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Etec de Cidade Tiradentes

1 ° ETIM, ADMINISTRAÇÃO

A IDEIA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO EM KANT

SÃO PAULO

2018
Ana Rita Batista do Nascimento
Anna Beatriz Nogueira Lopez
Bianca Azevedo Gomes
Emily Nunes
Nicholas Aparecido

O DESENVOLVIMENTO HUMANO EM KANT

trabalho para ser integre a matéria de: Filosofia


Ministrada pelo professor: Adilson

SÃO PAULO

2018
INTRODUÇÃO

Tal condução perpassa pela união dos povos em diferentes Estados e pela consolidação de um contrato
entre eles, que levará a um estado de paz pelo qual o desenvolvimento humano poderá completar-se.
Conforme essa perspectiva, a natureza vem obrigando o homem a desenvolver todas as suas
potencialidades, engendrando as ferramentas de sua autoconstrução, dentre ela a educação que, na ótica do
autor, é diretamente responsável pela formação humana. Por fim, o texto procura mostrar como Kant aponta
a educação como o caminho para a promoção do acesso de cada indivíduo à maioridade, isto é, a sua
autonomia ou liberdade.
DESENVOLVIMENTO

A primeira consideração quanto às afirmações de acordo com as quais o homem tem necessidade de sua
própria razão e é a única criatura que precisa ser educada está relacionada à especificidade quer da educação
propriamente dita em relação à humanidade, quer da própria humanidade em relação à educação. Conforme
Kant, todos os particulares humanos (leia-se: os nascituros, os bebês, os infantes) advém ao mundo em
estado bruto (cf. 441, p.12). Ademais, estes particulares não têm os requisitos para se desenvolver de e por
si mesmos, autônoma e espontaneamente. O que é dizer que a forma propriamente humana não é
originalmente inerente às possibilidades do particular; justamente porque, para que isso se cumprisse, seria
necessário, em conformidade com a nota de humanidade que ora se introduz, que ele fosse uma instância da
humanidade antes da própria humanidade ser desdobrada nele, o que é contraditório. Logo, a inserção deste
particular no rol da humanidade é algo que está para além dele e que, por isso mesmo, depende de outros,
quer dizer, de uma intervenção no que é o estado “absolutamente natural” desse particular. Nesse ponto,
importa destacar que é justamente essa intervenção aquilo que faz o homem essencialmente diferente do
animal. Com efeito, o animal adquire toda a forma que lhe convém por instinto, mecanicamente, bastando
para isso um cuidado mínimo. Cite-se a Pedagogia: “O homem tem necessidade de sua própria razão. Não
tem instinto, e precisa formar por si mesmo o projeto de sua conduta. Entretanto, por não ter a capacidade
imediata de o realizar, mas vir ao mundo em estado bruto, outros devem faze-lo por ele” (441, p.12). Bem
entendido, o homem é essencialmente diferente do animal tanto porque é educável quanto porque é
racional, de modo que já não parece haver gratuidade na relação entre humanidade e educação, senão
necessidade, no que toca à dupla especificidade da humanidade apresentada – da razão e da educação.

Se, por um lado, o que há de específico no homem é a sua educabilidade, cuja pressuposição está na
intervenção direta da geração humana existente, numa palavra, numa alteridade atuante, por outro lado, isso
não dá conta ainda de explicar de como há sentido e possibilidade nesta educabilidade. Na verdade, falta
alargar, ou pelo menos explicitar melhor, o conceito de educabilidade. Tome-se uma pedra: ela não pode ser
educada nem pode haver sentido em querer educá-la. A causa pela qual se é interditado de educá-la reside
na sua natureza: ser educável é dispor de algo sem o desdobramento do qual a expressão mais fundamental
desse algo não é possível, isto é, ser educável é conter disposições através do desenvolvimento das quais se
torna possível atingir a plenitude ou a perfeição que convém ao ser que as contém. É nessa medida em que
não faz sentido educar uma pedra: ela é, desde sempre, tudo o que pode ser; nenhuma educação introduz
nela uma diferença de natureza. É também nessa mesma medida que faz sentido educar o particular
humano; mais do que isso, é nessa medida que a educação é essencialmente humana. Assim sendo, o
alargamento no conceito de educabilidade resume-se à característica essencialmente relacional do ato de
intervenção humanitária, que acaba por definir essa mesma educabilidade.

