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Redação do Zero

Prof. Márcio Tadeu

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Redação do Zero
Prof. Márcio Tadeu

O que ninguém te ensinou sobre Redação para Concursos Públicos

Como estudar ?

✓ Para produzir textos argumentativos convincentes é necessário tempo de reflexão


para pensar no assunto e organizar sua tese e sua defesa;
✓ Pense no tipo de introdução mais adequado à defesa de sua tese, verifique se é
possível encontrar argumentos que deem continuidade à introdução;
✓ Elabore um plano argumentativo. Em seu projeto separe os argumentos por tipo:
enumeração, causa e consequência, exemplificação, citação, etc.;
✓ Faça um rascunho antes de elaborar seu texto definitivo. Observe as relações
estabelecidas e se certifique se em seu rascunho não ocorreram alguns problemas
que inviabilizam o processo argumentativo;
✓ Empregue conectivos que garantam a coesão textual.

Texto dissertativo-argumentativo
O texto dissertativo-argumentativo tem como objetivo persuadir e convencer, ou
seja, levar o leitor a concordar com a tese defendida. É expressa uma opinião crítica
acerca de um assunto, sendo defendida uma tese sobre esse assunto através de uma
argumentação clara e objetiva, fundamentada em fatos verídicos e dados concretos.

Estrutura do texto dissertativo-argumentativo

Como falado anteriormente, a apresentação e defesa da tese desenvolvem-se


através da estrutura textual típica de introdução, desenvolvimento e conclusão.

Gêneros Textuais

Os gêneros textuais são classificações de textos de acordo com o objetivo e o


contexto em que são empregados. Dessa maneira, os gêneros textuais são definidos
pelas características dos diversos tipos de textos, os quais apresentam características
comuns em relação à linguagem e ao conteúdo. Conheça todos os tipos de gêneros
textuais.
Lembre-se que existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma interação
entre os interlocutores (emissor e receptor) de determinado discurso, seja uma resenha
crítica jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, bilhete ou lista de
supermercado; porém, faz-se necessário considerar seu contexto, função e finalidade.
O gênero textual pode conter mais de um tipo textual, ou seja, uma receita de bolo,
apresenta a lista de ingredientes necessários (texto descritivo) e o modo de preparo
(texto injuntivo).

Tipos de Gêneros Textuais


Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura; note que existem inúmeros gêneros
textuais dentro das categorias tipológicas de texto. Em outras palavras, gênero textual
são estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos: narrativo, descritivo,
dissertativo-argumentativo, expositivo e injuntivo.

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Texto Narrativo
Os textos narrativos apresentam ações de personagens no tempo e no espaço. Sua
estrutura é dividida em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. Alguns
exemplos de gêneros textuais narrativos:
✓ Romance
✓ Novela
✓ Crônica
✓ Contos de Fada
✓ Fábula
✓ Lendas

Texto Descritivo
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor determinada pessoa, objeto,
lugar, acontecimento. Dessa forma, são textos repletos de adjetivos os quais descrevem
ou apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do locutor (emissor). São
exemplos de gêneros textuais descritivos:
✓ Diário
✓ Relatos (viagens, históricos, etc.)
✓ Biografia e autobiografia
✓ Notícia
✓ Currículo
✓ Lista de compras
✓ Cardápio
✓ Anúncios de classificados

Texto Dissertativo-Argumentativo
Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor um tema ou assunto por
meio de argumentações; são marcados pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo
tempo que tenta persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três partes: tese
(apresentação), antítese (desenvolvimento), nova tese (conclusão). Exemplos de
gêneros textuais dissertativos:
✓ Dissertação de Concurso Público
✓ Editorial Jornalístico
✓ Carta de opinião
✓ Resenha
✓ Artigo
✓ Ensaio
✓ Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado

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Estrutura Básica do Texto Dissertativo Argumentativo para Concursos


Públicos

1- Texto dividido em 05 (cinco) parágrafos:

Primeiro Parágrafo

Introdução

Visão Geral do tema.

Segundo, Terceiro e Quarto Parágrafos

Desenvolvimento

Respostas as perguntas propostas e/ou argumentação


sobre o tema.

Quinto Parágrafo

Conclusão

ponto de vista do autor e finalização do texto

Obs:

1 – Observar o espaçamento do parágrafo com a margem esquerda (cerca de um


centimentro) e o alinhamento do texto a margem esquerda.

2 - Os pararágrafos devem ser de tamanho uniforme, de cinco a seis linhas.

