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SEMINÁRIO MAIOR
APOSTILA
Curso: Disciplina:
TEOLOGIA Psicologia Pastoral 1
Maior Básica
Elementar
Sigla: Períod Carga Horária: Departamento de:
o:
PsiP_1 7º Presenci Não Ciências
al Presencial
0 26
Ementa
1.3 Objetivos
A disciplina apresenta as principais abordagens que precisam ser clarificadas na relação
psicológica entre pastores e ovelhas, líderes e liderados. O curso visa traçar uma tênue linha
demarcatória entre teologia, fé, psicologia e razão. O estudante será levado a reconhecer o limite na
área científica e a importância do aconselhamento na área religiosa da psicologia pastoral.
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Percepção
Motivação
Emoções
Abordagens de psicologia
Inteligência
QI
QE
Retardamento Mental
Epidemiologia
Superdotado
Altas Habilidades ou Superdotação e Pedagogia
Estratégias de ensino
Transtornos Mentais e do Comportamento
Transtorno de Esquizofrênia
Epilepsia.
ACONSELHAMENTO PASTORAL
Bibliologia
Cristologia
Pneumatologia
Antropologia
Hamartiologia
Soteriologia
Eclesiologia
Escatologia
O valor do aconselhamento bíblico
Aspectos físicos e espirituais do aconselhamento
O processo bíblico de mudanças
Comparação de modelos de aconselhamento
Comparando os métodos dos conselheiros
Comparando as pressuposições dos conselheiros
Comparando as teorias de motivação dos conselheiros
Comportamento
O Pecado
Alienação. É uma consciência indiferente e independente de Deus
Medo
Loucura.
Desculpas frívolas // Evasivas
Morte
Liberdade
Sentimento de culpa
Salmoterapia
A música é terapia?
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1.5 Metodologia
Aulas em formato EaD (Educação a Distância) com base no conteúdo da apostila da disciplina.
1.6 Critérios de Avaliação
Avaliação individual através de uma única prova sem consulta, ora denominada GP, a ser realizada
presencialmente na instituição de ensino. Esta se dará no formato de 1ª e 2ª chamadas, a serem agendadas pela a
instituição, tendo direito a 2ª chamada aquele aluno que por motivo de força maior não pôde comparecer. Nesse
caso o aluno deverá se dirigir a secretaria, munido de documento que justifique sua ausência para requerer a 2ª
chamada.
1.7 Bibliografia Recomendada
YOUNG, Jack Newberry. Cuidados pastorais em horas de crise. (série: Ministrando em tempos de
crise). 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1988.
COLLINS, Gary R. Ajudando uns aos outros pelo aconselhamento. São Paulo: Vida Nova, 2002.
DANON, Marcella. Counseling: uma nova profissão de ajuda. Curitiba: Sociedade Educacional e
Editora IATES, 2003.
COLIINS, Gary R. Aconselhamento Cristão, Editora Vida Nova, 1988, São Paulo.
HOFF, Paul. O Pastor como conselheiro, Editora Vida. 2002, São Paulo.
LÉON, Jorge A. Introdução à psicologia pastoral. Editora Sinodal, 1996. Rio de Janeiro.
ROSA, Merval, O ministro Evangélico: Sua identidade e integridade. 2ª edição, Editora Peres Ltda.
2001, Recife.
CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento Pastoral: Modelo Centrado em Libertação e Crescimento.
Basic types of pastoral care and counseling; resources for the Ministry of Healing and Growth. Trad.
Walter Schupp e LuísMarcos Sander. 2ª ed. São Paulo: Paulus; São Leopoldo, RS: Sinodal, 1987.
427p.
COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão. Christian Counseling – A comprehensive guide. Trad. Neyd
Siqueira. 1ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1984.
BOFF, Clodovis. Teologia e Prática: teologia do político e suas mediações. 3 ed. Petrópolis: Vozes,
1993.
BOFF, Clodovis; BOFF, Leonardo. Da libertação: o teológico das libertações sócio históricas.
Petrópolis: Vozes, 1980.
CELAN. Evangelização no presente e no futuro da América Latina: conclusões de Puebla.São Paulo:
Loyola, 1979.
BAXTER, Richard. O pastor aprovado. The Reformed Pastor. Trad. Odayr Olivetti. 2ª ed. São Paulo:
PES. 1996.
FERREIRA, Júlio Andrade. O ministro organizado – livros preferidos, como prepara uma tese.
Apostila. 3ª ed. São Paulo, Campinas: Luz para o Caminho, 1987.
MANNOIA, V. James. Aconselhamento pastoral. 3ª ed. São Paulo: Redijo. 1986.
MAY Rollo. A Arte do Aconselhamento Psicológico. 7ª ed. Petrópolis, Vozes, 1990.
OLIVEIRA, Josué A. de. A excelência do Ministério. São Paulo, Santos: 1983.
ROSA, Merval. O Ministro Evangélico: Sua Identidade e Integridade. Duque de Caxias, Associação
Fluminense de Educação, 1982.
SCANLAN, Michael. A Cura Interior. São Paulo, Paulinas, 1987.
ZANDRINO, Ricardo. Curar Também é Tarefa da Igreja. São Paulo, CPPC, 1986.
Ariel, L. S. (1996). A formação social da mente em Vigotsky e Piaget. Rio de Janeiro: Martins
3
Fontes
Clark, G. H. (2000). Imaginação: estudos psicológicos, uma visão cognitivista. Disponível em:
http:/www.monergismo.com/textos/apologenetica/imaginação.pdf, Acesso aos 21/04/2011, às 14hrs
Gomma, T. I. (1998). Pensamento e Linguagem: uma visão cognitivista. Rio de Janeiro: Martins
Fontes
Machado, F. R. (2009). O Pensamento Sistêmico em Psicologia. 4ªEdição, ISSN 1981-7371. Brasil:
Maceió-Alagoas
Bachelard, G. (1985). O Novo Espírito Científico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. (Originalmente
publicado em 1934).
Morin, E. (1983). O Problema Epistemológico da Complexidade. Lisboa: Europa-América.
Kate Oatley e Jenniffer M. Jenkins, Compreender as Emoções, Epigénese, Desenvolvimento e
Psicologia. Divisão Editorial: Instituto Piaget.
Lewis E. Patterson, S.Eisenberg, O Processo de Aconselhamento.
Ovide Fontaine, Introdução ás Terapias Comportamentais .
Carl R. Rogers, Terapia centrada no paciente.
Carl R. Rogers, Tornar-se Pessoa.
François Lelord, Christophe André, A força das Emoções.
Sigmund Freud, Textos essenciais de Psicanálise Vol.1,vol.2,vol.3.
John R. Anderson, Cognitive Psychology and it´s Implications.
- A Vida Mental
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A psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano os processos cognitivos
(sentimentos, pensamentos, imaginação, linguagem, emoção, aprendizagem, etc.). Desse modo,
processo cognitivo segundo Nascimento (2009), é a realização das funções estruturais de
representação (pensar e imaginar) aquilo que concebemos do mundo. Constitui na execução em
conjunto das unidades do saber da consciência, que foram baseados nos reflexos sensoriais,
representações, pensamentos, imaginações e lembranças. De acordo com Ariel, 1996), pensamento é
capacidade de compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. Essa
capacidade pode se basear na lógica e no raciocínio formal ou natural; na formação de conceitos; e
na resolução de problemas. A imaginação é a capacidade mental de representar imagens. Capacidade
de evocar imagens de objetos anteriormente percebidos. A imaginação pode ser entendida como o elo
de ligação entre o consciente e o subconsciente (Clark, 2000).
1 – Pensamento
A percepção é o pensamento que temos dos objetos ou dos movimentos por contato direto e
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atual. Segundo Wertheimer, as estruturas do pensamento pré-existem no todo ou em parte, desde o
primeiro momento, sob a forma de organizações comuns à percepção.
Hering afirma que a intervenção do pensamento em nada modificava uma percepção, ou
seja, experimentamos a mesma ilusão de óptica mesmo depois de conhecer os dados percebidos
(Nascimento, 2009).
Todos os processos cognitivos estão em estreita ligação um com o outro, por exemplo, o
pensamento é fundamental no processo de aprendizagem, é construto e construtivo do conhecimento
e da inteligência. É impossível inventar ou até mesmo compreender fórmulas e teorias sem
imaginação. A a criança deve reforçar a sua imaginação para criar e, através da criatividade,
desenvolver o seu pensamento.
O pensamento e a imaginação não se constroem uma pela outra, deve-se auxiliar a criança a
manipular essa a imaginação com mais habilidade. Uma criança sem imaginação será mais tarde um
adulto intelectualmente pobre. Além disso, o pensamento também está relacionado com a intuição,
sensação e sentimentos, onde o sentimento é um factor consciente enquanto a intuição e sensação são
fatores inconscientes (Ariel, 1996).
Apesar de Watson ter defendido que quando alguém se mantem em silêncio, embora imagine
cantando uma canção ou lendo um texto, nenhum processo do pensamento se envolve, essa ideia já
foi ultrapassada na medida em que hoje se acredita que há uma fusão entre o pensamento e a
linguagem, tanto nos adultos como nas crianças, enquanto imaginamos, também estamos pensando.
Vygotsky citado por Gomma (1998), defende que o desenvolvimento do pensamento é
determinado pela linguagem, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência
sócio-cultural da criança. E, na mesma linhagem, Piaget afirma que a linguagem possibilita a criança
narrar um objeto ou acontecimento ausente, internamente percebido. Esses dados faz com que se
conclua que o desenvolvimento do pensamento está intimamente com a aquisição da linguagem, não
interessando da maneira como isso é abordado pelos autores.
Com base na informação colhida, percebe-se que a cognição é o conjunto dos processos
mentais, no qual se insere o pensamento, a percepção, a atenção, a memória, a aprendizagem, os
sonhos, a inteligência, a linguagem, etc. De uma maneira mais simples, pode-se dizer que cognição é
a forma como o indivíduo percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através
dos cinco sentidos (Nascimento, 2009).
Visões filosóficas defendem que o pensamento e a imaginação fazem com que o homem
tenha um princípio superior relativamente à pessoas comuns. Quando imaginamos ser o que não
somos, ou seja, cultivar pensamentos irreais, acabamos por nos deformar completamente, pois o
sistema nervoso não sabe distinguir a diferença entre a imaginação e pensamento.
A imaginação e o pensamento sempre têm uma relação quer positiva ou negativa, no sentido
em o ser humano imagina-se como pensa, pensa como sente e sente como deseja. Desta regra, deduz-
se que, para pensar bem, devemos ter bons desejos e bons sentimentos e sobre tudo boas
imaginações. Essa tese é também defendida por Jung, o autor afirma que além do pensamento,
existem mais quatro funções da consciência que servem de canal para a consciência relacionar-se
com o mundo: imaginação, intuição, sensação e sentimento. Junto a essas funções, temos o símbolo
como uma linguagem polifônica e polissêmica que abarca todos os níveis possíveis de comunicação
da psique e nos remete a uma experiência total do sentido. Vêm-se que todos autores comungam a
ideia de que o processo cognitivos estão interligados entre si.
Portanto, o pensamento não se reflete na palavra; mas sim manifesta-se nela, a medida em
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que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra pessoa. Finalmente, cabe
destacar que o pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um
último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que
abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afetos e emoções.
Tudo isso vai refletir imensamente na nossa linguagem e no nosso pensamento como defende
(Vigotsky, 1998 citado por Nascimento, (2009).
Com visão de Pascal, o pensamento é a própria essência do homem; o homem é o animal
mais frágil, mas é o mais digno porque pensa; e o pensamento eleva o homem sobre o universo.
Além disso, o entendimento também está ligado aos modos de raciocinar e aos diferentes princípios
pré-existentes. Associado à essa tese, Piaget, defende que o pensamento é consciente, isto é,
prossegue objetivos presentes no espírito de quem pensa, É inteligente, isto é, encontra-se adaptado a
realidade e esforça-se por influenciá-la.
O pensamento é também social. À medida que se desenvolve vai sendo progressivamente
influenciado pelas leis da experiência. Porém, na tenra idade, a criança apresenta um pensamento
egocêntrico (pensamento autístico), é individualista e obedece a um conjunto de leis especiais que
lhe são próprias. O pensamento se constrói com a representação da realidade, todavia, nem toda
forma de capitar a realidade pode ser considerada um pensamento lógico. Enquanto que a
imaginação, é a faculdade mental de ordenar imagens que imitam os factos da natureza. Nesse caso é
realizado um processo de compreensão visto que a imaginação direciona-se a natureza como faz o
pensamento.
Fazendo um cruzamento das teorias nota-se que a imaginação sustenta o pensamento, visto
que imaginar é criar um pensamento. A imaginação é a vontade do íntimo actuando através do
pensamento. A imaginação em si, atuando sozinha, não resolve problemas ou produz novos insights,
mas é uma condição necessária para a criatividade, pois é a capacidade do indivíduo para conceber
possibilidades interessantes que o ajudam a criar idéias que nunca antes haviam sido pensadas. A
imaginação é essencial para promover o pensamento crítico e com ele novas possibilidades teóricas.
Para que a imaginação resulte em criatividade é preciso que essa seja necessariamente
combinada com o pensamento, isto é, não adianta ter uma imaginação profunda se não tivermos
conhecimento do assunto o qual estamos tratando. A imaginação é algo totalmente diferente da
realidade, ela cria situações não necessariamente reais ou existentes. Por exemplo, quando estamos
nos vendo como vencedores da loteria, com muito dinheiro, numa casa de luxo, ficamos a imaginar
como seria nossa vida se essa situação se concretizasse. Antes de algo vir a ter existência no mundo
real, esse algo já está presente na nossa vida interior, na forma de imaginação.
Fazendo um cruzamento entre as várias teorias percebe-se que a construção do
pensamento centra-se na imaginação. A teoria Gestaltista, afirma que o pensamento jamais se
constitui pela associação de elementos ou dados em isolados, mas sim constroe-se a partir de uma
organização e estruturação mental do todo. Assim, o pensamento não é a soma das sensações, mas
sim um entendimento da totalidade do que é vivido. Para Gestalt, a imaginação é regida em todos os
níveis por um campo, cujos elementos são interdependentes pelo mesmo facto de serem percebidos
em conjunto através do pensamento.
Os indivíduos passam por algumas situações desde que se nasce, e a imaginação ocupa
um lugar muito importante nos primeiros anos da vida. Através de brincadeiras criativas com
plasticina, construções e barro. A criança manipula diretamente os materiais e faz árvores, casas,
pontes, etc. Com jogos usando objetos mais simples da casa, procura-se fabricar brinquedos com
caixas de sapatos, pedras, pedaços de madeira, miolo de pão, etc. Assim permite a criança interpretar
e desenvolver a sua imaginação de uma forma sólida e eficaz.
2 - Imaginação
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afirma que a imaginação é a base de toda atividade criadora, se manifesta igualmente em todos os
aspectos da vida cultural, possibilitando a criação artística, científica e técnica. Wallon citado por
Clark (2000), diz que a imaginação é indispensável ao psicólogo, ao matemático, ao físico, ou seja,
quem não imagina nada descobre.
Segundo Jung citado por Clark (2000), a imaginação é um processo pelo qual o ser humano
interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade
existencial. A imaginação começa com a captação dos sentidos e em seguida ocorre a percepção. É
portanto, um processo de pensamento, que tem como material a informação do meio em que vivemos
e o que já está registrado na nossa memória. Por outro lado, Aristóteles citado por Clark (2000),
defende que o pensamento procede da imaginação.
Após a imaginação, como acontece quando nos distanciamos daquilo que estávamos a ver,
uma imagem deve permanecer na mente sobre o qual construímos um pensamento mais avançado.
Para Clark (2000), a imaginação é o processo de pensamento que evoca o uso dos sentidos: visão,
audição, olfato, gustação, o sentido do movimento, posição e toque. É o mecanismo não-verbal e
não-lógico de comunicação entre a percepção, a emoção e a mudança corporal.
Freud citado por Clark (2000), defende que a criatividade está relacionada com imaginação,
que estaria presente nas brincadeiras e nos jogos da infância. A criança produz um mundo
imaginário, com o qual interage rearranjando os componentes desse mundo de novas maneiras. Da
mesma forma, o indivíduo criativo na vida adulta comporta-se de maneira semelhante, fantasiando
sobre um mundo imaginário, que, porém, discrimina da realidade.
Muitos autores defendem a existência de três maneiras que os indivíduos usam para imaginar.
Imaginação dirigida é imaginação consciente. Para o sábio, imaginar é ver. A imaginação consciente
é o meio translúcido que reflete o firmamento, os mistérios da vida e da morte, o ser, o real;
imaginação mecânica é formada pelos resíduos da memória; é a fantasia.
É óbvio que as pessoas, com sua fantasia, com sua imaginação mecânica, não vêem a si
próprias como realmente são, mas sim de acordo com sua forma de fantasia; e imaginação produtiva,
é entendida como um poder ativo espontâneo, um processo que se inicia por si mesmo, através de um
poder sintético que combina os dados puramente sensoriais com apreensão puramente intelectual.
Ela é essencialmente vital, não somente é fonte da arte, mas o poder e o agente de toda a percepção
humana. Uma maneira de estabelecer uma relação com o mundo (Clark, 2000).
Segundo Piaget citado por Pocinho (2007), o jogo simbólico é a representação corporal da
imaginação, e apesar da imaginação predominar a fantasia, a atividade psico-motora exercida acaba
por prender a criança à realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o faz
de conta, mas quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta
e as relações do mundo real.
Piaget citado por Ariel (1996), defende que um dos objetivos do jogo é criar um contexto
favorável ao desenvolvimento da imaginação. A necessidade de inventar regras leva as crianças a
mobilizar conhecimentos, analisar diferentes possibilidades, selecionar as melhores idéias, e refletir
através da imaginação. Os jogos, além de enriquecer o quotidiano com atividades divertidas, deverá
provocar uma melhoria dos resultados na construção de imaginação forte e consequentemente um
pensamento brilhante.
Por outro lado, Vigotsky citado por Ariel (1996), detecta no jogo outro elemento a que
atribui grande importância: o papel da imaginação que coloca em estreita relação com a atividade
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criadora. Vigotsky, defende que não é o caráter de espontaneidade do jogo que o torna uma atividade
importante para o desenvolvimento da criança, mas sim, o exercício no plano da imaginação da
capacidade de planear, imaginar situações diversas, representar papéis e situações do quotidiano,
bem como, o caráter social das situações.
A atuação nesse mundo imaginário cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal formada
por conceitos ou processos em desenvolvimento. O jogo da criança não é uma recordação simples do
vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que
responda às exigências e inclinações da própria criança.
3 – Percepção
O processo de percepção tem início com a atenção que é o processo que faz com que nós
percebamos alguns elementos em desfavor de outros. Deste modo, são vários os fatores que
influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas categorias: a dos fatores externos
(próprios do meio ambiente) e a dos fatores internos (próprios do nosso organismo).
Fatores externos que influenciam a atenção: intensidade, contraste, movimento e incongruência.
