifestações clínicas de pneumonia, algumas considerações são importantes, tais como: - a FR
deve ser avaliada no momento em que a criança estiver afebril, tranqüila, contada durante um minuto; - pre-
sença de tiragens intercostais, cianose e/ou toxemia são sinais de gravidade (por toxemia compreende-se
um conjunto de sinais e sintomas que expressam a vitalidade geral da criança, o grau de abatimento, fácies
de ansiedade ou sofrimento, alteração da cor da pele, diminuição da atividade, apatia e gemência); - pode
haver hipoxemia sem cianose, sendo a palidez cutânea um sinal mais precoce de hipoxemia do que a cianose,
devendo ser sempre valorizada (ALVES E VIANA, 2003).

OBS: A taquipnéia é o sinal isolado mais sensível para o diagnóstico de pneumonia em crianças menores de
cinco anos.

Quadro - Taquipnéia na infância

< 2 meses FR > 60irpm


3 a 12 meses FR > 50irpm
13 meses a 5 anos FR > 40irpm
> 6 anos FR > 30irpm
FR: frequência respiratória

Fonte: Linha-guia de Atenção a Saúde da Criança / SESMG / 2005

Quadro – Diagnóstico diferencial entre pneumonia viral e bacteriana


PNEUMONIA VIRAL PNEUMONIA BACTERIANA
• Idade mais frequente até 6-7 meses • Idade qualquer
• Febre mais baixa, <38,5º C • Febre mais alta, <38,5º C
• Tosse importante, paroxística • Tosse menos importante
CLÍNICA • Ausculta: presença de sibilos, crepita- • Ausculta normal em 30%, crepitações
ções difusas localizadas, broncofonia
• História de contato com IVAS
• Infiltrados intersticiais difusos, mal • Consolidações homogêneas lobares ou
RADIOGRAFIA definidos padrão broncopneumônico
• Presença de atelectasia e/ou hiperinsu- • Presença de pneumatoceles ou com-
flação prometimento pleural
Fonte: Linha-guia de Atenção a Saúde da Criança. SES-MG, 2005.

OBS: A radiografia do tórax deve ser solicitada sempre que possível porque permite um diagnóstico mais
acurado de pneumonia, fornece dados quanto à extensão do processo pneumônico e quanto à presença de
complicações (pneumatoceles, derrame, abscesso) e orienta o diagnóstico diferencial. Portanto, a radiografia
de tórax pode contribuir na decisão de internar ou não o paciente e na escolha do antimicrobiano (MINAS
GERAIS, 2005).

Pneumonia Atípica Primária

É a causa mais comum de pneumonia nas crianças de 5 a 12 anos (Agente: Mycoplasma pneumoniae). Ocor-
re com mais freqüência em locais de grande aglomeração, nos meses de outono e inverno. A recuperação se
dá de 7 a 10 dias com o tratamento sintomático

A Síndrome Respiratória Aguda Grave caracteriza-se como uma forma grave da pneumonia atípica. Tem como
sinais e sintomas febre acima de 37,7º C, cefaléia, tosse, respiração curta, dificuldade de respirar e, após dois
a sete dias, uma tosse seca, não produtiva e dispnéia. Os sintomas podem se agravar de tal forma que seja
25
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

necessário intubação e ventilação mecânica.

Como medidas de prevenção pode-se citar: lavagem rigorosa das mãos, precauções de contato e precauções
relativas à transmissão aérea (uso de máscara cirúrgica pelos profissionais de saúde).

Pneumonia de Aspiração

A pneumonia de aspiração ocorre quando o alimento, secreções, materiais inertes, compostos voláteis ou
líquidos adentram os pulmões provocando inflamação e pneumonite química. A aspiração de fluidos ou de
alimentos é um risco particular para a criança que apresenta dificuldade de deglutição ou que é incapaz de
engolir devido à paralisia, fraqueza, debilidade, anomalias congênitas, ausência do reflexo da tosse, ou ain-
da na criança que é forçada a comer, especialmente quando estiver chorando ou respirando rapidamente
(WONG E HOCKENBERRY, 2006).

Pneumonias Nosocomiais

Segundo Carvalho et al (2004), as pneumonias nosocomiais são aquelas adquiridas após 48 a 72 horas de
internação, quando as vias respiratórias já podem estar colonizadas por germes procedentes da faringe, flora
intestinal e flora hospitalar, tanto gram-negativos, gram-positivos, quanto fungos.

Cuidados de Enfermagem

De acordo com Wong e Hockenberry (2006), os cuidados de enfermagem da criança com pneumonia são,
primariamente, de suporte e sintomáticos, necessários para a avaliação respiratória e para a administração
de oxigênio e antibióticos. Durante a fase aguda, a fim de evitar a desidratação, os líquidos são administrados
via IV. No caso de líquidos via oral deve-se ter cautela para evitar a aspiração. Deve-se monitorar regularmen-
te a temperatura a fim de se detectar elevações que possam desencadear uma convulsão febril. Os sinais
vitais e sons respiratórios são monitorados para avaliar o progresso da doença e detectar sinais precoces de
complicações.

26
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Quadro – Abordagem da criança com suspeita de pneumonia

Tosse e/ou dificuldade de respirar

Avaliar frequência respiratória

História de
Normal Aumentada
broncoespasmo?
Sibilância?
Tempo expiratório
Pneumonia é Provável prolongado?
pouco provável pneumonia

Reavaliação após SIM


Avaliar outros sinais
24-48 hs
e/ou
radiografia tórax

É Não é Avaliar
PNEUMONIA pneumonia asma

Existe indicação
de internação?
SIM NÃO

Encaminhar à unidade
de internação; Qual é a apresentação
observar condições clinico-radiológica?
de transporte.

Atípica Típica

Avaliar

Micoplasma Vírus Bacteriana


Clamidea

Hidratar; avaliar Antibioticoterapia de


Macrolídeo
oxigenoterapia acordo com a faixa etária

Reavaliação após 24-48 horas

Fonte: Linha-guia de Atenção a Saúde da Criança. SES-MG, 2005.


27
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Quadro – Indicações de internação

-‌ Idade inferiror a 6 meses ( principalmente < 2 meses);


- Presença ao exame clínico de:
• Sinais de dificuldade respiratória importantes: tiragens intercostais, batimentos de aletas nasais e
balanço toraco-abdominal;
• Cianose, hipoxemia;
• Irregular respiratória, apnéia;
• Dificuldade para se alimentar, vômitos, desidratação;
• Alterações do sensório (confusão mental, irritabilidade);
• Instabilidade hemodinâmica (pulsos finos, perfusão capilar lenta, hipotensão), taquicardia impor-
tante (FC>130bpm);
• Sinais radiológicos de maior gravidade: pneumonia extensa, pneumatoceles, pneumotórax, derra-
me pleural abscesso;
- Condições associadas: cardiopatia, mucoviscidose, displasia broncopulmonar, imunodeficiência, des-
nutrição grave;
- Situação social seriamente comprometida;
- Falha do tratamento ambulatorial.

Fonte: Linha-guia de Atenção a Saúde da Criança. SES-MG, 2005.

REFERÊNCIAS

ALVES. C.R.L.; VIANA, M.R.A. Saúde da Família: Cuidando de Crianças e Adolescentes. Belo Horizonte: COO-
PMED, 2003. 282 p.

CARVALHO, W.B.; SOUZA, N.; SOUZA, R.L. Emergência e Terapia Intensiva Pediátrica. 2 ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança – Linha Guia. Belo Horizonte:
SAS/DNAS, 2005. 224p. : il.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.

ATIVIDADE 7
OS AGRAVOS À SAÚDE DA CRIANÇA - VARICELA
..............................................................
Tempo estimado: 1 hora

Objetivo
• Identificar as principais características da varicela, entendendo a internação em terapia intensiva em ca-
sos de complicação da doença.

Material
• Texto: Catapora (Varicela) - Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Verificar os conhecimentos e experiências prévias dos alunos acerca das complicações que a varicela
pode causar à saúde da criança.

28
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

• Solicitar que os alunos façam a leitura do texto, procurando compreender a evolução da doença, seu
tratamento e as complicações que podem ocorrer.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

TEXTO PARA LEITURA


CATAPORA (VARICELA)

..............................................................
Melissa de Fátima França7

De acordo com Carvalho e Martins (1999) a varicela é uma doença de alta contagiosidade, sendo causada por
infecção de um herpesvírus, o denominado vírus da varicela-zoster. A maioria dos casos ocorre em crianças
com menos de 10 anos de idade, no final do inverno e início da primavera. O contágio ocorre a partir de 2
dias antes do aparecimento do exantema, por via respiratória, sendo que a doença se torna cada vez menos
contagiosa após o seu início. Pode haver também a transmissão vertical. O período de incubação é usual-
mente de 14 a 16 dias, mas casos podem ocorrer precocemente, a partir do 10º dia ou, tardiamente, até o
21º dia. Em crianças imunocomprometidas, esse tempo pode ser mais curto, contrapondo-se a períodos de
até 28 dias em indivíduos que tenham recebido gamaglobulina específica.

Segundo Alves e Viana (2003) o período prodrômico caracteriza-se pelos seguintes sintomas: febre, mal estar
ou anorexia que podem ou não preceder o exantema em 24 horas. Já o período exantemático caracteriza-
-se pelo aparecimento de exantema que costuma ser o primeiro sinal da doença na criança. . Começa como
grupos de pápulas vermelhas pequenas que se transformam rapidamente em vesículas claras, ovais ou em
“gota-de-orvalho”, sobre base eritematosa. O conteúdo das vesículas turva-se em 24 horas e as mesmas se
rompem dando lugar a crostas. Grupos de vesículas amplamente espalhadas continuam a aparecer por 3 a 5
dias, em surtos; a partir do tronco espalham-se para a face e couro cabeludo. As faces distais dos membros
são pouco envolvidas. No auge da doença, a erupção apresenta lesões em vários estágios (pápulas, vesículas
iniciais e tardias e crostas) responsáveis pelo aspecto polimórficocaracterístico do exantema da varicela. O
envolvimento da mucosa oral e genital é freqüente. As crostas permanecem por 5 a 7 dias e depois caem
deixando uma mácula branca que não é permanente. O exantema é pruriginoso.

Normalmente manifesta-se como uma doença benigna ao acometer crianças eutróficas e sadias. Complica-
ções podem surgir, tanto pulmonares como meningoencefálicas, apesar de infreqüentes. A contaminação
secundária das lesões de pele pode levar a quadros intensos de impetigo, com acometimento bacteriano e
feridas profundas, algumas vezes de difícil manejo.A contaminação com estreptococos ß-hemolíticos pode
levar a severas complicações. A varicela, em pelo menos duas situações, assume grande importância: quan-
do acomete crianças internadas, pois, nesses casos, dissemina-se com grande rapidez pelas enfermarias e,
nos imunodeprimidos, nos quais o vírus varicela-zoster determina doença geralmente grave e, às vezes, fatal
(CARVALHO E MARTINS, 1999). A Síndrome de Reye (degeneração aguda do fígado acompanhada de encefa-
lite grave) é descrita em crianças com varicela que usaram ácido acetilsalicílico que, por isso, deve ser abolido
da prescrição desses pacientes (ALVES E VIANA, 2003).

A varicela também pode apresentar-se como varicela hemorrágica (paciente imunodeprimido) , varicela
congênita e varicela associada ao impetigo bolhoso causado pelo estafilococo.

O tratamento da varicela geralmente é sintomático. É importante manter a pele limpa e aparar as unhas para
evitar infecção secundária pelo traumatismo da pele. Segundo Leão et al (2005) o prurido pode ser aliviado

Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.


7

29
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

com pasta d’ água duas a três vezes ao dia. O uso de anti histamínicos pode, ocasionalmente, ser necessário.

São medidas de profilaxia específicas para a varicela: 1) Pacientes hospitalizados que estejam sob suspeita ou
que tenham confirmada infecção devem permanecer em isolamento respiratório (precauções respiratórias
com aerossóis) e de contato; 2) Pacientes em contato com caso de varicela devem receber alta hospitalar
o mais precocemente possível, e, se permanecerem internados, é recomendada a internação de contatos
em um mesmo quarto e isolamento respiratório do 7º ao 21º dia do contato; pacientes que receberam
gamaglobulina hiperimune específica (VZIG) devem permanecer em isolamento por 28 dias; pacientes imu-
nocomprometidos podem necessitar de maior tempo de isolamento; 3) testes sorológicos: indivíduos com
antecedente de doença ou história de vacinação são considerados imunes; os testes sorológicos são úteis
na determinação de imunidade quando relato da doença ou vacinação são duvidosos; 4) afastamento e/ou
remanejamento dos profissionais de saúde suscetíveis; 5) VZIG: indicações: imunocomprometidos; RN cujas
mães apresentem sinais e sintomas de varicela cinco dias antes até dois dias após o parto; - prematuros
menores de 28 semanas ou com peso de nascimento menor que 1000 gramas, independente da história ma-
terna; deve ser aplicado o mais precocemente possível até 96 horas após o contato; 6) vacinação com vírus
atenuado: a vacinação dos profissionais de saúde é uma intervenção importante na prevenção da varicela
hospitalar; pode prevenir infecção se administrado até 72 horas após o contato; 7) Aciclovir: pode diminuir
os sinais e sintomas da doença e mesmo evitar seu aparecimento se administrado sete a nove dias após o
contato (CARVALHO et al, 2004).

No caso dos prematuros a dose indicada de VZIG é de 125 U para cada 10 kg e deve ser aplicada dentro de
48 horas até no máximo 96 horas após a exposição. Como prevenção a vacina antivaricela (vírus vivo e ate-
nuado) é aplicada nas crianças a partir de 12 meses de idade (ALVES E VIANA, 2003).

REFERÊNCIAS

ALVES. C.R.L.; VIANA, M.R.A. Saúde da Família: Cuidando de Crianças e Adolescentes. Belo Horizonte: COOPMED,
2003. 282 p.

CARVALHO, E.S.; MARTINS, R.M. Varicela: aspectos clínicos e prevenção. Jornal de Pediatria - Vol. 75, Supl. 1,
1999.

CARVALHO, W.B.; SOUZA, N.; SOUZA, R.L. Emergência e Terapia Intensiva Pediátrica. 2 ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004.

LEÃO, E.; CORRÊA, E.J.; VIANA, M.B.; MOTA, J.A.C. Pediatria Ambulatorial. 4 ed. Belo Horizonte: COOPMED, 2005.

ATIVIDADE 8
OUTRAS DOENÇAS COMUNS NA PEDIATRIA
..............................................................
Tempo estimado: 3 horas

Objetivos
• Compreender o conceito e identificar as principais características da anemia ferropriva, desnutrição e
diarreia que acometem frequentemente a criança;
• Discutir as medidas de prevenção.

Material
• Sugestão: slides e estudo de caso elaborado pelo docente de modo que permita os alunos relacionarem
os temas com as medidas de prevenção.

Desenvolvimento
• Fazer uma exposição dialogada conceituando e identificando as características dos seguintes temas:
30
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

• Anemia ferropriva;
• Desnutrição;
• Diarreia.
• Dividir a turma em 3 grupos para que cada um possa refletir sobre um estudo de caso (elaborado pelo
docente) e apresentar a partir dele as medidas de prevenção do tema;
• Discutir com a turma os estudos de caso avaliando as análises feitas pelos grupos.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

ATIVIDADE 9
A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA
..............................................................
Tempo estimado: 40 minutos

Objetivo
• Identificar os principais acidentes que ocorrem na infância, discutindo as medidas de prevenção.

Material
• Texto: A prevenção de acidentes.

Desenvolvimento
• Solicitar que os alunos reflitam e respondam
• Quais são os principais tipos de acidentes que ocorrem na infância?
• Dos que você citou, escolha dois tipos de acidentes e explicite suas formas de prevenção e o atendi-
mento adequado que deve ser prestado.
• Apresentar as respostas para toda a turma;
• Ler e discutir as informações do texto.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos e dar continuidade aos estudos!

TEXTO PARA LEITURA


A PREVENÇÃO DE ACIDENTES8
..............................................................

A equipe de saúde tem como responsabilidade alertar constantemente os pais para os riscos de acidentes e
ajudá-los a encontrar alternativas para melhorar as condições de segurança no espaço do domicílio.

Há uma relação direta entre o tipo de acidente e o estágio de desenvolvimento da criança e do adolescente
(quadro).

Os pais devem conhecer as crescentes habilidades que a criança vai adquirindo, de modo a poder se ante-
cipar e se organizar para a prevenção dos acidentes e, ao mesmo tempo, possibilitar que o seu processo de
desenvolvimento aconteça com segurança.

Minas Gerais. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina Viana et al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004. 224p.
8

31
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Quadro – Acidentes mais comuns na infância por faixa etária


Estágio de
IDADE Acidentes Prevenção
desenvolvimento
Dependência completa • Queimaduras (banho) • Verificar a temperatura da água do banho.
do adulto • Sufocações • Evitar exposição excessiva ao sol.
0a3 • Intoxicações medicamentosas • Nunca deixar a criança sozinha na banheira
meses • Aspiração alimentar (uso ina- ou em locais altos.
dequado de mamadeiras) • Ler atentamente os rótulos dos medica-
• Quedas mentos antes de oefrecê-los á criança.
• Não oferecer medicamentos no escuro.

Dependência completa • Queda (cama) • O ambiente doméstico deve ser organi-


do adulto. • Queimaduras zado em função da criança.
Rápido desenvolvimen- • Ingestão e aspiração de pe- • O berço deve ter grades altas e com pe-
to motor. quenos objetos quenos intervalos.
Mínima capacidade de • Enforcamento no berço • Nunca deixar a criança sozinha na ba-
discernimento. • Intoxicações nheira, sobre a cama, sofá, assento do
4a5 carro etc.
Curiosidade muito
meses • Os brinquedos devem ser grandes e de
aguçada.
borracha e não devem soltar partes pe-
quenas e nem tinta.
• Não deixar objetos pequenos, pontiagu-
dos, cortantes, e fios de eletrodomésti-
cos ao alcance da criança.

Dependência completa • Queda (cama, cadeiras) • Guardar remédios e material de limpeza


do adulto. • Queimaduras em local seguro.
Autonomia progressi- • Intoxicações • Usar o banco traseiro dos carros e assen-
vamente maior. • Ingestão e aspiração de pe- tos adequados para transportar a crian-
7 a 12 Capacidade de discer- quenos objetos ça.
meses nimento em progres- • Acidentes de Trânsito • Proteger as tomadas elétricas.
• Não deixar os objetos pequenos, pontia-
são.
gudos, cortantes e fios de eletrodomésti-
Curiosidade muito cos ao alcance da criança.
aguçada. • Não permitir a presença da criança na
cozinha.

Autonomia progressi- • Queda (escadas, janelas) • Manter sempre distância que permita
vamente maior. • Queimaduras (tomadas, controlar os movimentos da criança
Capacidade de discer- aparelhos eletrodomésti- • Proteger as janelas e escadas com grades
nimento em progres- cos, panelas quentes) ou telas
são. • Intoxicações por produtos • Não deixar a criança sozinha perto de
Curiosidade muito piscinas, tanques e banheiras
1a2 químicos domiciliares, me-
• Desenvolver na criança a noção de peri-
anos aguçada. dicamentosos e plantas go
• Afogamentos • Substituir as plantas venenosas
• Ferimentos por objetos pon- • Eliminar possíveis criadouros de animais
tiagudos e cortantes peçonhentos no peridomicílio
• Acidentes por animais peço-
nhentos

Desenvolvimento mo- • Intoxicações (plantas, pro- • Os locais de brincar devem ficar distantes
tor cada vez mais com- dutos de limpeza e medica- do trânsito.
plexo. mentos) • Ensinar as regras de trânsito e para andar
Autonomia bem de- • Quedas (árvores, cercas, bi- de bicicleta.
• Ensinar a nadar.
senvolvida. bicletas)
2a5 Capacidade de discer- • Queimaduras (ambiente da
anos nimento melhor de- cozinha, fósforos, álcool)
senvolvida • Acidentes de trânsito
Aumenta o raio de ex- • Afogamento
ploração para além do • Acidentes por animais peço-
domicílio nhentos.