3 - Principais erros detectados na correção de redações:

ARGUMENTAÇÃO INCONSISTENTE 69%


ACENTUAÇÃO GRÁFICA 64%
FALTA DE COERÊNCIA/COESÃO 53%
ORTOGRAFIA 30%
MAIÚSCULA E MINÚSCULA (DIFERENCIAÇÃO) 25%
PARÁGRAFOS DESIGUAIS 19%
CONCLUSÃO ERRADA 16%
CALIGRAFIA 15%
TAMANHO DA LETRA 9%

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Coerência e coesão

O que é Coerência:
Coerência é a característica daquilo que tem lógica e coesão, quando um conjunto
de ideias apresenta nexo e uniformidade. Para que algo tenha coerência, este objeto
precisa apresentar uma sequência que dê um sentido geral e lógico ao receptor, de forma
que não haja contradições ou dúvidas acerca do assunto. A origem da palavra “coerência”
está no latim cohaerentia, que significa “conexão” ou “coesão”. Ver também o significado
de nexo.

Coerência textual
Na gramática, a coerência textual é responsável por dar um sentido lógico ao texto.
Para que um texto seja compreensível e faça sentido para quem está lendo, este precisa
apresentar uma continuação lógica das ideias que são apresentadas ao longo da
narrativa. Cada palavra tem um significado individual, porém quando estão juntas em
uma frase ou texto, formam um significado diferente. Se a construção das palavras não
forem feitas de modo correto, o sentido geral da oração fica incompreensível.
A coerência textual consiste justamente no modo como aplicar cada palavra em
um texto para que este tenha a intencionalidade pretendida. Quando um texto apresenta
erros na sua coerência textual, o sentido da frase não tem lógica.
Exemplo: “Estava muito calor que até começou a nevar” / “A parede estava
sentada” / “Eu odeio comer carne, por isso vou pedir um bife mal passado”.

A coerência textual é a não contradição das ideias das palavras


de um texto, sendo a coesão parte essencial para esta função. A
coesão textual se limita ao uso correto dos conectivos e articulação
gramaticais, que permitem um sequenciamento harmonioso das
frases e dos parágrafos de um texto.

Tipos de coerências
Para que uma redação tenha coerência textual, o cumprimento de algumas regras
são necessárias, como a coerência sintática, temática, semântica, pragmática, genérica
e estilística.

Coerência textual
Importante elemento para a compreensão de um texto, a coerência textual é
construída através dos conhecimentos sociocognitivos de cada leitor. Quando você se
propõe a escrever um texto, certamente se lembra de quem vai ler, não é verdade?
Provavelmente, você também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados
para que o leitor compreenda o texto. Nessa tentativa de fazer-se compreendido, você
estabelece alguns padrões mentais que diferem o que é coerente daquilo que não faz o
menor sentido, certo?
Pois bem, intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa
redação, chamado de coerência textual. Você pode até não conhecer a exata definição
desse elemento da linguística textual, mas possivelmente evita construções ininteligíveis
em sua redação e recorre aos seus conhecimentos sociocognitivos. A coerência é uma
conformidade entre fatos ou ideias, próprio daquilo que tem nexo, conexão, portanto,
podemos associá-la ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das
ideias. Por serem os sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a coerência não
pode ser delimitada, pois o leitor é o responsável pela constituição dos significados do
texto.

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A coerência é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que


está escrito dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse
motivo, um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpretações. Quando lemos um
texto, estamos ao mesmo tempo construindo sua interpretação, e fazer isso de maneira
eficiente está relacionado com os conhecimentos que já possuímos. Como vamos
entender um texto que trate de química nuclear se não soubermos o que são os
elementos da tabela periódica? Como entender um texto que fale sobre coerência se não
soubermos o básico sobre a interpretação de textos?

Três princípios básicos são necessários para compreendermos


melhor o que é coerência textual:

1) Princípio da Não Contradição: Um texto deve apresentar situações


ou ideias lógicas que em momento algum se contradigam;

2) Princípio da Não Tautologia: A tautologia nada mais é do que um


vício de linguagem que repete ideias com palavras diferentes ao longo do
texto, o que compromete a transmissão da informação;

3) Princípio da Relevância: Um texto com informações fragmentadas


torna as ideias incoerentes, ainda que cada fragmento apresente certa
coerência individual. Se as ideias não dialogam entre si, então elas são
irrelevantes.

Na maioria das vezes, sentimo-nos despreparados quando estamos diante de uma


folha de papel em branco no propósito de fazer uma redação, não é mesmo? As ideias
não fluem, o tempo passa muito rapidamente, e quando percebemos. Lá se foi o tempo
e não atingimos o objetivo almejado. Então, é possível se familiarizar mais com a escrita
lembrando-se da palavra texto. Ela, assim como muitas outras, origina-se do latim
“textum”, que significa tecer, entrelaçar ideias, opiniões e pensamentos.

