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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Resumo de Zoologia e parasitologia animal 1 – 2019/2


Primeira avaliação teórica
Monitoras : Larissa Amorim e Janaina Pires

I) Regra internacional de nomenclatura zoológica e


conceitos em parasitologia
-> A nomenclatura das espécies é latina e binominal, isto é, cada
espécie é designada por duas palavras: a primeira representa o nome do
gênero a que pertence, e a segunda, propriamente o da espécie considerada.
(Por exemplo: Anopheles darlingi.).
-> A nomenclatura das subespécies é trinominal, sendo o nome da
subsespécie acrescentado ao da espécie, sem interposição de qualquer
pontuação. ( Por exemplo: Anopheles albitarsi domesticus.).
-> A nomenclatura dos subgêneros e demais grupos superiores
(famílias, ordens, etc) é uninominal ( Por exemplo: Phyllostomidae.).
-> O nome de família é formado acrescetando-se o radical do gênero
que serve de tipo a desiniência -idae, e o de subfamília a esse mesmo radical a
desiniência -inae. Adota-se a desiniência -oidea para os nomes de superfamília
e –ini para os nomes de tribo.
-> Os nomes de gênero e subgênero devem consistir em uma única
palavra, simples, latina ou latinizada. Devem ser empregadas como
substantivo, singular e escritos com a primeira letra maiúscula. O nome do
subgênero quando citado na espécie, deve ser colocado entre parênteses, entre
os nomes genérico e o específico. Por exemplo: Anopheles (Nyssorhynchus)
darlingi.).
-> O nome específico que irá caracterizar a espécie em si, também deve
ser uninominal, existindo exceções para quando se trata de uma dedicatória a
uma pessoa cujo o nome é duplo, nesse caso as duas palavras que compõe o
nome específico são escritas em um só vocábulo (“se juntam” os dois nomes,
formando um novo, exemplo: sanctipauli). Todos os nomes específicos devem
ser escritos com a primeira letra minúscula. Quando se dedica uma espécie a
uma pessoa que tenha um nome moderno, ao invés de se seguir as regras da
declinação latina, será formado pela adição de um –i ao nome completo da
pessoa, se for homem, e de –ae, se for mulher. (Por exemplo: Cruzi, mariae).
-> Quando se tiver que mencionar o nome do autor com o respectivo
nome científico, deve ser colocado logo após o nome científico, sem
interposição de quaisquer outra indicação (data, sp.n, sensu stricto, etc) que
devem seguir o nome do autor, po´rem dele separadas por uma vírgula. Por
exemplo, o nome científico da mosca doméstica descrita em 1758 por Linneu,
é : Musca domestica Linneu, 1758.
-> Lei da prioridade: Adota-se sempre, para cada gênero e cada
espécie, o nome mais antigo pelo qual foram designados, quando esse nome
foi divulgado numa publicação em que veio acompanhado de uma indicação,
uma definição ou uma descrição, q quando o autor aplicou os princípios na
nomenclatura binária.
Algumas designações importantes da nomenclatura zoológica:
1) Táxon - unidade taxonômica empregada em zoologia como uma
família, um gênero ou uma espécie.
2) Holótipo - o espécime único designado ou indicado como espécime-
tipo de um táxon nominal do grupo-espécie na época da sua primeira
publicação (o primeiro a ser descrito de uma espécie).
3) Sintipo - Todos os outros espécimes de um grupo que não seja o
holótipo.
4) Neótipo - Espécime único designado como espécime- tipo de um
grupo- espécie, cujo o holótipo e todos os parátipos estão perdidos ou
destruídos (“último sobrevivente” da sua espécie).

