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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA FUNÇÃO PÚBLICA
Direcção Nacional de Gestão Estratégica de Recursos Humanos do Estado

SIFAP
Sistema de Formação em Administração Pública

CURSO MODULAR
ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO- GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

MÓDULO- MHR5

DIREITOS, DEVERES E REGALIAS DOS FUNCIONÁRIOS

JUNHO DE 2009
Gestão de Recursos Humanos (MRH) ● Sistema Nacional de Recursos Humanos ●
Direitos, Deveres e Regalias dos Funcionários (MRH5)

INDICE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 2
Contexto.................................................................................................................................. 2
Porquê este Manual? .............................................................................................................. 3
Destinatários deste Manual ..................................................................................................... 3
Objectivos do Módulo Sistema Nacional de Recursos Humanos: Direitos, Deveres e Regalias
dos Funcionários ..................................................................................................................... 4
Capítulos que compõem este Manual ..................................................................................... 4
Distinção entre direitos, deveres e obrigações ........................................................................ 5
1.1. Objectivos .................................................................................................................... 5
1.2. Breve contextualização ................................................................................................ 5
1.3. Deveres dos Funcionários e Agentes do Estado.......................................................... 7
1.4. Os deveres gerais........................................................................................................ 7
1.5. Os deveres especiais dos funcionários e agentes do Estado....................................... 8
1.6. Ordens e instruções ilegais ........................................................................................ 10
1.7. Deveres específicos dos dirigentes............................................................................ 11
1.8. Conclusão:................................................................................................................. 12
1.9. Exercícios Práticos .................................................................................................... 13
REGALIAS INERENTES ÀS FUNÇÕES/POLÍTICAS DE BENEFÍCIOS. ..................................... 15
2.1 Objectivos...................................................................................................................... 15
2.2. Breve contextualização .............................................................................................. 15
2.3. Direitos dos Funcionários do Estado.......................................................................... 15
2.4. Direitos gerais dos funcionários e agentes do Estado ................................................ 17
2.5. Documento de Identificação ...................................................................................... 19
2.6. Maternidade............................................................................................................... 19
2.7. Direitos e Regalias Inerentes às Funções .................................................................. 19
2.8. Conclusão.................................................................................................................. 21
2.9. Exercícios Práticos .................................................................................................... 22
LICENÇAS E FALTAS ............................................................................................................... 23
3.1. Objectivos .................................................................................................................. 23
3.2. Breve contextualização .............................................................................................. 23
3.3. Conceito e Tipo de Licenças ...................................................................................... 23
3.4. Faltas......................................................................................................................... 26
3.5. Conclusão.................................................................................................................. 27
3.6. Exercícios Práticos .................................................................................................... 28
DESLOCAÇÕES E TRANSFERÊNCIAS ..................................................................................... 30
4.1. Objectivos .................................................................................................................. 30
4.2. Breve contextualização .............................................................................................. 30
4.3. Deslocações .............................................................................................................. 31
4.4. Acompanhamento por familiar em caso de doença ................................................... 32
4.5. Classe de Viagem...................................................................................................... 32
4.6. Conversão de passagens em combustível................................................................. 32
4.7. Passagens para familiares por morte do funcionário ou agente do Estado em missão
do Serviço ............................................................................................................................. 33
4.8. Bagagem ................................................................................................................... 33
4.9. Conclusão.................................................................................................................. 34
4.10. Exercícios práticos..................................................................................................... 35
4.11. BILIOGRAFIA ............................................................................................................ 37
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Gestão de Recursos Humanos (MRH) ● Sistema Nacional de Recursos Humanos ●
Direitos, Deveres e Regalias dos Funcionários (MRH5)

INTRODUÇÃO

Contexto

O Sistema de Formação em Administração Pública (SIFAP) foi criado a 20 de Maio de


1987 através do Decreto 14/87, tendo sido reajustado através do Decreto nº 55/94, de 9
de Novembro.

É um pilar fundamental na formação em Administração Pública em Moçambique, e tem


vindo a ser uma constante desde a independência nacional através da realização de
diferentes acções de formação, nomeadamente na forma de seminários, palestras, cursos
de curta duração e cursos de nível médio em direcção e administração estatal.

A análise feita sobre a formação em administração pública levou a que se considere


indispensável conceber e implementar princípios, objectivos, programas, mecanismos e
instrumentos que assegurem a formação contínua, relevante e diversificada, capaz de
responder às necessidades comuns dos vários sectores e níveis da Administração Pública
e vinculada à progressão nas carreiras profissionais.

Assim, tornando-se necessário introduzir neste momento novos programas de formação,


desenvolver a formação de curta duração para os funcionários públicos em exercício,
adequar e potenciar a formação de nível médio e iniciar a formação superior, é ajustado o
presente Sistema de Formação em Administração Pública SIFAP, cuja finalidade é de
elevar as competências e o desempenho dos funcionários em serviço, representando,
portanto, um constante desafio para todos os servidores do Estado em particular, e da
sociedade, em geral.

O objectivo principal do SIFAP visa a promoção do desenvolvimento profissional dos


funcionários do Estado nas áreas de conhecimento que são comuns a todos os órgãos
públicos, nomeadamente, a Gestão de Recursos Humanos (GRH) e a Gestão Financeira
e Orçamental.

De referir também que a experiência de gestão de recursos humanos do Estado à luz do


Decreto n.º 40/92, de 25 de Novembro, que cria o Sistema Nacional de Gestão de
Recursos Humanos do Estado, é resultante da desconcentração de competências neste
âmbito aos Governadores Provinciais e aos Administradores Distritais, operada com a

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Direitos, Deveres e Regalias dos Funcionários (MRH5)

aprovação do Decreto n º 5/2006, de 12 de Abril, e sugerem a necessidade de se


proceder à sua revisão, adequando e ajustando o sistema de gestão de recursos
humanos do Estado aos novos desafios da Função Pública.

Porquê este Manual?

O presente manual foi elaborado especificamente para o desenvolvimento do Módulo de


Sistema Nacional de Gestão de Recursos Humanos (SNGRH) – Módulo de Direitos,
Deveres e Regalias dos Funcionários, que integra o Curso Modular de Formação em
Administração Pública, inserido no programa de actividades de formação e
aperfeiçoamento profissional para a área de especialização em GRH.

