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COMPÊNDIO DE TEOLOGIA ASCÉTICA E MÍSTICA (PADRE

TANQUEREY)
CAPÍTULO 1: AS ORIGENS DA VIDA SOBRENATURAL (52-58)
Tanquerey escreve esse livro para estudar no seminário.
O homem é um composto misterioso de corpo e alma, de
matéria e espírito e estão intimamente ligados.
O homem é a coroa de toda a criação. Mesmo não sendo o ser
mais perfeito de todo, ainda assim Deus fez tudo para o homem.
Aristóteles já considerava o homem assim: de alma e corpo. Dizia
são Gregório Magno: “É um mundo cheio de vida e distinguem-
se neles (nos homens) 3 vidas: a vegetativa, a animal e a
intelectual. O homem vive como as plantas, sente como os
animais e compreende como os anjos. Como as plantas, o
homem se alimenta, cresce e reproduz. Como o animal conhece
os objetos sensíveis, tende para eles os apetites sensitivos com
suas emoções e paixões e move-se com movimento espontâneo.
Agem espontaneamente segundo suas paixões e emoções.”
Tratando-se, pois, do homem, as faculdades inferiores
vegetativas e sensitivas devem ser submetidas à razão e à
vontade, ou seja, tem que ser subordinadas a essas 3 vidas.
Hoje em dia estamos vendo, infelizmente, as faculdades
inferiores estão falando muito mais alto que as faculdades
superiores, e por isso estamos vendo homens completamente
inertes na sua inteligência. Como se fosse uma grande
dificuldade para o homem moderno conseguir um pensamento
congruente, que seja correto e que tenha algum sentido.
A vida é, pois, uma luta, porquanto as nossas faculdades
inferiores lançam com ardor para o prazer e enquanto as
faculdades superiores tendem para o bem honesto. No entanto,
é fácil de nós nos encontrarmos muitas vezes em situações, em
que a busca pelo prazer, toma em nós uma força muito maior do
que a nossa inteligência. Hora, entre esses dois bens (o prazer e o
bem honesto) há muitas vezes conflito. O que nos agrada, o que
nos é, ou, ao menos nos parece útil, nem sempre é moralmente
bom. É necessário pois, que a razão para fazer reinar a ordem,
combata as tendências contrárias e triunfe sobre elas. É a luta do
espírito contra a carne, da vontade contra a paixão. Assim como
na primavera a ceiva sobe pelas árvores, assim é por vezes na
parte sensitiva, impulsos violentos para o prazer sensível. E esses
impulsos, essas tendências, tem que ser combatidas pela razão,
pela inteligência.
A vontade, ajudada pela inteligência exerce sobre esses
movimentos das paixões, um quádruplo poder. O grande
problema é que: para que isso ocorra, é necessário que nós
tenhamos uma vontade bem formada (aquela vontade que busca
o Bem Supremo, que é Deus), e uma inteligência reta (aquela
inteligência que busca a verdade). Eis o ponto crucial.
1- Poder de previdência: que consiste em prever e prevenir
por meio de constante vigilância, muitas impressões e
emoções perigosas. Por isso a importância de uma
inteligência bem formada e uma vontade firme.
2- Poder de inibição ou moderação: moderando as más
inclinações, pelo qual travamos ou pelo menos ponderamos
os movimentos violentos que se elevam em nossa alma.
Exemplo: posso impedir os meus olhos de se deterem num
objeto perigoso.
3- Poder de estimulação: que excita ou intensifica pela
vontade movimentos passionais.
4- Poder de direção: que nos permite dirigir esses
movimentos para o bem, pois, existem algumas paixões
que é possível direcioná-las.
O orgulho de Lúcifer é o mesmo orgulho que Adão Eva tiveram
no paraíso, querendo ser como “deuses”, comendo do fruto
proibido, e é o orgulho que nos acompanha até hoje, ou seja, é a
nossa inteligência, contra a Inteligência do Criador. Então além
das lutas internas que temos que travar (das paixões contra a
nossa vontade e inteligência), ainda tem essa: da desobediência
a Nosso Senhor.
No estado de natureza teríamos que lutar sobre a tríplice
concupiscência: o mundo, a carne e o demônio. Quando o
homem em lugar de ceder aos mal instintos, cumpre o dever,
pode com toda a justiça aguardar uma recompensa, esta será
para a sua alma imortal um conhecimento mais extenso e
profundo da Verdade e de Deus, sempre, porém conforme a sua
natureza analítica ou discursiva e um amor mais puro e
duradouro. Se pelo contrário, transgrede livremente a lei, em
matéria grave e não se arrepende antes de morrer, não atinge o
seu fim e merece um castigo, o que será a privação de Deus,
acompanhada de tormentos proporcionados a gravidade de suas
culpas.
Aqueles que não cedem à tríplice da concupiscência e procura
viver uma vida justa vai ter uma grande recompensa no céu. E
aquele que morrer no estado de pecado grave e sem se
arrepender, infelizmente não gozará da plena felicidade.

CAPÍTULO 2: DA ELEVAÇÃO DO HOMEM AO ESTADO


SOBRENATURAL (59-66)

A Graça Santificante é um grau a menos da Encarnação. Não por


merecimento, e sim, por pura misericórdia e bondade de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Por ela, conserva o homem sem dúvida a sua
personalidade própria, mas é modificada posto que
acidentalmente da sua natureza, capacidades de ação. Não nos
tornamos “deuses” com a Graça Santificante, mas semelhante,
capaz de atingir a Deus pela visão beatífica, quando a graça for
transformada em Glória.
Por isso a importância de mantermos a Graça Santificante pois é
por ela que aquirimos o direito de vermos Deus face a face.
Adquirimos a Graça pelo batismo e se perdermos, recuperamos
com a confissão.

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