Mas existe uma fórmula mágica para se construir um bom texto?

A resposta é simples. Basta lembrarmos que toda escrita requer praticidade,


conhecimento prévio do assunto abordado, e, sobretudo, técnicas, que constituem a
performance de todo texto bem elaborado. Para que um texto fique claro, objetivo e
interessante, ele precisa realçar beleza, para que sua estética seja vista de maneira
plausível. Fazendo parte dessa estética estão os elementos que participam da construção
textual; entre eles, a coesão e a coerência.
A coesão nada mais é que a ligação harmoniosa entre os parágrafos, fazendo com
que fiquem ajustados entre si, mantendo uma relação de significância. Para melhor
entender como isso se processa, imagine um texto sobrecarregado de palavras que se
repetem do início ao fim. Então, para evitar que isso aconteça, existem termos que
substituem a ideia apresentada, evitando, assim, a repetição. Falamos das conjunções,
dos pronomes, dos advérbios e outros. Como exemplo, verifique:
A magia das palavras é enorme, pois elas expressam a força do pensamento. As
mesmas têm o poder de transformar e de conscientizar. Podemos perceber que as
expressões: elas e as mesmas referem-se ao termo - “palavras”. Quando falamos sobre
coerência, nos referimos à lógica interna de um texto, isto é, o assunto abordado tem
que se manter intacto, sem que haja distorções, facilitando, assim, o entendimento da
mensagem.

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Estes são apenas alguns dos requisitos para a elaboração de um texto, e estas
técnicas vão sendo apreendidas à medida que nos tornamos escritores assíduos.

A coesão é responsável pelos sentidos encontrados na superfície do texto. Através


dela é estabelecida a relação semântica (relações de sentido entre as palavras) entre os
elementos do discurso através do uso adequado de conectivos, que servirão para
encadear de maneira lógica as ideias do texto. Para escrever um texto coeso, conheça
agora os cinco tipos de coesão textual:

⇒ Coesão por referência: é um dos tipos mais utilizados em um texto. Graças a


ela, evitamos repetições de termos, descuido que pode tornar desagradável a leitura de
um texto:
Os alunos do terceiro ano foram visitar o Museu da Língua Portuguesa. Eles foram
acompanhados pelos professores da escola.
Em vez de:
Os alunos do terceiro ano foram visitar o Museu da Língua Portuguesa. Os alunos
do terceiro ano foram acompanhados pelos professores da escola.

⇒ Coesão por substituição: são empregadas palavras e expressões que


retomam termos já enunciados através da anáfora. Observe o exemplo:
Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso isso volte a acontecer,
eles serão suspensos.
Em vez de:
Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso o mau
comportamento volte a acontecer, os alunos serão suspensos.

⇒ Coesão por elipse: Ocorre por meio da omissão de uma ou mais palavras sem
que isso comprometa a clareza de ideias da oração:
Maria faz o almoço e ao mesmo tempo conversa ao telefone com a amiga.
Em vez de:
Maria faz o almoço e ao mesmo tempo Maria conversa ao telefone com a amiga.

⇒ Coesão por conjunção: Esse tipo de coesão possibilita relações entre os


termos do texto através do emprego adequado de conjunções:
Como não consegui ingressos, não fui ao show, contudo, assisti ao espetáculo pela
televisão.

⇒ Coesão lexical: ocorre por meio do emprego de sinônimos, pronomes,


hipônimos ou heterônimos. Observe o exemplo:
Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro. O carioca nasceu no
dia 21 de junho de 1839 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1908.
Gênio maior de nossas letras, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

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A Introdução da sua Redação

Na introdução ocorre a apresentação de um assunto e de uma tese que será


defendida sobre esse assunto. Assim, após a identificação de um problema num
determinado assunto, é apresentada a tese de forma clara e objetiva, sendo essencial
que esta esteja bem definida e delimitada. A reflexão crítica sobre a tese e sua
argumentação serão feitas no desenvolvimento do texto.
A introdução da dissertação traz ao leitor o tema a ser discutido além de,
muitas vezes, trazer sob qual ângulo a questão será discutida. Dessa forma, é ela quem
provoca no leitor o primeiro impacto, é ela a apresentação de seu texto e, portanto deve
ser muito bem trabalhada, o que não é tão difícil, pois há várias boas maneiras de
começar uma dissertação. As formas abaixo são algumas possíveis, mas, certamente,
não são as únicas.
Vale ainda salientar que a introdução só deve ser feita após estar concluído o
"Projeto de Texto".

