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Centro Universitário Barão de Mauá


Curso de Artes Cênicas
Disciplina: Literatura dramática
Aluno: Rodolfo de Souza Campos.

Análise Dramática da obra:

O Doente
Imaginário

De Molière.
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Personagens

1. Argan: doente imaginário


2. Béline: segunda mulher de Argan
3. Angélique: filha de Argan, apaixonada por Cleanto
4. Louison: filha de Argan
5. Béralde: irmão de Argan
6. Cléante: apaixonado por Angélique
7. Senhor Diafoirus: médico
8. Thomas Diafoirus: seu filho, apaixonado por Angélique
9. Senhor Purgon: médico de Argan
10. Senhor Fleurant: boticário
11. Senhor Bonnefoy: tabelião
12. Toinette: criada.

I. Ações dramáticas.
1. Argan faz os cálculos de quanto gastou por mês em suas
lavagens e chama por Toinette
2. Toinette diz ao patrão para ele deixar de ser hipocondríaco e
os dois acabam discutindo.
3. Argan pede à Toinette para chamar sua filha Angélique e sai
de cena com dor de barriga.
4. Angélique confessa à Toinette que está completamente
apaixonada por Cleanto, um jovem que conheceu no teatro.
5. Argan anuncia à filha que irá casa-la com um homem que
na verdade é o sobrinho do doutor Purgon e Angélique
pensa que o pai a casará com Cleanto.
6. Depois de desfeito o trocadilho Angélique se recusa a se
casar com Tomas Diafoirus, o que deixa Argan furioso
7. Toinette se opõe à decisão de Argan e este a ameaça de lhe
dar uma surra correndo atrás dela.
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8. Béline surge indagando o porquê do marido estar tão bravo


e ele lhe diz que é por causa da impertinência da empregada
9. Béline tranqüiliza o marido e este por agradecimento diz
que irá passar todos os seus bens para ela antes de morrer.
10. Béline chama o tabelião Bonnefois para acertar o
testamento, mas o tabelião diz ao senhor Argan que em
Paris a lei não permite que a segunda esposa herde os bens
do marido diretamente.
11. Toinette conta à Angélique que o pai pretende passar
todos os bens para sua madrasta e esta lhe diz que não quer
mais nada na vida a não ser o amor de Cleanto e pede que
Toinette lhe auxilie neste problema.
12. Surge Cleanto na casa de Argan disfarçado de professor
de Música
13. Toinette anuncia à Argan que o senhor Diafoirus e seu
filho acabaram de chegar
14. O senhor Diafoirus faz um trocadilho cômico com Argan
e depois Tomas Diafoirus faz um discurso prolixo para
Angélique como forma de cumprimenta-la.
15. Argan pede a Cleanto fazer sua filha cantar aos
convidados e Cleanto e Angélica cantam um dueto em que
se declaram ocultamente apaixonados um pelo outro.
16. Argan desconfia que Cleanto não é professor de Música e
o dispensa.
17. Argan pede para a filha dar a mão ao noivo para firmar o
casamento e esta se declara contra.
18. Argan a ameaça de coloca-la no convento se não se casar
com quem ele deseja e Angélique acusa sua madrasta Béline
de ser a culpada de toda a confusão.
19. Béline diz a Argan que viu o professor de canto no quarto
de Angélique e que sua filha Louison estava por perto.
20. Argan questiona Louison e a ameaça de uma surra se não
lhe contar a verdade
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21. Argan descobre finalmente que o professor de música é o


