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FITOTERAPIA

. AYURVÉDICA APLICADA
TEORIA E PRÁTICA

Com Dr. Danilo Maciel Carneiro, MD, PhD

QUARTO MÓDULO
IMPORTANTE

Fitoterapia
ayurvédica aplicada
Workshop de teoria e prática

Novembro de 2020

Este é um material de apoio e pode ser utilizado por

estudiosos e adeptos do Ayurveda. As ervas ayurvédicas

podem ser usadas de modo seguro como plantas

medicinais ou alimentos e condimentos de uso caseiro, se

respeitadas as formas corretas de aplicação. São úteis

para a promoção da saúde de pessoas saudáveis e que

desejam ganhar mais energia e autonomia, bem como

para aprimorar as funções vitais do organismo e

restabelecer o equilíbrio do sistema Tridosha. Elas podem

ser aplicadas dentro das diversas áreas da saúde, de

acordo com as características próprias de cada profissão

e são usadas no Ayurveda para equilibrar o

funcionamento dos Doshas e seus elementos funcionais.

A prescrição de fitoterápicos e a manipulação de

medicamentos fitoterápicos é exclusiva de profissionais

autorizados pelos seus respectivos conselhos de classe.

NOTA: As sugestões aqui apresentadas não substituem as

orientações médicas, de nutricionistas e outros

profissionais de saúde, e nem os medicamentos

prescritos por eles.


FITOTERAPIA AYURVÉDICA APLICADA

índice QUARTO MÓDULO

ERV AS DO MÓDU LO 4

ALOE BARBADENSIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
ALPINIA SPECIOSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
ARTEMISIA ABSINTHIUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
ASPARAGUS OFFICINALIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
BOMBAX MALABARICUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
CHENOPODIUM AMBROSIOIDES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
ELETHARIA CARDAMOMUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
MELIA AZEDARACH . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
MORINGA OLEIFERA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
ROSMARINUS OFFICINALIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
TRIGONELLA FOENUM GRAECUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
CANNANBIS SATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

PREPARAÇÕES ESPECIAIS DO AYURVEDA

VATI KALPANA (GUTIKA). . . . . . . . . . .  . . . . . . . . . . . . . 64


GHRITA (GHEE MEDICADO). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
FITOTERAPIA AYURVÉDICA
APLICADA ÀS PLANTAS BRASILEIRAS
Workshop 4 - Novembro 2020

ERVAS DO MÓDULO IV

NOME NOME POPULAR NOME SÂNSCRITO


CIENTÍFICO BRASIL AYURVEDA
Aloe barbadensis, A. vera Babosa Kumari

Alpinia speciosa Colônia Mahabhari Vacha

Arthemisia absinthium Losna Dvipantara


damanaka

Asparagus officinalis Aspargo Dvipantara


shatavari

Bombax mallabaricum Paineira Salmali

Cannanbis sativa Canabis Vijaya

Chenopodium ambrosioides Erva de Sta. Maria Sugandhavastuk

Eletharia cardamomum Cardamomo Suksmaila, Ela

Melia azedarach Cinamomo Mahanimba

Moringa oleifera Moringa Krishnagandha,


Shigru

Rosmarinus officinalis Alecrim Rusmari

Trigonella foenum graecum Feno grego Meth

PREPARAÇÕES DO MÓDULO IV

1 Ghees medicados 2 Comprimidos 3 Tabletes (Gutika)


(Ghritas) artesanais (Vati)

Dicas práticas no uso das formulações para harmonização dos doshas:


Exemplos de casos para treinamento na aplicação de formulações.

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ALOE BARBADENSIS; ALOE VERA

NOME POPULAR:

Brasil: Babosa, Aloé, erva-babosa, caraguatá, caragutá.


Inglês: Aloe, indian Aloe, Barbados Aloe.
Sânscrito/Ayurveda: Kumari

Aloe Vera é chamada de Kumari em sânscrito. Kumari se refere a uma jovem. Este nome tem duas
derivações.

É usada em doenças de meninas jovens, como espinhas e problemas menstruais.


A planta é bonita e parece jovem, mesmo depois de envelhecer.

Também é chamada de Ghrita Kumarika, pois a folha contém uma polpa viscosa semelhante à
manteiga Ghee.

Recebe ainda a classificação de Amara ou Ajara, pois ela tem propriedades rejuvenescedoras e anti-
envelhecimento (Rasayana).

NOME CIENTÍFICO: Aloe vera (L) N. L. Burn, Aloe barbadensis Miller, Aloe vera chinensis; Aloe
perfoliata var. vera L.

FAMILIA: Liliaceae

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PARTES USADAS: Folhas, Gel das folhas

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Amargo, adstringente, picante e doce

Potência: Fria

Vipaka: Doce (Picante *)

Ação sobre os Doshas: O gel é Tridosha, pacifica os 3 Doshas, o pó seco pode agravar Vata

Prabhava: Balya - melhora a força e a imunidade

Vrushya - afrodisíaco, melhora o vigor

Rasayana – antienvelhecimento e rejuvenescimento celular

Gulmahara - útil em casos de tumores abdominais

Agni Deepana - tonifica todos os Agnis

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:
O gel de Kumari contém aloína e aloe emodina, que são substâncias de sabor amargo. Do gel extrai-
se uma substância chamada aloeferon, além dos monossocarídeos glicose, galactose, manose, aldopentose,
arabinose; contém aloctina-A (Glicoproteina), barbaloina, chrisofanol glicosideo, aloesina, b-sitosterol,
alocutina A & B, vestígios de vitamina C, tiamina, niacina, riboflavina, ácido glutâmico, ácido asparagínico,
asparagina, arginina, serina, valina, histidina, leucina, fenilalanina, entre outros. Alguns desses compostos têm
grande ação cicatrizante.

Cinco fitosterols de Aloe vera foram identificados com atividade anti-diabética em ratos: lofenol, 24-
metil-lofenol, 24-etil-lofenol, cicloartanol e 24-metileno-cicloartanol. A planta age como um bom antioxidante
e mantém estrutura saudável dos vasos sanguíneos. Diabéticos muitas vezes sofrem de distúrbios relacionados
com os vasos sanguíneos e necessitam de antioxidantes.
Kumari apresenta ação emenagoga, colagoga, colerética, laxativa e vermífuga, é considerada um
tônico-amargo, com ação febrífuga, anti-inflamatória e potencialmente abortivas.

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Externamente, tem ação umectante, emoliente, demulcente, anti-inflamatória, refrescante,
regeneradora dos tecidos, anticaspa e antiqueda de cabelos. É um lenitivo após o sol e cicatrizante em pequenas
queimaduras.
Tem tropismo para os sistemas digestivo, excretor, reprodutor feminino e circulatório.

APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:
Kumari é um dos principais tônicos hepáticos da fitoterapia ayurvédica. Ela tonifica todos os Agnis e,
ao mesmo tempo, controla os excessos de Pitta, além de regularizar o metabolismo dos açúcares e dos lipídios.
Constitui-se em uma Rasayana para o Dosha Pitta.

Kumari é indicada no Ayurveda nas seguintes situações:

Na obstipação intestinal, prisão de ventre e hemorroidas. Devido à sua leve ação laxante e à
propriedade de curar feridas, a ingestão regular de doses leves do gel de Kumari é usada nos casos de
constipação intestinal crônica e verminoses, agindo como um purificador dos intestinos.
Como um tônico geral de Agni, Kumari pode ser usada em associação com o açafrão (Curcuma longa),
como é o caso da famosa formulação Haridra Kumari. Devido à sua ação Gulmahara, Kumari é citada nos
textos como sendo útil em caso de pequenos tumores abdominais, miomas, linfadenites.

Por sua ação tônica do fígado e sendo uma Rasayana para Pitta, Kumari é usada nas hepatites,
icterícia, afecções biliares e hipertrofias do fígado e baço, assim como nos distúrbios hemorrágicos, tais como
sangramento nasal, fluxo menstrual abundante, etc.
Por seu tropismo pelo sistema reprodutor feminino, Kumari é indicada também em casos de atrasos
no ciclo menstrual, fluxo menstrual escasso, cólicas menstruais, cistos de ovários, miomas uterinos,
inflamações vaginais e alguns sintomas ligados à menopausa. É considerada tônica e rejuvenescedora do útero,
sendo indicada nas disfunções no sistema reprodutivo feminino, incluindo infertilidade. Kumari melhora as
chances de ovulação, induz a menstruação, quando usado com outros medicamentos Ayurveda relacionados e
ervas de potência quente como Asafoetida. Nos casos de amenorreia, ou seja, ausência ou atraso do fluxo
menstrual, Kumari pode ser usada em associação com plantas de potência quente. Embora ela seja uma planta
de potência fria, ela tem sabor picante, Guna aguda; em conjunto com ervas como cúrcuma, assafoetida, canela,

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etc, ela pode ajudar a nomalizar e induzir a menstruação.
Nos casos de Tvak Roga (distúrbios de pele) e psoríases, Kumari é muito útil. Como Vishahara (anti-
tóxico), alivia intoxicações do sangue, fígado, pele, etc. Em distúrbios oculares, Kumari melhora a visão, sendo
considerada tônica para os olhos.
Nos distúrbios do Dosha Vata, Kumari é citado em condições tais como neuralgia, paralisia, prisão
de ventre, inchaço, etc. Nos estados de astenia, fraqueza e baixa imunidade, por sua ação Balya (força e
imunidade. Na fraqueza sexual e queda de libido, por sua ação Vrushya (afrodisíaco, ativa o vigor. Por sua ação
Rasayana, age no rejuvenescimento celular e tecidual (anti-aging).
Nos casos de asma e distúrbios respiratórios crônicos, Kumari é citada no controle de tosses e
resfriados de origem Pitta.

Nos estados de colesterol alto e aterosclerose, por sua ação de diluir o sangue.

No Diabetes mellitus tipo 2, Kumari é citada por sua ação anti-hiperglicemiante, antioxidante e tônica
da circulação. Nesses casos, como coadjuvante e integrado ao tratamento convencional, o suco de Kumari (sem
açúcar, natural) pode ser tomado em uma dose de 15 a 30 ml, misturado com a mesma quantidade de água,
com base no conselho do seu médico. A dose depende do nível de açúcar no sangue.
Kumari é considerada útil em casos de febres de origem inflamatória e nas adenomegalias, bem como
nos reumatismos, bursites e nas doenças inflamatórias da pele, tais como acnes, psoríases, eczemas
pruriginosos e erisipelas. Febres por agravação de Kapha (Kapha Jwarahara)

De acordo com legislação brasileira atual, a babosa não pode ser indicada como medicamento por via
oral, estando restrita ao uso externo. Todavia, como alimento, o seu gel é legalmente aprovado e tem amplo
uso popular e comercial.

Uso externo
A aplicação da polpa da folha (Gel) de Kumari é incomparável no tratamento de queimaduras ou
insolação. Externamente, é um clássico refrescante e cicatrizante nas pequenas é médias queimaduras
(térmicas, de sol ou por raios X) e nas picadas de insetos, sendo usada também como coadjuvante na
cicatrização de úlceras crônicas de pernas (gel ou pó), para tratar furúnculos, acne, bolhas, manchas e distúrbios
das peles alérgicas. A seiva fresca das folhas (gel) é tradicionalmente aplicada com massagens ao couro

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cabeludo para combater a caspa e a seborreia, bem como para escurecer, dar brilho e força aos cabelos. O gel
pode ser adicionado ao pó de cúrcuma e aquecida por um minuto e essa pasta é aplicada externamente. A
mesma pasta pode ser aplicada sobre as úlceras bucais duas ou três vezes por dia.
O óleo de gergelim medicado com Kumari - ou à base de azeite de oliva - é muito útil contra eczemas
ou assaduras de bebês. O óleo de coco medicado com Kumari e outras ervas sinérgicas é indicado para combater
a caspa e a seborreia e para dar brilho e força aos cabelos.

MODO DE USO:

- Pó das folhas: 100 mg até 1 g, de duas a três vezes ao dia com o anupana adequado.

- Suco fresco do gel das folhas: 60 a 100 ml ao dia, divididos em duas tomadas.

- Extrato aquoso do gel das folhas: 100 a 300 mg

- Gel das folhas (polpa): 1 a 3 g

• Aloe vera nos casos de secura excessiva dos lábios e da mucosa oral:
O Gel de Kumari ajuda a proteger o tecido sensível na boca e melhora as papilas gustativas e protege
os lábios.
• Tomar ¼ xícaras de suco do Gel ao longo do dia, diariamente.

• Usar o suco para enxaguar a boca uma ou duas vezes por dia

• Aplicar o Gel puro ao redor da boca usando um cotonete. Deixe por alguns minutos e enxágue a
boca com água. Aplicar 3 a 4 vezes em um dia.

• Haridra Kumari, uma preparação tradicional:


Preparado ayurvédico com Babosa (Kumari, Aloe vera) e cúrcuma (Haridra, Curcuma longa),
misturados cuidadosamente para gerar uma pasta fina e consistente. É muito eficaz para tonificar o corpo e
eliminar impurezas. Pode ser utilizada externamente, em forma de pasta para áreas externas como
cicatrizante, tanto para proteger como para manter o meio imune de toxinas, como um ótimo antibiótico e
anti-inflamatório. Ou pode ser utilizado também internamente, em forma de pílulas, que devem ser

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enroladas em bolinhas ou tabletes e depois desidratadas em um forno levemente aquecido, para um uso mais
prolongado. Esse remédio possui inúmeras propriedades, pois o efeito antioxidante da cúrcuma é
potencializado pela Kumari. Dentre os benefícios, é ótimo para limpar o sangue, o fígado, a bile e os intestinos,
tonificar os tecidos, controlar da pressão, ótimo para todas as mulheres que têm irregularidades com fluxo
menstrual, um excelente detox para auxiliar no emagrecimento e é uma fórmula Trisdosha, ou seja, equilibra
os 3 Doshas.

• Kumari para auxiliar no controle do peso:


1. Uma colher de chá do Gel de Kumari, levemente aquecido, adoçado com uma colher de chá de
mel ao servir, podendo ser tomada à noite.
2. Uma colher do Gel de Kumari, levemente aquecido, adicionado a uma colher de chá de pó
Triphala. Prepara-se uma pasta com meia colher de chá de mel. A pasta pode ser tomada com
uma xícara de água, à noite depois da comida.

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

Contraindicada na gravidez, por ser potencialmente abortiva.


Por ser excretada pelo leite materno, não pode ser usada durante a amamentação, para evitar efeitos
indesejáveis no lactente.

Pode ser tóxica em grandes doses ou com uso crônico, por mais de 3 meses.

Deve ser usada com cautela nos casos de hemorragia uterina ou durante menstruações abundantes,
por provocar contrações uterinas. Também é contraindicada na presença de diarreias e disenterias, prostatites,
apendicites, cistites, afecções renais, grandes varizes e hemorroidas sangrantes.

O pó da babosa por causar, eventualmente, cólicas intestinais, devendo ser tomado juntamente com
ervas carminativas, tais como o açafrão ou pétalas de rosa.

Há casos descritos de intoxicação aguda grave com doses excessivas da babosa.

Seu uso interno deve ser evitado em crianças abaixo de 5 anos.

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ALPINIA SPECIOSA
NOME POPULAR:

Brasil: Colônia, capim colônia, alpinia galanga; alpinia galangas; alpinia; galanga; galangas; gengibre tocha

ou flor de cera; flor-da-redenção; bastão-do- imperador; paco-seroca; cuité-açu; pacová; gengibre-tocha;

Inglês: Shell ginger, Light Galangal, Thai ginger, Blue ginger

Sânscrito/Ayurveda: Mahabhari Vacha, Kulinjan, Kulinjana

NOME CIENTÍFICO: Alpinia speciosa (Blume) D. Dietr; Alpinia zerumbet (Pers.) BL et R.M. Burttet
Smith; Alpinia galanga Wild.

