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ARTIGOS TEMÁTICOS
POSSIBILIDADES E LIMITES DO
ATO EDUCATIVO PARA O ENSINO
DESENVOLVENTE: A AUTOFORMAÇÃO
DA PERSONALIDADE COMO EXPRESSÃO
DA LIBERDADE CONSCIENTE*
Resumo: este artigo faz uma análise dos limites do ato educativo para o desenvolvimen-
to cultural da personalidade. Compreende que a personalidade deriva do auto movimen-
to dos sujeitos em relação à atividade educativa dos seus modos de ser. Entende que nas
contradições entre as necessidades pessoais e as culturais se estrutura um drama afetivo
emocional do desenvolvimento que tem implicações para o processo de ensinar e para o
processo de aprender. Considera que o ato educativo precisa respeitar o auto movimento
criativo dos sujeitos, mas também, proporcionar as condições materiais e ideacionais no
ensino que se guia pela formação de funções psicológicas superiores como autodomínio
da relação ativa dos sujeitos com o seu mundo. Compreende, por isso, que o ensino
desenvolvente é aquele compartilhado entre educador e sujeito de modo que um não
determina o ser do outro, mas juntos criam e recriam as possibilidades para o desenvol-
vimento de ambos. Nesse sentido, o limite do ato educativo é dado pela necessidade auto
criativa e autônoma, momento no qual o educador passa a ser educado pelas necessida-
Pois o desenvolvimento
Não é pré-determinado,
Muito menos é constante
E nem é mecanizado,
Mas um todo tão complexo
Do viver humanizado.
EDUCAÇÃO
Necessidade da Educação
Ser com o outro, ser social, significa antes de tudo que a produção
da vida não é independente e que o desenvolvimento expressa essa relação
de unidade, identidade e diversidade entre os sujeitos. Queremos destacar,
por isso, que a relação não é unidirecional quando se pensa na atividade de
ensino desenvolvente. Em outras palavras, será desenvolvente a situação
de ensino que promova desenvolvimento para todos os seus participantes.
Observamos, ainda, que esse desenvolvimento é multilateral, envolve todas
as funções psicológicas que dão forma e conteúdo ao sistema de orientação
na realidade sociocultural por meio da criação e autocriação da personali-
dade humana.
É próprio da análise de todos os fenômenos socioculturais compreen-
der em unidade a sua materialidade, a prática social e a consciência que
nasce nessa relação dos homens entre si, e no processo de transformação da
natureza que existe sem a intervenção humana. A materialidade do ensino
escolarizado refere a que, no princípio utiliza objetos materiais cultural e
historicamente criados pelos próprios homens. O ensino, que conduz ao
desenvolvimento pode ser considerado como a prática social na qual ocorre
a transformação daquela materialidade e dos sujeitos como consciência.
A consciência entendida aqui como atividade consciente, isto é, atividade
concreta material e subjetiva na forma de generalização ideal, por meio da
significação, da prática material do ser social.
Sujeito e Autoconsciência
No curso da história o homem pode chegar a ser – até agora por meio
da alienação – cada vez mais produtivo, cada vez mais social (histó-
rico), cada vez mais consciente e livre: isto é, podemos falar de um
desenvolvimento da essência humana somente se e na medida em que
o homem desenvolve estas características [o trabalho, a socialidade,
a consciência, a universalidade e a liberdade]. O desenvolvimento da
essência humana é a base de todo e qualquer desenvolvimento de valor.
[...]. Daqui em diante indicaremos como valor, como carregado de um
conteúdo de valor, tudo aquilo e somente aquilo que promove direta ou
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abstract: This article assumes as a problem the analysis of the limits of the educational
act for the cultural development of the personality. It is substantiated on the argument
that personality derives from the self-movement of subjects in relation to the educational
activity of their ways of being. We understand, therefore, that in the contradictions between
personal and cultural needs, an affective emotional drama of development is structured,
which has implications for the teaching process and for the learning process. The goal is
to demonstrate that the educational act needs to respect the creative self-movement of the
students, but also to provide the material and ideational conditions in the teaching that is
guided by the formation of superior psychological functions as self-mastery of the subjects’
active relationship with their world. It is understood, therefore, that the developmental
teaching is shared between teacher and student in such a way that one does not determine the
being of the other, but together they create and recreate the possibilities for the development
of both. In this sense, the limit of the educational act is given by the self-creative and
autonomous need, when the teacher starts to be educated by the needs of personality
development of the students being educated. This implies that students are agents of their
cultural development. The method is the conceptual theoretical analysis based on literature
Notas
1 Verso extraído de PAZ, F. C. Vigotski e sua teoria em bom “cordelês” (Litera-
tura de cordel). Santarém-PA: GEPEI-Ufopa, 2022, formato digital.
2 A palavra Obuchénie é compreendida neste artigo como unidade da atividade
que envolve ações de ensino e aprendizagem. Envolve a cooperação entre os
sujeitos de modo que ambos se transformam afetiva, emocional e cognitiva-
mente por meio da intencionalidade posta como finalidade das ações de estudo
e significação do conteúdo da atividade.
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PAZ, F. C. Vigotski e sua teoria em bom “cordelês” (Literatura de cordel).
Santarém-PA: GEPEI-Ufopa, 2022, formato digital.