Nessa direção, Kant assina a tese segundo a qual a educação ensina de fato alguma coisa aos homens, muito
embora não faça mais que desenvolver neles certas qualidades (cf. 444, p. 15). Medida em sua extensão,
isso significa que o propósito da intervenção humanitária, posto que as pressupõe, está direcionado a estas
certas qualidades de que todo particular humano recém nascido é portador. De acordo com o que já se disse,
essas qualidades são os meios que facultam o ingresso do seu portador na humanidade, bem entendido,
mediante o seu desenvolvimento, causado por outros; são elas que conferem sentido e possibilidade ao traço
relacional que a educabilidade requer. Isso traduzido, tem-se que a educação só é possível e realizável
mediante uma desproporção de qualidades ou mediante uma diferença fundamental de desenvolvimento
entre os indivíduos que compõem a relação educativa: é preciso que o educador tenha qualidades
desenvolvidas e que o educando não as tenha, sob pena de esvaziamento da relação propriamente educativa
entre ambos (claro, em relação ao gesto originário da educação). No dizer kantiano, “uma vez que as
disposições naturais do ser humano não se desenvolvem por si mesmas, toda a educação é uma arte. A
natureza não depositou nele nenhum instinto para esta finalidade” (447, p.21).

Avançando nessa linha, é explícito nas notas kantianas a determinação do que sejam estas certas qualidades
mencionadas, até aqui, em abstrato. Os termos que satisfazem ao caráter de certas qualidades são aptidões
naturais ou originárias que todo particular humano tem como tal (como educável). No mesmo sentido que
qualidades, são aptidões que possibilitam que particulares sofram determinadas mudanças e adquiram certos
predicados. No caso da educação, a aptidão dos particulares educáveis é a humanidade, a qual lhes é
incutida e atribuída pela educação. Kant denomina essas aptidões ora de “disposições naturais”, ora de
“germes”. Leia-se este trecho da Pedagogia: “A espécie humana é obrigada a extrair de si mesma, pouco a
pouco, com suas próprias forças, todas as qualidades naturais, que pertencem à humanidade” (441, p.12). E
ainda: “Há muitos germes na humanidade e toca a nós desenvolver em proporção adequada as disposições
naturais e desenvolver a humanidade a partir de seus germes e fazer com que o homem atinja a sua
destinação. Os animais cumprem o seu destino espontaneamente e sem o saber. O homem, pelo contrário, é
obrigado a tentar conseguir [por si mesmo] o seu fim” (445, p.18). Essas duas citações obrigam doravante a
chamar a atenção àquilo com que se relacionam as disposições naturais. A saber: 1) com destino ou fim da
humanidade, o que se obtém 2) a partir das forças da própria humanidade, extraindo tudo de si mesma.

Começando por este último aspecto (2), a própria afirmação de que a educação é algo especificamente
humano permite compreender sem muita dificuldade que a humanidade é inteiramente dependente de si
mesma, devendo por isso extrair tudo de si mesma. Com efeito, como já se disse, somente um homem
educado é capaz de educar; apenas o educado e ainda educável é capaz de cuidar do (absolutamente)
educável. Quando é afirmado que a humanidade é completamente carente por referência a si mesma, ou,
para dizer de outro modo, que a humanidade é arte de si mesma, expressa-se de maneira fundamental a tese
de acordo com a qual o homem tem necessidade de sua própria razão. É essa mesma razão que justifica a
necessidade de estender a educação indefinidamente. Assim, há uma margem genuína para que a educação
seja encarada não apenas como uma tarefa de humanidade para humanidade, mas também como um
imperativo incondicionado ou um dever concernente à espécie humana.

Outro aspecto associado às disposições naturais, no qual importa realmente evoluir, é a questão do destino
ou da finalidade da humanidade. Atentar a ele significa dar-se conta da conexão propriamente dita entre
educação e desenvolvimento humano. Que é a educabilidade, senão a capacidade de desenvolver as
próprias disposições naturais? O desenvolvimento humano é justamente a matéria por excelência da
educação. Desse modo, se a humanidade comporta perfeição, ela não se expressa senão na medida do
desenvolvimento máximo, total, das suas disposições naturais. Diz Kant: “o grande segredo da perfeição da
natureza humana se esconde no problema da educação” (444, p.16). Muito mais do que isto, a
perfectibilidade da natureza humana é uma possibilidade real e necessária, a qual encontra respaldo na
filosofia de Kant numa doutrina teleológica natural. De acordo com essa doutrina, para dizer numa frase, é
contraditório que algo tenha uma disposição natural para uma certa finalidade e não possa, ao mesmo
tempo, desdobrá-la, desenvolvê-la, obtê-la. Assim, se a humanidade tem disposições naturais perfectíveis, é
necessário que ela tenha meios mediante os quais ela as possa desenvolver adequadamente.