Sinonímia botânica: Alpinia speciosa K. Schum., Etlingera elatior Sm RM (Jack)., Alpinia speciosa (JC
Wendl.) K. Schum, Alpinia fluviatilis Hayata, Alpinia schumanniana Valeton, Catimbium speciosum
(J.C.Wendl.) Holttum, Costus zerumbet Pers., Languas schumanniana (Valeton) Sasaki, Languas speciosa
(J.C. Wendl.) Merr., Languas speciosa (J.C. Wendl.) Small, Renealmia spectabilis Rusby, Zerumbet speciosum
J.C. Wendl, Languas pyramidata, Nicolaia speciosa Horans, Phaeomeria Horans speciosa, Alpinia nutans
Roscoe, Globba nutans Redoute, Catimbium speciosum Holtt, Zerumbet speciosum Wendl, Renealmia nutans
Andr.
Outra espécie usada de forma similar: Alpinia calcarata

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FAMILIA: Zingiberaceae

PARTES USADAS: Rizomas

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Picante

Potência: Quente

Vipaka: Picante

Ação sobre os Doshas: Pacifica Vata e Kapha

Prabhava: Deepana - melhora a força de digestão


Hrudya - atua como tônica cardíaca, agradável para o coração

Svarya - melhora o tom e a qualidade da voz

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

Alpinia calcarata e Alpinia speciosa (A. galanga) são duas espécies amplamente utilizadas no
Ayurveda, bem como nos sistemas Unani, Siddha e MTC. Ela se encontra distribuído amplamente em áreas
tropicais e é usada como um medicamento em muitos países, inclusive no Brasil.
Diferentes partes da planta mostraram possuir várias bioatividades.

Raizes (Rizomas):
Seus rizomas são conhecidos por possuir um aroma marcante e distinto, sabor picante e são usados
na culinária oriental. A triagem fitoquímica de extratos etanólicos dos rizomas de Alpinia calcarata e Alpinia
speciosa revelou a presença de flavonoides, alcaloides, fenóis, esteroides, taninos, proteínas e carboidratos.
São ricos em flobafanos, galangol, alpina, kaempferida, galangina, bassorina, gadenenos, cineol-d-pineno,
eugenol, etc. Os flavanoides presentes nos rizomas têm excelentes atividades antioxidantes e são componentes
bioativos importantes na inibição oxidação das lipoproteínas humana.

Resumindamente, os rizomas apresentam um amplo espectro de propriedades medicinais, tais como


(3, 5, 7):
- Propriedade antibacteriana, antifúngica (incluindo contra Candida sp), anti-helmíntica, anti-parasitária;

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- Antioxidante, antialérgica, imuno-estimulante, citoprotetora e anticancerígena.
- Anti-inflamatória, antirreumática, analgésica, antinociceptiva, antifebril;
- Atividade afrodisíaca;
- Hipoglicemiante, andiabética;
- Hepatoprotetora, nefroprotetora (contra nefropatia diabética);
- Gastroprotetora, anti-secretora do ácido gástrico, antiespasmódica, estomáquica;
- Diurética, anti-agregante plaquetária, antilipêmica, hipotensora, anti-hipertensiva.
- Estimulante do sistema nervoso central, melhora o desempenho cognitivo.
- Um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo foi realizado com 59 participantes (18 a 40
anos), consumidores moderados de cafeína, para determinar o efeito de um extrato das raízes de A.
galanga sobre o estado de alerta mental e atenção sustentada em comparação com cafeína. A planta
induziu um efeito benéfico no estado de alerta mental e a combinação com cafeína impede o efeito rebote
da cafeína e melhora a atenção sustentada por 3 horas. Tais efeitos estimulantes podem produzir um novo
uso para a A. galanga como ingrediente-chave em bebidas energéticas ou produtos similares (8).

Óleo essencial da planta:

O óleo essencial do rizoma mostrou atividade antimicrobiana, antioxidante e citotóxica para linhas
celulares leucêmicas HL-60 e U937.
Os principais componentes do óleo essencial obtido da planta são metil cinamato, cineol e d-pineno.
Ele é rico em compostos bioativos importantes para a atividade antimicrobiana, como hidrocarbonetos mono-
terpenóides (sabineno, y-terpineno, p-cimeno e β-carifileno), monoterpenos oxigenados (Terpineno-4-ol, 8-
cineol).

Na constituição química do óleo, foram identificados compostos com marcantes atividades


antiparasitárias e, de fato, a Alpinia speciosa mostrou-se efetiva como antiparasítária.

Folhas:

O extrato das folhas demonstrou propriedade antibacteriana e cicatrizante de feridas (8).

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O extrato hidroalcoólico de folhas de Alpinia speciosa promoveu, em ratos e em cães, potentes efeitos
hipotensores e demonstrou também não possuir atividade diurética nos modelos experimentais utilizados,
chegando mesmo a apresentar um efeito antidiurético (4).
Em seres humanos, essas espécies promoveram leve aumento da diurese (três estudos com o chá de
folhas) e diminuição da pressão sanguínea diastólica e sistólica (dois estudos com chá de folhas), ou seja,
atividades hipotensora e diurética, bem como analgésica (4).
Estudos relataram a ausência de genotoxicidade do chá de folhas frente a linfócitos humanos.

No Ayurveda, ela é descrita como digestiva, tônica do coração, do paladar e da voz; limpa a garganta
e a cavidade oral (7).

APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

Mahabhari Vacha (Alpinia galanga) é uma erva ayurvédica considerada semelhante em qualidades
ao Vacha - Acorus calamus, mas é um pouco menos potente.

É usada para o tratamento da indigestão, anorexia, disfunção erétil, rouquidão e fraqueza da voz,
paladar ruim, gosto estranho na boca e micção excessiva e edemas, inchaço, etc.
Indicada em casos de asma e distúrbios respiratórios crônicos, tosse, resfriado comum, dor de garganta
e nas doenças de Vata associadas ao frio, transtornos de equilíbrio, neuralgia, paralisia, prisão de ventre, etc.

Em condições de mau hálito, gosto ruim sentido na boca, dor de garganta, rouquidão ou fraqueza da
voz, um pequeno pedaço do rizoma do Mahabhari vacha deve ser mantido na boca e mastigado lentamente.
Em casos de micção excessiva, para diminuir a quantidade exagerada de produção de urina, indica-se
o pó ou decocção do rizoma da Mahabhari vacha, por seus efeitos anti-diabéticos.

Nos casos de astenia física e mental e perda da libido, por suas ações estimulantes no SNC,
nootrópicas e afrodisíacas.

Uso externo

Em casos de disfunção erétil e falta de libido em homens, o pó do rizoma do Vacha mahabhari pode
ser aplicado e friccionado ligeiramente sobre a região peniana.

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Em caso de hipotermia, para aumentar a circulação periférica e aumentar a temperatura corporal, o pó
do rizoma deve ser esfregado por todo o corpo.

Nos casos de inflamação, dores no corpo e nas articulações, o pó deve ser misturado com água quente
e transformado em pasta a ser aplicada sobre as articulações e partes doloridas.

Nesses casos, também o Óleo medicado com os rizomas é indicado. O óleo deve ser preparado de
forma tradicional, adicionando-se a pasta fina da raiz, óleo de gergelim e a decocção da raiz. Este óleo é eficaz
em dores articulares e musculares, incluindo a dor corporal generalizada - especialmente nas dores corporais
causadas por agravação de Vata, durante a temporada de inverno.

MODO DE USO:

- Pó: 3 a 6 g ao dia, divididos em duas a três tomadas.

- Dor de garganta, tosse e resfriado comum: 2 a 3 g do pó do rizoma da Alpinia galangal misturados com
água quente ou mel pode ser dado como parte do tratamento.

- Indigestão e perda do apetite: 2 a 3 g de pó com um copo de lassi ou água morna

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

Contraindicada na gravidez e lactação.

Pode ser tóxica em grandes doses ou com uso crônico, por mais de 3 meses.

De forma geral é uma planta segura se usada corretamente.

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ARTEMISIA ABSINTHIUM

NOME POPULAR:

Brasil: Losna
Inglês: Wormwood, Maderwood,
Sânscrito/Ayurveda: Dvipantara damanaka,
Konakanda, Sugandhidru, Sirahsulakari, Indhana,

NOME CIENTÍFICO: Artemisia absinthium L.,


Absinthium vulgare Gaertn., Absinthium officinale
Lam.

FAMILIA: Compositae; Asteraceae.

PARTES USADAS: Planta inteira,


preferencialmente com a planta florida

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Amargo

Potência: Quente

Vipaka: Picante

Ação sobre os Doshas: Pacifica Vata e Kapha

Prabhava: Tem ação neuroprotetora.


Guna: Leve, áspera (seca) e aguda.

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:
O uso médico da Artemisia absinthium tem registros que remontam pelo menos aos tempos do Império
Romano, citada em quase todos os tratados de fitoterapia do ocidente. Todavia, no século passado esta tradição
estava aparentemente em declínio, devido aos temores de “absintismo”, uma síndrome supostamente causada

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pela bebida alcoólica e aromática chamada de “Absinto” e mais especificamente como resultado dos efeitos da
thujona, uma cetona monoterpênica presente no óleo essencial da planta. Se as concentrações limítrofes forem
excedidas, a thujona de fato exibe propriedades neurotóxicas que levam a convulsões tônico-clonicas dose-
dependentes em animais, provavelmente causadas pela modulação do receptor Gaba tipo A. Pesquisas
relativamente recentes mostraram que as concentrações de thujona presentes no Absinto não foram suficientes
para exceder esses limites, e a comercialização de bebidas alcoólicas flavorizadas com o óleo de Losna foi
finalmente restabelecida. O declínio dos temores em relação ao “absintismo” pode ter levado a um
reavivamento dos usos médicos da Losna, evidenciado por vários relatórios experimentais, por exemplo, sobre
o tratamento da doença de Crohn. Mais recentemente, neste periódico, propriedades neuroprotetoras da Losna
foram detectadas em ratos, e a planta foi sugerida para ser possivelmente benéfica na prevenção ou tratamento
de sintomas de derrames (37).

A erva apresenta um óleo volátil de composição variável, contendo alfa e beta-thuiona como principal
componente; além de lactonas sesquiterpênicas (artabasina, absinthina, anabsinthina); azulenos; flavonoides;
ácidos fenólicos; lignanas; alfa-pineno, beta-pineno, beta-felandreno. A Thuiona é um constituinte
potencialmente tóxico que pode excitar o sistema nervoso, causar convulsões e que mostra atividade
alucinógena e viciante, encontrada também no cânhamo indiano. Ela estimula o cérebro, sendo seguro em
pequenas doses, mas tóxico em excesso. O óleo essencial tem ação antibacteriana, antifúngica e pode ser tóxico
em doses acima das recomendadas.

Os azulenos são anti-inflamatórios. As lactonas sesquiterpene exibem um efeito antitumoral e são


inseticidas e anti-helmínticas.
A losna tem ação digestiva, colerética (estimulante da secreção da bile) e estimulante do suco gástrico,
anti-helmíntica, estomáquica, carminativa, antiespasmódica, anti-inflamatória, emenagoga, diurética,
antidepressiva leve e é usado em febres crônicas.

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Estudos clínicos

A supressão do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e outros marcadores inflamatórios


(interleucinas) por extratos da Artemisia absinthium foram relatadas em estudos in vitro. Um estudo clínico
com 10 pacientes portadores de Doença de Crohn (DC), nos quais o TNF-alfa parece desempenhar um papel
importante, administrou, além de sua terapia básica, três doses diárias de 750 mg de Losna seca em pó, ao
longo de 6 semanas. Dez pacientes selecionados aleatoriamente serviram como grupo controle. A pontuação
mínima de 200 no Índice de Atividade da Doença de Crohn (CDAI) foi exigida na linha de base para inclusão
em cada grupo. No lado clínico, os escores de CDAI caíram de 275715 para menos de 175712 no grupo tratado
com a Losna, com remissão de sintomas em oito pacientes (pontuação CDAI abaixo de 170 ou redução em 70
pontos), em comparação com apenas dois no grupo placebo (CDAI do grupo placebo 282711 na linha de base
e 230714 na semana 6), refletindo a resposta clínica acelerada com a Losna. Outro dado de significância clínica
foram os achados de que a Losna melhorou também o humor dos pacientes com DC, como refletido na Escala
de Depressão de Hamilton. Esses achados fornecem uma base para testar a Losna em condições clínicas
consideradas mediadas pelo aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, como a TNF-a (38).
Uma vez que outro estudo recente sugeriu que a Losna pode ajudar pacientes portadores de Doença
de Crohn por causa de seus efeitos esteroides (38), tomados em conjunto esses dois estudos, pode-se inferir
que a Losna pode ser clinicamente aplicada, pelo menos como adjuvante, para as doenças alvo do TNF- alfa.
Esta erva tradicional e bem conhecida, devido à ausência de efeitos colaterais em seus níveis de dose
recomendados, também pode ser uma alternativa melhor à talidomida, que está sendo novamente considerada
como opção de tratamento de pacientes com doenças alvo do TNF-alfa, mas que tem efeitos colaterais
extremamente perturbadores, incluindo sedação e polineuropatia (39).
É fato que o uso de fitoterápicos em doença inflamatória intestinal (DII) está aumentando em todo o
mundo. Estudos de revisão da literatura sobre a eficácia da terapia à base de plantas em pacientes com DII
analisaram vários ensaios sobre terapia fitoterápica, publicados na Medline e Embase, bem a resposta ao
tratamento e remissão das DII. Os ensaios clínicos mais importantes realizados até agora referem-se ao uso das
ervas Arthemisia absinthium, Aloe vera, Triticum aestivum e Boswellia serrata (40, 41).

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APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:
A Losna é indicado nos estados de dispepsia, indigestão (ESCOP), inapetência, discinesia biliar
(Comissão E-Alemã), deficiências dos sucos digestivos do estômago e do fígado, deficiências na produção e
eliminação bile e desordens Vata-Kapha no sistema hepato-biliar.

Como coadjuvante em pacientes portadores de Doença de Crohn e outras doenças ou síndromes


inflamatórias dos intestinos (38, 39, 40, 41).

Pode ser usado nos estados de infestação por vermes intestinais.


Coadjuvante no tratamento de cólicas menstruais, disúria, febres crônicas e doenças do abdômen.

Nas desordens de Vata no sistema nervoso, tais como epilepsia, paralisia, hemiplegia

Nos estados inflamatórios, incluindo artrites.

Modo de uso:

a) Infusão das folhas secas: 1 a 1,5 g erva seca em 150 ml de água fervente como uma infusão

b) Pó: 750 a 1,0 g por dose, duas a três vezes (dose diária de 1 a 3 g)

c) Suco expresso da planta fresca: 5 ml por dose, uma a duas vezes ao dia (Dose diária: 10 ml)

d) Tintura: 1 g por dose, 2 a 3 vezes ao dia (Dose diária: 3 g)

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:
Contraindicada na gravidez e lactação; nos casos de obstrução do ducto biliar, conlangite ou doença
hepática e nos portadores de úlceras gástricas e duodenais.
Portadores de cálculos biliares e quaisquer outros distúrbios biliares devem consultar um médico antes
de usar os preparados contendo Arthemisia absinthium.

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O uso em crianças e adolescentes menores de 18 anos não foi estabelecido por falta de dados
adequados, por isso o seu uso não é recomendado nesse grupo.

