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CENTRO EDUCACIONAL DE TEMPO INTEGRAL MARCANTONIO VILAÇA I

SUANE THAYARA FERNANDES LIRA

Pesquisa de Filosofia:
Filosofia nos períodos Helenístico, Greco – Romano e Medieval

Manaus
2023
SUANE THAYARA FERNANDES LIRA
1º ano 02

Pesquisa de Filosofia:
Filosofia nos períodos Helenístico, Greco – Romano e Medieval

Trabalho apresentado à disciplina de Filosofia,


como requisito parcial para a obtenção de nota no
2º bimestre.

Orientador: Prof. Mauro Ferraz

Manaus
2023
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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo analisar e comparar a filosofia nos períodos
helenístico, greco-romano e medieval, abordando as principais correntes filosóficas,
ideias e debates que surgiram nesses contextos históricos. Serão explorados os
temas centrais de cada período, a fim de compreender as características distintas
dessas épocas e como influenciaram o desenvolvimento do pensamento filosófico.
No período helenístico, após a morte de Alexandre, o Grande, a filosofia
passou por transformações significativas, com escolas filosóficas emergindo para
lidar com questões práticas da vida cotidiana, ética e a busca pela felicidade. Serão
analisadas correntes como o epicurismo, o estoicismo e o ceticismo, destacando
suas visões sobre a natureza da existência humana e a busca pela virtude.
No período greco-romano, houve uma fusão entre a cultura grega e romana,
resultando em um rico diálogo filosófico. Serão abordados elementos do
neoplatonismo, que trouxeram uma perspectiva mais espiritual e mística da
realidade.
Na Idade Média, a filosofia esteve fortemente ligada à teologia cristã. Serão
discutidos os trabalhos de filósofos como Santo Agostinho e Tomás de Aquino, que
buscaram reconciliar a fé cristã com a razão filosófica. Será explorada a abordagem
da escolástica, que procurava estabelecer uma fundamentação filosófica para os
ensinamentos teológicos, além de temas metafísicos e éticos relacionados à
existência humana.
O trabalho visa fornecer uma visão panorâmica desses períodos filosóficos
cruciais, destacando suas particularidades e influências, bem como promover uma
compreensão mais profunda das correntes filosóficas que surgiram nessas épocas.
Ao comparar e contrastar as ideias e debates desses períodos, busca-se traçar uma
linha evolutiva do pensamento filosófico, evidenciando sua relevância contínua para
a compreensão da condição humana e suas questões fundamentais.
Através da análise dos temas e correntes filosóficas desses períodos, espera-
se contribuir para um maior entendimento da história da filosofia e suas implicações
no pensamento contemporâneo.
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2. O que foi o período Helenístico?

O Período Helenístico foi uma época marcada pela difusão da cultura grega
após a morte de Alexandre, o Grande, e a consequente fragmentação de seu vasto
império. Esse período abrange aproximadamente os séculos IV a.C. até o início do
século I a.C. e foi caracterizado por um intenso intercâmbio cultural entre os povos
conquistados e a cultura grega. No contexto da filosofia, o período helenístico
testemunhou o surgimento de várias escolas filosóficas que buscavam oferecer
respostas às questões existenciais e éticas que surgiam em um mundo em
constante transformação. Essas escolas filosóficas representaram diferentes
abordagens e perspectivas sobre a busca pela sabedoria e a arte de viver bem.