Conceitos importantes em parasitologia


Parasitologia: Ciência que estuda os vários aspectos que envolvem
organismos parasitas com sua classificação, biologia e controle.
Parasitismo : É um tipo de relação ecológica desenvolvida entre
indivíduos de espécies diferentes em que se observa, além de associação
íntima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variado. Significa
um modo de nutrição através do qual o organismo parasita obtém nutrientes
do corpo do organismo hospedeiro.
Quanto ao ambiente:
->Ectoparasito: É aquele que obtém oxigênio diretamente do meio
externo.
->Endoparasito: Parasito que vive dentro do corpo do hospedeiro,
cavidades naturais ou tecidos e dependem totalmente de seus hospedeiros
como fonte nutritiva.
Quanto ao tempo de permanência
->Parasito permanente: É o parasito que vive todas as suas fases de
vida no hospedeir: um hospedeiro participa do ciclo.
-> Parasito temporário: É o parasito que durante seu ciclo de vda vive
uma fase de vida livre.
Quanto à especificidade:
-> Estenoxênico: São aqueles parasitos que tem hospedeiros de
espécies muito próximas, são considerados de alta especificidade.
-> Eurixeno: São os parasitos que tem como hospedeiros espécies
muito diferentes, são considerados de baixa especificidade.

Quanto à condição como parasita


->Parasito obrigatório: totalmente dependente da vida parasitária.
->Parasito facultativo: é de vida livre, mas é capaz de se adaptar a vida
parasitária, mas sem depender dela.

Quanto à frequência sobre o hospedeiro


-> Periódico: ataca o hospedeiro por um período curto para conseguir
alimento.
->Incidental: quando o parasito está em um hospedeiro que não é o
seu habitual
-> Acidental: Organismo de vida livre que pode sobreviver por tempo
limitado em parasitismo

Quanto ao número e categorias de hospedeiros


-> Monoxeno: Alta especificidade de hospedeiros
-> Heteroxeno: Baixa especificidade de hospedeiros, várias espécies
diferentes.
• No ciclo polixeno, onde estão envolvidos vários hospedeiros, é
chamado hospedeiro definitivo aquele no qual o parasito sexualmente
atinge seu estado reprodutivo ou estágio adulto. Já o hospedeiro
intermediário é hospedeiro em que o parasito desenvolve seus estágios
sexualmente imaturos. E hospedeiro paratênico (transporte) é o
hospedeiro no qual o parasito não sofre desenvolvimento.
II) Ophidia
Características gerais: São vertebrados carnívoros que pertencem a
classe Reptilia, possuem o corpo extremamente alongado, não apresentando
apêndices locomotores e cintura escapular. Possuem as pálpebras fixas e o
corpo recoberto por escamas e não possuem sínfise mandibular. São
pecilotérmicos. A fosseta loreal ou lacrimal é um órgão sensorial
termorreceptor que capta variações mínimas de temperatura, o que auxilia na
captura de animais endotérmicos. É importante saber que o grupo de maior
risco de exposição a acidentes ofídicos são os trabalhadores e moradores de
áreas rurais, em sua maioria homem, dos 20 a 40 anos (idade mais ativa no
trabalho no campo), ou seja, pessoas que tem maior probabilidade de serem
surpreendidas por serperntes.
De forma geral as serpentes peçonhentas e não peçonhentas se
diferenciam por algumas características morfológicas. Podemos destacar:
1) Olhos e fosseta loreal: Peçonhentas possuem olhos pequenos com
pupila em fenda vertical e a fosseta loreal é presente entre as narinas e os
olhos (o que não se aplica a família Elapidae). Por outro lado, as serpentes não
peçonhentas em sua maioria apresentam olhos grandes, pupila circular e
ausência da fosseta loreal.
2) Escamas: Serpentes peçonhentas possuem escamas que podem ser
alongadas, pontiagudas, imbricadas, com carena e com aspecto áspero. Já as
serpentes não peçonhentas possuem escamas achatadas, sem carena, com
aspecto liso e lubrificado.
3) Cauda: Nas serpentes peçonhentas a cauda afina abruptamente e se
apresenta mais curta. Já as não peçonhentas possuem cauda longa que afina
gradualmente. Além disso o gênero Crotalus sp. Possui guizo no final da
cauda.
4) Postura de filhotes: De forma geral as serpentes peçonhentas são
ovovivíparas, enquanto as não peçonhentas são ovíparas.