Na Europa, as tinturas contendo etanol devem conter rotulagem adequada para o etanol, de acordo
com a "Diretriz sobre excipientes no rótulo e folheto de embalagem de medicamentos para uso humano".
Doses excessivas podem causar vômitos, diarreia grave, retenção de urina ou sensação atordoada e
distúrbios do sistema nervoso central (ESCOP).
Se os sintomas piorarem durante o uso do medicamento, um médico ou um profissional de saúde
qualificado devem ser consultados.

Duração do uso
Pode ser tóxica em doses acima das recomendadas ou pelo uso crônico, acima de três semanas. Se os
sintomas persistirem por mais de 2 semanas durante o uso do medicamento, um médico ou um profissional de
saúde qualificado devem ser consultados.

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ASPARAGUS OFFICINALIS

NOME POPULAR:

Brasil: Aspargo

Inglês: Aspargus
Sânscrito/Ayurveda: Dvipantara shatavari, Suciguccha

NOME CIENTÍFICO: Aspargos officinalis L.

FAMILIA: Liliaceae

PARTES USADAS: Raízes

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Doce

Vipaka: Doce

Virya: Fria

Ação sobre os Doshas: Pacifica Pitta (Pittahara)

Prabhava: Hrdya (tônico do coração), Mutrala (diurética), Vrsya (tônico sexual), Vajikarana (tônica
e normalizadora do sistema reprodutivo).

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:
O Aspargo (Aspargos officinalis) é uma planta medicinal muito importante e suas raízes, brotos,
folhas, flores e frutos maduros têm demonstrados diversos constituintes químicos novos.
Os principais constituintes bioativos do Aspargo são um grupo de glicosídeos esteroides, saponinas,
inulina, ácido aspargosico e oito frutos-oligossacarídeos.
As raízes contêm sarsasapogenina, shatavarina I-IV, quercetina, rutina e glicosídeos esteroidais. Os
brotos contêm tiofeno, tiazol, aldeído, ácido aspargosico, e seus ésteres de metila e etila. As folhas contêm

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diosgenina e quercetina-3-glucuronida. As flores e frutas maduras contêm quercetina, rutina (2,5% de base
seca) e hiperosídeo. Os outros componentes químicos bioativos importantes são vitaminas (A, B1, B2, C, E),
compostos inorgânicos (Mg, P, Ca, Fe e ácido fólico), óleos essenciais, aminoácidos (asparagina, arginina,
tirosina), metabólitos secundários (flavonoides: kaempferol, quercetina, rutina, resina e taninos).
Enquanto um vegetal comestível, os Aspargo é altamente valorizado devido às suas características
nutricionais, de conter baixas calorias, alto teor de proteínas, gordura zero, baixo teor de sódio, fonte soberba
de ácido fólico, potássio, vitaminas (como C, Tiamina, B6) e conteúdo de fibras. A presença de alta quantidade
de ácido fólico é essencial para a produção de novos glóbulos vermelhos

Farmacologicamente, a planta é muito preciosa, pois inclui atividades anticancerígenas, antioxidantes,


antifúngicas, antibacterianas, venotônicas, anti-abortivas, anti-oxitóxicas, anti-úlceras, anti-hipertensivas e
anticoagulantes. Também é responsável pelo aumento da taxa de produção de urina, aumentando a atividade
celular dos rins. Ele fornece rutina, que fortalece as paredes capilares. O Aspargo facilita a evacuação dos
intestinos com a ajuda do aumento do volume fecal, devido à sua rica composição em fibras não solúveis.

APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

De forma geral, o Aspargo é considerado uma erva medicina de alto valor, devido às suas
características terapêuticas e nutracêuticas.

As raízes apresentam o maior valor medicinal. São usadas como laxantes, diuréticas, tônicas,
afrodisíacas, galactogogas e na cura das doenças dos rins e fígado. As raízes do Aspargo são recomendadas em
estados de retenção de líquidos, edemas e como um poderoso sedativo cardíaco.

Desempenham papel fundamental na atividade antitumoral e na redução do risco de distúrbios


intestinais (constipação e diarreia), bem como doenças como osteoporose, obesidade, doenças
cardiovasculares, reumatismo e diabetes. As raízes secas em pó exibem propriedades galactogogas e são úteis
contra diarreia, disenteria e em debilidade geral.

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As raízes exibem grande importância medicinal, pois
são altamente depurativas, diuréticas, laxantes e estimulantes a
transpiração.
Elas também são recomendadas como coadjuvante no
manejo da gota úrica, reumatismos, cálculos urinários, disúria
e na redução da pressão arterial.

Também são usadas como um tônico para o


aprimoramento da saúde de órgãos reprodutivos masculinos e
femininos. No Ayurveda, a espécie Asparagus racemosus (Shatavari) é utilizada para aumentar a contagem de
espermatozoides e nutrição do óvulo.
As propriedades antibióticas das sementes em pó são indicadas para aliviar estados de náuseas,
contribuindo com um efeito calmante para o estômago.

Os frutos e as sementes também são utilizados para o tratamento de espinhas e purificação sanguínea.
Os Aspargos verdes, envolvidos na conversão de proteína em aminoácidos, ajudam a dissolver os
ácidos úrico e oxálico, beneficiando nas condições artríticas e nos casos de pedras nos rins.

MODO DE USO:

Pó: 3 a 6 g ao dia, divididas em 2 x ao dia


Infusão: Adicione 45 a 60 g de erva picada em 150 ml de água.

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:
Aspargos são geralmente considerados seguros quando tomados nas doses recomendadas. No entanto,
em estados de inflamação renal ou diarreias, o seu uso é contraindicado.
Contraindicada na gravidez e lactação, por falta de dados de segurança.

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BOMBAX MALABARICUM

NOME POPULAR:

Brasil: Paineira

Inglês: Silk cotton tree

Sânscrito/Ayurveda: Shalmali, kantakadya

NOME CIENTÍFICO: Bombax malabaricum L, Bombax ceiba L, Salmalia malabarica (DC) Schott.& Endl.

FAMÍLIA: Bombacaceae

PARTES USADA: Goma-resina, casca de caule, raiz, casca da raiz, flores e espinhos.

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Adstringente

Potência: Fria

Vipaka: Doce

Ação sobre os Doshas, depende da parte usada, veja quadro abaixo:

Prabhava: Guna leve, untuosa, oleosa

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TABELA 1 – PROPRIEDADES AYURVÉDICAS

AÇÃO SOBRE
PARTE GUNAS ATIVIDADES OS DOSHAS USOS
Raiz
- Aumenta Shukra Diarreias
Casca Fria, Untuosa - Aumenta K
(sêmen, esperma) Hemorragias
Flores

- Brihmana: Aumenta Hemorragias


Casca da
nutrição do corpo - Aumenta K Má nutrição
Raiz e dos Fria, Untuosa
- Vrshya: Afrodisíaca - Reduz P Impotência
Galhos
- Anti-Hemorrágica Astenia
- Amarga - Aumenta V
Hemorragias
Flores Seca, Fria - Adstringente - Reduz K
Excessos de K
- Anti-Hemorrágica - Reduz P
- Adstringente Hemorragia
- Absorvente Diarreia, disenteria
Goma- - Reduz K
Fria, Untuosa - Hemostática Queimação
Resina - Reduz AMA
- Elimina AMA Acúmulo de Ama
- Vrshya: afrodisíaco Astenia, impotência

Classificação tradicional:

Charaka classifica Shalmali como uma planta pertencente aos seguintes grupos:

- Pureesha Virajaniya - Grupo de ervas que conferem cor natural às fezes

- Shonitasthapana - Grupo de ervas que aliviam o sangramento e melhora a qualidade e quantidade do sangue.

- Vedanasthapana - Grupo de ervas analgésicas.

- Kashayaskanda - Grupo de ervas adstringentes

Historicamente, a madeira de Shalmali foi citada no Rigveda, como sendo usada para preparar bigas
durante rituais matrimoniais.

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AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

Bombax malabaricum é uma grande árvore decídua com espinhos.


Seus principais componentes químicos estão no exsudato de goma-resina, que contém ácidos gálicos
e tânicos. A casca dos galhos, a casca da raiz e as sementes contêm lopeol. As flores contêm hentriacontane e
gossypol. Seu exsudato (goma-resina), é chamado mocharasa, que é usado em muitas formulações ayurvédicas,
especialmente por sua ação anti-hemorrágica e hemostática.

TABELA 2 – APLICAÇÕES-CHAVES PARA USO ORAL

PARTE USOS
Raiz, Casca, Flores Diarreias, Hemorragias

Casca da Raiz e dos Galhos Hemorragias, Má nutrição, Impotência, Astenia

Flores Hemorragias, Excessos de K

Goma-Resina Hemorragia, Diarreia, disenteria, Queimação


Acúmulo de Ama Astenia, impotência

Uso externo

Os seus espinhos são batidos com leite e a pasta é aplicada sobre espinhas.

MODO DE USO:

- Pó da raiz ou da casca: 5 a 6 g ao dia, dividir em 2 tomadas

- Suco das Flores: 10 a 20 g ao dia

- Goma-resina (Shalmali niryasa): 1 a 3 g ao dia

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

Contraindicada na gravidez e lactação.

Pode ser tóxica em grandes doses ou com uso crônico, por mais de 3 meses.

De forma geral, é considerada uma planta segura, se usada corretamente.

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CHENOPODIUM AMBROSIOIDES

NOME POPULAR:

Brasil: Erva-formigueira, erva-vomiqueira, mastruz,


mastruço, mentruz e ambrosia. No Norte, matri,
mentreim, apazote e uzaidela

Inglês: Mexican tea e Jerusalen oak

Sânscrito/Ayurveda: Sugandha vastuka

NOME CIENTÍFICO: Chenopodium ambrosioides L

FAMILIA: Chenopodiaceae

PARTES USADAS: Folhas e sementes.

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Picante e amargo

Potência: Quente

Vipaka: Picante

Ação sobre os Doshas: Tridosha: pacifica os três Doshas

Prabhava: Estimula o Agni e elimina Ama.

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AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

A planta contém matérias resinosas e pépticas, silvestreno, safrol e um óleo essencial constituído por
90 % de ascaridol, um peróxido orgânico, líquido instável e muito tóxico.

Tem ação anti-helmíntica; provoca excitação, paralisia e morte de diversos vermes devido a uma
substância chamada ascaridol, ou ascarisina, da qual provém sua ação medicamentosa por ser capaz de provocar
excitação, paralisia e morte de diversos vermes.
Está descrita sua ação antiespasmódica e emenagoga. Além disso, é uma planta que estimula agni e
elimina ama.

A erva-de-santa-maria é uma planta insetífuga.

APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

A erva-de-santa-maria é usada principalmente como vermífuga, antiespasmódica, purificadora dos


intestinos, eliminadora de Ama e facilitadora do fluxo menstrual, como emenagoga. É também usada também
em doenças da pele, hemorroidas, como estimulante e purgativa.
No Ayurveda, é recomendada nas verminoses e nas doenças da pele relacionadas ao acúmulo de Ama
nos intestinos e no sangue. Segundo o Ayurveda, o acúmulo de Ama nos intestinos favorece a proliferação de
vermes, prejudica Agni e favorece a intoxicação do sangue.

Algumas dermatoses com manchas na pele e também certos quadros de bronquite provocados pelo
ciclo pulmonar desses vermes são consequências da infestação por vermes intestinais, especialmente os
helmintos. Ao chegar aos brônquios, eles migram até o trato gastrointestinal, passam pela traqueia e pelo
esôfago, causando um quadro caracterizado por tosse noturna sufocante, catarro brônquico, dificuldade
respiratória e salivação excessiva. Esse quadro pode ser confundido com bronquites alérgicas ou bacterianas e
o tratamento é difícil sem o correto diagnóstico. O alívio desse quadro requer a eliminação da infestação
parasitária, sem o que o retorno dos sintomas é certo, esperando apenas o próximo ciclo pulmonar dos vermes.
A Erva-de-santa-maria atua também como um laxante leve e como coadjuvante no tratamento de
hemorroidas.

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Uso externo:
No uso externo, pode ser aplicada em forma de cataplasma sobre contusões, para evitar inchaços,
aliviar a dor e acelerar a recuperação dos tecidos.

MODO DE USO:

Uso oral:

- Pó: 1 a 2 g, duas vezes ao dia, durante sete a dez dias, com o anupana adequado.

- Infusão: 2 a 3 g (erva seca) ou 4 a 5 g (erva fresca) para 100 ml de água. Tomar 100 ml de duas a três vezes
ao dia.

- Suco fresco: 30 a 50 ml, de duas a três vezes ao dia, com leite.

Uso externo:

Cataplasma: no local das contusões.

Infusão: banhos tópicos (locais).

Óleo medicado: Massagem local em casos de dores, traumas, entorses, contusões.

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

Em doses inadequadas, pode ser abortiva. Seus efeitos tóxicos incluem irritação da pele e mucosas,
vômitos, vertigens e cefaleia.

Contraindicada na gravidez e lactação.

Pode ser tóxica em grandes doses ou com uso crônico, por mais de 3 meses.

De forma geral, é considerada uma planta segura, se usada corretamente.

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ELETHARIA CARDAMOMUM

NOME POPULAR:

Brasil: Cardamomo, cardamomo pequeno

Inglês: Lesser cardamom

Sânscrito/Ayurveda: Ela, Elam, Eladi, Elachi

Chandra, Chandrabala - Refrescante, semelhante à lua

NOME CIENTÍFICO: Elletaria cardamomum (L.) Maton

São descritos dois tipos de Cardamomo: o Cardamomo pequeno, conhecidos como ‘Sukshma Ela’ ou
'Heel Khurd' (frutos de Elettaria cardamomum (L.) Maton.) e o Cardamomo grande, ‘Brihati Ela’ ou 'Heel
Kalan' (frutos de Amomum subulatum Roxb.); ambos usados nos Sistema Ayurveda e Unani para tratar
distúrbios gastrointestinais.

FAMILIA: Scitamineae

PARTES USADAS: Sementes

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Picante e doce

Potência: Fria

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Vipaka: Picante
Ação sobre os Doshas: Equilibra os Dosha Kapha e Vata.

Prabhava: Hrudya - atua como tônica cardíaca, agradável para o coração

Deepana - melhora a força de digestão

Guna leve e seca

De acordo com o texto Bhojan kutuhalam, em sua seção Sambhara, o Cardamomo apresenta Sabores
amargo e picante; Potência quente, Guna leve e alivia os Doshas Vata e Kapha.

Na classificação tradicional, o Charaka Samhita inclui o cardamomo nos grupos:

- Shvasahara, o grupo de ervas úteis na asma, dispneia.


- Angamarda prasamana, o grupo de ervas úteis para aliviar dores no corpo.
- Katuka skandha, o grupo de condimentos de sabor picante.
- Shiro Virechanopaga, o grupo de ervas úteis no tratamento Nasya.