1 – Introdução Por Roteiro

Como em toda introdução, o tema deve estar presente.


Além disso, neste tipo é apresentado ao leitor o roteiro de discussão que será seguido
durante o desenvolvimento. Para exemplificação, suponhamos o tema:
A questão do menor no Brasil
Uma possível introdução seria:
Para se analisar a questão da violência contra o menor no Brasil é essencial que se
discutam suas causas e suas consequências.
O principal defeito em uma redação que utiliza este tipo de introdução é seguir outro
roteiro que não seja o nela citado.

2 - Introdução por Hipótese

Este tipo de introdução traz o ponto de vista a ser defendido, ou seja, a tese que se
pretende provar durante o desenvolvimento. Evidentemente a tese será retomada – e
não copiada - na conclusão.
Vejamos um exemplo para o mesmo tema:
A questão da violência contra o menor tem origem na miséria - a principal
responsável pela desagregação familiar.
O principal risco desse tipo de introdução é não comprovar a tese apresentada.

3 - Introdução por Perguntas

Esta introdução constitui-se de uma pergunta sobre o tema.


Exemplo:
É possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido e com justiça social enquanto
existir tanta violência contra o menor?
O principal problema neste tipo de introdução é não responder, ou responder de
forma ineficaz, a pergunta feita. Além disso, por ser uma forma bastante simples de
começar um texto, às vezes não consegue atrair suficientemente a atenção do leitor.

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4 – Introdução Histórica

Esta introdução traça um rápido panorama histórico da questão, servindo muitas


vezes de contraponto ao presente.
Às crianças nunca foi dada a importância devida. Em Canudos e em Palmares não
foram poupadas. Na Candelária ou na Praça da Sé continuam não sendo.
Deve-se tomar o cuidado de se escolher fatos históricos conhecidos e significativos
para o desenvolvimento que se pretende dar ao texto.

5 - Introdução por Comparação, Semelhança ou Oposição

Procura-se neste tipo de introdução mostrar como o tema, ou aspectos dele, se


assemelham - ou se opõem - a outros.
É comum encontrar crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas
brasileiras. Na França, nos EUA ou na Inglaterra, nessa idade as crianças estão na escola
e não submetidas à violência das ruas.
É bastante importante que a comparação seja adequada e sirva a algum propósito
bem claro - no caso, mostrar o subdesenvolvimento brasileiro na questão do menor.

6 - Introdução por Narração

Trata-se de contar um pequeno fato de relevância como ponto de partida para a análise
do tema.
Sentar numa frigideira com óleo quente foi o castigo imposto ao pequeno D., de um
ano e meio, pelo pai, alcoólatra. Temendo ser preso, ele levou a criança a um hospital
uma semana depois. A mulher, também vítima de espancamentos, o denunciou à polícia.
O agressor fugiu.
Cuidado, ao fazer este tipo de introdução, para não cometer o erro de contar um fato
sem relevância, ou transformar toda sua dissertação em uma narrativa ou notícia.
Lembre-se de que se desviar do gênero pedido na proposta é um erro muito grave.

7 – Introdução Mista

Procura fundir várias formas de introdução.


Crianças mortas em frente à Igreja da Candelária. Denúncias de meninas se
prostituindo nas cidades e nos campos. Garotos vendendo balas nas esquinas. Não é
possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido e com justiça social enquanto
perdurar tão triste quadro.

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Desenvolvimento da sua Redação

No desenvolvimento ocorre a apresentação e a exploração dos diversos


argumentos que suportam a tese. Podem ser apresentados através do reconhecimento
das causas e consequências do problema, da identificação de seus aspectos positivos e
negativos ou da contra-argumentação de uma tese contrária. Pode haver um foco no
argumento justificando a tese ou um foco na tese que ocorre por um determinado
argumento. O que importa é que se utilize uma linguagem coerente, objetiva e precisa.
A apresentação dos argumentos deve seguir uma sequência lógica. Pode haver um
argumento principal e argumentos auxiliares ou vários argumentos fortes. O mais
importante é que estes sejam objetivos e detalhados e que haja conexão entre eles.
Os diversos argumentos deverão ser sustentados com exemplos e provas que os
validem, tornando-os indiscutíveis, como:

✓ fatos comprovados;
✓ conhecimentos consensuais;
✓ dados estatísticos;
✓ pesquisas e estudos;
✓ citações de autores renomados;
✓ depoimentos de personalidades renomadas;
✓ alusões históricas;
✓ fatores sociais, culturais e econômicos.