Fatores internos que influenciam a atenção: motivação e experiência, força do hábito.
Na percepção das formas, as teorias da percepção reconhecem quatro princípios básicos que a
influenciam: a tendência à estruturação ou princípio do fechamento - tendemos a organizar
elementos que se encontram próximos uns dos outros ou que sejam semelhantes;
segregação figura-fundo - explica que percebemos mais facilmente as figuras bem definidas e
salientes que se inscrevem em fundos indefinidos e mal contornados (por exemplo, um cálice branco
pintado num fundo preto);
Uma taça ou dois rostos?!
Obs.: Não se consegue visualizar os objetos juntos, pois depende do referencial de fundo que você
assume.
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pregnância das formas ou boa forma - qualidade que determina a facilidade com que percebemos
figuras bem formadas. Percebemos mais facilmente as formas simples, regulares, simétricas e
equilibradas;
constância perceptiva - se traduz na estabilidade da percepção (os seres humanos possuem uma
resistência acentuada à mudança).
O estudo da percepção distingue alguns tipos principais de percepção. Nos seres humanos, as
formas mais desenvolvidas são a percepção visual e auditiva, pois durante muito tempo foram
fundamentais à sobrevivência da espécie. As demais formas de percepção, como a olfativa, gustativa
e tátil, embora não associadas às necessidades básicas, têm importante papel na afetividade e na
reprodução.
O paladar é o sentido de sabores pela língua. Embora seja um dos sentidos menos
desenvolvidos nos humanos, o paladar é geralmente associado ao prazer e a sociedade
contemporânea muitas vezes valoriza o paladar sobre os aspectos nutritivos dos alimentos. O
principal fator desta modalidade de percepção é a discriminação de sabores.
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3.7. Percepção tátil
O tato é sentido pela pele em todo o corpo. Permite reconhecer a presença, forma e tamanho de
objetos em contato com o corpo e também sua temperatura.
O tato não é distribuído uniformemente pelo corpo. Os dedos da mão possuem uma discriminação
muito maior que as demais partes, enquanto algumas partes são mais sensíveis ao calor. O tato tem
papel importante na afetividade e no sexo. Entre os fatores presentes na percepção tátil estão:
discriminação tátil, ou a capacidade de distinguir objetos de pequenos tamanhos; percepção de calor;
da dor. Ex. Uma placa de sinalização em Braille.
4 – Motivação
Uma motivação é uma necessidade ou desejo que energiza o comportamento e o orienta para um
objetivo.
Motivos, necessidades, impulsos e instintos são todos constructos, idéias concebidas para
explicar comportamentos que de outra forma seriam enigmáticos.
Uma motivação é uma condição que energiza o comportamento e o orienta.
O que controla a motivação, além da escolha racional? teorias dos instintos, que enfatizam o
papel de fatores internos na motivação.
Conceito: Pode-se definir motivação como as condições que iniciam, dirigem e mantém os
comportamentos em geral até que seja atingida alguma meta ou que a resposta tenha sido bloqueada.
A palavra motivo é usada, na linguagem comum, com o sentido de causa. Nossas ações são causadas
por duas espécies de forças:
4.2. Definição de termos motivacionais: estado interior que pode resultar de uma necessidade.
- Predisposição genética.
Impulsos e incentivos: São aquele que surgem para satisfazer necessidades básicas relacionadas com
a sobrevivência e derivadas da fisiologia.
- O objetivo fisiológico da redução do impulso é a homeostase, a manutenção do equilíbrio do estado
interno do organismo.
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Impulso: é considerado a força que põe o organismo em movimento, E entendido como a
consequência de uma necessidade. Difere de motivo porque não dá direção definida ao
comportamento, é apenas seu ativador.
5 – Emoções
Como sabemos que estamos emocionados? Invariavelmente pelas sensações e movimentos que
o nosso corpo produz: dor de barriga, um “frio no estômago”, chorar, rir sem parar, taquicardia,
tremer, desmaiar, perder a voz, ficar “branco que nem cera” ou “vermelho de raiva...”.
No estudo etimológico da palavra descobrimos que emoção se origina de duas outras palavras do
latim – “ex movere” – que significam em movimento. Faz sentido? Se o nosso corpo se movimenta
quando nos emocionamos, então faz sentido!
Mas porque é que a Psicologia se preocupa com as emoções? Estudar o comportamento
humano é o objetivo maior da Psicologia e entender porque nos emocionamos e a maneira que a
emoção influencia o nosso comportamento, faz parte desse objetivo.
Muitos estudiosos, anteriores ao século XX já se preocupavam com a emoção e os seus efeitos sobre
o comportamento humano. Desde a Grécia Antiga e até meados do século XIX, filósofos e
psicólogos acreditavam que as emoções eram instintos básicos que deveriam ser controlados sob
pena de o homem ter a sua capacidade de pensar seriamente afetada. Até meados do século XX a
emoção era totalmente descartada dos seus domínios por influência do pensamento cartesiano.
No século XX, as investigações produzidas sobre a emoção levaram-nos a um outro olhar e
entendimento. Os cientistas despertaram para o facto de que se um indivíduo se emocionar, mas
compreender e estar consciente das suas emoções isso é uma qualidade que lhe permite desenvolver
a capacidade de melhor se relacionar no e com o mundo.
Além disso, com o auxílio dos desenvolvimentos tecnológicos, os pesquisadores estão a
descobrir que a emoção influi diretamente no nosso sistema imunológico, na nossa saúde – o mal do
século XXI, o stress é de origem fundamentalmente emocional – é o resultado da incapacidade de
lidar com as emoções; aliás, esta capacidade foi definida como uma das múltiplas inteligências do
ser humano (inteligência emocional), pelo psicólogo americano Howard Gardner (1999).
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Os psicólogos e pensadores sempre se preocuparam em compreender a natureza da emoção.
Uns entendiam-na como uma alteração fisiológica provocada pelos estímulos do ambiente e que é
transmitida pela percepção sensorial (James-Lange); mais tarde vieram a concebê-la como
dependente da percepção que o homem tem sobre determinada situação, isto é, de como entendemos
e compreendemos determinada situação (Cognitivismo). O próprio Freud, um dos grandes
pensadores do séc. XX, vem ampliar o conceito de emoção para o de afeto, e demonstra através da
Psicanálise que o que registamos na nossa psique são as representações afetivas vinculadas às
experiências emocionais.
Um dos teóricos mais estudados atualmente, o psicólogo e médico francês Henri Wallon,
(1879-1962), que iniciou as suas pesquisas com crianças lesadas neurologicamente, elaborou uma
teoria da emoção. Para ele, a emoção tem dupla origem – é tanto biológica quanto social e o que ela
garante é a sobrevivência da espécie humana. Ou seja, a emoção tem uma característica bastante
peculiar – ela é contagiante!
Que adulto consegue ficar imune ao choro de um bebê? Este caráter contagiante da emoção
leva o ser humano a cuidar da sua geração e assim a garantir a sobrevivência da espécie; É na
convivência com o “outro” e com o “grupo social” que aprendemos a identificar, nomear e lidar com
as nossas emoções.
Hoje, o conceito de inteligência emocional introduzido por Daniel Goleman, com base nos
estudos de Howard Gardner tem sido amplamente abordado e desenvolvido nas empresas por
profissionais de recursos humanos; assim como a teoria da emoção de Henri Wallon tem sido
profundamente estudada por educadores e psicólogos escolares com o objetivo de melhor entender o
processo ensino - aprendizagem.
O tema das emoções consiste num parâmetro de fundamental importância para a reflexão
sobre a construção do conhecimento em psicologia. A dois níveis: por um lado porque aponta para as
exigências necessárias que o psicólogo tem que ter na concepção e na abordagem aos seus objetos de
estudo; por outro lado, porque levanta a esse mesmo psicólogo problemas epistemológicos que
fundamentam as bases da sua própria compreensão.
E, sem dúvida que uma reflexão crítica sobre o tema das emoções tem o “condão” de denunciar
as contradições presentes na psicologia e na sua tentativa de se firmar como disciplina científica,
pois se existe o firme propósito de torná-la numa forma de conhecimento confiável de acordo com
requisitos científicos, ao mesmo tempo, os seus interesses e objetos de estudo encontram-se do outro
lado do “abismo”, com fortes riscos para as suas pretensões de objetividade.
Não estaremos errados se afirmarmos que no passado existiram diversas escolas de psicologia
que quanto mais sistematizavam as emoções como seu objeto de estudo, mais sistematicamente as
descaracterizavam. Seja por as compreenderem como um processo subjetivo que se esgota na
dimensão da linguagem, ou porque as reduzem exclusivamente a uma manifestação biológica, sub –
produto de reações químicas, o que é verdade é que isso acarretou uma compreensão errónea, entre
outras coisas, como se as emoções estivessem desvinculadas dos processos superiores, uma herança
animal, um conjunto de forças primárias que antecedem o pensamento e a ação e conduzem os
sujeitos em geral a ações destrutivas, promotoras de desadaptação do comportamento e em suma,
indesejáveis e negativas (como o medo ou a ira…).
Na perspectiva tradicional do pensamento científico, em que o Homem é colocado como senhor
absoluto da natureza, ele nega a si próprio a sua subjetividade como objeto de estudo, uma vez que
esta seria capaz de ameaçar a confiabilidade dos seus procedimentos. O investigador exclui-se a si
próprio. E enquanto estuda as emoções, devidamente esquartejadas e enquadradas nos seus
procedimentos e concepções, elas foram praticamente banidas da subjetividade do pesquisador, pois
apenas a racionalidade aliada a um forte aparato experimental poderiam garantir um conhecimento
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cientificamente válido.
É no séc. XX, com epistemologistas como Bachelard e Edgar Morin e mesmo com psicólogos
nomeadamente como Bateson, Gonzalez Rey, Gergen e Mahoney que se vem alcançar uma
compreensão distinta da subjetividade inerente ao tema e à nossa disciplina científica,
particularmente no que diz respeito à sua participação na construção do conhecimento.
Gonzalez Rey, em particular, vem enfatizar a necessidade de compreendê-la, não como uma
oposição à objetividade, mas como um processo de constituição psíquica do sujeito que se
“objetiviza”, que ganha um estatuto ontológico com implicações profundas em termos da
abordagem.
Da mesma forma, Greenberg, Rice e Elliot (1993) apontam para um papel semelhante das
emoções ao colocarem-nas como “ponto de encontro” do biológico, das relações macro e micro
sociais, da cultura, da história do sujeito.
Dito por outras palavras, surge uma nova fórmula para a compreensão do sujeito humano e das
suas emoções onde se abre espaço para um estudo aberto e abrangente da subjetividade no qual esta
se qualifica como um momento fundamental da construção do saber e é reconhecida e aceite como
um dos temas centrais das questões humanas. Ora, as emoções, em si mesmas, não nos podem
denunciar nada, não são capazes de falar, não têm identidade, não sentem, não são capazes de
integrar uma família ou de lamentar a perda de um ente querido. Elas têm que ser estudadas como
constituintes da vida de alguém e ser compreendidas em função do sentido e do papel que possuem
para o indivíduo, sem a imposição de noções teóricas “a priori”. O estudo das emoções faz-se por
meio de uma perspectiva de interpretação, principalmente devido ao carácter não linear que as
emoções apresentam com as expressões verbais ou não verbais do sujeito. E o psicólogo, ao longo do
contato com o sujeito estudado, constrói um pensamento em que são integradas as informações
relevantes para a continuidade desse processo.
O estudo das emoções pode pois contribuir significativamente no sentido de apontar condições
para um saber aberto, consistente não com uma autoridade em si, mas devido à sua capacidade para
dialogar com o real, em particular tendo em conta os riscos de considerar o conhecimento como uma
entidade fixa, inatacável e estável, em que os seus argumentos estão acima das contradições da
realidade subjetiva; bem pelo contrário, o conhecimento evolui num processo que é susceptível,
digamos, às “intempéries” das sociedades, possuindo, como dizia Edgar Morin, um corpo
biodegradável.
De cada uma destas abordagens históricas, cada uma tem os seus percursores, os seus defensores
modernos mas também as suas aplicações práticas para viver melhor com as emoções. Vamos
examiná-las a partir da sua hipótese de base.
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representam para nós um desafio vital em termos de sobrevivência ou de estatuto. Por exemplo, o
medo ajuda-nos a fugir do perigo, a raiva a triunfar sobre os rivais, o desejo leva-nos a encontrar um
parceiro para nos reproduzirmos.
As emoções foram, portanto, favoráveis á sobrevivência e à reprodução de todos os antepassados da
nossa espécie, o que explicaria a sua transmissão até nós.
Os nossos primos têm emoções: descobrem-se comportamentos muito evocadores dessas
emoções entre os nossos primos macacos. Os primatólogos forneceram numerosas observações do
que muito se parece com uma vida emocional intensa entre os mais próximos de nós, como os
chimpanzés.
Observação da sua vida em grupo, como as suas alianças, os seus conflitos, a suas rivalidades, e
também as suas reconciliações, oferece-nos um espelho perturbador das nossas emoções quotidianas.
O bebé experimenta emoções: reações emocionais como a raiva ou o medo surgem no bebé
humano numa idade muito precoce (a alegria aos três meses, a raiva entre os quatro e os seis meses),
o que advoga a favor de uma “programação” das suas emoções no seu capital genético, ele próprio
selecionado no decorrer da evolução.
Para explicar as teorias evolucionistas, apelaremos muitas vezes ao modo de vida dos caçadores –
recoletores, com uma insistência que poderá surpreender. Mas é necessário compreender, como
explica Jared Diamond, que fomos primatas e caçadores – recoletores durante oito milhões de anos.
Só nos tornámos Homo sapiens há duzentos mil anos e só começámos a praticar a agricultura há
vinte mil anos, e apenas em certos lugares do mundo. A vida do caçador – recoletor representa
portanto 99% da nossa história e muitas das nossas características físicas e psicológicas são
adaptações às exigências desse modo de vida, hoje quase desaparecida.
Conselho de vida: estejamos atentos às emoções: elas são-nos úteis.
William James (1842-1910), psicólogo e filósofo americano, é o percursor de uma teoria que
se poderia resumir com um slogan publicitário:” A emoção é a sensação”. Temos tendência para crer
que trememos porque temos medo ou que choramos porque estamos tristes. Para James, é o inverso
que se produz: é o facto de sentir que trememos que nos leva a sentir medo ou o de chorar que nos
torna tristes.
À primeira vista, esta hipótese choca com o senso comum, mas a investigação acumulou
numerosas observações a seu favor. Por exemplo, em certas situações a nossa reação física
desencadeia-se antes de termos uma experiência emocional completa. Assim, quando evitamos com
precisão uma colisão de carro, sentimos muitas vezes medo depois do acontecimento, enquanto o
nosso corpo reagiu desde a primeira fracção de segundo com um jacto de adrenalina e a aceleração
do coração. Por outro lado as nossas emoções seriam vazias de conteúdo sem as sensações
provenientes do nosso corpo.
António Damásio fala assim dos marcadores somáticos que informam o nosso espírito da
presença de uma emoção e nos ajudam a decidir mais depressa: por exemplo, as sensações físicas
desagradáveis associadas ao medo vão ajudar-nos a evitar rapidamente as situações de perigo.
Os pacientes que deixam de perceber esses marcadores já não têm medo, o que pode ser uma
vantagem, mas também um grande risco. O Semblante faz o Humor!
Uma das ilustrações mais surpreendentes desta teoria é dada pelo feedback facial. Imitar
voluntariamente a expressão facial das diferentes emoções provoca as reações fisiológicas e o humor
correspondente.
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Os iogues que recomendam conservar sempre um leve sorriso têm, portanto, razão: sorrir melhora
o humor! Mas trata-se de uma influência modesta e transitória, não se pode pretender tratar uma
tristeza intensa, ou pior, uma depressão com um sorriso beato.
Conselho de vida: Controlando o nosso corpo, controlaremos as nossas emoções.
Por exemplo, se um amigo não responde quando deixo uma mensagem no seu gravador, a
minha emoção não será a mesma se penso que ele já não me deseja ver (tristeza), se penso que está
muito apaixonado nesse momento (alegria por ele ou inveja) ou se penso que talvez tenha tido um
acidente (inquietação). A hipótese “estamos emocionados porque pensamos” é decerto a mais
tranquilizadora para nós, que gostamos de nos considerar como seres racionais. Os partidários desta
abordagem dita cognitiva das emoções pensam que continuamos a classificar rapidamente os
acontecimentos segundo um eixo de decisão: agradável / desagradável, previsto / imprevisto,
controlável / não controlável, causado por nós / causado pelos outros. Segundo a combinação obtida,
surgiria esta ou aquela emoção.
Por exemplo:
Se sentimos tristeza quando o nosso clube desportivo favorito é derrota-do, ou raiva quando
não obtemos aumento de salário, é porque reconhecemos estas duas fases emocionais adaptadas a
situações próprias da nossa sociedade. Ninguém à nossa volta se surpreenderá por sentirmos essas
emoções, nem pela maneira como as exprimimos ao chegar ao escritório com o semblante abatido ou
ar indignado, porque os outros conhecem e sabem reconhecer essas situações.
Para os partidários da abordagem dita culturalista, uma emoção é, em primeiro lugar, um papel
social que aprendemos justamente crescendo num certo tipo de sociedade, o que supõe que outras
pessoas criadas noutros sítios sentirão e exprimirão emoções diferentes. De um continente a outro, as
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emoções humanas seriam tão variadas como as línguas dos diferentes povos. Levando esta hipótese
ao extremo, poderia imaginar-se que certas etnias ignoram algumas das nossas emoções, como, por
exemplo, o ciúme sexual ou a tristeza. Veremos que as observações metódicas iludiram a esperança
de descobrir um “bom selvagem”.
Um eminente psicólogo culturalista, James Averill, observa também que o papel social da
emoção permite-nos aceitar certos comportamentos que, de outro modo, seriam inaceitáveis:
perdoam-nos mais facilmente palavras desagradáveis se as pronunciarmos “sob o efeito da raiva”;
toleram-se alguns dos nossos comportamentos se nos declararmos “apaixonados” (aborrecer os
amigos com a narrativa repetida dos imprevistos de uma relação ou, pelo contrário, descurá-los,
dançar de alegria ou desatar em soluços). É evidente que noutras sociedades esses comportamentos
seriam chocantes ou incompreensíveis.
A abordagem culturalista das emoções recorda-nos que devemos estar atentos ao meio em que
nos encontramos antes de exprimir uma emoção ou interpretar as dos outros. Por exemplo, em certos
grupos humanos chorar em público provoca atenção e simpatia; noutros é sinal de falta de virilidade
ou “self-control”.
Um exemplo notável da abordagem culturalista é o de Margaret Mead que, em 1928, descreveu
num livro célebre a vida de várias tribos da Oceânia de que tirou conclusões sobre a influência da
cultura nos nossos mecanismos psicológicos, em especial nos nossos costumes sexuais e nas nossas
neuroses.