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:
Os principais constituintes químicos do Cardamomo são bornneol, camfeno, p-cimeno, geraneol,
heptano, D-limoneno, linalol, mentona, metil-heptenona, mirceno, nerol, nerilaceteto, alfa & beta-pinenos,
saibenena, alfa- & beta-terpeneol, N-alcanos, ascaridol, cânfora, citral, citronelal, farnesol, sitosterol
(Referência: Illustrated Dravyaguna Vijnana, Vol. II, by Dr JLN Shastry)

As principais propriedades farmacológicas incluem ações digestivas, carminativas, tônicas do coração


e do Agni, diuréticas, expectorantes e relaxantes do sistema nervoso.
O pó das sementes do cardamomo pequeno (Elettaria cardamomum (L.) Maton.) foi avaliado quanto
ao seu potencial anti-hipertensivo e seu efeito em alguns dos fatores de risco cardiovascular em indivíduos com
hipertensão estágio I. A administração de 3 g de pó de cardamomo ao dia diminuiu a pressão arterial sistólica,
diastólica e média, ao tempo em que aumentou a atividade fibrinolítica e o estado antioxidante total, no final
de 3 meses de acompanhamento. Assim, o estudo demonstrou que o cardamomo reduz efetivamente a pressão

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arterial, melhora a fibrinólise e melhora o estado antioxidante,
sem alterar significativamente os lipídios sanguíneos e os níveis
de fibrinogênio em indivíduos hipertensos estágio 1. Todos os
sujeitos do estudo experimentaram uma sensação de bem-estar
sem efeitos colaterais (22).
O extrato bruto de cardamomo foi estudado utilizando
técnicas in vitro e in vivo. O estudo mostrou que o cardamomo
possui efeitos estimuladores e inibitórios intestinais mediados
por mecanismos colinomiméticos e antagonistas do Cálcio,
respectivamente. Além disso, ele abaixou a pressão arterial por
uma combinação de ambos os mecanismos acima. Esses
resultados explicam o mecanismo de ação que justifica o uso
tradicional do Cardamomo em estados de constipação intestinal, cólicas, diarreias e hipertensão arterial. A
atividade diurética observada é também favorável ao seu uso como anti-hipertensivo. A ação sedativa
observada pode ser um fator contribuinte para o uso tradicional do cardamomo no manejo desses quadros
intestinais, cardiovasculares e também nos quadros neurológicos, como em casos de epilepsia (23).
Para avaliar a atividade hepatoprotetora do extrato dos frutos da Elettaria cardamomum contra a
hepatotoxicidade induzida por Paracetamol, um estudo pré-clínico testou vários parâmetros bioquímicos como
aminotransferase alanina, aminotransferase aspartate, fosfatase alcalina e bilirrubina total, juntamente com
estudos histopatológicos do fígado de ratos. Extratos metanólicos nas doses de 100, 200 e 400 mg/kg foram
administrados oralmente uma vez por dia durante 7 dias. O Cardamomo apresentou atividade hepatoprotetora
significativa revertendo alterações bioquímicas induzidas por
paracetamol. A histologia das seções hepáticas dos animais
tratados com os extratos mostrou a presença de hepatócitos
quase normais, ausência de necrose e infiltração gordurosa, o
que evidenciou ainda mais a atividade hepatoprotetora (24).
O óleo essencial e frações solúveis de éter de
petróleo do Cardamomo foram estudados em ratos para testar
a sua atividade anti-ulcerogênica e a capacidade de inibir
lesões gástricas induzidas por aspirina e etanol. Ambas as
frações de drogas inibiram lesões gástricas significativamente (25).

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APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

As sementes do Cardamomo têm ação Deepana, melhoram a força do Agni e reforçam a digestão,
ativam o paladar, melhoram o sabor dos alimentos e aliviam a anorexia. É útil para aliviar a sensação de vômito,
síndrome do intestino irritável, acúmulo de gás no estômago, prisão de ventre, distensão abdominal, colites,
etc.

Embora seja um clássico condimento que alivia os Doshas Kapha e Vata, no sistema digestivo ele
também é capaz de aliviar os desequilíbrios de Pitta, aliviando a dor e a sensação de queimação em situações
de gastrites ácidas.

Em casos de mau hálito, ou em casos de diarreia, o cardamomo pode ser mastigado ou simplesmente
mantido dentro da boca, sendo mastigado lentamente. Também é adicionado aos sucos de frutas, especialmente
ao suco de limão para melhorar o efeito digestivo e também para melhorar o sabor.

No sistema genito-urinário, o Cardamomo alivia a disúria (micção dolorosa) e a retenção urinária,


agindo como um diurético.

No sistema respiratório, por sua ação Kaphahara (equilibra Kapha), ele é usado no tratamento nas
tosses produtivas, resfriados, bronquites, asma e distúrbios respiratórios crônicos.

Por sua ação Vatahara, é coadjuvante no manejo de distúrbios relacionados aos desequilíbrios do
Dosha Vata, tais como neuralgia, paralisia, dores no corpo, hemorroidas, etc.

Por suas ações Hrdaya, diurética, ansiolítica e anti-hipertensiva, o Cardamomo pode ser usado com
coadjuvante no manejo da hipertensão arterial leve em estágio inicial.

Por suas ações aromáticas e flavorizantes, remove mau gosto da boca, combate o mau hálito e a
xerostomia (boca seca). O mau hálito pode ocorrer devido à indigestão. Devido ao seu cheiro agradável e
devido às suas propriedades digestivas, manter um ou dois pequenos frutos de cardamomo, o que ajuda a
melhorar a digestão e aliviar o mau hálito. Ainda nos casos de boca seca e mau hálito, adicione 1 colher de
sopa de pó de cardamomo a um copo de água quente. Deixe-o em infusão por 10 minutos, coe e depois beba.
Faça duas ou três vezes por dia. Pode-se também enxaguar a boca com chá morno de cardamomo.

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MODO DE USO:

- Pó: 1 a 3 g ao dia, divididos em duas tomadas.

O pó, na dose de 250 mg a 500 mg, pode ser tomado juntamente com ghee ou mel.

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

Contraindicada na gravidez e lactação.

O seu uso excessivo pode prejudicar a fertilidade.

Pode ser tóxica em grandes doses ou com uso crônico, por mais de 3 meses.

De forma geral, é considerada uma planta segura, se usada corretamente.

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MELIA AZEDARACH

NOME POPULAR:

Brasil: Santa Bárbara, cinamomo, paraíso, lilás-de-soldado e nimbo.


Inglês: Persian Lilac, Pride of India.
Sânscrito/Ayurveda: Mahanimba, Manhanim, Mahaanimba, Bakayau,
bakain, gora-nim, Ramyaka, Dreka.

NOME CIENTÍFICO: Melia azedarach, L.


Esta espécie é originária da Índia, da Pérsia (atual Iran) e, talvez,
também da China. Por ter grande capacidade de proliferação e por ter sido
introduzida no Brasil há muitos séculos, acha-se naturalizada e
subespontânea em nosso País e em quase todos os países de clima tropical. É encontrada também no sul da
Europa e em alguns lugares dos Estados Unidos. Na Índia e na China, o caroço da planta é usado como amuleto
para proteção em casos de doenças contagiosas.

FAMILIA: Meliaceae

PARTES USADAS: Folhas e casca dos galhos. Óleo das sementes.

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor:
Folha: Amargo

Casca dos galhos: Amargo, adstringente, picante

Potência:
Folha: Quente

Casca dos galhos: Fria

Vipaka:
Folha: Doce

Casca dos galhos: Picante

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Ação nos doshas:
Folhas: Pacifica Pitta e Vata

Casca dos galhos: Pacifica Kapha–Pitta

Prabhava: Raktadoshahar: Purificador do sangue (Rakta)

Guna: Folha: Guna quente / Casca dos galhos: Guna Seca

Grahi: Espessante; qualidades estomacais, digestivas e de aquecimento


A Casca dos galhos seca os fluidos do corpo.

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

A grande dificuldade no estudo dessa planta era a suspeita de que seria venenosa. Sabe-se que o fruto
produz sintomas de paralisia e narcose em cães e gatos.

Segundo as escolas tradicionais indianas, a atividade biológica de Santa-Bárbara é devida à presença


de uma resina branco-amarelada, de difícil saponificação, que existe também no córtex do caule, associada à
fitosterina, ao ácido azedaráquico, a um tanino e à saponina.

Segundo a farmacopéia dos Estados Unidos, são atribuídas a esta planta propriedades tônicas e
estimulantes, sendo consideradas similar à quina verdadeira, indicada para o tratamento de febres intermitentes,
diarréias, reumatismo e gangrena.

Tem ação anti-inflamatória e analgésica. Apresenta propriedades tônicas e estimulantes, sendo


considerada similar à quina-verdadeira, indicada para o tratamento de febres intermitentes, diarreias e
reumatismos.

Seus principais constituintes químicos são ácido azedaráquico, fitosterina, tanino, paraisina
(alcalóide) e saponina. Seu tropismo é
amplo e inclui os sistemas imunológico, ginecológico, endócrino, osteoarticular, nervoso e cutâneo.

A Farmacocoeia Ayurvédica da Índia indicou o uso da casca de caule seca em maior frequência e
turbidez da urina, doenças de pele, náuseas e vômitos, asma, gastroenterite, tonturas e vertigens.

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Uma infusão da casca tem eficaz ação anti-helmíntica, especialmente contra áscaris. A atividade
reside na casca interna dos galhos, que é amarga, mas não é adstringente (casca externa contém taninos e é
adstringente).

A casca da raiz e as folhas são consideradas catárticas, vomitivas, anti-helmínticas e úteis no combate
a febres intermitentes e diarréia.

As folhas contêm quercitrina, rutina e tetranor-triterpenóides, salana, vilasina, ácidos azadrino e


meliotanônico. A quercetina tem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. A Rutina é um glicosideo-flavonol
composto por quercetina e rutinose, encontrado em muitas plantas. Ela tem atividades antidiabéticas, anti-
inflamatórias, antioxidantes, redutoras de oligômeros β-amilóides, antimicrobianas, antifúngicas,
neuroprotetoras e antialérgicas. As folhas e cascas são repelentes de insetos.

O extrato etanolico das folhas é fungicida e antibacteriano, atividade atribuída aos ácidos azadrino e
meliotanônico.

As folhas da planta exibem propriedades sedativas e psicoestimulantes, são consideradas ansiolíticas,


emenagogas, diuréticas, antilíticas, desobstruentes, anti-helmínticas e febrífugas. Além disso, ela tem ação
antifúngica, antisséptica, cicatrizante.

Também foram relatadas atividades antitumourais e antivirais.

A administração intraperitoneal de extratos parcialmente purificados de folhas verdes frescas reduziu


a propagação do vírus Tacaribe (que causa encefalite típica) a rins, fígado e cérebro em camundongos
neonatais inoculados.

O óleo de sementes é considerado antirreumático e inseticida, no uso externo.

A Gedunina, presente na planta, inibe o Plasmodium falciparum, enquanto o extrato de semente não
apresenta atividade antimalária contra P. berghei.

Os frutos de Melia azedarach contém o alcaloide aziridina, uma resina, ácido meliotanônico e ácido
benzoico, óleo, glicose, hidrocarbonetos e proteínas. Os constituintes amargos estão presentes exclusivamente
no pericarpo, não no grão da fruta.

Os frutos são considerados venenosos para o homem e para os animais; contêm melianoninol, melianol,
melianone, meliandiol, vanillina e ácido vanlícita.

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APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

A santa-bárbara é indicada como anti-inflamtório, antiálgico (tendo excelentes ação sobre dores
articulares) e vermífugo. Utilizada também no tratamento corrimento vaginal, asma, doenças da pele,
dermatites e dermatoses inflamatórias.
Atua como coadjuvante no tratamento do diabetes mellitus tipo II e da obesidade. É usada para
vermes intestinais e hemorroidas.

Pode ser coadjuvante nos casos de ansiedade, especialmente com agravação de Pitta.

Uso externo

Utiliza-se a decocção das folhas ou da casca dos ramos como antisséptico em banhos locais, nos casos
de feridas, dermatoses e ulcerações.

Ela também pode ser usada em forma de duchas vaginais nas leucoreiras.
Cataplasmas com a decocção das folhas são indicadas sobre partes inflamadas ou doloridas, por seu
efeito anti-inflamatório.
Óleos medicados com santa-bárbara e outras plantas anti-inflamatórias são muito usados em
massagens locais por pacientes com doenças de pele ou reumatismos.

MODO DE USO:

Pó, decocção, suco fresco, cataplasma e óleo medicado.

Uso interno
Pó: Folhas: 3 a 5 g do pó

Casca dos galhos: 5 a 10 g ao dia

Decocção: Folhas: 50 a 60 ml ao dia

Cascas dos galhos: 50 a 100 ml ao dia

35
Uso externo

Decocção: antisséptico para tratamento de úlceras cutâneas e feridas e duchas vaginais.

Cataplasma: utilizada para dores articulares e contusões.

Óleo medicado: mesmas indicações do cataplasma.

Outras informações

Na literatura botânica e química estrangeiras, há sensível confusão entre essa espécie e a Melia
azadirachta L. (Azadirachta indica Juss, Melia indica Brandis), sendo esta última a única fornecedora de casca
e óleo medicinal, sempre reputados de alto valor, sendo artigos de comércio em todo o Oriente (Garcia d’Orta),
há mais de quatro séculos e de há muito, admitidos na farmacopeia anglo-indiana sob os nomes de casca de
margosa ou Córtex margosae e óleo de margosa ou margosa oil, nomes estes de origem portuguesa evidente
e que ficaram até hoje. Essa árvore é, pois, o verdadeiro nimb, que os portugueses transformaram em nimbo.

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:
O fruto produziu paralisia e narcose em cães e gatos, além de ter apresentado toxicidade também para
o ser humano. Desde o início dos estudos sobre essa planta, existia a suspeita de que ela seria venenosa, o que
acarretou grande dificuldade nas pesquisas sobre ela. Hoje, entretanto, sabe-se que essa toxicidade está
concentrada apenas nos frutos.
Por medida de segurança, é contraindicado o seu uso durante a gravidez.

Pode ser tóxica em grandes doses ou com uso crônico, por mais de 3 meses.

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MORINGA OLEIFERA

NOME POPULAR:

Brasil: Moringa, acácia-branca, árvore-rabanete-de-cavalo, cedro, moringueiro e quiabo-de-quina.

Inglês: Drumstick plant, Moringa

Sânscrito/Ayurveda: Krishnagandha, Shigru

NOME CIENTÍFICO: Moringa oleifera

FAMILIA: Moringaceae

PARTES USADAS: Folhas, frutos, casca dos galhos, casca da raiz, sementes, óleo.

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Picante e amargo

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Potência: Quente

Vipaka: Picante

Ação sobre os Doshas: Pacifica Kapha e Vata

Prabhava: Guna leve, seca e aguda (intensa, forte)

Deepana - acende o Agni e melhora a digestão.

Hrudya - Bom para o coração. Tônica cardíaca

Visha - Anti tóxico. Tem ação desintoxicante.

Shukrala - Melhora a qualidade de sêmen e quantidade de esperma

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

Na classificação tradicional, Charaka inclui a Moringa nos seguintes grupos:

- Krimighna - grupo de ervas usadas para tratar infestação de vermes.

- Svedopaga – grupo de ervas usadas no Swedana (preparatório para o Panchakarma)

- Shirovirechanopaga - grupo de ervas usadas no tratamento Nasya (pré-Panchakarma)

- Katuka Skandha - grupo de ervas que têm gosto picante.

Charaka mencionou a Moringa como uma das ervas usadas na massagem em pó (Udwartana), útil em
casos de prurido, acne e urticária. (Referência: Charaka Samhita Sutrasthana 3º capítulo)

Sushruta e Vagbhata incluem a Moringa no Grupo Varunadi, pois ela é um ingrediente do famoso
medicamento ayurvédico chamado Varanadi kashayam, uma fórmula tradicional para aumentar o fogo
digestivo e combater a obesidade e as cefaleias.