O manual está direccionado para responder às necessidades específicas dos órgãos do


Aparelho do Estado, de forma a assegurar que os servidores públicos desempenhem as
suas funções com zelo, profissionalismo, transparência, imparcialidade, responsabilidade
e sempre preocupados com o melhor servir o cidadão; contribuindo de forma efectiva no
esforço patriótico de construção do bem-estar, e da promoção do desenvolvimento
económico e social de Moçambique.

O material é escrito num contexto actual e em diferentes perspectivas e visando diferentes


grupos, daí que a principal ideia desta iniciativa foi a de combinar metodologias e explorar
abordagens emergentes para responder às necessidades específicas da função pública.

Destinatários deste Manual

Este manual foi preparado para os funcionários e aos demais agentes do Estado que
exercem ou venham a exercer actividades na Administração Pública dentro do País e no
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exterior. No entanto, outros actores envolvidos em actividades equiparadas ou


interessados em compreender como estes processos devem ser realizados, podem
igualmente consultar o presente manual.

Objectivos do Módulo Sistema Nacional de Recursos Humanos: Direitos,


Deveres e Regalias dos Funcionários
Ao terminar este módulo o formando deve ser capaz de:

Objectivos Gerais do Módulo

1. Distinguir entre direitos, deveres e regalias dos funcionários;

2. Aplicar os deveres gerais e especiais dos funcionários;

3. Compreender a política de assistência médica e medicamentosa;

4. Caracterizar os direitos específicos dos dirigentes;

5. Compreender os procedimentos sobre deslocações e transferências dos


funcionários;

6. Identificar a política de benefícios dos funcionários; e

7. Distinguir licenças das faltas;

Capítulos que compõem este Manual

Os capítulos que fazem parte integrante deste manual são quatro, nomeadamente:

Capítulo 1: Deveres gerais e específicos dos funcionários e agentes do Estado;

Capítulo 2: Regalias inerentes às funções/política de benefícios;

Capítulo 3: Licenças e Faltas;

Capítulo 4: Deslocações e Transferências;

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Direitos, Deveres e Regalias dos Funcionários (MRH5)

Distinção entre direitos,


deveres e obrigações

1.1. Objectivos

No fim deste capítulo o formando deve ser capaz de:

Identificar os deveres dos funcionários;

Identificar deveres especiais dos funcionários;

Inteirar-se das Ordens e Instruções Ilegais

Compreender e identificar os deveres específicos dos dirigentes;

1.2. Breve contextualização

Uma organização viável do ponto de vista de Recursos Humanos, é aquela que não
apenas capta (recruta) e aplica os Recursos Humanos adequadamente, mas também os
mantém na organização. Esta manutenção exige uma série de cuidados especiais, entre
os quais sobressaem os planos de compensação monetária, de benefícios sociais e de
higiene e segurança no trabalho.

Todas as organizações (serviços) tem um sistema de recompensa, isto é, de incentivos,


para estimular certos tipos de comportamento e de punições, isto é, de castigo ou de
penalidades, para coibir certos tipos de comportamentos.

O sistema de recompensa inclui o pacote de benefícios, que os serviços colocam à


disposição dos seus funcionários e os mecanismos e procedimentos pelos quais estes
benefícios são distribuídos. Não apenas o salário, pensões, férias, promoções para

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Direitos, Deveres e Regalias dos Funcionários (MRH5)

posições elevadas são consideradas, mas também algumas recompensas não materiais
como garantia de segurança no trabalho, transferências, entre outras.

Por outro lado, o sistema de punições inclui uma série de medidas disciplinares que visam
orientar o comportamento das pessoas que, eventualmente, estejam a desviar-se dos
rumos esperados, bem como prevenir a sua repetição (advertência verbal ou escrita) ou
ainda, em casos extremos, castigar a sua reincidência e até afastar o autor do convívio
dos demais (afastamento da organização).

Entretanto, importa referir que a par desse sistema de recompensa, o funcionário


encontra-se em uma posição ambivalente (isto é, ele é simultaneamente cidadão e agente
do Estado). Esta dualidade confronta o exercício dos direitos cívicos com duas exigências
contraditórias: Por um lado, e como qualquer outro cidadão, esse agente do Estado
beneficia fundamentalmente desses direitos, por outro, e como agente do Estado, ele
sofre uma restrição no exercício desses mesmos direitos devido à sua posição no Estado,
na administração pública e na sociedade; no gozo de prerrogativa de poder e ao serviço
de uma missão de serviço público.

Por isso, toda a arte do legislador e do poder executivo consiste em encontrar um subtil
equilíbrio entre estas duas exigências que é preciso conciliar, nomeadamente quando o
agente do Estado age como cidadão.

É assim que surge a necessidade de adopção de uma legislação específica que regule o
exercício desse cidadão quando do seu papel e missão como agente do Estado.

Para o caso vertente de Moçambique, o exercício dos Direitos e Deveres cívicos do


Funcionário e agente do Estado está consagrado na Constituição da República e como
instrumento regulador encontra-se plasmado no Estatuto Geral do Funcionários e agentes
do Estado (EGFAE) e legislação específica para casos particulares de outras categorias
de agentes do Estado, (caso de magistrados judiciais, etc.).

O presente manual procurará tratar dos direitos e dos deveres que na sua vida têm uma
relação com o cidadão como funcionário e agente do Estado.

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1.3. Deveres dos Funcionários e Agentes do Estado

Pela natureza das actividades que cada um possa exercer, alguns grupos de funcionários
podem ser sujeitas a deveres e direitos especiais.

