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Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem
Rio de Janeiro
2017
Michelle Pereira Caiado
Rio de Janeiro
2017
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, depois aminha família e a todos que
estiveram me apoiando durante esses anos, presentes ou que já partiram em especial ao
Dr. Adriano Caldeira de Araújo (in memorian).
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Amigo e Dr. Marcos Massao Murata que muito se dedicou para me ensinar
e aconselhar tornando possível enfrentar todas as dificuldades. Sem suas orientações,
apoio, confiança e amizade, não somente neste trabalho, mas em todo caminho
percorrido até aqui , nada disso seria viável.
Agradeço ao Dr. Eduardo Santos Silva pela grande ajuda na parte técnica do trabalho
contribuindo com seu vasto conhecimento, como também como grande amigo com
apoio nas horas mais difíceis.
Agradeço a equipe ligada ao projeto como um todo representada pelos ICs Thaís,
Nathalia, Letycia Chagas, Fernanda, Elouise, Maurício, Mariana e Gabriel. Além dos
mestres Paulo Vinicius e Leticia.
Agradeço ao Departamento de Microbiologia (IBRAG/UERJ) representado pela Dra
Alessandra Saliba por ter cedido as células da linhagem A549.
Silica is composed by the elements silicon and oxygen, found in the amorphous and
crystalline forms, being the last the most abundant in the Earth. The inhalation of
crystalline form can turn in a serious pulmonary disease known as silicosis, with high
predominance in whole world due to the occupational exhibition in activities like
mining, sand blasting and construction. The disease is progressive and irreversible,
started by an inflammation process with ROS production resulting in pulmonary fibrosis
and even in cancer development. Since silicosis has no cure, a differentiated look is
needed by the nurses in order to use methods that aim to monitoring the silica exposure
and consequently the prevention of the silicosis. Therefore, while establishing
biomarkers which indicate that the worker is exposed to the silica, the nurse will be able
to establish conducts that aim the prevention of the silicosis. So, this study aimed to
establish biomarkers like evaluation of cytotoxicity, of the stress oxidative level and the
genotoxicity, which possibly correlates with the beginning of silica exposure and
development of the silicosis. The tests were carried out in vitro using cells cultures
originating from carcinoma alveolar of human pulmonary basic epithelium (cell line
A549). Cells A549 were incubated with a silica solution (300µg/mL), during 30min, 1
hour and 2 hours. Another sample of cells remained only in nutritious environment, as
control of the experiment. The results showed an increase in the cytotoxicity and the
stress oxidative, after the cells incubation time with silica. Besides, it was also observed
an increase of the damage tax of the DNA after 2 h of exposure, through the
genotoxicity test. The obtained data indicate that the silica exposure is able to promote
cytotoxicity and probably genotoxicity effects which seem to be mediated by the action
of reactive oxygen species.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE SÍMBOLOS
AgNO3 Nitrato de prata
CH3COOH Ácido acético
CO2 Dióxido de carbono
Fe2+ Ferro bivalente
H2O2 Peróxido de hidrogênio
H4[Si(W3O10)4]· xH2O Ácido tungstosilicico
H2CO Formaldeído
KCl Cloreto de potássio
KH2PO4 Fosfato monopotássico
Min Minutos
NaCl Cloreto de sódio
NaOH Hidróxido de sódio
Na2HPO4 Fosfato dissódico
Na2PO47H2O Fosfato dissódicoheptahidratado
Na2CO3 Carbonato de sódio
O2 Molécula de oxigênio
pH Potencial de hidrogênio
Si Átomo de silício
SiO2 Dióxido de Silício
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................ 13
1 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 18
4 DISCUSSÃO.................................................................................................... 43
.
5 46
CONCLUSÕES................................................................................................
6 48
ETAPAS FUTURAS........................................................................................
7 49
REFERÊNCIAS...............................................................................................
54
APÊNDICES....................................................................................................