Estas estratégias argumentativas validam os argumentos, dotando-os de


autoridade, consenso, lógica, competência e veridicidade. Assim, os leitores não só
refletem sobre estes, como ficam obrigados a concordar com os argumentos, sem
hipótese de os rebater.
Além disso, diversos recursos de linguagem podem ser usados para captar a
atenção do leitor e convencê-lo da correção da tese, como a utilização de uma linguagem
formal, de perguntas retóricas, de repetições, de ironia, de exclamações,…

Argumentação – Peça fundamental do desenvolvimento do texto


argumentativo

Argumentar é defender racionalmente uma ideia ou opinião a fim de levar um


interlocutor a aceitar como válida essa ideia ou opinião. A eficácia da argumentação
depende da consistência e da força persuasiva dos argumentos.Normalmente utilizamos
mais a argumentação na fase de desenvolvimento do texo.

A argumentação e suas dimensões

Argumentar é defender uma ideia ou opinião alegando uma série de razões que as
apoiem. O propósito de quem argumenta é convencer seus interlocutores da validade de
uma posição ou persuadi-los a adotar um determinado comportamento.
Na argumentação, é possível distinguir duas dimensões: uma lógica, na medida
em que se apontam razões, e outra prática, visto que o principal objetivo é conseguir a
adesão do receptor. A argumentação tem uma grande importância na vida social, porque
é a ela que se recorre para justificar certos comportamentos ou para influenciar o
comportamento de outras pessoas. Eis um exemplo de argumentação:
A violência é uma conduta aprendida, e nossa cultura é uma eficiente professora.
Um dado aterrador em mais de 15% dos vídeos musicais dirigidos a crianças e

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adolescentes aparecem imagens de crianças armadas. As cenas violentas que a criança


vê na televisão “legitimam” a violência do entorno.

Elementos comunicativos da argumentação


A argumentação ocorre em uma situação de comunicação peculiar, na qual se
devem levar em conta três elementos: o emissor, o destinatário e o modo de
comunicação.

✓ Emissor é a pessoa que faz a argumentação. Em algumas


ocasiões, ele permanece no anonimato, como ocorre, por
exemplo, na maioria dos anúncios publicitários. A natureza
do emissor, isto é, seu prestígio ou seu descrédito, é um
fator que aumenta ou reduz a força da argumentação. O
emissor deve expressar-se de maneira simples, ordenada e
adaptada às circunstâncias em que se encontra. Ele tem de
expor seus argumentos com base em sua experiência
pessoal e na opinião de especialistas, tentando ser sempre
objetivo.
✓ Destinatário é a pessoa ou o grupo de pessoas a quem se
dirige a argumentação. O destinatário pode ser individual ou
coletivo, concreto (uma pessoa conhecida pelo emissor) ou
genérico (um conjunto potencial de receptores que o
emissor não conhece).
✓ O modo de comunicação diz respeito a questões como o
caráter público ou privado da argumentação, a presença ou
ausência física do destinatário, a possibilidade de réplica por
parte dele, assim por diante.

A argumentação será eficaz na medida em que o emissor consegue que o


destinatário adote o ponto de vista defendido ou modifique seu comportamento no
sentido desejado. Para isso, o emissor deverá levar em conta tanto as características do
destinatário como os fatores relacionados com o modo de comunicação.

Os argumentos

A opinião que se sustenta recebe o nome de tese, e as razões que se alegam em


sua defesa denominam-se argumentos.Para que a argumentação seja eficaz, o emissor
deve considerar as características e as crenças das pessoas a quem se dirige, pois
somente assim poderá saber a quais argumentos elas são mais sensíveis. Além disso,
esses fatores devem estar relacionados com a tese de tal modo que a aceitação dos
argumentos conduza à aceitação da tese. Nas argumentações, é frequente haver marcas
que revelam a presença do emissor (como o uso da primeira pessoa, por exemplo) e que
o emissor se dirija diretamente ao destinatário, com o objetivo de incluí-lo no discurso.
No entanto, às vezes o emissor prefere dar à argumentação uma aparência de
objetividade e elabora seu texto em terceira pessoa.Os argumentos apoiam-se em
valores, crenças ou premissas que se supõem aceitos pela maior parte dos membros da
comunidade. Tais premissas compartilhadas recebem o nome de tópicos e permitem
classificar os argumentos ajustados ao seu conteúdo.

Entre os argumentos baseados em tópicos, empregam-se frequentemente os


seguintes:

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✓ O argumento da maioria baseia-se no tópico da quantidade (“O


maior ou mais numeroso é preferível ao menor ou menos
numeroso”). Exemplo:O filme teve mais de 2 milhões de
espectadores, portanto deve ser muito bom.