2.1. Epicurismo

O Epicurismo, surgido no período Helenístico, é uma corrente filosófica de


grande relevância e influência. Fundado por Epicuro de Samos, filósofo grego que
viveu entre os séculos IV e III a.C., o Epicurismo propôs uma abordagem única em
relação à busca pela felicidade e à compreensão da natureza humana. O Epicurismo
se destaca pela sua concepção da felicidade como o objetivo principal da vida. No
entanto, ao contrário de outras filosofias que associavam a felicidade a prazeres
intensos e imediatos, o Epicurismo defendia um prazer mais refinado e duradouro.
Para Epicuro, a verdadeira felicidade era alcançada através do prazer moderado,
evitando excessos e adotando uma vida simples. Um dos princípios fundamentais do
Epicurismo é a importância do autodomínio e da moderação dos desejos.
Acreditava-se que o medo, a dor e a ansiedade eram obstáculos para a felicidade e,
portanto, deveriam ser superados através do entendimento da natureza das coisas e
de uma atitude serena diante dos eventos da vida. Outro aspecto central do
Epicurismo é a sua visão materialista da natureza. Epicuro argumentava que o
universo era composto por átomos em constante movimento e que tudo o que existia
resultava da combinação e rearranjo dessas partículas. Nessa perspectiva, os
deuses não interferiam na vida dos seres humanos e a morte era o fim da
consciência individual. Do ponto de vista ético, o Epicurismo enfatiza a importância
da amizade, da justiça e do cultivo das virtudes como meio para alcançar uma vida
plena e feliz. Epicuro considerava a amizade verdadeira como um elemento
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essencial para o bem-estar humano, e defendia a necessidade de uma comunidade


baseada na confiança e no apoio mútuo. Além disso, a justiça era vista como um
princípio fundamental para uma vida virtuosa e em harmonia com os outros. Ao
longo dos séculos, o Epicurismo deixou um legado duradouro no pensamento
filosófico e na cultura ocidental. Suas ideias influenciaram diversos pensadores e
movimentos, e encontram ressonância em temas contemporâneos, como a busca
pela felicidade, a valorização de uma vida equilibrada e o reconhecimento da
importância das relações sociais. Em suma, o Epicurismo representa uma
importante corrente filosófica que surgiu no período Helenístico. Seu foco na busca
pela felicidade através do prazer moderado, da moderação dos desejos e da
valorização da amizade e da justiça, proporciona um olhar único sobre a natureza
humana e a busca por uma vida plena. O estudo e compreensão do Epicurismo nos
permitem refletir sobre questões existenciais e éticas relevantes, além de apreciar
sua influência e relevância ao longo da história da filosofia.

2.2. Ceticismo

O Ceticismo, como uma corrente filosófica que se desenvolveu no período


helenístico, apresenta uma abordagem única e provocativa em relação à busca pelo
conhecimento e à certeza absoluta. Neste tópico, vamos explorar o Ceticismo como
uma escola filosófica e analisar suas principais características, princípios e
contribuições para o pensamento filosófico da época. O Ceticismo, cujos principais
representantes foram Pirro de Élis e Sexto Empírico, baseia-se na ideia de que é
impossível alcançar um conhecimento absoluto sobre a realidade. Os céticos
argumentam que todas as nossas crenças e opiniões são, em última instância,
incertas e sujeitas a dúvidas. Uma das principais posições do Ceticismo é a
suspensão do juízo, ou seja, a abstenção de tomar uma posição definitiva sobre
qualquer questão. Os céticos afirmam que, uma vez que todas as nossas
percepções e opiniões são influenciadas por nossos sentidos, emoções e
experiências individuais, não podemos ter certeza de que nossa compreensão do
mundo corresponde à realidade objetiva. Ao adotar uma atitude de suspensão do
juízo, os céticos buscam evitar a dogmatismo e a tendência de afirmar verdades
absolutas. Eles argumentam que, ao reconhecer a incerteza inerente a todas as
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nossas crenças, podemos cultivar uma postura mais aberta, receptiva e tolerante em
relação às perspectivas dos outros. Além disso, os céticos empregam argumentos
chamados de "tropos" para desafiar a validade de qualquer afirmação. Esses tropos
são formas de raciocínio que questionam a capacidade humana de obter
conhecimento confiável. Por exemplo, o tropo da dissensão argumenta que
diferentes pessoas e culturas têm visões e opiniões divergentes sobre questões
fundamentais, o que indica a ausência de uma verdade universalmente aceita. Outro
tropo comumente utilizado é o tropo da regressão infinita, que destaca que qualquer
argumento ou justificação pode ser continuamente questionado, levando a um
processo infinito de justificativas sem um ponto final definitivo. Apesar de suas
críticas ao conhecimento dogmático, o Ceticismo não propõe uma negação completa
de toda a busca pela verdade. Os céticos reconhecem a necessidade prática de agir
e tomar decisões, mesmo na ausência de certezas. No entanto, eles enfatizam a
importância de estar consciente das limitações do conhecimento humano e da
constante possibilidade de erro. O Ceticismo teve um impacto significativo no
desenvolvimento do pensamento filosófico, especialmente nas correntes posteriores
que buscaram reconciliar o ceticismo com a busca pelo conhecimento. O Ceticismo
influenciou diretamente o surgimento da filosofia acadêmica e do Neoplatonismo,
entre outras correntes, ao desafiar as concepções dogmáticas e incentivar uma
atitude mais crítica e reflexiva em relação ao conhecimento. Em conclusão, o
Ceticismo representa uma importante corrente filosófica do período helenístico, que
questiona a possibilidade de alcançar um conhecimento absoluto e nos leva a refletir
sobre as limitações do entendimento humano. Sua ênfase na suspensão do juízo e
na conscientização da incerteza inerente a todas as nossas crenças desafia as
noções dogmáticas e promove uma postura mais aberta e crítica em relação ao
conhecimento. O estudo do Ceticismo nos convida a questionar nossas próprias
convicções e a considerar a importância da dúvida e da tolerância em nossa busca
pelo entendimento do mundo.