54
Apêndice A – Composição dos meios de cultura...........................................
56
Apêndice B – Soluções do ensaio cometa.......................................................
13
INTRODUÇÃO
devido à baixa vigilância, mas ao contrário do que muitos pensam também ocorre em países
desenvolvidos (LEUNG; YU; CHEN, 2012).
Por volta de 600 mil trabalhadores no Reino Unido e mais de 3 milhões de
trabalhadores na Europa foram expostos a sílica cristalina de 1990 a 1993. Entretanto, menos
de 100 casos foram registrados por ano no Reino Unido entre 1996 e 2009, e as mortes por
silicose decaíram de 28 em 1993, para 10 em 2008 (LEUNG; YU; CHEN, 2012).
Nos EUA, cerca de 7 mil casos de silicose ocorreram anualmente entre 1987-1996.
Por outro lado, na maioria dos países desenvolvidos, medidas de proteção (por exemplo,
controle de poeira e respiradores) têm contribuído para um declínio regular nas taxas de
mortalidade devido à silicose nas últimas décadas, mas novos casos ainda ocorrem em níveis
preocupantes (LEUNG; YU; CHEN, 2012).
Estudos epidemiológicos mostram que a China tem o maior número de pacientes com
silicose, com mais de 500 mil casos registrados entre 1991 e 1995, e mais de 24 mil mortes
relatadas anualmente, desde 1995 até 2012. O problema é ainda maior para os trabalhadores
de minas de pequena escala, que muitas vezes têm uma forma acelerada de doença. (WHO,
2000; LEUNG; YU; CHEN, 2012). Na África do Sul, mineradores de ouro com mortes por
causas externas (por exemplo, ferimentos, queimaduras, intoxicações e afogamento), foram
identificados com silicose após realização de autopsia, entre 1975 e 2007 (NELSON et al.,
2010; LEUNG; YU; CHEN, 2012).
No Brasil, o número de trabalhadores expostos à sílica em 2006 estava estimado em,
aproximadamente, seis milhões. Sendo quatro milhões na construção civil, quinhentos mil na
mineração e garimpo e mais de dois milhões em indústrias de transformação de minerais,
metalurgia, indústria química, da borracha, cerâmicas e vidro. Com isso, o número de
trabalhadores expostos representa 14,6% do total de trabalhadores inseridos no mercado
formal (FILHO; SANTOS, 2006).
A atuação do enfermeiro na prevenção da silicose enquanto doença ocupacional é
indispensável, pois o mesmo é responsável pelo bem-estar físico e mental do profissional,
tendo funções administrativas, assistenciais e principalmente educativas, onde deve-se
capacitar os trabalhadores quanto ao grau de risco e ao uso dos equipamentos de
proteção individual necessários (JOCELLY; BOLLTINE; BRASILEIRO, 2011).
Neste sentido, o seguinte problema de pesquisa foi levantado: Quais são os
Biomarcadores que podem indicar a exposição à sílica e também o surgimento da silicose?
A hipótese do estudo é que a utilização conjunta de ensaios de citotoxicidade, de
avaliação do nível de estresse oxidativo e de genotoxicidade pode ser uma abordagem
15
Justificativa
1-REFERENCIAL TEÓRICO
O termo silicose, empregado pela primeira vez por Visconti, em 1870, é o nome dado
à fibrose pulmonar causada pela inalação de poeira contendo sílica cristalina, sendo a mais
frequente das pneumoconioses (FILHO; SANTOS, 2006).
A silicose é considerada uma das mais antigas doenças ocupacionais conhecidas,
oriunda da inalação de poeira de sílica cristalina, sendo a mais comum causada pela partícula
em forma de quartzo. No Brasil e no mundo, esta doença constitui um problema de Saúde
Pública que já poderia ter sido erradicado com o uso de medidas de controle nos ambientes
ocupacionais (RIBEIRO et al., 2008).