Quanto à dentição, classifica-se da seguinte maneira:


1) Áglifa : São as serpentes que não possuem presas inoculadoras de
peçonha, os dentes são maciços e sem canal ou sulco inoculador. (Por exemplo
as jibóias e sucuris).
2) Opistóglifa: São as serpentes que possuem presas inoculadoras na
parte posterior do maxilar superior, com sulco inoculador externo. Isso faz
com que o risco de acidentes sejam extremamente baixos, devido a
dificuldade de inoculação por conta do posicionamento dos dentes e do tipo
de sulco. (Por exemplo: Alguns membros da família Colubridae).
3)Proteróglifa: São serpentes que possuem o par de presas
inoculadoras de peçonha na parte anterior do maxilar superior, não são
móveis, o sulco pelo qual o veneno escorre é central. (Por exemplo: membros
da família Elapidae).
4) Solenóglifa: São as serpentes que possuem um par de dentes
inoculadores que se localizam na parte anterior do maxilar superior, são
móveis, são grandes, pontiagudos e recobertos por uma membrana. O sulco
dos dentes é central. (Por exemplo: membros da família Viperidae).

Quanto aos tipos e ação dos venenos das serpentes estudadas,


podemos citar:

-> Micrurus sp. : Possuem veneno de ação neurotóxica sintomas:


Inicialmente vômitos, posteriormente fraqueza muscular progressiva, ptose
palpebral, sonolência, perda de equilíbrio, sialorréia, oftalmoplegia e presença
de fáscies miastênica. Podem surgir mialgia localizada ou generalizada,
dificuldade de deglutir e afonia, devido a paralisia do véu palatino.
*Tratamento específico - Soro antielápidico (SAE).

-> Crotalus sp. : Possuem veneno de ação Neurotóxica, miotóxica e


coagulante.
Os sintomas devido a ação neurotóxica se assemelha ao comentado
anteriormente. A ação miotóxica leva a dores musculares intensas,
rabdomiólise e coloração avermelhada na urina. Por cota da ação coagulante
pode haver aumento do tempo de coagulação (TC) ou incoagulabilidade
sanguínea, com queda do fibrinogênio plasmático, em aproximadamente 40%
dos pacientes. Raramente há pequenos sangramentos, geralmente restritos às
gengivas (gengivorragia).
*Tratamento específico: Soro Anticrotálico (SAC). Dose varia de acordo com
gravidade do caso. Pode ser utilizado o Soro Antibotrópico-crotálico (SABC).

-> Bothrops sp. : Possuem veneno de ação proteolítica, coagulante e


hemorrágica.
Nos sintomas, além de sangramentos em ferimentos pré-existentes, são
observadas hemorragias à distância como gengivorragias, epistaxes,
hematêmese e hematúria. Em gestantes, há risco de hemorragia uterina.
Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial, hipotermia e
mais raramente, choque. Nos acidentes causados por filhotes de Bothrops
predominam as alterações de coagulação; dor e edema locais podem estar
ausentes.
*tratamento específico: Soro Antibotrópico (SAB) ou, na falta deste, das
associações antibotrópico-crotálico (SABC).

III) Amphibia
-> Características gerais: São animais vertebrados, em sua maioria de pele úmida e
lisa, podendo apresentar-se rugosa pela presença de glândulas. Não possuem
escamas. Possuem sua vida dividida em dois períodos diferentes, parte como larvas
ou girinos e parte como adultos. Em geral, a primeira fase desses animais é de vida
aquática e, assim como os peixes respiram por brânquias. Ao longo dessa fase, eles
desenvolvem patas e a respiração torna-se pulmonar ou cutânea (através da pele),
fazendo com que possam viver tanto na água, quanto em terra firme. A maioria dos
anfíbios vive dentro ou próximos da água, mas existem sapos que vivem apenas em
ambientes úmidos não aquáticos. Esse grupo é constituído pelos sapos, rãs
verdadeiras, pererecas e falsas rãs.

1) Hylidae: Possuem hábitos trepadores ou arborícolas, não possuem glândula de


veneno.
2) Ranidae: Costumam habitar beiras de rio, lagos e riachos de água doce. Não
possuem glândula de veneno.
3) Leptodactylidae: Habitah e hábitos semelhantes à rã verdadeira, não possui
glândula de veneno.
4) Rhinella sp.: São adaptados a todos os modos de vida: terrestre, aquático,
fossador ou arborícola. Possuem um par de glândulas paratóides que secretam um
líquido leito com substâncias alcalóides quando se sentem ameaçadas. O veneno
produzido pelas glândulas é composto por bufotoxinas que causam efeito
alucinógeno. Essas bufotoxinas são moléculas grandes e por isso não são excretadas
pelo rim, por isso o veneno possui efeito cumulativo no organismo. A
sintomatologia inclui: Sialorréia, vômito, cianose, andar em círculos.