32
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 10
AS PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES
CONGÊNITAS
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Compreender os principais tipos de cardiopatias congênitas, relacionando essas condições clínicas com a
necessidade de atendimento de maior complexidade;
• Identificar os cuidados de enfermagem em cada cardiopatia apresentada no texto.

Material
• Sugestão: figuras de cardiopatias congênitas.
• Texto: Cardiopatias Congênitas – Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Fazer a leitura do texto;
• O docente deverá trazer para a sala de aula figuras ilustrativas das cardiopatias congênitas apresentadas
no texto;
• Solicitar aos alunos que relacionem as cardiopatias com as figuras trazidas pelo professor, com o objetivo
de identificar a alteração ocasionada no coração;
• Ressaltar os cuidados de enfermagem em cada cardiopatia apresentada no texto.

Fechamento
• Sistematizar a atividade e esclarecer as dúvidas.

TEXTO PARA LEITURA


CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
..............................................................
Melissa de Fátima França9

As cardiopatias congênitas podem ser divididas em dois grupos: acianogênicas e cianogênicas.

Cardiopatias congênitas acianogênicas


Comunicação Interventricular (CIV)

É a causa mais comum de insuficiência cardíaca congestiva depois do período neonatal inicial. As CIV mode-
radas a grandes tornam-se hemodinamicamente significativas à medida que a resistência vascular pulmonar
diminui e o fluxo sanguíneo pulmonar aumenta em decorrência de shunt esquerda-direita através do defeito.
Após geralmente de 2 a 4 semanas os RN a termo com CIV e sintomas de insuficiência cardíaca congestiva
devem ser investigados para anormalidades anatômicas coexistentes, como obstrução do trato de saída do
ventrículo esquerdo, coarctação da aorta ou Persistência do Canal Arterial (PCA). Os prematuros que apre-
sentam uma resistência vascular pulmonar inicial menor podem desenvolver sintomas clínicos de insuficiên-
cia cardíaca mais precocemente ou precisar de ventilação mecânica por mais tempo em comparação com os
RN a termo (CLOHERTY et al, 2005).

As CIV podem ocorrer em qualquer ponto do septo interventricular e, em geral, são classificados segundo
sua localização: - perimembranosas (são o tipo mais comum- 80%); musculares (únicas ou múltiplas); - atrio-
ventriculares ou de via de entrada (associam-se ao defeito do septo atrioventricular). Em geral, o diagnóstico
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.
9

33
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

de CIV é inicialmente suspeitado no exame físico do neonato; o ecocardiograma confirma o diagnóstico e


localiza o defeito no septo interventricular. Como um grande número das CIV (até 50 %) fecha espontanea-
mente nos primeiros meses de vida, a cirurgia geralmente é adiada para depois do período neonatal. Em sé-
ries grandes, apenas 15 % de todos os pacientes com CIV tornam-se clinicamente sintomáticos. O tratamento
clínico da insuficiência cardíaca congestiva inclui digoxina, diurético e suplementação calórica. Atraso do
crescimento é a manifestação mais comum de insuficiência cardíaca congestiva não totalmente compensada
pelo tratamento clínico. Quando ocorre, é uma indicação para reparo cirúrgico do defeito: a ventriculossep-
toplastia.

Comunicação Interatrial (CIA)



Segundo Carvalho et al (2004), a CIA pode ser classificada em: - CIA tipo ostium secundum: há descontinui-
dade do septo interatrial na porção média do septo, correspondendo a 65% dos casos; - CIA tipo seio venoso:
ocorre na junção da veia cava superior ou inferior com o átrio direito, podendo estar associada à conexão
anômala parcial de veias pulmonares; - CIA tipo ostium primum: associa-se aos defeitos do septo atrioven-
tricular.

As crianças portadoras da cardiopatia mantêm-se em geral assintomáticas na primeira infância. Em casos de
grandes comunicações pode haver quadro de insuficiência cardíaca. O diagnóstico da CIA é realizado através
de ausculta cardíaca (sopro sistólico), radiografia de tórax, ECG e ecocardiografia.

Nos casos em que o paciente é assintomático, pode-se realizar o tratamento cirúrgico na idade média de 3 a
5 anos. Já nos casos de pacientes com repercussão importante, indica-se a cirurgia logo após o diagnóstico,
que consiste em fechamento por sutura direta (atriosseptorrafia) ou com patch (atriosseptoplastia).

Persistência do Canal Arterial (PCA)

É a persistência anormal de um canal arterial, presente durante a vida fetal, que conecta a artéria pulmonar
e a aorta descendente. Durante a vida fetal, a circulação pulmonar apresenta resistência muito elevada, uma
vez que as arteríolas pulmonares apresentam parede espessa, luz estreita e vasoconstrição intensa. De 50%
a 60% do débito cardíaco provêm do ventrículo direito e passam através do ducto arterioso em direção a cir-
culação sistêmica, ocorrendo um aumento progressivo do calibre ductal com o avançar da idade gestacional
até cerca de 10 mm nos RNT, diâmetro equivalente ao da aorta descendente. Dessa forma, o ducto arterioso
permite que o sangue seja desviado da circulação pulmonar, de alta resistência, para a aorta descendente,
isto é, para a circulação placentária, de baixa resistência. Nesta fase, a abertura do canal é mantida pela
ação das prostaglandinas (principalmente prostaglandina E2, produzidas no próprio canal, placenta e vasos
umbilicais) e pela baixa pressão parcial de oxigênio à qual o ducto está exposto (em torno de 19 a 25 mmHg)
(MINAS GERAIS, 2005).

Após o nascimento, o estímulo para o fechamento do canal arterial está relacionado, principalmente, à ex-
posição do mesmo às altas concentrações de oxigênio da vida pós-natal, bem como à redução das con-
centrações sistêmicas de prostaglandinas circulantes, por aumento do catabolismo pulmonar e retirada da
produção adicional placentária (MINAS GERAIS, 2005)

O quadro típico da persistência do canal arterial (PCA) começa com um sopro sistólico de ejeção áspero
auscultado em todo o precórdio, embora seja mais audível na borda esternal superior esquerda e nas áreas
infraclaviculares esquerdas. À medida que a resistência vascular pulmonar diminui, a intensidade do sopro
aumenta e, posteriormente, o sopro torna-se contínuo. Os pulsos periféricos aumentam em amplitude (“pul-
sos céleres”), a pressão diferencial alarga-se até mais de 25 mmHg, o impulso precordial fica hemodinâmico
e a função respiratória do paciente deteriora-se (manifestando-se como taquipnéia ou apnéia, retenção de
dióxido de carbono e uma necessidade crescente de ventilação mecânica). As radiografias de tórax seriadas
mostram aumento do tamanho cardíaco e os pulmões podem parecer mais radiopacos (CLOHERTY et al,
2005).

34
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

As principais complicações da persistência do canal arterial patente relacionam-se ao quadro hemodinâmico


e pulmonar, com quadro de insuficiência cardíaca e piora do quadro respiratório, exigindo prolongamento
da ventilação artificial e parâmetros ventilatórios mais elevados, o que aumenta o risco da displasia bron-
copulmonar, infecções e seqüelas pós-extubação. As alterações hemodinâmicas ainda aumentam o risco de
hemorragia intracraniana, enterocolite necrosante, disfunção renal e isquemia miocárdica. Complicações
locais como endarterite bacteriana e formação de aneurismas locais ocorrem com menor freqüência (MINAS
GERAIS, 2005).

Como forma de tratamento deve-se manter um ambiente térmico neutro com oferta calórica satisfatória e
oxigenação adequada; monitorização cardiorrespiratória contínua devido ao risco de apnéia e bradicardia;
redução da infusão hídrica em cerca de 20 a 30 ml/kg da taxa hídrica de manutenção, com monitorização
seriada clínica e bioquímica do estado de hidratação e equilíbrio eletrolítico (essa restrição deve ser mantida
por, no máximo, 48 a 72 horas). Em pacientes com canal arterial sintomático devem ser usados os seguintes
diuréticos: hidroclorotiazida, espironolactona e furosemida.

No caso de RNs prematuros portadores de insuficiência cardíaca indica-se a indometacina: - RNPT com IG <
28 semanas e/ou PN < 1.000 g: iniciar o uso tão logo diagnosticada a presença de canal arterial patente, uma
vez que 80% destes pacientes desenvolverão problemas hemodinâmicos importantes. O tratamento precoce
diminui a necessidade de intervenção cirúrgica e a morbidade neonatal; - RNPT com IG > 28 semanas e PN
> 1.000 g: indicada apenas se o canal arterial se torna hemodinamicamente significante (apenas 30% desses
RN com PCA assintomático desenvolverão sinais de shunt com significância hemodinâmica).

Nas situações em que há falha no tratamento com indometacina ou contra-indicação para o uso da mesma,
recomenda-se secção e sutura ou ligadura por toracotomia esquerda. Via cateterismo indica-se o fechamen-
to do canal arterial com o uso de molas espirais “coils”, sendo necessária uma avaliação prévia com relação
ao tamanho e forma desse canal. No caso de RN a termo e lactentes, é indicada a correção cirúrgica se hou-
ver sintomas correlacionados ao canal arterial (insuficiência cardíaca) após o 3º mês de vida (CARVALHO et
al, 2004).

Cardiopatias congênitas cianogênicas:
Tetralogia de Fallot

A Tetralogia de Fallot é um dos defeitos mais comuns no “grupo de defeitos com fluxo sanguíneo pulmonar
diminuído”. Ocorre uma obstrução do fluxo sanguíneo pulmonar e um defeito anatômico (defeito septal
atrial entre os lados direito e esquerdo do coração) (WONG E HOCKENBERRY, 2006). Consiste então, na
obstrução do trato de saída ventricular direito, comunicação interventricular (CIV), “cavalgamento” da aor-
ta sobre o septo interventricular e hipertrofia do ventrículo direito. Existe um amplo espectro de variação
anatômica englobando esses achados, dependendo principalmente do sítio e da gravidade da obstrução do
trato de saída ventricular direito. O RN intensamente cianótico com Tetralogia de Fallot apresenta, mais pro-
vavelmente, obstrução grave do trato de saída do ventrículo direito e um grande shunt direita-esquerda no
nível ventricular por meio da grande CIV. O fluxo sanguíneo pulmonar pode ser dependente do canal arterial
(CLOHERTY et al , 2005).

Segundo Carvalho et al (2004), essa é a cardiopatia congênita cianogênica mais frequentemente diagnosti-
cada em crianças maiores (após o período neonatal). Predomina a cianose que em geral aparece entre a 6ª
semana de vida e os seis meses, dependendo do grau de estenose em via de saída de VD, podendo manifes-
tar-se quadros de crises hipoxêmicas. Em geral as crianças portadoras da cardiopatia são PIG (Pequeno para
a Idade Gestacional) e há uma alta incidência de anomalias associadas (síndrome de Vacterl).

Alguns lactentes podem estar agudamente cianóticos já ao nascimento; outros podem apresentar cianose
discreta, a qual progride durante o primeiro ano de vida, à medida que a estenose pulmonar se agrava. Existe
um sopro característico. Podem existir episódios agudos de cianose e hipóxia, chamados de crises azuis ou
crises tet. Os surtos anóxicos acontecem quando os requisitos de oxigênio do lactente excedem o suprimento

35
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

sanguíneo, geralmente durante o choro ou depois da alimentação (WONG E HOCKENBERRY, 2006). O diag-
nóstico é realizado através de radiografia do tórax, ecocardiograma e cateterismo.

Indica-se tratamento cirúrgico nos pacientes com crises hipoxêmicas ou com cianose acentuada o mais pre-
cocemente possível. A correção pode ser realizada em dois tempos (paliativa inicialmente – crianças meno-
res que seis meses – e posteriormente correção total), ou em um único tempo (correção total). Na correção
paliativa ocorre a criação de uma fístula sistêmico-pulmonar, realizando-se em geral a cirurgia de Blalock-
-Taussig modificada, que consiste na anastomose da artéria subclávia com a artéria pulmonar. Já na correção
total ocorre o fechamento da CIV, ampliação da via de saída de VD e, se necessário, das artérias pulmonares,
bem como pode ser necessária a reconstrução da valva pulmonar (CARVALHO et al , 2004).

A mortalidade operatória para a correção total da Tetralogia de Fallot é inferior a 5%. Com as técnicas cirúr-
gicas melhoradas, existe uma menor incidência de arritmias e morte súbita; o bloqueio cardíaco cirúrgico é
raro. A insuficiência cardíaca congestiva pode acontecer no período pós-operatório (WONG E HOCKENBERRY,
2006).

REFERÊNCIAS

CARVALHO, W.B.; SOUZA, N.; SOUZA, R.L. Emergência e Terapia Intensiva Pediátrica. 2 ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Assistência Hospitalar ao Neonato - Protocolo. Belo Horizonte,
2005. 296p.

CLOHERTY, J.P.; EICHENWALD, E.C.; STARK, A.R. Manual de Neonatologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2005.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.

ATIVIDADE 11
MALFORMAÇÕES NA COLUNA ESPINHAL -
A MIELOMENINGOCELE
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Compreender a origem e as consequências da mileomeningocele;
• Diferenciar meningocele de mielomeningocele.

Material
• Texto: Mielomeningocele – Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Fazer uma exposição dialogada abordando os seguintes pontos:
• origem e consequências da mileomeningocele, considerando-se que é a malformação de tubo neural
mais comum;
• diferenciar meningocele de mielomeningocele, identificando a etiologia dessas malformações;
• relacionar a mielomeningocele com a maior complexidade do atendimento de enfermagem.
• Fazer a leitura do texto.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

36
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


MIELOMENINGOCELE
..............................................................
Melissa de Fátima França10

Este é o defeito do tubo neural primário mais comum. Envolve uma coleção externa, sacular de elementos
neurais (placóide neural), através de um defeito nos tecidos ósseos e moles das regiões torácica posterior,
sacra ou lombar, esta compreendendo 80% das lesões. A dura máter e a aracnóide estão incluídas no saco
(meningo), que contém estruturas neurais visíveis (mielo), e a pele é geralmente interrompida sobre o saco.
Há hidrocefalia em 84% dessas crianças (CLOHERTY et al, 2005). Costuma ser chamada de espinha bífida
(protrusão da medula espinal em um saco nas costas, através de um esqueleto axial deficiente com cober-
tura dérmica variada); mais de 80% ocorrem na região lombar e cerca de 80% não são cobertas por pele
(GOMELLA, 2006).

Fonte: nutrifisio. blogspot.com

Acredita-se que esse defeito ocorre devido a uma insuficiência do fechamento do tubo neural durante a fase
primária do desenvolvimento do embrião (primeiras três a cinco semanas).

A mielomeningocele produz disfunção de muitos órgãos e estruturas, como o esqueleto, pele e trato genitu-
rinário, além do sistema nervoso periférico e central. A extensão e o grau do déficit neurológico dependem
da localização da mielomeningocele. Um exame físico do neonato mostra paralisia flácida dos membros in-
feriores, ausência dos reflexos tendíneos profundos, ausência de resposta ao tato e dor e alta incidência de
anormalidades posturais dos membros inferiores (pé torto e subluxação dos quadris). Gotejamento urinário
constante e esfíncter anal relaxado podem ser evidentes. Os RN apresentam tipicamente um déficit neuroló-
gico crescente à medida que a mielomeningocele ascende à região torácica (NELSON et al, 1997).

De acordo com Wong e Hockenberry (2006) o diagnóstico é realizado com base nas manifestações clínicas
e no exame do saco meníngeo. Os exames diagnósticos de avaliação do cérebro e medula são: ressonância
magnética, ultrassom, tomografia computadorizada, mielografia. O tratamento de crianças portadoras de
mielomeningocele exige uma abordagem multidisciplinar, focalizando-se os seguintes aspectos: - a patologia
e os problemas associados a ela como hidrocefalia, paralisia, deformidades ortopédicas e anormalidades
genitourinárias; - possíveis problemas adquiridos, que podem estar ou não associados, como meningite,
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.
10

37
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

hipóxia e hemorragia; - outras anormalidades como malformações cardíacas ou gastrointestinais.

Os cuidados iniciais com o RN envolvem a prevenção da infecção, a avaliação neurológica, inclusive obser-
vação das anomalias associadas e, a abordagem do impacto da anomalia na família. É de suma importância
o fechamento precoce do saco meníngeo, preferencialmente nas primeiras 12 a 18 horas, a fim de se evitar
infecção local e trauma aos tecidos expostos, como também o estiramento de outras raízes nervosas; fato
que pode ocorrer se o saco meníngeo se expandir nas primeiras horas do nascimento, causando maiores
comprometimentos.

Quanto aos cuidados com o saco da mielomeningocele Wong e Hockenberry (2006) abordam que antes do
fechamento cirúrgico deve-se evitar o ressecamento da mielomeningocele por meio da aplicação de uma
compressa estéril, úmida e não-aderente sobre o defeito, sendo essa solução em geral soro fisiológico. É
importante ainda realizar trocas freqüentes dos curativos (cada 2 a 4 hs) e inspeções cuidadosas do saco
meníngeo à procura de vazamentos, abrasões, irritação ou quaisquer sinais de infecção.

A mielomeningocele é uma das causas mais comuns da disfunção neuropática da bexiga (bexiga neurogêni-
ca) entre as crianças. Nos lactentes a meta é preservar a função renal e atingir a continência urinária ótima.
(WONG E HOCKENBERRY, 2006).

Com relação aos problemas ortopédicos é a avaliação neurológica o determinante do nível neurosegmentar
da lesão, do reconhecimento da espasticidade e da paralisia progressiva, do potencial para deformidade e
das expectativas funcionais.

O prognóstico precoce para a criança com mielomeningocele depende da deficiência neurológica presente
no nascimento, incluindo a capacidade motora e a inervação da bexiga, e a presença de anomalias neuroló-
gicas associadas (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

Como forma de prevenção preconiza-se o uso de ácido fólico entre mulheres na fase fértil. Cabe aos profis-
sionais de saúde a orientação quanto aos benefícios do ácido fólico na prevenção dos defeitos do tubo neural
no RN.

REFERÊNCIAS

CLOHERTY, J.P.; EICHENWALD, E.C.; STARK, A.R. Manual de Neonatologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.

GOMELLA, T.L. Neonatologia: manejo, procedimentos, problemas no plantão, doenças e farmacologia neo-
natal. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006. 864 p.

NELSON, W.E.; BEHRMAN, R.E.; KLIEGMAN, R.; ARVIN, A.M. Tratado de Pediatria. 15. ed. Rio de Janeiro: Gua-
nabara Koogan, 1997. 2v.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.

38
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 12
MALFORMAÇÕES CEREBRAIS – A HIDROCEFALIA
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivo
• Compreender o conceito de hidrocefalia e suas características.

Material
• Pincel para quadro branco;
• Texto: Hidrocefalia – Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Levantar os conhecimentos prévios dos alunos acerca dos conceitos de hidrocefalia, anencefalia, macro-
cefalia e microcefalia.
• A partir da leitura do texto o docente deverá sistematizar no quadro:
• conceito de hidrocefalia e suas consequências no organismo.
• identificar os sinais da hidrocefalia e sua etiologia.
• relacionar essa má-formação com a maior complexidade do atendimento de enfermagem.
• diferenciá-la das demais patologias acima citadas.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

TEXTO PARA LEITURA


HIDROCEFALIA
..............................................................
Melissa de Fátima França11

A Hidrocefalia é uma condição causada por um desequilíbrio entre a produção e a absorção de líquido cefa-
lorraquidiano (LCR) no sistema ventricular. Quando a produção é maior que a absorção, o LCR se acumula no
sistema ventricular, geralmente sob pressão elevada, provocando a dilatação passiva dos ventrículos (WONG
E HOCKENBERRY, 2006). Costuma estar associada ao aumento da pressão intracraniana (PIC) e a um grande
perímetro cefálico (PC); entretanto, a dilatação ventricular costuma preceder o aumento de tamanho da ca-
beça, e o PC pode estar normal (GOMELLA, 2006).