2.3. Estoicismo

O Estoicismo é uma escola filosófica que emergiu no período helenístico e


exerceu considerável influência no pensamento ocidental. Fundado por Zenão de
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Cítio no século III a.C., o Estoicismo propõe uma filosofia de vida baseada na busca
da sabedoria, da serenidade e da virtude. Os estoicos acreditavam que a virtude era
o bem supremo e que, através do cultivo das virtudes, os indivíduos poderiam
alcançar a Eudaimonia, que pode ser traduzida como "flourishing" ou "florescimento"
em português, ou seja, uma vida plena e realizada. Para eles, o caminho para a
Eudaimonia estava enraizado na aceitação serena da ordem natural do universo e
no desenvolvimento de uma atitude mental adequada em face das circunstâncias
externas. Uma das principais características do Estoicismo é a noção de que os
eventos externos estão além do nosso controle, mas podemos controlar nossas
reações e atitudes em relação a eles. Os estoicos enfatizam a importância de aceitar
com equanimidade as adversidades da vida e de buscar a tranquilidade interior,
mesmo diante das dificuldades. Para eles, a virtude reside na capacidade de se
adaptar às circunstâncias e de agir de acordo com a razão. Outro aspecto
fundamental do Estoicismo é o conceito de "amor fati" ou "amor ao destino". Os
estoicos acreditavam que, ao abraçar completamente o destino e aceitar tudo o que
a vida traz, poderíamos encontrar a paz interior e viver em harmonia com o mundo.
Eles encorajavam a prática da autossuficiência emocional e a busca pela sabedoria
como forma de enfrentar os desafios da existência humana. A ética estoica também
enfatiza a importância das relações humanas baseadas na justiça, na benevolência
e no respeito mútuo. Os estoicos argumentam que todos os seres humanos são
parte de uma comunidade universal e que devemos cultivar virtudes como a
compaixão e a empatia em nossas interações com os outros. A prática da virtude,
para os estoicos, não apenas beneficia o indivíduo, mas também contribui para o
bem-estar coletivo. O Estoicismo teve um impacto duradouro no pensamento
filosófico e ético, influenciando diversas tradições filosóficas posteriores, bem como
a própria cultura ocidental. Suas ideias ressoam em temas contemporâneos, como o
estoicismo moderno e a filosofia prática, oferecendo um guia para lidar com os
desafios da vida, encontrar equilíbrio emocional e cultivar um sentido de
propósito e significado.
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2.4. Cinismo