Os deveres dos funcionários do Estado são categorizados por:

Deveres gerais dos funcionários do Estado

Deveres especiais dos Funcionários do Estado

Ordens e instruções ilegais

1.4. Os deveres gerais

1. De acordo com o artigo nº 38 do Estatuto Geral dos Funcionários e agentes do


Estado(EGFAE), são deveres gerais dos funcionários e agentes do Estado:

2. Respeitar a Constituição da República, as demais leis e órgãos do poder do Estado;

3. Participar activamente na edificação, desenvolvimento, consolidação e defesa do


Estado de direito democráctico e no engrandecimento da Pátria;

4. Dedicar-se ao estudo e aplicação das leis e demais decisões dos órgãos do poder de
Estado;

5. Defender a propriedade do Estado e zelar pela sua conservação;

6. Assumir uma disciplina consciente por forma a contribuir para o prestígio da função
de que está investido e o fortalecimento da unidade nacional;

7. respeitar as relações internacionais estabelecidas pelo Estado e contribuir para o seu


desenvolvimento;

8. Promover a confiança do cidadão na Administração Pública e na sua justiça,


legalidade e imparcialidade;

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1.5. Os deveres especiais dos funcionários e agentes do Estado

São deveres gerais dos funcionários e agentes do Estado, conforme o artigo nº 39 do


Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE):

1. Cumprir as leis, regulamentos, despachos e instruções superiores;


2. Cumprir exacta , pronta e lealmente as ordens e instruções legais dos seus
superiores hierárquicos relativas ao serviço;
3. Respeitar os superiores hierárquicos tanto no serviço como fora dele;
4. Dedicar ao serviço a sua inteligência e aptidão, exercendo com competência,
abnegação, zelo e assiduidade e por forma eficiente as funções a seu cargo sem
prejudicar ou contrariar por qualquer modo o processo e o ritmo do trabalho, a
produtividade e as relações de trabalho;
5. Exercer as funções em qualquer local que lhe seja designado;
6. Não se apresentar ao serviço em estado de embriaguês e/ou sob efeito de
circunstâncias psicotrópicas e alucinogénicas;
7. Apresentar-se ao serviço e em todos os locais onde deve comparecer por motivos
de serviço, com pontualidade, correcção, asseio e aprumo, e em condições físicas
e mentais que permitam desempenhar correctamente as tarefas;
8. Prestar contas do seu trabalho, analisando-o criticamente e desenvolver a crítica e
auto-crítica;
9. Manter sigilo sobre os assuntos de serviço mesmo depois do termo de funções;
10. Não recusar, retardar ou omitir injusticadamente a resolução de um assunto que
deva conhecer ou o cumprimento de um acto que devia realizar em razão do seu
cargo;
11. Zelar pela conservação e manutenção dos bens do Estado que lhe são confiados;
12. Pronunciar-se sobre deficiências e erros no trabalho e informar sobre os mesmos
ao respectivo superior hierárquico;
13. Guardar e conservar a documentação e arquivos segundo os regimes
estabelecidos, remetendo às entidades competentes a documentação de valor
histórico;
14. Não se ausentar sem autorização superior para o estrangeiro e para fora da

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província, excepto no período de licença anual e dias de descanso;


15. Concorrer aos actos e solenidades oficiais para que seja convocado pelas
autoridades superiores;
16. Manter-se no exercício das suas funções, ainda que haja renunciado o seu cargo,
até que o seu pedido seja decidido;
17. Dar exemplo de acatamento pelas instituições vigentes e de respeito pelos seus
símbolos e autoridades representativas;
18. Manter relações harmoniosas de trabalho com todos os funcionários criando um
ambiente de estima e de respeito mútuo no trabalho, sem quebra do rigor da
disciplina e de exigência no cumprimento das obrigações funcionais;
19. Não agredir, injuriar ou desrespeitar qualquer cidadão ou funcionário e agente nos
locais de serviço ou por causa dele;
20. Combater firmemente as manifestações de racismo, tribalismo, regionalismo,
discriminação com base no sexo, departamentalismo e outras formas de
divisionismo;
21. Cumprir integralmente a missão confiada em país estrangeiro e regressar
imediatamente após o seu cumprimento;
22. Informar os dirigentes sempre que tenha conhecimento da prática ou tentativa de
prática de acto contrário à Constituição da República, às leis, decisões do Estado,
regulamentos e instruções;
23. Adoptar um comportamento correcto exemplar na sua vida pública, pessoal e
familiar de modo a prestigiar sempre a dignidade da função e a sua qualidade de
cidadão;
24. Usar com correcção o uniforme previsto na lei, quando o houver;
25. Não praticar nepotismo na admissão, movimentação, progressão e promoção de
funcionários;
26. Não praticar actos administrativos que privilegiem interesses estranhos ao Estado
em detrimento da eficácia dos serviços;
27. Não se servir das funções que exerce em benefício próprio ou em prejuízo de
terceiros, designadamente não aceitar como consequência do seu trabalho
quaisquer ofertas ou pagamentos , nem exigir ou aceitar promessas de ofertas ou
de pagamentos;

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28. Não se deslocar para outro país por ocasião de cumprimento de uma missão do
estrangeiro sem autorização superior expressa;
29. Não exercer outra função ou actividade remunerada sem prévia autorização;
30. Promover a confiança do cidadão na Administração Pública, atendendo-o
pontualmente e com isenção;
31. Não assediar material, moral ou sexualmente no local de trabalho ou fora dele,
desde que interfira na estabilidade, no emprego ou na progressão profissional;
32. Requerer a contagem periódica e regular do tempo de serviço prestado ao Estado
para efeitos de aposentação;

1.6. Ordens e instruções ilegais

1. O artigo nº 40, do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE)


refere que o dever de obediência não inclui a obrigação de cumprir ordens e
instruções ilegais.
2. São consideradas ordens ou instruções ilegais as que :

a) Ofendam directamente a Constituição da República;


b) Sejam manifestamente contrárias à lei;
c) Provenham de entidade sem competência para as dar;
d) Impliquem a preterição das formalidades legais;

3. Sempre que o funcionário ou agente do Estado considerar que determinada ordem


ou instrução é ilegal, ou que do seu cumprimento pode resultar perigo de vida ou
danos, deve dar disso imediato conhecimento, por escrito, ao seu superior
hierárquico, sob pena de ser solidariamente responsável.
4. Nos casos da manutenção da ordem, esta é reduzida à escrito.

