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Fundamentos de

METROLOGIA
científica e industrial

O Erro de Medição

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Erro de Medição

sistema de
medição mensurando

indicação  valor verdadeiro

erro de
medição

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 2/69


Um exemplo de erros...
 Teste de precisão de tiro de canhões:
o Canhão situado a 500 m de alvo fixo;
o Mirar apenas uma vez;
o Disparar 20 tiros sem nova chance para refazer a
mira;
o Distribuição dos tiros no alvo é usada para
qualificar canhões.
 Quatro concorrentes:

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 3/69


A B

D C

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 4/69


Ea Ea
Es Es

A B

D C

Ea Ea

Es Es

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 5/69


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3.1
Tipos de erros

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Tipos de erros
 Erro sistemático: é a parcela previsível do erro.
Corresponde ao erro médio.

 Erro aleatório: é a parcela imprevisível do


erro. É o agente que faz com que medições
repetidas levem a distintas indicações.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 7/69


Precisão & Exatidão
 Um sistema com ótima precisão repete bem,
com pequena dispersão.

 Um sistema com excelente exatidão


praticamente não apresenta erros.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 8/69


Precisão & Exatidão
 Precisão de Medição é o grau de concordância
entre indicações ou valores medidos, obtidos
por medições repetidas, no mesmo objeto ou
em objetos similares, sob condições
especificadas. Pode ser expresso
numericamente através de uma medida de
dispersão.
 Exatidão de Medição é o grau de
concordância entre um valor medido e um
valor verdadeiro de um mensurando. É um
parâmetro qualitativo, ao qual não pode ser
atribuído um número.
Modificado por Harerton
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 9/69
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3.2 e 3.3
Caracterização e componentes do
erro de medição

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Exemplo de erro de medição

(1000,00 ± 0,01) g
E = I - VVC

1 E = 1014 - 1000

E = + 14 g
1014
0g
Indica a mais do
que deveria!

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 11/69


Erros em medições repetidas
1020
1014 g

dispersão
1015 g
1017 g
(1000,00
(1000,00
(1000,00
± 0,01)
± 0,01)
± 0,01)
g g g
1012 g
1015 g
111 1018 g
1010

erro médio
1014 g
1015 g
1014
1015
1017
0g 1016 g
1013 g
1016 g
1015 g

1000
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 12/69
Cálculo do erro sistemático
ҧ − 𝑉𝑉
𝐸𝑠 = 𝐼∞

𝑉𝑉 I
média de infinitas indicações
condições:
valor verdadeiro conhecido exatamente

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 13/69


Estimativa do erro sistemático

𝑇𝑑 = 𝐼 ҧ − 𝑉𝑉𝐶

VVC 𝐼ҧ
tendência

𝑇𝑑 ± 𝑈(𝑇𝑑)

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 14/69


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3.4
Erro sistemático, tendência e
correção

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Algumas definições
 Tendência (Td)
o é uma estimativa do Erro Sistemático
 Valor Verdadeiro Convencional (VVC)
o é uma estimativa do valor verdadeiro
 Correção (C)
o é a constante que, ao ser adicionada à indicação,
compensa os erros sistemáticos
o é igual à tendência com sinal trocado
𝐶 = −𝑇𝑑
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 16/69
Correção dos erros sistemáticos

Td C = -Td

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 17/69


Indicação corrigida
Nº I C Ic Ea
1 1014 -15 999 -1 C = -Td
2 1015 -15 1000 0
3 1017 -15 1002 2 C = VVC − 𝐼 ҧ
4 1012 -15 997 -3
5 1015 -15 1000 0 C = 1000 - 1015
6 1018 -15 1003 3
7 1014 -15 999 -1 C = -15 g
8 1015 -15 1000 0
9 1016 -15 1001 1
10 1013 -15 998 -2
11 1016 -15 1001 1
12 1015 -15 1000 0
média 1015 -15 1000 0

995 1000 1005


Capítulo 3 – O Erro de Medição - 18/69
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3.5
Erro aleatório, incerteza padrão e
precisão

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Erro aleatório e precisão

𝐸𝑎𝑖 = 𝐼𝑖 − 𝐼 ҧ

-5 0 5
O valor do erro aleatório é imprevisível.

A precisão (de medição) define a faixa dentro da qual


espera-se que o erro aleatório esteja contido para o
nível de confiança (probabilidade) estabelecido.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 20/69


Distribuição de probabilidade
uniforme ou retangular

1.2

probabilidade 1

Probabilidade (1/6)
0.8

0.6

1/6 0.4

0.2

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Valores
1 2 3 4 5 6
Lançamento de um dado

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 21/69


Distribuição de probabilidade
triangular

probabilidade (1/36)

6
4

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0
Média de dois dados

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 22/69


Distribuição de probabilidade
triangular
7

6
Probabilidade (1/36)

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Média de 2 dados

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 23/69


Lançamento de um dado
1.2

1
Probabilidade (1/6)

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Valores

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 24/69


Média de dois dados
7

6
P rob a b ilid ade (1/36)

0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 2 d a do s

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 25/69


Média de três dados
30
Pr o bab ilid ade (1/2 16)