Por ser uma doença pulmonar fibrosante com evolução crônica, a silicose é causada
por inalação da poeira da sílica, que acomete as regiões peribronquiolares, no centro do lóbulo
pulmonar secundário. A drenagem linfática é o mecanismo envolvido na remoção das
partículas dos pulmões, mas esta não é completamente efetiva, fazendo com que haja acúmulo
gradual de partículas nas regiões onde esta drenagem é menos eficiente, que são as faces
posteriores dos lobos superiores (MEIRELLES; KAVAKAMA; RODRIGUES, 2006).
Uma vez inaladas, as partículas de sílica1 depositam-se principalmente nos
bronquíolos respiratórios e alvéolos. Se o clearance mucociliar ascendente e linfático não for
capaz de remover as partículas, elas acabam por induzir um processo inflamatório,
caracterizado inicialmente como uma alveolite, podendo evoluir para a fase de fibrose
(MEIRELLES; KAVAKAMA; RODRIGUES, 2006).
Segundo a Fundacentro (2011), no Brasil, as atividades que apresentam os maiores
riscos de se adquirir a silicose são: a) fundição de ferro, aço ou outros metais onde se utilizam
moldes de areia; b) indústria extrativa (mineração, atividades de extração e beneficiamento de
pedras que contenham o mineral); c) cerâmicas: fábricas de pisos, azulejos, louças sanitárias,
louças domésticas e o uso de tijolos refratários; d) fabricação de vidros (preparação e também
no uso de jateamento de areia para opacificação); e) perfuração de rochas na indústria da
construção (túneis, barragens e estradas), moagem de quartzo e pedras; f) construção de
fornos refratários, jateamento de areia (utilizado na indústria naval, na fundição e polimento
de peças na indústria metalúrgica); g) execução de trabalho em mármore, ardósia, granito e
outras pedras, fabricação de material abrasivo; h) mineração subterrânea; i) escavação de
poços; j) atividades de protético.
1
A sílica, ou dióxido de silício, é formada pelos elementos oxigênio e silício em condições de pressão e calor elevados. Ela
existe nas formas amorfa e cristalina. A forma mais comum da sílica cristalina é o quartzo, um típico componente de rochas,
que está presente no arenito, granito e calcário, por exemplo, e é o segundo mineral mais abundante no planeta. A inalação de
sílica cristalina livre resulta num espectro de doenças pulmonares conhecidas como silicose (TIWARI, 2005)
20
A citotoxicidade foi definida por Nardone (1977) como sendo o conjunto de alterações
da homeostase celular, que leva a uma série de modificações, que interferem na capacidade
adaptativa das células, bem como na sua sobrevivência, reprodução e realização de suas
funções metabólicas.
Para a avaliação da citotoxicidade, podemos utilizar o ensaio de exclusão do azul de
trypan. Na qual o corante não atravessa membranas íntegras, devido à permeabilidade seletiva
das mesmas. Assim, membranas de células vivas não são permeáveis ao corante e, logo, não
adquirem nenhuma coloração. Como as células mortas têm suas membranas danificadas,
ocorre o fluxo de corante para o seu interior, conferindo-lhes uma coloração azul (ZEFERINO
et al., 2010).
podem ser detectadas pelo ensaio TBARS por serem reativas ao ácido tiobarbitúrico, um dos
principais marcadores biológicos desse tipo de lesão em membranas celulares
(DAMASCENO et al., 2002)
O termo genotoxicidade foi utilizado pela primeira vez há três décadas para descrever
componentes da interação química com material genético. O termo genotóxico é uma
expressão geral proposta para expressar efeitos tóxicos, letais e/ou hereditários no material
genético nuclear e externo ao núcleo celular, tanto em células somáticas como em células
germinativas (WEISBURGER; WILLIAMS, 2000).