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1.7. Deveres específicos dos dirigentes

1. Segundo o artigo nº 41, do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado


(EGFAE), os dirigentes do Estado são responsáveis pela eficiência e eficácia da
direcção e do trabalho desenvolvido nos respectivos serviços que dirigem e pela
execução da política de gestão de recursos humanos.
2. Os dirigentes do Estado estão sujeitos aos seguintes deveres específicos:

a) Cumprir e fazer cumprir o Programa do Governo;


b) Assegurar que os bens do Estado sob sua responsabilidade sejam
administrados de forma eficiente e eficaz;
c) Velar pela eficiência e eficácia da acção administrativa desenvolvida pelos
seus subordinados combatendo o burocratismo e lutar pela aplicação de
métodos científicos de trabalho, dirigindo e organizando convenientemente o
sector, equipamento e documentação a seu cargo;
d) Promover a formação contínua dos funcionários seus subordinados de modo
a contribuir para a sua auto-realização e garantir uma melhoria constante da
prestação de serviços;
e) Aplicar métodos colectivos de direcção de trabalho e praticar o diálogo com
os seus subordinados visando o melhoramento das condições de serviço e
promovendo a sua integração nos processos de desenvolvimento
institucional;
f) Não utilizar o poder conferido pela função nem a influência dele derivado
para obter vantagens pessoais, proporcionar favores ou benefícios indevidos
a terceiros;
g) Combater todas as manifestações de abuso de poder, nepotismo,
patrimonialismo, clientelismo e todas as demais condutas que constituam ou
traduzam desigualdade ou favoritismo no tratamento em relação aos
funcionários;

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h) Controlar os actos dos funcionários que lhe estão subordinados de modo a


prevenir a prática de actos de corrupção e exercer acção disciplinar quando
a ela houver lugar;
i) Avaliar o desempenho e classificar o serviço prestado pelos funcionários e
agentes do Estado seus subordinados, com justiça e nos períodos
determinados por lei;
j) Assegurar que os actos praticados pelos funcionários subordinados estejam
de acordo com a lei e com os direitos e liberdades dos cidadãos;
k) Adoptar medidas que tornem a Administração Pública mais simples e célere,
incluindo o recurso às tecnologias modernas;
l) Prestar contas do seu trabalho, nos termos da lei;
m) Guardar sigilo profissional sobre assuntos de serviço, mesmo após a
cessação da função;
n) Comportar-se, na sua vida pública e privada, de modo adequado à
dignidade e prestígio da função que exerce;
o) Apresentar a declaração dos seus bens patrimoniais nos termos da lei;

1.8. Conclusão:

Em geral, constituem Deveres dos Funcionários do Estado como contrapartida dos


direitos que lhes são concedidos, as obrigações comuns geralmente relativas à
obediência hierárquica, ao desempenho das ocupações, à imparcialidade, à honestidade
e interesse pelo serviço, ao segredo profissional, etc.

Como pode depreender, durante o estudo deste capítulo debruçou-se com o estudo dos
deveres e obrigações dos funcionários. A capacidade de domínio e adesão a essas
matérias depende de si para, lhe proporcionar um crescimento profissional condigno e

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são, vai impulsionar também o desenvolvimento do seu país, uma vez que é cumprindo na
íntegra, por exemplo com os deveres consignados é que será o verdadeiro funcionário e
Agente de Estado, não querendo deixar de parte a questão da importância das relações
sócio- profissionais, assim como a questão da salvaguarda do respeito pelo cidadão no
atendimento ao público.

1.9. Exercícios Práticos

Atente-se às seguintes questões, e resolva-as atentamente a fim de aperfeiçoar os


conceitos apreendidos e de certeza por si consolidados.

1. Explique em que consistem as ordens e instruções ilegais?

2. O senhor Dr Leonardo é quadro do Ministério dos Negócios Estrangeiros e


Cooperação e por conveniência de serviço está a representar Moçambique na
República do Malawi. Ele pretende deslocar-se para a República do Quénia para
assistir a um jogo de futebol entre a selecção de Moçambique e a daquele País.

a) De acordo com os seus conhecimentos adquiridos neste capítulo diga que


passos ele deve tomar para participar no jogo?

3. Imagine que ele tenha solicitado à sua Excia a Ministra do seu Pelouro uma
renúncia no cargo por motivos pessoais e inadiáveis, tendo se confirmado a
recepção do seu pedido, sem no entanto, ter havido despacho favorável.

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 Diga o que o senhor Dr Leonardo deve fazer tendo em conta a urgência do seu
pedido?

 Qual é o dever que se enquadra à presente situação de acordo com os deveres


especiais dos funcionários e agentes do Estado?

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Regalias inerentes às
Funções/Políticas de
Benefícios.

2.1 Objectivos

No fim deste capítulo o formando deve ser capaz de:

• Conviver com os direitos gerais dos funcionários e agentes do Estado;

• Compreender a política de benefícios/regalias inerentes às funções;

2.2. Breve contextualização

Política de benefícios, são acções que garantem igualdade de direitos e deveres entre
as pessoas, ou seja, que fornecem condições que assegurem o direito à vida e ao bem-
estar social dentro da relação estabelecida entre ambos: O Estado e o Funcionário.

Assim, para além dos direitos e deveres constantes neste manual, existem a nível do
aparelho de Estado normas internas que regulam a política de benefícios para os
funcionários em geral, assim como para os órgãos dirigentes, em particular, como é o
exemplo da política de alienação da viatura, ou outros.

2.3. Direitos dos Funcionários do Estado

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Como foi atrás referenciado, as recompensas proporcionadas pelos serviços enfatizam


principalmente a excelência do serviço e o grau de responsabilidade do funcionário. Elas
são concedidas como retribuição pelo alcance de objectivos dos serviços.

Em geral, os serviços procuram organizar as recompensas (direitos) em dois grandes


grupos: as recompensas materiais e as sócio-políticas.

Do grupo das recompensas materiais encontram-se os vencimentos, os subsídios ou


bónus, os benefícios sociais, a protecção social, as licenças, as pensões, o alojamento e
viatura (para certas funções) entre outras.

Os direitos sócio-políticos referem-se a liberdade de reunião, opinião, associação,


concertação, formação profissional, segurança no trabalho, protecção contra a
administração e o administrado, etc.

