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Sabe-se, com certeza, que a língua portuguesa e os demais idiomas românicos são o resultado de
uma lenta e conturbada transformação, através dos séculos, de uma outra língua, o latim, que por sua vez era
também transformação, através dos séculos, de uma outra língua, o indo-europeu, falado por um povo ao
qual se convencionou chamar ariano ou ária. Muitas são as hipóteses sobre o berço dos árias. Supõe-se, entre
outras teses, que seu habitat era a região compreendida entre certa parte do centro da Europa e a leste,
estendendo-se até o Turquestão e as estepes russo-siberianas. Em época muito remota saíram desse território
diferentes tribos, as quais, disseminando-se pela Europa e parte da Ásia, levaram consigo a sua língua. Nunca
se conseguiu reconstruir esse idioma, que não foi fixado pela escrita.
Entretanto, embora não se tenha chegado a uma recomposição dessa língua primitiva, da qual
provêm quase todas as atualmente faladas na Europa e parte da Ásia, pesquisas realizadas no começo do
século XIX pelo filólogo alemão Franz Bopp demonstraram, pelo método da gramática comparada, o
parentesco linguístico das línguas indo-européias e provaram, pelo estudo comparativo de diversos fatos
fonéticos, morfológicos e sintáticos, a existência do indo-europeu.
Nas sucessivas e seculares migrações do povo ariano, o indo-europeu fracionou-se nos ramos
germânico, itálico, báltico, eslavo, celta, albanês, grego, indo-irânico e armênio. O ramo itálico compreendia
o osco, o latim e o umbro. Como se sabe, a disseminação do latim se dá no contexto da expansão do império
romano, que alcança seu apogeu entre os séculos I a. C e I d. C. A história da língua portuguesa começa com
a romanização da península ibérica, iniciada em 197 a. C, com a dominação dos povos celtiberos. O declínio
do Império favorece a penetração dos povos germânicos a partir do século V d. C. Na península ibérica, a
ocupação germânica é suplantada pela invasão árabe, no século VIII.
Primeira declinação
SINGULAR PLURAL
Nominativo a rainha Nominativo as rainhas
Genitivo da rainha Genitivo das rainhas
Dativo à rainha Dativo às rainhas
Acusativo a rainha Acusativo as rainhas
Vocativo Oh! Rainha Vocativo Oh! Rainhas
Ablativo da rainha Ablativo das rainhas
a. ‘(...) ter mais tençom (intenção) de bem mostrar a sustancia (conteúdo) do que screvia que a
fremosa e guardada (formosa e cuidada) maneira de escrever.’ D. Duarte, citado em Paiva, D.
(1988: 14) Historia da Lingua Portuguesa. São Paulo: Ática.
b. ‘Se outros por ventuira (porventura) em esta cronica buscam fremosura e novidade de pallavras
(beleza e emprego de palavras novas), e nom a certidom das estorias, desprazer lhe há de nosso
rrazoado (desagradar-lhe-á nosso escrito).’ Fernão Lopes, citado em Paiva, D. (1988: 17)
As formas átonas femininas, usadas com alguma frequência na época arcaica e no início do
século XVI, ainda são encontradas raramente no Cancioneiro geral, em Bernardim Ribeiro,
Sá de Miranda e Gil Vicente, em cujas obras, a par de ta, as, temos mῖa com as variantes
enha, inha ou nha, empregadas sobretudo com as palavras mulher e mãe: “enha molher”,
“enha mãy”. A última variante nha ainda se mantém na fala popular, em algumas regiões
do Brasil.
Os correspondentes masculinos: meu, teu, seu, e os restantes nosso (noso), vosso, não
apresentavam irregularidades.” (Paiva (op. cit., p. 45).