Fonte: infoescola.com
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.
11

39
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

A Hidrocefalia Comunicante ocorre quando o líquor consegue passar através do forame na base do cére-
bro, mas é drenado de forma inadequada pelos espaços subaracnóides cerebral e cerebelar, ou seja, há um
déficit de absorção do LCR no espaço subaracnóide (os ventrículos se comunicam). Já a Hidrocefalia Não
Comunicante ocorre quando há obstrução de qualquer local por onde passe líquor, desde o terceiro ventrí-
culo até a cisterna magna, havendo assim obstrução do fluxo do LCR no interior dos ventrículos (ventrículos
não se comunicam).

Segundo Wong e Hockenberry (2006), a maior parte dos casos de hidrocefalia não comunicante provém de
malformações no desenvolvimento. Mesmo que o defeito seja perceptível na primeira infância, pode ser
evidenciado também em qualquer momento desde o período pré-natal até o final da infância ou início da
vida adulta. Defeitos no desenvolvimento são responsáveis pela maioria dos casos de hidrocefalia desde o
nascimento até os 2 anos de idade. É de grande importância a observação constante desses lactentes quan-
to ao desenvolvimento pelo fato de a hidrocefalia estar frequentemente associada à mielomeningocele. Já
em crianças mais velhas, a doença resulta de lesões com efeito de massa, infecções intracranianas, hemor-
ragia ou defeitos preexistentes do desenvolvimento.

A Hidrocefalia Congênita refere-se ao estado de aumento ventricular progressivo aparente desde o primei-
ro dia de vida e, consequentemente, com início intra – útero; resulta de malformações durante o desen-
volvimento do local de drenagem do líquor, ocorrendo entre 6 e 17 semanas de gestação. De acordo com
Gomella (2006), a Hidrocefalia fetal é geralmente mais grave sendo acompanhada de anomalias graves do
sistema nervoso central. Acomete polidrâmnios em 10% e tem maior incidência em prematuridade, pós-
-maturidade e natimortos. Oitenta por cento dos RN com defeitos de tubo neural apresentam hidrocefalia
(o PC pode ser normal ou um pouco alterado ao nascimento). A hidrocefalia fetal pode ser detectada com
cerca de 15 a 18 semanas de gestação. A sorologia fetal pode estabelecer infecção intra-uterina.

No caso da Hidrocefalia pós-hemorrágica (HPH), aproximadamente 35% dos RNs com HIV a desenvolvem.
Dos RNs que apresentam parada do crescimento ou resolução da ventriculomegalia espontaneamente ou
com tratamento, cerca de 5% apresentarão dilatação ventricular progressiva tardia, necessitando colocação
de derivação ventriculoperitonial (GOMELLA, 2006).

São sinais de hidrocefalia: apnéia, bradicardia, irritabilidade, letargia, vômitos, fontanelas tensas, suturas
amplas, sopro cerebral, dilatação das veias do escalpo e aumento rápido do PC. A esclera pode ser visível
acima da íris (olhar de sol poente). Raramente se observa papiledema em RNs (GOMELLA , 2006). Os dois
fatores que influenciam o quadro clínico são o momento de início e a presença de lesões estruturais pree-
xistentes. No lactente, antes do fechamento das suturas cranianas, o aumento da cabeça é o sinal predo-
minante, enquanto em lactentes mais velhos e crianças as lesões responsáveis pela hidrocefalia provocam
outros sinais neurológicos devido à pressão sobre estruturas adjacentes antes de causar obstrução do LCR
(WONG E HOCKENBERRY, 2006). As duas principais ferramentas para o diagnóstico da hidrocefalia são a
Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM) de crânio.

O tratamento da hidrocefalia dirige-se a aliviar a hidrocefalia, tratar complicações e solucionar problemas


relacionados ao efeito do distúrbio no desenvolvimento psicomotor. O tratamento é, com poucas exceções,
cirúrgico. É realizado pela remoção direta de uma obstrução (como um tumor) ou pela colocação de uma
derivação que drena o LCR dos ventrículos para um compartimento extracraniano, geralmente o peritônio
(WONG E HOCKENBERRY, 2006).

O prognóstico para crianças portadoras de hidrocefalia tratada depende da velocidade de desenvolvimento


da doença, da duração da elevação da PIC, da freqüência de complicações e da causa da hidrocefalia. Os re-
sultados parecem ter melhorado de forma bastante significativa com as novas técnicas neurocirúrgicas exis-
tentes. A sobrevida a longo prazo dos pacientes aproxima-se de 90% e a grande maioria deles (aproximada-
mente dois terços) apresentam suas capacidades intelectuais preservadas ou bem próximas do normal.

Com relação aos cuidados de enfermagem, deve-se atentar à criança inconsciente priorizando os seguintes

40
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

aspectos: avaliação neurológica, monitorização da pressão intracraniana (PIC), tratamento respiratório,


manutenção de nutrição e hidratação satisfatórias, administração de medicamentos, promoção de elimina-
ções (evacuação e micção), manutenção dos cuidados higiênicos, posicionamento adequado, estimulação e
exercícios, além do apoio familiar.

REFERÊNCIAS

GOMELLA, T.L. Neonatologia: manejo, procedimentos, problemas no plantão, doenças e farmacologia neo-
natal. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006. 864 p.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janei-
ro: Elsevier, 2006. 1303p.

ATIVIDADE 13
SEPSE NEONATAL
..............................................................
Tempo estimado: 1 hora

Objetivo
• Compreender o conceito de sepse e suas características.

Material
• Texto: Sepse – Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Dividir a turma em 4 grupos.
• Solicitar que cada grupo responda as seguintes questões:
• Qual o conceito de sepse?
• Quais as formas pelas quais a sepse pode ser adquirida?
• Identifique os sinais e sintomas da sepse no neonato.
• Quais os cuidados de enfermagem que devem ser prestados a criança com sepse neonatal?
• Pedir que cada grupo apresente em plenária uma das perguntas acima.
• Durante as apresentações o docente deverá corrigir as respostas e esclarecer as dúvidas.
• Ler o texto e sistematizar o tema.

Fechamento
• Dar continuidade aos estudos!

41
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


SEPSE
..............................................................
Melissa de Fátima França12

Sepse ou septicemia corresponde a uma infecção bacteriana generalizada na corrente sanguínea. Os recém-
-nascidos (RN) são susceptíveis à infecção em decorrência de sua imunidade baixa inespecífica e específica.

A sepse no período neonatal pode ser adquirida no período pré - natal ou durante o trabalho de parto por
líquido amniótico infectado, através da placenta pela corrente sanguínea da mãe ou por contato direto com
tecidos maternos durante a passagem do neonato através do canal de parto (WHALEY & WONG, 1999). A
sepse precoce é multissistêmica com início, geralmente, até o 4º dia de vida do bebê. A infecção inicia-se,
frequentemente, ainda no útero e apresenta-se algumas horas após o nascimento. É comum a história de
hipóxia periparto, com taquicardia fetal e Apgar baixo. Prematuridade e infecção materna são frequentes.
Têm alta mortalidade – 15% a 50% (LEÃO, 2005).

A infecção pós-natal pode ser adquirida por contaminação cruzada proveniente de outros recém-nascidos,
pelo pessoal da equipe ou por objetos no ambiente especialmente equipamento de suporte de vida como os
ventiladores mecânicos, cateteres venosos e arteriais de demora usados para infusões, coletas de amostras
de sangue e monitorização dos sinais vitais (WHALEY & WONG, 1999). A sepse tardia manifesta-se, geral-
mente, a partir do 5º dia de vida e inclui as infecções originadas no domicílio e as adquiridas horizontalmente
no ambiente hospitalar, por materiais contaminados ou na manipulação dos recém-nascidos. Apresenta iní-
cio mais insidioso com instabilidade térmica, hipotonia, dificuldade respiratória, recusa alimentar, vômitos,
diarreia, distúrbios metabólicos, distensão abdominal, podendo evoluir para hepatomegalia, convulsões, ic-
terícia, distúrbios hematológicos, má perfusão periférica, taquicardia, choque e apnéia. Sinais focais de infec-
ção podem estar presentes. Apresenta mortalidade menor que na forma precoce (LEÃO, 2005).

A incidência da sepse é inversamente proporcional ao peso do nascimento e à idade gestacional.

Manifestações clínicas observadas na sepse neonatal:



O RN geralmente não se encontra bem, apresentando um mau controle da temperatura; a hipotermia é mais
frequente.
Sistema Circulatório:
Palidez, cianose ou manchas; Pele fria e úmida; Edema; Batimentos cardíacos anormais (taquicardia, bradi-
cardia, arritmia).
Sistema Respiratório:
Respiração irregular (dispnéia, apneia ou taquipnéia); cianose, roncos.
Sistema Nervoso Central:
Fontanelas abauladas; Tônus aumentado ou diminuído; Atividade diminuída: letargia, coma ou Atividade
aumentada: irritabilidade, tremores, convulsões;
Sistema Gastrointestinal:
Inapetência; vômitos, diarréia ou diminuição das fezes; distensão abdominal; Hepatomegalia.
Sistema Hematopoiético:
Icterícia, palidez, púrpura, petéquias, equimoses, sangramentos.

Condutas Terapêuticas

De acordo com WONG (1999), o reconhecimento e o diagnóstico precoces, e a adoção de medidas rigorosas
de tratamento tornam-se essenciais para aumentar a chance de sobrevida e reduzir a probabilidade de lesão
Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.
12

42
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

neurológica permanente. O tratamento consiste em suporte circulatório, suporte respiratório, administração


agressiva de antibióticos, que deve ser iniciada logo que se complete a avaliação diagnóstica, e imunoterapia.
A terapia de suporte envolve a administração de oxigênio se houver evidências de angústia respiratória e cia-
nose; controle cuidadoso dos líquidos; correção de desequilíbrios eletrolíticos ou ácido-básicos e isolamento
do recém-nascido em uma incubadora. Podem ser necessárias transfusões de sangue para corrigir anemia ou
choque e, a monitorização dos sinais vitais e o controle térmico do ambiente são primordiais.

Cuidados de Enfermagem

Os cuidados de enfermagem do recém-nascido com sepse são semelhantes àqueles referentes ao RN de alto
risco. Parte do cuidado geral do RN com sepse é diminuir todo estresse adicional fisiológico ou ambiental,
incluindo-se assim um ambiente ideal termorregulado, antecipando-se possíveis problemas como desidra-
tação ou hipóxia. Outro aspecto importante a se observar são os sinais de meningite, sequela comum da
septicemia. Outra complicação grave da septicemia é o choque, tendo como causa a liberação de toxinas na
circulação sanguínea. Como a pressão arterial geralmente culmina em choque, faz-se importante sua men-
suração como parte dos sinais vitais do RN.

REFERÊNCIAS

LEÃO, Ênnio. Pediatria Ambulatorial. 4 ed. Belo Horizonte: Coopmed, 2005.

WHALEY, L.F.; WONG, D.L. Enfermagem Pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

ATIVIDADE 14
A ICTERÍCIA NEONATAL
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Conhecer os critérios utilizados para diagnóstico de icterícia;
• Compreender as diferenças entre a hiperbilirrubinemia direta e indireta;
• Compreender as Zonas de Kramer;
• Identificar as consequências da hiperbilirrubinemia não tratada.

Material
• Textos:
• Icterícia neonatal – Melissa de Fátima França.
• O RN com icterícia.

Desenvolvimento
• Dividir a turma em 2 grupos.
• Cada grupo deverá ler um texto e apresentar em plenária os seus principais pontos procurando abordar
as seguintes questões:
• critérios utilizados para diagnóstico da icterícia.
• conceituar a hiperbilirrubinemia direta e indireta identificando suas diferenças e relacionando-as com
as possíveis causas.
• identificar o valor da bilirrubina de acordo com as zonas de Kramer.
• relatar as consequências da hiperbilirrubinemia não tratada.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

43
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


ICTERÍCIA NEONATAL
..............................................................
Melissa de Fátima França13

A icterícia é a percepção clínica da hiperbilirrubinemia quando o nível de bilirrubina sérica ultrapassa 5 a 7


mg% (nível excessivo acumulado no sangue). Caracteriza-se por uma coloração amarelada da pele, escleras
e unhas.

A hiperbilirrubinemia pode resultar do aumento da bilirrubina conjugada ou não-conjugada. A forma não-


-conjugada ou hiperbilirrubinemia indireta é o tipo mais comumente observado em neonatos (WONG E
HOCKENBERRY, 2006).

Icterícia Fisiológica
É a causa mais comum de icterícia neonatal. Os seguintes critérios devem ser preenchidos: _ aparecimento
tardio, após 24 h de vida; _ RNT (IG ≥ 37 semanas), sem história de reanimação ao nascimento e ausência de
sinais clínicos de doenças associadas; _ predomínio absoluto dos níveis de bilirrubina indireta; _ aumento do
nível sérico de bilirrubina total menor que 5 mg/dl por dia; _ pico do nível sérico de bilirrubina entre 3 e 5
dias de vida, com um total de bilirrubina sérica não superior a 15 mg/dl; _ resolução do quadro no final de 1
semana (MINAS GERAIS, 2005).

O método clínico, através da inspeção visual, é o meio mais utilizado para abordagem inicial da hiperbilirru-
binemia. A icterícia progride no sentido céfalo-caudal. A pressão digital da pele do RN pelo examinador per-
mite a detecção mais fácil da icterícia por diminuir os efeitos da pigmentação e da perfusão local. A avaliação
clínica pode ser complementada pelo método de Kramer. Porém, a dosagem sérica dos níveis de bilirrubina,
a classificação sanguínea e o teste de Coombs são exames indispensáveis para decisão da conduta terapêu-
tica: observação, fototerapia e exsanguineotransfusão (MINAS GERAIS, 2005).

Tabela de Kramer

A icterícia é quantificada considerando-se a sua progressão craniocaudal, isto é, a progressão da icterícia da


cabeça para a região inferior do corpo (pernas e pés). A tabela elaborada por Kramer relaciona os níveis de
bilirrubina indireta (BI) com a zona dérmica de icterícia:
• Zona 1 (cabeça): BI = 6 mg%
• Zona 2 (zona 1 + tórax): BI = 9 mg%
• Zona 3 (zona 2 + abdômen e coxas): BI = 12 mg%
• Zona 4 (zona 3 + braços e pernas): BI = 15 mg%
• Zona 5 (zona 4 + mãos e pés): BI = 16 mg%

Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.


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44
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Zonas de Kramer:

Fonte: pt-br. infomedica.wikia.com

A icterícia própria do pré-termo - icterícia do desenvolvimento

Nesse tipo de icterícia percebe-se ausência de incompatibilidade sanguínea materno-fetal ou outras doenças
hemolíticas familiares, podendo aparecer precocemente no final do primeiro dia de vida nos RNPT de muito
baixo peso. Apresenta evolução com aumento progressivo dos níveis de bilirrubina até 5 - 7 dias de vida,
podendo alcançar níveis de 15 mg%. Está presente até a 2ª semana de vida, podendo prolongar-se até 1 mês
(MINAS GERAIS, 2005).

Icterícias Hemolíticas:
1) Doença hemolítica por incompatibilidade materno-fetal pelo antígeno D do sistema sanguíneo Rh

Quando a mãe for Rh negativo (ausência de antígenos) e o neonato Rh positivo (presença de antígenos),
mesmo as circulações materna e fetal sendo separadas, às vezes os eritrócitos fetais (com antígenos estra-
nhos à mãe) ganham acesso à circulação materna através de minúsculas entradas nos vasos placentários. O
mecanismo natural defesa da mãe responde a estas células estranhas produzindo anticorpos anti-Rh (WONG
E HOCKENBERRY, 2006).

Em condições normais, este processo de isoimunização não tem efeitos sobre o feto durante a primeira
gravidez com um feto Rh- positivo porque a sensibilização inicial aos antígenos Rh raramente ocorre an-
tes do início do parto. Contudo, com o risco aumentado de transferência de sangue fetal para a circulação
materna durante a separação placentária, a produção materna de anticorpos é estimulada. Em uma gravi-
dez subsequente com um feto Rh positivo, esses anticorpos maternos formados previamente contra células
sanguíneas Rh positivas penetram na circulação fetal, atacando e destruindo os eritrócitos fetais (WONG E
HOCKENBERRY, 2006).

Como a doença se inicia na vida intra-uterina, o feto tenta compensar a hemólise progressiva e a anemia
acelerando a taxa de eritropoese. Como resultado, hemácias imaturas (eritroblastos) surgem na circulação
fetal, daí o nome eritroblastose fetal (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

45
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Prevenção da isoimunização materno-fetal pelo fator Rh:

O diagnóstico precoce da sensibilização RhD pode ser realizado através do Teste de Coombs indireto (titula-
ção de anticorpos maternos) no início do pré-natal. Toda mãe RH negativo com Coombs indireto negativo e
filho (a) Rh positivo, deverá receber a imunoglobulina anti-Rh (concentrado de gamablobulina humana anti-
-D) até 72 h pós-parto.

2) A doença hemolítica por incompatibilidade materno-fetal ABO

A doença hemolítica também pode ocorrer quando os principais antígenos de grupos sanguíneos do feto
são diferentes dos da mãe. A incompatibilidade mais comum de grupos sanguíneos no neonato ocorre entre
mães com grupo sanguíneo O e neonatos com grupo A ou B. Anticorpos anti A ou anti B de ocorrência natural
já presentes na circulação materna atravessam a placenta e atacam os eritrócitos fetais, causando hemólise.
Geralmente a reação hemolítica é menos intensa que na incompatibilidade Rh e pode ocorrer na primeira
gravidez (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

A icterícia relacionada ao leite materno e ao aleitamento

Uma distinção foi feita entre icterícia do leite materno, na qual se acredita qua a icterícia seja devida ao
próprio leite materno, e icterícia da amamentação, na qual a baixa ingestão calórica pode ser responsável. A
icterícia do leite materno tem início tardio e apresenta uma incidência em RN a termo de 2%a 4%. No quarto
dia, em vez da queda normal, o nível sérico de bilirrubina continua a subir e pode atingir 20 a 30 mg-dL até
os 14 dias de idade. Se a amamentação continuar, os níveis permanecerão elevados e depois cairão lenta-
mente com 2 semanas de idade, retornando ao normal após 4 a 12 semanas de idade. Se a amamentação for
interrompida, o nível de bilirrubina pode cair rapidamente em 48 hs. Se a amamentação for então retomada,
a bilirrubina pode subir 2 a 4 mg-dL , porém provavelmente não atingirá o alto nível anterior (CLOHERTY et
al, 2005).

RN que são amamentados têm maior nível de bilirrubina após o terceiro dia de vida comparados com RN
alimentados por fórmula. As diferenças nos níveis de bilirrubina não costumam se rclinicamente significati-
vas. A incidência de níveis máximos de bilirrubina >12mg/dL em RN a termo amamentados é de 12-13%. O
principal fator que se acredita ser responsável pela icterícia da amamentação é uma ingestão diminuída de
leite, que intensifica a circulação êntero-hepática (CLOHERTY et al, 2005).