Dos direitos dos funcionários (ver artigo 42 do EGFAE), consideram-se o direito ao


exercício de uma função para a qual for nomeado, um vencimento legalmente
estabelecido de acordo com suas qualificações, a participação em colectivos, ao
descanso, a higiene e segurança no trabalho, a assistência médica e medicamentosa para
o funcionário e seus dependentes, aposentação, a participação em concurso de promoção
e progressão, a gozar licenças (anual, casamento, bodas de prata e de ouro, luto, de
doença, parto, etc.).

Os artigos 43 a 45 do EGFAE, referem-se aos direitos inerentes ao exercício de uma


função, como sendo o de possuir o documento de identificação que constitui elemento de
prova da sua qualidade de funcionário, assim como da função que exerce, de possuir uma
casa do Estado, uma viatura de afectação individual ou de alienação entre outras.

O artigo 17 do Decreto 64/98, de 3 de Dezembro, estabelece que, finda a comissão de


serviço e desde que a cessação não tenha sido determinada por motivo disciplinar, os
funcionários nomeados para funções de direcção e chefia de nível igual ou superior a
Chefe de Departamento provincial ou equiparado, têm direito ao provimento em classe
superior à que possuía à data da nomeação.

O provimento referido acima obedece aos seguintes requisitos:

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a) Cada período de cinco anos completos de exercício contínuo da função, contados a


partir da data da última promoção, atribui o direito de promoção à classe ou categoria
imediatamente superior no primeiro escalão da faixa salarial;

b) Cada três anos excedentes ao período anterior dá direito a progressão na respectiva


faixa salarial.

2.4. Direitos gerais dos funcionários e agentes do Estado

1. De acordo com o artigo nº 42, do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do


Estado (EGFAE), constituem direitos do Funcionário:
a) Exercer as funções para que foi nomeado;
b) Receber o vencimento e outras remunerações legalmente estabelecidas;
c) Beneficiar de condições adequadas de higiene e segurança no trabalho e de
meios adequados à protecção da sua integridade física e mental, nos termos
a regulamentar;
d) Participar no respectivo colectivo de trabalho;
e) Ter um intervalo diário para descanso;
f) Ter descanso semanal;
g) Gozar férias anuais e as licenças nos termos do presente EGFAE e
regulamento;
h) Ser avaliado periodicamente pelo seu trabalho com base de critérios justos
de desempenho nos termos a regulamentar;
i) Participar nos cursos de formação profissional e de elevação da sua
qualificação;
j) Concorrer a categorias ou classes superiores dentro da sua carreira
profissional em função do preenchimento dos requisitos, da experiência e
dos resultados obtidos na execução do seu trabalho;
k) Ser tratado com correcção e respeito;
l) Ser tratado pelo título correspondente à sua função;
m) Gozar as honras, regalias e precedências inerentes à função;

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n) Ser distinguido pelos bons serviços prestados, nomeadamente através da


atribuição de prémios, louvores e condecorações;
o) Beneficiar de ajudas de custo ou ter alimentação e alojamento diários em
caso de deslocação para fora do local onde normalmente exerce as suas
funções, por motivo de serviço;
p) Ter transporte, para si e para os familiares a seu cargo e respectiva
bagagem em caso de colocação, de transferência por iniciativa do Estado e
da cessação normal da relação do trabalho com o Estado, nos termos do
presente EGFAE;
q) Beneficiar de um subsídio de adaptação a ser fixado pelo governo, por
período de três meses, em caso de transferência por iniciativa do Estado
para fora do local onde normalmente presta serviço;
r) Gozar de assistência médica e medicamentosa para si e para os familiares a
seu cargo, prevista em legislação específica;
s) Ser aposentado e usufruir das pensões legais;
t) Apresentar a sua defesa antes de qualquer punição;
u) Dirigir-se à entidade imediatamente superior sempre que se sentir
prejudicado nos seus direitos;
v) Beneficiar do regime especial de assistência por acidente em missão de
serviço, desde que a culpabilidade do acidente não lhe seja imputada, nos
termos do a regulamentar;
w) Beneficiar de medidas adequadas para que os portadores da doença crónica
gozem dos mesmos direitos e obedeçam aos mesmos deveres dos demais
funcionários do Estado nos termos do a regulamentar;
2. Aos agentes do Estado são reconhecidos os direitos previstos no número anterior,
com excepção das alíneas i), j) e p), salvo nos casos previstos no presente EGFAE.
3. O funcionário ou agente do Estado portador de deficiência goza dos mesmos
direitos e obedece aos mesmos deveres dos demais funcionários e agentes do
Estado no que respeita ao acesso ao emprego, formação e promoção profissionais,
bem como as condições de trabalho adequado ao exercício de actividade
socialmente útil, tendo em conta as especialidades inerentes à sua capacidade de
trabalho reduzida.

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2.5. Documento de Identificação

1. Os funcionários e agentes do Estado têm direito a documento identificação que


constitui elemento de prova da sua qualidade de funcionário ou agente do Estado,
assim como da função que exercem, de acordo com o artigo 43 do Estatuto Geral
dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).
2. A situação de aposentado deve ser averbada no documento de identificação do
funcionário ou agente do Estado.

2.6. Maternidade

1. O artigo nº 44 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),


refere que a funcionária ou agente do Estado sob licença do parto mantêm os
direitos inerentes à função ou ao cargo que exerce.
2. Após a licença de parto a funcionária ou agente do Estado pode interromper,
diariamente, o trabalho por um período não superior a uma hora, para aleitamento
da criança, até um ano, salvo se, por parecer clínico, outro tempo for estipulado.

2.7. Direitos e Regalias Inerentes às Funções

2.7.1. Direito a casa do Estado

Por regulamento a aprovar pelo Ministro que superintende na Função Publica e Pelos
Ministros das Finanças e da Construção e Águas, serão definidas as funções cujo
exercício deve consignar o direito a ocupação de residência do Estado, bem como as
condições de utilização.

2.7.2. Prioridade na ocupação do parque imobiliário do Estado

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Os funcionários transferidos beneficiam de prioridade na ocupação de casas do parque


imobiliário do Estado nos termos estabelecidos no artigo 5 do Regulamento da Lei do
Arrendamento.