O Cinismo é uma escola filosófica que se desenvolveu no período helenístico,


surgindo com Antístenes e tendo Diógenes de Sínope como um dos seus principais
expoentes. Essa corrente filosófica propunha uma forma de vida radicalmente
diferente da sociedade da época, caracterizada por uma postura de desprezo pelos
valores convencionais e pela busca da liberdade e autossuficiência.
Os cínicos acreditavam que a sociedade estava corrompida por convenções
artificiais, hipocrisia e materialismo. Eles rejeitavam os costumes sociais, as
instituições políticas e a busca por riqueza, fama e prazer. Em vez disso,
enfatizavam a importância de viver de acordo com a natureza, em consonância com
as leis da razão e em conformidade com as necessidades básicas.
Uma das características mais marcantes do Cinismo era a sua atitude de
desapego em relação aos bens materiais. Os cínicos desprezavam a propriedade
privada, vivendo de forma extremamente simples e buscando a autossuficiência.
Diógenes, por exemplo, era conhecido por viver em um tonel e por rejeitar qualquer
forma de conforto material.
Além disso, o Cinismo promovia a ideia de autenticidade e autenticidade
pessoal. Os cínicos buscavam ser verdadeiros consigo mesmos, sem se preocupar
com a opinião dos outros. Eles viviam de acordo com seus próprios princípios e
valores, agindo de maneira franca e direta, muitas vezes chocando ou provocando
as convenções sociais.
Outro aspecto central do Cinismo era a ênfase na liberdade interior e na
independência de condições externas. Os cínicos acreditavam que a verdadeira
felicidade não dependia de riqueza, status social ou poder, mas sim de uma mente
livre de desejos desnecessários e de apegos materiais. Eles valorizavam a liberdade
de pensamento e de expressão, buscando a tranquilidade e a serenidade interior por
meio da renúncia às expectativas sociais e das preocupações mundanas.
Embora o Cinismo tenha sido uma corrente filosófica radical e muitas vezes
provocativa, sua influência perdurou ao longo dos séculos. Sua ênfase na
simplicidade, na liberdade interior e na autenticidade pessoal continua a ressoar em
correntes filosóficas e movimentos contemporâneos que buscam uma vida mais
autêntica, consciente e em harmonia com a natureza.
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3. Período Greco-Romano

O período Greco-Romano foi uma época marcada pela fusão das culturas
grega e romana, ocorrida durante o domínio romano sobre o mundo helênico. Esse
período teve início no século II a.C. e se estendeu até o século V d.C. Durante esse
tempo, houve uma intensa troca de conhecimentos, ideias e influências entre as
duas civilizações, resultando em uma síntese cultural única.
A filosofia desempenhou um papel significativo nesse período, com a filosofia
grega exercendo grande influência sobre os romanos. As escolas filosóficas, como o
Estoicismo, o Epicurismo e o Neoplatonismo, floresceram nessa época, trazendo
ensinamentos sobre ética, virtude e a busca por uma vida significativa.
Além da filosofia, o período Greco-Romano testemunhou avanços
significativos em várias áreas do conhecimento, como a literatura, a arquitetura, a
engenharia, a medicina e as artes. Grandes obras literárias foram produzidas, como
as epopeias de Homero, os diálogos de Platão e as obras de poetas romanos, como
Virgílio e Ovídio.
Na arquitetura, o estilo greco-romano incorporou elementos da arquitetura
grega clássica, como as colunas dóricas, jônicas e coríntias, juntamente com a
grandiosidade e o luxo característicos da arquitetura romana. Isso pode ser
observado em estruturas impressionantes, como o Panteão em Roma e o Partenon
em Atenas.
O período Greco-Romano também foi marcado por grandes conquistas no
campo das leis e da governança. Os romanos adotaram muitos aspectos da filosofia
grega em sua forma de governo e desenvolveram um sistema jurídico complexo que
influenciou o direito ocidental.
Em resumo, o período Greco-Romano foi uma época de grande intercâmbio
cultural entre as civilizações grega e romana, resultando em avanços significativos
no conhecimento, na filosofia, na arte e na arquitetura. Esse período deixou um
legado duradouro e influente, que continua a moldar nossa compreensão e
apreciação da história e da cultura ocidental.
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3.1. Neoplatonismo