A fototerapia

Consiste na aplicação de luz fluorescente sobre a pele exposta do neonato. A luz promove a excreção de
bilirrubina por fotoisomerização, que altera a estrutura da bilirrubina para uma forma solúvel (lumirrubina),
facilitando a excreção (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

Os RN em fototerapia são mantidos despidos, apenas com protetores oculares e uma máscara facial usada
para assegurar exposição da maior área de superfície cutânea. Os neonatos são virados a cada duas horas.
Deve-se ter a cautela de garantir que os protetores oculares não ocluam as narinas, o que poderia acarretar
asfixia e apnéia. A temperatura do bebê deve ser cuidadosamente monitorada e servocontrolada (CLOHERTY
et al, 2005).

Segundo Wong e Hockenberry (2006) alguns efeitos colaterais da fototerapia são: fezes amolecidas esverde-
adas, erupções cutâneas transitórias, hipertermia, aumento do metabolismo basal, desidratação, distúrbios
hidroeletrolíticos (ex: hipocalcemia) e priaprismo.

A exsanguineotransfusão

É indicada para baixar rapidamente ou evitar altos níveis de bilirrubina, quando há risco de encefalopatia,

46
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

especialmente em presença de hemólise (LEÃO et al, 2005). Consiste na retirada do sangue do neonato em
pequenas quantidades (de 5 a 10 ml por vez) e substituição com sangue compatível (como sangue Rh ne-
gativo), sendo considerado método padrão de terapia para o tratamento da hiperbiblirrubinemia grave e,
também, da hiperbilirrubinemia causada pela incompatibilidade Rh (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

Indicações:

• Quando a fototerapia não reduz significativamente os níveis de bilirrubina, podendo estes alcançar
níveis tóxicos para o SNC.
• Para corrigir anemia e controlar a ICC em RN hidrópicos com doença hemolítica.
• Interromper a hemólise e a produção de bilirrubina removendo anticorpos e hemácias
sensibilizadas.
• Baseia-se em níveis de sangue de cordão: BI > 4,5 mg/dl, Hb < 11 g/dl.
• Aumento dos níveis de bilirrubina > 1 mg/dl/hora apesar da fototerapia.
• Nível de hemoglobina entre 11 e 13 g/dl e aumento > 0,5 mg/dl/hora nos níveis de bilirrubina sérica
em um período de 4-8 horas, apesar da fototerapia
• Progressão da anemia apesar do controle da bilirrubina por outros métodos (fototerapia)

Fonte: Assistência Hospitalar ao Neonato / SESMG / 2005

O reconhecimento precoce e o tratamento da hiperbilirrubinemia previnem graves lesões cerebrais (ence-


falopatia bilirrubínica ou Kernicterus). O déficit característico nas funções neurológicas associado à encefa-
lopatia bilirrubínica inclui atetose (movimentos de contorção involuntários), perda auditiva neurossensorial,
olhar fixo e outras anormalidades do olhar. As habilidades motoras são retardadas (WONG E HOCKENBERRY,
2006).

REFERÊNCIAS

CLOHERTY, J.P.; EICHENWALD, E.C.; STARK, A.R. Manual de Neonatologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.

LEÃO, E.; CORRÊA, E.J.; VIANA, M.B.; MOTA, J.A.C. Pediatria Ambulatorial. 4 ed. Belo Horizonte: COOPMED,
2005.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Assistência Hospitalar ao Neonato - Protocolo. Belo Horizon-
te, 2005. 296p.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.
< pt. wikipedia.org/wiki/Icterícia_neonatal > Acesso em: 13 de agosto de 2012

47
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA 2


O RN COM ICTERÍCIA14
..............................................................

A icterícia caracteriza-se pelo aumento das bilirrubinas direta ou indireta e se torna visível clinicamente
quando atinge o nível sérico de 5mg/dl. Ocorre em mais de 50% dos RN a termo e em mais de 70% dos RN
pré-termo.

Tanto o aumento da bilirrubina indireta como o da bilirrubina direta devem ser valorizados. No primeiro caso,
teme-se o desenvolvimento da encefalopatia bilirrubínica (Kernicterus), e, no segundo, a colestase neonatal.
A encefalopatia bilirrubínica, às custas da bilirrubina indireta, tem conseqüências irreversíveis, como o re-
tardo mental, as paralisias e a surdez. A hiperbilirrubinemia indireta é tratada pela fototerapia e, em alguns
casos, também por exsangüinotransfusão. Essas intervenções são feitas em hospitais, na maioria das vezes,
na maternidade de origem.

O aumento da bilirrubina direta sugere a presença de colestase neonatal, cujas causas mais comuns são
a atresia de vias biliares e a hepatite neonatal. O quadro clínico caracteriza-se por icterícia de intensidade
variada, fezes hipocoradas ou acólicas, além de urina escura. O encaminhamento para o gastroenterologista
pediátrico deve ser imediato, pois o esclarecimento diagnóstico e a intervenção cirúrgica devem ocorrer em
período inferior a dois meses. O tratamento da hiperbilirrubinemia direta não será abordado nesse protoco-
lo.

A icterícia pode ser precoce ou tardia. A precoce é aquela que se apresenta clinicamente nas primeiras 24
horas de vida e será abordada nas maternidades. A icterícia tardia é aquela de aparecimento após 24 horas
de vida.

Qual deve ser a intervenção da equipe da unidade básica de saúde (UBS) em relação à icterícia?
• Diante do potencial de gravidade na evolução da icterícia e da relativa facilidade de seu diagnóstico, cabe
à equipe da UBS:
• Identificar precocemente o RN ictérico;
• Indicar propedêutica no momento adequado;
• Esclarecer se a hiperbilirrubinemia é direta ou indireta;
• Acompanhar clinicamente os casos leves;
• Encaminhar os casos que necessitarão de fototerapia e/ou exsangüinotransfusão, os casos de icterícia
prolongada e de hiperbilirrubinemia direta para esclarecimento diagnóstico;
• Acompanhar o RN após a alta hospitalar.
• Nas visitas domiciliares realizadas pelo ACS, a avaliação da icterícia deve ser uma prioridade. Todos os
casos detectados devem ser encaminhados para a UBS, quando então serão avaliados pela enfermeira
ou médico.
• A icterícia apresenta uma distribuição crânio-caudal progressiva e pode ser avaliada clinicamente pela
observação de cor amarelada na pele das várias partes do corpo após a compressão digital. Deve-se ava-
liar o RN, de preferência, sob a luz natural, pois a luz artificial pode falsear o exame.
• Clinicamente sua evolução pode ser estimada pelas “Zonas de Kramer”. A estimativa clínica dos níveis
de bilirrubina proposta por Kramer não deve ser utilizada nos casos de RN prematuros ou com sinais de
hemólise (Quadro).

Minas Gerais. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina Viana et al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004. 224p.
14

48
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

Quadro: Concentração de bilirrubinas (mg/dl) e correspondência clínica (segundo Kramer)

• Os RN a termo com icterícia nas zonas 1 e 2 de Kramer devem ser acompanhados clinicamente com ava-
liação diária ou até mesmo duas vezes ao dia durante o período de pico da icterícia fisiológica.
• A icterícia fisiológica do RN a termo é transitória, tem seu pico no 3º ou 4º dia de vida, e, geralmente, o
nível máximo de bilirrubina indireta é 13 mg/dl. Normalmente, o RN encontra-se anictérico no final da
primeira semana de vida. Já no RN prematuro, o pico da53 hiperbilirrubinemia é em torno do 5º ou 6º
dia de vida e o nível máximo de bilirrubina indireta é, na maioria das vezes, de 15mg/dl.
• Os RN com icterícia nas zonas 3, 4 ou 5 de Kramer devem realizar os seguintes exames laboratoriais:
• Grupo sangüíneo;
• Fator Rh;
• Coombs direto;
• Dosagem de bilirrubinas direta e indireta;
• Hemograma;
• Reticulócitos.
• Para a indicação da conduta adequada, a equipe deve levar em conta a idade gestacional do RN, sua
idade cronológica e seu peso de nascimento de acordo com o Quadro e o Fluxograma.

Quadro: indicação de fototerapia e exsanguineotransfusão em RN a termo


e saudável com icterícia não-hemolígica

49
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

• O encaminhamento para o serviço de referência deve ser imediato, quando:


• O diagnóstico de icterícia for nas primeiras 24 horas de vida;
• O RN tiver icterícia e sinais gerais de perigo (ver Quadro);
• Os casos com Coombs direto positivo (icterícia hemolítica);
• O RN for prematuro e/ou baixo peso ao nascer (maior risco de Kernicterus).
• Nessas situações, a encefalopatia bilirrubínica poderá ocorrer com valores de bilirrubinas mais baixos, e
há necessidade de intervenção nos possíveis fatores agravantes da hiperbilirrubinemia.
• Os RNPT serão encaminhados para fototerapia com níveis mais baixos de bilirrubina. Os RNPT de muito
baixo peso ao nascer serão tratados na maternidade, já que permanecerão internados geralmente por 2
a 3 meses. Os RNPT limítrofes, ou seja, os de 35 a 36 semanas e seis dias, quando ictéricos, deverão ser
avaliados com rigor, idealmente duas vezes por dia. Os exames devem ser solicitados se a icterícia estiver
presente na zona 2 de Kramer. Níveis de bilirrubina próximos aos valores para fototerapia orientam o
encaminhamento para um serviço de referência.
• A icterícia que se prolonga por mais de 15 dias de vida deverá ser investigada por especialista. É impor-
tante, nesses casos, examinar as fezes do RN, já que acolia ou hipocolia fecal sugerem colestase neonatal
e a intervenção deve ser imediata.

Fluxograma: Abordagem do recém-nascido com icterícia

RN com Icterícia

Sinais de letargia, apnéia, temperatura instável,


hepatoesplenomegalia, vômitos ou dificuldade
para mamar?
SIM NÃO
Idade gestacional
Encaminhar
imediatamente <37 semanas e/ou baixo
para o Pronto peso ao nascer > 37 semanas
Atendimento
ou Internação RN como > 24 horas de RN como > 24 horas de vida
vida

Icterícia na Zona 3,4 ou 5 de


Kramer?
SIM
Acompanhamento clínico
Tipagem sangue RN: ABO e RH,
Coombs direto, bilirrubina e hemo-
Piora da Icterícia e/ou estado
grama com reticulócitos
SIM geral?
NÃO

Exames alterados Exames alterados Manter acompanhamento clínico


com Coombs com Coombs
direto positivo direto negativo
Icterícia por mais de duas sema-
nas e/ou exame físico alterado,
urina escura, fezes claras
História familiar de anemia hemolítica ou de
icterícia precoce severa; origem étnica ou geográfica as-
sociada com anemia hemolítica, icterícia precoce severa
SIM NÃO
NÃO SIM

Encaminhar Ver Quadro 21


Encaminhar ao Avaliar diagnós- Avaliar icterícia
para o Pronto para indicações
de fototerapia e/ especialista tico de icterícia LM ou outras
Atendimento ou causas
ou exsanguíneo- colestática
Internação
-transfusão

50
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 15
AVALIAÇÃO DO ALUNO
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas e 30 minutos

Objetivos
• A avaliação da aprendizagem terá por objetivos:
• Investigar os conhecimentos, competências e habilidades dos alunos.
• Acompanhar o processo de ensino aprendizagem, identificando os progressos, os sucessos e as difi-
culdades dos alunos.
• Aperfeiçoar, reorganizar e até mesmo reorientar o processo de ensino aprendizagem.
• Verificar se os alunos alcançaram os objetivos e/ou desempenhos finais esperados.

Material
• Papel A4.

Desenvolvimento
• Avaliar o processo ensino-aprendizagem dos alunos.
• Sugestão: Autoavaliação oral e/ou escrita, individual ou em grupos, relatório descritivo das atividades
desenvolvidas, etc.

Fechamento
• Dar continuidade aos estudos.

ATIVIDADE 16
A UTI NEONATAL E PEDIÁTRICA
..............................................................
Tempo estimado: 4 horas

Objetivos
• Compreender os conceitos de unidade de terapia intensiva neonatal e pediátrica.
• Identificar os recursos humanos e materiais que devem estar disponíveis nas unidades de terapia inten-
siva neonatal e pediátrica.

Materiais
• Sugestão: figuras ilustrativos dos materiais.
• Texto: Estrutura e Funcionamento da UTI Neonatal e Pediátrica - Bruna Figueiredo Manzo e Débora Lara
Couto.

Desenvolvimento
• A partir do texto, promover uma exposição dialogada sobre o tema.
• Sistematizar:
• conceito de unidade de terapia intensiva neonatal e pediátrica.
• identificar os profissionais existentes nestas unidades, suas funções e os conhecimentos necessários
para atuação nesse ambiente.
• refletir sobre a relação do técnico de enfermagem com os outros profissionais destas unidades e com
a equipe de enfermagem.
• Apresentar os materiais através de fotos e explicar a função de cada um deles.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas.
51
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA UTI NEONATAL
E PEDIÁTRICA
..............................................................
Bruna Figueiredo Manzo15
Débora Lara Couto16

A estrutura e o planejamento da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica devem considerar os


avanços tecnológicos e terapêuticos disponíveis para que o cuidado a esses pacientes seja cada vez mais
eficaz e possa atender as demandas atuais. Toda a organização dessa unidade, incluindo a infraestrutura,
materiais, recursos humanos e administrativos, deve englobar também, a família da criança no processo do
cuidado, desde a admissão até a alta hospitalar. Além disso, o hospital cuja UTI será implantada deve possuir
uma rede de apoio, disponível 24 horas por dia a fim de melhor atender as demandas de cuidado para estes
pacientes, tais como: laboratório clínico e patológico, centro cirúrgico, radiologia, farmácia, serviço social,
banco de sangue, etc.

A Unidade de Terapia Intensiva é definida, segundo a Resolução - RDC nº07 de 24 de fevereiro de 2010, como
a unidade hospitalar destinada a internação de pacientes graves, que necessitam de atendimento especiali-
zado contínuo, recursos tecnológicos e materiais específicos para o diagnóstico, monitorização e terapia. A
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é aquela que admite e assiste a pacientes de 0 a 28 dias, e a Unidade
de Terapia Intensiva Pediátrica destina-se à assistência dos pacientes de 29 dias a 14 ou 18 anos de idade,
conforme as rotinas do hospital.

A Resolução – RDC nº07 de 24 de fevereiro de 2010 dispõe sobre os requisitos mínimos para o funcionamen-
to de Unidades de Terapia Intensiva buscando amenizar os riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e
meio ambiente:

1. INFRAESTRUTURA FÍSICA

- A infraestrutura deve manter a privacidade do paciente, porém sem interferir na sua monitorização.
- Nas UTI Pediátricas Mistas, ou seja, aquelas destinadas à assistência de pacientes pediátricos e recém-nas-
cidos numa mesma sala, deve existir uma separação física entre os ambientes de UTI Pediátrica e Neonatal.

Deve existir na UTI neonatal uma divisão dos leitos, de acordo com a complexidade dos cuidados a serem
prestados:
• Intensivo: serão admitidos os pacientes graves, instáveis, que requerem cuidados contínuos. Ex: VM,
CPAP, traqueostomia, medicações vasopressoras, cateteres venosos e arteriais centrais e periféricos, pre-
maturidade, procedimentos cirúrgicos, dentre outros.
• Semi-intensivo: serão admitidos os pacientes estáveis, mas que requerem observação moderada. Ex:
monitorização dos dados vitais intermitente, controle de apneia e bradicardia com medicamentos, cate-
ter nasal, preparação para a alta, ganho de peso, dentre outros.
• Pré-alta: pacientes estáveis que requerem observação e monitorização dos dados vitais mínimos. Ex:
ausência de bradicardia e apneia, oxigenação estável, ganho de peso contínuo, alimentação em livre de-
manda, preparação para a alta.
• Isolamento: pacientes com infecção confirmada ou suspeita que necessitem de serem isolados.

Obs.: A Resolução - RDC nº50 de 21 de fevereiro de 2002 determina a distância de 2,0m entre os leitos da
Internação Intensiva, e de 1,0m entre os leitos do berçário intermediário.

15
Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Professora da PUC Minas.
Enfermeira.
16

52
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

2. RECURSOS HUMANOS

- Devem estar formalmente designadas, descritas e divulgadas para os profissionais que atuam na UTI, as
suas atribuições e responsabilidades;
- Deve existir um Responsável Técnico médico (habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica para responder
por UTI Pediátrica; título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neonatologia, para responder
por UTI Neonatal), um enfermeiro coordenador da equipe de enfermagem (especialista em Terapia Intensiva
ou outra especialidade que se relacione à assistência ao paciente pediátrico ou neonatal grave) e um fisiote-
rapeuta coordenador da equipe de fisioterapia (especialista em Terapia Intensiva ou outra especialidade que
se relacione à assistência ao paciente pediátrico ou neonatal grave), bem como seus respectivos substitutos.
- Deve existir uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, cuja quantidade e qualidade devem ser
dimensionadas conforme o perfil da assistência, a demanda da unidade e legislação vigente, contendo, para
atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os seguintes profissionais:
• Médico diarista: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com
habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica; título de especialista em
Pediatria com área de atuação em Neonatologia para atuação em UTI Neonatal.
• Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, em cada turno.
• Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 08 (oito) leitos ou fração, em cada turno.
• Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino, vesper-
tino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação.
• Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 (dois) leitos em cada turno, além de 1 (um)
técnico de enfermagem por UTI para serviços de apoio assistencial em cada turno.
• Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo da unidade.
• Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unidade, em cada turno.

- Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados contra tétano, difteria, hepatite B e outros imuno-
biológicos.
- Deve existir um programa de educação continuada (as atividades devem ser registradas, com data, carga
horária e lista de participantes) para os profissionais da UTI que englobe, no mínimo:
• as normas e rotinas técnicas realizadas na unidade;
• incorporação de novas tecnologias;
• gerenciamento dos riscos relacionados às atividades desenvolvidas na unidade e segurança de pa-
cientes e profissionais;
• prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde.

3. PROCESSO DE TRABALHO

- Todo paciente internado na UTI deve receber assistência integral e interdisciplinar.


- A equipe médica, de enfermagem e de fisioterapia devem registrar todos os cuidados prestados ao pa-
ciente, sua evolução clínica e as intercorrências no prontuário do paciente, em cada turno, de acordo com as
normas da instituição e conforme os regulamentos de cada conselho profissional.
- Os profissionais da farmácia, psicologia, fonoaudiologia, assistência social, odontologia, nutrição, terapia
nutricional enteral e parenteral e terapia ocupacional devem integrar a sua assistência às demais prestadas
ao paciente, sendo esta discutida em conjunto pela equipe multiprofissional.
- A assistência realizada por estes profissionais deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do pa-
ciente, de modo legível e contendo o número de registro no respectivo conselho de classe profissional.
- Todos os profissionais que atuam na UTI devem:
• preservar a identidade e a privacidade do paciente, promovendo um ambiente de respeito e dignida-
de;
• assegurar orientação aos familiares e aos pacientes, quando couber, em linguagem clara, sobre o es-
tado de saúde e a assistência a ser prestada desde a admissão até a alta;
• assegurar ações de humanização da atenção à saúde;
• promover um ambiente acolhedor;

53
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

• incentivar a participação da família na atenção ao paciente, quando pertinente.

- O paciente consciente deve ser informado sobre os procedimentos a que será submetido e sobre os cuida-
dos necessários para executá-los.
- Deve-se informar o responsável legal pelo paciente acerca das condutas clínicas e sobre os procedimentos
a que o mesmo será submetido.

4. RECURSOS MATERIAIS

- A UTI deve dispor de materiais e equipamentos, regularizados junto à ANVISA, de acordo com a complexi-
dade do serviço e conforme a demanda.
- Os equipamentos em uso e em reserva operacional devem passar por manutenções preventivas e corre-
tivas, de acordo com a periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço de engenharia clínica da
instituição.