✓ O argumento de utilidade baseia-se no tópico do útil (“O útil é


preferível ao que não é”). Exemplo: Ajudar globalmente as
populações em condições de pobreza beneficiará a todos.

✓ O argumento ético baseia-se no tópico da moralidade (“O moral


é preferível ao imoral”). Exemplo: Senhores membros do
Congresso, é à sua responsabilidade e ao seu senso de dever que
recorremos para propor soluções aos problemas que assolam o
país.

✓ O argumento hedonista baseia-se no tópico do prazer (“O


prazeroso é preferível ao desagradável”). Exemplo: Praia da
Pipa: o paraíso na Terra.

A força dos argumentos


Nem todos os argumentos têm o mesmo poder de persuasão. A força persuasiva
de um argumento depende de sua consistência interna e do grau de aceitação da
premissa na qual se apoia. Um argumento é consistente quando está bem construído e
serve para defender a tese proposta no texto. No enunciado a seguir, por exemplo,
emprega-se um argumento consistente:

Fumar é prejudicial à saúde porque o cigarro contém substâncias que originam


doenças.
Não seria consistente, entretanto, o argumento que é usado neste outro
enunciado:
Fumar é prejudicial à saúde porque meu primo sofreu um acidente quando estava
fumando.

1 - Argumentação por citação

Sempre que queremos defender uma ideia, procuramos pessoas ‘consagradas’,


que pensam como nós acerca do tema em evidência. Apresentamos no corpo de nosso
texto a menção de uma informação extraída de outra fonte. A citação pode ser
apresentada assim:
Assim parece ser porque, para Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras
e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire
por essas regras” (Piaget, 1994, p.11). A essência da moral é o respeito às regras. A
capacidade intelectual de compreender que a regra expressa uma racionalidade em si
mesma equilibrada.
O trecho citado deve estar de acordo com as ideias do texto, assim, tal estratégia
poderá funcionar bem.

2 - Argumentação por comprovação

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A sustentação da argumentação se dará a partir das informações apresentadas


(dados, estatísticas, percentuais) que a acompanham. Esse recurso é explorado quando
o objetivo é contestar um ponto de vista equivocado. Veja:
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da Exclusão
Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional
do Ministério da Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos que estão
fora das escolas em cada estado.
Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa
faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não frequentam as
salas de aula.
O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão
fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças
excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2%
(168,7 mil). (Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003)
Nesse tipo de citação o autor precisa de dados que demonstrem sua tese.

3 - Argumentação por raciocínio lógico

A criação de relações de causa e efeito é um recurso utilizado para demonstrar


que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação
pessoal que pode ser contestada. Veja:
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não
admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para
os nossos filhos na TV, todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas
terminantemente. Para os desobedientes, cadeia.”
VARELLA, Drauzio. In: Folha de S. Paulo, 20 de maio de 2000.

Para a construção de um bom texto argumentativo faz-se necessário


o conhecimento sobre a questão proposta, fundamentação para que
seja realizado com sucesso.

Texto argumentativo – Dicas e Exemplos

Todo texto argumentativo tem por natureza o emprego da persuasão, uma vez
que seu principal objetivo é convencer, induzir, aconselhar e modificar um determinado
comportamento. Predominam fundamentalmente na argumentação a defesa de uma tese
e a tentativa de validar a ideia defendida e refutar posicionamento contrários.
Há, na tradição escolar ligeira confusão entre os conceitos de texto argumentativo
e texto dissertativo. A dissertação é um texto de cunho explicativo, cuja intenção é
abordar e analisar um determinado tema ou assunto. Nela não há, necessariamente, a
intenção de modificar o ponto de vista do interlocutor. Ainda que os exames vestibulares
apresentem, na maioria das vezes, suas propostas como dissertativas, espera-se do
vestibulando, nestas provas, posicionamento crítico e defesa de um determinado ponto
de vista em relação a uma situação-problema apresentada. Pode-se dizer que as
redações solicitadas nesses concursos são dissertações argumentativas, pois exigem o
emprego da persuasão.
No entanto, a argumentação não está restritas às ‘ dissertações escolares ‘, uma
vez que em quase todo o processo de comunicação há o desejo implícito de convencer o
interlocutor daquilo que se diz. Propagandas, discursos amorosos, editoriais e resenhas
são alguns exemplos de textos argumentativos e, cada um à sua maneira, empregam a
persuasão como eixo básico do processo discursivo.

