Você está na página 1de 8

FACULDADE DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE
PLANTAS DE LAVOURA

Quando aplicar o nitrogênio


em trigo, cevada e aveia

Dr. Claudio Mario Mundstock


Prof. André Luís Thomas

2005
APRESENTAÇÃO

O nitrogênio tem forte influência no


rendimento das culturas de inverno. A base do
sucesso da adubação nitrogenada não é só a
quantidade do adubo a ser aplicado mas também
a época em que o mesmo é disponibilizado à
planta.

O nitrogênio influencia o rendimento de


três maneiras (componentes do rendimento):
1) No número de espigas (trigo/cevada) ou
panículas (aveia);
2) No tamanho da espiga (trigo/cevada) ou
panícula (aveia);
3) No número de grãos;
4) No peso do grão.

A época em que se aplica o nitrogênio vai


determinar em qual componente vai se refletir o
aumento da produção de grãos.

Nitrogênio aplicado na semeadura

O nitrogênio liberado pelo solo (matéria


orgânica) ou provindo do adubo colocado quando
da semeadura, influencia o crescimento inicial
das plantas.

Os efeitos mais visíveis são:


1) Coloração mais escura das folhas;
2) Aumento do tamanho das folhas;
3)Aumento do número de afilhos
(perfilhos).
Os reflexos no rendimento são:
1) Aumento no número de espigas /
panículas (desde que haja disponibilidade de N
no período alongamento dos colmos até a
floração).
2) Aumento no tamanho da espiga/panícula
desde que o efeito do nitrogênio inicial se dê até
o período de emissão do 1º e 2º afilhos.

Nitrogênio aplicado em cobertura,


quando as plantas tem 4 folhas
(1º afilho/perfilho recém é visível)

O nitrogênio aplicado em cobertura muito


cedo pode ajudar a desenvolver melhor o 1º e 2º
afilhos/perfilhos. Este nitrogênio não vai
propiciar a emissão de mais afilhos mas isto não é
importante pois os afilhos tardios não produzem
espigas/panículas.

Os efeitos mais visíveis são:


1) Coloração escura das folhas;
2) Aumento do tamanho das folhas que
estão sendo emitidas;
3) Aumento do número de afilhos/perfilhos
(não interessa mais à produção de grãos).

Os reflexos no rendimento são:


1) Aumento no tamanho da futura espiga /
panícula;
2) Consolidação do número de espigas.
Nitrogênio aplicado em cobertura,
quando as plantas tem entre 6 a 7 folhas
(2 a 3 afilhos/perfilhos bem visíveis):

O nitrogênio aplicado nesta fase é muito


importante especialmente em solos com baixa
matéria orgânica. O efeito do adubo não se dá
mais na produção de afilhos mas principalmente
no crescimento dos afilhos já existentes,
consolidando (aumentando) o número final de
espigas. O tamanho de espiga/panícula já não é
mais influenciado mas sim o número final de
grãos.

Os efeitos mais visíveis são:


1) Coloração escura das folhas;
2) Aumento do tamanho das folhas
terminais (importante para a folha bandeira);
3) Alongamento mais uniforme de grande
parte dos colmos que vão produzir
espigas/panículas.

Os reflexos no rendimento são:


1) Aumento no tamanho da futura espiga /
panícula;
2) Aumento no número de grãos por
espigas/panícula pois evita o aborto de muitas
flores.

Nitrogênio aplicado em cobertura


no emborrachamento:

O nitrogênio aplicado neste período tem


pouco ou nenhum efeito sobre o rendimento. Em
algumas ocasiões pode resultar no aumento do
peso dos grãos, especialmente se as plantas
apresentarem sintomas de deficiência. Para a
cevada não é recomendada a aplicação do N
nesta fase pois pode aumentar o teor de proteína
dos grãos. Para o trigo, pode ser benéfico pois
aumenta a quantidade de proteína que poderá,
eventualmente, melhorar sua qualidade para
panificação. Em aveia também aumenta o teor
de proteína.

Os efeitos mais visíveis são:


1) Coloração escura das folhas;
2) Maior duração das folhas verdes após o
florescimento.

Os reflexos no rendimento são:


1) Aumento (eventual) no peso do grão;
2) Aumento no teor de proteína do grão.

Manejo da época de aplicação


do nitrogênio:

A época de aplicação do nitrogênio deve ser


estabelecida em função da disponibilidade de N
no solo (matéria orgânica e tipo de resteva).

Pode-se ter duas situações:


1) Solos com alto teor de matéria
orgânica:
Em geral liberam boa quantidade de N
durante o ciclo da planta. Neste caso é
importante assegurar uma pequena quantidade
de N inicial para estimular o afilhamento e o
maior tamanho de espiga. Caso seja necessária a
cobertura, esta pode ser feita desde o início do
afilhamento (planta com 4 folhas) até o final do
afilhamento (plantas com 6 a 7 folhas). A época
da aplicação do N em cobertura não é muito
crítica neste caso.
2) Solos com baixo teor de matéria
orgânica:
Estes solos apresentam carência de N em
diversas etapas do ciclo vegetativo das plantas. É
necessário estar atento para que não haja
deficiência em nenhuma etapa.

Quantas vezes aplicar o nitrogênio?

Em algumas ocasiões uma única aplicação


de nitrogênio na semeadura é suficiente para
suprir as plantas durante todo o ciclo. Isso pode
acontecer quando o solo é muito rico em matéria
orgânica e libera o N suficiente ao longo do ciclo.
Também pode ocorrer quando se aplicam doses
mais elevadas de N na semeadura e há uma
liberação gradual às plantas suficientemente
durante o ciclo. Neste último caso há uma grande
incerteza de como vão transcorrer as condições
de chuva e temperatura na estação de
crescimento e o risco de errar na dose pode
induzir a prejuízos. Embora ocorram situações
em que uma aplicação de todo o adubo
nitrogenado na semeadura seja possível, não
recomenda-se esta prática pela dificuldade de
prognosticar as condições meteorológicas
durante o ciclo das plantas.
Inicialmente deve-se aplicar N na
semeadura, para estimular o afilhamento e
favorecer o tamanho da espiga/panícula.
A cobertura deve ser feita
preferencialmente quando a planta apresentar
de 5 a 6 folhas, pois neste momento a planta
responde com um grande número de
espigas/panículas e consolida o número de grãos
por espiga/panícula.
Caso a prática seja colocar a cobertura em
duas ocasiões, a primeira aplicação deve ser
feita com a planta com 3 a 4 folhas e a segunda
aplicação quando as plantas apresentarem ao
redor de 7 folhas.

AUTOR
Dr. Claudio Mario Mundstock, Ph.D.
Engenheiro Agrônomo
E-mail: cmmundst@ufrgs.br

DEPARTAMENTO DE PLANTAS DE LAVOURA


FACULDADE DE AGRONOMIA - UFRGS
Av. Bento Gonçalves, 7712
Caixa Postal 15.100
91.501-970 Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3316.6013 - (51) 3316.6576
E-mail: plantas@ufrgs.br
http://www.ufrgs.br/plantas
FACULDADE DE AGRONOMIA

Você também pode gostar