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Educação em Círculo

8 agosto 2020 (encontro virtual, pelo Hangouts do Google)


Participantes: Aurélio, Diego, Iaci, Regina

Protagonismo juvenil: o discurso da juventude sem


voz...
(Souza, 2009)

Em discussão: o “protagonismo juvenil”


SOUZA, Regina Magalhães de. O discurso do protagonismo juvenil. 2006. Tese
(Doutorado em Sociologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em:
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-25042007-115242/pt-br.php.
Acesso em: 20 jul. 2020.
______. O discurso do protagonismo juvenil. São Paulo: Paulus, 2008.
______. Protagonismo juvenil: o discurso da juventude sem voz. Revista Brasileira
Adolescência e Conflitualidade. São Paulo, v. 1, n. 1, p. 1-28, 2009. Disponível em:
http://www.observatoriodoensinomedio.ufpr.br/wp-content/uploads/2014/02/Protagonismo-
juvenil-o-discurso-da-juventude-sem-voz.pdf. Acesso em: 20 jul. 2020.

Protagonismo juvenil: discurso produzido e reproduzido pelos organismos


internacionais, organizações não governamentais e governos.
Discurso adulto; não é a palavra dos próprios jovens. São os adultos dizendo aos
jovens o quê devem fazer e como devem fazer.
Discurso que prescreve um tipo de comportamento: contribuir, buscar soluções para
os problemas, fazer coisas para si e para os outros, num contexto de
ausência/omissão do Estado/sociedade.
Sociedade concebida como um aglomerado de indivíduos nomeados de “atores
sociais”, que negociam entre si e fazem coisas, supostamente em “pé de
igualmente”. Concepção homogeneizadora de sociedade: desaparecem as classes
sociais; omitem-se as desigualdades.
Não significa “autonomia”, mas isolamento do indivíduo, deixado à sua própria sorte,
o único responsável pelos seus êxitos e pelos seus fracassos.
Não há a idéia de projeto coletivo, mas de iniciativas individuais. O fundamento é o
indivíduo em atividade.
Discurso sedutor, manipulador, que invadiu o discurso pedagógico. Aqui em São
Paulo, depois do movimento de ocupação das escolas – fortemente reprimido pelo
governo – houve um novo apelo ao protagonismo juvenil nas escolas, como forma
de direcionar a participação social e política dos jovens alunos.
Discurso que apenas aparentemente valoriza o sujeito (quando, na verdade, o
submete), foi adotado também por parcelas da “esquerda”. Hoje, a concepção de
uma sociedade homogênea, composta por atores sociais, em negociação entre si,

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que fazem coisas para si e para os outros, enfim, que atuam, está presente nos
movimentos sociais, nas políticas de Estado de maneira geral.
Discurso que se entrecruza com os apelos ao empoderamento e ao
empreendedorismo.
E qual o verdadeiro protagonismo? Não existe verdadeiro protagonismo. Justamente
porque esse tipo de encenação política se estabeleceu como referência, o
protagonismo será sempre uma farsa, uma contrafação da política.
O que existe é a verdadeira política: aquela em que há liberdade de pensamento e
debate, liberdade da palavra e da ação; que se sabe como inicia, mas que não tem
um fim previsível, posto que não é balizada por metas nem mensurada por
resultados.

Próximo encontro: 5 setembro às 16h30, pelo Hangouts do Google


Tema: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Leituras sugeridas:
CORAZZA, Sandra Maria. Base Nacional Comum Curricular: apontamentos crítico-
clínicos e um trampolim. Educação. Porto Alegre, v. 39, p. 135-144, dez. 2016.
Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/23591/15430.
Acesso em: 17 ago. 2020.
FERRETTI, Celso. A BNCC e a reforma do ensino médio conduzem a um
empobrecimento da formação. Entrevista a André Antunes. EPSJV/Fiocruz, 06 abr.
2018. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-bncc-e-a-
reforma-do-ensino-medio-conduzem-a-um-empobrecimento-da-formacao. Acesso
em: 17 ago. 2020.
MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão; PINA, Leonardo Docena; MACHADO, Vinícius de
Oliveira e LIMA, Marcelo. A Base Nacional Comum Curricular: um novo episódio de
esvaziamento da escola no Brasil. Germinal: Marxismo e Educação em Debate,
Salvador, v. 9, n. 1, p. 107-121, abr. 2017. Disponível em:
https://portalseer.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/21835. Acesso em:
17 ago. 2020.
NEIRA, Marcos Garcia. Essa base, não. Jornal da USP, 19 set. 2018. Disponível em:
https://jornal.usp.br/artigos/essa-base-nao/. Acesso em: 17 ago. 2020.
SAVIANI, Dermeval. Educação escolar, currículo e sociedade: o problema da Base
Nacional Comum Curricular. Movimento. Revista de Educação, ano 3, n. 4, p. 54-84,
2016. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistamovimento/article/view/32575/18710.
Acesso em: 17 ago. 2020.
______. Rumos da educação em tempos de pandemia e bolsonarismo. Entrevista.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iNJBtF7Irc0. Acesso em: 17 ago.
2020.
SILVA, Mônica Ribeiro da. A BNCC da reforma do ensino médio: o resgate de um
empoeirado discurso. Educação em Revista. Belo Horizonte, 2018, v. 34. Disponível
em: https://www.scielo.br/pdf/edur/v34/1982-6621-edur-34-e214130.pdf. Acesso em:
17 ago. 2020.

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