4.1 REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA

- Para uso exclusivo da UTI Pediátrica, devem estar disponíveis materiais e equipamentos de acordo com a
faixa etária e biótipo do paciente.
- Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os seguintes equipamentos e materiais:
• berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios;
• equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável (AMBU), com reservatório e más-
cara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
• estetoscópio;
• conjunto para nebulização;
• 04 (quatro) equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos ("bomba de infusão"), com
reserva operacional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
• fita métrica;
• poltrona removível, com revestimento impermeável, destinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito;
• equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de:
• frequência respiratória;
• oximetria de pulso;
• frequência cardíaca;
• cardioscopia;
• temperatura;
• pressão arterial não-invasiva.

- Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de:


• berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cinco) leitos;
• estadiômetro (aparelho utilizado para aferir estatura);
• balança eletrônica portátil;
• oftalmoscópio;
• otoscópio;
• materiais para punção lombar;
• materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;
• negatoscópio;
• capacetes ou tendas para oxigenoterapia;
• máscara facial que permite diferentes concentrações de Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
• materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado;
• aspirador a vácuo portátil;
• equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/cânula endotraqueal ("cuffômetro");
• capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos (aparelho que monitora o CO2);
• ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos, com reserva ope-

54
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

racional de 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipamento de, no
mínimo, 02 (dois) circuitos completos;
• equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ven-
tilador pulmonar microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de ventilação não
invasiva;
• materiais de interface facial para ventilação pulmonar não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05
(cinco) leitos;
• materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
• materiais para traqueostomia;
• foco cirúrgico portátil;
• materiais para acesso venoso profundo, incluindo cateterização venosa central de inserção periférica
(PICC);
• material para flebotomia (incisão na veia);
• materiais para monitorização de pressão venosa central;
• materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva: 01 (um) equipamento para
cada 05 (cinco) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos;
• materiais para punção pericárdica;
• eletrocardiógrafo portátil;
• kit ("carrinho") contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências (ressuscitador
manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de
tubo endotraqueal;
• cânulas de Guedel e fio guia estéril: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração;
• equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, na unidade;
• marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: 01 (um) equipamento para a unidade;
• equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05
(cinco) leitos ou fração;
• materiais para curativos;
• materiais para cateterismo vesical de demora em sistema fechado;
• maca para transporte, com grades laterais, com suporte para equipamento de infusão controlada de
fluidos e suporte para cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
• equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, pressão
arterial não-invasiva, cardioscopia, frequência respiratória) específico para transporte, com bateria: 01
(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
• ventilador pulmonar específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fra-
ção;
• kit ("maleta de transporte") para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medica-
mentos e materiais para atendimento às emergências (ressuscitador manual com reservatório, cabos e
lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal);
• cânulas de Guedel e fio guia estéril): 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
• cilindro transportável de oxigênio;
• relógio e calendário de parede;
• refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para guarda de medicamentos, com
monitorização e registro de temperatura.

4.2 REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAIS

- Para uso exclusivo da UTI Neonatal devem estar disponíveis materiais e equipamentos de acordo com a
faixa etária e biótipo do paciente.
- Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os seguintes equipamentos e materiais:
• incubadora com parede dupla;
• equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável (AMBU) com reservatório e másca-
ra facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
• estetoscópio;

55
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

• conjunto para nebulização;


• 02 (dois) equipamentos tipo seringa para infusão contínua e controlada de fluidos ("bomba de infu-
são"), com reserva operacional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
• fita métrica;
• equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de:
• frequência respiratória;
• oximetria de pulso;
• frequência cardíaca;
• cardioscopia;
• temperatura;
• pressão arterial não-invasiva.

- Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de:


• berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos;
• equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
• estadiômetro (aparelho utilizado para aferir estatura);
• balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos;
• oftalmoscópio;
• otoscópio;
• material para punção lombar;
• material para drenagem liquórica em sistema fechado;
• negatoscópio;
• capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos, com reserva
operacional de 1 (um) para cada
• 05 (cinco) leitos;
• materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado;
• aspirador a vácuo portátil;
• capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos (aparelho que monitora o CO2);
• ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos, com reserva ope-
racional de 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipamento de, no
mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
• equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: 01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o
ventilador pulmonar microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de ventilação
não invasiva;
• materiais de interface facial para ventilação pulmonar não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por
leito.
• materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
• material para traqueostomia;
• foco cirúrgico portátil;
• materiais para acesso venoso profundo, incluindo cateterização venosa central de inserção periférica
(PICC);
• material para flebotomia (incisão na veia);
• materiais para monitorização de pressão venosa central;
• materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva;
• materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo transfusão;
• materiais para punção pericárdica;
• eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital;
• kit ("carrinho") contendo medicamentos e materiais (ressuscitador manual com reservatório, cabos e
lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, cânulas de
Guedel e fio guia estéril) para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fra-
ção;
• equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, na unidade;
• equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05

56
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

(cinco) leitos ou fração, sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos;
• materiais para curativos;
• materiais para cateterismo vesical de demora em sistema fechado;
• incubadora para transporte, com suporte para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte
para cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
• equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, cardiosco-
pia) específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
• ventilador pulmonar específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fra-
ção;
• kit ("maleta de transporte") para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medicamen-
tos e materiais (ressuscitador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tubos/cânu-
las endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, cânulas de Guedel e fio guia estéril) para atendi-
mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
• cilindro transportável de oxigênio;
• relógio e calendário de parede;
• poltronas removíveis, com revestimento impermeável, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05
leitos ou fração;
• refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01
(um) por unidade, com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos de 24 horas.

5. EQUIPE DE ENFERMAGEM

Cada profissional da equipe de Enfermagem tem as suas funções dentro da UTI Pediátrica e Neonatal, que
são:

5.1 ENFERMEIRA COORDENADORA

- Participar do planejamento e implantação da UTI.


- Supervisionar e coordenar a equipe de enfermagem.
- Realizar a programação das atividades de enfermagem e avaliá-las.
- Elaborar a escala mensal e anual.
- Gerenciar os recursos humanos da unidade (quantitativa e qualitativamente).
- Reunir com a equipe de enfermagem periodicamente.
- Se comunicar com os outros setores do hospital periodicamente.
- Gerenciar os recursos materiais da unidade.
- Supervisionar a ordem do setor.
- Participar do planejamento de alta para o paciente com toda a equipe.
- Participar da passagem de plantão da equipe de enfermagem.
- Supervisionar o lactário.
- Promover Educação Continuada para a equipe de enfermagem.
- Cumprir e exigir o regulamento do hospital e da enfermagem, e as rotinas e procedimentos da unidade.

5.2 ENFERMEIRA ASSISTENCIAL

- Estabelecer as tarefas diárias da equipe.


- Receber o plantão juntamente com a equipe.
- Planejar e prescrever os cuidados de enfermagem para os pacientes.
- Supervisionar os funcionários na assistência de enfermagem.
- Preparar e administrar sangue e seus derivados e medicamentos com dosagem rigorosa.
- Supervisionar a instalação de equipamentos como ventiladores mecânicos.
- Auxiliar a equipe de enfermagem e médica em procedimentos, como intubação, cateterismo umbilical,
cateterismo central, etc.
- Coordenar e colaborar com a equipe de enfermagem no atendimento da parada cardiorrespiratória.

57
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

- Supervisionar e revisar as prescrições médicas e os relatórios de enfermagem.


- Realizar sondagem gástrica, entérica e vesical, quando necessário.
- Auxiliar a equipe de enfermagem durante a aspiração do tubo endotraqueal e vias aéreas superiores.
- Realizar punções venosas.
- Participar de transporte e transferência de pacientes.
- Manter boa comunicação com a coordenadora de enfermagem acerca dos acontecimentos da unidade.
- Participar da revisão e atualização das rotinas do setor.
- Acolher e manter boa comunicação com os pais do paciente.
- Colaborar com as atividades de educação continuada.
- Participar do parto de recém-nascidos de alto risco.
- Cumprir e exigir o regulamento do hospital e da enfermagem, e as rotinas e procedimentos da unidade.

5.3 TÉCNICOS E AUXILIARES DE ENFERMAGEM

- Receber e passar o plantão atentando para o estado clínico do paciente, intercorrências, oxigenação, nutri-
ção, eliminação, medicamentos em uso, presença ou não de acesso, dentre outros.
- Executar os cuidados gerais de enfermagem, como higiene e alimentação.
- Registrar o estado e alterações do paciente, sinais vitais, eliminações, balanço hídrico, etc.
- Comunicar alterações à enfermeira e/ou médico responsável pelo plantão.
- Administrar e checar os medicamentos de acordo com a prescrição.
- Controlar sondas, cateteres e drenos.
- Realizar cuidados ao paciente intubado.
- Auxiliar na aspiração do tubo e de vias aéreas superiores.
- Preparar o paciente para procedimentos cirúrgicos ou exames.
- Em caso de óbito, preparar o corpo.
- Acompanhar o paciente em caso de transporte ou transferências.
- Permitir que os pais se envolvam e participem dos cuidados ao paciente.
- Orientar os pais desde a admissão até a alta do paciente.
- Colaborar na limpeza e organização do setor.
- Controlar o estoque de material individual do paciente.
- Cumprir o regulamento do hospital e da enfermagem, e as rotinas e procedimentos da unidade.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução - RDC nº07 de 24 de fevereiro de 2010. Dispõe
sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências.
Disponível em: <http://mmintensivecare.webnode.pt/news/ resolu%C3%A7%C3%A3ordc%20n%C2%BA%20
7,%20de%2024%20de%20fevereiro%20de%202010/>.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução - RDC nº50 de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre
o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de esta-
belecimentos assistenciais de saúde. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2002/50_02rdc.
pdf>.

TAMEZ, R.N.; SILVA, M.J.P. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de alto risco. 3.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

58
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 17
O IMPACTO DA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA
..............................................................
Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos

Objetivos
• Identificar os impactos da hospitalização da criança.
• Identificar medidas que podem minimizar os impactos da hospitalização na criança e na família.

Material
• Texto: Impactos da Hospitalização da Criança em UTI e no Hospital Geral – Melissa de Fátima França.

Desenvolvimento
• Ler o texto.
• Compreender sobre as mudanças que ocorrem com a criança no processo de hospitalização.
• Refletir sobre a relação da criança com a sua família e a importância desta relação nos impactos da inter-
nalização na criança.
• A partir das dicas do texto peça que os alunos exponham alguns procedimentos e medidas que possam
ser utilizados pela equipe de enfermagem para minimizar os impactos causados na criança e na família.

Fechamento
• Orientar aos alunos sobre a continuidade do tema na próxima atividade.

TEXTO PARA LEITURA


IMPACTOS DA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA EM UTI
E NO HOSPITAL GERAL
..............................................................
Melissa de Fátima França17

O processo de hospitalização na infância é reconhecido como uma situação de estresse para a criança e a
família. O desenvolvimento da criança, bem como a estrutura familiar, são afetados tanto pela doença e tra-
tamento, como pela ruptura de relacionamentos afetivos e sociais. Essa situação pode ser agravada quando
há necessidade de internação em UTI, devido às preocupações implícitas relacionadas com a gravidade da
doença, invasividade do tratamento e até mesmo a possibilidade de morte.

Segundo Wong e Hockenberry (2006), a criança hospitalizada encontra-se apreensiva, e os tratamentos e
exames a que é submetida são assustadores, gerando grande estresse. A redução da ansiedade e da apreen-
são é essencial nesse momento.

O ambiente da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátrica (UCIP) é totalmente diferente e estranho à criança
e à família, sendo sobrecarregado de fatores que promovem tanto excesso como privação de estimulação
sensorial, capazes de produzir estresse. Esse estresse resulta em complexas respostas fisiológicas e psicológi-
cas. Algumas respostas fisiológicas ao estresse advêm da estimulação hipotalâmica, pituitária e adrenal, com
consequente liberação de hormônios que acarretam aumento do consumo de oxigênio, redução da resposta
imunológica, alterações de coagulação, de frequência cardíaca e respiratória, dentre outros efeitos associa-
dos a possível elevação de taxas de mortalidade em pacientes gravemente enfermos (CARVALHO et al, 2004).

Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva e Enfermagem do Trabalho.


17

59
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

O processo acerca do significado de ter um filho internado na UTI provoca uma ruptura na estrutura familiar
caracterizada pela separação e pelo deslocamento entre os membros desta, já que a criança está na UTI, os
pais no hospital e os outros filhos em casa. Com essa criança internada na UTI, a família depara-se tendo bar-
reiras que a impossibilitam de permanecer com a criança, cuidando e protegendo como sempre o fez. Esta
é a situação a que a família é submetida, com a internação de um filho na UTI (BOUSSO E ANGELO, 2001).

Não se pode ainda deixar de considerar que, no ambiente de UTI, a criança não pode ser vista isoladamente,
mas sim como um binômio: mãe-filho. Assim, neste contexto não é apenas a criança que precisa de cuida-
dos da equipe de saúde, mas também a sua família precisa ser acolhida, informada, apoiada, isto é, cuidada
(MOLINA ET AL, 2007).

De acordo com Carvalho et al (2004), as crianças submetidas à separação de seus pais podem apresentar
como consequências falta de confiança, diminuição da função motora e intelectual, distúrbios de compor-
tamento como também ansiedade, tristeza, apatia, medo do escuro ou dos profissionais de saúde, hipera-
tividade, agressão e distúrbios do padrão do sono. O ambiente estranho da UTI, os equipamentos, o toque
de desconhecidos, a restrição e a dor são fontes de estresse que acarretam a perda de autocontrole nas
crianças.

Um dos fatores que influenciam a carga de estresse imposta pela hospitalização é o nível de controle que as
pessoas percebem que têm. A perda de controle aumenta a percepção da ameaça e pode afetar a capacida-
de de enfrentamento das crianças (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

Dessa forma, o cuidado centrado na família contando com a presença constante da mesma pode minimizar
em muito os efeitos negativos da hospitalização na criança.

Prevenir ou minimizar a separação é uma meta prioritária de enfermagem em relação à criança hospitali-
zada, procurando sempre manter o contato pais-filho. Uma das melhores condutas é incentivar os pais a
permanecerem com a criança e participarem nos cuidados sempre que possível.

Segundo Wong e Hockenberry (2006), as crianças podem reagir ao estresse da hospitalização durante todo
esse processo. Vários fatores de risco tornam determinadas crianças mais vulneráveis do que outras com
relação a esse estresse. São alguns deles: temperamento difícil da criança; - desajuste entre criança e pais;
- idade (especialmente entre 6 meses e 5 anos de idade); - sexo masculino; - inteligência abaixo da média;
- estresses múltiplos e contínuos (hospitalizações frequentes). Os fatores estressantes da hospitalização po-
dem fazer com que crianças pequenas apresentem resultados negativos a curto e longo prazo e, estes resul-
tados adversos, podem estar relacionados à extensão e ao número de hospitalizações, vários procedimentos
(muitas vezes invasivos) e, ansiedade dos pais. Na maioria das vezes, as crianças menores de 7 anos de idade
apresentam regressões, ansiedade extrema pela separação da família, apatia, medos e distúrbios do sono.

A criança hospitalizada encontra-se exposta a diversas situações desagradáveis, que aumentam à medida
que seu estado de saúde se agrava, sendo ainda submetida a vários procedimentos dolorosos, que a tornam
insegura e angustiada.

Os temores em relação a lesões corporais e à dor prevalecem entre as crianças, podendo ter consequências
marcantes até na fase adulta. Durante o processo de cuidar de crianças a equipe médica e de enfermagem
deve considerar as preocupações dessas crianças a respeito do sofrimento físico e suas reações à dor nos
diferentes estágios de desenvolvimento.

É importante também , quando possível , preparar as crianças para a experiência da hospitalização e os
procedimentos relacionados, baseando-se no princípio de que o medo do desconhecido excede o medo do
conhecido. Por isso, reduzir os elementos desconhecidos diminui o medo (WONG E HOCKENBERRY, 2006).

60
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

REFERÊNCIAS

BOUSSO, R.S.; ANGELO, M. Buscando preservar a integridade da unidade familiar: a família vivendo a experi-
ência de ter um filho na UTI. . Rev.Esc. Enf. USP, v. 35, n. 2, p. 172-9, jun. 2001.

CARVALHO, W.B.; SOUZA, N.; SOUZA, R.L. Emergência e Terapia Intensiva Pediátrica. 2 ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004.

MOLINA, R.C.M.; VARELA, P.L.R.; CASTILHO, S.A.; BARCINI, L.O.; MARCON S.S. Presença da família nas Unida-
des de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal: visão da equipe multidisciplinar. Esc Anna Nery Rev. Enferm
2007 set; 11 (3): 437 - 44.

WONG, D.L.; HOCKENBERRY, M.J. (Ed.). Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 1303p.

ATIVIDADE 18
O ACOMPANHANTE DA CRIANÇA HOSPITALIZADA
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Compreender as relações estabelecidas entre a equipe de enfermagem e o acompanhante da criança
hospitalizada e as estratégias utilizadas para minimizar as principais dificuldades.

Material
• Sugestão:
• Artigo “A relação entre a equipe de enfermagem e o acompanhante da criança hospitalizada: facilidades
e dificuldades”, de Maria de Fátima Soares e Lucila Coca Leventhal. Publicado na Ciência, Cuidado & Saú-
de, Jul/Set; 7(3):327-332, 2008. Acesso em 24 agosto 2012.
• Artigo “A assistência prestada ao acompanhante de crianças hospitalizadas em uma unidade de interna-
ção infantil: a opinião do acompanhante, contribuindo para a assistência de enfermagem. Publicado em
Revista da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras. V 9, n. 1, 2009. Disponível em: <http://www.
sobep.org.br/revista/images/stories/pdf-revista/vol9-n1/v.9_n.1-art2.pesq-a-assistencia-prestada-ao-
-aompanhante-de-criancas.pdf>. Acesso em 24 agosto 2012.

Desenvolvimento
• Solicitar que os alunos reflitam e respondam sobre as questões a seguir:
• Quais são as dificuldades e facilidades enfrentadas pela equipe de enfermagem na relação com o
acompanhante da criança hospitalizada?
• Quais fatores do ambiente hospitalar e das ações de trabalho do técnico de enfermagem podem con-
tribuir para que hajam essas dificuldades?
• Solicitar que 5 alunos coloquem suas respostas para toda a turma.
• Fazer uma exposição dialogada do tema através dos textos sugeridos.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas.

61
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 19
JÚRI SIMULADO
..............................................................
Tempo estimado: 3 horas

Objetivos
• Refletir sobre a importância do acompanhante durante a internação através de justificativas, argumenta-
ções e experiências de trabalho.
• Desenvolver a capacidade de argumentação, síntese e ordenação do pensamento.

Material
• Nenhum.

Desenvolvimento
• O docente será o juiz e deverá escolher os componentes do corpo de jurados.
• Dividir a turma em 2 grupos.
• Um grupo deverá defender a permanência do acompanhante da criança durante a internação e o outro
deverá defender que as crianças não deverão ter acompanhante durante o período de internação.
• Cada grupo terá 30 minutos para elaborar sua defesa e depois mais 30 minutos para expor seus funda-
mentos e colocar suas considerações.
• Pedir que o corpo de jurados dê sua opinião final sobre o tema.
• O docente deverá concluir o trabalho, sistematizando as ideias discutidas.

Fechamento
• Dar continuidade aos estudos.

ATIVIDADE 20
A ADMISSÃO DA CRIANÇA NA TERAPIA INTENSIVA
..............................................................
Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos

Objetivos
• Identificar os critérios utilizados para admissão da criança na terapia intensiva.
• Compreender as intervenções de enfermagem na admissão da criança na unidade de terapia intensiva.

Material
• Texto: Admissão da criança em UTI - Bruna Figueiredo Manzo e Débora Lara Couto.

Desenvolvimento
• Fazer a leitura do texto.
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

Fechamento
• Sistematizar o tema.