Substâncias genotóxicas são aquelas que possuem uma capacidade biológica direta, ou
secundária, através de seus metabólitos, de alterar a codificação do DNA. Um agente tóxico é
dito genotóxico quando ocasiona alterações na estrutura ou no conteúdo dos cromossomos
(clastogenicidade) ou da sequência de pares de bases do DNA. Estes efeitos podem ocorrer
mesmo em exposições a baixas concentrações e, deste modo, podem acarretar problemas
reprodutivos, alteração do desenvolvimento embrionário e alterar o desenvolvimento do
organismo adulto, incluindo processos carcinogênicos (WEISBURGER; WILLIAMS, 2000).
Já o ensaio cometa é uma técnica de eletroforese em microgel desenvolvida para
detectar estes danos no DNA em nível celular, individualmente. Uma vez que as lesões
detectáveis por este teste são passíveis de correção, o teste do cometa pode também ser
utilizado para estudar reparo no DNA, trazendo informação sobre a cinética e o tipo de lesão
reparada.
A técnica utiliza um meio fortemente alcalino (pH>13), possibilitando a separação das
fitas de DNA e facilitando a migração desta molécula no gel, bem como de fragmentos. O
princípio básico do ensaio cometa é a migração do DNA em uma lâmina de microscopia com
agarose, quando submetido a uma diferença de potencial. O núcleo da célula ganha a
aparência de um cometa, com uma cabeça e uma cauda contendo fragmentos resultantes de
danos ao DNA, que migram em direção ao anodo (HARTMANN et al., 2003;
AZQUETA ;COLLINS, 2013).
O ensaio cometa é um atrativo para pesquisadores devido à sua simplicidade,
sensibilidade e versatilidade. Embora cada célula, ou “individuo cometa”, esteja marcada para
25
se obter medidas de dano ao DNA, é necessário, para validar os resultados, o número mínimo
de 100 “indivíduos cometa” para obter o nível global de danos de uma população de células
(AZQUETA; COLLINS, 2013).
Em comparação com outros testes de genotoxicidade, as vantagens do ensaio cometa
são a detecção de dano rapidamente, o baixo número de células necessário para a realização
do ensaio, seu baixo custo, precisão, facilidade de aplicação, reprodutibilidade e curto período
de tempo para realização do ensaio (BELPAEME; COOREMAN; KIRSCH-VOLDERS, 1998
; TICE et al., 2000;. BUCKER et al., 2006).
tecidos e são denominadas imortais. Tais células apresentam características singênicas e são
referidas como linhagens celulares (FAGUNDES; TAHA, 2004).
27
2 METODOLOGIA
tiobarbitúrico).Para o tempo de incubação de 2 horas também foi feito o ensaio cometa para
avaliação de quebras no DNA. Todos os experimentos foram realizados sempre em triplicata.
(Figura 2)
Também foi preparada uma amostra controle, na qual as células A549 não foram
incubadas apenas em meio nutriente, sem a presença de sílica. É denominado grupo controle,
o grupo que não recebe o tratamento. Para determinar o efeito do tratamento sobre as células
compara-se os resultados nos dois grupos. (Figura 2)
controle controle
Exclu
controle controle controle controle Vazio
Vazio
tratado Vazio
tratado Vazio
tratado tratado Vazio
tratado Vazio
tratado
Vazio
tratado Vazio
tratado tratado
Vazio Vazio
tratado Vazio
tratado Vazio
tratado
controle
Células A549 mais meio F12
O trabalho com cultivos celulares exige uma série de cuidados para se reduzir os riscos
de contaminação. As técnicas assépticas reduzem a probabilidade de contaminação, sendo
importante que sejam mantidas durante todo o procedimento, ou seja: antes, durante e ao
término do experimento. A necessidade de manutenção da assepsia inclui a observação de
uma série de regras que vão desde a esterilização dos meios de cultura e instrumentos, até a
adoção de quarentena para os cultivos novos. Isso porque as células são cultivadas em meios
ricos em nutrientes e a possibilidade de ocorrer propagação de microrganismos contaminantes
é alta (PERES; CURI, 2005).
