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ISermões Maçônicos

A Arte Real

A
niciação Maçônica é, inegavelmen- tro do invólucro do Corpo; e, por último, a Discurso de Seixas Netto
na Sess:. Mag:. de nic:. da Aug:. e
te, um marco na existência de cada negação da existência perene do Universo na Resp:. Loj:. Sunb.', Regeneração
Catar: .. ao Or:. de Fpolis, S. C.
homem que optou por dedicar-se à estrutura de si mesmo, brutalizando o Espírito
em 15·5·71
Arte Real. até que ele se não mais conheça, até que ele se
Chama-se Arte Real àquela de buscar as verda- inative dentro do seu envoltório material. Es-
des mais profundas do Cosmo, partindo, ne- tas são as grandes e cortantes arestas da pedra
cessariamente, da auto-inquirição espiritual e bruta. Há, todavia, dezenas de estrias perigo-
culminando sublimemente na perquiriçâo do sas e envenenantes, ocultas à vista despreveni-
Universo. Por isto, a Arte Real possui três está- da, como a Inveja, como o Ódio, como a Ira,
gios distintos que devem ser trilhado com de- como a Covardia moral, - mil vezes pior q.ue a
dicação, com desprendimento e, sobretudo, Covardia física -, como a Calúnia, como a Vai-
com humildade: O Neófito, - que é o do apren- dade, como o Orgulho. Há, também, ranhuras
diz de si mesmo; o Simbolista, - que é o do tremendas como aquelas doenças psíquicas
mestre das interrogações a si mesmo; o Filo- geradas pela mente malsã que levam à loucura
sófico, - que é o grande iniciado nas Ciências do todo cerebral, trágica, medonha, horrível
Secretas por si mesmo. E, neste momento, va- ou que levam à loucura das células, já sem con-
mos ater-nos unicamente ao Neófito que, na trole fisioquímico, transformadas em doenças
simbologia maçônica, é significado como "a físicas deformantes e destruidoras nos paroxis-
pedra bruta, cheia de arestas, de estrias, de ra- mos da dor material; ou, ainda, àquelas que le-
nhuras. O Neófito é, assim, desta maneira re- vam à busca de recursos despersonalizantes, -
presentado porque traz em si, sem nenhuma psicotrópicos, hipnóticos, superarenalgésicos,
culpa sua, os males do mundo profano que, de
tanto serem cultivados e de tanto serem ... Sabereis, depois, com a sequência dos
adotados, passam-lhe desapercebidos; esses
anos que o simbolismo do ·-homem limpo e
males, são: O desprezo de si mesmo como Ser,
puro" é como que um segundo
já que não entende a grandiosidade da Vida que
lhe anima o corpo e, não a entendendo, a des-
nascimento; entendereis que o primeiro
trói brusca ou progressivamente; depois, é o nascimento é físico; entendereis que este
rompimento moral e estético com as linhas é o nascimento espiritual ...
mestras da Humanidade, animalizando as con-
junções de Amor, violentando as reações da luz afrodisíacos, que encaminham na procura dos
sobre a célula óptica, duplificando a significa- exercícios desumanizantes como o sadismo,
ção da Palavra, do Som, da Imagem, para con- como o masoquismo, como os desvios
seguir efeitos rudes e primitivos, como psicopatológicos mais complexos e que um dia
involuçâo anestesiante da Alma que paira den- tiveram horripilante culto desde a ilha de