62
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


ADMISSÃO DA CRIANÇA EM UTI
..............................................................
Bruna Figueiredo Manzo18
Débora Lara Couto19

Na admissão de uma criança ou recém-nascido em uma Unidade de Terapia Intensiva o trabalho em equipe
é fundamental, pois é necessário realizar muitas intervenções ao mesmo tempo e priorizar os cuidados para
manter a estabilidade do paciente.

Cada Unidade de Terapia Intensiva deve ter suas próprias normas de admissão e alta, de acordo com o perfil
da população atendida, e com as condições do serviço. Porém, alguns dos critérios gerais para a admissão da
criança em UTI são:
- Doença pulmonar ou de via aérea grave.
- Doença cardiovascular grave ou instabilidade hemodinâmica.
- Doença neurológica instável.
- Doença hematológica ou oncológica instáveis, ou com sangramento intenso.
- Doença endócrina ou metabólica instável.
- Doença gastrintestinal instável.
- Doença renal instável.
- Pós-operatório que requer monitorização contínua, cuidados de enfermagem intensos, ou potencial para
intervenções de urgência.
- Doença multissistêmica instável.
- Risco potencial de morte em todos os casos citados acima.

Alguns dos critérios gerais para admissão de um recém-nascido na UTI são:


- RN com < 34 semanas de gestação.
- RN com peso < 1.800g.
- Mãe apresentou sangramento no 3o trimestre da gestação.
- Anomalias congênitas.
- Infecções.
- Retardo no crescimento intrauterino.
- Alterações de glicemia.
- Rh da mãe incompatível com o do feto.
- Convulsões.
- Mãe com uso de drogas (cocaína, heroína, etc).
- Problemas respiratórios que necessitem de oxigenoterapia ou ventilação artificial ou ambas.
- Arritmias cardíacas.
- Apgar (teste realizado ao nascimento) < 5 no 5o minuto.

1. MATERIAIS

Sobre os materiais, estes deverão estar sempre disponíveis para o uso e, devidamente, testados. Ressalta-se
que a montagem de leito é responsabilidade da equipe de enfermagem.

Os materiais são:

• Berço de calor radiante ou incubadora, previamente aquecidos, para recém-nascidos e berço de grade
para crianças.
• Balança.
Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Professora da PUC Minas.
18

19
Enfermeira.

63
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

• Fita métrica.
• Material para coleta de sangue e punção venosa.
• Glicosímetro.
• Estetoscópio.
• Termômetro.
• Material para cateterismo umbilical.
• Vitamina K (Kanakion) e eritromicina oftálmica (Credê).
• Fonte de oxigênio com fluxômetro e umidificador.
• Equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável (AMBU) conectado no fluxômetro
através de látex.
• Fonte de aspiração (vácuo).
• Ventilador mecânico conectado nas fontes de gases/ HOOD/ CPAP nasal e circuitos.
• Oxímetro de pulso e sensor.
• Material de intubação endotraqueal (máscara, gorro, luva estéril, laringoscópio funcionante, lâminas,
tubos de variados calibres, sedativos e analgésicos).
• Monitor cardíaco, cabo de monitorização cardíaca e eletrodos.
• Esfigmomanômetro (aparelho de aferir pressão arterial não invasiva) com manguito adequado para o
peso e tamanho do RN e da criança (Pequeno para RN < 1500g / Médio para RN entre 1500 – 2500g /
Grande para RN > 2500g).
• Bomba de infusão (de gotejamento e de seringa).

2. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NA ADMISSÃO

- Se possível, pesar o RN logo após admissão, para realização de cálculos de hidratação venosa, aporte hídri-
co, etc.
- Colocar o RN / criança no berço aquecido, incubadora ou berço de grade para manter o ambiente térmico
estável e prevenir hipotermia.
- Avaliar as condições gerais e priorizar a assistência aos sistemas respiratório e cardíaco afim de manter a
criança estável hemodinamicamente e preveni-la de hipóxia.
- Avaliar o padrão respiratório e administrar oxigênio, se necessário.
- Instalar o monitor cardíaco para avaliação do padrão cardíaco.
- Se possível, realizar medidas antropométricas (estatura, perímetro cefálico, perímetro torácico e perímetro
abdominal) para avaliação do crescimento durante a internação.
- Aferir os sinais vitais (Tax, FR, FC, PA) afim de avaliar o sistema cardiorrespiratório.
- Auxiliar na inserção de cateter umbilical, ou providenciar um acesso venoso periférico, para a administração
de fluidos e medicamentos.
- Colher ou auxiliar a coleta de sangue para exames laboratoriais.
- Aferir glicemia capilar.
- Organizar o leito e manter o paciente organizado com uso de coxins e bem posicionado para favorecer seu
desenvolvimento neuro-motor.
- Após estabilização e quando o paciente estiver em repouso, realizar o exame físico.
- Administrar medicamentos de acordo com a prescrição médica.
- Registrar todos os procedimentos realizados.
- Realizar balanço hídrico.

Obs.: É muito importante que os pais vejam a criança assim que possível. Na primeira visita, a equipe de
enfermagem deve explicar todas as rotinas do setor, o procedimento de higienização das mãos, os procedi-
mentos realizados durante a admissão, e os equipamentos e materiais utilizados pela criança no leito. Além
disso, é importante que os pais saibam o porquê da internação do filho em uma unidade de terapia intensiva.
Dessa forma, eles se sentem tranquilos e acolhidos pela equipe nesse momento difícil.

64
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

REFERÊNCIAS

SÁ, F.R.N.; TROSTER, E.J. Critérios de Internação e Alta em Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas. In: JYN,
J.H.; NÓBREGA, R.F.; SOUZA, R.L. Atualizações em Terapia Intensiva Pediátrica. São Paulo: Atheneu, 2007.
cap. 4, p. 37-42.

TAMEZ, R.N.; SILVA, M.J.P. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de alto risco. 3.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

ATIVIDADE 21
OS AGRAVOS À SAÚDE DA CRIANÇA NA TERAPIA
INTENSIVA
..............................................................
Tempo estimado: 4 horas

Objetivo
• Identificar os principais agravos à saúde da criança que podem necessitar de atendimento na terapia
intensiva e os cuidados de enfermagem em cada situação clínica.

Material
• Texto: Principais agravos à saúde da criança em UTI – Cuidados de Enfermagem - Bruna Figueiredo Manzo
e Débora Lara Couto.
• Sugestão: Slides; figuras.

Desenvolvimento
• Dividir a turma em 8 grupos.
• Cada grupo deverá ficar responsável por apresentar em plenária o conceito e os cuidados de enferma-
gem dos principais agravos a seguir:
• Enterocolite necrosante.
• Síndrome do desconforto respiratório (sdr).
• Taquipneia transitória do recém-nascido (ttrn).
• Displasia broncopulmonar (dbp).
• Hemorragia intracraniana.
• Bronquite e bronquiolite.
• Pneumonia
• Insuficiência respiratória.
• Fazer considerações pertinentes durante as apresentações acrescentando conhecimentos importantes
sobre os temas.
• Fazer uma exposição sobre os cuidados com os cateteres venosos em unidade de terapia intensiva.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas.

65
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


PRINCIPAIS AGRAVOS À SAÚDE DA CRIANÇA EM UTI –
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
..............................................................
Bruna Figueiredo Manzo20
Débora Lara Couto21

1. ENTEROCOLITE NECROSANTE

Consiste em uma doença inflamatória gastrintestinal aguda resultante de lesão hipóxica do intestino, poden-
do ser reversível em fase inicial, ou desencadear necrose e perfuração intestinal.

Pode ocorrer devido a prematuridade (principalmente em RN < 1.500g), síndrome hipóxico-isquêmica peri-
natal, hipotermia, presença de cateter umbilical, insuficiência respiratória aguda, dieta com fórmula láctea
exclusiva, etc.

Os principais sintomas da Enterocolite Necrosante são: instabilidade térmica; apneia; letargia; aumento do
resíduo gástrico; distensão abdominal; pele abdominal hiperemiada, azulada ou acinzentada; dor à palpa-
ção; perfusão periférica alterada; intolerância de dieta e vômitos. Peritonite, ascite, distensão abdominal
maciça, alças intestinais dilatadas e instabilidade hemodinâmica são manifestações do estágio mais avança-
do da doença.

Para que não ocorram necrose e perfuração intestinal e para que seja possível a realização do tratamento,
é necessária muita atenção à manifestação precoce dos sinais e sintomas da doença. O recém-nascido é
mantido em jejum por duas semanas, com sonda gástrica aberta, sendo necessária então, a utilização de nu-
trição parenteral por via endovenosa. Além disso, é iniciado antibioticoterapia e deve-se medir o perímetro
abdominal frequentemente. Caso ocorra perfuração intestinal, o recém-nascido é submetido a uma cirurgia,
na qual a área necrosada é retirada e é instalada uma colostomia temporária.

1.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de Enfermagem com o recém-nascido acometido por Enterocolite Necrosante são:


- Aferir os sinais vitais.
- Manter sonda orogástrica aberta.
- Anotar volume de resíduo gástrico, aspecto e coloração.
- Fazer balanço hídrico ao final de cada plantão.
- Observar sinais de desidratação.
- Observar presença de letargia, hipoatividade, instabilidade térmica, apneia, bradicardia, ou algum outro
sintoma já citado.
- Manter acesso venoso para a infusão de nutrição parenteral, soroterapia, e antibioticoterapia.
- Administrar antibióticos de acordo com a prescrição médica e observar a presença de efeitos colaterais.
- Observar dor à palpação abdominal.

2. SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (SDR)

Conhecida também como Doença da Membrana Hialina (DMH), a Síndrome do Desconforto Respiratório
(SDR) ocorre mais comumente em recém-nascidos pré-termo, devido à deficiência de surfactante pulmonar
(substância que tem a função de diminuir a tensão superficial dos alvéolos e evitar o seu colabamento duran-
te a expiração), levando a estresse respiratório e aumento da necessidade de oxigênio.

Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Professora da PUC Minas.
20

Enfermeira.
21

66
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

A SDR ocorre mais em prematuros < 32 semanas, com peso inferior a 1500g, cujos pulmões estão imaturos.

Dessa forma ocorre oxigenação ineficiente, o que resulta em hipoxemia, acidose metabólica e falência respi-
ratória (HONRUBIA; STARK apud CAMARGO; PAIVA, 2009, p.65).

Os principais sinais e sintomas da DMH são: taquipneia; batimento de aleta nasal; retrações e tiragens es-
ternais, intercostais e subdiafragmática; gemido; cianose; aumento da necessidade de oxigênio; apneia se-
cundária à hipoxemia e à insuficiência respiratória. Essas manifestações iniciam nas primeiras horas após o
nascimento e se não for tratada, piora progressivamente.

O tratamento consiste em reduzir a hipoxemia por meio da ventilação mecânica; manter a hidratação, o
equilíbrio hidroeletrolítico e metabólico; evitar alterações de temperatura; fazer restrição hídrica; estabilizar
as funções cardiopulmonares; ofertar aporte calórico adequado; e administrar surfactante exógeno.

2.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de Enfermagem com o recém-nascido acometido por DMH são:


- Aferir os sinais vitais, atentando principalmente para a frequência respiratória e saturação de oxigênio.
- Manter o RN na incubadora para controle térmico.
- Observar padrão respiratório (presença de retrações e tiragens, batimento de aleta nasal, etc).
- Promover cuidados com o dispositivo respiratório em uso.
- Atentar para o posicionamento correto do recém-nascido, para que não haja flexão ou extensão de pescoço
e consequente obstrução de vias aéreas.
- Realizar e controlar balanço hídrico.
- Atentar para perfusão periférica e cianose.
- Manter acesso venoso para administração de medicamentos.
- Auxiliar o médico ou fisioterapeuta na administração de surfactante.
- Após a administração do surfactante, manipular minimamente o recém-nascido para que sua absorção seja
eficaz bilateralmente e não aspirar o RN dentro das primeiras 6hs.

3. TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RECÉM-NASCIDO (TTRN)

Também conhecida como Síndrome do Pulmão Úmido, a TTRN é mais comum em recém-nascidos a termo
ou próximos do termo, e consiste de um retardo na absorção do líquido pulmonar fetal. Normalmente, ao
nascer o recém-nascido elimina o líquido pulmonar circulante na vida fetal quando entra ar nos pulmões.

Quando esse líquido não é totalmente eliminado dos pulmões, causam alterações respiratórias, manifesta-
das por: taquipneia, gemidos expiratórios, cianose, retrações intercostais mínimas ou ausentes e batimento
de aletas nasais. Em geral, o processo se resolve em 12 a 72 horas.

3.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de Enfermagem com o recém-nascido acometido por TTRN são:


- Manter monitorização cardiorrespiratória.
- Aferir sinais vitais.
- Observar padrão respiratório e presença dos sinais e sintomas descritos no item 3.
- Promover cuidados com o dispositivo respiratório em uso.
- Evitar alterações de temperatura, para diminuir o consumo de oxigênio.

4. DISPLASIA BRONCOPULMONAR (DBP)

Processo crônico que acomete os pulmões dos recém-nascidos submetidos a ventilação mecânica prolon-
gada, quando esta oferece altas concentrações de oxigênio e altas pressões, o que causa lesão do tecido

67
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

pulmonar.

A DBP manifesta-se por: taquipneia; desconforto respiratório crônico; retrações intercostais e esternais de
moderadas a graves; crepitação contínua à ausculta pulmonar; acidose respiratória; cianose (principalmente,
ao esforço ou durante o choro) e irritabilidade.

O tratamento consiste na prevenção do dano pulmonar, através da utilização de baixas concentrações de oxi-
gênio e pressão; desmame gradual da ventilação mecânica; administração de diuréticos, broncodilatadores
e corticóides (para o edema pulmonar); manutenção da oxigenação; restrição hídrica e nutrição adequada.

4.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de Enfermagem com o recém-nascido acometido por BDP são:


- Aferir sinais vitais e atentar principalmente para a frequência respiratória e saturação de oxigênio.
- Observar padrão respiratório e presença dos sinais e sintomas descritos no item 4.
- Promover cuidados com o dispositivo respiratório em uso.
- Atentar para o posicionamento correto do recém-nascido, para que não haja flexão ou extensão de pescoço
e consequente obstrução de vias aéreas.
- Manter acesso venoso para a administração dos medicamentos.
- Administrar medicamentos, conforme prescrição médica.
- Realizar e controlar balanço hídrico.

5. HEMORRAGIA INTRACRANIANA

Normalmente relacionada a ruptura de capilares, a hemorragia intracraniana ocorre mais frequentemente


nos recém-nascidos pré-termo < 32 semanas de idade gestacional devido a fragilidade das paredes dos capi-
lares, a dificuldade na autorregulação dos capilares, oscilação de pressão arterial e distúrbios de coagulação.
A gravidade é classificada de acordo com a extensão e localização da hemorragia, podendo variar entre Grau
I e Grau IV, da mais leve a mais grave, respectivamente.

As manifestações clínicas são variáveis: crises convulsivas; abaulamento de fontanelas; coma; bradicardia;
hipotensão; apneia e outros distúrbios respiratórios; queda de saturação; instabilidade térmica; alterações
de glicemia; hipotonia; dificuldade de sucção e deglutição. O prognóstico varia de acordo com a gravidade
da hemorragia, podendo levar a sequelas neurológicas, como: falta de habilidade para caminhar, sentar, al-
terações na capacidade de aprendizagem, entre outras.

5.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de Enfermagem com o recém-nascido acometido por hemorragia intracraniana são:


- Aferir os sinais vitais, atentando principalmente para a pressão arterial.
- Evitar alterações de temperatura.
- Observar e anotar padrão respiratório.
- Promover cuidados com o dispositivo respiratório em uso.
- Realizar manipulação mínima com o recém-nascido, agrupando os cuidados e procedimentos.
- Monitorar glicemia.
- Observar, comunicar e anotar a ocorrência de crises convulsivas.
- Manter acesso venoso.
- Administrar medicamentos lentamente para evitar oscilação súbita de pressão.
- Reduzir os fatores que provoquem estresse, como ruído, iluminação, dor, etc.
- Monitorar e prevenir pneumotórax (a compressão altera a contratilidade do coração).
- Manter posicionamento lateral ou dorsal, com cabeceira elevada a 30º e cabeça em linha média, para fa-
vorecer um fluxo sanguíneo cerebral homogêneo.
- Medir perímetro cefálico diariamente.

68
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

6. BRONQUITE E BRONQUIOLITE

A bronquite consiste na inflamação das grandes vias aéreas, tendo como causa primária os agentes virais. As
manifestações incluem tosse seca e improdutiva, e com a progressão da doença surge a respiração ruidosa,
dor torácica, falta de ar, náuseas, vômito e febre.

Já a bronquiolite é uma infecção viral aguda dos bronquíolos (é comum o vírus sincicial respiratório como
agente) que ocorre principalmente no inverno, em crianças menores de 2 anos de idade. A transmissão se dá
pelo contato direto, e as manifestações incluem: infecção leve do trato respiratório superior com corrimento
nasal seroso, espirros, mucosa do bronquíolo edemaciada com exsudato, obstrução das vias aéreas, faringi-
te, tosse, sibilos, ronco, febre, aumento da frequência respiratória, esforço respiratório (retrações e tiragens),
cianose, agitação, irritabilidade, troca de ar ineficaz, batimento de aleta nasal. Com a evolução, pode levar a
apneia, apatia e trocas gasosas inadequadas. O tratamento consiste na ingestão hídrica adequada, umidifi-
cação do ambiente e repouso, e se for necessário o uso de oxigenoterapia e terapia intravenosa, é indicado
a hospitalização da criança.

6.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de enfermagem com crianças acometidas por bronquites ou bronquiolites são:


- Colocá-la em quarto separado e tomar medidas de controle de infecção e precaução com esse paciente.
- Verificação dos sinais vitais com frequência.
- Manter cabeceira elevada.
- Manter vias aéreas pérvias através de fluidificação de secreções.
- Aspirar as vias aéreas quando necessário (presença de secreção).
- Administrar oxigenoterapia e controlar o fluxo.
- Manter permeabilidade de acesso venoso.
- Caso a ingestão oral esteja suspensa na fase aguda, manter cuidados com sonda gástrica.

7. PNEUMONIA

É a inflamação do tecido pulmonar, que dificulta as trocas gasosas, podendo ser uma doença primária ou
uma complicação de outra doença. Como fatores de risco que aumentam as chances da criança adquirir
pneumonia pode-se citar: idade (predomina o período até 6 meses de vida), sistema imunológico, situação
econômica precária, poluição ambiental, pais fumantes, baixo peso ao nascer, desnutrição, entre outros.

As pneumonias são classificadas de acordo com a forma clínica e com o agente etiológico:
- Pneumonia viral: mais frequente do que a bacteriana, tem manifestações clínicas variáveis, podendo apre-
sentar-se febre, tosse, aumento da frequência respiratória com esforço, batimento de aleta nasal, cianose,
indisposição, presença de ruídos respiratórios.
- Pneumonia atípica: apresenta febre, calafrios, cefaleia, indisposição, faringite, tosse seca, etc. Não é co-
mum a necessidade de hospitalização.
- Pneumonia bacteriana: geralmente aparece após uma infecção viral, podendo manifestar com febre, in-
disposição, respiração rápida e superficial, tosse e dor torácica, batimento de aleta nasal, cianose, palidez,
dificuldade respiratória, etc.
- Pneumonia aspirativa: causada por aspiração de líquido (vômito, secreção nasofaríngea) ou de alimento.
Daí a importância da prevenção de aspiração com técnicas de alimentação adequadas e posicionamento da
criança durante e após a alimentação.

7.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de enfermagem com crianças acometidas por pneumonias incluem:


- Avaliação respiratória (frequência, padrão, expansibilidade, presença de esforço, etc).