25

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 3 d a do s

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 26/69


Média de quatro dados
16 0

14 0
Pro bab ilid a d e (1 /12 96)

12 0

10 0

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 4 d a do s

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 27/69


Média de seis dados
50 0 0
45 0 0
Pro ba bili dad e ( 1/ 466 56)

40 0 0
35 0 0
30 0 0
25 0 0
20 0 0
15 0 0
10 0 0
50 0
0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 6 d a do s

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 28/69


Média de oito dados
160000
Probabilidade (1/1679616)

140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Média de 8 dados

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 29/69


Curva normal

pontos de inflexão
s = desvio padrão

m = média

assíntota s s assíntota
m
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 30/69
Teorema central do limite
 A distribuição da média de variáveis aleatórias
independentes se aproxima cada vez mais da
distribuição normal (ou gaussiana) à medida
que o número de variáveis envolvidas
aumenta.

Aplicação na metrologia: o “número de variáveis envolvidas”


são as repetições do processo de aplicar o SM ao mensurando e
obter uma indicação (ex.: “pesar” o mesmo objeto várias vezes na
balança; cada repetição independe da outra).

Editado por Harerton


Capítulo 3 – O Erro de Medição - 31/69
Comportamento do erro de medição
 O erro de medição resulta da ação combinada
de um grande número de variáveis aleatórias
independentes. Seu comportamento é
geralmente bem representado por uma
distribuição normal (ou gaussiana).

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 32/69


“Teorema do sopão”

 Quanto mais ingredientes


diferentes forem
misturados à mesma
sopa, mais e mais o seu
gosto se aproximará do
gosto único, típico e
inconfundível do "sopão".

Aplicação na metrologia: quanto maior o número de indicações


para o mesmo mensurando, melhor será a caracterização do erro
aleatório.
Editado por Harerton
Efeito do desvio padrão

Dois parâmetros
caracterizam uma
distribuição normal:
µ = média s>s>s
σ = desvio padrão

m
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 34/69
Cálculo e estimativa do
desvio padrão

cálculo exato: estimativa:


(da população) (da amostra)

σ𝑛𝑖=1(𝐼𝑖 − 𝐼 ҧ )2 σ𝑛𝑖=1(𝐼𝑖 − 𝐼 ҧ )2
𝜎 = lim 𝑠=
𝑛→∞ 𝑛 𝑛−1

Ii i-ésima indicação
I média das "n" indicações
n número de medições repetitivas efetuadas
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 35/69
Incerteza padrão (u)

o medida da intensidade da componente


aleatória do erro de medição.
o corresponde à estimativa do desvio padrão da
distribuição dos erros de medição.
o u=s
 Graus de liberdade ():
o corresponde ao número de medições repetidas
menos um.
o =n-1
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 36/69
Área sobre a curva normal

95,45%

2s 2s
m
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 37/69
Estimativa da precisão
(para 95,45 % de probabilidade)

A precisão (de medição) define a faixa dentro


da qual, para uma dada probabilidade, o erro
aleatório é esperado.

Para amostras infinitas: Para amostras finitas:

P=2·s P=t·u

Sendo “t” o coeficiente de Student para  = n - 1


graus de liberdade.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 38/69


Coeficiente “t” de Student

ν t ν t ν t ν t
1 13,968 10 2,284 19 2,140 80 2,032
2 4,527 11 2,255 20 2,133 90 2,028
3 3,307 12 2,231 25 2,105 100 2,025
4 2,869 13 2,212 30 2,087 150 2,017
5 2,649 14 2,195 35 2,074 200 2,013
6 2,517 15 2,181 40 2,064 500 2,005
7 2,429 16 2,169 50 2,051 1000 2,003
8 2,366 17 2,158 60 2,043 10000 2,000
9 2,320 18 2,149 70 2,036 ∞ 2,000

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 39/69


Exemplo de estimativa da precisão

1014 g
1015 g σ12
𝑖=1 (𝐼𝑖 − 1015 ) 2
1017 g 𝑢=
(1000,00 ± 0,01) g
1012 g 12 − 1
1015 g
1 1018 g
u = 1,65 g
1014 g
1015 g  = 12 - 1 = 11
1014
0g 1016 g
1013 g t = 2,255
1016 g
1015 g P = 2,255 . 1,65
média: 1015 g P = 3,72 g
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 40/69
Exemplo de estimativa da precisão

-3,72 1015 +3,72

1010 1015 1020

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 41/69


Efeitos da média de medições
repetidas sobre o erro de medição
 Calculamos, de fato, a estimativa da precisão
da balança?
o Será que apenas 12 indicações são suficientes?
 E se repetíssemos todo o experimento
novamente?
o Será que obteríamos o mesmo erro sistemático?
o Será que obteríamos a mesma precisão?
 E se calculássemos a média das médias de
várias repetições?
Adicionado por Harerton
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 42/69
Efeitos da média de medições
repetidas sobre o erro de medição
 Efeito sobre os erros sistemáticos:
o Como o erro sistemático já é o erro médio,
nenhum efeito é observado.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 43/69


