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Resumo
O artigo analisa as legislações que regulamentam a extração de minério de ferro em
Mariana-MG, antes e depois do rompimento da barragem de rejeitos da empresa
Samarco/Vale/BHP Billinton em 05 de novembro de 2015. A partir do direciona-
mento teórico-metodológico marxista e das técnicas de pesquisa documental e de
análise de conteúdo, foram selecionados documentos de domínio público, que con-
sistiram em legislações e decretos federais, estaduais e municipais. A análise docu-
mental busca identificar qual a definição de mineração é preconizada nas legislações
e quais são as regulamentações ambientais que dispõe à atividade minerária.
Palavras-Chave
Questão Ambiental, Mineração, Marco legal, Mariana (MG)
Abstract
The article analyzes laws extraction iron ore in Mariana-MG, before and after rupture
of tailings dam by Samarco/Vale/BHP Billinton on November 5, 2015. From marx-
ist theoretical-methodological and techniques documentary research and content
analysis, selected public documents, consisted federal, state and municipal laws. A
documentary analysis identify definition mining and environmental regulations.
Keywords
Environmental question, Mining, Legal framework
Introdução
ISSN: 2238-9091 (Online)
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
Lira Itabirana - Carlos Drummond
Decreto Estadual Autoriza o prefeito de Mariana a ceder terreno à estrada de ferro Central
nº 11.126/1933 do Brasil
Decreto Federal
Decreta o Código de Minas
nº 24.642/1934
Decreto Federal
Decreta o Código de Minas, substituindo o Decreto nº 24.642/1934
nº 1.985/1940
Decreto Federal
Dispõe sobre desapropriações por utilidade pública
nº 3.365/1941
Decreto Estadual
Código de impostos e taxas
nº 6.132/1961
Decreto Estadual Autoriza a empresa Samarco Mineração S/A a derivar águas públicas
nº 16.230/1974 para aplicação industrial
Lei Federal
Cria o Programa Nacional de Desestatização e dá outras providências
nº 8.031/1990
Lei Municipal
Dispõe sobre a Política Municipal de Meio Ambiente de Mariana e dá
Complementar
outras providências
nº 1.643/2002
Decreto Estadual
Homologa o Decreto Municipal nº 8.034/2015
nº 517/2015
Lei Municipal
Institui o Código Ambiental do município de Mariana, revogando a Lei
Complementar
Municipal nº 1.643/2002, dentre outros dispositivos em contrário.
nº 168/2017
Medida Provisória
Convertida na Lei nº 13.540/2017
nº 789/2017
Medida Provisória
Convertida na Lei nº 13.575/2017
nº 791/2017
Referências
ACSELRAD, Henri. Conflitos Ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação
Heinrich Böll, 2004.
ACSELRAD, Henri. Mariana, novembro de 2015: a genealogia política de um de-
sastre. In: Zhouri, Andréa (org). Mineração, violências e resistências: um campo
aberto à produção de conhecimento no Brasil. Marabá-PA: iGuana, 2018.
10 A Bacia Hidrográfica do Rio Doce possui extensão de 83.400 km², dos quais 86%
em Minas Gerais e 14% no Espírito Santo. Possui população 73% urbana – sendo
85% em municípios de até 20 mil hab. – e 47,75% rural, em municípios com até
10 mil hab. O Rio Doce nasce na divisa entre Rio Doce-MG e Ponte Nova-MG (da
confluência do Rio Piranga e do Rio do Carmo) e possui 879 km até sua foz no
Oceano Atlântico, na Vila de Regência, distrito de Linhares-ES (CBHDOCE, 2019).
12 Os conflitos socioambientais são gerados a partir do conflito entre grupos que pos-
suem formas divergentes de desenvolvimento e disputam a posse e/ou gestão da
natureza, a partir da apropriação simbólica, apropriação material, durabilidade e
interatividade do território (solo, água, ar, fauna e flora) (ACSELRAD, 2004).
17 A denúncia criminal impetrada pelo Ministério Público Federal pode ser conhe-
cida e acompanhada em http://www.mpf.mp.br/grandes-casos/caso-samarco/
atuacao-do-mpf.
19 Lowy distingue que a visão social de mundo burguesa, por ser uma ideologia,
impera limites ao horizonte intelectual. O que não determina que há uma relação
linear e absoluta entre a visão social proletária, por ser uma utopia, e o avanço da
construção do conhecimento científico. Ou seja, “É a classe que ‘cria e forma’ as
visões sociais de mundo (‘superestruturas’), mas estas são sistematizadas e de-
senvolvidas por seus ‘representantes políticos e literários’, isto é, seus ideólogos
(ou utopistas). A visão social de mundo (ideológica ou utópica) com seus diver-
sos componentes corresponde não somente aos interesses materiais de classe
mas também à sua situação social - conceito mais amplo, que permite superar
a tentativa reducionista que relaciona as ideologias apenas ao ‘interesse’ (econo-
micamente definido)” (LOWY, 2000, p. 101).
20 Em inglês significa mercadoria. São produtos que funcionam como matéria pri-
ma. O seu preço não é gerido pelo preço estipulado na produção, mas pela cota-
ção de mercado na bolsa de valores de acordo com a oferta e demanda.
21 Em primeiros aparatos legais, porém insipientes, que se refere à proteção dos recursos
naturais brasileiros datam de 1934: Código Florestal e Código das Águas (FEMA, 1998).
23 “O termo ecodesenvolvimento foi lançado, em 1972, por Maurice Strong, por oca-
sião da conferência de Estocolmo, da qual era Secretário Geral. Referia-se ini-
cialmente a uma estratégia de desenvolvimento a ser aplicada em zonas rurais
e isoladas do Terceiro Mundo e baseava-se, especificamente, na utilização dos
recursos naturais e no saber tradicional das populações locais” (FEMA, 1998, p. 74).