38
Propriedades de acordo com o texto Bhojana Kutuhalam:

De acordo com o Bhojana Kutuhalam, em seu décimo segundo capítulo, as folhas de Shigru, quando
usadas como vegetal, transmitem sabor, aliviam os distúrbios relacionados aos Doshas Vata e Kapha. Tem
sabor picante, potência quente, ação Deepana - estimula o fogo digestivo, é saudável para o corpo, combate
vermes intestinais e promove a digestão.

O fruto do Shigru branco tem potência fria, é afrodisíaco, tem Guna pesasa e viscoa, aumenta o Dosha
Kapha e é pesado para digestão. Estimula o fogo digestivo, alivia Vata e Pitta, transmite brilho à pele e trata
hemorroidas e diabetes.

O fruto do Shigru vermelho tem sabor picante e doce, Guna untuosa e penetrante, potência fria e é
pesado para digestão. Melhora a clareza da visão, aumenta a produção de leite materno, é afrodisíaco, nutritivo
e limpa a bexiga. Trata desordens de Medha Dhatu, combate desordens abdominais, infestação de vermes,
dispneia, comprometimento da voz e edemas. As raizes aliviam os desequilíbrios do Dosha Vata, promove a
força, é quente em potência e estimula o fogo digestivo.

As flores de Shigru são pesadas para digestão, frias em potência, aliviam Pitta e Kapha, tratam vermes
intestinais, melhoram a clareza da visão, aumentam a quantidade de sêmen, transmitem gosto ao paladar,
nutrem o corpo, estimulam o fogo digestivo e soltam os intestinos.

O óleo tem sabor picante, potência quente, alivia Vata e Kapha dosha, tem Guna viscosa, ajuda no
tratamento de doenças de pele, feridas, coceiras e edemas.

Valor Nutricional

A Moringa é considerada uma planta altamente nutritiva. Até mesmo suas folhas são ricas em
nutrientes, como vemos na tabela abaixo, sobre o conteúdo de aminoácidos em 100 g de folhas.

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TABELA 3 – CONTEÚDO DE DIVERSOS AMINOÁCIDOS EM 100 G DE FOLHAS FRESCAS
OU SECAS DE MORINGA.

FOLHAS FRESCAS FOLHAS SECAS


AMINOÁCIDO (mg / 100 g) (mg / 100g)

Arginina 406.6 mg 1,325 mg

Histidina 149.8 mg 613 mg

Isoleucina 299.6 mg 825 mg

Leucina 492.2 mg 1,950 mg

Lisina 342.4 mg 1,325 mg

Metionina 117.7 mg 350 mg

Fenilalinina 310.3 mg 1,388 mg

Treonina 117.7 mg 1,188 mg

Triptofano 107 mg 425 mg

Valina 374.5 mg 1,063 mg

40
TABELA 4 – CONTEÚDO DE VITAMINAS E MINERAIS EM 100 G DE FOLHAS FRESCAS OU
SECAS DE MORINGA.

VITAMINAS E FOLHAS FRESCAS FOLHAS SECAS


MINERAIS (mg / 100 g) (mg / 100g)

Caroteno (Vit. A) 6.78 mg 18.9 mg

Tiamina (B1) 0.06 mg 2.64 mg

Riboflavina (B2) 0.05 mg 20.5 mg

Niacina (B3) 0.8 mg 8.2 mg

Vitamina C 220 mg 17.3 mg

Cálcio 440 mg 2,003 mg

Calorias 92 cal 205 cal

Carboidratos 12.5 g 38.2 g

Cobre 0.07 mg 0.57 mg

Gorduras 1.70 g 2.3 g

Fibras 0.90 g 19.2 g

Ferro 0.85 mg 28.2 mg


Magnésio 42 mg 368 mg

Fósforo 70 mg 204 mg

Potássio 259 mg 1,324 mg

Proteínas 6.70 g 27.1 g

Zinco 0.16 mg 3.29 mg

41
APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

Por sua ação Deepana, Moringa é útil para melhorar estado de má digestão, inapetência, perda do
paladar, diarreias, verminoses, e especialmente nos desequilíbrios Kapha e Vata.

Devido à sua ação Shukrala, é indicada para melhorar a qualidade de sêmen e quantidade de esperma
em estados de infertilidade e disfunções do Shukra Dhatu. Como um tônico do coração (Hrudya) e dos olhos,
melhora a circulação, remove edemas e melhora a visão.

Tem ação desintoxicante (Visha – Anti-tóxica) e é útil na limpeza da pele e do sangue, sendo útil em
casos de abscessos, ajudando na cicatrização rápida da ferida dos abscesso, tanto na ingestão oral e na aplicação
externa como pasta.

Moringa é tônica do metabolismo de Meda Dhatu, mostrando-se útil para diminuir a gordura e ajudar
no manejo da obesidade.

É considerada uma boa erva anti-inflamatória.

Tradicionalmente é descrita em doenças relacionadas ao baço e consra nos tetxos com uma erva para
tratar Gulma (inchaço abdominal e tumores) e linfadenites.

MODO DE USO:

- Pó das folhas: 1 a 2 g ao dia, divididas em 2 tomadas ao dia

- Extrato seco das folhas: 400 mg ao dia, dividias em 2 tomadas ao dia

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

Seu uso pode causar sensação de queimação, por aumentar Pitta e desequilibrar o sangue. Assim, não
deve ser consumida durante os distúrbios hemorrágáticos, durante a menstruação e para pessoas com espinhas
e doenças de pele relacionadas a Pitta.

Contraindicada na gravidez e lactação.

Pode ser tóxica em grandes doses ou com uso crônico, por mais de 3 meses.

De forma geral, é considerada uma planta segura, se usada corretamente.

42
ROSMARINUS OFFICINALIS

NOME POPULAR:

Brasil: Alecrim

Inglês: Rosemary

Sânscrito/Ayurveda: Rujamari, Rusmari.

NOME CIENTÍFICO: Rosmarinus officinalis L.

FAMILIA: Lamiaceae (Labiatae) / Papilionaceae

PARTES USADAS: Folhas, secas ou frescas, colhidas na floração.

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Picante e amargo

Potência: Quente

Vipaka: Picante

Ação sobre os Doshas: Pacifica Vata e Kapha; em excesso pode aumentar Pitta.

Prabhava: Tem ação Rasayana, poderoso rejuvenescedor.

Atua no Rasa, Rakta e Majja Dhatus. Incrementa o Agni, ajuda a digerir Ama.

Ativa a circulação e ainda atua como tônico cerebral.

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

A droga contém pelo menos 1,0 a 2,5% de óleo essencial volátil, em relação às flores secas. (13, 14).
O óleo essencial contém de 10 a 20% de cânfora. (15)

Contém diterpenos, triterpenos, derivados do ácido cafeico, flavonóides. (14, 15, 16)

43
O principal agente ativo é o óleo essencial. (14)

Segundo as monografias da ESCOP (16), o Alecrim apresenta as seguintes propriedades farmacológicas,


embasadas por pesquisas in vitro e com animais in vivo :

• Ação colagoga, colerética e anti-hepatotóxica.


• Ação antiespasmódica e anticonvulsivante.
• Ação anti-oxidante e citotóxica (inibidora de tumores).
• Ação antimicrobiana e anti-inflamatória.
• Ação antiviral
• Ação hiperglicemiante (em coelhos).
• Estimulante do SNC (em ratos).

Outras Pesquisas experimentais:

• Ação antiespasmódica sobre os ductos biliares, vesícula e intestino delgado. (13, 14)
• Efeito inotrópico positivo (13, 14).
• Aumenta o fluxo através das artérias coronarianas (13, 14, 15).
• Ação antibacteriana e antifúngica (15).
• Atividade anti-complemento e antioxidante (15).

Em Humanos:

• Ação irritante da pele (13, 14).


• Estimula e aumenta o suprimento de sangue do corpo - no uso externo (13).
• Ação emenagoga (15).

44
APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

- Queixas dispépticas (13, 16).

- Dispepsia flatulenta (15).

- Cefaléias (15).

- Perda do apetite (14).

- Queixas hepatobiliares (14, 16).

Uso Externo

- Terapia de suporte para doenças reumáticas e distúrbios circulatórios (13, 14, 16).

- Mialgias, ciatalgias e neuralgia intercostal (15).

- Promoção de cura de feridas e como um antisséptico (16).

MODO DE USO:

Uso Interno
- Pó: 4 a 6 g do pó ao dia (13,14).

- Infusão: 2 a 4 g, três vezes ao dia (15, 16).

- Extrato Líquido (1:1 em 45% de álcool): 2 a 4 ml, 3 vezes ao dia (15, 16).

- Tintura (1:5, 70% de etanol): 3 a 8,5 ml ao dia (16).

- Óleo essencial: 2 gotas 2 x ao dia (13).

- Vinho de Alecrim: Colocar 20 g da droga em 1 litro de vinho puro. Deixe repousar por 5 dias, agitando
ocasionalmente (14).

Uso Externo
- 50 g da erva para um banho de corpo inteiro (13, 14).

45
- 6 a 10 % do óleo essencial em preparações semi-sólidas e líquidas, para uso externo (13, 14).

- Extrato etanólico (1:20) (15).

- Óleo essencial (2% V/V) em etanol, como um antisséptico (14).

- 1 litro de decocção (1:20) adicionados à água do banho (2 x / semana) (16).

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

O Alecrim é apontado como um abortivo e afeta o ciclo menstrual (ação emenagoga). É


contraindicado o uso durante a gravidez ou lactação (14, 15, 16).
Contraindicado no uso oral e para pacientes epiléticos, pelo conteúdo de cânfora no óleo essencial (10
a 20%), que é um agente potencialmente epiletogênico, se usada em quantidades suficientes (15).

Não há registros de efeitos colaterais com o uso adequado dessa planta.

Alergias de contato são observadas ocasionalmente (14).

Fotossensibilidade foi associada ao óleo essencial (15).

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TRIGONELLA FOENUM GRAECUM

NOME POPULAR:

Brasil: Feno grego

Inglês: Fenugreek seed

Sânscrito/Ayurveda: Methi, medika, Methikaa, Vastikaa

NOME CIENTÍFICO: Trigonella foenum-graecum L.

FAMILIA: Fabaceae / Leguminosae

PARTES USADAS: Sementes maduras e secas; vagens, folhas e sumidades floridas.

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Amargo, picante e doce


Potência: Quente

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Vipaka: Picante
Ação sobre os Doshas: Pacifica Vata e Kapha; aumenta Pitta
Prabhava: Tem ação tônica geral, reconstituinte e revitalizante. É amplamente relatado no Ayurveda
seu efeito formador do sangue, imunizante e estimulante geral.

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

Composição Química: (13, 15)

Carboidratos (45 a 60%): Principalmente fibras mucilaginosas (galactomanans)

Proteínas (20 a 30%): Proteínas ricas em Lisina e Triptofano.

Lipídios (5 a 10%): Óleos fixos

Alcalóides tipo piridínicos: Principalmente a trigonelina (0,2 a 0,36%), a colina (0,5%) a gentianina
e a carpaína.

Flavonóides: Flavonas (apigenina, luteolina), glicosídeos (orientina, quercetina, vitexina e


isovitexina).

Saponinas: Alguns glicosídeos produzem saponinas esteroidais por hidrólise.

Aminoácidos livres: Arginina, histidina, lisina, 4-hidroxi-isoleucina (0,09%).

Vitaminas: incluindo ácido nicotínico.

Minerais: Cálcio, ferro.

Colesterol e sitosterol; Vitaminas A, B1, C e ácido nicotínico.

Óleos essenciais (0,015%): n-alcanos e sesquiterpenos.

• Secretolítica (13, 15).


• Hiperemiante (13, 15).
• Antisséptica leve (13, 15).
• Hipoglicemiante (14, 15).
• Demulcente (13, 15)
• Tem ação carminativa, aperiente, emenagoga, expectorante e diurética. Está descrita também sua
ação tônica do sistema nervoso.Tem tropismo para os sistemas digestivo, respiratório, urinário e
reprodutivo (20).

48
Às sementes de Feno-grego têm sido atribuídas ações anti-diabéticas, redutoras do colesterol e
hipolipemiantes de modo geral. Em experimentos com animais diabéticos, preparações à base dessa planta
demonstraram ser capazes de reduzir as taxas de glicemia pós-prandial. Foi também descrita uma atividade
hipoglicemiante dos extratos totais das sementes, em seres humanos sadios. Foi também relatada redução
significativa das concentrações do colesterol plasmático em pacientes diabéticos. Em forma de infusão, as
sementes do Feno-grego mostraram ação hipoglicemiante em animais (15).

As sementes apresentam alcaloides, incluindo trigonellina, gentianina e carpaina; saponinas, baseadas


principalmente nas sapogeninas, diosgenina e seu isômero yamogenin, gitogenina e tigogenina; flavonoides,
incluindo vitexina e seus gllicosides e ésteres e luteolina; um óleo volátil em pequenas quantidades. A
mucilagem é principalmente um galactomanan. Um éster de peptídeo de sapogenina C-esteróide, fenugregína,
exibiu atividade hipoglicêmica. Cerca de 80% do conteúdo total de aminoácidos livres nas sementes está
presente como 4-hidroxisoleucina, que parece estimular diretamente a insulina (Eur J Pharmacol, 390, 2000;
Base de Dados Abrangente de Medicamentos Naturais, 2007). Extratos ricos em saponina reduzem os níveis
sanguíneos do colesterol. A fração fibrosa das sementes também causa uma redução nos lipídios sanguíneos
(11).

APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

As monografias da European Scientific Cooperative on Phytotherapy (ESCOP) e da OMS (WHO


monographs) indicam o uso de sementes na terapia adjuvante para diabetes mellitus, anorexia, também nos
estados de hipercolesterolemia (11).

Indicado para reconstituir os organismos debilitados e convalescentes, por ser capaz de devolver-lhes
o apetite, recuperar o peso e aumentar a formação e liberação dos glóbulos vermelhos do sangue (13, 15, 20)
Tradicionalmente, as sementes do Feno-grego são usadas para tratar anorexia, dispepsia, gastrite e
casos de convalescença (15).
Assim como os compostos do óleo de fígado de bacalhau, os constituintes das se- mentes do feno-
grego estimulam o apetite por sua ação sobre o sistema nervoso. Por seus componentes nutricionais, alguns
autores afirmam que essa planta pode ser empregada como um substituto para o óleo de fígado de bacalhau,

49
em todos os casos em que esse é indicado, incluindo os casos de anemia e debilidade que se seguem às doenças
infecciosas ou às neurastenias e no emagrecimento causado por esgotamento nervoso. Essa planta é
recomendada também em casos de gota úrica e como um coadjuvante na abordagem do diabetes. O feno-grego
pode ser empregado como auxiliar nos tratamentos de artrites e dores ciáticas. Sua ação imunizante estimula
as defesas do corpo para combater episódios de furúnculos recorrentes. Suas sementes são muito usadas em
casos de cólicas intestinais, flatulências, disenterias, dispepsias com perda do apetite e nas diarreias com
inflamação intestinal. Quando usadas para inibir diarreias, as sementes são fritas em ghee e misturadas com sal
marinho e sementes de erva-doce, sendo transformadas numa pasta. Nas disenterias, elas são geralmente
torradas, pulverizadas e dadas em infusão ou decocção. O feno-grego tem efeitos sobre o sistema respiratório,
melhorando quadros de gripes, dores de garganta, tosses crônicas, bronquites e alergias respiratórias. Seu efeito
diurético pode ser aproveitado também em casos de retenção hídrica e edemas. A infusão de feno-grego
adicionada a uma quantidade igual de pó do grão de trigo tostado torna-se um bom substituto para o café e uma
bebida refrescante. Transformadas em sopa, essas sementes servem para aumentar o fluxo do leite materno,
sendo dadas como dieta a nutrizes (20).