IV) Chiroptera
-> Características gerais: Os animais pertencentes à essa ordem são os morcegos.
Eles apresentam uma característica muito peculiar: a capacidade de voo, única
dentre os mamíferos. Além disso, dormem de cabeça para baixo, e algumas espécies
podem hibernar. Essa ordem é a segunda maior da Classe Mammalia, possuindo
mais de 1000 espécies.
São encontrados em todas as regiões da biosfera, exceto nos polos, em regiões muito
quentes e ilhas isoladas, os quirópteros, como também são chamados, costumam
viver nas copas de árvores, troncos ocos e cavernas. Em algumas situações, são
encontrados em sótãos, telhados, casas abandonadas e estábulos, uma vez que tais
ambientes se apresentam propícios para sua alimentação e abrigo, e, em muitos
casos, em consequência de seus habitats originais terem sido destruídos ou
perturbados.
Possuem hábitos crepusculares e noturnos, possuem o corpo coberto por pelos, e
tamanho geralmente diminuto, embora existam exceções. A audição e o olfato são
bem desenvolvidos, e a visão é adaptada para enxergar no escuro, sendo que muitos
só enxergam em preto e branco. Além disso, alguns morcegos desenvolveram um
sistema chamado ecolocação, que permite com que reconheçam o ambiente e
localizem suas presas. Eles emitem sons de alta frequência, inaudíveis para a nossa
espécie, e estes, ao atingirem um objeto, são refletidos em forma de eco, permitindo a
compreensão daquilo que está à frente.
A maioria dos morcegos é herbívora, alimentando-se de frutos, embora existam
aqueles que têm folhas, néctar e/ou pólen como componentes de suas dietas. Outros
podem ser insetívoros, piscívoros (alimentam-se de peixes), ou mesmo hematófagos
(alimentam-se de sangue). Quanto a este último hábito alimentar, somente três
espécies de morcegos são capazes de ingerir sangue: Desmodus rotundus, Diaemus
youngii e Diphylla ecaudata encontrados na América do Sul.
Quanto ao tipo de alimentação:
1) Vespertilionidae: Insetívoros.
2) Phillostominae: Possui variedade em sua alimentação, sendo de forma geral
herbívoro (fitófago).
3) Molossidae: Insetívoros.
4) Desmodus rotundus, Diaemus youngii e Diphylla ecaudata: Hematófago.
-> Os morcegos hematófagos são de grande importância de estudos por serem
agentes transmissores da raiva tanto para animais, quanto para humanos. O vírus da
raiva (Lyssavirus) é transmitido através da saliva que é inoculada no momento da
alimentação desses animais, ou das mordeduras no caso dos cães que são infectados
com a doença. Além disso, os morcegos possuem o hábito de lambedura uns com os
outros, e como as colônias não são estritamente de espécies que possuem o mesmo
hábito alimentar, pode acontecer de uma espécie hematófaga infectada lamber uma
outra espécie não hematófaga e assim ampliar a rede de contaminação. Os morcegos
não hematófagos contaminados não transmitirão o vírus da raiva para mamíferos,
mas pode infectar através do hábito de lambedura, outro morcego hematófago.
Profilaxia: Vacinação dos animais, uso de telas em locais fechados (como por
exemplo currais), pasta vampiricida.

V) Araneae
-> Características gerais: Possuem simetria bilateral, corpo dividido em
cefalotórax e abdome, quatro pares de patas, um par de pedipalpos, quelíceras e
fiandeiras na parte posterior do abdome. Os pedipalpos atuam com um órgão
gustativo, e auxiliam na localização da presa. As quelíceras possuem a função de
capturar alimento e injetar veneno no mesmo. São recobertos por exoesqueleto
constituído principalmente por quitina e que possui a função de sustentação e
redução da perda de água, além disso o exoesqueleto é trocado quando
necessitam crescer, através da ecdise. Variam em forma, tamanho, coloração e
comportamento. Assim como podem ou não ser peçonhentas. As aranhas
possuem vidas solitárias, e em sua maioria são carnívoras. As fiandeiras são
encontradas no abdome do animal e têm como função principal a produção de
seda para a confecção de suas teias. As teias das aranhas são utilizadas para
vários fins, como: formar o casulo (onde o animal irá depositar os seus ovos),
armazenar alimentos e capturar presas. Mas nem todas as aranhas são
produtoras de teia.
Quanto a ação e tipo de veneno e hábito das aranhas estudadas:

1) Loxosceles sp. (aranha marrom): Aranha pouco agressiva, com hábitos


noturnos. Encontra-se em pilhas de tijolos, telhas, beira de barrancos; nas
residências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente nas roupas.
-> Veneno de ação proteolítica e hemolítica.
-> Sintomas: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, áreas pálidas de
isquemia (placa marmórea) e necrose, além de hemólise intravascular.
*Tratamento específico: Soro antiloxoscélico (SALOx) ou Soro Antiaracnídico
(SAAr).

2) Phoneutria sp. (aranha armadeira): Hábitos noturnos, acidentes frequentes


dentro de residências e nas suas proximidades, ao se manusearem material de
construção, entulhos, lenha ou calçando sapatos. Também pode ser encontrada em
bananeiras ou árvores com grandes folhagens. Picadas preferencialmente ocorrem
em mãos e pés.
-> Veneno de ação neurotóxica.
-> Sintomas: Predominam as manifestações locais. A dor imediata é o sintoma mais
frequente, apenas 1% dos casos apresentam-se assintomáticos após a picada. Sua
intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Outras
manifestações que podem ocorrer são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local
da picada, onde podem ser encontradas as marcas de dois pontos de inoculação,
priapismo, choque e edema pulmonar.
*Tratamento específico: Soro Antiaracnídico (SAAr).

3) Latrodectus sp. (Viúva-negra): A fêmea apresenta o corpo com aproximadamente


1cm de comprimento e 3cm de envergadura de pernas, o macho de 3 a 6mm, não é
causador de acidentes. Habitam jardins, parques, gramados e plantações e podem
ocultar-se nas residências. Têm hábitos sedentários, fazem teias irregulares, vivem
de forma gregária e não são agressivas. No Brasil, os acidentes ocorrem na região
Nordeste, principalmente no Estado da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Normalmente ocorrem quando são comprimidas contra o corpo.
-> Veneno de ação neurotóxica.
-> Sintomas: Dor local de intensidade variável, tipo mialgia, evoluindo para
sensação de queimação (15 a 60min após o acidente). Lesões puntiformes, 1 ou 2,
com 1 a 2mm e edema discreto. Hiperestesia na área da picada, placa urticariforme,
infartamento ganglionar. Frequentemente tremores, contrações espasmódicas dos
membros, sudorese local, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaléia, prurido,
eritema de face e pescoço. Contratura facial e trismo dos masséteres (“fáscies
latrodectísmica”). Opressão precordial com sensação de morte eminente, taquicardia
inicial e hipertensão seguidas de bradicardia.
*Tratamento específico: Soro Antilatrodectus (SALatr).
4) Lycosa sp. (Aranha de jardim/ tarântula): Acidentes são frequentes, mas não
constituem problema de saúde pública. Aranha errante, não constrói teia, e é
encontrada em gramas e jardins. Os acidentes causados por Lycosa sp são
importantes para o diagnóstico diferencial de loxoscelismo, pois muitas vezes
ocorrem no mesmo habitat.
-> Veneno de ação proteolítica local.
-> Sintomas: Em geral, os acidentes tem pequena repercussão clínica. Após a picada,
há o surgimento de uma reação local não muito acentuada, como dor local discreta,
edema e eritema leves, que ocorrem em menos de 20% dos casos. Há relatos de
necrose superficial no local, mas sem consequências clínicas.
-> Não existe tratamento específico. Pode-se utilizar analgésicos e anti histamínicos
orais. Antissepsia e uso de corticóides tópicos.
5) Theraposidae (aranha caranguejeira) possui variado colorido e tamanho, desde
milímetros até 20cm de envergadura de pernas. Algumas são muito pilosas. Os
acidentes são conhecidos pela irritação ocasionada na pele e mucosas devido às
cerdas urticantes, que algumas espécies liberam como forma de defesa. As cerdas
urticantes podem estar concentradas na região posterior do abdome, de 10.000 a
20.000 cerdas por mm.
-> Sintomas: Dor no local da picada de pequena intensidade e curta duração, às
vezes acompanhada de discreta hiperemia local. Não se conhece relato de acidentes
graves. Do desprendimento das cerdas, ocorrem manifestações cutâneas e das vias
respiratórias altas, provocadas por ação irritativa ou alérgica nos pacientes
previamente sensibilizados.