homem que Angélique está apaixonada e decide coloca-la
no convento.
22. Béralde tenta convencer o irmão em desistir da idéia de
colocar Angélique no Convento propondo-lhe um outro
partido.
23. Béralde faz um discurso sobre a ineficácia da Medicina
no intuito de desiludir o irmão sobre sua terrível
hipocondria.
24. O senhor Florindo tenta aplicar uma lavagem em Argan,
mas é impedido por Beraldo e este sai furioso prometendo
um acerto de contas.
25. O doutor Purgon vem exigir de Argan explicações sobre
o acontecido e rasga o contrato de casamento que havia
assinado em favor de seu sobrinho Tomas Desaforos e sai
de cena ameaçando Argan de que sem o seu tratamento ele
terá as doenças mais terríveis já vistas.
26. Argan culpa o irmão pelo incidente quando surge
Toinette disfarçada de médico e num jogo divertido
convence Argan de que o doutor Purgon e seus outros
médicos não passam de uma bando de charlatões e
ignorantes.
27. Toinette arma um plano para desmascarar Béline dizendo
a Argan para se fingir de morto e ver como sua esposa
reagiria.
28. Argan se finge de morto e Béline desabafa que na
verdade o seu casamento com ele era um fardo duro de se
carregar.
29. Argan se levanta e expulsa sua segunda esposa de casa.
30. Toinette pede para Argan repetir a cena para sua filha
Angélique.
31. Argan se finge novamente de morto e Angélique chora
dolorosamente a morte do pai.
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32. Argan reconhece que sua filha lhe ama verdadeiramente


e permite que se case com Cleanto na condição que ele se
forme médico para lhe garantir a sua saúde.
33. Beraldi sugere ao irmão que ele mesmo se forme médico
34. Argan cola o grau de médico.

II.Enredo:

Argan é um homem de meia idade , mas tão convencido de que está


doente que passou a vida a consultar médicos e engolir
medicamentos. A sua segunda mulher, Béline, por interesse , ajuda-
o a alimentar essa mania, na esperança de que ele morra por excesso
de cuidados do médico Purgon, deixando-a herdeira universal.
O “doente imaginário”, cego pelo carinho que sentia por ela, não se
apercebeu do enredo de que foi vítima. Cada dia que passa se sentia
mais próximo da morte e persuadiu-se que era atendido pela mais
atenciosa das esposas.
A filha Angélique, ao contrário de Belina, não hesitou em se opor às
vontades do velho maníaco que pretendeu casá-la com o médico
Tomás Diafoirus , quando ela amava o jovem Cleanto e era amada
por ele.
Angélica se viu constrangida a escutar Tomás, pretendente ridículo
que lhe fez uma corte entremeada de citações latinas. Cleanto pôde
consola-la, pois tinha se introduzido na casa , fazendo-se passar por
um mestre de música, mas Argan se apercebeu do estratagema e o
expulsou de sua casa.
Angélica se se recusasse a desposar o médico, só teria a alternativa
do convento.
A mania do doente imaginário atingiu tal paroxismo que queria, à
força, um genro médico.
Por sorte, o seu irmão Beraldo e a sua fiel criada Toinette, lutaram
contra a idéia fixa do velho.
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Cada um deles se esforçou, à sua maneira, por fazer voltar o bom


senso ao falso doente. Beraldo, com palavras judiciosas, tentou
subtrair o irmão da perniciosa influência do doutor Purgon, que
forçava a obsessão do doente, alimentando-lhe o medo pelas
doenças.
Toinette, audaciosamente, fez-se passar por médico, para poder
emitir opiniões críticas sobre o seu colega que tratava Argan.
Beraldo fez o possível por abrir os olhos ao irmão sobre o
comportamento de Belina, mas, a esse respeito, a cegueira de Argan
era total : Para ele Belina é a mais afetuosa das esposas, a mais
sincera, a mais dedicada, a mais leal. Não há maneira de o dissuadir.
Qualquer opinião contrária a dele só servia para o convencer que
Beraldo odeia “a pobre mulher” e não cessava de a caluniar.
È então que Toinette, com astúcia tipicamente feminina, descobriu o
meio mais seguro de desenganar Argan. Fingiu que partilhava da sua
opinião sobre Belina e propôs-lhe um estratagema que serviu
perfeitamente para provar a Beraldo –segundo afirma- a falta de
fundamentos das suas calúnias: Argan teria de se fingir morto e o
desespero da fiel esposa ante o “o querido extinto” provou em
evidência a intensidade de afeição que a liga ao esposo. Argan,
depois de hesitar um pouco, prestou-se ao jogo, estimulado pela
idéia de demonstrar ao irmão que este não tem razão. Espera a vinda
da mulher estendido numa cadeira”, enquanto Toinette se finge
desesperada com a sua “morte”. É o fim! O falso morto tem ocasião
de ouvir, com seus próprios ouvidos , com que desespero Belina
comenta a morte do marido: Bendito seja deus! Estou livre deste
fardo.Que tola és Toinette, por te afligires com esta morte!”Argan
soube, finalmente , a verdade. Ressuscitando de repente, provocou à
ingrata um tal susto que Belina, vencida, saiu da cena.
Pouco depois, sempre por sugestão de Toinette, repete-se a comédia
para Angélica e Cleanto , mas desta vez, o “morto” terá a consolação
de verificar quão profunda e sincera é a afeição da filha e como são
devotados e honestos os sentimentos do seu namorado. Argan
consente no casamento, com a condição de Cleanto se fazer médico.
É nova oportunidade para outra sátira contra os discípulos de
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Esculápio e com isto desce o pano sobre a última obra-prima de