2.7.3. Direito à Viatura

Legislação especial regulamentará o direito a viatura de afectação individual.

Considera-se viatura de afectação individual a que se destina ao uso pessoal das


entidades a quem for reconhecido o direito referido no número anterior,
independentemente da sua utilização em serviço.

2.7.4. Direito a transporte

O Ministro que superintende na Função Pública, ouvidos os Ministros das Finanças e dos
respectivos sectores, regulamentará sobre:

a) A possibilidade e condições de venda dirigida de viaturas aos funcionários;

b) Outros cargos que, pela sua natureza, poderão beneficiar de transporte;

c) A quota mensal de combustível para os utentes referidos no presente artigo e no


anterior.

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2.8. Conclusão

Uma política de benefícios, são acções que garantem igualdade de direitos e deveres
entre as pessoas, ou seja, que fornecem condições que assegurem o direito à vida e ao
bem estar social dentro da relação estabelecida entre ambos: O Estado e o Funcionário.

Dentro da política de benefícios as partes contraentes e particularmente o aparelho de


Estado, neste caso apresenta o pacote de benefícios a ser atribuído ao cargo de Director
Nacional, por exemplo.

Direitos e regalias inerentes às funções são benefícios atribuídos aos funcionários que
exercem cargos de gestão, como por exemplo, a alienação da viatura por conveniência do
serviço, a casa, ou outros benefícios internos que o aparelho de Estado atribui aos seus
funcionários como forma de os manter motivados para a busca de soluções inerentes à
resolução de problemas do país.

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2.9. Exercícios Práticos

Depois de te debruçares longamente neste tema, atente às seguintes questões, tentando


resolvê-las atentamente a fim de aperfeiçoar os conceitos apreendidos.

1. Distinga os direitos dos funcionários do Estado.

2. A Senhora Arlete é funcionária do Estado e pretende viajar com o seu marido, o


senhor Dr Tiago, que por conveniência de serviço o Estado lhe nomeou para
assumir as funções de Director provincial da Educação.

a) Diga qual é o tratamento que vai ser dado a ambos no concernente às


passagens tendo em conta que os dois são funcionários do Estado?

b) Faça um arrolamento de todas as regalias a que o senhor Dr Tiago tem


direito resultante da sua nomeação.

c) Diga por que motivos é atribuída a viatura de afectação individual aos


funcionários e agentes do Estado.

d) E o direito a casa do Estado a quem é atribuida?

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Licenças e Faltas

3.1. Objectivos

No fim deste capítulo o formando deve ser capaz de:

• Conhecer os tipos de licenças dos funcionários e agentes do aparelho de


Estado;
• Conhecer o tipo de faltas permitidas e não permitidas;

3.2. Breve contextualização

Denomina-se por licença o acto de os funcionários do estado ausentar-se do serviço ao


qual encontra-se vinculado. Esta licença pode ser por motivo de doença ou puramente
pessoal.

3.3. Conceito e Tipo de Licenças

O artigo 66 do EGFAE estabelece as licenças que os funcionários ou agentes do Estado


têm como direito, sendo de destacar as seguintes licenças:

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a) licença por doença;

b) licença por Luto;

c) licença de paternidade;

d) licença de casamento, bodas de prata e de ouro;

e) licença por luto;

f) licença para exercício de funções em organismos internacionais;

g) licença para acompanhamento de cônjuge colocado no estrangeiro;

h) licença registada;

i) licença especial;

j) licença Ilimitada.

3.3.1. Licença por doença

As licenças por doença são as concedidas pela junta de saúde por períodos até trinta
dias, prorrogáveis por períodos sucessivos, ou sob parecer clínico até oito dias.

3.3.2. Licença de Parto

A licença de parto consiste na concessão à funcionária ou agente do Estado parturiente,


de uma licença de sessenta dias, acumulável com as férias, a qual pode iniciar-se vinte
dias antes da data provável do parto.

A licença de parto referida no número anterior aplica-se também aos casos de parto a
termo ou prematuro, independentemente de ter sido nado vivo ou nado morto.

3.3.3. Licença de Paternidade

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A licença de paternidade consiste na concessão, ao pai, de uma licença de dois dias,


seguidos ou interpolados, nos trinta dias contados a partir da data do nascimento do filho,
de dois em dois anos.

3.3.4. Licença de casamento

A licença de casamento, bodas de prata ou de ouro é concedida a requerimento do


funcionário ou agente do Estado visado, por motivo do seu casamento e por ocasião das
bodas de prata e tem a duração de sete dias de calendário.

3.3.5. Licença por luto

Por motivo de morte de familiar, o funcionário ou agente do Estado tem direito a uma
licença de luto, cujo período é regulado em razão do grau de parentesco.

3.3.6. Licença para exercício de funções em organismos internacionais

A pedido de funcionário de nomeação definitiva, e desde que haja interesse do Estado,


pode ser concedida licença para exercício de funções em organismos internacionais.

Quando o funcionário fôr colocado no estrangeiro por período de tempo superior a 90


dias ou indeterminado, em missão de representação de interesses do Estado ou em
organizações internacionais, o respectivo cônjuge, caso seja funcionário, tem direito à
licença para acompanhamento de cônjuge colocado no estrangeiro sem direito a
vencimento.
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3.3.7. Licença registada

Ao funcionário de nomeação definitiva, pode ser concedida licença registada até seis
meses prorrogáveis até, um ano, invocando motivo justificado e ponderoso. Esta licença
só pode ser concedida duas vezes, intercaladas por período não inferior a cinco anos.

3.3.8. Licença especial

A requerimento do funcionário pode ser concedida uma licença especial sem vencimento
para frequência de cursos de pós-graduação, mestrado, estágios e doutoramento, até
dezoito meses prorrogáveis pelo tempo julgado necessário.

3.3.9. Licença ilimitada

A licença ilimitada é concedida a pedido do funcionário de nomeação definitiva.

3.4. Faltas

1. De acordo com o artigo 65 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado


(EGFAE), considera-se falta ao serviço, a não comparência do funcionário ou agente
do Estado durante o período normal de trabalho a que está obrigado, bem como a não
comparência em local a que deva deslocar-se por motivo de serviço.
2. As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.
3. O tratamento a ser reservado às faltas justificadas e injustificadas é objecto de
regulamentação.