Mas as observações modernas e os progressos das três outras abordagens das emoções voltaram a
pôr em questão a longa predominância da abordagem culturalista: veremos que se torna cada vez
mais difícil pretender que todas as nossas emoções são culturais.
Conselho de vida: Estejamos atentos ao meio antes de exprimir ou interpretar uma emoção.
Ao longo do tempo e com um quotidiano cada vez mais amplo, competi-tivo e, de certo modo,
implacável e pouco escrupuloso, os seres humanos começaram a sentir problemas relacionados com
as suas emoções. Todas aquelas “ferramentas” que no princípio dos tempos lhes eram úteis e quase
imprescindíveis para se alimentarem, para procriarem ou para simplesmente se divertirem,
começaram gradativamente a voltarem-se contra eles.
Se antes tinham a vantagem de sentir raiva para melhor caçarem e comerem, passaram a sentir a
mesma como um fator confuso, que já não era utilizado para um determinado fim, mas sim que como
algo que subitamente aparecia perante uma situação de desagrado para com um ser igual, perante um
acontecimento frustrante ou uma simples quebra de expectativas em relação a algo que projetavam
no futuro.
Começaram a sentir-se mal por se emocionarem facilmente e, por ainda mais facilmente, terem
comportamentos indesejáveis por eles próprios, mal vistos pelos outros e desadequados perante
certas normas da sociedade. Quantas vezes não nos saiu já da boca, depois de certa emoção, frases
como “ eu e a minha grande boca”, “Mas porque é que eu ligo a isto?” ou “só a mim é que isto
acontece”?
Nasceram e procriaram-se as neuroses, o “stress”, a angústia, a inadequação, as fobias, a
incapacidade de viver conosco em simultâneo com os outros, a incapacidade de viver conosco em
simultâneo conosco.
Houve necessidade de pedir ajuda, de recorrer a profissionais, de tratar de “feridas interiores”, de
reaprender o que antes parecia tão lógico e fluído e agora se tornava um tormento: viver!
Os profissionais de saúde tiveram necessidade de se virar mais para o concreto. O que antes
eram investigações, dogmas, paradigmas, experimentação, duvidas, teorias, tentativas de provas
científicas de algumas filosofias empíricas, teve de passar rapidamente à prática, à resolução de
problemas concretos, ao tratamento, à saúde.
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Era a funcionalidade, a sanidade e a própria vida do ser humano que passava a estar em jogo. E as
emoções eram as peças!
É de algumas destas abordagens práticas que vamos falar-vos neste capítulo:
A abordagem psicodinâmica
Esta metodologia introduzida por Sigmund Freud no princípio do século XX começou a tratar
pacientes com disfuncionalidade emocional pelo próprio Freud.
Descobriu e validou que os seres humanos se estruturavam em termos de personalidade durante
a infância e que todas as emoções e comportamentos que sobressaíam posteriormente se deviam a
recalcamentos guardado no inconsciente, uma espécie de parte existente mas “ausente” de
conhecimento em relação ao próprio ser humano. Descobriu ainda que na fase da infância existem
três estágios distintos que vêem mais tarde a modelar o pensamento humano e, consequentemente, a
originar que as suas emoções se manifestem de uma ou outra maneira, consoante a fase em que
tenham ficado primordialmente fixados: a fase anal, a fase oral, a fase fálica ou a de latência. Para
além destas descobertas desenvolveu teorias importantes, como a do ego, do id e do superego, assim
como a interpretação dos sonhos. Esta é de particular importância no tratamento prático por ser uma
das poucas formas em que o inconsciente pode revelar-se a um nível consciente, conseguindo assim
que o tratamento se efetue a partir da causa que causou a disfuncionalidade: os traumas de infância,
os desejos reprimidos ou os medos recalcados. Entre o inconsciente e o consciente existe o pré-
consciente, que funciona como uma espécie de censurador das revelações que o inconsciente quer
fazer ao consciente. Só os sonhos, os atos falhados e por vezes a catarse conseguem fintar o pré-
consciente sendo portanto essa a maior parte dos métodos usados pelos psicanalistas modernos,
discípulos de Freud. A catarse é toda baseada numa atmosfera que o psicólogo cria para que o
paciente diga tudo o que lhe vem à cabeça sem pensar, mesmo que ache que não é importante, de
maneira a ficar mais próximo, com a ausência de racionalidade, do inconsciente revelando assim os
seus recalcamentos, medos e desejos obscuros. Em casos extremos usa-se a hipnose como meio de
regressão à infância e ao episódio perturbador.
O objetivo do terapeuta é o de chegar o mais próximo e concretamente possível ao episódio
(causa) que no passado originou o pensamento presente (efeito). Quando o consegue, segue o
princípio de que o pensamento causa a emoção e o comportamento. Gradualmente, durante várias
sessões, vai usando técnicas para desmistificar o recalcamento, acabando por modificar o
pensamento em relação a maneiras de ver os acontecimentos que o paciente encarava de maneira
disfuncional por associação com o episódio passado, alterando consequentemente as emoções e
induzindo uma melhor qualidade de vida ao paciente em relação à maneira como se sente com ele
próprio, com os outros e com o mundo.
Psico-dinâmicos Famosos: Alfred Adller, Carl Jung, Melanie Klein, Anna Freud e Donald Winnicott
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elas. Acreditam que há crenças profundas, semi-profundas e superficiais, por um lado, e racionais e
irracionais por outro, e que os pensamentos baseados nelas, duma maneira consciente ou
inconsciente, são os causadores das emoções. Também acreditam que elas são adquiridas ao longo da
vida sem interrupção e por factores como a educação, a experiência de vida, o meio envolvente ou o
próprio temperamento.
Os seus métodos de tratamento de disfuncionalidade emocional são de fraca introspecção, em
nítida oposição aos métodos psico – dinâmicos por exemplo, e bastante concentrados no “aqui e
agora”.
O terapeuta cognitivo começa por tratar os seus pacientes através do conhecimento da sua
maneira de pensar porque acredita que é este que vai originar os seus sentimentos e,
consequentemente, as suas emoções. É, provavelmente, o método mais inquisitivo e pragmático de
todas as abordagens de tratamento de disfuncionalidade emocional.
É frequente ouvir um psicólogo cognitivista devolver ao discurso do paciente consequentes
“porquê?”, sempre no sentido de melhor compreender e aprofundar a maneira de pensar do mesmo
até chegar ás suas crenças.
Quando descobre a crença irracional, vai sugerindo subtilmente processamentos mentais diferentes
em relação a situações, pessoas ou expectativas até chegar gradualmente ao objetivo desejado. Pode
usar diversas técnicas, desde a pura indução de uma maneira de pensar diferente, até a trabalhos
escritos do tipo “prós e contras”, sendo por vezes até algo confrontativo e/ou diretivo.
Uma das mais comuns é a Terapia Racional Emotiva, fundada por Albert Ellis, em 1955.
Segundo Ellis há alguns princípios básicos na TRE: A capacidade que cada ser humano tem para
atingir os seus objetivos, ou seja, a racionalidade. O hedonismo responsável, que acredita no facto de
cada ser humano procurar sempre manter-se vivo e a atingir graus de felicidade razoáveis, embora
faça a distinção entre hedonismo de curto – prazo e de longo – prazo. O terapeuta de TRE induz
sempre o paciente ao hedonismo de longo – prazo incitando-o a procurar os seus objetivos, o seu
sentido e a luta através da razão.
Há ainda a técnica ABCDE que é a mais importante no contexto da TRE para disfuncionalidades
emocionais e que consiste no seguinte:
A – Acontecimento
B – Pensamento ou crença irracional
C – Emoção Disfuncional
D – Pensamento Racional
E – Emoção funcional
Exemplo:
A – José vai na estrada a guiar com pressa porque está atrasado para uma reunião e vai um carro à
frente dele a andar devagar.
B -José pensa:” Estes tipos andam aqui todos de férias, andam devagar, não se preocupam com quem
trabalha”.
C – José apita várias vezes e diz três asneiras dirigidas ao condutor do carro que vai a sua frente
devagar. (Raiva)
D – José pensa” mas porque é que eu penso que o homem não tem respeito por quem trabalha só
porque vai devagar? Quem sabe tirou a carta de condução há pouco tempo e é cuidadoso ou então
está no dia de folga do trabalho e vai a apreciar a paisagem?”
E – José passa a andar devagar, deixa de apitar e dizer asneiras, liga o rádio do carro e assobia
descontraidamente.
Positivo – Resultados rápidos, o treino leva à mecanização da terapia.
Negativo – Pouca adaptabilidade a disfuncionalidades mais intensas, mais centrada no efeito do que
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na causa.
Cognitivistas famosos: Aaron Beck, Albert Ellis, Ulrich Nasser e Jean Piaget
Esta abordagem foi iniciada por Carl Rogers em 1942, com o seu livro “Counseling and
Psychotherapy“ que teve, imediatamente, uma série de seguidores, interessados pela sua inovação.
Ela propôs um papel ativo do terapeuta no processo enquanto pessoa, tentando através da partilha
dos seus próprios sentimentos, da empatia e do compromisso mútuo no processo terapêutico, fazer
com que o paciente seja mais autêntico, se sinta mais à vontade e colabore voluntariamente.
“Descobri que a transformação pessoal era facilitada quando o psicoterapeuta é aquilo que é,
quando as suas relações são autenticas, sem máscara nem fachada, exprimindo abertamente os
sentimentos e as atitudes que nesse momento lhe ocorrem. Dei-lhe o termo “congruência” para tentar
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descrever essa condição” (C.Rogers, “Tornar-se pessoa”, 1970).
Foi esta qualidade de congruência que as pesquisas verificaram estar associada ao bom
resultado terapêutico. Quando o terapeuta faz a experiência de uma atitude calorosa, positiva e
receptiva para com aquilo que vem do paciente, isso facilita a transformação. Quer isto dizer que o
terapeuta se preocupa com o paciente de uma forma não – possessiva, que o aprecia na sua totalidade
mais do que de uma forma condicional. Trata-se de um sentimento positivo que se exterioriza sem
reservas, apreciações ou julgamentos.
Podemos designar uma outra condição base nesta terapia como compreensão por empatia. Aqui o
terapeuta é sensível aos sentimentos e reações pessoais que o paciente experimenta a cada momento,
quando pode apreendê-los “de dentro” tal como o paciente os vê e quando consegue com êxito
alguma dessa compreensão ao paciente.
O paciente começa, passo a passo, a ser capaz de se ouvir a si mesmo, já que encontra alguém
que ouve e aceita os seus sentimentos. À medida que começa a “abrir” mais para o que se passa nele,
torna-se capaz de atender aos sentimentos que sempre negou e reprimiu. Enquanto vai aprendendo a
ouvir-se a si mesmo, começa igualmente a aceitar-se. Vai exprimindo cada vez mais aspectos ocultos
de si próprio, apercebendo-se, em simultâneo, que o terapeuta tem para consigo uma atitude positiva
incondicional e de “congruência”. Descobre que é possível abandonar a fachada atrás da qual se
escondia, que é possível minimizar os comportamentos de defesa e ser de uma maneira mais aberta o
que na verdade é.
Torna-se então mais consciente de si, aceita-se melhor e adota uma atitude mais aberta até
perceber que afinal é livre para se modificar e para crescer nas direções naturais do organismo
humano.
Conquista, progressivamente, uma concepção de si mesmo como uma pessoa de valor,
autônoma, capaz de fundamentar os próprios valores e normas na sua própria experiência. Desvia-se
de uma ideia que o torna inaceitável aos seus próprios olhos, indigno de consideração e obrigado a
viver segundo as normas dos outros. As suas percepções tornam-se mais realistas e mais
diferenciadas e a sua adaptação psicológica melhora. Dá-se uma redução da tensão em todas as suas
formas – tensão fisiológica, mal-estar psicológico, ansiedade – e o seu comportamento torna-se mais
evoluído, melhorando assim a funcionalidade das suas emoções.
Quanto mais o paciente “captar” o terapeuta como uma verdadeira ou autêntica pessoa, capaz de
empatia e tendo em relação a si um respeito incondicional, tanto mais ele se afastará de um modo de
funcionamento estático, fixo, insensível e impessoal.
Encaminhar-se-á no sentido de um comportamento marcado por uma experiência fluida, em
mudança e plenamente receptiva dos seus sentimentos pessoais diferenciados. Na consequência deste
“movimento” é que se dá uma evolução da personalidade, das emoções e do comportamento no
sentido da saúde e da evolução psíquica, assim como das relações mais realísticas com o “eu”, os
outros e o mundo circundante.
Emoção, numa definição mais geral, é um impulso neural que move um organismo para a ação.
Neurologia é uma especialidade médica que estuda o sistema nervoso. Foi inicialmente observando
indivíduos com patologias neurológicas e posteriormente é através de experimentação científica que
se começa a compreender a relação entre as diversas partes do sistema nervoso e as suas funções
específicas.
A emoção diferencia-se do sentimento, sentimentos são informações que seres biológicos são
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capazes de sentir nas situações que vivenciam, porque, conforme observado, é um estado psico-
fisiológico. O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos do
cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em acréscimo à
mudança psico-fisiológica. Podemos dizer que o sentimento é uma consequência da emoção com
características mais duráveis.
Existem algumas relações entre sentimentos e emoções, as emoções são públicas, os sentimentos
privados, a emoção é inconsciente e o sentimento, pelo contrário, consciente.
Etimologicamente falando, a palavra emoção provém do Latim emotionem, "movimento,
comoção, ato de mover". Esta formação latina será tomada como empréstimo por todas as línguas
modernas europeias, ou seja toda a Europa utiliza esta palavra para descrever a mesma emoção que
nós.
A palavra aparece normalmente para mostrar a natureza imediata dessa agitação nos humanos e a
forma em que é experimentada por eles, ainda que em algumas culturas e em certos modos de
pensamento é atribuída a todos os seres vivos. A comunidade científica aplica-a na linguagem da
psicologia, desde o século XIX, a toda criatura que mostra respostas complexas similares às que os
humanos se referem geralmente como emoção.
Podemos dar o exemplo da classificação de António Damásio, para ele existem as emoções
primárias e as emoções secundárias. As primárias são inatas, universais, evolutivas, partilhadas por
todos e associadas a processos neurobiológicos específicos. Já as secundárias são sociais e resultam
de aprendizagem, tal como a vergonha.
Temos de ter em atenção mais um simples aspecto, o conceito de “afeto” é diferente da emoção, ou
seja, o indivíduo exprime um comportamento orientado para uma pessoa ou situação.
Emoções
Existem vários tipos de emoções, aqui iremos abranger o campo da emoção MEDO, da emoção
VERGONHA, da emoção ALEGRIA e da emoção RAIVA, não esquecendo, claro, os outros tipos de
emoções tais como ciúme, nojo, desprezo, surpresa, interesse, inveja.
Optamos por falar sobre estas quatro emoções porque nas nossas pesquisas notamos que todos os
investigadores nesta área não têm uma absoluta certeza acerca do número exato de emoções. Na
verdade a maioria acha que existem emoções provenientes de outras emoções, tornando-se assim
uma espécie de interligação de emoções.
I) A emoção ALEGRIA: A Alegria é uma das emoções que engloba o amor, paixão, amizade, bom
humor, felicidade. É a emoção mais “procurada” pelo humano. A emoção que ajuda a ultrapassar
dificuldades, ódio, rancor, ciúme, e muitos outros sentimentos negativos.
A alegria não se manifesta apenas num sorriso. Por exemplo, as crianças quando estão
alegres adoptam um jeito de andar diferente, pulam e saltam, não precisam mostrar um sorriso para
mostrarem a sua felicidade.
Por vezes as pessoas quando muito felizes choram. Porquê? Choram porque se sentem extasiadas de
tanta felicidade, por exemplo a alegria do reencontro, ou mesmo da vitória num jogo de futebol.
Uma das coisas mais importantes para aceitar ou procurar a felicidade é a personalidade.
Tomemos como exemplo uma pessoa extrovertida. Se assim é tem uma sensibilidade maior perante
acontecimentos agradáveis e exprime a sua felicidade mais facilmente do que uma pessoa que não
seja tão aberta a este nível;
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satisfação, facilitando a cooperatividade em vez de fugir ou defender-se.
I) A emoção MEDO: O Medo é conhecido como a emoção mais estudada entre os cientistas. É a
emoção do perigo. Esta emoção causa um forte impacto fisiológico, o coração começa a bater mais
forte, a respiração acelera, os músculos contraem, as mãos tremem. Todas estas sensações derivam
do sistema nervoso simpático, adrenalina e noradrenalina que agem sobre o nosso corpo quando
temos medo.
Estas sensações vão obrigar-nos a enfrentar o perigo ou a fugir dele. O cor-po é preparado para
uma ação física, fuga ou luta.
Por vezes a expressão do medo pode ser confundida com surpresa, ou seja quando o indivíduo se
assusta também se surpreende.
O medo pode ser confundido com ansiedade mas as diferenças são muitas. O medo é uma
reação ao perigo que acontece naquele momento, a ansiedade é o “medo” sentido por antecipar
perigos que podem ou não ocorrer. Na emoção medo, este sentimento de medo passa em breves
instantes e a ansiedade pode tornar-se crónica. Na ansiedade, enquanto que as manifestações são
psicológicas (preocupação), no medo são físicas (arrepios).
II) A emoção VERGONHA: A vergonha é uma das emoções que mais nos acompanham durante
toda a vida, desde a infância que sentimos esse tipo de emoção.
A vergonha só é sentida quando se tenta mostrar ao grupo a que se pertence que não
conseguimos atingir as normas do mesmo, tais como sexualidade, competição ou estatuto,
compreensão e ajuda.
Para se sentir vergonha, o grupo tem de não aceitar o que o indivíduo é, e até mesmo ele não se
aceita a si próprio.
Quando se sente vergonha, o rosto fica corado, ou seja, ocorre uma vasodilatação nos vasos
sanguíneos do rosto. Normalmente as pessoas ao sentirem vergonha baixam o olhar e inclinam a
cabeça para a frente como que a querer esconder-se.
Por vezes a vergonha é atenuada e sente-se um simples embaraço (olhar de lado e um sorriso
nervoso).
Sentir vergonha não é uma doença, mas em excesso ou em insuficiência podem demonstrar
algum tipo de perturbação psicológica ou de personalidade, por exemplo a depressão.
A depressão manifesta-se por uma profunda tristeza mas outras perturbações estarão presentes
também, tais como a vergonha de se sentirem daquela maneira, de se culparem por aqueles
acontecimentos.
III) A emoção RAIVA: A raiva é uma emoção humana completamente normal, saudável, e uma
determinada quantidade dela é necessária a nossa sobrevivência. A raiva surge quando nos sentimos
fracos e frustrados ao termos de reconhecer nossos limites internos e externos. Inspira os
sentimentos e os comportamentos poderosos e agressivos, que permitem ao ser humano lutar e
defender-se quando é atacado.
A raiva pode ser causada por fatores externos e internos, e como outras emoções, ao sentirmos
esta emoção, o batimento cardíaco e a pressão sanguínea aumentam, além dos níveis das hormonas
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adrenalina e noradrenalina. Apesar de a raiva se expressar mediante a força da agressividade, ela,
pelo contrário, enfraquece-nos tomando conta de todo o nosso sistema nervoso.