69
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

- Administração de oxigênio e de antibióticos, conforme prescrição médica.


- Verificação dos sinais vitais com frequência.
- Isolar a criança, se necessário.
- Manter acesso venoso pérvio e cuidados com terapia intravenosa.
- Atentar para a umidificação e aquecimento do oxigênio fornecido para a criança.
- Manter cabeceira elevada.
- Controlar a febre com medidas de conforto e uso de medicamentos (quando prescritos).
- Prevenir aspiração de líquidos e alimentos.

8. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

A insuficiência respiratória consiste na incapacidade de o aparelho respiratório manter a oxigenação ade-


quada do sangue com ou sem retenção de dióxido de carbono (CO2). Pode surgir como consequência de
obstrução aguda de via aérea ou de parada cardíaca, ou pode ocorrer a partir de deterioração progressiva da
função respiratória. As principais manifestações clínicas são: aumento da frequência respiratória e cardíaca,
inquietude, alteração do padrão respiratório (cianose, tiragem intercostal, gemido, dificuldade respiratória,
apneia, batimento de aleta nasal, respiração ruidosa), ansiedade, confusão, prostração, sonolência e coma.
As intervenções para a insuficiência respiratória devem ser rápidas e consistem em ventilação artificial e
ressuscitação cardiopulmonar.

8.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Além dos cuidados gerais relacionados às doenças respiratórias, a enfermagem deve:


- Avaliar frequentemente o padrão respiratório.
- Assistir adequadamente a parada cardiorrespiratória, caso ocorra.
- Monitorar continuamente a oximetria.
- Manter cuidados com a oxigenoterapia oferecida.
- Manter equipamentos de ventilação artificial testados e disponíveis de fácil acesso, assim como as medica-
ções de urgência.

9. CATETER VENOSO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Durante a internação da criança/ recém-nascido na Unidade de Terapia Intensiva, é comum a necessidade


do uso de cateteres venosos periféricos e centrais para a infusão de drogas, soroterapia e nutrição parente-
ral, afim de facilitar o tratamento. Os principais cateteres centrais utilizados são: Cateter Venoso Central de
Inserção Periférica (PICC) e Cateter Venoso Umbilical.

O Cateter Venoso Central de Inserção Periférica (PICC) é inserido por médico ou enfermeiro capacitado, e é
indicado para pacientes com difícil acesso venoso periférico; para aqueles que necessitam de jejum prolon-
gado; antibioticoterapia prolongada; nutrição parenteral total; e o uso de algumas drogas.

Algumas das complicações são: flebite; infecção; rompimento do cateter; saída acidental do cateter; des-
locamento da ponta do cateter, podendo causar arritmias cardíacas, rompimento do pericárdio (camada
protetora do coração); infiltração e extravasamento.

Os cuidados de enfermagem com o PICC incluem:


- Lavar rigorosamente as mãos.
- Usar luvas ao manusear o cateter.
- Infundir soro fisiológico às trocas do equipo, antes e após administrar medicações pelo PICC.
- Fazer a antissepsia das conexões utilizando álcool a 70%.
- Somente utilizar seringas de 10 ml ou mais para infusão no cateter, pois seringas de menor volume provo-
cam maior pressão, podendo ocasionar a ruptura do cateter.
- Observar e comunicar ao enfermeiro sinais de complicações (hiperemia, edema, sangramento, secreção,

70
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

dor, calor, etc).


- Não infundir sangue, pois devido ao menor calibre, o cateter poderá obstruir.
- Não realizar coleta de sangue pelo PICC, devido ao risco de obstrução.
- Manter infusão contínua pelo cateter.
- Se houver necessidade de interromper por um período a infusão contínua, salinizar ou heparinizar o PICC
(de acordo com a rotina).
- Não aferir a pressão arterial no membro em que foi inserido o cateter.
- Atentar para dobras na extensão do cateter.

O cateter umbilical é inserido pelo médico normalmente em uma veia umbilical, é de fácil e rápido acesso e é
indicado para os recém-nascidos que necessitam de infusão de soluções de emergência; indicação de exsan-
guíneotransfusão; e monitorização da pressão venosa central. Podem ocorrer algumas complicações, como:
vasoespasmo (caracteriza-se por palidez intensa); trombose em membros inferiores; hemorragia; infecção;
enterocolite necrosante; danos hepáticos; arritmias cardíacas, etc.

O cateter umbilical deve ser removido o mais rápido possível, e os cuidados de enfermagem, além dos cuida-
dos similares ao PICC, incluem:
- Realizar fixação do cateter do tipo ponte ou bailarina após sua inserção.
- Durante a permanência do cateter, observar presença de distensão abdominal, sinais de inflamação no coto
umbilical (hiperemia, dor, calor, secreção, edema), permeabilidade do cateter e presença de sangramento.
- Observar perfusão de membros inferiores.

REFERÊNCIAS

CAMARGO, P.P.; PAIVA, E.D. Cuidados ao recém-nascido pré-termo. In: KIMURA, A.F.; BUENO, M.; BELLI,
M.A.J. (Org.). Manual de Assistência em Enfermagem Neonatal. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.p. 58-72.

COLLET, N.; OLIVEIRA, B.R.G. Manual de Enfermagem em Pediatria. Goiânia: AB, 2002.

COSTA, P.; CAMARGO, P.P. Terapias de suporte respiratório. In: KIMURA, A.F.; BUENO, M.; BELLI, M.J. (Org.).
Manual de Assistência em Enfermagem Neonatal. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.p. 152-161.

OLIVEIRA, A.A.S.; COSTA, P. Doenças do Sistema Respiratório. In: KIMURA, A.F.; BUENO, M.; BELLI, M.A.J.
(Org.). Manual de Assistência em Enfermagem Neonatal. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.p. 82-88.

TROSTER, E.J.; TOMA, E. Insuficiência Respiratória. In: LEONE, C.R.; TRONCHIN, D.M.R. Assistência Integrada
ao Recém-Nascido. São Paulo: Atheneu, 2001.p.151-170.

71
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 22
O ACESSO VENOSO NO RECÉM-NASCIDO
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Identificar os principais acessos venosos periféricos disponíveis no recém-nascido.
• Montar circuito para infusão endovenosa.

Material
• Manequim simulador anatômico avançado de acesso venoso no recém-nascido.

Desenvolvimento
• O docente deverá no Laboratório de Habilidades Multiprofissionais utilizar o Manequim simulador ana-
tômico avançado de acesso venoso no recém-nascido.
• Abordar os locais anatômicos para punção venosa no recém-nascido, como veia cefálica, veia basílica,
veia safena.
• Demonstrar a técnica de punção venosa e montar um circuito de infusão no manequim.
• Mostrar para os alunos o cordão umbilical com suas estruturas.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas.

ATIVIDADE 23
A HIGIENE DO RECÉM-NASCIDO EM TERAPIA
INTENSIVA
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Compreender os cuidados de enfermagem durante o banho do recém-nascido internado em UTI neona-
tal.
• Compreender como deve ser feita a higienização do coto umbilical.

Material
• Sugestão: aula prática com materiais e manequins.
• Texto: Higiene do RN em UTI neonatal.

Desenvolvimento
• Fazer a leitura do texto refletindo sobre a importância do cuidado durante o banho.
• Identificar os passos para o banho de recém-nascidos prematuros.
• Promover uma atividade prática com a turma utilizando manequins e materiais para simular as técnicas
do banho no recém-nascido.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

72
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


HIGIENE DO RN EM UTI NEONATAL22
..............................................................

O banho nos bebês tem sido descrito como algo prazeroso, pois lembra o ambiente líquido e quente carac-
terístico do útero materno (BRASIL, 2002). O banho é um excelente momento para a enfermagem observar o
comportamento do neonato, como irritabilidade, estado ao acordar, vigília e atividade muscular.

Caracteriza-se por um nível alto de manipulação do bebê. Essas manipulações podem produzir diversas re-
ações no recém-nascido. Trata-se de uma situação que propicia uma série de trocas e ajustes entre o adulto
e a criança e, portanto, potencialmente reveladora das características da reação do recém-nascido aos tipos
de manipulações e da adequação do procedimento.

Embora muitas vezes visto como simples rotina nos cuidados ao recém-nascido, o banho pode contribuir
com seu estado de saúde, mas, quando feito de maneira incorreta, proporciona mais mal do que bem ao
bebê. Algumas alterações detectadas nesse procedimento que nos confirmam esse fato são a ocorrência de
hipotermia, aumento do choro, diminuição do consumo de oxigênio e desestabilização dos sinais vitais. Pode
ainda causar excessiva irritação da pele e trauma se não feito delicadamente e se o sabão usado não for su-
ficientemente suave (DARMSTADT, DINILOS, 2000).

O banho logo após o nascimento tem a finalidade de remover secreções maternas, como a maior parte dos
resíduos de sangue, e reduzir a colonização microbiana (PETIT, 2003).

O recém-nascido em estado crítico deve receber somente higiene na região das fraldas ou áreas sujas utili-
zando-se água destilada estéril e morna. Sabonetes de glicerina podem ser aplicados em regiões de sujidade
aparente. Banho completo será realizado somente após a primeira semana de vida (MANUAL DE NEONATO-
LOGIA, 2001).

Estudos propõem que nos recém-nascidos submetidos à ventilação mecânica ou na vigência de desconforto
respiratório e naqueles com peso inferior a 1.000 gramas, o banho seja dado somente uma vez por semana
utilizando-se apenas bolas de algodão embebido em água morna e sabão.

Lactentes pré-termos menores de 32 semanas de gestação devem tomar banho durante a primeira semana
de vida somente com água morna. Como o recém-nascido prematuro com idade gestacional inferior a 32
semanas tem a barreira epidérmica comprometida, o banho pode alterar a flora da sua pele, sendo então
indicado utilização de água esterilizada morna. Se esses bebês apresentarem lesões visíveis na pele, água
morna estéril é também indicada (ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ESTUDOS E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITA-
LAR, 2001).

Veja a seguir os passos recomendados para o banho no prematuro segundo as Normas de atenção humani-
zada ao recém-nascido de baixo peso: Método Canguru (BRASIL, 2009).

• Respeitar o estado comportamental do bebê: caso esteja em sono profundo (dura cerca de 20 minutos), se
estiver protestando ou chorando, consolá-lo completamente antes da realização do procedimento.
• Falar antes de tocar o bebê. Sempre que possível, solicitar o auxílio da mãe para o procedimento.
• Remover a fralda, retirar o excesso de fezes com algodão úmido, fazer higiene perineal. Com ajuda de uma
fralda de pano ou de toalha-fralda, proceder ao enrolamento do bebê, proporcionando segurança. Posicio-
22
Curso de Especialização profissional de nível técnico em enfermagem – livro do aluno: neonatalogia de risco / coordenação técnica pedagógica Emilia Emi Kawa-
moto...[et al]. São Paulo: FUNDAP, 2011. 251 p.

73
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

nar o recém-nascido na bacia com água morna de modo que seu corpo fique submerso até o pescoço, em
ambiente fechado, evitando as perdas de calor por convecção.
• Iniciar o banho pelo rosto, sem sabão: limpar os olhos utilizando uma bola de algodão para cada olho,
limpar narinas e orelhas, quando necessário, com fusos de algodão.
• Ensaboar o pescoço, membros superiores, tórax anterior, costas e membros inferiores sucessivamente,
lembrando-se de ir retirando o enrolamento com pano aos poucos.
• Retirar o sabonete.
• Ensaboar a região genital, removendo o sabão com algodão.
• Retirar o recém-nascido da bacia, enrolando-o em toalha ou pano macio, secando a pele com movimentos
compressivos e suaves, sem friccioná-la, e colocá-lo em contato pele a pele, em posição canguru.
• Quando em leito aquecido, retirar a roupa suja e limpar o colchonete com água e sabão.
• Forrar com o lençol, esticando-o bem para não formar dobras.
• Realizar o curativo umbilical conforme a técnica.
• Colocar o recém-nascido em posição confortável, com auxílio de coxins e rolos.
• Recolher os materiais utilizados e despejar no lixo.
• Fazer limpeza corretamente do leito.
• Lavar as mãos.

O vérnix excessivo pode ser removido no banho, mas, no geral, é melhor deixá-lo na pele, pois age como
uma barreira mecânica, protegendo contra traumas, hipotermia, infecção. Permite a hidratação do estrato
córneo, diminui a perda de água e de calor por evaporação. Se deixá-lo, usar luvas para manusear o bebê
(ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ESTUDOS E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR, 2001).

Quanto ao coto umbilical, o manuseio e a limpeza devem ser realizados com muito cuidado, pois o acesso
de bactérias ao sistema circulatório em neonatos com infecção no coto umbilical é de alto risco para uma
infecção sistêmica.

A higiene do coto reduz a colonização e infecção umbilical, o tétano e a sepse neonatal. O antisséptico mais
efetivo a ser aplicado no coto umbilical é o álcool a 70%. Para evitar a infecção, é necessária a limpeza ade-
quada do coto com cotonete embebido em álcool a 70%, com movimento circular no local da inserção do
coto na pele, em sentido único. Tal procedimento deve ser repetido, trocando-se o cotonete até que saia
limpo.

A higiene do coto umbilical deve ser realizada após o banho e nas trocas de fraldas. A área do coto deve
ser mantida limpa e seca, a fralda deve ser posicionada pouco abaixo do umbigo para evitar a umidade da
urina. O uso de faixas, moedas, sulfas e de outras substâncias não é recomendado, pois aumenta o risco de
infecção. Recomendações como manter a fralda dobrada fora da área do coto umbilical e evitar o contato
desse com emolientes, também são encontradas. Aliado a esse cuidado, a preocupação na educação dos
74
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

pais e familiares quanto ao mecanismo fisiológico da cicatrização do coto e quanto à limpeza do coto é muito
importante (LUND et al, 1999).

É fundamental a descontaminação da pele antes de procedimentos invasivos, como o acesso vascular, pois
a colonização da pele é importante fator de risco para infecção sistêmica. Sendo assim, o chorexidine é visto
com um amplo espectro de antissepsia da pele (HAHN, 2005).

Para coleta de exames laboratoriais, a punção arterial é prática diária nos serviços de terapia intensiva. A
preparação da pele com álcool 70% deve ser realizada de maneira cuidadosa, evitando utilizar o algodão
encharcado, não utilizando-o em excesso, removendo-o após, com água estéril, pois é altamente absorvido
e potencialmente tóxico (HAHN, 2005).

ATIVIDADE 24
A PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM PEDIATRIA
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Relembrar o conceito de reanimação cardiopulmonar.
• Identificar os sinais que podem levar a uma bradicardia e que devem ser observados pela equipe de en-
fermagem.

Material
• Papel A4 e pincel para quadro branco.
• Texto: Parada cardiorrespiratória em pediatria - Allana dos Reis Corrêa, Bruna Figueiredo Manzo e Danie-
la Aparecida Morais.

Desenvolvimento
• Solicitar que os alunos reflitam, respondam e registram as seguintes questões:
• O que caracteriza a parada cardiopulmonar (PCR)?
• Na ocorrência de uma PCR em pediatria, quais são as condutas que devem ser tomadas no atendi-
mento?
• Em que casos a intubação se faz necessária?
• Quais são os cuidados pós PCR?
• Solicitar que os alunos troquem os papéis com os registros uns com os outros. Deixe claro que essa ativi-
dade não visa corrigir o trabalho do outro, mas sim ampliarem seus questionamentos e conhecimentos.
• Registrar no quadro as respostas dos alunos corrigindo as informações impertinentes.
• A partir do texto, promover uma exposição dialogada sobre o tema.

Fechamento
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

75
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

TEXTO PARA LEITURA


PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM PEDIATRIA
..............................................................
Allana dos Reis Corrêa23
Bruna Figueiredo Manzo24
Daniela Aparecida Morais25

1.0 INTRODUÇÃO

A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) em pediatria é entendida como um conjunto de manobras, que têm
como objetivo reverter o estado de parada cardiopulmonar (PCR) restaurando assim, o padrão respiratório e
circulatório espontâneo. A PCR é definida como a interrupção das atividades respiratória e circulatória eficaz
(MORENO et al., 2006a). O tempo apresenta-se como um fator crucial; estima-se que cada minuto de perma-
nência em PCR diminua em 10% a probabilidade de sobrevida do indivíduo.

Nas crianças, a PCR é raramente um evento súbito, podendo assim ser prevenível. Portanto, a intervenção
mais importante em PCR pediátrica é a prevenção, pois na presença de parada cardíaca o prognóstico piora
de forma significativa. Uma das tentativas de prevenção de PCR em crianças baseia-se na avaliação rápida,
sistemática e constante do estado de oxigenação, ventilação e perfusão, o que permite realizar o quanto an-
tes o tratamento mais adequado.

As causas de PCR na infância podem ser classificadas em duas categorias: as que afetam as crianças sadias
pela síndrome da morte súbita em crianças menores de um ano ou pelos acidentes em maiores de um ano
e as que afetam crianças com enfermidades respiratória, circulatória ou patologias que comprometem a res-
piração e a circulação. As causas de origem respiratória são as mais frequentes seguidas das cardíacas, as de
origem neurológica e as sepses.

Nas crianças, o primeiro sinal de hipóxia é a taquicardia, mas com o passar do tempo dá lugar a uma bradicar-
dia progressiva de difícil reversão rápida, terminando em PCR. Resumidamente, os sinais de risco de PCR são:
coma ou alteração da consciência, alteração de comportamento, convulsões, fadiga respiratória, taquipnéia
>60 irpm, cianoses, taquicardia >180 batimentos por minuto (bpm) nos menores que 5 anos e >160bpm nos
maiores, bradicardia >60bpm até a adolescência, febre com petéquias e traumatismos graves ou queimadu-
ras de mais de 15% da superfície corporal.

Como a PCR é uma intercorrência de grave ameaça à vida a RCP representa um desafio para a investigação e
avaliação por parte dos profissionais da saúde. Os pacientes pediátricos que necessitam de manobras de RCP
apresentam uma elevada mortalidade e morbidade (CALANDÍN; MARTÍNEZ, 2007). Somente 2% a 10% das
crianças quem apresentam PCR extra hospitalar sobrevivem e a maioria apresenta graves sequelas neuroló-
gicas (MORENO et al., 2006a). Portanto, intervenções rápidas, seguras e eficazes por parte dos profissionais
de saúde ajudam na identificação e na abordagem dessa situação possibilitando uma rápida recuperação da
função circulatória e a sobrevivência sem danos neurológicos.

2.0 TRATAMENTO

2.1 Corrente da Sobrevivência

Para descrever a sequência de ações críticas para o atendimento de pessoas vítimas de PCR em pediatria, a
American Heart Association (AHA) definiu uma série de eventos, constituindo elos de uma corrente que de-

23
Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Professora da Escola de Enfermagem da UFMG.
Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Belo Hori-
24

zonte. Professora do curso de Enfermagem da UNIFENAS – Belo Horizonte, MG.


Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Professora da PUC Minas.
25

76
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

vem ser seguidos tanto por profissionais de saúde quanto por pessoas leigas. Essa corrente, denominada de
“Corrente da Sobrevivência” é composta por cinco elos, conforme apresentado na FIGURA 1, e, se um dos
elos da corrente for frágil, os índices de sobrevivência podem ser diminuídos.

FIGURA 1: Corrente da sobrevivência em Pediatria.