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3.5. Conclusão

As licenças espelham o comprometimento permanente existente entre o funcionário ou


agente do Estado.

Também mostram que todas as preocupações dos funcionários e agentes do Estado


encontram enquadramento legal, desde que o funcionário peça previamente autorização e
converse com o seu superior hierárquico, para evitar as situações de embaraço no sector
de trabalho, como as de faltas injustificadas que só virão a prejudicar a sua vida
profissional, que pode culminar com a perca de contagem de tempo para a aposentação,
por exemplo.

Durante as suas actividades profissionais os funcionários e agentes do Estado podem, por


razões várias cometer faltas. No entanto, estas faltas terão efeito diferente dependendo da
justificação previamente apresentada, sendo que ao enquadrar as mesmas serão
classificadas como justificadas e não justificadas.

As faltas injustificadas devem ser evitadas por incidirem negativamente na contagem do


tempo de serviço.

Por outro lado, as faltas injustificadas que carecem de confirmação do superior


hierárquico, para além do aspecto disciplinar punitivo de perda de tempo na contagem de
tempo, implica ainda na perda do vencimento correspondente.

De todo o exposto, pode concluir-se que o funcionário impedido de comparecer ao serviço


deve, prévia ou imediatamente após a sua apresentação, entregar justificação escrita do
facto.

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3.6. Exercícios Práticos

Depois de se concentrar neste tema, atente às seguintes questões, tentando resolvê-las


com cautela a fim de aperfeiçoar os conceitos apreendidos.

1. Caracterize cada tipo de licenças que estudou ao longo deste capítulo e diga qual é
o propósito da concessão das licenças.

2. com base na sua experiência profissional e de vida fale da importância das licenças
e das suas implicações caso não fossem reguladas.

3. Como sabe, a senhora Dra Marla, é formada na área de diplomacia pelo Instituto
Superior de Relações Internacionais e é funcionária do Estado há já mais de 15
anos, afecta no Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação. Dada a sua
experiência relevante na área de Diplomacia, recentemente foi nomeada por 4 anos
para representar Moçambique na república do Egipto. Considere que ela é casada
com o senhor Bernardo, também funcionário do Estado e afecto no Ministério da
Mulher e Acção Social. O casal tem 3 filhos, cujo mais velho tem apenas 10 anos:

 Diga que tipo de licença é que vai recair ao seu cônjuge, tendo em conta que
ele vai acompanhá-la para o exterior?

4. O senhor Dr. João é funcionário do Estado há mais de 10 anos, através do Jornal


tomou conhecimento da abertura de uma vaga de Director de Assuntos Jurídicos
nos quadros de pessoal da SADCC cuja duração do cargo é por dois anos e por
iniciativa pessoal tomou a decisão de concorrer, tendo sido convidado a participar

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nas entrevistas ao que depois tomou conhecimento de que foi seleccionado para
aquela vaga, cabendo a ele fazer o pedido aos seus superiores para o efeito.

a) Atendendo que Moçambique faz parte integrante da SADCC e o crescimento


de um impulsiona o do outro diga em que circunstâncias é que o Dr João vai
lhe ser concedida a autorização?

b) Imagine que ele é casado com a sra Joana, também funcionária do Estado e,
que como tal ela irá na companhia dele para o exterior. Em que circunstâncias
ela vai ser enquadrada tendo em conta a prerrogativa das licenças?

5. O Dr Alberto é funcionário do Ministério da Função Pública e concorreu a uma


bolsa de estudos para a Inglaterra a fim de fazer o grau de mestrado por 1 ano. Há
uma semana ele recebeu uma confirmação da concessão da referida bolsa,
cobrindo com todos os custos da sua estadia, propinas e de transporte.
Impressionado com o facto ele decidiu interromper os serviços e pedir aos seus
superiores a autorização para os estudos no exterior.

a) Diga que tipo de licença lhe vai ser concedida, tendo em conta a sua condição de
bolseiro?

6. O senhor Jorge é funcionário do Estado com a função de Estafeta, por motivos


pessoais não compareceu ao serviço durante 8 dias e nem sequer deu a conhecer
aos seus superiores as razões da ausência. Depois de regressar ficou-se a saber
que a sua ausência deveu-se à viagem para Inhambane a fim de visitar a sua
família, não tendo conseguido regressar pelas razões de bloqueio das vias. A fim
de regularizar o processo o superior dele instruiu-lhe para escrever os motivos por
forma a sancioná-los.

 Diga que tipo de falta vai ser aplicada ao senhor Jorge?

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Deslocações e Transferências

4.1. Objectivos

No fim deste capítulo o formando deve ser capaz de:

• Identificar o tipo de deslocações cobertas dentro das relações laborais dos


funcionários do Estado;
• Compreender como é que se processam as transferências no aparelho de Estado;

4.2. Breve contextualização

Consideram-se deslocações em serviço as deslocações efectuadas pelos trabalhadores


ao serviço das Empresas, sem carácter de permanência, para fora da localidade ou da
área onde os mesmos prestam habitualmente serviço.

De um modo geral as deslocações em serviço classificam-se em pequenas deslocações e


grandes deslocações.

As deslocações dentro do serviço encontram enquadramento legal dentro do EGFAE,


tendo em conta que elas têm sempre a sua causa.

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4.3. Deslocações

1. De acordo com o artigo nº 70 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do


Estado(EGFAE) as deslocações são determinadas pelos seguintes motivos:
a) Colocação;
b) Transferência;
c) Missão de serviço;
d) Doença comprovada por atestado médico ou Junta de saúde;
e) Concursos;
f) Outros motivos;
2. As deslocações referidas no número anterior conferem ao funcionário ou agente do
Estado o direito ao abono de passagens.
3. As deslocações nos termos da alínea c) do ponto nº 1, conferem o direito a ajudas
de custo nos termos a regulamentar.
4. As deslocações por motivo de colocação e transferência conferem o direito ao
abono de passagens para a família, que viva na dependência exclusiva do
funcionário.
5. Na transferência por conveniência de serviço cujo cônjuge é também funcionário
deve igualmente ser assegurada a transferência deste, sempre que o funcionário
transferido tenha categoria profissional ou exerça funções mais elevadas.
6. Para efeitos do número anterior entende-se por família:

a) cônjuge incluindo os que se encontrem em união de facto;


b) descendentes menores do casal, incluindo os enteados e adoptados;
c) ascendentes do casal a seu cargo;
d) descendentes maiores incapazes a seu cargo.