VI) Scorpiones
-> Características gerais: São artrópodes quelicerados que são encontrados tanto em
desertos, como em florestas úmidas. São carnívoros e predam insetos e aranhas,
principalmente, mas podem predar animais maiores, até mesmo pequenos
vertebrados. Por ter a visão pouco eficiente, desenvolveu ao longo da evolução
cerdas sensoriais que ajudam na identificação dos movimentos e vibrações a sua
volta. Além disso, pode detectar quimicamente a presença de outros animais. Pode
passar meses em jejum, a digestão é quase externa, uma vez que depositam enzimas
digestivas na presa, depois corta os pedaços, mas não ingere nada sólido, apenas a
parte líquida. O canibalismo é comum.
Os grupos considerados mais vulneráveis são os trabalhadores da construção civil,
crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro de casa ou nos
arredores e quintais. Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os trabalhadores de
madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, por
manusearem objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar alojados.
Durante a reprodução há uma espécie de dança do acasalamento, que machos e
fêmeas se unem pelas pinças girando. Após a cópula é comum o canibalismo, a
fêmea come o macho. A maioria das espécies é ovovivípara (filhotes se desenvolvem
dentro da mãe, em ovos que lá eclodem), mas algumas são vivíparas (possuem uma
espécie de membrana equivalente a uma placenta). Após o nascimento, os filhotes
andam no dorso (costas) da mãe até sua primeira troca de pele, quando conseguem
se alimentar sozinhos. A longevidade depende da espécie, em torno de 5 anos de
idade, mas há registros de mais de 20 anos em algumas espécies. A maturidade
sexual ocorre depois do primeiro ano. O interessante é que existem algumas espécies
que fazem a partenogênese, entre elas o Tytius serrulatus, sem a necessidade de um
macho para fecundar.
No fim da cauda do escorpião existe um segmento chamado telson e as glândulas de
veneno, é o chamado ferrão. Seu veneno contém substâncias neurotóxicas, enzimas,
histaminas, entre outras. No Brasil, as duas espécies mais comuns em acidente são o
escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e escorpião preto (Tityus bahiensis).
-> Veneno de ação neurotóxica.
-> Sintomas: Acidentes por T.serrulatus são os mais graves. A dor local (ardor,
queimação ou agulhada) pode ser acompanhada por parestesias, aumentar de
intensidade à palpação e irradiar-se para a raiz do membro acometido. Ponto(s) de
inoculação nem sempre são visíveis, na maioria dos casos, há apenas discreto
eritema e edema, podendo-se observar também sudorese e piloereção local. Nos
acidentes moderados e graves, principalmente em crianças, após minutos até poucas
horas (2-3h), podem surgir manifestações sistêmicas.
Manifestações Sistêmicas: Gerais: hipo ou hipertermia e sudorese profusa.
Digestivas: náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal e diarréia.
Cardiovasculares: arritmias cardíacas, hiper ou hipotensão arterial, insuficiência
cardíaca congestiva e choque. Respiratórias: taquipnéia, dispnéia e edema pulmonar
agudo. Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores.
*Tratamento específico : Soro antiescorpiônico.