Fonte: AHA, 2010a

2.2 Ressuscitação Cardiopulmonar em lactentes (até 1 ano) e crianças (1 a 8 anos):

Na ocorrência de uma PCR em pediatria , as seguintes condutas devem ser iniciadas:


Avaliar a segurança da cena.
Avaliar a capacidade de resposta da vítima, tocando e chamando pelo paciente e observar a resposta: pa-
ciente sem resposta = pessoa inconsciente.
Avaliar se o paciente está respirando, observando se o tórax eleva. Se não respira ou apresenta respiração
anormal (apenas com gasping): INICIAR CABD PRIMÁRIO:

C: CIRCULAÇÃO
- Posicionar o paciente em decúbito dorsal, em superfície rígida, cabeça na mesma altura do corpo;
- CHECAR PULSO (bebês: braquial e crianças: carotídeo ou femoral), em tempo máximo de 10 segundos):

Na ausência de pulso ou no caso de sinais de má perfusão (palidez, cianose e apnéia) e baixa freqüência
cardíaca (< 60 batimentos por minuto) também se recomenda iniciar as compressões torácicas.

- 01 SOCORRISTA: INICIAR 30 COMPRESSÕES TORÁCICAS, com frequência mínima de 100/min., comprimin-


do no mínimo um terço do diâmetro anteroposterior do tórax (4 cm para bebês e 5 cm para crianças).

- 02 SOCORRISTAS: INICIAR 15 COMPRESSÕES TORÁCICAS, com frequência mínima de 100/min., comprimin-


do no mínimo um terço do diâmetro anteroposterior do tórax (4 cm para bebês e 5 cm para crianças).

OBS: Nas crianças menores de um ano, as compressões torácicas devem ser realizadas com os dois polegares
envolvendo o tórax, no caso de dois reanimadores, ou com os dois dedos quando houver apenas um socor-
rista. Já em crianças maiores de um ano as compressões devem ser realizadas com a parte hipotenar de uma
das mãos. Porém, qualquer que seja o modo utilizado o importante é certificar-se que a profundidade das
compressões seja eficiente (AHA, 2010a).

APÓS AS 30 ou 15 COMPRESSÕES:
A: VIAS AÉREAS
- Abrir as vias aéreas com as manobras de inclinação da cabeça e elevação do queixo para vítimas sem sus-
peita de trauma ou manobra de tração da mandíbula para vítimas com suspeita de trauma; - aspirar secreção
oral, se presente: limitar a introdução da mesma à cavidade bucal, aspirando somente o que estiver visível.

B: BOA VENTILAÇÃO

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

- Aplicar 02 ventilações, com duração de 1 (um) segundo cada, utilizando bola tipo “AMBU”, mantendo pos-
teriormente a relação compressão-ventilação de 30 compressões e 2 ventilações (30:2), se estiver sozinho e
15 compressões e 2 ventilações (15:2) se o atendimento for realizado por dois socorristas.

Não havendo melhora do padrão respiratório da criança, a intubação se faz necessária. O processo de in-
tubação não deve durar mais de 30 segundos (MORENO et al., 2006a, 2006b) e este procedimento requer
uma pré oxigenação, durante 3 a 5 minutos a 100% de oxigênio, pela bolsa máscara para se alcançar uma
saturação de oxigênio > 90% (ORTEGA et al., 2006).

Na falta de movimentos respiratórios, iniciar as ventilações através da bolsa e máscara de oxigênio com uma
força suficiente para expandir o tórax: o volume corrente correto para cada respiração é o volume que pro-
duz expansão torácica Se este não se elevar, deve-se reposicionar a cabeça e tentar novamente . A frequência
das ventilações para crianças, em parada respiratória, deve ser de 12 a 20 respirações por minuto, sendo 1
respiração a cada 3 a 5 segundos, com duração de 1 segundo cada. Neste caso, checa-se o pulso a cada 2
minutos aproximadamente, até que esta consiga respirar espontaneamente (AHA, 2010a; MORENO et al.,
2006a).

Outro aspecto importante relacionado ao processo de intubação refere-se à escolha do TET mais adequado
para as crianças. Atualmente, é preconizado o uso de TET com balonete para todas as idades, exceto recém-
-natos. Esta nova recomendação sustenta-se no fato de que o balonete oferece certa proteção à via aérea
contra aspiração de conteúdo gástrico, melhora a ventilação por diminuir o escape de ar e reduz o número
de reintubações necessárias a fim de se obter o adequando tamanho do TET. De acordo com a AHA (2010b,
p. 879) a fórmula abaixo pode ser utilizada para a escolha do tamanho correto do TET:
- Tubo endotraqueal com balonete (mm) = (idade em anos/4) + 3,5
- Tubo endotraqueal sem balonete (mm) = (idade em anos/4) +
OBS: Caso o paciente esteja paciente intubado: não é necessário pausa para ventilar. As compressões torá-
cicas devem ser contínuas e deve ser realizada uma ventilação a cada 6-8 segundos (8-10 ventilações/min).

D: DESFIBRILAÇÃO
- Instalar o desfibrilador externo automático (DEA) e seguir orientações do equipamento.

O paciente deve ser reavaliado a cada 5 ciclos de 30:2 ou a cada 2 minutos e de acordo com as orientações do
DEA. Não se deve ultrapassar o tempo máximo de 10 segundos na reavaliação do paciente. Este é também
o momento de realizar o revezamento de funções (ventilação e compressão) respeitando também o tempo
máximo de 10 segundos.

Após a aplicação do choque, necessita-se recomeçar as compressões e mantê-las por 2 minutos ou 5 ciclos
antes de se checar o pulso e o ritmo cardíaco.
As manobras de suporte básico de vida devem ser mantidas até a chegada do Suporte Avançado de Vida
(SAV).

Vias de medicação

A obtenção de uma via de medicação rápida e segura é necessária para a infusão de fármacos e líquidos
durante a PCR. A primeira via de escolha é a intravascular (IV) periférica e o tempo para a obtenção deste
acesso deve ser limitado (90 segundos ou 3 tentativas). Nas crianças, a canulação de uma veia pode ser difí-
cil, sobretudo em situação de PCR, onde os vasos sanguíneos se encontram colapsados. Caso haja insucesso
na sua obtenção, recomenda-se o rápido acesso intra-ósseo (IO) exceto, na presença de fraturas ósseas ou
patologias que comprometem os ossos.

Na impossibilidade de obtenção do acesso IV periférico e IO, os fármacos podem ser administrados por via
traqueal, porém o tempo de absorção das drogas por esta via é desconhecida. A última opção é a obtenção
de um acesso venoso central, preferencialmente o femoral, sem interrupção das compressões.

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A via IO constitui uma alternativa rápida e segura para a administração de todos os tipos de soluções, hemo-
derivados e todas as medicações de reanimação e estabilização. Amostras de sangue podem ser obtidas para
determinar o grupo sanguíneo e a gasometria durante a PCR. Os lugares de inserção do acesso IO são Tíbia,
Fêmur e Crista Ilíaca (AHA, 2010b; MORENO et al., 2006b).

No que se refere à via traqueal, somente podem ser administrados medicamentos lipossolúveis (Lidocaína,
Adrenalina, Atropina e Naloxona). Após cada medicação administrada, ministrar 5ml de solução salina se-
guidos de 5 ventilações manuais assistidas para melhor absorção do fármaco (AHA, 2010b; MORENO et al.,
2006b; ORTEGA et al., 2006; ZORZELA; GARROS; CAEN, 2007).

2.3 Cuidados Pós PCR

Após a PCR, instala-se uma importante disfunção miocárdica por isso, atenção deve ser dada para manter o
paciente estável através do uso de drogas inotrópicas e vasoativas. Os objetivos dessa etapa de reabilitação
são preservar a função cerebral, evitar uma lesão orgânica secundária, diagnosticar e tratar a causa da enfer-
midade. Além disso, deve-se assegurar que a criança chegue a uma instituição pediátrica de nível terciário
em melhor estado fisiológico possível.

Os principais cuidados que devem ser realizados são: manter a oferta de oxigênio evitando a hiperventilação,
realizar monitoramento contínuo da freqüência e ritmo cardíacos, da pressão arterial e da saturação do oxi-
gênio (MORENO et al., 2007b).

Nas crianças que permanecem em coma após recuperação da atividade cardíaca a hipotermia terapêutica
(32° C a 34° C) pode ser considerada . O reaquecimento rápido deve ser evitado assim, deve-se obedecer o
tempo de aumento de 0,5° C a cada 2 horas, salvo em pacientes que necessitam de reaquecimento rápido
por razões clínicas (AHA, 2010b).

Em crianças criticamente enfermas tanto a hiperglicemia quanto a hipoglicemia representam um mau prog-
nóstico. Assim, monitorar a glicemia durante e após a RCP é essencial para manter uma normoglicemia (MO-
RENO et al., 2007b; ZORZELA; GARROS; CAEN, 2007).

2.4 A família durante a RCP em pediatria

A presença da família durante a RCP é muito controversa e depende do nível sociocultural dos pais, a relação
estabelecida com os familiares, o entendimento da patologia da criança e o cuidado, por parte da equipe,
com as ações durante a reanimação (NÚNEZ et al., 2007; ZORZELA; GARROS; CAEN, 2007).

A reação dos familiares e a atitude dos profissionais de saúde têm ajudado a lidar com o trauma inevitável e
luto após a morte de uma criança. Exames psicológicos sugerem que os membros da família presentes du-
rante a RCP têm menos ansiedade e depressão e lidam melhor com o luto, quando comparados com os pais
ou familiares que não acompanharam os procedimentos de RCP. Portanto, sempre que possível, fornecer aos
membros da família a opção de estarem presentes durante a reanimação de um bebê ou uma criança (AHA,
2010b).

Se a presença dos parentes gerar uma tensão ou for considerada prejudicial para a assistência na reanima-
ção, então estes devem ser respeitosamente convidados a se retirarem (AHA, 2010b). O ideal seria que um
membro da equipe de saúde pudesse se dedicar a tarefa de acompanhar os pais e explicar todos os procedi-
mentos realizados na criança, mas isso muitas vezes não é possível (AHA, 2010b; NÚNEZ et al., 2007).

Diante disso, permitir a presença dos familiares ou responsáveis com um facilitador (assistente social, ou
enfermeiro), para explicarem em tempo real o que está acontecendo, deve merecer consideração dos res-
ponsáveis pelas emergências e Unidades de Tratamento Intensivo (ZORZELA; GARROS; CAEN, 2007).

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

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81
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 25
VENTILAÇÃO MECÂNICA E OXIGENOTERAPIA NA
PEDIATRIA
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Relembrar o conceito de oxigenoterapia.
• Compreender as técnicas de administração de oxigênio utilizadas em crianças.
• Identificar as indicações de ventilação mecânica em pediatria.

Material
• Texto para leitura: Ventilação mecânica e oxigenoterapia em pediatria/neonatologia – Bruna Figueiredo
Manzo e Débora Lara Couto.
• Sugestão: figuras ilustrativas; slides.

Desenvolvimento
• Fazer uma exposição dialogada sobre o tema.
• Esclarecer as dúvidas dos alunos.

Fechamento
• Dar continuidade aos estudos!

TEXTO PARA LEITURA


VENTILAÇÃO MECÂNICA E OXIGENOTERAPIA EM
PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
..............................................................
Bruna Figueiredo Manzo26
Débora Lara Couto27

A oxigenoterapia consiste na administração de oxigênio com finalidade terapêutica, sendo essencial para
a sobrevivência de muitas das crianças internadas em terapia intensiva. É indicada em casos de hipoxemia
(diminuição dos níveis do oxigênio no sangue arterial) e cianose.

Os principais objetivos da oxigenoterapia são:


- manter uma oxigenação tecidual adequada;
- estimular a ventilação (quando em concentrações de 23 - 25%, o O2 estimula a ventilação por meio de re-
ceptores periféricos, diminuindo assim a frequência das apneias).

Apesar dos benefícios, o oxigênio é considerado uma droga tóxica, e, portanto, necessita de controle contínuo
da FiO2 (dose) e da PaO2 (nível plasmático medido através da gasometria arterial). Seu uso está associado
a lesões crônicas no tecido pulmonar, que diminuem sua capacidade funcional (Broncodisplasia pulmonar);
além de provocar retinopatia da prematuridade, devido à fragilidade dos vasos capilares da retina (o efeito
tóxico do O2 pode interferir no desenvolvimento dos vasos capilares da retina, podendo levar até à cegueira).

A retinopatia é mais comum em recém-nascidos < 33 semanas de idade gestacional, os quais devem passar
pelo exame de fundo de olho a partir da quarta à sexta semana pós-natal.

1. TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÊNIO

Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Professora da PUC Minas.
26

Enfermeira.
27

82
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

1.1 CAPACETE / HOOD

Permite que diferentes proporções de oxigênio e ar comprimido sejam misturadas, fornecendo concentra-
ções de oxigênio de 21 a 100%. Normalmente é indicado para o recém-nascido com desconforto respiratório
leve a moderado.

Os cuidados de Enfermagem com o HOOD são:

- Ajustar a FiO2 de acordo com a prescrição médica.


- Manter a mistura de oxigênio aquecida (32 a 36ºC) e umidificada.
- Atentar para o posicionamento da cabeça da criança dentro do capacete, mantendo livre o espaço entre
este e o pescoço.
- Posicionar a criança de modo confortável e apoiá-la.
- Evitar abrir ou retirar o capacete.
- Trocar a água do umidificador a cada 24 horas e o circuito a cada 48 horas.
- Monitorizar a concentração de oxigênio ofertada.

Figura 1- HOOD
Fonte: www.doctorshealthcare.com.

1.2 CATETER NASAL

Indicado para administrar baixas concentrações de oxigênio. Em recém-nascidos, normalmente é utilizado


para fornecer concentração de oxigênio até 40%, quando estes estão estáveis do ponto de vista hemodinâ-
mico e metabólico. Fornece concentração de oxigênio relativamente estável, possibilitando maior mobilida-
de para o paciente.

Os cuidados de Enfermagem com o cateter nasal são:


- Oferecer oxigênio umidificado e aquecido.
- Atentar para o grau de desconforto respiratório após a instalação do cateter.
- Não ofertar mais de 2 L/minuto de O2.
- Atentar para o posicionamento e fixação do cateter, afim de que não comprima as narinas e o septo nasal.
- Aspirar secreções de vias aéreas superiores e realizar higiene com soro fisiológico sempre que necessário.
- Desobstruir e ao mesmo tempo umidificar o nariz da criança com soro fisiológico.
- Atentar para lesão de narina (hiperemia).

Figura 2 – Cateter Nasal


Fonte: www.doctorshealthcare.com.br
83
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

1.3 PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA EM VIAS AÉREAS (CPAP)

Consiste na administração de oxigênio e ar comprimido sobre pressão positiva contínua nas vias aéreas
durante a fase expiratória, através de dispositivos nasais, permitindo que a distensão dos alvéolos seja mais
eficiente. É indicado principalmente em casos de: apneia da prematuridade que não responda a tratamen-
to; Doença da Membrana Hialina; Desmame da ventilação mecânica; Displasia Broncopulmonar; Atelecta-
sia (colabamento dos alvéolos); etc.

Os cuidados de Enfermagem com o CPAP são:


- Adequar o sistema CPAP com o ventilador
- Verificar o aquecimento e umidificação dos gases
- Escolher uma pronga nasal com o tamanho adequado para a criança, de modo que não haja escape de
gases pelas narinas
- Antes de ajustar a pronga nas narinas, aspirar a boca e nasofaringe e lubrificar as narinas
- Ao colocar a pronga, atentar para não comprimir a asa e o septo nasal, afim de evitar lesão
- Monitorar o posicionamento e fixação da pronga e atentar para sinais de hiperemia ou lesão
- Passar sonda gástrica e mantê-la aberta para evitar distensão abdominal
- Avaliar o grau de desconforto respiratório e as condições de oxigenação através do oxímetro de pulso
- Observar a permeabilidade das narinas e aspirar boca e nasofaringe quando necessário
- Procurar manter o pescoço em leve extensão
- Manter a criança tranquila e realizar manipulação mínima.

Figura 3- CPAP nasal


Fonte: www.doctorshealthcare.com.br

1.4 VENTILAÇÃO MECÂNICA (VM)

Sempre que houver alterações na habilidade dos pulmões de manter uma ventilação adequada, é utilizada
a ventilação mecânica em recém-nascido. Normalmente, a VM é necessária em casos de falência respirató-
ria, como por exemplo: problemas neurológicos (apneia da prematuridade, hemorragia intracraniana, má
formações, etc); mau funcionamento das funções pulmonares; comprometimento das funções cardiovascu-
lares; etc.

Na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, algumas das indicações gerais para ventilação mecânica são:
intoxicação, imaturidade, convulsões, bronquiolite grave, asma, choque, alteração na mecânica do aparelho
respiratório, pós-operatório de cirurgia de grande porte ou cirurgia que necessite de analgesia intensa.

O cuidado de enfermagem é essencial na prevenção das complicações decorrentes da extubação acidental,


que incluem reintubação do paciente, bradicardia, hipoxemia, e até mesmo o óbito.

Os cuidados de Enfermagem com a ventilação mecânica são:


- Adequar o circuito ao ventilador.
- Colocar água estéril no umidificador aquecido e manter o circuito do ventilador livre de condensação de
água.
84
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

- Checar a fixação do tubo endotraqueal para evitar extubação acidental.


- Atentar para escape de ventilação.
- Atentar para a estabilidade do dispositivo ventilatório e fixar o circuito no suporte do respirador com folga,
para que não ocorra tração do circuito em caso de movimentação do paciente.
- Observar expansibilidade torácica e comunicar mudanças no padrão respiratório, suspeita de obstrução do
tubo ou extubação acidental.
- Manter os alarmes do ventilador ligados continuamente e verificar o motivo do disparo.
- Registrar os parâmetros do ventilador a cada hora, além da saturação de oxigênio e frequência cardíaca do
paciente.
- Mudar o decúbito com frequência para maior conforto do paciente e para prevenir edema intersticial, sem-
pre atentando para a prevenção de extubação acidental.
- Observar o nível de agitação e dor do paciente e, se necessário, imobilizar os membros adequadamente
(colocar luvinhas).
- Manusear cuidadosamente o paciente durante o banho, mudança de decúbito, transporte e higiene íntima.
- Administrar analgésicos e sedativos, quando prescritos.

Figura 4- Ventilador mecânico


Fonte: www.doctorshealthcare.com.br
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PEREIRA, Manuel R.; PANIS, Luza M.; LUZ, Jorge H. Oxigenoterapia. In: ALVES FILHO, Navantino et al. Perina-
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TAMEZ, R.N.; SILVA, M.J.P. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de alto risco. 3.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS EM ESTADO GRAVE/CRÍTICO

ATIVIDADE 26
DESPEDIDA
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• Refletir sobre o trabalho do técnico de enfermagem na sociedade.
• Realizar um momento de finalização do curso.

Material
• Papel kraft, pincel atômico e fita crepe.
• Sugestão: figuras de revistas, etc.

Desenvolvimento
• Dividir a turma em grupos.
• Pedir para que cada grupo - a partir do que foi estudado durante todo o curso - construa um cartaz que
represente o trabalho do técnico de enfermagem na sociedade e que crie uma frase que expresse a men-
sagem final do grupo para toda a turma.
• Apresentar o cartaz em plenária.

Fechamento
• Finalizar o curso deixando também a sua mensagem final.

ATIVIDADE 27
AVALIAÇÃO DO ALUNO
..............................................................
Tempo estimado: 2 horas

Objetivos
• A avaliação da aprendizagem terá por objetivos:
• Investigar os conhecimentos, competências e habilidades dos alunos.
• Acompanhar o processo de ensino aprendizagem, identificando os progressos, os sucessos e as difi-
culdades dos alunos.
• Aperfeiçoar, reorganizar e até mesmo reorientar o processo de ensino aprendizagem.
• Verificar se os alunos alcançaram os objetivos e/ou desempenhos finais esperados.

Material
• Papel A4.

Desenvolvimento
• Avaliar o processo ensino-aprendizagem dos alunos.
• Sugestão: Autoavaliação oral e/ou escrita, individual ou em grupos, relatório descritivo das atividades
desenvolvidas, etc.

Fechamento
• Encerrar esta unidade de estudo.

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