Lesbos até os portais de Roma. cessariamente. À proporção que o ho-
Tudo isto, o Neófito à vida maçônica mem evolui espiritualmente o seu espí-
deve ter analisado enquanto ficou só, rito vai sendo o envoltório luminoso, a
longe de todos e de tudo, na Câmara aura multicor da massa física.
das Reflexões, cercado de símbolos que É como se fosse luz fluindo
só o fizeram, chocantemente, alcançar isotropicamente.
uma conclusão trágica, mas fundamen- Na Maçonaria tudo é Silen-
tal: Tudo é Morte; tudo termina, para o ciosamente Simbólico, que
homem, em conformação óssea de es- é a escrita da meditação
queletos desnudos e cinzas sem nome, com que se escrevem as
igualita-rizando os indivíduos que são legendas das Verdades
simplesmente matéria. Ali naqueles sím- mais profundas e que per-
bolos trágicos, assustado- manecem, assim, somen-
res mesmo, - porque a te acessível aos Iniciados;
Verdade assusta -, estam- na Maçonaria, efetiva-
pam-se uma Verdade to- mente, tudo é Filosofia
tal, sem os véus diáfanos, sublimada para a com-
coloridos, gazeosos da fan- preensão das Verdades
tasia de alguns anos de vida que se lêem naquela
terrena e fútil. É, esta pedra linguagem dos Sím-
bruta, o Neófito, que, na vida bolos.
profana, na existência diária, O Mundo profano, sempre, com as
comete crimes inimagináveis suas tentativas pequeninas e vãs de
justificando-se e justificando-os evolução e de revolução, e que não
fracamente, desculpando-se debil- passam, fatalmente, de eterno retor-
mente, que precisa viver, que pre- no dentro do ciclo fechado das coisas
cisa apresentar-se poderoso, que já feitas, não pode, por certo, dilatar-
precisa ser alguém face aos demais. E se à decifração dos símbolos e à signi-
assim é tudo. E assim são todos. ficação filosófica dos mesmos textos;
Mas Neófitos: Vós que entrastes aqui, e simbolismo do "homem limpo e puro" então, busca destruí-Ios, o que é, inega-
aqui sois chamados de Irmãos havereis é como que um segundo nascimento; velmente, prova de insânia, pela desmo-
de, com o perpassar dos anos, sentir que entendereis que o primeiro nascimento ralização, pelo ridículo, pelo proposital
a Vida está mais para além do corpo físi- é físico; entendereis que este é o nasci- esquecimento, ê inútil semelhante luta,
co e a realidade das coisas está profun- mento espiritual. Sabereis que o jura- pois os símbolos são eternos porque se-
damente guardada e oculta nos símbo- mento prestado tem profundidade enor- cretos, porque iniciáticos e estão fora
los. me e compromisso inarredável. do alcance das parcas inteligências es-
Há, todavia, que ressaltar o valor do sim- Sabereis, também, que a Maçonaria, pela cravizadas dos dogmas, às convenções,
bolismo desta noite, para vós todos, Oficina que vos recebe, assume o sim- aos ideologismos. E, em realidade, não
Neófitos. Podeis, ainda sob a emoção bólico papel de mãe amantíssima. Por- é a pouca distância de duração da vida
que preside a análise superficial e céti- tanto, Neófitos, se ainda estais olhando humana, 70,80 ou 100 anos terráqueos,
ca, não bem entender a magnificência com o olhar físico tudo quanto vos ro- que permitirá ao vaidoso homem "pe-
do que aqui se passou, do que aqui se deia, recolhei-vos mais e passareis a dra-bruta" destruir ou mesmo embater
realizou sob as legendas dos rituais de olhar com a vista da Alma que, apesar contra o simbolismo dos milênios, con-
oração, sob o segredo dos sinais, sob o de interior em cada homem, é o exteri- tra a tradição dos séculos acumulados.
ruído estranho dos toques, até o instan- or, o envoltório para todos os Seres. Po- Os poderosos vivem os dias de fausto
te em que recebestes a Luz. Sabereis, derá, a vós, Neófitos, semelhar esta afir- do seu poder, todavia não têm o poder
depois, com a sequência dos anos que o mativa um paradoxo. Mas não o é ne- de escapar à última e triste figuração de