VII) Ixodida
São conhecidos popularmente como carrapatos. São artrópodes ectoparasitas
(parasitas externos), ou seja, vivem na superfície do corpo de um hospedeiro
(animais domésticos, animais silvestres e o homem) e são também hematófagos, ou
seja, se alimentam do sangue de seus hospedeiros. Sendo assim, possuem uma
grande importância como vetores de agentes patogênicos, como protozoários,
bactérias e vírus, entre outros. O seu formato vai depende se o parasita está
ingurgitado (cheio de sangue) ou não. Quando está neste estado, ele apresenta-se em
um formato quase oval, enquanto que antes de sugar o sangue do seu hospedeiro,
ou quando sugou pouco sangue ainda, o corpo do animal apresenta-se plano.
No Brasil temos duas famílias de importância: Ixodidae e Argasidae.
-> Família Ixodidae: Os machos ixodideos possuem um escudo dorsal quitinoso,
sendo conhecidos como “carrapatos duro”, enquanto que nas fêmeas, larvas e
ninfas, esse escudo cobre apenas a região anterior do corpo, permitir assim a
dilatação do abdômen após a alimentação, já que as fêmeas se alimentam muito mais
do que os macho. Devido a esta diferença no escudo, fica evidente o dimorfismo
sexual. As espécies de maior interesse veterinário estão dentro deste grupo, como
por exemplo, as espécies Rhipicephalus (Boophilus) microplus e Rhipicephalus
sanguineus. Os carapatos dessa família passam a maior parte do seu ciclo de vida no
corpo do hospedeiro, realizando inclusive a cópula no hospedeiro. A fêmea realiza a
postura de um grande número de ovos (1000 a 3000 ovos) e morre após a postura.

1) Rhipicephalus Microplus: São carrapatos monoxenos, ou seja possuem um único


hospedeiro. É um ixodídeo responsável por grandes perdas econômicas para a
pecuária de regiões tropicais e subtropicais. Este carrapato é um ectoparasita
hematófago originário da Ásia, cujo principal hospedeiro é o bovino. Sua incidência
é maior em grandes rebanhos da América, África, Ásia e Austrália, sendo
considerado o carrapato de maior impacto em perda econômica nos rebanhos da
América do Sul.
R. microplus é um parasita que precisa obrigatoriamente passar por um período sobre
o bovino, ingerindo substratos teciduais e principalmente sangue (Pereira, 1982),
sendo um dos principais transmissores dos parasitas Babesia bovis e Babesia bigemina,
causadores da piroplasmose bovina. Esta doença, popularmente conhecida como
tristeza bovina, afeta gravemente o desenvolvimento do gado, podendo levá-lo à
morte em poucos meses. Alguns membros da família dos ixodídeos são vetores de
duas doenças para humanos conhecidas como tifo e doença de Lyme, uma
borreliose.
-> Ciclo: Apresenta duas etapas distintas no seu ciclo de vida: uma fase parasitária
durante um período médio de 22 dias sobre um único hospedeiro e uma fase não
parasitária que ocorre no solo que pode durar de dois a três meses, dependendo
fundamentalmente das condições climáticas existentes. Na fase parasitária, o
carrapato apresenta três variações morfológicas distintas: larva, ninfa e adulto. A
larva apresenta três pares de patas, é bastante ativa, pois necessita encontrar o
hospedeiro para nele se fixar, e sobrevive das reservas energéticas acumuladas na
fase de ovo. Fixa-se em locais específicos utilizando algumas importantes estruturas,
como as quelíceras, as quais seccionam a pele para a introdução do hipostômio,
órgão responsável pela fixação da larva na pele do bovino.

2) Dermacentor Nitens
Apresenta ampla distribuição no território nacional e possui grande importância na
transmissão de agentes patogênicos aos equinos. Altas infestações desse ectoparasito
também podem levar a lesões no pavilhão auricular dos cavalos (também é
encontrado em asininos, bovinos, caprinos e até mesmo em cães e gatos raramente)
favorecendo infecções secundárias e miíases. Trata-se de um carrapato monoxeno
que tem por preferência parasitar orelha, crina, divertículo nasal e região perianal de
equídeos. -> Seu ciclo assemelha-se ao do R. microplus, diferenciando-se pelo
hospedeiro, que nesse caso são equídeos principalmente. As fêmeas põe cerca de
3000 mil ovos, normalmente no solo. As larvas podem resistir até 71 dias em jejum.
Os machos vivem mais tempo no hospedeiro, tendo já sido observado um período
de parasitismo de cerca de 100 dias, a contar da data de fixação das larvas. Os
machos adultos iniciam a cópula dois dias após o seu surgimento e permanecem in
coito até o desprendimento da fêmea.