Para desfazer a raiva, é preciso saber atravessá-la. O segredo está em observar o incomodo que
ela produz em nós, sem nos deixarmos contagiar pela negatividade da autocrítica. Como um cientista
que é capaz de analisar uma essência venenosa sem se deixar contaminar por ela.
IV) A emoção TRISTEZA: surge aquando de uma grande perda como a morte de alguém ou
decepção significativa. A tristeza acarreta uma perda de energia e de entusiasmo pelas atividades da
vida, em particular por diversões e prazeres. Quando a tristeza é profunda aproxima-se de depressão,
a velocidade metabólica do corpo fica reduzida. Esse retraimento introspectivo cria a oportunidade
para que surja lentamente uma perda ou frustração.
6 - Inteligência
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inteligência um conjunto de no mínimo 8 processos mentais diferentes existentes dentro do cérebro.
De acordo com esta teoria, cada ser humano possui um pouco de cada uma dessas
“inteligências”, sendo que, em algumas pessoas, sempre há um tipo de processo específico que pode
ser mais desenvolvido do que em outras, fazendo com que de destaque em determinadas campos ou
áreas de atividade.
II) Inteligência espacial: pessoas com facilidade em entender e manipular o mundo visual, como
imagens em 2D ou 3D. São bem desenvolvidos por arquitetos e profissionais ligados à arte gráfica.
Inteligência motora: pessoas que conseguem realizar movimentos complexos com o próprio corpo,
tendo para isso uma espantosa noção de espaço, distância e profundidade dos ambientes.
III) Inteligência musical: pessoas com facilidade em identificar e reproduzir diferentes tipos de
padrões sonoros, além de criar músicas ou harmonias inéditas. Este é um dos tipos raros de
inteligência presentes entre as pessoas.
Inteligência interpessoal: pessoas com facilidade de liderar, a partir do entendimento do ponto de
vista e intenções dos outros. São considerados indivíduos muito ativos, que gostam de
responsabilidades e que têm facilidade em conseguir convencer os demais a fazer aquilo que
desejam.
VI) Inteligência emocional: o conceito de inteligência emocional está presente dentro da psicologia e
foi criado pelo psicólogo estadunidense Daniel Goleman.
Um indivíduo considerado emocionalmente inteligente é aquele que consegue identificar as suas
emoções, motivando a si mesmo a persistir em situações de frustração, por exemplo.
Entre as outras características da inteligência emocional está a capacidade de controlar
impulsos, canalizar emoções para situações adequadas, motivas as pessoas, praticar a gratidão, entre
outras qualidades que podem ajudar a encorajar os outros.
6.3 - QI
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Quociente (ou cociente) é uma palavra que deriva do termo latino "quotiens", cujo significado é
"quantas vezes". A palavra é utilizada para designar o resultado de uma divisão aritmética. Tratando-
se de uma divisão inteira, o quociente é o valor que se obtém do dividendo, subtraído do resto,
dividindo pelo divisor.
Quociente (ou razão) é também o termo utilizado para designar uma fração de dois números
inteiros.
Quociente de Inteligência, um fator que mede a inteligência das pessoas com base nos
resultados de testes específicos. O QI mede o desempenho cognitivo de um indivíduo comparando a
pessoas do mesmo grupo etário.
O primeiro teste para medir a capacidade intelectual foi desenvolvido no início do século XX
pelo psicólogo francês Alfred Binet (1859-1911). Inicialmente, o teste foi aplicado apenas nas
escolas para identificar estudantes com dificuldades de aprendizado.
Mais tarde, o psicólogo alemão William Stern (1871-1938) criou a ex-pressão Quociente de
Inteligência, introduzindo os termos "IM (Idade Mental)" e "IC (Idade Cronológica)", para relacionar
a capacidade intelectual de uma pessoa e a sua idade.
As escalas de inteligência foram propostas pelo psicólogo Lewis Madison Terman (1877-
1956), com base em vários trabalhos sobre crianças superdotadas. Através da fórmula QI = 100 x
IM/IC, classificou o resultado superior a 140 como genialidade e os valores inferiores a 70 como
raciocínio lento.
Com base em novos estudos, David Wechsler (1896-1981) criou um teste desenvolvido
exclusivamente para adultos, definindo a Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (em inglês,
WAIS - Wechsler Adult Intelligence Scale), que já passou por revisões.
Os níveis de inteligência são classificados com base no resultado do teste, de acordo com a
escala:
Igual ou superior a 130: Superdotação
120 - 129: Inteligência superior
110 - 119: Inteligência acima da média
90 - 109: Inteligência média
80 - 89: Normal fraco
70 - 79: Limite da deficiência
Igual ou inferior a 69 - Deficiente mental
6.4 - QE
Com a realização de muitas pesquisas neste campo, surgiu o conceito de Quociente Emocional
(QE) que está relacionado com as emoções do indivíduo e com a capacidade de lidar com as
emoções dos outros.
Já no século XXI, surge uma medida de inteligência mais importante que o QI e o QE: o
Quociente Espiritual (QS), que abrange a esfera espiritual do ser humano, o modo de lidar com
questões de existência, de sentido e valor.
7 – Retardamento Mental
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7.1. Epidemiologia
1. O clássico estudo realizado pelo expressivo Rutter na ilha de Wright detectou uma taxa de 2.5%
2. Estudos mais abrangentes encontraram uma taxa de 3%
3. Estudos mais restritivos encontraram 1%
Essas diferenças mostram como grandes variações de resultados são obtidas quando os
critérios da pesquisa são diferentes. Embora não haja um consenso é indispensável se ter essa
estimativa populacional uma vez que o significado social e econômico desta doença é indiscutível,
sem falar no sofrimento familiar, o aspecto mais importante.
7.2. Causas
Tanto doenças como acidentes podem causar retardo. O retardo é uma doença cuja origem é
muito variada apesar da manifestação semelhante. Apenas 1/4 dos casos é de origem conhecida.
Destes várias são as causas: alterações (erros) genéticas, doenças da mãe durante a gestação,
acidentes causando traumatismos cranianos ou impedindo a circulação sanguínea pelo cérebro por
um intervalo de tempo razoável, intoxicações, meningite, etc.
7.3. Tratamento
Retardo mental não tem tratamento. O que se deve fazer é preparar esta pessoa, segundo
métodos especiais, para viver o mais próximo possível da realidade de nossa sociedade, prepará-la
para se adaptar ao nosso mundo ao modo dela.
8 – Superdotado
Alto-habilidosos ou Superdotados têm melhor desempenho em aulas especiais que lhes permitam
desenvolver suas habilidades
O termo superdotado/sobredotado/alto-habilidoso faz referência a uma pessoa que possui
capacidade mental significativamente acima da média. Como um talento, a alta habilidade ou
superdotação é a aptidão para atividades intelectuais, artísticas ou esportivas que parecem ser inatas,
uma vez que a pessoa superdotada parece apresentar tais habilidades sem que se possa explicar como
aprenderam. Contudo, tais aptidões ou habilidades também são desenvolvidas através de esforço
pessoal e é um erro pensar que pessoas superdotadas não precisam ser ensinadas, elas apenas
precisam de uma educação diferenciada que atenda a sua demanda de conhecimento. As principais
características de uma pessoa superdotada são, segundo [Renzulli], as altas habilidades, a
criatividade e o comprometimento com a tarefa. Este diz respeito a capacidade de se envolver
profundamente com atividades relativas a sua área de interesse, seja ela artística, acadêmica ou
esportiva. Pela estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) no Brasil de 3,5% até 5% das
pessoas são superdotadas.
A alta habilidade ou superdotação pode ser geral ou específica. Por exemplo, uma pessoa bem
dotada intelectualmente pode ter um talento impressionante para a matemática, mas não demonstrar
competências linguísticas igualmente fortes ou vice-versa. Quando combinado com um desafio
curricular adequado e as diligências necessárias para adquirir e executar muitas habilidades
27
aprendidas, a alta habilidade muitas vezes produz sucesso acadêmico excepcional.
8.1. Inteligência - Pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver
problemas, abstrair ideias, compreender ideias, linguagens e aprender. Embora pessoas leigas
geralmente percebam o conceito de inteligência sob um âmbito maior, na Psicologia, o estudo da
inteligência geralmente entende que este conceito não compreende a criatividade, o caráter ou a
sabedoria, no entanto superdotados são criativos, tem bom caráter e são mais sábios. Conforme a
definição que se tome, a inteligência pode ser considerada um dos aspectos da personalidade. O
psicopedagogo israelita Reuven Feuerstein afirma que a inteligência humana pode ser estimulada em
qualquer idade. De acordo com sua Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, mesmo
indivíduos considerados inaptos podem ter sua inteligência "expandida" adquirindo assim
capacidade de aprender.
8.2. Identificação - O teste de Q.I. (quociente de inteligência), foi feito para medir a inteligência, mas
não é exato e não pode avaliar todas as áreas de alto desempenho que a pessoa tem, por isso não é
adequada a avaliação de superdotação apenas com o teste, que é uma medida consagrada. Pelo teste
WAIS , que é o mais utilizado, se considera superdotado o indivíduo que apresente um resultado a
partir de 130 de QI, com o desvio padrão de 15 pontos, isso seria os 2% mais elevados. Várias ideias
sobre a definição estão em desenvolvimento e melhores maneiras de identificar superdotação
intelectual têm sido formuladas.
A principal motivação dos estudos é o reconhecimento precoce do potencial da pessoa a fim de
que sejam proporcionados condições adequadas para o seu desenvolvimento. Para tanto, os
educadores podem, além da observação direta do comportamento e desempenho, fazer uso de escalas
de características (método desenvolvido pelos pesquisadores Renzulli, Smith, White, Callahan,
Hartman e Westberg onde o professor avalia a frequência com que aspectos relacionados à
aprendizagem, criatividade e motivação são registrados no cotidiano dos alunos), questionários,
entrevistas, ou conversas (profundas, prolongadas) com a própria pessoa, com a família, com os
professores e testes, desde que usados mais como metáforas da vida real do que em busca de
resultados numéricos absolutos.
8.5. Altas Habilidades ou Superdotação e Psicologia - Às vezes a alta habilidade não é reconhecida
na infância e as crianças alto habilidosas são por vezes diagnosticadas como tendo transtorno afetivo
bipolar, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, transtorno desafiador e de oposição,
depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, ou outros problemas.
Criatividade
Curiosidade
Boa memória
Obstinação
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Fácil aprendizagem
Iniciativa
Impaciência
Inconformismo
Vocação para liderança
Senso de humor
Egocentrismo
Elevado senso crítico
Independência e autonomia
Alto desempenho em determinadas áreas
Amplo conhecimento geral
Difícil sociabilização por falta de interesses em comum.
Alta capacidade de influenciar e ou liderar / adaptabilidade social / Empatia
Elevado senso competitivo
Autodidatas
8.7. Altas Habilidades ou Superdotação e Pedagogia - A própria Constituição Brasileira indica que
todos os cidadãos devem receber educação adequada para atingir o seu potencial.
Em resolução do Conselho Nacional de Educação observamos: As escolas da rede regular de
ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: (..) IX – atividades que
favoreçam, ao aluno que apresente altas habilidades/superdotação, o aprofundamento e
enriquecimento de aspectos curriculares, mediante desafios suplementares nas classes comuns, em
sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para conclusão,
em menor tempo, da série ou etapa escolar, nos termos do Artigo 24, V, “c”, da Lei 9.394/96.
“Diferentemente da maioria dos países do mundo, as altas habilidades no Brasil são
predominantemente ignoradas, quando se trata da prática educacional. Órgãos encarregados do
estabelecimento das diretrizes de Educação e Saúde têm como hábito incluí-la, quando deliberam
sobre Educação Especial. Como nos casos das deficiências, a superdotação deve ser avaliada,
oferecendo-se ao indivíduo condições educacionais adequadas ao seu potencial. Na prática, não é o
que acontece, salvo em casos isolados muito raros. Num país pleno de carências, não se considera
relevante o atendimento diferenciado a quem já foi privilegiado com um dom especial.
Os superdotados estão escondidos nas salas de aula comuns, como se seus talentos fossem
invisíveis.”
Um estudo brasileiro em 2002 concluiu que a maioria dos professores do Brasil só possuem
conhecimentos superficiais sobre superdotação, não sabem identificá-los corretamente, não sabem
atender suas necessidades e não tem os recursos para estimular o desenvolvimento de suas
habilidades.] Um psicólogo escolar pode ajudar nessas questões.
Apesar de o número de alunos superdotados registrados pelo Ministério da Educação (MEC)
ter quintuplicado em cinco anos (2005 - 2010)[4] , passando de cerca de mil para 5,6 mil (0,01%),
apenas uma pequena parcela da população com esse potencial tem acesso ao atendimento especial,
garantido por lei. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de
alunos no País tenham altas habilidades em pelo menos alguma área do conhecimento, e
aproximadamente 8 milhões de pessoas no total.
Para atender as necessidades especiais de educação dos superdotados existem duas abordagens de
ensino.
O enriquecimento curricular é o oferecimento à criança experiências de aprendizagem diversas
das que o currículo regular normalmente apresenta (ver: Aprendizagem personalizada). Isso é feito
29
através de atividades extraclasse onde são apresentados conteúdos mais abrangentes e/ou mais
profundos e são desenvolvidas atividades pedagógicas para criar um ambiente de aprendizagem
desafiador para este aluno, despertando o seu interesse e para ajustar os níveis de aprendizagem
requerida de acordo com as habilidades dos alunos. Pode ocorrer através de classes, monitorias ou
tutorias individuais.
As classes de aceleração permitem ao aluno pular etapas da formação regulamentar. Existem
diferentes estratégias para atingir este objetivo.
Entrada mais cedo na fase seguinte do processo educativo (desde a educação infantil)
Pular séries e/ou graus escolares
Aceleração por disciplina (frequentar disciplinas mais adiantadas dos anos seguintes)
Formação de classes mistas (onde os mais novos possam trabalhar com os mais velhos, e mais
avançados)
Estudos paralelos (frequentar o Ensino Fundamental ao mesmo tempo que o Ensino Médio,etc)
Estudos compactados (quando o currículo normal é completado em metade ou terça parte do
tempo previsto)
Ingresso antecipado no Ensino Superior. No entanto no Brasil apenas 1 a cada 1000
superdotados tem acesso a esses benefícios.
9.1 - DEFINIÇÃO
É o ato ou efeito de transtornar (se). O termo transtorno irá substituir a palavra “doença” ou
“enfermidade”, indicando um conjunto de sintomas ou comportamento clinicamente reconhecível,
associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais.
Baseado na Organização Mundial de Saúde – OMS - ONU, entendem-se como Transtornos
Mentais e Comportamentais as condições caracterizadas por alterações mórbidas do modo de pensar
e/ou do humor (emoções), e/ou por alterações mórbidas do comportamento associadas a angústia
expressiva e/ou deterioração do funcionamento psíquico global. Os Transtornos Mentais e
Comportamentais não constituem apenas variações dentro da escala do "normal", sendo antes,
fenômenos claramente anormais ou patológicos.
Um comportamento anormal ou um curto período de anormalidade do estado afetivo não
significa, em si, a presença de distúrbio mental ou de comportamento. Para serem categorizadas
como transtornos, é preciso que essas anormalidades sejam persistentes ou recorrentes e que
resultem em certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal, em uma ou mais esferas da
vida. Os Transtornos Mentais e Comportamentais se caracterizam também por sintomas e sinais
específicos e, geralmente, seguem um curso natural mais ou menos previsível, a menos que ocorram
intervenções. Nem toda deterioração humana denota distúrbio mental.
Os Transtornos Mentais e de Comportamento considerados pela Classificação Internacional das
Doenças da OMS da ONU (CID.10) obedecem descrições clínicas e normas de diagnóstico e
compõem uma lista bastante completa. Há também outros critérios de diagnóstico disponíveis para a
pesquisa, para uma definição mais precisa desses transtornos, como é o caso do DSM.IV, da
Associação Norte-americana de Psiquiatria. Todas essas classificações de Transtornos Mentais
classificam síndromes, doenças e condições, mas não classificam pessoas, as quais podem sofrer um
ou mais desarranjos emocionais durante um ou mais períodos da vida, independentemente das
etiquetas diagnósticas estabelecidas pelo sistema.
9.2 - O Diagnóstico
Os Transtornos Mentais e Comportamentais são identificados e diagnosticados através dos
métodos clínicos semelhantes aos utilizados para os transtornos físicos. Esses métodos incluem uma
30
cuidadosa entrevista (anamnese) colhida com o paciente e com outras pessoas, incluindo sua família,
um exame clínico sistemático para verificar o estado mental e suas condições orgânicas, testes e
exames especializados que forem necessários. Registraram-se, nas últimas décadas, avanços
importantes na padronização da avaliação mental e emocional, bem como na confiabilidade dos
diagnósticos clínicos.
Como um diagnóstico preciso é requisito essencial para uma intervenção apropriada, bem
como para a dados estatísticos e epidemiológicos precisos, os avanços nos métodos de diagnóstico
vieram facilitar, consideravelmente, a aplicação de princípios clínicos e de saúde pública na área da
saúde mental. Embora a promoção da saúde mental positiva para todos os membros da sociedade
seja evidentemente uma meta importante, ainda há muito que aprender sobre como atingir esse
objetivo.
Por muitos anos, os cientistas discutiram a importância relativa dos fatores genéticos versus
fatores ambientais no desenvolvimento de Transtornos Mentais e de Comportamento. Hoje, entre as
causas, os determinantes e os agravantes da Doença Mental a separação artificial dos fatores
biológicos, psicológicos e sociais tem constituído um grande obstáculo ao estudo e compreensão. Na
verdade, esses transtornos mentais são semelhantes a muitas doenças físicas, pelo fato de resultarem
de uma complexa interação de vários fatores.
Diferentes fatores contribuirá poderosamente para erradicar a ignorância e pôr paradeiro aos
maus-tratos infligidos pela própria sociedade às pessoas com esses problemas.
II) Fatores Psicológicos - Existem também fatores psicológicos individuais que se relacionam com a
manifestação de Transtornos Mentais e Comportamentais. Um importante achado ocorrido no século
XX e que deu forma à compreensão atual, é a importância decisiva do relacionamento Com os pais e
outros provedores de atenção durante a infância.
O cuidado afetuoso, atento e estável permite ao lactente e à criança pequena desenvolver
normalmente funções como a linguagem, o intelecto e a regulação emocional. O malogro pode ser
causado por problemas de saúde mental, doença ou morte de um provedor de atenção.
A criança pode ficar separada do provedor devido à pobreza, guerra ou deslocamento
populacional. A criança pode carecer de atenção por não haver serviços sociais disponíveis na
comunidade maior. Seja qual for a causa específica, a criança privada de afeto por parte de seus
cuidadores tem mais probabilidades de manifestar Transtornos Mentais e Comportamentais, seja
durante a infância ou numa fase posterior da vida.