A temperatura e a umidade foram controladas para evitar o crescimento de
microrganismos no ambiente. A climatização de uma sala de 15m² (45m³) foifeita por um
aparelho de ar condicionado de 15.000 BTUs, levando-se em conta que existe o aquecimento
produzido pelos equipamentos.
Toda a manipulação com as células que exigia um ambiente de trabalho estéril foi
realizada em uma câmara de fluxo laminar (Filterflux808/4). Antes de iniciar os
procedimentos experimentais, a câmara interna do fluxo laminar foi limpa com gaze
embebida em álcool etílico 70% (v/v). O etanol a 70% (v/v) é um excelente desinfetante,
sendo eficaz também na redução da flora bacteriana da pele. Suas propriedades desidratante e
desnaturante de proteínas são responsáveis por sua ação antimicrobiana (PERES; CURI,
2005).
O fluxo de ar, assim como a lâmpada de luz ultravioleta (UV) foram ligados por 20
minutos antes do uso, sendo a lâmpada de luz UV desligada ao final desse período. Todo
material foi limpo com álcool etílico a 70% (v/v) antes de ser introduzido na câmara de fluxo.
Ao final de cada experimento o procedimento de limpeza da câmara de fluxo foi repetido.
Os meios de cultura e soluções eram mantidos em banho-maria antes do início dos
experimentos (37oC – mesma temperatura de crescimento das culturas celulares). Ao retirar o
material do banho-maria, o excesso de umidade foi removido com auxílio de uma gaze e o
frasco limpo com álcool 70% (v/v).
30
Figura 3. Representação ilustrativa das células A549 com 80% de confluência. Adaptado ATCC, 2016.
1500rpm por 10 minutos (Eppendorf - Mini Spin Plus), e o sobrenadante descartado para
eliminação da tripsina. O precipitado celular foi lavado com PBS e novamente centrifugado,
nas mesmas condições, para retirada de qualquer resíduo de tripsina.
Para a contagem das células (figura 4), o precipitado foi ressuspenso em 2mL de meio
de cultura F12 em tubo de polipropileno (15mL). Em seguida, uma alíquota (10µL) foi
retirada e diluída em 10µL de Azul de trypan para que as células viáveis pudessemser
contadas com auxílio da câmara de Neubauer, em um microscópio invertido. Os cálculos
foram realizados para determinar o quantitativo celular segundo Peres e Curi (2005).
Assim, um volume que continha 2x106células/mL foi misturada com meio de
congelamento composto por 95% de SFB e 5% de dimetilsulfóxido (DMSO) e armazenado
em tubo de polipropileno (1mL). Após a realização de todas essas etapas, os tubos com as
células foram levados ao freezer (-80ºC).
Quando a garrafa atingiu confluência de 80% de sua área (figura 3) o meio de cultura
foi trocado para repor os nutrientes e eliminar as excretas celulares. Ao atingir o estágio de
confluência desejado, foi adicionado PBS para limpeza da garrafa e 3mL de tripsina, sendo
levada para estufa (4min, 37ºC, 5% de CO2). Após o isolamento das células, visualizado por
meio de um microscópio invertido, um volume de 5mL de meio nutriente suplementado com
SFB 10% foi adicionado. O volume foi transferido para um tubo de polipropileno (15 mL) e
levado à centrifuga (1500rpm, 8 min). O sobrenadante foi eliminado suavemente e o pellet foi
usado para contagem do número de células.
Para analisar a viabilidade das células, foi utilizada a metodologia de exclusão do azul
de trypan, que não atravessa membranas íntegras, devido à permeabilidade seletiva das
mesmas. Assim, membranas de células vivas não são permeáveis ao corante e, logo, não
adquirem nenhuma coloração. Como as células mortas têm suas membranas danificadas,
ocorre o fluxo de corante para o interior das mesmas, conferindo-lhes uma coloração azul
(FIDALGO et al., 2009).