7. Em relação aos familiares previstos nas alíneas b) e c) do número anterior, deve


ser comprovado, através de atestado emitido pela estrutura administrativa do local
de residência, que vivem em comunhão de mesa e habitação.
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4.4. Acompanhamento por familiar em caso de doença

1. O artigo nº 71 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado(EGFAE),


refere que nas deslocações por motivo de doença do funcionário ou agente do
Estado ou de qualquer dos membros do agregado familiar previstos no EGFAE,
quando por parecer da junta de saúde ou clínico deva ser acompanhado por
elemento de família, a passagem deste também corre por conta do Estado.

2. Os casos de óbito de um funcionário ou agente do Estado são tratados de acordo


com as normas a regulamentar, incluindo as situações que envolvam as
transladações.

4.5. Classe de Viagem

Os funcionários e os seus familiares viajando de avião, por via marítima ou terrestre


têm direito a ocupar determinadas classes a serem fixadas nos termos a regulamentar,
conforme o artigo nº 72 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE).

4.6. Conversão de passagens em combustível

Nos casos em que o funcionário pretenda utilizar viatura própria pode ser fornecido
combustível consoante a média do consumo por quilômetro da sua viatura até ao valor
das passagens a que o mesmo tiver direito, de acordo com o artigo nº 73 do Estatuto
Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

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4.7. Passagens para familiares por morte do funcionário ou agente do


Estado em missão do Serviço

Em caso de morte do funcionário ou agente do Estado, resultante de acidente em


missão de serviço fora do local do domicílio oficial, constitui encargo do Estado,
conforme o artigo nº 74 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE):
a) Quando o funeral se efectuar na região da ocorrência, o abono das passagens
para o agregado familiar, em número a regulamentar;
b) Optando os familiares pelo funeral no domicílio do funcionário ou agente do
Estado falecido, as despesas resultantes da transladação do corpo.

4.8. Bagagem

Em caso de colocação e transferência por iniciativa do Estado o funcionário tem


direito a transporte de bagagem nos termos a regulamentar.

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4.9. Conclusão

Como teve a oportunidade de conviver profissionalmente, na qualidade de funcionário ou


agente do Estado de certeza que já deslocou-se de uma província para outra. Também,
tendo em conta que o Estado está representado em todas as províncias e com vista a
envidar esforços para a descentralização de competências de certeza que o dia a dia do
funcionário são deslocações em missão de serviço, para a troca de experiência, formação,
e outros motivos.

Também, por motivo de transferência de um local por outro, os funcionários são


solicitados a deslocarem-se, levando consigo seus familiares directos que como é óbvio o
Estado responsabiliza-se pelas passagens incluindo dos familiares, sendo que em
regulamento próprio ir-se-á determinar o tipo de classes a serem utilizadas nas viagens.
De referir que as bagagens também são cobertas pelo estado.

Em caso de morte de um funcionário ou agente do Estado fora do seu local de domicílio o


estado cobre as despesas de funeral incluindo as de transporte para os familiares.

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4.10. Exercícios práticos

Como é do seu conhecimento, chegou-se ao fim do capítulo e como tal para consolidar os
conteúdos aqui abordados, atente às seguintes questões:

1. O senhor Langa é trabalhador é Mestre de Obras de profissão e tem um contrato


de trabalho com a empresa Custódio & Irmãos (CI) localizada em Maputo. A
empresa ganhou um concurso para a reabilitação de obras no campo do
Desportivo na Província de Nampula. Estas infra-estruturas estão sob gestão do
Ministério da Juventude. O senhor Langa sabendo que ele é que vai executar as
obras e verificando-se a demora, por motivos de viagem do Director Geral do (CI),
o senhor Langa apresentou-se àquele Ministério solicitando as passagens para
efectuar a viagem.

a) Diga qual vai ser a primeira reação dos funcionários do Ministério com
relação à solicitação do senhor Langa? Justifique a sua resposta.

b) Tendo em conta que é preocupação do Ministério a execução da obra dentro


dos prazos imagine que o superior deste ceda à compra das passagens para
o senhor Langa. Diga em que circunstâncias lhe seriam pagas as
passagens? E que articulação deveria haver entre ambas as instituições .

2. Na viagem de Nampula deve ir também o Técnico Assistente de obras daquele


Ministério sendo o mesmo natural de Nampula e querendo levar alguma mobília e
uma viatura para oferecer aos seus pais, residentes em Nampula ele solicita que a

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sua viagem de serviço seja feita por via terrestre para que possa aproveitar levar
consigo aqueles objectos.

a) Diga as possibilidades que o Técnico tem para que a sua viagem por via
terrestre seja feita.

b) Julga possível o enquadramento desta viagem nas normas sobre viagens


em serviço ou não? Argumente a sua resposta.

3. O sr João é natural da província de Sofala e funcionário do Estado, afecto no


Ministério da Justiça há 5 anos, em Maputo . Durante o gozo das suas férias viajou
para Sofala a fim de visitar os pais. A caminho da viagem o carro em que ele se
encontrava envolveu-se em acidente com outro, tendo o senhor João perdido a
vida.

a) Diga de quem é a responsabilidade de pagamento das passagens para que


a família faça o acompanhamento do funeral do falecido senhor João.
Justifique a sua resposta.

b) Em que circunstâncias são pagas as passagens para familiares por morte de


um funcionário ou agente do Estado, seu parente?

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4.11. BILIOGRAFIA

1. ESTATUTO GERAL DOS FUNCIONÁRIOS DO ESTADO(EGFAE), aprovado pela


lei nº14/2009, de 17 de Março.

2. Decreto nº 64/98, de 3 de Dezembro, que visa fundamentalmente a reforma do


Sistema de Carreiras e Remuneração no aparelho do Estado.

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