Efeitos da média de medições
repetidas sobre o erro de medição
 Efeitos sobre os erros aleatórios
o A média reduz a intensidade dos erros aleatórios,
a precisão e a incerteza padrão na seguinte
proporção:
𝑃𝐼 𝑢𝐼
𝑃𝐼 ҧ = 𝑢𝐼 ҧ =
𝑛 𝑛
sendo:
n o número de medições utilizadas para calcular a média

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 44/69


Exemplo
 No problema anterior, a precisão da balança foi
calculada:

PI = 3,72 g
 Se várias séries de 12 medições fossem efetuadas,
as médias obtidas devem apresentar precisão da
ordem de:

3,72
𝑃𝐼12
ҧ = = 1,07 𝑔
12
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3.6
Diagrama de erros e erro máximo

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Diagrama de erros
Td + P
Td
erro Td - P
Emáx
15

1015 indicação

- Emáx
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 47/69
Algumas definições
 Diagrama de erros:
o É o gráfico que representa a distribuição dos erros
sistemáticos e aleatórios ao longo da faixa de
medição.
 Erro máximo:
o É o maior valor em módulo do erro que pode ser
cometido pelo sistema de medição nas condições
em que foi avaliado.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 48/69


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3.7
Representação gráfica dos erros de
medição

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Sistema de medição “perfeito”
(indicação = VV)

indicação
960 980 1000 1020 1040

960 980 1000 1020 1040


mensurando
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 51/69
Sistema de medição com erro
sistemático apenas

indicação
960 980 1000 1020 1040

+Es

960 980 1000 1020 1040


mensurando
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 52/69
Sistema de medição com erros
aleatórios apenas
P
indicação
960 980 1000 1020 1040

960 980 1000 1020 1040


mensurando
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 53/69
Sistema de medição com erros
sistemático e aleatório
P
indicação
960 980 1000 1020 1040

+Es

960 980 1000 1020 1040


mensurando
Capítulo 3 – O Erro de Medição - 54/69
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3.8
Erro ou incerteza?

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Erro ou incerteza?
 Erro de medição:
o é o número que resulta da diferença entre a
indicação de um sistema de medição e o valor
verdadeiro do mensurando.
 Incerteza de medição:
o é o parâmetro, associado ao resultado de uma
medição, que caracteriza a faixa dos valores que
podem fundamentadamente ser atribuídos ao
mensurando. Representa a dúvida presente.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 56/69


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3.9
Fontes de erros

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Fontes de erros:
fatores externos
operador

sistema de medição
sinal de
medição indicação
fatores
internos
retroação retroação

mensurando
fatores externos

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 58/69


Erros provocados por fatores internos
o Imperfeições dos componentes e
conjuntos (mecânicos, elétricos etc).
o Não idealidades dos princípios físicos.

alongamento

força
região linear região não linear

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 59/69


Erros provocados por fatores externos
 Condições ambientais
o temperatura
o pressão atmosférica
o umidade
 Tensão e frequência da rede elétrica
 Contaminações

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 60/69


Erros provocados por retroação
o A presença do sistema de medição
modifica o mensurando.

65 °C

20 °C

70 °C 65 °C
Erros induzidos pelo operador
o Habilidade
o Acuidade visual
o Técnica de medição
o Cuidados em geral
o Força de medição

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 62/69


Dilatação térmica
o Propriedade dos materiais modificarem suas
dimensões em função da variação da
temperatura.

T

b b' b = b' - b
c = c' - c
c
c' b =  . T . b
c =  . T . c

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 63/69


Temperatura de referência
 Por convenção, 20 °C é a temperatura de
referência para a metrologia dimensional.
 Os desenhos e especificações sempre se
referem às características que as peças
apresentariam a 20 °C.

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 64/69


Dilatação térmica:
distintos coeficientes de expansão térmica

I = 40,0
I = 44,0 SM < P
I = 38,0

20°C 40°C 10°C

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 65/69


Dilatação térmica:
mesmos coeficientes de expansão térmica

I = 40,0 I = 40,0 SM = P


I = 40,0

20°C 40°C 10°C

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 66/69


Dilatação térmica:
Ce

Sabendo que a 20C


Ci = Ce
α=α

Qual a resposta certa


Ci a 40C?

(a) Ci < Ce
(b) Ci = Ce

(c) Ci > Ce

(d) NRA

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 67/69


Dilatação térmica:

(a) Ci < Ce
(b) Ci = Ce

(c) Ci > Ce

(d) NRA

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 68/69


Micrômetro

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 69/69


Correção devido à
dilatação térmica
Sistema de Medição Peça Medida
Correção devido à temperatura
Material Temper. Material Temper.

A 20°C A 20°C C=0

A TSM ≠ 20°C A TSM = TP C = 0

A TSM A TSM ≠ TP C = A . L . (TSM - TP)

A 20°C B 20°C C=0

A TSM ≠ 20°C B TSM = TP C = (A - B). (TSM - 20°C) . L

A TSM B TSM ≠ TP C = [A . (TSM - 20°C) - B . (TP - 20°C)] . L

Capítulo 3 – O Erro de Medição - 70/69

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