Finalmente, a ciência psicológica mostrou que certos tipos de transtornos mentais e
comportamentais, como a ansiedade e a depressão, podem ocorrer em consequência da incapacidade
de se adaptar a uma ocorrência vital estressante. De modo geral, as pessoas que procuram não pensar
nos estressores ou fazer face a eles têm mais probabilidades de manifestar ansiedade ou depressão,
31
enquanto as que discutem seus problemas com outras e procuram encontrar meios de controlar os
estressores funcionam melhor com o passar do tempo. Esse achado levou ao desenvolvimento de
intervenções que consistem em ensinar aptidões para enfrentar a vida.
III) Fatores Sociais - A vida real também é cheia de problemas para muitas pessoas. São problemas
comuns o isolamento, falta de transportes e comunicações, e limitadas oportunidades educacionais e
econômicas. Ademais, os serviços mentais e sociais tendem a concentrar os recursos e a perícia
clínica nas grandes áreas metropolitanas, deixando poucas e limitadas opções para os habitantes
rurais que, porventura, necessitem de atenção em saúde mental.
A pobreza e as condições associadas a ela, como é o caso do desemprego, do baixo nível de
instrução, da privação e do desabrigo, não somente estão muito difundidas nos países pobres, como
também afetam uma minoria bastante considerável nos países ricos. Os pobres e os desfavorecidos
acusam uma prevalência maior de Transtornos Mentais e Comportamentais, inclusive transtornos do
uso de substâncias. Essa prevalência maior pode ser explicada tanto por uma ocorrência maior desses
transtornos entre os pobres, como pela tendência à queda na pobreza dos mentalmente enfermos.
a) Neurose – Segundo Rollo May, neurose quer dizer um enfraquecimento do comando do ego, uma
incapacidade de decidir em que direção o movimento que deve ser feito e daí uma mutilação de ação
afetiva.
Segundo Dorin Lannoy, neurose é um transtorno psicogênico. Desajuste da personalidade que
cria dificuldade para o ajustamento social.
b) Histeria – Vem do grego hysteron, histeria significa útero, órgão onde é gerado o feto. A histeria é
um conflito psíquico, simbolizado nos sintomas corporais. Na gravidez histérica, também chamada
de pseudociese, por exemplo, a paciente apresenta dilatação abdominal, causada pela distensão da
32
musculatura, mas com a ausência do feto. Neste caso os estudiosos supõem que a vontade
inconsciente da mulher engravidar é que causa a distensão da musculatura, auxiliada pelo acúmulo
de gases intestinais.
e) Amnésia dissociativa - A característica essencial é a de uma perda da memória, que diz respeito
geralmente a acontecimentos importantes recentes, não devida a transtorno mental orgânico, e muito
importante para ser considerado como expressão de esquecimento ou de fadiga.
A amnésia diz respeito habitualmente aos eventos traumáticos, tais como acidentes ou lutos
imprevistos, e é mais frequente que seja parcial e seletiva. Uma amnésia completa e generalizada é
rara, e diz respeito habitualmente a uma fuga (F44.1); neste caso, deve-se fazer um diagnóstico de
fuga. Não se deve fazer este diagnóstico na presença de um transtorno cerebral orgânico, de uma
intoxicação, ou de uma fadiga extrema.
f) Tratamento: A interação interpessoal com um psicólogo, que utilizará técnicas terapêuticas que
visam mudar os comportamentos disfuncionais.
O transtorno de humor é caracterizado pela alteração do humor, que geralmente altera o nível de
atividade global da pessoa. Entende-se que para sabermos se uma pessoa é portadora de transtorno
de humor, devemos verificar se ela sofre de humores anormais tais como o depressivo ou maníaco.
II) Conjunto de sintomas da depressão - Embora a depressão seja caracterizada como um transtorno
de humor, existem, na verdade quatro, conjuntos de sintomas. Além dos emocionais (de humor),
existem sintomas cognitivos, motivacionais e físicos.
Sintomas emocionais – os mais salientes na depressão são a tristeza e o abatimento.
Frequentemente tem crises de choro e pode contemplar o suicídio.
Sintomas cognitivos – os sintomas cognitivos da depressão consistem primariamente em
pensamentos negativos. Suas principais características: baixa auto-estima, sentem-se inadequados,
culpam-se por seus fracassos.
Sintomas motivacionais – a motivação está em baixa, na depressão. A pessoa tende a se
passiva e tem dificuldade para iniciar atividades.
Sintomas físicos – Incluem a perda de apetite, perturbações no sono, cansaço e perda da
33
energia.
III) Grau de depressão - A psicóloga clínica Sue Breton, que há vários anos vem auxiliando pessoas
com diferentes tipos de depressão, discorre que leve, moderado e grave são os graus de depressão.
a) Depressão leve – Neste estado depressivo o indivíduo demonstra pouco interesse pelas coisas
que antes achava interessante ou agradável; pode continuar sua vida normalmente, apenas parece
triste.
b) Depressão moderada – Neste tipo estão presentes mais sintomas do que os detectados na
depressão leve. Estar deprimido é um estado emocional que consome muita energia, energia esta
gasta com sentimentos degradáveis. Portanto a energia gasta neste tipo de depressão é maior do que
na leve; em consequência, o deprimido moderado deixa de fazer as coisas essenciais que fazia
anteriormente, como ir a igreja, a escola, arruma a casa e inúmeras outras coisas.
c) Depressão grave – Os que sofrem desta depressão, provavelmente não funcionam e tendem a
não ter desejo de conversar e tampouco cuidar de si mesmo, mostram-se grande inquietação e
agitação geral. Nada fazem de construtivo. Em alguns casos, os sentimentos de não terem valor e
auto-desgosto podem levá-los a ouvirem vozes. Pessoas neste estado são incapazes de ter uma vida
normal.
IV) Formas de depressão - É difícil de definir ou descrever, no entanto, entre as diversas formas de
depressão, pontuamos as seguintes:
A depressão reativa – Também conhecida como depressão neurótica, é uma reação a uma
perda real ou imaginária ou a qualquer trauma da vida. Neste tipo depressão a tristeza que o paciente
experimenta está mais diretamente relacionada com os acontecimentos vivenciados.
Ex: Experiências de abandonos, perdas, frustrações graves na área profissional ou familiar,
costumam ser relatados nos históricos do pacientes. Segundo a psicóloga Isabel de Adrados, assegura
que o conteúdo depressivo é muito mais fácil de entender. Ao mesmo tempo em que o paciente se
auto-recrimina como na melancolia, acusa também os outros, principalmente a família.
Depressão orgânica (endógena) – proveniente da palavra grega endógenes, endógeno que
significa fatores internos. É aquela que possui causas orgânicas.
Ex: Neste caso o critério para a inclusão dos transtorno no bloco de transtornos orgânico do
humor (afetivo), é por meio de investigação física e laboratoriais apropriadas; ou presumida com
base em informação adequada de história.
34
11 – Transtorno de Esquizofrênia
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Tentando agrupar a sintomatologia da esquizofrenia para sintetizar os principais tratadistas,
teremos destacados três atributos da atividade psíquica morbidamente envolvidos: o
comportamento, a afetividade e o pensamento. Os Delírios surgem como alterações do conteúdo do
pensamento esquizofrênico e as alucinações como pertencentes à sensopercepção. Ambos acabam
sendo causa e/ou consequência das alterações nas 3 áreas acometidas pela doença (comportamento,
afetividade e pensamento).
a) Pensamentos desorganizados – não se entende bem o que a pessoa psicótica está dizendo, não faz
sentido o que ela diz. Pode haver dificuldade de concentração. Os pensamentos podem estar
acelerados ou muito lentos.
Esse sintoma pode ser refletido na fala, que também sai desorganizada e com pouco ou
nenhum nexo. A ideia de que pensamento desorganizado é um sintoma da esquizofrenia surgiu a
partir do discurso desorganizado de alguns pacientes. Para os médicos, os problemas na fala só
podem estar relacionadas à incapacidade de a pessoa formar uma linha de pensamento coerente.
Neste sentido, a comunicação eficaz de uma pessoa portadora de esquizofrenia pode ser prejudicada
por causa deste problema, e as respostas às perguntas feitas podem ser parcial ou completamente
alheias e desconexas.
b) Alucinações – são alterações da percepção. O psicótico vê coisas, ouve vozes ou sons, sente
sabores que não existem na realidade. Pode ouvir vozes de perseguição, ver um animal querendo
atacá-lo que não existe naquele ambiente.
As Alucinações mais comuns na Esquizofrenia são do tipo auditivas, em primeiro lugar e,
em seguida, visuais. Conforme diz Schneider, "de valor diagnóstico extraordinário para o diagnóstico
de uma Esquizofrenia são determinadas formas de ouvir vozes: ouvir os próprios pensamentos
(pensar alto), vozes na forma de fala e respostas e vozes que acompanham com observações a ação
do doente". Esta Sonorização do Pensamento, juntamente com alguns outros sintomas que envolvem
alucinações auditivas e sensações de ter os próprios pensamentos influenciados por elementos
externos, compõem a sintomatologia que Schneider considerou como sendo de Primeira Ordem.
Um esquizofrênico pode estar ouvindo sua própria voz, dia e noite, sob a forma de
comentários e antecipações daquilo que ele faz ou pretende fazer , como por exemplo: "ele vai
comer" ou ainda, "o que ele está fazendo agora ? Está trocando de roupas". Outro sintoma importante
no diagnóstico da esquizofrenia é a sensação de que o pensamento está sendo irradiado para o
exterior ou mesmo sendo subtraído ou "chupado" por algo do exterior: Subtração e Irradiação do
pensamento, também considerados de Primeira Ordem. Igualmente podemos encontrar a sensação de
que os atos estão sendo controlados por forças ou influências exteriores.
36
pessoas simplesmente conversando. Trata-se, neste caso, de uma Percepção Delirante. Desta forma, a
Percepção Delirante necessita de algum estímulo para ser delirantemente interpretado (no caso, duas
pessoas conversando). Outras vezes não há necessidade de nenhum estímulo à ser interpretado, como
por exemplo, julgar-se deus. Neste caso trata-se de uma Ocorrência Delirante. O Delírio mais
frequentemente encontrado na Esquizofrenia é do tipo Paranóide ou de Referência, ou seja, com
temática de perseguição ou prejuízo no primeiro caso e de que todos se referem ao paciente (rádios,
vizinhos, televisão, etc) no segundo caso.
Na Esquizofrenia os Delírios surgem paulatinamente, sendo percebidos aos poucos pelas pessoas
íntimas aos pacientes. Em relação ao Delírio de Referência, inicialmente os familiares começam à
perceber uma certa aversão à televisão, aos vizinhos, etc.
O diagnóstico de esquizofrenia, como ocorre com a maior parte das doenças de foro psiquiátrico,
não se pode efetuar através de parâmetros psicológicos ou bioquímicos, e resulta apenas da
observação clínica cuidada das manifestações da doença ao longo do tempo. É importante que o
médico exclua outras ou condições que possam produzir sintomas psicóticos semelhantes (abuso de
drogas, epilepsia, tumor cerebral, alterações metabólicas). O diagnóstico da esquizofrenia é por
vezes difícil. Para subtipo de esquizofrenia em que o doente se encontra. Atualmente, segundo o
DSM IV, existem cinco tipos:
a) ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE
Este tipo de esquizofrenia é o mais comum e o que melhor responde ao tratamento. Diz-se por
causa disso tem prognóstico melhor. O paciente que sofre esta condição pensa que o mundo inteiro o
persegue, que as pessoas falam mal dele, têm inveja, ridicularizam-no, pensam mal dele, tem
intenções de fazer-lhe mal, de prejudicá-lo, de matá-lo, etc. Trata-se dos delírios de perseguição.
Não é raro que esse tipo de paciente tenha também delírio de grandeza, idéias além de suas
possibilidades: “Eu sou o melhor cantor do mundo. Nada me supera. Nem Frank Sinatra é melhor”.
Esses pensamentos podem vir acompanhados de alucinações, aparição de pessoas mortas, diabos,
deuses, alienígenas e outros elementos sobrenaturais. Algumas vezes esses pacientes chegam a ter
idéias religiosas e/ou políticas, proclamando-se salvadoras da terra ou da raça humana.
37
b) ESQUIZOFRENIA HEBEFRÊNICA OU DESORGANIZADA
Neste grupo se incluem os pacientes que tem problemas de concentração, pouca coerência de
pensamento, pobreza do raciocínio, discurso infantil. Às vezes fazem comentários fora do contexto e
se desviam totalmente do tema da conversação. Expressam uma falta de emoções ou emoções pouco
apropriadas, rompendo a chorar por nenhuma razão em particular, etc.
Neste grupo também é frequente a aparição de delírios (crenças falsas), por exemplo, que o
vento move na direção que eles querem, que se comunicam com outras pessoas por telepatia, etc.
c) ESQUIZOFRENIA CATATÔNICA
d) ESQUIZOFRENIA RESIDUAL
Este termo é usado para se referir a uma esquizofrenia que já te muitos anos e com muitas
sequelas. O prejuízo que existe na personalidade desses pacientes já não depende mais dos surtos
agudos. Na esquizofrenia assim cronificada podem predominar sintomas como isolamento social, o
comportamento excêntrico, emoções pouco apropriadas e pensamentos ilógicos.
e) ESQUIZOFRENIA SIMPLES
f) ESQUISOFRENIA INDIFERENCIADA
Também existem pacientes que não se podem classificar em nenhum dos grupos mencionados. A
estes pacientes se pode dar o diagnóstico de esquizofrenia indiferenciada.
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saber que essas pessoas podem chegar a ter funções na sociedade e podem chegar a ser muito
produtivas, mais ou menos sócio-ocupacionalmente e dentro de suas possibilidades.
Tratamento
O tratamento é feito com o objetivo de aliviar os sintomas psicóticos e prevenir novos surtos. É
feito principalmente com medicamentos chamados anti-psicóticos. Além dos medicamentos também
são usados tratamentos psicossociais, com o objetivo de ajudar o paciente a e manter relações com
outros indivíduos, uma vez que essa é uma das grandes dificuldades do esquizofrênico.
Os tratamentos psicossociais ajudam a desenvolver habilidades sociais e profissionais, além do
enfoque psicológico. Os principais tratamentos são: psicoterapia individual, terapia em grupo, grupos
de auto-ajuda, terapia familiar e reabilitação.
Atualmente grande desafio dos profissionais de saúde é ajudar p paciente e sua família a
melhorarem a qualidade de suas vidas.
12 – Epilepsia.
A epilepsia é uma desordem cerebral na qual os neurônios algumas vezes sinalizam de forma
anormal. Na epilepsia o padrão normal da atividade neural fica perturbado, causando estranhas
sensações emoções e comportamentos. Algumas vezes a pessoa com epilepsia tem convulsões,
espasmos musculares e perda de consciência. Ter convulsão não necessariamente significa que a
pessoa tenha epilepsia, porém ao ter dois ou mais ataques epiléticos a pessoa pode ser considerada
epilética. Eletroencefalograma e tomografia do cérebro são testes diagnósticos comuns para a
epilepsia.
12.1. Causas
A epilepsia é uma desordem com várias causas possíveis, qualquer coisa que perturbe o
padrão normal de atividade neural - desde doença até lesão cerebral e desenvolvimento cerebral
anormal - pode ocasioná-la. A epilepsia também pode desenvolver-se devido a anormalidade na
eletricidade no cérebro, desequilíbrio nos neurotransmissores ou alguma combinação desses fatores.
A causa pode ser uma lesão no cérebro, decorrente de uma forte pancada na cabeça, uma
infecção (meningite, por exemplo), neurocisticercose ("ovos de solitária" no cérebro), abuso de
bebidas alcoólicas, de drogas etc. Às vezes, algo que ocorreu antes ou durante o parto. Muitas vezes
não é possível conhecer as causas que deram origem à epilepsia.
A crise convulsiva é a forma mais conhecida pelas pessoas e é identificada como "ataque
epiléptico". Nesse tipo de crise a pessoa pode cair ao chão, apresentar contrações musculares em
todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar.
A crise do tipo "ausência" é conhecida como "desligamentos". A pessoa fica com o olhar
fixo, perde contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não
é percebida pelos familiares e/ou professores.
Há um tipo de crise que se manifesta como se a pessoas estivesse "alerta" mas não tem
controle de seus atos, fazendo movimentos automaticamente. Durante esses movimentos automáticos
involuntários, a pessoa pode ficar mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem
direção definida. Em geral, a pessoa não se recorda do que aconteceu quando a crise termina. Esta é
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chamada de crise parcial complexa.
Tipos de Epilepsia podem ser identificados. Tipos de Epilepsia normalmente são divididos
em dois grupos: tónica-clónica (normalmente designada de grande mal ou ataque de epilepsia) e
larvada (também designada de pequeno mal ou crise de ausências).
A crise tônico-clônica é uma crise generalizada que normalmente dura entre 30 segundos a
vários minutos e pode ser bastante assustadora para quem assiste. Por norma, começa com um grito,
ao qual se segue perda de consciência. A pessoa cai ao chão e o seu corpo torna-se rígido, seguindo-
se movimentos convulsivos e por vezes perda de urina e fezes. A respiração torna-se irregular e pode
suspender-se temporariamente. Após a crise, a pessoa provavelmente não se lembrará de nada e
sentir-se-á muito cansada, necessitando de descanso.
A crise larvada ou pequeno mal também é considerada uma forma de crise generalizada,
embora com outras características. Durante a crise a pessoa perde contato com a realidade,
consistindo em frequentes ausências e de curta duração. Podem ocorrer movimentos de mastigação e
pestanejar rápido, mas não se verificam movimentos bruscos do corpo. A crise pode demorar alguns
segundos ou meio minuto, podendo passar completamente despercebido, sendo frequentemente
tomado como falta de atenção ou distração por parte dos pais ou educadores.
O tratamento das epilepsias é feito através de medicamentos que evitam as descargas elétricas
cerebrais anormais, que são a origem das crises epilépticas. Acredita-se que pelo menos 25% dos
pacientes com epilepsia no Brasil são portadores em estágios mais graves, ou seja, com necessidade
do uso de medicamentos por toda a vida, sendo as crises frequentemente incontroláveis e então
candidatos a intervenção cirúrgica. No Brasil já existem centros de tratamento cirúrgico aprovados
pelo Ministério da Saúde.
coloque a pessoa deitada de costas, em lugar confortável, retirando de perto objetos com que
ela possa se machucar, como pulseiras, relógios, óculos
introduza um pedaço de pano ou um lenço entre os dentes para evitar mordidas na língua
levante o queixo para facilitar a passagem de ar
afrouxe as roupas
caso a pessoa esteja babando, mantenha-a deitada com a cabeça voltada para o lado, evitando
que ela se sufoque com a própria saliva
quando a crise passar, deixe a pessoa descansar
verifique se existe pulseira, medalha ou outra identificação médica de emergência que possa
sugerir a causa da convulsão
nunca segure a pessoa (deixe-a debater-se)
não dê tapas
não jogue água sobre ela.