Molière.

III. Análise dos personagens


Protagonista: Argan
Antagonista: Belina, Doutor Purgon, senhor Fleurant
Personagens principais: Toinette, Cleanto, Angélique, Senhor
Diaforus, Tomas Diafoirus e Belina.
Personagens secundários: Louison, Doutor Purgon, Senhor
Bonnefois, senhor Fleurant.
Personagem coadjuvante: Beraldo.

Nesta peça de Molière, vemos a intriga se desenvolver por causa da


mania de doença de Argan que facilita o oportunismo de sua
segunda esposa e dos seus médicos charlatões, que atuam como
antagonistas do enredo da peça.
A hábil e astuciosa Toinette é a personagem que dá oportunidades á
comicidade do hipocondrismo de Argan e é ela também o fio
condutor do desvelamento da intriga.
O amor de Angélica e Cleanto suaviza as cenas, mas a
impossibilidade de se unirem favorece os argumentos cômicos da
peça propostos por Argan.
A comédia atinge seu clímax quando os personagens senhor
Diaforus e Tomas Diafoirus, somado à pretensão de Argan em casar
sua filha com um médico para garantir sua saúde torna essa cena
uma das mais cômicas da peça.
O doutor Purgon ao descobrir que zombam de suas prescrições
médicas faz Argan estremecer de medo ameaçando-o de ter as mais
terríveis doenças.
Esse personagem foi o alvo principal do autor para ridicularizar a
classe de médicos pedantes de Paris.
Beraldo, o irmão sensato de Argan atua na peça como coadjuvante,
pois atua como a consciência da peça, tentando tirar o irmão da
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cegueira que o impede de ver a verdade sobre sua esposa e sobre a


armadilha que os médicos estavam lhe preparando.
Enfim todos os personagens desempenham um papel primordial na
peça.

IV. Elementos clássicos na peça.

1. Imitação da natureza humana: nesta peça Molière retrata


através do personagem Argan baseado na commedia dell’arte,
a caricatura do maníaco de doença, estereotipado o ridículo
que esse defeito produz na natureza humana.
2. A obra deve agradar ao espectador: por se tratar de uma
comédia a obra agrada ao público em geral, menos a quem ele
pretendeu atingir com essa sátira: os médicos charlatões.
3. A presença de bale durante os entreatos é uma característica
marcante do teatro clássico francês.
4. A regra das 4 unidades bem distinta na peça:
a tempo: a peça decorre no período de um dia
bespaço: a peça decorre num único espaço: no quarto de Argan
cação: a peça possui uma seqüência lógica de acontecimentos.
dtom: a peça é somente comédia.
5. O tema do casamento forçado foi muito explorado pelos
comediógrafos clássicos.
6. É uma comédia clássica por se tratar de uma peça de intriga
psicológica.
7. na peça aparecem vários elementos de farsa, como a colação
de grau de Argan, e os médicos e boticários que atuam,
evidenciando a comédia clásssica.

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