O Neoplatonismo foi uma corrente filosófica que surgiu no período Greco-


Romano, no século III d.C., como uma tentativa de revitalizar e reinterpretar as
ideias do filósofo grego Platão. Influenciado pelo pensamento platônico, o
Neoplatonismo se desenvolveu como uma síntese entre o pensamento grego e as
correntes filosóficas orientais, como o misticismo egípcio e a filosofia judaica.
Um dos principais expoentes do Neoplatonismo foi Plotino, considerado o fundador
da escola neoplatônica. Plotino buscou explorar e desenvolver as ideias de Platão,
especialmente no que diz respeito à existência de um mundo inteligível e
transcendente, além do mundo sensível que percebemos pelos sentidos. Uma das
principais características do Neoplatonismo é a ênfase na busca pela união mística
com o "Uno", o princípio supremo e transcendente do qual todas as coisas emanam.
Para os neoplatônicos, a busca pela união com o Uno era o caminho para a
transcendência e a realização espiritual. Eles acreditavam que, através da
contemplação filosófica e da purificação da alma, era possível alcançar um estado
de união mística com o divino. Além disso, o Neoplatonismo enfatizava a importância
da ascensão espiritual e da purificação da alma como meio de se libertar das
limitações do mundo material e alcançar um estado de união com o divino. A
contemplação filosófica, a prática da virtude e a busca da sabedoria eram
consideradas fundamentais nesse processo. O Neoplatonismo também influenciou
significativamente a religião e a teologia da época. Sua visão de um princípio
supremo e transcendente contribuiu para o desenvolvimento de concepções
monoteístas no pensamento religioso. Além disso, a ideia de uma hierarquia de
seres divinos intermediários entre o Uno e o mundo sensível, conhecidos como
"emanações", influenciou a teologia cristã posteriormente. Embora o Neoplatonismo
tenha perdido influência com o declínio do Império Romano, suas ideias e
concepções continuaram a influenciar o pensamento filosófico, teológico e espiritual
ao longo dos séculos. Sua ênfase na busca pela união mística com o divino e na
transcendência espiritual continua a ressoar em diversas tradições filosóficas e
religiosas até os dias de hoje. Em suma, o Neoplatonismo foi uma corrente filosófica
que buscou reinterpretar e desenvolver as ideias de Platão, enfatizando a busca
pela união mística com o divino, a ascensão espiritual e a purificação da alma. Sua
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influência se estendeu além do período Greco-Romano, deixando um legado


duradouro no pensamento filosófico e religioso ocidental.

4.Filosofia Medieval

A Filosofia Medieval refere-se ao período da história da filosofia que se


estende aproximadamente do século V ao século XV d.C., abrangendo a Idade
Média. Esse período foi caracterizado por uma forte influência do pensamento
cristão e pela fusão das tradições filosóficas greco-romanas com a teologia cristã.
Uma das características marcantes da Filosofia Medieval foi a tentativa de conciliar a
fé cristã com a razão filosófica. Os filósofos medievais buscaram harmonizar as
verdades reveladas pela religião com as verdades racionais descobertas pela
filosofia. Assim, a Filosofia Medieval desempenhou um papel fundamental na
formação e no desenvolvimento da teologia cristã. Dentro da Filosofia Medieval,
destacam-se diferentes correntes filosóficas, cada uma com suas próprias ênfases e
contribuições. Algumas das principais escolas filosóficas desse período incluem o
Patrística, o Escolasticismo e o Misticismo. A Filosofia Medieval abordou uma ampla
gama de temas, incluindo a natureza de Deus, a relação entre fé e razão, a
existência e a natureza do mal, a liberdade humana e a natureza da alma. Esses
temas foram discutidos e debatidos por filósofos e teólogos medievais, muitas vezes
utilizando a lógica formal e a argumentação rigorosa.