Uso Externo

Em forma de compressas sobre inflamações locais. (13, 15)

Topicamente, é indicado para o tratamento de furunculose, mialgias, linfadenites, gota, feridas e


úlceras de perna (15).

As sementes são aplicadas no couro cabeludo para promover o crescimento dos cabelos e evitar sua
queda. A farinha das sementes é usada como cataplasma sobre locais inflamados e sobre a pele como cosmético.

Os cozimentos concentrados das sementes produzem uma abundante geleia para banhos de assento.
Suportavelmente quentes, esses banhos aliviam os sintomas das hemorroidas (20).

MODO DE USO: (13, 15, 20)

50
Uso Interno

Pó: 3 a 6 g do pó ao dia
Extrato Fluido 1:1: 6 ml ao dia
Tintura 1:5 (g / ml): 30 ml ao dia
Extrato seco 3 a 4:1: 1,5 a 2 g ao dia

Uso Externo

Compressa: 50 g do pó para ¼ de litro de água (13, 15).

CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:

Aplicações repetidas de compressas locais podem causar irritações locais e reações cutâneas
indesejáveis (13, 15).

Na falta de dados sobre sua segurança, recomenda-se evitar o uso na gravidez e lactação (15, 20).

51
CANNANBIS SATIVA

NOME POPULAR:

Brasil: Cânhamo, Canabis, Maconha.

Inglês: Hemp, Indian hemp, Canabis, Marijuana.

Sânscrito/Ayurveda: Vijaya (Bhavprakash Nighantu - C. indica)

Hindi: Bhanga, Bhang ou Bhaang (folhas, caules), Charas/Hashish (resina), Ganja ou Gaanja (flores
não fertilizadas e topos de frutos com resina), Ananda, Chapala.

NOME CIENTÍFICO: O gênero Cannabis é composto por 3 espécies: Cannabis sativa L., Cannabis indica
Lam., Cannabis ruderalis Janisch

Botanicamente todas as três espécies são diferenciadas em alguns aspectos específicos, mas devido
ao cruzamento e domesticação, muitas variações de fenótipos surgiram adicionando confusão de espécies de
Cannabis.

- Cannabis sativa: A planta é mais alta (2 a 6 m), as folhas mais longas e finas, esparsamente
ramificadas, contendo alto teor de THC e baixo teor CBD em comparaçao com Cannabis indica.

52
- Cannabis indica: A planta é mais curta (1 a 2 m), ramificação mais densa, as folhas têm cor
verde escura são mais curtas, floração determinada pela luz do dia que recebe. Tem mais alto teor
de CBD e baixo teor de THC, em comparação com a Cannabis sativa.

- Cannabis rudrealis: Planta mais curta (0,3 a 0,6 m), pouco ramificada, floração independente
da luz que receber, naturalizadas em todo o mundo, baixo teor de THC e moderado teor de CBD
e por isso é usado por alguns fabricantes de maconha medicinal, como um adulterador (33).

FAMILIA: Cannabaceae

PARTES USADAS: Flores (inflorescências), folhas, sementes; a planta toda.

PROPRIEDADES AYURVÉDICAS:

Sabor: Amargo

Potência: Quente

Vipaka: Picante

Ação sobre os Doshas: Pacifica Vata e Kapha, aumenta Pitta


Prabhava: Tem efeito Vyavayi (espalha-se pelo corpo antes de ser digerida).
Ação Madakari, ou seja, capacidade de produzir efeito narcotizante.
Gunas: Leve, intensa.

Não foram encontradas referências exatas sobre a Vijaya nos Vedas ou nos Granthas Samhitas
(Charak, Vagbhata ou Sushrut Samhita). No entanto, o nome Soma e Bhanga forneceu uma base para o debate
para muitos autores sobre a existência de Vijaya nos períodos Védico e dos Samhitas. No Atharva Veda uma
planta denominada Bhanga é mencionada como uma das cinco plantas sagradas, denominadas “Soma”.
Estudiosos cujas opiniões podem ser levadas em consideração concordam com o ponto de vista de que o antigo
termo “Soma” realmente se refere a Bhanga, pois Bhanga passou a ser, posteriormente, descrita como “Soma”,
conhecida por suas propriedades rejuvenescedoras (34).
Há cerca de 43 sinônimos atribuídos para o nome Vijaya em vários textos clássicos do Ayurveda,
escritos durante diferentes tempos. Os usos medicinais de Vijayi podem ser rastreados também nos textos

53
ayurvédicos escritos durante o período medieval (29, 32, 33). As principais referências sobre a planta são
encontradas no Período Nighantu (aproximadamente 700 EC a 1498 EC), uma era que testemunhou o
desenvolvimento de vários compêndios sobre a identificação e propriedades terapêuticas de substâncias
medicinais importantes, tais como Chakradatta, que revelou esta erva na Kushtha Chikitsa; Bhavaprakasha no
Raja Nighantu e Nasadhikara no Shodala Nighantu (32, 33).

Mitologia sobre a Origem e Usos da Cannabis

Assim como muitas outras importantes plantas medicinais utilizadas no Ayurveda, afirma-se que a
Cannabis tem origem do néctar (amrta) após a agitação do oceano. Afirma-se que a folha desta planta é como
um trisula do deus Shiva, isso devido aos folíolos das folhas, que possuem extremidades pontiagudas e afiladas,
serrilhadas nas margens, semelhantes ao tridente de Shiva.
Aqueles que poderiam utilizar Vijaya foram divididos em quatro categorias:

I- Sacerdotes, ascetas, faquires, iogues e sanyasis: A Cannabis auxilia-os na meditação e na


realização de rituais religiosos.
II- Seguidores do deus Shiva, da deusa Durga, Hanuman etc.: Eles compartilham da planta após a
cerimônia ou puja, com o objetivo de adquirir benefícios materiais e espirituais. Após o puja, ela
é distribuída entre os membros familiares e outros parentes em ocasiões festivas como Holi,
Durgapuja e Sivaratri.
III- Pessoas expostas a trabalho físico pesado: A droga alivia sua dor e fadiga.
IV- Pacientes: Alivia-os de seus distúrbios psíquicos, somáticos e psicossomáticos.

De acordo com um texto médico tântrico, a Cannabis é útil para sidhas (aqueles que buscam a
perfeição espiritual), para munis (sábios ou pensadores), mulheres, pessoas de todas as castas (brahmanas,
ksatriyas, vaisyas e sudras), iogues (aqueles que se dedicam à meditação), crianças, idosos, pacientes, pessoas
impotentes e para aqueles que possuem muitas esposas (34).

54
AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

Após extensas revisões da planta, diferentes autores têm constatado que muitas evidências relatadas
em textos clássicos do Ayurveda sobre Vijayi, não foram exploradas nem apresentadas de forma sistemática.
Este tesouro, se explorado, poderá servir aos pesquisadores para o estudo mais profundo e extensivo desta
planta.
O uso de Cannabis como medicamento está relatado na farmacopeia mais antiga do mundo. O Pen-
Ts’ao Ching (China, 2.700 a.C) relata o uso do chá da planta para tratar a falta de memória, dores reumáticas
e malária.
Todavia, a sua importância como medicamento na China nunca atingiu a mesma proporção do que na
Índia, onde há relatos desde 1000 a.C. de seu uso em rituais religiosos, e seu uso medicamentoso inclui ação
como analgésico, anticonvulsivante, hipnótico, tranquilizante, anestésico, anti-inflamatório, antibiótico,
antiparasitário, antiespasmódico, pró-digestivo, estimulante do apetite, diurético, afrodisíaco ou anafrodisíaco,
antitussígeno e expectorante. O uso medicinal de Cannabis permaneceu intenso na Índia no início da era cristã,
sendo posteriormente disseminado para o Oriente Médio e para a África, na qual é conhecida desde o século
XV (30, 31).

Classificação
Vijaya foi descrita por certos textos Ayurvédicos como pertencente ao Upavisa Varga (Grupo de
plantas sub-tóxicas), o que pode ser devido aos relatos de ações no Sistema Nervoso Central, se usada em doses
excessivas. É interessante notar que Vijaya é classicamente também chamado de Rasayana - promotor da vida,
um aparente paradoxo considerando que ela foi listada também como um dos "Upa-visha". "Visha"
etimologicamente significa “causar angústia ou tristeza”, ou seja, sintomas opostos à vida. Em tradução livre,
Visha pode ser chamado de toxina ou tóxico. As manifestações que são semelhantes às propriedades de Visha,
mas que causam menos efeitos e apenas imediatos, são denominadas como "upa-visha", o que poderia
significar sub-tóxica.
No entanto, alguns Nighantus do Ayurveda detalham Vyjaya sob diferentes grupos de plantas, como
por exemplo Guduchyadi, Karviradi, Abhayadi, Ksupa, Ausadhi e Satapshpadi Vargas (29).
Quase 30 propriedades farmacológicas e indicações são descritas para Vyjaya nos textos ayurvédicos,
entre elas: induz o sono, melhora a capacidade reprodutiva, fornece forças para o trato gastrointestinal,

55
diurética, alivia sintomas de delírio, indicado em condições de doenças como insanidade, debilidade nervosa,
transtornos urinários (micção excessiva - diabetes), hematúria, cólicas renais, menorragias, dismenorreia,
dores gástricas, cólicas e dores intestinais, hemorroidas, dispepsia, enxaquecas, tosse, asma, emaciação, febres,
feridas (20).
No Ayurveda, Vijaya é descrita com tendo ações Deepana (acende o Agni, promove secreções de
enzimas digestivas), Pachana (favorece a digestão de Ama), Grahi (efeito anti-diarreico, secativo), Ruchya
(promove o paladar e o olfato e intensifica o sabor), Madakari (efeito narcotizante) e Medhya (cognitiva,
promotora do intelecto) e em todos os casos ela tem absorção e ação rápida (Vyavayi). Também é descrita como
tendo ação Rasayana, no contexto de que é considerada uma erva tônica e rejuvenescedora, que ajuda a
alimentar todos os Dhatus e promove Ojas, desde que usada de forma correta e nas doses preconizadas (29,
31).
O uso medicinal de Cannabis permaneceu intenso na Índia no início da era cristã, sendo
posteriormente disseminado para o Oriente Médio e para a África, na qual é conhecida desde o século XV (30,
31).
Nas primeiras décadas do século XX, o uso medicinal da Cannabis no ocidente diminuiu
significativamente. Naquela época, os seus princípios ativos ainda não haviam sido isolados e a droga era
utilizada na forma de tinturas ou extratos cujo poder dependia de diferentes fatores e, além disso, muitas
restrições legais limitaram o uso médico e a experimentação da Cannabis.
Na segunda metade do século XX, a Cannabis alcançou grande importância social devido à explosão
de seu consumo para fins hedonistas. Desde a década de 1960, o uso recreativo da Cannabis rapidamente se
espalhou entre as faixas mais jovens da população em todo o mundo ocidental. Nos Estados Unidos, o
percentual de adultos jovens que haviam usado Cannabis, pelo menos uma vez, passou de 5%, em 1967, para
44%, 49%, 68%, e 64%, em 1971, 1975, 1980 e 1982, respectivamente. Este uso permanece alto até hoje. Em
1964, a estrutura química de D9-THC foi identificada por Gaoni e Mechoulam, que contribuíram para a
proliferação de estudos sobre os constituintes ativos da Cannabis.
No início de 2005, um laboratório farmacêutico multinacional recebeu a aprovação no Canadá para
comercializar um medicamento contendo D9-THC e CBD para o alívio da dor neuropática em pacientes com
esclerose múltipla. Assim, começa um novo ciclo para o uso de derivados da Cannabis como medicamento,
desta vez mais consistente do que no passado. As estruturas dos compostos químicos derivados da Cannabis
são agora conhecidas, os mecanismos de sua

56
ação no sistema nervoso estão sendo elucidados com a descoberta de um sistema canabinoide endógeno, e a
eficácia e segurança do tratamento estão sendo cientificamente comprovadas (31).

Atualidades
A Cannabis tem ganhando interesse devido ao seu uso medicinal em doenças crônicas e debilitantes
como a Esclerose Múltipla (EM), Mal de Parkinson, Fibromialgia (FM), dores crônicas e para muitas formas
de cânceres que foram aparentemente conduzidos para a remissão com seu uso. As preparações medicinais são
vívidas e seu uso é principalmente relacionado ao seu conteúdo ativo de seus princípios ativos.
O principal componente psicoativo da Cannabis é o Tetra-Hidro-Canabinol (THC), que é um dos 483
compostos onhecidos na planta, incluindo pelo menos 84 outros canabinóides, como canabidiol (CBD) - que
não apresenta efeito psicoativo, o canabinol (CBN), tetrahidrocanabivarina (THCV) e canabigerol (CBG).

APLICAÇÕES-CHAVES:

Uso oral:

Vijaya já era conhecida no Ayurveda antigo por ter propriedade estimulante do sistema nervoso, sendo
por isso indicada para ajudar no alívio da exaustão nervosa, dores de cabeça periódicas, enxaquecas, vômitos
nervosos, delírio, neuralgia e convulsões. Era usada como aperitivo para auxiliar no aliviar de disfunções
intestinais, diarreias, disenterias, hemorroidas e dispepsias. As folhas da planta são indicadas para tratar insônia,
traumas emocionais e dores musculares por tensão. Suas folhas também são usadas para dar alívio nos casos
de coceiras, doenças de pele, feridas e úlceras (32).

As indicações médicas da Cannabis, no início do século XX foram descritas na Ciclopedia Analítica


da Medicina Prática de Sajous (Charles E.M. Sajous e Louise T.M. Sajous, 1924), resumidas em três áreas
(31):

1) Sedativo ou Hipnótico: na insônia, insônia senil, melancolia, mania, delirium tremens, coreia, tétano, raiva,
febre do feno, bronquite, tuberculose pulmonar, tosse, agitação paralisia, bócio exoftálmico, espasmo da bexiga
e gonorreia.

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2) Analgésico: em dores de cabeça, enxaqueca, tensão ocular, menopausa, tumores cerebrais, neuralgia do
trigêmio, neuralgia, úlcera gástrica, gastralgias, indigestão, tabes dosalis, neurite múltipla, dor não devido a
lesões, distúrbios uterinos, dismenorreia, inflamação crônica, menorragia, aborto iminente, hemorragia pós-
parto, reumatismo agudo, eczema, prurito senile, formigamento e dormência da Gota úrica e para alívio da dor
dentária.

3) Outros usos: para melhorar o apetite e a digestão, para a 'anorexia pronunciada após doenças exaustivas',
neuroses gástricas, dispepsia, diarreia, disenteria, cólera, nefrite, hematúria, diabetes mellitus, palpitação
cardíaca, vertigem, expiação sexual no feminino e impotência no masculino.

Por suas ações farmacológicas tradicionais, encontram-se indicações antigas em casos de cólicas
renais, hematúria, menorragia, dismenorreia, dores gástricas, cólicas e dores intestinais, hemorroidas,
dispepsia, enxaquecas, tosse, asma, emaciação, febres, feridas (20).

MODO DE USO:

- Gaanja:

As extremidades floridas e frutíferas da planta de Cannabis fêmea contêm resina. Quando esses partes
são coletados sem qualquer expulsão de resina, isso constitui a matéria-prima tradicionalmente chamada de
Gaanja. Resumindo, as flores e frutos ficam cobertas com uma resina exsudada que a impede de fertilizar suas
sementes. Este princípio narcótico que só é desenvolvido nas flores não fertilizadas desaparece completamente
após a fertilização ter ocorrido. Anteriormente, Gaanja costumava ser coletado de plantas selvagens, que era
considerada superior, mas após a proibição da Cannabis de 1980, Gaanja é coletada apenas de plantas
cultivadas na Índia sob controle do governo.