a
ossada inútil nos jazigos; os vaidosos não negador, é aquele que circula a esmo e do ao conjunto humano, leva à luta cons-
podem, nas coberturas de jóias e de lu- perdido em circunferências sem fim, tante e diuturna da Humanidade, por
xos, ocultar as doenças avassaladoras ou num deserto árido e poeirento onde só seus homens mais autênticos: liberda-
as chagas mais vis que os igualam à la- há o som dos chacais dos seus pensa- de de Ser, Igualdade para Ser e
mentável posição dos sofredores. Só os mentos rudes e o ciciar das serpentes Fraternidade como Ser.
humildes de bens e os puros de alma têm das suas desilusões tremendas. A Maço- Mas, Neófitos, hoje é uma noite festiva.
a dor como disciplina espiritual e a naria concede a maior honra ao Grande As doutrinas mais secretas, as verdades
ossada final como a trilha da metamor- Arquiteto do Universo, e assim, podeis mais puras não devem ser reveladas pois
fose para as dimensões outras do Uni- cultuá-Io dignamente em vossos ritos, exigem recolhimento, pois exigem silên-
verso que escapam à Razão comum e se em vossas doutrinas, em vossas preces. cio, pois exigem meditação profunda. E
distendem para dentro do Infinito, como E não mudeis. Sois livres pensadores. hoje os Irmãos todos se alegram,
estradas pioneiras na direção do Cen- Sois pedreiros livres. Aqui dentro deste rejubilam-se, e vos levarão à mesa da Ceia
tro do Cosmo donde tudo emana e para Templo todas as trilhas religiosas, todos Familiar, onde as convenções cessam, os
onde somente retornam aqueles que os caminhos de crenças, sobem, como poderes somem e vige, sobre todas as
podem cumprir as magníficas geodésicas infinitas linhas, rodeando o cone das di- coisas, a fraternidade pura, mansa, humil-
de Fraternidade animados da resistên- mensões temporais, para se unirem, ao de, alegre, desta alegria grandiosa, since-
cia que Ihes oferece a Humildade e a final do Pensamento, no vértice afilado ra, benéfica que somente as crianças e os
compreensão. onde repousa a Luz que envolve Galáxi- altos iniciados possuem.
Aqui se presta culto ao Grande Arquite- as, Universos e Universos de Universos. Eu vos saúdo, meus Irmãos e chamo-vos
to do Universo, por isto mesmo. E por É o culto da Liberdade plena, respeitan- a levantar comigo uma invocação ao
isto mesmo, a maneira e o modo deste do os valores da compreensão e da rea- Grande Arquiteto do Universo: Ó Senhor
culto é livre, como livre deve ser o Ho- lização. Há outro culto, o da Igualdade. dos Mundos, dai-nos força e compreen-
mem que limou as arestas, cimentou as Não da Igualdade física, não da Igualda- são, humildade e sabedoria; para trilhar-
brechas da pedra bruta e se tornou de de direitos e deveres, mas da Igual- mos os caminhos que nos surgem, am-
como o cubo perfeito de granito paci- dade sublime e inviolável que informa parando-nos em instante cruéis e hon-
entemente trabalhado. Que importa que procederem todos os homens do Gran- rando-nos com a tua participação nos
a vós seja mais fácil e mais simpática a de Arquiteto e a Ele retornam por ci- momentos felizes. E os teus influxos cai-
vossa maneira de operar e compreen- cios e ciclos até ingressarem no Todo am sobre os lares, dando-Ihes o amor e a
der este culto universal; que importa que como parte dÊle. Há, ainda, outro cul- harmonia como a chuva benéfica flores-
vos confesseis católicos, espiritistas, bu- to: O da Fraternidade que informa que ce as campinas e enverdece os campos.
distas, protestantes, shintoistas. Estas se todos os homens têm uma gênese Haja em tudo verdade e justiça. E permi-
são as trilhas que os vossos raciocínios comum para longe da compreensão mais ta, Grande Arquiteto, que reine para todo
alcançam; segui-as com dignidade e com sábia, todos são irmãos da mesma fonte o sempre a paz entre nós.
firmeza sem tergiversar. O ateu, o e partes da mesma matriz. E isto, trazi- Amém .•

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