3) Rhipicephalus sanguineus
Parasita particularmente os cães, mas também pode ser encontrado nos gatos, nos
coelhos, nos cavalos, em alguns animais de zoológico e também no homem.
Dissemina-se em casas, canis, clínicas e hospitais. Tem grande capacidade de subir
pelas paredes e de esconder-se em fendas das próprias paredes (geotropismo
negativo) em madeirames dos telhados, rodapés, nos batentes das portas e nas
cascas de árvores, sendo, por este motivo, conhecido também como carrapato de
canil. É de distribuição mundial.
Os carrapatos adultos preferem se instalar nos espaços interdigitais entre o coxim
plantar e orelhas dos animais e as larvas e ninfas na região de trás do pescoço, o que
não quer dizer que não possam ser encontrados em qualquer parte do corpo.
altas infestações provocam desde leves irritações até anemia por ação espoliadora.
É considerado o principal transmissor da babesiose canina e da Erlichiose ("doença
do carrapato"); a transmissão pode ser transovariana, pode também transmitir vírus
e bactérias. Pode atacar o homem causando dermatites.
-> Ciclo: É um carrapato trioxeno, ou seja, necessita de três hospedeiros para
completar o seu ciclo. A fêmea realiza a postura no ambiente e normalmente em
lugares altos perto do lugar em que vivem os cães, e todas as mudas são realizadas
no ambiente, por isso a necessidade de três hospedeiros diferente. Fêmea realiza a
postura -> larvas sobem no animal e se alimentam -> larvas voltam pro ambiente e
fazem muda pra ninfa -> ninfas procuram um hospedeiro pra se alimentar -> ninfas
alimentadas voltam ao ambiente e fazem muda pra adulto -> Adulto procura um
novo hospedeiro.
4) Amblyomma sp.
Parasita a maioria dos animais domésticos e silvestres, e pode parasitar o homem
ocasionalmente. É pouco específico quanto aos seus hospedeiros, mas é comumente
encontrado em equídeos. Tem grande importância médico veterinária e em saúde
pública, pois é transmissor de Rickettsia rickettsii, agente causador da febre maculosa.
-> Ciclo: É um carapato heteroxeno e trioxeno (necessita de três hospedeiros para
concluir seu ciclo de vida). Seu ciclo é igual ao do Rhipicephalus sanguineus.

Família Argasidae: Os argasídeos não possuem escudo quitinoso e recebem a


denominação de “carrapatos moles”. Como não possuem o escudo dorsal, o
dimorfismo sexual é muito pouco acentuado. Também são responsáveis pela
disseminação de doenças, pois albergam espiroquetas no seu organismo,
transmitindo- os aos seus hospedeiros. Possuem hábitos noturnos e durante o dia,
escondem-se em fendas nas paredes e pisos, vivem nos galinheiros, estábulos,
pocilgas, pombais, habitações humanas e em outros locais que apresentam a
possibilidade de se esconderem, ou seja, só ficam nos hospedeiros no momento da
alimentação, as mudas e a cópula acontecem no ambiente. São extremamente
resistentes à fome, podendo viver até cinco anos sem se alimentar. As espécies de
importância pertencentes a esta família são: Argas sp, parasitando aves; Ornithodorus
sp, parasitando animais doméstico e o homem também; e Otobius sp, parasita de
ruminantes, equinos, suínos, caninos e até mesmo o homem. As fêmeas de
argasídeos realizam a postura de forma gradual, realizando assim cerca de oito a 10
posturas na sua vida. A quantidade total de ovos também é reduzida quando
comparado com os membros da família ixodidae, sendo por volta de 600-700 ovos
no total, que são ovipostos gradualmente pela fêmea.

->Em sua maioria são parasitos de aves


->Ciclo geral : Fêmea se alimenta no hospedeiro -> oviposição -> fêmea se alimenta -
> oviposição (isso ocorre de oito a dez vezes) -> larvas se alimentam no hospedeiro
->ecdise no ambiente -> ninfas ( se alimentam no hospedeiro -> ecdise no ambiente -
> adulto

*Lembrando que as alimentações costumam ser noturnas (Quando os hospedeiros


estão em repouso) e de duração rápida, a fêmea realiza várias oviposições e os
carrapatos da família argasidae se escondem em frestas e locais escondidos durante
o dia.
*Além disso, os carrapatos dessa família possuem vários estágios de ninfa.

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