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O roteiro da persuasão para o texto argumentativo:


Na introdução, no desenvolvimento e na conclusão do texto argumentativo
espera-se que o redator o leitor de seu ponto de vista. Alguns recursos podem contribuir
para que a defesa da tese seja concluída com sucesso. Abaixo veremos algumas formas
de introduzir um paragrafo argumentativo:

Declaração inicial: É uma forma de apresentar com assertividade e segurança a


tese. A aprovação da lei das Cotas para negros vem reparar uma divida moral e um dano
social. Oferecer oportunidade igual de ingresso no Ensino Superior ao negro por meio de
politicas afirmativas é uma forma de admitir a diferença social marcante na sociedade e
de igualar o acesso ao mercado de trabalho.

Interrogação: Cria-se com a interrogação uma relação próxima com o leitor que,
curioso, busca no texto resposta as perguntas feitas na introdução. ‘ Por que nos
orgulhamos da nossa falta de consciência coletiva? Por que ainda insistimos em agir como
‘espertos’ individualistas?

Citação ou alusão: Esse recurso garante à defesa da tese caráter de autoridade e
confere credibilidade ao discurso argumentativo, pois se apoia nas palavras e
pensamentos de outrem que goza de prestigio. ‘ As pessoas chegam ao ponto de uma
criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de
mortos, virarem as costas e irem embora’. O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado
sobre o que presenciou na Ruanda é um chamado à consciência pública.’’

Exemplificação: O processo narrativo ou descritivo da exemplificação pode


conferir à argumentação leveza a cumplicidade. Porém, deve-se tomar cuidado para que
esse recurso seja breve e não interfira no processo persuasivo. ‘ Noite de quarta-feira
nos Jardins, bairro paulistano de classe média. Restaurante da moda, frequentado por
jovens bem-nascidos, sofre o segundo ‘arrastão’ do mês. Clientes e funcionários são
assaltados e ameaçados de morte. O cotidiano violento de São Paulo se faz presente.’’

Roteiro: A antecipação do que se pretende dizer pode funcionar como


encaminhamento de leitura da tese. ‘ Busca-se com essa exposição analisar o descaso
da sociedade em relação às coletas seletivas de lixo e a incompetência das prefeituras.’’
Enumeração: Contribui para que o redator analise os dados e exponha seus pontos
de vista com mais exatidão.

‘ Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que
as maiores vítimas do abuso sexual são as crianças menores de 12 anos. Elas
representam 43% dos 1.926 casos de violência sexual atendidos pelo Programa Bem-
Me-Quer, do Hospital Pérola Byington.’’

Causa e consequência: Garantem a coesão e a concatenação das ideias ao longo


do parágrafo, além de conferir caráter lógico ao processo argumentativo.‘ No final de
março, o Estado divulgou índices vergonhosos do Idesp – indicador desenvolvido pela
Secretaria Estadual de Educação para avaliar a qualidade do ensino (…). O péssimo
resultado é apenas consequência de como está baixa a qualidade do ensino público. As
causas são várias, mas certamente entre elas está a falta de respeito do Estado que,
próximo do fim do 1º bimestre, ainda não enviou apostilas para algumas escolas
estaduais de Rio Preto.

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Prof. Márcio Tadeu

Síntese: Reforça a tese defendida, uma vez que fecha o texto com a retomada de
tudo o que foi exposto ao longo da argumentação. Recurso seguro e convincente para
arrematar o processo discursivo. ‘ Quanto a Lei Geral da Copa, aprovou-se um texto que
não é o ideal, mas sustenta os requisitos da Fifa para o evento. O aspecto mais polêmico
era a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. A lei eliminou o veto federal, mas não
exclui que os organizadores precisem negociar a permissão em alguns Estados, como
São Paulo.’’

Proposta: Revela autonomia critica do produtor do texto e garante mais


credibilidade ao processo argumentativo. ‘ Recolher de forma digna e justa os usuários
de crack que buscam ajuda, oferecer tratamento humano é dever do Estado. Não faz
sentido isolar para fora dos olhos da sociedade uma chaga que pertence a todos.’’

Conclusão

Na conclusão há a retoma e reafirmação da tese inicial, já defendida pelos diversos


argumentos apresentados no desenvolvimento. Pode ocorrer a apresentação de soluções
viáveis ou de propostas de intervenção. A conclusão aparece como um desfecho natural
e inevitável visto o pensamento do leitor já ter sido direcionado para a mesma durante
a apresentação dos argumentos.