Apresentado isso, pode-se introduzir uma noção fundamental para a filosofia da educação de Kant. Para ele,
a educação é uma simples Idéia (termo técnico), na medida em que a Idéia “não é outra coisa senão o
conceito de uma perfeição que não se encontra ainda na experiência”
DUAS APORIAS FUNDAMENTAIS

Dadas as considerações acima, foram dados os elementos que permitem introduzir pertinentemente duas das
aporias constitutivas da educação, as quais não se resolvem mediante simples apelo ao texto da Pedagogia e
que, por isso mesmo, demandam outros estudos. Tais aporias estão relacionadas a algo de que, por certo,
Kant estava plenamente ciente. Com efeito, ele afirma que “a educação é o maior e o mais árduo problema
que pode ser proposto aos homens. De fato, o esclarecimento depende da educação, e a educação, por sua
vez, depende do esclarecimento” (446, p. 20). Trata-se de duas aporias no seu sentido etimológico pleno, de
algo para o qual não há poro, passagem. Na verdade, elas referem-se às condições que tornam possíveis seja
a própria educação e a própria humanidade, seja o progresso no que toca ao desenvolvimento humano – à
esperança embutida no gesto educativo.

A primeira aporia é a que se pode tirar explicitamente do enunciado supracitado de Kant. Ela constitui-se da
tese de acordo com a qual a educação, bem como a humanidade, assenta numa circularidade constitutiva.
Com efeito, o que arregimenta a formação do homem é a educação, como diz o próprio Kant – “o homem
não é senão o que a educação faz dele” –; por outro lado, o regime de determinação da educação é atribuído
totalmente à espécie humana. Assim sendo, se a humanidade constitui a educação e a educação constitui a
humanidade, há uma circularidade na constituição da humanidade e da educação, circularidade que, bem
entendido, esvazia a compreensão de como um e outro são possíveis. Se não há educação, como poderia
haver humanidade? Mas se não há humanidade, como a educação? É preciso compreender que a questão diz
respeito às condições originárias e constituintes de homem e de educação e não às condições pelas quais a
continuidade da constituição de um e de outro são possíveis, ainda hoje. Não é a realidade da educação que
está em jogo, posto que ela é algo dado. Pelo contrário, o que está em jogo são as condições originais de
possibilidade dessa realidade a partir de uma perspectiva exclusivamente filosófica. Uma maneira de se
posicionar frente a essa aporia é especular sobre as origens da humanidade. Nesse caso, de nada adianta
supor que a humanidade e a educação brotam de uma geração da humanidade que está num estado
absolutamente natural, logo sem humanidade, pois isso não seria senão repor os termos da aporia; por assim
dizer, é infrutífero buscar a origem da humanidade no tempo. Se é assim, ter-se-ia que buscar a origem da
humanidade fora do tempo, na eternidade; para ser franco, ter-se-ia que pensar numa humanidade com a luz
do divino. Porém, nesse caso, a noção de desenvolvimento humano entraria em colapso, pois o que é divino
é justamente o que não admite qualquer aperfeiçoamento. Ainda assim, poder-se-ia tentar remendar essa
hipótese especulativa, introduzindo nesse homem divino a noção de queda original, com o que o conceito
de desenvolvimento revigoraria. Nesse caso, porém, ter-se-ia que explicar, quando o divino no homem cai e
se fratura, por que essa queda e essa fratura não são completas; ter-se-ia que explicar por que uma certa
identidade com o divino permanece, mas já então a noção de queda se torna duvidosa. E assim por diante.
Em todo caso, é aqui que, como se pode notar, uma perspectiva exclusivamente filosófica se corrói e, antes
de mais nada, silencia com sua aporia embaixo do braço.
CONCLUSÃO

Kant apresenta o homem como um ser que, por natureza, é infante, educando e discípulo e tem
potencialidades que necessitam ser desenvolvidas. Por essa razão sua formação exige cuidados e educação.
A educação deve ter como finalidade geral, não simplesmente a cultura, mas deve visar o cultivo geral das
faculdades mentais e morais do educando. Essa cultura visa, então, a aquisição de habilidades e o
aperfeiçoamento humano com o intuito de fortificar a índole ou o caráter e não apenas comunicar
informações particulares ao aluno. Dito de outro modo, a educação deve visar a formação do homem como
um todo, não apenas como um ser sensível mas também como um ser inteligível e moral. Mesmo admitindo
uma falta de clareza com relação ao conceito de "educação", Kant aponta algumas categorias que considera
fundamentais para o êxito educativo: os cuidados, a disciplina, a cultura e a moralidade. Dentre estas
categorias, o filósofo destaca a disciplina que, por ser um exercício de liberdade, é a base de toda a
educação e a moralidade que é a finalidade de todo o processo de desenvolvimento humano.
BIBLIOGRAFIA

repositorio.ufsc.br/handle/123456789/95145

coral.ufsm.br/gpforma/1senafe/bibliocon/aideiadedesen.rtf

https://periodicos.ufrn.br/saberes/article/download/8595/6321

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