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13 – ACONSELHAMENTO PASTORAL
O aconselhamento bíblico é uma obrigação de todos os membros que estão bem solidificados,
uma preocupação não apenas dos pastores mas de toda a igreja de Deus em prover base sólida para o
crescimento cristão.
Já que várias distorções da verdade tem surgido com o nome de aconselhamento bíblico, antes
de definirmos com precisão o que é aconselhamento bíblico precisamos saber o que não é
aconselhamento bíblico.
Duas palavras gregas são usadas na bíblia para o aconselhamento bíblico nouqetew
(noutheteo) e parakalew (parakaleo). Baseados nos usos destes dois termos tentaremos formular
nossa definição de aconselhamento bíblico.
O primeiro deste termo (noutheteo) tem três significados básicos: admoestar (At 20:31; Rm
15:14; I Co 4:14; I Ts 5:12,14), aconselhar (Cl 3:16) e advertir (Cl 1:28; II Ts 3:15) e sempre da a
idéia de mostrar ao irmão o seu erro através da Palavra de Deus e auxilia-lo na correção deste.
O segundo termo (parakaleo), de acordo com Walter Bauer, tem cinco significados. O
primeiro deles é chamar alguém ao lado (At 28:20). O segundo da a idéia de convidar ( Lc 8:41; At
8:31; 13:42; 28:20). Um terceiro significado é o de requerer, apelar para, rogar (Mt 8:31,34; Lc 7:4;
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Rm 12:1; I Co 15:16). O quarto significado é o de confortar, encorajar, incentivar (Lc 16:25; At
16:40; II Co 1:4; Cl 2:2). O último significado é o de consolar, conciliar, falar de maneira amigável
(Mt 5:4; Lc 15:28; I Co 4:13; 14:31; Ef 6:22).
Baseados nestes usos podemos dizer que o verdadeiro aconselhamento bíblico envolve ensinar
ao irmão a viver de maneira a agradar a Deus aqui na terra, confortando-o em suas dificuldades,
incentivando-o a permanecer firme em Cristo, visando o pleno desenvolvimento do irmão e a glória
de Deus através deste.
c) No Antigo Testamento
“Vocês, autoridades, são os pastores de Israel. Ai de vocês, pois cuidam de vocês mesmos,
mas nunca tomam conta do rebanho (…) Vocês não tratam as fracas, não curam as doentes, não
fazem curativos nas machucadas, não vão buscar as que se desviam, nem procuram as que se
perdem.” (Ezequiel 34.2-4)
De acordo com Hoch (1985), esse descuido por parte dos líderes de Israel fez com que
Ezequiel anunciasse “o fim do seu pastoreio” e o próprio Deus passa a cuidar das suas ovelhas,
sendo o bom e justo pastor.
“Eu, o Senhor Eterno, digo que eu mesmo procurarei e buscarei as minhas ovelhas (…) eu
mesmo serei o pastor do meu rebanho e encontrarei um lugar onde as ovelhas possam descansar (…)
Procurarei as ovelhas perdidas, trarei de volta as que se desviaram, farei curativo nas machucadas e
tratarei as doentes. “ (Ezequiel 34.11-16)
d) No Novo Testamento
Através da encarnação do Verbo Divino, a imagem do bom pastor que cuida de suas
ovelhas é atribuída a Jesus. No Novo Testamento, Hoch (1985) cita a passagem de Marcos 6.34 em
que Jesus se compadece do povo que está como ovelhas sem pastor, bem como João 10.11-18, onde
Jesus assume ser o “bom pastor” que veio para dar vida completa para as ovelhas, que conhece e
protege cada uma delas, que chega a dar a sua própria vida pelas ovelhas. (Hoch, 1985)
A partir de Jesus, fica muito evidente que o aconselhamento pastoral implica num modo
de ser e agir e acontece através de relacionamentos: consigo mesmo, com o Transcendente, com o/a
outro/a, com o cosmos. E, como afirma Hoch (1985, p.98), o paradigma do relacionamento pastoral é
o “relacionamento do próprio Deus com seu povo”. Esse relacionamento acontece concretamente
através de Jesus, que é o “Emanuel”, o “Deus conosco”, o Deus [que] se relaciona com seu povo em
meio ao seu sofrimento e o faz em forma humana, ou seja, através da linguagem de um
relacionamento fraterno, em moldes reais, que a mais humilde das pessoas seja capaz de entendê-la
(…) experimentá-la.
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Para Friesen (2000) é Jesus que inaugura o modo de ser e de agir poimênico e também
permanece como exemplo e critério para toda poimênica cristã atual. Jesus de Nazaré, a partir da sua
forma de agir individual, a partir da sua consciência interior e a partir do seu efeito sobre o meio e de
sua época (ilustrado pelas histórias bíblicas) pode ser visto como o inaugurador do comportamento
poimênico.
Nesse sentido, Schneider-Harpprecht (1998) aponta a palavra “paraclesis”, que significa
“admoestação e consolação”, como um conceito chave para o aconselhamento pastoral no Novo
Testamento. A base para a admoestação e consolação é “a misericórdia de Deus que justifica” a
pessoa pecadora. A admoestação e a consolação divinas também desafiam as pessoas crentes a
“realizar uma identificação com Jesus Cristo” que lhes fortalece, dá paciência e esperança.
(Schneider-Harpprecht, 1998, p.296)
Ainda no Novo Testamento, o Apóstolo Paulo afirma que além de Cristo ser o próprio
pastor, ele também preparou pessoas para o serviço cristão afim de que o seu corpo seja edificado.
“Essas pessoas receberam diferentes dons, sendo um deles o dom de pastorear.” (Cf. Efésios 4.11-12)
Dessa forma, a imagem que anteriormente havia sido desvinculada dos líderes religiosos
de Israel e atribuída somente a Deus, volta a ser relacionada também com pessoas, com o Sagrado
através dos dons concedidos pelo próprio Deus por meio da fé.
O aconselhamento bíblico, por definição, tem como base as Escrituras, e uma vez que a
Teologia é a ciência que busca sistematizar o conteúdo bíblico em tópicos, faz-se claro que o
aconselhamento bíblico e a Teologia Sistemática devem andar lado a lado. Devemos notar que as
duas se completam. A Teologia é a fonte de conteúdo para o aconselhamento bíblico, e o
aconselhamento bíblico é onde a Teologia sistemática entre em prática. Esta seção visa demonstrar a
ligação entre as várias doutrinas e o aconselhamento bíblico.
I. Bibliologia
De nosso estudo de bibliologia descobrimos que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, inerrante
em seu conteúdo, a revelação da vontade de Deus para o homem. Conclui-se que, como fonte de
nosso aconselhamento devemos recorrer a ela para sabermos como fazer a vontade de Deus, que é o
propósito do aconselhamento. E que podemos Ter a certeza de que encontraremos nela tudo o que
precisamos para um aconselhamento eficaz.
A Teologia propriamente dita nos leva a reconhecer que só existe um Deus que merece todo o
nosso louvor pois Ele é o criador e mantenedor de todo o universo. Logo, devemos Ter em mente que
nosso aconselhamento deve levar o homem a conhecer e se relacionar de forma harmônica com este
Deus.
III. Cristologia.
Na doutrina de Cristo entramos em contato com o plano redentor de Deus para o homem, e com a
solução proposta por Deus para o mal que se enraizou no ser humano a partir de sua queda.
Concluímos que a única solução possível para o mal do homem se encontra na pessoa e obra do
nosso Senhor Jesus Cristo e não em alho de bom que o homem possa fazer.
IV. Pneumatologia.
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Estudando acerca do Espirito Santo vemos que é ele quem convence o mundo do pecado, que é o
real problema da humanidade, inferimos daí que não se não estivermos na dependência do Espirito
Santo nada do nosso esforço terá resultado.
V. Antropologia.
A doutrina do homem nos fala acerca do homem criado por Deus em estado de perfeição, e da
ansiedade do homem por não mais poder desfrutar de um relacionamento aberto com Deus. Então
nosso aconselhamento deve leva-lo a desejar a restauração deste dois elementos.
VI. Hamartiologia.
VII. Soteriologia.
VIII. Eclesiologia.
A doutrina da igreja nos mostra a necessidade que o homem tem de participar do corpo de Cristo,
e crescer junto com este corpo, o aconselhamento cristão levará o homem a reconhecer a necessidade
de comunhão com outros que, como ele, buscam a glória de Deus em suas vidas.
IX. Escatologia.
A doutrina das ultimas coisas da ao fiel a certeza da restauração que ele precisa e que irá
acontecer um dia, quando Cristo voltar.
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homem.
A cura para o mal do homem está na reestruturação do meio ambiente, como nos diz a psicologia
moderna, ou em qualquer outro fator que esteja ao alcance do homem. Mas a Bíblia nos fala de uma
transformação radical que não pode ser feita pelo próprio homem, mas tem que ser operada por
Deus, onde ele vai se despojar do velho homem e se revestir de um novo homem, uma transformação
total, não uma mera correção de atitudes mas uma transformação de essência.
Para podermos auxiliar alguém em seus problemas é necessário uma perspectiva correta acerca
da natureza do problema que aquela pessoa esta enfrentando.
Nossa posição acerca da natureza do próprio homem influi diretamente em nossa atitude ao
tratar dos problemas do homem.
Se nós cremos que o homem é moralmente bom, com o desejo de fazer as coisas certas e que o
atrapalha é uma sociedade corrompida, um meio ambiente desfavorável ou falta de recursos para que
possa agir do modo correto, nosso esforço deve ser empregado em corrigir os defeitos e falhas da
sociedade, melhorar o meio ambiente em que o homem vive e dar-lhe recursos para que ele consiga
agir de modo correto.
Mas se cremos que o homem é inerentemente mau, que o seu coração está totalmente revoltado
contra Deus e que ele não quer e não pode fazer nada de bom, nosso esforço será em levar o homem
a reconhecer a sua incapacidade e colocar sua vida aos pés d´Aquele que pode fazer uma
transformação total na sua vida.
Se nós cremos que por trás de todo mau comportamento do homem há algum fator biológico
que o esteja pressionando a agir de determinada maneira, nossa atitude deve ser a de curar o corpo
físico do indivíduo para que ele possa voltar a agir dentro dos padrões corretos.
Mas se, por outro lado, não aceitamos o que os psicólogos chamam de "doença mental", mas
vemos por trás de atitudes como depressão maníaca, esquizofrenia e outras pecados encobertos na
vida das pessoas, nosso alvo deve ser o de levar estas pessoas a confrontarem os seus pecados com o
auxílio do nosso Senhor Jesus Cristo.
Vamos analisar os dois lados do problema (físico e espiritual), com episódios ocorridos na vida
do nosso Senhor para podermos buscar o discernimento necessário para reconhecer o que é doença
verdadeiramente e o que vem como resultado e até pecado direto na vida da pessoa.
O primeiro caso é o do cego de nascença curado pelo Senhor (Jo 9). É importante para o nosso
estudo aqui a pergunta inicial feita pelos discípulos ao Mestre: "Mestre, quem pecou, este ou seus
pais, para que nascesse cego?" podemos inferir daqui uma pressuposição importante para nossa
análise, os discípulos criam que haviam doenças que eram resultados de pecados. E devemos notar
também que Cristo não combateu esta idéia deles, o que era de se esperar se ela não fosse verdadeira,
então podemos inferir que Cristo também acreditava que haviam doenças que eram decorrentes do
pecado, mas aquele não o caso e o próprio Cristo não o recriminou por pecado algum, apenas efetuou
a sua cura física, sem colocar no cego mais sofrimento, afirmando que ele estava sofrendo por causa
de seu pecado quando não era.
O segundo caso que nós vamos analisar é o caso do paralítico do tanque de Betesda (Jo 5).
Neste caso podemos de novo a crença de Jesus de que haviam doenças que eram decorrentes de
pecado, e que neste caso, o paralítico, provavelmente estava naquela situação exatamente por causa
de seu pecado, pois Cristo o advertiu a não pecar mais para que não sucedesse a ele coisa pior. Note
que Cristo não ousou confrontar o pecado do pecador quando foi o caso, mas ele não o fez na outra
ocasião.
Logo, nós, como conselheiros devemos estar em constante dependência de Deus para não nos
tornarmos como os amigos de Jó que só aumentaram ainda mais seu sofrimento, acusando-o de um
pecado que ele não tinha cometido, mas também não devemos tratar tudo como causas naturais pois
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é nosso dever guiar as pessoas em pecado a restauração com Deus.
Para entendermos o processo bíblico de mudança faz-se necessário Ter uma visão correta do
que a Bíblia diz ser a condição do homem.
Para isso vamos passar pela história do homem desde à sua criação.
Deus criou um homem perfeito, com capacidades de se relacionar com outros seres, com capacidade
para dominar sobre a criação e com a necessidade de se relacionar com Ele.
Neste relacionamento homem = Deus, haviam papéis definidos que deveriam ser respeitados
para um relacionamento saudável. Deus como criador tinha muito a ensinar ao homem, era seu
conselheiro por excelência, um dos conselhos mais importantes era, você não deve comer da árvore
do conhecimento do bem e do mal. Mas o homem não gostou de receber conselhos apenas de Deus e
buscou outro conselheiro, como um ser livre, ele teria responsabilidades sobre suas ações e colheria
as consequências delas, e a consequência desta escolha do homem foi a perda de vários dos
privilégios que o homem tinha com Deus.
Algumas delas são: ele ganhou o conhecimento do bem e do mal, mas não podia mas
escolher entre eles pois seu desejo agora só se voltaria para o mal; ele sofreu consequências físicas, a
partir dali o homem começara a morrer física e espiritualmente; O homem também perdera o
relacionamento tão precioso que tinha com Deus, para se tornar seu inimigo, e devemos notar que
esta é uma das maiores consequências para um ser que foi criado para se relacionar com Deus, isto
trouxe frustração profunda ao homem, mesmo que ele não saiba disso, pois uma de suas
necessidades básicas não estava mais sendo atendidas.
Desde então o homem tem se degenerado cada dia mais e o que podemos ver é sociedade
totalmente frustrada por não se relacionar com Deus, voltando-se para práticas místicas, pois estão
descobrindo que eles tem sede de algo espiritual, o ateísmo não resolveu o problema do homem,
agora ele se volta ao misticismo, que também falhará.
A mudança que o homem precisa, de acordo com a Bíblia, não é uma restauração das
estruturas sociais, Cristo não pregou um evangelho de igualdade social, mas pregou um evangelho de
transformação radical.
O homem não precisa de um pequeno retoque para se tornar aceitável diante de Deus, ele
precisa ser totalmente transformado, precisa que o seu coração de pedra seja arrancado e seja
colocado um coração de carne.
A tarefa de transformar vidas de homens não é algo fácil que o próprio homem pode
conseguir, nem mesmo os melhores métodos de transformação já desenvolvidos pelo homem pode
levá-lo a transformação que ele precisa, nem a maior força de vontade que já foi vista sobre a terra é
útil na restauração que o homem precisa sofrer. Jeremias nos mostra a grandeza de tal tarefa quando
afirma: "Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis
fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal." Esta é a situação do homem, totalmente
acostumado a fazer o mal, com o seu coração totalmente corrompido de forma que não pode mais
escolher entre o bem e o mal.
Mas no meio de todo este quadro há uma esperança para o homem, uma transformação tão
radical quanto a que ele precisa, uma transformação que vai mudar toda a sua essência, que vai trocar
todos os seus valores.
Cristo descreve esta transformação em Jo 3, quando fala de um novo nascimento, nada dessa
velha vida serve para ser reaproveitado então o homem tem que nascer de novo. O processo de
mudança também é bem explicado pelo apóstolo Paulo, dizendo: no sentido de que, quanto ao trato
passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e
vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo
Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.
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Podemos ver descrito aqui o que cremos ser o processo correto para a transformação na vida
daquele que tocado por Deus. Podemos ver que ele tem que abandonar as velhas práticas que antes
faziam parte de seu viver diário, o que nós podemos chamar, usando a terminologia bíblica, de
despojar. E uma vez despojado, ou seja, retirado tudo aquilo que estava contaminado no homem,
toda a sua velha natureza, ele pode agora ser revestido de uma nova natureza, uma natureza agora
capaz de novo de se relacionar com Deus, e auxiliada pelo Espirito Santo a poder de novo escolher a
fazer o bem.
Assim o homem consegue esta transformação, primeiro sendo transformado pelo Espirito
Santo, dando a ele nova vida e depois agindo em cooperação com Espirito Santo buscando uma vida
de santificação, ou seja, sendo de novo restaurado a imagem de Cristo, como fora criado. A melhor
definição de santificação dada é a do apóstolo Paulo, quando ele afirma: "E todos nós, com o rosto
desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória
em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito." Podemos notar aqui todos os
passos da transformação. Primeiro nosso rosto foi desvendado, foi restaurada a nossa visão, ocorreu
a nossa regeneração. E em seguida nós somos auxiliados pelo Espirito Santo a nos tornarmos a
imagem de Cristo de forma gradual.
Só o processo bíblico de despojar / revestir pode realmente provocar a mudança que o homem
precisa, e nós podemos ver isto desde a conversão onde o pecador é despojado da velha natureza e
revestido de uma nova natureza. Temos também o apoio do próprio Senhor Jesus Cristo, no episódio
da expulsão dos demônios quando ele explica que:
Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, procurando repouso; e, não o
achando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, tendo voltado, a encontra varrida e
ornamentada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam
ali; e o último estado daquele homem se torna pior do que o primeiro.
Note que ali havia apenas transformação exterior mas não havia revestimento, então a sua situação se
tornara pior, mas a verdadeira transformação não deixa a casa vazia mas a enche com o Espirito
Santo, dando assim condições de haver mudança real.
A maioria absoluta dos conselheiros de hoje vivem em uma cosmovisão totalmente ateísta
que não pretende levar Deus a sério, eles estão tão secularizados que não conseguem enxergar nada
que vá além deste mundo algo que não esteja ligado apenas com o físico mas algo que nos una a um
Deus, que é transcendente e imanente ao mesmo tempo ao deus real. Logo, sua fonte de
epistemologia esta totalmente ligada aos seus estudos, ao que eles podem descobrir através dos
sentidos, ou teorias produzidas pela razão humana, ou ainda, algo ligado a suas intuições, mas
descartam completamente qualquer fonte de revelação exterior.
Os conselheiros bíblicos, ao contrário, tem ao seu dispor, além da verdadeira ciência, a
verdadeira fonte de informação acerca dos homens, e assim podem fazer uma melhor análise de sua
situação real. Esta fonte pode ser dividida em duas áreas, que nós chamamos geral e especial.
A fonte de revelação geral é o que Deus colocou a disposição de todos os homens de todas
as épocas e lugares para que eles possam saber como viver uma vida que agrada a Deus, mesmo sem
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conhecer a este Deus. Como agentes dessa revelação nós temos a natureza, o salmista nos mostra
todas as pessoas da terra tem acesso a este conhecimento:
Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um
dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há
palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as
suas palavras, até aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol, o qual, como noivo que sai
dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho. Principia numa extremidade
dos céus, e até à outra vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor.