Uso medicinal de Gaanja

Tradicionalmente, Gaanja é considerado um excelente tônico cerebral e terapêutico em todos os


distúrbios do cérebro e tecido nervoso. É um estimulante, euforizante, analgésico, sedativo, aperitivo, diurético,
aumenta a secreção de enzimas digestivas, expectorante, hemostático, estimulante das contrações uterinas,
afrodisíaco, tônico e redutor da sensação de dor periférica na pele.

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Doses excessivas causam delírios, perda da sensação nas extremidades, sedação intensa e dilatação
das pupilas. A fase pós sedação gera apetite extremo.
Em altas doses é um bom anestésico e em tempos anteriores (mesmo nos dias de hoje), certos
terapeutas indianos usavam-na como anestésico para extração de dentes e para fazer pequenas incisões.
Gaanja fumada em quantidades controladas é altamente útil para tratar tosse seca e asma, pois reduz
a inflamação dos alvéolos e limpa as vias pulmonares inflamadas.
A aplicação tópica da pasta de Gaanja reduz o prurido e a sensação de queimação em distúrbios como
a psoríase.
Gaanja é considerada eficaz para tratar distúrbios uterinos, tais como sangramento excessivo e cistos
ovarianos. O fato de ser um bom contrator uterino ajuda a conter o sangramento. Tem ação benéfica sobre os
ovários, reduzindo cistos, tumores e promovendo boa qualidade do óvulo. Não deve ser usada durante a
gestação, pois pode induzir abortos - a menos que seja no momento de trabalho de parto.
Gaanja é tradicionalmente descrita como afrodisíaca. Hoje, explica-se sua ação por meio de respostas
cerebrais e espinhais que aumentam o fluxo para o órgão masculino. Além disso, diminui a ansiedade de forma
controlada, para que a pessoa possa reter a ereção e alongar a ejaculação. Sábios e devotos de seitas e tradições
espirituais da Índia antiga, como os Aghori e Nath sadhus, dedicados a rituais sexuais tântricos, são conhecidos
por aplicar Gaanja no pênis para retardar e controlar a ejeção.
Da mesma forma, Gaanja ajuda as mulheres a retardar e controlar orgasmos e aliviar o estresse
relacionado às oscilações hormonais.
Tradicionalmente, seu uso controlado, juntamente com exercícios de Tantra, ajuda a alcançar um nível
mais alto de consciência, embora haja uma linha tênue entre o uso e o abuso.
Historicamente, Gaanja tem sido observado com um dos medicamentos mais seguros, sem mortes
relatadas com seu uso ou abuso.
Gaanja torna-se ineficaz à medida que envelhece e, portanto, deve ser sempre usado fresca.

2- Bhaang

Bhaang (Siddbi, Suhji, Patti) é um termo obscuro, sem definição exata do que constitui
especificamente, podendo ser considerado como um termo perdido na história. Muitas vezes, Bhaang e Gaanja
são usados como sinônimos, tanto que o termo Bhaang no norte da Índia, na maioria das vezes, inclui Gaanja;

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enquanto no sul da Índia, o uso do termo Gaanja é sinônimo de inclusão de Bhaang. Para ser historicamente
mais preciso, Bhaang refere-se à mistura de folhas frescas ou semi-secas, juntamente com os caules da planta
da Cannabis fêmea, mas a definição atual de Bhaang inclui folhas secas de plantas machos e fêmeas, com
inclusão ocasional da cabeça de flor fêmea e às vezes a flor masculina como adulteração. As flores podem ter
sido adicionadas para aumentar a ação narcótica de Bhaang, com fins comerciais. Restringindo-se aos dados
históricos do seu uso tradicional, parece altamente provável que Bhaang consista da coleta de folhas molhadas
e/ou semi-secas e caules de plantas da Cannabis fêmea.

Uso medicinal de Bhaang

Bhaang, como medicamento, é usado praticamente do mesmo modo que Gaanja. Tem ações
semelhantes a esta, mas suas ações são mais pronunciadas no estômago e no intestino, em oposição a Gaanja
cuja ação está mais no cérebro.
Bhaang é considerado um excelente medicamento para Distúrbios Inflamatórios do Intestino (Doença
de Crohn, síndrome do intestino irritável, doença celíaca, etc.), nas quais ocorre diarreia acompanhada de
inchaço, muco e sangue.
Bhaang aumenta a produção de urina e é um excelente medicamento para tratar infecções crônicas do
trato urinário. No entanto, deve ser acompanhado com ervas adicionais no caso de estar acompanhada de
sangramento.
A dose das folhas é de 2,5 grama para uso interno.
O pó das folhas aplicado a feridas recentes promove a granulação. Uma compressa de Bhaang fornece
alívio instantâneo na dor quando aplicado a inflamações locais, erisipelas, dores neurais e até mesmo
hemorroidas.
As folhas originam um bom rapé para aliviar dores e rigidez na região da cabeça, útil em casos de
infecção sinusal, devido às suas propriedades expectorantes. Algumas gotas de suco de folha quente
quando incutido curar dores de ouvido.
Bhaang, semelhante a Gaanja, torna-se inútil à medida que envelhece e perde sua validade dentro de
um ou dois anos.

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3- Vijaya

Os textos ayurvédicos descrevem as ações biológicas de Vijaya com base em suas propriedades. A
literatura disponível descreve as seguintes propriedades:

Deepana (promove secreções de enzimas),

Pachana (digestivo),

Ruchya (estimula olfajás e paladar),

Madakari (intoxicante),

Vyavayi (ação rápida),

Grahi (efeito secador),

Medhya (cognitivo),

Rasayana (promove a vida).

Para o tratamento de pacientes, esta droga raramente é empregada isoladamente. Muitas outras
drogas são adicionadas a ela com o objetivo de torná-la isenta de seus efeitos narcóticos naturais, potencializá-
la e ampliar a variedade de efeitos terapêuticos.

Nos trabalhos Ayurvédicos, cerca de 51 formulações contendo Cannabis foram descritas. São as
seguintes categorias:

1. Pós (churna)
2. Comprimidos (vati)
3. Formulações em forma de massas arredondadas (modaka)
4. Ungüentos (avaleka ou paka)

Portanto, para o uso atual, recomenda-se seguir a legislação local e utilizar a Cannabis medicinal
regulada pelos órgãos sanitários oficiais, como descrevemos abaixo.

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CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES:
Os efeitos prejudiciais produzidos por esta droga quando utilizada em excesso eram bem conhecidos
pelos estudiosos da Índia antiga. Sua raiz é descrita como um venenosa no Susruta Samhita (700 A.C.) e em
muitos trabalhos Ayurvédicos sobre matéria médica a planta é descrita como um Upavisa (veneno pouco
importante). Para torná-la livre da toxicidade e aumentar sua eficácia terapêutica, deve ser purificada, como
mencionado acima.
Anandakanda, importante texto escrito no Séc. XII DC, forneceu uma detalhada descrição dos efeitos
tóxicos que surgem nos seres humanos em nove estágios sucessivos. Os aspectos característicos do corpo e da
mente do individuo durante estes nove estágios estão descritos abaixo:

• Primeiro estágio: Hiperemia dos olhos, ressecamento da língua, lábios e palato duro, ressecamento da
extremidade do nariz e exalação de ar quente.
• Segundo estágio: Fechamento dos olhos e rigidez do corpo.
• Terceiro estágio: Sensação de queimação nos pés, mãos e olhos; sufocação da voz.
Quarto estágio: Fome e sede, olhos sonolentos com movimentos dos globos oculares.
• Quinto estágio: Sufocação da voz e esquecimento dos fatos recentes.
• Sexto estágio: Esquecimento completo.
Sétimo estágio: Fraqueza dos membros superiores e do corpo, prostração.
• Oitavo estágio: Erros de direção, queda dos cílios, choro em excesso.
• Nono estágio: Gritos, desmaios, coma, produção de sons murmurantes, o indivíduo rola no chão, a fala é
desconexa e produzida com dificuldade, revelação de sentimentos secretos, sofrimento, prostração
extrema (34).

Produtos da Cannabis devem ser usados com cautela, pois alguns estudos sugerem que o uso precoce
da Cannabis pode induzir déficits cognitivos e aparentemente age como fator de risco para o início da psicose
entre jovens vulneráveis (31).
Não deve ser usada durante a gestação, pois pode induzir abortos.

62
PREPARAÇÕES ESPECIAIS
DO AYURVEDA

63
PREPARAÇÕES ESPECIAIS
DO AYURVEDA

VATI KALPANA (GUTIKA)

A preparação Vati (Vati Kalpana) é resultante da preparação Kalka (Kalka kalpana) e está listada
entre as cinco preparações fundamentais da ciência farmacêutica do Ayurveda. O sábio Acahrya
Sharangadhara escreveu em seus textos um capítulo específico para a preparação de Vati (Tabletes) por meio
de técnicas específicas. De acordo com Sharangadhar, Vati Kalpana (comprimidos) tem como sinônimos
Gutika (pílulas), Modaka (pílulas de grande porte) e Varti (drágeas).

Vati kalpana desempenha um papel importante na farmacologia de Ayurveda, devido a muitas


vantagens, tais como administração fácil, a palatabilidade, a forma conveniente para dispensação e para o
transporte.

Vatikalpana é um procedimento farmacêutico no qual o pó de drogas cruas e secas (Ervas ou


Herbominerais) são triturados juntamente com certos Kasayam (decocções) ou sucos ou mesmo mel e os
medicamentos são preparados na forma de comprimidos.
No texto do autor Brhatrayi diversas formulações de Vati são mencionadas em contextos diferentes.
Mas Acarya Sarngadhara foi a primeira pessoa que mencionou a descrição detalhada sobre Vatikalpana em um
capítulo separado.

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Tipos de Vati Kalpana

Nos textos ayurvédicos são mencionados dois tipos de métodos de Vatikalpana:

1- Agnisadhya Vati
2- Anagnisadhya Vati.

Agnisadhya Vati: Nesse caso, o açúcar ou a rapadura ou ainda a resina (Guggulu) é preparado como Lehya
(Paka) ao fogo brando, e então os pós dos ingredientes são adicionados à Lehya de modo a preparar-se uma
pasta (massa) macia, a partir da qual Vati (tabletes ou comprimidos) serão feitos enrolando-se em forma
circular.

Anagnisadhya Vati: Nesse processo, Vati é preparado sem fogo ou calor. Os pós dos ingredientes são batidos
com uma reina (Guggulu) e rapadura, adicionando-se um líquido sugerido (suco) ou mel para preparar o Vati.

Método geral de preparação:


Os remédios de origem vegetal são secos e transformados em pós finos separadamente. Estes são
colocados em um pilão ou moinho e moídos em uma pasta fina e macia, juntamente com os fluidos prescritos.
Quando mais de um líquido é mencionado para moagem, eles são usados em sucessão. Quando a massa está
adequadamente moída e está em condições de ser transformada em Pílulas, ervas aromáticas são adicionadas e
moídas novamente.
O critério para determinar a etapa final da formulação antes de fazer pílulas é que, ele não deve grudar
nos dedos quando enrolado entre dois dedos. As pílulas podem ser secas à sombra.
No caso de açúcar mascavo ou rapadura ser indicado entre os ingredientes, as Lehyas (Pakas) destes
devem ser feitos em fogo leve e removidos do fogo. Os pós das ervas listadas são adicionados a essa Paka e
rapidamente misturados. Quando ainda levemente quentes, as Vatis devem ser enroladas e secas à sombra.

Conservação:
Pílulas feitas de drogas vegetais quando mantidas em recipientes bem vedados podem ser usadas por
dois anos.

Modo de uso:
Geralmente a dose de Vati preparada exclusivamente com ervas (fitoterápica) é mencionada como no

65
máximo uma Karsa (10 g), mas de acordo com a força (Bala) do medicamento a dose pode ser avaliada e
aconselhada. Em média a dose varia de 3 a 6 g.

Propósito de Vatikalpana:

Devido às seguintes razões, os comprimidos são uma forma ideal de medicação como:

1) Precisão da dosagem: Os medicamentos e excipientes são uniformemente misturados no processo de


trituração mostram conteúdo ativo de ingredientes dentro dos limites permitidos.
2) Estabilidade: Os medicamentos na forma sólida são geralmente mais quimicamente estáveis e têm potência
por muito tempo.
3) Aceitação do paciente: Pílulas e tabletes contendo ervas com sabor desagradável são mais facilmente
ingeridos.

Exemplos:

1- ELADI VATI/ ELADI GUTIKA

Ingredientes:

• Cardamomo - 6 g

• Folhas de louro - 6 g

• Canela (casca) - 6 g

• Gengibre (raiz) - 24 g

• Açúcar mascavo - 48 g

• Alcaçuz (raiz) - 48 g

• Tâmaras secas - 48 g

• Uvas passas - 48 g

• 9- Mel - 48 g

66
Modo de preparação

- Todos os seis primeiros ingredientes são transformados em pó fino (é preciso que sejam churnas bem finas)
- Em seguida, os pós finos devem ser misturados homogeneamente e reservados.
- As tâmaras secas e as uvas passas são socadas em um pilão até se obter em uma pasta
- Em seguida, os finos já homogeneizados são adicionados e misturados uniformemente à pasta
- Adicione o mel e misture novamente bem
- O conteúdo é enrolado em forma de glóbulos ou pílulas redondas de 2 g cada.
- As pílulas devem ser secas (melhor à luz solar). -
- Melhor se preparar no final do verão para estar preparado para a mudança de estação (outono/inverno).

Usos:
Alívio de tosses e resfriados, febre, soluços, vômitos, desordens hemorrágicas leves (sangramento no
nariz), perda de paladar. Este comprimido é nutritivo e calmante.

Modo de usar: 2 a 4 g ao dia

Anupana: Mel

2- VRISHYA GUTIKA

Ingredientes:

• Ghee - 300 g

• Suco de Bala (Sida cordifolia) - 1500 g

• Açúcar mascavo - 150 g

• Canela – pó da casca - 90 g

• Pimenta do reino – pó - 50 g

• Mel - 150 g

• Melado de cana - 150 g

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• Gengibre pó da raiz - 100 g

• Noz moscada – pó - 40 g

• Kapikachhu (Mucuna pruriens) - 100 g

Modo de preparo:

- Misturar o suco de Bala (Sida cordifolia) - 1500 g ao Ghee 300 g e levar ao fogo para cozinhar até reduzir a
300 g da mistura (Ghee medicado)
- Remover do fogo e adicionar os demais itens listados nos ingredientes (4 a 10)
- Misturar fortemente até ficar homogêneo e esfriar completamente.
- Preparar pílulas redondas ou tabletes de 3 g cada
- Deixar secar de preferência ao sol (cobrindo com pano) ou levar levemente ao forno levemente pré-aquecido
e já desligado apenas para secar (não assar).

Modo de uso: 3 a 6 g ao dia – 1 tablete ou comprimido uma a duas vezes ao dia

Anupana: Mel ou ghee

Usos: Tônico, fortificante, afrodisíaco, revitalizante, promotor de Ojas e Shukra.