1 – Conclusão Dedução ou Retomada da Tese


A conclusão por dedução é uma decorrência de todo o raciocínio desenvolvido ao
longo da redação. Essa forma de encerramento, em geral, utiliza conjunções conclusivas,
como por exemplo: logo, portanto, pois (posposto ao verbo), então, assim, por
isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso, entre outras. No caso da
conjunção “portanto”, vale lembrar que, nas conclusões de sentido amplo (aquelas que
funcionam apenas como desfecho do texto), a sua utilização não é recomendada. Isso
porque a relação entre o parágrafo final do texto com os anteriores é apenas de
acréscimo, ou seja, não é uma decorrência de tudo o que foi escrito anteriormente.

2 – Conclusão por Síntese

Essa técnica consiste em sintetizar as ideias que foram abordadas ao longo da


dissertação, confirmando a tese que normalmente aparece na introdução do texto. Essa
forma de conclusão é a mais adequada para garantir a coerência do texto. É uma espécie
de fechamento em que se parece dizer de acordo com os exemplos/argumentos/tópicos
que foram apresentados no desenvolvimento, pode-se concluir que realmente a
introdução é verdadeira.

3 – Conclusão Intervenção ou por Perspectiva

Trata-se de elaborar uma sugestão para solucionar o problema posto em debate


na proposta de redação. Certamente, não é possível propor uma solução “milagrosa”
para determinada situação em pouco mais de cinco linhas. Por essa razão, esse tipo de
conclusão é denominado intervenção, e não apenas “solução”. Por exemplo: É
imprescindível que, diante dos argumentos expostos, todos se conscientizem de que …
Exemplos de frases para o início da conclusão:
Apresento, aqui, algumas frases que podem ajudar, para iniciar a conclusão. Não
tomem estas frases como receita infalível. Antes de usá-las, analise bem o tema, planeje
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Prof. Márcio Tadeu

incansavelmente o desenvolvimento, use sua inteligência, para ter certeza daquilo que
será incluso em sua dissertação. Só depois disso, use estas frases:

✓ Em virtude dos fatos mencionados …


✓ Por isso tudo …
✓ Levando-se em consideração esses aspectos …
✓ Dessa forma …
✓ Em vista dos argumentos apresentados …
✓ Dado o exposto …
✓ Tendo em vista os aspectos observados …
✓ Levando-se em conta o que foi observado …
✓ Em virtude do que foi mencionado …
✓ Por todos esses aspectos …
✓ Pela observação dos aspectos analisados …
✓ Portanto … / logo … / então …

Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão com as seguintes frases:

✓ … é-se levado a acreditar que …


✓ … entende-se que …
✓ … percebe-se que …
✓ … resta aos homens …
✓ … é imprescindível que todos se conscientizem de que …
✓ … é preciso que …
✓ … é necessário que …
✓ … faz-se necessário que …

Exemplo de texto dissertativo-argumentativo:

“Não é de hoje que a sociedade brasileira sofre com os tormentos


ocasionados pela disseminação da violência. Esse fato estarrecedor
gera debates e mais debates, na tentativa de sanar, ou ao menos
coibir, os sérios impactos sociais que as ações violentas representam
para a coletividade. Para esse fim, seria a redução da maioridade
penal um componente de primeira grandeza?
Constata-se que o envolvimento de jovens infratores em graves
delitos pode não ser uma exclusividade dos tempos modernos; no
entanto, é inegável o aumento de casos envolvendo crianças e
adolescentes em situações deploráveis, como furtos, roubos e, em
muitos contextos, homicídios.
Com esse cenário, parece irrefutável a tese que defende o
declínio de dois anos nas contas da maioridade penal. Para os mais
inconformados com a realidade, aqueles tomados pelo afã do
“justiceiro implacável”, não parecem existir outras saídas. Todavia,
nem sempre o que se revela aparentemente óbvio o é. Há fatores
envolvidos nas estatísticas da criminalidade covardemente
camuflados por alguns setores governamentais, bem como por áreas
específicas da sociedade civil.
Se reduzir a idade mínima penal tivesse consequências positivas
imediatas para a diminuição dos índices criminais, essa certamente
já seria uma medida adotada por todas as nações. Fatores bem mais
importantes como priorização efetiva dos investimentos em

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educação e cultura, bem como distribuição de emprego e renda,


inserindo o jovem no universo acadêmico ou técnico,
indubitavelmente aplacariam com mais rapidez e eficácia os
deploráveis números.
A participação de menores infratores em crimes hediondos não
deve ser ignorada, é inegável; diminuir a idade base para a
criminalização de seus atos pode ser uma saída, mas necessita,
ainda, de discussões e argumentos mais convincentes. De concreto,
fica a certeza de que só um programa capaz de incluir crianças,
adolescentes e jovens nos interesses mais prioritários do país terá a
força suficiente para contornar quadro tão desfavorável.” (Prof.
Eduardo Sampaio)

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