Deus se revelou a todos os homens para que todos pudessem ter O direito de conhecê-lo,
mas o homem não valorizou este conhecimento trocando-o por várias outras fontes de sabedoria
mundana, o apóstolo Paulo nos mostra o que o homem fez com esta revelação de Deus:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade
pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por
meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
Aqui o apóstolo deixa claro que Deus deixou ao homem a verdadeira fonte de
conhecimento mas ele perverteu esta fonte com a sua injustiça, e por isso eles não tem desculpas a
apresentar diante de Deus, como se não conhecessem a verdade, porque foram eles que apagaram a
verdade divina de suas vidas.
Há ainda a segundo área de revelação, que é a revelação geral. Que a manifestação de
Deus a homens específicos em tempos e lugares específicos, esta revelação tem o propósito salvífico
de restaurar a comunhão entre Deus e o homem fazendo com que o homem conheça a salvação
providenciada por Deus para ele. Está é a mais completa fonte de conhecimento do homem, pois nela
encontramos tudo para que possamos viver uma vida agradável a Deus, enquanto a primeira nos leva
a reconhecer que estamos perdidos sem Deus, esta nos apresenta o Deus que pode nos salvar. Paulo
descreve assim seu valor:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda
boa obra.
Neste texto podemos ver seu alto valor para o aconselhamento bíblico, ela é útil para: ensinar,
repreender, corrigir e educar. E ainda tem o mesmo propósito do aconselhamento bíblico que é o de
levar todo homem a maturidade em Cristo visando a glória de Deus.
Os métodos utilizados pelos conselheiros são contrastantes com o método bíblico, nesta seção
iremos analisar os métodos utilizados a luz das Sagradas Escrituras.
a) Psicologia profunda
Criado por Sigmund Freud, defende que o homem é um animal que age instintivamente, o homem
é dividido em id, ego e superego. Como animal o homem não tem nenhuma responsabilidade sobre
suas ações e o sentimento de culpa é apenas fruto de padrões impostos pelos outros homens. Freud
defendia que a solução para o problema do homem era tornar todo o seu potencial real, fortalecendo
o seu ego. Esta posição tem uma perspectiva errada acerca do homem pois não o retrata como
totalmente depravado, exalta o homem em si mesmo como alguém bom que só precisa de uma
pequena reformulação de conceitos.
b) Neo-Adlerianos
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Criado por Alfred Adler, desenvolveu a psicologia individual. Para Adler o homem é um animal
socialmente governado e seu problema é o complexo de inferioridade só que a responsabilidade
deste problema não é individual mas da sociedade. São erros nos pensamentos e valores da
sociedade, e falta de confiança em si mesmo que fazem o homem se sentir culpado. Então o homem
precisa buscar a superioridade e controlar o seu próprio destino, para isso ele tem que mudar a
maneira de pensar para sentir-se e comportar-se melhor. Esta posição está totalmente baseada em
princípios anti-bíblicos como o orgulho e a idéia de que o homem é uma vítima, quando a Bíblia
afirma claramente que o homem não tem nada em que se gloriar, ele é um pecador desesperado e só
pode ser transformado por Jesus Cristo, tem ainda uma visão errada da condição do homem achando
que ele pode se curar apenas mudando seus pensamentos, quando o que ele precisa é de uma
verdadeira regeneração.
c) Comportamental
Desenvolvida por Burrhus Frederic Skinner, esta teoria vê o homem como um animal que pode ser
condicionado para fazer tanto o bem como o mal, ele defende a idéia de "tabula rasa", o grande
problema do homem é a falha ambiental e portanto ele não deve ser responsabilizado, na verdade
Skinner vê o homem como um ser amoral. O tratamento indicado para Skinner é que o maio
ambiente do homem seja mudado, uma vez que é ele que condiciona o homem. A culpa para Skinner
não é real, uma vez que o homem é amoral e que não há mal absoluto então a solução para o
problema da culpa é modificar o padrão do homem de acordo com suas necessidades. Esta teoria esta
em contraste gritante com o padrão bíblico, pois ela ignora o homem como um ser espiritual e tira do
homem todo o senso de liberdade e responsabilidade que Deus atribuiu a ele, também cria no homem
uma mentalidade de que o homem é vítima do que lhe acontece já que é o meio ambiente que é o
responsável o que também contraria o ensino bíblico. E ainda defende uma teoria acerca do homem
que o transforma em mero produto do meio ambiente, quando o que nós vemos na Bíblia é que é o
homem que levou o meio ambiente para o mal quando caiu (Gn 3:17).
d) Teoria racional-emotiva
Criada por Albert Ellis. Ellis Vê o homem como basicamente bom e com muito potencial
interno. O problema do homem é que ele é vítima de crenças falhas e irracionais acerca de si mesmo
que forma implantadas nele desde a sua infância, então a culpa não é do homem mas do sistema de
crenças deste, que é quem cria no homem um pensamento errôneo de que ele é culpado e este
pensamento resulta em comportamento neurótico que prejudicam o homem, logo, o homem deve
eliminar esta visão de errônea da vida e adquirir uma visão real, de acordo com a sua razão de sua
vida, ele tem que mudar ativamente o seu conceito de vida para poder desfrutar todo o seu potencial
interno. Esta cosmovisão é totalmente anti-bíblica e humanística, que engana o homem dando a ele a
esperança de encontrar mudanças em conceitos dentro de si mesmo quando o único lugar que existe
solução real é junto a Jesus Cristo. Também contradiz a declaração bíblica de que o homem está
totalmente corrompido pelo pecado e não pode fazer nada, em si mesmo, para mudar este quadro,
esta mudança que é muito mais radical do que a mera troca de conceitos só pode ser efetuada por
Deus.
e) Terceira força
Teoria desenvolvida por Carl Ransom Rogers. Rogers foi profundamente influenciado pela
cosmovisão otimista de sua época e cria que o homem poderia transformar toda a sociedade em
redor, via o homem como bom, com muito potencial interior e em estado de maturidade, pronto para
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dar novos frutos, o problema é que ele vivia em um meio ambiente que atrapalhava seu
desenvolvimento, logo, a responsabilidade pelos problemas da sociedade não é do homem já que é
apenas uma vítima do meio ambiente e em consequência disso visão da culpa humana não era
importante. O tratamento para o seu problema era uma buscar uma solução interna ajudando o
homem a transformar todo o sue potencial em realidade, o homem não deveria sentir culpa já que
tudo o que ele fizesse para estar confortável consigo mesmo era certo e até mesmo necessário. Esta
teoria contradiz o padrão bíblico no que diz respeito a fonte da cura, não podemos encontrar cura
para os nossos problemas em nós mesmos porque nós é que somos a fonte dos nossos problemas,
nossa cura não é externa mas vem do Senhor Jesus Cristo, ainda não podemos fazer tudo o que
quisermos para o nosso bem-estar pois nosso propósito aqui não é o de buscar prazeres mas buscar a
glória de Deus.
f) Sistemas de famílias.
g) Bíblico.
O modelo bíblico foi desenvolvido pela maior autoridade antropológica existente, o criador
do próprio homem, e que por isso conhece o homem como mais ninguém. Neste modelo o homem é
tido como um ser criado para glorificar a Deus e sue problema consiste em que ele se desviou de seu
propósito original e agora é pecador por escolha própria e encontra-se em rebelião total contra Deus,
como foi o homem se desviou por escolha própria ele é responsável por seus atos e a visão da culpa
que ele tem é real e resulta de seus pecados. O tratamento oferecido não é encontrado no próprio
homem mas é uma justificação baseada na fé em Deus, seguida por uma santificação progressiva que
irá gradativamente restaurando o homem a sua condição original, para resolver o seu problema o
homem tem que admitir a sua culpar e buscar a resposta em Deus.
Uma das áreas em que nasce todas as diferenças entre os modelos de aconselhamento são as
pressuposições. Podemos notar claramente que é tolice tentar unir estas correntes com o cristianismo
porque suas diferenças não são apenas interpretações de fatos que não concordam, mas são
pressuposições que são totalmente divergentes, logo, é impossível haver união entre elas.
Os psicólogos, em geral, pressupõe que Deus não existe, que o homem deve se preocupar apenas
com as causas naturais, defendem o reducionismo e o individualismo, são relativistas pragmáticos e
buscam apenas os prazeres desta vida, se consideram vítimas da situação e tem tendências gnósticas.
Nenhumas dessas pressuposições podem ser aceitas por cristãos que busca glorificar a Deus
acima de tudo, pois elas tiram o homem de seu lugar apropriado, o inocenta de suas culpas e
responsabilidades, despreza Deus a algo incerto e buscam encontrar realização penas nesta vida sem
si importar com a vida porvir.
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IV. Comparando as teorias de motivação dos conselheiros.
Outra área contrastante entre o modelo de aconselhamento bíblico e os outros modelos são
as teorias de motivação que eles usam com seus aconselhados.
Os outros modelos de aconselhamento usam motivações puramente humanísticas para
despertar os seus aconselhados a realizarem-se plenamente, entre estas motivações podemos notar
que a vida do corpo é algo muito valorizado por eles enquanto que o padrão bíblico é que devemos
buscar em primeiro lugar o reino de Deus e ele cuidará de tudo o que necessitamos (Mt 6:33). Outra
fonte de motivação muito usada é o sexo mas o padrão bíblico é que devemos possuir nosso corpo
em santificação pois ele é santuário do Espirito Santo. Há ainda um apelo as posses materiais quando
Deus ordena que nós devemos ser ricos para com Deus (Lc 12:20). Outra fonte de motivação são as
causas sociais e mais uma vez a Bíblia nos ensina que nós devemos nos preocupar mais com a glória
de Deus do que com a dos homens (Jo 12:43). Uma Quinta fonte de motivação é o poder para
realizar coisas mas de novo a Bíblia nos ensina que o maior no reino dos céus e o servo (Lc 22:26). A
auto-estima também é uma grande fonte de motivação mas de novo podemos ver que a Bíblia diz
que devemos nos colocar aos pés de Jesus para seguí-lo (Lc 9:23). Também é utilizada a sede do
homem de buscar significado para a vida e a Bíblia nos ensina que o significado da vida esta em
temer a Deus (Ec 12:13). O homem também busca, a todo custo, evitar a dor e conseguir prazer, mas
o ensino bíblico é que passaremos por problemas enquanto estivermos aqui na terra, mas temos a
certeza de que um dia não mais veremos a dor e o sofrimento (Ap 22:1-5).
Logo, torna-se evidente que a motivação humana, por mais atraente que possa parecer aos
nossos olhos, não é eficaz e nem pode ser alcançada enquanto nós vivermos aqui nesta terra, cabe,
portanto, ao conselheiro bíblico desviar a visão do aconselhado do supostos benefícios que ele pode
conseguir enquanto estiver aqui na terra para levá-lo a contemplar as recompensas dadas por Deus
para aqueles que crêem nele.
13.6 – Comportamento:
13.6.1 - O Pecado;
Desde Adão e Eva, o pecado tem corrompido nosso mundo e manchado nossas vidas. Deus
ofereceu aos homens inúmeras oportunidades para serem limpos do pecado, mas as pessoas,
egoístas, concupiscentes, continuam pecando. O problema é tão difundido que Paulo afirmou: "Pois
todos pecaram e carecem da gloria de Deus" (Romanos 3:23) e "...assim também a morte passou a
todos os homens, porque todos pecaram" (Romanos 5:12). Na verdade, aqui temos um problema que
nos assola.
51
Consequências do pecado após a queda:
A consciência antes pura e inocente foi despertada para o pecado e para o mal, conforme 2 Co
11.3 “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam
de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que
há em Cristo.”
A consciência acusa o homem do pecado cometido-é a lei:
Rm 2.14,15 “ porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei,
eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei. 15 pois mostram a obra da lei escrita em seus
corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer
defendendo-os ”,
Suas mentes tornam-se totalmente corrompidas: Tt 1.15 “Tudo é puro para os que são puros, mas
para os corrompidos e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão
contaminadas.” Adão perdera a pureza que Deus lhe dera.
A alienação é uma triste consequência do pecado, ela faz com que o homem fuja o mais
longa possível de Deus, pois alienação é o processo em que a consciência se torna estranha a si
mesma, é uma desorientação quanto ao comportamento e às convicções pessoais; O pecado fez ele
sentir que não mais merecia ouvir a voz de Deus.
- O pecado produz uma profunda alienação no mais profundo do ser, são três as
manifestações mais graves da alienação:
1- Incredulidade
2- Soberba
3- Concupiscência
3 – Vergonha
Pela primeira vez tiveram consciência que estavam nus, pois a nudez era coberta com o
manto da inocência e agora um mísero avental de folhas.
Isto representa a tentativa do homem pecaminoso esconder-se de Deus.
Observações:
1º - A roupa que usamos testifica que somos participantes do delito de Adão, os aventais de
folhas significam o senso de justiça do homem agora decaído.
2º - Pela primeira vez sentiram a vergonha da ruptura da aliança divina no seu mais profundo ser.
3º - A nudez do corpo agora no Éden é sinônimo de vergonha, a partir deste momento eles
conhecem o sentimento chamado vergonha, que se constrange com a nudez trazendo-lhe
perturbação.
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4 - Medo.
5 - Loucura.
Adão diante de Deus: Gn 3.12 “Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por
companheira deu-me a árvore, e eu comi.”
Eva diante de Deus: Gn 3.13 “Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste?
Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.”
Desde então o homem decaído acostumou-se a não se responsabilizar pelos seus atos
inconsequentes.
7 - Condenação.
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1. Cansaço
2. Sofrimento
3. Morte
a) Condenação do homem: Comer do suor do rosto, suor e fadiga, a terra irá lhe produzir espinhos e
abrolhos; e comerás em fadiga todos os dias. Gn 3:17-19.
b) Condenação da mulher: multiplicação da dor de parto, o domínio do homem, e desejo estaria sob
o domínio do marido. Vr.16
c) Condenação da serpente: rastejar e comer pó durante todos os dias de sua vida. GN 3:14,15.
d) Condenação da terra: tornou-se maldita por causa do pecado do homem Gn 3:17 “...maldita é a
terra por tua causa...”
8 - Morte.
A pena de morte começou a ser executada logo após o pedado, aliás no dia do pecado:
1º. Começou pela espiritual: Gn 3.22,23 “22 Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem
tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome
também da árvore da vida, e coma e viva eternamente. 23 O Senhor Deus, pois, o lançou fora do
jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.”
2º. Depois foi a morte física: Gn 3.19 “...até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto
és pó, e ao pó tornarás.”
Gn 5.5 “Todos os dias que Adão viveu foram novecentos e trinta anos; e morreu.”
Obs: quando o homem espiritualmente morre, ou o homem decaído continua neste estado, isto é,
fica separado de Deus por causa do pecado e chega ao fim de seus dias (morre), podemos com
segurança afirmar “passou da morte para a morte”.
Mas ainda resta uma esperança: Rm 6.23b “...mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por
Cristo Jesus nosso Senhor. ”
Rm 10.8-11 “8 Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a
palavra da fé, que pregamos, 9 A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 Visto que com o coração se
crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. 11 Porque a Escritura diz: Todo
aquele que nele crer não será confundido. ”
13.6.2 - Liberdade;
A discussão do livre arbítrio é antiga e seu principal pensador é Santo Agostinho (1995) que
em 396 termina uma obra iniciada em 388, cujo título original é De libero arbítrio. O problema
básico da obra se prende à questão da liberdade humana e da origem do mal. Se Deus era o
responsável por tudo que existia, o era também pelo mal e tal fato era insuportável para ele. Santo
Agostinho lutava contra os maniqueus e suas idéias, que podem ser expressas pela concepção que
existiriam duas divindades governando o universo: o Bem e o Mal, a luz e as trevas,
conseqüentemente, o homem possuiria duas almas, cada uma comandada pelos princípios. Assim
54
sendo, o mal faria parte da natureza humana, seria meta físico e ontológico, sendo a pessoa humana
um ser não livre e nem responsável pela maldade, porque isto lhe era imposto. Nesse sentido, o
homem não possuiria o livre arbítrio.
O mal não seria um ser e, sim a privação e deficiência de ser. Existindo vários bens criados
por Deus, o homem gozando de liberdade pode optar entre eles. O pecado seria uma escolha
incorreta entre esses bens. A vontade livre de que goza o homem é um enorme bem, sendo o mal o
uso indevido desse bem ( Gilson.1995). Ele repete inúmeras vezes a liberdade do homem de fazer o
bem, não existindo nenhuma necessidade que o obrigue para o mal. Se há pecado a culpa é do
homem, pois, Deus tem uma bondade essencial e infinita. "Sem o livre arbítrio
não haveria mérito nem demérito, glória nem vitupério, responsabilidade nem irresponsabilidade,
virtude nem vício" (Santo Agostinho. 1995:18). A capacidade do homem de fazer o mal faria parte
do livre arbítrio que ele possui e não fazê-lo implica justamente no signo da liberdade. O grau
supremo da liberdade seria, então, não poder mais fazer o mal.
Lutero, teólogo, aborda também a liberdade humana e sua questão pode ser resumida no
seguinte: "se existe de fato a predestinação, reza a sua retórica incontrolável, se Deus sabe desde toda
a eternidade tudo sobre todos, a liberdade só pode ser uma falácia; só Deus seria livre, e o homem
ficaria aprisionado num jogo de faz-de-conta" (Bornheim.1997:9). Essa discussão e o
posicionamento de Lutero prosseguem com novas vestes até os dias atuais.
Descartes muda a retórica deslocando de Deus para o próprio homem a discussão. É com
ele que se desenvolve a questão da autonomia, tema até então inédito. A "experiência absoluta
acontece independentemente da experiência do Absoluto, e essa certeza ontológica deixa-se
confirmar como que de modo imediato pela perfeição maior que é a certeza do livre arbítrio"
(Bornheim. 1997:10).
O livre arbítrio de Descartes traz consigo uma nova noção - a do sujeito da consciência. A
identificação da subjetividade com a consciência, portanto, do primado da razão, parece ser um
ponto inabalável da filosofia moderna, assim como a noção de autonomia. Com Kant, o princípio da
autonomia, o poder da escolha e o livre arbítrio se consolidam e marcam a filosofia ocidental e a
concepção do sujeito humano.
A partir de Freud, de sua produção do conceito de inconsciente, ocorre uma ruptura com o
pensamento da filosofia moderna. "O filósofo contemporâneo encontra Freud nas mesmas paragens
que Nietzche e que Marx, os três levantam-se perante ele como os protagonistas da suspeita, os
descobridores de máscaras. Nasceu um problema novo: o da mentira da consciência, da consciência
como mentira" (Ricoeur. s/data:l00). 0 determinismo seja ele psíquico (Freud) ou social (Marx) vem
se contrapor à idéia do homem possuidor de razão e capaz de autodeterminar-se, enfim um ser não
dotado de livre arbítrio e autonomia.
55
descrever o que está acontecendo em nosso tempo, o modo como hoje se vive o novo" (Vaz.