HARIDRA KUMARI

Do sânscrito, Haridra significa “aquela que é brilha dourado”, e corresponde ao Curcuma longa, o
nosso famoso açafrão-da-terra. Kumari, significa “princesa” em sânscrito, correspondendo à babosa (Aloe
Vera).
Haridra Kumari, que consiste na mistura do o gel da babosa com o pó seco da raiz cúrcuma, pode ser
livremente traduzido como “Princesa de Ouro”.
Se usada fresca, imediatamente após a preparação, essa pasta pode ser usada como cicatrizante
externo, gerando após aplicado uma capa que se assemelha à cicatrização das feridas, agindo tanto para proteger
como manter o meio imune de toxinas. É um potente antibiótico e antiinflamatório.
Mas se a massa for desidratada e preparada em forma de Vati ou Gutika, Haridra Kumari pode ser
usada internamente, por via oral, promovendo diversas propriedades, incluindo os efeitos antioxidantes da

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Curcuma longa potencializados pelas diversas ações da Aloe vera, possibilitando um composto que limpa o
sangue, filtra a bile, mantém o tônus dos tecidos, gera a densidade sanguínea ideal, controla a pressão, limpa o
fígado e os intestinos.
Harida Kumari é tradicionalmente usado pelas mulheres que enfrentam problemas com a regularidade
do fluxo menstrual, auxilia na limpeza do subdosha de Vata “Apana Vayu” que engloba o intestino grosso,
ovários e toda a região descendente, facilitando o movimento excretor das toxinas.
Utilizar o Haridra Kumari como detox por 1 mês é uma boa forma de limpar os Dhatus e também
para regularizar os intestinos.
Para o agravamento em Pitta, a Haridra Kumari em jejum pacifica a acidez, acalma o suco gástrico
e também gera a formação de um revestimento no estômago e, tudo isso sem prejudicar o Agni.
Como auxiliar no processo de emagrecimento, ela pode ser consumida antes das refeições, e
combinado com água morna ela ajuda no movimento das toxinas digeridas para as vias excretoras (35).

Ingredientes:

- Babosa = 1 folha

- Açafrão = 100 g

Modo de preparo:

- Remover o gel da babosa puro e triturar

- Misturar o pó da açafrão até dar o ponto semissólido adequado para preparar pílulas tipo jurubeba (3 g) ou
tabletes.

- Secar ao sol ou ao forno levemente pré-aquecido e desligado.

Uso:

Tomar 1 tablete 2 x ao dia

Anupana:

Água morna ou Ghee.

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GHRITA (GHEE MEDICADO)

Conceito e Terminologia

GHRITA é um termo usado para se referir ao Ghee puro, em alguns textos, ou ao Ghee Medicado
com ervas, em outros textos. Aqui, usaremos a palavra Ghrita referindo-se ao Ghee Medicado, uma preparação
que contém os princípios medicinais lipossolúveis dos medicamentos usados em sua confecção preparado a
partir do cozimento de ervas no Ghee previamente preparado. O Ghrita é descrito como um produto único,
pelo fato de ter a capacidade de adotar as propriedades das ervas e substâncias com as quais é processado e, ao
mesmo tempo, mantendo as suas próprias qualidades. Essa capacidade do Ghrita torna-o um excelente veículo
para a administração de medicamentos, juntamente com a sua natureza de disseminar e facilitar a dispersão de
todas as propriedades medicinais para os tecidos mais profundos. Nesse contexto, também é referido como
agente catalítico (36).
Aproveitando-se da natureza lipofílica do Ghee, o Ghee Medicado ajuda a disseminar as propriedades
terapêuticas das drogas através das células, incluindo o cérebro, pois ele é capaz de atravessar a barreira
hemato-encefálica. Esta também é a razão pela qual Ghrita foi descrito como um excelente veículo para o
transporte de ervas para os tecidos mais profundos do corpo.
Uma vez que a membrana celular também contém lipídios, a propriedade lipofílica do Ghrita,
juntamente com a digestão, absorção e entrega adequadas dos princípios ativos das plantas aos locais
necessários, são cruciais para obter o benefício máximo de qualquer formulação terapêutica.
Charaka Samhita, o texto mais antigo do Ayurveda (Séc. II aC), descreveu os benefícios e indicações
do Ghee e do Ghrita como sendo os melhores entre todas as substâncias ou gorduras de Guna untuosa.
Promovem a memória, o intelecto, a capacidade digestiva, a capacidade reprodutiva, estimulam a formação de
Medha Dhatu (tecido gorduroso) e aumentam Ojas (a essência vital de todos os tecidos, crucial para a vida e
para a imunidade). O Ghee e Ghrita têm o potencial de aliviar Vata e Pitta e de aumentar Kapha (36).
Vagabhatta, autor do texto clássico Ashtanga Hridaya e Ashtanga Sangraha, também descreve o

70
Ghrita como altamente benéfico por suas propriedades untuosas e penetrantes, além de ser leve na digestão,
bem como ter sabor doce, potência fria e efeito pós-digestivo (Vipaka) doce. Todas essas propriedades o tornam
um excelente veículo de lubrificação, tanto para consumo interno quanto para aplicação externa.
Tradicionalmente, o Ayurveda considera o Ghrita como a fonte mais saudável de gordura comestível,
com muitas propriedades benéficas, como melhorar a voz e a pele, promover a memória, inteligência e poder
de digestão, aumentar a imunidade, ajudar na absorção de nutrientes vitais, lubrificar os tecidos conjuntivos,
tornando o corpo mais flexível. O consumo regular de Ghrita aumenta a força mental e física do indivíduo e
também afasta as doenças.
Um estudo relatou o aumento da eficácia das ervas e extratos de ervas com o uso do Ghrita em
comparação com o uso em pó ou forma de comprimido (36). Isso provavelmente se deve à composição da
membrana celular, constituída pelos fosfolipídios, por meio dos quais os resíduos metabólicos são trocados
através da mucosa e removidos através do intestino.
Estudos sugerem que a oleação interna com o Ghee satura as células do corpo com lipídios, que então
substituem os lipídios celulares originais, removem resíduos metabólicos e diminuem o colesterol ao mesmo
tempo.

O uso de Ghrita como única fonte de energia, na taxa de 10% na dieta em animais resultou, em relação
aos controles, na diminuição significativa dos níveis de ésteres de colesterol no fígado (que está implicado no
processo de ateratogênese), no aumento do ácido oleico em 36 a 40% dos lipídios séricos (o que permite que o
LDL resista à oxidação) e na diminuição de 65% nos níveis de ácido araquidônico, que é um intermediário
inflamatório chave no processo de aterosclerose (36).

O Ghrita é considerado útil para promover inteligência e memória, o que pode ser atribuída ao seu
alto teor de precursores de ácidos graxos DHA, que geralmente se encontra deficiente em várias doenças, como
o Mal de Alzheimer, por exemplo.
Estudos sobre a administração de doses altas do Ghee Medicado em pacientes com psoríase relataram
diminuição do colesterol sérico, triglicérides, fosfolipídios e ésteres de colesterol, juntamente com melhorias
significativas nos sintomas de psoríase dos pacientes. Estudos sobre Ghrita com misturas de certas ervas
medicinais demonstraram efeitos hepatoprotetores, atividade anticonvulsivante, efeitos no aprimoramento da
memória e aumento da cicatrização da ferida (36).

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Muitos estudos relatam as propriedades benéficas do Ghee e do Ghrita para manutenção da saúde,
promovendo diminuição do colesterol LDL, aumento do HDL, auxílio na perda de peso, melhora da nutrição
e do metabolismo do corpo, melhora da imunidade, da visão, da memória, do sono, com benefícios para a pele
e mucosas, e efeitos protetores contra a demência, o Mal de Alzheimer, a epilepsia e a insanidade, etc.
Além disso, a quantidade de colesterol em 1 colher de sopa de Ghrita está em consonância com as
recomendações dos institutos internacionais do coração para uma dieta de baixo teor de gordura/colesterol
baixo e pode ser usada com segurança na prática diária para manutenção da saúde, o que valida as
reivindicações ayurvédicas para o Ghrita (36).

Preparação:

O fundamento básico da preparação é transferir os princípios ativos dos medicamentos para o Ghee,
que é assim medicado e coletado no final do processo. Isto é feito, feito fervendo-se as pastas dos medicamentos
no ghee e água, até que toda a água seja eliminada por evaporação.

Os três constituintes importantes na preparação do GHRITA são os seguintes:

1 – Ghee;

2 – O meio aquoso, que pode ser em forma de decocções, sucos, etc...

3 – As pastas dos medicamentos.

1 – Ghee :

O ghee usado na preparação de medicamentos deve ser integro, inalterado e, preferencialmente, velho,
mas não alterado em sabor e odor.

2 – O Meio Aquoso :

O meio aquoso pode em forma de decocção de medicamentos ou de sucos de ervas frescas, ou mesmo
leite ou urina de vaca. O meio aquoso é, em geral, tomado em maiores quantidades do que o ghee.

Usualmente, o meio aquoso é quatro (4) vezes mais em quantidade do que o ghee utilizados.

72
3 – A Pasta de Medicamentos :

A pasta é preparada socando-se os medicamentos em um pilão. Quando usamos ervas frescas, não há
necessidade de se acrescentar água; quando ervas secas são usadas, a preparação de pasta requer água. Algumas
vezes, outros líquidos são prescritos para serem usados durante o processo de socagem das plantas.

Se a receita não especificar os medicamentos constituintes da pasta, então os mesmos medicamentos


mencionados na preparação da decocção são usados, em pequenas quantidades, na confecção da pasta.

Outras vezes, a receita traz meramente alguns nomes de plantas medicinais e ghee, sem especificar
como usá-las. Assim, a decocção será preparada a partir dos medicamentos mencionados, e do mesmo modo a
pasta. (Proporção 1:4)

O Método de Preparação :

Material Necessário :

1 – Um vaso de boca larga, que deve ser como uma panela rasa, de bronze ou cobre, revestido internamente de
estanho. Panelas de aço inoxidável são ainda melhores.

2 – Uma forte espátula, dotada de um cabo resistente, para misturar os medicamentos durante a preparação.
Esta também deve ser, preferencialmente, de aço inoxidável.

3 – Uma concha para coletar o ghee.

4 – Pilão e pistilho.

5 – Um pano fino e limpo para a filtragem.

6 – Os medicamentos enumerados na receita.

O Processo de Preparação:

O medicamento já prontos para a preparação são colocados na panela

e o ghee é adicionado e misturado. A panela é aquecida com fogo leve, que gradualmente derrete o ghee.
Quando todo o ghee estiver derretido, a intensidade do fogo é aumentada, até que a mistura comece a ferver, e
esta intensidade é mantida até o fim.

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A mistura deve ser constantemente mexida e misturada, para assegurar que não haja carbonização ou
aderência dos materiais no fundo do panela. Com a evaporação da água, o barulho da fervura diminui na panela
e as partículas dos medicamentos precipitam-se.

O fogo deve ser apagado quando toda a água tiver evaporado. Para assegurar que toda a água já se
evaporou, uma pequena quantidade do sedimento deve ser colhida e colocada na chama do fogo. Se ela se
queimar com uma chama trêmula e crepitante, isto indica que a água ainda está presente. Mas quando a chama
é silenciosa e estável, isto denota que já se efetuou a desidratação completa do material.

Quando a preparação contém ainda traços de água, ela está em seu “estágio macio” (mrudapaka);
quando ela está totalmente desidratada, encontra-se em seu “estágio médio” (madiamapaka) e quando a pasta
fritou-se no ghee, diz-se que ela está em seu “estágio duro” (kharapaka).

O estágio mais adequado desta preparação é, geralmente o “estágio macio” ou então o “ estágio
médio”, a menos que outra especificação seja dada na receita.

Colheita do Ghrita :

Após se desligar o fogo, a panela é retira do fogão e colocada para esfriar. Quando estiver morna, a
preparação deve ser filtrada em um pano fino e limpo, para se removerem as partículas suspensas dos
medicamentos.

Quando o volume do GHRITA é grande, ele deve ser colhido com uma concha e filtrado
adequadamente. Depois que todo o GHRITA foi coletado, a panela com a pasta de medicamentos é colocada
de pé, de modo que o GHRITA embebido no sedimento seja separado pela força da gravidade, e este também
deve ser coletado. Após isto, a pasta deve ser espremida em um pano para se coletar o restante do GHRITA
retido na pasta.

O Uso do Ghrita :

O GHRITA, como o ghee, solidifica-se quando esfria.

O fim de se mascarar o gosto e o odor dos medicamentos, um pouco de açúcar pode ser adicionado
ao GHRITA antes de sua administração.

O GHRITA geralmente é usado antes de refeições.

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Os medicamentos em forma de GHRITA são úteis quando indicados para pacientes emagrecidos e
debilitados, com baixo apetite e digestão fraca, pele seca, intestino preso, com muitas preocupações mentais e
intoxicados.

Conservação:

O GHRITA deve ser estocado em vasos de boca larga, com tampas apertadas, devidamente fervidos,
esterilizados com álcool a 70% e totalmente secos.

Deve ser usado em 30 dias, uma vez em uso, não pode ser contaminado com alimentos, água ou
impurezas e jamais se deve colocar uma colher ou qualquer utensílio molhado ou sujo, sob pena de se perder a
sua qualidade ou dar origem ao crescimento de fungos.

Exemplo 1: MANDUKAPARNI GHRITA (Ghee Medicado com Acariçoba)

Ingredientes:

- Suco das folhas frescas de Hydrocotille umbellata (Acariçoba) - 400 ml


- Decocção das folhas de Hydrocotille asiatica (Centelha) - 400 ml
- Pó dos rizomas de Curcuma longa (Açafrão) - 5 g
- Pó da casca de Cinamomum zeylanicum (Canela) - 10 g
- Ghee - 200 ml

Modo de preparo:

• Preparar no liquidificador o suco das folhas dos itens 1 e 2 na proporção de 2 partes de água para 1
parte da planta, ou seja, 400 ml de água para 200 g de folhas de cada item. Reservar.
• Preparar uma Kalka com os pós dos itens 3 e 4, com água em quantidade suficiente para conferir uma
consistência de pasta. Reservar.
• Em uma panela, misturar os sucos, a Kalka e o Ghee e levar ao fogo.
• Ferver até evaporar toda a água, certificando-se pelo método físico de que toda a água foi eliminada
pela fervura, restando apenas o Ghee medicado com os princípios ativos das

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• Filtrar em um pano limpo ou voal.
• Conservar adequadamente em frasco de vidro de boca larga, limpo, higienizado e seco.

Modo de Uso:

Adultos – De 10 a 15 ml ao dia

Criança – Até 10 ml ao dia

Ações

Bom para memória e concentração mental

EXEMPLO 2: GHEE MEDICADO COM ERVAS DIGESTIVAS

Ingredientes:

- Suco de gengibre fresco - 1.200 ml


- Pó de raiz de cúrcuma seca - 5 g
- Pó das sementes de erva-doce - 15 g
- Pó das sementes de cominho - 5 g
- Ghee - 300 ml

Modo de preparo:

• Preparar no liquidificador o suco das raízes frescas do item 1 na proporção de 2 partes de água para 1
parte da planta, ou seja, 1200 ml de água para 600 g de raiz de gengibre picada em rodelas finas.
Bater. Coar e Reservar.
• Preparar uma Kalka com os pós dos itens 2, 3 e 4, com água em quantidade suficiente para conferir
uma consistência de pasta. Reservar.
• Em uma panela, misturar os sucos, a Kalka e o Ghee e levar ao fogo.
• Ferver até evaporar toda a água, certificando-se pelo método físico de que toda a água foi eliminada
pela fervura, restando apenas o Ghee medicado com os princípios ativos das
• Filtrar em um pano limpo ou voal.
• Conservar adequadamente em frasco de vidro de boca larga, limpo, higienizado e seco.

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Modo de Uso:

Adultos – De 10 a 15 ml ao dia

Criança – Até 10 ml ao dia

Ações

Bom para promover Agni e a digestão.

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