4.1. Filosofia Patrística

A filosofia patrística refere-se ao conjunto de pensamentos filosóficos


desenvolvidos pelos Padres da Igreja durante os primeiros séculos do cristianismo,
particularmente nos séculos II ao VII. Esses Padres da Igreja eram teólogos, bispos
e líderes eclesiásticos que desempenharam um papel fundamental na definição e na
consolidação das doutrinas cristãs. A filosofia patrística tinha como objetivo principal
a defesa e a explicação racional das verdades da fé cristã, bem como a
reconciliação entre a filosofia grega clássica e o cristianismo. Os Padres da Igreja
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buscaram assimilar conceitos e ideias filosóficas do platonismo, aristotelismo e


estoicismo, entre outros, para fornecer uma base intelectual sólida para a teologia
cristã. Um dos temas centrais da filosofia patrística foi a relação entre a fé e a razão.
Os Padres da Igreja argumentavam que a fé e a razão não eram mutuamente
exclusivas, mas complementares. Eles afirmavam que a razão poderia ser usada
para compreender e explicar racionalmente as verdades da fé, e que a filosofia
poderia servir como uma ferramenta valiosa para aprofundar o entendimento e a
defesa das doutrinas cristãs. Além disso, a filosofia patrística abordou questões
relacionadas à natureza de Deus, à criação, à alma humana, ao mal e ao livre-
arbítrio. Os Padres da Igreja também desenvolveram conceitos como a graça divina,
a salvação e a relação entre a vontade humana e a vontade de Deus. Entre os
principais representantes da filosofia patrística, destacam-se figuras como Santo
Agostinho de Hipona, Orígenes, Tertuliano, São Justino e São João Crisóstomo.
Cada um desses Padres da Igreja contribuiu com sua própria abordagem e
pensamento filosófico para a compreensão e a defesa da fé cristã. A filosofia
patrística desempenhou um papel crucial na formação da teologia cristã e no
desenvolvimento do pensamento ocidental. Suas contribuições influenciaram o
pensamento filosófico, teológico e ético por séculos, estabelecendo as bases para
futuros debates e discussões dentro da tradição cristã. Em resumo, a filosofia
patrística foi um movimento intelectual que procurou conciliar a filosofia greco-
romana com a fé cristã, defendendo e explicando racionalmente as verdades da
religião. Essa abordagem filosófica desempenhou um papel fundamental na
formação da teologia cristã e contribuiu para o desenvolvimento do pensamento
ocidental.

4.2. Escolástica

A escolástica foi uma corrente filosófica e teológica que floresceu durante a


Idade Média, especialmente nos séculos XI ao XIV. Ela se caracterizou por sua
ênfase na reconciliação entre a fé cristã e a razão filosófica, bem como pela
aplicação rigorosa da lógica aristotélica em questões teológicas e filosóficas. O
termo "escolástica" deriva do latim "scholasticus", que significa "relativo à escola".
Isso reflete o fato de que a escolástica se desenvolveu principalmente nas
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universidades medievais, onde estudiosos e teólogos se dedicavam a debates e


discussões intelectuais. Um dos principais objetivos da escolástica era alcançar uma
síntese entre a fé e a razão. Os escolásticos acreditavam que a razão humana
poderia ser usada para compreender e explicar racionalmente os dogmas da fé
cristã. Eles defendiam que a filosofia e a teologia eram disciplinas complementares,
ambas buscando a verdade, embora por meio de métodos diferentes. A escolástica
foi fortemente influenciada pelo pensamento de Aristóteles, cujas obras foram
redescobertas e traduzidas para o latim durante esse período. Os escolásticos
adotaram a lógica aristotélica como um instrumento essencial para a investigação
intelectual. Eles desenvolveram o método da "disputatio", um tipo de debate
acadêmico estruturado, no qual diferentes posições eram apresentadas,
argumentadas e refutadas. Dentre os principais expoentes da escolástica,
destacam-se filósofos como Santo Anselmo, Pedro Abelardo, São Tomás de Aquino
e Duns Scotus. Cada um deles contribuiu com suas próprias abordagens e insights
filosóficos dentro do quadro escolástico. Santo Anselmo, por exemplo, desenvolveu
o argumento ontológico para a existência de Deus, enquanto Pedro Abelardo
enfatizou a importância da análise lógica e crítica na teologia. São Tomás de Aquino,
por sua vez, buscou sintetizar o pensamento aristotélico com a teologia cristã,
elaborando uma abordagem conhecida como tomismo. Duns Scotus, por outro lado,
enfatizou a individualidade e a vontade divina. A escolástica também teve um
impacto significativo na educação medieval, uma vez que as universidades surgiram
como centros de estudo e disseminação desse movimento intelectual. Os
escolásticos desenvolveram um currículo amplo, que abrangia áreas como filosofia
natural, lógica, ética, metafísica e teologia. Embora a escolástica tenha enfrentado
críticas e declínio em períodos posteriores, sua influência na história da filosofia e da
teologia é inegável. Seus métodos rigorosos, ênfase na razão e abordagem
sistemática influenciaram profundamente o pensamento intelectual e a
cultura ocidental.
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5. CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, exploramos os períodos helenístico, greco-romano e