Após a exposição das células à sílica, as células foram analisadas em câmara de
Neubauer, para contagem de células viáveis e inviáveis em microscópio óptico invertido
(FIDALGO et al., 2009). (Figura 5)
Célula
inviável
Célula viável
Para preparo das lâminas, 3g de agarose NMP (Normal Melting Point ou ponto de
fusão normal) foi pesada e dissolvida em 200mL de tampão PBS. A solução foi fervida,
ficando homogênea. Este processo foi repetido por mais duas vezes e todo volume perdido
por evaporação foi completado com PBS (concentração final de 1,5%).
A solução de agarose foi então mantida a 65ºC para evitar que gelificasse. As lâminas
de microscopia foram mergulhadas na solução de agarose até chegar a parte fosca. Sua face
posterior foi limpa com papel seco, sendo então colocadas na posição horizontal,
permanecendo secando em temperatura ambiente por pelo menos 24horas.
36
Uma solução de agarose LMP 0,5% foi preparada dissolvendo 1g de agarose LMP em
200mL de tampão PBS, sendo realizado o mesmo procedimento descrito acima para
homogeneização .
Para que a solução de agarose LMP não gelificasse durante o procedimento, foi usado
o banho-maria, ligado a 37ºC.
As células então foram expostas à sílica durante 2 horas. Ao final, o meio nutritivo foi
retirado dos poços que em seguida foram lavados com 500µL de PBS, e adicionado 200µL de
tripsina. Após a digestão com a tripsina, 800µL de meio F12 fresco suplementado com SFB
10% foi adicionado e a retirada das células da placa foi realizada com muito cuidado,
evitando ao máximo a formação de bolhas. Posteriormente, todo volume da amostra foi
transferido para microtubos de 1,5 ml e centrifugado (3000rpm, 5min) em microcentrifuga; o
sobrenadante foi descartado com cuidado para manter o precipitado formado e as células
foram ressuspensas em 80µL agarose LMP (Low Melting Point ou baixo ponto de fusão).
Todo o volume foi então aplicado nas lâminas previamente preparadas com agarose NMP e
uma lamínula foi colocada sobre a lâmina. Posteriormente, as lâminas foram levadas a
geladeira durante 10 minutos para gelificar. Ao final desse tempo as lamínulas foram retiradas
de forma cuidadosa para evitar qualquer tipo de dano à camada de agarose gelificada.
As lâminas com as células que ficaram 48 horas imersas em solução de lise, foram
retiradas e organizadas em uma cuba de eletroforese 25x20 cm (Digel), sempre na mesma
orientação. Em seguida, 800mL de tampão de corrida alcalino (apêndice B) foram
adicionados. Essa etapa foi realizada em um ambiente em ausência de luz direta para que o
material genético não sofresse danos provenientes dessa fonte.
As lâminas permaneceram imersas no tampão de corrida por 20 minutos, para o
rompimento das pontes de hidrogênio entre a dupla fita do DNA, fazendo com que a molécula
seja completamente desnaturada. Em seguida a etapa de eletroforese foi realizada por 25
minutos (25volts, 300 miliamperes), utilizando-se uma fonte marca GE, modelo
EPS301(Figura 6).
f) Solução de neutralização
g) Solução fixadora
Com as lâminas secas, elas foram mergulhadas em uma cuba de vidro com solução
Fixadora (apêndice B) por 10 minutos. Ao final desse processo, as lâminas foram lavadas com
água ultrapura e ficaram por mais 24 horas secando (Figura 6).