1997:128). Cresce, na nossa percepção, como assinalamos no princípio deste trabalho, um processo
de negação da morte através da crença de "o novo é feito pela ciência, então vem queiramos ou não"
(Ibidem: 129).
Freud coloca por terra o livre arbítrio já que sua concepção está inelutavelmente ligada
à razão. Para a psicanálise estamos sob a égide do inconsciente a quem não temos um acesso livre e
constante. Nosso Ego consciente (a maior parte dele também é inconsciente) é determinado por ele,
pelo Superego e pela realidade externa. O Ego é também fruto de inúmeras identificações, na
realidade um precipitado delas (Freud. ~923). A formação da identidade, portanto, é um lento
processo a partir da incorporação exitosa de todas as identificações fragmentárias da infância, o que
implica em introjeções bem sucedidas (Braz. 1997).
B) Behaviorismo Radical
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diferentemente o que prega o senso comum de que autocontrole (força de vontade) é tratado como
característica inata.
No entanto, liberdade em análise do comportamento está relacionado a possibilidade de
mudar sua vida, as condições de vida em que estamos inseridos, a possibilidade de mudar a nossa
cultura. Tentando dialogar com as Filosofias Existenciais: a Análise do Comportamento concorda,
ao seu modo, que ser livre é ser responsável pelas condições que controlam seu comportamento, é
responsável pelas consequências de seus comportamentos, é ser responsável pela sua vida e suas
escolhas.
Uma pontuação importante: o analista do comportamento não advoga em favor do
excesso de autocontrole, nem advoga em favor da inexistências de controle ético da comunidade em
prol do bem-estar coletivo/individual. Haverão contextos em que o problema da pessoa seja o
excesso de autocontrole e nosso trabalho será fazer com que o sujeito viva melhor em função das
contingências ao invés de comportamentos controlados por regras. Do mesmo modo, haverão casos
em que o sujeito precisará aprender ou melhorar seu repertório comportamental de autocontrole,
senão ele sucumbirá com problemas a longo prazo, como obesidade mórbida por exemplo.
Nós Behavioristas Radicais não somos adeptos de uma teoria psicológica binária em
que ou controle é bom, ou controle é ruim, liberdade é bom ou é ruim, controle social é bom ou é
ruim. Todo e qualquer problema individual ou social deve ser visto a partir das Análises Funcionais
e não de parâmetros anteriores a análise, normalmente atreladas ao senso comum!
Por exemplo, já que estamos em época de eleições, um eleitor que mantêm laços de
amizade com um determinado político para benefício próprio pode se sentir feliz e livre por optar
com está prática social conhecida como amiguismo político, mas a longo prazo ou mesmo a curto
prazo podem acarretar perdas maiores para si e para a população que passa a ser refém deste modelo
de controle social, como voto de cabresto. Ou seja, o conceito de liberdade em análise do
comportamento está extremamente vinculado a uma concepção política de homem, um
compromisso com suas condições integrais de vida.
De certo modo, a concepção de liberdade skinneriana está relacionada com a
diminuição e, se possível, inexistência de controle aversivo em prol do controle por meio de
reforçamento positivo prevenindo consequências aversivas atrasadas. E, assim, ser livre é
compreender o que controla nosso comportamento e opera frente estas contingências.
Ser livre para Skinner é poder mudar nosso mundo, nossas condições de vida! Então,
na dúvida, Contracontrole!!!
Ainda que a noção de controle comportamental represente um golpe duro para o
conceito de liberdade, isso não quer dizer que controle e liberdade não possam coexistir, desde que
se entenda que o comportamento não deixa de ser determinado, mesmo quando nos sentimos livres.
O sentir-se livre é tão determinado quanto o sentir-se preso. É bom salientar que o sentimento de
liberdade não é um bom parâmetro para concluirmos o quanto alguém está sendo capaz de assumir
as rédeas do próprio destino. Uma pessoa pode se sentir livre, mas não ter consciência sobre as
condições que produzem os seus comportamentos. Dessa forma, ela pode ser facilmente manipulada
ou conduzida a agir de determinadas maneiras. A longo prazo estas maneiras de agir podem gerar
produtos bastante nefastos, ou impedi-la de desenvolver uma maior consciência sobre si mesma e
sobre o mundo em que habita. Falando de modo mais claro, alguém que se sinta livre pode continuar
agindo como se preso estivesse, limitado, sem o poder de escolha, decisão e sem saber as que
conhecem as condições que afetam o seu comportar-se.
C) A Bíblia
Se por “livre arbítrio” se entende que Deus dá aos humanos a oportunidade de fazer
escolhas que realmente afetam o seu destino, então sim, os seres humanos têm um livre arbítrio. O
estado de pecado no mundo está diretamente associado às escolhas que Adão e Eva fizeram. Deus
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criou o homem à Sua própria imagem, e isso inclui a capacidade de escolher.
No entanto, o livre arbítrio não significa que a humanidade pode fazer qualquer coisa que
lhe agrada. Nossas escolhas são limitadas ao que está em sintonia com a nossa natureza. Por
exemplo, um homem pode escolher atravessar ou não uma ponte, o que ele não pode escolher é voar
sobre a ponte — a sua natureza o impede de voar. De forma semelhante, um homem não pode
escolher tornar-se justo – sua natureza (pecaminosa) o impede de cancelar a sua culpa (Romanos
3:23).
Assim, o livre arbítrio é limitado pela natureza.
Esta limitação não reduz a nossa responsabilidade. A Bíblia deixa bem claro que não só
temos a capacidade de escolher, mas também temos a responsabilidade de escolher sabiamente. No
Antigo Testamento, Deus escolheu uma nação (Israel), mas os indivíduos daquela nação ainda
tinham a obrigação de escolher obedecer a Deus. Da mesma forma, os indivíduos de fora de Israel
também podiam fazer a escolha de acreditar e seguir a Deus (por exemplo, Rute e Raabe).
No Novo Testamento, os pecadores são repetidamente ordenados a “arrepender” e “crer”
(Mateus 3:2; 4:17, Atos 3:19, 1 João 3:23). Toda chamada ao arrependimento é uma chamada para
escolher. O comando a acreditar supõe que o ouvinte pode escolher obedecer ao comando.
Jesus identificou o problema de alguns incrédulos quando Ele lhes disse: “Contudo, não
quereis vir a mim para terdes vida” (João 5:40). Claramente, eles poderiam ter vindo se quisessem, o
problema foi que escolheram não vir. “…pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”
(Gálatas 6:7), e aqueles que estão fora da salvação são “indesculpáveis” (Romanos 1:20-21).
Entretanto, como pode o homem, limitado por uma natureza pecaminosa, escolher o que
é bom? É somente através da graça e do poder de Deus que o livre arbítrio torna-se verdadeiramente
“livre” no que diz respeito à escolha da salvação (João 15:16). É o Espírito Santo que atua na e
através da vontade de uma pessoa a fim de regenerá-la (João 1:12-13) e dar-lhe uma nova natureza
criada “segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Efésios 4:24). A salvação é
obra de Deus. Ao mesmo tempo, nossas motivações, ações e desejos são voluntários e somos
devidamente responsabilizados por eles.
A) Há várias definições sobre esse sentimento avassalador que dilacera a alma e enfraquece as
forças: “A suspeita sempre persegue a consciência culpada; o ladrão vê em cada sombra um
policial.” Vejamos algumas definições:
1) William Shakespeare. “A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em
sentir-se culpado.” Sêneca
2) “Culpa é o sentimento de ser indigno, mau, ruim; carrega remorso, censura e resulta em raiva
guardada que se volta contra nós mesmos. Esse estado que corrói nossa alma e que nos impede de
sermos nós mesmos, tem variáveis complexas que podem ser oriundas de fatores reais ou
imaginárias.” Adriana Camargo
3) “ A culpa é uma condição moral ou legal que resulta da violação de uma lei, escrita, moral,
intuitiva ou espiritual… O senso de culpa é um dos mais importantes capítulos da psicologia, porque
muitos males do homem resultam do senso de culpa que ele abriga. Para os psicólogos freudianos, a
culpa está ligada à formação do superego, que age como espécie de policial interno, que controla os
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impulsos básicos, disfarçando-os sob forma de sonhos. Na criança, o senso de culpa é uma espécie
de identificação com um dos seus pais que a desaprova. Na vida adulta, a criança, transfere o seu
conceito de culpa a várias formas de autoridade, nem sempre envolvendo questões de certo ou
errado. Portando o senso de culpa pode ser falso e patológico” Russel Champlin.
4) Na Bíblia Sagrada, o sentimento de culpa não é um mal em si e nem vem para destruir o homem,
muito pelo contrário, é a própria sobrevivência, para que não seja sentenciado a um distanciamento
definitivo de Deus. De fato, uma alma culpada é acometida de vários sintomas: tristeza, vergonha,
medo, fuga, raiva, ansiedade, angústia, depressão, autocomiseração, relativização e racionalização
da culpa.
B) Origem da culpa
As razoes para o sentimento de culpa ou da culpa são diversas assim como os tipos de
culpas. Segundo Collins (1988) as causas podem ser:
4. Influências sobrenaturais – Antes da queda do homem esse não tinha o conhecimento do bem e
do mal, portanto, não havia experimentado o sentimento de culpa. Que veio ocorrer com a queda. Na
bíblia entre os nomes referente ao diabo tem o significado de acusador. O diabo intentará acusações
contra os homens lançando em face o passado objetivando o sentimento de culpa nos homens
fazendo com que se sintam devedores a Deus nem experimentam a graça e a misericórdia de Deus
na pessoa bendita de Jesus Cristo.
Em suma, para a psicanálise o sentimento de culpa está estritamente ligada ao superego e...
“O superego pode ser muito cruel, pode criar angustia intoleráveis... põe em pratica suas
recompensas e seu castigos... não faz diferença entre um fato consumado e o desejo de consumá-lo.”
(Leon 1996)
C) Consequências da culpa
1) Medo - Talvez, uma das mais cruéis consequências provenientes da culpa, seja o medo,
(fobia). “O medo e a culpa andam juntos. São companheiros inseparáveis. A culpa traz o medo.
Nada pode tornar uma pessoa mais insegura que o sentimento de culpa. Aonde vai a culpa vai o
medo. Pela primeira vez, o homem estava sentindo culpa e medo. “tive medo”, disse Adão. A
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cobrança da culpa é o medo.” A.D.
2) A tristeza - O outro sentimento proveniente da culpa. Essa longe de ser um mal em si,
quando compreendida, trará benefícios, “Agora me alegro, não porque fostes contristados, mas
porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que de
nossa parte nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a
salvação que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” II Coríntios 7:9,10
Deus colocou a consciência no homem a fim de que ele fosse regulado por leis e princípios
morais, no seu relacionamento com Ele e com as obras por Ele criadas. Por isso mesmo, o homem
não conhecendo a lei escrita (Bíblia), não pode dizer que não tinha ciência do certo e errado, a sua
própria consciência o acusa ou o absolve dos seus atos. “Estes mostram a norma da lei gravada nos
seus corações, testemunhando-lhes também à consciência, e os seus pensamentos mutuamente
acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos
homens de conformidade com o meu evangelho.” Romanos 2:15,16.
Pode acontecer, também, de individuo não sentir-se culpado de uma transgressão. Esse
caso é o que a Bíblia chama “de mente cauterizada”. (Cauterizar, sig.: queimar, destruir, sanear)
“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por
obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras
e que tem cauterizada a própria consciência…” I Timóteo 4:2
É o pecado. Mas há pelo menos quatro sinalizadores de que houve transgressão ou que algo
não está bem na vida do homem: A consciência, o diabo, os maus conceitos ou preconceito, e o
Espírito Santo:
1. A consciência, como já falamos, é fonte reguladora de leis morais e comportamentais deixada por
Deus a nosso favor.
2. O diabo (sig. Acusador,adversário), a função dele é apontar a culpa, a fim de nos destruir,
machucar e nos afastar definitivamente do Deus de amor.
3. Os conceitos ou preconceitos são heranças (idéia ou comportamentos) que recebemos de nossos
pais, parentes ou amigos, que concebemos como corretos.
4. O Espírito Santo, uma das funções dele é nos convencer de nossa culpa e promover o
arrependimento (grego: Metanóia: mudança de pensamento, de vontade, de rumo). “Mas eu vos digo
a verdade: convém que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se porém,
eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do
pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do
juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” João 16:9-13.
O que fazer quando assaltado por esses sentimentos perturbadores? “E nisto conhecemos que
somos da verdade, bem como, perante ele, tranqüilizaremos o nosso coração; pois, se o nosso
coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que nosso coração e conhece todas as coisas.” I
João 3:19,20.
Um dos princípios básicos que deve ser firmado em nossos corações é que Deus é Maior. É
maior que a acusação (pecado), que nossos sentimentos, que a consciência, que o diabo, que outros
acusadores externos… E o que é maior nele? Sua misericórdia, Sua compaixão, Seu amor, Seu
poder. E por que Ele é maior? Porque Ele conhece todas as coisas.
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Quando Natã disse a Davi, “Tu és o homem!”, a atitude de Davi nos leva a imitá-lo quando
argüido desses sentimentos. Ele disse: “Pequei contra o Senhor.” Mais tarde ele novamente confessa:
“Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás
tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” Salmo 51:4.
A confissão é a fonte libertadora de sentimentos de culpa. “Enquanto calei os meus
pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos o dia todo. Salmos 32:3. “ O
que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas aquele que as confessa e deixa, alcançará
misericórdia”. Provérbios 28:13 “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” I João 1:9.
A confissão além de nos libertar dos sentimentos malignos, produz cura e restauração.
“Consolai, consolai meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é
findo o tempo de sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro das
mãos do Senhor por todos os seus pecados” Isaías 40:1,2.
14 – Salmoterapia
É de admirar que Calvino tenha chamado os Salmos de “uma anatomia de todas as partes
da alma”? Conforme Calvino explicou: “Não há nenhuma emoção da qual alguém possa estar ciente
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que não esteja aqui representada como num espelho. Ou ainda, o Espírito Santo trouxe à vida nesse
livro todas as tristezas, pesares, temores, dúvidas, esperanças, cuidados, perplexidades, em suma,
todas as emoções que distraem e com as quais a mente do homem está acostumada a agitar-se.”
Os Salmos pintam um retrato realista da vida
Os Salmos não retratam nossa vida como sendo vitória sobre vitória. Derek Thomas
ressalta que pelo fato de muito do louvor contemporâneo ser otimista e positivo (e por isso contrário
à experiência dos cristãos no restante da semana), ele, às vezes, produz uma falta de ligação com o
cotidiano que leva, por fim, ao cinismo e perda de confiança. Mas quando nos voltamos para os
Salmos, encontramos uma sinceridade nua e crua. Embora, a princípio, as fortes expressões da dura
realidade possam chocar nossos ouvidos refinados, logo recebemos alívio ao encontrar pessoas
semelhantes a nós, que expressam proveitosamente aquilo que frequentemente pensamos, sentimos e
experimentamos em nossa confusa vida diária.
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Procurei enfatizar o envolvimento e a motivação emocional dos Salmos. Contudo, no
final das contas, os Salmos usam a energia emocional que geram para incentivar uma obediência
prática. Perceba quantos Salmos de “sabedoria” estão espalhados pelo Saltério, mostrando também o
caminho da obediência para o adorador que eles incentivam e revigoram A transformação emocional
deve resultar em transformação de vida.
Com certeza, a música tanto ajuda no nosso desenvolvimento intelectual como no estímulo a
criatividade e também na possibilidade de expressar nossos diversos sentimentos por meio dos sons.
Ao mesmo tempo em que as pessoas procuram música como uma profissão, outras procuram
ela como um refúgio; pois expressando os nossos sentimentos através dos sons relaxamos o corpo e
alma sentindo uma grande satisfação por fazer algo para nós mesmos, e isso faz com que no dia a dia
tudo o que fazemos fique melhor.
Muitos aprendem música como terapia, pois sabem e podem perceber o quanto ela nos traz
paz e faz lembrar todos aqueles bons momentos e nos envolve com amigos e família, seja em nossa
casa em uma festa ou ate mesmo louvando a Deus.
De alguma forma a música, nos ajuda a sentir aquela sensação de realização a cada música
executada por nossos dedos, isso de certa forma aumenta muito nossa auto-estima e desencadeia um
sensação de animo em nosso cérebro e em nosso ser, pois aciona o nosso raciocínio de uma forma
mais confortável e não estressante, mas de uma maneira que possamos desenvolver nossas atividades
e compromissos mais cheios de esperanças e com segurança de que vamos realizar nossos ideais!
A música é reconhecida por muitos pesquisadores como uma espécie de modalidade que
desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-
estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio, em especial em questões
reflexivas voltadas para o pensamento filosófico.
Dra. Eloisa Quadros Fagali, psicopedagoga e arteterapeuta, desenvolve desde 1998
experiências de oficinas arte terapêuticas em que ressalta a importância da música nos trabalhos
educacionais e terapêuticos psicopedagógicos. A autora destaca, entre os diferentes objetivos e
atividades, as vivências musicais que possibilitam às pessoas participarem de experiências do
processo de transição de uma situação paralisadora para outra de liberação e criação. Este transitar de
uma situação para outra, por meio das variações melódicas e rítmicas, amplia a criação e o
autoconhecimento do aprendiz ou cliente em relação às suas capacidades, à valorização da vida e do
seu eu.
A Neurociência que vem contribuindo para uma melhor compreensão do funcionamento
do cérebro tem motivado grandes pesquisas e é consenso entre os pesquisadores a verificação do
poder estimulador que a música exerce sobre as atividades cerebrais em consonância com o corpo, a
alma e o espírito; levando o sujeito àquilo que Jung denominou de processo de individuação. O
indivíduo, exposto a uma realidade externa, desenvolve a capacidade de fazer uma releitura dessa
realidade, criando sua própria realidade através de suas reelaborações interiores.
A musicoterapeuta, Marília Aguilar Lopes, conta que os efeitos fisiológicos dos
elementos sonoro-rítmicos-musicais podem ocorrer como reações sensoriais, hormonais e
fisiomotoras, e como efeitos psíquicos podem desencadear descargas emocionais em graus variáveis.
Em pesquisas realizadas por Cheryl Maranto e Joseph Scartelli, foram analisados os efeitos da
música em 130 variáveis dependentes e descobriu-se que o uso da música intensificou o tratamento
médico em 126 delas. A terapia estuda as reações do indivíduo diante de estímulos sonoro-musicais,
porém cada indivíduo recebe um tratamento de acordo com sua queixa principal. “A música é
63
utilizada como elemento terapêutico após algumas etapas de diagnóstico.
Além disso, a música fala diretamente ao sistema límbico do cérebro (região responsável
pelas emoções, pela motivação e pela afetividade), contribuindo para a socialização e até mesmo
aumentando a produção de endorfina. Por isso, pode ser usada no combate à depressão, ao estresse, à
ansiedade; no alívio dos sintomas de doenças como hipertensão e câncer; e no tratamento de
pacientes com dores crônicas.
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