medieval da filosofia, assim como correntes filosóficas específicas dentro desses
períodos. No período helenístico, vimos como o epicurismo, o estoicismo e o cinismo
surgiram como respostas aos desafios e questionamentos da época, abordando
temas como a felicidade, a virtude e a busca por uma vida plena. No período greco-
romano, destacamos o neoplatonismo, uma corrente filosófica que enfatizava a
busca pela unidade e a contemplação do divino. Vimos como Plotino e seus
seguidores propuseram uma visão hierárquica do universo, buscando transcender o
mundo material em direção ao Uno. Na filosofia medieval, discutimos a filosofia
patrística, que buscava conciliar a filosofia grega com a teologia cristã, e a
escolástica, que utilizava a lógica aristotélica como ferramenta para explorar
questões teológicas complexas. Ambas as correntes filosóficas desempenharam um
papel fundamental na defesa e no desenvolvimento da fé cristã, estabelecendo as
bases para a teologia cristã posterior. Essas correntes filosóficas e períodos
históricos apresentaram diferentes abordagens e pensamentos para a compreensão
do mundo, da existência humana e da relação entre fé e razão. Ao longo dos
séculos, filósofos e teólogos têm se dedicado a explorar esses temas, oferecendo
perspectivas variadas e enriquecedoras. É importante reconhecer que a filosofia é
um campo vasto e em constante evolução, com muitas outras correntes e períodos a
serem explorados além dos mencionados nesta conversa. Cada período e corrente
filosófica traz consigo suas próprias contribuições e desafios, estimulando-nos a
refletir e questionar as questões fundamentais da existência humana. No âmbito
acadêmico, o estudo desses períodos e correntes filosóficas é essencial para
compreender a evolução do pensamento humano ao longo da história e suas
influências na cultura e na sociedade. Essas correntes filosóficas deixaram um
legado duradouro, moldando o pensamento ocidental e influenciando várias áreas
do conhecimento. Em última análise, a filosofia nos permite questionar, refletir e
buscar respostas para as grandes questões da vida. Ao explorar os períodos
helenístico, greco-romano e medieval, assim como suas correntes filosóficas, somos
convidados a mergulhar na riqueza da experiência humana e a buscar uma
compreensão mais profunda de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.
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6. REFERÊNCIAS

BEZERRA, Juliana. Período Helenístico - Helenismo. Toda Matéria, 2023. Disponível


em: <https://www.todamateria.com.br/periodo-helenistico-helenismo/>. Acesso em:
20 de jun. de 2023.

MENEZES, Pedro. Epicurismo. Toda Matéria, 2023. Disponível


em:<https://www.todamateria.com.br/epicurismo/>. Acesso em: 20 de jun. de 2023.

BEZERRA, Juliana. Ceticismo. Toda Matéria, 2023. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/ceticismo/>. Acesso em: 20 de jun. de 2023.

MENEZES, Pedro. Estoicismo. Toda Matéria, 2023. Disponível


em:<https://www.todamateria.com.br/estoicismo/>. Acesso em: 20 de jun. de 2023.

MENEZES, Pedro. Cinismo. Toda Matéria, 2023. Disponível


em:<https://www.todamateria.com.br/cinismo/>. Acesso em: 20 de jun. de 2023.

Neoplatonismo. Toda Matéria, 2023. Disponível


em:<https://www.todamateria.com.br/neoplatonismo/>. Acesso em: 20 de jun. de
2023.

BEZERRA, Juliana. Filosofia Medieval. Toda Matéria, 2023. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/filosofia-medieval/>. Acesso em: 20 de jun. de
2023.

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