Após a etapa de fixação as lâminas foram hidratadas por 5 minutos. Com o banho-
maria ligado a 37ºC, a solução A (apêndice B) foi misturada a solução B (apêndice B) em
38
uma cuba de vidro. As lâminas foram colocadas na cuba por aproximadamente 25 minutos até
que a reação ocorresse e fosse visualizada por mudança de cor (Prata) (Figura 6).
i) Solução stop
Após a reação acontecer dentro da cuba, as lâminas foram hidratadas com água
ultrapura 3 vezes. Em seguida, foram imersas em outra cuba com a solução STOP (apêndice
B) por 10 minutos, para interromper o processo de fixação da prata e permitir a visualização
das lâminas ao microscópio. No final, elas foram hidratas mais 3 vezes e permaneceram
secando em temperatura ambiente, para serem classificadas com microscópio de luz. O
protocolo foi adaptado de Christofolettiet et al., 2013 (Figura 6).
Figura 7. Representação ilustrativa das quatro classes existentes no teste do cometa. Adaptado
de Villela et al., 2006.
4 RESULTADOS
Figura 8. Viabilidade em células A549 expostas a 300μg/mL de sílica por 30 minutos , 1 hora e 2
horas. Símbolos diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos
(ANOVA - p<0,05)
Na terceira etapa as células foram expostas à sílica durante 2 horas e os danos ao DNA
avaliados pelo ensaio cometa. A figura 10 apresenta os resultados dessa exposição, onde
pode-severificar que a incubação com sílica promove um aumento significativo no número de
quebras no DNA das células expostas em comparação com a amostra controle (p<0,05).
43
Figura 10. Taxa de dano ao DNA em células A549 expostas a 300μg/mL de sílica por2 horas.
Símbolos diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (Teste t de
Student - p<0,05)
Figura 11. Média do número de cometas contados nas classes 0 até 4 em células A549 expostas a
300μg/mL de sílica por 2 horas
5 DISCUSSÃO
apresentados na figura 10 mostram uma diferença significativa (p<0,05) da taxa de dano entre
o grupo controle e o expostoà sílicapor 2horas.
Fanizza et al. (2007) demonstraram in vitro, através do ensaio cometa, a presença de
dano ao DNA em células A549 expostas a100 µg/ml de sílica livre respirável. Lima (2014)
também observou que a exposição das células à sílica numa concentração 300 μg/ml , é capaz
de promoverlesões no DNA em função do aumento do tempo de exposição.
Desse modo, os resultados apresentados ao longo do presente trabalho de monografia
permitem sugerir que o aumento do estresse oxidativo nas amostras expostas à sílica (figura
9) pode contribuir para indução dos efeitos citotóxicos (figura 8) e genotóxicos (figura 10),
resultando em quebras no DNA e morte celular.
6 CONCLUSÕES
7 ETAPAS FUTURAS
Para a continuidade desse estudo estão previstas as seguintes etapas: avaliação dos
danos ao DNA nas células expostas à sílica por 30 minutos e 1 hora; ensaios de expressão
gênica e quantificação de enzimas antioxidantes; e avaliação dos biomarcadores testados em
células da linhagem MRC-5 (oriunda de tecido pulmonar não tumoral de humanos).
Aproximando a utilização dos biomarcadores, com o foco no principal alvo final que é na
utilização dessas ferramentas no monitoramento da exposição de humanos envolvidos em
atividades ocupacionais.
49
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crystalline silica-induced cytotoxicity and genotoxicity in rat alveolar macrophages
Environmental .Research Section A, v.82 p.245-252, 2000.
54
APÊNDICES
Estéril
5mg/mL
EDTA 0,01%
PBS
PBS
Laurilsarcosinato de sódio - 1%
NaOH - 0,8%
57
EDTA - 3,72%
Tris - 0,12 %
Água Ultrapura
pH 10
DMSO – 10%
Água Ultrapura
200mM – 0,5%
Água Ultrapura
pH> 13
Sulfato de Zinco – 5%
Glicerol – 5%
58
Água ultrapura
Prata
Formaldeído – 0,15%
Água ultrapura
Água Ultrapura